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1 RADIOATIVIDADE NA CONCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE ANGRA DOS REIS: UM ESTUDO INVESTIGATIVO Thiago Rodrigues de Sá Alves Jônatas Vicente Milato Jeosafá de Paula Lima Jorge Cardoso Messeder Resumo Um dos grandes desafios enfrentados pelos professores é conseguir associar os conteúdos ministrados em aula ao cotidiano dos alunos. Desse ponto de vista foi realizada uma pesquisa com estudantes da rede pública e privada de Angra do Reis (RJ), município que detêm as únicas usinas nucleares do Brasil, para saber como está a compreensão destes alunos acerca do tema Radioatividade. Os resultados mostraram que o tema é limitado chegando a ser de difícil acesso para os interessados, por mais que a escola seja a fonte de informação mais procurada pelos estudantes. A partir do momento de intervenção realizado pelo grupo de pesquisa, os alunos se interessaram mais em pesquisar e saber sobre a definição, obtenção e utilização da radioatividade. Palavras-chave: radioatividade; usinas nucleares; ensino de química; INTRODUÇÃO O conteúdo de química abordado na educação básica muitas vezes vem sendo ensinado sem nenhuma relação ao cotidiano do aluno, não havendo, portanto, uma interação entre o assunto lecionado e o conhecimento já adquirido pelo estudante em suas experiências de vida e escolar, fazendo com que a disciplina seja vista como de difícil compreensão e relação (MEDEIROS e LOBATO, 2010). Dessa maneira compreendemos que a contextualização do ensino deve correlacionar-se as experiência vividas e relações estabelecidas pelo aluno em seu cotidiano. Seguindo assim, o que preconiza as Orientações Curriculares para o Ensino Médio: “a extrema complexidade do mundo atual não mais permite que o ensino médio seja apenas preparatório para um exame de seleção, em que o estudante é perito, treinado em resolver questões que exigem sempre a mesma resposta padrão. O mundo atual exige que o estudante se posicione, julgue e tome decisões, e seja responsabilizado por isso” (BRASIL, 2006, p.106). Tais orientações sugerem um aprendizado de química no ensino médio que possibilite ao aluno, não só uma compreensão dos processos químicos, mas também favoreça a construção de um conhecimento científico no qual se estabeleça uma relação com as aplicações tecnológicas, ambientais, sociais, políticas e

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RADIOATIVIDADE NA CONCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE ANGRA DOS REIS: UM ESTUDO INVESTIGATIVO

Thiago Rodrigues de Sá Alves

Jônatas Vicente Milato

Jeosafá de Paula Lima

Jorge Cardoso Messeder

Resumo

Um dos grandes desafios enfrentados pelos professores é

conseguir associar os conteúdos ministrados em aula ao

cotidiano dos alunos. Desse ponto de vista foi realizada

uma pesquisa com estudantes da rede pública e privada

de Angra do Reis (RJ), município que detêm as únicas

usinas nucleares do Brasil, para saber como está a

compreensão destes alunos acerca do tema

Radioatividade. Os resultados mostraram que o tema é

limitado chegando a ser de difícil acesso para os

interessados, por mais que a escola seja a fonte de

informação mais procurada pelos estudantes. A partir do

momento de intervenção realizado pelo grupo de

pesquisa, os alunos se interessaram mais em pesquisar e

saber sobre a definição, obtenção e utilização da

radioatividade.

Palavras-chave: radioatividade; usinas nucleares;

ensino de química;

INTRODUÇÃO

O conteúdo de química abordado na educação básica

muitas vezes vem sendo ensinado sem nenhuma relação ao

cotidiano do aluno, não havendo, portanto, uma interação entre

o assunto lecionado e o conhecimento já adquirido pelo

estudante em suas experiências de vida e escolar, fazendo com

que a disciplina seja vista como de difícil compreensão e relação

(MEDEIROS e LOBATO, 2010). Dessa maneira compreendemos

que a contextualização do ensino deve correlacionar-se as

experiência vividas e relações estabelecidas pelo aluno em seu

cotidiano. Seguindo assim, o que preconiza as Orientações

Curriculares para o Ensino Médio:

“a extrema complexidade do mundo atual não mais permite que o ensino médio seja apenas

preparatório para um exame de seleção, em que o estudante é perito, treinado em resolver questões que exigem sempre a mesma resposta padrão. O mundo atual exige que o estudante se posicione, julgue e tome decisões, e seja responsabilizado por

isso” (BRASIL, 2006, p.106).

Tais orientações sugerem um aprendizado de química no

ensino médio que possibilite ao aluno, não só uma compreensão

dos processos químicos, mas também favoreça a construção de

um conhecimento científico no qual se estabeleça uma relação

com as aplicações tecnológicas, ambientais, sociais, políticas e

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econômicas. Encarar as disciplinas das Ciências da Natureza e

da Terra como fundamentais ao cotidiano de cada indivíduo

facilita a assimilação e aceitação por parte da maioria dos

estudantes. Possibilitar essa proximidade da realidade vivida

com o mundo científico é fundamental para estabelecer o

crescimento do intelecto, facilitando o desenvolvimento de

questões mais contextualizadas, elevando assim as expectativas

esperadas para alcançar metas nestas disciplinas.

“A química deve contribuir para que o cidadão interaja melhor com o seu mundo ensinando-o a pensar e lhe proporcionando formação científica. A maneira como a química deve ser ensinada é também uma questão

importantíssima. Em primeiro lugar, ao estudante deve ser esclarecido porque é tão difícil visualizar a importância desta disciplina e sua incrível microscopia em seu cotidiano. Uma química contextualizada e útil para o aluno [...] deve ser uma química do cotidiano,

que pode ser caracterizada como uma aplicação do conhecimento químico estruturado na busca de explicações para a facilitação da leitura dos fenômenos químicos presentes em diversas situações na vida diária (DEL PINO, 1993, p.48)”.

Uma das maneiras mais sucintas de se trabalhar os

conteúdos pode ser enfatizando a sua história - desde quando

começou a ser “descoberta” até hoje em dia - o que despertaria

a curiosidade dos alunos para os fatos que contribuíram para se

chegar as teorias atuais que explicam fenômenos do cotidiano

deles. A utilização de uma abordagem histórica proporciona um

conteúdo em que o aluno possa encará-lo não como uma

coletânea de verdades, mas sim uma ciência questionável, que

desperte a sua criatividade, permitindo ao indivíduo formular

suas próprias teorias (BLAUTH e OLIVEIRA, 1982). Estes

assuntos relacionados a fortes pontos históricos podem render

muitas discussões e debates, despertando ainda mais a

curiosidade e participação destes.

Conforme o Planejamento Curricular: um novo formato,

do Estado do Rio de Janeiro (2010), o ensino de radioatividade é

conteúdo mínimo que deve estar contido nos planos de curso e

nas aulas, sendo item que não pode faltar no processo de ensino-

aprendizagem. Através dessas reflexões o presente trabalho teve

como objetivo principal, saber como está o entendimento dos

alunos a respeito do tema Radioatividade, visto que com o

decorrer dos anos observa-se que nas salas de aulas os

conteúdos se tornam mais ausentes, seja por falta de tempo,

condições de trabalho ou até mesmo despreparo dos professores.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho foi realizado em quatro escolas, sendo três

públicas e uma particular na modalidade Ensino Médio Regular nas

turmas do 3º ano, no município de Angra do Reis (RJ), onde estão

situadas as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, estando

esta última em fase de construção. Pela localização e situação

regional as escolas de Angra dos Reis possuem um grande papel

para a conscientização do tema escolhido na pesquisa.

Inicialmente, foi entregue aos alunos um questionário

(Apêndice) contendo oito perguntas (Tabela 1), com a finalidade

de averiguar como estava o entendimento destes com o tema

Radioatividade. O uso de questionários é um bom instrumento

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de coleta de dados tendo grande importância na pesquisa

científica (PARASURAMAN, 1991 apud CHAGAS, 2010).

TABELA 1 – Questões utilizadas na pesquisa com os alunos

QUESTÕES CLASSIFICAÇÃO

1) Você sempre estudou em Angra? FECHADA

2)Você já realizou visitas às usinas nucleares?

FECHADA

3)Qual a sua visão para o tema Radioatividade?

ABERTA

4)Assinale abaixo os assuntos que você correlacionaria com a Radioatividade:

FECHADA

5)Você têm conhecimento de algum (uns)

acidente(s) nuclear(es)? Qual(is)?

ABERTA

6)Como você descreveria a Radioatividade através de um desenho?

ABERTA

7)Radiação causa benefícios ou malefícios? Quais?

ABERTA

8)Em qual série do Ensino Médio/Funda-mental você se deparou com o tema Radioatividade?

ABERTA

Após a aplicação do questionário, foi realizada uma

apresentação através de slides e vídeos (tabela 2) selecionados

do site YouTube e editados através do programa VirtualDub

versão 1.9.11 Build 32842, onde o download foi realizado

através do site Baixaki (http://www.baixaki.com.br/download/

virtualdub.htm). O uso de vídeo é um importante recurso

audiovisual que pode auxiliar na demonstração e serve como

ferramenta para promover a aprendizagem. De forma

facilitadora, o uso deste recurso é habilitado para substituir

atividades que exijam tempo e recurso em sala de aula

(ARROIO e GIORDAN, 2006).

Estes vídeos e slides retratam um breve histórico da

radioatividade: sua descoberta, a sua definição, contribuições,

sendo elas positivas e negativas, assim como também os

acidentes causados no mundo, em especial o de Goiânia por ser

um caso nacional (Brasil) e Fukushima (Japão), sendo este

último devido à atualidade do acontecimento. Durante a

apresentação realizou-se um diálogo aberto (sobre os tópicos

abordados) com os alunos.

TABELA 2 – Vídeos do site YouTube

VÍDEOS UTILIZADOS NA APRESENTAÇÃO

DURAÇÃO (Vídeo Editado)

Césio 137 – Documentário Filme <http://www.youtube.com/watch?v=DxW2CHQ88iM>

3’ 09”

Energia Nuclear – Como funciona <http://www.youtube.com/watch?v=nCmxLRUaR4w&feature=fvsr>

3’ 33”

Saiba como funciona uma usina nuclear por dentro <http://www.youtube.com/watch?v=65Nr8A_xt98>

5’ 53”

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DESENVOLVIMENTO

O questionário alcançou um quantitativo de 143 alunos

(sendo 117 da rede pública estadual e 26 da rede particular)

regularmente matriculados no 3° ano do Ensino Médio nas

escolas em Angra dos Reis. No início houve resistência por parte

destes e alguns hesitaram em responder as questões. Chagas

(2010) nos diz que o indivíduo participante da pesquisa pode

não estar com disposição no momento da mesma, pois um

estado de fadiga, saúde, distração e outros fatores influenciam

a coleta de dados. Mesmo diante desse pequeno obstáculo, os

próprios notaram a importância de saber algo sobre

radioatividade e a importância que o conhecimento sobre tal

tem na vida de cada um, pelo menos nessa região. Notou-se

que os alunos não demonstram domínio sobre o assunto,

embora convivam em uma área onde se localizam as únicas

usinas nucleares do país.

Em todas as turmas, alguns pequenos grupos se

destacavam mediante outros, e questionavam a todo o

instante sobre o tema e contribuíam com suas experiências,

algumas pequenas e outras bem interessantes adquiridas em

casa, séries escolares anteriores e até mesmo por veículos de

comunicação. O diálogo estabelecido serviu para orientar e

desenvolver o senso crítico sobre o assunto tratado e fez com

que os alunos compreendessem, de certo modo, o que foi

abordado, estabelecendo uma relação do tema com a realidade

vivida no local, trazendo uma análise crítica e interdisciplinar

da ciência num contexto social e facilitando a compreensão

dos aspectos científicos e tecnológicos.

ANÁLISE DE DADOS

Cerca de 66% dos alunos sempre estudaram tanto o

Ensino Fundamental assim como o Ensino Médio no município

de Angra dos Reis, já 34% relataram estudar em outras escolas

não pertencentes à cidade.

Através deste questionário foi investigado se os alunos já

realizaram visitas as usinas nucleares no qual se observou que

48% visitaram e 52% nunca chegaram a entrar nas usinas.

Alguns alunos citaram que professores de química e física

sugeriram em levá-los as estações nucleares, a própria empresa

ELETRONUCLEAR realiza visitas programadas, no entanto as

visitas não tinham acontecido.

De acordo com a pesquisa realizada e com os dados

coletados da questão de número 03 (Qual a sua visão para o

tema Radioatividade?), o gráfico 01 sintetiza as respostas

mais utilizadas pelos estudantes. Verifica-se que, 37% dos

alunos associaram o tema à perigo, talvez pelo medo de

uma possível explosão nuclear como fora citado nos debates

e 29% dos entrevistados não souberam comentar. Com

relação à obtenção de energia, apenas 5% dos alunos

citaram, demonstrando que poucos têm conhecimento de

onde vem a energia utilizada para até mesmo acender a

lâmpada de sua casa.

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Gráfico 01 – Visão dos alunos para o tema radioatividade

Na questão seguinte os alunos foram sugestionados a

assinalar quais assuntos estariam correlacionados com

radioatividade. O gráfico 02 traduz que mais de 83% dos

estudantes marcaram a opção Raios-X, 71% marcaram a opção

telefone celular e 35% assinalaram a opção sol. Isso demonstra

que alguma correlação entre a ciência e o meio social foi feita.

Porém quanto às opções: meia-vida, fusão, fissão, íons, átomos

e isótopos, os números não favoreceram, talvez pela falta de

conhecimento específico do assunto ou até mesmo por nunca

terem contato com o conteúdo.

Gráfico 02 – Correlação entre radioatividade e assuntos gerais

Mesmo sem deter conhecimento mais aprofundado,

muitos alunos marcaram as opções césio e chumbo. Contudo, a

opção urânio teve um número significativo de estudantes que a

assinalaram; este alto índice pode estar relacionado à grande

repercussão da mídia sobre o acidente ocorrido no Japão, dois

meses antes da aplicação do questionário. A opção micro-ondas

foi marcada por mais de 50% dos alunos, porém, muitos não

sabiam como a radioatividade atuava nos alimentos e também,

que é um risco à vida, se o aparelho não estiver em perfeitas

condições de funcionamento aprisionando as ondas magnéticas

no seu interior.

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Com a proposta de verificar se os alunos tinham conhecimento

sobre algum acidente nuclear obtiveram-se dados significativos onde

59% destes estudantes relataram o ocorrido na cidade de Fukushima, no

Japão (Gráfico 03). Este alto índice deve-se a atualidade e a alta

veiculação sobre o caso nos meios de comunicação. O acidente de

Chernobyl foi registrado com 22%. Este valor é significativo devido ao

período em que o acidente ocorreu e por ser o primeiro acidente nuclear

correlacionado a usinas. Uma minoria de 5% citou o acidente de Goiânia,

o que pode ser resultado da diferença de tempo e até mesmo um

conteúdo mínimo encontrado nos meios de comunicação. Para muitos,

acidentes nucleares são ações momentâneas e nenhuma referência

sobre contaminações em longo prazo e suas consequências foram

comentadas em relação aos casos.

Gráfico 03 – Conhecimento sobre algum acidente nuclear

A descrição da radioatividade através de um desenho foi

solicitada e muitas respostas se repetiam, onde foram

separadas em grandes grupos (Gráfico 04).

Conforme Costa et al (2006) o desenho é um

instrumento que revela um mundo através do olhar de um

estudante sendo capaz de traduzir uma visão, um pensamento

e até mesmo revelar um conceito. “[...] o desenho traduz uma

visão porque traduz um pensamento, revela um conceito”

(DERDYK, 2003, p.112 apud BAPTISTA, 2009, p.2)

Gráfico 04 – Descrição do desenho sobre a radioatividade

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No grupo símbolos, 28% dos estudantes desenharam o

símbolo da radioatividade (Trifólio), que está representado na

sua forma correta conforme a figura 01. Situação intrigante é que

grande maioria desenhava este símbolo de maneira incorreta (Fig. 02),

faltando partes ou com algumas partes a mais. Por mais que a

representação tenha ocorrido de maneira errônea os mesmos

relacionaram o símbolo ao tema.

Figura 01 – Trifólio Fonte: http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/

uploads/4/normal_908radioativ_simb.jpg

Figura 02 – Trifólio desenhado por alunos

Outro grupo de destaque foi o usinas (Fig. 03). Cerca de

18% dos alunos representaram através do desenho das usinas

da região a radioatividade. Isso demonstra uma compreensão

mais concreta da radioatividade em Angra dos Reis onde uma

relação do assunto com as construções fundamentais para o

processo de energia nuclear foi estabelecida entre os

estudantes.

Figura 03 – Usinas desenhadas por alunos

O grupo relacionado a tecnologias foi registrado por 13%

dos estudantes. Para este encontrou-se desenhos de celulares,

micro-ondas, rádio, pilha/bateria, TV e outras diversidades de

equipamentos eletrônicos. Cerca de 8% descreveram a

radioatividade relacionada com energia e mais de 5%

associaram o desenho à perigo/medo/morte. Uma minoria de

1% desenhou barris de lixo nuclear registrando a preocupação

com o meio ambiente.

A presença do grupo outros foi identificada por 18%.

Neste grupo de respostas diversos desenhos foram

encontrados. Muitos relacionados a radioatividade (Fig. 04)

assim como outros sem nenhuma relação com o tema. De

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forma interessante durante a análise dos dados foi verificado a

presença de imagens de personagens de desenhos animados

(Fig. 05), constatando que os alunos estabelecem uma analogia

da radioatividade com o conteúdo deparado em revistas em

quadrinhos, séries, desenhos e filmes. Explosões e efeitos da

radiação (Fig. 06) também foram citados e 9% dos alunos não

desenharam.

Figura 04 – Desenho pertencente ao grupo “OUTROS”

Figura 05 – Personagens de desenhos animados

Figura 06 – Efeitos da radiação no meio ambiente

Na questão: “Radiação causa benefícios ou malefícios? E

Quais?” (Gráfico 05), 6% afirmaram que a radiação causa apenas

benefícios. Por outro lado, 39% dos estudantes disseram que ela

causa apenas malefícios, citando o prejuízo em gestantes,

doenças degenerativas e formação de câncer. Cinquenta e dois

por cento discutiu que a radiação causa malefícios e benefícios, o

que mostra um quantitativo razoável em comparação com os

outros números. Alguns estudantes lembraram que o meio

ambiente está ameaçado por essa problemática, caso ocorra uma

emissão ou vazamento da usina nuclear de Angra dos Reis.

Gráfico 05 – Radiação: benefício ou malefício?

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Muitos alunos comentaram durante a discussão que a

usina nuclear produz energia limpa, ou seja, não há emissão de

gases poluentes na atmosfera. Porém os mesmos não tinham

conhecimento que para obtenção do urânio, que é um processo

desgastante para o meio ambiente, é necessário explorar o solo

com maquinários pesados que consomem incontáveis litros de

combustíveis fósseis e que emitem toneladas de gases

poluentes na atmosfera, sem contar o desequilíbrio da fauna e

da flora da região que se agrava cada vez mais com a

exploração (LIMA, 2008).

Já os benefícios de adotar uma usina nuclear, para esse

grupo, seriam os seguintes: obtenção de energia elétrica limpa,

geração de empregos, benefícios na área da saúde,

possibilitando avanço para diagnosticar e tratar doenças. Em

contrapartida, esses estudantes relataram que as mutações

estariam presentes na vida dessas pessoas ao entrarem em

contato direto com esse tipo de energia.

Na última questão, os alunos foram arguidos em qual

série ou em qual período da vida escolar, eles se depararam

com o tema radioatividade. Como é demonstrado (Gráfico 06),

44% dos alunos aprenderam ou ouviram falar sobre o assunto,

primeiramente no ensino fundamental; 30% tiveram contato

durante o decorrer do ensino médio e 3% dos estudantes

possuem o conhecimento sobre o assunto através da mídia, ou

por conversas informais, internet, etc, ou seja, outros meios

diferentes do ambiente escolar. Por outro lado, 10% dos alunos

nunca ouviram sobre o tema.

Gráfico 06 – Primeiro contato com o tema radioatividade

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A imagem transmitida é que muitos alunos sabem sobre

radioatividade de maneira superficial e não estabelecem uma

relação do conteúdo com o seu cotidiano. Essa situação é

refletida na comunidade onde há uma carência do conhecimento

sobre o meio em que vivem. Por outro lado, muitos alunos só

tiveram noção da complexidade do assunto a partir dos vídeos

exibidos e do espaço que foi aberto para perguntas e discussões,

no qual experiências foram trocadas ocorrendo, assim, uma

reflexão sobre o tema. A partir do momento de intervenção, os

alunos despertaram interesse em pesquisar e saber sobre a

definição, obtenção e utilização da radiatividade. O trabalho

realizado despertou o interesse e atenção dos futuros professores

ao binômio Química e Sociedade, além de contribuir para que

esses graduandos possam realmente inserir e praticar situações

do cotidiano em suas atividades como educador.

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AGRADECIMENTOS

Às escolas envolvidas no projeto, pelo espaço aberto e a

todos os estudantes pela grande participação e pelos

questionamentos feitos aos licenciandos em Química do

IFRJ/Campus Nilópolis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROIO, A.; GIORDAN, M. O Vídeo Educativo: Aspectos da

organização do Ensino. Revista Química Nova na Escola, n.

24, novembro de 2006.

BAPTISTA, Geilsa Costa Santos. Os desenhos como

instrumento para investigação dos conhecimentos

prévios no ensino de ciências: um estudo de caso.

Resumo: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em

Ciências. 2009

BLAUTH, P.; OLIVEIRA, M. G. A história da ciência no ensino

de ciências. Revista de Ensino de Ciências, n. 7, dezembro de

1982.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações

curriculares para o ensino médio. Ciências da natureza,

matemática e suas tecnologias / Brasília: Ministério da

Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. p. 135. v.2

Césio 137 – Documentário Filme. Disponível em

<http://www.youtube.com /watch?v=DxW2CHQ88iM> Acesso

em 22 de maio de 2011.

CHAGAS, A. T. R. O questionário na pesquisa científica.

Revista Administração On-Line. V.1, N 1. Fundação Escola de

Comércio Álvares Penteado - FECAP. 2010.

COSTA, M. A. F. da. Et al. O desenho como estratégia

pedagógica no ensino de ciências: o caso da

biossegurança. In: Revista Electrónica de Enseñanza de las

Ciencias. Vol. 5, Nº 1, 2006

DEL PINO, J. C., CHASSOT, A. I. , SCHROEDER, E. O. ,

SALGADO, T. D. M. Química do Cotidiano: Pressupostos

Teóricos para a Elaboração de Material Didático

Alternativo. Espaços na Escola, vol 10, 1993. p. 47 - 53.

Energia Nuclear – Como funciona. Disponível em

<http://www.youtube.com/watch?v=nCmxLRUaR4w&feature=f

vsr> Acesso em 22 de maio de 2011.

LIMA, Cintia Monteiro. Estudo da Solubilidade de compostos

de urânio do ciclo do combustível em LPS. Tese de

Doutorado. Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro,

2008. Disponível em: http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/

tesesabertas/0412200_08_cap_03.pdf. Acesso em 26 de Maio

de 2011.

MEDEIROS, Miguel De Araújo E LOBATO, Anderson César.

Contextualizando a abordagem de radiações no ensino de

química. Revista Ensaio. Belo Horizonte. V. 12. 2010 p. 65-84.

Saiba como funciona uma usina nuclear por dentro.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=65Nr8A_xt98

Acesso em 22 de maio de 2011.

11

SECRETARIA DE ESTADO E EDUCAÇÃO-RJ. Proposta

Curricular: um novo formato. Ciência, Biologia, Física e

Química. 2010. Disponível em:

http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/downloads/CIENCIAS_Bi

ologia_Fisica_Quimica.pdf Acesso em 26 de março de 2011.

Sobre os autores

Thiago Rodrigues de Sá Alves - Graduando em Licenciatura

em Química (IFRJ/Nilópolis), bolsista do Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES) e aluno do

Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica e

Tecnológica (PIVICT), no qual desenvolve pesquisa sobre a

utilização de resíduos de origem orgânica e mineral no processo

de adsorção de íons metálicos em soluções aquosas.

E-mail: [email protected]

Jônatas Vicente Milato - Mestrando em Química de Produtos

Naturais (NPPN/UFRJ) possui graduação em Licenciatura em

Química (IFRJ/Nilópolis – 2012) e atua como Técnico em

Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

E-mail: [email protected]

Jeosafá de Paula Lima - Graduando em Licenciatura em

Química (IFRJ/Nilópolis) e bolsista CNPQ, no qual desenvolve

pesquisa ligada a retenção de metais pesados em cursos

hídricos, fazendo uso de biomassa.

E-mail: [email protected]

Jorge Cardoso Messeder - Possui graduação em Química

Industrial pela Universidade Federal Fluminense, mestrado e

doutorado em Ciências (Química Orgânica) pelo Instituto Militar

de Engenharia. Atualmente é professor Adjunto do Instituto

Federal do Rio de Janeiro (Nilópolis/RJ), onde desenvolve

trabalhos específicos na formação de educadores em Química e

estudos em Ensino de Ciências nos seus múltiplos aspectos,

abordando as práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de

aula e a produção de material didático, junto aos cursos de

Licenciatura em Química e Mestrado Profissional em Ensino de

Ciências.

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RADIOACTIVITY IN THE COMPRESSION OF STUDENTS OF ANGRA DOS REIS: AN INVESTIGATIVE STUDY

Abstract

One of the major challenges faced by the teachers is how

to associate the content discussed in class to the students'

everyday. From this point of view a research was done

including students from public and private schools of

Angra dos Reis (RJ), a city that holds the only nuclear

manufacturing centers in Brazil, in order to learn how is

the understanding of those students about radioactivity.

Results have shown that the approach to this subject is

limited and moreover it can be difficult to access for those

who are interested in it, even though the school is the

most popular source of information for students. From the

moment of intervention performed by the group of

researchers, the students became more interested in

researching and learning about the definition, acquisition

and use of radioactivity.

Keywords: radioactivity; nuclear plants; chemistry

educatio

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