RBEFE entrevista Heloisa Schievano Groppo

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RBEFE ENTREVISTA Entrevista publicada no Blog da RBEFE em 30/11/2012 Heloisa Schievano Groppo Formada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Heloisa Schievano Groppo participa da próxima edição da RBEFE (v.26, n.4, 2012) com um artigo que trata dos efeitos da atividade física sobre os sintomas depressivos em idosos com Alzheimer. Leia a seguir a entrevista com a pesquisadora. RBEFE - O que motivou o estudo que possibilitou a produção do artigo intitulado “Efeitos de um programa de atividade física sobre os sintomas depressivos e a qualidade de vida de idosos com demência de Alzheimer” que será publicado na RBEFE? Groppo - Trabalhei com idosos desde o início da minha graduação. Estagiava no PROFIT (Programa de Atividade Física no Envelhecimento) e gostava muito de monitorar atividades físicas para idosos. Recebi um convite da Mel Oliani para trabalhar com idosos com Alzheimer. Comecei a pesquisar depressão e qualidade de vida que eram temas que me interessavam, além da própria doença, o que me permitiu melhorar as nossas intervenções motoras. Desenvolvi o meu TCC com uma bolsa de iniciação científica da FAPESP e desenvolvemos o artigo com base nas nossas pesquisas. RBEFE - O objetivo principal do seu estudo foi verificar os efeitos de um programa de exercícios físicos sobre os sintomas depressivos de idosos com demência de Alzheimer. Adicionalmente, vocês buscaram observar o efeito deste programa na percepção de qualidade de vida destes pacientes e de seus cuidadores. Considerando estes dois objetivos da investigação, quais foram os principais resultados encontrados? Groppo - Observamos melhoras significativas nos sintomas depressivos e manutenção na percepção da qualidade de vida dos idosos que realizaram o programa de exercícios físicos. Para o grupo controle, observamos o aumento dos sintomas depressivos e uma piora na percepção de qualidade de vida. Nossos resultados evidenciam a importância da atividade física para essas variáveis. RBEFE - Qual é o “estado da arte” no que concerne aos efeitos do exercício físico na prevenção e/ou no tratamento de sintomas depressivos de indivíduos diagnosticados com demência de Alzheimer? Groppo - Muitos estudos mostram que a atividade física é eficaz no tratamento de sintomas depressivos. Além dos diversos mecanismos biológicos que promovem a melhora deles, pudemos observar de maneira muito clara os efeitos sociais promovidos pelas sessões de exercícios. Idosos com Alzheimer tendem a sair pouco de casa devido aos seus declínios cognitivos e a dependência de um cuidador. As intervenções motoras proporcionaram encontros, amizades, comemorações de datas especiais (aniversários, natal, etc.) que nessa fase da vida de nossos pacientes haviam se tornado mais escassos.

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Entrevista publicada no Blog da RBEFE em 30 de novembro de 2012.

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RBEFE ENTREVISTA Entrevista publicada no Blog da RBEFE em 30/11/2012

Heloisa Schievano Groppo

Formada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Heloisa Schievano Groppo participa da próxima edição da RBEFE (v.26, n.4, 2012) com um artigo que trata dos efeitos da atividade física sobre os sintomas depressivos em idosos com Alzheimer.

Leia a seguir a entrevista com a pesquisadora. RBEFE - O que motivou o estudo que possibilitou a p rodução do artigo intitulado “Efeitos de um programa de atividade fís ica sobre os sintomas depressivos e a qualidade de vida de idosos com dem ência de Alzheimer” que será publicado na RBEFE? Groppo - Trabalhei com idosos desde o início da minha graduação. Estagiava no PROFIT (Programa de Atividade Física no Envelhecimento) e gostava muito de monitorar atividades físicas para idosos. Recebi um convite da Mel Oliani para trabalhar com idosos com Alzheimer. Comecei a pesquisar depressão e qualidade de vida que eram temas que me interessavam, além da própria doença, o que me permitiu melhorar as nossas intervenções motoras. Desenvolvi o meu TCC com uma bolsa de iniciação científica da FAPESP e desenvolvemos o artigo com base nas nossas pesquisas. RBEFE - O objetivo principal do seu estudo foi veri ficar os efeitos de um programa de exercícios físicos sobre os sintomas de pressivos de idosos com demência de Alzheimer. Adicionalmente, vocês buscar am observar o efeito deste programa na percepção de qualidade de vida de stes pacientes e de seus cuidadores. Considerando estes dois objetivos da in vestigação, quais foram os principais resultados encontrados? Groppo - Observamos melhoras significativas nos sintomas depressivos e manutenção na percepção da qualidade de vida dos idosos que realizaram o programa de exercícios físicos. Para o grupo controle, observamos o aumento dos sintomas depressivos e uma piora na percepção de qualidade de vida. Nossos resultados evidenciam a importância da atividade física para essas variáveis. RBEFE - Qual é o “estado da arte” no que concerne aos efeitos do exercício físico na prevenção e/ou no tratamento de sintomas depressivos de indivíduos diagnosticados com demência de Alzheimer? Groppo - Muitos estudos mostram que a atividade física é eficaz no tratamento de sintomas depressivos. Além dos diversos mecanismos biológicos que promovem a melhora deles, pudemos observar de maneira muito clara os efeitos sociais promovidos pelas sessões de exercícios. Idosos com Alzheimer tendem a sair pouco de casa devido aos seus declínios cognitivos e a dependência de um cuidador. As intervenções motoras proporcionaram encontros, amizades, comemorações de datas especiais (aniversários, natal, etc.) que nessa fase da vida de nossos pacientes haviam se tornado mais escassos.

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RBEFE - Qual é a perspectiva de avanço no conhecime nto científico a nas estratégias de intervenção a partir de exercícios f ísicos para esta população? O que podemos esperar para os próximos anos neste sen tido? Groppo - O nosso estudo abre portas para maiores investigações. A atividade física vem sendo apontada como uma alternativa não farmacológica para a prevenção e o tratamento de diversas doenças decorrentes do envelhecimento. A demência de Alzheimer causa inúmeros danos ao paciente e limita sua participação em algumas atividades. O Brasil necessita de tais estudos, uma vez que estamos em uma transição demográfica/epidemiológica. Diante disso podemos esperar um aprimoramento dos conhecimentos na área das demências, principalmente a de Alzheimer, e um melhor desenvolvimento de atividades motoras para essa população. RBEFE - Atualmente, quais são os projetos de pesqui sa que você e o seu grupo tem desenvolvido? Nos conte um pouco mais sobre seu s projetos de pesquisa. Groppo - Após o término deste trabalho, o ProCDA (Programa de Cionesioterapia Funcional e Cognitiva para Pacientes com Doença de Alzheimer) continuou realizando suas intervenções junto ao LAFE (Laboratório de Atividade Física e Envelhecimento) e outros trabalhos científicos foram realizados. Futuramente eu penso em aplicar nossos conhecimentos adquiridos em projetos práticos no mercado de trabalho, paralelamente com novos estudos na área. ■