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Relatório de Atividades 2012-2014Marília Côrtes de Ferraz

1. Apresentação

O presente relatório refere-se às atividades desenvolvidas nos 24 meses (2012-2014) de realização da pesquisa de Pós-Doutorado intitulada “O Final Cut de Hume Contra o Argumento do Desígnio”.

Resumo

Nas partes II a VIII dos Diálogos sobre a Religião Natural, obra na qual Hume examina o argumento do desígnio, o personagem Cleanthes quer provar que a causa da origem do universo é uma causa racional que visa a sua ordem e harmonia por meio de um ajuste entre suas partes e uma “curiosa” adaptação dos meios aos fins. No entanto, nas partes X e XI, Cleanthes intenta provar que há uma ordem e finalidade morais no mundo, impressas por uma causa (um ser ou Deus) que possui qualidades e intenções morais. Se a discussão nas partes anteriores mostrava que mesmo as aparências de ordem que o mundo apresenta não permitiam inferências legítimas sobre sua causa, o problema agora, nas partes X e XI, com as “aparências de desordem” tornou-se muito maior. Porém, falar em aparências de desordem é certamente pouco, pois haveria a possibilidade de alguém, de uma perspectiva imparcial e desinteressada, olhar o mundo e dizer que o mal (entendido como desordem), a despeito das várias tentativas de torná-lo aparente, é mesmo apenas aparente? Philo, o personagem que articula a crítica ao argumento do desígnio, empreende um ataque a esta tese trazendo para o debate a experiência do mal ou sofrimento, expressa por aquilo que ficou conhecido na história da filosofia, teologia ou filosofia da religião como o problema do mal ─ tema crucial das teodiceias. Tratar-se-á, pois, de mostrar que o tratamento que Hume dá ao problema do mal corresponde, digamos assim, à cartada final ─ o último e decisivo recurso que Philo aciona para mostrar que o argumento do desígnio não fornece bases suficientemente sólidas e consistentes para dar suporte à crença na existência de um Deus maximamente poderoso, justo e benevolente, e que, portanto, a existência do mal no mundo

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tem uma força argumentativa tal que a improbabilidade da existência de Deus é maior do que aquela alegada com base nos argumentos apresentados por Philo nas partes II a VIII dos Diálogos.

3. Participação em Congressos

XV Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF [Curitiba 22 e 26 de outubro de 2012]. Apresentação de comunicação: “O Status do Fideísmo na Crítica de Hume à Religião Natural”

V Congresso Nacional de Filosofia Contemporânea: Schopenhauer - Metafísica e Moral [UEL – Londrina - 27 a 29 de maio de 2013]. Apresentação de comunicação: “Determinismo, Liberdade e Imputabilidade Moral em Schopenhauer”.

IV Encontro Hume: [UEL – Londrina – 03 a 05 de setembro de 2013]: Apresentação de comunicação: “O Final Cut de Hume contra o Argumento do Desígnio”

4. Trabalhos aprovados

XVI Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF [Campos do Jordão 27 a 31 de Outubro de 2014]: Apresentação de comunicação: “Ceticismo e Fideísmo em Hume”. (inscrição feita pelo programa de pós-graduação da UNICAMP).

5. Publicações

Artigos aceitos: Natureza Humana: Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise - Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fenomenologia e da Sociedade Brasileira de

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Psicanálise Winnicottiana - ISSN 2175-2834: “O Final Cut de Hume contra o Argumento do Desígnio.

Capítulo de livro: Schopenhauer: Metafísica e Moral - ISBN 978-85-62487-28-6: “Determinismo, Liberdade e Imputabilidade Moral em Schopenhauer” (no prelo). (Trata-se da publicação de um apêndice de minha dissertação de mestrado “Liberdade e Imputabilidade Moral em Hume”, defendida na Unicamp em 2006, e que figurou na dissertação como um estudo comparativo entre as teorias desses dois autores sobre esse tema.

Prefácio ao Livro Schopenhauer: Metafísica e Moral - ISBN 978-85-62487-28-6: Título do Prefácio: “Schopenhauer: Metafísica e Moral,” escrito em coautoria com o professor Dr. Aguinaldo Pavão (UEL) (no prelo).

Resumo em Anais: V Congresso Nacional de Filosofia Contemporânea: Schopenhauer - Metafísica e Moral - ISBN 978-85-7846-182-9 [UEL – Londrina - 27 a 29 de maio de 2013]. “Determinismo, Liberdade e Imputabilidade Moral em Schopenhauer”.

6. Organização de Eventos

V Congresso Nacional de Filosofia Contemporânea: Schopenhauer - Metafísica e Moral [UEL – Londrina - 27 a 29 de maio de 2013].

IV Encontro Hume: [UEL – Londrina – 03 a 05 de setembro de 2013]

7. Coordenação de Eventos

IV Encontro Hume: [UEL – Londrina – 03 a 05 de setembro de 2013]

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8. Organização de Publicações

[2013] Anais: V Congresso Nacional de Filosofia Contemporânea: Schopenhauer - Metafísica e Moral.

[2014] Revista Científica: Natureza Humana: Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise. Organização e coordenação ad hoc da publicação dos trabalhos apresentados no IV Encontro Hume/2013/UEL.

9. Pareceres de Artigos (ad hoc)

2013: Revista Peri (UFSC) 2014: Natureza Humana: Revista Internacional de Filosofia e

Psicanálise 2014: Natureza Humana: Revista Internacional de Filosofia e

Psicanálise

10. Desenvolvimento da pesquisa

Como extensão e desdobramento do último capítulo de minha tese de doutorado, intitulada “Existência de Deus, Natureza Divina e a Experiência do Mal nos Diálogos de Hume”, minha pesquisa de pós-doutorado iniciou-se com uma retomada de temas e problemas ali levantados, mas passíveis ainda de serem explorados. Parti, num primeiro momento, da falta de consenso que existe entre os comentadores de Hume quanto a como ele, em questões religiosas, deve ser interpretado: se agnóstico (cf. Noxon: 1995; 1964), ateu, deísta (cf. Gaskin: 1988; 1992; 1993), teísta (cf. Penelhum: 2000) ou fideísta. Ora, que Hume seja considerado um filósofo cético, ainda que devamos qualificar que tipo de ceticismo ele esposa (cf. Annas: 2007; Fogelin: 2007; Groulez: 2005; Smith: 1995), creio que ninguém poderia negar. Mas como, quando, ou em que medida poder-se-ia defender (se é que isso é possível) que Hume, sendo cético, poderia em algum sentido ser interpretado também como um fideísta?

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No final dos Diálogos sobre a Religião Natural ([D] obra que traz uma crítica à religião natural, sobretudo, por meio do argumento do desígnio), Hume faz com que o personagem Philo endosse o que tem sido descrito por alguns intérpretes como um “atenuado deísmo” (ou, às vezes, um “atenuado teísmo”), ao dizer que “a causa ou as causas da ordem do Universo mantêm provavelmente alguma analogia remota com a inteligência humana” (D 12 § 33: 129). Se esta representa ou não sua própria visão é bastante discutível (mas nenhum comentarista que pretenda examinar os Diálogos (e/ou a crítica de Hume à religião em geral) poderia se furtar, em algum momento, de avaliar esse ponto). De qualquer modo, divindade que Hume possa vir a conceber, o que parece claro é que ela é profundamente distinta do Deus teísta.

Hume, ao examinar minuciosamente o argumento do desígnio, mostra (a meu ver de modo coerente com sua crítica à religião em geral) que, na melhor das hipóteses, este argumento produz apenas conclusões prováveis, e que, portanto, a disputa entre teístas filosóficos e céticos filosóficos (D 12 § 7: 119-20 e § 32: 129), sendo que a linha que separa estes últimos dos ateus é extremamente tênue, é, ao fim e ao cabo, estéril. O próprio Cleanthes (defensor do argumento do desígnio) faz uma referência nesse sentido. Diz ele: “... todos aqueles que aspiram ao raciocínio e à filosofia admitem hoje que ateu e cético são quase sinônimos” (D 1 § 17: 41).

Gaskin chama a atenção para o fato de que em questões religiosas muitos problemas de interpretação resultam da abundante prudência de Hume em cobrir suas reais opiniões com ironia, ambiguidade e mesmo, ocasionalmente, negando suas próprias aparentes conclusões (cf. Gaskin: 1999: 313). No ensaio Parcimônia e Desígnio, Monteiro também defende que os textos de Hume “estão permeados de ironia, de exemplos de ocultação do significado real por trás de um véu de ambiguidade” (Monteiro: 2009: 136). Porém, deve-se notar que essa linha de interpretação suscita muitas dificuldades, e que alguns intérpretes de Hume acalentam certo

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preconceito em relação à análise da ironia nos textos filosóficos. Price (1965) e Noxon (1964; 1995) consideram essencial para a compreensão dos textos de Hume, especialmente os de crítica à religião, o exame da hipótese da ironia. Também Kemp Smith (1988) e Flew (1961) são simpáticos a esta interpretação. Contudo, há também, segundo Monteiro, um adepto fervoroso do preconceito acima citado: “Pike recusa-se a admitir qualquer interpretação que recorra à análise dos estratagemas possivelmente utilizados por Hume a fim de escapar a seus censores” (cf. Monteiro: 2009: 137).

Diante do cenário de interpretações diversas que a crítica de Hume à religião suscita, empreendi, primeiramente, um estudo sobre o papel do fideísmo na crítica de Hume à religião, tomando como ponto de partida algumas declarações textuais de Hume (na Investigação sobre o entendimento humano [EHU]) e Philo (personagem interpretado como o seu mais frequente porta-voz nos Diálogos) que apontam para uma posição fideísta em relação à natureza divina.

Importa ficar claro que a expressão “fé cega”, usualmente associada ao fideísmo, é inadequada para qualificá-lo. Pois o fideísmo implicado no debate entre teólogos e filósofos não se resume a uma mera e ingênua fé cega. Há, por certo, um núcleo irredutível à razão que, por sua vez, implica a arbitrariedade do indivíduo em aderir a uma crença. Mas ninguém adere ao fideísmo, assim, do nada. A religião é fortemente sedutora e os homens partem de sugestões ou sinais que a natureza e/ou a experiência humana oferecem, e são essas sugestões ou sinais que os levam a ser seduzidos por ela. Quer dizer, a fé não surge simplesmente da estultice ou ingenuidade humanas (tal como o sentido que a expressão “fé cega” parece ter ordinariamente tomado), mas a partir do momento em que nos deparamos com os limites da razão e do entendimento humanos. Nesse sentido, pode-se dizer que o fideísmo não é algo banal, mas sim uma postura razoável, sutil e filosoficamente atraente, na medida em que seu assentimento se dá em virtude de certa carência

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epistemológica diante do reconhecimento desses limites, bem como da constatação de nossa pequenez e necessidade de encontrarmos algo que dê sentido à vida e às coisas.

Pois bem, no final da seção 10 da EHU, intitulada Dos Milagres, Hume declara que o método de raciocínio ali exposto agrada-o ainda mais quando ele pensa que tal método “pode servir para confundir aqueles amigos perigosos ou inimigos disfarçados da religião cristã, que se propuseram a defendê-la pelos princípios da razão humana” (EHU 10 § 40). Hume acrescenta ainda que “nossa mais sagrada religião está fundada na fé, não na razão, e um método seguro de pô-la em risco é submetê-la a uma prova que ela não está de modo algum preparada para enfrentar” (EHU 10 § 40).

Além da passagem acima citada, nos Diálogos sobre a Religião Natural (D), o personagem Philo aponta também para alguma espécie de fideísmo, não só pelo fato de estar aliado ao fideísmo-místico de Demea (defensor da prova considerada a priori para a existência de Deus) quanto à incompreensibilidade da natureza divina, mas também por afirmar textualmente que a natureza divina só pode ser discernida pelos olhos da fé (cf. D 10 § 36). Ambos, Demea e Philo, argumentam em favor do mistério e da incompreensibilidade da natureza divina, mas o discurso de Philo, tomado como um todo, e de acordo com as mais diversas interpretações, leva a crer que tal concordância pode ser apenas estratégica. O próprio Demea antes de retirar-se da discussão, em sua última fala, acusa Philo de trair “aquela causa sagrada que aparentemente esposou” (D 11 § 18). Um indício que poderia, talvez, esclarecer a reviravolta da posição de Philo na parte 12 parece ser justamente o fato de Demea ter se retirado do recinto ao perceber que o ceticismo de Philo estava passando dos limites — falta para a qual Cleanthes chama a atenção logo no início da parte 12, e que Philo, ao que parece, reconhece como um equívoco de sua parte (cf. D 12 §§ 1-2: 116).

Isto considerado, formulei como primeira hipótese que haveria boas razões iniciais para assumir a interpretação segundo a qual

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Hume oferece suportes teóricos ao fideísmo, isto é, à ideia de que a religião encontra na fé, e não na razão, uma base sólida para a sua validade, Para tanto, não podendo, por razões óbvias, abandonar a consagrada interpretação de que Hume é, sobretudo, um cético, houve a necessidade de evocar e trazer para o debate uma afinidade entre fideísmo e ceticismo humeano, tal como a da seguinte declaração de Philo encontrada nos Diálogos, precisamente, uma das mais debatidas entre os comentadores de Hume:

Mas acredite-me Cleanthes, o sentimento mais natural que um espírito corretamente disposto experimenta nessa ocasião é o de um ardente desejo e expectativa de que os céus se dignem a dissipar ou, pelo menos, a aliviar esta profunda ignorância, fornecendo à humanidade alguma revelação mais específica e proporcionando descobertas da natureza, atributos e operações do divino objeto de nossa fé. Uma pessoa acostumada à avaliação imparcial das deficiências da razão natural lançar-se-á com a maior avidez à verdade revelada; ao passo que o dogmático orgulhoso, persuadido de que os simples instrumentos da filosofia lhe são suficientes para edificar um sistema completo de teologia, desdenhará qualquer auxílio adicional e rejeitará toda instrução adventícia. Ser um cético filosófico é, em um homem das letras, o primeiro e o mais importante passo para se tornar um cristão autêntico e confiante (DRN 12 § 34: 186-187).

Essa passagem encontra-se no último parágrafo dos Diálogos, após Philo concluir que “alguma dose de espanto resultará naturalmente da grandiosidade do assunto, alguma melancolia de sua obscuridade, e alguma frustração da razão humana do fato de não ser capaz de fornecer uma solução mais satisfatória para uma questão de tal modo extraordinária e majestosa” (DRN 12 § 34: 186). A questão, neste caso, é se podemos ou não assentir que a teologia natural possa se resolver “inteiramente na simples proposição (de algum modo ambígua ou, ao menos, indefinida) de que a causa ou as causas do Universo mantêm provavelmente alguma analogia remota com a inteligência humana” (DRN 12 § 34: 185-186). Essa é a ocasião em que Hume, na voz de Philo, fala no “sentimento mais natural que um

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espírito corretamente disposto experimenta” — e esse sentimento mais natural é, a meu ver (e ao menos neste contexto), aquilo que chamamos fé: “um ardente desejo e expectativa de que os céus se dignem a dissipar ou, pelo menos, a aliviar nossa ‘profunda ignorância’ em relação ‘ao divino objeto de nossa fé’”. Note-se que tal alívio seria dado pelo fornecimento de alguma revelação mais específica à humanidade. Daí se segue a já citada afirmação de Philo de que “ser um cético filosófico é, em um homem das letras, o primeiro e o mais importante passo para se tornar um cristão autêntico e confiante”. Ora, o que seria “um cristão autêntico e confiante” senão um fideísta, já que a razão é incapaz de oferecer uma solução mais satisfatória do que a “de algum modo ambígua ou, ao menos, indefinida” proposição acima?

Nesse sentido, o ceticismo philoniano poderia ser pensado não só como perfeitamente compatível com o fideísmo, mas também como bastante útil a essa perspectiva religiosa, na medida em que, prepara a mente para o recebimento da fé - transição que se faz textualmente presente, por exemplo, em Montaigne (certamente um fideísta cético) na Apologia de Raimond Sebond. Vale comparar com Hume a seguinte declaração de Montaigne: “Não existe nenhuma criação humana que seja tão verossímil e útil (como o ceticismo). Ele deixa o homem nu e vazio, reconhecendo sua fraqueza natural, pronto para receber do alto alguma força estrangeira, desprovido da ciência humana e, portanto, mais apto para receber a divina, extinguindo seu juízo para abrir mais espaço para a fé” (Ensaios II, 12).

Eis aí a afinidade que evoquei anteriormente entre fideísmo e ceticismo humeano (designado na passagem dos Diálogos de ceticismo filosófico) que é precisamente a postura recomendada por Philo ao discípulo de Cleanthes chamado Pamphilus, diante das questões acerca da religião natural, nas últimas linhas dos Diálogos.

Após formular a hipótese segundo a qual Hume poderia sim autenticar o fideísmo, procurei, num segundo momento, levantar

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algumas dificuldades à leitura fideísta, com vistas a defender uma segunda hipótese, qual seja, a de que a filosofia de Hume interdita o acolhimento filosófico do fideísmo. Tais dificuldades foram levantadas tendo em vista afirmações e interpretações cruciais da filosofia de Hume, de uma perspectiva mais ampla, isto é, a partir de seu propósito de construir uma ciência do homem ─ o que incluiu uma retomada de pontos tratados em sua teoria de conhecimento e teoria moral.

Paul Russell, em seu artigo “Liberdade da Vontade e Irreligião no Tratado de Hume”, chama a atenção para uma importante lacuna que existe entre várias interpretações do Tratado da Natureza Humana (T) mais recentemente desenvolvidas, isto é, as interpretações céticas e/ou naturalistas; e a dos contemporâneos de Hume que interpretaram o Tratado como uma obra já escrita com intenções irreligiosas (um indício importante para, talvez, afastar definitivamente qualquer interpretação de Hume como um filósofo que poderia abraçar alguma espécie de teísmo ou mesmo de um atenuado teísmo).

Na visão de Russell, as intenções irreligiosas de Hume são não somente óbvias, mas centrais no que diz respeito a seus fins e objetivos mais fundamentais. O compromisso humeano com a doutrina da necessidade foi (e deve, segundo Russell) ser vista como inteiramente consistente com essas intenções irreligiosas. Ele defende que são os contemporâneos de Hume, não os nossos, que estão corretos sobre essa importante questão, e que o significado irreligioso da visão de Hume sobre a liberdade da vontade (T 2.3.1 e EHU 8) deve ser entendido dentro de uma estrutura mais ampla acerca da interpretação irreligiosa ou ateísta de seus objetivos mais fundamentais no Tratado.

A interpretação segundo a qual Hume já tinha fundamentalmente intenções irreligiosas no Tratado, de acordo com Russell, não nega a importância, muito menos a presença, de um projeto naturalista de sua ciência do homem, nem, tampouco, seu

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comprometimento com os argumentos céticos. O que a interpretação irreligiosa reclama é que a natureza e relação entre estes dois componentes (naturalismo e ceticismo) na obra de Hume, deve ser entendido em termos de seu mais fundamental interesse pelos problemas da religião. De acordo com Russell, o lado construtivo ou positivo do pensamento de Hume no Tratado, isto é, sua ciência do homem, tem de ser interpretado em termos de seu interesse em estabelecer uma consideração científica e secular da vida moral e social. Russell assinala que, para Hume, a filosofia moral e política têm de ser tratadas de acordo com a mesma metodologia científica apropriada às ciências naturais, e uma tal investigação científica deve começar com um exame do entendimento e das paixões humanas, cujas bases metafísicas são compartilhadas com sua concepção naturalista e necessitarianista dos seres humanos. O lado crítico ou destrutivo da filosofia do Tratado seria simplesmente o outro lado da mesma moeda irreligiosa e anticristã. Quer dizer, para tornar claros os fundamentos e edificar uma consideração secular e científica da vida moral, Hume teve de empreender um ataque cético sobre as doutrinas e princípios religiosos que ameaçavam seu projeto, com vistas a desacreditar e refutar a metafísica e moral cristãs (cf. Russell: 2002: 19-20).

Ora, uma vez que se pode razoavelmente entender que a crítica de Hume à religião tem como consequência o esvaziamento de seu significado e utilidade (ponto tratado no III capítulo de minha tese de doutorado e aqui estendido); e uma vez que se pode razoavelmente pensar que a crítica de Hume à religião implica irreligiosidade, acredito que há boas razões para argumentar que a posição de Hume acerca do valor das crenças religiosas não implica um compromisso filosófico com o fideísmo (sequer fraco). Essa ideia pode ser defendida se pensarmos que Hume argumentou que a religião se baseia em argumentos espúrios e fracos, é completamente desnecessária à moral e, em geral, provoca efeitos muito mais nocivos do que benéficos à vida humana e sociedade, especialmente

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nas formas supersticiosas e entusiastas. Além disso, para quem se propôs a investigar o alcance e os limites do entendimento humano, as origens e fundamentos das crenças religiosas, a desacreditar os argumentos da teologia natural em favor da existência de Deus e da imortalidade da alma, bem como a veracidade dos milagres, enfim, para quem dedicou toda uma vida ao conhecimento e à filosofia, creio que seria profundamente incoerente com Hume qualquer disposição para validar o fideísmo, ainda que, como já mencionado, Philo, numa aliança parcial com Demea, tenha argumentado em favor do mistério e da incompreensibilidade da natureza divina. De qualquer modo, até onde sei, não se encontra em Hume nenhum argumento que refute conclusivamente o fideísmo. Sendo assim, não se deve afirmar que ele está definitivamente proscrito da compreensão que Hume tem acerca da religião. Isto porque embora o fideísmo não seja desejável, ele poderia sim ser entendido como teoricamente permissível. Porém, meu ponto foi justamente mostrar que, embora se possa defender sua permissividade teórica ou filosófica, se levarmos em consideração os tópicos centrais da crítica de Hume à religião e sua compreensão da moralidade, estaremos em condições de afirmar que o fideísmo deve ser rejeitado em virtude de sua ociosidade ou inoperância — características negativas que correm paralelamente às que poderíamos atribuir também à religião. O esvaziamento moral e epistemológico da religião implica o esvaziamento do fideísmo. O fideísmo só subsistiria sob a condição de subsistência de algum sentido para a religião. Ora, se a religião torna-se, na filosofia de Hume, insustentável, o fideísmo também se torna insustentável. Em outras palavras, se temos boas razões para afirmar o esvaziamento moral e epistemológico da religião, não nos restam razões para o acolhimento do fideísmo, uma vez que ele é uma forma de conferir validade às crenças religiosas, porém, uma forma que procura salvaguardar a religião das críticas da razão, sem fundamentar a religião, ela mesma, na razão.

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A realização dessa primeira etapa de minha pesquisa de pós-doutorado deu origem a um artigo, intitulado “O Status do Fideísmo na Crítica de Hume à Religião Natural”, que deverá, após mais alguns ajustes, em breve ser enviado para publicação.

Para a segunda etapa desta pesquisa, tratou-se de retomar o III capítulo de minha tese de doutorado, cujo tema incide sobre o tratamento que Hume dá à relação entre o mal e a divindade, nas partes 10 e 11 dos Diálogos, de modo a transformá-lo numa comunicação (apresentada no IV Encontro Hume/UEL/2013), bem como num artigo (O Final Cut de Hume Contra o Argumento do Desígnio) para publicação (aceito pela Natureza Humana: Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise) que apresentasse, conforme especificado no projeto, resultados parciais de minha tese de doutorado e pesquisa de pós-doutorado. Tais resultados se apresentam no artigo enviado junto ao relatório aqui presente.

BIBLIOGRAFIA

Obras de Hume

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________________________________________________Marília Côrtes de Ferraz

Julho de 2014