RAC 48 Dezembro 1999 -...

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 1 NEST NEST NEST NEST NESTA EDIÇÃO A EDIÇÃO A EDIÇÃO A EDIÇÃO A EDIÇÃO As matérias e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista e são de inteira responsabilidade dos autores. A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que parcial, só será permitida mediante a citação da fonte e dos autores. S e ç õ e s ISSN 0103-0779 3 e 4 11 16 e 17 22 35 e 36 37 e 38 48 Novidades de Mercado .............................................................. Lançamentos Editoriais ................................................................. Agribusiness .......................................................................... Pesquisa em Andamento ............................................................... Registro ................................................................................. Flashes ................................................................................. Vida Rural - soluções caseiras ......................................................... 5 9 12 26 32 39 44 T e c n o l o g i a Bioecologia de roedores Artigo de Flávio Roberto Mello Garcia e Jocélia Vargas Campos .......................... Cultivares de pereira japonesa com frutos de película amarela Artigo de Ivan Dagoberto Faoro e Shigeru Shiba ................................................. Vitaminas na produção e reprodução de bovinos e ovinos Artigo de Edison Azambuja Gomes de Freitas e Jorge Homero Dufloth .......................................................................................... Desenvolvimento rural sustentável: Uma oportunidade de construção social participativa Artigo de Sergio Leite Guimarães Pinheiro ........................................................... Porta-enxerto de macieira: enraizamento ex vitro e aclimatização de plantas produzidas in vitro Artigo de Enio Luiz Pedrotti, José Afonso Voltolini e Scheila Conceição Maciel ...................................................................................... Manejo e armazenamento de dejetos de suínos no Oeste Catarinense Artigo de Hugo Adolfo Gosmann ......................................................................... Enxertia mecânica e tipos de fita para amarrio do enxerto em pereira Artigo de Gabriel Berenhauser Leite e Nelson Luis Finardi .................................. R e p o r t a g e m Município investe na pequena agroindústria rural Reportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................ Santa Catarina inicia combate à cisticercose Reportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................ 18 a 22 23 a 25 O p i n i ã o Elites pensantes Editorial ................................................................................................................ Apicultura - alternativa de trabalho e renda para a agricultura familiar catarinense Artigo de Carlos Luiz Gandin ................................................................................ Importância do agronegócio para o Estado Artigo de Luiz Marcelino Vieira e Janice Maria Waintuch Reiter ........................... 2 46 47 Amigo leitor, entre os destaques desta edição da revista Agropecuária Catarinense estão as matérias técnicas: Cultivares de pereira japonesa com frutos de película amarela; Manejo e armazenamento de dejetos de suínos no Oeste Catarinense; e, na seção Registro, Tecnologia para evitar a queima das flores e dos frutos pela geada, desenvolvida para a cultura do pessegueiro. Aproveitamos este espaço para pedir escusas ao colega Inácio Trevisan pela falha da edição anterior, acontecida durante a transcrição de dados, à página 58, no artigo Carcinicultura: atividade emergente no Sul Catarinense. A região da Amurel possui 34% da po- pulação residente no meio rural, e não 84% como está descrito (1º parágrafo, 4ª linha). E, a potencialidade do cultivo de camarão na região da Amurel é de mais de 8 mil hectares, e não 8 hectares como está descrito (4º parágrafo, 3ª linha). Desejamos a todos Boas Festas e um Próspero Ano Novo.

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião darevista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,mesmo que parcial, só será permitida

mediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

ISSN 0103-0779

3 e 411

16 e 1722

35 e 3637 e 38

48

Novidades de Mercado ..............................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Agribusiness ..........................................................................Pesquisa em Andamento ...............................................................Registro .................................................................................Flashes .................................................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

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T e c n o l o g i a

Bioecologia de roedoresArtigo de Flávio Roberto Mello Garcia e Jocélia Vargas Campos ..........................

Cultivares de pereira japonesa com frutos de película amarelaArtigo de Ivan Dagoberto Faoro e Shigeru Shiba .................................................

Vitaminas na produção e reprodução de bovinos e ovinosArtigo de Edison Azambuja Gomes de Freitas eJorge Homero Dufloth ..........................................................................................

Desenvolvimento rural sustentável: Uma oportunidade deconstrução social participativaArtigo de Sergio Leite Guimarães Pinheiro ...........................................................

Porta-enxerto de macieira: enraizamento ex vitro e aclimatizaçãode plantas produzidas in vitro

Artigo de Enio Luiz Pedrotti, José Afonso Voltolini eScheila Conceição Maciel ......................................................................................

Manejo e armazenamento de dejetos de suínos no Oeste CatarinenseArtigo de Hugo Adolfo Gosmann .........................................................................

Enxertia mecânica e tipos de fita para amarrio do enxerto em pereiraArtigo de Gabriel Berenhauser Leite e Nelson Luis Finardi ..................................

R e p o r t a g e m

Município investe na pequena agroindústria ruralReportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................

Santa Catarina inicia combate à cisticercoseReportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................

18 a 22

23 a 25

O p i n i ã o

Elites pensantesEditorial ................................................................................................................

Apicultura - alternativa de trabalho e renda para a agriculturafamiliar catarinenseArtigo de Carlos Luiz Gandin ................................................................................

Importância do agronegócio para o EstadoArtigo de Luiz Marcelino Vieira e Janice Maria Waintuch Reiter ...........................

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Amigo leitor, entre os destaques desta edição darevista Agropecuária Catarinense estão as matériastécnicas: Cultivares de pereira japonesa com frutos depelícula amarela; Manejo e armazenamento de dejetosde suínos no Oeste Catarinense; e, na seção Registro,Tecnologia para evitar a queima das flores e dos frutospela geada, desenvolvida para a cultura do pessegueiro.

Aproveitamos este espaço para pedir escusas aocolega Inácio Trevisan pela falha da edição anterior,acontecida durante a transcrição de dados, à página 58,no artigo Carcinicultura: atividade emergente no SulCatarinense. A região da Amurel possui 34% da po-pulação residente no meio rural, e não 84% como estádescrito (1º parágrafo, 4ª linha). E, a potencialidade docultivo de camarão na região da Amurel é de maisde 8 mil hectares, e não 8 hectares como está descrito(4º parágrafo, 3ª linha).

Desejamos a todos Boas Festas e um Próspero AnoNovo.

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2 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COMITÊ DE PUBLICAÇÕES TÉCNICAS:PRESIDENTE: Osmar de MoraesSECRETÁRIO: Jorge BleicherMEMBROS: Antônio Carlos Ferreira da Silva, Carlos LeomarKreuz, Celso Augustinho Dalagnol,Gilson José MarcinichenGallotti, Jean Pierre Rosier, Jefferson Araujo Flaresso, João LariFélix Cordeiro, Roger Delmar Flesch, Yoshinori Katsurayama

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDIÇÃO:Edison Xavier de Almeida, Ênio Schuck, Erhard Scherer, ErosMarion Mussoi, Frederico Denardi, Jean-Pierre Henri JosephDucroquet, Luiz Antônio Chiaradia, Milton Luiz Silvestro, OsvinoLeonardo Köller, Rubson Rocha, Tássio Dresch Rech

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTA: Mariza T. Martins

CAPA: Vilton Jorge de Souza

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

COLABORAÇÃO ESPECIAL : Maria Salete Rogério Elias

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e Zulma MariaVasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, fones (0XX48)239-5595 e 239-5536, fax (0XX48) 239-5597, 88034-901Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE : Florianópolis: GMC/Epagri - fone (0XX48)239-5673, fax (0XX48) 239-5597 - São Paulo, Rio de Janeiroe Belo Horizonte: Agromídia - fone (0XX11) 259-8566, fax(0XX11) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia - fone (0XX51)221-0530, fax (0XX51) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1999- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE DEZEMBRO DE 1999

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Empre-sa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa CatarinaS.A. - Epagri , Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, fone (0XX48) 239-5500, fax (0XX48) 239-5597, 88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, Internet:http://www.epagri.rct-sc.br, E-mail: [email protected]

CONSELHO DE MARKETING E COMUNICAÇÃOPRESIDENTE: Ainor Francisco LotérioSECRETÁRIO-EXECUTIVO: Celívio HolzMEMBROS: Darvil Sérgio Brum, Eonir Teresinha Malgaresi deGóis, Francisco da Cunha Silva, Glauco Olinger, Homero MiltonFranco, Irdes Teresinha Piccini, José Oscar Kurtz, Luiz CarlosVieira da Silva, Marília Hammel Tassinari, Márcia Corrêa Sampaio,Nazareno Dalsasso Angulski

EDITORAÇÃO: Editor-Executivo: Celívio Holz, Editores-Assis-tentes: Jorge Bleicher, Marília Hammel Tassinari, Paulo SergioTagliari

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

ISSN 0103-0779

Elites pensantesElites pensantesElites pensantesElites pensantesElites pensantes

Existe uma elite que pensa emfavor dos agricultores. Essa verdade,não raro, é mal interpretada ecriticada com desprezo por alguns“cientistas sociais” apressados.

Pois há, realmente, uma eliteque pensa em benefício dosagricultores.

São, principalmente, ospesquisadores que estão procurandodescobrir plantas mais resistentesàs doenças e pragas, através daengenharia genética, de animaismais produtivos, de máquinas maiseficazes e de muitos outros fatoresde produção, além de novas técnicasde trabalho, de processamento, decomercialização etc., que são úteisaos produtores, mas que sãodesconhecidas por eles.

São extensionistas que tomamconhecimento de tecnologias (novasou já usadas por agricultoresavançados, não raro de outros países)que podem ser úteis aos seusparceiros produtores e a elesdifundem esses conhecimentos.

Claro que se trata de uma elitepensante, não porque os agricultores

não pensem, mas porque diz a lógicaque o lugar comum do agricultorfamiliar é na propriedade rural e nãodentro de um laboratório deengenharia genética tentando fazerdescobertas.

Com isso não se quer dizertambém que o agricultor não façadescobertas. Ao contrário, certamentehá mais informação para agricul-tores familiares entre eles própriosdo que em qualquer outra fonte deconhecimentos. Daí a importância doemprego de metodologias de ação,tanto por parte dos pesquisadoresquanto dos agentes de extensão, como objetivo de planejar, executar eavaliar os serviços de pesquisaagropecuária e extensão rural emcooperação com os produtores ru-rais.

A essa cooperação dá-se hoje o nomede parceria ou pesquisa participativa,no sentido de que a responsabilidadedo sucesso ou do fracasso dosagricultores seja partilhada com ospesquisadores e extensionistas e, vice--versa, que os agricultores sintam-se,também, responsáveis pelo sucesso

ou não dos serviços de pesquisa eextensão, dos quais são parceiros naformulação, acompanhamento eavaliação dos resultados alcançados.

Essa distribuição de respon-sabilidades, naturalmente no campoda forma de pensar, sentir e agir (enão no financeiro), é que dará maisforça decisória para os agricultores,no que diz respeito aos rumos dapesquisa e da extensão, ao mesmotempo que robustece e dá maisprestígio à Epagri por estar indo aoencontro das necessidades maissentidas pelas famílias rurais,pensando por elas e com elas.

Entretanto, que não se confundaa missão do cientista que descobre,que cria e que difunde inovaçõestecnológicas com qualquer tipo deideologia, especialmente aquela quedeturpa os fatos para expandirpontos de vista político-partidários.A boa ciência é sempre neutra eobjetiva o bem-estar de toda asociedade. Essa é a ciência praticadapela Epagri em busca dodesenvolvimento rural susten-tável.

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 3

Cortador/cauterizador deCortador/cauterizador deCortador/cauterizador deCortador/cauterizador deCortador/cauterizador decauda de suínocauda de suínocauda de suínocauda de suínocauda de suíno

AgrEvo lançaAgrEvo lançaAgrEvo lançaAgrEvo lançaAgrEvo lançainseticidainseticidainseticidainseticidainseticidabiológicobiológicobiológicobiológicobiológico

Um dos principais lançamen-tos da AgrEvo, no ano passado,foi o Ecotech Pro. Trata-se deum inseticida biológico formadopor uma nova geração deBacillus thuringienses (Bt). Oproduto foi desenvolvido atra-vés da combinação de materialgenético de uma raça de Bt,subespécie de Kurstakj, comoutra raça, a Aizawai. Como re-sultado, há a produção de umabactéria com duas toxinas (ca-racterística exclusiva do EcotechPro), o que significa um insetici-da com maior espectro de con-trole e mais eficiência no comba-te às pragas.

O Ecotech Pro atua atravésda intoxicação estomacal, quan-do ingerido por larvas e lagartasda ordem dos lepidópteros. Mi-nutos após a ingestão da doseletal do produto, as pragas ces-sam a alimentação, deixando decausar mais prejuízos à cultura.A morte acontece de um a qua-tro dias depois, dependendo daespécie e das condições do meioambiente.

Segundo a AgrEvo, o inseti-cida é altamente seguro, nãoafetando a flora benéfica à la-voura (abelhas e outros inimi-gos naturais das larvas e lagar-tas). Além disso, não apresentariscos ao aplicador nem de con-taminação das águas superfici-ais e subterrâneas e não oferecerestrição quanto ao período decarência. Indicado para uso nasculturas de soja, tomate, couve,repolho, abobrinha, coqueiro ecitros, o Ecotech Pro é encontra-do em todo o Brasil em frascos de1 litro.

Jornalista responsável: Re-gina Sion, fone (0XX11) 231-5811.

TTTTTecnologiasecnologiasecnologiasecnologiasecnologiaslançadas pelalançadas pelalançadas pelalançadas pelalançadas pela

EmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapaEntre as diversas atrações e

novidades apresentadas pelaEmbrapa na Expointer 99, des-tacam-se:

Sorgo BRS 305 – sorgogranífero rico em tanino, quereduz as perdas por ataque depássaros e deterioração dos grãos

em condições de campo. Apresen-ta alta resistência à antracnose eà seca; produz grãos mais sadios eem maior quantidade (sobretudonas condições de verão quente eúmido do Rio Grande do Sul). Temainda, elevado potencial de produ-ção.

Milho BRS 3150 – é um híbridotriplo de milho, desenvolvido es-pecialmente para os produtoresque investem em tecnologia. Pos-sui porte baixo, alta produtividadee precocidade, além de ótima sani-dade de grãos. Tem boa resistên-cia ao acamamento e quebramento(garantindo colheita 100% meca-nizada); bons resultados nasafrinha; excelente arquitetura deplantas. É recomendado para asregiões Sudeste, Centro-Oeste eSul, com desempenho superiorprincipalmente em altitudes su-periores a 700m.

Milho BRS 2160 – é um híbridoduplo, desenvolvido especialmen-te para a região Sul do país. Exce-lente opção para os produtores degrãos que investem em tecnologia,buscando melhor relação custo/benefício e maior eficiência deprodução. Algumas característi-cas: porte baixo, bom potencialprodutivo; ótimo empalhamento;boa sanidade de grãos; boa resis-tência ao acamamento e aoquebramento, garantindo umacolheita 100% mecanizada.

Milho BRS 4150 – variedadedestinada especialmente aos pe-quenos produtores da região Sul.Possui boa produção de grãos, bomempalhamento e menor tendên-cia ao acamamento e aoquebramento do colmo.

Uva Rúbea – é uma alternati-va para, em cortes de 5 a 15%,aprimorar a qualidade do suco deuva elaborado com as cultivaresIsabel e Concord. Pode tambémser usada em cortes de vinhostintos comuns de mesa. É umacultivar que se destaca pela rique-za de sua coloração (antocianas) epor possuir sabor e aroma típicosde cultivares americanas. É vigo-rosa, com bom potencial produti-vo (15 a 20t/ha) e é resistente àsprincipais doenças fúngicas queatacam a videira.

Sistema inteligente paramonitoramento ambiental em si-los agrícolas – equipamento quemonitora variações climáticas(temperatura e umidade relativado ar) em silos agrícolas. O equipa-mento possibilita controlar pro-cessos para a redução de perdas

Um agricultor de Nova Erechim, SC, desenvolveu e patenteou umaparelho que é capaz de, ao mesmo tempo, cortar e cauterizar a caudade suínos ou de outros animais de pequeno porte. O equipamento estásendo produzido pela C.K. Elétrico e trabalha em 110 ou 220W. Éhigiênico, prático, leve e de fácil manuseio. Além disto, reduz osangramento e evita os riscos de infecção.

Vendas e informações pelo fone (0XX49) 733-0251.

Wuxal CoMo, novo produto da AgrEvoWuxal CoMo, novo produto da AgrEvoWuxal CoMo, novo produto da AgrEvoWuxal CoMo, novo produto da AgrEvoWuxal CoMo, novo produto da AgrEvoOs produtores de soja e feijão

de todo o Brasil já podem contarcom o Wuxal CoMo, um produtoda AgrEvo para o tratamento desementes de soja e feijão. Com oWuxal CoMo, os agricultores po-dem aumentar a produtividade

da soja e do feijão antes mesmodo plantio.

O produto contém em suaformulação 3% de cobalto, que éessencial para a formação davitamina B12. Esta, por sua vez,é vital para a bactéria fixadora denitrogênio do ar, Bradyrhizobiumjaponicum . Contém também15% de molibdênio, que é indis-pensável na formação de duasenzimas, a nitrogenase, presen-te na bactéria fixadora de nitro-gênio do ar, e a redutase donitrato, presente nas células dasfolhas.

O Wuxal CoMo é apresenta-do em embalagens de 1 litro e éformulado sob a forma de sus-pensão. É um produto altamen-te concentrado (densidade 1,59)e todo o cobalto está quelatizadocom EDTA.

Mais informações pelo fone(0XX11) 231-1836 ou e-mail:[email protected].

Jornalista responsável: Re-gina Sion.

NOVIDADESDE MERCADO

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4 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

dos grãos durante oarmazenamento. O sistema, queestará no mercado a partir dopróximo ano, traz como novida-de o uso de instrumentação in-teligente.

ProAPA Suínos – Programapara Avaliação Patológica noAbate de Suínos. É um sistemavoltado ao incremento da pro-dução, qualidade, saúde eperformance na criação de suí-nos. Faz acompanhamento doabate dos suínos produzidos poruma granja e da avaliação dealgumas lesões associadas adoenças econômicas que atin-gem diretamente a produtivida-de do rebanho. É um sistemavoltado ao produtor, que trazbenefícios diretos à indústria e àassistência técnica.

Semeadora manual de hor-

taliças em uma linha – pequenamáquina construída sobre chassimetálico, acoplado a um depósitocilíndrico de sementes, enxadacapinadeira dianteira e rodacompactadora posterior. Apresen-ta rendimento operacional de 0,5homem/dia.

Além destas e de outras novi-dades tecnológicas, a Embrapa mi-nistrou os cursos de culinária Fa-rinha Caseira de Soja e MacarrãoCaseiro de Soja, Receitas com Car-ne Suína, Hortaliças em Picles eDoces em Pasta, na Cozinha Ex-perimental da Casa da Tecnolo-gia.

Para mais informações,contatar com a Embrapa, fone(0XX61) 348-4113.

Jornalistas responsáveis:Sandra Zambudio e JorgeDuarte.

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suínossuínossuínossuínossuínos

A Agener, laboratório veteri-nário brasileiro especializado emmedicamentos genéricos e pro-dutos destinados a animais depequeno e grande porte, traz daFrança, dos Estados Unidos e doMéxico diversos produtos para omercado de criação de aves e desuínos do país. Lançados em SãoPaulo, estes produtos, que com-põem sua mais nova linha – aLinha Nutrigener –, sãomoderníssimos suplementos pararações.

• Linha Nutrigener para aves- Digest’ion – um complexo de

Ácidos Graxos Voláteis (AGV’s) etambém de seus precursores.Graças ao pH de 1,1, este produtotem um papel de acidificante derações, porém sua maior proprie-dade é a de fortalecer a casca doovo. O uso do Digest’ion pode tra-zer os seguintes benefícios para aavicultura: incremento do núme-ro de ovos por poedeira (entre 5 e10 ou até mais); melhora do índicede conversão alimentar (de até8%) e redução da mortalidade dasaves (de até 33%).

- Bio-Red e Bio-Orange – su-plementos em pó provenientes deprodutos naturais (o primeiro, deCapsicum annum L., vulgarmen-te conhecido por “chilli pepper”, eo segundo, de Xhantophyla, con-centrado derivado de “aztecmarigold” e misturado ao “chillipepper”). Devem ser acrescenta-dos à ração, garantindo assim uma

Máquinas Oster para tosa deMáquinas Oster para tosa deMáquinas Oster para tosa deMáquinas Oster para tosa deMáquinas Oster para tosa deanimaisanimaisanimaisanimaisanimais

pigmentação amarelo-douradana pele dos frangos e uma cornatural na gema dos ovos.

• Linha Nutrigener para su-ínos

- Immuno-Prot Concentrate2755 – é um composto de prote-ínas pasteurizadas hiperimunes,concentrado em imunoglobu-linas. Ou seja, uma fonte deproteínas de alta digestibilidadeque assegura o balanço ideal doperfil de aminoácidos na dieta,produzido por “spray-drying” deproteínas de ovos de poedeirashipervacinadas com microor-ganismos patogênicos específi-cos dos suínos.

- Sweet Pig-Joy – uma com-binação concentrada deadocificante (sem sacarina) e dearomatizante que confere à ra-ção o cheiro e o gosto de cremede leite, tornando-a extrema-mente palatável principalmen-te para os jovens leitões que seacostumam, rapidamente, à ra-ção seca, ingerindo-a em maiorquantidade.

- V.F. Appetite – este é umproduto particularmente inte-ressante para ser incorporadonas rações dos suínos porquecontém 95% de AGV (ÁcidosGraxos Voláteis) que, de acordocom os mais recentes estudos,estimulam o desenvolvimento ea atividade das vilosidades intes-tinais, que têm papel fundamen-tal no aproveitamento alimen-tar. Por sua propriedade extre-mamente palatável (os AGV’slembram ao leitão o cheiro damãe), o V.F.Appetite auxilia nodesmame precoce e aumenta aingestão de ração seca, aumen-ta a digestibilidade e a absorçãode nutrientes e reduz violenta-mente os problemas digestivos,reforçando a resistência dos ani-mais.

Maiores informações: Lan-tana Comunicação, Assessoriade Imprensa da Agener.

Jornalista responsável:Jenny Eliza Kanyó. Fone/fax(0XX12) 263-4123, e-mail:[email protected].

o

Brasil diretamente.A grande variedade da linha

Oster foi especialmente idealiza-da para atender a todas as neces-sidades do segmento, oferecendoaos tosadores praticidade e versa-

tilidade nos cortes reali-zados. As máquinas Ostersão leves, de fácil manu-seio e alta potência, e

adaptam-se perfeita-mente às característicasespecíficas de cada ani-mal.

Além dos clippers(máquinas para tosa), aOster passará tambéma comercializar no Bra-sil suas lâminas espe-ciais fabricadas com o

aço alto carbono com aexclusiva proteçãoOstercote, que permitecorte fácil com qualida-de, além de aumentarsignificativamente a vidaútil do produto, evitando

o desgaste e a oxidação natural.Estarão disponíveis também ospentes universais, que possuemdesenho compatível com todas asmáquinas Oster.

O serviço de atendimento daOster está à disposição através dotelefone 0800-112320.

Jornalista responsável: Már-cia Rodrigues Alves.

A partir deste ano, a Oster,empresa norte-americana líderno segmento de máquinas paratosa de animais de pequeno egrande porte, passa acomercializar seus produtos no

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 5

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

Bioecologia de roedoresBioecologia de roedoresBioecologia de roedoresBioecologia de roedoresBioecologia de roedores

s roedores são vertebrados, con-siderados pragas, pois destroem

sementes recém-plantadas e atacamos cereais na espigagem e depois decolhidos e armazenados. Pelo seu há-bito de cavar tocas podem danificarconstruções, calçamentos e sistemasde esgoto. Também podem transmitirvárias doenças ao homem, tais comoa leptospirose e a raiva (1). Eles sereproduzem rapidamente. Os filhotesnascem muito rudimentares, mas em6 dias suas características físicas jásão bem definidas. O desmame ocorreentre 25 e 30 dias para todas asespécies. Vivem em média 18 meses eas fêmeas podem ter ninhadas cada 24a 27 dias. Nas primeiras semanas devida reconhecem seus caminhos epodem cair em armadilhas ou se ali-mentar mais facilmente com iscasenvenenadas, todavia evitam objetosestranhos em seu território. Os ca-mundongos, ao contrário das demaisespécies, são mais curiosos (2).

Os ratos da espécie Rattus rattusalimentam-se após o pôr-do-sol, en-quanto que os camundongos (Musmusculus) se alimentam a qualquerhora. As ratazanas (Rattus norvegicus )e os ratos comuns (Rattus rattus )vivem em grupos, enquanto que oscamundongos, em casais. Entre osroedores existe uma hierarquia domi-nante: machos ou fêmeas maiores emais fortes dominam os menores emais fracos.

Os roedores apresentam pouca vi-são, não distinguem cores. Os bigodese os pêlos do corpo são os mais impor-tantes órgãos dos sentidos, permitin-do-lhes seguir as trilhas e os rastrosdefinidos. Os odores de secreçõesgenitais e urina contribuem para a

Flávio Roberto Mello Garcia eJocélia Vargas Campos

orientação e para atrair parceirosdurante a reprodução. A audição émuito desenvolvida e os auxilia a es-capar do perigo. O paladar é muitoapurado, o que dificulta o uso de al-guns raticidas (1).

Bioecologia das principaisespécies

As espécies que podem atingir ní-veis de pragas são: Ctenomys spp(tuco-tuco), Holochilus brasiliensis(rato-do-junco) , Hydrochaerishydrochaeris (capivara) e Myocastorcoypus (ratão-do-banhado), conside-radas pragas ocasionais , e Musmusculus (camundongos), R.norvegicus (ratazana) e R. rattus (ratocomum), consideradas pragas cons-

tantes (2,3,4).As ratazanas (Figura 1) preferem

locais úmidos para habitar. Têm hábi-tos noturnos e agressivos. Sua gesta-ção dura em torno de 21 dias e suasninhadas podem variar de 5 a 14 filho-tes. Atingem a maturidade sexual com4 meses de idade. Quando adultasmedem de 39 a 50cm de comprimentoe pesam entre 250 e 450g. Possuem acauda mais curta do que o corpo, asorelhas com pêlos e os pés com umapequena membrana interdigital. Nodorso do corpo são de cor cinza-aver-melhada e na parte inferioracinzentada (5).

O rato comum (Figura 2) possuicor que varia do cinza-amarelado aomarrom-escuro ou preto, sendo naparte inferior acinzentado. Possui até

Figura 1 – Rattus norvegicus (ratazana)

O

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6 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

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4 gestações por ano, em torno de 21dias cada uma. As ninhadas podem teraté 10 filhotes. Quando adultos, osratos medem de 32 a 43cm de compri-mento e pesam de 60 a 80g. Habitamlocais secos, dando preferência aedificações (2).

Os camundongos possuem colora-ção cinza-amarelada no dorso e naparte ventral a tonalidade é mais cla-ra. Sua cauda é longa tendo aproxima-damente o mesmo comprimento docorpo e da cabeça juntos. Quandoadultos medem de 16 a 18cm de com-primento e pesam de 28 a 36g. Asninhadas podem ter até 10 filhotes.Vivem junto de habitações, em cam-pos e lavouras e até em outros ambi-entes longe de benfeitorias. Destro-em pacotes e sacarias para explorarseu conteúdo (1).

O rato-do-junco (Figura 3) possuicor avermelhada no dorso eacinzentada no ventre. A cabeça épequena em relação ao corpo. Suasorelhas são curtas e arredondadas.Seus dentes incisivos, fortes e amare-lados. A cauda é longa e apresentapêlos. Os pés, grandes, possuem mem-brana entre os dedos. São de vidasemi-aquática. Quando adultos me-dem de 30 a 40cm de comprimento epesam de 150 a 250g. As ninhadas

chegam a ter até 10 filhotes. Estaespécie é praga do arroz irrigado, poiscorta as hastes das plantas para aconfecção dos seus ninhos (4,5,6).

Os ratões-do-banhado atingem ocomprimento de 70 a 100cm e pesamde 7 a 9kg, sendo o macho maiorque a fêmea. São de cor marrom-

-avermelhada escura no dorso e ama-rela-clara no ventre. Possuem ore-lhas pequenas e arredondadas e foci-nho com bigodes longos. Os pés tra-seiros possuem membrana natatóriaentre os dedos. A cauda é arredonda-da, com pêlos esparsos. Os dentesincisivos são de cor laranja. A maturi-dade sexual é atingida entre 5 e 8meses de idade. O período de gestaçãovaria de 128 a 132 dias e a fêmea temem média de 2 a 6 filhotes por parto,podendo haver de 2 a 3 ninhadas porano. Os filhotes são amamentados poraté 70 dias (5,6). Os danos ocasionadospor esta espécie consistem no cortedos colmos de plantas de arroz irriga-do, durante todo o ciclo da cultura, e,em pequena freqüência, na destrui-ção de grãos. Um casal de ratões podedestruir uma área de 45 a 200m2 (3).

Recentemente, às margens do RioItajaí-Açu em Blumenau, foram de-tectados danos ocasionados porcapivaras em lavouras de milho, ar-roz, cana-de-açúcar e em bananais. Acapivara tem pernas curtas. A colora-ção geral é marrom com tonsavermelhados, sendo a parte inferior,cinza-amarelada. A cabeça é grande,com orelhas e olhos localizados bemno alto, o que facilita ao animal aFigura 2 – Rattus rattus (rato comum)

Figura 3 – Holochilus brasiliensis (rato-do-junco)

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 7

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

permanência dentro d’água. Os pésanteriores têm quatro dedos e os pos-teriores têm três, todos com unhasgrossas. Os dedos são unidos na basepor uma membrana. Os machos adul-tos possuem um conjunto oval deglândulas sebáceas na parte superiordo focinho, de cor preta brilhante,sem pêlos. As ninhadas das capivarassão de quatro a seis filhotes, podendochegar a oito. São roedores semi-aquáticos e vivem em pequenos gru-pos compostos de ambos os sexos e dediferentes idades. Possuem hábitosdiurnos e noturnos, sendo que apre-sentam maior atividade nas primei-ras horas da manhã ou nas últimas datarde. Seus principais predadoreseram onças, pumas e outros carnívo-ros, que atacavam, principalmente,seus filhotes. Muitos produtores têmcriado capivaras com finalidade eco-nômica, em locais adequados, poden-do oferecer boas possibilidades de lu-cro (5).

Métodos de controle

Antes de se tomar qualquer medi-da de ação de controle de roedores épreciso identificar as espécies presen-tes no local e verificar suas caracterís-ticas comportamentais e hábitos. Deposse destas informações é possíveladotar as melhores condições de como,quando e onde realizar o controle damaneira mais eficaz (1).

Nos locais percorridos pelos roedo-res, devem-se colocar iscas inicial-mente em pequenas quantidades, poisos roedores evitam novos alimentos.É importante salientar que, quantomenor a dose letal de uma isca raticida,maior será a probabilidade de eficácia

no controle desses animais, pois todoo grupo consumirá isca em quantida-de suficiente para se intoxicar, antesda isca ser rejeitada pelos roedores.

As técnicas mais usadas para esti-mar o número de roedores consistemem analisar sinais, observar os pró-prios roedores, avaliar o consumo ali-mentar e capturar indivíduos. Um dosprincipais sinais são as pegadas, sen-do a utilização de trilheiras a maneiramais prática de detectá-las. Esta téc-nica consiste em espalhar camadas decal ou talco desodorizado em locaisprováveis de passagem dos roedores,(Tabela 1) avaliando-se o número depegadas deixadas (2).

Todo programa de controle de roe-dores apresenta três etapas:desratização passiva, desratização ati-va e manutenção dos resultados al-cançados (7).

A desratização passiva consiste naconscientização da população de queos ratos se proliferam de acordo coma disponibilidade de alimento, água eabrigo. Devem ser explicados o quedeve ser feito com o lixo doméstico, osprocedimentos de limpeza de terre-nos e a eliminação de entulhos.

A desratização ativa abrange o con-junto de técnicas e métodos de contro-le direto dos roedores. Entre estasmedidas destacam-se:

• Medidas higiênicas: abrangemtodas as práticas sanitárias e de lim-peza, eliminando os lugares que pos-sam servir de abrigo para estes ani-mais.

• Uso de ratoeiras : este métododeve ser utilizado principalmente paracamundongos, quando os níveispopulacionais ainda estão baixos, sen-do inviável para altas infestações. As

ratoeiras devem ser colocadas nastrilhas utilizadas pelos roedores e aolado das entradas dos abrigos. Emdecorrência dos hábitos dos ratos eratazanas, as ratoeiras deverão sercolocadas em posição, com alimento,mas não armadas, armando-as so-mente após três a quatro noites. Jápara os camundongos, as ratoeiraspodem ser armadas a partir da pri-meira noite. As ratoeiras deverão serinstaladas durante poucos dias, sendoreinstaladas após uma a duas sema-nas. A distribuição de ratoeiras peloslugares mais freqüentes é um proce-dimento bastante eficiente, porém, éimportante que depois da captura decada animal a ratoeira seja lavada e,preferencialmente, fervida. Quando apopulação de ratos é grande, as rato-eiras em forma de gaiola são as maiseficientes (8).

• Uso de iscas envenenadas:para o rato comum e para a ratazanaé conveniente o uso de pré-iscas (iscasem veneno), a fim de acostumá-loscom o novo alimento; após algumasnoites utilizam-se as iscas envenena-das. Entre os produtos existentes nocomércio, os melhores são os raticidasanticoagulantes, que agem no siste-ma de coagulação do sangue, causan-do hemorragias que provocam a mor-te dos animais de cinco a sete diasapós ingestão das iscas. Atualmenteainda são muito utilizados raticidasde dose única, tais como brodifacoum,bromadiolone, floucumafen, difetia-lone (2).

As iscas podem ser utilizadas emdiferentes locais, tais como rede deesgotos, depósitos de lixo, residênci-as, estabelecimentos comerciais eagropecuários, indústrias, armazénse plantações. Em geral, as iscas po-dem ser encontradas nas formas debloco parafinado, mais resistente eideal para o uso externo, em locaisúmidos ou que sofram a ação de in-tempéries; e isca peletizada, que éaltamente atrativa e mais indicadapara áreas internas.

Para melhor eficiência do contro-le, as iscas devem ser colocadas, nastocas, ninhos e em outros locais ondeos roedores vivem e transitam, emquantidades suficientes para que to-dos os roedores possam ter acesso. O

Tabela 1 – Critérios de avaliação de pegadas de roedores em trilheiras

Número de pegadas Nível de infestação

Ausência Sem infestação

De 1 a 5 Baixa infestação

De 6 a 10 Média infestação

Mais de 10 pegadas em até 50% da área Alta infestação

Mais de 50% da área com pegadas Altíssima infestação

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8 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

número de pontos de iscagem deveráser proporcional à infestação e aotamanho da área. Reaplicar as iscasnos locais onde houve consumo, vi-sando eliminar os roedores remanes-centes. A inspeção deve ser feita apósum intervalo de sete a dez dias, juntoaos pontos de iscagem. As iscas de-vem ficar protegidas das intempériese do acesso de animais domésticos.Deve-se substituir as iscas que estive-rem estragadas nos pontos de iscagem,mudando de vez em quando de lugar,porque os camundongos, ao se ali-mentarem, costumam explorar no-vos locais.

Para exterminar os ratos, princi-palmente em tocas no campo, no casodos tuco-tucos, recomenda-se fumiga-ção, utilizando-se tabletes confeccio-nados com 12 partes de nitrato depotássio dissolvidos em 24 partes deágua quente, misturando-se a seguircom 30 partes de alcatrão. A massaresultante deve ser secada ao ar, paraposteriormente adicioná-la a um gru-de de amido a 10% . A pasta formadadeve ser cortada em tabletes de 1cmde espessura por 3cm de comprimen-to, que ao secar devem ser cobertoscom enxofre derretido. Estes tabletes

são queimados nas tocas, que sãofechadas para os gases não saírem (8).Outra alternativa é o combate destesroedores com fosfina (9).

• Manutenção dos resultados:após efetuadas criteriosamente asetapas anteriores, há necessidade deutilizar, de tempo em tempo, iscas e/ou ratoeiras, para que a populaçãonão aumente e para que os roedores,que porventura possam ter migrado,sejam controlados.

Literatura citada

1. BEIGIN, H.H.A. Roedores. São Paulo:Zeneca, 1997. 21p.

2. BARBOSA, A.L. dos S.; FIGUEIREDO,L.R.; DUARTE, J.R. Roedores. SãoPaulo: ABCVP, 1997. 46p. (Série Técni-ca).

3. LINK, D.; MAFFINI, P.R.; GRUTZMA-CHER, A.D. Prejuízos causados peloratão do banhado - Myocastor coypus(Molina, 1782), na cultura do arroz irri-gado. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre,v.49, n.426, p.16-17, 1997.

4. LINK, D.; MAFFINI, P.R.; GRUTZMA-CHER, A.D. Comportamento e danosdo rato-do-junco, Holochilusbrasiliensis, na cultura do arroz irriga- o

do. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre,v.50, n.430, p.24, 1997.

5. SILVA, F. Mamíferos silvestres do RioGrande do Sul. Porto Alegre: FZB, 1994.244p.

6. CIMARDI, A.V. Mamíferos de SantaCatarina. Florianópolis: FATMA, 1996.302p.

7. MARICONI, F.A.M. Inseticidas e seu em-prego no combate às pragas. São Paulo:Nobel, 1973. 246p.

8. GUERRA, M.S. Receituário caseiro : alter-nativas para o controle de pragas edoenças de plantas cultivadas e de seusprodutos. Brasília: Embrater, 1985.166p.

9. MENDES, F. dos S.; MARTINS, J. Controlede ratos com fosfina. Lavoura Arrozeira,Porto Alegre, v.36, n.343, p.54, 1983.

Flávio Roberto Mello Garcia, biólogo,M.Sc., doutorando em Zoologia na Faculdadede Biociências da PUCRS, Cart. Prof. 17.071-03d CRB-3, professor da Unoesc/Departa-mento de Ciências Biológicas, C.P. 747, 89809-000 Chapecó, SC, e-mail: [email protected] e Jocélia Vargas Campos, acadêmicado Curso de Agronomia da Unoesc/Departa-mento de Ciências Geo-Agrárias, C.P. 747,89801-971 Chapecó, SC, e-mail: [email protected].

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 9

Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

Cultivares de pereira japonesa comCultivares de pereira japonesa comCultivares de pereira japonesa comCultivares de pereira japonesa comCultivares de pereira japonesa comfrutos de película amarelafrutos de película amarelafrutos de película amarelafrutos de película amarelafrutos de película amarela

Ivan Dagoberto Faoro e Shigeru Shiba

‘Nijisseiki’ foi a cultivar que maiscontribuiu para o desenvolvi-

mento da cultura da pereira no Japão,pois foi a primeira a apresentar altaqualidade nas característicasorganolépticas do fruto. Com o passardos anos e com o desenvolvimento depesquisas em melhoramento genéti-co, esta cultivar deu origem a muta-ções mais vantajosas.

No Brasil, onde atualmente existeo plantio de ‘Nijisseiki’, a utilização desuas duas mutações, ‘Gold Nijisseiki’e ‘Osanijisseiki’, pode resultar emgrande benefício, pois apresentamresistência intermediária à alternáriae autocompatibilidade, respectivamen-te. Essas duas mutações serão co-mentadas neste trabalho.

‘Nijisseiki’

Origem

O nome ‘Nijisseiki’ em japonêssignifica “Século XX”. Pertence a es-pécie Pyrus pyrifolia Nakai var. cultaNakai.

Foi obtida de polinização aberta,na cidade de Matsudo, Estado de Chiba,Japão, em 1888, e introduzida comer-cialmente em 1898 (1), sendo que em1904 foi designada como ‘Nijisseiki’.Já em 1938 estava dispersa em váriasregiões do Japão.

No Japão, até 1961, era a cultivarmais plantada devido à alta qualidadede seus frutos para a época. Atual-mente, vem sendo substituída pelassuas mutações ‘Gold Nijisseiki’,‘Osanijisseiki’ e ‘Wase Nijisseiki’ (mu-tação para maturação mais precoce).

Planta

A planta apresenta vigor médio,produzindo ramos fortes, lisos e de cormarrom-escura na base, com tendên-cia de crescerem mais na vertical e osramos da base dominarem sobre olíder central. A carga de frutos tempouca influência na angulação dosramos (2).

Nas condições de Santa Catarina,tem-se observado que nos primeirosdois a três anos a planta cresce muitobem, mas, pela sua forte característi-ca de produzir em esporões, a emissãode novos ramos secundários e o cres-cimento dos ramos principais ficamreduzidos. Por isso, esta cultivar podeser plantada em maior densidade.

Para proporcionar melhor desen-volvimento e produção constante daplanta, as podas devem ser realizadasnos ramos e também nos esporões. Osfrutos desenvolvem-se nos esporões,nos ramos principais ou secundários,sendo por isso uma planta de fácilcondução.

A frutificação é mais constante emramos de um ano. No entanto, devidoà falta de perfeita adaptação da culti-var às condições edafoclimáticas dosul do Brasil, em alguns anos afrutificação efetiva é deficiente, sendotambém comum a incidência danecrose em gemas florais.

Quanto à polinização, a cultivarNijisseiki apresenta alelos S2S4 deincompatibilidade gametofítica (3),sendo incompatível com ‘Kikusui’. Nosmunicípios de Caçador, Fraiburgo eSão Joaquim, a floração geralmenteinicia no final de setembro. Desde que

floresça junto, apresenta compatibili-dade muito boa com as cultivaresShinseiki, Housui, Kousui e Shinsui(2).

Para as condições de São Joaquim,são indicadas como polinizadoras ascultivares Williams, Red Bartlett eKousui. Para Caçador e Fraiburgo,podem ser usadas ‘Housui’ e ‘Kousui’.Conjuntamente, é indicada apolinização manual e/ou uso de ‘bu-quê” para melhor garantia da produ-ção de frutos.

É suscetível à alternária (Alterna-ria alternata), ao fogo-bacteriano(Erwinia amylovora) e à sarna(Venturia nashicola) .

Frutos

Os frutos possuem formato arre-dondado, regular e apresentam boaqualidade para consumo in natura (5).O tamanho é médio a grande. A cavi-dade peduncular é pequena e opedúnculo apresenta comprimento eespessura médios. A película, comgrande quantidade de lenticelas cin-zentas, é muito atrativa, sendo decoloração verde-amarelada ou palhaquando o fruto é imaturo e amareladaquando maduro (Figura 1).

A polpa é macia, de coloração bran-ca, excelente textura, suculenta, comacidez maior que ‘Housui’, maiscrocante que ‘Shinsei’, sabor suave,com baixo a médio teor de açúcar.

Os frutos são extremamente sen-síveis ao manuseio. Quando muitomaduros, são suscetíveis a manchasna polpa. Já quando colhidos imatu-ros, há redução da qualidade para oconsumo.

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10 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

É prática comum o ensacamentodos frutos, visando atenuar a incidên-cia de alternária e o desenvolvimentode camada corticosa, que nesta culti-var é indesejável.

Embora não constatado ainda emSanta Catarina, os frutos apresentamalta suscetibilidade às seguintes de-sordens fisiológicas: mancha de podri-dão da polpa (“flesh spot decay”),escurecimento da polpa (“corebrowing”), pingo de mel (“water core”)(2) e deficiência de cálcio.

Colheita

Conforme a Tabela de Cores para adefinição do ponto de maturação (2),específica para a cultivar, os números2 ou 3 são indicados para armazena-gem por longo período e os números 4e 5, para consumo imediato. Os frutoscolhidos muito verdes apresentambaixa qualidade em sabor e os muitomaduros são suscetíveis à queda.

Em São Joaquim, geralmente amaturação ocorre a partir do início defevereiro (4). Em Frei Rogério iniciageralmente a partir da segunda quin-zena de fevereiro e em Caçador eFraiburgo, a partir do final de feverei-ro à primeira dezena de março.

Existe a tendência de que quantomais fria for a região, mais tardia seráa colheita (6). Este fator poderá serexplorado comercialmente nas dife-rentes condições edafoclimáticas dosul do Brasil, para escalonar a colhei-ta e a oferta do produto no mercado.

Os frutos colhidos no ponto idealde maturação e armazenados em bai-xa temperatura apresentam reduzidaprodução de etileno. Por isso podemser considerados quase não-clima-téricos.

Os frutos suportam até quatorzedias em temperatura ambiente. Apre-sentam boa capacidade de armazena-gem, podendo ficar armazenados detrês a quatro meses em câmaras frias.

‘Gold Nijisseiki’

Em 1962, no Instituto de Melhora-mento por Irradiação, no Japão, fo-ram plantadas árvores de ‘Nijisseiki’,que receberam irradiações de raiosgama visando provocar mutações

induzidas nas plantas.Em 1981 foi seleciona-

da uma gema mutante, deuma planta situada a 53mda fonte de irradiação de60Co. Em 1986, estemutante, designado como‘Pear y-1-1’, foi lançadocomo ‘Pear Norin no 15’em 22 de junho de 1990,sendo registrado como‘Gold Nijisseiki’. Em 1991foi patenteada no Japão(7).

A cultivar GoldNijisseiki apresenta todasas características da‘Nijisseiki’, com o adicio-nal de resistência inter-mediária à alternária(Alternaria alternata),que se situa num nívelintermediário entre‘Choujuurou’ (altamenteresistente) (8) e ‘Nijisseiki’(suscetível).

A suscetibilidade à alternária écontrolada por um simples gene domi-nante, apresentando, a maioria dascultivares suscetíveis, heterozigoseneste lócus. A resistência deveu-se àformação de quimera periclinal, devi-do à mutação recessiva incompleta.As folhas novas, nos primeiros estádi-os de crescimento, podem apresentaralguns sintomas de suscetibilidade,mas as lesões param de crescer emudam a coloração, de dourada paracinza-clara.

Quanto a polinização, ‘GoldNijisseiki’ é incompatível com‘Nijisseiki’, mas é compatível com‘Choujuurou’, ‘Kousui’ e ‘Suisei’, ten-do possivelmente os genes S 2S4 dasérie alélica “S” (7).

Mesmo possuindo resistência àalternária, esta cultivar necessita deensacamento dos frutos para evitar odesenvolvimento de “russeting” emantê-los atrativos comercialmente.

‘Osanijisseiki’

Cultivar originada de mutação es-pontânea ocorrida em botão floral de‘Nijisseiki’, no Estado de Tottori, noJapão, que proporcionou o surgimento

de autocompatibilidade (5). Esta ca-racterística é transmitida tambémpara as suas progênies na proporçãode 1:1 quando cruzada com cultivaressem os alelos S2S4. Possivelmente, amutação ocorreu no alelo S4 da sériealélica S2S4 de ‘Nijisseiki’, sendo oalelo mutante designado como S4

sm (3).Testes realizados no Japão, entre

1986 e 1990, apresentaram as seguin-tes médias percentuais deautofertilidade: 83,5% para‘Osanijisseiki’, 6,7% para ‘Nijisseiki’,5,0% para ‘Kousui’ e 3,2% para‘Housui’.

Cruzamentos da ‘Osanijisseiki’,utilizando ‘Nijisseiki’ comoprogenitora, apresentaram baixa per-centagem de sucesso quanto à fecun-dação (17%); já quando foi utilizada a‘Nijisseiki’ como progenitora, a taxade fertilidade aumentou para 93% (3).

O mutante obtido apresentasuscetibilidade à alternária (Alterna-

ria alternata). No entanto, estão sen-do conduzidas pesquisas no Japão como intuito de obter mutantes de‘Osanijisseiki’ com resistência parcialà alternária, como no caso da ‘GoldNijisseiki’. Porém, até o momento,

Figura 1 – Fruto de ‘Nijisseiki’

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 11

Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

nenhuma das seleções já obtidas fo-ram lançadas como cultivar.

No Japão, a cultivar Osanijisseikiapresenta todas as características dacultivar de origem, Nijisseiki, excetopor um leve atraso na maturação.

Literatura citada

1. BROOKS, R.; OLMO, H.P. Register of newfruit and nut varietis . Alexandria: ASHSPress, 1997, p.542-543.

2. WHITE, A.G.; CRANWELL, D.; REWITT,B.; HALE, C.; LALLU, N.; MARSH, K.;WALKER, J. Nashi, asian pear in NewZealand. Wellington: [s.n.], 1990. 84p.

3. SATO,Y. Breeding of self - compatibleJapanese pear. In: HAYASHI,T.;OMURA, M.; COTT, N.S. (Eds.)Techniques on gene diagnosis andbreeding in fruit trees . Tsukuba: FruitTree Research Station, 1993. p.241-247.

4. BRIGHENTI, E.; PEREIRA, A.J. Pêra. In:EPAGRI. Recomendações de cultiva-res para o Estado de Santa Catarina1997/98. Florianópolis: Epagri, 1997,p.133-134.

5. KAJIURA,I. Nashi (Japanese pear). In:KONISHI, K.; IWAHORI, S.;KITAGAWA, H.; YAKUWA, T. (Eds.)Horticulture in Japan . Tokyo: AsakuraPub. 1994. p. 40-47.

6. MACHIDA,Y. Maps of bloom and harvestdate in usual year for Japanese pear(Pyrus serotina Rehd. var. culta). Bull.of the Fruit Tree Research Station, v.9,p.25-42, 1982.

7. KOTOBUKI, K.; SANADA, T.; NISHIDA,T.; FUJITA, H.; IKEDA, F. ‘GoldNijisseiki’, new Japanese pear mutantcultivar resistant to black spot diseaseinduced by chronic irradiation ofgamma-rays. Bull. of the NationalInstitute of Agrobiological Resources ,n.7, p.105-120, 1992.

8. SANADA, T.; NISHIDA, T.; KEDA, F.Resistant mutant to black spot diseaseof Japanese pear ‘Nijisseiki’ inducecedby gamma rays. Journal of the JapaneseSociety for Horticultural Science, v.57,n.2, p.159-166, 1988.

Ivan Dagoberto Faoro, eng. agr, M.Sc.,Cart. Prof. 4.699-D, Crea-SC, Epagri/EstaçãoExperimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone (0XX49) 663-0211, fax(0XX49) 663-3211 e Shigeru Shiba , eng.agr., Agência de Cooperação Internacional doJapão – Jica, Epagri/Estação Experimentalde Caçador, C.P. 591, 89500-000, Caçador,SC, fone (0XX49) 663-0211, fax (0XX49)663-3211. o

Normas técnicas para a produçãoda moranga híbrida Tetsukabuto noPlanalto Catarinense . Sistemas deProdução nº 35. 31p.

A publicação oferece informações técni-cas úteis ao produtor rural, permitindo aprodução da moranga Tetsukabuto com mai-or rentabilidade econômica.

Curso da indústria de alimentos.Boletim Didático nº 30. 20p.

Outra publicação do ProgramaCatarinense de Profissionalização de Pro-dutores Rurais/Epagri. Os assuntos apre-sentados neste boletim referem-se a temasligados à segurança do trabalho e aos aspec-tos que envolvem a transformação dos pro-dutos, como higiene, redução do desperdí-cio, qualidade do produto, agregação devalor à matéria-prima, composição e valornutritivo dos alimentos, armazenamento,embalagens e período de validade.

Manual de identificação de doen-ças e pragas da macieira. Livro. 149p.

Esta obra, ricamente ilustrada, foi ela-borada com o objetivo de facilitar o diagnós-tico, pelos fruticultores, das principais do-enças e pragas da macieira. Os autores,José Itamar da Silva Boneti, Luiz GonzagaRibeiro e Yoshinori Katsurayama, são pes-quisadores da Epagri, na Estação Experi-mental de São Joaquim.

Ameixa, cereja, damasco e pêssego:técnicas avançadas de desbaste,anelamento e fitorreguladores naprodução de frutos de primeiraqualidade é um livro de interesse imediatoe de grande auxílio para aqueles quepretendem dominar as técnicas modernasde produção de frutas de caroço de primeiraqualidade. Os autores, Manuel AgustíFonfría, Mariano Juan Ferrer, VicenteAlmela Orenga, Inmaculada Andreu Carlose Cristina Speroni de Brunetti, sãopesquisadores da Universidade Politécnicade Valência, na Espanha. A obra foi traduzidapara o português e editada por CincoContinentes Editora; tem 91 páginas e custaR$ 13,00. Os interessados podem fazer opedido para o endereço: Rua Dom Pedro II,891/505 Higienópolis 90550-142 PortoAlegre, RS, fone/fax (0XX51) 337-6118,e-mail: [email protected]

Produção de uvas para vinho, sucoe mesa. Livro. 304 páginas, ilustrado.

O livro aborda todos os aspectos dacultura da videira, desde a sua origem his-tórica até os procedimentos para a colheita.Diversas áreas do conhecimento humanosão necessárias para a produção de uvas,seja para a obtenção de vinhos e de seusderivados, seja para a obtenção de passas esucos. O autor, engenheiro agrônomoEduardo Giovannini, é professor de viticul-tura do Curso Superior de Tecnologia emViticultura e Enologia, em Bento Gonçal-ves, RS. Os interessados podem adquiriresta obra por R$ 35,00, pelo fone (0XX51)331-1924.

* Estas e outras publicações da Epagri podem ser adquiridas na sede da Empresa emFlorianópolis, ou mediante solicitação ao seguinte endereço: GMC/Epagri, C.P. 502,88034-901 Florianópolis, SC, fone (0XX48) 239-5500.

LANÇAMENTOSEDITORIAIS

Cadeias produtivas do Estado deSanta Catarina: Batata. Boletim Técni-co nº 104. 84p.

Este boletim, de autoria dos engenhei-ros agrônomos Zilmar da Silva Souza(Epagri/São Joaquim), Antônio CarlosFerreira da Silva (Epagri/Urussanga) eRoberto Beppler Netto (Epagri/Florianópolis), tem por objetivo construiruma visão integrada da produção até o con-sumidor final e identificar as oportunidadese ameaças do mercado, bem como os princi-pais pontos de estrangulamento da cadeiaprodutiva da batata.

Curso de recuperação e conserva-ção ambiental. Boletim Didático nº 32.31p.

Esta publicação tem por finalidade com-plementar os cursos ministrados pela Epagri,por meio do Programa Catarinense deProfissionalização de Produtores Rurais, naárea específica de educação ambiental. Ma-térias sobre cidadania ambiental, desenvol-vimento sustentável, modelo de desenvolvi-mento, saneamento ambiental, doenças re-lacionadas à falta de saneamento, legislaçãoambiental, entre outras, são abordadas nocurso e nesta publicação.

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VVVVVitaminas na produção e reprodução deitaminas na produção e reprodução deitaminas na produção e reprodução deitaminas na produção e reprodução deitaminas na produção e reprodução debovinos e ovinosbovinos e ovinosbovinos e ovinosbovinos e ovinosbovinos e ovinos

Edison Azambuja Gomes de Freitas eJorge Homero Dufloth

uso estratégico de vitaminaspermite um melhor desempe-

nho no crescimento, na produção e naeficiência de reprodução em bovinos,desde que seja balanceado com a uti-lização de minerais e, principalmen-te, proteína e energia. Para animaisjovens e para adultos de alta produ-ção, quando o recurso de volumososnão é qualitativamente suficiente, oaspecto da suplementação vitamínicaadquire maior importância técnica eeconômica. No Estado de SantaCatarina, existem épocas do ano emque os animais consomem pastos debaixa qualidade, como no outono einverno, ou ainda em regime desilagem, nas quais a suplementaçãocom vitaminas ajuda na mobilizaçãobioquímica do organismo, ativando ometabolismo e promovendo o equilí-brio nutricional.

O termo vitamina é geralmenteaceito como um composto orgânicoque: é um componente natural dosalimentos, mas distinto doscarboidratos, das gorduras, das prote-ínas e da água; está presente emquase todos os alimentos em quanti-dades pequenas; é essencial para ometabolismo normal dos animais e éconseqüentemente necessário para asaúde e as funções fisiológicas comocrescimento, manutenção e reprodu-ção; causa deficiência específica ousíndrome quando ausente na dieta ounão absorvido ou utilizado pelo ani-

mal; é incapaz de ser sintetizado noorganismo animal em quantidadessuficientes para atender às demandasfisiológicas, mas pode ser obtido atra-vés da dieta. Muitas das vitaminastradicionais, como as vitaminas A, E,K, B6 e B12, tiamina, riboflavina, ácidofólico, ácido pantotênico e biotina,satisfazem cada um destes critérios.

Algumas informações contidas emartigos (1, 2, 3) com algumascomplementações e adaptações vá-lidas para o território catarinensee região temperada e subtropicalsul-brasileira, são apresentadas nestetrabalho.

As vitaminas podem classificar-sede acordo com sua solubilidade em:

• Vitaminas lipossolúveis – A, D, Ee K.

• Vitaminas hidrossolúveis – C ecomplexo B.

As necessidades de vitamina dosbovinos e ovinos e as quantidadesencontradas nos alimentos estão ex-pressas nas tabelas em Unidades In-ternacionais (UI) ou em mg/kg dematéria seca (MS) da dieta. De ummodo geral, a suplementação de vita-minas aos ruminantes não se faz ne-cessária. As vitaminas A, D, e E,objeto deste estudo, estão usualmen-te presentes nas forrageiras de boaqualidade. As vitaminas do complexoB e a vitamina K são sintetizadas emnível ruminal pelos microorganismos.A vitamina C é sintetizada em nível de

tecidos. Entretanto, em certas condi-ções – quando o suprimento de boaforragem é limitado, quando o fenofor curado ao sol, quando a exposiçãodos animais à luz do sol é limitada, oumesmo quando forem usados extensi-vamente substitutos do leite para bo-vinos jovens – poderá haver proble-mas de deficiência.

Assim, os ruminantes com o rúmentotalmente desenvolvido em muitasinstâncias dependem de um suple-mento externo das vitaminaslipossolúveis A, D e E. Porém, a sínte-se ruminal (e nos compartimentosanteriores ao estômago verdadeiro)das vitaminas do complexo B e vitami-na K é influenciada por sua vez peloconteúdo vitamínico da dieta do ani-mal, porque a síntese é feita pormicroorganismos que habitam essaregião. De acordo com isso, quando oconteúdo vitamínico do alimento ébaixo, o grau de síntese é maior e vice--versa.

Os ruminantes jovens, que nãotêm o rúmen nem os compartimentosanteriores ao abomaso desenvolvidos,dependem de um suprimento externode vitaminas do complexo B para sa-tisfazer todos os seus requerimentos.Em casos excepcionais, também po-deria ser necessário proporcionar umsuprimento de vitaminas do comple-xo B aos ruminantes com rúmen in-teiramente funcional (no caso em quese lhes administre um concentrado

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

O

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Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

extremamente alto em energia, comopor exemplo uma ração de engordacom base em melaço e grãos).

Neste trabalho será enfocada asuplementação das vitaminas A, D eE, que são as deficientes em forragenspobres, principalmente em nossascondições de outono e inverno, e far--se-ão algumas sugestões de dosifi-cações/categorias (Tabela 1).

Vitamina A

Os ruminantes obtêm sua provi-são de vitamina A do caroteno, que éencontrado nas plantas verdes. A fon-te mais importante é o beta-caroteno,o qual apresenta uma maior atividadede pró-vitamina A que as outrasformas de caroteno, onde 1mg decaroteno é igual a 400 UI de vitaminaA. As concentrações de carotenóidesnas plantas variam grandemente deacordo com a localização geográfica,a maturidade, o método de colheita,a duração e o tipo de processamento,as condições e a duração de arma-zenagem, a exposição a altas tem-peraturas, a luz solar e a aeração.Ovos, aves, peixes, produtos animais(fígado, leite e produtos lácteos) e

gorduras podem conter altos níveisde vitamina A ou carotenos, conse-qüentemente, a quantidade de vita-mina A ou carotenóides presentes nasdietas destes animais precisa ser ade-quada.

Bovinos alimentados com silagensde milho e mantidos em dietas comalta energia podem ter níveis baixosde vitamina A no fígado e mostrarsinais de deficiência. É necessária asuplementação desta vitamina quan-do a forragem for de baixa qualidadeou de baixos níveis de vitamina A, ouquando for usada silagem de milhocom mistura de concentrados combaixo nível de caroteno. Há grandesperdas adicionais quando a forragemé processada, secada e preservada(feno, silagem, etc. ).

A digestibilidade do caroteno évariável, maior nos meses de verãoque nos meses de inverno, e é umpouco mais baixa na silagem que nofeno.

O caroteno é convertido em vita-mina A na parede intestinal, emborahaja certas indicações de que o proces-so dê-se no fígado e nos rins. A vitami-na A é armazenada como reserva nofígado e na graxa corporal.

Os fatores que diminuem a absor-ção de beta-caroteno (pró-vitamina A)são: mau funcionamento da glândulatireóide; carência de iodo; excesso oudeficiência de fósforo; presença denitratos ou nitritos; presença denaftaleno-clorados; altas tempe-raturas; excesso de caroteno prove-niente do grão de milho; endo-parasitose grave (entérica) e fasciolosehepática.

O beta-caroteno, por outra parte,tem ação por si mesmo e independen-te da vitamina A, especialmente nociclo reprodutivo da vaca, correla-cionado com a fertilidade. Os terneirose o gado jovem são particularmentesensíveis às deficiências de vitaminaA. Durante a primeira semana devida, os terneiros dependem do supri-mento desta vitamina pré-formada, jáque não são capazes de converter ocaroteno em vitamina A.

São sintomas de deficiência de vi-tamina A: danos nos processos nor-mais de visão; cegueira noturna; trans-tornos funcionais dos epitélios; au-mento na suscetibilidade a enfermi-dades respiratórias e digestivas; fun-cionamento deficiente das glândulasendócrinas e exócrinas do útero; al-

Tabela 1 – Dosificações estratégicas de vitaminas A, D3 e E em bovinos e ovinos

Vitamina A Vitamina D3

Vitamina ECategoria Periodicidade

UI por cabeça

BovinosApós nascimento - bezerro 250.000 40.000 25 Dose únicaDesmama 500.000 75.000 50 Dose únicaNovilhos - crescimento 1.500.000 150.000 150 De 90 em 90 dias, criação extensivaNovilhos - engorda 1.500.000 200.000 150 Início da engordaVacas secas 2.000.000 300.000 200 Antes da cobertura, duas aplicações

de dez em dez diasVacas em gestação 2.000.000 300.000 200 Dois a três meses antes do partoTouros 3.000.000 450.000 300 Início e durante a cobertura, duas aplicações

OvinosFêmea após desmama - borrego 1.000.000 150.000 100 Dose únicaBorrego - após desmama 125.000 30.000 25 Um mês após a desmamaCrescimento - borrego 300.000 75.000 50 Cada quatro mesesAdultos 500.000 150.000 100 Cada três mesesGestação 1.000.000 150.000 100 Durante a gestação, dose únicaReprodução - carneiros 800.000 200.000 150 Dois meses antes, de 60 em 60 dias

(A) UI: Unidades Internacionais.Fonte: Adaptada (3, 4 e 5).

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Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

terações no crescimento e desenvol-vimento dos ossos; desordenslocomotoras; má absorção, crescimen-to retardado e perda de peso; reduçãoda fertilidade de machos e fêmeas;absorção embrionária; aborto; nasci-mento de natimortos, deformados,prematuros e débeis; retenção de pla-centa; produção inadequada de leite;redução da gluconeogênese; degene-ração quística da glândula hipófise;degeneração testicular e alteração naespermatogênese; perda da qualidadeseminal; atresia folicular no ovário,degeneração cística e luteólise equeratinização metaplásica doendométrio.

Vitamina D

A vitamina D só se encontranaturalmente em poucos ingredientesalimentícios, como no leite integral(D

3) e na forragem verde (D

2).

A vitamina D3 pode ser formada noorganismo animal sob a ação daradiação solar. Geralmente osruminantes podem utilizarigualmente vitaminas D

2 e D

3.

Evidentemente que a suplementaçãodesta vitamina por essas fontesnaturais é muito pequena e contribuimuito pouco para satisfazer asnecessidades reais do animal. Emgeral, tem-se concluído que édesnecessário suplementar vitaminaD quando os animais recebemforragens curadas ao sol ou expostasà luz ultravioleta. Forragens verdes,fenos curados à sombra e silagemtêm também quantidades significantesde vitamina D.

As características da pelagem(grossura, densidade, cor, etc.) influemsignificativamente sobre a síntese devitamina D.

O primeiro sintoma de deficiênciada vitamina D é o decréscimo daconcentração, no plano sangüíneo, decálcio e/ou fósforo inorgânico e oaumento da fosfatase sérica.

A vitamina D atua ativamente

sobre o metabolismo do cálcio noanimal e influi positivamente sobre aabsorção do fósforo. Ela se armazenaprincipalmente no sangue e no fígado.O terneiro nasce com reservas bembaixas dessa vitamina, as quais nãodependem do suprimento que a mãerecebe.

Embora o animal só possua umacapacidade muito moderada dearmazenamento desta vitamina, oconteúdo no fígado, particularmenteapós a puberdade, sobe gradualmentecom o avanço da idade.

As fêmeas são capazes de acumularreservas consideravelmente maioresque os machos. Por esta razão, ostouros jovens são mais propensos aoraquitismo que as novilhas. Emcontraste ao incremento da capacidadede armazenamento da vitamina D, autilização de cálcio e fósforo sedeteriora com o aumento da idade doanimal, porém mais marcadamentede cálcio que de fósforo.

Os efeitos da vitamina D sobre ometabolismo dos ossos são: o aumentoda retenção de cálcio e fósforo nosossos (efeito anti-raquítico); aumentodo nível de cálcio e fósforo no sangue,mobilizando-os dos ossos, e aumentona renovação de cálcio nos ossos emcerca de 30%.

Sintomas de deficiência da vita-mina D: em primeiro lugar a defi-ciência de vitamina D se manifestapor mudanças no esqueleto e estáindiretamente relacionada com afertilidade, através da influência so-bre o metabolismo dos minerais. Ossintomas mais comuns são: altera-ções no metabolismo cálcio/fósforo;nascimento de terneiros raquíticos oupropensos a isto; alterações no cres-cimento; estreitamento da pélvis eproblemas no parto; em doses altasa vitamina D exerce ação estrogê-nica.

Demonstrou-se que a subminis-tração da vitamina D apresentou umefeito significativo na fertilidade dasvacas leiteiras em produção.

Igualmente os sinais de cio são maismarcados e há redução no intervaloparto-concepção (2).

Vitamina E

Os níveis de vitamina E presentesnos diversos ingredientes alimentíci-os de origem vegetal variam conside-ravelmente.

Normalmente os alimentos utili-zados suprem adequadamente o gadoadulto em vitamina E. Esta vitaminatem teores diminuídos em forragensque permanecem longos períodosarmazenadas. Vacas em lactação querecebem este alimento armazenadopodem produzir leite com saboroxidante (rançoso). Altos níveis devitamina E (400 a 1.000mg/vaca/dia)têm sido suficientes para reduzir aincidência de sabor rançoso no leite,mas os altos custos não permitem ouso desta prática, pois menos de 2%da vitamina é transferida ao leite.

A forragem verde, os grãos, ossubprodutos de moinhos e as semen-tes de oleaginosas são as únicas fon-tes importantes desta vitamina.

O alfa-tocoferol é particularmentesuscetível à oxidação, motivo pelo qualseu conteúdo baixa abruptamente emsilagens.

Em condições normais, são absor-vidos de 20 a 30% da vitamina contidano alimento, e desta fração os rumi-nantes utilizam de 1 a 5%, razão pelaqual um conteúdo alto em vitaminano alimento não aumenta a eficiênciade transferência no metabolismo ani-mal.

Não obstante, o nível efetivo nãose refere à quantidade total de vitami-na E (tocoferóis), mas sim à quantida-de específica de alfa-tocoferol, ocomposto mais ativo e de grande im-portância na nutrição animal.

As causas mais comuns de antago-nismo e perda de vitamina E são:ácidos graxos não saturados em gran-des quantidades nas gorduras vege-tais (consomem a vitamina E, com-

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Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

petindo com o organismo); saponinasde leguminosas inativam a vitaminaE; climas frios favorecem o aumentode ácidos graxos não saturados nasplantas; o crescimento da planta dimi-nui a concentração de alfa-tocoferolna mesma; colheita, processamento esecagem diminuem de 25 a 90% aconcentração de alfa-tocoferol; a oxi-dação e as silagens muito úmidasdiminuem em até 90% o mesmo con-teúdo; excesso de cobre (por exemplo,20% de cama de frango na ração)inativa a vitamina E.

A vitamina E armazena-se no fíga-do e nos tecidos graxos, mas aquantidade armazenada depende daidade e do sexo do animal. A capacida-de de armazenagem aumenta com aidade, e se tem observado que asfêmeas têm mais órgãos com concen-trações mais altas de vitamina E queos machos.

Em todos os animais o conteúdo devitamina E é notavelmente alto nasglândulas pituitárias, nas adrenais eno útero. É importante esclarecerque são aumentados os depósitos degordura no organismo – que funcio-nam como depósitos de vitamina E –uma vez concluída a etapa do cresci-mento.

As deficiências de vitamina E ten-dem a ser mais agudas em animaisjovens – que estão crescendo rapida-mente – do que em adultos. O selênio

(micronutriente mineral) atua com-plementarmente na função anti-oxi-dativa da vitamina E.

Os sintomas de deficiência de vita-mina E são: degeneração dos múscu-los estriados (distrofia muscularnutricional) subaguda, aguda, e crôni-ca; danos no músculo cardíaco (mortesúbita); alterações na locomoção eposições anômalas; esterilidade einfertilidade; diminuição da libido;através da ação sobre a hipófise e atireóide, diminuição do conteúdo deproteína do soro, sobretudo degamoglobulina; redução da resistên-cia do organismo ao estresse; nasci-mento de terneiros imaturos e débeise retenção de placenta.

Recomendações gerais

As vitaminas devem ser admi-nistradas por via parenteral,preferencialmente, antes de praticar--se pela via oral, de forma a prevenira absorção intestinal com sua ulteriordestruição no mesmo órgão.

Em ovinos é necessário submi-nistrar as três vitaminas juntas, jáque dosificar só uma delas provocadepleção das outras duas.

Convém subministrar produtoscomerciais com idoneidade conhecidae que contenham em sua formu-lação as proporções corretas dasvitaminas.

Literatura citada

1. DUFLOTH, J.H. Exigências nutricionaisde bovinos em pastejo. In: SEMANADE ATUALIZAÇÃO EM BOVINO-CULTURA: ALIMENTAÇÃO ENUTRIÇÃO DE BOVINOS, 2., 1989,Lages, SC. Anais... Lages, SC: EMPASC-Estação Experimental de Lages, 1989.p.44-55.

2. GIANBRUNO, E.R. SuplementaciónVitamínica Mejora RendimentoProductivo. Actualidades & Técnica

Agropecuaria, Montevidéo, v.11, n.115,p. 30-33, jun. 1994.

3. NATIONAL RESEARCH COUNCIL(Washington). Vitamin tolerance of

animals. Washington: NationalAcademy Press. 1987. 96p.

4. BLOOD, D.C.; HENDERSON, J.A.Medicina Veterinária. 4. ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 1978.871p.

5. GUIA médico veterinário-1995. [s.l.]: A & BEditores. 1995. 231p.

Edison Azambuja Gomes de Freitas, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof. 3.616-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Lages, C.P.181, 88502-970 Lages, SC, fone/fax (0XX49)224-4400 e Jorge Homero Dufloth, eng.agr., MSc., Cart. Prof. 24.620-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Urussanga,C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC, fone/fax(0XX48) 465-1209.

o

Na homepage da Epagri você encontra os

preços de mercado agrícola em Santa Catarina.

Acesse http://www.epagri.rct-sc.br

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16 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

AGRIBUSINESS

Brasil importa avestruzesBrasil importa avestruzesBrasil importa avestruzesBrasil importa avestruzesBrasil importa avestruzes janeiro do próximo ano para adap-tar seus produtos às novas porta-rias do Ministério da Saúde. Apartir desta data, as empresaspoderão sofrer penalidades apli-cadas pela Vigilância Sanitária.

A publicação, com 39 páginas,foi escrita pela pesquisadora Hildada Rosa Rodrigues, da EmbrapaAgroindústria de Alimentos, quetambém é membro do Grupo Téc-nico de rotulagem de alimentos doComitê do Codex Alimentarius doBrasil. O Codex é um programaconjunto de discussão de normasalimentares ligado à FAO. As nor-mas do Codex são geralmenteadotadas no Brasil porque sãoutilizadas como referência noMercosul e na Organização Mun-dial do Comércio (OMC), além decriar também uma padronizaçãonos rótulos dos produtos brasilei-ros. Ao adotar essas normas, oBrasil deixará seus produtos maiscompetitivos no mercado inter-nacional.

Na prática, com a nova legis-lação, um fabricante de óleo demilho, por exemplo, não pode afir-mar na embalagem que seu pro-

duto não tem colesterol, porquetodo óleo vegetal é isento decolesterol. Se ele quiser insistirnesta afirmação, deverá tam-bém divulgar que todos os óleosvegetais não possuem colesterol.As portarias também ditam asnormas para o fabricante poderafirmar que seu produto é light,diet, vitaminado, entre outros.

Atualmente, a rotulagem dealimentos é um importante meiode comunicação entre as em-presas e os consumidores, assimcomo um instrumento que per-mite às autoridades sanitáriasgarantir a qualidade do produto,inclusive podendo retirá-lo domercado ser for consideradoimpróprio para o consumo.

Os interessados pelo Manu-al de Rotulagem podem fazerseus pedidos pela Internet nosite www.mackcolor.com.br, oupelo telefone (0XX11) 6941-4499.A Embrapa Agroindústria deAlimentos também está à dispo-sição para tirar dúvidas sobre acorreta rotulagem dos produ-tos.

Texto de Elisângela Santos.

No sábado, 6 de novembrode 1999, às 4h30min, chegaramao Aeroporto Internacional deViracopos (Campinas, SP) cercade 900 avestruzes provenientesdo Estado do Arizona (EstadosUnidos). Essa remessa faz parteda maior importação de todos ostempos (2.800 aves) e que re-presenta quase 50% do plantelatual do Brasil, que está em tor-no de 6 mil. A Central do Aves-truz, empresa que há três anosatua na estrutiocultura, é res-ponsável pela importação e ob-teve autorização da Justiça deCampinas para receber os ani-mais.

As aves foram transporta-das em um avião fretado pelaCentral exclusivamente paratrazer os animais com o máximoconforto, incluindo rigoroso con-trole térmico, necessário à ma-nutenção da saúde dos avestru-zes.

Após o desembarque, os ani-mais foram levados para oquarentenário do Ministério daAgricultura de Cananéia, SP,onde passarão por examessorológicos contra as doenças de

newcastle, micoplasmas esalmonela, segundo a legislaçãosanitária vigente. Todas as 900aves já estão vendidas. Após aliberação do quarentenário deCananéia, elas seguirão para aspropriedades dos novos donos.

Os demais 1.900 avestruzesdeverão chegar ao Brasil nos pró-ximos dias e, após os testessorológicos em Cananéia, serãoencaminhados à moderna fazen-da da Central, de Rio Claro, SP,que conta com dois galpões de 2mil metros quadrados, sistemaclimatizado, controle de luz e áre-as externas para os avestruzes seexercitarem.

As importações da Central doAvestruz não param por aí. Antô-nio Paulo Sodré, sócio-diretor daCentral, esteve recentemente naEuropa negociando a próximaaquisição com a França – o novolote chega até o final do ano. Ameta da Central é importar emmédia 12 mil animais/ano.

Mais informações pelo telefo-ne (0XX11) 280-6400 ou e-mail:[email protected].

Texto da Assessoria de Comu-nicações, São Paulo.

Foto: Assessoria de Comunicações, SP

Animais importados pela Central do Avestruz

Embrapa lança Manual de RotulagemEmbrapa lança Manual de RotulagemEmbrapa lança Manual de RotulagemEmbrapa lança Manual de RotulagemEmbrapa lança Manual de Rotulagem

A Embrapa Agroindústriade Alimentos, no Rio de Janeiro,acaba de lançar o Manual deRotulagem, um guia para em-presários e consumidores que

desejam se informar sobre a novalegislação dos rótulos dos produ-tos brasileiros. O guia é especial-mente útil aos empresários daagroindústria, pois eles têm até

A flor A flor A flor A flor A flor LisianthusLisianthusLisianthusLisianthusLisianthus une beleza e une beleza e une beleza e une beleza e une beleza edurabilidadedurabilidadedurabilidadedurabilidadedurabilidade

Uma das 7 flores de corte maisvendidas no mundo já está entreas 10 mais vendidas no Brasil. Aespécie Lisianthus oferece a van-tagem de apresentar a caracterís-tica de longa duração pós-colheitae grande variedade de cores. Otipo Mariachi, da Sakata/Agroflora, tem abundância depétalas e nove tonalidades dife-rentes. Esta espécie dura no vasoaté 20 dias no inverno e 15 noverão. A ausência de perfume daflor a torna ideal para arranjos,pois não compete com o odor doambiente ou de outras flores. Suasfolhas verdes, muito intensas pró-ximo aos botões, dão um contras-te interessante a buquês e vasos.Esta flor não possui espinhos epode ser encontrada durante todoo ano nas principais floriculturasdo Brasil

Fundada em 1913 por TakeoSakata, a Sakata SeedCorporation está entre as maio-res produtoras de sementes delegumes, hortaliças e flores domundo. A matriz da empresa ficaem Yokohama, Japão. Atualmen-te conta com 26 coligadas no mun-

do. A nova sede brasileira foiinaugurada há um ano emBragança Paulista, SP. Possui,ainda, duas estações experimen-tais e escritórios espalhados porseis Estados brasileiros.

Para plantio das sementesda Lisianthus, é necessário am-biente controlado com tempera-tura entre 10 e 25 oC. A Sakata/Agroflora comercializa este pro-duto em sementes (peletizadas)ou mudas. O ciclo da cultura é de160 a 180 dias, sendo que sãonecessários 60 dias para a se-mente tornar-se muda. Por isso,se o produtor trabalhar commudas já formadas, ele tem avantagem de antecipar a colhei-ta e maior garantia na flora-ção.

Informações na Sakata/Agroflora pelo fone (011) 7844-8834, com Jorge Takizawa, ouna Internet, onde você pode co-nhecer a Lisianthus e as demaisflores da Sakata/Agroflora. En-dereço do site: www.meujardim.com.br.

Jornalista responsável:Mara Ribeiro.

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Novo pepino industrialNovo pepino industrialNovo pepino industrialNovo pepino industrialNovo pepino industrial Programa da Embrapa melhoraPrograma da Embrapa melhoraPrograma da Embrapa melhoraPrograma da Embrapa melhoraPrograma da Embrapa melhoraqualidade da carne no mercadoqualidade da carne no mercadoqualidade da carne no mercadoqualidade da carne no mercadoqualidade da carne no mercado

Produtores de pepino paraindústria têm a partir deste anouma inovadora opção de plantio.Depois de dois anos de experiên-cia e resultados nas principaisregiões produtoras, onde foiaprovado por agricultores e in-dústrias, o pepino Zaap, daPetoseed, foi lançado comercial-mente. Esta nova cultivar tem avantagem de se adequar melhora um mercado que está em cres-cente demanda de qualidade. Édotada de características que atornam mais atraente e valori-zam a sua comercialização.Exemplos disso são a uniformi-dade de formato e uma colora-ção verde-escura, brilhante emuito uniforme. Outra vanta-gem é a baixa incidência de de-feitos, que resulta em menordescarte da produção. No pontode colheita ela apresenta umarelação de comprimento/diâ-metro ideal para a indústria(3,1:1).

Para o agricultor, Zaap tema grande vantagem de ser umaplanta compacta que pode ter oseu plantio mais adensado, com

espaçamento de 0,3 a 0,4m entreplantas por 1,0 a 1,2m entre li-nhas, praticamente a metade doespaço ocupado pelas cultivaresplantadas atualmente. Apesar decompacta, a planta tem produçãosimilar às plantas com crescimen-to mais vigoroso e assim garanteuma produtividade até 50% supe-rior. Apresenta entrenós bastan-te curtos, com a vantagem de pro-duzir mais de um fruto por nó. Oque deve ser ressaltado também éa resistência do Zaap ao Vírus doMosaico do Pepino – CMV, malque costuma afetar bastante acultura.

Segundo o representante daPetoseed na região Sul, o pepinoZaap começa este ano a ser plan-tado em maior escala nos Estadosdo Rio Grande do Sul, SantaCatarina e Paraná. Esta é a regiãoque concentra a maior produçãode pepino para indústria e ondetambém se localizam várias in-dústrias de conserva.

Mais informações com aPetoseed, fone (0XX19) 278-3994.

Jornalista responsável: Ma-ria Aparecida dos Passos Ramos.

A Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária – Embrapa,vinculada ao Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento, lan-çou recentemente o “ProgramaEmbrapa de Qualidade de Car-ne”. Trata-se de um pacotetecnológico que valoriza a carnebovina de melhor qualidade, auxi-liando os produtores que se preo-cupam em abater animais jovensbem acabados (gordos). O progra-ma também beneficia consumi-dores que terão no mercado carnebovina identificada e de melhorqualidade.

Desenvolvido por especialis-tas da Embrapa Gado de Corte(Campo Grande, MS), o progra-ma mostra alternativas para me-lhorar o desempenho de seus re-banhos. É uma ferramenta im-

portante para aumentar o con-sumo de carne bovina no país,considerado baixo: cerca de 37kgper capita/ano, quando compa-rado a países como o Uruguai,que consome 62kg, a Argen-tina (61kg) e os Estados Unidos,que registram um consumoper capita de 45kg/ano. No Bra-sil, os motivos do baixo consumode carne bovina são a baixaqualidade, a falta de identifica-ção do produto e o abate de ani-mais em idade elevada, o quediminui o sabor e a maciez dacarne.

Mais informações com aEmbrapa Gado de Corte, fone(0XX67) 768-2000.

Jornalistas responsáveis:Jorge Duarte e SandraZambudio.

TTTTTomate Débora Max une sabor aomate Débora Max une sabor aomate Débora Max une sabor aomate Débora Max une sabor aomate Débora Max une sabor adurabilidadedurabilidadedurabilidadedurabilidadedurabilidade

Os supermercados, varejõese feiras livres já contam com umnovo produto para oferecer paraas donas-de-casa que têm a difíciltarefa de escolher boas frutas everduras para elaborar seus pra-tos no dia-a-dia. Os tomates “lon-ga vida” chegam para facilitar avida doméstica, bem como o tra-balho das redes atacadistas e deprodutores. O novo lançamentochama-se Débora Max. Estetomate tem formato oblongo,apresenta sabor apurado, ótimaaparência e maior durabilidade.Extremamente versátil, pode serusado tanto em saladas e molhosquanto em sucos e outrasfinalidades, dependendo dacriatividade de culinaristas egourmets.

Os tomates comuns costu-mam ser colhidos verdes, parachegarem vermelhos no consu-midor final. O tomate “longa vida”,ao contrário, pode permanecermais tempo no pé e ser colhidomaduro, dando uma sensível dife-rença no sabor do produto. Asvantagens do Débora Max sãograndes para os comerciantes porele apresentar menor perda embanca, e também para os produto-res, uma vez que oferece maiorflexibilidade na colheita. Ricos em

licopeno, os tomates são utiliza-dos na prevenção do câncer depróstata.

Líder no segmento de se-mentes de hortaliças e flores, aSakata/Agroflora, depois de terlançado o primeiro tomate longavida, chamado Débora, e umsegundo chamado Débora Plus,oferece essa nova versão. ASakata/Agroflora também tra-balha com sementes de outrashortaliças e frutas, como alface,pimentão, abóboras, cenouras,pepinos, abobrinhas e repolhos,dentre outras.

Para maiores informações edisponibilidade do tomate Dé-bora Max, contatar com os se-guintes produtores/atacadistas:Em São Paulo/Capital: CeasaBox Comercial Sudoeste, Sr.Inoshida, fone (0XX11) 832-9109; Ceagesp: Nikkey Legu-mes e Frutas, Sr. Roberto/Sandro, fones (0XX11) 832-2823/831-2393; Yoshida e Hirata, Sr.Alberto, fone (0XX11) 462-1121.Curitiba: Agrotama, Sr. Edimir,fone (0XX41) 283-4779. RioGrande do Sul: Agrimar, Sr.Fernando, fone (0XX54) 229-3322.

Jornalista responsável:Mara Ribeiro.

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Município investe na pequenaMunicípio investe na pequenaMunicípio investe na pequenaMunicípio investe na pequenaMunicípio investe na pequenaagroindústria ruralagroindústria ruralagroindústria ruralagroindústria ruralagroindústria rural

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

ma cena cada vez mais comumnuma das regiões típicas do sul

do Brasil: o consumidor chega nagôndola de um moderno supermerca-do de Blumenau, SC, e entre váriasmarcas famosas de laticínios comoNestlé, Danone, Parmalat, etc. eleacaba levando para casa um requeijãocaseiro elaborado por uma produtorarural do município de Gaspar, cidadevizinha a Blumenau. A fama dos pro-dutos da agroindústria rural de Gasparjá está extrapolando as fronteiras doVale do Itajaí. Porém, esta qualidadenão surgiu da noite para o dia. Ela éfruto de uma longa jornada que inicia

Para agregar valor àprodução, cada vez mais

pequenos agricultorescatarinenses estão

investindo naagroindustrialização

caseira. Com aassistência técnica de

órgãos públicos como aEpagri e a Prefeitura

Municipal, o setorprimário de Gaspar, SC,dá um exemplo de como

viabilizar aagropecuária.

pela vontade do pequeno produtorrural catarinense em buscar novasalternativas de renda, agregando va-lor ao seu produto, e passa pelo trei-namento e aperfeiçoamento propi-ciados pelos 54 tipos de cursosprofissionalizantes da Epagri que, aolongo dos últimos 11 anos, capacita-ram cerca de 62 mil produtores ruraiscatarinenses e até participantes deoutros Estados e países, nas maisdiversas especialidades, tais como la-ticínios, conservas, embutidos, arte-sanato rural, mecanização agrícola,educação ambiental e outros. Valeregistrar que 38% dos participantes

dos cursos são jovens rurais com até25 anos.

Venda direta aoconsumidor

O começo dos novos empreendi-mentos da agroindústria caseira apre-senta fatos interessantes. É o caso docasal Augusto e Alice de Souza, dacomunidade de Macuco, que produzconservas de ovos de codorna, iguariabastante apreciada pelos consumido-res do município e de cidades vizi-nhas. Também produzem codornarecheada, simples e ovos de codorna.

Cursos de profissionalização ensinam técnicas para melhorar a qualidadedo alimento que chega à mesa do consumidor

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

O Sr. Augusto conta que, quando foidespedido há cinco anos com maisoutros funcionários de uma indústriade fiação de Gaspar que estava emcrise, não dormia mais direito, ficounervoso e entrou em depressão. Asalvação veio da esposa, a Dona Alice,que por meio de uma conhecida con-seguiu uma fórmula natural para com-bater a depressão do marido: vitami-na de ovos de codorna todas as ma-nhãs. E depois de um mês o Sr.Augusto melhorou de vez. Não sesabe se foi psicológica a recuperaçãoou se existe algum possível remédiona fórmula, mas a verdade é que o seuAugusto melhorou mesmo. Entusias-mados, resolveram partir para a pro-dução comercial de ovos de codorna. Etambém das aves, que o casal preparacom um jeito especial e comercializacom grande sucesso na região. A co-dorna recheada, vendida em bandejasde isopor com seis unidades (R$ 5,00no atacado e R$ 6,00 no varejo), é umadas especialidades, e no recheio vaicarne bovina, sal, pimenta, cebolinha,salsinha. Também tem a codorna sim-ples, ou seja, sem o recheio (R$ 3,50 e4,50), a conserva de ovos de codorna,em vidro de 300g (R$ 2,00 e 2,50), e os

ovinhos de codorna, comercializadosem bandejas com 30 unidades (R$1,25 e 1,50). Foi tanto o êxito do casalSouza que uma grande agroindústriada região já se prontificou a prestarassistência técnica neste empreendi-mento e comprar parte da produção.Mas não pára por aí o sucesso dosSouza. A Secretaria de Agricultura deGaspar e o Escritório da Epagri localconvidaram o casal para expor suaprodução na Feira de ProdutosArtesanais e Coloniais localizada nocentro da cidade. Com isso os produ-tos do casal Souza e de outros produ-tores rurais artesanais de Gaspar tor-nam-se conhecidos dos consumidoresque compram diretamente, evitandointermediários. “Estamos resgatandoas tradições das culturas alemãs eitalianas, através dos nossos descen-dentes dos imigrantes europeus queaqui chegaram no século passado”,ressalta o médico veterinário AdilsonLuís Schmitt, atual secretário de Agri-cultura do município, e emenda: “afeira propicia uma renda adicional aosprodutores rurais, gera emprego eevita o êxodo rural, além de incenti-var o desenvolvimento local”. Aextensionista social da Epagri SôniaMaria de Medeiros, instrutora de cur-so profissionalizante, esclarece aindaque todos os produtos alimentíciosexpostos para comercialização na fei-ra são registrados junto ao Departa-mento de Vigilância Sanitária/Servi-ço de Inspeção do município e são deprodutores conhecidos, que passarampor cursos de capacitação e aperfeiço-amento. “Os produtores rurais têmrecebido os acompanhamentos e trei-namentos necessários para que, aofinal, o produto a ser adquirido peloconsumidor tenha a devida qualida-de”, aponta Sônia e relata, ainda, queGaspar já tem Lei de Vigilância Sani-tária e está aprontando a Lei de Pro-dutos de Origem Animal e Vegetal.Na Feira de Produtos Artesanais par-ticipam clubes de mães, produtoresrurais, proprietários de pequenasagroindústrias e pequenos artesãos.Com o sucesso obtido até o momentopela feira, a idéia da Secretaria deAgricultura de Gaspar e da Epagri é

ampliar o período de vendas e apro-veitar os feriados como Natal, Pás-coa, Dia das Mães, etc., divulgandoainda mais este tipo de comercia-lização.

Casal Souza: trabalho árduo nodia-a-dia, mas compensador

Prefeitura investe naagroindústria

Outro produto típico regional é oconhecido melado de cana. E ninguémmelhor para produzi-lo do que o Sr.José Lino Junkes, da comunidade deBelchior Baixo, que completa 70 anosde idade ano que vem, sendo que amaior parte de sua vida passou fabri-cando o melado e o açúcar mascavo,com técnicas aprendidas de seu pai eaperfeiçoadas por ele próprio ao longodos anos. O Sr. José é nascido em SãoPedro de Alcântara, município pertode Florianópolis para onde vieram osprimeiros imigrantes alemães, que láse mesclaram com os portugueses eaprenderam a lidar com a cana e fazeros seus derivados, isto é, o melado, oaçúcar mascavo e até o destilado, apopular cachaça. Ele explica que acana que é colhida na lavoura vem

Velha moenda ainda é equipamentoespecial para José Lino Junkes

preparar seu melado

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direto para a sua moenda, onde éesmagada e o líquido ou suco vai paraum tanque onde é posteriormentebombeado para o tacho de cobre. Notacho, o líquido fica fervendo, cozi-nhando durante cinco horas até ficarno chamado “ponto de melado”. O Sr.José Junkes também fabrica o açúcarmascavo, num forno idealizado porele e mandado fabricar especialmentenuma metalúrgica da região. E, dequebra, ele também produz um poucode cachaça, “É somente para os ami-gos e conhecidos”, revela sorrindo.

O que também impressiona nestamicroempresa é que o proprietáriofaz tudo sozinho, ou seja, ele fabrica omelado e o açúcar praticamente sema ajuda de ninguém, a não ser da suafilha, que vem dar um apoio eventual-mente. O seu Junkes também emba-la, etiqueta seus produtos e ele mes-mo vende a produção. É um verdadei-ro faz-tudo, e com praticamente 70anos.

Os técnicos que lidam nesta áreada agroindústria artesanal, ou mes-mo na agricultura em geral, sabemque boa parte dos que estão traba-lhando hoje no campo são produtoresjá com idade avançada. A juventudeprocura trabalho nas cidades, atraídapor empregos menos penosos e commais fácil e rápida remuneração. Masnem sempre isto acontece, e só osmais bem capacitados conseguem va-gas. “Por causa disso e visando gerarmais emprego em nosso município,fixando o homem no campo e evitando

Cliente é o que não falta para a farinha e o biju de Luís Zuchi (o segundoda esquerda para a direita) que vende em casa e na Feira dos Produtos

Artesanais e Coloniais de Gaspar, SC

o êxodo rural, é que a Prefeitura deGaspar entende como prioritária aquestão da agroindústria artesanal”,afirma convicto o prefeito AndreoneSantos Cordeiro, que está buscandorecursos no âmbito federal para agilizaro Fundo Municipal de Desenvolvi-mento Rural, criado em 1997 por leimunicipal, mas que até agora estavaparado. “A nossa idéia é obter cerca de200 mil reais do BNDES e mais 200mil do próprio município e distribuirpara 100 famílias, ou seja, 4 mil reais

por estabelecimento. Com isso vamosgerar emprego direto para, pelo me-nos, 400 pessoas”, fala entusiasmado.Além destes recursos, a prefeituracoloca à disposição dos produtoresequipamentos de mecanização e téc-nicos e a Epagri entra com os cursosde profissionalização para aagroindústria familiar e assistênciatécnica.

Outro pequeno empresário ruralque está se beneficiando deste apoiotécnico é o Sr. Luís Zuchi, que moraperto da cidade. Ele trabalha no velhomoinho da família que hoje está nonome da mãe, que aluga para o filho.Ali ele prepara uma farinha de man-dioca de alta qualidade, seja pela tex-tura, seja pela cor, num processo bas-tante rudimentar mas cujo resultadoé um produto que tem venda garanti-da. Aliás, conforme ele mesmo diz, amatéria-prima não tem sido suficien-te para atender aos inúmeros pedi-dos. A mandioca ele mesmo colhenuma lavoura vizinha, com a ajuda deum filho, ou compra fora. O processopara obter a farinha é o tradicionaldos moinhos: depois de descascada araiz vai para um tambor com águapara lavagem e conservação, que

A mulher sesente valori-zada por suaparticipaçãoativa naagroindústriaartesanal. OClube deMães temação funda-mental nestesetor

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evita a oxidação, o escurecimento.Daí vai para a ceva onde permanecedois ou três dias, e após passa numaprensa para escorrer a água, voltandopara a cevadeira. Nesta segunda cevao material é peneirado e misturadocom raspas e sal, em seguida levadoao forno onde é torrado. Cada hora defornada produz 20kg, aproximadamen-te, de farinha.

Além da farinha, o seu Luís produzainda o biju e o cuscuz. A farinha évendida no atacado a R$ 1,50 oquilo, enquanto o varejo cobra cercade R$ 2,00. Já o biju e o cuscuzvalem R$ 2,50 o quilo de cada um, e novarejo são comercializados entre R$3,15 e 3,25. A comercialização dosprodutos é feita tanto no próprio moi-nho quanto em pequenas vendas,supermercados, além, é claro, da Fei-ra dos Produtos Artesanais e Colo-niais.

Vale registrar que a participaçãodos Clubes de Mães na Feira tem sidode grande ajuda para a ampliação edivulgação dos produtos daagroindústria caseira. Segundo a donaCarmen Conceição Albanaz, do Clubede Mães Voluntárias do Amor e tam-bém da Apae, na comunidade de San-ta Terezinha, a presença da mulherna agroindústria rural é muito impor-tante porque ela se sente valorizada,e a venda dos produtos por elas fabri-cados reverte em uma considerávelfonte de renda para a família. Outraprodutora é a Marlene Santos Amorim,que coordena atualmente a feira na

parte da tarde e que confirma a gran-de aceitação do público pelos produtosartesanais rurais. “Este local está bemcentralizado, nossa esperança é deque a feira continue assim’’, diz Mar-lene. No local da feira estão expostose em comercialização produtos ali-mentícios como geléias, “schmiers”,conservas, licores, biscoitos diversos,além de materiais artesanais comocerâmicas, toalhas, bordados, etc. Eno período de 3 a 7 de novembropassado, os integrantes da Feira deProdutos Artesanais de Gaspar esti-veram participando da 1a Feira deIntegração dos MunicípiosCatarinenses, realizada no Centro Sul,em Florianópolis. Segundo informoua extensionista social Sônia Maria deMedeiros, houve a presença de 20produtores artesanais que se reveza-ram nos dias do evento e o faturamentomédio atingiu cerca de R$ 700,00 pordia, com preços variando de R$ 1,50 a1,70 por produto.

Outro importante aliado da peque-na agroindústria rural é o ProgramaDesenvolver, fruto de convênio entreo CNPq, a Funcitec e a PrefeituraMunicipal de Gaspar, que oferece aosprodutores, entre outros, assistênciatécnica de engenheiros contratadospara desenvolver projetos e oferecetreinamentos que visam orientar osmicroempresários em questões dehigiene nos processos de manuseiodos produtos artesanais. Orientandoe trazendo competitividade, o Progra-ma facilita o crescimento das peque-

nas agroindústrias. Até o momentoforam elaborados nove projetos deedificações – modelo de agroindústria.Um destes está já em fase final deconstrução na comunidade deGasparinho Quadro e trata-se de umaunidade de defumados e embutidos,cujo proprietário é o Sr. NivaldoFerreira. Ele participou de curso paramanipuladores pelo Programa Desen-volver e o seu estabelecimento vaiproduzir embutidos como lingüiça, lin-güiça mista, costelinha de porco,bacon, e lingüiça calabresa. A cons-trução, com área de 45m2, foi todabancada com recursos próprios e teráinspeção estadual, o que permitirá aoempresário comercializar seus pro-dutos além das fronteiras do municí-pio.

Agregando valor ao produto

Mas nem só de embutidos,conservas e melado vive o município.A região de Gaspar, localizada no MédioVale do Itajaí, também é grandeprodutora de pescado de água doce, ea Epagri, as prefeituras da região,bem como as associações depiscicultores têm organizado cursosde aperfeiçoamento para aprimorar aqualidade do peixe processado.Segundo informa o engenheiroagrônomo Paulo Fernando Warmling,extensionista da Epagri do municípiode Ascurra, no ano de 1998 foramrealizados 16 cursos na área depiscicultura na região com o apoio dasprefeituras de Gaspar e Pomerode eajuda financeira do Sine/Fapeu. Cercade 300 agricultores/piscicultores seinscreveram nos cursos deprocessamento e transformação dopescado, demonstrando uma moti-vação crescente dos produtores poresta atividade agregadora de valor.Além das duas cidades, os cursos foramrealizados também nos municípios deBrusque, Botuverá, Guabiruba,Blumenau, Indaial, Luís Alves, Ilhota,Ascurra e Rodeio, com carga horáriade 36 horas, durante 4 dias, totalizando576 horas-aula nos 16 eventos. Oscursos são de 2 tipos: um para aprodução de pescado, denominado dePiscicultura Geral, que é direcionado

Nova unidadede defumadose embutidosestá sendoconstruída,fruto dosesforços doProgramaDesenvolver #

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para a produção técnica do pescado, eo principal objetivo foi o de mostrar aspossibilidades de aumento de produçãode peixe por área; o outro, chamadode Conservação e Transformação dePescado, é direcionado para o públicoque tenha melhores condições deagregar valor e também de colocarestes produtos a venda, principalmenteproprietários de pesque-pagues, quepodem vender diretamente em suaspropriedades. Entre os assuntos docurso de transformação destacam-se:higiene das instalações e dosarredores, higiene na manipulaçãodos alimentos, limpeza e evisceraçãodo pescado, filetagem, “fishburger”,congelamento e vitrificação, técnicada defumação, salmoura paradefumação, preparo de homopps(envase), etc. Os produtores rurais,além das técnicas de processamentodo pescado, aprenderam a preparardiversos pratos, como caldo de peixe,pastelão de peixe, filé de peixe a dorêe outros, visando diversificar aculinária a ser oferecidaprincipalmente aos clientes dospesque-pagues existentes em Gaspare região.

Paulo Warmeling destaca que, natransformação de pescado, o produ-tor, em vez de vender o peixe innatura por R$ 1,30 no atacado, conse-gue agregar mais valor e chega areceber R$ 10,00 por quilo no atacado,no caso do peixe defumado. “A produ-ção in natura já é grande no mercado,

por isso começa a sobrar peixe, entãoa solução é adicionar valor ao pescado,além de atingir novos mercados”, ex-plica o técnico. Ele também enfatizaque nos cursos é passada a idéia dacooperação, do associativismo. Istoune os produtores fazendo com que seorganizem melhor e busquem solu-ções conjuntas, beneficiando todos.Tanto isto é verdade que, após oscursos, novas associações foram cria-das, além de associações já existentestomarem novo impulso, relata Paulo.Inclusive no caso da Associação deAqüicultores de Gaspar (Aquipar), osassociados já pensam em montar umabatedouro em grupo, onde cada asso-ciado leva seus peixes, abate e, atra-vés da Inspeção Estadual, recebe oselo do SIE, além do selo da Associa-ção Municipal, e sai com um produtode alta qualidade direto para o merca-do.

Todo esse esforço tem sido possí-vel porque existe boa integração, nãosó entre os agricultores/piscicultores,mas também entre os órgãos públi-cos, isto é, as prefeituras, a Epagri e aCidasc. O entusiasmo dos produtorese técnicos é visível, a piscicultura,bem como a agroindústria artesanaltêm se desenvolvido sobremaneiranesta região denominada de o “ValeEuropeu”, com respeito ao meio am-biente, melhorando a qualidade devida do agricultor e produzindo ali-mentos de alto valor biológico para oconsumidor catarinense.

Peixegrelhado,uma dasreceitas queos produtoresdo MédioVale do Itajaíaprendem noCurso deProfissiona-lização

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Geração e difusão deGeração e difusão deGeração e difusão deGeração e difusão deGeração e difusão detecnologias emtecnologias emtecnologias emtecnologias emtecnologias em

piscicultura de águapiscicultura de águapiscicultura de águapiscicultura de águapiscicultura de águadocedocedocedocedoce

Entre os vários sistemas deprodução de peixes utilizados noEstado, o orgânico ou natural é opredominante. Esse sistema utilizasubprodutos agrícolas que sãoaportados no viveiro com a finalidadede estimular a cadeia alimentar. Osdejetos de suínos constituem-se nossubprodutos de uso preferencial.

O conhecimento insuficiente sobrea atividade e a inadequação da legisla-ção ambiental, principalmente no quese refere à piscicultura orgânica, têmgerado polêmica entre setor produtivo,órgãos de controle ambiental e entida-des governamentais. Assim sendo, aEpagri está desenvolvendo uma sériede pesquisas para avaliar o impactoambiental dos diferentes sistemas deprodução adotados pelos piscicultorescatarinenses. Estão sendo desenvolvi-das ações, com experimentos, nas re-giões de Camboriú e Concórdia, alémde avaliações em propriedades agríco-las nas microrregiões de Aurora,Trombudo Central, Agrolândia,Caxambu do Sul e Saudades.

Os principais parceiros nesse proje-to são a Escola Agrotécnica Federal deConcórdia, os laboratórios do Senai deChapecó e de Blumenau, a EmbrapaMeio Ambiente, de Jaguariúna, e o De-partamento de Tecnologia de Alimen-tos do Centro de Ciências Agrárias daUniversidade Federal de SantaCatarina, em Florianópolis.

Estão sendo avaliadas a qualidadedos efluentes e sua quantidade, bemcomo a qualidade do pescado produzi-do nos diferentes sistemas. Além dasações de pesquisa, a Epagri está atu-ando diretamente na divulgação dalegislação ambiental vigente, princi-palmente nos aspectos relacionados àpiscicultura. Nesse processo são par-ceiras a Secretaria de Estado do De-senvolvimento Urbano e Meio Ambien-te – SDM, Fundação do Meio Ambiente– Fatma e as Associações Regionais eMunicipais de Aqüicultores. O financi-amento destas atividades vem sendofeito pelo Programa Nacional de Forta-lecimento da Agricultura Familiar –Pronaf e pelo Projeto Microbacias.

PESQUISA EMANDAMENTO

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Santa Catarina inicia combate à cisticercoseSanta Catarina inicia combate à cisticercoseSanta Catarina inicia combate à cisticercoseSanta Catarina inicia combate à cisticercoseSanta Catarina inicia combate à cisticercose

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

ores de cabeça constantes, ton-turas, vômitos, convulsões e até

a morte podem ser causados pelacisticercose, doença causada pelas lar-vas do verme popularmente conheci-do como solitária. É um mal antigo,conhecido antes de Cristo, e que ago-ra, no limiar do Terceiro Milênio,volta a preocupar autoridades e popu-lação em geral. Para se ter uma idéiada gravidade, até os Estados Unidos,

que pensava ter controlado a doença,já está com seus serviços de vigilânciasanitária de prontidão. Igualmente aArgentina, que possui uma pecuáriaconsiderada um dos modelos na Amé-rica Latina em termos de sanidade,também está preocupada com o res-surgimento da cisticercose. Em SantaCatarina, as Secretarias de Desenvol-vimento Rural e da Agricultura, daSaúde e da Educação estão desenvol-

vendo um projeto amplo de combate àdoença. Para discutir este assunto,estiveram reunidos em Florianópolis,no dia 8 de novembro, além dos técni-cos das três pastas, os do CentroAgroveterinário da Udesc, os de fun-dações educacionais, os da FundaçãoNacional de Saúde e os da PromotoriaPública do Estado, que contaram ain-da com a presença e o apoio da Asso-ciação das Donas de Casa e do Comitê

Técnico do Serviço de Inspeção Estadual – SIE fiscaliza carcaças bovinas.A cisticercose aparece mais nas carnes bovinas não inspecionadas,

oriundas de matadouros clandestinos

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de Defesa do Consumidor Organizado- Deconor.

Como ocorre a doença

A cisticercose é uma doença causa-da pela larva do verme intestinal co-nhecido popularmente como solitáriaou tênia. Ela forma os cisticercos (pi-poca) quando as larvas estão localiza-das nos músculos, no coração, no pul-mão, nos olhos, nos ouvidos e nocérebro e até na medula espinhal. Atênia, cujo nome científico é Taeniasolium (existem outras espécies), éum verme achatado que parasita ointestino das pessoas, fixando-se nes-te órgão por ganchos, onde formapequenas partes, os proglotes. Nestafase, a doença é chamada de teníase,pois o verme vive dentro do aparelhodigestivo humano. Quando o vermefica adulto, estas pequenas partes sesoltam e saem com as fezes. Cadaparte dessas é também chamada deanel e pode conter de 40 mil até 80 milovos de tênia. Estes anéis podem saircom as fezes; no entanto, muitos anéis

se rompem no intestino delgado,saindo já os ovos com as fezes, epermanecem vivos por até 300 dias,conforme o meio (temperatura, umi-dade, etc.). A Taenia solium pode atin-gir até 10m de comprimento e viveraté oito anos ou mais no intestino doser humano.

Quando os porcos entram em con-tato com fezes de pessoas que têmsolitária, ou quando os bovinos pas-tam num campo próximo a essasfezes, comem junto os ovos da soli-tária. Dos ovos, nos intestinos dosporcos e dos bovinos, nascem as lar-vas que, por serem muito pequenas,vão para o sangue e através dele seespalham pelo corpo dos animais,indo parar no cérebro, no coração,na língua, na carne e em outrosórgãos, formando a “pipoca”, tambémchamada de cisticerco. As pessoas seinfectam com a solitária ou têniaquando comem carnes, lingüiças eoutros produtos feitos com carne deporco e de boi contendo os cisticercos(“pipoca”). Outra maneira de secontaminar é a seguinte: as fezes

humanas, contendo ovos de tênia,quando defecadas ao ar livre, liberamos ovos, bastante pequenos e leves,que são levados pelo vento contami-nando as águas de rios e fontes, asverduras e o pasto. Quando tanto oser humano quanto os animais (suí-nos e bovinos) comem esses alimen-tos, ou bebem a água contaminadacom ovos de tênia, desenvolvem acisticercose.

Contaminação é crescente

Enquanto os vermes estão no apa-relho digestivo é possível combatê-losmais facilmente com medicamentos,porém, quando se alojam no sistemanervoso central, a cisticercose torna--se doença grave e de combate maisdifícil. Para se ter uma idéia, a inci-dência de pacientes portadores do malvem aumentando progressivamenteem todo o mundo. Há quinze anos erararo nos Estados Unidos, hoje é aparasitose do sistema nervoso maisfreqüente, tanto em crianças quantoem adultos no mundo todo. EmCuritiba, o médico e especialista dr.Affonso Antoniuk vem estudando adoença já há alguns anos. No setorde neurocirurgia do Hospital de Clí-nicas da Universidade Federal doParaná, onde trabalha, cerca de 15%dos leitos estão continuamente ocu-pados por pacientes portadores deneurocisticercose. Entre 10 interven-ções neurocirúrgicas aí realizadas, 3são devidas a neurocisticercose. Ob-servando 350 pacientes portadores decrises convulsivas (ataques epiléticos)com tomografia computadorizada docérebro, o dr. Antoniuk encontrou152 com tomografia anormal, e des-tes, 33% eram portadores deneurocisticercose.

Em Santa Catarina a situação nãoé muito diferente, conforme relata omédico veterinário Adelino Renún-cio, diretor de Vigilância, Defesa eFiscalização da Secretaria do Desen-volvimento Rural e da Agricultura.Ele revela que em algumas regiões acisticercose em suínos tem avançadoalém da expectativa, o que tem dei-xado técnicos e autoridades preo-cupados. Adelino esclarece também

Bovinos e suínos se contaminam ao ingerir alimentos e água comos ovos das tênias expelidos pelo homem

Carne com cisticercos

Tênia

Fezes com ovos

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

plexo patológico assume nos temposatuais.

Que medidas tomar

Uma das idéias dos participantesdo encontro em Florianópolis é divul-gar o mais amplamente possível àpopulação catarinense informes, fo-lhetos, inclusive programas de rádio etelevisão, e artigos e notas em jornaise revistas sobre o problema dacisticercose e quais medidas podemser tomadas. Já existem tratamentospreventivos importantes que a popu-lação pode seguir. Por exemplo, aEmbrapa Suínos e Aves, com sede emConcórdia, SC, e a Epagri já lançaramhá algum tempo folders com informa-ções sobre a doença. Uma síntese dasrecomendações para prevenir acisticercose é exposta a seguir:

• Usar somente a privada comfossa séptica (não defecar ao ar livre);

• Não usar fezes humanas paraadubar a horta, nem utilizar águacontaminada com fezes humanas ouesgoto para irrigação;

• Usar somente água fervida, fil-trada ou tratada para o consumo oulimpeza de alimentos e utensílios;

• Lavar as mãos antes das refei-ções, antes de manipular alimentos esempre após o uso do sanitário;

• Lavar bem as frutas e verdurasantes do consumo;

• Fazer exame periódico de fezes edesverminar as pessoas com teníase;

• Comer carnes, lingüiças e outrosprodutos apenas se estiverem bemfritos, bem cozidos ou assados. O idealé só adquirir carnes ou produtos quetenham o carimbo da inspeção sanitá-ria.

Quando a cisticercose já está insta-lada em órgãos como o cérebro, amedula espinhal, etc., o tratamento écaro e especializado. Inclusive, emmuitos casos, é necessário cirurgiapara extrair os cisticercos. Portanto,o ideal é evitar a solitária e expulsá-laatravés de remédios específicos. Al-guns Estados, como o Paraná, já estãodistribuindo estes medicamentos àpopulação, sendo um tratamento bas-tante eficaz e barato. Além disso, suatolerância é bastante satisfatória, semcausar maiores efeitos colaterais.

que de um total de 105.826 bovinosabatidos no Estado no período de1994-96, cerca de 3,36% (3.558) foramcondenados por apresentarem con-taminação por cisticercose. No âm-bito estadual, ele aponta que a criaçãode suínos está cada vez mais voltada àexportação, sendo a maioria dos ani-mais criados dentro do sistema de

confinamento, em instalações hi-giênicas e rações peletizadas que pas-sam por temperaturas de 90oC noprocesso de fabricação, longe de fezeshumanas. Portanto, diz o médico ve-terinário, a percentagem total de con-taminação hoje é menor nos suínos doque em bovinos. Estes, por sua vez,com o processo crescente de divisãode propriedades, são criados muitomais próximos do homem, aumentan-do assim as probabilidades de conta-minação.

Adiciona-se a estes fatos a reali-dade de que no meio rural são poucasas propriedades que possuem trata-mento do esgoto doméstico, e não émuito diferente no meio urbano,principalmente nas periferias das ci-dades. Estudos mostram que um por-tador de tênia no meio rural tem aprobabilidade de infectar 10 a 16 pes-soas, enquanto o que reside no meiourbano eleva este número para maisde 300 pessoas. Vale mencionar quemuitos destes habitantes urbanos defavelas são provenientes do campo,com boas chances de já estareminfectados, e considerando o longoperíodo de sobrevivência da Taeniasolium no intestino do homem e agrande quantidade de ovos quelibera diariamente, pode-se fazeruma idéia do potencial que esse com-

Cérebro humano comneurocisticercose

Médico veterinário inspeciona órgão para identificação de cisticercoseo

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

Desenvolvimento rural sustentável:Desenvolvimento rural sustentável:Desenvolvimento rural sustentável:Desenvolvimento rural sustentável:Desenvolvimento rural sustentável:Uma oportunidade de construçãoUma oportunidade de construçãoUma oportunidade de construçãoUma oportunidade de construçãoUma oportunidade de construção

social participativasocial participativasocial participativasocial participativasocial participativa

Sergio Leite Guimarães Pinheiro

ste texto analisa uma metáforaatualmente bastante popular,

resultante da junção do substantivodesenvolvimento com o adjetivo sus-tentável. Apesar de usada nas maisdiversas situações e áreas de conheci-mento, a interpretação do significadodesta expressão está longe de serconsensual. Por isso é importante emqualquer reflexão sobre o assunto es-clarecer o que se entende de cada umadestas palavras, o que é realizado nasduas primeiras seções deste artigo.

Na parte final, a questão dasustentabilidade social sob a óticaconstrutivista é evidenciada. Estaperspectiva amplia as oportunidadesde aprendizado e as escolhas sociais,valoriza a diversidade (de culturas,idéias e objetivos) e a prática da cida-dania, cooperação e solidariedade. Emsíntese, enfatiza a participação e aresponsabilidade de todos os atoresinteressados na construção do bem--estar das gerações atuais e futuras.

Desenvolvimento emudança

Desenvolvimento pode ser enten-dido de diversas maneiras. Neste tex-to, interpreta-se este conceito comouma visão de futuro na qual umasociedade estabelece suas esperançase seus projetos. Esta percepção refle-te uma expectativa de vida, uma pro-posta de mudança. Em algumas si-tuações, esta “mudança” pode até re-sultar em uma decisão de não mudar.Logo, em última análise, todas associedades se “desenvolvem” de umaforma ou de outra.

Na prática, entretanto, desenvol-

vimento pressupõe uma situação in-desejável como justificativa para umamodificação que em princípio deve serfavorável. Desta forma, o processo demudança deixa de ser neutro e passaa ter uma direção: do insatisfatório ouruim para o desejável e melhor. Otermo desenvolvimento assume as-sim uma característica positiva, umpré-julgamento favorável: Desenvol-ver significa mudar na direção domais e do melhor, numa analogia aodesenvolvimento dos organismos bio-lógicos, que crescem até atingir amaturidade. Isto levanta duas ques-tões fundamentais:

• O que significa mudar para me-lhor?

• Ainda mais importante, quemdefine?

O problema é que a resposta àprimeira questão tem adquirido umaconotação universal, ou seja, um mo-delo idêntico e linear, que se propagaem detrimento de todas as diferençasambientais, sócio-culturais e políticasque variam conforme cada sociedade.A exemplo do crescimento dos orga-nismos biológicos, que repetem umdesenvolvimento predeterminado ge-neticamente, esta perspectiva sugereum retorno cíclico ao passado, e nãoa construção inédita de um futuro. Aoinvés das diversidades e originalida-des se exprimirem e se fortificarem,prevalecem as características unifor-mes de certos regimes e culturas. Amudança do atrasado na direção domoderno e do avançado é a únicapossível e desejável. Aspectos como adiversidade e a diferenciação são con-siderados empecilhos marginais ouaté mesmo irracionais.

Como e quem tem feito estaescolha

Em relação à segunda questão, naprática, as ações de desenvolvimentotêm sido em geral decididas e contro-ladas por um grupo socialmente res-trito, seja pelos responsáveis pelasdecisões de Estado (sobretudo os go-vernos dos países industrializados doPrimeiro Mundo), seja pelos que con-trolam as forças de mercado (ex.: gran-des oligopólios empresariais multina-cionais). Contudo, apesar de um apa-rente consenso sobre o que significa“mudar para melhor”, as interven-ções econômicas e políticas realizadaspara estimular o desenvolvimento(tanto pelo setor privado quanto pelogovernamental), assim como omonitoramento e a avaliação desteprocesso, têm obedecido lógica e obje-tivos diferentes nas últimas décadas.

Em um primeiro momento (do fimda Segunda Guerra até meados dosanos 60), as modernas sociedades oci-dentais associaram a perspectiva dedesenvolvimento ao conceito de cres-cimento econômico. Desenvolvimen-to e crescimento se tornaram quaseque sinônimos, e o indicador escolhi-do para avaliar estes fenômenos foi oProduto Interno Bruto – PIB. Destaforma, a maior parte dos programasde governo tem procurado estimularo crescimento econômico, na expecta-tiva de que isto levará ao desenvolvi-mento, ao progresso, a mais empre-gos, ao aumento do consumo de bensmateriais, à maior modernização etecnologia. Todos valores tangíveis,quantificáveis e acima de tudo desejá-veis para toda a sociedade – tanto que

E

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

a ausência destes é geralmente vistacomo um sintoma de problema.

Em um segundo momento (déca-das de 70 e 80), cresceu a percepção deque o simples crescimento econômiconão resolvia todos os problemas soci-ais, e em muitos casos (sobretudo nospaíses do chamado Terceiro Mundo)até estava contribuindo para ampliaras desigualdades. Desta forma incor-porou-se à idéia de desenvolvimentoalgumas necessidades básicas das pes-soas, como saúde e educação. Isto deuorigem, no final dos anos 80, ao Índicede Desenvolvimento Humano - IDH,uma medida composta por três variá-veis: PIB real per capita , esperança devida e nível educacional (alfabetiza-ção de adultos e escolaridade conjun-ta dos ensinos primário, secundário esuperior).

Em um período mais recente (par-ticularmente desde meados dos anos80), ênfase tem sido dada para à pre-servação ambiental. Esta preocupa-ção surgiu a partir da percepção deque o crescimento econômico e o con-seqüente aumento dos parâmetros deconsumo estabelecidos pelos paísesindustrializados do Primeiro Mundotêm causado uma pressão cada vezmaior na exploração dos recursosnaturais.

Historicamente a atividade econô-mica tem levado à degradaçãoambiental. Como muitos recursosnaturais (ex.: ar, água de rios e lagose extração de madeira nativa) sãolivres de custo (isto é, não têm customonetário expresso pelo mercado), amaioria dos seres humanos (seja deforma individual ou coletiva) tem pro-curado usá-los no sentido demaximizar sua satisfação (principal-mente financeira) no curto prazo.Neste processo, a partir da revoluçãoindustrial, a velocidade de produçãode dejetos das sociedades ocidentais,o avanço da urbanização e a forçapoluidora das atividades bélicas e in-dustriais começaram a superar emmuito a capacidade regenerativa dosecossistemas e a reciclagem dos re-cursos naturais renováveis, além decolocar em níveis de exaustão os re-cursos não-renováveis.

Há o argumento de que apreocupação com o meio ambiente

não deve ser colocada como uma visãoidílica de retorno ao primitivismo,mas sim ao restabelecimento de umequilíbrio na utilização dos recursosnaturais e ecossistemas que permitaa sobrevivência e a reprodução dasespécies no planeta. Nesta perspec-tiva, parece clara a irreversibilidadedo desenvolvimento econômico, conse-qüência do crescimento populacionale do desenvolvimento social, e porisso é praticamente impossívelproteger o meio ambiente em umsenso absoluto (ou seja, interferêncianula).

Esta percepção tem alimentado umsentimento cético e ilusório em rela-ção ao desenvolvimento. O argumen-to é ser impossível generalizar ospadrões de vida característicos do Pri-meiro Mundo para o resto do planeta,pois a conseqüente pressão sobre osrecursos naturais geraria um custoambiental de tal forma elevado quelevaria toda a civilização ao colapso.Em uma importante conferência in-ternacional sobre meio ambiente rea-lizada em Haya, Holanda, em 1994, osparticipantes concluíram que os paí-ses ricos representam cerca de 20% dapopulação mundial e atualmente con-somem cerca de 80% da energia dispo-nível, 75% dos metais, 85% das ma-deiras e 65% dos alimentos. Se ospaíses pobres pudessem alcançar es-ses mesmos níveis de consumo, te-ríamos forçosamente que aumentarpelo menos 10 vezes a atual disponibi-lidade de combustíveis fósseis e emmais de 200 vezes a disponibilidade deminerais.

Estas conclusões sugerem que amanutenção dos padrões de consumodos países ricos vai depender aindapor muito tempo – e talvez para sem-pre – da manutenção da pobreza nasnações do Terceiro Mundo, uma vezque é difícil encontrar qualquer paísrico com sincera aspiração de se tor-nar pobre e diminuir seus padrões deconsumo.

A idéia de sustentabilidade

Dentro desta perspectiva se solidi-fica no final dos anos 80 a idéia dedesenvolvimento sustentável, consa-grada internacionalmente na Confe-

rência Rio-92. Esta expressão passoua se tornar mais amplamente conhe-cida em 1987 com a publicação do livro“Our common future” (Nosso futurocomum), elaborado por uma comissãointernacional coordenada pela dra.Gro Harlem Brundtland (então pri-meira ministra da Noruega) e por issotambém conhecido como “RelatórioBrundtland”. Contudo, apesar de ha-ver um aparente consenso sobre aimportância do desenvolvimento sus-tentável, este conceito é polêmico epermite diversas definições.

Na literatura relacionada ao meiorural, Hansen (1), por exemplo, desta-ca duas grandes interpretações:

• Sustentabilidade entendida comouma abordagem ou filosofia para mo-tivar mudanças e, através de algunsprincípios básicos, subsidiar a cons-trução de sistemas agropecuários;

• Sustentabilidade caracterizadacomo uma propriedade da agricul-tura, entendida tanto como a habili-dade de satisfazer determinados obje-tivos quanto como a capacidade dossistemas continuarem através do tem-po.

Na maioria dos dicionários, susten-tabilidade assume uma dimensão tem-poral e significa a habilidade de conti-nuar em existência, se manter ouprolongar-se.

Em outro estudo, Pretty (2) iden-tificou cerca de 70 definições sobresustentabilidade, algumas delas to-talmente contraditórias. Entre elas,uma das mais consensualmente acei-tas pode ser definida como “o usoracional de recursos naturais para aprodução de alimentos, energia e bem--estar social para as gerações presen-tes, sem arriscá-los para as geraçõesfuturas”.

Usualmente, quando se fala desustentabilidade, a maior preocupa-ção é manter uma determinada pro-dutividade procurando conservar namedida do possível os recursos na-turais como solo, água e florestas.Altieri (3), por exemplo, em sua pro-posta agroecológica, argumenta que“os princípios básicos de um Agroe-cossistema sustentável são a conser-vação dos recursos renováveis, a adap-tação do cultivo ao meio ambiente e amanutenção de um moderado mas#

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

sustentável nível de produtividade” .Para complicar esta enorme e às

vezes confusa variedade de percep-ções sobre o tão aclamado desenvolvi-mento sustentável, Conway (4) desta-ca que produtividade, estabilidade,eqüidade e sustentabilidade são pro-priedades mutuamente inconsisten-tes, requerendo invariavelmente tro-cas e escolhas entre elas. Desta for-ma, a sustentabilidade de uns podeameaçar a estabilidade (ou até signifi-car a exclusão) de outros, pois, em setratando de natureza, não existemrefeições grátis – alguém de algumaforma sempre acaba pagando a conta.Por isto, desenvolvimento sustentá-vel não significa apenas cada um pro-curar se sustentar de qualquer ma-neira, mas também, eventualmente,ceder a mudanças e aceitá-las.

A perspectiva da sustentabilidadecentrada nos seres humanos, maisvoltada para a diminuição das desi-gualdades sociais (a miséria, a fome,a discriminação e a violência, porexemplo), é ainda pouco debatida. Al-gumas nações do Terceiro Mundo têmencarado com cautela a ênfase naglobalização do conceito de desenvol-vimento sustentável por parte dospaíses ricos e as ofertas de assistênciatécnica para colocá-lo em prática.Existe a crítica de que é no mínimoestranho que os países do PrimeiroMundo estejam fazendo hoje tantoesforço para evitar que os países doTerceiro Mundo utilizem os mesmosmétodos que os países desenvolvidosusaram para se tornarem ricos.

Neste texto, o objetivo específicoda sustentabilidade é entendido comoo uso dos recursos ambientais visandoproporcionar aos seres humanos umpadrão de vida que lhes permitamviver com conforto e dignidade a curto,médio e longo prazo. Portanto,nenhum movimento em defesa dosrecursos ambientais tem sentido sesua meta principal não for a de ajudara própria vida humana, especialmenteas pessoas do Terceiro Mundo, queainda morrem prematuramente emconseqüência da fome e da miséria.

Desta forma, a proposta geral dasustentabilidade é decidir que níveisde degradação ambiental poderiamser socialmente aceitáveis para as

gerações atuais, assegurando apossibilidade de desenvolvimento paraas gerações futuras. Um dos aspectosque este artigo procura ressaltar éque o mais importante é esta decisãoser construída de forma participativa,democrática e transparente, envol-vendo todos os atores interessados, aoinvés de ser responsabilidade apenasde um seleto grupo de “ricos” e“poderosos”.

Agricultura familiar,meio ambiente edesenvolvimento local

O pensamento cartesiano, discipli-nar e reducionista que tem sustenta-do o desenvolvimento da ciência etecnologia tradicional, de acordo comD´Agostini (5), pressupõe que os pro-blemas estão “fora” dos seres huma-nos. É comum as pessoas dizerem“aquela curva é perigosa” ou “este solotem erodibilidade alta”, como se oproblema fosse específico da curva oudo solo. Entretanto, os problemas sãogeralmente conseqüências dainteração entre os seres humanos e oambiente. Ou seja, basta dirigir cau-telosamente ou adotar um tipo demanejo menos favorável à erosão queos problemas da curva “perigosa” e dosolo com “erodibilidade alta” desapa-recem.

Portanto, antes de ser uma pro-priedade econômica ou técnica, asustentabilidade é uma característicado ser humano, decorrente da relaçãodeste com o meio ambiente. A maioriados seres humanos, particularmenteos agricultores familiares, não só fa-zem parte do meio ambiente, comointeragem e interferem intensamen-te no mesmo, sobretudo porque sãoresponsáveis pela organização e pelomanejo de agroecossistemas comple-xos e diversificados.

Veiga (6) observa que é importanteentender a agricultura (e o espaçorural) como uma das principais liga-ções entre a sociedade e a natureza.Segundo este autor, desenvolvimentorural é um fenômeno intrinsicamentelocal e regional, e em muitos casos,como por exemplo em Santa Catarina,passa pela consolidação da agricultu-ra familiar. As vantagens so-

cioambientais da agricultura familiarsão bem superiores à aparente efici-ência alocativa da agricultura empre-sarial. Enquanto a primeira envolveuma maior diversidade (ex.: deagroecossistemas), flexibilidade nasdecisões, uma relação mais harmôni-ca com o meio ambiente e um perfilessencialmente distributivo, a segun-da emprega cada vez menos pessoas egera, conseqüentemente, cada vezmais concentração de renda e exclu-são social.

Um projeto de desenvolvimentorural sustentável só pode ser, portan-to, um projeto de investimento emcapital social, isto é, nas pessoas, jus-tamente a dimensão do processo maisesquecida pela tecnocracia. Não poracaso esta percepção pode ser encon-trada nos resultados da quarta confe-rência anual do Banco Mundial sobredesenvolvimento ambientalmentesustentável, que mostram estar emcurso uma profunda revisão das pos-turas anteriores das organizações in-ternacionais. A nova visão privilegiaas ações de desenvolvimento ruralexecutadas com forte envolvimentolocal dos protagonistas. Aprendendocom seus próprios erros, parece queo Banco Mundial reconhece agora anecessidade de planejar e executarseus projetos de forma flexível, des-centralizada e participativa, valori-zando sobretudo o desenvolvimentohumano.

Dentro desta perspectiva, Schmidt(7) critica o determinismo que envol-ve as propostas de desenvolvimentosugeridas atualmente pela maioriados economistas, cujas análises nosconduzem a evocados fatalismos, ouseja, que as coisas são inevitáveis eirreversíveis, só existindo um cami-nho possível. Para ele, é preciso resis-tir à globalização e ao discursotecnocrático que corrompe a noção desustentabilidade e se apropria da no-ção de meio ambiente, sendo necessá-rio definir projetos que contribuampara a construção de racionalidadesculturais locais. A consideração dediferentes alternativas de desenvolvi-mento significa a aceitação da diversi-dade (social, produtiva, cultural e po-lítica) e a oportunidade de garantirsustentabilidade e segurança não só a

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

curto mas também a médio e longoprazo.

Sustentabilidade: umaoportunidade deconstrução socialparticipativa

A questão ambiental não deve serentendida apenas como fruto de um“policiamento verde”, mas sim comouma reflexão social bem mais ampla.Sustentabilidade pressupõe a possibi-lidade das pessoas ampliarem suasescolhas na construção da sua quali-dade de vida, deixando de serem me-ros espectadores para serem os ato-res principais. Uma das estratégiaspara facilitar este processo e estimu-lar a participação conjunta de diver-sos atores interessados em construirseu próprio desenvolvimento tem sidoproposta por Chamala (8), através deseu modelo de Manejo de AçãoParticipativa (em inglês, conhecidocomo Participatory Action Model ouPAM).

Segundo Chamala (8), PAM é ummodelo convergente pelo qual umgrupo de atores interessados (chama-dos “stakeholders”), membros de umaou mais comunidade(s), trabalhamjuntos para o desenvolvimento sus-tentável. Para o autor, em geral osdiversos atores têm trabalhado deforma paralela e muitas vezes diver-gente em relação às ações de desen-volvimento direcionadas a um mes-mo público. Neste processo, ilustradona Figura 1, os resultados têm feitopouca diferença.

A proposta do modelo PAM é faci-litar a convergência das ações de de-senvolvimento, conforme ilustrado naFigura 2. A sua filosofia engloba osseguintes princípios: abordagemsistêmica e construtivista, inclusão(participação dos atores), convergên-cia seguida de divergência orientadade ações, estruturas de fortalecimen-to e descentralização de poder entreos diversos atores (aspecto central domodelo), respeito aos direitos e res-ponsabilidades individuais numa de-mocracia, organização de redes decomunicação e troca de informações,estímulo para o aprendizado experi-mental e capacitação em geren-

Agroindústrias Instituições governamentais Ong’s

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Figura 2 – Modelo de ação participativa para o desenvolvimento sustentável

(Chamala, 1995, p.9)

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Agroindústrias

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Instituiçõeseducacionais

Ong’s,associações,igrejas, etc.

Bancos

Divergência de açõesorientada pelas

lideranças de grupo

Grupo-tarefaMonitoramento e

avaliação

Grupo-tarefaMobilizaçãode recursos

Grupo-tarefaEducacional

Grupo-tarefaEstudo de

factibilidade

Grupo-tarefaPesquisa-

-ação

Energia gerada porconvergência

Mídia

Instituiçõesgovernamentais

Produtoresrurais

Lente de desenvolvimento grupal

Mesmo público (ex.: produtor familiar rural)

Figura 1 – Ações paralelas de desenvolvimento direcionadas por diversosatores ao mesmo público

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

ciamento grupal.Convidar diferentes atores para

planejar juntos ações de desenvolvi-mento não é nenhuma novidade. Estaestratégia tem sido utilizada em vári-as situações, embora a maioria semsucesso, devido, sobretudo, a existên-cia e emergência de conflitos internosaparentemente incontornáveis. Emgeral, quando as pessoas sentam namesma mesa é com o objetivo deguerra (defender ou atacar num deba-te, ganhar ou perder uma discussão) econtrole (persuasão, imposição, influ-ência, convencimento).

O que este artigo procura evidenci-ar é que, para facilitar o reconheci-mento e a harmonização de interes-ses individuais e coletivos em prol deuma causa comum, é necessária umaabordagem diferente. Esta deve ofe-recer uma forma de comunicação eeducação dialética e uma perspectivaalternativa em termos de conheci-mento, participação e poder para osdiversos atores envolvidos.

A necessidade de umnovo paradigma dedesenvolvimento

Para alguns autores (5), o discursoda sustentabilidade tem sido vazio,repetitivo e manipulado pela classedominante. Como mudanças mais pro-fundas em geral não interessam aeste segmento social, nada mais con-veniente do que achar uma nova “rou-pagem” (incorporando aspectos dese-jáveis no momento como preservaçãoambiental e eqüidade social) para jus-tificar novas ações de desenvolvimen-to. Ou seja, muda a “fachada” mas a“estrutura” permanece inalterada. Emconseqüência, os resultados continu-am não fazendo muita diferença.

Se quisermos pensar em transfor-mações significativas, a mudança deveiniciar pelas próprias pessoas, come-çando pela quebra de alguns mitos,tabus e paradigmas tradicionais. Umparadigma pode ser visto como umaperspectiva geral, um conjunto decrenças, uma maneira de observar erefletir a respeito da natureza e domundo, o lugar do ser humano nele ea visão que orienta o investigador ouobservador tanto em termos onto-

lógicos quanto epistemológicos. Amaior vantagem de um determinadoparadigma é possibilitar ações e amaior desvantagem é limitar estasmesmas ações com suas próprias einquestionáveis pressuposições.

A proposta deste artigo é que areflexão sobre o desejado desenvolvi-mento sustentável se inicie pela mu-dança do paradigma positivista, o qualrepresenta a visão das modernas cul-turas ocidentais, para o construtivista,uma abordagem alternativa sugeridae explorada por alguns autores (9 e10). A perspectiva construtivista temvárias interpretações na literatura.Algumas das suas principais caracte-rísticas e seu contraste com oparadigma positivista em relação aaspectos como conhecimento, comu-nicação, participação e poder são dis-cutidas nas seções seguintes:

• ConhecimentoA visão positivista assume que exis-

te uma única, objetiva e independen-te realidade, a qual a ciência conven-cional tem acesso privilegiado (viaexperimentação científica). Predomi-na o ditado popular “a realidade é umasó” e a busca por esta realidade temsido a busca por condições que fazemo conhecimento científico racional,inegável e conseqüentemente prontopara ser adotado.

Por outro lado, de acordo com apercepção construtivista, seres hu-manos operam no domínio das reali-dades múltiplas, o conhecimento temvárias origens (ex.: científica, popu-lar, subjetiva, emocional, etc.) e éconstruído tanto individualmentequanto socialmente. As pessoas dife-rem das outras na construção doseventos e no modo de perceber arealidade, e o número de interpreta-ções em tese é igual ao número deindivíduos. Algumas poderão ser to-talmente diferentes e contraditórias,outras bem semelhantes, mas todasigualmente válidas. O importante nãoé perceber a realidade da mesmamaneira, mas ter respeito e empatiapor outras interpretações.

• ComunicaçãoA abordagem positivista entende

comunicação como “fontes enviandomensagens para receptores” (modelolinear e unidirecional). A idéia é re-

produzir para o receptor a exata men-sagem selecionada pela fonte, com oobjetivo de influenciar comportamen-to (ex.: estimular adoção detecnologias). Em contraste, segundoa perspectiva construtivista, sereshumanos são sistemas determinadospela sua estrutura e informativamen-te “fechados”. Isto significa que o com-portamento destes sistemas nãoé determinado pelo meio ambiente.Interações com o meio externo (ex.:através de informação) somente esti-mulam respostas a serem determina-das pela estrutura interna do siste-ma. O processo de comunicação de-pende não em “o que” é transmitido (amensagem), mas no que acontece coma pessoa que a recebe.

Na visão construtivista, ninguémpode forçar outras pessoas, através darazão, a aceitarem determinadas açõesou argumentos como a única escolharacional. O que é possível fazer éconvidar o interlocutor a entender (eeventualmente aceitar) a premissaimplícita que define o domínio em queum determinado argumento éoperacionalmente válido. Nesta per-cepção comunicação sugere diálogo,abertura para mudança e aprendiza-do. Isto possibilita uma conversa quepoderá resultar em um novo domínioda realidade onde partes que divergi-am previamente poderão coexistir.

• Participação e poderNa ciência positivista, a institu-

cionalização do conhecimento cientí-fico é determinada pelas estruturasde poder que criam a chamada “ordemde conhecimento” – uma série de “re-gras” para protegerem modelos acei-táveis da realidade. Na prática, a in-terpretação do conhecimento é limi-tada pela percepção da realidade de-finida pelas estruturas de poder domi-nantes. Aqueles que não concordamtem que lutar muito tentando abrirespaços para os seus pontos de vista,brigando contra a disponibilidade derecursos, tempo e espaço disponíveispara a interpretação dominante darealidade. Em outras palavras, os quediscordam dificilmente participam.

Participação pode ser entendidacomo a habilidade de analisar, terconfidência, controlar, tomar decisõese agir. Na visão positivista, para esti-

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 31

Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

mular a participação é necessáriotransferir poder (dos mais poderosospara os menos favorecidos). Entretan-to este processo é controlado por agen-tes externos (algumas vezes chama-dos de facilitadores), os quais aindaconcentram o poder, decidem quantodeve ser transferido e determinam ascircunstâncias em que a transferên-cia pode ser realizada. Em síntese, opoder é induzido e controlado de forae usualmente assume uma caracte-rística tecnológica.

Em contraste, na visão constru-tivista, poder é entendido não comoalguma coisa que alguém tem (isto é,algo externo às pessoas), mas comoalguma coisa que aparece em umarelação quando alguém concede po-der para outra pessoa obedecendo aum estímulo (ex.: uma ordem ou umconvite). Esta percepção evidencia queos seres humanos são autores de suaspróprias ações e que desenvolvimentoé primeiramente um processo deaprendizado, requerendo diálogo econsciência crítica. Um grupo nãopode desenvolver outro. O único tipopossível de desenvolvimento é oautodesenvolvimento. A menos que

Necessidade de mudança de paradigmas

as pessoas entendam e construamsuas próprias situações, elas encon-trarão dificuldades para agir e tomardecisões, continuando dependentes deoutros.

A sugestão de mudança do para-digma positivista para o construtivistapara o desenvolvimento sustentável éilustrada na Figura 3. O paradigmaconstrutivista tem sido usado comsucesso como alternativa para o de-senvolvimento rural sustentável emsituações que a abordagem positivistase revelou inadequada ou insa-tisfatória (9).

Contudo, não é intenção deste ar-tigo sugerir que um paradigma emparticular é o melhor para todos oscasos, e de nada adianta substituir aslimitações de um pelas restrições deoutro. A idéia é, ao refletir sobresustentabilidade, considerar aborda-gens alternativas visando uma maiorflexibilidade, escapar das limitaçõesde uma única visão do mundo e explo-rar diferentes possibilidades. A pers-pectiva construtivista ajuda a ampliaras oportunidades e escolhas, abrindoespaço para a valorização da diversi-dade (de culturas, conhecimento,

idéias e objetivos), de valores como acidadania, ética, cooperação e solida-riedade, enfatizando a participação eresponsabilidade de todos os atoresinteressados na construção do bem--estar das gerações atuais e futuras.

Desenvolvimento sustentável, an-tes de tudo, deve ser interpretadocomo uma oportunidade de aprendi-zado e construção social. A tão deseja-da sustentabilidade ambiental só serápossível se houver também asustentabilidade do ser humano.

Literatura citada

1. HANSEN, J.W. Is agricultural sustainability auseful concept ?. Agricultural Systems , v.50,n.4, p.117-143, 1996.

2. PRETTY, J. “Alternative systems of inquiry forsustainable agriculture”. IDS Bulletin, v.25, n.2. (Special issue), p.37-48, 1994.

3. ALTIERI, M. Una alternativa dentro del sistema.Ceres – Revista de la FAO, v.27, n.4, p.15-23, 1995.

4. CONWAY, G.R. “Sustainability in agriculturaldevelopment: Trade-offs betweenproductivity, stability and equitability”.Journal for Farming Systems Research-Extension, v.4, n.2, p.1-14, 1994.

5. D‘AGOSTINI, L.R. O sustentável e asustentabilidade: o adjetivo e a proprieda-de. Florianópolis: Epagri, 1998. 14p. Textopreparado para o Curso em Desenvolvi-mento Rural Sustentável (não publicado).

6. VEIGA, J.E. Desenvolvimento rural: O Brasilprecisa de um projeto. São Paulo, 1998.34p. (não publicado).

7. SCHMIDT, W. Meio rural: da visão produtivistaa busca de um equilíbrio produção/”local”/emprego. Florianópolis, 1998, 4p. (não pu-blicado).

8. CHAMALA, S. “Overview of Participative ActionApproaches in Australian Land and WaterManagement”. In: CHAMALA, S.; KEITH,K. (ed.) “Participative approaches forLandcare”. Brisbane: Australian AcademicPress, 1995, p.5-42.

9. MATURANA, H.R.; VARELA, F.J. “A árvore doconhecimento: as bases biológicas do en-tendimento humano”. Campinas, SP: PsyII, 1995.

10. PINHEIRO, S.L.G. “Paradigm shifts inagricultural research, development andextension: A case study in Santa Catarina,Brazil”. Austrália: University of Sydney,1998. 286p. Tese doutorado.

Sérgio Leite Guimarães Pinheiro, eng. agr.,Ph.D., Cart. Prof. 7.650-D, Crea-SC, Epagri/Ciram,C.P. 502, fone (0XX48) 239-8000, fax (0XX48)334-1204, 88304-901 Florianópolis, SC, e-mail:[email protected].

Positivismo

• Única e objetiva realidade (a qualcientistas têm acesso privilegiado).

• Uma perspectiva: visão de produ-ção, mercado e negócios.

• Conhecimento e poder são centrali-zados.

• Participação é um objetivo (ex.: paraadoção de tecnologias).

• Comunicação como transmissão deinformações (ex.: de técnicos paraprodutores).

Construtivismo

• Realidades múltiplas.• Diversas perspectivas: visão de pro-

dução, mercado e negócios assimcomo eqüidade social e susten-tabilidade ambiental.

• Conhecimento é socialmente e indi-vidualmente construído (fontes múl-tiplas).

• Participação é um processo (comdivisão de poder e responsabilida-des).

• Comunicação como diálogo.

Figura 3 – Necessidade de mudança de paradigmas para o desenvolvimento

sustentável (Pinheiro, 1998 p.257)

Desenvolvimento sustentável

t t

t

o

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32 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

Maciei raMaciei raMaciei raMaciei raMaciei ra

Porta-enxerto de macieira: enraizamentoPorta-enxerto de macieira: enraizamentoPorta-enxerto de macieira: enraizamentoPorta-enxerto de macieira: enraizamentoPorta-enxerto de macieira: enraizamentoexexexexex vitrovitrovitrovitrovitro e aclimatização de plantas e aclimatização de plantas e aclimatização de plantas e aclimatização de plantas e aclimatização de plantas

produzidasproduzidasproduzidasproduzidasproduzidas in vitro in vitro in vitro in vitro in vitro

Enio Luiz Pedrotti, José Afonso Voltolini eScheila Conceição Maciel

anta Catarina é o maior produ-tor de maçãs do Brasil, com 60%

da produção nacional. Fatores comotratos culturais, sistema de conduçãoe qualidade genética das mudas sãopreponderantes para o desempenhodos pomares e podem aumentar aindamais a produtividade, diminuir custosde produção e garantir a continuidadedesta importante atividade agrícola.Neste contexto, a alta densidade dospomares exige porta-enxertosananizantes e, como decorrência,grande quantidade de mudas por uni-dade de área. Neste caso, o M.9 é umadas alternativas para Santa Catarina.A propagação de macieira é tradicio-nalmente feita através do processo demergulhia (1), porquanto as séries Me MM apresentam problemas de bai-xas percentagens de enraizamentoatravés do enraizamento de estacas(2). A produção de mudas micropro-pagadas pode ser uma alternativaimportante para a produção de plan-tas livres de vírus e de outros patógenosem larga escala. Um dos pontos críti-

cos desta técnica é o enraizamento e aaclimatização das plantas micropro-pagadas, visto que alguns porta-en-xertos de interesse apresentam pro-blemas e podem comprometer os pro-gramas de produção de plantasmicropropagadas. O genótipo deter-mina diferentes respostas no estágiode micropropagação ou no enrai-zamento (3), pois depende de sua con-dição fisiológica e das condiçõesambientais. O enraizamento é rea-lizado, classicamente, in vitro. Noentanto, os custos de produção sãoelevados (4). Neste sentido, oenraizamento ex vitro pode ser umaalternativa, visto que reduz o custo deprodução das mudas (5), podendoviabilizar o processo de micropropa-gação.

Para a sobrevivência da planta noestágio de aclimatização, é necessárioque a mesma produza novas raízes emsubstratos porosos, que forneçam con-dições favoráveis para a nutrição dasplantas, além de desenvolver os me-canismos de controle de transpiração(6), ativar os mecanismos de controlede perda de água pelas células e au-mentar as taxas de fotossíntese para aretomada do crescimento nos viveirosde produção.

Visando reduzir os custos de pro-dução e aumentar a eficiência do sis-tema de micropropagação, este tra-balho objetivou avaliar o enraiza-mento e a aclimatização do porta--enxerto de macieira M.9 em condi-ções ex vitro.

Materiais e métodos

Para este trabalho, o material ve-

getal foi obtido a partir de plantasmatrizes de plantas mantidas na casade vegetação do Departamento deFitotecnia da Universidade Federalde Santa Catarina - UFSC. Na Figura1 é apresentado o fluxograma para aobtenção de plantas por micropro-pagação.

As microestacas utilizadas foramobtidas de plantas repicadas a cada 45dias em meio MS (7), adicionado de2,2µM de benzilaminopurina (BAP),0,49µM de ácido indol butírico (AIB),3% de sacarose e 6g/litro de ágar. Omeio de cultura foi autoclavado du-rante 15 minutos a 121oC e colocadoem frascos com capacidade de 300 ml,contendo 50ml de meio. Os frascosforam colocados em câmara de cresci-mento com temperatura de 27±2oC,fotoperíodo de 16 horas e luminosidadede 30µmol.m-2.s-1. As microestacas fo-ram enraizadas com 1.000ppm de AIBe transferidas para bandejas alveoladascontendo diferentes substratos para ocrescimento das raízes e a

S

Aspecto geral das plantas

micropropagadas do porta-enxerto de

macieira Marubakaido 60 dias após

sua transferência para o substrato deaclimatização

Arquiteturadas plantas

micropro-pagadas e

distribuiçãodas raízes

no substratode

aclimatizaçãodo porta-

-enxerto demacieira

Marubakaido60 dias após

o início daaclimatização

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 33

Maciei raMaciei raMaciei raMaciei raMaciei ra

aclimatização concomitante das plan-tas, na mesma sala de crescimentoutilizada para o experimento 1. Osdiferentes substratos utilizados cons-taram de: casca de arroz carbonizada+ vermiculita (1/1); substrato comer-cial PlantMax; húmus + casca dearroz carbonizada (1/1) e terra roxa +casca de arroz carbonizada (1/1). Após,as bandejas foram transferidas paracaixas plásticas, contendo uma lâmi-na de água, para manter a umidade

Esquema paraPropagação de plantas

Laboratório de MorfogêneseVegetal.

Departamento de

Fitotecnia/CCA/UFSCUniversidade Federal de

Santa Catarina

Plantas MatrizesCom as características genéticas

desejadas.

Figura 1 – Fluxograma para a obtenção de porta-enxertos de macieira micropropagados

Transferência para o campoAs mudas são transferidas aos

viveiristas.

Estágio de aclimatizaçãoÉ feito na casa de vegetação, em am-biente com alta umidade, para a adap-tação da planta ao ambiente externo.

Os meristemas são retiradosde ramos jovens e levados para o labo-

ratório para a assepsia.

A assepsia é feita da seguintemaneira:• Lavar em água corrente• Água + detergente (10min)• Álcool 70% (1min)• Hipoclorito de sódio 1%• Água destilada autoclavada

Com o auxílio de uma lupa osmeristemas são isolados e coloca-dos em tubos de ensaio contendo

meios de cultura para que continuemo crescimento.

Estágio de enraizamento (in vitro)Para algumas espécies, é necessárioinduzir a formação de raízes com meiode cultura contendo hormônio. Outrasespécies podem ser induzidas ex vitro

(ausência de meio de cultura), o quepode diminuir em 50% o custo final da

produção da muda.

Estágio de enraizamento (ex vitro)Este processo é feito conjuntamente

com a aclimatização da planta em casade vegetação.

Estágio de multiplicaçãoA cada 45 dias, as brotações são

coletadas e transferidas para vidroscontendo meio de cultura novo. Sub-

seqüentemente, as plantas são sepa-radas e transferidas para um meio de

enraizamento que pode ser feito invitro ou ex vitro.

Meio de culturaContém vitaminas, sais minerais,

açúcar e hormônios vegetais. Nestacondição as plantas crescem e,

quando atingem 6cm, sãotransferidas para meios de cultura

para a multiplicação.

relativa elevada. As caixas foram tam-padas com uma lâmina de vidro (8).Durante cinco dias as caixas perma-neceram no escuro em câmara decrescimento com temperatura de27±2oC, sendo após transferidas paraoutro ambiente com igual temperatu-ra, fotoperíodo e luminosidade.

O delineamento experimental uti-lizado foi o inteiramente casualizado,com quatro repetições, contendo seisplantas cada uma. Os resultados fo-

ram submetidos à análise de variânciapara verificar as respostas dos dife-rentes substratos. Para a comparaçãode médias, foi utilizado o teste deDuncan para 5% de probabilidade.

Resultados e discussão

Os diferentes substratos utilizadosinduziram diferentes respostas quan-to às percentagens de enraizamento esobrevivência das plantas e ao com-

#

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primento e matéria seca das raízesproduzidas 30 dias após a indução com1.000ppm de AIB (Tabela 1).

A mistura de terra roxa com cascade arroz carbonizada 1/1 (v.v.) possibi-litou os melhores resultados para apercentagem de enraizamento(87,5%), sobrevivência das plantas(97,5%), comprimento médio (7,1cm)e matéria seca das raízes (8,9mg/plan-ta). Quanto ao número de raízes pro-duzidas, os melhores resultados tam-bém foram obtidos com esta mistura(nove raízes por planta) e a misturahúmus com casca de arroz carboniza-da (oito raízes por planta), sem diferi-rem entre si. A menor percentagemde enraizamento foi obtida pela mis-tura de húmus com casca de arrozcarbonizada (22,5%) e com o substratocomercial PlantMax (42,5%). O usodeste substrato e a mistura de cascade arroz carbonizada com vermiculitaresultaram nas menores produçõesde matéria seca de raízes (4,2 e 4,3mg/planta).

Possivelmente o húmus reduziu aporosidade do substrato, diminuindoa aeração. No entanto, a mistura con-tendo húmus possibilitou um maiorcomprimento da raiz do que o substratocomercial. Apesar de o substratoPlantMax ser utilizado para produçãode mudas de plantas olerícolas e orna-mentais a partir de sementes, ele nãopode ser recomendado paraenraizamento e aclimatização de por-ta-enxertos de macieira. A concen-

tração elevada de nutrientes pode serum dos principais problemas destesubstrato. A mistura de terra roxacom casca de arroz carbonizada pro-duziu os melhores resultados, certa-mente, porque, de um lado, a casca dearroz garante a manutenção daaeração da mistura e, de outro, a terraroxa é rica em Ca, Mg e K, além daargila, que apresenta grande reten-ção de água e grande capacidade detroca de cátions. As propriedades físi-cas e químicas do substrato, comoaeração e disponibilidade de nutrien-tes (Kramer, 1983), possivelmentedeterminou a retomada de crescimen-to da raiz e da parte aérea.

Além das altas taxas de sobrevi-vência, o enraizamento ex vitro possi-bilita a obtenção de plantas com maiorcapacidade de enraizamento e maiorvelocidade de crescimento inicial, vis-to que as raízes produzidas in vitronão são funcionais e morrem após atransferência, sendo necessário pro-duzir novas raízes pela planta para ocrescimento após a passagem para ascondições ex vitro (5).

Conclusões

Os resultados obtidos neste traba-lho nos permitem emitir as seguintesconclusões:

• A concentração de 1.000ppm deAIB aplicadas ex vitro, nas brotaçõesproduzidas in vitro , possibilita a pro-dução de raízes primárias e secundá-

rias suficientes para a formação demudas de M.9 micropropagadas.

• O melhor substrato para oenraizamento ex vitro de brotações doporta-enxerto de macieira M.9micropropagadas foi a mistura de ter-ra roxa + casca de arroz carbonizadana proporção de 1/1, (v/v), possibili-tando uma sobrevivência de 97,5%das brotações.

Literatura citada

1. DRIESSEN, A.C.; SOUZA FILHO, J.J.C. de. Produçãode mudas, In: EMPASC, Manual da Cultura daMacieira, Florianópolis, 1986. p.202-223.

2. LEITE. G.B.; FINARDI, N.L.; CAMELLATO, D.Enxertia em estaca: uma nova opção paraprodução de mudas de macieira. AgropecuáriaCatarinense, v.11, n.2, p.5-7, 1998.

3. HAISSING, B.E.; DAVIS, T.D.; RIEMENSCHEIDER,D.E. Researching the controls of adventitiousrooting. Physiologia Plantarum, V.84, p.310-317, 1992.

4. FERRI, V.C.; CENTELLAS, A. Q.; HELBIG, V.E.;FORTES, G.R.L. Uso de ágar, amido e ácidoindolbutírico no enraizamento in vitro do porta--enxerto de macieira MM 111. Ciência Rural,v.28, n.4, p.561-565, 1998.

5. DEBERGH, P.C.; MAENE, L.J. A scheme forcommercial propagation for ornamental plantsby tissue culture. Scientia Horticulturae, n.14,p.35-345, 1981.

6. DÍAZ-PÉREZ, J.C.; SUTTER; E.G.; SHACKEL, K.A.Acclimatisation and subsequent gasexchange,water relations, survival and growth ofmicrocultured apple plantlets aftertransplanting them in soil. PhysiologiaPlantarum, n. 95, p. 225-232, 1995.

7. MURASHIGUE, T. E.; SKOOG, F. A revised mediumfor rapid growth and bioassay with tobaccotissue cultures. Physiologia Plantarum, n.15, p.473-479, 1962.

8. PEDROTTI, E.L. Etude de l’organogenèse in vitroà partir de racines, de feullies et d’embryonszygotiques de merisier (Prunus avium L.).Orléans: Université d’Orléans, 1993. 167p. Tesede doutorado.

Enio Luiz Pedrotti, eng. agr., doutor, UFSC/CCA,Departamento de Fitotecnia, Laboratório deMorfogênese e Bioquímica Vegetal, Rodovia AdmarGonzaga, 1.346, 88040-900 Florianópolis, SC, fone(0XX48) 234-2266, fax (0XX48) 334-2014, e-mail:[email protected]; José Afonso Voltolini, eng. agr.,M.Sc., UFSC/CCA, Departamento de Fitotecnia,Laboratório de Morfogênese e Bioquímica Vegetal,Rodovia Admar Gonzaga, 1.346, 88040-900Florianópolis, SC, fone (0XX48) 234-2266, fax (0XX48)334-2014, e Scheila Conceição Maciel, UFSC/estudante de Agronomia, Departamento de Fitotecnia,Laboratório de Morfogênese e Bioquímica Vegetal,Rodovia Admar Gonzaga, 1.346, 88040-900Florianópolis, SC, fone (0XX48) 234-2266, fax (0XX48)334-2014.

Tabela 1 – Sobrevivência, enraizamento, número, comprimento e quantidade de matériaseca das raízes do porta-enxerto de macieira M9 micropropagado, enraizado ex vitro com

1.000ppm de AIB, em diferentes substratos

Enraiza- Sobrevi- NúmeroSubstratos mento vência de

(%) (%) raízes

CAC+VER 57,5 ab 67,5 a 6,0 b 3,1 bc 4,3 cCOMERCIAL 42,5 bc 75 ab 7,0 b 2,1 c 4,2 cHUM+CAC 22,5 c 50 a 8,0 ab 4,5 b 6,6 bTERR+CAC 87,5 a 97,5 c 9,0 a 7,1 a 8,9 a

Notas: a) Médias seguidas de mesmas letras na coluna não diferem significativamente peloteste de Duncan a 5%.

b) CAC+VER = casca de arroz carbonizada + vermiculita (1/1).c) COMERCIAL = substrato comercial PlantMax.d) HUM+CAC = húmus + casca de arroz carbonizada (1/1).e) TERR+CAC = terra roxa + casca de arroz carbonizada (1/1).

Compri- Matériamento seca

das raízes das raízes(cm) (mg/planta)

o

Maciei raMaciei raMaciei raMaciei raMaciei ra

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 35

REGISTRO

EncontroEncontroEncontroEncontroEncontrolatino-americanolatino-americanolatino-americanolatino-americanolatino-americano

discute plantio diretodiscute plantio diretodiscute plantio diretodiscute plantio diretodiscute plantio direto

Uma das maiores evoluçõestecnológicas no setor agrícola brasileironos últimos anos, sem dúvida nenhuma,tem sido a ampliação dos sistemas decultivo mínimo e plantio direto quepropiciam a melhoria da qualidade dossolos, evitando a erosão. Para se ter umaidéia, no início da década de 80, existiamnão mais que alguns poucos milhares dehectares cultivados nestes sistemasconservacionistas, ao passo que na safra1998/99 estima-se em 10 milhões dehectares a área total no país com plantiodireto. Para discutir novas técnicas epesquisas neste sistema, estiveramreunidos recentemente em Florianópolis,técnicos e produtores de vários paíseslatino-americanos na V Reunião Bienalda Rede Latinoamericana de AgriculturaConservacionista - Relaco. A promoçãodo encontro foi da Relaco, Epagri e FAO/ONU e contou com o apoio da Fundagro,Secretaria de Estado doDesenvolvimento Rural e da Agricultura,Delegacia Federal da Agricultura e doGrupo do Plantio Direto.

A degradação ambiental tem sidoum problema relevante na AméricaLatina. Por exemplo, a desertificaçãoque cobre cerca de 70% das terrasagricultáveis áridas; 60% das terras decultivo sofrem os efeitos da erosão e,anualmente, de cada 7 árvores cortadassó se planta uma. As atividades agrícolasdisponibilizam 701 milhões detoneladas de carbono para a atmosferae a taxa de emissão deste elemento semultiplicou por 7 durante os últimos 50anos. Já são conhecidas amplamente ascausas e conseqüências da degradaçãoambiental: práticas agrícolas errôneas,destruição de áreas naturais e florestais,estiagens, aumento do êxodo rural comconseqüente inchaço populacional nasperiferias de cidades, etc. como efeitosecológicos desta degradação enumeram-se: erosão do solo, perda da fertilidade,contaminação dos solos, dos alimentos edas águas, entre outros, sem falar nosefeitos sociais relacionados à pobreza eà emigração de famílias rurais.

“Santa Catarina foi escolhida parasediar o evento em razão das experiênciasbem sucedidas em conservação do solo eda água e dos alcances do plantio diretona pequena propriedade”, explicou oengenheiro agrônomo Leandro do PradoWildner, da Epagri, coordenador da V

Relaco. O plantio direto e o cultivo mínimosão sistemas de plantio com o mínimo derevolvimento do solo. Eles ajudam a retermaior quantidade de água no solo,concorrem para uma maior proteção contraa erosão e reduzem e abreviam o esforçono preparo do solo, propiciando maiorprodutividade e retorno econômico para oprodutor rural, esclarece o técnico daEpagri. Já o coordenador técnico do evento,o engenheiro agrônomo Milton da Veiga,da Estação Experimental de CamposNovos, SC, revela ainda que a área complantio direto na safra 1998/99 em SantaCatarina foi de 442 mil hectares e 243 milcom cultivo mínimo. A soma dos doiscorresponde a, aproximadamente, 50% daárea cultivada com culturas anuais.

Melhoria do ambiente e dasaúde do produtor

O evento apresentou três fasesdistintas: a primeira parte, emFlorianópolis, com apresentação deconferências, palestras e trabalhostécnicos (pôsteres); a segunda etapacontemplou visitas técnicas a produtoresrurais de distintas regiões de SantaCatarina – região da Grande Florianó-polis e região do Alto Vale do Itajaí – quesão destaque especial no Estado,respectivamente, pelo plantio direto dehortaliças e plantio direto de cebola; e naúltima etapa, ocorreu a Assembléia Geralda Relaco e exposição de máquinasagrícolas adaptadas ao plantio direto parapequenos agricultores, em Campos Novos(região central do Estado).

Nas palestras técnicas sobre adubosverdes e cultivos em rotação, o especialistada Epagri, engenheiro agrônomo ClaudinoMonegat, de Chapecó, SC, mostrou que osagricultores abandonam suas atividadesrurais não só por causa da renda econômica,mas também pela penosidade do trabalho.Ele apresentou dados que comprovam queuma família de pequenos agricultoresarando e cultivando a terra durante 40anos de trabalho percorre uma distânciaequivalente à volta ao redor da terra, istosem falar nos problemas de saúdedecorrentes daí, principalmente os queprejudicam a coluna vertebral, emdecorrência dos esforços físicos. Nessesentido, a proposta do plantio direto é deuma técnica mais humana, que demandamenos trabalho penoso na terra, ao mesmotempo protegendo e melhorando o solo.Mais adiante, o técnico da Cotricruz JoséVargas, de Cruz Alta, RS, destacou ostrabalhos de sua cooperativa com omanejo de solo na sucessão de trigo e soja.

Ele mostrou que a utilização de adubosverdes neste sistema, tais como aveia,nabo forrageiro e ervilhaca, melhora onível de matéria orgânica do solo,melhorando a fertilidade e reduzindo ouso de adubações químicas, sem perdade produtividade.

Nas palestras sobre evolução doplantio direto para sistemasagroecológicos o destaque foi para aapresentação das experiências emagroecologia no Rio Grande do Sul e SantaCatarina, respectivamente, pelosengenheiros agrônomos Luís Carlos DielRupp, do Centro Ecológico/Ipê,RS eHernandes Werner, da EstaçãoExperimental de Ituporanga. Estestécnicos apresentaram experiências deprodução orgânica de alimentos,mostrando que as técnicas de plantiodireto são importantíssimas para abusca da recuperação da fertilidadenatural dos solos e, conseqüentemente,melhoria da nutrição para as plantas,com custos menores ao produtor rural,menor impacto ambiental e melhorandoa saúde do agricultor e consumidor.

A Rede Latinoamericana deAgricultura Conservacionista - Relaco -foi fundada em 1987 e é uma associaçãoprofissional, sem fins lucrativos, quereúne pessoas interessadas e capazes decontribuir de maneira eficaz aodesenvolvimento da ciência, tecnologia eprodução agrícola conservacionista naAmérica Latina e no Caribe. As reuniõesbianuais, como esta última realizadaem Florianópolis, tem o propósito deintercambiar experiências de agriculturaconservacionista entre os paísesmembros da rede. Na Assembléia deEncerramento da V Reunião foi decididoque a coordenação da Relaco, para obiênio 2000-2001, ficará ao encargo daEpagri. O pesquisador Milton da Veiga,da Estação Experimental de CamposNovos, foi eleito como presidente daentidade para esse período.

Plantio direto já atinge 500 mil

hectares em Santa Catarina #

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36 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

As geadas e a fruticultura

Valério Pietro Mondin

Nas regiões onde se cultivam frutasde clima temperado, as chamadas gea-das tardias ou geadas prejudiciais cau-sam perdas na produção. Em SantaCatarina, nas regiões mais frias, onde secultivam frutas de clima temperado, aocorrência de geadas é uma ameaça cons-tante. As tecnologias para o controle degeadas usadas em outros países foramtestadas no Centro de Treinamento deVideira – Cetrevi, possibilitando a sele-ção daquelas mais adequadas. Um anoapós os primeiros testes já foi possívelrepassar aos fruticultores os resultadosmais promissores. Concluiu-se que aintegração dos sistemas de combate di-reto e indireto é a melhor opção. Os resul-tados benéficos obtidos com os sistemasde controle da geada estão evitandoprejuízos significativos para os fruticul-tores catarinenses.

Desde a implantação do Profit, em1970, acentuou-se o problema das gea-das tardias, pois muitos fruticultores,assim como a economia regional, foramprejudicados por essas geadas. A suaocorrência é principalmente nos mesesde agosto e setembro, ou seja, final deinverno e início de primavera. Nestaépoca, principalmente a cultura do pês-sego, de acordo com a precocidade davariedade, pode estar florescendo ou fru-tificando, sendo estas as fases mais sen-síveis e de maior risco. Nessas condições,em pouco tempo pode ser destruída asafra de um ano e uma esperança deretorno econômico na atividade. Perde--se também o trabalho, a dedicação emuitas vezes a esperança do fruticultor.Diante dessa situação, a Epagri foi em

busca de soluções para o problema.Os sistemas de controle da geada, usa-

dos em vários países e considerados ade-quados para nossas condições ecológicas,foram testados a partir de 1976, noCetrevi. Foram testados os sistemas deaquecimento seco e os de aquecimentoúmido. O uso de nebulização não foi testa-do, pois pelos dados conhecidos sua prote-ção é de apenas 1 oC, ou pouco mais, emrelação à temperatura do ambiente exter-no. Esta proteção não é considerada sufi-ciente para geadas prejudiciais, que atin-gem as temperaturas inferiores a -4oC. Asflores abertas resistem de -2 a -3oC e osfrutos a -1oC, o que demonstra o granderisco.

Nesta situação, foi testado inicialmen-te o sistema de aquecimento seco, comqueima de material de fácil combustão.Foram usados madeira, pneus, óleo quei-mado, serragem com óleo queimado, pa-lha de milho e outros. Esse sistema buscafornecer o calor que se perde durante otempo de permanência da temperaturaprejudicial aos órgãos vegetais que devemser protegidos.

Com base em dados de outros países,buscou-se fornecer 3.600.000kcal/ha/horapara compensar uma perda máxima decalor nas condições existentes. O volumede combustível a ser queimado e oespaçamento entre as fontes de calor fo-ram definidos conforme o material usado.

Logo após os testes, a tecnologia foirepassada aos fruticultores, e já em 1977alguns a utilizaram com sucesso e a utili-zam até hoje. Na busca de novas facilida-des e opções, foi testado o sistema deaquecimento úmido com aspersão de águasobre as plantas. O fornecimento de calor,neste caso, foi baseado na água, que aocongelar libera 80kcal/kg de gelo formado.A eficiência do método foi novamente com-provada. A tecnologia foi repassada aos

fruticultores, tanto com o uso deaspersores convencionais quantocom microaspersores. Cabe sali-entar que os microaspersores eco-nomizam cerca de 30% de águanecessária, pois a aspersão se con-centra sobre as filas de plantas.Em contrapartida, por ser um sis-tema fixo, dificulta seu uso parairrigação em outras áreas, como osistema convencional possibilita. Os métodos de fornecimentode calor citados, de forma seca ouúmida, fazem parte do chamadoSistema de Combate Direto ouAtivo Contra Geadas. Existe tam-bém o chamado Sistema de Com-bate Indireto ou Passivo Contra

Geadas. Este último sistema consisteem aproveitar ao máximo as condiçõesnaturais favoráveis e a disponibilidadede calor, evitando a sua perda.

Para o combate de forma indireta oupassiva, deve-se tomar medidas anteri-ores ao plantio e também após o plantio.Antes do plantio deve-se considerar eescolher a localização mais adequadapara o pomar, bem como a adequaçãodas espécies e variedades e a suamelhor localização dentro do pomar. Asespécies e variedades de floração pre-coce devem ser plantadas na parte maisalta e as de floração tardia, abaixo delas.

Após o plantio, a manutenção do solodescoberto na fase de risco, a poda maistardia, com seleção de ramos em vez deencurtamento, a manutenção de plantassadias e bem nutridas, bem como a ins-talação de barreiras acima do pomar,com escolha de espécies apropriadas dequebra-ventos, e sua abertura abaixo domesmo são métodos fundamentais nocombate indireto às geadas prejudi-ciais.

Hoje, muitos fruticultores utilizamum ou mais dos sistemas testados pelaEpagri no Cetrevi e que continuam fun-cionando como unidade demonstrativapara todos os interessados.

Pode-se dizer que, nos últimos anos,a perda de produção de frutas tem dimi-nuído graças, também, à adoção de al-gum sistema de controle das geadas pre-judiciais por parte de muitos produto-res, garantindo assim suas safras e osbenefícios delas advindos, inclusive paraa economia de seu município, de suaregião e do Estado.

Valério Pietro Mondin, Eng. agr., Cart.Prof. 655-D, Crea-SC, Epagri/Escritório Mu-nicipal de Videira, C.P. 184, 89560-000 Videi-ra, SC, fone/fax (0XX49) 566-0054.

o

Controle à geada prejudicial de 16/8/99, com

microaspersão de água no Cetrevi, em Videira

Eng. agr. Valério Pietro Mondin,

responsável pelo trabalho de controle às

geadas prejudiciais. Epagri/Cetrevi,Videira 16/8/99

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Zeneca informatiza Guia deZeneca informatiza Guia deZeneca informatiza Guia deZeneca informatiza Guia deZeneca informatiza Guia deProdutoresProdutoresProdutoresProdutoresProdutores

Construção da Barragem deConstrução da Barragem deConstrução da Barragem deConstrução da Barragem deConstrução da Barragem deMachadinhoMachadinhoMachadinhoMachadinhoMachadinho

A Zeneca Agrícola, segundaempresa brasileira de defen-sivos agrícolas, começa a dis-tribuir, por meio da equipe devendas, o novo e modernoGuia Eletrônico de Produtospara clientes, engenheiros agrô-nomos, escritórios de planeja-mento, cooperativas e reven-das.

O Guia Eletrônico de Produ-tos contém a relação de todos osprodutos comercializados pelaZeneca, além de informaçõestécnicas de grande importânciae utilidade para o mercado, comoformulação, dosagem, aplicação,

pragas, plantas daninhas, doen-ças e cuidados no uso, para diver-sas culturas.

O Guia Eletrônico de Produ-tos é de fácil consulta e acessívela todos os públicos, pois está dispo-nível em três formatos: livro,disquetes e CD-ROM. E já estáformatado para permitir a insta-lação e impressão das informa-ções, conforme a necessidade dousuário.

Mais informações pelo fone(0XX11) 536-0148, com SérgioIgnacio ou Antônio L.C. Gere-mias, ou ainda pelo e-mail:[email protected].

Foi firmado recentementeem Piratuba, SC o convênio, novalor de 619 mil reais, entreEpagri/Ciram e a MachadinhoEnergética S.A. - Maesa – querepresenta um consórcio deonze empresas – para a cons-trução da Usina Hidrelétrica deMachadinho, situada no RioUruguai, na divisa dos Estadosde Santa Catarina e do Rio Gran-de do Sul. Do lado de SantaCatarina serão desenvolvidasações de assistência técnica emseis municípios: Campos Novos,Capinzal, Celso Ramos, AnitaGaribaldi, Piratuba e Zortéa.Em 2003, ano previsto para aentrada em operação da Usina,

serão atendidas pela energia ge-rada as populações das regiõesSudeste e Centro-Oeste do Brasil– o correspondente a 63% da po-pulação brasileira. A energia as-segurada hoje pela Usina deMachadinho é de 460MWh mé-dios. Em 2003 deverá alcançar34.997MWh médios.

A Epagri vai desenvolver, den-tro do plano básico da barragem,as ações integradas de conserva-ção do solo e da água, saneamentorural e fomento à produçãoagropecuária.

Maiores informações com ajornalista Márcia Correa Sampaio,fone (0XX48) 239-5503 e/ou NelsoFigueiró, fone (0XX48) 239-8009.

Doença da bananeira preocupaDoença da bananeira preocupaDoença da bananeira preocupaDoença da bananeira preocupaDoença da bananeira preocupapesquisadorespesquisadorespesquisadorespesquisadorespesquisadores

Os pesquisadores da Epagriestão se mobilizando para tentarbarrar uma doença, originária daÁsia, chamada sigatoka negra,que está preocupando cientistas eprodutores de banana em todo oEstado. Os danos da doença, cau-sada pelo fungo Mycosphaerellafijiensis Morelet, são muito seme-lhantes aos da sigatoka amarela,causada pelo fungoMycosphaerella musicola Leach(já existente em bananaiscatarinenses), porém este é me-nos agressivo que os da sigatokanegra. Esta doença destrói a folhadas plantas, causando perda de100% da produção. A sigatoka jáentrou no Brasil, através das fron-teiras com a Colômbia e a Bolívia,e se instalou nos Estados do Ama-zonas, Acre, Rondônia e MatoGrosso. Pela rapidez com que age,deve chegar brevemente a SantaCatarina, se não houver rápidaprevenção.

O Gerente Regional deJoinville, Ditmar Alfonso Zimath,informa que já têm acontecidoreuniões em todos os municípios

produtores de banana, e a Se-cretaria de Estado do Desenvol-vimento Rural e da Agricultura,através da Companhia Integra-da de Desenvolvimento Agríco-la de Santa Catarina – Cidasc,tem efetuado barreiras junto aoposto fiscal de Garuva, exigindodos caminhões que transportambanana o CertificadoFitossanitário de Origem, que éemitido somente para produçãolivre da doença. “Essa é umaforma de evitar o avanço da do-ença no Estado”, informouDitmar.

A bananicultura é praticadapor 5 mil agricultores em todo oEstado, principalmente na re-gião do Litoral NorteCatarinense onde está concen-trada 72% da produção, envol-vendo 30 mil pessoas. A produ-ção catarinense, na última sa-fra, foi de 490,5 mil toneladas.

Maiores informações:Ditmar Alfonso Zimath, fone(0XX47) 433-8267.

Jornalista responsável: Már-cia Correa Sampaio.

Comunidades rurais receberãoComunidades rurais receberãoComunidades rurais receberãoComunidades rurais receberãoComunidades rurais receberãosementessementessementessementessementes

Cinco mil comunidades, 100mil agricultores, 500 mil hectares.Esses números é o que se preten-de atingir com a primeira etapa daCampanha Nacional de Produçãode Sementes em ComunidadesRurais, que o Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento, pormeio da sua vinculada Embrapa,em parceria com o Incra e a ECT,lançou recentemente.

A campanha abrangerá co-munidades rurais das regiões Sul,Sudeste, Centro-Oeste e Nordes-te, que receberão sementes demilho e feijão, além de orientaçãotécnica por meio de materialeducativo, com cartilhas e vídeos.A idéia é apresentar aos agriculto-res procedimentos simples quemelhoram a eficiência produtivados cultivos, sem elevação de cus-tos. Essas comunidades têm pou-co acesso à tecnologia e utilizam,em geral, sementes tradicionaisde baixo potencial produtivo. Es-pera-se a reversão desse quadrocom o lançamento da campanha.

Após a avaliação da campa-

nha, a Embrapa prestará apoiotécnico às comunidades que es-tiverem interessadas em produ-zir sementes para comercia-lização e tiverem boa estruturade produção e bom desempenhona multiplicação das sementes.

Para participar, as comuni-dades deverão preencher umformulário próprio a ser solicita-do à Embrapa Milho e Sorgo –Campanha Nacional de Produ-ção de Sementes em Comunida-des Rurais – Rodovia MG 424,km 45, Caixa Postal 151, 3501-970 Sete Lagoas, Minas Gerais.O contato com a Unidade daEmbrapa pode ser feito por meiodo fone (0XX31) 779-1069, fax(0XX31) 779-1088 ou do e-mail:[email protected].

Somente serão aceitas ins-crições das comunidades quecontam com um responsável téc-nico pelo acompanhamento doplantio e posterior avaliação docampo de produção.

Texto da jornalistaRosângela Evangelista. #

FLASHES

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Epagri divulga resultados do ProjetoEpagri divulga resultados do ProjetoEpagri divulga resultados do ProjetoEpagri divulga resultados do ProjetoEpagri divulga resultados do ProjetoMicrobacias/BirdMicrobacias/BirdMicrobacias/BirdMicrobacias/BirdMicrobacias/Bird

O Projeto Microbacias/Bird,cujo objetivo principal é a recu-peração e preservação do solo eda água e o controle da poluiçãoambiental, tem muito para co-memorar. Os registros mostramque foram trabalhadas 534microbacias, envolvendo 357técnicos. Em 806.003ha foramrealizados algum tipo de práticaconservacionista; 106.028 agri-cultores foram assistidos e 7.761projetos coletivos (compra demáquinas e equipamentos) fo-ram desenvolvidos, entre ou-tras realizações. “O plantio dire-to, sistema moderno de preparodo solo, é utilizado em mais de300 mil hectares em SantaCatarina, ajudando a evitar acontaminação dos rios por ferti-lizantes e agrotóxicos e contri-buindo para combater oassoreamento dos rios, diminu-indo as enchentes”, exemplificouValdemar Hercílio de Freitas,engenheiro agrônomo da Epagri(Empresa principal executora doProjeto).

Durante o período de vigên-

cia do Microbacias, foramconstruídas ou reformads 8.495bioesterqueiras e retificados erecuperados 3.385km de estra-das. A contribuição do Projeto paraa redução do déficit florestal emSanta Catarina é expressiva. Fo-ram implantados 490 viveiros flo-restais e reflorestados 42.967ha.

O Projeto Microbacias, no va-lor de 71,6 milhões de dólaresfinanciados pelo Banco Mundialcom contrapartida do Governo doEstado, aplicou o equivalente a70,1 milhões de dólares, ou seja,98% do previsto, atingindo 106.028famílias rurais em 206 municípioscatarinenses.

O Projeto Microbacias/Bird II,já em elaboração, deve custar emtorno de 106,7 milhões de dólares– metade financiada pelo BancoMundial e o restante,contrapartida do Estado. A previ-são de início do Projeto é julho doano 2000.

Maiores informações comMárcia no fone: (0XX48) 239-5503, e-mail: [email protected].

Embrapa lança semeadora paraEmbrapa lança semeadora paraEmbrapa lança semeadora paraEmbrapa lança semeadora paraEmbrapa lança semeadora paraagricultura familiaragricultura familiaragricultura familiaragricultura familiaragricultura familiar

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária –Embrapa, órgão vinculado aoMinistério da Agricultura e doAbastecimento, lançou recen-temente a semeadora autopro-pelida para plantio direto. Desti-nada à agricultura familiar, di-ferencia-se das semeadoras exis-tentes no mercado por possuirfonte de potência mecânica esistema de transmissão para tra-ção própria, em substituição àtração animal.

A semeadora foi desenvolvi-da com a finalidade de dimi-nuir o esforço dos pequenosprodutores e humanizar o tra-balho no campo. A máquina éequipada com duas linhas deplantio, foi projetada para a se-meadura de culturas de grãosgraúdos como feijão, milho esoja, podendo ser futuramentereprogramada para semeadu-

ras de grãos miúdos.O equipamento é tracionado

por um motor estacionário, compotência na faixa de 5,5cv; o co-mando é por meio de rabiças eembreagens manuais; o mecanis-mo rompedor de solo é compostopor enxadas rotativas de baixarotação, abrindo o sulco de plantiocom 5cm de largura. As enxadasrotativas, bem como os facõesdepositadores de sementes e asrodas pressionadoras de solo nalinha de semeadura apresentamdispositivos para acompanhar, deforma independente uma da ou-tra, as oscilações do terreno.

A semeadora foi desenvolvidapela Embrapa Trigo (Passo Fun-do, RS), em parceria com as em-presas Sfil e Lusbra.

Mais informações pelo fone(0XX61) 976-5080.

Jornalista responsável: Ma-gali Savoldi.

Epagri ganha prêmios na áreaEpagri ganha prêmios na áreaEpagri ganha prêmios na áreaEpagri ganha prêmios na áreaEpagri ganha prêmios na áreaambientalambientalambientalambientalambiental

A Epagri ganhou dois prêmiosna 7a edição do Prêmio Expressãode Ecologia/1999, promovido pelaRevista Expressão. Um deles nacategoria educação ambiental,com o trabalho “Destino Final doLixo Doméstico”, e o outro nacategoria agropecuária, com oProjeto de Recuperação, Conser-vação e Manejo dos RecursosNaturais em MicrobaciasHidrográficas de Santa Catarina,incluso no Projeto Microbacias/Bird. A Empresa disputou commais de 80 concorrentes. “É umprazer ver nosso trabalho reco-nhecido, principalmente porqueestamos caminhando para umobjetivo maior que é a agriculturasustentável em Santa Catarina”,disse Gilmar GermanoJacobowski, diretor técnico e deplanejamento da Epagri.

A Epagri já ganhou dois prê-

mios este ano e, com mais estesdois, são quatro premiações. Járecebeu o prêmio Finep de Ino-vação Tecnológica, promovidopela Revista Expressão, pelaFinanciadora de Estudos e Pro-jetos – Finep do Ministério daCiência e Tecnologia e pelaSiemens do Brasil, na categoriaprocesso/serviços, pelo trabalhode pesquisa e extensão emmaricultura – cultivo de ostras emariscos. Concorrendo com oProjeto Microbacias/Bird, foiselecionada, com direito àpremiação, entre os 20 desta-ques em 900 projetos inscritosno Concurso Nacional GestãoPública e Cidadania promovidopela Fundação Getúlio Vargas eFundação Ford.

Jornalista responsável: Már-cia Correa Sampaio, e-mail:[email protected].

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 39

Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

Manejo e armazenamento de dejetos de suínosManejo e armazenamento de dejetos de suínosManejo e armazenamento de dejetos de suínosManejo e armazenamento de dejetos de suínosManejo e armazenamento de dejetos de suínosno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinense11111

Hugo Adolfo Gosmann

manejo inadequado de parte dos32.000m3 de dejetos de suínos,

produzidos diariamente nas proprie-dades rurais de Santa Catarina, seconstitui em grande preocupaçãoquanto à poluição ambiental. Aindaexistem criações de suínos, cujosdejetos produzidos correm a céu aber-to, incorporando-se diretamente aoscursos de água. Entretanto, existempropriedades que adotam diferentessistemas de manejo com o propósitode aproveitar os dejetos de suínos oupromover o seu tratamento. O pre-sente trabalho foi conduzido com oobjetivo de conhecer os mais diferen-tes sistemas existentes no Oeste deSanta Catarina. Entre outras infor-mações, foram pesquisados o volumede dejetos produzidos, a forma demanejo e o aproveitamento dos dejetosde suínos nas propriedades avaliadas.

Metodologia

A pesquisa foi realizada na formade entrevista, com 163 suinocultoresproprietários das microrregiões doMeio Oeste, Alto Uruguai, Alto Irani,Oeste e Extremo Oeste de SantaCatarina, cujas criações apresenta-vam algum sistema de manejo dedejetos. Foram abrangidas áreas deação da assistência técnicaagropecuária das seguintes empre-sas: Epagri, Sadia Concórdia, Coperdiae Cooperativa Central OesteCatarinense. Na entrevista foi aplica-do questionário previamente elabora-do com a coleta de informações sobre:

área da propriedade e uso do solo;rebanho de aves e bovinos com orespectivo volume de dejetos produzi-dos; tipo de criação e rebanho desuínos; tipo de construção, tipo depiso, tipo de bebedouro das instala-ções de suínos; volume produzido ecapacidade de estocagem de dejetosnas propriedades rurais; manejo dosdejetos; utilização dos dejetos de suí-nos produzidos.

As informações obtidas no conjun-to das propriedades pesquisadas fo-ram submetidas à análise da distribui-ção da freqüência, como, por exemplo,área total de terras, área de lavoura,volume de dejetos produzidos e volu-me de dejetos aplicados na lavoura.Os diferentes sistemas de manejo eestocagem de dejetos encontrados fo-ram analisados e comparados separa-damente, através da média aritméti-ca das informações obtidas na aplica-ção do questionário. Em função daalta freqüência, foi dada ênfase à aná-lise dos sistemas de esterqueira e debioesterqueira. Independentementede sistema de manejo e de estocagemadotado, também foi feita análise dasvariáveis nas criações do tipo recria –terminação equipadas com bebedourodo tipo chupeta, com o objetivo deobter informações de campo sobre asmesmas instalações e equipamentosutilizados no trabalho (1).

Resultados

Os principais resultados são relati-vos às propriedades que adotam os

sistemas de bioesterqueira eesterqueira, em função da alta fre-qüência encontrada. Também sãoapresentados dados gerais do conjun-to de propriedades estudadas quantoao manejo dos dejetos de suínos.

As características gerais daspropriedades que adotam o sistema debioesterqueira e o sistema de ester-queira são baseadas principalmentena freqüência, na produção e nomanejo dos dejetos de suínos.

Dos 163 suinocultores entrevista-dos, 44% adotaram o sistema debioesterqueira (Figura 1) e 47%, o deesterqueira.

Em outros sistemas (7%) foramencontrados: biodigestor; tanque comdois compartimentos de mesma capa-cidade, usados alternadamente (en-quanto um recebe carga, o outro aguar-da esvaziamento); e conjunto deseparador da fase sólida e lagoas detratamento da fase líquida. Identifi-cou-se a utilização de cada um destessistemas em duas propriedades dife-rentes. As demais cinco propriedadesapresentaram mais de um sistema.

Tamanho das propriedadesrurais, aptidão agrícola eocupação do solo

A média geral foi de 29ha de terrapor propriedade rural, sendo que 74%delas apresentaram até 36ha (Fi-gura 2).

As propriedades rurais que ado-tam o sistema de bioesterqueira apre-sentam uma área total de terras 20%

1. Extraído da dissertação de mestrado do autor.

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Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

Tabela 1 – Valores médios por propriedade - dados referentes à ocupação da terra, 1997

Sistema Aptidão agrícola Área Área de Área dede manejo (% média/ total lavoura pastagemadotado propriedade) (ha) (ha) (ha)

Bioesterqueira 54 26 11 4,8Esterqueira 57 32 16 5,5

inferior em relação àquelas que ado-tam o sistema de esterqueira.

A Tabela 1 também mostra que aaptidão agrícola das propriedades vi-sitadas é de apenas cerca de 55%, oque significa que pouco mais da meta-de da área da propriedade apresentapotencial para uso com agricultura,característica da topografia monta-nhosa do Oeste Catarinense. A médiageral de terras de lavoura é de 15ha,sendo que 78% das propriedades ru-rais possuem até 20ha. Essas terrasapresentam forte limitação para aexploração de cultivos anuais e para autilização dos dejetos de suínos comofertilizantes agrícolas.

Conforme a Tabela 1, as proprieda-des com bioesterqueira, além de apre-sentarem uma área total de terramenor, também possuem uma áreade lavoura proporcionalmente menor(apenas 69% em relação à área daspropriedades com esterqueira), o quesignifica menor área de produção agrí-cola nestas propriedades.

A área de pastagem (média de 5ha)também é menor nas propriedadesque adotam a bioesterqueira (Tabela1).

O sistema de bioesterqueira é maisadotado por suinocultores que possu-em menor área de terras e menorprodução de suínos. Por outro lado, ossuinocultores que adotam a ester-queira têm criações maiores, commaior volume de dejetos produzidos,apresentando maior área de proprie-dade e maior área de lavoura.

Pode ser admitido que a bioes-terqueira é adotada pelos pequenosagricultores, os quais são mais recep-tivos à assistência técnica, sendo quemuitos deles fazem parte do públicoassistido pela Epagri.

Rebanho de suínos nosdiferentes sistemas dearmazenamento e manejo

Identificou-se, como média geral,um total de 313 animais por proprie-dade, distribuídos em diversas cate-gorias, conforme Tabela 2. O númerode animais é maior nas propriedadescom o sistema de esterqueira, onde aárea de terras também é maior. O

Figura 1 –Modelo de

umabioesterqueira

no município

de Videira, SC

Figura 2 – Distribuição da freqüência da área total de terra das propriedades

suinícolas, 1997

0 a 12 12,1 a 20 20,1 a 36 >36

5,3

15,3

24,7

34,1

20,6

0

5

10

15

20

25

30

35

Sem resposta

% propriedades

Área total da propriedade (ha)

(%)

número de animais aumenta de acor-do com o aumento da área da pro-priedade.

Volume de dejetos produzidosnos diferentes sistemas demanejo

A produção média geral de dejetos

nas propriedades, da ordem de 669m3/ano (Tabela 3), corresponde a umamédia diária de 5,89 litros por suíno.As propriedades do sistema deesterqueira produzem um volume porsuíno 6% maior em relação às pro-priedades que adotam o sistema debioesterqueira, possivelmente pormaior desperdício de água por bebe-

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 41

Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

Tabela 2 – Valores médios por propriedade – dados referentes aos rebanhos de suínos, 1997

Leitões Leitões Suínos Suínos em Total dena na em recria reposição suínos

mater- creche e ter- repro- na pro-nidade minações duções priedade

(no) (no) (no) (no) (no)

Bioesterqueira 24 43 47 139 3 256Esterqueira 30 61 71 194 5 361Média geral 26 51 57 175 4 313

Sistemamanejo

Matrizes(no)

douros ou sistema de lavagem e ma-nejo utilizados.

Aproximadamente a metade daspropriedades suinícolas avaliadas pro-duz na faixa de 201 a 600m3/ano, con-forme mostra a Figura 3.

Capacidade de estocagem nos di-ferentes sistemas

Analisando-se a capacidade de ar-mazenagem (187m3/propriedade) emfunção do volume de dejetos produzi-dos, a maior estrutura é encontradanas propriedades com o sistema debioesterqueira, onde o tempo deestocagem chega a 131 dias, enquantoque nos sistemas de esterqueira aestocagem é de apenas 88 dias. Istocorresponde a uma capacidade de ar-mazenagem de 0,73m3/suíno nas pro-priedades que adotam o sistema debioesterqueira e de 0,52m3/suíno nasque adotam a esterqueira (Tabela 3).

Estes resultados podem ser com-parados com a faixa encontrada poroutros autores (2): 0,91m3 nas peque-nas criações (com até 100 animais);0,44m3 nas médias (com 100 a 200animais); e 0,27m3 nas grandes cria-ções (com mais de 200 animais).

Destino e valorização dos dejetosde suínos

A maior parte (88%) dos dejetos de

suínos produzidos nas propriedadespesquisadas no Oeste de SantaCatarina que usam os sistemas debioesterqueira e esterqueira é utiliza-da como fertilizante na própria pro-priedade rural. O excedente dosdejetos é utilizado nas propriedadesdos vizinhos.

Do volume usado nas propriedadescom sistema de bioesterqueira eesterqueira, 84% são aplicados naslavouras, especialmente na culturado milho (Tabela 4). O restante (6%)

é aplicado principalmente em pasta-gens. A aplicação dos dejetos é feita nasuperfície do solo.

Na área adubada (média de 11ha)são aplicados anualmente, em média,44m 3 de dejetos/ha, sendo que naspropriedades com o sistema debioesterqueira praticamente toda aárea de lavoura é fertilizada, apesarde o volume aplicado por hectare sermenor (Tabela 5). Este volume deesterco aplicado é semelhante ao re-comendado (40m3/ha/ano) para a cul-tura de milho em solos médios, apre-sentando um teor de matéria seca(MS) de 5% e teor de matéria orgânica(MO) entre 2,6 e 5% (3).

A maioria dos suinocultores (70%)aplica anualmente um volume de 20a 60m3/ha em suas lavouras (Figu-ra 4).

Com o volume de dejetos de suínosaplicados nas áreas de lavoura,complementados com fertilizante

Tabela 3 – Valores médios por propriedade – dados referentes à produção e capacidade de estocagem de dejetos de suínos, 1997

Total Produção Capacidade Capacidade de Produção Capacidadede de de estocagem/volume de de

animais dejetos estocagem de dejetos dejetos estocagem(no) (m3/ano) (m3) (m3) (litro/dia/suíno) (m 3/suíno)

Bioesterqueira 256 523 186 0,36 5,62 0,73Esterqueira convencional 361 780 187 0,24 5,97 0,52Geral (todos os sistemas) 313 669 187 0,29 5,89 0,62

Figura 3 – Distribuição da freqüência do volume de dejetos produzidos nas

propriedades suinícolas avaliadas, 1997

Sem resposta 0 a 200 201 a 400 401 a 600 601 a 1.000 >1000

9,8

13,5

26,4

19 18,4

12,9

0

5

10

15

20

25

30 % propriedades

Dejetos produzidos (m3/ano)

(%)

Sistema

#

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42 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

químico, a produtividade média dacultura do milho foi da ordem de 97sacos/ha.

Dispondo os suinocultores de 44m3/ha/ano, em média, e com base naconcentração de nutrientes para asplantas por metro cúbico de dejetos(2,92kg de N; 2,37kg de P2O5; 1,54kgde K2O), são aplicados anualmentepor hectare 130kg de nitrogênio, 104kgde P2O5 e 68kg de K2O (2). A maior

Tabela 5 – Volume de nutrientes (N, P, K) aplicados/ha/ano nas propriedades combioesterqueira e com esterqueira, 1997

Volume dedejetos N aplicado P

2O

5 aplicado K

2O aplicado

aplicados (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)(m3/ha)

Bioesterqueira 39 115 92 60Esterqueira 51 150 121 79Geral 44 130 104 68

Fonte: Scherer et al. (1995) (2).

Tabela 4 – Valores médios por propriedade - dados referentes à utilização dos dejetos de suínos nas propriedades do Oeste Catarinense, 1997

Utilizado na Aplicado na Aplicado Área da Distância Produtividadepropriedade lavoura na lavoura da de

(% média/ (% média/ lavoura adubada aplicação milhopropriedade) propriedade) (m3/ha) (ha) (km) (sc/ha)

Bioesterqueira 92 84 39 11 0,69 94Esterqueira 86 84 51 12 0,81 101Geral 88 84 44 11 0,76 97

Sistema

Figura 4 – Distribuição da freqüência do volume de dejetos aplicados nas lavouras

das propriedades suinícolas avaliadas, 1997

Sem resposta Zero 1 a 20 21 a 40 41 a 60 61 a 184

35,6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Dejetos na lavoura (m3/ha/ano)

15,3

2,5

11,7

22,7

12,3

% propriedades

(%)

quantidade de nutrientes por área éaplicada nas propriedades que adotamo sistema de esterqueira, nas quais éaplicado um maior volume de dejetos(51m 3/ha), conforme Tabela 5.

Para solos de média fertilidade (pH= 5,8; matéria orgânica = 2,5%; P =3ppm; K = 50ppm; classe textural = 1),a exigência nutricional anual para acultura do milho para uma produtivi-dade de 100sc/ha é da ordem de 110kg

de N, 70kg de P2O5 e 70kg de K2O (4).Isto indica que, aplicando os 44m3/ha,em média, as exigências para a cultu-ra do milho em N, P e K são atendidas.

Distância da produção ao localde aplicação dos dejetos e custosde transporte

Nas propriedades com esterquei-ra, a distância média do local deprodução até o local da aplicação nalavoura atingiu 0,81km, contra0,69km nas propriedades que adotamo sistema de bioesterqueira. Assim, ocusto de transporte nas propriedadescom o sistema de bioesterqueira émenor.

A qualidade dos dejetos está asso-ciada ao manejo adotado, sendo fun-ção do esterco, da urina, das sobras deração, do desperdício de água (dosbebedouros ou do sistema de lavagemutilizado) e de outros componentesque ocorrem nas criações. Os dejetosde suíno menos diluídos e mais con-centrados em nutrientes para as plan-tas são mais valorizados economica-mente. Em propriedades com recria/terminação, o valor médio do estercode suínos é de 2,2 dólares/m3 (5). Paraum distribuidor médio (3m3), as dis-tâncias máximas econômicas paratransporte de esterco com valor de 2e 4 dólares correspondem a 0,6 e2,0km, respectivamente (5). Destaforma, a distância de aplicação naspropriedades com sistema debioesterqueira está no limite da faixaeconômica. Nas propriedades que uti-lizam sistema de esterqueira, o custode transporte deverá ser reduzido,mediante o uso de distribuidores demaior capacidade, por exemplo, de5m3, para compensar a maior distân-

Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

Sistema

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 43

Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

cia até o local de aplicação e viabilizara sua utilização.

A redução do custo de transportepoderá ser obtida mediante o uso debebedouros mais eficientes e maisbem regulados, proporcionando ummenor desperdício de água e, conse-qüentemente, menor volume do pro-duto e dejetos mais concentrados.

Características gerais do conjun-to das propriedades estudadas

Das criações pesquisadas, foramencontradas 32 unidades de produçãode leitões (UPLs), 51 unidades derecria/terminação e 75 de ciclo com-pleto, além de outras 5 com mais deum sistema.

O maior volume de dejetos é pro-duzido nas unidades de recria/termi-nação (704m3/ano) em relação às UPLs(554m3/ano) e criações de ciclo com-pleto (675m3/ano). Isto representauma produção diária de 5,9 litros porsuíno em terminação, inferior ao vo-lume de 7,0litros que é produzidonormalmente por suínos de 25 a 100kgde peso vivo (6, 7).

Exclusivamente nas criações derecria/terminação, em ambos os sis-temas (bioesterqueira e esterqueira),a maior produção de dejetos de suínofoi registrada nas propriedades cujasconstruções para suínos são equipa-das com bebedouros do tipo chupeta,produzindo diariamente 6,03 litros porsuíno desta categoria, contra 5,28 li-tros com bebedouros do tipo nível e5,36 litros com bebedouros do tipoconcha. Isto indica maior eficiência,devido ao menor desperdício de água,quando utilizados bebedouros do tiponível e do tipo concha, em relação aosbebedouros do tipo chupeta.

Nas UPLs a produção diária pormatriz foi de 27 litros, semelhante àcitada na literatura (6, 7), e nas cria-ções de ciclo completo a produçãoanual de dejetos por matriz (25,5±10,4m3) é comparável aos 32,3m3

produzidos em condições semelhan-tes (8).

A capacidade física dos sistemas deestocagem nas criações de recria –

terminação de suínos (237m 3) é maiorem relação às UPLs (193m 3) e ao ciclocompleto (152m3), e o tempo de reten-ção possível é semelhante ao das UPLs,com 125 dias, e maior do que o dascriações de ciclo completo, que é deapenas 84 dias.

Considerações finais

O trabalho permitiu identificar osdiferentes tipos de sistema de arma-zenagem e de manejo de dejetos utili-zados nas propriedades suinícolas doOeste Catarinense. Os sistemas maisfreqüentes e mais importantes – o debioesterqueira (44%) e o de esterqueira(47%) – foram estudados maisdetalhadamente.

As propriedades usuárias do siste-ma de bioesterqueira, apesar de me-nores, apresentam melhores condi-ções de manejo dos dejetos de suínosque as usuárias do sistema deesterqueira, em conseqüência de umamaior capacidade de armazenagem,uma menor distância do local de pro-dução ao local de aplicação e umamenor quantidade de dejetos aplica-dos nas lavouras. Estas melhores con-dições de manejo e estocagem dedejetos nestas propriedades são, pos-sivelmente, por causa da adoção detecnologias recomendadas pelos orga-nismos de extensão rural e assistên-cia técnica, em especial a Epagri, quefoi a precursora do sistema debioesterqueira.

O tempo de estocagem mínimorecomendado pelos organismosambientais é de 120 dias. A capacidadede estocagem nas propriedades comesterqueira, de apenas 88 dias, estáaquém da recomendada e deve seraumentada. Da mesma forma, nestasmesmas propriedades, a distânciaacarreta um custo de transporte mui-to alto, que deve ser reduzido paraviabilizar o aproveitamento dosdejetos nas propriedades.

Literatura citada

1. GOSMANN, H.A. Estudos comparativos

com bioesterqueira e esterqueira para

armazenagem e valorização dos dejetos

de suínos. Florianópolis: UFSC, 1997.126p. Dissertação de Mestrado.

2. SCHERER, E.E.; BALDISSERA, I.T.; DIAS,

L.F.X. Potencial do esterco líquido desuínos da região do Oeste de Santa

Catarina. Agropecuária Catarinense.Florianópolis, jun. 1995. v. 8, n. 2, p.35-

39, jun. 1995.

3. SCHERER, E. E.; CASTILHOS, E.G. de.Esterco de suínos como fonte de nitro-

gênio para milho e feijão da safrinha.Agropecuária Catarinense, Florianó-

polis, v.7, n.3, p.25-28, 1994.

4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIADO SOLO. Recomendações de aduba-

ção e de calagem para os estados do Rio

Grande do Sul e Santa Catarina. 3. ed.

Passo Fundo: SBCS-Núcleo RegionalSul, 1995. 223p

5. SCHMITT, D.R. Avaliação técnica e econô-

mica da distribuição de esterco líquido

de suínos. Santa Maria, RS: UFSM,

1995. 151p. Dissertação de Mestrado.

6. KONZEN, E.A. Avaliação quantitativa e

qualitativa dos dejetos de suínos em

crescimento e terminação, manejados

em forma líquida. Belo Horizonte:

UFMG, 1980. 56p. Dissertação deMestrado

7. OLIVEIRA, P.A.V. de (coord.) Manual de

manejo e utilização dos dejetos de suí-

nos. Concórdia: Embrapa-CNPSA, 1993,

188p. (EMBRAPA-CNPSA. Documen-tos, 27).

8. KONZEN, E.A.. Manejo e utilização de

dejetos de suínos. Concórdia: Embrapa-CNPSA. 1983. 32p. (EMBRAPA-

CNPSA. Circular Técnica, 6).

Hugo Adolfo Gosmann, eng. agr., M.Sc.,

Cart. Prof. 4.832, Crea-SC, Epagri/CentroIntegrado de Informações de Recursos

Ambientais de Santa Catarina - Ciram, C.P.502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone

(0XX48) 239-8001, fax (0XX48) 334-1204,e-mail: [email protected].

o

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

Enxertia mecânica e tipos de fita para amarrioEnxertia mecânica e tipos de fita para amarrioEnxertia mecânica e tipos de fita para amarrioEnxertia mecânica e tipos de fita para amarrioEnxertia mecânica e tipos de fita para amarriodo enxerto em pereirado enxerto em pereirado enxerto em pereirado enxerto em pereirado enxerto em pereira

Gabriel Berenhauser Leite eNelson Luis Finardi

enxertia é o processo normal-mente utilizado na produção de

mudas de pereira. Diversos são ostipos e as épocas de realização damesma, mas um dos mais comuns é aenxertia de garfagem no inverno.

Este processo dispende muita mão--de-obra, levando a uma procura pormétodos mais rápidos e eficientes,sendo o uso de máquinas de enxertaruma das opções para otimizar o traba-lho. (1)

Após realizado o enxerto, é neces-sário amarrá-lo para que o mesmofique imóvel até que ocorra a cicatri-zação do ponto de enxertia. Para tan-to, normalmente é utilizada fita depolipropileno que, além de manter oenxerto imóvel, evita a entrada deágua no corte. Entre 60 e 90 dias apóso pegamento do enxerto, esta fitanecessita ser retirada para que nãoocorra o estrangulamento do caule dapereira.

Esta prática, além de demandarmão-de-obra, pode vir a ser um impor-tante ponto de entrada de patógenos,pois ao se cortar a fita é comum havertambém o corte da casca.

O presente trabalho objetivou tes-tar a eficiência da máquina portátil deenxertia tipo ômega, em comparaçãoao método tradicional de enxertia degarfagem dupla fenda, e três tipos defita de enxertia, no desenvolvimentoda planta.

Material e método

Os tratamentos consistiram degarfagem dupla fenda manual egarfagem tipo ômega através da má-quina portátil, sendo os enxertos amar-

rados com três tipos de fita de enxertia:polipropileno, fita crepe e fita isolanteautofusão.

O delineamento do experimentofoi inteiramente casualizado, em par-celas subdivididas, tendo o tipo degarfagem como parcela e o tipo de fitade enxertia, como subparcela, comdez repetições de cinco plantas porsubparcela.

Como copa foi utilizada a cultivarNijisseiki (Século XX), sendo a enxertiafeita diretamente no viveiro, sobre oporta-enxerto Pyrus betulaefolia en-raizado no inverno anterior pelo pro-cesso de estaquia lenhosa.

As enxertias foram realizadas nodia 13/8, e os parâmetros, percenta-gem de pegamento e crescimento das

mudas foram avaliados no dia 27/12.Os dados de percentagem foram trans-formados em arc sen % para fins daanálise estatística.

Resultados e discussão

Apesar de agilizar muito a práticada enxertia, a máquina portátil tipoômega (Figura 1) apresentou percen-tagem de pegamento dos enxertossignificativamente inferior ao dagarfagem manual dupla fenda, 54 e90%, respectivamente (Tabela 1).

O mesmo ocorreu com a altura damuda que apresentou um cresci-mento significativamente inferior nocaso da garfagem mecânica (52cm)em comparação à garfagem manual

Figura 1 – Máquina portátil de enxertia tipo ômega utilizada no experimento

A

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

(68,8cm).Esta baixa percentagem de

pegamento dos enxertos com a má-quina portátil também foi observadaem outros trabalhos, mais especifica-mente na enxertia de estacas de ma-cieira (2). Estes maus resultados po-dem ter duas explicações. A primeiraestá relacionada ao diâmetro do ma-terial enxertado, que necessita estardentro de uma faixa padrão para queocorra o corte em ômega. Foi obser-vado a campo que os diâmetros entre0,8 e 1,0cm foram os que melhor seadaptaram à máquina de enxertar. Osegundo ponto está na qualidade docorte efetuado. Após alguns enxertosobservou-se que o corte proporciona-do pela máquina não era liso, e simmeio mascado, fato este que compro-mete a cicatrização do enxerto. Alémdisso, em alguns casos, quando a cas-ca encontra-se meio solta a máquinanão consegue cortá-la, danificando omaterial para a enxertia. Deste modo,o uso da máquina exige uma maioruniformidade entre o porta-enxerto eo enxerto quanto ao diâmetro.

O tipo de fita de enxertia não influ-enciou no percentual de pegamentomas em relação à altura das plantas.Aquelas amarradas com fita depolipropileno tiveram crescimentosignificativamente inferior (44,2cm)em comparação às plantas atadas comfita crepe (68,7cm) e fita isolante auto-fusão (68,4cm) (Tabela 1).

Esta redução de crescimento podeser creditada ao estrangulamento pro-vocado pela fita de polipropileno, que

não cede com o aumento do diâmetroda muda, dificultando o transporte denutrientes. Deste modo, é obrigatórioo corte da fita, de 60 a 90 dias após aenxertia, visando evitar este proble-ma. Já a fita crepe e a fita autofusãonão necessitam ser cortadas pois ce-dem com o crescimento da planta,eliminando a necessidade de corte dafita. Economicamente a fita crepe émuito mais vantajosa que a fita iso-lante autofusão.

Conclusão

Pelos resultados obtidos podemosconcluir que:

• A máquina portátil tipo ômegatestada não é recomendada paraenxertia de pereira diretamente noviveiro.

• A fita crepe pode ser usada como

fita de enxertia com algumas vanta-gens sobre a fita de polipropileno tra-dicionalmente utilizada.

Literatura citada

1. HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.;DAVIES, F.T. Plant propagation :principles and practices, 5. ed. NewJersey: Prentice Hall, 1990. 647p.

2. LEITE, G.B.; FINARDI, N.L.; CAMELLATO,D. Enxertia em estaca: uma nova opçãopara produção de mudas de macieira.Agropecuária Catarinense, Floria-nópolis, v.11, n.2, p.5-7, jun. 1998.

Gabriel Berenhauser Leite , eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 7.445, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,89500-000 Caçador, SC, fone (0XX49) 663-0211, fax (0XX49) 663-3211 e Nelson LuizFinardi, eng. agr., Ph.D., Rua ProfessorAraújo, 585, Centro, 96020-360 Pelotas, RS,fone (0XX53) 222-6730.

Tabela 1 – Efeito do tipo de enxertia (garfagem dupla fenda manual e mecânica tipoômega) e tipo de fita de enxertia (polipropileno, fita crepe e fita isolante autofusão) sobre

a percentagem de pega dos enxertos e a altura das mudas de pereira

Altura(cm)

Tipo enxertiaManual 90,6 a 68,8 aMecânica 54,6 b 52,0 b

Tipo de fitaPolipropileno 71 44,2 bFita crepe 70 68,4 aFita isolante autofusão 77 68,4 a

Obs.: Média seguida por letras diferentes, na vertical, diferem entre si pelo teste de Duncana 5%.

Tratamento % de pegamento

o

Informe-se sobre o Pólo de Maricultura

em Santa Catarina. Acesse a homepage

da Epagri http://www.epagri.rct-sc.br

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46 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

OPINIÃO

Apicultura -Apicultura -Apicultura -Apicultura -Apicultura -alternativa dealternativa dealternativa dealternativa dealternativa de

trabalho e rendatrabalho e rendatrabalho e rendatrabalho e rendatrabalho e rendapara a agriculturapara a agriculturapara a agriculturapara a agriculturapara a agricultura

familiarfamiliarfamiliarfamiliarfamiliarcatarinensecatarinensecatarinensecatarinensecatarinense

Carlos Luiz Gandin

anta Catarina é o maior pro-dutor de mel do Brasil, com

um número de apicultores estima-do em 15 mil famílias, que prati-cam a apicultura economicamente.Destas, 90% são constituídas depequenos agricultores quecomplementam suas rendas atra-vés dos diversos produtos apícolas,especialmente o mel, considerado omelhor do Brasil, já tendo sido pre-miado como o melhor do mundo.Contando com um plantel de 400mil colméias, que produzem apro-ximadamente 8 mil toneladas demel por ano, esta atividade gerauma renda superior a 20 milhõesde reais na economia estadual,eqüivalendo a aproximadamente1.300 reais/família/ano. No entan-to, a produtividade do melcatarinense ainda é baixa – cercade 15kg de mel/colméia/ano.

Sintonizado com os problemasdo setor, o Governo do Estado, atra-vés da Epagri, vem estudando operfil dos pequenos apicultores eimplantou recentemente o primei-ro Centro de Referência em Pes-quisa e Extensão Apícola do Brasil– Cepea –, na Cidade das Abelhas,no bairro Saco Grande II, RodoviaVirgílio Várzea, 2.600, Floria-nópolis. O Cepea já dispõe de umapágina na internet, no endereço:http:/ /www.epagri.rct-sc.br/cepea.html, onde se encontram asprincipais informações referentes

à apicultura.O principal objetivo da criação

deste Centro é de promover a pes-quisa na área apícola (sanidade,manejo, melhoramento genético eprodução de rainhas), prestar assis-tência técnica (só este ano já estãoprogramados 36 cursos decapacitação), prestação de serviço(reativação do laboratório para aná-lise de produtos apícolas) e produ-ção de cera alveolada. Atua em par-ceria com a Federação das Associa-ções de Apicultores de SantaCatarina, que tem cerca de 4 milassociados e congrega 59 associa-ções regionais, visando melhor apro-veitar o potencial do Estado. Esti-ma-se que este potencial de produ-ção de mel seja superior a 20 miltoneladas anuais, equivalentes a50 milhões de reais, desde que sejaproporcionada uma adequada for-mação profissional aos produtores eque lhes sejam fornecidas tecnologiasde produção e de beneficiamentocondizentes com a realidade e o con-texto em que a apicultura se insereatualmente nos mercadosglobalizados.

A apicultura catarinense conta,também, com o apoio da FAO, atra-vés do programa Pequenos Agricul-tores Unidos da América Latina –Paual –, que incentiva a atividadeem todo o continente, indicando-acomo importante fator de integraçãoe de desenvolvimento socioeco-nômico dos países em desenvolvi-mento.

Dentro deste contexto, a apicul-tura destaca-se por ser de grandeimportância social, econômica e, aci-ma de tudo, ecológica. Por sua pecu-liaridade, a apicultura pode ser pra-ticada nas pequenas propriedadesrurais e, principalmente, em áreasimpróprias para a agricultura con-vencional. Assim, possibilita o au-mento da capacidade de aproveita-mento econômico das propriedadesrurais, resultando em geração de

emprego e melhoria da renda dasfamílias dos produtores, além degarantir, através da açãopolinizadora das abelhas, aindamaior produção de sementes e fru-tos, tanto silvestres quanto culti-vados.

A apicultura de Santa Catarinahá muitos anos vem sendo umaatividade reconhecida em todo oBrasil e no exterior. O destaquealcançado por essa atividade deve--se à qualidade do mel catarinense,graças ao desenvolvimentotecnológico alcançado e àdiversificada flora apícola distri-buída em todo o Estado.

Os produtos das abelhas são uti-lizados pelo homem como alimento,remédio e cosméticos. Entre elesencontram-se, além do mel, a ge-léia real, o pólen, a própolis, a cerae o veneno, destacando-se o pólen,que já vem sendo produzido emescala expressiva no Estado, que éo maior produtor brasileiro devidoàs suas peculiaridades climáticas eflorísticas. Ênfase especial é dadaao pólen originário da bracatinga,planta nativa da Mata Atlântica,por seu alto teor de proteína e suasqualidades organolépticas (saborsemelhante ao do amendoim). Omercado para este produto é am-plo, com grandes possibilidades deexportação para a Europa, emborao Brasil ainda seja um importadorde pólen.

Conclui-se, assim, que uma api-cultura mais eficiente vem propor-cionar, por conseqüência, melhorqualidade de vida aos produtores epara a sociedade em geral, contri-buindo para o desenvolvimentorural sustentável do Estado de San-ta Catarina.

Carlos Luiz Gandin, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 3.141-D, Crea-SC, Epagri/InstitutoCepa/SC, Rodovia Admar Gonzaga, 1.486,C.P. 1.587, 88034-001 Florianópolis, SC, fone(0XX48) 334-5155, fax (0XX48) 334-2311,e-mail: [email protected], internet:http://www.icepa.com.br.

S

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Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999 47

CONJUNTURA

ImportânciaImportânciaImportânciaImportânciaImportânciado agronegóciodo agronegóciodo agronegóciodo agronegóciodo agronegóciopara o Estadopara o Estadopara o Estadopara o Estadopara o Estado

Luiz Marcelino Vieira eJanice Maria Waintuch Reiter

té algumas décadas atrás,a produção de alimentos fun-

damentava-se basicamente no se-tor agropecuário. Atualmente, asituação está completamente dife-rente. Com o avanço do processo deindustrialização, as economiasglobalizadas, a existência cada vezmais forte de empresas operandoao longo de toda a cadeia produti-va e tantas outras mudanças queestão ocorrendo com incrível velo-cidade no mercado, nem a produ-ção de alimentos é mais resultadopuro e simples do trabalho dosagricultores, nem este é mais sim-plesmente um produtor de alimen-tos.

A produção de alimentos e devários outros produtos e insumos,cuja matéria-prima se origina nosetor agropecuário, envolve váriasatividades de todos os setores daeconomia, que se interligam e de-pendem uns dos outros no decorrerdo processo produtivo. Estas ativi-dades vão desde a produção indus-trial de insumos, máquinas eimplementos, até a produção nocampo e, posteriormente, no setorde comércio e serviço com ativida-des de transporte, distribuição,vendas, etc., com participação deinstituições públicas e privadas emmercados locais, regionais e inter-nacionais.

O setor agropecuário contemplauma gama de atividades bem maiorque o plantio e a colheita. Referir-seà agricultura como apenas produ-tora de feijão, arroz, etc. é coisa dopassado. Hoje, o enfoque devefundamentar-se, basicamente, sobreo agronegócio, pois melhor seadapta à realidade do mundo rural.O agronegócio engloba desde osinsumos, máquinas e equipamen-tos utilizados na produção, o pro-duto ao qual se agregou valor porprocessos industriais, até o proces-so de distribuição ao consumidorfinal.

Neste contexto, em se tratandoda receita que o setor agropecuáriogera com a arrecadação do ICMS,depara-se, na maioria das vezes,com enfoques que consideram aagricultura e a pecuária de formaisolada. Isto acaba levando à con-clusão de que é quase inexpressivaa contribuição da agricultura paraos cofres públicos.

Tomando-se como referencial amédia do montante total de arreca-dação de ICMS dos últimos dez anosno Estado, observa-se que a contri-buição da agricultura e da pecuáriafoi de aproximadamente 0,6%. Po-rém, devem-se considerar no míni-mo dois aspectos: primeiro, que nãohá arrecadação direta feita pelo pro-dutor rural, pois esta etapa de reco-lhimento é diferida (transferida paraa etapa posterior); em segundo lu-gar, que grande parte dos produtosagropecuários in natura ou mini-mamente processados ou é isenta doimposto ou possui uma alíquota re-duzida. No entanto, quando se ana-lisa a indústria alimentar, essacontribuição cresce para cerca de5,8%.

Entretanto, ao se analisar o

agronegócio, nele compreendidotoda a esfera de produção, insumose máquinas, produção agrícola,agregação de valor e distribuiçãoaté o consumidor final, sua partici-pação sobe sensivelmente, alcan-çando aproximadamente 22,4% daarrecadação do total de ICMS es-tadual.

Desta forma, ao se examinartodo o entorno que envolve o setorde agronegócios, ou seja, o queestá indiretamente ligado ao setoragropecuário, a montante e ajusante, observa-se que a con-tribuição em termos de arrecada-ção de ICMS para os cofres doEstado é bem mais significativa.Além disso, não se pode deixar deconsiderar outros aspectos, sociaise econômicos, que envolvem o se-tor, tais como geração de renda eemprego, arrecadação de outrostributos, etc. Portanto, analisar acontribuição do setor levando emconsideração apenas a produçãode produtos in natura é, no míni-mo, subestimar a importância dosetor de agronegócios para o cres-cimento e o desenvolvimento doEstado.

Luiz Marcelino Vieira, economista,Instituto Cepa/SC, Rodovia AdmarGonzaga, 1.486, C.P. 1.587, 88034-001Florianópolis, SC, fone (0XX48) 334-5155, fax (0XX48) 334-2311, e-mail:[email protected], internet: http://www.icepa.com.br e Janice MariaWaintrech Reiter, economista, M.Sc.,Instituto Cepa/SC, Rodovia AdmarGonzaga, 1.486, C.P. 1.587, 88034-001Florianópolis, SC, fone (0XX48) 334-5155, fax (0XX48) 334-2311, e-mail:[email protected], internet: http://www.icepa.com.br

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48 Agropec. Catarin., v.12, n.4, dez. 1999

VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Horta domésticaHorta domésticaHorta domésticaHorta domésticaHorta domésticaO objetivo da horta doméstica é produzir

hortaliças sadias, isentas de agrotóxicos, oano todo e em quantidade suficiente para a

família inteira.Produzir hortaliças é uma atividade re-

lativamente fácil e barata. A horta domésti-ca também tem como objetivo aumentar a

renda da família. Para se produzirem horta-liças de boa qualidade, de forma simples,

econômica e eficiente, são necessárias algu-mas informações básicas:

Planejando sua horta

A produção de hortaliças em casa é fácil,

basta ter espaço no quintal (ou até mesmocaixotes e vasos, para os moradores de cida-

de), algumas ferramentas e boa vontade.Caso a família não disponha de esterco

suficiente para a adubação orgânica, fazeruma compostagem 1 para utilizar todo o lixo

orgânico (cascas, folhas, restos de culturas,etc.); ao comprar as sementes das hortali-

ças, verificar se as mesmas estão adequadasà época do ano para o plantio e se estão

dentro do prazo de validade; preferir a adu-bação orgânica (esterco, composto, aduba-

ção verde) à adubação química, caso a aná-lise do solo demonstre um bom

balanceamento de nutrientes; sempre pre-ferir o controle biológico natural e mecânico

às pragas e doenças em vez do controlequímico; dar oportunidade para que toda a

família participe tanto do planejamentoquanto do trabalho na horta; utilizar as

práticas da diversificação e da rotação deculturas que, além de auxiliarem no contro-

le das pragas e doenças das hortaliças, aju-dam na diversificação da alimentação da

família; planejar um cantinho para plantaros chás e os temperos.

Tamanho da horta

O tamanho da horta depende do núme-

ro de pessoas da família, da disponibilidadede mão-de-obra e do tipo de hortaliças que

serão cultivadas, bem como da disponibilida-de de terra. O ideal é que para cada pessoa

da família se cultive entre 10 e 14m² dehorta. Assim, para uma família de sete a oito

pessoas, 100m² de horta são suficientes.

O local da horta é importante

• Perto de casa.• Boa exposição ao sol.

• Longe de sanitários, esgotos, instala-

ções de animais e lixo tóxico.• Solo enxuto, de preferência com pouca

declividade.• Solo profundo, bem drenado e, se pos-

sível, com boa fertilidade.

Os canteiros

• Posição - em terrenos inclinados, oscanteiros devem ficar atravessados em rela-

ção à declividade, para evitar que as águas daschuvas os destruam, ficando a parte superior

na horizontal, como os degraus de uma esca-da.

• Dimensões - a altura dos canteirosdeve ser entre 15 e 20cm para terrenos nor-

mais; entre 20 e 25cm para terrenosencharcados ou muito úmidos; e entre 10 e

15cm para terrenos muito secos. O compri-mento do canteiro varia de 4 a 5m ou confor-

me as condições da horta. A largura de 1 a1,20m facilita o trabalho nos dois lados do

canteiro. A distância entre um canteiro eoutro deve ser de 40cm (deixar um dos corre-

dores com 60cm para possibilitar a passagemde um carrinho-de-mão para transportar o

adubo). Estas são as medidas ideais, mas oscanteiros podem ter outros tamanhos, depen-

dendo da área escolhida.

Preparo do solo

• No caso de horta nova - limpar oucapinar a área, juntando todo o mato em um

canto (o material retirado servirá, depois deapodrecido, como adubo orgânico).

• Para todas as hortas, novas ou existen-tes - cavar o terreno na profundidade de 20cm;

desmanchar os torrões, deixando o terrenobem fofo; fazer a calagem (para saber a quan-

tidade de calcário a aplicar pode-se basear emanálises de solo da propriedade ou pode-se

seguir esta indicação: para terra forte, 1kg decalcário por metro quadrado; para terra fraca,

2 kg de calcário por metro quadrado). Ocalcário deve ser aplicado 30 dias antes do

plantio, misturado numa profundidade de20cm e aplicado a cada três anos.

• Adubação - a quantidade necessária deadubo químico ou de calcário normalmente é

especificada pela análise do solo, mas, geral-mente, para a adubação de correção de fósfo-

ro no solo são aplicadas 100g por metro qua-drado de superfosfato triplo ou 200g por metro

quadrado de superfosfato simples. Repetiresta adubação de seis em seis meses (aplicar

e misturar o adubo ao solo, junto com a

matéria orgânica).• Adubação orgânica - pode-se usar o

esterco de curral, de galinheiro ou de chi-queiro, desde que esteja curtido, ou também

usar o composto, que é um excelente aduboorgânico para a horta (quando for esterco

de curral, certifique-se de que não foi usadoherbicida na pastagem).

• Quantidade - aplicar a matéria orgâni-ca na quantidade de uma lata de querosene

por metro quadrado; misturar a matériaorgânica na profundidade de 20cm no solo;

renovar esta quantidade a cada seis meses(aplicar sempre quinze dias antes do plan-

tio).

Controle a pragas e doenças

Recomendam-se algumas práticas pre-ventivas, como localizar a horta em local

ensolarado, evitar o plantio na horta deplantas mais suscetíveis a pragas e doenças,

como o tomate e a batata-inglesa, retirar daárea os restos das plantas, fazer rotação de

culturas e realizar o plantio de plantas repe-lentes de insetos, como arruda, alho, gerânio,

cravo-de-defunto, losna, etc., que devemser plantadas entre as hortaliças.

Pulgão e cochonilha na horta podem sercombatidos regando as plantas com água de

fumo ou com uma solução feita com restosde sabão e água. Pode ser feito também o

controle mecânico (manual).Lesmas e caracóis na horta costumam

ser eliminados colocando-se entre os cantei-ros sacos de aniagem bem molhados à

noitinha. Pela manhã, levantar os sacos eeliminar manualmente os moluscos.

Formigas fora da horta podem ser con-troladas fazendo uma barreira com farinha

de osso, casca de ovo moída ou carvão vege-tal moído. Formigueiros dentro da horta

podem ser combatidos colocando-se cal vir-gem na boca do formigueiro e derramando

água em cima.“Vaquinhas” podem ser controladas cor-

tando-se um porongo verde ao meio e colo-cando-o no meio da horta. O líquido existen-

te no porongo atrai os insetos, que devemser eliminados manualmente.

Fonte: Panceri, B. Horta doméstica.Florianópolis: Acaresc,1991.

Nota: Mais informações no escritório daEpagri do seu município.

1. É o resultado da transformação do lixo orgânico em adubo e pode ser localizada no jardim ou na horta; não produz mau cheiro nem insetos.O composto é preparado em camadas intercaladas: fazer uma camada do lixo orgânico (restos de comida, cascas de fruta, legumes, borrade café, erva de chimarrão, etc.); cobrir com palha ou grama ou folhas de varredura ou terra; fazer as camadas até encher a composteira.A composteira pode ser de tijolos, de madeira ou de metal (consultar a revista Agropecuária Catarinense, seção Vida Rural, Vol.10, no 2,jun.1997).