(Rayssa Mercês) Dissertação Versão com ajustes - Copia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
RAYSSA KELLY MELO DAS MERCÊS
DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE EMPRESAS NO ÂMBITO NACIONAL E
INTERNACIONAL EM RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE DESASTRES NO MEIO
AMBIENTE
RECIFE
2017
RAYSSA KELLY MELO DAS MERCÊS
DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE EMPRESAS NO ÂMBITO NACIONAL E
INTERNACIONAL EM RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE DESASTRES NO MEIO
AMBIENTE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Contábeis da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Ciências
Contábeis.
Área de Concentração: Contabilidade Ambiental
Linha de Pesquisa: Informações Contábeis para
Usuários Externos
Orientador: Prof. Dr. Yony Sampaio
RECIFE
2017
Catalogação na Fonte Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773
M554d Mercês, Rayssa Kelly Melo das Divulgação das informações de empresas no âmbito nacional e
internacional em resposta à ocorrência de desastres no meio ambiente / Rayssa Kelly Melo das Mercês. - 2017. 99 folhas : il. 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Yony Sampaio. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade Federal
de Pernambuco, CCSA, 2017. Inclui referências e apêndices. 1. Auditoria ambiental. 2. Administração de empresas – Aspectos
ambientais. 3. Avaliação de riscos ambientais. I. Sampaio, Yony (Orientador). II. Título.
657 CDD (22.ed.) UFPE (CSA 2017 –138)
RAYSSA KELLY MELO DAS MERCÊS
DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE EMPRESAS NO ÂMBITO NACIONAL E
INTERNACIONAL EM RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE DESASTRES NO MEIO
AMBIENTE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis.
Aprovado em: 20/02/2017
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________ Profº. Dr. Yony de Sá Barreto Sampaio (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_____________________________________________________ Profª. Dra. Márcia Ferreira Neves Tavares (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
_____________________________________________________ Profª. Dra. Yumara Lúcia Vasconcelos (Examinadora Externa)
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Dedico este trabalho a você, meu pai,
Wagner Santana das Mercês (in
memoriam), pois eu estou certa que, de
onde estiveres, estás feliz e orgulhoso
por mais essa conquista em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter-me presenteado com essa oportunidade de
participar de mais este desafio na minha vida acadêmica.
À minha mãe, Márcia Melo das Mercês, que me apoiou em todos os momentos e foi
compreensiva em todas as minhas decisões.
Ao meu pai, Wagner Santana das Mercês (in memoriam), que partiu no meu segundo
ano de mestrado, mas que, no entanto, me deixou valores preciosíssimos que levarei por toda
a vida.
Aos meus irmãos, Matheus Mercês e Nicolly Mercês, e aos meus amigos, que
compreenderam minha ausência e me estimularam, me dando força e coragem para a
realização e conclusão deste trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Yony Sampaio, por suas orientações ao longo da pesquisa e
por sua paciência comigo, e a todos os meus professores do mestrado, Prof. Miranda, Profa.
Umbelina Lagioia, Prof. Marco Tullio, Prof. Cláudio Wanderley, Prof. Aldemar, Prof.
Ricardo Malagueno de Santana e Prof. Marcos Gois, que me presentearam com seus
grandiosos ensinamentos, os quais levarei para a vida toda.
À Turma do Mestrado 2015, representada pelos amigos que fiz e por aqueles que
carreguei comigo desde a graduação, pela parceria e pelo conhecimento que construímos ao
longo de calorosas discussões. Sou muito grata a Deus por cada um de vocês.
A todos que direta ou indiretamente, em grande ou pequena escala, contribuíram para
que eu estivesse aqui hoje. Minha vida não seria uma caminhada tão agradável sem a presença
de vocês.
RESUMO
O objetivo do estudo está em analisar a mudança nas divulgações de informações ambientais
nos relatórios integrados, nos relatórios de sustentabilidade e nos relatórios anuais por parte
das empresas de mineração brasileiras e das empresas situadas no exterior, após o acidente
ambiental ocorrido em Minas Gerais em 2015. Para tanto, foram realizadas análises de
conteúdo de 206 relatórios de 32 das 40 maiores empresas de mineração, em nível mundial,
bem como das 4 empresas brasileiras de mineração, que negociam suas ações na bolsa de
valores e das 3 empresas causadoras do acidente ambiental: Samarco, Vale e BHP. Os
achados revelaram uma mudança positiva no nível de divulgação ambiental das empresas
investigadas, principalmente em decorrência das informações relacionadas aos impactos
ambientais percebidos ou provocados pelas empresas. Os resultados apresentam também a
relevância do Relatório de Sustentabilidade no aumento dessas informações ambientais.
Conclui-se que os resultados encontrados na pesquisa confirmam os encontrados por Patten
(1992), Deegan, Rankin e Voght (2000) e Wink (2012), e reafirmam a utilização de
estratégias de legitimação, como o aumento na divulgação de informações ambientais, em
resposta a ameaças de legitimidade decorrentes de eventos catastróficos.
Palavras-chave: Acidentes Ambientais. Relatório Anual. Relatório de Sustentabilidade.
Relatório Integrado. Teoria da Legitimidade.
ABSTRACT
The objective of the study is to analise the change in the environmental disclosures in Annual
Reports, Sustainability Reports and Integrated Reports of the by Brazilian mining companies
and companies located abroad of Brazil, After the environmental accident occurred in Minas
Gerais in 2015. Therefore, analysis of the 206 reports of 32 of the 40 larger mining
companies, as well as of four Brazilian mining companies that deal in the stock market and
the three companies that caused the environmental accident (Samarco, Vale and BHP) were
performed. The findings revealed a positive change in the level of environmental disclosure of
the companies investigated, mainly due to information related to the environmental impacts
perceived or provoked by the companies. The results also show the relevance of the
Sustainability Report in the increase of this environmental information. It is concluded that
the results found in the research confirm the results found by Patten (1992), Deegan, Rankin
and Voght (2000) and Wink (2012), and reaffirm the use of legitimization strategies, such as
increased in the environmental disclosure, in response to threats of legitimacy stemming of
catastrophic events.
Keywords: Environmental accident. Annual Report. Sustainability Report. Integrated Report.
Theory of Legitimacy.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas envolvidas no acidente
ambiental .................................................................................................................................. 41
Tabela 2 – Número médio de sentenças na categoria “Impactos ambientais” para as empresas
envolvidas no acidente ambiental ............................................................................................. 47
Tabela 3 – Número médio de sentenças na categoria “Energia e água” para as empresas
envolvidas no acidente ambiental ............................................................................................. 48
Tabela 4 – Número médio de sentenças na categoria “Informações financeiras ambientais”
para as empresas envolvidas no acidente ambiental ................................................................. 49
Tabela 5 – Percentual de sentenças na categoria “Outras informações ambientais” para as
empresas envolvidas no acidente ambiental ............................................................................. 50
Tabela 6 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no
acidente ambiental .................................................................................................................... 52
Tabela 7 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no
acidente ambiental: Canadá e Austrália.................................................................................... 53
Tabela 8 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no
acidente ambiental: EUA e Reino Unido ................................................................................. 53
Tabela 9 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no
acidente ambiental: Índia, Japão e Rússia ................................................................................ 54
Tabela 10 – Total de sentenças, por país, das empresas não envolvidas no acidente ambiental:
México, Polônia, Arábia Saudita e China................................................................................. 55
Tabela 11 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no
acidente ambiental: Brasil ........................................................................................................ 56
Tabela 12 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Políticas ambientais” para
as empresas não envolvidas no acidente ambiental .................................................................. 57
Tabela 13 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Auditoria ambiental” para
as empresas não envolvidas no acidente ambiental .................................................................. 58
Tabela 14 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Sistema de gerenciamento
ambiental” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental ....................................... 59
Tabela 15 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Impactos ambientais”
para as empresas não envolvidas no acidente ambiental .......................................................... 60
Tabela 16 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Energia e água” para as
empresas não envolvidas no acidente ambiental ...................................................................... 65
Tabela 17 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Informações financeiras
ambientais” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental ...................................... 67
Tabela 18 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Outras informações
ambientais” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental ...................................... 70
Tabela 19 – Total de sentenças, por categoria e por tipo de relatório, das empresas não
envolvidas no acidente ambiental ............................................................................................. 72
Tabela 20 – Número médio de sentenças por empresa, no Relatório Anual, para as empresas
não envolvidas no acidente ambiental ...................................................................................... 74
Tabela 21 – Número médio de sentenças por empresa, no Relatório de Sustentabilidade, para
as empresas não envolvidas no acidente ambiental .................................................................. 76
Tabela 22 – Número médio de sentenças por empresa, no Relatório Integrado, para as
empresas não envolvidas no acidente ambiental ...................................................................... 78
Tabela 23 – Número médio de sentenças, por país, em 2013, para as empresas não envolvidas
no acidente ambiental ............................................................................................................... 80
Tabela 24 – Número médio de sentenças, por país, em 2014, para as empresas não envolvidas
no acidente ambiental ............................................................................................................... 81
Tabela 25 – Número médio de sentenças, por país, em 2015, para as empresas não envolvidas
no acidente ambiental ............................................................................................................... 83
Tabela 26 – Mudança na média de sentenças divulgadas, por país, de 2014 para 2015, para as
empresas não envolvidas no acidente ambiental ...................................................................... 84
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
1.1 Caracterização do Problema .................................................................................. 15
1.2 Objetivos ................................................................................................................ 17
1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 17
1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 17
1.3 Justificativa ............................................................................................................ 17
1.4 Delimitação do Estudo ........................................................................................... 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 20
2.1 Contabilidade e Meio Ambiente ............................................................................ 20
2.2 Divulgação Voluntária ........................................................................................... 22
2.2.1 Divulgação Ambiental ......................................................................................... 24
2.2.1.1 Relatório Anual ...................................................................................................... 26
2.2.1.2 Relatório de Sustentabilidade ................................................................................ 27
2.2.1.3 Relatos Integrados ................................................................................................. 28
2.3 Teoria dos Stakeholders ......................................................................................... 28
2.4 Teoria da Legitimidade .......................................................................................... 30
2.4.1 Pesquisas Envolvendo Teoria da Legitimidade e Acidentes Ambientais ....... 32
3 METODOLOGIA ................................................................................................ 34
3.1 Delimitação Documental ....................................................................................... 34
3.2 Delimitação do Acidente Ambiental ..................................................................... 35
3.3 Análise dos Relatórios ........................................................................................... 36
3.3.1 Análise de Conteúdo ............................................................................................ 36
3.3.1.1 Análise dos Relatórios de Sustentabilidade e Relatórios Integrados .................... 38
3.3.1.2 Análise dos Relatórios Anuais ............................................................................... 38
3.4 Amostra.................................................................................................................. 39
4 RESULTADOS .................................................................................................... 41
4.1 Disclosure de Empresas Envolvidas no Acidente Ambiental................................ 41
4.1.1 Políticas ambientais ............................................................................................. 42
4.1.1.1 Declarações reais e intenções da política ambiental ............................................ 43
4.1.1.2 Políticas de desenvolvimento sustentável .............................................................. 43
4.1.1.3 Políticas de redução dos riscos e/ou danos ambientais ........................................ 43
4.1.2 Auditoria ambiental ............................................................................................ 43
4.1.2.1 Avaliação incluindo parecer independente ........................................................... 43
4.1.2.2 Outras informações da auditoria ambiental.......................................................... 44
4.1.3 Sistema de gerenciamento ambiental ................................................................. 44
4.1.3.1 ISO 14.001 ............................................................................................................. 44
4.1.3.2 Outros sistemas de gestão ambiental .................................................................... 45
4.1.4 Impactos ambientais ............................................................................................ 45
4.1.4.1 Resíduos não minerais e resíduos minerais e/ou rejeitos ...................................... 45
4.1.4.2 Emissão de gases poluentes ................................................................................... 46
4.1.4.3 Conservação e/ou proteção ambiental .................................................................. 46
4.1.4.4 Acidentes e/ou incidentes ambientais .................................................................... 46
4.1.4.5 Recuperação e/ou restauração ambiental ............................................................. 47
4.1.5 Desenvolvimento sustentável .............................................................................. 47
4.1.6 Energia e água ...................................................................................................... 47
4.1.7 Informações financeiras ambientais .................................................................. 49
4.1.8 Conformidade com as regulamentações ambientais ........................................ 50
4.1.9 Outras informações ambientais .......................................................................... 50
4.1.9.1 Educação ambiental – dentro e fora da organização e Incentivo e apoio às
pesquisas ambientais ................................................................................................................ 51
4.1.9.2 Comitês ambientais ................................................................................................ 51
4.1.10 Principais constatações ............................................................................................ 51
4.2 Disclosure de Empresas não Envolvidas no Acidente Ambiental ......................... 52
4.2.1 Políticas ambientais ............................................................................................. 56
4.2.1.1 Declarações reais e intenções da política ambiental ............................................ 57
4.2.1.2 Políticas de desenvolvimento sustentável .............................................................. 57
4.2.1.3 Políticas de redução dos riscos e/ou danos ambientais ........................................ 57
4.2.2 Auditoria ambiental ............................................................................................ 58
4.2.2.1 Avaliação incluindo parecer independente ........................................................... 58
4.2.2.2 Outras informações da auditoria ambiental.......................................................... 58
4.2.3 Sistema de gerenciamento ambiental ................................................................. 59
4.2.3.1 ISO 14.001 ............................................................................................................. 59
4.2.3.2 Outros sistemas de gestão ambiental .................................................................... 59
4.2.4 Impactos ambientais ............................................................................................ 60
4.2.4.1 Resíduos não minerais e resíduos minerais e/ou rejeitos ...................................... 60
4.2.4.2 Poluição ................................................................................................................. 61
4.2.4.3 Emissão de gases poluentes ................................................................................... 61
4.2.4.4 Reciclagem ............................................................................................................. 62
4.2.4.5 Conservação e/ou proteção ambiental .................................................................. 62
4.2.4.6 Contaminação ambiental ....................................................................................... 63
4.2.4.7 Acidentes e/ou incidentes ambientais .................................................................... 63
4.2.4.8 Recuperação e/ou restauração ambiental ............................................................. 63
4.2.4.9 Outros impactos ambientais .................................................................................. 64
4.2.5 Desenvolvimento sustentável .............................................................................. 64
4.2.6 Energia e água ...................................................................................................... 64
4.2.6.1 Uso eficiente de energia no processo industrial ................................................... 65
4.2.6.2 Uso eficiente de água no processo industrial ........................................................ 66
4.2.6.3 Uso de energia sustentável, limpa e/ou renovável ................................................ 66
4.2.6.4 Economia de água através da reciclagem ou outros meios .................................. 66
4.2.6.5 Esforço para a redução do consumo de energia e água ....................................... 67
4.2.7 Informações financeiras ambientais .................................................................. 67
4.2.7.1 Despesas e investimentos ambientais .................................................................... 68
4.2.7.2 Passivos ambientais ............................................................................................... 68
4.2.7.3 Contingências e comprometimentos ambientais ................................................... 69
4.2.8 Conformidade com as regulamentações ambientais ........................................ 69
4.2.9 Outras informações ambientais .......................................................................... 69
4.2.9.1 Educação ambiental – dentro e fora da organização ........................................... 70
4.2.9.2 Incentivo e apoio às pesquisas ambientais ............................................................ 70
4.2.9.3 Comitês ambientais ................................................................................................ 71
4.2.10 Principais constatações ............................................................................................ 71
4.3 Divulgação Ambiental das Empresas por tipo de Relatório .................................. 71
4.3.1 Divulgação ambiental no Relatório Anual ........................................................ 74
4.3.2 Divulgação ambiental no Relatório de Sustentabilidade ................................. 76
4.3.3 Divulgação ambiental no Relatório Integrado .................................................. 77
4.3.4 Principais constatações ........................................................................................ 79
4.4 Diferenças na Divulgação Ambiental entre Países ................................................ 80
4.4.1 Principais constatações ........................................................................................ 85
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 86
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 90
APÊNDICE A – EMPRESAS COMPONENTES DA AMOSTRA DA PESQUISA ....... 99
14
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que não é recente a preocupação com as questões ambientais. Essas questões
têm assumido grande importância para a sociedade, de forma a transformar o modo como as
empresas operam e como elas são vistas pelas partes interessadas. A Contabilidade, nesse
cenário, tem assumido um papel de destaque, apoiando os processos de elaboração e
publicação de relatórios que evidenciem o desempenho ambiental, a fim de influenciar e
tranquilizar as partes interessadas externas demostrando o desempenho da organização diante
das questões ambientais. Esta forma de fazer contabilidade é chamada, por vezes, de
Contabilidade Ambiental (SILVA, 2003) ou Contabilidade Social e Ambiental (GRAY;
OWEN; MAUNDERS, 1988).
Para Gray, Owen e Maunders (1988), a Contabilidade Social e Ambiental trata do
processo de comunicação dos efeitos sociais e ambientais das empresas perante a sociedade,
constituindo uma prestação de contas que está além das informações fornecidas pela
Contabilidade Financeira. De acordo com a teoria da legitimidade de Post e Preston (2012), as
divulgações socioambientais podem ser vistas como uma maneira de responder às mudanças
de percepção dos usuários externos de uma organização. Esses usuários precisam ser
informados sobre os esforços de preservação ambiental praticados pela organização, sendo
esta divulgação positiva para a companhia (TINOCO, 1994).
A divulgação ambiental é definida por Berthelot, Cormier e Magnan (2003) como um
conjunto de informações que descreve o desempenho e a gestão ambiental da organização no
tempo passado, presente e futuro, bem como as implicações financeiras que envolvem
decisões e ações ambientais. Dentre as informações divulgadas pelas organizações,
encontram-se as obrigatórias, regidas por leis e regulamentos, e as voluntárias, as quais
tomam como base diretrizes e recomendações. No cenário brasileiro, ainda não existem
regulamentos ou leis que obriguem a divulgação de informações ambientais, o que a torna,
portanto, uma divulgação de cunho voluntário.
Por ser um tipo de divulgação voluntária, Dye (2001) afirma que a entidade poderia
querer divulgar apenas informações positivas, suprimindo as informações negativas, contudo,
sabendo do risco de seleção adversa, Brammer e Pavelin (2006) afirmam que muitas
organizações optam por evidenciar essas informações negativas no momento em que elas
acreditam serem penalizadas pelos usuários externos, caso não as divulguem.
15
Carvalho (2008) afirma que os setores mais empenhados em divulgar essas
informações ambientais voluntárias são os das áreas de petroquímica, papel e celulose,
química e extrativismo mineral uma vez que estes são os ramos que possuem uma maior
probabilidade de poluição e, também, pelo fato de as empresas que compõem esses ramos
estarem inseridas em mercados internacionais, de legislação ambiental mais rígida. O que se
vê hoje, contudo, é que muitas outras organizações, não inclusas nas áreas citadas por
Carvalho, divulgam suas informações ambientais visando, além de outros aspectos, a sua
legitimação perante a sociedade.
Esse desejo por legitimidade é explicado pela teoria da legitimidade, e é com base nela
que este trabalho examinou o volume de divulgação de informações ambientais nos relatórios
integrados, de sustentabilidade e anuais de mineradoras brasileiras e do exterior após um
acidente ambiental de grande repercussão.
1.1 Caracterização do Problema
De acordo com Dias Filho (2007), o recente discernimento de que as empresas
necessitam obter, conservar ou reaver a legitimidade no cenário em que operam, como forma
de garantir o cumprimento dos seus objetivos organizacionais, tem possibilitado a realização
de estudos que adotem a abordagem da teoria da legitimidade. Essa teoria é uma das bases
teóricas que explica o porquê de algumas companhias realizarem a divulgação de informações
ambientais voluntária (DEEGAN, RANKIN; TOBIN, 2002).
Em outras palavras, a teoria da legitimidade explica como as organizações se
legitimam perante a sociedade, sendo uma das ferramentas utilizadas como forma de
legitimação o disclosure voluntário. Segundo Fonseca e Machado-da-Silva (2002), as
organizações, de uma forma geral, buscam estabelecer suas atividades de acordo com padrões
consolidados e tidos, portanto, como referência entre as demais companhias. Assim sendo, a
maioria dessas organizações optam por divulgar tais informações por ser um modelo de
legitimação já estabelecido no meio institucional.
Conforme Dias Filho (2007), a teoria da legitimidade tem como base a ideia de que
existe um tipo de contrato social entre as companhias e a sociedade em que atuam, onde neste
contrato se resguardam as expectativas implícitas ou explícitas dos integrantes com referência
16
a forma como estas organizações devem operar. Desta forma, as empresas estão teoricamente
vinculadas ao contrato social, concordando, assim, em realizar várias ações socialmente
desejadas, com as quais receberá a aprovação da sociedade, alcançando objetivos e outras
recompensas, e preservará sua continuidade. A quebra deste contato social pode gerar
diferenças sensíveis entre os valores da empresa e da sociedade, de forma a ameaçar a
legitimidade e possivelmente a continuidade da organização, uma vez que afetará a sua
capacidade de angariar recursos para a sua sobrevivência (SUCHMAN, 1995; DIAS FILHO,
2007; DO NASCIMENTO et al., 2009). Consequentemente, segundo Suchman (1995), as
entidades tendem a se esforçar para que sejam percebidas como organizações socialmente
responsáveis.
Diversas vezes, a ameaça a essa legitimidade vem através dos meios de comunicação
(O’DONOVAN, 1997). De acordo com Ader (1995), o valor dado pelo público a um
determinado assunto e o decorrente nível de pressão exercido em cima das organizações é, por
vezes, estabelecido pelo destaque que este assunto tem em meio à comunicação social. E, ao
visualizar uma notícia de grande impacto, a empresa, por sua vez, vai em busca da sua
legitimação perante a sociedade, com a intenção de manter o contrato social firmado
anteriormente, conforme descrito no estudo de Deegan, Rankin e Voght (2000).
Deegan, Rankin e Voght (2000) identificaram em seu estudo que as empresas que
pertencem a setores com potencial poluente encontraram como uma forma de reagir a grandes
acidentes, altamente veiculados na mídia, com impactos fortemente negativos ao meio
ambiente, aumentar a sua ênfase em questões ambientais em seus relatórios, fato este que
mostra uma mudança de atitude dessas organizações, em busca da legitimação, diante de um
fato de desastre ambiental.
Diante disso, é importante verificar se as políticas de evidenciação de informações
ambientais estão sendo influenciadas pelo acontecimento de desastres negativos ao meio
ambiente. Este estudo, portanto, se propõe a responder à seguinte questão: Como se deu a
evolução no volume de informações ambientais divulgadas pelas mineradoras, no
âmbito nacional e internacional, após um evento de desastre ambiental de repercussão
mundial?
17
A pesquisa inspira-se nos estudos de Patten (1992) e Deegan, Rankin e Voght (2000),
com o diferencial de englobar na pesquisa tanto as empresas nacionais quanto as empresas
que não estão situadas dentro do limite territorial em que ocorreu o acidente ambiental.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo é analisar a mudança nas divulgações de informações
ambientais nos relatórios integrados, nos relatórios de sustentabilidade e nos relatórios anuais
por parte das empresas de mineração brasileiras e das empresas situadas no exterior, após o
acidente ambiental ocorrido em Minas Gerais no ano de 2015.
1.2.2 Objetivos Específicos
Avaliar os impactos da Teoria da Legitimidade nos níveis de divulgação das
companhias em circunstâncias de desastre ambiental;
Analisar os relatórios integrados, de sustentabilidade e anuais, dos anos de 2013, 2014
e 2015, das empresas de mineração brasileiras e do exterior e da Samarco e suas
controladoras;
Realizar um comparativo do nível de divulgação ambiental, antes e depois do acidente
ambiental, nos dois grupos de empresa;
Avaliar o impacto no nível de divulgação ambiental das mineradoras após a ocorrência
do acidente ambiental.
1.3 Justificativa
Diversas pesquisas, nacionais e internacionais, foram elaboradas com o intuito de
buscar uma explicação, dentro da teoria da legitimidade, que fundamentasse as divulgações
voluntárias de informações socioambientais (GUTHRIE; PARKER, 1989; PATTEN, 1992;
DEEGAN; GORDON, 1996; BROWN; DEEGAN, 1998; DEEGAN; RANKIN; VOGHT,
2000; DEEGAN; RANKIN; TOBIN, 2002). Além disso, muitas dessas pesquisas
evidenciaram a presença da contabilidade dentro desse contexto, uma vez que essas
18
divulgações são demonstradas em relatórios contábeis (PATTEN, 1992; DEEGAN;
RANKIN, 1996; SANCOVSCHI; SILVA, 2006).
Pesquisas nacionais também buscaram explicar e predizer quais fatores influenciavam
nas práticas de divulgação voluntária socioambientais (PEREIRA; BRUNI; DIAS FILHO,
2010; MACHADO, MR; MACHADO, MA; MURCIA, 2011; FERNANDES, 2013;
MOREIRA, 2013; BURGWAL; VIEIRA, 2014; OLIVEIRA et al., 2014). Os impactos de
desastres ambientais sobre a divulgação socioambiental também foram estudados em
pesquisas nacionais, como a de Wink (2012) e internacionais, como as de Patten (1992) e
Deegan; Rankin; Voght (2000).
Nota-se, nesse sentido, a importância de compreender as motivações que levam
determinadas organizações a se legitimarem, divulgando informações de caráter voluntário, as
quais poderiam ser ocultadas pela empresa, uma vez que não possuem necessidade legal para
tal. Na maioria das vezes, essas informações são divulgadas pela força que a sociedade exerce
sobre as empresas para que elas assumam um estilo de desenvolvimento pautado na
sustentabilidade e para que elas tenham o entendimento de que elas precisam reparar os danos
causados por elas mesmas ao meio ambiente e ao meio social. Essa pressão social é
fortemente percebida após grandes acidentes ambientais.
De acordo com as pesquisas citadas anteriormente, este cenário gera um aumento no
número de divulgação ambiental das organizações causadoras dos acidentes (WINK, 2012),
além de aumentar a divulgação também das organizações que trabalham em conjunto com as
causadoras (PATTEN, 1992). Além disso, companhias que ocupam o mesmo setor que as
empresas geradoras dos acidentes também aumentaram, com o passar dos anos, as suas
divulgações de caráter ambiental (DEEGAN; RANKIN; VOGHT, 2000). Nota-se, no entanto,
a escassez de estudos que pesquisem esse nível de divulgação ambiental, após acontecimentos
de desastre ambiental, destes dois grupos de empresas: empresas do mesmo setor, localizadas
no mesmo país da empresa causadora do acidente, e empresas que não estão situadas dentro
do limite territorial em que ocorreu o acidente ambiental, mas que estão interligadas, com a
empresa causadora, pela atuação no mesmo setor de atividade.
Esta pesquisa se justifica, portanto, pela escassez de estudos nesse sentido no âmbito
nacional e, sobretudo, na busca da compreensão das motivações que levam as organizações a
19
divulgarem um maior número de informações ambientais, em um contexto de desastre
ambiental.
A decisão pela utilização dos relatórios anuais, integrados e de sustentabilidade
referentes ao ano de ocorrência do acidente na análise deste estudo está pautado nas pesquisas
como a de Patten (1992), Deegan, Rankin e Voght (2000) e Wink (2012), uma vez que estes
estudos têm apontado que a Teoria da Legitimidade e a busca pela manutenção do contrato
social têm produzido impacto nos relatórios emitidos pelas empresas logo após a ocorrência
de um acidente ambiental.
1.4 Delimitação do Estudo
Dentre os diversos tipos de divulgação voluntária de informações, encontra-se a
divulgação de informações de natureza ambiental. Sua publicação não é obrigatória de acordo
com as normas contábeis definidas no Brasil, entretanto muitas organizações a divulgam com
o intuito de se legitimar perante os usuários dessa informação. Este trabalho, portanto, limita-
se ao estudo da teoria da legitimidade como fundamentação para responder às questões que
permeiem o fenômeno da divulgação voluntária de informações de cunho ambiental.
Foram estudadas companhias tanto brasileiras quanto do exterior, do setor de
mineração, que tenham divulgado seus relatórios contábeis nos exercícios findos em 31 de
dezembro de 2013, 2014 e 2015. O objeto de análise foram os Relatórios Integrados, de
Sustentabilidade e os Relatórios Anuais, dos anos de 2013, 2014 e 2015 das empresas citadas,
incluindo também a Samarco e suas controladoras.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contabilidade e Meio Ambiente
A preocupação com a proteção do meio ambiente se torna cada vez mais acentuada em
todo o mundo. Segundo Calixto, Barbosa e Lima (2007), desde meados da década de 1990,
motivados principalmente por mudanças na lei de crimes ambientais brasileira, autores da
área contábil desenvolveram estudos sobre a busca de conceitos e a participação das ciências
contábeis na temática ambiental.
Ribeiro (1992, 1998 e 2005) e Ferreira (1998 e 2003) foram as primeiras autoras a
trabalharem, em suas pesquisas acadêmicas, as variáveis ambientais no Brasil. Para Calixto,
Barbosa e Lima (2007), é bastante complexa a tarefa de inserir a temática ambiental nos
aspectos contábeis das atividades empresariais, uma vez que essa inserção gera uma conexão
com outras áreas do conhecimento e, dessa forma, é preciso ter uma visão multidisciplinar do
sistema empresa.
Esse ramo da Contabilidade que se conecta às questões ambientais é intitulado como
contabilidade ambiental, a qual, segundo Bergamini Junior (2000), se dedica a registrar as
transações da empresa que interferem no meio ambiente, assim como o impacto das mesmas
que afetam a posição econômica e financeira da organização.
No entendimento de Paiva (2003), a Contabilidade Ambiental identifica os dados e
registra os eventos de cunho ambiental, além de processar e gerar informações que auxiliem
os usuários na tomada de decisão. Para Ferreira (2003), a abordagem social da Contabilidade
a obriga a pesquisar formas de informar eventos realizados pelas organizações que podem
trazer implicações para o meio ambiente e, simultaneamente, se encarregar da mensuração
desses eventos. Wink (2012), por sua vez, ressalta a necessidade de evidenciação do impacto
das atividades operacionais da empresa sobre o meio ambiente.
Kreaemer (2001) afirma que é dever da Contabilidade incluir os dados relativos ao
impacto da organização sobre meio ambiente em seus relatórios, de forma a facilitar o acesso
a esse tipo de informação por parte dos usuários. Além disso, ele afirma que o contador deve
participar de forma ativa registrando e divulgando as medidas tomadas e os resultados obtidos
no processo de planejamento, avaliação e controle das questões ambientais. Diante disso,
Ribeiro (1992) revela que a melhor maneira de informar o comprometimento da organização
21
com as questões ambientais e os impactos de suas ações no meio ambiente é através do
Relatório da Administração ou do Relatório Anual.
A decisão, no entanto, de efetuar os registros dos fatos contábeis relacionados ao meio
ambiente não partiu da entidade, mas sim das atitudes e reações das partes interessadas acerca
da gestão ambiental das empresas, fato este que tem impulsionado as empresas a identificar,
mensurar, registrar e evidenciar essas relações (CORDEIRO; CHAVES, 2010). É essa
pressão externa, e às vezes até interna, que liga o desempenho financeiro das empresas ao seu
desempenho ambiental (HART; AHUJA, 1996). Várias pesquisas têm apresentado as reações
negativas dos investidores quando se deparam com uma má conduta ambiental das empresas.
Essas pesquisas incluem as reações de economias desenvolvidas, como Estados Unidos
(KARPOFF; LOTT JR; WEHRLY, 2005; KONAR; COHEN, 2001), Europa (CAPELLE-
BLANCARD; LAGUNA, 2010) e Japão (NAKAO et al., 2007; TAKEDA; TOMOZAWA,
2006), e de países em desenvolvimento, como a Índia, México (DASGUPTA; LAPLANTE;
MAMINGI, 2001; GUPTA; GOLDAR, 2005), Coreia (DASGUPTA et al., 2006) e China
(XU; ZENG; TAM, 2012; ZOU et al., 2015).
Existem fatores que podem aumentar a divulgação das informações ambientais. Um
desses fatores que impulsiona as organizações a liberarem mais essas informações, e que
também está intimamente atrelado ao fator citado anteriormente, são os acidentes ambientais.
Acidentes, segundo Zyglidopoulos (2001), podem ser definidos como eventos indesejáveis ou
infelizes que ocorrem na vida de uma corporação e causa danos a qualquer número ou tipo de
partes interessadas. Em um mundo caracterizado por uma comunicação instantânea e
fotográfica de calamidades (ZYGLIDOPOULOS, 2001), alguns acidentes recebem uma
extensa cobertura da mídia, tornando-os verdadeiros marcos na história de uma empresa.
O desastre ambiental ocorrido em Mariana/MG resultou em perda substancial de
vegetação e de várias espécies de animais, além de resultar também em perda da qualidade da
água dos rios e dos solos situados próximos ao local do ocorrido e na geração de algumas
mortes, de funcionários e cidadãos locais. Esse fato recebeu uma extensa cobertura da mídia,
o que pode ter introduzido novos riscos sociais e ambientais para a companhia envolvida e
suas controladoras e para empresas que compõem o mesmo setor que a companhia causadora
do acidente. Neste estudo, portanto, é dado continuidade às pesquisas anteriores, analisando
as reações de empresas não diretamente envolvidas através divulgação de informações
ambientais a um acidente sofrido por uma mineradora brasileira.
22
2.2 Divulgação Voluntária
Para Verrecchia (2001), dentro da teoria da divulgação, a qual estuda o fenômeno da
divulgação das informações financeiras (ROVER et al., 2012), existem três categorias de
pesquisas acerca da divulgação: a baseada em associação, a qual pesquisa as relações entre
divulgação e alteração nas ações dos investidores; a baseada em julgamento, a qual pesquisa
como os administradores e/ou empresas exercem a escolha entre divulgar ou não uma
informação da qual eles tem conhecimento; e, a baseada em eficiência, a qual pesquisa qual
conjunto de divulgação é preferido quando não se tem um conhecimento anterior de
determinada informação.
A divulgação voluntária, portanto, encontra-se dentro da divulgação baseada em
julgamento, pois, segundo Cunha e Ribeiro (2008), está nas mãos da companhia a opção de
divulgar ou não as informações que sejam de seu conhecimento, e que essa decisão não seria
exógena, mas explicada por determinadas características da própria companhia, como porte,
desempenho, prática de governança corporativa, entre outros.
De acordo com Dye (2001), a teoria da divulgação voluntária seria um caso especial
da teoria dos jogos, tomando como base que esta teoria é uma análise matemática de situações
que envolvam interesses em conflito de modo a indicar as melhores opções de atuação para
que seja atingido o objetivo desejado (CUNHA; RIBEIRO, 2008). Fundamentando-se na
teoria da divulgação voluntária, portanto, a entidade irá divulgar informações que sejam
favoráveis a ela, excluindo, assim, as informações desfavoráveis (DYE, 2001).
Essa pesquisa de divulgação baseada em julgamento toma como base o conceito de
seleção adversa, cuja condição é a existência da assimetria informacional (BRAMMER;
PAVELIN, 2006; CUNHA; RIBEIRO, 2008). Uma empresa que aposta em uma perspectiva
financeira positiva tem um maior incentivo para publicar essas expectativas e informações
adicionais de forma detalhada, uma vez que os custos da informação não suplantarão os
benefícios dela. Já a sua não divulgação, leva o mercado a pensar que a organização estaria
em uma situação ruim. Quando as perspectivas são ruins, no entanto, não haverá benefícios na
divulgação dessas informações e sua ausência induzirá o mercado a interpretar uma situação
de dificuldade da empresa (CUNHA; RIBEIRO, 2008).
23
Diante desse impasse, surge o questionamento sobre qual seria a quantidade adequada
de divulgação de informações. Sobretudo, deve haver um equilíbrio entre o custo e o
benefício de divulgar essas informações, ou seja, os custos nunca deverão exceder os
benefícios de divulgar determinada informação (DANTAS; ZENDERSKY; NIYAMA, 2004).
Tendo em vista que o mercado interpreta a ausência de divulgação de informações como
desfavorável, caso não existam custos para efetuar a divulgação, a empresa é impulsionada a
divulgar todas as informações que elas detêm, praticando, desta forma, o chamado full
disclosure.
Pesquisas sobre divulgação voluntária foram amplamente elaboradas, desde a década
de 1970. Um doas estudos seminais sobre este assunto foi o de Singhvi e Desai (1971). Os
autores desenvolveram uma análise nos relatórios das empresas norte-americanas, de 1965 a
1966, com o intuito de verificar o impacto que as características da empresa faziam sobre o
nível de divulgação. Utilizando-se como variável dependente um índice de divulgação de
informações financeiras e não-financeiras do passado, presente e futuro da companhia e como
variáveis independentes o total dos ativos, o número de acionistas, a posição na listagem, a
empresa de auditoria contratada, a margem de lucro e a taxa de retorno, eles encontraram
como resultado da regressão apenas duas variáveis estatisticamente significantes: a listagem e
a margem líquida.
Chow e Wong-Boren (1987), por sua vez, estudaram como a dimensão das
divulgações voluntárias são afetadas pelo porte da empresa, pelo grau de endividamento e
pela proporção de ativos fixos. O resultado da regressão revelou que a dimensão da
divulgação se relaciona positivamente com o porte da empresa, porém não se relaciona da
mesma forma com o endividamento e os ativos fixos da companhia.
Lang e Lundholm (1992), em sua pesquisa, examinaram os determinantes do nível de
divulgação voluntária de empresas norte-americanas. Hipóteses relacionadas à teoria da
divulgação confirmaram que as empresas que possuem um melhor desempenho e que sejam
atuantes no mercado de emissão de títulos têm maiores níveis de divulgação voluntária do que
as outras empresas.
Raffournier (1995) analisou também, em companhias suíças, a dimensão da
divulgação voluntária em relação às mesmas variáveis utilizadas por Chow e Wong-Boren
(1987), acrescentando ainda outras cinco variáveis: lucratividade, estrutura de propriedade,
24
porte da auditoria, grau de internacionalização e setor da empresa. Como resultado, a
diferença entre o nível de transparência das organizações foi explicada pelas variáveis
tamanho da empresa e grau de internacionalização.
Tanto o estudo de Chow e Wong-Boren (1987) quanto o de Lang e Lundholm (1992) e
o de Raffournier (1995) convergem para o mesmo pensamento, isto é, os três estudos
chegaram à conclusão de que empresas que se destacam mais, sejam pelo seu porte ou pelo
seu desempenho financeiro, tendem a divulgar um maior número de informações voluntárias.
No cenário brasileiro, Yamamoto (2005) estudou empresas do mercado de capitais
brasileiro, sendo 88 em 2003 e 90 em 2004, e comprovou que o estímulo das empresas para a
divulgação de informações voluntárias no mercado de capitais é decorrente da qualidade da
divulgação, sendo uma das proxies utilizadas para definir essa qualidade o balanço social. Já
Cunha e Ribeiro (2008) investigaram os incentivos das companhias negociadas no mercado
de capitais brasileiro para divulgar voluntariamente informações de natureza social. Foram
investigadas 183 empresas em 2003, 178 em 2004, 180 empresas em 2005 e 174 em 2006. As
autoras chegaram à conclusão de que a divulgação voluntária de natureza social está associada
positivamente ao nível de governança corporativa, ao desempenho, ao tamanho e à divulgação
em período anterior.
2.2.1 Divulgação Ambiental
Gray e Bebbington (2001, apud Rover et al., 2009) afirmam que a divulgação de
informação ambiental se tornou um tema de grande importância ao longo da década de 1990,
configurando-se como uma das maiores provas da interação das empresas com o meio
ambiente. Esse fenômeno foi tão evidente que permaneceu, em geral, como uma atividade
voluntária das organizações.
Como dito, a divulgação de informações ambientais pode ser feita de forma voluntária,
cuja iniciativa da divulgação parte dos administradores e/ou da empresa, e de forma
obrigatória, quando decorre de uma exigência legal. Quando essa divulgação é feita
voluntariamente, as informações divulgadas podem estar sendo elaboradas de acordo com a
vontade da organização, sem orientações pré-definidas ou com base em diretrizes já definidas
por órgãos institucionais, como o Business Charter for Sustainable Development (ICC), o
Global Reporting Initiative (GRI), entre outros (NOSSA, 2002).
25
Além da voluntária e obrigatória, Skillius e Wennberg (1998) trazem ainda outra
classificação para as divulgações de caráter ambiental, que é o disclosure involuntário, tratado
por eles como a evidenciação de informações sobre as atividades ambientais da companhia
sem a sua permissão e/ou contra a vontade da organização. Nossa (2002) traz como alguns
exemplos dessa modalidade as campanhas ambientais, a exposição pela mídia e as
investigações judiciais.
No Brasil, esse tipo de divulgação é tido como voluntária, por não haver leis ou
regulamentos que exijam a sua apresentação. No entanto, existem recomendações para a
divulgação ambiental, como o Parecer de Orientação n. 15/87 da Comissão de Valores
Mobiliários, a Norma e Procedimento de Auditoria n. 11 do Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil e a Resolução n. 1.003/04 do Conselho Federal de Contabilidade que
aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica n. 15.
Para Berthelot, Cormier e Magnan (2003), o disclosure ambiental é um conjunto de
informações que descreve o passado, presente e futuro do desempenho e da gestão ambiental
de uma organização, bem como os resultados financeiros das ações e decisões de caráter
ambiental.
Um fator que leva muitas empresas a evidenciarem suas informações ambientais
voluntariamente é a pressão que elas sofrem das partes interessadas. Esse fenômeno é ainda
mais visto quando as empresas atuam em alguma atividade potencialmente poluidora
(NOSSA, 2002). Outra influência para a divulgação voluntária de informações ambientais,
citada por Nossa (2002), vem dos concorrentes das companhias. Quando uma organização
verifica que a sua concorrente está emitindo as informações ambientais em seus relatórios,
geralmente a empresa decide evidenciar suas informações, com o intuito de não deixar que
isso se torne uma desvantagem competitiva aos olhos dos investidores.
Gray e Bebbington (2001, apud Rover et al., 2009) também citam alguns fatores que
levariam as empresas a evidenciarem, de forma voluntária, suas informações de caráter
ambiental, ou não. Algumas razões que levam as empresas a evidenciarem são: desenvolver
imagem corporativa; legitimação de suas atividades; direito dos stakeholders à informação;
vantagens competitivas; impacto positivo nos preços das ações. Nota-se que as razões
financeiras se misturam com as razões que buscam a legitimação da empresa diante da
sociedade. As questões que não levariam as empresas a evidenciarem informações de caráter
26
ambiental são listadas por Gray e Bebbington (2001, apud Rover et al., 2009) como
indisponibilidade de dados, evitar divulgar informações confidenciais à concorrência, custo de
levantamento e divulgação, outras prioridades na divulgação de informações e ausência de
requerimentos legais, entre outras.
Salomone e Galluccio (2001), em seu estudo, apresentaram indícios de que há
diferenças na divulgação ambiental de empresas pelo fato de estarem localizadas em países
diferentes. Outros estudos, que examinaram a divulgação social e ambiental nos relatórios
anuais, indicam um aumento nessa divulgação ao longo do tempo, tanto em número de
empresas que fazem essas divulgações quanto na quantidade de informação que está sendo
relatada (HARTE; OWEN, 1991; GRAY; KOUHY; LAVERS, 1995a; DEEGAN; GORDON,
1996). Os relatórios, por sua vez, têm sido geralmente de natureza qualitativa e favorável à
empresa, chegando até mesmo ao ponto de aumentar as divulgações positivas em meio a um
período de eventos negativos (DEEGAN; RANKIN, 1996; DEEGAN; RANKIN; VOGHT,
2000).
Além de evidenciadas nos relatórios anuais, a literatura tem mostrado que tais
divulgações são elencadas também em relatórios específicos como o Balanço Social, os
Relatórios de Sustentabilidade, os Relatos Integrados e outros relatórios produzidos pela
contabilidade, como afirmam Dowling e Pfeffer (1975). Neste estudo, foram consideradas as
divulgações ambientais expressas nos Relatórios Anuais, nos Relatórios de Sustentabilidade e
nos Relatos Integrados.
2.2.1.1 Relatório Anual
O Relatório Anual (RA) é uma das principais fontes de informações anuais da
companhia para seus acionistas e demais públicos estratégicos. Algumas pesquisas anteriores
relacionaram o relatório anual com a divulgação social e ambiental. O estudo de Ogden e
Clarke (2005), por exemplo, analisou o Relatório Anual com o intuito de verificar se as
organizações o utilizavam para legitimar suas atividades perante os seus stakeholders. Já
Wilmshurst e Frost (2000) buscaram entender quais as influências sofridas pelos gestores no
momento de divulgação de informações ambientais nos relatórios anuais, de forma que
concluíram que essas divulgações alcançam um maior nível quando os gestores percebem que
os stakeholders dão muita importância a tais informações.
27
Sancovschi e Silva (2006), por sua vez, analisaram os relatórios anuais da Petróleo
Brasileiro S.A., no período de dez anos, e constataram que os gestores da companhia, diante
da ameaça de perda da legitimidade em decorrência de questões relacionadas a acidentes
ambientais, adotaram determinados padrões em suas evidenciações sociais com o intuito de
resgatar a sua legitimidade. Ademais, os estudos de Patten (1992), Deegan e Rankin (1996) e
Deggan (2001) mostram que as empresas se utilizam desses relatórios com a intenção de
influenciar a percepção que os stakeholders possuem das suas operações.
2.2.1.2 Relatório de Sustentabilidade
O Relatório de Sustentabilidade (RS) surgiu com o intuito de auxiliar na padronização
das informações apresentadas pelas diversas entidades a fim de que essas informações
pudessem ser verificadas e comparadas. Esse relatório, apresentado pelo GRI, se propõe a
evidenciar os impactos econômicos, ambientais e sociais da organização. Sua elaboração é
uma prática que mede, divulga e presta conta aos stakeholders expressando o desempenho da
organização baseada no desenvolvimento sustentável (GRI, 2006).
Como forma de garantir a transparência das informações prestadas, foram criadas
orientações e estabelecidos princípios a fim de determinar o conteúdo, garantir a qualidade e
estabelecer os limites do relatório (FERREIRA et al, 2008). As orientações elencam as
diretrizes para definir o conteúdo e limite do relatório e os princípios apontam os objetivos
que precisam ser atingidos, direcionando a escolha do conteúdo e a busca da qualidade deste
relatório.
A elaboração do Relatório de Sustentabilidade implica, como foi dito, na busca por
suprir a necessidade de informações advindas dos stakeholders e da sociedade em geral.
Portanto, este relatório aparece como uma ferramenta de manutenção da legitimidade, uma
vez que o mesmo pode atuar como um transformador da realidade social (PHILLIPS;
LAWRENCE; HARD, 2004). Sendo assim, quanto mais a empresa estiver com sua
legitimidade ameaçada, mais ela tenderá a divulgar esse tipo de relatório.
Segundo Wink (2012), esse relatório pode ser visto como um agente provocador de
mudança no que diz respeito ao modo de divulgação das informações ligadas ao meio
ambiente. Hess (2008) vai ainda mais longe quando ressalta que tal relatório provoca uma
mudança cultural em direção ao desenvolvimento sustentável, podendo ter sido motivado por
stakeholders e/ou sociedade em geral que exijam mudanças das organizações.
28
Para a pesquisa, foram considerados os indicadores ambientais, os gastos com o meio
ambiente e a conformidade ambiental constantes neste relatório.
2.2.1.3 Relatos Integrados
A maioria das empresas que relatam suas atividades ligadas à sustentabilidade,
normalmente, o fazem em relatórios autônomos, como o relatório de sustentabilidade, ou seja,
relatórios desvinculados aos relatórios financeiros publicados pela mesma empresa. Porém,
com o advento do Relatório Integrado (IR), as empresas começaram a combinar suas
informações financeiras e socioambientais em um único relatório.
O IR procura combinar a notificação de medidas de desempenho financeiras e não-
financeiras de uma forma que promova a estratégia corporativa (ERNST & YOUNG, 2012).
Um relatório integrado é "uma comunicação concisa sobre como a estratégia, a governança, o
desempenho e as perspectivas de uma organização levam à criação de valor a curto, médio e
longo prazo" (IIRC, 2013). Relatórios Integrados estão voltados para oferecer benefícios a
uma gama de partes interessadas e, em particular, aos investidores (IIRC, 2013).
Segundo James (2014), a empresa pode obter muitas vantagens ao integrar nela
projetos de sustentabilidade, vinculando-os às estratégias organizacionais, ao envolver os
profissionais de contabilidade assim como os principais tomadores de decisão da organização
em cada etapa, e ao elaborar os relatórios com base em sistemas integrados de informação. Os
Relatórios Integrados ajudam, portanto, os investidores e outras partes interessadas a
compreenderem a correlação entre o desempenho financeiro de uma empresa e o seu impacto
social e ambiental.
Na presente pesquisa, tais relatórios também foram considerados como objeto de
estudo, onde foram extraídos dele as informações de cunho ambiental.
2.3 Teoria dos Stakeholders
De acordo com Freeman (2010), o termo stakeholder representa qualquer grupo ou
indivíduo que pode vir a afetar ou que é afetado pelo alcance dos propósitos de uma entidade.
Conforme Buchhoolz et al. (1998), ao receber o status de instituições sociais, as organizações
podem afetar a sociedade, isto é, seus stakeholders, de diversas formas, sejam elas positivas
29
(geração de emprego e desenvolvimento econômico) ou negativas (poluição e emissões).
Alam (2006) acrescenta que, além de ter como objetivo a maximização do lucro, a empresa
precisa ser responsável por seu impacto no meio social, respeitando as expectativas da
sociedade, de forma a garantir o sucesso das suas atividades empresariais.
Em outras palavras, a teoria dos stakeholder é aquela que trata da relação positiva
entre Responsabilidade Social Corporativa e performance financeira. A sua doutrina baseia-se
na ideia de que o resultado final da atividade de uma organização empresarial deve levar em
consideração os retornos que otimizam os resultados de todos os stakeholders envolvidos, e
não apenas os resultados dos acionistas (FREEMAN, 2010; REZENDE et al., 2009).
Por conseguinte, uma organização tende a ganhar legitimidade quando suas atividades
são guiadas pelas expectativas sociais. Deegan (2002), afirma que a legitimidade está
penetrada nas noções teóricas de contrato social entre a organização e a sociedade, as quais
alegam que a existência da organização pode ser explicada pelos limites implícitos da
expectativa social. Segundo Alam (2006), empresas que possuam um baixo desempenho dos
stakeholders, pode ter dificuldade para adquirir o apoio e os recursos necessários para o seu
funcionamento. Ainda sobre esse aspecto, para Chiavenato (1999), “entre uma empresa que
assume uma postura de integração social e contribuição para a sociedade e outra voltada para
si própria e ignorando o resto, a tendência do consumidor é ficar com a primeira”.
Conforme Alam (2006), a Contabilidade, dentro da perspectiva dos stakeholders,
reporta-se a promoção de informações financeiras, sociais e ambientais, não apenas aos
acionistas, mas a uma ampla gama de partes interessadas que compõem a sociedade. Segundo
Gray et al. (1997), essa abordagem pode ser usada para ampliar o escopo de prestação de
contas. Eugenio (2010) acrescenta que outras teorias podem explicar a motivação dos gestores
para a divulgação social e ambiental, tais como a teoria da legitimidade e a teoria da política
econômica.
A avaliação de desempenho financeiro em relatórios é bastante comum, porém,
segundo Alam (2006), existem outros aspectos também importantes que devem ser incluídos
no processo de divulgação, como os desempenhos socioambientais da organização. De acordo
com Jacobi (2003), já se observa um grau de amadurecimento das práticas e a consolidação de
um perfil de atuação de instituições numa perspectiva proativa e propositiva, dentro de
moldes de sustentabilidade. As empresas estão agora produzindo vários tipos de relatórios que
30
tragam esse nível de informação: relatórios de sustentabilidade, relatório integrado, entre
outros.
Deegan (2002) defende que quando uma organização busca a satisfação de seus
stakeholders, elas agem na direção de se obter a legitimidade perante seu público alvo.
Partindo da Teoria do Stakeholder centrada nas empresas, ao somar os conflitos e tensões
chega-se à Teoria da Legitimidade na qual a organização só existe se a sociedade a qual está
inserida enxerga na organização a manutenção de um sistema de valores compatível com o
socialmente aceitável (DEEGAN, 2002; WINK, 2012).
2.4 Teoria da Legitimidade
A legitimidade é definida como a perspectiva de que as ações de uma organização são
desejáveis, corretas e apropriadas dentro do sistema de normas, valores e crenças do ambiente
(SUCHMAN, 1995; DAFT, 1999). Portanto, segundo Suchman (1995), a legitimidade reflete
a coerência entre o comportamento da respectiva organização com as crenças compartilhadas
de um grupo social. Em geral, as organizações procuram estabelecer suas atividades de acordo
com padrões considerados como referência e consolidados entre as demais organizações
(FONSECA; MACHADO-DA-SILVA, 2002).
O conceito de legitimidade foi também abordado por Lindblom (1994), que relata que
é uma condição ou “status” que existe quando os valores de uma entidade são congruentes
com os valores de um grande meio social no qual a entidade está inserida. Quando uma
disparidade, atual ou potencial, existe entre esses os valores destas duas partes, existe uma
ameaça a legitimidade da organização. Niyama et al (2014) complementam que na
perspectiva da legitimidade, a sociedade aceita e aprova os posicionamentos tomados pela
organização. É importante para a legitimidade que a empresa seja vista como ente social e
ambientalmente responsável.
Deegan (2002), aprofundando o assunto, relatou que as perspectivas fornecidas por
essa teoria indicam que as organizações não são consideradas como detentoras de qualquer
direito, inerente aos recursos, ou mesmo de existir. As organizações existem na medida em
que a sociedade considera que as organizações são legitimas, e, se este for o caso, a sociedade
confere sobre a organização o estado de legitimidade.
31
A partir disso, Dias Filho (2007) acrescenta que existe uma espécie de contrato social
que orienta as relações entre as organizações e a sociedade; neste contrato, se resguardam as
expectativas implícitas ou explicitas dos agentes a respeito da forma como as organizações
devem atuar. Ou seja, as empresas estão vinculadas ao contrato social, sendo esta uma peça
em que elas concordam em realizar várias ações socialmente desejadas, com as quais receberá
a aprovação da sociedade, alcançando seus objetivos e outras recompensas e preservará a sua
continuidade. E a quebra deste contrato social, como qualquer outra espécie de contrato, pode
ocasionar diferenças sensíveis entre os valores da empresa e sociedade, ameaçando a
legitimidade e possivelmente a continuidade da empresa. (GUTHRIE; PARKER, 1989;
NASCIMENTO ET AL, 2009).
Segundo Beuren e Söthe (2009), as organizações evidenciam o cumprimento do
contrato social na medida em que legitimam seus atos demonstrando à sociedade sua
importância, e as evidenciações contábeis são uma das formas que as organizações possuem
de demonstrar que cumprem o contrato social. Dowling e Pfeffer (1975) também veem os
relatórios contábeis como caminho para implementar medidas de legitimação. Diversos outros
estudos discutem estratégias de legitimação específicas (PERROW, 1970; LINDBLOM,
1994; SAVAGE; CATALDO; ROWLANDS, 2000). Cho e Patten (2007), especificamente
observando a natureza voluntária da atividade, referem-se à divulgação como um instrumento
de legitimação na medida em que não é utilizado para fornecer a prestação de contas
transparente sobre o desempenho social e ambiental, mas sim para melhorar a imagem da
empresa.
De acordo com Sancovschi e Silva (2006), quando ocorrer uma ameaça presente ou
potencial à legitimidade da empresa decorrente de algum evento negativo, os administradores
podem tentar mudar a visão dos que estão do lado de fora, com o objetivo de aumentar a
congruência entre as atividades da organização e a expectativa da sociedade. Os autores ainda
ressaltam que os eventos negativos que podem impactar a legitimidade de uma organização
podem ocorrer devido a consideráveis acidentes ambientais e de trabalho, controvérsias em
relação à atividade desenvolvida pela empresa, assim como por crises corporativas em geral
(SANCOVSCHI; SILVA, 2006).
Sobre a teoria da legitimidade, Eugenio (2010) ressalta que é a teoria que oferece a
melhor compreensão sobre o como e o porquê de os gestores utilizarem o relato para os
32
usuários externos, com a intenção de beneficiar a organização no que diz respeito aos
elementos de natureza ambiental e social.
Conforme Deegan (2002), a legitimação pode advir independentemente de pressões
externas à organização. Desta forma, as organizações não buscariam por meios de obter a
legitimação somente após eventos ou acidentes que comprometam, direta ou indiretamente, a
imagem delas perante a sociedade, pois, nesse caso, a legitimação é vista como uma estratégia
de fortalecimento da imagem da empresa, a qual está comprometida com o bem-estar social.
Todavia, pesquisas empíricas como as de Patten (1992), Deegan e Rankin (1996), Sancovschi
e Silva (2006) e Wink (2012) provam o contrário, ou seja, quando a legitimidade é ameaçada
por questões internas ou externas, as organizações buscam medidas para recuperar a
legitimidade das suas atividades.
2.4.1 Pesquisas Envolvendo Teoria da Legitimidade e Acidentes Ambientais
Vários estudos dentro da Contabilidade Ambiental revelam uma mudança na
divulgação de relatórios em resposta a ameaças de legitimidade decorrentes de eventos
catastróficos. Têm sido investigadas tanto questões de exposição direta ao acidente quanto
questões de exposição indireta. Patten (1992) e Darrell e Schwartz (1997) examinaram os
efeitos do derramamento de óleo da Exxon Valdez na divulgação ambiental constante nos
relatórios anuais de empresas americanas do setor atingido, mas que não estavam diretamente
envolvidas no desastre, e descobriram que os níveis de divulgação ambiental aumentaram
significativamente no ano após o acidente. As empresas aumentaram os níveis de divulgação
como forma de legitimar as suas ações, a fim de manter o contrato social, confirmando o que
prevê a teoria da legitimidade.
Da mesma forma, Coetzee e Van Staden (2011) descobriram que todo o setor de
mineração Sul Africano evidenciou um aumento nos níveis de divulgação após dois grandes
acidentes em minas. Por outro lado, Deegan e Rankin (1996); Deegan, Rankin e Voght
(2000); Woodward D., Paterson e Woodward T. (2008); Cho (2009), de Villiers e van Staden
(2011) e Wink (2012), todos examinaram as reações de empresas diretamente expostas a
ameaças de legitimidade e todas as evidências documentais mostraram uma mudança na
divulgação. Os resultados de todos estes estudos dão suporte ao argumento de que as
empresas procuram abordar uma ameaça a legitimidade, aumentando a divulgação, mas quase
33
todos eles se concentram em eventos relacionados com exposições ambientais, e como tal
tendem a avaliar, sobretudo, o fornecimento de informações ambientais.
34
3 METODOLOGIA
Esta sessão tem como objetivo descrever a metodologia adotada no desenvolvimento
desta pesquisa. O presente trabalho se baseia nos procedimentos metodológicos adotados
pelos autores Hackston e Milne (1996), Salomone e Galluccio (2001) e Nossa (2002) em suas
pesquisas.
3.1 Delimitação Documental
Nesta pesquisa, os documentos objeto da análise de conteúdo foram os Relatórios
Anuais, os Relatórios de Sustentabilidade e os Relatórios Integrados das empresas de
mineração a nível nacional e internacional. Por vezes foram utilizados também os relatórios
adicionais que não se enquadraram nos relatórios citados acima, pois algumas empresas
utilizam demonstrativos adicionais que relatam informações referentes às questões ambientais
da empresa, e em muitas empresas, essa demonstração faz parte de outro relatório maior que
abrange também as questões sociais da organização. Esses relatórios adicionais geralmente
são publicados separadamente das demonstrações contábeis.
O acesso aos dois tipos de relatórios foi obtido por meio da internet, diretamente nas
home pages das empresas ou através do sítio das bolsas de valores em que as empresas
negociem suas ações.
Foram analisados os Relatórios Anuais, os Relatórios de Sustentabilidade e os
Relatórios Integrados dos dois anos que precederam o acidente – 2013 e 2014, do ano no
acidente – 2015, a fim de verificar a mudança na divulgação de informações no decorrer dos
anos.
Os relatórios trimestrais de 2016 não foram analisados em decorrência da
preponderância de relatos puramente financeiras dentro desses documentos, enquanto que as
divulgações ambientais apresentadas eram quase zero. Portanto, deixar estes relatórios na
pesquisa empurraria para baixo o nível de divulgações ambientais das empresas para o ano de
2016. Esta análise só seria coerente com a utilização dos Relatórios Anuais e Ambientais que
abrangessem todo o ano de 2016, assim como foi feito nos anos anteriores. No entanto, estes
relatórios só são divulgados no primeiro semestre de 2017, o que impossibilitou, assim, a
utilização deles na presente pesquisa.
35
3.2 Delimitação do Acidente Ambiental
O acidente ambiental compreendido pela pesquisa foi o ocorrido no dia 05 de
novembro de 2015, com o rompimento da barragem de Fundão, pertencente ao complexo
minerário de Germano, em Mariana, Minas Gerais. Esse evento, segundo nota técnica nº
01/2016 do IBAMA, ocasionou no vazamento de 34 milhões de m³ de lama. Todo este
quantitativo de água e lama atingiu a localidade de Bento Rodrigues acarretando em mortes e
destruição do povoado. Segundo o IBAMA (2016), a onda de água e rejeitos percorreu vários
rios chegando até o Espírito Santo. No caminho em que percorreu, essa onda de rejeitos
destruiu comunidades, estruturas urbanas, áreas de preservação permanente, alterou a
qualidade da água, levando ao extermínio da biodiversidade aquática, incluindo espécies
ameaçadas, incluindo o conjunto de peixes da região e também indivíduos da fauna silvestre
(IBAMA, 2016).
De acordo com o IBAMA (2016), os níveis de turbidez da água e dos sedimentos
levaram à interrupção do abastecimento de água dos municípios e das atividades econômicas
com captações nos rios atingidos. Além das vítimas fatais e dos feridos, ao longo do trecho
afetado, constatou-se danos ambientais, econômicos e sociais diretos: destruição de moradias
e de estruturas urbanas, destruição de áreas de preservação permanente, isolamento de
comunidades atingidas, matança de animais de produção, impacto em plantações nas áreas
rurais, restrições à pesca, danos à saúde, matança da fauna silvestre e doméstica, interrupção
da geração de energia elétrica pelas hidrelétricas atingidas, suspensão do abastecimento de
água e danos às áreas ambientalmente sensíveis (IBAMA, 2016).
De acordo com o Laudo Técnico Preliminar do IBAMA, elaborado ainda em 2015,
entre os danos socioambientais decorrentes do rompimento da barragem estão: a destruição de
habitat e extermínio do conjunto de peixes em toda a extensão dos Rios Gualaxo, Carmo e
Doce totalizando 680 km de rios; contaminação da água dos rios alcançados com lama de
rejeitos; interrupção do abastecimento público nas principais cidades banhadas pelo Rio Doce;
paralisação das captações de água para atividades econômicas, propriedades rurais e pequenas
comunidades; obstrução do leito dos rios e dos reservatórios das barragens de geração de
energia; soterramento das lagoas e nascentes adjacentes ao leito dos rios; destruição da
vegetação ripária e aquática; interrupção da conexão com tributários e lagoas marginais;
destruição de áreas de reprodução de peixes; agravamento no estado de conservação de
espécies já listadas como ameaçadas e provável ingresso de novas espécies no rol de
36
ameaçadas; comprometimento da estrutura e função dos ecossistemas aquáticos e terrestres
associados; impacto no modo de vida e nos valores étnicos e culturais de povos indígenas e
populações tradicionais.
De forma resumida, os danos socioambientais quantificados até o momento estão
explicitados acima, mostrando o grande impacto ambiental e social ocasionado pelo desastre
da Samarco. Desta forma, se de fato esse desastre resultou em uma ameaça à legitimidade do
setor de mineração, a teoria da legitimidade sugere que as companhias devem responder com
um aumento das divulgações ambientais em seus relatórios. O presente estudo buscou medir
essa resposta.
3.3 Análise dos Relatórios
Nesta seção, serão expostas as metodologias adotadas para análise dos relatórios no
intuito de responder à questão de pesquisa.
3.3.1 Análise de Conteúdo
Dentro da Contabilidade, o campo que mais se utiliza deste método é a Contabilidade
Socioambiental. Neste campo, pode-se encontrar vários estudos que se utilizem desta técnica
para analisar e medir a divulgação de informações sociais e ambientais (WISEMAN, 1982;
GIBSON; GUTHRIE, 1995; GRAY; KOUHY; LAVERS, 1995a; DEEGAN; GORDON,
1996; GAMBLE et al., 1996; BURRITT; WELCH, 1997; ASHCROFT, 1999; NOSSA, 2002;
WINK, 2012; BATISTA; DE MELO; DE CARVALHO, 2016).
Milne e Adler (1999) defendem o método de análise de conteúdo como sendo um dos
métodos mais utilizados na avaliação das divulgações ambientais e sociais das empresas. De
acordo com eles, Ernst & Ernst (1978) foram um dos primeiros a empregar a técnica,
utilizando como parâmetro de análise “temas” ou “categorias”, como energia, produtos, e
“evidência” – quantificação monetária, não-monetária e declarativa. Trabalhos que vieram
após este acrescentaram e excluíram dimensões, como foi o caso de Guthrie (1982, 1983) e
Gray, Kouhy e Lavers (1995b). O primeiro autor acrescentou os parâmetros “montante”, que
media a proporção da página, e “localização no relatório” e os segundos autores retiraram
“localização no relatório” e acrescentaram “tipo de notícia” – boa, ruim, neutra.
37
Com base em pesquisas anteriores, o presente trabalho se utilizou de uma adaptação
das “categorias” utilizadas nos trabalhos de Hackston e Milne (1996), Salomone e Galluccio
(2001) e Nossa (2002) para elaborar o checklist utilizado na análise de conteúdo dos relatórios
coletados. Nesse sentido, as categorias e subcategorias definidas para utilização na presente
pesquisa estão distribuídas no Quadro 1.
Quadro 1 – Categorias e subcategorias
Políticas ambientais
Declarações reais e intenções da política ambiental
Políticas de desenvolvimento sustentável
Políticas para diminuir riscos e danos ambientais
Auditoria ambiental
Revisão ambiental
Escopo da auditoria
Avaliação incluindo parecer independente
Outras informações da auditoria ambiental
Sistema de gerenciamento ambiental
ISO 14001
EMAS
Outros sistemas de gestão ambiental
Impactos ambientais
Resíduos e Rejeitos
Poluição
Emissão de gases poluentes
Reciclagem
Conservação e/ou Proteção ambiental
Contaminação ambiental
Acidentes e/ou Incidentes ambientais
Recuperação e/ou Restauração ambiental
Outros impactos ambientais
Desenvolvimento sustentável Práticas sustentáveis
Energia e Água
Uso eficiente de energia no processo industrial
Uso eficiente de água no processo industrial
Uso de energia sustentável, limpa e/ou renovável
Economia de água através da reciclagem ou outros meios
Esforço para a redução do consumo de energia e água
Informações financeiras ambientais
Despesas e investimentos ambientais operacionais
Passivos ambientais
Multas, impostos e taxas ambientais
Contingências e comprometimentos ambientais
Seguro ambiental
Litígios relacionados com ações ambientais Conformidade com as regulamentações ambientais
Adoção de legislação/regulamentação/exigências/normas ambientais
Outras informações ambientais
Educação ambiental - dentro ou fora da organização
Comitês ambientais
Incentivo e apoio às pesquisas ambientais
Fonte: Elaboração própria
38
Como unidade de análise, foram utilizados os números de sentenças despendidas sobre
cada categoria e subcategoria, pois, de acordo com Milne e Adler (1999), essa é a base mais
adequada para mensuração de divulgação de informações ambientais de forma a transmitir
maior confiabilidade nos resultados.
Para a coleta do montante de sentenças, foi dado prosseguimento à leitura detalhada
dos relatórios coletados e às anotações das sentenças encontradas sobre cada categoria e
subcategoria especificada no Quadro 1.
Neste trabalho, portanto, só foram levados em consideração os parâmetros “categoria”,
onde foram elencadas todas as categorias analisadas, “montante”, os quais foram mensurados
através do número de sentenças.
3.3.1.1 Análise dos Relatórios de Sustentabilidade e Relatórios Integrados
O grau de importância dada a um tema é indicado pela extensão da divulgação de um
evento. Quanto maior for a extensão despendida com o assunto, isso será considerado como
um indicador de relevância atribuída pela empresa ao tema (KRIPPENDORFF 1980).
Seguindo o raciocínio de Milne e Adler (1999), foi utilizado como o melhor método a
contagem do número de sentenças para atribuir a importância ou não despendida a um
determinado tema nesses relatórios.
3.3.1.2 Análise dos Relatórios Anuais
O uso do relatório anual, ou relatório da administração, está pautado no entendimento
defendido por Ribeiro (1992) de que é neste relatório que a empresa deve informar o seu
comprometimento com as questões ambientais. De acordo com a literatura, é esse relatório
que as empresas deveriam utilizar para manutenção do seu contrato social no intuito de
reafirmar sua legitimação. Além disso, o relatório utilizado pelo estudo de Deegan, Rankin e
Voght (2000) foi este, desta forma, optou-se por utilizá-lo também na análise de conteúdo.
Tendo em vista o caráter financeiro desse relatório no Brasil, foram utilizados, para as
empresas nacionais, a análise de conteúdo através da busca de sentenças relacionadas com as
questões ambientais, tendo sido levado em considerações os assuntos relacionados à discussão
sobre regulamentos ou exigências ambientais, às políticas ambientais ou preocupação da
empresa com o meio ambiente, à conservação dos recursos naturais, aos prêmios por proteção
39
ambiental, aos esforços de reciclagem, às despesas relacionadas com o desempenho ambiental
e aos litígios relacionados com ações ambientais (WISEMAN, 1982; PATTEN, 1992). Para
as empresas de fora do Brasil, foram utilizadas também outras questões ambientais na
pesquisa por, geralmente, abrangerem informações financeiras e não financeiras em seus
relatórios anuais.
3.4 Amostra
A amostra para este estudo é composta, a nível nacional, pelas empresas brasileiras de
mineração que negociam suas ações na bolsa de valores e, a nível internacional, pelas
empresas de mineração, consideradas as 40 maiores, tomando como base o seu valor de
mercado, incluídas na lista da PWC (2015). Dessas empresas, foram excluídas as
controladoras da Samarco (Vale S.A. e BHP Billiton), totalizando uma amostra inicial
composta por 42 (quarenta e duas) empresas.
Após a coleta dos relatórios, no entanto, foi necessário efetuar a exclusão de seis
empresas que constavam na amostra inicial, todas da China, em decorrência de pelo menos
um de seus relatórios terem sido apresentados apenas em idioma local, impossibilitando sua
análise por completo. Desta forma, a amostra final totalizou 36 (trinta e seis) empresas,
estando representadas no Apêndice I.
Das 36 (trinta e seis) empresas selecionadas para análise, 47% estão localizadas na
América, 28% na Ásia e 20% na Europa. O Quadro 2 apresenta a quantidade de empresas
analisadas por país e suas respectivas porcentagens em relação ao total.
Quadro 2 – Quantidade de empresas da amostra por país
País Quantidade Percentual Arábia Saudita 1 3% Austrália 2 6% Brasil 4 11% Canadá 7 19% China 3 8% Estados Unidos 4 11% Índia 2 6% Japão 1 3% México 2 6% Polônia 1 3% Reino Unido 6 17% Rússia 3 8%
TOTAL 36 100%
40
Fonte: Elaboração própria
Os relatórios da Samarco Mineração S.A, Vale S.A e da BHP Billiton também serão
objetos de análise. Quanto a quantidade de relatórios analisados, a pesquisa abrangeu um total
de 206 (duzentos e seis) relatórios, divididos em 111 (cento e onze) Relatórios Anuais, 85
(oitenta e cinco) Relatórios de Sustentabilidade e 10 (dez) Relatórios Integrados, divididos
entre os anos de 2013, 2014 e 2015.
41
4 RESULTADOS
É interessante notar, primeiramente, que as informações ambientais foram encontradas
em quase toda a amostra. Cerca de 97,2% das empresas optaram por incluir um determinado
nível de divulgação ambiental nos relatórios analisados. Apenas uma empresa brasileira não
apresentou nenhuma informação ambiental em seus relatórios, todas as outras empresas da
amostra apresentaram.
4.1 Disclosure de Empresas Envolvidas no Acidente Ambiental
Estudos anteriores já haviam comprovado que acidentes ambientais geram um
aumento na divulgação de informações por parte das empresas envolvidas no incidente
(DEEGAN; RANKIN, 1996; DEEGAN; RANKIN; VOGHT, 2000; WOODWARD D.;
PATERSON; WOODWARD T., 2008; CHO, 2009; DE VILLIERS; VAN STADEN, 2011;
WINK, 2012). Esse fato também é reafirmado na análise dos relatórios das empresas
envolvidas no acidente ambiental que devastou a cidade de Mariana em novembro de 2015,
como apontado na Tabela 1.
Tabela 1 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas envolvidas no acidente ambiental
Categorias Total
2013 2014 2015
Políticas ambientais 37 34 24
Auditoria ambiental 92 79 65
Sistema de gerenciamento ambiental 22 23 20
Impactos ambientais 626 514 609
Desenvolvimento sustentável 71 56 65
Energia e Água 76 90 58
Informações financeiras ambientais 28 30 30
Conformidade com as regulamentações ambientais 22 26 18
Outras informações ambientais 45 45 53
TOTAL 1019 897 942
Fonte: Elaboração própria
Apesar da diminuição no número de informações apresentadas nos relatórios
analisados de 2013 para 2014, deste último ano até o ano do acidente, foi identificado um
aumento no número de sentenças despendidas acerca dos assuntos ambientais no Relatório
42
Anual de todas as empresas. No Relatório de Sustentabilidade, apenas duas empresas
apresentaram este aumento, uma vez que a Samarco não apresentou este relatório para o ano
de 2015, o que gerou, consequentemente, esta queda no número total de informações
ambientais para este ano.
Esta subseção tem o intuito de descrever o nível de divulgação da Vale S.A., da BHP
Billiton e da Samarco Mineração S.A, por categoria e subcategoria, nos relatórios anuais e nos
relatórios de sustentabilidade destas empresas. Nenhuma das três empresas divulgaram
relatórios integrados.
4.1.1 Políticas ambientais
Esta categoria compreende declarações reais e intenções das políticas ambientais, das
políticas de desenvolvimento sustentável e das políticas para diminuição dos riscos e/ou danos
ambientais. Segundo Salomone e Galluccio (2001), muitas empresas sentem a necessidade de
incluir, nas suas divulgações, informações gerais sobre como os problemas ambientais podem
ter consequências sobre a gestão da empresa e sobre o impacto das suas atividades e dos seus
produtos no meio ambiente. De acordo com essas autoras, essa situação leva as empresas a
incluírem políticas, metas e impactos ambientais nos seus relatórios.
Para Salomone e Galluccio (2001), as políticas ambientais raramente são inteiramente
publicadas no Relatório Anual, sendo mostradas mais nos relatórios secundários, como o de
Sustentabilidade. Este fato foi verificado nas três empresas envolvidas diretamente com o
acidente ambiental. Em 2013, dois anos antes ao acidente, cerca de 78% das divulgações desta
categoria foi apresentada nos Relatórios de Sustentabilidade. Em 2014, 62% das divulgações
estavam contidas também no Relatório de Sustentabilidade. Nos relatórios divulgados
referentes ao ano do acidente, as informações foram equilibradas em ambos os relatórios,
tendo sido apresentado 46% das informações sobre política ambiental no Relatório Anual e
56% no Relatório de Sustentabilidade.
Quanto à média de sentenças por empresa, percebeu-se uma oscilação no número de
sentenças despendidas sobre o assunto ao longo dos anos. Em 2013, os resultados
apresentaram uma média de 20 sentenças, distribuídas nos relatórios anual e de
sustentabilidade. Em 2014, esse número foi para 16 sentenças e em 2015 subiu para 17.
43
4.1.1.1 Declarações reais e intenções da política ambiental
As companhias apresentaram, em média, uma diminuição na divulgação de
informações acerca desse assunto em seus Relatórios Anuais, passando de 2 em 2013 para
1,33 em 2015. O mesmo ocorreu com o Relatório de Sustentabilidade dessas empresas, onde
a média de divulgação dessas informações caiu cerca de 45% de 2013 para 2015. De maneira
geral, a média de sentenças despendida sobre este tópico foi de 7,5 em 2013, seis em 2014 e
4,3 em 2015.
4.1.1.2 Políticas de desenvolvimento sustentável
Este tópico mostrou um aumento no número de sentenças ao se fazer uma comparação
nas divulgações pré e pós-acidente ambiental. Em média, as empresas divulgaram, no ano do
acidente, cerca de 2 sentenças a mais do que no ano anterior.
4.1.1.3 Políticas de redução dos riscos e/ou danos ambientais
Apenas duas das companhias estudadas divulgaram este tipo de informação em seus
relatórios. O relatório que mais apresentou políticas para diminuição de riscos e/ou danos
ambientais foi o relatório de sustentabilidade, com 50% ou mais de todas as informações
apresentadas. A média dessa divulgação aumentou 200% ao longo dos anos.
4.1.2 Auditoria ambiental
Este tópico foi reservado para verificar se as empresas apresentaram em seus relatórios
informações acerca da existência de uma auditoria ambiental. Adicionalmente, buscou-se
nesses relatórios um parecer dos auditores independentes referente a este tipo de auditoria.
Após análise, verificou-se que todas as três empresas apresentaram alguma informação
sobre este tópico. Em todos os anos, cerca de 98% dessas informações estavam no Relatório
de Sustentabilidade. Tal verificação também foi apresentado no estudo de Nossa (2002), onde
o relatório ambiental das empresas estudadas foi responsável por 97% das informações
voltadas para esta categoria.
4.1.2.1 Avaliação incluindo parecer independente
As três companhias apresentaram avaliação dos auditores independentes em seus
relatórios. Em cem por centro dos casos, essa avaliação foi exibida nos Relatórios de
44
Sustentabilidade das empresas. Nesse caso, para cada parecer apresentado, foi definido o
valor de 1 (uma) sentença sobre este assunto. Sendo assim, a média de sentenças por empresa
permaneceu em 1 no decorrer dos anos.
4.1.2.2 Outras informações da auditoria ambiental
Essas outras informações acerca da auditoria ambiental abrangem informações sobre o
escopo da auditoria, revisões periódicas ambientais, metodologia da auditoria, limitações
encontradas, recomendações, entre outros pontos.
Assim como no item anterior, este tópico foi encontrado quase que exclusivamente no
Relatório de Sustentabilidade, apresentando um percentual de mais de 98% em todos os 3
anos analisados. Ademais, foi encontrada uma média de divulgação de 30,3 sentenças sobre o
tema em 2013, 26 em 2014 e 32 em 2015, mostrando um aumento no nível de divulgação
dessas informações ao comparar o biênio 2013-2014 com o ano de 2015.
4.1.3 Sistema de gerenciamento ambiental
Esta categoria teve a intenção de verificar as informações acerca dos sistemas de
gestão ambiental (SGA) utilizados pelas empresas. De maneira geral, as divulgações sobre
este tópico estão elencadas de forma equilibrada entre o Relatório Anual e o Relatório de
Sustentabilidade e sua média por ano também foi decrescente, assim como nos temas
anteriores.
4.1.3.1 ISO 14.001
Acerca da certificação ISO 14.001 – Sistema de Gestão Ambiental, que auxilia as
organizações a identificarem, priorizarem e gerenciarem seus riscos ambientais como parte de
suas práticas usuais, apenas uma das companhias apresentou alguma informação. A Vale S.A.
apresentou somente uma sentença, em 2013, falando sobre a certificação, mas não indicou a
adoção da mesma, alegando que os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental da instituição
estão definidos em documentos internos e são mais detalhados e de melhor mensuração que
os da ISO 14.001. Em 2015, apenas ressaltou que possui unidades certificadas na ISO 14.001.
45
4.1.3.2 Outros sistemas de gestão ambiental
Mais de 60% das informações sobre os sistemas de gerenciamento ambiental foram
apresentadas no Relatório de Sustentabilidade das organizações. No decorrer dos anos, a
média de frases escritas sobre esta temática foi aumentando. Em 2013 e 2014, a média foi de
8,17 e 9,17, respectivamente, enquanto que, no ano de 2015, esta média foi para 13 frases por
empresa.
4.1.4 Impactos ambientais
Estão evidenciados nesta categoria as divulgações referentes aos impactos ambientais
positivos ou negativos provocados ou verificados pelas instituições. Para Salomone e
Galluccio (2001), as empresas que normalmente optam por incluir essas informações tendem
a incluir aquelas relacionadas com a melhoria das emissões de poluentes na água e no ar;
porém, algumas incluem notícias negativas, como algum evento de contaminação ambiental
ou outros tipos de acidentes ocorridos durante o ano.
Portanto, dentro deste tópico estão elencados nove impactos: resíduos não minerais e
resíduos minerais e/ou rejeitos, poluição, emissão de gases poluentes, reciclagem,
conservação e/ou proteção ambiental, contaminação ambiental, acidentes e/ou incidentes
ambientais, recuperação e/ou restauração ambiental e outros impactos ambientais.
No que diz respeito à distribuição dessas informações entre os dois tipos de relatório,
percebe-se, nos dois primeiros anos estudados, uma maior ênfase desses assuntos dentro do
Relatório de Sustentabilidade, tendo sido apresentado neste relatório, em 2013, um percentual
de 78% das informações sobre os impactos ambientais, em 2014, de 67%, e, por fim, foi
percebida uma distribuição mais equitativa em 2015, tendo sido apresentado 54% das
informações no Relatório de Sustentabilidade e os 46% restantes, no Relatório Anual.
Nos itens abaixo, estarão os impactos que se mostraram mais relevantes para estas
empresas.
4.1.4.1 Resíduos não minerais e resíduos minerais e/ou rejeitos
Os rejeitos são os resíduos minerais resultantes dos tratamentos a que são submetidos
os minérios. Estes tratamentos envolvem separações físicas e químicas para a obtenção da
substância mineral de interesse (ESPÓSITO, 2000). Desta forma, no processo de mineração,
46
são produzidos tais rejeitos, que possuem pouco valor comercial e, portanto, são descartados
pelas mineradoras. Já os resíduos não minerais podem ter uma destinação sustentável, que
contempla a compostagem, reuso, rerrefino e reciclagem, de forma a evitar o descarte em
aterros.
Neste tópico, notou-se um aumento no disclosure, do ano de 2014 para o ano de 2015,
de aproximadamente 73%. O número médio de sentenças passou de 38 para 65 de um ano
para o outro, evidenciando, talvez, uma preocupação em discutir este tema como forma de se
legitimar perante a sociedade.
4.1.4.2 Emissão de gases poluentes
A frequente discussão acerca da necessidade cada vez maior de se reduzir a
quantidade de emissões de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera, tornou esta uma
temática já consolida nos relatórios de empresas que contribuem, todos os anos, com esta
emissão. Sendo assim, todas as três empresas se preocuparam em divulgar informações acerca
de suas emissões. Fato este que é ressaltado pelo aumento constante da média de divulgações
do ano de 2013 até o ano de 2015. Em 2013, foi verificado uma média de 45 sentenças
redigidas sobre GEE. Em 2014, esse número saltou para 68,7 e em 2015 para 92,5.
4.1.4.3 Conservação e/ou proteção ambiental
A quantidade de informações sobre a conservação e proteção da biodiversidade
também foi expressiva para estas empresas. Houve, no entanto, uma oscilação quanto a média
anual dessas informações. Em 2013, o número médio de frases foi de 41,3. Para o ano de
2014, este valor foi reduzido em 11 sentenças, chegando a 30,3 sentenças por empresa. Já em
2015, este valor subiu para 40,7, quase se igualando à quantidade de 2013.
4.1.4.4 Acidentes e/ou incidentes ambientais
O disclosure acerca de acidentes e/ou incidentes ambientais também ganhou força nos
relatórios divulgados referente ao ano de 2015. De acordo com os dados, em 2013 e 2014
essas informações não passaram de 7,5 frases por companhia. Já em 2015, este valor mais que
duplicou, chegando a 15,5.
47
4.1.4.5 Recuperação e/ou restauração ambiental
Este tópico refere-se a informações acerca de esforços para recuperação e/ou
restauração ambiental. Tais informações apareceram fortemente nos relatórios da Vale S.A,
mas não deixaram de aparecer nos relatórios das outras duas companhias envolvidas.
Neste item, também foi verificada uma oscilação em suas divulgações no decorrer dos
anos. Em 2013, a média de sentenças era 30 por empresa. No ano seguinte, este valor caiu
para 14. Em 2015, no entanto, este valor pulou para 37 sentenças.
Para os demais itens deste tópico, como poluição, reciclagem, contaminação ambiental
entre outros impactos ambientais, houve diminuições ou oscilações no número de sentenças
constantes nos relatórios anuais e de sustentabilidade, conforme demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2 – Número médio de sentenças na categoria “Impactos ambientais” para as empresas envolvidas no acidente ambiental
Categoria e Subcategorias Número médio de
sentenças no Relatório Anual
Número médio de sentenças no Relatório
de Sustentabilidade Número médio total
Impactos ambientais 2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015
Poluição 2,0 2,5 2,3 3,3 2,0 0,0 5,3 4,5 2,3
Reciclagem 2,7 4,0 2,5 12,0 5,7 8,0 14,7 9,7 10,5
Contaminação ambiental 2,0 2,0 1,5 2,0 2,5 0,5 4,0 4,5 2,0
Outros impactos ambientais 2,5 2,0 2,7 5,0 3,0 2,5 7,5 5,0 5,2
Fonte: Elaboração própria
4.1.5 Desenvolvimento sustentável
Esta categoria elenca as informações acerca das práticas sustentáveis adotadas pelas
companhias. A maioria das sentenças foram dispostas no relatório ambiental específico,
superando o percentual de 78% em cada um deles. No que diz respeito a quantidade de
sentenças por empresa, esta média oscilou durante os três anos: em 2013, a média estava em
35,5 sentenças; em 2014, ela diminuiu para 28; e em 2015, ela aumentou chegando a 32,5.
4.1.6 Energia e água
A produção de energia elétrica ainda provoca vários danos ao meio ambiente,
portanto, é importante que as organizações se conscientizem para a utilização de mecanismos
que reduzam este impacto.
48
Além da energia, a água também é um recurso que deve receber atenção das
organizações, uma vez que o uso desregrado deste bem poderá levar a sua escassez,
prejudicando assim as próximas gerações.
Como a atividade de mineração depende fortemente desses dois itens, foram
englobadas na pesquisa as sentenças que apontassem para a utilização eficiente da energia e
da água no processo industrial, para o uso de energia sustentável, limpa e/ou renovável, para a
economia de água através da reciclagem ou outros meios plausíveis e para os esforços para a
redução do seu consumo.
De forma geral, estas informações estavam contidas mais fortemente nos Relatórios de
Sustentabilidade e a média de sentenças por companhia caiu com o passar dos anos, como
pode-se notar na Tabela 3.
Tabela 3 – Número médio de sentenças na categoria “Energia e água” para as empresas envolvidas no acidente ambiental
Categoria e Subcategorias
Número médio de sentenças no
Relatório Anual
Número médio de sentenças no Relatório de
Sustentabilidade
Número médio total
2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015
TOTAL DE “ENERGIA E ÁGUA” 12,0 10,0 9,0 27,3 25,3 21,5 39,3 35,3 30,5
Uso eficiente de energia no processo industrial
4,0 4,0 4,0 5,0 5,0 6,0 9,0 9,0 10,0
Uso eficiente de água no processo industrial
1,0 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 2,0 2,0 3,0
Uso de energia sustentável, limpa e/ou renovável
1,0 2,0 3,0 3,5 3,7 4,0 4,5 5,7 7,0
Economia de água através da reciclagem ou outros meios
3,0 2,0 1,0 12,5 10,0 6,5 15,5 12,0 7,5
Esforço para a redução do consumo de energia e água
3,0 2,0 1,0 5,3 4,7 2,0 8,3 6,7 3,0
Fonte: Elaboração própria
No entanto, quando se olha especificamente cada categoria, percebe-se um aumento na
média do número de sentenças anuais em três das cinco subcategorias: uso eficiente de
energia no processo industrial, uso eficiente de água no processo industrial e uso de energia
sustentável, limpa e/ou renovável. Esta última foi a subcategoria que recebeu o maior
aumento no número de sentenças em termos reais, conforme Tabela 3.
49
4.1.7 Informações financeiras ambientais
Os elementos qualitativos de um relatório por si só, apesar de serem mais elucidativos
do que os qualitativos, não são suficientes para dar aos usuários das informações divulgadas
pelas empresas uma ideia exata do impacto ambiental total da instituição. Desta forma,
Salomone e Galluccio (2001) ressaltam que a divulgação qualitativa da organização deve ser
acompanhada do mesmo tipo de informação financeira precisa e clara, de forma a esclarecer
as consequências econômicas decorrentes dos problemas ambientais encontrados pelas
empresas.
Sendo assim, esta categoria elenca as informações financeiras divulgadas pelas
empresas acerca dos seus impactos ou comprometimentos ambientais, dentre outros fatores
financeiros. As subcategorias que integraram o relatório destas empresas foram: despesas e
investimentos ambientais; passivos ambientais; contingências e comprometimentos
ambientais; seguro ambiental; litígios relacionados a ações ambientais.
Diferentemente do que foi verificado anteriormente, as informações estavam contidas,
em sua maioria, nos Relatórios Anuais. Em 2013, mais de 82% das informações financeiras
ambientais estavam comtempladas no RA. Em 2014 e 2015, esta porcentagem chegou aos
90%. A Tabela 4 traz a quantidade média de informações financeiras ambientais divulgadas
pelas empresas envolvidas no acidente ambiental de Mariana.
Tabela 4 – Número médio de sentenças na categoria “Informações financeiras ambientais” para as empresas envolvidas no acidente ambiental
Categoria e Subcategorias
Número médio de sentenças no
Relatório Anual
Número médio de sentenças no Relatório de
Sustentabilidade
Número médio total
2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015
TOTAL DE “INFORMAÇÕES FINANCEIRAS AMBIENTAIS”
11,3 13,7 16,2 5,0 3,0 2,0 16,3 16,7 18,2
Despesas e investimentos ambientais 0,0 1,0 0,0 5,0 1,0 0,0 5,0 2,0 0,0
Passivos ambientais 2,3 2,7 2,7 0,0 2,0 2,0 2,3 4,7 4,7
Contingências e comprometimentos ambientais
3,0 3,5 5,0 0,0 0,0 0,0 3,0 3,5 5,0
Seguro ambiental 2,0 2,0 1,5 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 1,5
Litígios relacionados a ações ambientais
4,0 4,5 7,0 0,0 0,0 0,0 4,0 4,5 7,0
Fonte: Elaboração própria
50
Com base nos dados, pode-se observar que houve um aumento, não muito
significativo, dessa divulgação nos Relatórios Anuais. Este aumento deveu-se,
principalmente, a duas subcategorias: contingências e comprometimentos ambientais e litígios
relacionados a ações ambientais. Dentre as três empresas analisadas, a Samarco foi a que mais
divulgou estas informações.
4.1.8 Conformidade com as regulamentações ambientais
Nesta rubrica estão englobadas todas as informações acerca da adoção das normas,
legislações, regulamentos e/ou exigências ambientais. Assim como no item anterior, estas
informações foram encontradas mais fortemente no Relatório Anual das empresas. Em 2013,
cerca de 91% das sentenças estavam neste relatório.
A média de frases relacionadas a esta temática manteve-se constante ao longo dos
anos. Em 2013 e em 2014, a média estava era 8,7 sentenças. Já em 2015, esta média chegou a
9 sentenças por empresa.
4.1.9 Outras informações ambientais
Dentro desta categoria, encontram-se tópicos não encaixados nos itens anteriores. As
informações contabilizadas neste tópico passeiam pelas seguintes temáticas: educação
ambiental – dentro ou fora da organização; incentivo e apoio às pesquisas ambientais; e,
comitês ambientais.
Tabela 5 – Percentual de sentenças na categoria “Outras informações ambientais” para as empresas envolvidas no acidente ambiental
Categoria
Percentual de sentenças no Relatório Anual
Percentual de sentenças no Relatório de Sustentabilidade
2013 2014 2015 2013 2014 2015
Outras informações ambientais
62,2% 75,5% 75,4% 37,7% 24,4% 24,5%
Fonte: Elaboração própria
Para estes pontos, apenas duas das organizações publicaram informações e, da mesma
forma que ocorreu nos dois tópicos anteriores, estas informações, de maneira geral,
apareceram com mais frequência nos Relatórios Anuais, conforme demonstrado na Tabela 5.
51
4.1.9.1 Educação ambiental – dentro e fora da organização e Incentivo e apoio às pesquisas
ambientais
Apenas uma das empresas relatou ter um programa de educação ambiental dentro da
organização. Vale observar que, nesta categoria sobre educação ambiental, 100% das
declarações estavam contidas no Relatório de Sustentabilidade. No entanto, foi observado
uma diminuição brusca no número de sentenças ao longo dos anos. Em 2013, a média de
informações encontradas foi de 11 frases. Em 2015, este valor caiu para 1 sentença.
Na categoria sobre o incentivo e apoio às pesquisas ambientais, o único ano que
apresentou informações sobre este assunto foi o de 2015, no qual encontrou-se média de 2,5
sentenças por empresa.
4.1.9.2 Comitês ambientais
A maioria das sentenças que citou os comitês ambientais estavam contidas nos
Relatórios Anuais. No que diz respeito a média dessas sentenças por ano, os dados mostraram
uma oscilação, subindo de 34 em 2013 para 43 em 2014 e, posteriormente, caiu para 30 em
2015.
4.1.10 Principais constatações
De maneira geral, foram percebidos aumentos para este grupo de empresas no número
de sentenças escritas sobre a temática ambiental do ano de 2014 ao ano de 2015. De um ano
para o outro, esse aumento percebido, considerando-se todas as categorias, foi de 5%.
As principais categorias responsáveis por este aumento foram “Impactos ambientais”,
com um aumento de 95 sentenças, “Desenvolvimento sustentável” e “Outras informações
ambientais”, essas duas últimas responsáveis por 17 sentenças a mais de um ano para o outro.
As outras categorias mostraram redução no número total de sentenças, sendo a mais
significativa a categoria de “Energia e água”, com uma redução de 32 sentenças de 2014 até
2015.
O aumento na média do número de sentenças por empresa também foi percebido mais
fortemente na categoria de “Impactos ambientais”, que apresentou um acréscimo de 105
sentenças na média de 2014 para 2015. Apenas dois tópicos apresentaram reduções na média,
52
foram eles “Outras informações ambientais”, com, em média, 12 sentenças a menos do que no
ano anterior, e “Energia e água”, com 5 sentenças a menos.
Resultados parecidos foram encontrados na análise das divulgações de empresas não
diretamente envolvidas com o acidente ambiental de Mariana, como demonstrado na próxima
subseção.
4.2 Disclosure de Empresas não Envolvidas no Acidente Ambiental
Pesquisas anteriores já examinaram os efeitos de acidentes na divulgação ambiental
nos relatórios anuais de empresas do mesmo setor atingido pelo incidente, empresas essas
que, no entanto, não estavam diretamente envolvidas no desastre. Os autores destes estudos
descobriram que os níveis de divulgação ambiental aumentaram significativamente no ano
após o acidente (PATTEN, 1992; DARRELL; SCHWARTZ, 1997). Após a análise das
empresas do setor de mineração do Brasil e de outros países, pode-se perceber um leve
aumento no número de divulgações ambientais, conforme demonstrado na Tabela 6.
Tabela 6 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categorias Total
2013 2014 2015
Políticas ambientais 354 384 378
Auditoria ambiental 48 51 60
Sistema de gerenciamento ambiental 363 424 451
Impactos ambientais 6104 6400 6994
Desenvolvimento sustentável 604 674 617
Energia e Água 816 934 919
Informações financeiras ambientais 315 343 350
Conformidade com as regulamentações ambientais 208 193 238
Outras informações ambientais 139 235 273
TOTAL 8951 9638 10280
Fonte: Elaboração própria
A percepção inicial é que o aumento percebido de 2013 para 2014 (8%) foi menor do
que o aumento alcançado em 2015 (7%). Ao fazer essa mesma análise por país, percebe-se
53
comportamentos diferentes ao global. Na Tabela 7, por exemplo, são apresentadas as
informações, por categoria, de dois países: Canadá e Austrália.
Tabela 7 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no acidente ambiental: Canadá e Austrália
Categorias Canadá Austrália
2013 2014 2015 2013 2014 2015
Políticas ambientais 56 102 87 11 11 11
Auditoria ambiental 15 23 23 0 0 0
Sistema de gerenciamento ambiental 79 119 144 14 13 17
Impactos ambientais 1353 1743 1761 196 202 194
Desenvolvimento sustentável 72 146 121 23 18 22
Energia e Água 160 208 194 15 17 9
Informações financeiras ambientais 93 99 107 9 12 12
Conformidade com as regulamentações ambientais 47 44 55 14 11 17
Outras informações ambientais 7 35 28 21 5 8
TOTAL 1882 2519 2520 303 289 290
Fonte: Elaboração própria
Nestes dois países, as informações despendidas sobre assuntos ambientais sofreram
um aumento de 2013 para 2014, de 34% no Canadá e de 5% na Austrália, mas se mantiveram
constantes de 2014 para 2015. Em outros países, no entanto, o comportamento percebido foi
de aumentos crescentes no número de sentenças, como foi o caso dos Estados Unidos e do
Reino Unido, como pode-se observar na Tabela 8.
Tabela 8 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no acidente ambiental: EUA e Reino Unido
Categorias EUA Reino Unido
2013 2014 2015 2013 2014 2015
Políticas ambientais 8 9 22 84 78 68
Auditoria ambiental 3 4 2 7 3 6
Sistema de gerenciamento ambiental 26 31 36 97 89 91
Impactos ambientais 676 736 860 1534 1543 1734
Desenvolvimento sustentável 72 67 74 211 202 175
Energia e Água 50 65 53 352 337 373
Informações financeiras ambientais 73 67 65 65 63 68
Conformidade com as regulamentações ambientais 35 32 39 34 36 39
Outras informações ambientais 17 26 32 41 91 105
TOTAL 960 1037 1183 2425 2442 2659
Fonte: Elaboração própria
54
Nos Estados Unidos, o aumento de sentenças de 2013 para 2014 foi de 8%, subindo
para 14% de 2014 para 2015. Para o Reino Unido, este aumento foi mais expressivo,
passando de 1% em 2014 para 9% em 2015. Em outros países, como a Índia, o Japão e a
Rússia, uma oscilação foi observada ao longo dos anos, como ocorreu com as empresas
causadoras do acidente. No primeiro biênio, houve decréscimos no número de frases
direcionadas para a temática ambiental, enquanto que do ano de 2014 para o ano de 2015
aconteceram aumentos significativos na divulgação dessas informações (Tabela 9).
Tabela 9 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no acidente ambiental: Índia, Japão e Rússia
Categorias Índia Japão Rússia
2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015
Políticas ambientais 31 36 35 14 11 14 104 83 100
Auditoria ambiental 1 3 6 5 7 12 11 7 8
Sistema de gerenciamento ambiental 54 46 51 6 8 17 52 60 51
Impactos ambientais 252 210 295 308 287 487 799 541 745
Desenvolvimento sustentável 53 45 29 6 6 11 105 87 102
Energia e Água 50 40 62 13 12 19 98 123 91
Informações financeiras ambientais 12 8 7 2 4 7 13 33 34
Conformidade com as regulamentações ambientais
3 5 0 4 2 17 39 27 36
Outras informações ambientais 2 18 22 10 16 24 18 23 31
TOTAL 458 411 507 368 353 608 1239 984 1198
Fonte: Elaboração própria
Na Índia, de 2013 para 2014, foi percebida uma queda de 10% nas informações
publicadas. Já em 2015, a quantidade de informações deu um salto para 23% a mais do que no
ano anterior. No Japão, este último aumento foi ainda maior, passando de uma queda de 4%
de 2013 para 2014, para um crescimento de 72% de 2014 para 2015. A Rússia foi pelo
mesmo caminho, apresentando um crescimento de 22% em 2015, após ter exibido uma queda
de 21% do ano de 2013 para o ano de 2014.
Outros países também demonstraram oscilações, no entanto, diferentemente dos países
anteriores, estes apresentaram um aumento no número de sentenças do ano de 2013 para o
ano de 2014 e, por fim, apresentaram uma queda, no ano do acidente, no número de sentenças
55
escritas sobre a temática ambiental. Este foi o caso do México, da Polônia, da Arábia Saudita
e da China (Tabela 10).
Tabela 10 – Total de sentenças, por país, das empresas não envolvidas no acidente ambiental: México, Polônia, Arábia Saudita e China
País Total de sentenças sobre
a temática ambiental 2013 2014 2015
México 523 530 476
Polônia 340 514 361
Arábia Saudita 88 96 39
China 334 446 434
Fonte: Elaboração própria
Para todos os países da Tabela 10 foi percebido uma diminuição nas informações
publicadas, mas o país que mais chamou atenção foi a Polônia. Em 2014, o aumento foi de
51% no número de sentenças, enquanto que, em 2015, houve uma queda de 30% no número
de informações. A Arábia Saudita também mostrou uma queda expressiva em para 2015,
chegando a 59% de frases a menos do que em 2014. De 2013 para 2014, havia-se tido um
aumento de 9% nas informações ambientais.
Na China, a diminuição das informações em 2015 não foi tão expressiva (3%); mais
expressivo foi o aumento ocorrido em 2014 em relação ao ano anterior (34%). Por fim, o
México mostrou um aumento de apenas 1% de 2013 para 2014, mas um decréscimo de 10%,
de 2014 para 2015, deixando o total de sentenças, em 2015, menor que nos dois anos
anteriores.
As empresas brasileiras divulgaram menos informações ambientais em seus relatórios
em comparação com todas as empresas da amostra que estão localizadas fora do Brasil. Além
disso, estas empresas demonstraram uma diminuição nas informações ainda mais significativa
do que a percebida nos outros países (Tabela 11). Esta constatação deve-se, principalmente,
pelo caráter puramente financeiro do Relatório Anual das empresas brasileiras e, também,
pela não apresentação do Relatório de Sustentabilidade por nenhuma das empresas brasileiras
estudadas. As informações, por sua vez, foram todas extraídas do único relatório
disponibilizado que se adequava à pesquisa, no qual contém apenas os relatórios da auditoria
independente e da administração, as demonstrações contábeis da companhia e suas notas
explicativas.
56
Tabela 11 – Total de sentenças, por categoria de análise, das empresas não envolvidas no acidente ambiental: Brasil
Categorias Brasil
2013 2014 2015
Políticas ambientais 1 3 0
Auditoria ambiental 0 0 0
Sistema de gerenciamento ambiental 0 0 0
Impactos ambientais 22 6 1
Desenvolvimento sustentável 0 0 0
Energia e Água 0 0 0
Informações financeiras ambientais 2 2 0
Conformidade com as regulamentações ambientais 1 4 4
Outras informações ambientais 5 2 0
TOTAL 31 17 5
Fonte: Elaboração própria
Partindo para a análise destes relatórios brasileiros, a constatação das informações que
se enquadrassem nas categorias e subcategorias apresentadas foi mínima ou nenhuma. A
categoria que elenca os impactos ambientais foi a que mais apresentou informações dentro do
relatório, sendo seguida pelas categorias que apresentam as frases acerca da conformidade
com as regulamentações ambientais e a categoria de outras informações ambientais. De
maneira geral, as informações ambientais sofreram uma queda de 84% de 2013 para 2015.
Nos próximos tópicos, esta subseção descreverá o nível de divulgação das 32 maiores
empresas de mineração, incluídas na lista da PWC (2015), e das 4 empresas brasileiras de
mineração que negociam suas ações na BM&F Bovespa, dando um total de 36 empresas
analisadas. A análise limitou-se a 102 Relatórios Anuais, a 77 Relatórios de Sustentabilidade
e a 10 Relatórios Integrados. Os resultados serão mostrados por categoria e subcategoria.
4.2.1 Políticas ambientais
Nesta categoria, que compreende as declarações reais e intenções das políticas
ambientais, as políticas de desenvolvimento sustentável e as políticas para diminuição dos
riscos e/ou danos ambientais, os dados concentraram-se mais no Relatório de
Sustentabilidade, fato este já verificado por Salomone e Galluccio (2001) em seu estudo. Nos
três anos estudados, cerca de 60% dessas informações concentraram-se neste relatório.
57
Tabela 12 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Políticas ambientais” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Políticas ambientais 25 28,1 24 29,2 22 36,6
Fonte: Elaboração própria
Em geral, nas empresas pesquisadas, foi constatado um aumento na média de
sentenças escritas sobre este assunto com o passar dos anos (Tabela 12). Em 2013, essa média
era de 28 sentenças por empresa; em 2014, 29 sentenças; e, em 2015, essa média aumentou
para 36,6 sentenças por empresa.
4.2.1.1 Declarações reais e intenções da política ambiental
Cada empresa apresentou uma média de 15 declarações sobre este assunto em 2015,
sendo este valor maior que as doze sentenças de 2013 e as onze de 2014. Dentre todas as
empresas, em 2013, pelo menos 17 deixaram claras essas informações. Em 2014, esse número
subiu para 19 e, em 2015, diminuiu para 16.
4.2.1.2 Políticas de desenvolvimento sustentável
A maior parte das informações acerca das políticas de desenvolvimento sustentável
foram coletadas dos Relatórios de Sustentabilidade das empresas. Em 2013, o percentual
dessas informações que constavam neste tipo de relatório foi de 74%.
Nesta subcategoria, o número médio de sentenças apresentadas foi de doze por
empresa em 2013, quatorze em 2014 e dezesseis em 2015. Do total de empresas estudadas,
pelo menos 20 não divulgaram essas informações.
4.2.1.3 Políticas de redução dos riscos e/ou danos ambientais
As empresas apresentaram uma média de quatro frases em 2013 e 2014, aumentando
essa média para cinco em 2015. As sentenças sobre políticas de redução de risco e/ou danos
ambientais estavam dispostas de forma equilibrada no Relatório Anual e no Relatório de
Sustentabilidade. Em 2013 e 2015, quatorze das 36 empresas divulgaram essa informação.
Em 2014, dezoito divulgaram.
58
4.2.2 Auditoria ambiental
Da mesma forma que no item anterior, as informações estavam, em sua maioria, no
Relatório de Sustentabilidade. Além disso, foi percebido um aumento no nível de divulgação
de informações acerca da auditoria ambiental com o passar dos anos, conforme Tabela 13.
Tabela 13 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Auditoria ambiental” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Auditoria ambiental 12 5,9 14 7,2 12 13,7
Fonte: Elaboração própria
Os resultados mostraram que pelo menos doze empresas divulgaram, em média, 6
sentenças em 2013, quatorze das 36 empresas divulgaram 7,2 sentenças em 2014 e doze
empresas divulgaram quase o dobro de informações do ano anterior, chegando a 13,7
sentenças, em 2015, acerca da existência de auditorias ambientais.
4.2.2.1 Avaliação incluindo parecer independente
Neste tópico, foi verificado se havia um parecer dos auditores independentes, referente
a auditoria ambiental, nos relatórios analisados. Em média, oito empresas divulgaram essas
informações, com duas 2 sentenças cada uma delas, em todos os três anos. Majoritariamente,
essas avaliações estavam no Relatórios de Sustentabilidade e nos Relatórios Integrados.
4.2.2.2 Outras informações da auditoria ambiental
Este item refere-se a informações sobre o escopo da auditoria, revisões periódicas
ambientais, metodologia da auditoria, limitações encontradas, recomendações, entre outros
assuntos. O número médio de sentenças por empresa aumentou em mais de 100% no ano do
acidente, passando de 5,1 sentenças por empresa em 2014 para 11,6 sentenças em 2015. Em
2013, o número médio de frases voltadas para este assunto era de apenas 4 por empresa. De
todas as empresas da amostra, vinte e quatro não apresentaram outras informações acerca da
auditoria ambiental.
59
4.2.3 Sistema de gerenciamento ambiental
Nesta categoria, foram reunidas sentenças que versavam acerca dos sistemas de gestão
ambiental das empresas. Como observado na Tabela 14, a média de sentenças por empresa
aumentou constantemente com o passar dos anos. No mínimo, 77% das empresas da amostra
divulgaram este tipo de informação.
Tabela 14 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Sistema de gerenciamento ambiental” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Sistema de gerenciamento ambiental
22 27,4 24 29,8 20 32,7
Fonte: Elaboração própria
Em 2013, vinte e duas empresas divulgaram cerca de 27 frases com informações
acerca do seu SGA. No ano seguinte, o número de empresas subiu para 24, aumentando
também o número médio de sentenças escritas sobre o assunto. Para 2015, a quantidade de
empresas que divulgaram estas informações diminuiu para vinte, alcançando uma média de 33
sentenças por cada empresa.
4.2.3.1 ISO 14.001
Do total de companhias, em média 18 divulgaram informações acerca da ISO 14.001 –
Sistema de Gestão Ambiental em seus relatórios. A média de sentenças foi diminuindo com o
passar dos anos. No primeiro ano estudado, a média era de 14,1 frases voltadas para a ISO.
No ano seguinte, esta média foi rebaixada para 13,5. E, no ano do acidente ambiental de
Mariana, a média não passou das 12 sentenças.
4.2.3.2 Outros sistemas de gestão ambiental
Nesta subcategoria, das 36 empresas analisadas, no ano de 2013, 20 mostraram
informações acerca de outros sistemas de gestão ambiental, com uma média de 12,3 sentenças
por empresa. No ano posterior, essa média havia aumentado para 15,3 frases por companhia.
A quantidade de empresas que divulgou estas informações foram vinte e duas. Em 2015, o
número de companhias divulgadoras diminuiu para 20, mas a média de sentenças subiu
60
também para vinte, mostrando que as empresas que apresentaram estas informações,
aumentaram o seu nível de divulgação no ano do acidente.
4.2.4 Impactos ambientais
Esta é a categoria que possui maior representatividade no estudo, pois reúne os temas
referentes aos impactos ambientais, sejam eles positivos ou negativos, provocados ou
verificados pelas instituições analisadas. Isto inclui a temática da emissão de gases poluentes,
reciclagem, poluição, conservação e/ou proteção ambiental, contaminação ambiental e outros
tópicos que serão elencados a seguir. A Tabela 15 apresenta a média de sentenças por
empresa para esta categoria.
Tabela 15 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Impactos ambientais” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Impactos ambientais 32 389,9 32 386,7 31 431,4
Fonte: Elaboração própria
Nota-se que das 36 empresas, em 2013, apenas 4 não se preocuparam em divulgar
informações acerca dos seus impactos, observados ou praticados, na natureza. E, para cada
empresa, a média permeou 390 sentenças escritas sobre tais assuntos. Em 2014, o número de
companhias que publicaram essas informações permaneceu o mesmo, no entanto, a média das
frases redigidas reduziu para 386,7 por empresa. No ano seguinte, a média aumentou 12%,
alcançando mais de 430 sentenças por empresa. Entretanto, o número de empresas que não se
preocupou a propagar alguma mensagem sobre os impactos ambientais aumentou para cinco.
A seguir, serão elencadas as subcategorias abrangidas por este tópico de “Impactos
ambientais”. De maneira geral, essas informações estavam mais concentradas nos Relatórios
de Sustentabilidade, apenas dois dos nove subitens foram mais representativos nos Relatórios
Anuais.
4.2.4.1 Resíduos não minerais e resíduos minerais e/ou rejeitos
De todos as subcategorias, esta foi a mais expressiva, tanto em quantidade de
empresas que divulgaram essas informações quanto em número de sentenças redigidas sobre
o assunto. Este fato dá-se, principalmente, pelo fato de a atividade que as mineradoras
61
exercem gerar, ao fim, resíduos não minerais e resíduos minerais e/ou rejeitos que podem, ou
não, ser descartados no meio ambiente.
As sentenças que falavam sobre este tópico tiveram uma maior representatividade nos
Relatórios de Sustentabilidade das empresas, alcançando, este relatório, uma média de 62% de
todas as informações divulgadas sobre o tema. No Relatório Anual, essa porcentagem
alcançou os 32% e, no Integrado, 6%.
No que diz respeito à quantidade de empresas que divulgaram sentenças sobre
resíduos/rejeitos, nos dois primeiros anos estudados, 2013 e 2014, a quantidade foi de 29
empresas, de um total de 36 analisadas. Em 2015, este valor aumentou para 30.
A média de sentenças também alcançou aumentos sucessivos. Em 2013, a média era
de 111 sentenças por empresa. No ano seguinte, essa média subiu para 128 sentenças. No ano
do acidente, 10 sentenças a mais foram apresentadas por cada empresa, chegando a 138
sentenças por companhia.
4.2.4.2 Poluição
A atividade de mineração gera diversos tipos de poluição, como a poluição dos
recursos hídricos, em decorrência da utilização de produtos químicos na extração de minérios,
a poluição de rios, pelo descarte indevido dos resíduos produzidos e não aproveitados para
comercialização, a poluição do ar, que será tratada no próximo tópico, dentre outros tipos de
poluição.
Pelo menos vinte das 36 empresas analisadas, divulgaram informações acerca da
poluição causada por suas atividades. A média de sentenças por empresa só aumentou com o
passar dos anos, tornando-se mais expressiva em 2015, com 25 sentenças por companhia
despendidas sobre o assunto. Nos anos de 2013 e 2014, essa média foi de 17 sentenças.
4.2.4.3 Emissão de gases poluentes
Esta foi a segunda subcategoria mais relevante na categoria de “Impactos ambientais”.
Ela abarca as informações trazidas pelas empresas acerca da poluição atmosférica gerada por
elas, além de outras informações que se incluam nesta temática.
62
Sobre este tema, a representatividade maior das sentenças foi nos Relatórios de
Sustentabilidade, com cerca de 68% de todas as informações coletadas. O Relatório Anual foi
o segundo mais representativo com 25% das frases redigidas. No Relatório Integrado,
apareceram 7% das sentenças.
No primeiro ano, mais de 80% das empresas divulgaram cerca de 90 sentenças sobre o
assunto. Em 2014, o percentual de empresas que divulgaram informações sobre emissão de
gases poluentes caiu para 78%, no entanto, o número de sentenças redigidas sobre o tema
aumentou para 93 por companhia. Para 2015, o valor médio de sentenças cresceu 24%,
passando para 115 sentenças por empresa, entretanto, a quantidade de empresas que
disponibilizaram informações acerca deste tópico diminuiu para 70% das empresas em
análise.
4.2.4.4 Reciclagem
Mais da metade das empresas mostraram desenvolver algum tipo de atividade voltada
para a reciclagem, seja ela de água, de resíduos minerais e/ou não minerais ou de outros itens.
A maioria das informações sobre este tópico estavam concentradas no Relatório de
Sustentabilidade (72%).
Em 2013, 69% das companhias estudadas divulgaram cerca de 27 expressões sobre o
tópico. Em 2014, esta média não foi alterada, no entanto, o percentual de empresas
divulgadoras subiu para 72%. No último ano estudado, o percentual de mineradoras que
divulgaram informações sobre reciclagem diminuiu para 69% das empresas, mas a média de
sentenças escritas por essas empresas deu um salto para 34.
4.2.4.5 Conservação e/ou proteção ambiental
As empresas distribuíram as informações sobre os seus esforços para conservação e/ou
proteção do meio ambiente em 59% para o Relatório de Sustentabilidade, 37% para o
Relatório Anual e 4% para o Relatório Integrado.
Das trinta e seis empresas analisadas, 26 divulgaram uma média de 35 sentenças em
2013. No ano seguinte, 27 das 36 companhias divulgaram cerca de 31 sentenças cada uma
delas. Em 2015, o número de companhias se manteve, aumentando somente o número médio
de sentenças por empresa (34).
63
4.2.4.6 Contaminação ambiental
Esta subcategoria foi abordada por menos da metade das empresas analisadas. Em
2013, apenas 14 empresas divulgaram informações sobre qualquer tipo de contaminação
ambiental. Em 2014, apenas 15 empresas e, em 2015, apenas 16.
Apesar do número de empresas ter aumentado ano a ano, o mesmo não aconteceu com
a média de sentenças redigidas sobre o assunto. Em 2013, essa média era de 14 sentenças por
empresa. No ano posterior, essa média caiu para 11. Em 2015, a média não passou de 10
sentenças por empresa.
4.2.4.7 Acidentes e/ou incidentes ambientais
Seguindo a mesma tendência do item anterior, o tópico sobre acidentes e/ou incidentes
ambientais foi abordado pelas empresas de forma decrescente ao longo dos anos. Em 2013,
menos de 50% das empresas divulgaram cerca de 34 frases sobre este impacto ambiental. No
ano de 2014, pouco mais de 50% das empresas divulgaram 33 sentenças. Em 2015, o número
de empresas que divulgaram tais informações manteve-se constante (19), diminuindo-se
apenas o número médio de sentenças para 27 por empresa.
No que diz respeito à localização dessas informações, elas concentraram-se mais nos
Relatórios de Sustentabilidade, que abarcou cerca de 63,6% do total de informações. No
Relatório Anual, foram encontradas 29,7% dessas informações, enquanto que no Relatório
Integrado, 6,7%.
4.2.4.8 Recuperação e/ou restauração ambiental
Nesta subcategoria, as companhias apresentaram informações acerca de seus esforços
para recuperação e/ou restauração da biodiversidade. Diferente dos tópicos anteriores, as
informações sobre este tema estavam representadas mais fortemente no Relatório Anual
(72%), seguido pelo Relatório de Sustentabilidade (24%) e pelo Relatório Integrado (4%).
Apesar do número de empresas que divulgaram estas informações ter diminuído de
2013/2014 para 2015, o número de sentenças sofreu constantes aumentos. Nos dois primeiros
anos, 22 empresas divulgaram essas informações com uma média de 18 sentenças por
empresa. Já em 2015, apenas 17 empresas divulgaram sentenças acerca deste assunto, no
entanto, a média dessas sentenças subiu para 25 por empresa.
64
4.2.4.9 Outros impactos ambientais
Dentro deste item, foram elencados temas não tratados nos itens anteriores, como
incêndios e inundações. Sobre a distribuição desses assuntos entre relatórios estudados, este
foi o tópico que mais encontrou espaço no Relatório Integrado, apesar de só constar 21% das
informações encontradas. O Relatório Anual abarcou 50% de todas as sentenças, enquanto o
Relatório Ambiental apenas 29%.
Uma média de 21 companhias conseguiram abordar outros assuntos que não
englobavam os elencados nos itens anteriores. Por ano, a média de sentenças apresentadas
sobre este assunto sofreu constantes decréscimos. No primeiro ano, a média estava em 43
sentenças por empresa. Já no ano seguinte, a média caiu drasticamente, alcançando o patamar
de 27 sentenças por empresa. No ano seguinte, essa média continuou caindo, chegando a 23,5
sentenças por empresa.
4.2.5 Desenvolvimento sustentável
Para esta categoria, que aborda as informações acerca das práticas sustentáveis
adotadas pelas companhias, pelo menos dez empresas não divulgaram nenhuma informação.
O comportamento dos dados, com o passar dos anos, foi de flutuação. No primeiro ano
estudado, vinte e quatro das trinta e seis empresas divulgaram cerca de trinta e cinco
sentenças que abarcavam este assunto. No ano seguinte, esta média aumentou para 47
sentenças por empresa, tendo sido divulgadas por um total de 25 companhias. Em 2015, no
entanto, estes dois valores caíram. Apenas 23 empresas divulgaram suas informações sobre as
práticas de desenvolvimento sustentável, em uma média de 39 sentenças por empresa.
Estes dados foram encontrados nos três tipos de relatórios estudados. O que mais se
sobressaiu foi o Relatório Ambiental, que englobou 62% das sentenças observadas, seguido
pelo Relatório Anual, que abrangeu cerca de 32% das sentenças e, por fim, veio o Relatório
Integrado, com 6% do total de informações.
4.2.6 Energia e água
A categoria de “Energia e água” concentrou as informações referentes à utilização
eficiente da energia e da água no processo industrial, ao uso de energias sustentáveis, limpas
e/ou renováveis, à economia desses bens através da reciclagem ou outros meios plausíveis e
aos esforços para a redução do seu consumo.
65
Com base nos dados, constatou-se que a maioria das informações acerca das questões
energéticas e de água estão nos Relatórios de Sustentabilidade (64%). No Relatório anual,
estão concentradas 33% das informações coletadas e, em seguida, o Relatório Integrado
aparece com 3% das informações. Estão inseridas, na Tabela 16, o número médio de
sentenças por empresa, considerando a soma de todas as informações constantes nos três tipos
de relatórios.
Tabela 16 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Energia e água” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Energia e água 25 68,8 26 74,9 25 74,8
Fonte: Elaboração própria
Nota-se que, quanto ao número de empresas que divulgaram estas informações, houve
uma pequena flutuação, aumentando a quantidade de companhias de 2013 para 2014 e
diminuindo esta de 2014 para 2015. Quanto à média de sentenças elaboradas acerca deste
tópico, houve um aumento do primeiro para o segundo ano estudado, mantendo-se constante,
porém, este valor no terceiro ano.
4.2.6.1 Uso eficiente de energia no processo industrial
Foram consideradas, para este subitem, o relato de medidas e ações que culminasse no
uso eficiente de energia. Estes relatos estavam mais concentrados no Relatório Ambiental
(66%) e no Relatório Anual (31%) das empresas.
Quanto ao número de empresas que divulgaram tais informações, houve um
decréscimo ao longo dos anos. Em 2013, foram 21 as empresas que apresentaram informações
acerca da eficiência na energia. Em 2014, apenas 20. No último ano, o número de empresas
baixou para 19.
No entanto, mesmo com a redução no número de companhias que optaram por
divulgar essas informações, o número de sentenças por empresa só aumentou ao longo dos
anos. De 17 em 2013, esse número passou para 18 em 2014 e alcançou a média de 21
sentenças por empresas em 2015.
66
4.2.6.2 Uso eficiente de água no processo industrial
Foi constatado que menos da metade das empresas divulgaram sentenças abordando
este tópico. Em 2013 e 2015, apenas 28% das empresas falaram sobre este assunto, enquanto
que em 2014, 33% explanaram o tema. Quanto à média de abordagens feitas sobre o item,
houve um decréscimo ao longo dos anos. No primeiro ano, essa média era de 23 sentenças; no
segundo, passou para 21; e, no terceiro ano, para 16 sentenças por empresa.
Quanto à distribuição de informações entre os relatórios, o Ambiental continha cerca
de 55% das sentenças e o Relatório Anual, 44%. O restante estava no Relatório Integrado
(1%).
4.2.6.3 Uso de energia sustentável, limpa e/ou renovável
Neste tópico, foram consideradas todas as sentenças que versavam sobre a utilização
dos mais diversos tipos de energia sustentáveis, limpas e/ou renováveis. Em 2013 e 2014,
apenas metade das mineradoras analisadas (18) afirmaram utilizar algum desses tipos de
energia. Em 2015, 19 empresas relataram a utilização de energias saudáveis para o meio
ambiente.
O número de sentenças escritas sobre o tema não passou de doze por empresa, em
2013, de 14,4 em 2014 e de dezesseis em 2015. O Relatório de sustentabilidade abarcou 55%
dessas declarações, enquanto que, no Relatório Anual, contavam 43% do total de
informações.
4.2.6.4 Economia de água através da reciclagem ou outros meios
Em média, 20 empresas divulgaram informações acerca de procedimentos para a
economia de água no desempenho de suas atividades. Muitas dessas companhias, por
exemplo, alegaram fazer a reciclagem ou o reuso de água em seus processos industriais, fato
este que reduzia consideravelmente a quantidade de água nova utilizada pela empresa. Essas
informações, em sua maioria, eram divulgadas nos Relatórios de Sustentabilidade das
empresas (72%).
No que diz respeito ao número de sentenças que dissertavam sobre este assunto,
aumentos sucessivos foram percebidos com o passar dos anos. No primeiro ano, a média era
de 9,3 sentenças por empresa. No ano seguinte, 10,7 sentenças por empresa. Já em 2015, esse
valor foi para 11,2 sentenças por companhia.
67
4.2.6.5 Esforço para a redução do consumo de energia e água
Algumas empresas divulgaram seus esforços para reduzir o consumo de energia e água
no seu desempenho operacional. Em 2013, doze empresas divulgaram 8,1 sentenças que
tinham esse conteúdo. Em 2014, 15 das 36 empresas se preocuparam em repassar para o leitor
uma média de 10,5 sentenças contendo essas informações. No ano seguinte, o número de
empresas que apresentaram as sentenças acerca deste item permaneceu o mesmo, entretanto, a
média de sentenças subiu para 11 por empresa.
Cerca de 83% das publicações deste tópico estavam dentro do Relatório de
Sustentabilidade, 12% no Relatório Anual e 5% no Relatório Integrado das companhias.
4.2.7 Informações financeiras ambientais
Como já dito anteriormente, a análise das informações quantitativas, nos relatórios das
mineradoras, se deu pelo fato de que informações qualitativas, por si só, não oferecerem ao
leitor a completude dos impactos ambientais, positivos ou negativos, gerados pela instituição.
Dito isto, esta categoria trará as informações financeiras divulgadas pelas empresas acerca dos
seus impactos ou comprometimentos ambientais, dentre outros fatores financeiros aplicáveis à
pesquisa.
A Tabela 17 apresenta o número de empresas que divulgaram informações financeiras
ambientais em seus relatórios e a média dessa divulgação por empresa.
Tabela 17 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Informações financeiras ambientais” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Informações financeiras ambientais
28 43,2 29 42,7 30 57,4
Fonte: Elaboração própria
Em 2013, 78% das 36 empresas estudadas divulgaram algum tipo de informação
financeira voltada para a temática ambiental. Em 2014, cerca de 81% e, em 2015, 83%. O
número de sentenças, por empresa, designadas para este assunto sofreu um aumento
considerável de 2013/2014 para 2015.
As informações encontradas nos relatórios das mineradoras estavam distribuídas entre:
despesas e investimentos ambientais; passivos ambientais, multas, impostos e taxas
68
ambientais; contingências e comprometimentos ambientais; seguro ambiental; e, litígios
relacionados a ações ambientais.
Esta categoria teve sua maior representatividade no Relatório Anual, no qual estavam
cerca de 84% das informações. Os outros 16% estavam distribuídos entre o Relatório de
Sustentabilidade (13%) e o Relatório Integrado (3%). Os subitens que tiveram maior
relevância serão explorados a seguir.
4.2.7.1 Despesas e investimentos ambientais
Nesta subcategoria, foram reunidas informações acerca de gastos operacionais com o
meio ambiente, gastos esses distribuídos entre despesas e/ou investimentos. Tais informações
foram encontradas, em maior escala, nos Relatórios Anais (81%), seguido do relatório
ambiental (16%) e do Relatório Integrado (3%).
Com o passar dos anos, o número de empresas que apresentou estas informações e a
média de informações apresentadas foi aumentando. Em 2013, dezoito empresas divulgaram 7
relatos sobre as despesas e os investimentos ambientais. No ano seguinte, dezenove empresas
divulgaram uma média de 9 informações sobre este assunto em seus relatórios. Já em 2015,
vinte das 36 empresas divulgaram aproximadamente uma média de 10 relatos por empresa.
4.2.7.2 Passivos ambientais
Nesta rubrica, foram considerados os passivos ambientais declarados pelas
companhias em seus relatórios. De maneira geral, o Relatório Anual foi o que mais
apresentou informações sobre este tópico (81%).
Da mesma forma que no item anterior, a média de relatos acerca deste assunto, por
empresa, foi aumentando sucessivamente. No entanto, o que se notou é que menos da metade
das empresas se preocuparam em divulgar tais informações.
Em 2013, doze das 36 empresas divulgaram cerca de 16 relatos acerca dos seus
passivos ambientais. No ano de 2014, o número de empresas subiu para 13, e o de relatos
encontrados, para aproximadamente 18. Em 2015, o número de empresas se manteve o
mesmo de 2014, aumentando apenas o número de informações encontradas de 18 para 19.
69
4.2.7.3 Contingências e comprometimentos ambientais
Neste subitem, foram incluídas as contingências e os comprometimentos ambientais
assumidos pelas mineradoras. Aproximadamente 90% dessas informações constavam no
relatório ambiental específico.
Das 36 empresas analisadas, menos da metade declarou estas informações. Em 2013,
apenas 15 empresas declararam uma média 10 informações sobre este tópico em seus
relatórios. No ano seguinte a este, 16 das 36 empresas apresentaram 7 relatos acerca das
contingências e comprometimentos ambientais. No ano posterior, o número de empresas que
divulgaram informações voltou a quinze e a média dessas divulgações não passou de 8 por
empresa.
4.2.8 Conformidade com as regulamentações ambientais
Este tópico abrange todas as declarações das empresas acerca da adoção das normas,
legislações, regulamentos e/ou exigências ambientais. A distribuição dessas informações ficou
da seguinte forma: 55% nos Relatórios Anuais; 37% nos Relatórios de Sustentabilidade; e,
8% nos Relatórios Integrados.
Do ano de 2014 para 2015, houve uma diminuição no número de empresas que
divulgaram informações acerca de sua conformidade com as regulamentações ambientais; no
entanto, a média de sentenças por empresa sofreu um aumento de um ano para o outro. Em
2014, 26 empresas divulgaram aproximadamente 12 relatos. Já em 2015, 23 das 36 empresas
apresentaram 17 informações que compreendiam esta temática. Em 2013, o número de
empresas que apresentou algum tipo de informação foi o mesmo de 2014, tendo sido maior
apenas a quantidade de sentenças por empresa (13).
4.2.9 Outras informações ambientais
Nesta categoria, foram consideradas as sentenças que tratavam sobre educação
ambiental, incentivo e apoio das companhias às pesquisas ambientais e sobre as sentenças que
discorriam sobre os comitês ambientais das empresas. A Tabela 18 traz o número médio de
sentenças por empresa para esta categoria.
70
Tabela 18 – Número médio de sentenças por empresa na categoria “Outras informações ambientais” para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Outras informações ambientais
16 25,2 20 28,1 19 36,8
Fonte: Elaboração própria
As informações estavam divididas quase igualmente entre os Relatórios de
Sustentabilidade (47%) e os Relatórios Anuais (44%). Na medida em que os números médios
de relatos aumentavam com o passar dos anos, o número de empresas que relatavam tais
informações oscilava. Em 2013, dezesseis das trinta e seis empresas analisadas apresentaram
uma média de 25,2 sentenças sobre o assunto. Vinte empresas, em 2014, evidenciaram cerca
de 28,1 informações sobre este tópico em seus relatórios. Em 2015, dezenove empresas
divulgaram cerca de 37 sentenças com outras informações ambientais que não as citadas nos
outros tópicos.
4.2.9.1 Educação ambiental – dentro e fora da organização
Poucas empresas relataram ter programas de educação ambiental dentro da
organização. De acordo com os dados, em 2013, apenas quatro empresas divulgaram 3,3
sentenças sobre este assunto. Em 2014, o número de empresas e a média do número de
sentenças escritas sobre este tema subiram para 7 e 4,4, respectivamente. No ano seguinte,
ambos os valores caíram. Apenas seis empresas divulgaram uma média de 4,2 informações
sobre educação ambiental. A maioria dessas informações estavam no relatório ambiental das
empresas (66%). O Relatório Anual foi responsável por cerca de 30% das informações.
4.2.9.2 Incentivo e apoio às pesquisas ambientais
Neste tópico, apenas quatro empresas divulgaram as sentenças que demonstravam o
incentivo e/ou apoio das empresas às pesquisas ambientais. A média dessas sentenças por
empresa teve um comportamento inconstante ao longo dos anos. Em 2013, ela era de 6 por
empresa, passando para 4 em 2014, e para 10 em 2015. Diferente do item anterior, a maioria
dessas informações encontravam-se nos Relatórios Anuais das empresas (56%). No relatório
ambiental constavam cerca de 39% dos relatos.
71
4.2.9.3 Comitês ambientais
A subcategoria “Comitês ambientais” foi a que teve maior representatividade dentro
desta categoria. As informações coletadas estavam distribuídas de forma equilibrada entre o
Relatório de Sustentabilidade (46%) e o Relatório Anual (43%). Os outros 11% das
informações estavam elencadas no Relatório Integrado.
Em 2013, das 36 empresas analisadas, apenas 13 relataram, em 16 sentenças, suas
informações acerca dos comitês ambientais da empresa. No ano seguinte, tanto a
representatividade das empresas, quanto o número médio de sentenças aumentaram. Em 2014,
quinze empresas apresentaram, em média, 19 sentenças abordando este assunto. Em 2015,
esse número de empresas caiu para 14, no entanto, a média de sentenças redigidas aumentou
para 23 por empresa.
4.2.10 Principais constatações
Para as 36 mineradoras estudadas nessa seção, de forma geral, foi percebido um
aumento de 7% no número de sentenças escritas sobre a temática ambiental do ano de 2014
ao ano de 2015. As categorias que mostraram um aumento mais significativo neste número
foram “Impactos ambientais”, com um aumento de 594 sentenças, “Conformidade com as
regulamentações ambientais”, com 45 sentenças a mais, e “Outras informações ambientais”,
com 38 sentenças a mais de um ano para o outro. As categorias que mostraram uma redução
significativa no número total de sentenças foi a de “Desenvolvimento sustentável”, com uma
redução de 57 sentenças de 2014 até 2015.
O aumento na média do número de sentenças por empresa também foi percebido em
maior escala na categoria de “Impactos ambientais”, com acréscimo de 44,8 sentenças na
média de 2014 para 2015. Somente dois itens apresentaram reduções na média. O mais
significativo foi o tópico de “Desenvolvimento sustentável”, com, em média, 8 sentenças a
menos do que no ano anterior.
4.3 Divulgação Ambiental das Empresas por tipo de Relatório
Os Relatórios Anuais são uma das principais fontes de informações anuais da
companhia para seus acionistas e demais públicos estratégicos. São compostos pelas
72
Demonstrações Contábeis, pelo Relatório da Administração, pelo Relatório dos Auditores
Independentes e por outras informações que as empresas considerem necessárias divulgar. No
Brasil, esses relatórios são majoritariamente financeiros, não dando, muitas vezes, espaço para
outras informações a não ser àquelas previstas na legislação. Fora do Brasil, no entanto, as
empresas utilizam este relatório também como forma de divulgar suas informações
socioambientais.
Os Relatórios de Sustentabilidade são aqueles que apresentam, de forma mais
abrangente, as diretrizes, princípios e indicadores do desempenho social, ambiental e
econômico das organizações. A maioria das empresas usam a estrutura da Global Reporting
Initiative (GRI) para a elaboração deste relatório.
Estes relatórios, conforme explicado no capítulo 3, foram analisados com base na
contagem do número de sentenças voltadas para a questão ambiental. A Tabela 19 apresenta o
somatório de sentenças das 36 empresas de mineração analisadas, por categoria e por tipo de
relatório.
Tabela 19 – Total de sentenças, por categoria e por tipo de relatório, das empresas não envolvidas no acidente ambiental
Tipo de Relatório Anual Sustentabilidade Integrado Total
Categorias 2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015 Políticas ambientais 136 151 126 211 228 232 7 5 20 354 384 378 Auditoria ambiental 15 10 12 32 40 41 1 1 7 48 51 60 Sistema de gerenciamento ambiental
161 139 160 194 277 274 8 8 17 363 424 451
Impactos ambientais 2062 2049 2229 3705 3982 4167 337 369 598 6104 6400 6994 Desenvolvimento sustentável
183 205 225 390 430 355 31 39 37 604 674 617
Energia e Água 303 277 299 495 635 587 18 22 33 816 934 919 Informações financeiras ambientais
271 285 292 36 48 44 8 10 14 315 343 350
Conformidade com as regulamentações ambientais
127 106 115 67 75 93 14 12 30 208 193 238
Outras informações ambientais
65 105 107 57 115 140 17 15 26 139 235 273
TOTAL 3323 3327 3565 5187 5830 5933 441 481 782 8951 9638 10280
Fonte: Elaboração própria
Como pode-se notar na Tabela 19, de todas as informações prestadas em 2015
(10.280), 57,71% estavam no Relatório de Sustentabilidade (5.933), 34,68% estavam no
Relatório Anual (3.565) e 7,61% estavam no Relatório Integrado (782). Uma distribuição
73
parecida ocorreu nos anos anteriores. Em 2013, cerca de 57,95% das sentenças encontravam-
se no Relatório de Sustentabilidade, 37,12 % estavam no Relatório Anual e apenas 4,93%
estavam no Relatório Integrado. Em 2014, 60,49% das informações estavam no Relatório de
Sustentabilidade, 34,52% estavam no Relatório Anual e 4,99% no Relatório Integrado. Este
fato demonstra a preferência das empresas em demonstrar suas informações ambientais em
relatório específico. Apenas duas categorias não seguem esta tendência, que são as que
apresentam as informações financeiras de cunho ambiental e as informações de conformidade
com as regulamentações ambientais.
Pode-se observar também, na Tabela 19, que as informações divulgadas em cada
relatório, no decorrer dos anos, sofreram aumentos crescentes, exceto no Relatório de
Sustentabilidade. Neste relatório, do primeiro para o segundo ano, observou-se um aumento
de 12,4% no número de informações apresentadas sobre questões ambientais. No entanto, de
2014 para 2015, esse aumento só foi de 1,77%.
Para os outros dois relatórios o comportamento foi diferente. No Relatório Anual, o
aumento percebido no número de sentenças de ano de 2013 para o ano de 2014 foi de apenas
0,12%. De 2014 para 2015, no entanto, esse aumento foi de 7,15%. O Relatório Integrado foi
o que apresentou o aumento mais significativo de informações de 2014 para 2015 (62,58%).
De 2013 para 2014, este aumento tinha sido de apenas 9,07%.
Analisando outro aspecto, na Tabela 19, nota-se que o acréscimo de 687 sentenças, do
ano de 2013 para o ano de 2014, deve-se principalmente ao aumento no número de sentenças
do Relatório de Sustentabilidade, o qual foi responsável por 94% dessa adição no momento
em que acresceu 643 sentenças a este relatório de 2013 para 2014.
De 2014 para 2015, no entanto, o aumento de 642 frases foi melhor distribuído entre
os relatórios. O Relatório Anual, por exemplo, foi responsável por um acréscimo de 238
sentenças neste ano, 37% do total. O Relatório de Sustentabilidade acresceu apenas 103
informações (16%). O Relatório Integrado, por sua vez, foi o mais representativo, mostrando
um aumento real de 301 sentenças, sendo este valor 47% do total.
Analisando as categorias por tipo de relatório, nota-se que, em todos os três tipos, a
categoria que demonstrou maior representatividade em relação ao número total de
informações ambientais no ano foi a de “Impactos ambientais”. Nos Relatórios Anuais, essa
representatividade é seguida pelos tópicos “Energia e água” e “Informações financeiras
74
ambientais”. No Relatório de Sustentabilidade, pelos tópicos “Energia e água” e
“Desenvolvimento Sustentável”. E, no Relatório integrado, pelas categorias
“Desenvolvimento Sustentável” e “Energia e água”.
4.3.1 Divulgação ambiental no Relatório Anual
As divulgações ambientais nos Relatórios Anuais não são tão comuns como em
relatórios ambientais específicos. Para as empresas estudadas, o percentual dessa divulgação
que estava incluído nos Relatórios Anuais estava entre 34,5% e 37,5%. A Tabela 20 traz a
média dessas informações ambientais publicadas nos Relatórios Anuais pelo número de
empresa que efetuaram essa divulgação.
Tabela 20 – Número médio de sentenças por empresa, no Relatório Anual, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa no Relatório Anual
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Políticas ambientais 25 9,8 24 11,1 22 11,4
Auditoria ambiental 9 1,7 4 2,5 5 2,4
Sistema de gerenciamento ambiental
22 10,1 21 9,7 20 10,9
Impactos ambientais 32 85,4 32 83,8 31 97,9
Desenvolvimento sustentável 23 8,0 25 8,2 23 9,8
Energia e Água 25 28,2 26 25,7 22 26,4
Informações financeiras ambientais
28 27,3 29 24,7 30 37,0
Conformidade com as regulamentações ambientais
26 4,9 26 4,1 23 5,0
Outras informações ambientais 15 9,9 19 9,6 16 12,3
TOTAL 33 185,3 33 179,3 32 213,2
Fonte: Elaboração própria
Como pode-se notar, na categoria “Políticas Ambientais”, a média de divulgação por
empresa sofreu aumentos crescentes ao longo dos anos, no entanto, o número de empresas
que divulgou essas informações reduziu de 24 para 22 empresas, de 2014 para 2015.
A categoria de “Auditoria ambiental” foi a que teve menos divulgações dentre todas as
categorias elencadas na Tabela 20 e a única que reduziu a sua média de sentenças por empresa
de 2014 para 2015. Além disso, das 36 empresas de mineração em análise, apenas 14%
divulgaram essas informações em 2015. No ano anterior, este percentual foi de 11%.
75
Acerca dos sistemas de gestão ambiental das empresas, foram localizadas uma média
de 10,9 sentenças por empresa em 2015. Esta média superou a média dos anos de 2013 e
2014, que divulgaram 10,1 e 9,7 sentenças, respectivamente.
Os impactos ambientais foram amplamente discutidos nos Relatórios Anuais dos três
anos. Em 2015, a média de 97,9 sentenças por empresa foi maior que a média dos dois anos
anteriores. Entretanto, neste ano, foi percebida uma leve redução no quantitativo de empresas
que disponibilizou essas informações. Mesmo assim, o percentual de companhias que
escreveram sentenças sobre os seus impactos ambientais superou os 86%. Nos anos
anteriores, esse percentual foi de 89%.
Sobre o tema “Desenvolvimento sustentável”, também foi constatado um aumento na
média de divulgações por empresa no ano do acidente. Essa média passou de
aproximadamente oito, em 2013 e 2014, para aproximadamente dez em 2015. No entanto, o
número de empresas que divulgou essas informações caiu de 25 para 23, de 2014 para 2015.
No tópico de “Energia e água”, também houve uma diminuição, de 2014 para 2015, no
número de empresas que apresentaram alguma informação sobre este assunto, como pode-se
perceber na Tabela 20. Porém, o número médio de sentenças que foram divulgadas por
empresa aumentou de um ano para o outro.
A categoria que reuniu as “Informações financeiras ambientais” foi a segunda mais
representativa no ano de 2015, ficando atrás apenas da categoria de “Impactos ambientais”.
Neste ano, apenas 6 empresas não trouxeram informações financeiras ambientais claras em
seus Relatórios Anuais. A média de divulgação por empresa deu um salto do ano de 2014 para
o ano do acidente ambiental, saindo de 24,7 frases por empresa para uma média de 37 frases
por empresa.
No que diz respeito às informações acerca da conformidade das empresas com as
regulamentações ambientais, foi percebido um aumento, do ano de 2014 para o ano de 2015,
no número médio de sentenças escritas sobre o assunto por empresa.
Por fim, para a categoria “Outras informações ambientais”, também foi percebido um
aumento na média de sentenças divulgadas por empresa de 2014 para 2015. No entanto,
notou-se uma redução no número de empresas que apresentaram essas informações.
76
4.3.2 Divulgação ambiental no Relatório de Sustentabilidade
O Relatório de Sustentabilidade, apresentado pelo GRI, se propõe a evidenciar os
impactos ambientais, sociais e econômicos das organizações de forma mais abrangente do que
no Relatório Anual. Nas mineradoras estudadas, notou-se a relevância deste relatório na
divulgação de suas informações ambientais. O percentual dessa divulgação nos Relatórios de
Sustentabilidade ficou entre 57,5% e 60,5% nos três anos estudados. A Tabela 21 mostra a
média dessas informações ambientais pelo número de mineradoras que realizaram essa
divulgação.
Tabela 21 – Número médio de sentenças por empresa, no Relatório de Sustentabilidade, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa no Relatório Anual
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Políticas ambientais 22 14,8 24 14,6 21 17,0
Auditoria ambiental 12 3,3 14 3,7 12 4,3
Sistema de gerenciamento ambiental
22 10,3 24 13,1 20 14,1
Impactos ambientais 26 155,8 26 160,9 25 173,7
Desenvolvimento sustentável 24 16,3 22 19,5 21 16,9
Energia e Água 25 31,7 25 37,7 25 36,2
Informações financeiras ambientais
8 8,9 11 9,0 11 9,7
Conformidade com as regulamentações ambientais
20 3,4 21 3,6 21 4,4
Outras informações ambientais 16 6,3 20 10,0 19 14,4
TOTAL 26 250,6 26 272,2 25 290,8
Fonte: Elaboração própria
No que diz respeito às políticas ambientais, verificou-se um aumento na média de
sentenças divulgadas por empresa de 2014 para 2015, mas uma redução no número de
empresas que divulgaram essas informações. O mesmo caso aconteceu com as informações
sobre “Auditoria ambiental” e sobre “Sistema de gerenciamento ambiental”, onde percebeu-se
uma redução no número de companhias que se preocuparam em divulgar tais informações e
um aumento crescente, ao longo dos anos, no número médio de sentenças divulgadas por
empresa.
“Impactos ambientais” foi a seção mais discutida dentro dos relatórios ambientais,
assim como nos outros relatórios. Seguindo a tendência das outras seções, foram percebidos
aumentos constantes no número médio de sentenças, por empresa, redigidas sobre este
77
assunto. No entanto, do biênio 2013/2014 para o ano de 2015, o número de empresas que se
disponibilizaram a divulgar tais informações caiu de 26 para 25 empresas. Desta forma, em
2015, 11 das 36 empresas não divulgaram qualquer tipo de informações, no Relatório de
Sustentabilidade, sobre os impactos ambientais provocados ou verificados por elas.
As categorias “Desenvolvimento sustentável” e “Energia e Água” foram as únicas que
não apresentaram um crescimento no número médio de sentenças do ano de 2014 para o ano
de 2015. Esse aumento só foi visto do ano de 2013 para o ano de 2014. Quanto ao número de
empresas que divulgaram essas informações, as duas categorias mostraram um
comportamento diferente. Para o tópico “Desenvolvimento sustentável”, a quantidade de
empresas que apresentaram práticas de desenvolvimento sustentável em seu Relatório de
Sustentabilidade foi diminuindo ao longo dos anos. Já na categoria de “Energia e água”, esse
número permaneceu constante ao longo dos anos.
As informações financeiras ambientais não foram vistas como relevantes, para a
maioria das 36 empresas estudadas, dentro do relatório ambiental específico. Em 2014 e 2015,
apenas 11 das mineradoras em análise divulgaram informações financeiras voltadas para a
temática ambiental no seu Relatório de Sustentabilidade. A média de sentenças divulgadas por
empresa, no entanto, só fez aumentar com o passar dos anos, passando de 9 em 2014 para 9,7
em 2015.
No que diz respeito às categorias “Conformidade com as regulamentações ambientais”
e “Outras informações ambientais”, também foram percebidos aumentos crescentes na média
de sentenças redigidas sobre a temática de cada categoria. Para a primeira categoria, o
aumento percebido foi de 24% de 2014 para 2015. Já na segunda, o aumento foi de 44% de
um ano para o outro.
4.3.3 Divulgação ambiental no Relatório Integrado
O número de Relatórios Integrados estudados nesta pesquisa não foi tão expressivo
como no caso dos outros tipos de relatório, pelo fato de ser um modelo relativamente novo de
apresentação conjunta de informações financeiras e não-financeiras. Portanto, o percentual de
divulgação ambiental encontrada neste relatório foi entre 5%e 8%. A Tabela 22 se propõe a
divulgar a média dessas informações ambientais que foram publicadas nos Relatórios
Integrados das organizações. A média considera o número de empresas que divulgaram tais
informações.
78
Tabela 22 – Número médio de sentenças por empresa, no Relatório Integrado, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
Categoria Média de sentenças por empresa no Relatório Anual
Nº de empresas
2013 Nº de
empresas 2014
Nº de empresas
2015
Políticas ambientais 2 3,5 2 3,5 3 8,2
Auditoria ambiental 1 1,0 1 1,0 2 7,0
Sistema de gerenciamento ambiental
3 7,0 3 7,0 3 7,7
Impactos ambientais 3 148,7 3 142,0 4 159,8
Desenvolvimento sustentável 3 10,3 2 19,5 3 12,3
Energia e Água 3 8,8 3 11,5 4 12,2
Informações financeiras ambientais
3 7,0 3 9,0 4 10,7
Conformidade com as regulamentações ambientais
3 4,7 3 4,0 4 7,5
Outras informações ambientais 2 9,0 2 8,5 3 10,0
TOTAL 3 200,0 3 206,0 4 235,3
Fonte: Elaboração própria
As categorias “Políticas ambientais” e “Auditoria ambiental” tiveram comportamentos
semelhantes ao longo dos anos. O número de empresas que disponibilizaram essas
informações em seus relatórios integrados era o mesmo em 2013 e 2014, e sofreu um aumento
em 2015. O mesmo aconteceu com a média de sentenças redigidas sobre tais assuntos. Em
2013 e 2014, as empresas apresentaram a mesma média de divulgação por empresa e em 2015
essa média aumentou em 133% para a categoria “Políticas ambientais” e em 600% para a
categoria “Auditoria ambiental”. O tópico de “Sistemas de gerencialmente ambiental”
também manteve constante a média de divulgações por empresa nos dois primeiros anos,
tendo aumentado cerca de 10% dessas divulgações no ano de 2015.
A categoria “Impactos ambientais”, assim como nos outros dois tipos de relatórios, foi
a mais discutida no Relatório Integrado das mineradoras. Todos os dez relatórios integrados
analisados receberam alguma informação acerca desses impactos percebidos e/ou provocados
pelas empresas. Outras três categorias também se encaixaram nesta constatação, são elas:
“Energia e água”, “Informações financeiras ambientais” e “Conformidade com as
regulamentações ambientais”. Para todas essas categorias, foram percebidos aumentos no
número médio de sentenças, por empresa, do ano de 2014 para o ano de 2015. Essa média, em
relação ao item de “Impactos ambientais”, aumentou cerca de 13% de um ano para o outro.
Para o item de “Energia e água”, esse aumento foi de apenas 6%. Na categoria que apurou as
79
informações financeiras ambientais, o acréscimo chegou aos 19%. E, por fim, no tópico de
“Conformidade com as regulamentações ambientais”, o aumento foi de aproximadamente
88%.
No que diz respeito às questões sobre as práticas de desenvolvimento sustentável
adotadas pelas mineradoras, do ano de 2014 para o ano de 2015, houve uma redução no
número médio de sentenças por empresa de 37%. O mesmo não aconteceu com a categoria
“Outras informações ambientais”. Nesta categoria, a média de sentenças por empresa sofreu
um aumento de 18% do ano de 2014 para o ano do acidente, 2015.
4.3.4 Principais constatações
Com base nos tópicos anteriores, nota-se que um número maior de mineradoras
divulgou suas informações ambientais nos Relatórios Anuais. Em 2013 e em 2014, 33 das 36
mineradoras divulgaram alguma informação ambiental nos seus Relatórios Anuais. Em 2015,
essa quantidade baixou para 32, sendo, de igual forma, uma quantidade significativa em
relação ao total. No Relatório de Sustentabilidade, este número não passou de 26 empresas.
No entanto, foram os Relatórios de Sustentabilidade que apresentaram a maior média de
sentenças por empresa, tendo sido elevada essa média ano a ano.
Nos Relatórios Anuais, aumentos no número médio de sentenças foram contabilizados
do segundo ano estudado até o ano em que aconteceu o acidente em Mariana. O valor médio
do total de informações ambientais disponibilizadas por empresa em 2015 superou em 19% o
valor de 2014, conforme pode ser observado na Tabela 20. Os aumentos mais sigficativos
foram nas categorias “Impactos ambientais” e “Informações financeiras ambientais”, que
apresentaram uma média de, respectivamente, 14 e 12 sentenças a mais do que no ano
anterior.
Nos Relatórios de Sustentabilidade, também foram verificados aumentos constantes no
número médio de sentenças de 2013 a 2015 (Tabela 21). A média do total de informações
ambientais apresentadas por empresa em 2015 foi 7% maior do que a média do ano anterior,
mesmo com a queda do número de empresas que providenciaram a divulgação de tais
informações. A categoria que apresentou um maior aumento foi “Impactos ambientais”, com
13 sentenças a mais, na média, do que em 2014.
Nos Relatórios Integrados, que corresponde a apenas 5% da amostra, assim como
constatado nos outros relatórios estudados, houve um crescimento de 14% no número médio
80
total de sentenças de 2014 para 2015, conforme demonstrado na Tabela 22. No ano anterior,
este aumento tinha sido de apenas 3%. O aumento mais significativo também se deu na
categoria de “Impactos ambientais”, com um acréscimo na média de 18 sentenças de um ano
para o outro. Apenas uma categoria apresentou redução neste relatório, que foi
“Desenvolvimento sustentável, com 7 sentenças a menos.
Portanto, a categoria que mais se destacou em todos os tipos de relatórios foi a de
“Impactos ambientais”. No Relatório Anual, outra que obteve destaque foi a de “Informações
financeiras ambientais”. No de Sustentabilidade, foi a de “Energia e água”.
4.4 Diferenças na Divulgação Ambiental entre Países
Os estudos de Salomone e Galluccio (2001) e Nossa (2002) apresentam indicativos de
que a diferença na divulgação ambiental entre companhias pode se dar pelo fato de estarem
localizadas em diferentes países. Esta seção buscou verificar se estes indícios se confirmam
para as empresas estudadas. Com base no Quadro 2, a pesquisa englobou um total de 36
empresas distribuídas entre doze países.
Seguindo o método de Nossa (2002), serão apresentados em tabelas a média do
número total de sentenças encontradas nas empresas em cada país por ano. Ou seja, a
quantidade total de sentenças de cada categoria de todas as empresas analisadas será dividida
pelo número de empresas em análise daquele determinado país.
A Tabela 23 traz a quantidade média de divulgação ambiental verificada em cada país
no ano de 2013.
Tabela 23 – Número médio de sentenças, por país, em 2013, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
PAÍS
Ará
bia
Sa
udit
a
Au
strá
lia
Bra
sil
Can
adá
Ch
ina
Est
ados
U
nid
os
Índi
a
Jap
ão
Méx
ico
Pol
ônia
Rei
no U
nid
o
Rú
ssia
MÉ
DIA
T
OT
AL
Quantidade de empresas
1 2 4 7 3 4 2 1 2 1 6 3 36
Políticas ambientais
6 6 0 8 4 2 16 14 10 8 14 35 3
Auditoria ambiental
3 0 0 2 0 1 1 5 2 0 1 4 1
81
Sistema de gerenciamento ambiental
4 7 0 11 1 7 27 6 8 11 16 17 3
Impactos ambientais
49 98 6 193 66 169 126 308 213 292 256 266 57
Desenvolvimento sustentável
5 12 0 10 8 18 27 6 10 12 35 35 5
Energia e Água 3 8 0 23 18 13 25 13 6 8 59 33 6
Informações financeiras ambientais
8 5 1 13 8 18 6 2 6 2 11 4 2
Conformidade com as regulamentações ambientais
10 7 0 7 0 9 2 4 8 4 6 13 2
Outras informações ambientais
0 11 1 1 5 4 1 10 0 3 7 6 1
TOTAL 88 152 8 269 111 240 229 368 262 340 404 413 80
Fonte: Elaboração própria
Tomando como base a tabela acima, nota-se que a divulgação média de sentenças
sobre os assuntos ambientais, considerando todos os doze países envolvidos na pesquisa, foi
de oitenta sentenças por empresa. Próximo a essa média está apenas a Arábia Saudita, com 88
sentenças divulgadas por empresa. Em posição inferior, encontra-se apenas o Brasil, com oito
sentenças. Todos os outros países estudados ficaram em posição superior à média total, com
destaque para a Rússia, com 413 sentenças por empresa, para o Reino Unido, com 404
sentenças, para o Japão, com 368, para a Polônia, com 340 sentenças e para o Canadá, com
269 sentenças por companhia.
Tratando-se das médias totais, a categoria que mais se destaca continua sendo a de
“Impactos ambientais”, com uma média de 57 sentenças por empresa. As demais categorias
apresentaram uma média entre 1 e 6 sentenças por companhia.
A próxima tabela traz a quantidade média de sentenças voltadas para a temática
ambiental, verificada em cada país, no ano de 2014 (Tabela 24).
Tabela 24 – Número médio de sentenças, por país, em 2014, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
PAÍS
Ará
bia
Sa
udit
a
Au
strá
lia
Bra
sil
Can
adá
Ch
ina
Est
ados
U
nid
os
Índi
a
Jap
ão
Méx
ico
Pol
ônia
Rei
no U
nid
o
Rú
ssia
MÉ
DIA
T
OT
AL
Quantidade de empresas
1 2 4 7 3 4 2 1 2 1 6 3 36
82
Políticas ambientais
8 6 1 15 5 2 18 11 9 10 13 28 4
Auditoria ambiental
1 0 0 3 0 1 2 7 2 0 1 2 1
Sistema de gerenciamento ambiental
2 7 0 17 4 8 23 8 16 12 15 20 4
Impactos ambientais
64 101 2 249 91 184 105 287 186 425 257 180 59
Desenvolvimento sustentável
8 9 0 21 13 17 23 6 18 21 34 29 6
Energia e Água 0 9 0 30 20 16 20 12 20 32 56 41 7
Informações financeiras ambientais
6 6 1 14 11 17 4 4 6 6 11 11 3
Conformidade com as regulamentações ambientais
7 6 1 6 0 8 3 2 10 5 6 9 2
Outras informações ambientais
0 3 1 5 5 7 9 16 1 3 15 8 2
TOTAL 96 145 4 360 149 259 206 353 265 514 407 328 86
Fonte: Elaboração própria
Analisando a Tabela 24, percebe-se que quase todas as categorias elencadas sofreram
algum aumento no nível de divulgação de 2013 para 2014. As únicas exceções foram as
categorias “Auditoria ambiental” e “Conformidade com as regulamentações ambientais”, que
se mantiveram constantes.
A média total de sentenças, considerando-se todos os doze países estudados, foi de 86
por empresa. O país que chegou mais próximo a esta média foi, novamente, a Arábia Saudita
com uma média de 96 sentenças. Em posição menor, ficou apenas o Brasil, com quatro
sentenças por empresa. Os demais países apresentaram-se em posição superior à média total.
O país que mais se destacou, neste ano, foi a Polônia, onde uma única empresa divulgou 514
sentenças relacionadas aos assuntos ambientais. Outros países também se destacaram, como é
o caso do Reino Unido (407), do Canadá (360), do Japão (353) e Rússia (328).
Da mesma forma que em 2013, a categoria que mais se destacou na Tabela 24,
considerando as médias totais, foi a de “Impactos ambientais”, mostrando uma média de 59
sentenças por empresa. Todas as outras categorias ficaram com uma média inferior a oito
sentenças por empresa.
A tabela seguinte (Tabela 25) apresenta a quantidade média de divulgação ambiental
verificada em cada país para o ano de 2015.
83
Tabela 25 – Número médio de sentenças, por país, em 2015, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
PAÍS
Ará
bia
Sa
udit
a
Au
strá
lia
Bra
sil
Can
adá
Ch
ina
Est
ados
U
nid
os
Índi
a
Jap
ão
Méx
ico
Pol
ônia
Rei
no U
nid
o
Rú
ssia
MÉ
DIA
T
OT
AL
Quantidade de empresas
1 2 4 7 3 4 2 1 2 1 6 3 36
Políticas ambientais
1 6 0 12 3 6 18 14 7 17 11 33 4
Auditoria ambiental
0 0 0 3 0 1 3 12 2 0 1 3 1
Sistema de gerenciamento ambiental
7 9 0 21 4 9 26 17 9 8 15 17 4
Impactos ambientais
18 97 0 252 85 215 148 487 174 297 289 248 64
Desenvolvimento sustentável
2 11 0 17 14 19 15 11 13 13 29 34 5
Energia e Água 0 5 0 28 24 13 31 19 16 13 62 30 7
Informações financeiras ambientais
8 6 0 15 8 16 4 7 8 2 11 11 3
Conformidade com as regulamentações ambientais
3 9 1 8 0 10 0 17 9 9 7 12 2
Outras informações ambientais
0 4 0 4 5 8 11 24 3 2 18 10 2
TOTAL 39 145 1 360 145 296 254 608 238 361 443 399 91
Fonte: Elaboração própria
Com base na tabela acima, nota-se que a maioria das categorias manteve a sua média
total de divulgação praticamente constante de 2014 para 2015. A única que sofreu um
aumento visível foi a categoria “Impactos ambientais”, que demonstrou um aumento de 5
sentenças por empresa. A categoria de “Desenvolvimento sustentável”, por sua vez, foi a
única que apresentou uma diminuição notável, caindo de 6 para 5 sentenças por empresa.
A média total de sentenças, voltadas para a temática ambiental, divulgadas em 2015
foi de 91 por empresa, considerando, para isto, todos os 12 países incluídos na pesquisa.
Nenhum país esteve próximo à média total neste ano. No entanto, inferior à média estavam
dois países: Arábia Saudita e Brasil. Todos os outros países mostraram-se superior à média
total. Alguns se destacaram mais do que outros, são eles: Japão, com 608 sentenças; Reino
Unido, com 443 sentenças; Rússia, com 399 sentenças; Polônia, com 361 sentenças; e,
Canadá, com 360 sentenças relacionadas aos assuntos ambientais.
84
Seguindo a tendência dos anos anteriores, a categoria que mais se destaca na Tabela
25, considerando as médias totais, é a dos “Impactos ambientais”, com uma média de 64
sentenças por empresa. As outras categorias não passaram de sete sentenças por empresa.
Por fim, a Tabela 26 traz a mudança percebida no nível médio de divulgação
ambiental, de 2014 para 2015, por país.
Tabela 26 – Mudança na média de sentenças divulgadas, por país, de 2014 para 2015, para as empresas não envolvidas no acidente ambiental
PAÍS
Ará
bia
Sa
udit
a
Au
strá
lia
Bra
sil
Can
adá
Ch
ina
Est
ados
U
nid
os
Índi
a
Jap
ão
Méx
ico
Pol
ônia
Rei
no U
nid
o
Rú
ssia
MÉ
DIA
T
OT
AL
Quantidade de empresas
1 2 4 7 3 4 2 1 2 1 6 3 36
Políticas ambientais
-7 0 -1 -3 -2 4 0 3 -2 7 -2 5 0
Auditoria ambiental
-1 0 0 0 0 0 1 5 0 0 0 1 0
Sistema de gerenciamento ambiental
5 2 0 4 0 1 3 9 -7 -4 0 -3 0
Impactos ambientais
-46 -4 -2 3 -6 31 43 200 -12 -128 32 68 5
Desenvolvimento sustentável
-6 2 0 -4 1 2 -8 5 -5 -8 -5 5 -1
Energia e Água 0 -4 0 -2 4 -3 11 7 -4 -19 6 -11 -0
Informações financeiras ambientais
2 0 -1 1 -3 -1 0 3 2 -4 0 0 -0
Conformidade com as regulamentações ambientais
-4 3 0 2 0 2 -3 15 -1 4 1 3 1
Outras informações ambientais
0 1 -1 -1 0 1 2 8 2 -1 3 2 0
TOTAL -57 0 -3 0 -4 37 48 255 -27 -153 36 71 6
Fonte: Elaboração própria
Nota-se que apenas cinco dos doze países envolvidos na pesquisa apresentaram um
aumento na média de sentenças redigidas, por empresa, do ano de 2014 ao ano de 2015.
Dentre esses países, estão três dos que apresentaram as maiores médias nas tabelas 23, 24 e
25, são eles: Japão, Reino Unido e Rússia. Os outros dois países que também apresentaram
um aumento no número de sentenças de um ano para o outro são os Estados Unidos e a Índia.
Dentre todos os cinco países citados, o que mais se destacou no crescimento do número médio
85
de sentenças redigidas sobre assuntos ambientais foi o Japão, com um acréscimo de 255
sentenças sobre a temática ambiental nos relatórios divulgados referentes ao ano do acidente.
4.4.1 Principais constatações
Analisando as três primeiras tabelas desta seção, nota-se que apenas um país se
aproximou da média total de sentenças: Arábia Saudita. Os outros países estavam muito
abaixo ou muito acima da média.
Com a análise, percebe-se também um aumento, ano a ano, na divulgação média de
sentenças por empresa. Em 2013, a média era de 80 sentenças. Em 2014, subiu para 86. E, em
2015, essa média passou a ser 91 sentenças por empresa.
Os países que apresentaram o menor nível de divulgação dentre todos os estudados
foram a Arábia Saudita e o Brasil. Os países que se destacaram no nível de divulgação em
todos os três anos foram o Japão, o Reino Unido, a Polônia, a Rússia e o Canadá. No entanto,
os que realmente mostraram um aumento no número médio de sentenças do ano de 2014 para
o ano de 2015, ano do acidente, foram o Japão, o Reino Unido, a Rússia, os Estados Unidos e
a Índia.
Adicionalmente, percebe-se que há uma desigualdade na quantidade média de
sentenças ambientais entre os países em que estão localizadas as empresas pesquisadas.
Segundo Nossa (2002), esta diferença pode estar atrelada ao fato de os países terem diferentes
regulamentações ambientais.
86
CONCLUSÃO
Diversos acidentes ambientais, de todos os níveis, já foram contabilizados ao redor do
mundo. Dentre eles, um dos acidentes que obteve uma extensa repercussão ao redor do
mundo foi o que causou o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco Mineração em
Mariana. Estudos anteriores comprovaram que tais incidentes geram um aumento no nível de
divulgação ambiental das organizações que são do mesmo setor atingido pelo acidente, que,
normalmente, são setores que possuem maior probabilidade de gerar impactos negativos na
natureza.
Desta forma, o presente estudo teve a intenção de verificar como se deu a evolução no
volume de informações ambientais divulgadas pelas mineradoras, no âmbito nacional e
internacional, após um evento de desastre ambiental de repercussão mundial.
Para isto, foi realizado o procedimento de análise de conteúdo nos 189 relatórios
coletados de 32 das 40 maiores mineradoras do mundo, segundo relatório da PWC (2015), e
de 4 mineradoras brasileiras que negociam suas ações na bolsa de valores. Essa mesma
análise foi realizada nos 17 relatórios divulgados pelas três empresas que estavam envolvidas
no acidente ambiental de Mariana: Samarco, Vale e BHP.
A análise dos relatórios divulgados pelas mineradoras brasileiras, que não estavam
envolvidas no acidente ambiental, confirma o quanto a divulgação ambiental no Brasil
caminha a passos lentos, fato este que pode ser percebido pelo reduzido nível de disclosure
das quatro empresas brasileiras analisadas na pesquisa. Ao redor do mundo, esse tipo de
divulgação mostra-se mais avançado. Empresas de países como o Japão, o Reino Unido, a
Polônia, a Rússia e o Canadá, preocupam-se, em maior nível, em apresentar suas informações
ambientais com mais clareza e qualidade.
Nos dois grupos de empresas, foram percebidos aumentos, do ano de 2014 ao ano de
2015, no número de sentenças escritas sobre a temática ambiental. Para as empresas
envolvidas no acidente ambiental, esse aumento percebido foi de 5%. Para as outras
mineradoras, foi de 7%.
Para as empresas envolvidas com o acidente ambiental, as principais categorias
responsáveis por este aumento foram “Impactos ambientais”, com um aumento de 95
sentenças, “Desenvolvimento sustentável” e “Outras informações ambientais”, essas duas
últimas responsáveis por 17 sentenças a mais de um ano para o outro. As outras categorias
87
mostraram redução no número total de sentenças, sendo a mais significativa a categoria de
“Energia e água”, com uma redução de 32 sentenças de 2014 até 2015.
Para as empresas que também eram do setor de mineração, mas não estavam
envolvidas com o acidente ambiental, as principais categorias responsáveis por este aumento
foram “Impactos ambientais”, com um aumento de 594 sentenças, “Conformidade com as
regulamentações ambientais”, superando em 45 sentenças o ano anterior e “Outras
informações ambientais”, que apresentou 38 sentenças a mais do que em 2014. As outras
categorias analisadas mostraram redução no número total de sentenças, sendo a principal
delas “Desenvolvimento sustentável”, que apresentou uma redução de 57 sentenças de um ano
para o outro.
No que diz respeito à análise do número médio de sentenças divulgadas por empresa,
foram apresentados aumentos praticamente em todas as categorias nos dois grupos de
empresas. Para a Samarco e suas controladoras, o aumento nessa média foi percebido mais
fortemente na categoria de “Impactos ambientais”, que apresentou um acréscimo de 105
sentenças na média de 2014 para 2015. Para este grupo, apenas dois tópicos apresentaram
reduções nessa média, foram eles “Outras informações ambientais” e “Energia e água”. No
caso das outras mineradoras, o principal aumento também se deu na categoria de “Impactos
ambientais”, onde foi constatado um crescimento na média de aproximadamente 45 sentenças
de um ano para o outro. O tópico que apresentou maior redução, de 2014 para 2015, foi o de
“Desenvolvimento sustentável”.
No que diz respeito ao número de empresas reportando as informações ambientais,
percebeu-se que um número maior de mineradoras divulgou suas informações nos Relatórios
Anuais. Em 2013 e em 2014, 33 das 36 mineradoras divulgaram alguma informação
ambiental nos seus Relatórios Anuais. Em 2015, essa quantidade baixou para 32, sendo, de
igual forma, uma quantidade significativa em relação ao total. No entanto, em relação à
distribuição das informações ambientais por tipo de relatório, notou-se uma concentração
maior de sentenças nos Relatórios de Sustentabilidade, seguida pelos Relatórios Anuais e, por
último, pelos Relatórios Integrados. A pouca representatividade dos Relatórios Integrados
deve-se ao número reduzido de publicações deste tipo de relatório. Na pesquisa, esses
relatórios correspondiam a apenas 5% da amostra.
Nos Relatórios Anuais, quase todas as categorias demonstraram aumento no número
médio de sentenças por empresa do segundo ano estudado até o ano do acidente, a única
88
exceção foi a categoria “Auditoria ambiental”. Os aumentos mais sigficativos foram nas
categorias “Impactos ambientais” e “Informações financeiras ambientais”. Já nos Relatórios
de Sustentabilidade, duas categorias apresentaram reduções no número médio de sentenças
ambientais por empresa: Desenvolvimento sustentável e Energia e água. Todas as outras
categorias apresentaram um aumento, sendo o mais significativo o da categoria de “Impactos
ambientais”. Nos Relatórios Integrados, oito categorias demonstraram crescimento de 2014
para 2015, sendo a mais representativa também a categoria de “Impactos ambientais”. A única
categoria que ficou fora dessa constatação foi a de “Desenvolvimento sustentável”.
Os países que demonstraram maior representatividade no número médio de sentenças
ambientais, por empresa, em seus relatórios foram o Japão, o Reino Unido, a Polônia, a
Rússia e o Canadá. No entanto, os que realmente mostraram um aumento no número médio de
sentenças do ano de 2014 para o ano de 2015, ano do acidente, foram o Japão, o Reino Unido,
a Rússia, os Estados Unidos e a Índia. Todos os outros países apresentaram uma redução ou
uma estagnação do valor. A média total, no entanto, só fez aumentar ano a ano. Em 2013, era
de 80 sentenças. Em 2014, subiu para 86. E, em 2015, essa média passou a ser 91 sentenças
por empresa.
Desta forma, conclui-se que os resultados encontrados na pesquisa confirmam os
encontrados por Patten (1992), Deegan, Rankin e Voght (2000) e Wink (2012), e reafirmam a
utilização de estratégias de legitimação, como o aumento na divulgação de informações
ambientais, em resposta a ameaças de legitimidade decorrentes de eventos catastróficos. Este
fato é comprovado pela intensa busca das empresas em divulgar informações acerca dos
impactos ambientais percebidos ou provados por elas no decorrer dos anos.
Como limitações da presente pesquisa, estão o risco inerente aos trabalhos que
utilizam a análise de conteúdo como técnica de análise de dados e a incerteza quanto a
motivação do aumento de informações ambientais nos relatórios analisados. Esta motivação
pode ter se dado por outros motivos que não os analisados dentro da pesquisa.
Encontra-se como limitação também a análise de empresas de apenas um setor e de
um evento específico. Portanto, as questões sobre (1) se o setor de mineração responde às
ameaças em outras áreas, e (2) se as empresas de outros setores responderam às ameaças
ambientais identificadas no estudo (ou outras), continuam a ser examinadas. A utilização de
empresas de outros setores na pesquisa poderia gerar uma expansão na análise qualitativa.
Além disso, outra limitação encontrada foi a impossibilidade da utilização dos relatórios
89
anuais e ambientais do ano de 2016, o que pode ter causado uma defasagem na comparação
da mudança ocorrida na divulgação ambiental entre os anos de 2013/2014 e os anos de
2015/2016.
90
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APÊNDICE A – EMPRESAS COMPONENTES DA AMOSTRA DA PESQUISA
NOME PAÍS CONTINENTE
Agnico-Eagle Mines Ltd. Canadá América do Norte
ALROSA Rússia Ásia
Anglo American plc Reino Unido Europa
Antofagasta plc Reino Unido Europa
Barrick Gold Corporation Canadá América do Norte
Cameco Corporation Canadá América do Norte
CCX Carvão da Colômbia S.A. Brasil América do Sul
China Coal Energy Company Limited China Ásia
Coal India Limited Índia Ásia
Consol Energy Incorporated Estados Unidos América do Norte
First Quantum Minerals Limited Canadá América do Norte
Fortescue Metals Group Limited Austrália Oceania
Freeport-McMoRan Copper & Gold Inc. Estados Unidos América do Norte
Glencore plc Reino Unido Europa
Goldcorp Inc. Canadá América do Norte
Grupo México S.A.B. de CV México América Central
Industrias Penoles S.A.B. de CV México América Central
Inner Mongolia Yitai Coal Company Limited China Ásia
KGHM Polska Miedz Spolka Akcyjna Polônia Europa
Litel Participações S.A. Brasil América do Sul
MLOG S.A. Brasil América do Sul
MMC Norilsk Nickel Rússia Ásia
MMX Mineração e Metálicos S.A. Brasil América do Sul
Newcrest Mining Limited Austrália Oceania
Newmont Mining Corporation Estados Unidos América do Norte
NMDC Limited Índia Ásia
Polyus Gold International Limited Reino Unido Europa
Potash Corp. of Saskatchewan, Inc. Canadá América do Norte
Randgold Resources Reino Unido Europa
Rio Tinto plc/Rio Tinto Limited Reino Unido/Austrália Europa/Oceania
Saudi Arabian Mining Company (Ma’aden) Arábia Saudita Ásia
Sumitomo Metal Mining Company Japão Ásia
Teck Resources Limited Canadá América do Norte
The Mosaic Company Estados Unidos América do Norte
Uralkali Rússia Ásia
Zijin Mining Group Co. Ltd China Ásia