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RAÍZES ITALIANAS EM SÃO JOÃO DEL REI DAURO JOSÉ BUZATTI A MOTIVAÇÃO Sempre senti uma acentuada curiosidade em saber como se iniciou a vinda dos primeiros imigrantes italianos, principalmente para São João del Rei, na encantadora Várzea do Marçal, onde meus avós paternos se instalaram. Aos poucos fui reunindo fragmentos esparsos dessa aventura da emigração italiana e pude reunir as peças desse quebra-cabeças na década de 80, escrevendo “Raízes Italianas em São João del Rei”. Não se trata de um extenso documentário, mas sim a associação organizada, passo a passo, dos primeiros momentos da instalação do Núcleo Colonial de São João del Rei. É um trabalho de pesquisa que somente foi possível em decorrência das oportunidades que me levaram ao Rio de Janeiro, por diversas vezes, e onde pude comprovar no Arquivo Nacional a veracidade das informações, conciliando-as com as obtidas em nosso conceituado Arquivo Público Mineiro. Este trabalho já foi citado em livros e artigos e também na bibliografia da “Altreitalie”, publicação internacional da Fondazione Giovanni Agnelli, destinada à divulgação de estudos sobre a emigração italiana e sediada em Torino, Itália. Acervo da Galeria de Arte Moderna de Roma – Angiolo Tomasi /Museu de Arte de São Paulo/Fondazione Giovanni Agnelli

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RAÍZES ITALIANAS EM SÃO JOÃO DEL REI

DAURO JOSÉ BUZATTI

A MOTIVAÇÃO Sempre senti uma acentuada curiosidade em saber como se iniciou a vinda dosprimeiros imigrantes italianos, principalmente para São João del Rei, naencantadora Várzea do Marçal, onde meus avós paternos se instalaram. Aospoucos fui reunindo fragmentos esparsos dessa aventura da emigração italiana epude reunir as peças desse quebra-cabeças na década de 80, escrevendo “RaízesItalianas em São João del Rei”. Não se trata de um extenso documentário, massim a associação organizada, passo a passo, dos primeiros momentos da instalaçãodo Núcleo Colonial de São João del Rei. É um trabalho de pesquisa que somente foi possível em decorrência dasoportunidades que me levaram ao Rio de Janeiro, por diversas vezes, e onde pudecomprovar no Arquivo Nacional a veracidade das informações, conciliando-as comas obtidas em nosso conceituado Arquivo Público Mineiro. Este trabalho já foicitado em livros e artigos e também na bibliografia da “Altreitalie”, publicaçãointernacional da Fondazione Giovanni Agnelli, destinada à divulgação de estudossobre a emigração italiana e sediada em Torino, Itália.

Acervo da Galeria de Arte Moderna de Roma – Angiolo Tomasi /Museu de Arte de São Paulo/Fondazione Giovanni Agnelli

BREVES PALAVRAS “Raízes Italianas em São João del Rei” foi publicado em 1988, como parte dasfestividades comemorativas do 1º Centenário Comemorativo da Instalação doNúcleo Colonial em São João del Rei. O evento ocorreu na tradicional Cantina doÍtalo, que patrocinou a festa do lançamento. Com saudade lembramos a ajudainestimável do inesquecível Jucelino da Costa Filho, na busca de dados. O prefácio do livro foi feito pelo Presidente do Instituto Histórico e Geográficode São João del Rei, Geraldo Guimarães, do qual extraímos algumas referências: "A nosso ver se aquilata o valor de uma obra, não pelo número de páginas mas simpelo seu conteúdo, pela sua essência e pela sua condição de transmitir comsegurança e clareza o tema focado. Isto o autor muito bem o fez. Sua condição depesquisador, somada à emoção de ordem familiar, pelas suas origens, pelo ladopaterno oriundas dos primitivos colonos italianos, sem dúvida muito influíram parao cabal desempenho do trabalho proposto.” E mais adiante: “O presente trabalho histórico de Dauro José Buzatti é, sem dúvida, valiosacolaboração à História desta região do Rio das Mortes e certamente constituiráum marco e um estímulo para outras pesquisas que certamente virão a acontecer”.

DEDICATÓRIA DO TRABALHO

Dedicatória: Ao perseverante Colono Italiano, que irrigou com o suor do rosto a TerraBrasileira e soube colher os frutos da Esperança! (1888 – 1988)

JORNADA DE ESTUDOS SOBRE IMIGRAÇÃO ITALIANA

SÃO JOÃO DEL REI

2007

AOS LEITORES

Pelo fato de ter sua edição esgotada apresentamos, nas páginas seguintes, umacoletânea de trechos do livro “Raízes Italianas em São João del Rei”. Começaremos em 28 de agosto de 1881, quando D. Pedro II lança, no fértil Valedo Rio das Mortes, a semente de uma nova era, inaugurando a Estrada de FerroOeste de Minas!. A locomotiva, partindo mansamente da “briosa e fiel” São João del Rei, atravessapaisagens bucólicas e pitorescas, deslizando sobre os trilhos em direção àEstação do Sítio (hoje Antônio Carlos), localizada bem à sombra da Serra daMantiqueira. Os tempos estavam mudando. Por todo o florescente Vale do Rio das Mortesnascera um firme desejo de expandir a lavoura e de instalar novas indústrias.Somente abrandava este desejo a perspectiva da falta da mão-de-obra, uma vezque as campanhas abolicionistas já acendiam, nos corações escravos, a justachama da liberdade. Temendo a redução ou mesmo perda do braço escravo, fazendeiros paulistasabastados levantam então suas vozes, clamando pela vinda do imigrante. E esteclamor se fez ouvir nos rincões da longínqua Itália, onde o povo e principalmente oagricultor menos afortunado, vivia subjugado por uma situação político-econômicatristonha e de perspectivas obscuras. Assim, por iniciativa desses fazendeiros, incentivados pelo Governo Imperial,começaram a chegar ao Brasil os primeiros imigrantes, principalmente do norte daItália, as regiões mais atingidas pela crise. As montanhas e colinas das provínciasvenetas, lombardas e trentinas, assistem impotentes a despedida de seus filhos,que saem na esperança de voltar... Foram espalhando-se pelo Brasil, notadamente para São Paulo, Espírito Santo, RioGrande do Sul e Santa Catarina mas, atraídos por uma propaganda bem conduzida,começam aos poucos a vir para Minas Gerais. No Vale do Rio das Mortes, entretanto, o processo de sua fixação somente foiefetivamente iniciado com a fundação do Núcleo Colonial de São João del Rei,instalado pelo Dr. Armênio de Figueiredo na vasta e alegre Várzea do Marçal.

E este fato memorável modificou profundamente a vida da pacata São João delRei. Ao lado das modinhas e lundus surge a cançoneta; ao lado do aguardentesurge o vinho; ao lado do arroz com feijão surge a polenta e contrastando com obronzeado e a graça das brasileiras surge a alvura e beleza das italianas... Aparece então o caldeamento das raças, gerando inúmeras famílias que searraigaram na nossa terra e de onde sobressaíram vultos que se notabilizariam naSociedade Brasileira. Veremos, mais adiante, o desenrolar dos fatos ligados à fundação do NúcleoColonial de São João del Rei. Antes porém visualizaremos, em linhas gerais, asituação da Itália e do Brasil no século XIX, polos do processo de emigração-imigração, com raízes profundas na formação social, cultural e étnica de nossapátria.

A ITÁLIA NO SÉCULO XIX Voltemos aos meados do século XVIII e encontraremos uma Itália recém-liberta,convulsionada por múltiplas insurreições de caráter nacionalista, objetivando aunificação do país. Procurava-se o entrosamento de todas as regiões, criando osentimento nacional de italianidade. Mas séculos de isolamento e diferenciaçãoconsolidaram profundamente divergências regionais. Existiam assim venetos,lombardos, sardos, calabreses... mas não italianos. O norte da Itália, transformado em palco de lutas e combates, era ocupado porexércitos diferentes que causavam, não só danos à propriedade, mas desrespeitoà dignidade da família, impedindo ou devastando plantações e aumentando amiséria por toda a parte. O Governo Italiano, após 1870, tentou enviar esforços no sentido de promover ocomércio e a indústria, mas a Itália, com os seus trinta milhões de habitantes, erabastante pobre e a produção nacional mantinha-se presa às raízes agrícolas. Osmétodos de cultivo eram extremamente arcaicos e tanto no norte como no sul,existiam deficiências no sistema agrícola e na organização da propriedade. Nonorte a presença do minifúndio era tão alarmante quanto o latifúndio no sul. O número de pessoas que viviam em dificuldades era tão grande que a um anúnciorequisitando mil trabalhadores para a ferrovia da Alta-Itália responderam nadamenos que 58 mil candidatos! Esse fato foi transcrito no Correio Paulistano de 3de janeiro de 1880.

A necessidade de emigração tornou-se vital, merecendo de um escritor da época aseguinte afirmação: “A emigração, para a Itália, é uma necessidade. Precisamos quepartam de 200 a 300 mil indivíduos por ano para que possam encontrar trabalhoos que ficam”. Acrescente-se ainda que, além dos produtos do norte da Itália, também a mão-de-obra disponível deixou de ser absorvida pelo poderoso mercado austríaco. Oclima de incerteza, os temores da guerra criados pela possibilidade de novosconflitos com a Áustria e a pobreza colocaram principalmente venetos, lombardose trentinos em situação demasiadamente aflitiva e numa posição em que a maiorsegurança adviria da opção pela saída do solo pátrio. E partem para a América, descrita pelos países que desejam acolhê-los comosendo a “terra da promissão”.

O BRASIL NO SÉCULO XIX (E EM ESPECIAL MINAS GERAIS) No Brasil, o problema da mão-de-obra tornara-se agudo, principalmente depois daabolição do tráfego de escravos, em 1850. A necessidade de mão-de-obraagravava-se mais ainda devido a uma cultura relativamente nova, o café, qurapidamente se desenvolvia, ocupando áreas cada vez maiores. Ao contrário doque ocorria em outras províncias, em Minas Gerais o problema já não foi tãograve, uma vez que possuía a maior população escrava do país (cerca de 170 milescravos, pelo censo de 1872) e foi fácil o seu desvio da mineração, entãodecadente, para a agricultura, principalmente para a lavoura cafeeira da Mata edo Sul. Já em São Paulo o café, penetrando para o oeste da província, demandavamão-de-obra abundante, tanto para formar novos cafezais como para manter osjá existente e, para isto, os escravos já rareavam. Nasceram então duas correntes de opinião relativas à imigração: uma defendendoa necessidade de atrair o imigrante, sem o objetivo de substituir o escravo efavorável à sua fixação em núcleos coloniais; a outra desejando, de imediato,através da imigração em massa, trazer mão-de-obra para o trabalho nasfazendas. Minas Gerais estava em perfeita concordância com a política do Império,favorecendo o povoamento de seu solo através da criação de núcleos coloniais.

Os imigrantes, principalmente de origem alemã, que chegaram em Minas a partirde 1856 formaram então as colônias do Mucurí, D. Pedro II e Urucu. Mas a faltade recursos financeiros, o desinteresse por parte do Governo e do particular,inibiu a continuação da política de povoamento, reduzindo-se a esses três núcleos,que apesar das dificuldades, conseguiram progredir. Sendo enviado inicialmente para as regiões onde haviam as grandes fazendas decafé, como Ribeirão Preto, o italiano foi substituindo o escravo às vésperas daabolição. Os procedimentos relativos à imigração variavam assim, de província paraprovíncia e o Governo Imperial, desejando discipliná-los, criou a Inspetoria Geralde Terras e Colonização, em 23 de fevereiro de 1886, pelo Decreto nº 6.129. Nele todas as atividades ligadas à fiscalização do bem estar do imigrante foramprevistas, desde a inspeção das condições dos navios até a sua instalação emnúcleos coloniais. De especial importância como infraestrutura de suporte dosistema imigratório criou-se a Hospedaria, cujo Diretor, diretamentesubordinado ao Inspetor, deveria propiciar ao imigrante condição adequada dealimentação e hospedagem. Também as Minas Gerais, temendo os reflexos da extinção da escravatura,fazendeiros de café e industriais que se encontravam em fase de expansãocomeçaram a se articular para trazer o imigrante. Às vésperas da abolição, ou seja, a 20 de janeiro de 1888, o Governo Provincialbaixou o Regulamento nº 108 onde, além de outras determinações, estabelecia-seas normas para o funcionamento da Hospedaria dos Imigrantes e para a criaçãode Núcleos Coloniais oficiais e particulares. Entre os núcleos coloniais criados pelo Governo encontra-se o de São João DelRei, instalado na Várzea do Marçal e na ex-fazenda de José Theodoro, queforam, como veremos adiante, também denominados por Bolonha e Ferrara,respectivamente, devido à origem dos italianos que os formaram. A grande verdade, no entanto, é que o Brasil não estava preparado para umempreendimento de tal envergadura. Além disso, a eminente transformação doImpério em República, alterava os compromissos assumidos, e em 10 de janeiro de1889 lê-se no “A Província de Minas – nº 565 – Ouro Preto”:

“Esses fatos mais recentes, combinados com outros mais tristes edeploráveis, mostram bem o que é e o que tem sido o malfadado serviço deimigração para esta província”. Veremos que somente pessoas bem intencionadas, como o Dr. Armênio deFigueiredo e o Cel. Severiano Nunes Cardoso de Rezende, conseguiam modificareste estado de coisas. O seu trabalho dedicado, honesto e a sua firmeza depropósitos, foram realmente os pilares sobre os quais construiu-se o NúcleoColonial de São João del Rei. Não obstante as inúmeras dificuldades encontradas,procuraram instalar condignamente os imigrantes, o que pode ser comprovadopelos relatos minuciosos e precisos do Engenheiro Chefe. Após 107 anos que os fatos aqui narrados aconteceram, não podemos esquecerque os nomes e as personalidades marcantes desses homens, indelevelmente seliga a todos eles.

O NÚCLEO COLONIAL DE SÃO JOÃO DEL REI

São João del Rei

Estamos em 1881! Situada em local muito aprazível, de clima ameno e saudável, namargem esquerda do rio das Mortes, encontramos a progressista São João DelRei!. (A pintura de R. Walsh mostra São João del Rei em 1829).

O córrego do Tijuco (depois Lenheiro) corre de sul à norte, dividindo-a em doisbairros: o da Matriz e o de S. Francisco. As ruas do bairro da Matriz são, emgeral, mal alinhadas, contrastando com as do bairro de S. Francisco que são retas,com casas bem arejadas, possuindo, sem exceção, um pomar ou um vergel, quelhes dá um aspecto repousante e agradável. Unindo os dois bairros duas soberbaspontes de cantaria, cada uma com três alçadas. Contava São João Del Rei, nesta época distante, com cerca de 1600 casas de umsó pavimento, distribuídas em 33 ruas e 10 praças. Entre essas casas haviam 80sobrados, alguns dos quais de notável beleza. Entre outros, sobressaíam osseguintes edifícios públicos: o teatro, o prédio nacional da extinta Intendência eFundição de Ouro, o sólido edifício do Paço Municipal com a cadeia instalada noseu pavimento inferior e a Santa Casa de Misericórdia. Dedicados à religiãocatólica contavam-se onze igrejas, entre as quais a admirável Matriz de NossaSenhora do Pilar, a de Nossa Senhora das Mercês, a de Nossa Senhora do Carmoe a de S. Francisco de Assis. A sua população era então de aproximadamente 11 mil almas. Saindo da cidade em direção ao norte, além de algumas pontes, encontramos a doPorto, construída sobre o rio das Mortes e a mais notável da Comarca, pela suaextensão e solidez, toda ela em aroeira do sertão. Finalmente, estendendo-se perpendicularmente ao rio das Mortes e continuandoalém desse até o rio Carandaí. Deparamos com uma das mais agradáveis paisagensda terra mineira. Trata-se de uma bela planície, com uma largura variando de 250metros a 2 quilômetros, cuja área admitia-se abrigar mais de 300 mil moradores.Divide-se em duas partes, uma do Lenheiro ao rio das Mortes e a outra daí ao rioCarandaí. Essa segunda parte é de particular beleza, causando enlevo e admiraçãoa visitantes estrangeiros que em épocas remotas a visitaram, como Auguste de S.Hilaire. É chamada Várzea do Marçal, local escolhido para a instalação doNúcleo Colonial de São João Del Rei. Essas notas foram reunidas por um ilustre são-joanense, Aureliano CorrêaPimentel, nos idos de 1881. D. Pedro II, admirando a cultura e os princípios morais desse grande são-joanense, o levou para a Corte, para ser professor de seus filhos... E atribuem aoImperador a seguinte frase: “Prefiro o título de Professor às honras deImperador do Brasil.

O Início

É na pitoresca São João del Rei que, aos 8 de março de 1888, chega o Dr.Armênio, nomeado aos 10 de fevereiro, para ocupar o cargo de Engenheiro Chefeda Comissão de Medição de Terras. As finalidades da Comissão foramclaramente explicitadas por ele em ofício de 22 de março, encaminhado aoPresidente da Província: “(...) comunico a V. Exª que a Comissão à meu cargo tem por fim: nãosó a medição e demarcação de lotes para o estabelecimento de um núcleo colonialem terras adquiridas pelo Estado, como também a discriminação de terrasdevolutas pertencentes ao Estado, das do domínio particular(...)”. (grafia atual) Mais tarde, em relatório datado de 30 de abril complementa: “ (...) e estabelecimento de imigrantes nesse núcleo (...)” (grafiaatual). Eram então, o Presidente da Província de Minas Gerais e Inspetor Geral deTerras e Colonização, respectivamente, o Dr. Luiz Eugênio Horta Barbosa e oTenente Coronel Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos. Aos 9 de março, portanto no dia seguinte ao da chegada do Dr. Armênio,assumem os cargos de Engenheiro Auxiliar o Dr. Jerônimo Francisco Coelho, deAgrimensor o Sr. Pedro Zanith e o de Escriturário o Sr. Jerônimo Euclides daSilva, como parte da equipe de trabalho. Ainda nesse mesmo mês incorpora-se àequipe o Engenheiro Ajudante Dr. José Lopes Pereira de Carvalho. Essas pessoas,durante toda a fase de instalação do núcleo colonial, trabalharam com extremadedicação e zelo, afastando-se dos serviços que lhes foram confiados somentepor motivo de doença que requeresse cuidado especial. E aos 10 de março são efetivamente iniciados os trabalhos!.

Os Primeiros Trabalhos Percorrendo as terras situadas à margem direita do rio das Mortes, Dr. Armêniodistribuiu o serviço a ser feito em três turmas: coube à primeira, chefiado porele, o levantamento do perímetro de toda a região; à segunda, chefiada peloEngenheiro Coelho, coube o levantamento das estradas, caminhos, pequenoscursos d´água e outros detalhes; à terceira coube a confecção da planta do riodas Mortes e Carandaí, chefiada pelo Agrimensor Zanith.

Os trabalhos desenvolveram-se com presteza e dentro das expectativas, pois aos30 de abril o Engenheiro Chefe comunicava que já havia organizado a planta daárea e estudado a melhor forma de dividir os lotes, optando pelas “ (...) terras situadas na margem direita do rio das Mortes, onde épreferível estabelecer logo os imigrantes(...) “ Dando mostras de sua meticulosidade nos trabalhos o Dr. Armênio, no intuito deregistrar as variações climáticas locais, mandou instalar, no próprio escritório daComissão, situado na praça do Matozinhos, uma estação metereológica, equipadacom todos os instrumentos necessários. Três observações diárias eram feitas (às4h e 10 min, 9 h e 7 min, 16 h e 10 min). Para o Observatório Astronômico, no Riode Janeiro, eram encaminhados diariamente por telegrama, os resultados dasobservações feitas às 9h e 7 min (hora do Rio de Janeiro). Cumpria-se, assim, umadeterminação do Serviço Metereológico do Império. Parte da zona adquirida pelo Estado, para a instalação do núcleo colonial,situava-se no município de São José Del Rei (hoje Tiradentes). Umacomprovação do interesse e da acolhida dada à iniciativa de instalação do núcleocolonial, pode ser vista por um documento encaminhado à Inspetoria Geral deImigração, em 24 de abril, por moradores de São José del Rei, que em partetranscrevemos a seguir: “(...) Agora constando aos abaixo assinados, habitantes desta mesma Cidade, que oGoverno Imperial trata de estabelecer um núcleo colonial nas confluências dosrios das Mortes e Carandaí, medida esta de subido alcance para esta Cidade, eexistindo a maior parte desse terreno sem habitação alguma, e sendo certo queele limita-se com a Fazenda do Marçal comprada pelo Governo, os abaixoassinados, sucessores legítimos daqueles concessionários, e que sobremaneiradesejam o engrandecimento e prosperidade deste lugar, vêm respeitosamentesuplicar a V. Ex.ª que se digne, em seu nome, ofertar ao Governo de S. M.Imperial o referido terreno, nas margens do rio das Mortes, para nele seestender o projetado núcleo colonial (...)”. (grafia atual). Apesar de não poder contar com o Engenheiro Auxiliar Jerônimo Coelho, noperíodo de 5 de maio a 23 de agosto, por motivo de doença, o Dr. Armênio,competentemente, dirige sua eficiente equipe de trabalho, solicitando aoInspetor Geral, aos 10 de setembro, definição quanto ao tipo de moradia aser construída e envia os respectivos orçamentos.

Digno de referência é o cuidado demonstrado no acerto das despesas e narealização da contabilidade da Comissão. Não obstante a lentidão do envio dosrecursos pela Tesouraria da Fazenda, vê-se, pelos relatos do Dr. Armênio, apreocupação em manter absoluta correção e controle dos gastos públicos,costume que nos parece, foi há muito esquecido...

As Moradias para os Imigrantes Estava se aproximando o fim do ano e também a chegada das chuvas na região. OEngenheiro Chefe, prudente e precavido, temendo uma redução ou mesmoimpedimento no andamento dos serviços, oficializou a necessidade urgente dese construir as casas para moradias dos imigrantes, isto aos 10 desetembro!. Junto ao ofício encaminhou dois projetos de casas, que segundo ele,poderiam ser construídas com rapidez e economia. E chama a atenção para umdetalhe construtivo interessante: “(...) Em ambos, a cobertura é de papelão e as paredes de adobe, comfundações de pedra seca, afim de proteger da umidade a parte inferior da 1ªfiada de adobes (...)” E mais adiante: “(...) O adobe é uma espécie de tijolo, com dimensões arbitrárias,feito de barro amassado com água, seco ao sol, de fácil mão-de-obra, em geralempregado nas construções aqui e de duração relativamente extraordinária (...)”. Não encontramos as plantas das casas, mas inferimos, pela lista de materiais, queno projeto indicado pelo Engenheiro Chefe, a área de construção ficaria noentorno de 40 metros quadrados. Aqui já nos deparamos com o primeiro entrave, muito comum nosempreendimentos que vinculam sua realização à promessas sem garantias. Amorosidade das decisões, os entraves burocráticos e o desinteresse do Governo,associados a uma reduzida dotação de recursos forçaram a adoção de soluçõesimprovisadas e na maioria das vezes inadequadas. Assim, ao invés das casas, oMinistério da Agricultura, por um ofício enviado ao Dr. Armênio em 5 denovembro (portanto 56 dias após o envio dos projetos das casas!) decide pelaconstrução de: “(...) um galpão para agasalho de imigrantes recém-chegados (...)”.

O prazo, portanto, para a construção do galpão seria de apenas 30 dias! Mesmo assim, imediatamente, três projetos de um galpão suficiente para abrigar250 pessoas, com os respectivos orçamentos, foram enviados pelo EngenheiroChefe à Inspetoria Geral em 17 de novembro. Mas as chuvas já estavampróximas e os primeiros imigrantes estavam chegando... Apesar de não terem sido encaminhados ao núcleo colonial, como veremos adiante,deram início ao movimento imigratório para a região, à partir de fins deoutubro de 1888. Sabendo que o prazo estava se esgotando e que a construção de um galpãonaquelas circunstâncias era totalmente inviável, o Engenheiro Chefe, aos 26 denovembro, relata que tendo em vista a urgência de se instalar imigrantes nonúcleo, enviava ao Inspetor Geral as plantas de duas já construídas. Salientou quehaveria a possibilidade de alojá-los convenientemente desde que fossem feitosalguns reparos. E fornece detalhes quanto à localização das mesmas: A primeira localizava-se na Várzea do Marçal, cerca de 5,5 quilômetros daEstação de Ferro Oeste de Minas, devendo acomodar 60 a 70 pessoas. Obarracão vizinho à casa poderia abrigar 40 pessoas; A segunda situava-se em terras que foram de José Theodoro, na margemesquerda do rio das Mortes, próxima à linha férrea e podendo acomodar 150 a160 pessoas. Ressalta ainda que se a autorização para a execução dos reparos fosse dada, portelegrama, teria condições de prepará-las até o dia 10 de dezembro. Ali os imigrantes deveriam ficar, aguardando os recursos prometidos peloGoverno, não só para a construção de suas casas mas também para o início dostrabalhos de lavoura. Com habilidade e parcimônia o Dr. Armênio foi suprindo as necessidades básicasde instalação do núcleo, uma vez que o Ministério de Agricultura somente haviaaprovado, para o período de março a dezembro, a mirrada verba de 40.000$000(quarenta mil contos de réis) para as despesas totais da Comissão. E até 30 desetembro, sem ter sido aprovada a construção das casas, constata-se, pelosminuciosos relatórios do Dr. Armênio, que as despesas já atingiam o valor de23.498$786. Se excluíssemos as despesas da própria Comissão, o restanteda verba aprovada daria, aos preços vigentes na época, para a construção deapenas 55 casas!

No período de 1º de outubro a 9 de novembro ficou afastado do serviço, pormotivo de doença, o Agrimensor Pedro Zanith.

Movimento Imigratório antes dos Primeiros Colonos Em fins de novembro (dia 28) Dr. Armênio comunica à Inspetoria Geral quesomente naquela data havia recebido o telegrama avisando-o para que sepreparasse par receber as primeiras 90 famílias, para serem instaladas nonúcleo colonial. Se basearmos nas declarações do Sr. Carlos Preda, cidadão italiano que há muitosanos vivia em São João del Rei, veremos que o fluxo imigratório para a região jáhavia se iniciado em fins de outubro, como anteriormente mencionamos. Citaque esses primeiros imigrantes foram trazidos por fazendeiros de Bom Sucessopara o trabalho na lavoura. No início de novembro (dia 7), por incumbência do Dr. Diogo de Vasconcelos,então Inspetor Geral da Imigração na Província, chegam com o Capitão FelicíssimoPinto Monteiro mais 150 imigrantes. Ficaram alojados no Hotel Boa Vista, emfrente à Estação da Estrada de Ferro Oeste de Minas. Dali, no terceiro dia,foram deslocados para o trabalho em fazendas de Bom Sucesso e Oliveira. Logo depois, no dia 22 de novembro, nova leva de imigrantes é trazida pelomesmo Capitão, de 112 imigrantes. Também ficaram hospedados no Hotel BoaVista e dali foram deslocados para as fazendas em Bom Sucesso, Oliveira eLavras. Desses nem todos saíram do Hotel, por falta de procura por parte dosfazendeiros ou por doenças nas crianças (principalmente sarampo). Nesta data o Coronel Severiano de Rezende havia sido nomeado, pelo Dr.Diogo de Vasconcelos, para ser o Diretor da Hospedaria Provincial de São Joãodel Rei. Para isto ele havia alugado, em 15 de novembro, no Largo do Carmo, omais vasto prédio que possuía a cidade. Além de vasto, arejado e limpo, tinha boasacomodações e facilmente alojaria 250 imigrantes. Anteriormente conhecidocomo Solar da Baronesa logo passou a ser chamado de Hospedaria.

Para Juiz de Fora seguiu então o Sr. Carlos Preda, nomeado Intérprete e Auxiliarna Hospedaria, para receber instruções precisas, voltando, no dia 28 denovembro, com 63 imigrantes venetos e ferrarenses. Quase todos foram colocados imediatamente nas fazendas, não permanecendo naHospedaria mais do que dois a três dias. Somente uma família, por motivo dedoença, ficou nove dias. Isto porque, em resposta às circulares expedidas peloCoronel Severiano de Rezende para os fazendeiros, estes não tardaram embuscar os imigrantes, celebrando com eles, à vista do Diretor e do Intérprete, ocontrato de trabalho redigido em português e italiano. Desses imigrantes poucosdeixaram mais tarde as fazendas e os que assim fizeram dedicaram-se aatividades independentes. Vemos, portanto, que tais fatos ocorreram à margem daqueles ligadosdiretamente à instalação do núcleo colonial. Não obstante, segundo asinformações constantes do documento anteriormente citado, inúmerasdificuldades começaram a surgir para a colocação dos imigrantes que vieramposteriormente e que, saindo de Juiz de Fora se destinavam ao trabalho nasfazendas. Adiante daremos as razões que determinaram tais fatos. O “Arauto de Minas” de 22/12/1888 registra que o movimento na Hospedaria foide 755 imigrantes o que daria uma média diária de 34 pessoas nesse período.

A Hospedaria, no Largo do Carmo

Preparativos para a Chegada dos Primeiros Colonos

Estamos às vésperas da chegada dos primeiros colonos destinadosespecificamente ao Núcleo Colonial de São João del Rei. Em agosto haviam sido iniciados os trabalhos de locação e medição dos lotes e, emfins de novembro, 100 lotes já estavam convenientemente demarcados eprontos para serem entregues. Precavido e bem intencionado, em tudo demonstrando que desejava uma adequadarecepção e instalação dos imigrantes, Dr. Armênio tomou todas as providênciaspara que isto ocorresse. Assim, avisou ao Inspetor Geral que os imigrantesdeveriam viajar em trem especial, para que pudessem chegar em São João del Reientre 10 e 12 horas da manhã, possibilitando assim o transporte durante o dia euma fácil instalação dos mesmos. No intuito de atender os imigrantes que, em virtude da hora da chegada, nãopudessem ser transferidos “para as casas que vão servir de galpão”, informa ao Inspetor Geral que, por precaução, havia providenciado com o Sr.Severiano de Rezende, agasalho e alimentação no dia da chegada dos imigrantesdestinados ao núcleo colonial. Mencionou que havia acertado inclusive o preço dadiária, ou seja, 800 réis por adulto e 400 réis por menor. Delegou ao Dr. Jerônimo Coelho, Engenheiro Auxiliar, a atribuição de dirigir oserviço de recepção dos imigrantes bem como sua instalação provisória,transporte, verificação dos nomes e número de pessoas, orientação e tudo o queera necessário para a completa localização das famílias. Além dessas atribuições, solicitou ao Dr. Coelho para que utilizasse,imediatamente, a aptidão de cada imigrante para a construção das casas, cujolocal teria que indicar, levando em consideração as condições topográficas e afacilidade de transporte. Entre outras medidas também havia providenciado a concorrência para ofornecimento de gêneros alimentícios aos imigrantes.

Estabelecera uma dieta básica para cada imigrante com idade superior a 12 anosconstituída por: Açúcar mascavo ------------ 80 g Café ------------------------ 35 g Carne verde ---------------- 450 g Toucinho -------------------- 40 g Arroz ----------------------- 2 dl Feijão ----------------------- 1 dl Farinha de milho (ou fubá)- 5 dl Para crianças com idade entre 3 a 12 anos era fornecida uma dieta básica paracada duas crianças. Para as de idade inferior a 3 anos não havia o fornecimento dadieta. E aos 3 de dezembro, o Dr. Armênio organiza os últimos preparativos: orientaque o transporte dos imigrantes que fossem destinados ao território da margemdireita do rio das Mortes (Várzea do Marçal) seria feito pelos meios comuns. Osque se estabeleceriam na margem esquerda do rio das Mortes (ex-fazenda deJosé Theodoro) seriam transportados pela Estrada de Ferro Oeste de Minas,devendo o Dr. Coelho comunicar-lhe o número e a hora para que pudesse sersolicitado o número de carros para esse fim. No dia da chegada dos imigrantes deveriam ficar alojados na Hospedaria, ondepassariam a noite. No dia seguinte seriam levados para as casas que servirão degalpões e que já se achavam preparadas para recebê-los.

Festa da Chegada Ainda no mesmo dia 3 de dezembro chegam os primeiros 102 colonos,constituindo 22 famílias destinadas ao núcleo. A cidade se alegra e se entusiasma.Apesar de terem passado pela Hospedaria outros imigrantes, como vimosanteriormente, para os são-joanenses entretanto, aqueles eram diferentes. Afinalvieram para permanecer. E a curiosidade e o júbilo do povo se misturam,acolhendo os primeiros colonos com alegria e acompanhando-os até a Hospedaria. Era um bloco de homens robustos e de mulheres de faces coradas, de mãos dadascom suas crianças e acompanhados pelos mais velhos, que ante a admiração geralandavam lentamente, suspirando extasiados os ares de uma nova vida

Nos rostos alegres retratavam a esperança que lhes aquecia a alma, envolvidospor uma natureza exuberante e pelo clima contagiante do entusiasmo são-joanense. Naqueles instantes o cenário bucólico e esmaecido da florescente São João delRei se transformava. Os novos personagens que chegavam traziam cores maisvivas e duradouras, pela força do trabalho e pelo desejo inquebrantável devencer. Nos seus pensamentos ainda confusos se mesclavam os sonhos de ventura,afugentando de corpos extenuados os vestígios de uma longa e penosa viagem nosporões do navio que os expatriava. E sufocados por aquele torvelinho de emoções, deixavam que dos olhos cansados,diante da jovialidade e estupefação de quase todos, brotassem algumas furtivaslágrimas. À noite, após a esfuziante receptividade dos são-joanenses, é possível que osimigrantes tenham se entregado a mil devaneios, deixando que a imaginação oslevasse a campos floridos e fecundos, onde não mais existisse a miséria e sim, aalmejada esperança de dias melhores. No dia seguinte, ainda cansados e entorpecidos, foram levados para a Várzea doMarçal, sendo instalados na casa provisória, até que construíssem as suas. Ascrianças pequenas e doentes foram transportadas por lentos carros de bois, como seu chiar lânguido e bucólico. Pressentindo a necessidade de agilizar a assistência médica, o Engenheiro Chefe,no dia 5 de dezembro, solicita ao Inspetor Geral autorização para fornecermedicamentos e atendimento médico aos que adoecessem, no que parece ter sidoatendido. Mesmo assim, apesar da presteza da assistência médica, três criançasque já se encontravam enfermas faleceram e novamente as lágrimas molharam osrostos daqueles que, há poucas horas antes, choravam de felicidade... Para o Dr. Francisco de Paula Moreira Mourão, médico do núcleo colonial, foramdadas instruções para a instalação de uma enfermaria, possibilitando assim, ummelhor atendimento aos doentes.

Outras levas de colonos foram chegando sucessivamente e o Engenheiro Chefe,aos 18 de dezembro, ou seja, uma quinzena após a chegada dos primeiroscolonos, informa que já se achavam instalados, em 6 casas provisórias naVárzea do Marçal 371 colonos e na ex-fazenda de José Theodoro, mais 186colonos. Neste mesmo relato designa o Engenheiro Auxiliar, Dr. Coelho, parafazer a “instalação, estabelecimento e distribuição dos lotes aos imigrantes” recomendando que eles, desde já, iniciassem a construção de suas casas.Entretanto, para que as casas pudessem ser construídas, o Dr. Armênio teve queprovidenciar o fornecimento não só de ferramentas, sementes e mudas (milho,batata, arroz, feijão e uva) mas também dos utensílios de cozinha indispensáveis. Argumentavam os colonos da Várzea do Marçal que se o Governo não fizessecertas concessões estariam no firme propósito de voltar à Itália. Fundamentavamsuas reivindicações no fato de que, iludidos pelos agentes de imigração, lhesforam feitas inúmeras promessas que não estavam sendo cumpridas. E,certamente, se julgavam no direito de recebê-las. Diziam ainda que, sendoprovenientes de duas aldeias vizinhas, Bolonha e Ferrara, acreditaram naspromessas feitas e vieram em massa se estabelecer no Brasil. Por esse motivo, oNúcleo Colonial de São João del Rei, em alguns documentos, é citado como NúcleoBolonha-Ferrara. Um desses documentos é o ofício do Comendador José Carlos deCarvalho ao Dr. Armênio, comunicando-lhe que assumira o cargo de Inspetor Geralde Imigração da Província. Tanto a denominação de Núcleo “Bolonha-Ferrara”, como a oficial (Núcleo Colonialde São João del Rei), não ganharam popularidade e sim os nomes regionais taiscomo “José Theodoro“, “Giarola”, “Bengo” , “Felizardo” ou mesmo o uso correnteda denominação “Colônia” Não sabemos ao certo o número de lotes que foram distribuídos na Colônia mas,pelo relato do Dr. Armênio, presumimos que tenham sido no entorno de 180.Também em outro documento importante, o Livro Auxiliar da Colônia, sãorelacionados 135 lotes na Várzea do Marçal e 39 lotes na ex-fazenda de JoséTheodoro. À primeira vista pode parecer um número pequeno, mas é bom lembrar que,naquela época, implicou no aumento de 10% da população da cidade, em menosde um mês!

E já no dia 20 de dezembro o Dr. Armênio informa que somente poderiaacomodar mais 6 famílias, “(...) porquanto neste núcleo não posso estabelecer mais imigrantes (...)”.

Alguns Transtornos Mencionamos, anteriormente, que alguns conflitos começaram a surgir para acolocação dos imigrantes, vindos de Juiz de Fora e destinados ao trabalho nasfazendas. Vejamos as causas de tais transtornos: Os imigrantes destinados às fazendas começaram a chegar a partir de fins deoutubro. Ora, nesta data já estavam sendo feitos os preparativos para a recepçãodos colonos destinados ao núcleo colonial e deste fato tomavam imediatoconhecimento. Dessa forma a perspectiva de se tornaram independentes eproprietários em um núcleo administrativamente estruturado os atraía muito maise por melhores que fossem as condições de trabalho oferecidas pelosfazendeiros, eles sistematicamente recusavam. Ficavam na Hospedaria, semdestino, aguardando uma ilusória entrega de novos lotes, que há muito haviam seesgotado. Faziam petições constantes sempre com a argumentação de quedesejavam ir para a Colônia, onde encontrariam amigos e parentes, insistindo emdesconhecer o fato de que a lotação do núcleo estava esgotada. Assim ficavam osfazendeiros sem os colonos e estes, sem os desejados lotes! Estes fatos culminaram com a exoneração injusta do Coronel Severiano, quedesgostoso deixava a Direção da Hospedaria, sendo nomeado em seu lugar o Dr.Armênio, logo nos primeiros dias de janeiro de 1889, que tentou em vãoresolver o problema nos três meses que se seguiram. Na Hospedaria seencontravam então 24 famílias, sem destino. A atuação do Coronel Severiano à frente da Hospedaria havia sido tão humana eeficiente que, em documento público, os imigrantes agradeceram a sua atuação(foi publicado no “Arauto de Minas”, n.º 29). Além da substituição do Diretor da Hospedaria outro fato importante ocorrerianaquele período, ou seja, os fazendeiros, na tentativa de impor um sistema semi-escravagista aos imigrantes, começaram a desrespeitar os contratos de trabalhofirmados e motivaram, como conseqüência, a saída das famílias de suas fazendas,que se deslocavam desprotegidas para o único reduto disponível: a Hospedaria.

E nos fins de março de 1889 se encontravam ali hospedadas nada menos doque 54 famílias, que obstinadamente insistiam em serem instaladas na Colônia,recusando o deslocamento para outros núcleos ou a volta ao trabalho nasfazendas. Nesta data somente eles ocupavam a Hospedaria da Cidade, uma vezque o Dr. Armênio já havia instalado outra, mais modesta, no Matosinhos,enquanto aguardava a decisão do Governo Provincial, em relação aos imigrantes alialojados, para poder fechá-la. Somente mais tarde, em maio de 1889, com odeslocamento daquelas famílias, foi possível o fechamento definitivo daHospedaria da Cidade. Contabilizando todos os recursos despendidos pelo Governo, o Dr. Armêniodemonstra ter recebido o total de 36.744$939. E para se ter uma pálida idéia doque este valor representava basta dizer que, se todo esse recurso fossedirecionado unicamente para a construção das 180 casas necessárias, não seconseguiria construir, economicamente, nem 100 delas!

Vida na Colônia Apesar do esforço e dedicação do Dr. Armênio conclui-se, pelos seus relatos, queo colono teve que resignar-se em ver os seus primeiros sonhos esvanecerem-se,perdendo o primitivo encanto e colorido. E isto se deve ao fato dos entravesadministrativos terem sido muitos, aliados à morosidade, uma característicamarcante nos serviços ligados à imigração. Não havia uma conscientização da suaimportância e, como conseqüência, o Governo não se preparara convenientementepara um empreendimento de tal envergadura. Os imigrantes, ao receberem os seus lotes tiveram a orientação de construíremimediatamente as suas casas, afim de que deixassem os alojamentos provisórios epudessem iniciar os trabalhos de lavoura em suas terras. Mas vejamos o queocorreu lembrando, entretanto, que desde julho o Dr. Armênio chamava aatenção e pedia a autorização para que fossem construídas urgentemente as30 primeiras casas. Como vimos o seu pedido não foi atendido. Ele então direcionou os colonos, àpartir de fins de dezembro, para a construção de suas casas, medidacorretíssima e humanitária, uma vez que eles se encontravam em casasprovisórias, em condições precárias de higiene e conforto. Acertou-se então como Governo, através da Inspetoria Geral, a remessa de todo o madeirame, ao passoque os colonos seriam responsáveis pelos trabalhos de execução dos alicerces dascasas e da fabricação dos adobes.

E em fins de janeiro de 1889 as fundações das primeiras 50 casas jáestavam prontas! A madeira para cobri-las, entretanto, não havia chegado.Apesar disto os trabalhos de fabricação dos adobes e a abertura das estradas donúcleo continuaram a ser executados no mesmo ritmo. Quanto à alimentação, as dietas básicas eram distribuídas, por comodidade, paracada 8 dias, sendo entregues aos delegados de um certo número de famílias, quese deslocavam até o depósito da Comissão e ali assistiam à pesagem dos gênerosalimentícios. Depois, usando carros de bois, transportavam os gêneros até ascasas provisórias, onde eram distribuídos às famílias. É interessante observar como o tipo de alimentação preferido pelos colonosinterferiu na dieta básica fornecida. Na Itália, daquela época, haviam muitascomidas à base de milho e a polenta, atribuída à tradição italiana, era muitodiferente da que conhecemos hoje. O que os imigrantes conheciam era a “mosa”,que consistia na mistura de água, leite, farinha de milho e sal, alimentação básicana mesa dos ricos e pobres. Era um tipo de polenta mole, também chamada “lepape”. À mosa acrescentava-se queijo ralado e servia-se sem outras misturas. Efoi por esse motivo que os colonos pediram que se triplicasse a quantidade defarinha de milho (ou de fubá) fornecida, já que o preço unitário permaneceriapraticamente o mesmo. O macarrão, tão ligado para nós brasileiros, à imagem doitaliano, era para eles, naquela época, um alimento de luxo. Na Colônia os dias iam passando, na rotina da construção das casas e caminhos enas lidas domésticas comunitárias, sem entretanto possibilitar a cada colono quetivesse realmente o seu lar, que continuava destelhado, a ver estrelas... Chegou então o mês de fevereiro de 1889 e os colonos, já com 74 casas comas fundações prontas e cerca de 80.000 adobes continuavam à espera domadeirame! O Engenheiro Chefe insiste nos pedidos do material, imprescindívelpara a cobertura das casas e propõe que sejam usadas telhas de barro, porhigiene e economia. Diante da inércia da Inspetoria Geral ele impacienta-se. Afinal o período daschuvas já estava no fim e os colonos se encontravam desestimulados diante detanta espera e vivendo em condições de habitabilidade precárias e promíscuas.Desgostoso com a situação e com a falta de atenção dada aos seus pedidosencaminha à Inspetoria Geral a sua demissão.

Terminava o mês de março de 1889...Três meses haviam se passado desde achegada dos colonos e não é difícil imaginar a angústia e desespero que viveramnessas circunstâncias. Podemos ainda avaliar, daí para frente, a dura luta que os colonos enfrentaram.Ressalte-se ainda que, no limiar do alvorecer da República, não deveria haver porparte do Governo tanto empenho no cumprimento de obrigações assumidas peloImpério. Mas os imigrantes estavam acostumados ao sofrimento e retemperaramnele as suas forças. Valeram-se da sua garra e do seu espírito indomável efinalmente venceram! As suas casas simples, de piso de chão batido, foram enfim cobertas. Começaramas plantações e a colheita de maçãs, pêssegos, laranjas, peras, uvas, milho, batatae hortaliças, que eram vendidos pelas italianas, em seus pesados balaiosdependurados em “derlas”. Depois foram usadas as charretes que levavam aprodução excedente até os locais de venda em São João del Rei. Nos fornos decupim, do lado de fora da casa, assavam os seus pães, reacendendo em suas almasa certeza de dias melhores. Eram as raízes da destemida gente italiana fixando-se definitivamente no fértilsolo são-joanense! A publicação gratuita “Lo Stato di Minas-Gerais”, editado em Genova no ano de1896, continuava a incentivar a emigração para o Brasil e em relação ao NúcleoColonial de São João del Rei cita que “misura un’ area di 2,562 ettari divisa in 174lotti. La sua populazione è di 700 persone, tutta gente laboriosa, morigerata eprospera” (p. 56).

Uma Homenagem Final Prestamos finalmente uma sincera homenagem a todos os primeiros colonos doNúcleo Colonial de São João del Rei, relacionando alguns dos seus nomes. Osnomes aqui mencionados encontram-se em vários documentos importantes, masprovavelmente a lista que fizemos estará incompleta, em função de falhas nosregistros realizados. Citando os nomes adiante damos o testemunho da admiração por esta bravagente, que mesclando-se aos brasileiros arraigaram-se na nossa terra, amando-acomo se fosse o torrão da Itália. Deram-nos o exemplo vivo do trabalho honesto ededicado, esquecendo as agruras passadas e mostrando-nos que nos momentos dedesespero a luz maior é a fé em Deus e a esperança no futuro!

Primeiros Colonos

“Os primeiros colonos que receberam seus lotes, segundo os registros queencontramos, são os seguintes:

Instalados na VÁRZEA DO MARÇAL AMBROSIO, Vitale; BALLARDINI, Domenico; BANDIERA, Pasquale; BASSI,Antonio; BENFENATTI, Enrico; BIANCHINI, Giuseppe; BOARI, Albino;BOARI, Giuseppe; BOARI, Luigi; BOLDRINI, Alessio; BOLDRINI, Luigi;BOTTONI, Gaetano; BRAVATI, Carlo; BRIGHENTI, Cesare; CALORE, Egisto;CAMANZO, Gaetano; CAMPOLONGO, Giovanni; CARAVITA, Antonio;CAVALETTI, Giovanni; CAZONI, Primo; CAZZONI, Roberto; CESARI, Natale;DAVIN, Marco; DETOMI, Angelo; FALIN, Giovanni; FAVA, Victorio;FAZZION, Lourenzo; FELLONI, Achile; FERRAREZZI, Giovanni; FRACAROLLI,Giovanni; FRAZZONI, Giuseppe; FREDERICO, Alesssandro; GAIANI, Gaetano;GARBINI, Giuseppe; GATTI, Luigi; GEROLA, Luigi; GEROMINI, Marco;GEROMINI, Santi; GHELERE, Giovanni Maria; LIBRENTI, Luigi; LUCIEN,Ferralle; LUCCHI, Giovanni; MARANEZZI, Ludovico; MARDELATO, Giovanna;MARGOTTI, Lourenzo; MARTELLI, Erminio; MARTELLI, Luigi; MAZZOLI,Albino; MINARELLI, Angelo; MONARI, Angelo; MONTOANELLI, Angelo;MURANDI, Luigi; PADUAN, Mariano; PADUAN, Pietro; PIAZZI, Giocondo;RANDI, Michele; ROZETTO, Zenone; RUBINI, Antonio; SARTINI, Carlo;SARTORI, Giuseppe; SCHIASSI, Giuseppe; TAROCO, Giacomo; TREBBI,Roberto; TRERÉ, Giacomo; UNGARELLI, Giulio; VERLICHI, Emilio; VIANINI,Zefiro; VICENTINI, Etore; ZUCCHERI, Clemente.

Instalados na ex-FAZENDA DE JOSÉ THEODORO AGOSTINI, G. Battista; ANDRETTO, Pasquale; BRESOLIN, Luigi;CALSAVARA, Andrea; CALSAVARA, Angelo; CHIAMENTI, Luigi;CHRISTOFOLI, Angelo; CHRISTOFOLI, Antonio; CHITARRA, Giuseppe;CORTESI, Domenico; DELAI, Giovanni Baptista; DEMARCHI, Vincenzo;DINALI, Antonio; FAZZION, Sante; FUSATTO, Giuseppe; GHELERE, Marco;GODI, Luigi; GUZZO, Luigi; LOMBELLO, Antonio; MARINI, Luigi; MINZON,Giacomo; MONTOLI, Francesco; MUFFATO, Nicola; PANORATO, Angela;POZZA, Domenico; ROSSATI, Pietro; SOTANA, Agostino; STEFANELLI,Antonio; TIRAPELLI, Antonio; TOFALINI, Andrea; ZANETTI, Angelo;ZANGIACOMO, Catherina; ZANOLA, Pietro; ZANSAVIO, Luigi; ZERLOTINI,Giovanni, ZERLOTINI, Romano; ZIVIANI, Pietro.

Além desses primeiros colonos outros vieram, mas transferiram-seposteriormente. Muitos outros colonos também foram surgindo, apesar de nãoconstarem dos registros anteriormente citados. Entre estes últimos vale a penalembrar os seguintes: BASSI, Giuseppe; LONGATTI, Giovanni; FUSATTO, Luciano; BINI, Rafael;LOVATO, Antonio; BRIGHENTI, Deodoro; STANCIOLI, Nicolau; CAVALARI,Giuseppe; GIOVANNI, Salvatore; ZANITI, Augusto; DELA COSTA, Luigi;PAGLARINI, Filipo; DALDEGAN, Pietro; MONTOLI, Francesco; DELVECCHIO, Giacomo; SBAMPATO, Alessandro; CALVETTI, Luigi ePERIGRINELLI, Carlo. Finalmente ressaltamos que alguns imigrantes italianos já moravam em São Joãodel Rei nesta época, como MARCHETTI, Felipe; PREDA, Carlos; LOVAGLIO emuitos outros. Reunimos aqui os nomes da maioria das famílias que foram gradativamente sefixando na região: AGOSTINI, AGOSTINO, ALBINI, ALLEOTI, ALLEVA, AMADEI,AMBROSIO, ANDRETO, ANGELIN, ANGIOLI, ARENARI, ARGENTESI,BACCARINI, BACHI, BAGNI, BALBI, BALDINI, BALDRATTI, BALDUZZI,BANDIERA, BANDINELLI, BARALDI, BARBE, BARBI, BARBONI,BARTHOLO, BARUFALDI, BASSI, BEDESCHI, BELCHIOR, BELFIORI,BELLINI, BELLO, BELLUSCHI, BENEDETTI, BENEVENUTTI,BENFENATTI, BERGO, BERINGHELLI, BERMAGOSI, BERNARDINI,BERSANETTI, BERSANI, BERTELLI, BERTOCHI, BERTOLINI,BERTOLUCCI, BIANCHINI, BIAZUTTI, BINI, BIOTINI, BISCARE,BISOLLI, BIZZAIA, BOADELLI, BOARI, BOLDRATTI, BOLDRINI,BOLOGNANI, BONFIOLI, BONICENI, BORNELLI, BORSETTI, BOSCOLO,BOTTONI, BRAGIO, BRAVATTI, BRESOLIN, BRESOLINI, BRIGHENTI,BROGLIO, BUZATTI, CALORE, CALSAVARA, CALVETTI, CAMANZO,CAMARANO, CAMPANATTI, CAMPELLO, CAMPOLONGO, CANAVESE,CANAVEZ, CANELLA, CAMPOLONGO, CAPRINI, CAPRONI, CAPUTO,CARAVITA, CARAZZA, CARRARA, CASARITI, CASELLI, CASEMIRO,CASSANO, CASTORINO, CAVALARI, CAVALETTI, CAVALIERI,CAVALINI, CAVALLASI, CAZONI, CAZZONI, CESARI, CHIAMENTI,CHIARINI, CHITARRA, CHRISTOFOLI, CIAMARINI, CICARELLI,CICARINI, CIPRIANI, CONSALVI, CORROTI, CORTESI, CORTEZZI,COZZI, CUPOLILLO, DA COSTA, DALDEGAN, D’ANGELO, DAVIN, DEFILIPPO, DELLA COSTA, DELAI, DE LELLIS, DELLA CROCE, , DELLA

SAVIA, DE LUCCA, DEL VECCHIO, DEMARCHI, DETOMI, DILASCIO,DINALI, DONATI, FABRI, FACCION, FACHINI, FAGIOLI, FALCONERI,FALIN, FANTONI, FARAGALLA, FARIGNOLLI, FARNEZZI, FAVA,FAVERA, FAZANELLI, FERRAREZZI, FINALDI, FIOCHI, FIORELLI,FIRMO, FONTENELLI, FORAZENO, FORMAGIO, FRACCAROLLI, FRANCIA,FRANZOSO, FRAZZONI, FREALDI, FREDERIGO, FRIGO, FUSATTO,FUSCHINI, FUZATTI, GARDONI, GAIANI, GAIO, GALARANA, GALLI,GALLO, GARAVELLI, GARBINI, GARBOGINI, GATTI, GAZZI, GEROMINI,GHERELE, GIAROLA, GIOLITTI, GIORGIO, GIOVANNINI, GODI,GOTARDO, GOTTARDELLI, GRASSI, GRELLA, GRIPPI, GUARINI, GUELLI,GUERRA, GUILARDUCCI, GUITARRA, GUZZO, IMBROISI, INECO,IZOLANI, JANONI, JANUZZI, LANCETTI, LAUDARI, LIBONI,LIBRENTI, LIMONCINNI, LOBOSQUE, LOMBARDI, LO,BELLO,LONGATTI, LONRENZONI, LORENGIONI, LOVAGLIO, LOVATO, LUCCHI,LUCIEN, MACERONI, MAGALDI, MAGGIOLI, MAGNAVACCA,MANFREDINI, MANFRINI, MANTOANELLI, MANTOVANI, MARANEZZI,MARCELLI, MARCHIORI, MARDELATTO, MARGARON, MARGOTTI,MARINI, MARRONI, MARTELLI, MARTINELLI, MARZOCHI, MAURO,MAZZANTI, MAZZINI, MAZZOLI, MAZZONI, MENEGHINI, MENEGON,MENICUCCI, MENILLOMIATO, MINARELLI, MINQUITTI, MINZON,MISSON, MOEBUS, MONARI, MONDAINE, MONTOLI, MONTREZOR,MORANDI, MORELLI, MORFETTI, MUFATO, MUGIANI, NAPOLEON,NATALI, NEGRINI, NOZILIO, OTTONI, PADOVANI, PADUAN,PAGANINI, PAGANUCCI, PAGGI, PAGLIARINI, PALACCI, PALUMBO,PANAIN, PANORATO, PANZACHI, PANZERA, PAOLUCCI, PARIZZI,PARRINI, PASSARELLI, PASSARINI, PASSINI, PASTORINI,PATERNOSTER, PAVANELLI, PAZIN, PEDRONI, PELUZZI, PENONI,PEPARELLI, PERARO, PELEGRINELLI, PERILLI, PEZEUTTI, PEZZALI,PIAZZI, PICORELLI, PIERINI, PIERUCETTI, PIFANELLI, PITTI, PIZZA,POLASTRI, PONZETTI, POSSA, POZZA, POZZATO, PUGLIESI, PUTTINI,QUAGLIA, RADELLI, RANDI, RASTELLI, RIANI, RIGHETI, RIGOTTI,RIVETTI, RIZUTTI, ROLFINI, ROSSATO, ROSSINI, ROSSITO,ROZZETO, RUBINI, RUFINI, RUSSO, SABIDO, SACHETTI, SALVATORE,SANCETTI, SANTI, SANTINI, SARTINI, SARTORI, SBAMPATO,SCARPARETO, SCARPELLI, SCHIASSI, SCHIAVI, SCHINGAGLIA,SCULTORI, SERGIONI, SERTIANI, SOAVI, SOGHIRI, SOLVA, SOTANA,SOTTANI, SPADINI, SPILTRA, SPINELLI, STANCIOLI, STEFANELLI,STERACHI, STREFEZZI, TALIN, TAROCO, TESTONI, TIMPONI,TIRAPELLI, TOFALINI, TOFOLINI, TONELLI, TORECCHI, TORGA,TORNAGHI, TORTI, TORTIERI, TORTOMANO, TORTORIELLI,TRANQUILO, TRAVAGLI, TREBBI, TRERÈ, TREVIGIANI, TUBERTINI,TURRA, TUTTI, UNGARELLI, VALINI, VASSALO, VERALDO, VERLICHI,

VERONEZZI, VERSALI, VIANINI, VICENTINI, VICO, VITALLI,VITORELLI, VITTA, VOLPI, VOLTA, ZAGA, ZAGOTTA, ZANDI,ZANETTI, ZANGIACOMO, ZANITTI, ZANNI, ZANOLA, ZANSAVIO,ZARAMELLA, ZERBNINI, ZERLOTINI, ZINI, ZIVIANI, ZUCHERI.

PEQUENA CRONOLOGIA DO NÚCLEO COLONIAL Como seqüência dos acontecimentos relacionados aos trabalhos da Comissão parainstalação do Núcleo Colonial de São João del Rei elaboramos a pequenacronologia a seguir: ♦ 10/02/88 – nomeação do Engenheiro Chefe da Comissão ♦ 08/03/88 – chegada de Dr. Armênio a São João del Rei ♦ 09/03/88 – assumem os cargos os demais membros da Comissão ♦ 10/03/88 – início dos trabalhos da Comissão ♦ 22/03/88 – são definidas as atribuições da Comissão ♦ 30/04/88 – encerrado o levantamento da área e comunicado à Inspetoria ♦ 10/09/88 – envio projeto das casas à Inspetoria e pedido para construí-las ♦ 05/11/88 – o Ministério da Agricultura decide pela construção de galpão ♦ ---/10/88 – início de chegada dos primeiros imigrantes para as fazendas ♦ 07/11/88 – primeira chegada de 150 imigrantes para as fazendas ♦ 15/11/88 – aluguel da Hospedaria dos Imigrantes pelo Dr. Severiano ♦ 17/11/88 – solicitação à Inspetoria da urgência na aprovação dos galpões ♦ 22/11/88 – chegada de mais 112 imigrantes, também para as fazendas ♦ 26/11/88 - Dr. Armênio propõe, ao invés do galpão, usar 2 casas construídas ♦ 28/11/88 – o Engenheiro Chefe recebe aviso que receberá 90 famílias ♦ 28/11/88 – chegam mais 63 imigrantes venetos/ferrarenses para fazendas ♦ ---/11/88 – 100 lotes encontram-se demarcados para serem distribuídos ♦ 03/12/88 – tomadas as últimas providências para recepção dos imigrantes ♦ 03/12/88 – chegam os primeiros 102 colonos constituindo 22 famílias ♦ 10/12/88 – prazo mínimo para o preparo das casas se houver autorização ♦ 18/12/88 – já instalados 371 colonos na Várzea e 186 em José Theodoro ♦ 20/12/88 – aviso à Inspetoria que só existem acomodações para 6 famílias ♦ ---/01/89 – Dr. Severiano deixa a Hospedaria; Dr. Armênio assume ♦ --/02/89 – alicerces de 74 casas e 80 mil adobes esperando madeira ♦ --/03/89 – encontram-se na Hospedaria 54 famílias sem destino ♦ --/03/89 – Dr. Armênio pede exoneração ♦ --/05/89 – fechada a Hospedaria dos Imigrantes