R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto...

12
Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017 www.avozdeanapolis.com.br [email protected] Ano 3 | Ed. 078 R$1,00 Embate de autarquias cria clima quente na ACIA Rubra mira na liderança da Série B ACESSO DAIA EM JOGO P. 10 P. 10 P. 4 Gomide faz alerta sobre gasto de R$ 18,1 milhões em 30 dias FUNDO DA EDUCAÇÃO ENTREVISTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste Porto Seco é um instrumento para atração de novas empresas” Everaldo Fiatkoski P. 5 Ainda pior que a preocupante estatística é a ausência de uma alteração na política de Segurança Pública que possa impactar em alguma mudança deste cenário: população já não tem um mapa da violência ou de horários mais perigosos, dada a generalização da ocorrência dos casos P. 6 e 7 ESCALADA DA VIOLÊNCIA ANÁPOLIS TEM MÉDIA DE QUATRO HOMICÍDIOS POR SEMANA EM 2017

Transcript of R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto...

Page 1: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017 [email protected] 3 | Ed. 078

R$1,00

Embate de autarquias cria clima quente na ACIA

Rubra mira na liderança da Série B

Acesso DAiA em jogo

P. 10P. 10P. 4

Gomide faz alerta sobre gasto de R$ 18,1 milhões em 30 dias

FunDo DA eDucAção

enTReVisTADiretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste

Porto Seco é um instrumento para atração de novas empresas”Everaldo Fiatkoski

P. 5

Ainda pior que a preocupante estatística é a ausência de uma alteração na política de Segurança Pública que possa impactar em alguma mudança deste

cenário: população já não tem um mapa da violência ou de horários mais perigosos, dada a generalização da ocorrência dos casos P. 6 e 7

escALADA DA VioLÊnciA

Anápolis tem médiA de quAtro homicídios

por semAnA em 2017

Page 2: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

2 Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Editor- GeralPaulo Roberto Belém

Editor-On Line: Paulo Roberto Belém

RepórteresPaulo Roberto BelémFelipe HomsiHenrique Morgantini

Conselho EditorialAntônio GomideLuiz SignatesPedro NovaesCarlos Willian

FotografiaLeonardo Moreira

Projeto Gráfico e DiagramaçãoEric Damasceno Kaji

Rua Conde Afonso Celso esq. com a Rua 15 de dezembro, sala 01, 1o andar, no 85, Setor Central.

Telefone: 62 3098 6121

CEP: 75.025-030

Editado por:Gomide Jornalismo e Publicidade24.117.843/0001-30

Jornalista Responsável:Paulo Roberto BelémJornalista - MTE/GO 2688

[email protected]

O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso afirmou em entrevista recente que o Brasil pre-cisa abrir um novo capítulo quanto ao trato da corrup-ção. Para isto, destacou que o objetivo é garantir “níveis controlados” de corrupção. “Todo país tem seu índice de corrupção”, disse. Ainda segundo o juiz da suprema corte brasileira, para isto é preciso uma mudança de rumos e a criação de um senso de honestidade na sociedade.

A explicação de Barroso serve com perfeição milimé-trica para a abordagem sobre a violência, tema de repor-tagem especial desta semana de A Voz de Anápolis. Isto porque em todos os países, incluindo os mais evoluídos em índices socioeconômicos, há violência cuja origem é incontrolável e imprevisível. No entanto, sua ocorrên-cia é esparsa e seus índices, controlados. Só que para isto acontecer é preciso uma mudança de comportamentos e, sobretudo, de abordagem quanto à violência.

O uso recorrente e supervalorizado da contraviolência do Estado como reação de combate é a certeza de que o poder público falhou em todas as etapas anteriores. São elas: a geração de melhor qualidade de vida e bem-es-tar social, uma política de acesso à Educação e à Cultura abrangentes e a inclusão dos jovens em programas so-ciais que os impeça de ser capitalizados para o sistema do crime.

O que se vive em Anápolis em tempos recentes é a comprovação desta falência multifatorial. E, no entanto, o que se torna mais preocupante é que a galopante ele-vação da violência – que há muito deixou de ter posição geográfica ou mesmo horários de pico com maior inci-dência – é observar que existe uma inércia institucional. Nada é feito de novo ou qualquer inovação estratégica é experimentada a fim de tentar mudar este cenário.

É fundamental – por questões de se fazer justiça – reco-nhecer o trabalho dos operadores do sistema de Seguran-ça. Policiais Militares e Civis se desdobram com o apoio das comunidades para fazer o combate diário. Só que as cada vez mais gritantes ausências de apoio institucional e de estratégia de operação por parte dos comandos e da cúpula de Segurança Pública acabam por dificultar ainda mais os grupos que vão a campo.

É inglória e precária a batalha. Bem como é lastimável, grave e urgente a situação de Anápolis com seus índices de violência. Mas ainda mais preocupante é perceber que nada de novo é feito para criar um novo cenário. Assim como propôs Barroso ao tratar da corrupção – esta, tam-bém, um outro tipo de violência – ainda estamos longe de vislumbrar a geração de uma nova sociedade que con-viva à distância da realidade violenta dos crimes vistos à luz do dia pela cidade.

EDITORIAL

Page 3: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

3Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

BASTIDORESVioLÊnciA A estatística de homicídios, segundo o Atlas da Violência 2017, mostra que houve um aumento de 104,2% na quantidade de homicídios em Goiás de 2005 a 2015. Antes disso, de 1999 a 2005, o número já havia aumentado outros 90%.

ungiDo Leandro Ribeiro deve ser o nome do PTB a ser escolhido para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa em 2018. O vereador vem se destacando na defesa dos interesses do Executivo e mantém relação próximas com grupos empresariais dispostos a investir na revelação política.

embAixADoRAs O governador começou a segunda-feira particularmente inspirado, dando bom dia ao sol em foto do céu azul postada nas redes pela manhã. Como faz em momentos de crise de imagem pessoal, usou os recursos de Olympia e Poppy, a dupla de cachorrinhas que tem, as quais chamou de “embaixadoras do meu coração”, usando um emoji de coração azul.

insATisFAçãozinhA O presidente do Sindicato dos Médicos de Anápolis, o psiquiatra Marcio Henrique, declarou uma greve simbólica diante das condições da Saúde municipal e das condições de trabalho dos médicos na cidade. Para fazer uma “pressãozinha” no governo municipal, profissionais vão trabalhar com uma fita preta indicando luto.

Lá TAmbém Donald Trump pode enfrentar seu primeiro processo de impeachment, de tantos já prometidos. James Comey, ex-diretor do FBI, afirmou não ter dúvidas de que Moscou tentou interferir na eleição americana e interpretou que Trump teria “instruído” o ex-diretor a parar com investigação.

cALmA, joVens! A moda dos formandos que comemoram seus sucessos em cima de trios elétricos tem rendido problemas na UniEvangélica. Isto porque, após o trajeto, os novos farmacêuticos, advogados e dentistas retornam aos prédios da faculdade já bastante alterados. Entre os diversos problemas já registrados, um deles foi parar na delegacia quando um estudante agrediu um segurança com um soco no rosto.

Para quem reclama das blitzen do IPVA, vem aí o Big Brother da Multa

Há oito meses, Avenida São Francisco segue sem sinalização

O governador Marconi Perillo (PSDB) inaugurou na última semana o que chamou de “Centro de Controle, Operação e Fiscalização das rodovias (CCOF)”. Trata-se de uma central de videomonitoramento que multa, 24 horas por dia, todo o tráfego em todas as saídas e entradas de Goiânia. Agora será possível multar um mesmo motorista até oito vezes num mesmo segundo, detectando falhas na direção, cinto de segurança, posição das crianças no carro, uso de telefone celular ao volante, IPVA atrasado, origem do automóvel, excesso de velocidade, estacionamento irregular no

acostamento etc. A oposição classifica que a medida é uma “institucionalização da indústria da multa”. A expectativa do Estado é poder fiscalizar cerca de 200 mil motoristas apenas em 2017. Já estão em vigor o monitoramento nas GO-020, trecho BR-153-Autódromo; GO-040, Goiânia-Setor Madre Germana; GO-060, Goiânia-Trindade e GO-403, Goiânia-Senador Canedo. São 35 câmeras registrando em tempo real as infrações de trânsito. Em breve, novas vinte rodovias serão contempladas com o videomonitoramento.

É digno de parecer um mistério. Desde que foi recapeada pela gestão anterior em novembro de 2016 até esta semana – a primeira do mês de junho – a Avenida São Francisco, a mais importante do Bairro Jundiaí, segue sem sinalizações importantes. Nem mesmo uma das mais cruciais para garantir a segurança dos condutores foi feita: a divisão das vias de quem sobe ou desce a avenida foi realizada. Nota-se, também, a falta de faixas de pedestres ao longo da via, exceto aquelas que fazem parte

do aparelho semafórico. A CMTT, sob o comando de Carlos Toledo, é, nas palavras do próprio titular, uma das pastas que não tem qualquer dificuldade financeira, tendo recebido a gestão da

Companhia com dinheiro em caixa. Cacai, como é conhecido, é frequentador da região, onde faz caminhadas regulares. Pelo menos uma faixa pode cair bem para a avenida.

esVAziADo Na última quarta-feira (07) foi lançado o programa “Comércio Seguro” através do Conseg – Conselho Comunitário de Segurança. Os comerciantes sentiram a falta do prefeito Roberto Naves que, mesmo com todo discurso sobre a importância do tema, não esteve no evento. Somente Glayson Reis, do Observatório de Segurança Pública, participou.

PRé-RequisiTo O presidente da União dos Vereadores de Goiás, Ricardo de Oliveira, visitou a Câmara Municipal e declarou que, para ele, todo prefeito precisa antes ter sido vereador. “Para conhecer de perto a realidade no trato com a população”, disse.

sigLAs As siglas parecem ser um grande desafio para o vereador Jakson Charles (PSB). Ao querer comentar sobre o rito jurídico para aprovação de contas, ele se enrolou todo com as letrinhas. “Quem aprova as contas de gestão é a Câmara não o... TSU, TCU, TSE, TSM...”. Ele queria dizer Tribunal de Contas dos Municípios, cuja sigla é TCM.

De oLho Presidente da Comissão de Educação da Câmara, Professora Geli Sanches (PT) teve acesso às planilhas enviadas pelo TCM sobre os gastos do Fundo Municipal de Educação (saiba mais na página 09). Prometeu reunir seus pares da comissão para que se debruçarem nos documentos atrás de explicações.

eu VoLTei Alexandre Baldy (PTN/Podemos) tem mudado o ritmo de sua agenda de trabalho e busca, agora, dividir seu tempo entre a agenda parlamentar em Brasília e suas votações mais acaloradas a visitas à Anápolis. O deputado reconhece que, agora, é o momento de se aproximar mais das pautas locais, apesar de Brasília estar fervendo.

com TemeR Em palestra realizada na última quinta-feira (08), o governador Marconi Perillo defendeu que seu partido, o PSDB, siga apoiando a permanência de Michel Temer na Presidência de República. “Defendo que meu partido apoie firmemente as reformas propostas pelo Governo”, disse, referindo-se às mudanças na Aposentadoria e nas Leis Trabalhistas.

LembRou Temer, aliás, teve um pico de memória na última semana e lembrou que viajou em jatinho da JBS. Em nota, ele disse que ‘não sabia’ que a aeronave em que voou em 2011, com Marcela para Comandatuba, pertencia ao grupo. Até o momento, nos últimos seis anos, ele vinha dizendo que a aeronave era alugada pela FAB.

Geli Sanches (PT) relata a visita ao Tribunal de Contas dos Municípios em busca de parcerias com a Câmara para subsidiar os vereadores de informações sobre como proceder na análise das leis orçamentárias.

Domingos Paula (PV) comemorou o que classificou de “eficiência da atual administração” por ter levado um serviço de tapa buracos à região do Summerville.

“Não devo nada a nenhum político, nem ao prefeito e nem a nenhum secretário. Eu devo a quem votou em mim e me colocou aqui”, disparou Vilma, mandando um recado a “políticos que fazem fofoca”.

Segundo Vilma Rodrigues, há vereadores fazendo intriga entre a Câmara e o Gabinete do prefeito Roberto Naves. Ela, no entanto, evitou citar os nomes de quem faria o papel de “leva-e-traz”.

É muito triste ver que tem gente aqui que faz a fala no plenário e depois tem de ir lá se explicar

para o prefeito. Esta Casa não pode ser refém de qualquer outro poder. A

denúncia que a vereadora Vilma faz é grave”, disse Antônio Gomide (PT).

Elinner Rosa (PMDB) disse que, em contato com o prefeito, soube que ele está procurando exemplo “em outros países” para tratar a reciclagem em Anápolis.

Dia a Dia da Câmara

Arolldo Costa

Jakson Charles (PSB), que é líder do prefeito na Câmara, disse desconhecer qualquer pressão do prefeito Roberto Naves aos vereadores e pediu que ela dissesse os nomes que estariam fazendo a tal “intriga”. “Eu sei que o prefeito tem boa vontade, boa

vontade eu também tenho. Só que eu não posso fazer asfalto, só o prefeito pode”, reclamou Vilma Rodrigues sobre a pavimentação asfáltica em uma rua onde funciona um abrigo de idosos.

Jean Carlos (PTB) afirma que ao invés de vereadores ficarem preocupados de falar mal da gestão passada, ao qual o PTB fez parte e muitos vereadores eram da base e integraram votações e audiências públicas em prol de projetos aprovados àquela época, os parlamentares deveriam adotar uma posição mais propositiva pela cidade.

O presidente da Câmara culpou o TCM por engessar a Prefeitura de Anápolis em investir na contratação de profissionais para melhorar o atendimento da Saúde da cidade.

Mauro Severiano (PSDB) afirma não ter “a caneta na mão” e, por isto, não tem o poder de indicar ninguém para trabalhar na Prefeitura.

Page 4: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

4 Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Repetir o que já vem sen-do dito sobre o Anápolis parece ofensa aos torcedores que fazem das tripas o coração para ver o time entrar em campo e tentar um rumo inesperado na tempo-rada de 2017, que teve no Cam-peonato Goiano a expressão máxima deste ano. Parece que a máquina da Comarca não entra nos eixos e o galo simplesmente não consegue soltar seu cacarejo característico.

Fosse apenas a derrota para o Ceilândia na primeira rodada do Campeonato Brasileiro Série D, ainda seria possível pensar que “foi apenas o primeiro jogo”, como alguns disseram. Depois da partida, vieram Comercial (SP) e SINOP (MT), com dois empates, o primeiro em casa e a segunda no Mato Grosso.

CasaO mérito do Anápolis vem

do fato de que, no último jogo, contra o SINOP, chegou a virar a

partida, mas o time mato-gros-sense fez um gol aos 15 minutos do segundo tempo, com gol de cabeça de Cabralzinho. No final, tudo igual em 2x2. Com isso, o Galo volta a “disputar mais uma lanterna” em competições de 2017, após a tragédia evitada no Campeonato Goiano.

O jogo contra o time de Mato Grosso vai se repetir no sábado, dia 10 de junho, às 16 horas, no Estádio Jonas Duarte. Elementos a favor? O Galo joga

em casa, com o apoio da torcida e quer a todo custo vencer para arrancar três pontos e, assim como desejou no Goiano 2017, “sonhar” com a classificação para a próxima fase, realidade cada vez mais distante.

JogosDezessete grupos de quatro

times jogam turno e returno na primeira fase. O primeiro coloca-do de cada grupo e os 15 melho-res segundos colocados se classi-

ficam para a próxima fase.No Grupo A10, o SINOP é o

último colocado, com dois pon-tos. Anápolis também tem dois pontos, mas está uma posição à frente, na 3ª colocação, por causa do saldo de gols. Comercial pos-sui quatro pontos, na segunda co-locação e o líder do grupo é o Cei-lândia, com sete pontos. O Galo tem ainda três jogos à frente para reverter o cenário da temporada, contra SINOP, Comercial (18 de junho) e Ceilândia (25 de junho).

RebaixadoO Anápolis jogou contra o

Trindade nesta quarta-feira (7) e perdeu por 4x2, pela última rodada da 1ª fase do Campeonato Goiano Sub-19 - 1ª divisão. Com a derro-ta, o Galo da Comarca foi rebaixa-do para a segunda divisão desta categoria de base do Goianão, juntamente com Jardim América, Mineiros e Atletas de Jesus.

A classificação do Galo da Comarca para as categorias Sub-20 ocorreu em 2015, quando o

time passou a disputar tanto a Sub-19, quanto a Sub-17, sempre na 1ª divisão. No campeonato disputado por atletas abaixo de dezessete anos, o Anápolis conse-guiu se manter na elite. O rebai-xamento no torneio goiano para jogadores abaixo de 19 anos até que poderia ser uma coincidên-cia, se o restante da temporada estivesse nos eixos para o Galo.

Pelo contrário, a má fase começa a ter seus reflexos nos times da base, considerados o fu-turo do clube. A cascata de maus resultados vai se desmontando e o Campeonato Goiano de 2017 foi a primeira peça de um domi-nó que começou a ser derrubado no início do ano. Aonde tudo vai chegar? Se o cenário que se de-senrola continuar, o Galo pode ter que lutar para reconquistar tudo o que vem perdendo nos últimos meses, a começar pela estrutura do clube e terminan-do em campo, onde o resultado simplesmente não vem. (F. H.)

O que Anderson Silva, José Aldo e Renan Barão têm em co-mum? Todos são brasileiros, ex-campeões do UFC e lutadores de ponta do UFC. Um pensa-mento rápido expõe os pontos de interseção; entretanto, uma análise do cartel deles mostra algo que também acontece com lutadores estrangeiros deste qui-late e até com outros atletas ca-narinhos, como Junior Cigano e Glover Teixeira: após um lon-go período de invencibilidade, há uma queda de rendimento nos combates seguintes, uma dificuldade em reconstruir o ca-minho com a mesma eficiência e brilhantismo.

Wanderlei Silva, na época do Pride, brilhou intensamente no evento japonês. Ficou invic-to durante 17 confrontos em quatro anos, até ser superado por Mark Hunt, peso-pesado, com o dobro do seu tamanho. Ele acredita que, quando um lutador é campeão e domina o topo por muito tempo, ele é mais estudado e, portanto, fica com o jogo mapeado.

“É difícil apontar só um motivo, uma só razão para isso acontecer. Mas você falando agora... Realmente aconteceu com vários lutadores, inclusive comigo. A pressão conta muito. Não podemos errar, não somos máquina. Somos pais, irmãos, treinadores e alunos. Somos

vários em um só, e essa pressão que os fãs também colocam afe-ta um pouco. E do outro lado tem um cara tão bom quanto você. Eu acho que é a junção de tudo isso, mais o fator trei-no. Quando o cara sobe muito, é mais estudado. Todo mundo acha o seu jogo. Acharam o meu, o do Shogun, o do Ander-son. Esse esporte é punk!”, de-clara o “Cachorro Louco”, em entrevista ao Combate.com.

Comentarista do esporte, Luciano Andrade também não acha que haja um fator único para elucidar a questão. E, em relação aos brasileiros citados, vê diferentes explicações para cada caso, desde a idade avançada até o abalo da confiança. Campeão dominante do peso-médio e re-cordista de defesas de cinturão

- dez, no total -, Anderson Silva perdeu para Chris Weidman em 2013. Desde então, o veterano amargou novo revés para Weid-man (no fatídico duelo em que quebra a perna), para Michael Bisping e para Daniel Cormier - luta que aceitou fazer no UFC 200, na semana do evento, em julho de 2016.

“Eu sempre achei que o Chris Weidman tinha o jogo certo para derrotar o Anderson, não da maneira que foi, mas da forma que ele estava vencendo a segunda luta. Posteriormente, o Anderson entrou em deca-dência física, o que é normal, perdeu reflexos, velocidade, agilidade. Estava entrando na idade que o corpo não estava respondendo mais como an-tes. Ele até demorou a chegar

a essa decadência, pois estava com uma certa idade quando decaiu”, avalia

Com menos nome do que Anderson, mas uma dominân-cia impressionante no peso-ga-lo, marcada pela versatilidade de levar perigo aos adversários tanto pelo poder de nocaute quanto pela capacidade de fi-nalização, Renan Barão foi frus-trado por TJ Dillashaw, que o dominou durante cinco rounds - até vencer por nocaute técnico - em 2014. O potiguar se reabili-tou em vitória contra o discreto Mitch Gagnon. Sete meses de-pois, recebeu a revanche contra Dillashaw e perdeu por nocaute técnico. A decisão de subir para o peso-pena rendeu uma derro-ta contra Jeremy Stephens e um triunfo contra Phillip Nover, re-sultados aquém da capacidade do atleta da Nova União.

“Acho que o motivo foi psi-cológico, sim, o Barão perdeu a confiança. Levou um atraso na primeira luta contra o Dillashaw e não se recuperou mais psico-logicamente. Pode ser que se re-cupere, tem solução para tudo. Ele poderia evoluir em algumas coisas, melhorar o jogo, ser mais disciplinado estrategicamente, porque, às vezes, ele foi ins-truído de certa maneira e não seguiu as instruções. O motivo principal foi mental” – comenta Andrade.

Criticado pela forma física nas quatro primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, o ata-cante Walter preocupa diretoria e comissão técnica do Atlético-GO. Contratado em março após rescisão polêmica com o rival Goiás, o jogador teve dois meses para perder peso até a estreia do Dragão na Série A, mas não al-cançou a meta estabelecida pelo clube, de acordo com o diretor de futebol Adson Batista.

Walter foi o autor do único gol rubro-negro no Brasileirão. Na estreia, ele marcou o de honra do Atlético-GO na derrota por 4 a 1 para o Coritiba. Apesar disso, o atacante, assim como o restante da equipe, não conseguiu atuar bem. Contra o Bahia, na última segunda-feira, Walter não se mo-vimentou bem e ainda ficou em impedimento em alguns lances. O jogador mobiliza todo o clube, que espera evolução nas próxi-mas partidas.

Peso“O Walter é um caso atípico.

Primeiro, é uma pessoa boa de ser relacionar. O dia a dia com ele é muito bom. Mas o Walter tem sim problema de peso. Não é mis-tério. Ganha peso com facilidade. Perde peso, mas ganha com mui-ta facilidade. Aí é uma luta dos fisiologistas e preparadores físi-

cos a todo momento. Ele perdeu alguns quilos quando chegou aqui, depois deu uma estagnada. Ganhou massa magra, mas não atingiu nosso planejamento. É um problema que temos que ad-ministrar internamente. Não va-mos expor ninguém, mas é uma realidade que nos preocupa” – disse Adson Batista.

O início da pré-temporada de Walter no Atlético-GO foi in-tenso. Foram 20 dias de treinos físicos e muito tempo dedicado dentro do CT do Dragão, com refeições controladas. Aparen-temente, ele conseguiu perder peso no início, entretanto, as primeiras atuações do atacante no Campeonato Brasileiro expu-seram o velho problema com a balança. O Atlético-GO divulga antes das partidas informações sobre todos os jogadores, in-cluindo o peso de cada um, ex-ceto o de Walter. Também não há nenhuma informação sobre o atacante no site oficial do clube.

esPoRTeAnapolina mira liderança do GoianoFelipe Homsi

É muito cedo para sonhar com a liderança no Grupo B da divisão de acesso do Campeo-nato Goiano, mas a Anapolina quer estar na ponta da tabela já no início do torneio para emba-lar uma boa campanha. Subir para a Série A é a grande meta do ano da Xata, que estreou com vitória contra América, por 2x0.

Dependendo dos resul-tados, a Rubra pode liderar o grupo, que tem Novo Horizon-te (1º), Grêmio Anápolis (2º), Anapolina (3º), América (4º) e Monte Cristo (5º). O Novo Ho-rizonte tem seis pontos, mas possui dois jogos. A Xata tem apenas um jogo. Até o momen-to, foram realizados na divisão de acesso oito jogos, com 18 gols marcados, média de 2,25 por partida.

Se vencer o Grêmio, a Ana-polina vai para o jogo contra o Novo Horizonte, no dia 18 de junho, focado na vitória para garantir de vez a classificação para a próxima fase.

desPedidaComo já era esperado, os

jogadores Rafael Furlan e Fogui-nho vão se despedir do Grêmio Anápolis e partirão para o fute-bol português. Para se preparar e enfrentar o time adversário de Anápolis, a Anapolina treina no seu Centro de Treinamento, inaugurado recentemente. Para se garantir e se preparar para a partida, a Xata faz até “rachão”, para que os jogadores se entro-sem e façam um “pra valer” an-

tes de entrar em campo.E nesta semana, um trei-

namento foi realizado no Está-dio Jonas Duarte na terça-feira, com a presença da torcida pres-tigiando o clube. Os treinos na academia também foram reali-zados e o meio de campo teve uma atenção especial, já que o Grêmio é forte neste setor. O jogo, um clássico anapolino, deverá sem bem disputado, com oportunidades de gol pe-los dois times a partir das joga-

das do meio de campo.

adveRsáRioO volante Éverton Luiz,

destaque no time, acredita que o Grêmio Anápolis “tem uma equipe de qualidade” e destaca que eles são “concorrentes di-retos” para uma vaga na próxi-ma fase da divisão de acesso do Goianão. “Vai ser um jogo mui-to difícil”, pontua, explicando que, principalmente no meio de campo, o jogo será duro.

“Tem muito campeonato pela frente”, ressalta. A Rubra não deverá contar com o vo-lante Bruno Henrique, que está machucado e passa por trata-mento. Ele faz apenas treinos leves. O lateral esquerdo Pe-drinho deverá substituí-lo. No Grêmio Anápolis, o atacante Vanilson reconhece o favori-tismo da Anapolina, mas acre-dita no momento do Grêmio, que venceu o Monte Cristo por 4x1 na última rodada. Ele está

otimista com o jogo contra a Anapolina, que é “mais gosto-so por ser clássico”.

ingRessosPara o jogo de domingo, a

os torcedores não poderão con-tar com os ingressos da Torcida Premiada. Os bilhetes poderão ser comprados apenas na bilhe-teria do Estádio Jonas Duarte; os preços ainda não foram defini-dos pelo mandante do jogo, o Grêmio Anápolis.

Anápolis disputa 2º jogo seguido contra o SINOP

Walter tem os dados omitidos pela diretoria para não causar polêmica, mas a aparência não engana

Preço da derrota: por que os lutadores não rendem o mesmo após um revés?

Walter: um peso a mais para o Atlético resolver

Rubra ainda está embalada pela vitória contra o América de Morrinhos por 2x0

Time espera reverter má fase, mas a vitória simplesmente não vem

O sol se põe, mas a Rubra segue firme nos treinamentos para o jogo contra o Grêmio

Sina do Galo na temporada, derrotas e empates continuam

Page 5: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

5Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

enTReVisTA

A Voz de Anápolis - Se você perguntar para a popula-ção, muitos não sabem o que faz o Porto Seco. Você poderia explicar e dizer qual é a sua importância para cidade?

Everaldo Fiatkoski – O Porto Seco trabalha basicamente com movimentação e armazenamento de cargas. Nós temos duas áreas, uma alfandegada, que recebe carga de exportação e importação e isso é fiscalizado pela Receita Federal e outros órgãos e depois este produto é enviado para o destino final. E trabalhamos com esta movimenta-ção e armazenamento de cargas no mercado interno. Nesse caso, faze-mos principalmente a multimoda-lidade, que é fazer a transferência de um veículo para outro, de um modal para outro, por exemplo, da rodovia para o trem e vice-versa, permitindo custos menores de transporte. E se é necessário, fazemos o armazenamento.

AVA – Quais medidas estão sendo tomadas para au-mentar o trânsito de mer-cadorias no Porto Seco?

EF - Nós temos um planeja-mento de longo prazo, mas nos preocupamos em investimentos focados no mercado para atrair estas cargas. A decisão do usuário de mandar carga para cá passa pela redução de custos. Verificamos qual modal vai mais crescer e qual será a maior demanda de cargas e fazemos investimentos para isso. Por exemplo, temos um modal de algodão que tem capacidade para receber 30 mil toneladas, um in-vestimento milionário para receber este tipo de carga. Se a partir de amanhã não tivermos mais isto, vamos ficar com o investimento parado. Nós temos a felicidade de termos cargas com este perfil che-gando e temos a perspectiva agora de safra recorde de commodities para este ano.

AVA – Como este desem-baraço de mercadorias e a atuação do Porto Seco interferem na economia de Anápolis?

EF - Podemos enxergar por vários lados: a existência do Porto Seco é um instrumento para atra-ção de novas empresas. Se uma empresa que tem o interesse de se instalar em qualquer lugar do Bra-sil e trabalha com importação ou com logística de cargas, vai olhar uma localidade que tem um ter-minal rodoferroviário e uma área alfandegada de forma diferente, porque ela vai perceber a possibi-lidade de diminuir custos, buro-cracia e aumentar a eficiência. Esse é o primeiro ponto. Uma empresa estabelecida aqui gera emprego e renda. A cidade de Anápolis e região se beneficiam com a existência do Porto Seco. Nós geramos emprego aqui, damos qualificação para os nossos funcionários, é uma equipe qualificada, especiali-zada nas exigências.

AVA - A Ferrovia Nor-te-Sul foi inaugurada aqui neste espaço há aproximada-mente três

anos. Você entende que ela está consolidada?

EF - Existe a Ferrovia Cen-tro-Atlântica, do século passado, quem tem uma bitola estreita, que leva a Santos, passando por vários locais, principalmente Minas Ge-rais, Bahia, Rio De Janeiro e Vitória (ES). Isto é investimento antigo, operado pela FCA, que é uma empresa que tem ligações com a Vale. A Norte-Sul é um investimen-to novo, feito pelo Governo Federal. Apesar do planejamento dele já ter sido da década de 1980, acabou sendo inaugurado apenas aproxi-madamente há 10 anos. A Ferrovia Norte-Sul teve o trecho de Porto Nacional até Açailândia inaugura-do há bastante tempo. Houve uma licitação e a própria VLI, empresa ligada ao grupo Vale, ganhou e tem a possibilidade de operar aquele trecho, fazer investimento em va-gões e locomotivas para transportar determinada carga. Este trecho que vai de Porto Nacional até Anápolis é o que foi inaugurado há três anos e não foi licitado para empresa privada fazer o investimento em vagões e locomotivas para transpor-tar carga. Existe um terceiro trecho, que vai de Anápolis até Estrela D’Oeste, em São Paulo e ele vai permitir a interligação com a malha sudeste, que fica em São Paulo. Será um desenho interessante tanto para cargas que passam pelo sul do país quanto pelo Norte, fazendo com que facilmente chegue ao Sul.

AVA - Já existe uma parte da Ferrovia Norte-Sul que pode ser uti-

lizada pelo Porto Seco?EF - O que nós podemos fazer,

basicamente, é movimentar a carga do caminhão para a ferrovia. Enquanto não tiver um vagão dis-ponível e locomotiva, que é respon-sabilidade do operador ferroviário, nós acabamos ficando de braços cruzados. Mas isso não quer dizer que nós não fazemos nossas ges-tões junto a empresas que tenham o interesse em fazer o investimento em vagões e locomotivas, para que isso se desenvolva mais rápido. Já recebemos comitivas de vários paí-ses, principalmente China, Rússia, Estados Unidos, Canadá que têm sistemas ferroviários de transporte de cargas bastante desenvolvidos e existe o interesse dessas empresas desses países em operar a ferrovia. Já fizemos um levantamento pre-liminar sobre o tipo de carga que pode ser transportado por ela. Esse tipo de estudo, apesar de um levan-tamento preliminar, já foi passado para estas empresas para elas realmente sentirem o potencial e se interessarem mais por isso. Mas depende mais de uma definição do Governo Federal para colocar esta licitação em funcionamento e conceder isso para a iniciativa privada.

AVA - Então hoje não tem como escoar esta produção que passa por aqui porque não tem vagão?

EF - Exatamente. Se a empresa responsável, o operador ferroviário tivesse vagões, eu já tenho uma estrutura pronta para realmente colocar a carga dentro desses vagões e expedi-la. E, claro, a nossa preocupação é

sempre ba-

lancear o investimento para que ele seja feito quando há a demanda. Não adianta nada você fazer um investimento enorme e depois não ter resultados por muito tempo.

AVA - A consolidação da Plataforma Multimodal e do Aeroporto de Cargas e seu modo de operação é um sonho do Porto Seco?

EF - Tem um grande poten-cial de desenvolvimento para o Porto Seco. A Plataforma Logística Multimodal tende a atrair uma grande quantidade de empresas de logística para a região e o aeroporto acaba atraindo as cargas que hoje passam por cima de Anápolis e se-guem para os principais aeroportos do país, cargas cujas mercadorias são destinadas para a região, mas que tem que descer em São Paulo, no Rio de Janeiro. Com a inaugu-ração desse aeroporto, as empresas teriam custos logísticos menores para trazer esta carga aqui para região e desta forma também conseguiriam diminuir os custos na ponta, vender mais, empregar mais, é mais rendimentos e desen-volver todo esse novo complexo.

AVA - Há uma cobrança do Porto Seco com o Estado para que estas estruturas estejam prontas?

EF - Nós acompanhamos esse desenvolvimento com muito cuidado. O Porto Seco é uma em-presa pautada principalmente na boa governança corporativa, nós atuamos muito com compliance. Nós não temos essa característica de pegar informações privilegia-das para ser beneficiado por isso depois. Essa preocupação gera uma grande quantidade de barreiras para que nós tenhamos um acom-panhamento mais efetivo, até por conta de possibilidades de punições posteriores.

AVA - Alguém aqui no Por-to Seco é contra a platafor-ma, ou a maneira como ela vem sendo conduzida?

EF - É difícil para nós dizermos, porque não existe uma definição sobre a plataforma e

a forma como ela vai ser conduzida.

AVA - Houve uma conversa entre o prefeito de Anápo-lis e o governador sobre a destinação da plataforma. O prefeito sinalizou que o governador vai autori-zar que uma parte dessa extensa área de mais de 10 hectares seja destinada também para empresas, que não sejam da logística, efetivamente. Você tem al-gum conhecimento disso?

EF - Tenho e sou favorável a isso, porque é uma área muito grande, que poderia ser utilizada por empresas. E a prioridade de dis-ponibilização da área para indús-trias acaba sendo mais um fator de atração de empresas logísticas. A meu ver, inicialmente é mais importante você atrair indústrias, fazer com que elas produzam cargas aqui. Depois vão ser dispu-tadas por empresas de logística que serão instaladas em outros locais, na própria plataforma logística multimodal, que perderia um pou-co da sua ideia inicial, mas que a locação da área para empresas de logística é muito mais fácil do que para indústrias.

AVA - Qual é o volume de mercadorias que passa por aqui e representa o que no bolo estadual? Fale tanto do volume de produção quanto da arrecadação do ICMS.

EF - Nós acabamos não acompanhando a arrecadação de ICMS, feita pela Fazenda e pela Receita Federal e que tem uma ad-ministração distinta. O Porto Seco é responsável por aproximadamen-te 60% das importações feitas pela cidade de Anápolis e um volume variável que pode chegar entre 40 e 60% das importações do Estado de Goiás. É claro que nem toda carga tem o perfil de passar pelo Porto Seco de Anápolis. Então existe um trabalho direcionado para os tipos de produtos que tem esta vocação para entrar em áreas alfandegadas e secundá-rias.

AVA - Exportação tam-bém?

EF - Os volumes de expor-tação são muito inferiores, por conta de perfil de carga. A cidade de Anápolis tem um perfil de

exportação muito voltada para a soja, grão, e um pouco de carne. Este perfil de cargas não costuma passar por áreas secundárias, que são os portos secos. A própria legislação tem alguns impedimen-tos que dificultam isso e esse tipo de produto vai direto para o porto molhado, onde é armazenado e embarcado em navio.

AVA - A gestão do Por-to Seco passou um bom tempo sob o comando de Edson Tavares. Por que houve esta mudança?

EF - É uma transição, que acontece com toda empresa. O senhor Edson Tavares tem um his-tórico e desenvolveu a empresa do zero e fez com que ela se transfor-masse em uma referência nacional. E continua no Conselho Fiscal. Não se afastou totalmente e conti-nuou dando suas contribuições.

AVA - Existem hoje infor-mações veiculadas sobre outros portos secos em outros locais. Procede esta informação?

EF - Existem vários boatos quanto à abertura de CLIAs (Centros Logísticos Integrados Aduaneiros) e outros portos secos em outros locais do estado. Portos secos são, pela legislação, áreas alfandegadas. Quando falamos de portos secos próximos de rodovias, significa que lá serão construídos terminais de cargas, e não portos secos. A diferença é que porto seco é uma área alfandegada, concessão da Receita Federal e recebe carga de outros países ou destinada para outros países para ser fiscalizada, enquanto que terminais de carga são locais que recebem carga para fazer a movimentação multimo-dal dela. Dessa forma conseguir melhor eficiência. Existem também notícias sobre a construção de CLIAs – Centros Logísticos Inte-grados Aduaneiros – no estado. É uma novidade trazida por uma medida provisória, em 2008, tendo caído, e em 2003, que também foi retirada do nosso regime jurídico. Hoje é juridicamente impossível você abrir um CLIA, a não ser que exista uma lei, uma nova MP, que permita isso. Com a crise política, a médio prazo isto é um sonho. Se-ria interessante se realmente fosse levado adiante da forma política, mas hoje isso é absolutamente impossível.

AVA - Estas notícias veicu-ladas enfraquecem o Porto Seco Centro-Oeste?

EF - Não, mas seria uma uti-lização de um modelo de negócios que deu certo aqui, mas que a princípio não pode ser replicado em outros lugares que estão querendo, por falta de possibilidade legal.

AVA - Cidades que dispu-tam com Anápolis a vinda de indústrias apresentam esta demanda de criação de CLIAs?

EF - É mais uma forma de propaganda e de atrair empresas para lá, mas sem uma possibilida-de de entrega. É uma propaganda que desfavorece Anápolis, mas com uma análise técnica e perceptível a inviabilidade.

enTReVisTA Everaldo Fiatkoski

“Acompanhamos com cuidado a Plataforma Multimodal”Everaldo Fiatkoski assumiu a diretoria de Operações do Porto Seco Centro-Oeste – que recebe mais de 40% das importações goianas – em um momento de crise política no Brasil. Conforme indica, este cenário interfere na maneira como será feita a ampliação do sistema logístico brasileiro e, por consequência, o goiano e o anapolino. Ele garante que empresários e representantes do setor de agenciamento de cargas de Anápolis estão na expectativa de que seja feito logo o leilão para o trecho da Ferrovia Norte-Sul que vai do município até Estrela D’Oeste, o que poderá potencializar o mercado e reduzir os custos do transporte e escoamento da produção que passa por terras anapolinas. Everaldo Fiatkoski é natural de Erechim (RS) e possui formação na área de negociações internacionais, comércio exterior, logística e agenciamento de cargas.

Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

Mas o que diminui o custo são os multimodais. Seria a forma mais barata, ágil e mais adequada à sua carga para que tenha menor custo de movimentação”

A existência do Porto Seco é um instrumento para atração de novas empresas”

A Plataforma Logística Multimodal tende a atrair uma grande quantidade de empresas”

Page 6: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

6 Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Escalada da violência ganha espaço na ausência de novas estratégias de combate

esPeciAL cRimes em AnáPoLis

Número de mortes contabilizado chega a 95 nestes quase seis meses do ano: Grupo de Investigações de Homicídios diz que 90% das pessoas que são mortas em Anápolis tem envolvimento com o crime, mas garante que isto não acarreta em investigações seletivas

Paulo Roberto Belém

Se for considerada uma es-cala de tipo de crime cometido, aqueles que fazem com que toda uma população se sinta insegura, ao extremo, as mais pontuadas serão as que estão a relacionadas aos crimes contra a pessoa. A morte, definitiva-mente amedronta mais que qualquer assalto, furto ou outra situação. E é neste cenário, o dos homicídios, que Anápolis vem gerando uma tensão na população.

Nos últimos anos, Anápo-lis, além de ter registrado o au-mento destas ocorrências, tem contabilizado médias parecidas quanto a este crime específico a cada ano: uma média de 190 as-sassinatos. E em menos de seis meses, de 2017, a conta chega a 95 mortes.

Calculando a média de homicídios por semana, no encerramento do 23º perío-do completo de sete dias deste ano, estes 95 assassinatos repre-sentam que Anápolis registrou uma média de quatro homicí-dios (4,13, em estatística) em cada período destes. E estes assassinatos não tem seguido um padrão. Têm ocorrido em diferentes horários, regiões, por razões distintas, com diferentes dinâmicas e que, além de ter vitimado pessoas com envolvi-mento com o crime, por conta de passagens pela polícia, por exemplo, tem feito vítimas “ci-dadãos do bem”, aquelas consi-deradas inocentes.

CasosDeste montante, alguns

casos chamaram a atenção em 2017. Logo no início de feve-reiro, em um mesmo final de semana, quatro jovens foram mortos em dois casos distin-tos. No primeiro deles, o triplo homicídio de Leandro Vicen-te, Filipy Nunes e Rodrigo Fer-reira, encontrados mortos em diferentes regiões da cidade. O segundo caso foi o que causou a morte do jovem Donato Gon-tijo na região do Jundiaí em um assalto. Ainda no mês de feve-reiro, outro homicídio de gran-

de repercussão: o assassinato da transexual Emanuelle Muniz no período do carnaval.

Mais adiante, em abril, mais dois casos que chamaram a atenção: a execução da jovem Rayane Araújo em plena manhã de uma segunda-feira no centro da cidade e outro, também no centro da cidade, do jovem Elvis Greener, morto com uma arma que se assimila a uma metralha-dora por disparar grande sequ-

ência de tiros. O último caso de destaque neste cronograma foi o duplo homicídio ocorrido no último dia do mês de maio pas-sado no qual os vigilantes Celso Roberto Tavares e Joel Pereira Dutra foram encontrados mor-tos no interior do Juizado da In-fância e Juventude de Anápolis.

ResoluçãoSobre estes casos espe-

cíficos mencionados, meta-

de deles já tiveram suspeitos presos, inquéritos encerrados e enviados ao judiciário, cor-respondentes aos das mortes de Donato Gontijo, Emanuel-le Muniz e da jovem Rayane Araújo. Já os demais casos, o delegado titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Anápolis, Renato Ro-drigues, os destaca como mais complicados “O triplo homi-cídio e o caso do Elvis conti-

nuam sendo nossa prioridade porque estão com investiga-ções mais adiantadas”, disse, complementando que o caso dos vigilantes, por conta da proximidade da ocorrência, ainda encontra-se em fase de reunião de provas.

Entretanto, esse percentual não representa a realidade dos crimes de homicídio deste ano que tiveram resolução em 2017. “O índice está em 15%”, cita

Rodrigues. O delegado afirmou que o percentual pode aumen-tar à medida que a suspeita da atuação de grupos criminosos seja confirmada. “Alguns homi-cídios em Anápolis, pela forma em que estão ocorrendo, indi-ciam que estejam sendo prati-cados pelos mesmos grupos cri-minosos. Por isso, a prisão destes grupos pode representar a reso-lução de vários casos específicos em pacote”, observa o delegado.

Em uma semana, quatro jovens foram mortos: três deles estavam juntos e foram mortos em diferentes locais; outro jovem foi morto em casa durante assalto

Rayane Araújo foi morta à luz do dia no centro de AnápolisTambem no centro da cidade, Elvis Greener foi executado com arma de múltiplos disparos em frente a edifício

Emanuelle Muniz foi morta na madrugada em crime de homofobia: quatro suspeitos foram presos

Page 7: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

7Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Escalada da violência ganha espaço na ausência de novas estratégias de combate

cRimes em AnáPoLis

Caso mais recente e que evidencia a audácia dos criminosos: vigilantes armados foram mortos dentro de Juizado da Infância e Juventude

Segundo o titular da GIH, Renato Rodrigues, 90% das pes-soas que são mortas em Aná-polis tem envolvimento com o crime, entre passagens pela po-lícia e prisões, mas que isso não acarreta em investigações sele-tivas. “Temos que dar respostas para todas as famílias, apesar de algumas delas demonstrar certo conformismo”, diz.

Rodrigues relata alguns casos do tipo. “Familiares che-gam aqui e me relatam que orientavam seus filhos, seus irmãos ‘para sair dessa vida’. A aceitação dessa perda nos pare-ce que não é tão radical quan-to em casos em que a vítima é morta sem motivação aparen-te”, explica.

O delegado complementa que em casos onde são mor-tas pessoas sem envolvimen-to com o crime, a exemplo da situação em que os vigilantes foram assassinados no local de trabalho, às vezes, aciona uma força tarefa para auxiliar nestas investigações. Em alguns casos, de acordo com o Rodrigues, es-tes crimes têm resolução mais fácil que os demais.

“Quando a pessoa não tem envolvimento com o crime, a li-nha de investigação é mais fácil porque, às vezes, logo no início das investigações surge uma no-tícia de ameaça, por exemplo,

de que a família tem certo co-nhecimento”, detalha.

MétodosQuestionado se os métodos

de investigação para solucionar e evitar novos homicídios são adequados de acordo com a rea-lidade, quando há aumento de casos, por exemplo, Rodrigues reconhece que a atuação dos criminosos se aperfeiçoa, tor-nando-se mais dinâmica e que, por isso, a Polícia tem que aper-feiçoar o seu modo de investi-gação. “A gente realiza reuniões periódicas de avaliação destes métodos e, cada vez mais, todos nós, delegados, agentes e escri-

vães nos capacitamos para con-seguir investigar melhor”, cita.

O delegado garante que sua equipe não fica parada no tem-po e que, cada vez mais, tem buscado o auxílio de ferramen-tas tecnológicas que possam contribuir com as investigações, mesmo que dependam de auto-rização judicial. “Estamos bus-cando a inteligência para dar mais efetividade ao nosso tra-balho e chegar aos autores com mais brevidade. Nossa intenção é que o avanço do número de cesse. Estamos trabalhando para isso”, finalizou, pedindo para que a população faça de-núncias pelo 197.

O delegado regional de Aná-polis, Fábio Vilela, reconhece que a questão dos homicídios em Anápolis é preocupante. Para ele, a população está sentindo a criminalidade cada vez mais per-to em virtude destes crimes.

“Os homicídios em Anápo-lis não estão encontrando bar-reiras e não se tratam de questão social”, disse. Segundo Vilela, os crimes estão mais ligados ao comportamento da vítima do que muito mais por questão econômica, o que é comprova-do pelas estatísticas internas, a exemplo das vítimas com envol-vimento com crimes citadas por Rodrigues.

Vilela cita que se houvesse, por quem de direito, a solução de adotar uma política mais rí-gida em relação a essas pessoas com envolvimento com crime,

fazendo que estas fiquem pre-sas, os homicídios reduzirão drasticamente. “É uma situação que pode acontecer, embora eu

seja crítico porque acarreta em outros problemas, de cunho so-cial, por exemplo”, citou o dele-gado regional.

O comandante do 3º Co-mando Regional de Polícia Mili-tar, coronel Giovani Valente, dis-se que os homicídios são de estrita responsabilidade da Polícia Civil, mas que a Polícia Militar tem atuado para tentar minimizá-los. “O trabalho dos nossos homens é mais voltado para algumas situa-ções, a exemplo do atendimento de ocorrências da Lei Maria da Penha, que tem intenção de evi-tar crimes passionais, e da reali-zação de operações de repressão em bairros, fiscalizando bares em busca de armas que são utilizadas neste tipo de crime”, explicou.

Valente considera que este trabalho surte efeito e que auxi-lia o trabalho da Polícia Civil em Anápolis. “Agora, em crimes não ocasionais, fica difícil a atuação da Polícia Militar, pois são impre-visíveis”, afirmou o comandan-te que considera o trabalho da Polícia Civil eficiente. “A Polícia Civil tem conseguido elucidar uma boa quantidade de crimes, mesmo com o pouco efetivo que tem”, comparou.

“Atuação de criminosos vem se aperfeiçoando”, avalia delegado

Delegado regional critica política de encarceramento

PM se isenta de reponsabilidade, mas diz que ajuda e faz sua parte

“Homicídios não estão encontrando barreiras e não se tratam de questão social”, aponta Vilela

“Polícia Civil tem conseguido elucidar crimes, mesmo com o pouco efetivo que tem”, elogia coronel PM

Segundo Renato Rodrigues, titular da GIH, 90% das pessoas que são mortas em Anápolis tem envolvimento com o crime

núMeRos da violênCia

2016 195 homicídios

2017 95 homicídios (até 08/06)

efetivo do giH

3 delegados

5 escrivães

8 agentes responsáveis pelas investigações

Page 8: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

8 Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Setor hoteleiro da cidade ainda aguarda Centro de Convenções para deslancharEspaço, que gerou expectativa de aumentar movimento em diversos setores de prestação de serviços de Anápolis segue com obras paralisadas e frustra não só os investidores da hotelaria, bem como o de outros segmentos

Paulo Roberto Belém

Há pouco mais de um ano, Anápolis vivia a construção de pelo menos quatro grandes em-preendimentos de médio e alto padrão no setor da hotelaria. Passado este período, dois de-les já estão em pleno funciona-mento e outros dois ainda serão inaugurados, um primeiro com previsão de entrega para julho próximo e outro, mais tarde, em junho de 2018. Ao final, quan-do todos estiverem operando, 550 novos leitos serão agrega-dos à cidade.

Entretanto, um dos atra-tivos principais que pautaram as pesquisas de mercado destes investidores para que construís-sem, aqui, novos hotéis, ainda é motivo de espera, reclamações e expectativa. O Centro de Con-venções de Anápolis que teve a sua construção iniciada em 2014 pelo Governo de Goiás segue com obras paralisadas, o que frustra não só os investido-res da hotelaria, bem como o de

outros serviços.A não inauguração do es-

paço também frustra os anapo-linos por não ter consolidado o espaço prometido à longa data e que seria o causador do boom

do turismo de negócios e even-tos, resultando na atração de milhares de pessoas à Anápolis e que, consequentemente, fo-mentaria toda a economia da cidade.

inauguRadosEm operação desde abril de

2016, o Comfort Anápolis tra-balha, hoje, com a metade de sua capacidade. A supervisora comercial da unidade na cidade,

Aline Cruz, relata que o resulta-do de sua média de ocupação vem pelo peso da rede que ad-ministra o hotel, mas confessa o atraso nas obras do imóvel do Centro de Convenções, pro-

metido para 2014, não deixa de prejudicar a todos do setor ho-teleiro. “Assim que o espaço for inaugurado todos nós vamos ganhar, inclusive, a cidade”, acredita.

O segundo empreendi-mento que já está em operação é mais crítico à questão da não entrega do Centro de Conven-ções pelo Governo de Goiás. Segundo o gerente geral da rede Intercity, Ignácio Sasias, que inaugurou a unidade Aná-polis da empresa em outubro de 2016, a falta de um grande centro de eventos impacta na geração de fluxo para a cidade. “Estamos compensando esta perda tentando atrair esse tu-rismo para o próprio centro de eventos do hotel, mas acredi-tamos que em breve a obra do Centro de Convenções estará sendo retomada e entregue, contribuindo para a economia de toda região”, afirmou, não divulgando com que capaci-dade o hotel está trabalhando atualmente.

economiA

www.avozdeanapolis.com.br

ACESSE NOSSO PORTALO leitor do jornal semanal pode também ficar

informado sobre o que acontece no Brasil e no Mundo, através de atualizações em tempo real

Unidade já em funcionamento na cidade trabalha com metade de sua capacidade

Para o empresário Kasser Bittar, do Imperial, hotéis dependem não só do Centro de Convenções, mas também do Aeroporto de Cargas

“Estamos compensando esta perda, mas esperando”, afirma gerência de hotel próximo à Brasil Sul

Unidade tem previsão de entrega em junho de 2018 e deverá suprir a demanda da cidade quando houver o Centro de Convenções

Através de nota da assessoria de Comunicação, a Agetop informa que a obra de construção do Centro de Convenções de Anápolis “está em andamento, com 71% dos serviços já executados e a previsão de entrega da obra é para o primeiro semestre de 2018”. Ainda segundo o documento, para a conclusão serão necessários aproximadamente R$ 40 milhões.

AGETOP ExPLiCA:

Lélio se animou com novidade mas espera que continuidade ocorra

O empresário anapolino Kasser Bittar é responsável por outro empreendimento no ramo da hotelaria em Anápolis – o Park Imperial – que tem pre-visão de entrega para o início de julho próximo nas proximida-des do Parque Ipiranga. Além de acreditar na sua localização e es-trutura como forma de atração de hóspedes, Kasser também enxerga que a ocupação do ho-tel também depende da inaugu-ração do Centro de Convenções

de Anápolis. “Na verdade, não só dele,

mas também do Aeroporto de Cargas que também é uma obra importante”, disse. O empresá-rio complementou que acom-panha sempre a questão da conclusão da obra do Centro de Convenções e afirmou ter rece-bido informações de que quan-do fosse retomada a construção, o espaço seria entregue em três meses. “Estou confiante”, arre-matou.

Usando o pequeno expe-diente da Câmara Municipal, o vereador Lélio Alvarenga, do PSC, comemorou na sessão desta quar-ta-feira (07) a retomada do Banco do Povo, ocorrido na noite de ter-ça-feira no auditório do Senac, no Jundiaí. Alvarenga destacou o su-cesso do programa que gerou até

mesmo a necessidade de fazer um novo cadastramento. “Os que estavam no auditório foram pre-viamente cadastrados para conse-guir seus financiamentos. Agora precisamos de mais porque muita gente ficou de fora”, relatou.

“Isto prova que o nosso povo sonha, acredita e trabalha”,

emendou o parlamentar. Foi des-tinado à cidade um cheque sim-bólico no valor de R$ 1 milhões. E, segundo Alvarenga, houve a promessa de mais um repasse no mesmo valor para a segunda eta-pa do programa.

Lélio ainda fez uma cobran-ça ao Governo de Goiás: que

realmente repasse o dinheiro para que os empreendedores possam avançar em seus proje-tos. “Esperamos que isto saia da teoria e possa ir para a prática. Queremos ver a esperança e que não frustremos os sonhos dos que estiveram lá ontem”, con-cluiu o parlamentar do PSC.

Proprietário de hotel prestes ser inaugurado segue “confiante”

Lélio Alvarenga (PSC) comemora retomada do Banco do Povo e cobra: que saia do papel

Page 9: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

9Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

FiscALizAção

Gomide faz alerta sobre possível desvio de finalidade em verba da EducaçãoChama atenção o volume de retirada na conta do Fundo Municipal de Educação entre os dias 31 de dezembro de 2016 e 31 de janeiro de 2017: somente neste período (1º mês da gestão) foram gastos R$ 18,1 milhões de verba carimbada; Ministério Público Federal que deverá analisar planilhas

Henrique Morgantini

Fiscalizar é uma das pala-vras-chave na missão política de um vereador. Enquanto deve propor leis que melhores a vida do cidadão, é também de sua al-çada monitorar de perto os gas-tos, investimentos e realizações do Executivo. E, ao cumprir este papel, o vereador Antônio Go-mide afirma ter se deparado com uma suspeita de desvio de fina-lidade nas contas da Educação: o gasto de R$ 18,1 milhões em apenas um mês, logo o primeiro da gestão de Roberto Naves.

Em discurso na última quar-ta-feira (07), durante a sessão ple-nária, o vereador fez um alerta à administração sobre o gasto ve-rificado. Os dados que serviram de fonte para que o fato viesse à tona são oficiais: as planilhas com os saldos de conta foram apresentadas na semana passada durante a prestação de contas do Executivo na Câmara, referente ao primeiro quadrimestre.

A situação é a seguinte: em 31 de dezembro de 2016, o últi-mo ano da gestão anterior, ficou um saldo na conta do Fundo Municipal de Educação no valor de R$ 18.931.871,27. Os mais de R$ 18 milhões foram deixados por João Gomes na Educação para que servissem para efetuar

pagamentos referentes ao setor, como bem diz a lei.

Acontece que, em apenas um mês de gestão, o prefeito Roberto Naves conseguiu gastar mais de R$ 18 milhões. A plani-lha que mostra a conta bancária referente ao mesmo fundo, no dia 31 de janeiro tem apenas R$ 762.825,74. Ou seja: em 30 dias de administração, foram gastos R$ 18.169.045,47.

O alerta feito pelo ex-prefei-to e atual vereador é de que o di-nheiro foi usado indevidamente para o pagamento de outras dí-vidas e compromissos da prefei-tura que não aqueles destinados

exclusivamente da Educação. Acontece que não é isto que a lei permite. Ela, aliás, é bastante clara quanto às proibições do uso deste dinheiro. O Artigo 7º da Lei 7966 de 1988 diz que “é vedada a destinação de recursos das Quotas Estadual e Municipal do Salário-Educação para o paga-mento de Pessoal”.

A ocorrência deste tipo de manobra, em sendo compro-vada, pode acarretar em uma denúncia do Ministério Público Federal. Entre as possibilidades a serem analisadas, a mais comum em casos desta natureza é o des-vio de finalidade, gerando crime

de responsabilidade. “As receitas do Fundo Mu-

nicipal de Educação possuem ru-bricas específicas que tem valores direcionados para as devidas fun-ções de gastos e investimentos. Portanto, não pode haver qual-quer desvio de finalidade destes recursos. Ainda mais quando se tem um montante que é retira-do do fundo dentro do primeiro mês da administração”, disse Go-mide, que, ainda durante sua fala na tribuna convidou os pares a se debruçarem sobre o caso para fis-calizar os gastos.

“É preciso fazer uma recom-posição urgentíssima porque

está sendo descumprida a legis-lação federal. O objetivo é devol-ver a normalidade nos recursos para que o município não tenha qualquer tipo de penalização”, destacou.

Para o parlamentar, a Câma-ra Municipal não pode se excluir de promover o este debate. “Ain-da mais quando a situação é, as-sim, preocupante”, destacou. “É aqui o local certo para fazermos a fiscalização do dinheiro inves-tido”, avisou. Os dados, que são discrepantes, estão disponíveis para todos no portal do Tribunal de Contas dos Municípios, as planilhas estão lá.

Líder do prefeito no Legisla-tivo, Jakson Charles (PSB) disse estar agradecido pelos alertas de Antônio Gomide. “Mas peço que não se preocupem porque o prefeito não cometerá impro-bidade administrativa”, prome-teu. “Roberto Naves é um pro-fessor e é responsável e por isto não terá problemas desta natu-reza”, garantiu.

A prestação que vale, segun-

do Charles, é a do fim do ano. “Esta ele não é nem mesmo obrigado a vir aqui”, disse. Para o parlamentar, os dados apre-sentados pelo vereador Antônio Gomide (PT) são “detalhes”. “A diferença dos valores dentro desta rubrica tem um ano para ser corrigidos e ajustados”, disse. “Temos de pensar positivo e que lá na frente, quem errar, que pa-gue pelos erros”, declarou.

Líder do prefeito classifica situação como “detalhes”

Ricardo Oliveira, que é ve-reador na cidade de Ipameri, tomou posse como presiden-te da União dos Vereadores de Goiás. O parlamentar visitou na manhã desta quarta-feira (07) a Câmara de Anápolis e usou a tri-buna para falar aos colegas da ci-dade. Oliveira explanou sobre as suas expectativas diante do tra-balho a UVG na defesa do parla-mentar municipal de Goiás.

“O vereador é o políti-co mais importante do Brasil porque é ele quem tem maior contato com a população, ele é quem defende os interesses mais íntimos do cidadão. Eu mesmo sou motorista de ambulância, enfermeiro, psicólogo...” disse.

Oliveira ainda afirmou que, para ele, é fundamental para qual-quer gestor ter a experiência no Legislativo de sua cidade “Para mim, todo prefeito deveria, an-tes, ser um vereador para poder

conhecer de perto a sua cidade e seu povo”, opinou.Convite

Ricardo Oliveira revelou na Câmara Municipal que preten-de iniciar um extenso trabalho

de qualificação dos vereadores de Goiás. Para isto quer dinami-zar a atuação da escola legislati-va, com cursos e palestras que possam melhorar a facilitar a atuação parlamentar dos verea-dores goianos em suas cidades.

Ele aproveitou para convi-dar o ex-prefeito Antônio Gomi-de, hoje vereador em Anápolis, para ser um dos colaboradores e palestrantes deste projeto. “An-tônio Gomide é referência para o Estado de Goiás”, elogiou, em plenário, Oliveira. E, se dirigin-do ao parlamentar, convidou: “Você é uma referência para to-dos nós e, por isto, quero levá-lo para dar palestras em nossa es-cola legislativa”.

O vereador Pedro Maria-no (PRP) pede que os políticos que representam o Estado de Goiás promovam um debate no sentido de “atualizar” o Có-digo Penal Brasileiro. “É uma lei antiga, dos anos 1940, do tempo em que minha avó era menina, e precisa ser revista”, comparou.

Segundo ele, os senadores Ronaldo Caiado, Lúcia Vânia e Wilder Morais precisa capita-near as mudanças nas leis e, por isto, precisam ser cobrados pe-

los vereadores para que iniciem este processo. Para Mariano, as principais mudanças devem ocorrer quanto à abordagem dos menores e de como são tra-tados criminosos de pequena monta. “Crianças podem fazer tudo, inclusive matar e roubar, menos ser preso”, disse.

“Os casos acontecem aos montes de pessoas que são pre-sas por crimes e uma semana depois estão nas ruas nova-mente para cometer crimes no-vamente”, encerrou.

“Todo prefeito deveria, antes, ser vereador”, declara presidente da UVG

Pedro Mariano quer senadores goianos pressionando pela mudança do Código Penal

Vereador e ex-prefeito Antônio Gomide fiscaliza planilhas e faz o alerta: Ministério Público Federal terá a palavra final na análise destes gastos

Procurado pela reportagem para explicar sobre os questionamentos que envolvem os gastos na conta do Fundo Municipal de Educação, o secretário Alex Martins não foi localizado pela reportagem em seu telefone pessoal e nem se localizava na Secretaria de Educação na tarde de quinta-feira (08). Ele também não retornou as ligações.

Ricardo Oliveira visitou a Câmara Municipal: meta de qualificar parlamentares

Page 10: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

10 Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Henrique Morgantinicom Paulo Roberto Belém

Os problemas estão longe de ser novos no debate classista do empresariado de Anápolis. Mas, a se tomar pela reunião ocorrida na última quarta-feira (07) na Associação Comercial e Industrial de Anápolis, a pa-ciência dos empresários parece estar bem perto do fim.

A razão da insatisfação da entidade é quanto a dois as-suntos que vem, segundo eles, impedindo a vinda de empre-sas para a cidade. Enquanto há áreas vazias no distrito indus-trial, um clamor generalizado reclama que faltam espaços para novos investimentos. Acontece que, quando se vai a fundo, descobre-se que o pro-blema não é geográfico-espa-cial, mas sim burocrático-espe-culativo.

É simples: o binômio do problema é a cobrança de IPTU de alto valor por parte da prefei-tura, que muitas vezes quer re-ceber dos novos donos todos os tributos referentes àquela área, e – ainda – a especulação imobi-liária de detentores de áreas no Daia que cobram para “vender” o local a novas empresas.

O “vender” entre aspas se explica: o terreno não é uma posse legal feita mediante um contrato de compra e venda, mas sim, uma cessão do Estado para empresas se instalarem. Acontece que antigos donos possuem a “mania” de cobra-rem para liberar o terreno. A partir daí, o que se vê é um discurso político inflamado em busca de novas empresas para a cidade, mas a manutenção de uma série de entraves burocráti-cos para que isto aconteça. Está instalado o paradoxo.

tensãoNa reunião da última se-

mana, a Acia recebeu o secre-tário municipal de Indústria e Comércio, Vander Lúcio Bar-bosa, e o Secretário Estadual de Desenvolvimento, Francis-

co Pontes. Ambos, inclusive, membros da Acia. O clima fi-cou quente quando represen-tantes da Codego – responsável pela administração do Daia – defenderam o estatuto do Daia e, portanto, a manutenção das coisas como elas estão, o que gerou imediata revolta nos di-retores da entidade.

A questão é, novamente, simples de se entende: há um processo de retomada das áreas que foram cedidas a empresas mas não foram construídas, mas ele segue lento e pouco avançou. A reivindicação da Acia é que haja uma interven-ção governamental para de-sembaraçar o caso e a Codego posiciona-se pela “legalidade do processo”, ou seja, defen-dendo os interesses dos deten-tores de áreas.

Com esta queda-de-braço estava instalado o impasse. O presidente da entidade, Anas-tacios Dagios, retrata o clima pesado. “A Codego falou, fa-lou, falou, mas não conseguiu desanuviar as tensões”, relata. O clima só mudou quando o secretário de Estado assumiu, segundo Dagios, o lado do em-presariado. “O secretário teve bom senso ao dizer que, às ve-zes o que é legal não é justo. Tendo vista que a Codego está se agarrando ao estatuto”, disse.

esvaziadaFrancisco Pontes pediu que

a lista de empresas que estão na fila para se instalar em Anápolis seja encaminhada diretamente a ele e não mais à Codego que, diante desta decisão, fica esva-ziada no poder de reter ou fazer andar o processo de instalação e cessão de áreas do Daia. “Ele também prometeu iniciar as obras de infraestrutura de am-pliação do Daia. Ao final ele deixou a reunião mais tranqui-la. Saímos otimista da reunião porque ele é empresário”, disse um aliviado Anastácios.

Quem também prometeu rever posições diante do clima tenso que foi instalado foi o

responsável pela área no âm-bito municipal. Uma das re-clamações é o olho grande da Prefeitura em pedir por mais empresas mas ao mesmo tem-po querer que estas corporações assumam as dívidas antigas das áreas e que paguem rapidamen-te o que “devem” por ocupa-rem os lotes industriais. Vander Lúcio prometeu agilizar o pro-cesso de flexibilização do IPTU que hoje é um impeditivo para novos negócios.

CasosDe acordo com informa-

ções da agenda classista empre-sarial, Anápolis perdeu recente-mente o investimento à ordem de US$ 25 milhões de uma em-presa holandesa, detentora de 55% do mercado brasileiro de cápsulas por conta de burocra-cias relacionadas ao terreno. O caso é o mesmo: a área possuía outro dono e uma série de dívi-

das que estavam sendo empur-radas para a novata que se ins-talaria em Anápolis. A matriz holandesa decidiu não bancar o negócio e a empresa mudou de endereço para a nova filial.

O mesmo ocorreu com um empresário de Anápolis que, não tendo espaço aqui, foi parar em Teresópolis e lá fez o seu investimento em uma área que a prefeitura vi-zinha lhe concedeu.

Na reunião, o secretário Francisco Pontes prometeu acabar com a especulação imobiliária no Daia, mas não explicou como irá dispor de mecanismos para por isto em prática. Entre os comentários íntimos e cochichos do debate empresarial uma frase é repe-tida quase como um mantra: “muita gente ficou rica ven-dendo áreas no Daia”. Só que, agora, a riqueza deles vem em-pobrecendo a cidade.

IPTU alto e especulação imobiliária impedem vinda de empresas e criam clima tenso na ACIAReivindicação de classistas recai sobre Prefeitura e Governo do Estado quanto à cobrança de altos tributos acumulados em áreas e a atuação da Codego – responsável pela gestão do Daia – em “aplicar o estatuto”: secretário promete rever cenário

imPAsse

Áreas vazias com “donos” à espera de negociação criam um paradoxo: Anápolis não tem áreas, mas Daia tem lotes à espera de empresas

Anastacios Dagios, da Acia: Codego fala, fala, fala, mas não resolve nada

Felipe Homsi

As mortes dos empresários anapolinos Edmar Almeida e Elson Abreu seguem sem expli-cação e, agora, encontram um novo impasse: a burocracia. De-pois de uma indecisão sobre qual delegacia deveria ficar o inquéri-to e as investigações, agora, por decisão da Justiça, o caso deixa de estar sob o comando de Leo-nardo Sanches, da delegacia de Silvânia, e deverá ser remetido para o Grupo de Investigação

de Homicídios de Anápolis. Leo-nardo Sanches remeteu todos os dados obtidos em Silvânia para Anápolis.

Anápolis é a terceira cidade que deverá tentar solucionar as mortes, indicadas como crimes por onde passou. O caso já este-ve sob o comando da 5ª Delega-cia Regional em Luziânia, depois passou a ser investigado em Aná-polis, sob o comando do delega-do da 3ª Regional da Polícia Ci-vil, Fábio Vilela. Em um terceiro momento, o caso foi parar nas

mãos de Leonardo Sanches até retornar a Anápolis

MoRosidadePara se ter uma ideia sobre

a lentidão das investigações e como a falta de estrutura pode atrasar o fornecimento de res-postas para as famílias de Elson e Edmar, até agora apenas dois de um total de nove laudos foram apresentados. O Instituto Médi-co Legal de Anápolis entregou o laudo cadavérico de Edmar Almeida, assinado pelo médico

Rodrigo Barreto, com resultados “inconclusivos”. Exames adicio-nais foram solicitados pelo mé-dico, já que, conforme Leonardo Sanches, “o laudo cadavérico que veio e nada é a mesma coisa”.

O laudo pericial de morte de Edmar Almeida, que é feito pela Polícia Técnico-Científica, tam-bém foi inconclusivo, conforme apresentado pelas equipes da re-gião de Luziânia que o produzi-ram. Leonardo Sanches acredita que “esse caso está muito rápi-do”, apesar da demora.

Um laudo de cadáver, con-forme elucidou, demora em tor-no de 50 a 60 dias para ficar pron-to, dadas as condições atuais. Os exames complementares podem durar de quatro a cinco meses para serem concluídos. “Você não pode fazer nada, você tem que ficar sentado esperando”, ressalta. Um material produzido pelo serviço de inteligência tam-bém foi produzido e entregue ao delegado da 3ª Regional, Fábio Vi-lela, que o repassou para o Grupo de Investigação de Homicídios de Anápolis. O delegado Leonar-do Sanches, que não teve acesso aos documentos da inteligência, afirmou que estas informações ainda não estão disponíveis.

Para ele, não é possível afir-mar ainda se foi “acidente, nem se teve uma terceira pessoa, nem

homicídio”. “A inteligência não tem nome, não tem cor, não tem cheiro”, explica sobre o caráter secreto das investigações. Suas palavras indicam que ainda não foi feito cruzamento de todas as informações obtidas pelos cinco delegados que fizeram parte das investigações: “estão chegando picadas algumas coisas”.

Já foram realizadas imagens via satélite, análise dos telefones de Edmar Almeida e Elson de Abreu, rastreamento bancário e colhidos os depoimentos de fa-miliares, amigos e funcionários do Vesúvio, restaurante que os dois possuíam no Bairro Jun-diaí. Leonardo Sanches, mesmo com todas as mudanças que o processo teve, ainda acredita que as investigações não foram atrapalhadas.

Empurra-empurra continua e mortes seguem sem explicaçãocAso eDmAR-eLson

O delegado Fábio Vilela volta a cuidar do caso que segue sem explicação

Page 11: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

11Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Oportunidade é destinada para criadores de vídeos, músicos ou mesmo interessados em manifestações artísticas através do uso da tecnologia

Visite nosso site e confiramais informações:

Assuma a liderançae comece a construiro amanhã a partir de agora

VARieDADes PAssA-TemPo

Da Redação

Artistas, pesquisadores, ati-vistas da cultura digital, realiza-dores do audiovisual, arte-edu-cadores e pessoas interessadas em utilizar a tecnologia como aliada na produção de conteúdo podem se inscrever nas oficinas do Festival de Arte Digital (Di-giarte). Produção e gestão em mídias sociais digitais com ên-fase em cobertura colaborativae Code Musik - Prática e Ensino Musical com Programação de Software/Sonic Pi + Bateria são os dois cursos rápidos prepara-dos pelos organizadores.

Para garantir vaga é só en-trar em contato com a Secretaria Municipal de Cultura pessoal-mente ou por telefone – 3902 1111. O evento só vai acontecer em julho - entre os dias 6 e 8 – e quem quiser participar já tem como se programar.

Outra atividade do Digiarte para a qual é necessária a reali-zação de inscrição é a exposição de artes visuais em projeção de video mapping, técnica que permite projetar e manipular imagens em superfícies não pla-nas. Os artistas selecionados vão ter como suporte para exibição de seus trabalhos a fachada do prédio da Secretaria Municipal de Cultura, localizado na Praça Bom Jesus. Inscrições na Gale-ria Antônio Sibasolly. O telefo-ne para contato é o 3902 1077. Parta quem ainda não ouviu falar, pois a técnica é ralativa-mente nova no Brasil, o video mapping é tecnologia artística mais moderna e mais usada nas grandes capitais mundiais.

O Digiarte une arte, ciência,

tecnologia e comunicação com o objetivo de fomentar setores que têm apresentado conside-rável crescimento na cidade, como a produção audiovisual e a arte digital, daí a importân-cia da sua realização, afirma o secretário de Cultura, Erivelson Borges.

Code MusikUma das opções nas ofici-

nas é o Code Musik. É a opor-tunidade para os interessados em aprender a fazer música ex-perimental com programação de computador e software livre. Com o sistema, os participantes podem, por exemplo, instruir o sistema a tocar uma sequência de notas baseada nas notícias do jornal, mapear as vogais das manchetes nas teclas pretas do piano e as consoantes nas teclas brancas.

É possível basear acordes nos ponteiros do relógio, as-sim como experimentar ritmos de bateria que só poderiam ser tocados por uma pessoa com três braços. A imaginação é o limite para introduzir a poética e o caos humano no processo sonoro, usando o software livre Sonic Pi.

A condução das oficinas é de Alexandre Rangel, artista multimídia brasiliense, mestre em Arte Educação e doutoran-do em Artes (UnB). Rangel tem produzido performances com a técnica de criação de softwa-re audiovisual, como o “Sábio ao Contrário”, VJ Xorume e Weekly Beats, desafio de produ-ção de uma música com código de programação por semana. Já apresentou suas criações no Bra-

sil, Argentina, Espanha, EUA, França, Dinamarca, Holanda e Taiwan.

A oficina conta com a par-ticipação especial do baterista Barata (Muntchako), trazendo batidas humanizadas e ritmos brasileiros para o mundo da programação de computadores. Palavra cruzada

Jogo dos 7 erros

Solução

Abertas inscrições para oficinas que unem a Arte à tecnologia

PROGRAMAçãO6 de julho (quinta- feira) – 19h30 – Praça Bom JesusExposição Digital: Exposição de trabalhos artísticos em projeção de Video Mapping na fachada do prédio da Secretaria de CulturaDiscotecagem + Show com: Velho Cerrado (APS) e Muntchako (DF) 7 de julho (sexta-feira) – 9h às 12h/14h às 17h – Teatro Municipal Oficina Produção e gestão em Mídias Sociais Digitais com ênfase em cobertura colaborativa

Convidado: Mídia NINJA8 de julho (sábado) – 16h às 19h – Telecentro da Praça Americano do BrasilOficina de Code Music - Prática e Ensino Musical com Programação de Software/Sonic Pi + BateriaConvidados: Alexandre Rangel e Rodrigo Barata

Page 12: R$1,00 escALADA DA VioLÊnciA - avozdeanapolis.com.br · enTReVisTA Diretor de Operações do Porto Seco Centro-Oeste ... O Ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso

12 Anápolis, 10 a 16 de junho de 2017

Desde 2013, o Brasil vive um qua-dro de crise política institucional dos mais profundos. A iminente queda de Michel Temer constitui-se como ape-nas mais um capítulo dessa novela. Para discutirmos as denúncias contra o presi-dente da República e termos mais dados para análise, sem cairmos em previsões infundadas, é necessário clarear algumas constatações históricas fundamentais da política brasileira:

1) a Rede Globo é ainda hoje o prin-cipal meio de formação de opinião dos brasileiros sobre política;

2) historicamente, ela representou os interesses majoritários dos capitalis-tas do país;

3) desconhecemos evidência de re-cuo de uma proposta dela com relação à retirada de um presidente da República do seu cargo, seja através de golpe mili-tar explícito, de golpe institucional ou de impeachment.

Se admitimos que essas assertivas são verdadeiras, Michel Temer cairá em breve.

Se isso não acontecer, significará que a Rede Globo não representa mais os in-teresses majoritários do grande capital, nem dos principais políticos no país e seu império midiático está prestes a ruir.

Nesse sentido, é sempre importante fundamentarmos nossas hipóteses com base na história política brasileira. Nos últimos 65 anos, a Rede Globo ocupou o espaço de um dos principais atores po-líticos, sempre participando com grande poder de decisão em momentos-chaves. Vejamos.

O jornal O Globo, quando ainda não havia sido constituída a poderosa Rede Globo, foi um dos principais ato-res na desestabilização do governo de Getúlio Vargas em 1954. Quando Var-gas aceitou a proposta de João Goulart, então escolhido para o Ministério do Trabalho, de dobrar o salário mínimo, foi gerada uma convulsão nas elites empresariais do país. O Jornal O Globo, como porta-voz desse setor, publicou várias denúncias contra o presidente da República, acusando-o de mandar assassinar seu principal inimigo políti-co, Carlos Lacerda. Nesse mesmo ano, Getúlio Vargas cometeu o suicídio, alegando em carta-testamento que for-ças ocultas o impediam de governar. Depois da morte de Vargas, o jornal O Globo foi atacado por milhares de ma-nifestantes no Rio de Janeiro.

Dez anos mais tarde, entre 1961 e 64, o herdeiro de Vargas, João Goulart, assumiu a presidência da República. Mais uma vez, o Jornal O Globo se opôs veementemente ao seu governo e aju-dou a preparar o golpe militar-civil que o retiraria do poder em 31 de março de 1964, por meio de uma quartelada.

Durante os vinte anos da ditadura militar-civil foi construída a Rede Globo, um grande império midiático, chegando a vários pontos do país e incluindo o seu meio de comunicação mais importante: a televisão. Ela serviu de apoio político-i-deológico do governo dos generais e se mostrou como a maior formadora de opinião no Brasil, difusora de informa-ções, verdadeiras ou não, mas sua princi-pal prática foi esconder, e muito bem, as torturas, os assassinatos, as perseguições, a corrupção, as falcatruas realizadas nes-se período sombrio da história brasileira. A Rede Globo exacerbou a autocensura jornalística, isto é, antes da censura dos militares, o jornal só informava aquilo que agradaria ao regime.

Com o fim do regime militar, teve início a luta pelas “Diretas Já” e a Glo-bo impediu que as imagens dos gover-nados nas ruas fossem exibidas na TV e nos seus jornais e rádios. A censura era seletiva: atentava exatamente con-tra os movimentos populares. Nada de reivindicações poderia aparecer no seu império. Quando era inevitável, tinha

que aparecer como algo negativo. Essa foi e é a lógica.

Depois do apoio incondicional à ditadura militar-civil e a tentativa de esconder a campanha pelas “Diretas Já”, em 1984, a Rede Globo voltou sua atuação intensa contra a criação de direitos sociais na Constituição de 1988, atendendo às demandas das as-sociações empresariais (FIESP, FIRJAN, CNI). Assim, os trabalhadores, hoje, possuem menos direitos do que pode-riam usufruir, em função da ajuda da empresa de Roberto Marinho.

No ano seguinte, em 1989, na pri-meira campanha eleitoral pós-ditadura militar-civil, a Globo apoiou totalmente o candidato Fernando Collor de Mello, fazendo-o vencedor, mas sobretudo im-pedindo a vitória de seu principal ini-migo político, herdeiro de Vargas e de Goulart, Leonel Brizola, e também do operário, Lula da Silva. Para tanto, o jor-nalismo global trabalhou intensamente para desmerecer as candidaturas de seus inimigos e para vender Collor de Melo como um salvador da pátria. Por conse-quência, a Rede Globo apoiava o neoli-beralismo no país.

Como a vitória de Collor havia sido por uma margem de votos muito peque-na e ainda vinha exercendo um gover-no bastante impopular com confisco da poupança da população, diminuição dos lucros dos empresários etc., a Globo defendeu abertamente o seu processo de impeachment. O objetivo era apaziguar o país, as lutas sociais e resgatar sua su-premacia nas comunicações depois de ajudar a eleger um candidato extrema-mente antipopular. A manipulação da informação por parte da Globo era per-cebida por grande parte da população e o apoio ao impeachment também sig-nificava retomada da credibilidade. Em 1992, os militantes petistas pediam as pessoas para assistirem a Globo!

Em 1994, a Globo apoiou incondi-cionalmente a candidatura de Fernando Henrique Cardoso para a presidência e protegeu seu governo de uma tal ma-neira que não era possível sair nenhuma crítica. Inclusive, em episódio inciden-talmente gravado por ela mesma, em uma entrevista com o então ministro da economia Rubens Ricúpero, transmi-tida apenas para quem possuía antena parabólica, que havia admitido que não tinha escrúpulos pois se prestava a fazer campanha aberta para FHC como mi-nistro e dizendo ainda: “o que é bom, a gente fatura, o que é ruim a gente escon-de”. Isso em plena campanha eleitoral. A Rede Globo não mostrou nenhuma linha, em nenhum dos seus meios de comunicação, jornais, rádios, e TV, sobre o assunto.

A Globo blindou o governo de FHC tal como blindou a ditadura militar-civil. Sob o governo do PSDB, o Brasil viveu uma das piores crises econômicas de sua história, com um dos maiores índices de desemprego e de queda do PIB, mas nada disso era discutido, sequer apresen-tado nos meios de comunicação do im-pério midiático.

Apesar de tudo, os governados não são idiotas e perceberam que a crise econômica era muito intensa, fruto das medidas neoliberais adotadas pelos tu-canos. Em função disso, ocorre o cres-cimento de votos nulos desde os anos 1990, com sua exacerbação depois dos

protestos de 2013. Assim, em 1998, FHC foi eleito com menos votos que a soma de votos em branco, nulos e abstenções. Uma verdadeira vergonha.

Em 2002, Lula da Silva recebeu o apoio da Rede Globo e venceu as elei-ções. O PT não era mais uma ameaça nem para os capitalistas nem para sua porta-voz principal. Ao contrário, alguns setores acreditavam que uma política de neodesenvolvimentismo, com fácil financiamento do BNDES e com inter-venção do Estado, injetando dinheiro em determinados setores, poderia ala-vancar a economia. E assim aconteceu com a Odebrecht, com JBS, com os bancos e outros setores. Isto não é uma contradição no capitalismo. Vários estu-dos mostram como as grandes empresas dos países imperialistas cresceram com a ajuda deslavada do Estado.

A própria Globo foi favorecida com dinheiro público durante a ditadura mi-litar para instituir seu império. Durante o governo Vargas, a criação das estatais tinha por objetivo favorecer o desenvol-vimento do chamado capital nacional através de vendas de produtos a preço de custo para as empresas. Sob o governo de FHC, o BNDES cumpriu função equi-valente no processo de privatização das estatais, pois emprestava dinheiro para determinados grupos comprarem as em-presas antes públicas e depois passaram a cobrar pelos serviços prestados. Outros processos semelhantes a esses foram as concessões para explorações de rodo-vias. O Estado investia, deixava a estrada pronta com o dinheiro público e depois concedia a uma empresa a exploração dos pedágios. Um verdadeiro escárnio com o dinheiro público e a inteligência da população.

Portanto, atribuir esses problemas apenas aos governos petistas é tentar impor uma visão seletiva que não cola-bora para entendermos amplamente o processo. A crítica, portanto, correta e real deve ser feita a todo o sistema que pelo menos desde a ditadura militar-ci-vil favorece aos grandes capitalistas com dinheiro dos governados, depois de mui-to suor, de muito trabalho explorado e extraído para alavancar determinadas empresas em conluio com políticos no poder.

Por fim, a Globo atuou com toda sua força para retirar a presidente Dilma Rousseff da presidência em 2015/16, que por incrível que possa parecer vinha rea-lizando as reformas exigidas pelos gran-des capitalistas, todavia em ritmo mais lento do que aquele implementado pelo governo atual.

Embora Michel Temer viesse enca-minhando uma reforma absolutamente reacionária e conservadora, a Rede Glo-bo fez campanha, assumindo inclusive, em editorial do dia 19 de maio do jornal O Globo, que só restava ao presidente da República a renúncia.

É importante entender que Michel Temer vinha sendo apoiado ampla-mente pelo PMDB, PSDB, DEM e outros partidos menores. A base aliada estava bastante sólida, ampla e unida no con-servadorismo que há muito tempo não estava tão organizado no Brasil. Tudo indicava que a reforma da previdência e trabalhista passaria com bastante folga no Congresso. Por que, então, defender a retirada de Temer? Por que desestabili-zar ainda mais o país que já está em crise

econômica?Se vale a pena aprendermos com as

experiências do passado, poderíamos di-zer que o governo federal possuiu uma notória e grande rejeição popular. Assim, pode ser que a Globo queira se livrar da pecha de quem colocou o Temer no poder, venha resgatar sua credibilidade como a emissora que também retirou o mesmo do poder. Curioso é que seria a repetição daquilo que aconteceu exata-mente com Collor de Mello.

Em tempos de poder crescente das redes sociais (Facebook, WhatsApp e outras) com uma circulação imensa de ideias, o poder dos grandes conglo-merados de mídia está claramente em declínio, se eles perdem a credibilidade ficam fadados a total desconstrução de seus impérios.

Outra hipótese diz respeito a deses-tabilizar o país, descredenciando todos os políticos para que a própria popula-ção queira/aceite um outro golpe militar-civil. Com Donald Trump no poder nos EUA, a conjuntura torna-se absoluta-mente favorável para esse tipo de golpe. Um golpe no Brasil, seria o cenário ideal para que se realizasse um golpe também na Venezuela e virasse de vez a visão política no continente com um alinha-mento natural ao governo autoritário e conservador dos EUA. Ademais, um gol-pe militar-civil no Brasil acabaria com to-das as denúncias da operação “lava-jato” e dos procuradores que estão colocando na cadeia alguns políticos. O Congresso seria fechado, mas todos os políticos que lá estão se livrariam dos processos de cor-rupção de que fazem parte.

Além do mais, os militares já pos-suem um candidato “forte, nacionalis-ta, impetuoso, autoritário, conservador e que se apresenta como corajoso para destruir todas as enormes mazelas da po-lítica e da sociedade brasileiras”. O gol-pe militar pode servir para colocar um deputado federal, militar da reserva, no poder Executivo. Trata-se de Bolsonaro.

Esse candidato está em plena cam-panha eleitoral, visitando quase que dia-riamente todos os quartéis do país. Ele ainda possui uma enorme rede de think tanks que divulgam suas ações pelas redes sociais, sendo amplamente com-partilhada por militares, seus familiares e amigos.

No pré-1964, a Globo apoiou o “quanto pior, melhor”, justamente para garantir o caminho dos militares ao po-der Executivo. Algo similar aconteceu com o lançamento da candidatura de Fernando Collor em 1989. Como os po-líticos estão muito desgastados, Collor apareceu como o candidato da antipo-lítica. Bolsonaro é também apresentado dessa maneira, nem parece que ele é um político profissional há muito tempo.

Por consequência, a Rede Globo mostra as falhas de todos os candidatos, mas blindando exatamente Bolsonaro, tal como fez com FHC, com Collor e a ditadura militar. Enquanto aponta as crí-ticas de todos os candidatos e não fala de um deles, é óbvio que o está favorecen-do. Enquanto todos se desgastam, a can-didatura mais perigosa de todas vai sen-do construída subliminarmente. O SBT apresentou no último domingo, dia 21 de maio de 2017, um programa inteiro sobre a candidatura de Bolsonaro, como um herói brasileiro, para tirar o país do que ele chama de bagunça.

Em resumo, com base na história política brasileira, não podemos descar-tar a preparação de um golpe militar-ci-vil por parte da Globo e de seus oligopó-lios de comunicação de massa aliados, nem o lançamento da candidatura de Bolsonaro como salvador da pátria. Es-ses são os piores cenários para a política brasileira, pois estaríamos sem liberdade de expressão e, portanto, nem esse artigo poderia circular.

Por fim, com todas as denúncias apresentadas, as suspeitas populares de que os políticos estão meramente a servi-ço dos interesses de alguns empresários/banqueiros escolhidos, se confirmou. Os depoimentos ratificam que o dinheiro público, que deveria servir a sua popu-lação que contribui, é amplamente uti-lizado para favorecimento recíproco de políticos e empresários por meio de cor-rupção e falcatruas. Aquela sensação de corrupção ampla e ativa nos meios polí-ticos e empresariais está agora mais que confirmada. Percebemos também que com esse sistema, do jeito que está orga-nizado, o voto dos governados de pou-co adianta, pois os políticos precisam de aliança com aqueles que possuem dinheiro para suas campanhas eleito-rais, sejam eles, empresários, banqueiro, narcotraficantes ou qualquer outro, para comprar jornalistas, juízes, televisões, rá-dios, apoios nas favelas e periferias.

Esse sistema oligárquico-representa-tivo requer que o candidato faça de tudo para se eleger, inclusive, prostituir suas ideias. Para ele, o importante é ganhar a eleição. Trata-se daquela velha máxima: “os fins justificam os meios”, que não deu certo em lugar nenhum. Assim, ele se vende para chegar e manter-se no po-der, mesmo que tivesse uma ideologia crítica a isso tudo.

Portanto, não adianta votar nesse ou naquele político. É necessário mudar todo o sistema de organização política da sociedade, sem a qual, continuare-mos a transformar algumas pessoas, até com boas intenções, em verdadeiros canalhas corruptos. É necessário jogar todo o sistema político-eleitoral exis-tente no país abaixo e construir um modelo marcado pelo total controle da população sobre todos os rumos das verbas públicas, de seus direitos, enfim o autogoverno. Único que é verdadeira-mente oposto a todo tipo de ditadura. Um autogoverno que viabilize a demo-cratização dos meios de comunicação e que acabe com os oligopólios de co-municação de massa para se garantir a verdadeira liberdade de expressão.

Se queremos acabar sinceramente com o uso de dinheiro público para fi-nanciar empresas e o dinheiro das em-presas para financiar políticos inescrupu-losos, se queremos acabar com o compra e venda de votos no Congresso Nacio-nal, com os cargos do Estado virando moeda política, só existe um jeito: gover-no (Kratos ou cracia) do povo (demos) ou democracia no seu sentido etimoló-gico. Esse modelo só será concretizado quando qualquer pessoa do povo puder exercer influência sobre os rumos do dinheiro público que é construído pelo seu trabalho. Quando sua voz for ouvida pelos demais, quando suas considera-ções forem levadas em conta, e isso não acontece com um regime representativo no qual um eleito não possui nenhuma obrigação de atender aos interesses dos governados, mas apenas de responder aos financiadores de sua campanha elei-toral. Enfim, estamos vendo no Brasil a total falência do regime representativo e ainda estão tentando nos impor um regime ainda mais ditatorial, quando a melhor solução é a real democracia, que significa autogoverno popular.

Wallace dos Santos de Mora é Prof. do Departamento de Ciência Po-lítica e do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ. Co-

ordenador do grupo de pesquisa OTAL (Observatório do Trabalho na América Latina): www.otal.ifcs.ufrj.br . – artigo

publicado originalmente em Le Monde Diplomatique

Wallace dos Santos de Moraes

ARTigoO que está por trás das denúncias da Globo contra Michel Temer