RCH Interpretativo

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Modos de Apreensão ABREVIATURA TERMO SIGNIFICAÇÃO G Global Refere-se à totalidade da prancha (excepção III onde as omissões dos vermelhos são permitidas). Globalizações Primárias Gp 1. Estrutural Diz respeito à apreensão imediata do conjunto da imagem (segundo o contorno geral). Prch. I: Borboleta. Gz 2. Combinado Muitas vezes bilateral, resulta da combinação simultânea de diversos elementos da prancha. Prch. I: Dança de carpas. Gbl DblG 3. Intermacula res A apreensão global inclui as porções lacunares (evidentemente brancas). Gbl – Se a parte negra é primordial (Prch. I: Borboleta sarapintada de neve); Dbl G – Se as lacunas são primordiais (Prch. I: Ponte). Globalização Secundária (DD)Gz 1. Combinado Resulta da combinação sucessiva de vários fragmentos, de qualidade variável (F+, F-): a) Combinação superior construtiva – Prch. I: Dois piratas carregam uma mulher; b) Justaposição (+ ou – adequada) – Prch. IV: Um elefante sobre um ramo. D/ G Dd/G 2. Confabulado Combinado tardiamente Interpretação determinada por um detalhe da imagem (D ou Dd). Prch. IV: Gato (por causa dos bigodes). DD/Gz Confabulado Síntese tardia depois de partir em pedaços a mancha , enumerando e descrevendo. Prch. X: Refeição de festa (a partir de: vinho espalhado, guardanapo, carne). (Do)G 3. confabulado A implicação do G é confusa e incerta: as respostas são enumerativas e fragmentárias (D, Dd), são acompanhadas, ou não, de uma síntese explícita. Prch. IV: Um homenzinho borboleta. Glimit Global amputado A globalização é espacialmente limitada, incompleta. Detalhes Apreensão Fragmentária D Normal Parte da prancha frequentemente interpretada (1/ 22) 1

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Como cotar o RCH

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Modos de Apreensão

ABREVIATURA TERMO SIGNIFICAÇÃO

G Global Refere-se à totalidade da prancha (excepção III onde as omissões dos vermelhos são permitidas).

Globalizações Primárias

Gp 1. Estrutural Diz respeito à apreensão imediata do conjunto da imagem (segundo o contorno geral).Prch. I: Borboleta.

Gz 2. Combinado Muitas vezes bilateral, resulta da combinação simultânea de diversos elementos da prancha.Prch. I: Dança de carpas.

GblDblG

3. Intermaculares

A apreensão global inclui as porções lacunares (evidentemente brancas).Gbl – Se a parte negra é primordial (Prch. I: Borboleta sarapintada de neve);Dbl G – Se as lacunas são primordiais (Prch. I: Ponte).

Globalização Secundária

(DD)Gz 1. Combinado Resulta da combinação sucessiva de vários fragmentos, de qualidade variável (F+, F-):a) Combinação superior construtiva – Prch. I: Dois piratas carregam uma

mulher;b) Justaposição (+ ou – adequada) – Prch. IV: Um elefante sobre um ramo.

D/ GDd/G

2. ConfabuladoCombinado tardiamente

Interpretação determinada por um detalhe da imagem (D ou Dd). Prch. IV: Gato (por causa dos bigodes).

DD/Gz Confabulado Síntese tardia depois de partir em pedaços a mancha , enumerando e descrevendo. Prch. X: Refeição de festa (a partir de: vinho espalhado, guardanapo, carne).

(Do)G 3. confabulado A implicação do G é confusa e incerta: as respostas são enumerativas e fragmentárias (D, Dd), são acompanhadas, ou não, de uma síntese explícita. Prch. IV: Um homenzinho borboleta.

Glimit Global amputado

A globalização é espacialmente limitada, incompleta.

Detalhes Apreensão Fragmentária

D Normal Parte da prancha frequentemente interpretada (1/ 22)

Dd Rara ou pequena

Recorte insólito ou raramente interpretado.

Dde Exterior Fragmento do contorno da prancha.

Ddi Interior Parte interior da prancha.

Ddaxial Central Parte da zona mediana.

Dbl ou L Intermacular Tem origem numa lacuna branca (D). Prch. II: Lâmpada.

Ddbl ou l É originado numa lacuna branca (Dd).

Dd/bl ou Tendência intermacular

Apreensão lacunar secundária. Ex.: Cabeça (Dd), aqui são olhos (bl).

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Do Ddo Oligofrénico ou inibidor

Interpretação parcial (D ou Dd) de um animal ou de uma personagem habitualmente percebida como inteira (A ou H Ban), numa porção espacial frequentemente interpretada em D ou G. Prch. III: cabeça (Ddo), pescoço (Ddo), pernas (Do), de homenzinhos vistos frequentemente e facilmente como inteiros (G H Ban).

Po Posição

Determinantes

ABREVIATURA TERMO SIGNIFICAÇÃO

Forma

F Forma Determinado unicamente pela percepção da forma imóvel da mancha (todo ou parte).

F+ Boa forma Forma bem vista (critério estatístico) e logicamente aceitável. Prch. I: Borboleta

F- Má forma Forma inadequada. Prch. V: Flor

F± Forma indeterminada

Substituição de categorias de conteúdo, de forma indeterminada. Prch. X: Nuvens, Rochas.

Movimento

K Cinestesia primário

Determinada pela percepção de uma forma humana vista e ressentida em movimento; são admitidas as respostas míticas e certas interpretações antropomórficas (animais numa atitude humana). Prch. IV: Urso que dança. Prch. VII: Bailarinos.

k Cinestesia menor

kan K animal Determinado pela percepção de um animal em movimento. Prch. VII: Animal salta pelas rochas.

kob K objecto Força da natureza ou objecto percebido em movimento. Prch. II: Erupção de um vulcão.

kp K humano Localizado num Dd, ou parte de um ser humano percebido em movimento. Prch. III: Braço ameaçador.

Côr

Primária

FC Forma côr Determinadas pela forma e depois pela côr. Prch. II: Boné vermelho.

CF Côr forma Determinada pela côr sem negligenciar a forma. Prch. X: Pedaço de carne.

C Côr pura Sugerida unicamente pela côr. Prch. IX: De relva.

Menores

E Estampagem Determinadas pelas diferentes nuances e gerações dentro dos cinzentos ou da côr; compreende a interpretação de textura sugerindo portanto uma impressão de perspectiva ou de profundidade (tridimensionalidade).

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FE Forma Estampagem

Determinada pela forma e, secundariamente pela estampagem. Prch. VI: Pele de pantera.

EF Estampagem forma

Determinada pela estampagem sem negligenciar a forma. Prch. VII: Nuvens em flocos.

E Estampagem pura

Determinada unicamente pela estampagem. Prch. VIII: de musgo fresco.

Clob Claro-escuro Baseado na impressão global, difusa de massas de sombra ou negros.

Fclob Forma-Clob Determinada pela forma e secundariamente pelo carácter sombra. Prch. I: Pássaro da noite.

ClobF Clob-forma Determinado pelos efeitos de massa de sombra, sem neglicenciar a forma. Prch. VII: Fumo.

Clob Clob puro Determinado unicamente pelos efeitos das massas de sombra. Prch. IV: Pântano e sombras.

Conteúdo das respostas

ABREVIATURA TERMO SIGNIFICAÇÃO

Ban Banalidade Respostas fornecidas pelo menos por um em cada três, quatro ou seis sujeitos numa mesma localização. Prch. X: Aranha (azul exterior).

Orig Originalidade Respostas fornecidas raramente, por um em cada cem sujeitos; a sua qualidade é variável (F+ ou F-). Prch. VIII: Dignitário japonês.Categorias de conteúdo

A Animal Animal inteiro. Ex.: pássaro.

Ad Parte do corpo de um animal. Ex.: pata.

H Humano Ser humano inteiro e compreende imagens míticas. Ex.: Pai Natal.

Hd Parte do corpo humano. Ex.: Cabeça.

Cena Cena Resposta onde intervém a acção de personagens humanas associadas a outras categorias de conteúdos. Ex.: Montanhês a escalar as rochas.

Elem Elemento Ex.: Água, fogo.

Frag Fragmento De forma indeterminada. Ex.: Rochas

Bot Botânica Plantas e vegetais. Ex.: Flor.

Geo Geografia Cartografia. Ex.: Continente.

Paisg Paisagem Ou natureza. Ex.: Charco ou pôr-de-sol.

Anat Anatomia

Esqueleto Esqueleto, ossos.

Sangue Sangue.

Radio Radiografias de órgãos.

Obj Objecto Objectos amovíveis de toadas as naturezas (vestuário, alimentares, jogos, etc..); e compreende objectos de arte.

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Arq Arquitectura Massas percebidas como imóveis (edifícios: templo; engenho: canhão; meios de transporte: locomotiva; etc.)

Simb Símbolos Diz respeito a figuras de significação convencional. Ex.: emblema

Sinais Letras do alfabeto. Ex.: A

Geom Geometria Figuras geométricas. Ex.: Triângulo

Diverso Respostas difíceis de classificar como referências técnicas, ciência. Ex.: Microscópio, célula, núcleo.

Abst Abstração Interpretação que diz respeito às impressões difusas no movimento, cor, estampagem, ou carácter funcional da mancha. Ex.: primavera, os ricos e os pobres.

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PSICOGRAMA

Rt = 30 a 35 respostas totais. Se o numero de respostas totais fôr maior que 30/35 pode indicar uma fuga de ideias, logorreia, obsessão pelo pormenor.

Tt = 30 min.

Tlm (tempo médio de latência) = 15 seg.

Modos de Apreensão

G = 20% a 30% (incluem os Gbl)

D = 60% a 70%

Dbl = 3% a 6%

Dd = 6% a 10%

Do = em principio não aparece pois é um modo de apreensão patológico.

Muito acima da norma

Muito abaixo da norma

T.A. =

Acima da norma Abaixo da norma

T.R.I. = Tipo de Ressonância Íntima

T.R.I. =

Pontos:K = 1C = 1,5CF = 1FC = 0,5

T.R.I. pode ser:

1. Extroversivo

Introversivo

Ambiencial é o ideal pois é o mais rico.

Coartado é patológico, o sujeito não dá sinal do seu mundo interno ou da sua

vida sentimental ou activa (psicoses, problemas neuróticos graves).Coartativo mais soft, menos grava (expressa pouco o seu mundo in terno)

(expressa pouco o seu mundo afectivo e emocional).

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2. Reduzido (C e K< 5) vs Dilatado (C ou K≥ 5)

3. Misto (com K e E) vs Puro ( K ou C = 0)

Controlo dos afectos quando dominam os afectos há que saber se existe um controlo dos afectos: FC> C + CF existe controlo dos afectos.

FC = Forma Complementar

FC = (kan, kob, kp)

Pontos:Kan =1 E= 1,5kob = 1 EF= 1kp = 1 FE= 0,5

Pode ser também extroversivo, introversivo, ambiencial e coartado.

R.C.% = Reacção à Introdução da Côr

Nº de respostas nestas manchas

RC% =

Reacção do sujeito à introdução da mudança de estímulo (entrada da côr pastel).

I.A. = Índice de Angustia

IA = é significado de angustia excessiva.

Permite saber da existência significativa ou não de angústia no protocolo.

Determinantes Formais

F% 50% a 70%

F+% 80% a 90%

Se o F for elevado e o F+ pequeno o sujeito na aproximação à realidade privilegia o pensamento racional mas a qualidade desse pensamento é medíocre.

Quando o valor do F% é excessivamente baixo.

Kan, kob, kp

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F% alargada =

F+ % alargada =

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F simples indica-nos a tendência natural do sujeito a usar pensamento racional puro.

F% alargado indica a tendência a utilizar na sua aproximação à realidade o pensamento racional puro e preocupações fantasmáticas e imaginárias.

F+% alargado indica-nos a qualidade do julgamento puro ao sujeito e também quando entra preocupações fantasmáticas e imaginárias.

Conteúdos

A% = 35% a 45%

H% = 10% a 20%

Banalidades:

Banalidades o ideal é encontrar-se 5 ou 6 para um protocolo de 30 a 35 respostas.

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ANÁLISE QUALITATIVA ENGLOBA:

1. Análise da actividade intelectual

Passos necessários:

Estudo da verbalização do sujeito

Tem que ver com a qualidade de linguagem utilizada (construção das frases). Se é muito afectiva, se é mais seca, a quantidade e variedade dos conteúdos, entre outras coisas.mEstudo detalhado das respostas globais

Em que pranchas aparecem As respostas globais tem tendência para aparecer em pranchas fechadas como a V por exemplo.Nas pranchas abertas principalmente na X é preciso outro dinamismo para abarcar a prancha toda com só uma percepção.Um sujeito com tendência para dar G nas pranchas fechadas, é um indivíduo preguiçoso mentalmente. Tem pouca energia para gastar nos processos cognitivos;

A qualidade de organização das respostas globais G simples – apreensão primária da realidade (simplista e pobre); G organizado – investimento da vida actual; G impressionistas (GC/ GC’/ Gclob) – sujeito comporta-se de forma passiva sendo impregnado pela realidade e pela percepção; g vagos ou imprecisos (GF) – Passividade, indicam uma abordagem superficial da realidade e não penetra nela, é como se tivesse falta de curiosidade;

Tipo de determinantes associados às respostas globais K criatividade, C/E emoções.

Estudo detalhado das respostas grande detalhe (D) (só é necessário quando a percentagem de D é alta).

Qualidade de organização D.

Determinantes associados.

Estudo dos factores intelectuais propriamente ditos

F% Indica a aproximação objectiva da realidade; F+% Rigor do pensamento; K sinal de criatividade quando não associado a Banalidade.

Conclusão para o tipo de actividade intelectual que caracteriza o sujeito.

2. Análise do nível de socialização do sujeito

Estuda-se em dois níveis:

SOCIALIZAÇÃO EM SUPERFÍCIE OU QUE APARENTA NO SEU TRATAMENTO SUPERFICIAL

Recorre-se ao: A% Recorre-se ao A% pois as respostas animais são mais fáceis de dar e são as que costumam

aparecer com mais frequência. Mostra que para além dos aspectos defensivos o sujeito tem um pensamento automático igual ao das outras pessoas.

Ban Sujeito interessa-se por coisas que a maior parte das pessoas se interessa.

SOCIALIZAÇÃO EM PROFUNDIDADE

Recorre-se ao: D% espírito analítico e prático. F+% rigor do pensamento, adaptação à realidade. K capacidade em diferir o afecto. H% capacidade de reconhecimento e apetência pelo humano. FC>C+CF controlo dos afectos.

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Conclusão

Alta socialização superficial vs Baixa socialização em profundidade Sujeito com deficiências estruturais na sua socialização mas que tem a possibilidade de recorrer a esquemas sociais e de comportamento que têm como função camuflar as suas defeciências e fazer-se aceitar pelos outros.

3. Análise da dinâmica afectiva

Participação do sujeito na prova.

T. R. I.

K

Identidade: K de boa qualidade e H inteiros indicam que não existe problemas significativos ao nível da sexualidade;

Identificação: É necessário dar respostas cinestésicas do mesmo género sexual assim como o tipo de actividade da cinestesia pois pode ser contraditório ( género masculino mas com uma actividade feminina).

C

Vermelho o afecto expresso é o impulso sexual (lábios) de tal maneira intenso que não há qualquer outra resposta. Sabemos que ele é forte porque durante o protocolo ele dá mostras de impulso sexual. Ex.: escolha da prancha III porque tem umas mulheres com uns seios na frente.

Cromáticos novamente um afecto forte, mas como é um C' tem mais que ver com emoções disfóricas e depressivas. Depois é curioso o que ele diz que o preto não está lá a fazer nada, (que muitas vezes é interpretado com coisas de sexo) é como se ele não quisesse juntar as duas coisas.

Pastel fantasia muito regressiva.

F. C.

Kan:Kob:Kp:E:

Estudo dos conteúdos e temasConclusão

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A construção da imagem de si

A imagem do corpo

Prch. Interpretação Exemplos de resposta

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I

Sensibilidades às lacunas intermaculares aos contornos recortados da mancha ou à abertura superior revelam uma fragilidade mais ou menos importante da imagem do próprio corpo.

‘Uma rapariga vista de costas... com dois rapazes que saltam a seu lado.’‘Uma mulher levada por dois anjos.’‘Aqui, vejo no centro a silhueta de um homem que levanta os braços para o céu.’‘Uma personagem enfeitiçada, de braços levantados.’

Resposta de corpo humano inteiro ou respostas banais (morcego/ borboleta) atestam integração correcta de unidade corporal, percebida como um todo

‘Uma folha, tem buracos a folha.’‘Um morcego... os rins, isto podia ser a coluna vertebral, no meio, os dois lados são simétricos.’‘Isto parece um esqueleto de osso, mas dizer qual... [o sujeito ri-se]...podia parecer uma borboleta.’‘Uma parte do corpo humano vista ao raio x. Faltam as vértebras de cima.’

IV

Não acentua de imediato a representação do corpo. Evoca sobretudo imagens de potência. Estas imagens são melhor ou pior organizadas consoante revelam, ou não, a integração (valor positivo = gigante, ogre, personagens potentes).

‘Uma pessoa vestida de forma bizarra.’‘Uma árvore, a folhagem à volta.’‘Uma árvore uma espécie de floresta [o conjunto]. O tronco aqui [parte mediana] e as folhas. Uma árvore da floresta virgem... os pés e os braços e isto parecia uma cabeça.’

Este tipo de respostas parece exemplar de uma evocação possível, global mas simbólica, de uma imagem de corpo, se bem que a referência humana associada seja difícil de reconstruir, em particular, no último exemplo.

V Cartão da identidade e da representação de si. Podem surgir vários tipos de reacções negativas:

Incapacidade de reconhecer a entidade global que o cartão sugere;

‘Um coelho morto; teria ainda as orelhas e as patas também.’‘Pedaço de carne, coelho decepado.’‘Uma folha rasgada, que se divide em duas.’‘Em rigor um pedaço de intestino grosso.’

A ausência de reconhecimento da realidade quase evidente, ‘animal alada’. O que aparece então é a expressão de uma ausência total de representações do vazio, nada.

‘Não poderiam fazer desenhos que se parecessem com qualquer coisa? E se eu digo nada... nada de nada.’‘Isto não me sugere absolutamente nada, o vazio total.’

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VI

Embora compacto não parece reenviar muito directamente para a imagem do corpo, apesar da sua construção simétrica. É possível que a importância do simbolismo sexual venha mascarar esta solicitação, que apenas se traduz pelo aparecimento do duplo nalguns protocolos.

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II

Este cartão nas suas fontes mais arcaicas, é apreendido como um todo disperso, em que a lacuna mediana é sentida como fenda interna, falha corporal fundamental: os pontos de junção presentes ao nível do conteúdo manifesto não são utilizados para permitirem a unificação do continente ou do envelope e a delimitação dentro-fora. As manchas vermelhas reforçam a vivência destrutiva, por dano, no interior do corpo.

‘Pele de coelho degolado, o sangue [vermelho inferior], a pele [vermelho superior] e os dentes [ponte mediana].’‘Sangue, um estômago, uma caixa torácica, um enorme buraco feito pelo fumo.’‘Uma planeta que explode.’‘Um insecto esmagado, plano, com sangue de cada lado, com os interiores de fora.’

III

Supõe igualmente a referência a uma representação de corpo humano inteiro, na medida em que o seu conteúdo manifesto é muito próximo da realidade das silhuetas humanas, consideradas, aliás, como uma resposta banal. A este respeito, o questionamento da vivência corporal pode arrastar associações que revelam uma angústia de desintegração patente.

‘Um esqueleto de rã, há sangue que escorre, ela está agitada, debate-se.’‘Uma caixa torácica, os pulmões, pedaços de ramagens, madeira morta.’‘As pinças à frente. Isto faria como que uma carapaça de um insecto que teriam esfarrapado.’‘Uma espécie de múmia em frangalhos.’

VII

A sua estrutura é bilateral mas caracteriza-se também por uma grande participação do branco associado ao vazio e à falta, que ao mesmo tempo põe à prova os limites dentro-fora, constituídos no Rorschach pela justaposição da mancha e do fundo branco.

‘A metade esquerda, dir-se-ia uma pessoa, falta uma perna e um braço. Vê-se o pescoço, também não se vê a mão.’‘Uma espécie de boneca, pernas, braços que estão separados, que se despedaça.’‘Guisado de coelho, pedaços cortados tendo ainda a pele, as patas, no alto carne ao natural.’‘O intestino.’

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ção.

VIII

Pode dar origem a respostas anatómicas de vísceras ou de ossos (coluna vertebral, osso, pulmão, rins, coração, etc.) ou mesmo associações fragmentárias (dedos, mãos, pés, etc.).

IX

Suscita o aparecimento de interiores do corpo, na desordem dos limites dentro e fora e na evocação de uma espécie de transparência do envelope que deixaria a descoberto os órgãos e as vísceras.

XPela sua dispersão põe à prova de forma rude as capacidades de unificação corporal.

‘Um corpo que se parte em bocados.’‘Um esqueleto de árvore que acabou de ser abatida.’‘Montes de formas que explodem.’‘Um braço, pernas, maxilares que se abrem.’

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A identidade e o investimento da imagem de si

O sentimento de identidade implica, por um lado, o reconhecimento da diferença entre o sujeito e o objecto e, por outro lado, o reconhecimento da pertença ao mundo humano, a par de uma clara discriminação dos reinos mineral, vegetal, animal e humano. Nos protocolos de adultos a problemática da não-diferenciação e de uma não construção da identidade, traduz-se, por um lado, em representações de duplos e, por outro lado, nos conteúdos onde os diferentes reinos acima citados se interpretam para dar lugar a imagens híbridas.

Prch Interpretação Exemplos de resposta

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I/ IV

Neste tipo de respostas, a linha média não é vivida como eixo do corpo, referência sólida e securizante, mas como linha de separação entre duas entidades que são apenas a repetição do mesmo, como se a diferenciação entre si e o outro fosse apenas o sinal de um corte interno entre duas partes não complementares, mas sim idênticas e estranhas, o que serve muitas vezes de apoio a mecanismos de clivagem.

A percepção de duas personagens no grande pormenor médio do cartão I.A evocação de gémeos no cartão VI.

VMais sensível à reactivação, por vezes difícil de detectar, deste modo de representação onde a confusão das identidades é latente.

‘Um animal simultaneamente pássaro, pelas asas e uma borboleta pelo corpo.’‘Uma espécie de personagem quase humana com asas imensas e patas de gato.’‘É um morcego que pôs o seu casaco negro. Pôs um chapéu pois vai ao baile... tem os pés para dentro.’

A característica comum nestes exemplos reside no facto de que, apesar de um reconhecimento correcto do enegrama preceptivo, a identidade da representação é mal destacada, como se os processos de individuação não tivessem chegado a construir uma imagem de si estável.

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IIIIIVII

Os cartões bilaterais que, pela sua estrutura em espelho, podem favorecer a emergência de uma problemática de ordem narcísica, que nem sempre põe em causa a fragilidade da identidade tal como nós a definimos, são de interpretação delicada: é difícil diferenciar os mecanismos de identificação projectiva, em que a diferenciação entre si e o outro é fantasmaticamente abolida, e as modalidades de estabelecimento de relações narcísicas que supõem a continuidade e a distinção entre o sujeito e o objecto, que emanam de um investimento relacional particular.

Personagens apresentadas em duplo, sendo uma o duplicado da outra:‘Qualquer coisa exactamente simétrica, a réplica um do outro, irmãos gémeos.’ (Cartão III)

A não ser que apareça a dupla pertença a reinos diferentes:‘Duas senhoras que lavam qualquer coisa num tanque; elas têm cabeça de avestruz.’ (Cartão III)

Investimento narcísico da imagem de siSão os cartões V e pastel os que reactivam com mais intensidade uma problemática desta natureza.

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V

Lugar privilegiado das representações que se referem à identidade e ao narcisismo. De facto, quando a problemática do sujeito não se situa a esse nível o cartão V é tratado em geral, pelo recurso à banalidade. Mas desde que haja falhas, ligadas à fragilidade da representação de si, verifica-se a emergência de manifestações de ordem narcísica.

‘Um pavão a abrir a cauda em leque ou uma personagem que se exibe, alguém que posa, que chama a atenção.’‘Uma borboleta que se arrasta numa poça de água, que perdeu as asas, que não consegue desprender-se.’‘Assim [V] uma borboleta escura mas com uma certa graça, leve; assim [Λ]a impressão de estar prostrada, por causa das extremidades, as asas vão-se abaixo, completamente triste.’

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VIIIIXX

Solicitam também intensamente o narcisismo dos sujeitos, mais não seja pela intensa regressão que podem induzir. Mas são as manifestações de sofrimento, as depressivas e as falhas narcísicas que se exprimem muitas vezes nas imagens que mostrem a insuficiência do suporte objectal, que arrasta a insuficiência do investimento de si, corolário de uma vivência de insatisfação e de falta na relação precoce com o meio.

Cartão VIII‘Aqui posso dizer que é o lobo. Pode-se dizer que ele chora: a sua imagem reflecte-se na água.’‘O reflexo de um animal que passas por muitas dificuldades e que se reflecte na água. Um animal que aliás, está em sofrimento.’

Cartão IX‘Folhas velhas.’‘Uma vela a derreter, um cercado antigo, velhote.’‘Uma árvore sustentada por dois rochedos e a ponta do tronco balança-se no vazio.’

Encontramos, através destes exemplos, a intrincação essencial dos investimentos narcísicos e objectais que concorrem para a elaboração da representação de si nas suas possibilidades e impossibilidades, mas também num sistema homeostático por vezes harmonioso.

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Page 15: RCH Interpretativo

O reconhecimento da diferença dos sexos e os modelos de identificação

Abordamos agora um registo simbólico mais evoluído, aquele que dá conta das identificações secundárias, que põem à prova o reconhecimento da diferença de sexos, quando atingido o acesso à identidade.

Os cartões que reenviam a um simbolismo sexual transparente, ao acentuarem a valência dominante masculina ou feminina, parecem respeitar a noção fundamental de bissexualidade psíquica, dado que se encontram sempre referências ao sexo oposto.

As representações de relações

A imago materna

A ANGÚSTIA E OS MECANISMOS DE DEFESA

A angústia

A análise do protocolo Rorschach confronta-nos com: O problema da angústia Natureza da angústia Funções da angústia Lugar que a angústia ocupa no funcionamento mental

Evolução da concepção de angústia na obra de Freud

Primeiro período (1893-1895): à volta da neurose de angústia e das suas relações com a vida sexual

A causa principal da angústia reside no facto de que um afecto sexual não pode ser constituído, pelo que a tensão física não se pode ligar psiquicamente. A angústia aparece como um substituto da representação que falta.

Segundo período (1909-1917): a angústia e libido recalcada

Duas formas caracterizam a angústia patológica: Uma angústia flutuante, prestes a ligar-se a qualquer representação aqui o perigo encontra-se em

todo o lado,. E a segurança em parte nenhuma. Uma angústia circunscrita, ligada a um perigo: aqui está localizado, havendo segurança em tudo o

resto, é possível um certo controlo através do evitamento da situação angustiante.

Terceiro período (1926-1932): a angústia e o aparelho psíquico

Perspectivas psicopatológicas

O ponto de vista de J. Bergeret

O ponto de vista de D. Widlöcher

A angústia no Rorschach

A angústia de castração

A angústia de castração está associada ao fantasma correspondente que constitui, nas teorias infantis, uma tentativa de resposta ao enigma posto à criança pela diferença anatómica dos sexos; esta diferença, constituída pela presença ou ausência do pénis, é atribuída a uma supressão ou a uma perda do pénis na menina.O fantasma da castração encontra-se sob diversos símbolos (a inveja do pénis, o tabu da virgindade e os sentimentos de inferioridade), e pode ser reconhecido em toda a extensão dos seus efeitos clínicos.

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No entanto, a angústia de castração, segundo Freud, deveria ser reservada apenas às excitações e aos efeitos que estão em relação com a ausência ou perda do pénis. Para a rapariga, ele abre a procura que a conduz, a partir da sua decepção narcísica, a desejar o pénis

paterno e constitui, assim, a entrada no édipo. No rapaz, pelo contrário, constitui o período terminal do édipo, uma vez que ele interdita à criança o

objecto materno incestuoso.

A angústia de castração encontra, no entanto, traduções bem diferentes segundo o tipo de problemática e segundo a qualidade das defesas: Num protocolo lábil os afectos em geral são maciçamente utilizados para lutar contra a emergência

das representações. Os afectos exprimem-se intensamente ao nível da verbalização e só raramente estão de imediato, associados às representações. Aqui a angústia é utilizada como sistema de alarma para se peoteger de uma representação desagradável e recalcada.

Nos protocolos rígidos as manifestações de afecto são dadas a mínima. A angústia é então perceptível no reforço das defesas, quer nos modos de apreensão em que se encontra um aumento de G quer numa multiplicação de recortes com a preocupação constante de se colar à realidade do estímulo (respostas F). aqui a defesa consiste em valorizar uma realidade que se desejaria objectiva, contra a emergência de representações angustiantes e contra a emergência de afectos associados.

Nos protocolos inibidos (de tipo fóbico) encontramos a restrição do campo preceptivo e a tendência para se agarrar ao concreto, mas os afectos podem aparecer de forma maciça, brutal, em particular sob a forma de bloqueio e da sideração. A focalização das imagens particularmente investidas e portadoras de angústia é reconhecida (cartões pretos e vermelhos).

A angústia de perda do objecto

Todo o sujeito é confrontado, no decurso do seu desenvolvimento e da sua vida, com problemáticas ligadas à ausência ou à perda de objecto, e, portanto, com a questão da permanência das representações desses objectos no interior da psique.

No Rorschach, de facto, os objectos perceptíveis estão ausentes, só podem ser re(a)presentados na criação-reencontro que sustenta o processo da resposta. Trata-se de apreender a qualidade das problemáticas depressivas no seio da organização psíquica do sujeito.

Os índices mais clássicos da depressão: inibição, inércia psíquica, sensibilidade específica ao preto e ao branco e tonalidade disfórica dos conteúdos de referência, não constituem os únicos critérios significativos.

Podemos definir, numa óptica operacional, a tradução da elaboração da perda do objecto na capacidade demonstrada, no Rorschach, em associar e ligar um afecto de sofrimento a uma ou várias representações de perda.Os estados ou os momentos depressivos vêm sempre mostrar a dificuldade em realizar ou actualizar este trabalho psíquico. É importante, então, apreender os sinais específicos de desinvestimento, quer ele diga respeito ao sujeito, ou ao objecto, ou aos processos de pensamento e à actividade de representação, quer aos afectos e à sensorialidade.

A angústia de aniquilamento

Quando abordamos o registo da perda de ser e da perda de identidade, as coisas manifestam-se de forma muito diferente. Assistimos, antes de mais, a uma desorganização geral que deixa espaço para a emergência de processos primários dominantes.

Afectos: podem ser maciços, transbordantes, invasores, ou pelo contrário, ausência total de afectos.

Conteúdos: reenviam para a noção de integridade corporal, quer se refiram ou não a imagens humanas.

Reactividade específica aos cartões: pode desaparecer para dar origem à compulsão da repetição (é dado o mesmo tipo de respostas em todos os cartões.

Os mecanismos de defesa

A determinação dos mecanismos de defesa nos protocolos Rorschach constitui uma etapa de peso na apreciação do funcionamento psíquico do sujeito. Permite determinar a flexibilidade ou a rigidez da organização defensiva, as suas qualidades específicas e o seu carácter operante, que permitem um desimpedimento parcial ou ineficaz.

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Separar os mecanismos de defesa do que os levou a actuar revela de um procedimento arbitrário: mecanismos de defesa relativamente semelhantes tomam significados diferentes segundo o contexto conflitual em que se integram.

No trabalho de análise e de qualificação da organização defensiva, através dos protocolos de Rorschach, distinguimos os procedimentos de elaboração do discurso e os mecanismos de defesa que os sustêm, ou para que são capazes de remeter.A noção de procedimento, permite um exame minucioso e subtil do discurso manifesto do sujeito, ao evidenciar as sequências que comportam operações significantes, um pouco como procederíamos na desconstrução de um puzzle.

No Rorschach, a tradução defensiva aparece, muitas vezes, ao nível das cotações que traduzem a codificação do conteúdo manifesto. A análise dos mecanismos de defesa é simultaneamente mais fácil e mais difícil: mais fácil, na medida em que o desvio entre procedimentos e mecanismos de defesa de determina mais claramente, e em que o trabalho de transposição se impõe com maior rigor; mais difícil, porque é necessário aprofundar consideravelmente o estudo dos factores, para neles descobrir as operações defensivas que aí se escondem.

Distinguimos quatro grandes categorias de procedimentos de elaboração do discurso: Rigidez Labilidade Inibição Processos primáriosEsta primeira diferenciação permite definir e identificar o leque das condutas mobilizadas no Rorschach e abre-se numa interpretação dos mecanismos de defesa em termos psicopatológicos (neurose obsessiva, histeria, funcionamentos narcísicos, funcionamentos limites, psicoses).Estes diferentes mecanismos vão traduzir-se, no Rorschach, através de três tipos de dados. Os procedimentos podem com efeito, aparecer: Quer fora das respostas cotáveis verbalização, características qualitativas não verbais que

acompanham a produção de imagens. Na própria resposta no seio de uma sequência associativa estigmatizada por uma cotação. Através de um ou vários factores combinados cujo agrupamento permite determinar um mecanismo de

defesa específico.

Os procedimentos rígidos

São agrupados nesta categoria todas as manifestações que dão conta da utilização dos dados preceptivos do material, quer para evitar ou minimizar o aparecimento de elementos em relação com a realidade interna do sujeito, quer para lhe permitir exprimir-se graças a uma estratégia de justificação e de racionalização objectivantes.

Os procedimentos rígidos

Manifestações fora das respostas

Todas as reacções qualitativas, verbais ou não, que traduzem a preocupação do sujeito em ajustar ao máximo a imagem associada que fornece à realidade preceptiva do cartão.

As precauções verbais ("Isto poderia ser"; "Se olharmos com muita atenção…"; etc.) A dúvida ("Não tenho a certeza que seja isto efectivamente…"; etc.) As ruminações, muitas vezes próximas da dúvida ("Se tirarmos a parte esquerda, e ao olharmos

sobretudo a parte central, poder-se-ia talvez ver com rigor…")

Estes três procedimentos dão à verbalização um aspecto muito específico, pesado e embaraçoso, caracterizado pelos ir e vir, a sobreposição e a ausência de posição clara e conferem à produção uma abundância enganadora, na medida em que o aspecto denso dos comentários esconde o evitamento das representações significativas para o sujeito.

A denegação (aparece também na verbalização) refere-se ao aspecto externo ("Não vejo bem, …não é claro")

O apego aos pormenores As precisões numéricas são raras, mas podem aparecer.

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As formações reactivas por fim para além do "obrigado" no princípio do cartão, surgem comentários do tipo "Está muito bem desenhado, muito ordenado, muito claro…"

Respostas ou sequências de respostas

Compreende as manifestações defensivas que se evidenciam no seio de uma resposta ou de uma sequência de respostas.

Denegação "Isto não é, apesar de tudo, uma águia… não, não é uma ave de rapina, qualquer coisa menos agressiva."

Formação reactiva "Dois mordomos que se cumprimentam" Dúvida traduzida principalmente pela hesitação entre duas imagens, ou entre duas interpretações no

seio de uma mesma resposta. "Duas personagens… não sei se são dois homens ou duas mulheres…"

Factores específicos

A descrição, caracteriza-se sobretudo pela elevação do F% formalização excessiva. A expressão dos afectos mínima, TRI coarctado ou introversivo testemunho da luta contra a

emergência das emoções e afectos. A dúvida, F+/- elevado mostra o receio do compromisso e da tomada de posição clara e

determinada. A expressão de domínio do material, aumento das respostas G evidencia a necessidade de

manter os desejos e de controlar as emergências pulsionais consideradas perigosas Apego aos pormenores, aumento das respostas D e Dd procura de domínio do material na sua

externalidade, que corresponde ao esforço de controlo dos desejos. A intelectualização, Gorganizados, K, Conteúdos artísticos. A negação das ligações:

- Entre representações e afectos aumento do F%, e diminuição dos C (CF, FC)- Entre duas representações "Dois animais, dois cães que… não, não vejo…"

As formações reactivas, aumento das respostas FC.

Os mecanismos de defesa de tipo obsessivo

Os procedimentos anteriores podem ter influência na utilização de defesas neuróticas de tipo obsessivo. Formalismo excessivo F% elevado mais o aparecimento de F-, mostra a utilização preferencial do

recurso à realidade externa como defesa contra uma realidade interna que, no entanto, se infiltra através do aparelho defensivo.

Formação reactiva dificuldades de integração e/ou expressão da agressividade no comportamento face ao clínico, cinestesiasmuito centradas na delicadeza.

Denegação aparece em comentários, ou em respostas.

As defesas rígidas de carácter

Ausência de articulação

Eficácia muito relativa dos procedimentos e dos mecanismos de defessa

As defesas rígidas de tipo narcísico

Centração na simetria e as referências ao eixo mediano recurso às características objectivas do material, e aparecem como tal nas observações críticas que as acompanham. Para além disso, há um evitamento de uma relação entre dois seres diferentes, através de respostas especulares (espelhos).

F% e F+% elevados dá conta do estabelecimento de barreiras muito investidas entre dentro e fora e mostra, ao mesmo tempo, a necessidade do recurso a condutas de objectivação que tentam afastar os elementos projectivos, para se manter no registo de uma percepção pura.

Neste quadro de uma atitude formal que valoriza as fronteiras e os limites, algumas respostas revelam-se muito típicas das personalidades narcísicas: Conteúdos A animais com carapaça, tais como escaravelhos, tartarugas, crustáceos, peles de

animais, etc. Conteúdos Objecto roupas, tecidos, mascáras, etc.

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Conteúdos H caracterizados pela função ou pelo papel consignado (palhaço, rainha, advogado, etc.)

As faltas de defesas rígidas narcísicas

Os procedimentos lábeis e as defesas pelo recurso à fantasia e aos afectos

Os procedimentos lábeis

Manifestações fora das respostas

Integramos aqui todos os comentários referentes à dimensão subjectiva da vivência. Comentários regulares surgem desde a apresentação dos cartões, dá conta de uma reactividade

imediata às estimulações. Dramatização Labilidade das reacções emocionais contrata muitas vezes com a qualidade dos cartões:

cromáticos, pastel. Acentuação do desconhecido "Não sei, não vejo o que isto possa ser…" Manipulação lábil da linguagem rapidez dos tempos de latência, discurso precipitado, etc.

Respostas ou sequências de respostas

Recalcamento pode aparecer na recusa ou incapacidade em fornecer associações nos cartões muito saturados em simbolismo sexual.

Denegação quando é evitada uma representação cuja dimensão simbólica é evidente e é então investido um determinado tipo de conteúdo (fumo, nevoeiro) que serve de ecrã a essa representação.

Erotização das relações aparece através das encenações cinestésicas.

Factores específicos

Cuidado em se manter à distância dos cartões através de respostas globais, vaga ou impressionista.

Recurso intenso às manifestações sensoriais TRI extratensivo. Sugestionabilidade, vulnerabilidade grande sensibilidade às variações dos estímulos e em

particular às mudanças cromáticas (C, C', CE, Clob). F% baixo

Podem aparecer referências com condutas defensivas de outra espécie: Fuga para a frente na interpretação multiplicação de respostas. Flutuações na produção de respostas. Manifestações emocionais muito intensas Perda de controlo sobre a realidade objectiva F+% muito baixo. Conteúdos muito crus.

A primeira remete para mecanismos de recalcamento enquanto que a segunda remete para o insucesso desses mecanismos

Os mecanismos de defesa histéricos

O recalcamento

Fala-se de recalcamento sempre que os seguintes critérios se observam em simultâneo: Qualidade geral da produção de factura lábil: comentários, teatralismo, dramatização, etc. TRI extratensivo realce da sensibilidade sensorial e emocional. Reacções específicas aos cartões de simbolismo sexual (recusa, agravamento dos procedimentos

lábeis).

As defesas lábeis narcísicas

Manifestações clínicas

O tratamento da cor

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Cartões vermelhos: a negação dos movimentos pulsionais aparece no modo de reacção aos cartões vermelhos. Os protocolos de sujeitos narcísicos, mostram:- Quer a ausência de utilização ou de integração do vermelho; pelo que todas as respostas são

tratadas em F ou em K.- Quer uma exploração do vermelho como referência descritiva, para delimitar o contorno da

imagem. Não há associação ao vermelho com conteúdos pulsionais. Cartões pastel põem habitualmente evidência a extrema dificuldade em comprometer-se num

movimento regressivo. Encontramos quer a ausência de respostas C, quer a utilização da cor como sinal dos contornos dos limites.

Característica principal é a utilização da cor como defesa face aos movimentos pulsionais

As defesas maníacas e a luta antidepressiva

A luta antidepressiva nos funcionamentos-limite

A inibição

Procedimentos que marcam a inibição

Manifestações fora das respostas

Número de respostas restrito Dominância do anonimato Comentários quase ausentes. Latências iniciais longas Silêncios numerosos Recusas, não são raras.

Estes mecanismos têm como objectivo lutar, ao máximo, contra a implicação projectiva sentida como perigosa.

Manifestações de ansiedade por vezes muito visíveis.

Respostas ou sequências de respostas

Anonimato das personagens humanas duas pessoas, duas personagens, homenzinhos. Impreciso, vago, indeterminação ou ausência de precisão das acções projectadas. repressão

das cinestesias frequente. Minimização dos movimentos projectivos Um pouco, quanto muito. Evitamento evita partes vermelhas, lacunas intermaculares, etc. Banalização

Factores específicos

Modos de apreensão: - Abordagem global superficial Evita uma confrontação, considerada perigosa, com os elementos

do material susceptível de reactivar aspectos angustiantes da realidade interna. Determinantes:

- F% elevado comportando muitos F+/- dificuldades de implicação e os receios de envolvimentos nas tomadas de posição afirmadas.

TRI e Formula Complementar:- Coarctado, podo em evidência o freio posto na expressão fantasmática e afectiva.

Conteúdos- Conteúdos fóbicos respostas de animais ansiogénicos.- Conteúdos carregados de angústia natureza hipocondríaca.- Conteúdos banalizados a todo o custo.

Angústia- Clob, C', E, cinestesias isoladas com temáticas de queda ou de vertigem reactividade específica

ao negro.

Os mecanismos de defesa de tipo fóbico

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Projecção no real latências muito longas, verbalização limitada, manifestações de ansiedade numerosas fora do protocolo.

Evitamento e fuga aparecimento de sideração face ao material que paralisa literalmente o sujeito. Deslocamento repetição da sequência projecção/deslocamento/evitamento, nos cartões em que o

impacto é ansiogénico.

A inibição nos funcionamentos limite

As emergências em processos primários e as defesas psicóticas

Emergências em processos primários

Manifestações fora das respostas

Desconfiança Vigilância extrema Reticência do sujeito Prolixidade Multiplicação de respostas Verbalização abundante Etc.

Respostas ou sequências de respostas

Respostas globais mal organizadas, ou imensos Dd em recortes raros ou extravagantes. Presença de F-, aclaram a qualidade medíocre do controlo formal, resvalar da percepção. Cinestesias com valor interpretativo ou delirante. C são testemunho de ausência de contenção dos movimentos pulsionais, que se escapam através

de imagens mórbidas. Hd, Anat, Sang ausência de integridade física. H/A, H/Obj. confusão dos reinos.

Factores específicos

Baixo F+%, que não é compensado pelo F+% alargado. Baixo D% desinteresse pelo concreto, pelo real. TRI dilatado os K com valência interpretativa desrealizante ou delirante são numerosos, ou então a

soma das respostas cor são muito elevada, com a dominância do C puro que assinala o peso dos afectos, a invasão emocional e a fragilidade das barreiras internas.

TRI coarctado as incidências projectivas e emocionais são completamente limadas, dando a aparência de morte psíquica.

Conteúdos:- Diminuição das banalidades- Referências corporais mutiladas, referências ósseas ou viscerais- Presença de imagens mitológicas ou fantásticas bruxas, diabos.- Conteúdos A ou Obj. são fragmentados assim como os HD.

Os mecanismos de defesa psicóticos

Projecção a exteriorização das pulsões perigosas do sujeito, constitui, então, uma defesa compulsiva que não tem mais em conta os limites impostos pela realidade.

Recusa rejeição pelo sujeito, em reconhecer a realidade de uma percepção traumatizante.- Recusa de castração respostas muito precisas, localizadas em espaços habitualmente

interpretados como referencias à identidade sexual, ou mesmo como representações do sexo feminino.

- Recusa da realidade rejeição em apreender a realidade exterior como tal. Desdobramento evidencia a divisão do sujeito e a falta considerável da constituição de uma unidade

da identidade.

Conclusão: organização defensiva e registo dos conflitos

Protocolos neuróticos a problemática reenvia para a angústia de castração. Os conflitos aparecem nas dificuldades de identificação sexual e do manejo pulsional, libidinal e/ou agressivo, sem que esteja

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perdida, no entanto, a consciência de sujeito. Neste sentido, a relação com o real mantém-se de qualidade suficiente, os limites entre a realidade e o imaginário mantêm-se, as fronteiras entre mundo interno e mundo externo subsistem sem intromissões excessivas. Os conflitos são susceptíveis de ser dramatizados, quer no seio de cenários interpessoais, quer em termos de ruminação intrapsíquica, mas geralmente, referem-se à luta entre os desejos e os interditos, num sistema de representações interiorizado.

Protocolos de estado limite a problemática remete para a perda de objecto, em contextos que evidenciam a impossibilidade de elaborar a posição depressiva. Se a relação com o real se mantém suficiente, o investimento da realidade toma conotações particulares: em alguns casos observamos um sobreinvestimento da realidade exterior e objectiva que serve de ecrã às manifestações subjectivas, ou ocupa-lhes o lugar, pelas actividades fantasmáticas em falta ou aparentemente nulas; noutros casos, verificamos uma inflação narcísica que apaga uma realidade objectal considerada incómoda pelas limitações e constrangimentos que impõe.

Nos protocolos psicóticos a problemática remete para a perda de identidade, nas personalidades dissociadas (esquizófrenia) é a angústia de fragmentação e de desintegração que sustêm as produções. Nas personalidades interpretativas (paranoía) é o perigo de destruição e aniquilamento pelo objeco persecutório que domina. Quer as barreiras dentro e fora estejam desmoronadas ou ameaçadas de estrago, elas caracterizam-se pela sua extrema fragilidade. De igual modo a distinção entre imaginário e real está constantemente minada pela confusão, a carga dos mecanismos projectivose a insuficiência de ancoragem na realidade objectiva. Os excessos fantasmáticos e pulsionais assinalam a inconsistência de um ego que deixou de cumprir as suas funções reguladoras.

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