RANGA YOGESHWAR almanaque da curiosidade -...

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almanaque da curiosidade 108 RESPOSTAS CIENTÍFICAS SOBRE OS SEGREDOS DO NOSSO QUOTIDIANO RANGA YOGESHWAR Porque é que alguns ovos são castanhos e outros brancos?

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almanaque da curiosidade

108 RESPOSTAS CIENTÍFICAS SOBRE OS SEGREDOS DO NOSSO QUOTIDIANO

RANGA YOGESHWAR

Porque é que alguns ovos são castanhos e outros brancos?

ÍNDICE

PrefácioAgradecimentos

Porque é que as mulheres têm sempre os pés frios?Com sentido e razão: como funciona o nosso corpo

1 Porque é que os dedos ficam enrugados após um banho longo?

2 O que são grupos sanguíneos?3 Durante a fase da lua cheia nascem mais crianças?4 Porque é que vejo tudo desfocado debaixo de água?5 Os mosquitos gostam do cheiro a pés transpirados? 6 Como se forma a dor e a tensão muscular?7 Porque é que algumas vozes têm um som agudo

e outras um som grave?8 Porque é que perdemos a razão durante a época

de saldos?9 O que significa «tensão arterial a 120:80»?

10 Porque é que a algumas pessoas lhes cai mal o leite?11 O que é a «temperatura sentida»?12 Porque temos, por vezes, a sensação de formigueiro

nas mãos e nos pés?13 Porque é que se tem, por vezes, «pele de galinha»?14 O que acontece quando espirramos?15 O bocejo é contagioso?16 Porque é que as mulheres têm sempre os pés frios?

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17 Como é a nossa visão em termos de espaço?

Porque é que as estrelas brilham?Lonjuras infindas: o espaço, o vento e o clima

18 Porque é que o céu é azul?19 Onde vai o arco-íris buscar as suas cores?20 Como se formam as nuvens?21 Como surge o nevoeiro?22 Porque brilham as estrelas?23 O que é a Via Láctea?24 Porque se faz silêncio quando neva?25 Porque é que a Lua tem tantas crateras, mas a Terra não?26 Todos vemos a mesma Lua?27 Porque gira a nossa Terra?28 O que origina a maré baixa e a maré cheia?29 Cinquenta mil pessoas aos saltos podem provocar

um terramoto?30 O que é uma estrela-cadente?31 Quando começa a Primavera?32 Porque é que um eclipse do Sol é menos frequente

que um eclipse da Lua?33 Porque há com frequência tanta corrente de ar

na proximidade de prédios altos?34 É possível afundarmo-nos num pântano?35 Como é originada a antigravidade?

É possível um elevador cair?Aspectos técnicos para principiantes

36 Friccionar a moeda na máquina automática ajuda?37 É possível um elevador cair?38 Há diferença entre embater contra uma árvore ou

frontalmente contra um veículo em andamento?

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39 Porque é que existem linhas de alta tensão? 40 Num tiro para o ar, quão rápida é a bala na sua queda?41 O sonho do teletransporte pode tornar-se realidade?

Porque são as orelhas dos elefantes tão grandes?A vida secreta dos animais

42 O que está por detrás do voo dos pássaros em forma de «V»?

43 Porque são as traças atraídas pela luz?44 Porque são as orelhas dos elefantes tão grandes?45 Porque brilham os olhos dos gatos no escuro?46 Porque é tão difícil apanhar moscas?47 Porque são alguns ovos castanhos e outros

brancos?48 Porque é que, ao dormir, os pássaros não caem

dos ramos?49 Porque é que os patos não congelam e ficam presos

em cima do gelo?

Porque é que a tosta cai sempre para o lado que tem o doce?Observado por acaso: a caminho, no dia-a-dia

50 Porque é que o lenço de assoar é quadrado?51 Quem inventou o «dinheiro sujo»?52 O que fazer quando caem relâmpagos?53 Qual é a origem do cone com doçaria no primeiro dia

de aulas?54 Qual é origem do termo 08/15?55 Como funcionam os bronzeadores?56 Porque é que as cores da bandeira alemã

são o negro, o vermelho e o dourado?57 Qual é a origem da passadeira vermelha?58 O que significa DIN-A4?

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59 Porque é que, por vezes, temos os olhos vermelhos nas fotografias?

60 Entrevista de emprego ou porque é que os tampos dos esgotos são circulares?

61 Porque é que o ponteiro do relógio se move sempre para a direita?

62 Porque é que a tosta cai sempre para o lado que tem o doce?

A Literatura já foi uma disciplina olímpica?Mais alto, mais rápido, mais longe: desafios desportivos

63 Porque é que uma maratona tem exactamente 42,195 quilómetros?

64 Porque é que uma bola de golfe tem amolgadelas?65 Como teve início o doping?66 A Literatura já foi uma disciplina olímpica?67 O que significa Love:15?

Porque nos sentimos indispostos quando lemos em viagem?No campo, na água e no ar: o automóvel e o trânsito

68 O que é normal e o que é diesel?Porque nos sentimos indispostos quando lemos em viagem?

70 Qual a origem da denominação «blogue»?71 Quanto CO2 é produzido por um automóvel?72 O que acontece no aquaplanning?73 Como funciona um airbag?74 Como é que uma estrada é introduzida no sistema

de navegação?75 A asa de um avião de passageiros pode quebrar?76 Onde foi parar o tempo?

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Como é que as borbulhas chegam ao champanhe?Bom apetite: curiosidades da cozinha, da adega e da despensa

77 Como pode o muesli salvar vidas?78 Qual é a origem do croissant?79 Porque há uma espécie de «trovejar» no cappuccino?80 Qual é o segredo do gelado?81 Onde amadurecem as bananas?82 Como se conserva com açúcar e sal?83 Porque é o chocolate inflamável?84 Qual é a diferença entre leite UHT e pasteurizado?85 Como é calculado o prazo mínimo de validade?86 Como chegam as borbulhas ao champanhe?87 Água mineral ou água potável da torneira, qual é a

diferença?88 Porque é que o leite fica pulverizado no café?

Qual é o segredo das gotas de água dançantes?Lar, doce lar: o que deve saber sobre a sua vida doméstica

89 Porque é que a cave humedece no Verão?90 Tampo da sanita contra esponja de lavar loiça – onde

é que, na lide doméstica, a sujidade é maior?91 Porque é que a loiça de plástico não seca na máquina

de lavar loiça?92 Porque é que a sujidade sai melhor com sabonete?93 Qual é o segredo das gotas de água dançantes?94 Porque é que a cortina se curva sempre para dentro

durante o duche?95 Como se revolteia o remoinho dentro da banheira?96 O que fazer contra os piolhos?97 Porque é que as meias se embrulham na roupa da cama

durante a lavagem na máquina?98 Qual o tamanho mínimo que um espelho deve ter

para que nos possamos ver nele de corpo inteiro?

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Porque é que no totoloto nunca se deve apostar na sequência1, 2, 3, 4, 5, 6?Vamos, então, aos números!

99 Qual é a origem do zero?100 O que torna o número 13 tão especial?101 O que significa «digital»?102 Porque é que a compra a prestações se torna cara?103 Porque é que na navegação se calcula a distância

percorrida em milhas marítimas?104 Porque é que no totoloto nunca se deve apostar

na sequência 1, 2, 3, 4, 5, 6?105 Quão fiável é apostar na «ajuda do público»?106 Onde se situa o centro da Alemanha?107 Sabe fazer cálculos?108 Porque é que este livro tem 108 perguntas?

Referências e observações

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«I was like a boy playing on the sea-shore, and divertingmyself now and then finding a smoother pebble or

a prettier shell than ordinary; whilst the great oceanof truth lay all undiscovered before me.*»

Isaac Newton

O nosso mundo está cheio de milagres. As magnólias sabem, exacta-mente, quando fazer surgir os seus botões em flor na Primavera e asmoscas domésticas limpam as suas asas transparentes com os mem-bros traseiros. Os gatos sonham durante o dia com as patas estreme-cendo de vez em quando, mas ninguém sabe porquê. As minúsculasmonocélulas dividem-se afincadamente no seu mundo microbiológicoe flutuam como naves espaciais pelo oceano de uma gota de água.

No nosso dia-a-dia atribulado, esquecemo-nos com facilidade domundo maravilhoso em que vivemos, um mundo cheio de pequenase grandes curiosidades e segredos.

Por que razão as gotículas de orvalho numa relva de Outonocaminham sempre para a extremidade superior das hastes? Porque éque as aranhas não ficam coladas nas suas teias, tal como as moscas?Para onde quer que olhemos, escondem-se por toda a parte pergun-tas, mas muitas delas não prometem uma resposta prática, nenhumlucro para o quotidiano, nenhuma utilidade efectiva!

Porém, são justamente essas questões aparentemente sem utili-dade prática que desde sempre me fascinaram. Já em criança era capaz

* Mantemos na versão original as citações que o próprio autor optou por não traduzir para oalemão. (N. da T.)

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Prefácio

de permanecer horas a observar uma minhoca a comer, o que me faziaesquecer dos trabalhos de casa para a escola. Era um prazer indizívelolhar as nuvens a crescerem no céu e a mudarem de forma. Algumascontavam histórias, enquanto os seus rostos envelheciam até se diluí-rem no azul do céu. Ao enfiar a cabeça num prado no Verão revelava--se-me um universo de insectos minúsculos, os quais abriam caminhoatravés de uma cidade feita de ervas e raízes. Todos estavam em cons-tante movimento, mas como sabiam para onde deslocar-se?

Senti-me sempre confrontado com perguntas que pareciam inú-teis num mundo que dá mais importância ao conhecimento dos diâ-metros das roscas da canalização da água ou à divisão dos impostosem classes de contribuintes do que a fenómenos como as gotas deágua dançantes em cima de um disco quente do fogão.

Mais tarde compreendi que não existe uma divisão entre «per-guntas importantes» e «perguntas não importantes», porque a maisínfima questão merece a pena ser levada a sério. Contrariamente, asminhas enciclopédias e manuais escolares brilhavam com uma soberbasegurança, uma vez que nunca contavam sobre as muitas dúvidas etentativas falhadas, sobre as incertezas e enganos, sobre as hipótesese teorias falsas, nem sobre os inúmeros desvios históricos na buscapelo conhecimento. As fórmulas, as leis e os fenómenos eram-nostransmitidos nesses livros como verdades incontornáveis, como fac-tos absolutos e inquestionáveis. A máxima de Pitágoras equivalia auma profissão de fé e gerações de alunos subjugaram-se cheios derespeito a uma inquisição escolar que apenas distinguia entre «certo»ou «errado». Para cálculos matemáticos havia somente um caminho;caso se escolhesse outro, e mesmo que esse nos conduzisse mais rapi-damente ao resultado, ficávamos sob a ameaça da excomunhão. Nósnão aprendemos, «marramos», e mesmo após vinte anos de escolari-dade, a grande maioria continua incapaz de responder às questõesmais simples, como por exemplo: que tamanho deve ter um espelhopara que nos possamos ver nele de corpo inteiro? (Encontrarão a res-posta neste livro, mais à frente!)

O conhecimento nunca é um resultado definitivo, mas sim umbalanço que é feito durante um longo e surpreendente caminho peloquestionar.

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O progresso é o resultado de um contínuo «tecer» ou «magicar»e alimenta-se da curiosidade de pessoas que têm a coragem de enve-redar pelos seus próprios caminhos. É provável que muitos, no seutempo, tenham julgado Luigi Galvani como um louco. No século XVIII,estudou a origem exacta do estremecimento das coxas das rãs! Tinhaobservado que as rãs, já depois de mortas, reagiam ao toque do escal-pelo! Contudo, o fenómeno só se dava quando o cobre e o ferro doescalpelo estavam em contacto. Enquanto outros seus contemporâ-neos se dedicavam às coisas «importantes» da vida quotidiana, estebiólogo italiano fazia experiências com diferentes metais, arames,escalpelos e rãs, abrindo assim caminho no campo até então aindadesconhecido da electricidade. Hoje é considerado e celebrado comoum dos pioneiros do progresso.

O físico indiano Sir C. V. Raman viajou no Verão de 1921 debarco para a Europa. Provavelmente, tinha imenso tempo e deleitou--se com as cores intensas do oceano. Mas, ao contrário dos outrospassageiros, o azul profundo do mar Mediterrâneo deu-lhe que pen-sar. Quando regressou a Calcutá, sua terra natal, fez questão de estu-dar aquele fenómeno, abrindo assim mais uma porta para o conhe-cimento em relação ao comportamento das ondas luminosas. Em1930, recebeu o Prémio Nobel da Física pelo seu trabalho sobre adifusão molecular da luz1. A Difusão de Raman forma hoje o funda-mento de muitos processos de diagnóstico modernos.

Coxas de rãs que estremecem, a cor fora do vulgar do oceano…Para questões aparentemente «não importantes» existem, por vezes,respostas surpreendentemente «importantes», mesmo que não sejamexactamente aquelas que procurávamos, mas isso é sempre imprevi-sível. Quantas vezes não houve em que perguntas abstrusas, tentati-vas falhadas e dúvidas atiraram por terra verdades cimentadas e levarama progressos espectaculares; quantas vezes não houve em que as pes-soas à margem modificaram o nosso mundo! Elas questionaram comsinceridade e procuraram com a mesma sinceridade a verdade, nãose deixando ludibriar pelo óbvio na sua busca. Cada um dos seuscaminhos estava marcado pela insegurança e pela solidão, mas tam-bém pelo maravilhoso sentimento de se estarem a aproximar cadavez mais da natureza e de seus segredos.

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A curiosidade começa por uma pergunta e não conhece fim.A verdadeira beleza do nosso mundo dá-se a conhecer a quem estádisposto a caminhar pelo seu próprio pé para chegar à descoberta porsi próprio e surpreender-se. A recompensa destas investidas não é oPrémio Nobel, nem outros louvores, mas o conhecimento em si. Nemimporta ser o primeiro a solucionar e a compreender um fenómeno;decisivo é o sentimento de entrega e de realização pessoal. Cada umde nós descobre este mundo pela primeira vez! Há aquele primeirocéu estrelado, a primeira trovoada, o primeiro bailado das moscas dafruta e a primeira vez em que reparamos na nata a boiar no leitequente. E cada descoberta presenteia-nos com o mesmo sentimentode fascinação: o esplendor do arco-íris não se desvaneceu em milé-nios e a Lua continua a tornar a noite mágica, como se fosse semprea primeira vez. Se abrirmos os nossos olhos, depararemos a cadasegundo que passa com uma nova unicidade.

Este livro não ambiciona mais do que ser um pequeno guia pelonosso mundo excitante e surpreendente. Se, aqui ou acolá, o livrolhe abrir o apetite para ir à descoberta de uma determinada curiosi-dade, então faça um desvio e siga o seu próprio caminho!

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Agradecimentos

Para mim, este livro é um desafio muito especial. As perguntasisoladas devem ser curtas, mas compreensíveis. Porém, muitas áreastemáticas são tão ricas e variadas que, muitas vezes, fui tentado a irum pouco mais ao pormenor, no intuito de fazer jus à beleza doassunto ou do objecto. Tive de repensar onde se encontrava a prio-ridade, o que teria de ficar, conscientemente, o que seria de extrair,quais as metáforas e os modelos a utilizar para uma melhor explica-ção. Aprendi muito, porque no âmbito dos programas televisivos daQuarks&Co, no Show das Maravilhas da Natureza e, também, como formato curto de Conhecimento antes das 8 vi-me confrontado como mesmo problema. Posso considerar-me uma pessoa de sorte, umavez que pude contar quer com a ajuda de redactores e colegas aten-tos, como também de espectadores empenhados que me deram boassugestões e me fizeram críticas construtivas no que diz respeito à artede «densificar». Quero agradecer-lhes pela colaboração intensa e pelasmuitas propostas e ideias.

Por isso, o meu muito obrigado aos meus colegas da Rádio WDRe à equipa Quarks&Co, ao grupo dos media da WDR, à Rádio SWR,aos colaboradores da First Entertainment e aos da Colónia Media.Devo um obrigado muito especial à directora de Programas BirgitQuastenberg, que entende e enriquece as minhas reflexões como nin-guém, assim como a Marcus Anhäuser, que me apoiou na pesquisade alguns temas, e a Tilmann Leopold, um óptimo conselheiro com-petente e amigo.

Frank Schätzing ajudou-me na decisão da escolha desta exce-lente editora. Helge Malchow encorajou-me a avançar com este pro-

jecto com a sua maneira de ser aberta e generosa. Martin Breitfeldacompanhou-me da forma mais sensível possível na elaboração destelivro. As suas observações e o seu apoio no estruturamento geral foramuma ajuda preciosa. Muito obrigado!

Muitos autores sentem-se sós, mas eu tenho a sorte de ter umafamília grande e maravilhosa. Estou sempre a reaprender com os meusfilhos a olhar o mundo com olhos bem abertos e curiosos e a repa-rar em pormenores simples, mas importantes.

Para a escrita do livro pude contar com a ajuda constante daminha mulher, Uschi. As suas críticas foram claras e incisivas e, emmomentos de dúvida, o seu encorajamento indicava-me uma soluçãomotivadora e refrescante.

Ao meu gato agradeço os instantes de distracção, durante osquais se sentava entre o teclado e o ecrã e assim levava o meu olharpara outras coisas…

Hennef 2009

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