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50 http://www.linuxmagazine.com.br ANÁLISE Rastreamento de veículos com OpenGTS Encontre o caminhão Se você precisa rastrear uma frota de veículos ou seu animal de estimação, basta um rastreador GPS, um servidor web e o OpenGTS. por Markus Feilner e Martin Flynn A moderna tecnologia de GPS permite descobrir a localiza- ção exata de qualquer dispo- sitivo GPS. Se o aparelho estiver em movimento, é possível traçar sua rota em um mapa. Em menor escala, essa técnica de rastreamento geralmente serve para traçar o percurso de uma caminhada ou para seguir em segre- do os passos de um adolescente com um celular com GPS. Além disso, a possibilidade de ras- trear os movimentos de dispositivos GPS gera oportunidades para a indús- tria. Um segmento econômico com grande potencial para tirar proveito desse rastreamento é a indústria de transporte e entregas. Os responsá- veis pela expedição de caminhões de entrega, táxis e ambulâncias podem fazer uso desta tecnologia para visu- alizar os veículos em ação. O OpenGTS [1], sistema de ras- treamento GPS de código aberto, coleta dados de telemetria de dis- positivos remotos e fornece mapas e relatórios para analisar o movi- mento de sua frota. O OpenGTS já é muito popular nessa área, apesar de ter apenas dois anos. Essa alterna- tiva de código aberto de sistema de gerenciamento de frotas já ajudou empresas e outros usuários em mais de 70 países a gerenciar seus carros, caminhões, trailers, ônibus e navios, bem como a localizar pessoas e ani- mais de estimação. O OpenGTS tem configuração flexível e possui inúmeros recursos interessantes. Além da interface web customizável com CSS, o OpenGTS inclui um sistema de gerenciamento de usuários que permite ao adminis- trador configurar contas, veículos e grupos de veículos. O software conta também com listas de controle de acesso (ACLs), para um controle mais detalhado. Os usuários de GIS certamente gostarão dos recursos de geofencing, geozonas e geocódigo reverso – técnicas que o OpenGTS usa para mapear coordenadas em endereços. Os mapas são cortesia do OpenStreetMap [2], OpenLayers [3] ou GeoServer [4], mas é pos- sível intregrar APIs fornecidas por qualquer serviço geodésico, como o Google Maps. Qualquer dispositivo GPS popular que possua recursos de rastreamen-

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Rastreamento de veículos com OpenGTS

Encontre o caminhãoSe você precisa rastrear uma frota de veículos ou seu animal de estimação, basta um rastreador GPS, um servidor web e o OpenGTS.por Markus Feilner e Martin Flynn

A moderna tecnologia de GPS permite descobrir a localiza-ção exata de qualquer dispo-

sitivo GPS. Se o aparelho estiver em movimento, é possível traçar sua rota em um mapa. Em menor escala, essa técnica de rastreamento geralmente serve para traçar o percurso de uma caminhada ou para seguir em segre-do os passos de um adolescente com um celular com GPS.

Além disso, a possibilidade de ras-trear os movimentos de dispositivos GPS gera oportunidades para a indús-tria. Um segmento econômico com grande potencial para tirar proveito desse rastreamento é a indústria de transporte e entregas. Os responsá-veis pela expedição de caminhões de entrega, táxis e ambulâncias podem

fazer uso desta tecnologia para visu-alizar os veículos em ação.

O OpenGTS [1], sistema de ras-treamento GPS de código aberto, coleta dados de telemetria de dis-positivos remotos e fornece mapas e relatórios para analisar o movi-mento de sua frota. O OpenGTS já é muito popular nessa área, apesar de ter apenas dois anos. Essa alterna-tiva de código aberto de sistema de gerenciamento de frotas já ajudou empresas e outros usuários em mais de 70 países a gerenciar seus carros, caminhões, trailers, ônibus e navios, bem como a localizar pessoas e ani-mais de estimação.

O OpenGTS tem configuração flexível e possui inúmeros recursos interessantes. Além da interface web

customizável com CSS, o OpenGTS inclui um sistema de gerenciamento de usuários que permite ao adminis-trador configurar contas, veículos e grupos de veículos. O software conta também com listas de controle de acesso (ACLs), para um controle mais detalhado. Os usuários de GIS certamente gostarão dos recursos de geofencing, geozonas e geocódigo reverso – técnicas que o OpenGTS usa para mapear coordenadas em endereços. Os mapas são cortesia do OpenStreetMap [2], OpenLayers [3] ou GeoServer [4], mas é pos-sível intregrar APIs fornecidas por qualquer serviço geodésico, como o Google Maps.

Qualquer dispositivo GPS popular que possua recursos de rastreamen-

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to (isto é, a capacidade de armaze-nar posicionamentos, velocidade e tempo) pode fornecer dados para o OpenGTS. Em seguida, esses dados são transferidos via Internet ou rádio para um servidor doméstico, que faz o trabalho de avaliação e gera um relatório acessível.

O OpenGTS gratuito vem em um arquivo zipado e utiliza a licen-ça Apache 2.0. A versão comercial, que inclui suporte da californiana GeoTelematics [5], oferece recursos avançados de GIS, além de outros recursos de relatórios e mensagens. O arquivo zipado com a versão gratuita inclui o arquivo OpenGTS_config.pdf, um guia passo-a-passo para os novos usuários instalarem o software em qualquer distribuição GNU/Linux.

Track.warO OpenGTS é feito em Java, o que significa que algumas dependências devem estar satisfeitas. Por exemplo, é preciso ter versões atuais do JRE da Sun, do Apache Ant, do Tomcat e dos drivers JDBC para MySQL. O processo de instalação requer a compilação do código-fonte, a inicia-lização do banco de dados e a cópia de arquivos fornecidos juntamente com o programa.

O instalador normalmente insta-la o OpenGTS em /usr/local/ e, ao mesmo tempo, cria um servlet com o nome track.war. Neste ponto, os usuários já podem começar a fazer login para se familiarizar com os recursos. Mas também é possível conferir o demo online [6].

A página de login e o menu prin-cipal também são amplamente con-figuráveis. Por padrão, só é possível visualizar os campos Account, User e Password, mas os arquivos CSS edi-táveis estão no diretório war/track/, caso precisem ser acessados. Após o login, aparece o menu principal com vários links de texto, a partir dos quais é possível escolher os re-

cursos de mapeamento, relatórios e administração.

MigalhasCaso os dados de demonstração este-jam instalados, já é possível começar a se familiarizar com o OpenGTS. Qualquer navegador com suporte a JavaScript pode ser usado como cliente. A área Mapping já fornece uma ideia de como o OpenGTS exi-be as informações de mapeamento,

o que é conhecido por breadcrumb view (figura 1).

Além dos marcadores de posição, parecidos com pequenos alfinetes de mural, aparece a localização, a direção do deslocamento e a mar-cação de tempo do GPS. Os pinos vermelhos mostram objetos parados, os amarelos marcam trânsito lento e os verdes sinalizam veículos que trafegam a mais de 24 quilômetros por hora.

Figura 2 Onde estão os veículos de minha empresa neste momento? A demonstração do OpenGTS combina dois veículos para formar um grupo e incluí-los em uma conta.

Figura 1 O OpenGTS, gerenciador de frota de código aberto, mostra que o carro da empresa foi de Sacramento até São Francisco e voltou. A cor dos marcadores indica a velocidade.

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O item Vehicle Ground Map do menu principal mostra a últi-ma posição conhecida de todos os veículos marcados pelo usuário. A figura 2 mostra os dois veículos da conta All nas estradas da Califór-nia, costa oeste dos EUA. Um deles está ao sul da cidade de Stockton e o outro está em São Francisco. Os marcadores dos veículos também são configuráveis: o OpenGTS contém modelos com informações sobre a configuração básica.

RelatóriosO mecanismo interno de relatórios é simples, porém flexível. Relatórios predefinidos fornecem listagens de eventos com detalhes dos trajetos ou com resumos. Além do mais, é possível reunir os relatórios e avaliar os dados normais de GPS. A figura 3 mostra uma lista com a partida, pa-rada, tempo do trajeto e tempo de espera de um caminhão de entrega na sua rotina matinal.

A opção Administration na inter-face web contém ferramentas para gerenciamento de usuários, grupos e contas; também é possível criar e modificar dados e geozonas de um veículo. A figura 4 mostra um exem-plo de uma área circular na cidade do Rio de Janeiro. O geocódigo re-verso também pode ser usado para marcar um ou mais endereços de uma zona.

AdministraçãoOs parâmetros e opções de personali-zação do OpenGTS estão armazena-dos basicamente em quatro arquivos: common.conf contém a configu-

ração geral; private.xml configura a interface

gráfica; reports.xml configura a aparên-

cia dos relatórios; e dcservers.xml encarregado da

comunicação com os dispositi-vos GPS.

Em common.conf, simples pares chave-valor definem a configuração do sistema na execução. Além das configurações gerais, há também de-talhes dos logs (nível de log e locali-zação e rotação do arquivo de log), do banco de dados MySQL (máquina, porta e nome) e o servidor de email SMTP para envio de mensagens. Geralmente não há necessidade de mexer neste arquivo.

O arquivo private.xml contém a configuração da interface web. Além do layout, da aparência e da hora, é

Listagem 1: Manter os calendários visíveis

01 <Property key=”trackMap.calendar Collapsible”>false</Property>02 <Property key=”trackMap.showTimezone Selection”>false</Property>03 <Property key=”trackMap.showDistanceRuler”>false</Property>04 <Property key=”trackMap.showGoogleKML”>false</Property>

Figura 3 Um típico relatório do OpenGTS mostra a trajetória diária de um caminhão que se move rapidamente: uma hora e meia de trajeto, quinze minutos descarregando, mais trinta minutos de trajeto e assim por diante.

Figura 4 Geozonas e áreas geofenced possibilitam o registro de chegada e partida de um veículo em uma área delimitada: neste caso, no Rio de Janeiro.

O menu localizado no canto su-perior direito indica a hora do evento GPS mais recente. Um clique no botão Update recarrega a página que mostra os dados atualizados. O usuário pode escolher um interva-lo de tempo no calendário e então clicar em Replay para rever os deta-lhes de um trajeto selecionado. Há a possibilidade de fazer a atualização automática do sinal do GPS, mas esse recurso vem desabilitado por padrão no OpenGTS.

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possível configurar mapas e decidir quais relatórios serão visíveis. Por exemplo, para evitar a ocultação automática do calendário, basta usar o código da listagem 1 para se certificar de que os calendários From (de) e To (para) estejam sem-pre visíveis.

O arquivo reports.xml permite definir configurações padrão para relatórios individuais. A seleção, ordem e disposição das colunas são todas configuráveis, bem como o tipo de dados. Os usuários somen-te podem acessar os relatórios que sejam mencionados no arquivo private.xml.

Por fim, mas não menos impor-tante, o arquivo dcservers.xml con-figura os servidores encarregados da comunicação com os dispositivos de terminal, (Device Communication Servers, DCS). Esse arquivo é usado para definir o programa, a interface local, uma porta com a descrição correspondente e outras opções de configuração. Basicamente, os pro-gramas escutam as séries de dados que chegam dos rastreadores GPS e inserem esses dados no banco de dados.

Dispositivos GPS modernos supor-tam uma longa lista de tecnologias para transmitir dados de localiza-ção, incluindo SMS, TCP, UDP, GPRS, UMTS, WiFi, métodos de satélite (como Iridium, Orbcomm ou Globalstar) e até mesmo redes de rádio privadas. O OpenGTS supor-ta vários receptores GPS e conversa com qualquer dispositivo capaz de enviar dados de posicionamento a um IP específico. O OpenGTS pode ainda receber e processar dados de múltiplos dispositivos ao mesmo tempo. O “Template Server” (servidor de modelos) interno vem pré-configurado e deve ser suficiente na maioria dos casos.

As ferramentas de análise do OpenGTS avaliam detalhes tais como horas de chegada ou saída

antes dos dados seguirem para o ban-co de dados. É possível até mesmo gravar dados de telemetria tais como velocidade, temperatura e códigos de erro padrão a partir da unidade de controle.

Mapa para o futuroO OpenGTS é um projeto muito ativo e adiciona novas funções a cada semana, com versões atualizadas apa-

recendo frequentemente. Os desen-volvedores têm em vista melhorias para ampliar a funcionalidade do re-curso de geozonas, exibir geozonas e informações de rastreio em mapas e adicionar pontos de interesse (POIs, na sigla em inglês). Além disso, em breve haverá a opção de usar o Pos-tgreSQL como back-end de banco de dados, além do suporte a mais dispositivos GPS. n

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Mais informações

[1] OpenGTS: http://www.opengts.org

[2] OpenStreetMap: http://www.openstreetmap.org

[3] OpenLayers: http://www.openlayers.org

[4] GeoServer: http://www.geoserver.org

[5] GeoTelematics: http://www.geotelematic.com/gts.html

[6] Demo online do OpenGTS: http://track.opengts.org/track/Track

Quadro 1: Idiomas

No momento, o OpenGTS suporta os idiomas inglês, francês, alemão, italia-no, português, romeno, sérvio, espanhol e turco. Para alterar o idioma, basta alterar a entrada locale na tag Domain como mostrado a seguir (mudar para o português):

<Domain name=”default” host=”*”allowLogin=”true”accountLogin=”true”userLogin=”true”demo=”true”locale=”pt”>

Sobre o autorMartin Flynn é programador há mais de 27 anos e contribui para vários projetos de código aber-to. Durante sete anos, passou muito tempo desenvolvendo aplicativos de rastreamento GPS e gerenciamento de frotas.