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ESPECIALIZAÇÃO EM TEOLOGIA REFORMADA RAFAEL MARAGNO SEMEANDO O DESEJO DE DEUS Panorama - SP 2020

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ESPECIALIZAÇÃO EM TEOLOGIA REFORMADA

RAFAEL MARAGNO

SEMEANDO O DESEJO DE DEUS

Panorama - SP 2020

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ESPECIALIZAÇÃO EM TEOLOGIA REFORMADA

RAFAEL MARAGNO

SEMEANDO O DESEJO DE DEUS Monografia apresentada Pró-Reitoria

de Pesquisa e Especialização, Faterge Faculdade de Teologia Reformada Genebra, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista – Área de concentração: Teologia Reformada.

Orientador:

Prof. Clóvis Fernandes Ribeiro Júnior

Panorama- SP

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2020

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Maragno, Rafael.

Semeando o desejo de Deus – Panorama, 2020. (Vinte e quatro páginas)f.: il.

Dissertação - Especialização em Teologia Reformada - Faterge – Faculdade de Teologia Reformada Genebra - SP, 2020.

Bibliografia. Orientador: Prof. Clóvis Fernandes Ribeiro Júnior

1. Semeando. 2. Estudo. 3. Desejo. 4. Plantador. 5. Igreja. I. Semeando o desejo de Deus.

Catalogação na Fonte: Nome do Bibliotecário - CRB

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RAFAEL MARAGNO

SEMEANDO O DESEJO DE DEUS

Monografia apresentada Pró-Reitoria de Pesquisa e Especialização, Faterge- Faculdade de Teologia Reformada Genebra, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. - Área de Concentração: Teologia Reformada

Panorama, SP 17 de maio de 2020.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Prof. Orientador: Prof. Clóvis Fernandes Ribeiro Júnior Faterge – Faculdade de Teologia Reformada Genebra Panorama - SP

junio
Aprovado
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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus, pois Ele é a razão da minha esperança.

“Se olho para mim, me deprimo. Quando olho para os outros eu me iludo.

Quando eu olho para as circunstâncias me desencorajo. Mas quando

olho para Cristo me completo”. Steve Lawson.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, pois nunca imaginei, nem nos meus

melhores sonhos, que um dia estaria a realizar esse trabalho. Graças à vontade

soberana dEle, estou aqui.

É muito bom poder estar, quando olho para trás, desde a minha infância até

aqui vejo a mão poderosa me guardando até o momento vivido hoje.

O meu agradecimento ao Prof. Clóvis Fernandes por todo apoio, amizade,

confiança, mentoria, e pelas oportunidades e responsabilidades me atribuídas na

instituição.

Por fim, agradeço a minha família, que é a razão por eu ter chegado aqui, pois

comecei a estudar teologia por amar a Deus e querer conhecê-lo mais, mas também

por almejar ser uma pessoa melhor para eles. A minha esposa Ana Cláudia, que

acompanhou as minhas madrugadas de estudo, sempre me incentivando e orando

por mim, e os meus filhos, Ana Clara e Rafael Jr., por tanta pureza e amor

demonstrados a mim.

Obrigado, Rafael Maragno.

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RESUMO

SEMEANDO O DESEJO DE DEUS

Esse trabalho intitulado “Semeando o desejo de Deus” tem como objetivo

mostrar que o plantio de uma igreja reformada não depende apenas de uma boa

eloquência, direcionamento teológico, empatia, por parte do plantador, esses fatores

colaboram, mas, o que realmente decide é o “desejo de Deus” para a localidade do

plantio.

Impreterivelmente é a ação do Espírito Santo que chama e converte os

corações.

Muitas igrejas avançam com solidez devido ao compromisso do plantador com

a pregação do evangelho, oração, piedade com os irmãos. Às vezes ele é até

introspectivo, mas firmado nas verdades de Cristo o Espírito Santo atua fortemente.

Sendo assim, a motivação precisa ser para a glória de Deus, que Jesus venha

ser sempre o maior e o “cabeça”.

A preparação, estudo, contextualização, devoção, são obrigações do plantador.

Falando sobre estudo, essa é uma das marcas de uma igreja reformada. Os

reformados têm como sua principal característica estudo contínuo e profundo das

escrituras, e o plantador será responsável por impulsionar, induzir os novos conversos

a serem estudiosos da palavra de Deus, como disse Calvino:

“Aquele que não tenta ensinar com o intuito de beneficiar, não pode

ensinar corretamente, por mais que faça boa apresentação, a doutrina não será sã, a

menos que cuide para que seja proveitosa a seus ouvintes”.1

João Calvino

Semeando e administrando o desejo terreno de Deus, “uma igreja que o adore

em espírito e em verdade”.

Palavras-chave: semeando, estudo, desejo, plantador, igreja.

1 João Calvino — Uma Coletânea de Escritos, Editor Vida Nova, 2017.

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SUMÁRIO

1 Introdução.............................................................................................. 10

2 Os Cuidados ao Plantar uma Igreja Reformada..................................

12

3 O Plantador............................................................................................ 13

4 O Plantador como discipulador e os fundamentos do discipulado. 15

5 Perspectiva bíblica sobre o plantio de igrejas................................... 16

6 As Igrejas não nascem sem o Espírito Santo..................................... 17

7 Compromisso com a fidelidade do texto bíblico................................ 18

8 A Organização da Igreja........................................................................ 19

9 Considerações Finais........................................................................... 21

10 Referências............................................................................................ 23

11 Apêndices.............................................................................................. 24

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INTRODUÇÃO

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.

Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será

condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em

meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; e, se alguma

coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos

sobre enfermos, eles ficarão curados”.2

Marcos 16.15-18.

Quando falamos em plantação de igrejas (semear o desejo de Deus), temos

que ter em mente que o comissionamento foi deixado por Cristo, conforme lemos

acima.

Do Antigo Testamento ao Novo Testamento, sempre, o desejo de Deus foi ter

um povo separado por Si. Povo esse que deve adorá-lo perpetuamente. No Antigo

testamento foi um povo separado, uma nação, Israel, “Mas a vós outros vos tenho

dito: em herança possuireis a sua terra; e eu vo-la darei para a possuirdes, terra que

mana leite e mel. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos separei dos povos”

(Levítico 20.24)3 e no Novo Testamento a união de todos os povos, quebrando a

separação entre judeus e gentios: “no qual não pode haver grego nem judeu,

circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em

todos” (Colossenses 3.11)4. Independente da época, a intenção, o desejo de Deus

sempre foi um povo para adorá-lo e que viva em comunhão entre si, objetivando um

dia morar juntos no céu, na morada do Altíssimo.

Entendendo que o verbo “ide” está no imperativo e no presente, é uma ordem,

status hoje, do nosso Senhor Jesus Cristo para pregarmos o evangelho por todo o

mundo, a toda criatura.

2 Bíblia de Estudo de Genebra, Evangelho Segundo Marcos, pág. 1.315. 3 Bíblia de Estudo de Genebra, Levítico, pág. 171. 4 Bíblia de Estudo de Genebra, Epístola de Paulo aos Colossenses, pág. 1.599.

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“Todo mundo”, significa que não existe lugar onde o evangelho não possa

penetrar, alcançar, partindo do pressuposto que se foi uma ordem de Cristo, nada

pode pará-la.

“A toda criatura”, comissionamento feito para todas as pessoas, línguas, povos

e nações. Sem distinguir entre homem, mulher, jovem, idoso. Isso não significa que a

salvação é para todos, segundo a teologia reformada, a grosso modo, Jesus veio para

salvar aqueles que o pai lhe deu, como está escrito:

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de

modo nenhum eu o lançarei fora”. (João 6.37)

Na segunda parte, será descrita a igreja em funcionamento, recebendo às

almas, avançando com o evangelho, “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem

não crer será condenado”.

A ideia é ao avançar a pregação do evangelho, as pessoas vão crendo e se

batizando, é o modus operandi da igreja.

Um ponto importante, Jesus ao comissionar os discípulos, dando a ordem “ide”,

diz mais, “pregai o evangelho”, a ordem é explícita, pregar somente ele, nada mais do

que ele, como o apóstolo Paulo diz em Romanos 1.16: “Não me envergonho do

evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”.

No decorrer dos versículos vamos entender que o evangelista está protegido

por Deus para desempenhar o seu ofício, só Deus pode permitir a fatalidade na vida

do crente, “pegarão em serpentes, e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes

fará dano algum”.

A chegada do Evangelho em um bairro, em uma cidade, onde satanás

imperava, traz vida, transformação, resgate de valores, como está escrito: “Também

eu te digo que tu és Pedro, e sobre está pedra edificarei minha igreja, e as portas do

inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt 16.18)

Um texto que importante para nos orientar sobre a importância da igreja, além

do sentido de adorar a Deus, pregar o evangelho da salvação, é 2Pedro 3.12,

“esperando e apressando a vinda do Dia de Deus”.

D. L. Moddy em seu comentário sobre 2Pedro 3.12 diz: “Aqueles que ajudam

expandir a obra redentora de Deus podem com certa razão achar que são

cooperadores em seu desfecho”.

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A igreja é a noiva de Cristo, que aguarda ansiosamente a Sua volta, para assim

findar o casamento. Nela consiste o labor, o trabalho, de “apressar” a sua vinda, não

no sentido de que ela tem poder para isso, dando uma ideia de sinergismo, mas,

pregando o evangelho a igreja “acelera” a volta de Cristo, quanto mais conversões

mais perto do alvo final, pois, segundo Apocalipse 7, há um número determinado de

“eleitos”, decretado por Deus, antes da fundação do mundo.

OS CUIDADOS AO PLANTAR UMA IGREJA REFORMADA

O plantio de uma igreja requer muitos cuidados, atenção triplicada em cada

pensamento e ação, pois se em nossa vida particular, tomamos certos cuidados para

não errar, imagine cuidando das coisas de Deus. O perigo é constante em realizar

coisas que não o agradam e sim sair rapidamente do centro de Sua vontade, pois

reafirmando o título desse trabalho, a igreja é o desejo de Deus.

Existem alguns perigos a serem destacados:

Pragmatismo, segundo o dicionário significa, corrente de ideias que prega que

a validade de uma doutrina é determinada pelo seu bom êxito prático. Isso, não é uma

verdade, pois, nem sempre teremos bons resultados, é necessário focar nos

fundamentos teológicos e não nos resultados. A missão de plantar uma igreja tem

como base a fidelidade de Deus e não o sucesso humano.

Outro perigo é o sociológico, a igreja não pode se tornar uma solução para as

necessidades humanas, não valorizar as propostas utilitárias, e sim, enobrecer as

transformadoras. As decisões precisam basear-se nas instruções das escrituras, não

nas interpretações sociológicas das necessidades humanas.

A proposta sociológica é o progresso social para a alegria do homem. A

proposta do evangelho é a transformação de vidas para a glória de Deus.

Outro erro frequente é o eclesiológico, que está ligado a própria compreensão

da natureza da igreja.

A igreja é superficialmente cuidadosa, adoração constante, minucioso estudo

da palavra, mas ausente em missões, somente uma roupagem de igreja. Os assuntos

supérfluos tomam conta rapidamente e ganham mais atenção do que a verdadeira

missão, que é proclamar o evangelho.

Os ritos internos se tornam mais importantes. Como deve ser realizado os

cânticos de abertura, se sentados ou em pé e outras situações, enquanto o verdadeiro

propósito de sal e luz em todos os lugares por onde estiverem fica quase extinto.

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A mensagem da igreja, o evangelho pregado visa transformar o homem em três

dimensões: suas convicções (a maneira como crê – a fé), suas atitudes (a maneira

como vive – o testemunho), e sua cosmovisão (a maneira como vê o mundo e como

se vê no mundo – a missão).

Esses resultados tornam o cristão realmente sal que salga e luz que brilha,

onde estiver será visto como verdadeiro filho de Deus.

Note, mesmo tendo essas características há outro cuidado a ser tomado, a

motivação. Às vezes, estamos conectados a essa maneira de viver, porém, com

interesses carnais, como: visibilidade, fama, aplauso, preterindo o verdadeiro

propósito que tudo é por Deus e para a Sua glória.

Sendo assim, a igreja sadia prega o evangelho, somente ele. A motivação

precisa ser a cruz de Cristo, toda engenharia para ocorrer uma boa ordem

eclesiológica é Cristo. Como diz o apóstolo Paulo em Gálatas 2.20: “logo, já não sou

eu quem vive, mas Cristo vive em mim…”

O PLANTADOR

O “Plantador” é a pessoa vocacionada por Deus para disseminar o evangelho

em determinada região. Quando falo região, qualquer lugar, por exemplo, um bairro

rural, uma aldeia indígena, uma grande cidade. Onde existem pessoas que não

conhecem a Cristo, há necessidade de uma igreja.

Muitos acreditam que um bom temperamento, estudo teológico, bons livros,

fazem parte do perfil de um plantador de igrejas. De certo modo e com cautela sim,

mas, o que realmente torna o perfil adequado para a função são suas convicções e

atitudes.

Convicções essas que trazem a segurança que Deus realmente o escolheu

para essa linda obra, “semear o desejo de Deus”, e recebendo os novos conversos,

eles terão uma vigorosa perspectiva bíblica para continuar firmes em sua caminhada

cristã.

Atitudes, testemunho, transformam significativamente o ambiente, muito mais

um coração puro e pensante do que métodos evangelísticos sofisticados ou boas

práticas organizacionais.

Convicção, compromisso e santidade são as características que devem

acompanhar um plantador de igrejas.

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Outro ponto importante para o perfil de um plantador é humildade. Precisa ter

disposição e humildade para ouvir, ponderar, aprender, fazer escolhas sinceras e

ensinar. Ter desejo ardente de fazer Cristo ser conhecido, ver o crescimento e

amadurecimento espiritual de seus irmãos na fé.

Outra característica importante é ser um facilitador. Geralmente, ao plantar uma

igreja, o plantador enfrenta ambientes difíceis e pessoas difíceis. Muitos conflitos

acontecerão, e o plantador precisará ponderar, minimizar os conflitos, para os

mesmos não se apoderarem do tempo precioso da igreja e o plantador não ficar

rotulado como o “criador de caso”, aumentando os problemas internos.

Há administração da igreja deve ser atenciosa e inteiramente bíblica. Não deve

ser empresarial, metas e objetivos financeiros. O instinto empresarial traz

competitividade desnecessária, ter obrigação em arrecadar, se destacar, crescer

financeiramente, trazem distanciamento da essência do evangelho, que é de morte

material, no sentido de desprendimento, abrir mão, amar seu inimigo, se despir de

práticas mundanas.

Note, em todas as situações, é preciso ter responsabilidade e bom

gerenciamento, esses requisitos são obrigações do plantador.

A igreja foi criada por Deus, é o Seu desejo, o objetivo é transformar vidas

através do evangelho.

O plantio não é uma realização pessoal, no sentido de “lugar dos meus sonhos”,

e sim, do cumprimento da direção de Deus para sua vida. Perigosíssimo quando o

ministério te satisfaz, isso compromete sua vida e suas convicções.

Pegando esse assunto da realização pessoal, o perigo da idolatria pastoral é

sério e muito comum em nosso meio. Obtendo sucesso na igreja (plantio), com o

passar do tempo a soberba e avareza começam a tomar o seu coração. A idolatria

pode ocorrer de várias formas, seguem algumas: na madeira de administrar (tirania

espiritual), quando os líderes passam a regê-la de forma oligárquica, suprimindo os

anseios do corpo de Cristo, pensando apenas em seus próprios interesses. Quando

falam mais de Calvino do que de Cristo, em nosso meio reformado. O que é um

paradoxo, pois o próprio Calvino temia essa situação, seu medo era tanto, que pediu

para ser enterrado em uma cova simples, sem identificação, para que ninguém viesse

fazer honrarias em seu túmulo.

O verdadeiro servo de Deus está disposto a receber pedradas, se for o caso,

do que receber honrarias, que são exclusivamente devidas ao nosso Senhor Deus.

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Assim como o apóstolo Paulo foi apedrejado em Atos 14.19, por causa do nome de

Cristo, João Batista o precursor do “messias”, disse: “Convém que ele cresça e que

eu diminua.” (João 3.30) Que o plantador se comporte como o menor entre os seus

irmãos.

Por fim, a característica mais significativa do perfil de um plantador, é o seu

temor a Deus. Onde há temor, há uma busca contínua por uma vida autêntica com

Deus, santa. Respeito, responsabilidade, devoção, o tornam apto para realizar os

objetivos de Deus para com a comunidade, esse é o verdadeiro sucesso aos olhos de

Deus.

PLANTADOR COMO DISCIPULADOR

Outro grande objetivo do plantador é discipular, seguindo a ordem de nosso

Senhor Jesus Cristo: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os

em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as

coisas que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias até a

consumação do século”. (Mt 28:19-20).5

Baseado no texto bíblico, o discipulador precisa estar em constante contato

com as escrituras, e com as confissões reformadas, no nosso caso, para desenvolver

o melhor plano de discipulado aos novos conversos, melhorando o entendimento e a

assimilação. Essa ordem é para todos os cristãos “fazei discípulos”, nesse caso,

estamos falando de quando o plantador está em um local onde ainda não há

convertidos.

Adentrando ao conteúdo do discipulado, seguem alguns pontos que o

discipulador deve abordar para instruir os alunos:

• Os 10 mandamentos.

• A oração do Pai nosso.

• Os Sacramentos — Batismo.

• Os Sacramentos — Ceia do Senhor.

• Confissão de Fé de Westminster.

• Confissão de Savoy.

• Os Cânones de Dort.

• Confissão Belga.

5 Bíblia de Estudo de Genebra, Evangelho Segundo Mateus, pág. 1.277.

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• Confissão de fé de Londres 1644.

• Credo Apostólico, o dogma máximo da Igreja Cristã.

As passagens bíblicas, passando pelos símbolos de fé, que foram e são os

pilares de todo o processo da reforma protestante contínua, no sentido que a igreja

sempre estará sendo reformada pelo poder do Espírito Santo.

Os pontos acima citados construirão uma base de fé histórica e racional, para

o aluno professar publicamente sua fé em Cristo. Pois, um dos maiores erros da igreja

brasileira é não intensificar o estudo mais aprofundado para os novos conversos, salvo

algumas exceções de igrejas de orientação reformada calvinista. Pregando o anti-

intelectualismo.

O discipulado não deve ser denominacional, e sim confessional, pois a

instituição nunca pode ser maior ou mais defendida do que o seu criador, a bíblia é a

nossa única regra de fé e prática.

PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O PLANTIO DE IGREJAS

Plantio ou plantação refere-se ao processo de semeadura de um campo na

expectativa de que a planta germine. No sentido teológico, é a evangelização local

com a intenção de ver a graça de Deus, convertendo os indivíduos, os transformando

em uma igreja local.

O termo usado na maioria das vezes no Novo Testamento é “ekklesia” — possui

a raiz “ekk” (para fora de) e a raiz “kaleo” (chamar) que literalmente indica “chamada

para fora”, dando um duplo sentido de teologia local e missões. “Chamada” significa

extraída de onde estava, “para fora” ao mesmo tempo, não enraizada em si mesmo,

mas, cumprindo o que Jesus disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de

homens”. (Mt. 4.19)

É uma dupla tarefa, ao mesmo tempo, adora e ensina, também precisa

expandir, disseminar, o evangelho para outros lugares, as chamadas “missões”.

A teologia Paulina e o livro de Atos observam a importância do plantio e do

fortalecimento desse organismo vivo chamado “igreja”. São usadas as seguintes

palavras: plantar (1Co 3.6-9), edificar (Rm 15.20; 1Co 3.10) e dar à luz (1Co 4.15).

Jesus comissionou a igreja para proclamar o evangelho e fazer discípulos por

toda parte (Mt 28.18-20); o Espírito Santo no Pentecostes, estabeleceu o

fortalecimento espiritual e a multiplicação das igrejas locais.

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Através da bíblia entendemos que o povo de Deus necessita reunir-se para

aprender a palavra de Deus, adoração, comunhão e oração (At 1.13; 14.2; 1Co 11.20).

A igreja tem caráter local e missionário, fazer o evangelho enraizar-se em

determinado lugar, evangelizando várias gerações, e, ser sal e luz longe das suas

raízes.

Essa obra fantástica é efetuada por Deus, os plantadores apenas cumprem a

sua vocação, seguem algumas das suas funções: evangelizar, discipular, ensinar e

pastorear o povo de Deus. (Ef 4.11).

João Calvino, no seu comentário bíblico de Romanos, sobre o capítulo 15

versículo 20, expressa que a igreja, as pessoas vocacionadas por Deus para estarem

nela, tem o dever de externar o evangelho e não mantê-lo fixo dentro da igreja, segue

as palavras de Calvino: “O dever de um apóstolo é disseminar o evangelho onde ele

ainda não foi pregado, à luz do mandamento do nosso Senhor, ‘Ide... e pregai o

evangelho a toda criatura’” (Mc 16.15) – Comentário de Romanos pag. 572.

Calvino ainda faz uma observação importante logo em seguida, dizendo que

todos que sucederão os apóstolos ajudando a disseminar o evangelho não são

apóstolos, mas, são pastores que receberam a incumbência de proteger, bem como

reforçar, a estrutura daqueles que erigiram. Pois se há outro apóstolo, haverá outro

fundamento, Cristo é a única pedra sobre a qual a igreja está fundada. (1Co 3.11; Ef

2.20)

AS IGREJAS NÃO NASCEM SEM O ESPÍRITO SANTO

Conhecimento teológico, empatia, técnicas e estratégias, não são suficientes

para plantar uma igreja.

São fatores importantes, contudo, o que realmente faz a obra realizar-se é o

Espírito Santo, convertendo os corações, juntando o povo, os levando a palavra,

adoração, e os inflamando a pregar o evangelho.

Cristo promete o “consolador” em Lucas 24, o Espírito santo, que viria sobre a

igreja em Atos 2, de forma mais permanente. A igreja seria revestida de poder.

“Consolador”, o termo grego usado é “parakletos” e literalmente significa “estar

ao lado”. É um termo composto de duas partículas: a preposição ‘para’ (ao lado de) e

‘kletos’ (do verbo kaleo, que significa “chamar”).

Segundo os reformadores, o Espírito Santo trabalha para tornar a igreja mais

parecida com o seu Senhor, e a ajuda a proclamar o Seu nome.

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Somente o Espírito Santo conscientiza o homem natural do seu pecado,

responsabilidade e culpa, fazendo-o entender e sentir que está de fato perdido. Ele é

quem converte o perdido. Atuando como agente dentro e fora da igreja, para mantê-

la unida e focada (fervorosa) na pregação do evangelho, e proporcionando as missões

e os avivamentos.

Existem centenas de exemplos de avivamentos, obras grandiosas, que nunca

o homem poderia realizar se não fosse a ação do Espírito Santo. Em 1806, fruto de

um avivamento, Adoniram Judson, teve uma grande e intensa experiência com Deus,

e se propôs a servir a Cristo indo para a Birmânia, fazer missões. Foi encarcerado,

perseguido durante décadas, apesar disso, deixou aquele país com quase 300 igrejas

plantadas, mais de 70 líderes locais. Hoje Myanmar, a antiga Birmânia, possui mais

de 2 milhões de cristãos.

Podemos concluir, o Espírito santo mantém a mensagem na igreja e também a

leva para rua. Mostra que devemos olhar para os que estão longe, nos lugares

improváveis, como em Atos 2.9-11, existiam pessoas de mais de 20 nacionalidades.

A sua ação mantém a igreja unida e perseverante à espera do noivo, Jesus Cristo

nosso Senhor.

COMPROMISSO COM A FIDELIDADE DO TEXTO BÍBLICO

Um grande perigo do plantio de uma igreja é a contextualização. Segundo o

dicionário, significa — a ação de estabelecer um contexto para determinada coisa.

Manter a busca pela fidelidade do texto, e, ao mesmo tempo, zelar para ao comunica-

lo, para que a mensagem continue bíblica e seja verdadeiramente compreendida.

A essência para todas as exposições são Deus, Jesus, o Espírito Santo.

É preciso respeitar as escrituras e não praticar a chamada “inculturação”,

adequar o cristianismo as práticas socioculturais de determinada região. A

proclamação do evangelho deve seguir o pressuposto escriturístico e revelacional.

Sem observar e considerar o contexto, não há verdadeira comunicação, pois,

o verdadeiro contexto, através do Espírito Santo, acende a lâmpada da conversão e

da regeneração na vida dos crentes.

A teologia Paulina deixa evidente o correto funcionamento do contexto,

apresentando-nos que a solução para o homem não é o homem, e sim Deus e a sua

redenção.

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O texto bíblico (palavra de Deus) é suficiente para comunicar as suas verdades

a todo o homem, em todas as culturas e em todos os tempos. (Mt 24.24; Jo 3.16; At

1.8)

Conclusão, a palavra de Deus não pode ser acrescentada e nem subtraída do

seu verdadeiro contexto, versículos isolados para agradar certas pessoas e classes

sociais não vão causar nenhum efeito, se não, o antropocêntrico. Como está escrito

em Apocalipse 22.18-19: “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste

livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os

flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro

desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas

que se acham descritas neste livro”.6

A palavra de Deus deve ser protegida de corrupção e diferenciada de simples

palavras humanas.

ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

Primeiro ponto, já citado no início desse trabalho, o plantio de uma igreja não

pode ser realizado de qualquer maneira, e com fins rentáveis, a igreja precisa

desenvolver-se com um organismo vivo, de forma orgânica, saudável e humildemente

abaixo de Cristo. Como diz em João 15.5: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem

permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis

fazer”.7

As principais formas de organização são: congregacional, episcopal e

presbiteriano.

Congregacional: é o sistema onde a congregação local decide em assembleias

os interesses da igreja. A escolha do ministro em alguns casos, é feita por aclamação

de toda a igreja.

A igreja local é autônoma e independente.

O poder de mando das igrejas congregacionais reside nas suas assembleias.

Originaram-se no movimento puritano e nos separatistas ingleses.

Esse sistema de governo às vezes é usado totalmente ou às vezes

parcialmente numa igreja. Algumas igrejas brasileiras que usam esse regime: batistas,

6 Bíblia de Estudo de Genebra, Apocalipse de João, pág. 1.745. 7 Bíblia de Estudo de Genebra, Evangelho de João, pág. 1.404.

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congressionais e Igreja Evangélica de Panorama. Os seus ilustres expoentes são:

Jonathan Edwards, Dwight L. Moody, John Owen.

Episcopal: sistema mais antigo, adaptado pela igreja católica e pela igreja

ortodoxa, os principais ministros são chamados de bispos.

O governo é centralizado na figura de um dirigente, responsável pelas decisões

e destino da igreja, contudo, possui um grupo de subalternos chamado Colégio

Episcopal, responsável pela gestão.

Protestantes anglicanos, metodistas, e grande parte dos luteranos são

episcopais, assim como a Igreja Reformada Húngara. No Brasil, entre os evangélicos

a Igreja do Evangelho Quadrangular segue esse modelo.

Presbiteriano: forma de organização que se caracteriza pela assembleia de

presbíteros. Foi desenvolvido como rejeição ao domínio por hierarquia de bispos

individuais (episcopal). Formado por ministros docentes (pastores) e ministros

regentes (presbíteros). Existe uma ordem crescente de esferas de comando, acima

dos presbitérios. O Sínodo é a sequência de autoridade sobre os presbitérios, tendo

como instância máxima a Assembleia Geral ou Supremo Concílio.

Igrejas que adotam esse governo: Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja

Presbiteriana Independente, Igreja Presbiteriana Unida e outras.

Essas são as principais formas de governo para uma igreja, sendo os mais

indicados os congregacionais e os presbiterianos, que descentralizam as decisões de

um líder e dividem com mais pessoas. A hipótese de autoritarismo e de decisões

equivocadas diminuem consideravelmente.

Segundo ponto importante em uma organização de igreja é a disciplina

eclesiástica. Totalmente de acordo com as escrituras, sendo uma ferramenta

importantíssima para a igreja se manter pura. Não podendo ser aplicada de forma

individual, no sentido de decisão sobre a punição que será imposta ao indivíduo, mas,

de acordo com a decisão de várias pessoas em uma reunião legítima.

Os membros de uma igreja tem os seus deveres com a instituição. Os membros

são todos os crentes batizados e que professaram a sua fé publicamente na igreja ou

vindos de outras denominações. O deve de um membro é sustentar e servir com os

seus dons a todo o serviço útil para o reino de Deus.

O retrato de uma igreja é a sua liturgia. Existem vários conceitos de liturgias,

concordo com Rev. Clóvis da Igreja Evangélica de Panorama que adotou a seguinte

ordem: oração, louvor, palavra, batismo e ceia do Senhor.

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A ceia do Senhor pode ser realizada uma vez ao mês, sendo domingo, “o Dia

do Senhor”, sendo na ordem do mês escolhida pela liderança.

A liturgia deve ser simples, porém, organizada, de maneira natural, pode ser

realizada por qualquer irmão em Cristo. A chave para funcionar bem é a centralização

em Deus, em adorá-lo, reservando um tempo de 45 minutos a uma hora para

exposição da escritura.

A igreja necessita de programas internos e externos. Internos para cuidar de

áreas específicas, homens, mulheres, jovens, crianças, como EBD, e reuniões com

cada categoria citada. Externos para estender o seu relacionamento com a sociedade,

influenciando positivamente o meio onde está localizada.

Nas igrejas reformadas há um grande embate sobre a maneira de conduzir a

liturgia e o culto. Uns querem a igreja medieval, outros exageram com as sofisticações.

O ideal é a igreja evoluir, pois, a nossa vida está em constante mudança, o perfil das

pessoas mudou consideravelmente, mantendo os parâmetros bíblicos, como em Atos

2.42: “E perseveraram na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e

nas orações”.

Liturgia organizada, igreja organizada!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prazerosíssimo escrever sobre esse assunto, ele remete-nos a época dos

apóstolos, onde tudo era feito com amor a Deus e ao evangelho.

Deus sempre sustentou em todos os sentidos a sua igreja, seja no Antigo

Testamento como “povo eleito”, a nação de Israel, seja no Novo Testamento como

igreja.

É essa certeza, que deve nos motivar, independente do desafio num plantio de

uma igreja, porque o Senhor Deus, Todo Poderoso, sustentará os seus durante essa

caminhada. Como está escrito em Romanos 8.39: “…nem altura, nem a profundidade,

nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo

Jesus, nosso Senhor”.

Romanos 12.15 “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai-vos com os que

choram”, ensinar, aprender, acalmar, ver a transformação na vida dos novos

conversos, acompanhar a evolução dos regenerados, é cativante, doce e vibrante.

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Passar dias, meses, anos, zelando pelo povo de Deus, até a volta de Jesus, essa é a

prioridade do plantador.

O evangelho de João nos mostra o pastoreio de Cristo com a sua igreja,

capítulo 10.2-3: “Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas.

Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas

próprias ovelhas e as conduz para fora”.8

Jesus é o nosso pastor, a cabeça do corpo, a palavra final, se o olharmos assim

a igreja será bem sucedida. Não no sentido de sucesso mundano, onde a quantidade,

luxo, poder financeiro, são marcas de bons resultados, mas, cumprindo essa

passagem de Mateus 18:20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu

nome, ali estou no meio deles”.

Esse versículo simplifica e coloca um padrão, onde estarão dois ou três

reunidos, não importa a quantidade, podendo ser o mínimo de pessoas, em casas,

escolas, praças, grandes e pequenos templos, onde estiverem dois ou três reunidos

falando de Cristo ali Ele está. Note, “em meu nome”, Cristo precisa ser o centro, o

intuito, o objetivo da reunião entre irmãos, sendo assim, Ele confirma “ali estou”.

Prossigamos, certos que a “igreja é o desejo de Deus”, é dEle, somos apenas

mordomos.

É dever de todo cristão, contudo, principalmente do plantador viver “coram

deo”, viver uma vida inteira na presença de Deus, sob a autoridade de Deus, para a

glória de Deus.

8 Bíblia de Estudo de Genebra, Evangelho Segundo João, pág. 1.391.

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REFERÊNCIAS

Bíblia de Estudo de Genebra — 2ª Edição Revisada e Ampliada — 2009, Editora

Cultura Cristã — Tradução de João Ferreira de Almeida.

João Calvino — Comentário de Romanos — Editora Fiel — 2014.

Livro “Plantando Igrejas” de Ronaldo Lidório 2007, Editora Cultura Cristã.

João Calvino — Uma coletânea de Escritos — Editora Vida Nova, 2017.

Faterge — curso Especialização em Teologia Reformada — Disciplinas “Plantação de

Igrejas e Discipulado Bíblico Reformado” — Prof. Clóvis Fernandes Ribeiro Júnior.

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APÊNDICE

IGREJA REFORMA CALVINISTA E IGREJA ARMINIANA

Quero fazer uma pequena análise sobre as duas igrejas citadas no título, para

entendermos o ideal de uma igreja.

Há um preconceito existente entre as duas igrejas, os reformados calvinistas

vão dizer que estão totalmente corretos na sua maneira de lidar com as escrituras e

demais situações eclesiásticas, e que os arminianos interpretam incorretamente as

escrituras, como em escatologia, a ação do Espírito Santo, que pegram o anti-

intelectualismo. Os arminianos, em contrapartida, dizem ao contrário, que os

reformados calvinistas são contra o Espírito Santo, frios, e outras coisas. Claro que

não são todos os irmãos que se tratam dessa forma, mas, isso acontece muito.

A ideia a ser seguida é o equilíbrio entre os dois pensamentos, sermos

estudiosos da escritura como os reformados, tendo um padrão de vida e teologia,

totalmente integrado, sendo cristão em todas as horas do dia, tendo o amor, a

receptividade, e, vida fervorosa de oração dos arminianos. Somando esses

pensamentos, chegaremos muito perto daquilo que Jesus espera de nós.

Deixo aqui um princípio que Deus a todo o momento nas escrituras irá pedir ao

Seu povo, “fidelidade”.

Fidelidade no relacionamento com Deus, com as escrituras, com as pessoas,

pois, sendo assim receberemos as inúmeras promessas citadas por Deus na bíblia e

principalmente as do livro de Apocalipse, o momento mais esperado por nós cristãos,

a volta do nosso Senhor Jesus Cristo.

Apocalipse 2.10: “…Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”.