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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ VIVIANE SCISLESKI REABILITAÇ ÃO VETERINÁRIA CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

VIVIANE SCISLESKI

REABILITAÇÃO VETERINÁRIA

CURITIBA

2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

VIVIANE SCISLESKI

REABILITAÇÃO VETERINÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Medicina Veterinária como requisito

para obtenção do título de Médico Veterinário.

Orientador: Profa. Ana Laura Angeli

CURITIBA

2013

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TERMO DE APROVAÇÃO

VIVIANE SCISLESKI

REABILITAÇÃO VETERINÁRIA

Este trabalho foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médico Veterinário no curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

Curitiba, data de defesa

_____________________________________________________

Curso de Medicina veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Ana Laura Angeli

Universidade Tuiuti do Paraná

Professor 2

Instituição

Professor 3

Instituição

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de curso à meus pais, Joares e Terezinha Scisleski.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à meus pais por proporcionar a oportunidade de concretizar um sonho de

menina, por me apoiar e incentivar nos momentos mais difíceis e por ter me ensinado, desde

pequena a não desistir dos meus objetivos.

À minha mãe e irmã, não somente pelo apoio incondicional de sempre, mas por

cuidarem do meu pequeno Vicenzo durante o último período de faculdade e durante o estágio

curricular. Seu apoio foi essencial e sem sua ajuda, apoio e certeza de que meu filho estaria bem

cuidado, não teria tranquilidade para me dedicar ao estágio curricular e elaboração deste

trabalho.

Dedico também minha conquista à minha filha de quatro patas, Rubi, pelo amor

incondicional que vejo em seus olhos e por ter me inspirado em muitos assuntos de estudo.

Ao meu esposo pela paciência nos momentos difíceis, por escutar e muitas vezes se

calar diante de minhas reclamações, e, principalmente por me incentivar a não desistir dos meus

objetivos.

À minha filha Isadora, que passou tão pouco tempo conosco, por me ensinar a seguir

em frente apesar das dificuldades e a perseguir meus sonhos.

Ao meu filho Vicenzo por iluminar meus dias com sua presença, por me mostrar que a

vida deve continuar, e que ainda posso ser feliz apesar das perdas.

Dedico também a alegria da conclusão da minha graduação aos mestres que me

apoiaram, incentivaram e ajudaram nos momentos difíceis, professoras Ana Laura Angeli,

Anderlise Borsoi, Elza Maria Galvão Ciffoni, Silvana K. Furtado e professores Milton Mikio

Morishin, Uriel Cotarelli e Wellington Harttman.

Aos amigos que se mantiveram ao meu lado, por sua compreensão.

À Dra. Renata Novak, orientadora durante o estágio curricular, pela oportunidade de

estagiar e aprender mais sobre a atuação na reabilitação Veterinária. Foi, não só uma professora,

mas uma amiga compreensiva diante das minhas dificuldades durante todo este período.

À minha amiga Joyce Baggio Bettega, por sempre estar ao meu lado, pela ajuda durante

o curso e em todos os momentos pessoais em que necessitei.

À Deus por me dar forças para nunca desistir, por me dar sabedoria para aceitar, e forças

para persistir e iluminar meus caminhos com suas bênçãos.

À São Francisco de Assis, à quem sou devota.

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EPÍGRAFE

“Se as coisas são inatingíveis...ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A presença distante das estrelas!”

Mario Quintana – Das Utopias

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RESUMO

A fisioterapia veterinária e uma atuação do médico veterinário cujos benefícios e

resultados são cada dia mais evidentes. As técnicas estudadas provém da fisioterapia humana,

no entanto é cada vez maior a busca por especialização pelos médicos veterinários, tendo sua

aplicação restrita aos mesmos. As principais técnicas e equipamentos utilizados na fisioterap ia

veterinária são a termoterapia, crioterapia, eletroterapia, cinesioterapia, massoterapia,

magnetoterapia, laserterapia e hidroterapia, sendo comumente utilizada, como adjuvante, a

acupuntura. É muito utilizada, não só no período pós operatório, para melhor retorno às funções

normais de um membro ou de uma condição física, como também no pré-operatório, para maior

sucesso da cirurgia e melhor adaptação à uma nova condição, ou mesmo retorno mais rápido

de uma função. Também muito aplicada no tratamento conservativo ou paliativo de certas

afecções.

A fisioterapia pode ainda resumir-se a tratar dos sinais e limitações do paciente quanto

às funções de movimento, ainda que não exista um diagnóstico definitivo.

Palavras-chave: reabilitação, pós operatório, ortopedia, função, limitação, movimento,

condição física, dor.

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 – Massagem em um cão _______________________________________ 16

Figura 2 – Aplicação de ultrassom terapêutico em membro torácico de um cão____ 20

Figura 3 – Aplicação de campo magnético em um cão________________________23

Figura 4 – Aplicação de eletroterapia em coelho ____________________________29

Figura 5 – Exercício em prancha de equilíbrio ______________________________36

Figura 7 – Exercício em bola terapêutica __________________________________38

Figura 8 – Caminhada na esteira _________________________________________42

Figura 9 – Caminhada em esteira com faixa elástica __________________________45

Figura 10 – Paciente (caso clínico) ________________________________________47

Figura 11 – Exercício em prancha de equilíbrio ______________________________48

Figura 12 – Eletroterapia em cão - Aplicação de corrente Russa _________________49

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

LLLT – LIGHT BY ESTIMULADET EMISSION OF RADIATION

NM – NANOMETRO

J/CM² - JOULES POR CENTIMETRO QUADRADO

NMES – ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEUROMUSCULAR

TENS – ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA

EENM – ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEUROMUSCULAR

HZ –HERTZ

PAN – AMPLITUDE DE PULSO

PWM – LARGURA DE PULSO

FES –ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL

IC – CORRENTE INTERFERENCIAL

AMF – FREQUENCIA DE BATIMENTOS CONSTANTE

ROM – EXERCÍCIO DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO

AP – ACUPUNTURA

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SUMÁRIO

1. Introdução ____________________________________________________________ 12

2. Revisão de Literatura ___________________________________________________ 13

2.1 Fisioterapia Veterinária ________________________________________________ 13

2.2 Avaliação para fisioterapia ______________________________________________ 14

3 Técnicas e protocolo fisioterápico ____________________________________________ 16

3.1 Massagem terapêutica/ massoterapia ______________________________________ 16

3.1.1 Técnicas de massagem ______________________________________________ 17

3.2 Termoterapia _________________________________________________________ 17

3.2.1 Crioterapia _________________________________________________________ 18

3.2.2 Aplicação de calor ___________________________________________________ 19

3.2.3 Ultrassom Terapêutico ________________________________________________ 19

3.2.4 Fototerapia _________________________________________________________ 21

3.2.5 Infravermelho ______________________________________________________ 22

3.2.6 Terapia de Campo Magnético __________________________________________ 22

3.3 Laser Terapêutico _____________________________________________________ 23

3.4 Estimulação Elétrica/ Eletroterapia _______________________________________ 27

3.4.1 Estimulação Elétrica Transcutânea de nervos/ TENS ________________________ 29

3.4.2 Estimulação Elétrica Funcional/ FES ____________________________________ 31

3.4.3 Corrente Russa ______________________________________________________ 32

3.4.4 Corrente Interferencial/ IC_____________________________________________ 32

3.5 Cinesioterapia ________________________________________________________ 34

3.5.1 Exercício Terapêutico Passivo__________________________________________ 34

3.5.2 Exercício de Amplitude de Movimento/ ROM _____________________________ 34

3.5.3 Exercício de Alongamento ____________________________________________ 35

3.6 Exercício Terapêutico Assistido e Exercícios de Propriocepção _________________ 35

3.6.1 Exercício de Estação com Auxílio de Toalha ______________________________ 35

3.6.2 Prancha de Equilíbrio ________________________________________________ 36

3.6.3 Exercício com Bola __________________________________________________ 38

3.7 Exercício Terapêutico Ativo _____________________________________________ 38

3.7.1 Caminhada _________________________________________________________ 39

3.7.2 Subir e Descer Escadas e Rampas _______________________________________ 39

3.7.3 Dança _____________________________________________________________ 39

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3.7.4 Carrinho de Mão ____________________________________________________ 40

3.7.5 Levantar e Sentar ____________________________________________________ 40

3.7.6 Esteira Seca ________________________________________________________ 40

3.7.8 Obstáculos _________________________________________________________ 43

3.8Exercício de Fortalecimento Muscular _____________________________________ 44

3.8.1 Exercícios com peso _________________________________________________ 44

3.8.2 Faixas Elásticas _____________________________________________________ 44

3.9 Hidroterapia _________________________________________________________ 45

4. Relato de Caso Clínico __________________________________________________ 46

4.1 Anamnese ___________________________________________________________ 46

4.2 Exames Complementares _______________________________________________ 46

4.3 Diagnóstico Presuntivo _________________________________________________ 47

4.4 Tratamento __________________________________________________________ 47

4.5 Resultados ___________________________________________________________ 49

5. Discussão ____________________________________________________________ 50

5.1 Propriocepção ________________________________________________________ 50

5.2 Reflexos espinhais de membros anteriores __________________________________ 50

5.3 Reflexos de Dor profunda_______________________________________________ 52

5.4 Sensação de dor superficial _____________________________________________ 52

5.5 Dor Cervical _________________________________________________________ 52

5.6 Avaliação de reflexo dos membros posteriores, ânus e cauda ___________________ 52

5.7 Localização das lesões _________________________________________________ 53

5.8 Indicação da Fisioterapia _______________________________________________ 54

5.9 Definição do protocolo terapêutico _______________________________________ 54

6. Conclusão ____________________________________________________________ 54

6. Referências ___________________________________________________________ 59

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1. INTRODUÇÃO

A fisioterapia animal é uma área que estuda, previne e trata distúrbios cinéticos

funcionais gerados por alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas, tendo bases

científicas estabelecidas para seres humanos e animais (STEISS & LEVINE, 2008). Cada vez

mais os médicos veterinários que atuam na ortopedia estão vendo a necessidade de incorporar

a especialidade no tratamento para melhorar a recuperação e a qualidade de vida dos animais

(WEERWN, 2007).

Em humanos é benéfica para a recuperação pós-cirúrgicas da reconstrução do ligamento

cruzado anterior, na estabilização de fraturas, artroplastias, cirurgias de coluna e outras lesões

e doenças. Ainda melhora a função motora em uma grande variedade de pacientes com

osteoartrite, artroplastia total de quadril e lombalgia crônica durante suas vidas, assim como

individualiza o treinamento de atletas, melhorando aptidão física. Aplicações similares existem

para animais (LIANZA, 2001).

O objetivo da fisioterapia é reabilitar, restaurando, mantendo e promovendo a melhora

da função e aptidão física, aliviando a dor e interferindo no bem estar do animal e melhorando

sua qualidade de vida (STAISS & LEVINE et al., 2008). Inclui o tratamento durante sua

recuperação após procedimentos cirúrgicos ortopédicos, monitoramento e perda de peso,

fortalecimento de grupos musculares específicos e ajuda no controle de condições crônicas ou

progressivos.

A fisioterapia atua ainda na redução de processo inflamatório, prevenindo e

minimizando atrofias musculares, melhorando condição e função de cartilagem, ossos, tendões

e ligamentos, podendo ainda ser útil da melhora da função cardiovascular, podendo ser utilizada

também em tratamento da obesidade (GOOF & CROOK, 2007).

É dada maior ênfase em prevenção ou diminuição de sinais clínicos, ou progressão de

disfunções, limitações funcionais e incapacidade que pode resultar de algumas doenças,

distúrbios, condições e lesões. Sendo assim, apresenta benefícios como melhoria de função e

qualidade de movimentos, aumento de força e amplitude dos mesmos, abreviando o tempo de

recuperação pós cirúrgica, reduzindo assim custos ao proprietário, promove menor necessidade

de utilização de anti-inflamatórios não-esteroidais e minimiza e previne novas lesões

decorrentes da alteração anatômica de cirurgias ortopédicas (STEISS & LEVINE, 2008).

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A fisioterapia promove melhoria da função e a qualidade dos movimentos, com o aumento

da força e amplitude dos mesmos; redução da dor, inchaço e complicações; diminui o tempo de

recuperação pós cirúrgica; redução de custos para o proprietário; prevenção de outras lesões;

decréscimo no uso dos anti-inflamatórios não-esteroidais; sendo sua aplicação personalizada

para cada caso clínico e paciente (MIKAIL, 2009).

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FISIOTERAPIA VETERINÁRIA

A fisioterapia se utiliza de uma variedade de tratamentos, como terapias manuais,

incluindo alongamento, massagens específicas, amplitude de movimento passiva e

movimentação articular. A termoterapia e eletroterapia, bem como exercícios terapêuticos,

também podem ser utilizadas como auxiliares ao tratamento de pacientes (MIKAIL, 2009).

Segundo McCurnin (1994), a fisioterapia pode se utilizar do uso do frio, calor, água,

impulsos elétricos, exercícios terapêuticos, tanto para tratar injúrias quanto doenças, assim

como em pré e pós operatórios, e até mesmo no tratamento não cirúrgico conservativo de

determinadas doenças, ou mesmo apenas no controle de dor crônica de origem idiopática. A

fisioterapia é importante no tratamento de afecções do sistema musculoesquelético e

neuromuscular.

Os problemas mais rotineiramente tratados na fisioterapia veterinária, segundo Teixeira

(2006) são: artrite, displasia coxofemoral e de cotovelo, tendinites, lesões ligamentares, hérnias

intervertebrais, pré e pós operatórios, consolidações de fraturas e até mesmo trata de afecções

não diagnosticadas definitivamente, tratando os sinais clínicos.

Está indicada em situações de reabilitação pós-cirúrgica em casos ortopédicos e

neurológicos, lesões musculoesqueléticas, fraqueza muscular; afecções discais associadas a dor

e paresia, lesões articulares como contraturas e artrites, alívio da dor, cicatrização de feridas,

alterações no desempenho de um animal atleta, edemas e problemas na circulação sanguínea e

linfática, complicações do sistema cardiorrespiratório e maneio do peso para preparar

fisicamente o animal para a cirurgia, sendo também profilática, quando o animal tem uma

predisposição, ou uma doença articular, por exemplo, já instalada mas em grau inicial, evitando

ou protelando assim o tratamento cirúrgico por estabilizar a lesão fortalecendo muscula tura

adjacente (STEISS & LEVINE, 2008).

Estas técnicas trazem benefícios em diversos aspectos: (STEISS & LEVINE, 2008).

- Redução da dor e do desconforto;

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-Recuperação mais rápida de lesões cirúrgicas;

-Aumento de flexibilidade;

-Melhora da amplitude e qualidade de movimento

-Melhora da força e resistência;

-Melhora de quadros neurológicos;

-Diminuição de edema;

-Aumentar a produção de colágeno;

-Reparação tecidual;

-Prevenção ou diminuição da atrofia muscular;

2.2 AVALIAÇÃO PARA FISIOTERAPIA

Segundo a Associação Americana de Fisioterapia o protocolo terapêutico é elaborado

segundo cinco parâmetros, uma avaliação inicial, um exame fisioterapêutico, um diagnóst ico

fisioterápico, um prognóstico e a escolha do tratamento (STEISS & LEVINE, 2008).

A avaliação se baseia no histórico de saúde e exame clínico geral, o diagnóst ico

fisioterápico envolve se forma por uma avaliação sintomática, por meio de análise de tensão

muscular, atrofia e da dor, assim como a observação do animal em movimento. A avaliação do

movimento ativo é feita durante marchas variadas e durante a realização de atividades

específicas, como escalar e subir escadas. Deve ser avaliado o caminhar, trote e galope, quando

apto a realizar tais atividades. Inclui avaliação do repouso, postura, equilíbrio e força (MIKAIL

et al, 2009).

O equilíbrio deve ser avaliado tirando o animal de seu equilíbrio e empurrando-o, assim

avaliando sua resposta. Também pode-se avaliar equilíbrio observando coordenação,

deambulação e ocorrência de quedas. A propriocepção durante a deambulação é avaliada pelo

reposicionamento dos dedos, elevação e posição dos membros e tipo de marcha (STEISS &

LEVINE, 2008, MIKAIL, 2009).

A força é testada avaliando massa muscular e habilidade em realizar atividades

rotineiras, como, por exemplo, ao levantar-se, observando-se a força do músculo extensor da

articulação coxofemoral (MIKAIL, 2009).

Segue-se avaliando a movimentação articular e a dor. Deve-se avaliar o desconforto e a

condição do tecido anormal ou lesionado, seja como frouxidão ou restrição de movimento. O

fisiatra deve ter a compreensão da forma como essas limitações afetam a funcionalidade e como

devem ser tratadas (MIKAIL, 2009).

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De acordo com STEISS & LEVINE et al (2008), parece bastante subjetiva a forma de

avaliação, no entanto está baseada na técnica e experiência, assim como na comparação quanto

à funcionalidade normal, sendo determinada com base em restrição articular, muscular ou de

tecidos conectivos no movimento, de forma que o examinador calcula o limite pela sensação

transmitida às mãos do examinador pelo tecido examinado, durante uma escala de movimentos.

Sendo assim, os candidatos ao tratamento fisioterápico são pacientes neurológicos, ortopédicos,

particularmente os de raças de trabalho, caça, ou que desempenham atividade física intensa.

A reabilitação é muito aplicada na recuperação pós cirúrgica, como melhora de

amplitude de movimentos, evitando contratura de músculos ou grupos musculares, melhora e

mais rápido retorno às funções normais do membro, assim como correção de movimentação

anormal (MIKAIL, 2009).

3.TÉCNICAS E PROTOCOLO FISIOTERÁPICO

As modalidades de reabilitação disponíveis na medicina veterinária são exercícios

terapêuticos, como caminhada comum ou em esteira, carrinho de mão, dança, exercícios

aquáticos (WEIGEL et al., 2008), terapias manuais (massoterapia e mobilizações passivas), que

visam melhora da mobilidade articular (SAUNDERS, 2008) e os agentes físicos, tais como

crioterapia, o calor e a estimulação elétrica (STEISS & LEVINE, 2008). Outras modalidades

mais recentemente adaptadas à rotina veterinária incluem terapias por ondas de choque

extracorpóreas e terapias de campo magnético estático (MILLIS et al., 2008), assim como laser

de baixa potência e ultrassom.

O plano de tratamento fisioterápico baseia-se em fatos evidentes, histórico clínico,

diagnóstico e evolução da fisioterapia, muitas vezes se baseia também em estudos e conclusões

do estudo aplicado à humanos. A escolha do plano terapêutico é ainda influenc iada pela

experiência do profissional de fisioterapia, modalidades disponíveis, disponibilidade finance ira

e envolvimento do proprietário no tratamento (BROOKSTAHLER, 2004).

O plano terapêutico pode ser modificado, sempre que observada mudança no quadro

geral do paciente, sendo feito em etapas. Este deve ser único para cada paciente, devendo

considerar qualquer alteração e outros fatores, como piora do quadro, idade, disposição do cão

e proprietário/ tutor, expectativas futuras, urgência do retorno da função, equipamentos

disponíveis, habilidade do clinico e custo do tratamento. Habitualmente, o protocolo se constitui

de escolha de modalidades térmicas ou elétricas, bem como de exercícios passivos e ativos

específicos, com finalidade de aumento de força, seguido de reintrodução gradual de atividade

física para retorno da atividade mais próxima possível da normalidade, sendo importante

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estabelecer objetivos e resultados, para orientar o progresso e escolha de modalidades utilizadas

no tratamento (MILLIS et al, 2008).

Estratégias preventivas também devem ser estabelecidas, como controle de peso,

monitoramento de atividade em casa, assim como piso de contato, determinação do período de

tratamento, períodos de aquecimento e desaquecimento adequados, recomendação do período

de descanso pós exercícios, e transporte adequado, assim como tratamento e controle de dor e

terapia de suporte regeneradores e protetores articulares, assim como a melhor forma de

manipular o animal em casa (SAUNDERS,2008).

O sucesso do tratamento fisioterápico depende muito do empenho do proprietário,

treinador, fisioterapeuta e assistente ou enfermeiros. Algumas tarefas serão confiadas ao

proprietário, outras deverão ser executadas apenas pelo terapeuta (LEVINE et al, 2008).

3.1.MASSAGEM TERAPÊUTICA/ MASSOTERAPIA

A massagem tem como principais indicações o alivio da dor e consequente contratura

muscular, redução de edema, e relaxamento sendo bastante utilizada em situações de tensão

muscular secundária a um problema medular ou articular, mobilização contraturas e aderências,

regulação da tonicidade muscular, prevenção e/ou recuperação de lesões antes e após os

exercícios ou redução ou prevenção de estase (AMARAL, 2006; GAYNOR & MUIR II, 2009).

Seus efeitos podem ser divididos em reflexos ou mecânicos, sendo os reflexos obtidos

por meio de estimulação de receptores periféricos encontrados na pele que transmitem impulsos

por meio de fibras nervosas para medula espinhal e para cérebro, produzindo sensações de

prazer e relaxamento. Os efeitos mecânicos são maior retorno venoso e linfático e mobilização

muscular (AMARAL, 2006; MIKAIL, 2009).

A sedação é obtida com uma massagem suave e repetitiva, sem variações agudas de

pressão, obtendo-se um relaxamento mental e muscular, que também é obtido na acupressão. É

uma técnica importante no período que antecede a mobilização passiva de membros, pois

promove aquecimento muscular por meio de vasodilatação, evitando assim lesões muscula res

e minimizando a dor (AMARAL, 2006).

Esta modalidade está contraindicada na presença de infecção, tumoração maligna,

doenças dermatológicas, tromboflebite, hemorragia ou trauma agudo. Também não deve ser

aplicada em animal com febre, insuficiências cardíacas descompensadas ou distúrbios

circulatórios (LIANZA, 2001; AMARAL, 2006; STEISS & LEVINE, 2008).

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3.1.1 TÉCNICA DE MASSAGEM

(GAYNOR & MUIR II, 2009)

- Alisamento

É realizada correndo as mãos sobre o cão, do pescoço até a cauda, e para baixo dos membros

com pressão mediana. Pode ser utilizada no início do tratamento, promovendo relaxamento do

cão para melhor avaliação dos tecidos e do tônus muscular, promovendo também maior

mobilidade na realização de exercícios terapêuticos.

-Drenagem linfática

Iniciada sempre em áreas distais, movendo as mãos em direção proximal, utilizando pressão

média.

Figura 1

Paciente canino submetido à técnica de massagem por alisamento

FONTE: Blog JP

3.2 TERMOTERAPIA

Consiste no emprego terapêutico de meios de aquecimento e arrefecimento.

3.2.1 CRIOTERAPIA

A crioterapia pode ser utilizada para aumentar os sinais de inflamação, tendo indicação

na diminuição da dor e metabolismo local da área de trauma e regiões adjacentes, levando a

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uma restrição da área inflamada (AMARAL, 2006; STEISS & LEVINE, 2008; MIKAIL, 2009,

GAYNOR, 2009).

Tem como um de seus efeitos a analgesia, que ocorre por redução de condução nervosa

e consequente redução de espasmo muscular, favorecendo e preservando células poupadas por

trauma primário. Induz vasoconstrição, limitando o fluxo sanguíneo à área afetada, o que leva

a redução de edema, diminui o metabolismo celular, promove redução do metabolismo local,

aliviando efeitos da isquemia, aumentando limiar de dor, e promovendo liberação de endorfinas

(AMARAL, 2006). A aplicação está indicada em situações agudas (após uma lesão e no período

pós-operatório até 72h), trauma, artrite, tendinites, miosites e na prevenção de inflamação após

exercício (CLARK & McLAUGHLIN, 2001; BOCKSTAHLER, 2004, GAYNOR & MUIR

III, 2009).

A crioterapia é bastante interessante por causar efeitos localizados e na medula espinhal por

meio de vias neurológicas e mecanismos vasculares. O frio deixa a área afetada dormente pela

vasocontrição dos vasos sanguíneos, aumentando o limiar de ativação dos nociceptores

teciduais. O nervo resfriado ainda aumenta a duração do período refratário, reduz também a

velocidade de condução do nervo (efeito linear até 10º quando a transmissão neural é

bloqueada) (GAYNOR & MUIR III, 2009).

Ocorre ainda um controle da dor no nível espinhal pela prevenção da transmissão da dor para

centros mais altos por meio da medula espinhal, controlando a transmissão da dor, o resultado

é um efeito anestésico local, chamado neuropraxia induzida pelo frio. A crioterapia pode ainda

reduzir o reflexo doloroso de espasmo muscular (GAYNOR & MUIR III, 2009).

O tratamento tópico com frio diminui a temperatura da pele e tecido subcutâneo em uma

profundidade de 2 a 4 cm. Esta técnica inclui a aplicação de frio ou bolsas de gelo, imersão em

gelo ou massagem com gelo. A aplicação de frio é bastante utilizada após sessões de exercícios,

para minimizar reações de inchaço e dor, podendo ser ainda aplicada e ciclos de cerca de 20

minutos, por até 6 vezes diariamente (GAYNOR & MUIR III, 2009).

A crioterapia não é indicada em animais com alteração de sensibilidade, problemas

neurológicos, diabetes mellitus ou feridas abertas (Amaral, 2006; GAYNOR & MUIR III,

2009).

3.2.2 APLICAÇÃO DE CALOR

Após a inflamação aguda estar resolvida pode ser aplicado calor na área afetada

(hipertermia superficial) de modo a estimular a vasodilatação, melhorando o fluxo sanguíneo

nos tecidos superficiais, aliviando a dor, e promovendo o relaxamento muscular, aumenta assim

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a velocidade de condução de impulso, altera o limiar de excitabilidade nociceptiva e melho r ia

da oxigenação celular, facilitando a cicatrização (CLARK & MCLAUGHLIN, 2001;

BROCKSTAHLER, 2004; TACKE & HENKE, 2004; SAWAYA, 2007; GAYNOR & MUIR

III 2009).

O intervalo de calor com melhores resultados terapêuticos situa-se entre 43 e 45ºC, e

acima de 50ºC existe o risco de lesão (PEDRO, 2006). Sua aplicação se dá em situações de

artrites crônicas, rigidez e tensão muscular, espôndilo-artrose, espondilose, promovendo maior

elasticidade e flexibilidade criando boas condições para a aplicação de métodos passivos de

fisioterapia (CLARK & MCLAUGHLIN, 2001; BOCKSTALER, 2004; SAWAYA, 2007).

A terapia por calor é muito benéfica em pacientes com dor crônica, especialmente em virtude

de espasmos musculares. É indicado ainda para pacientes em que o alongamento é utilizado

para ajudar a aumentar extensibilidade do colágeno, sendo assim, o calor superficial promove

a analgesia, o relaxamento muscular e o aumento da amplitude articular. O tratamento por

aplicação e calor pode ser utilizado em ciclos de 30 a 40 minutos e a penetração de calor varia

entre 1 e 10nm, de acordo com o tempo, o recurso utilizado e a área a ser tratada. (PEDRO,

2006, GAYNOR & MUIR III, 2009). Deve ser evitada em situações de inflamação local aguda,

tumores, feridas abertas, hematomas, problemas graves de circulação e na ausência de

sensibilidade (CLARK & MCLAUGHLIN, 2001; BOCKSTAHLER, 2004).

3.2.3 ULTRASSOM TERAPÊUTICO

O ultrassom é definido como uma forma de vibração acústica acima de 17000Hz,

inaudíveis ao ouvido humano. É gerado por um transdutor que transforma energia elétrica em

energia mecânica. Quando o ultrassom se desloca pelos tecidos, parte dele é absorvido, gerando

calor dentro do tecido, sendo que sua absorção depende da natureza, vascularização e

frequência do ultrassom (PEDRO, 2002).

Oscila entre 0,8 e 1 mega-hertz e se propaga em formas de ondas de compressão longitudina l,

sendo que sua intensidade terapêutica varia entre 0,5 a 4,0 watts/cm² (LIANZA, 2001).

A conversão de energia em calor (ou absorção) que se dá na interface da gordura

subcutânea é muito pequena, havendo pequeno aumento nos músculos e maior parte da energia

convertida em calor na interface óssea (PEDRO, 2002)

O ultrassom incide uma corrente de alta frequência num cristal, geralmente de quartzo.

Graças ao efeito piezelétrico o cristal altera a corrente que recebe produzindo ondas

ultrassônicos (BOCKASTAHLER, 2004). As ondas absorvidas no músculo transformam a

energia mecânica em calor. A quantidade de calor produzida vai depender da área a tratar (tipo

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de tecido e gravidade), frequência, intensidade, modo de aplicação e resposta individual do

animal.

A terapia por ultra som apresenta efeitos térmicos e não térmicos. Os efeitos térmicos

promovem analgesia, diminuindo a tensão muscular levando a um aumento do fluxo sanguíneo

para músculos, melhoria da extensibilidade das estruturas fibrosas e colágenas, melhoria da

nutrição dos tecidos, redução de espasmos musculares, aumentando a suplementação de

oxigênio e melhorando a eliminação de produtos metabólicos. Os efeitos não térmicos incluem

o aumento de permeabilidade celular, do transporte de cálcio, remoção dos macrófagos

(LIANZA, 2001; BOCKSTAHLER, 2004), acelera regeneração de tecidos moles e reparo

ósseo, sobretudo nas fases proliferativas precoces do processo de reparação tecidual (PEDRO,

2006).

A frequência é escolhida de acordo com a profundidade do tecido que se deseja incid ir

o ultrassom. Podem ser utilizados de modo continuo ou pulsátil. No modo pulsátil é possível

escolher a duração do período de transmissão e do período de pausa, permitindo o uso de

intensidades mais elevadas alcançando os níveis de temperatura desejados sem provocar

qualquer tipo de dano tecidual e alterar a permeabilidade das células melhorando o seu

metabolismo (LIANZA, 2001; PEDRO, 2006).

A propagação da energia ultrassônica depende principalmente das características de

absorção do tecido e reflexão da energia ultrassônica nas interfaces teciduais. Em tecidos moles

a reflexão é menor, já em ossos e implantes metálicos ocorre muita reflexão (PEDRO, 2002).

Indica-se o uso do ultrassom como meio terapêutico em patologias articulares ou

componentes ligados, como artrites, sinovites, tendinites, bursites, patologias muscula res,

aderências, podendo também potenciar a aplicação transdérmica de fármacos (CLARK &

MCLAUGHLIN, 2001).

Antes da aplicação do ultrassom o aparelho deve ser ajustado e a saída deve ser

estabelecida, também deve se ajustar adequadamente o cabeçote e a superfície da pele,

previamente limpa (LIANZA, 2001).

Quanto à técnica de aplicação, existem duas formas: estacionária e por deslizamento. A

técnica de deslizamento consiste em movimentos perpendiculares com pequena amplitude (2,5

cm), sendo que cada movimento superpõe à área do outro, podendo também ser empregados

movimentos circulatórios (LIANZA, 2001).

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O seu uso está contraindicado em áreas infectadas, áreas com problemas de circulação,

na presença de trombos ou na presença de tumores malignos. Não se deve aplicar diretamente

sobre os olhos, coração, útero grávido, gônadas e cartilagem em animais jovens (PEDRO, 2002)

Figura 2

Paciente canino submetido à aplicação de ultrassom terapêutico em membro torácico

esquerdo

FONTE REABIFISIO ANIMAL

3.2.4 FOTOTERAPIA

É o emprego terapêutico de radiações compreendidas no espectro eletromagnético do

infravermelho, ultravioleta e laser. Essa energia se propaga em linha reta, produzida pela

aplicação de eletricidade, podem ser refletidas, defletidas ou absorvidas pelo meio. As radiações

fototérmicas são representadas pelo infravermelho e laser, já as radiações fotoquímicas se

representam pelo ultravioleta (LIANZA, 2001).

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3.2.5 INFRAVERMELHO

O infravermelho é emitido por qualquer substancia com temperatura acima de zero

absoluto. Os fótons penetram no tecido sendo absorvidos e convertidos em calor, penetrando

somente nos tecidos superficiais. As fontes de produção deste tipo de energia são o sol e as

lâmpadas de infravermelho.

A orientação é dada pela sensação subjetiva de calor, e os determinantes da intensidade

do aquecimento são a distância da lâmpada e o ângulo de distribuição, sendo que, quanto mais

perpendicular for colocada a lâmpada em relação à pele, maior a intensidade de radiação

(LIANZA, 2001).

3.2.6 TERAPIA DE CAMPO MAGNÉTICO

O uso do imã estático promove um campo magnético contínuo, responsável por alterar

processos fisiológicos, incluindo aumento do fluxo sanguíneo local (GAYNOR, 2009).

Os mecanismos propostos no alívio da dor são a possível liberação de endorfinas e efeitos anti-

inflamatórios e sua indicação se dá como modalidade complementar a outras formas de

tratamento (GAYNOR & MUIR III, 2009).

Os imãs estáticos são baratos e de fácil aplicação, e sua força é mensurada em Gauss,

sendo que os imãs terapêuticos variam de 2500 a 6000 Gauss, considerando o campo magnético

da terra de 0,5 Gauss. Sua aplicação se dá sobre articulações afetadas, embora possa ser difíc il

mantê-lo sobre a área afetada, sendo assim uma terapia complementar a outras modalidades

(GAYNOR & MUIR III, 2009).

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Figura3

Paciente canino em tratamento com aplicação de ccampo magnético

FONTE: ACERVO DO AUTOR

3.3 LASER TERAPÊUTICO

A denominação laser é um acrônimo de amplificação da luz por emissão estimulada de

radiação light amplication by stimulated emission of radiation (LLLT) (KAHN, 2001;

LIANZA, 2001; CORRÊA, 2003; MENDONÇA, 2009).

Existem duas classificações: laser de baixa potência (de uso terapêutico) e laser de alta

potência (cirúrgico) (LIANZA, 2001). O raio laser libera quantidade de fótons que são em parte

rechaçados ao tentar penetrar o meio biológico, o restante é absorvido em grande parte pela

epiderme e derme (PEDRO, 2002).

A técnica mais moderna se utiliza de luz amplificada por emissão estimulada da

radiação. Bioquimicamente, estimula a liberação de substancias bioquímicas (histamina,

serotonina, bradicinina, etc), bioelétricamente normaliza o potencial de membrana, atuando

como reequilibrante e normalizador de atividade funcional, controla também a penetração de

sódio a partir da bomba sódio e potássio (LIANZA, 2001).

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Seus efeitos secundários se dão pela ação indireta sobre o esfíncter pré capilar,

vasodilatação persistente pela liberação de histaminas, melhorando a troficidade celular pelo

aumento de nutrição e oxigenação e redução de catabólitos (LIANZA, 2001).

Ocorre aporte de elementos de defesa ou efeito anti-inflamatório, assim como aumenta

a produção de ATP mitocondrial, acelerando mitose celular, aumentando assim a capacidade

de cicatrização de tecidos e neoformação vascular (LIANZA, 2001; PEDRO, 2002).

Resumidamente então, possui ação cicatrizante, analgésica, anti-inflamatór ia,

regenerativa e supostamente osteogênica. A luz é representada por uma cor de acordo com seu

comprimento de onda, sendo que a luz visível é encontrada no espectro eletromagnético entre

400nm (violeta) e 700nm (vermelha). Na sua maioria, os aparelhos de laser de utilização

terapêutica se utilizam de ondas entre 600 e 1000nm (PEDRO, 2002; MIKAIL et al, 2006).

O LLLT utilizado pelo fisioterapeuta é caracterizado por um feixe de luz com

capacidades especiais com efeitos anti-inflamatório, analgésico, regenerativo e cicatrizante

(FERREIRA & VIEIRA, 2006; MOREIRA, 2008, GAYNOR, 2009), destacando a capacidade

bioenergética aumenta a capacidade respiratória e a síntese de adenosina trifosfato (ATP),

estimulando modificações mitocondriais (Moreira, 2008; Nakajima, 2009). Esta é uma forma

de energia eletromagnética transmitida por partículas de energia que percorrem o espaço em

forma de ondas, chamadas de prótons (SÁNCHEZ, 2007).

O LLLT difere da luz comum por apresentar três propriedade, coerência,

monocromaticidade e colimação (LOW, 2001; KITCHEN, 2003, ROCHA, 2004;

MENDONÇA, 2009). A coerência permite que todos sejam emitidos no mesmo comprimento

de onda, sincronicamente no tempo e no espaço, evitando perda de energia chegando ao tecido

com a mesma carga energética, já a luz comum emite vários comprimentos de onda, sem

direção, sincronia e com colisão de fótons e perda de energia (CORRÊA, 2003; KITCHEN et

al 2003)

Em estudos recentes, muitos autores têm relatado significante redução da dor em casos

clínicos de dor aguda e crônica, como na artrite reumatoide, na osteoartrite cervical, nas dores

pós-operatórias, na fibromialgia, e nas dores lombares. Entretanto, alguns autores não tiveram

êxito em demonstrar diminuição da dor em patologias músculo esqueléticas, como espondilite

e dor miofascial no pescoço, provavelmente devido ao fato de terem utilizado uma frequência

ou dose elevadas (LEVINE, et al, 2008; MIKAIL et al, 2009).

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Os efeitos biológicos do laser utilizado para bioestimulação ocorrem de diferentes

maneiras, seja através da atividade mitótica das células epiteliais, modificação da densidade

capilar, estimulação da microcirculação ou, principalmente, devido ao aumento da síntese de

colágeno. Os efeitos da irradiação laser estão relacionados com a estimulação do metabolismo

celular e da regeneração tecidual, além de seus efeitos anti-inflamatórios, analgesia e

vasodilatação. Em reparo ósseo, a radiação visível ou infravermelha é capaz de estimular a

proliferação capilar, a formação de tecido de granulação e alterar o desenvolvimento de

fibroblastos, o que é dependente do comprimento de onda utilizado (GONÇALVES et al, 2010).

A dose terapêutica de radiação concentra-se no comprimento de onda, energia emitida

ao tecido, área do feixe, potência do pico, potência media, tempo de aplicação, densidade de

potência, modo de aplicação (pulsado ou continuo), tipo de tecido (LOW, 2001; KITCHEN,

2003; MENDONÇA 2009). A dosagem do laser terapêutico é expressa em joules por centímetro

quadrado (J/cm²) (VIEIRA, 2006; MENDONÇA, 2009).

Grande parte da energia do laser é absorvida nos tecidos superficiais, mas podem ser

obtidos efeitos mais profundos. Aparentemente, a membrana celular absorve a energia o que

resulta efeitos intracelulares. Em humanos, é comprovado que auxilia na cicatrização de feridas

e promove alívio da dor (SHARP, 2008). São ainda efeitos do laser de forma local o aumento

da circulação sanguínea e do metabolismo celular, estímulo da formação de capilares, aumento

dos níveis de endorfina e da histamina e serotonina assim como aumento da quantidade de

fibroblastos (MIKAIL, 2006).

Quanto à técnica de aplicação, existe a forma pontual e de varredura, que podem ser

utilizadas de forma combinada ou individual. A aplicação pontual em geral é utilizada no

tratamento de pequenas áreas lesionadas enquanto a aplicação por varredura é utilizada em

lesões de maior extensão (MENDONÇA, 2009) e o LLLT pontual é a técnica mais amplamente

utilizada.

De acordo com Gaynor (2009) existem três pontos variáveis na aplicação do laser de

baixa potência, sendo eles o comprimento de onda, o número de watts ou miliwatts, o número

de segundos para liberar os joules de energia e os comprimento de onda comumente utilizado

em laserterapia é de 632,8 nm (HeNe, gás) em escala de luz visível, 810 nm (GA/Al/As, diodo)

e 904 nm (GA, As, diodo) na região infravermelha da luz espectral.

Ainda segundo Gaynor & Muir III(2009), lasers que não penetram profundamente, entre

630 a 740 nm, são utilizados para estimular pontos de acupuntura e acelerar curas de feridas,

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mas não promovem eficácia clínica em condições musculo esqueléticas profundas, já lasers

infravermelhos, de 750 a 1500 nm, penetram mais profundamente e são utilizados para tratar

grupos musculares, ligamentos, cápsulas articulares e estruturas articulares.

A força em geral é medida em watts e expressa em miliwatts, sendo que 1 watt equivale

a 1J/s, e a força da densidade é a força liberada sobre a área da probe. Esta energia de densidade

é a quantidade de energia ou dose por centímetro quadrado do tecido, sendo que quanto maior

a força de intensidade, maior o comprimento de onda e a profundidade de penetração através

dos tecidos, sendo que o aparelho determina o tempo necessário para liberação da dosimetria

calculada (GAYNOR & MUIR III, 2009).

As seguintes doses têm sido sugeridas, de acordo com Gaynor & MUIR III (2009):

-Dor muscular: 2 a 4J/cm²

-Dor articular: 4 a 8 J/cm²

-Efeito anti-inflamatório: 1 a 3 joules/cm²

-Quadro agudo e subagudo: 1 a 6 J/cm²

-Quadro crônico: 4 a 8 J/cm²

Já de acordo com Lianza (2001), é ainda sugerida da seguinte forma:

-Efeito regenerativo – 3 a 6 joules

-Efeito circulatório – 1 a 3 joules

-Efeito estimulátorio nervoso – até 8 joules/cm ²

-Efeito inibitório nervoso – acima de 8 joules/cm²

É indicado em tratamentos diversos, como traumatismo muscular, tendinosos, nervosos

e ósseos. Acelera cura e melhora qualidade de cicatrização. Evita a formação de queloides e

aderências. Melhora recuperação funcional pelo efeito antiálgico. É indicado em lesões

articulares, reduz contratura muscular, atua positivamente na artrite reumatoide, reabsorve

edema e diminui inflamação (LIANZA, 2001).

A terapia laser de baixa potência representa uma das alternativas para o tratamento de

diversas lesões. Ela pode apresentar efeitos tanto inibitórios quanto estimulatórios, por isso o

termo biomodulador é utilizado para citar seus efeitos sobre os tecidos biológicos. No entanto,

existe a necessidade de se realizar estudos bem controlados para o desenvolvimento e

padronização dessa modalidade terapêutica. Por exemplo, a eficácia da terapia depende de

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parâmetros como o tempo, a dose, o comprimento de onda e frequência da radiação utilizada.

Alterações desses parâmetros podem produzir efeitos diferentes em um mesmo tecido (PEDRO,

2001; LEVINE et al, 2008).

Sendo assim, o laser está indicado no tratamento de lesões ou feridas abertas, úlceras de

decúbito, úlceras diabéticas, lacerações, incisões, dor crônica e aguda e déficits de amplitude

de movimento articular (KAHN, 2001; LEVINE et al, 2008; ANDAUS, 2009) e no controle de

inflamações, edemas assim como na regeneração e cicatrização de tecidos nervosos, ósseos,

além de osteoartrites, osteoartroses, lipodistrofia ginóide (MENDONÇA, 2009), no entanto

ainda existe dúvida quanto sua eficácia no tecido periférico (ANDRAUS, 2009).

Não está indicada em tecidos neoplásicos, placa epifisária, pacientes epilépticos,

fotossensíveis (inclusive temporariamente por medicamentos), em gestantes e quadros

hemorrágicos (KAHN; LOW, 2001; KITCHEN, 2003; MENDONÇA, 2009; ALVES et al.,

2010).

3.4 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA/ ELETROTERAPIA

De acordo com Bockstahler et al. (2004) a estimulação elétrica corresponde a uma

modalidade de fisioterapia e reabilitação muito vantajosa no tratamento de várias doenças

ortopédicas e neurológicas, principalmente aquelas que causam dor aguda e crônica ou atrofia

muscular.

A eletroterapia é uma modalidade utilizada na fisioterapia que consiste na utilização de

corrente elétrica de baixa frequência, com finalidades terapêuticas, podendo ser divididas em

correntes analgésicas e excitomotoras. Seus efeitos fisiológicos se relacionados ao sistema

neuro musculo-esquelético são a estimulação muscular, vasodilatação, redução de edema,

analgesia e redução da inibição reflexa (SGUARIZI, 2007).

Na estimulação eletro terapêutica ocorre uma alteração da permeabilidade celular,

inicialmente com a despolarização, fazendo um influxo rápido de sódio para o interior celular

e lenta saída do potássio, ocorrendo desta forma uma hiperpolarização. Em seguida ocorre a

ativação da bomba sódio/ potássio e a célula volta ao seu estado inicial de repouso (SANTOS,

2004).

Existe uma diversidade de tipos de estimulação possíveis através da aplicação de uma

corrente elétrica, cuja resposta vai depender de parâmetros de estimulação como, intensidade,

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frequência e duração do pulso. No entanto, existem 2 modalidades de estimulo

eletroterapêutico: a NMES (neuromuscular electrical stimulation) e a TENS (transcutaneous

electrical nerve estimulation) (BOCKSTAHLER, 2004):

- NMES - Estimulação elétrica neuromuscular - Estimulação elétrica de um músculo ou tecido

através de um nervo ileso.

- TENS - Estimulação elétrica nervosa transcutânea) - Uma forma de NMES, usada para o

tratamento da dor.

Em cães, a NMES é utilizada em reabilitação para fortalecimento de músculos

atrofiados, melhorando postura e estabilidade articular e da amplitude de movimento. O

fortalecimento muscular pé conseguido através de contrações musculares intermitentes

seguidos de períodos de descanso. Os impulsos elétricos utilizados na despolarização de nervos

motores devem ter um limiar de durações mínimas para despolarização de fibras nervosas tipo

motoras, sem despolarizar fibras nociceptivas (SAWAYA, 2008).

A aplicação de níveis baixos de corrente elétrica por elétrodos que se colocam nas fibras

musculares a estimular iniciando-se sempre com uma frequência mais baixa e aumentando

progressivamente (SAWAYA, 2008).

Tem como efeitos: o aumento da amplitude dos movimentos e da força muscular

melhorando a funcionalidade, diminuição da atrofia e reeducação muscular, analgesia, aumento

da velocidade de cicatrização, diminuição do edema e do espasmo muscular e alívio de

contraturas. Os seus efeitos biológicos abrangem uma resposta motora e, a resposta do músculo

à estimulação elétrica varia de acordo com a frequência. Com formação de contrações simples,

contrações múltiplas, contrações tetânicas e mioquimia. Está indicada no pós-operatório, na

atrofia muscular (casos de cirurgias ortopédicas ou imobilização prolongada que provoque

desuso e atrofia muscular dos membros) (PEDRO, 2002; STEISS & LEVINE, 2008; MIKAIL

et al, 2009).

Os seus efeitos biológicos abrangem uma resposta motora, sendo que a resposta do

músculo a estimulação elétrica varia de acordo com a frequência. Apresenta algumas contra-

indicações, como o não ser aplicada sobre olhos e glândulas, em feridas abertas, regiões

inflamadas, doenças infecciosas, tumores, no tratamento de dor casual e em zonas anestesiada

(LEVINE et al, 2008).

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Figura 4

Coelho submetido à técnica de eletroterapia em membro pélvico esquerdo

FONTE: ACERVO DO AUTOR

3.4.1 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA TRANSCUTÂNEA DE NERVOS/ TENS

A estimulação elétrica transcutânea de nervos, ou TENS, é uma modalidade de baixo

custo, segura, não invasiva, e com poucos efeitos colaterais, sendo comumente utilizada no

tratamento de condições dolorosas. Sua aplicação clinica envolve a liberação de corrente

elétrica, através de eletrodos colocados na superfície da pele.

Uma variedade de estimuladores está disponível para escolha do terapeuta, incluindo

frequência, intensidade, duração de pulso, e local da colocação de eletrodos (WALSH, 1992).

A TENS convencional promove estimulação periférica através de impulsos elétricos que

ativam fibras aferentes nervosas de grande diâmetro milelinizadas, esta teoria (teoria do portão)

se baseia no príncipio de que os sinais dolorosos ascendem pelas fibras nervosas aferentes de

pequeno diâmetro e descendem nos níveis mais altos do cérebro por processos centrais,

reduzindo assim a percepção da dor (WALSH, 1992).

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A maioria dos aparelhos tem a estimulação de aproximadamente 100Hz, o que se

acredita seja confortável para a grande maioria dos pacientes, a sensação descrita em humanos

é de formigamento, o que resulta em parestesia (LEVINE et al, 2008).

A duração do pulso e intensidade de estimulo são também fatores importantes na

produção de analgesia, com aumento de analgesia a medida que se aumenta a intensidade do

estímulo ou duração do pulso, a colocação dos eletrodos também é fator determinante na

promoção de analgesia, sendo estes colocados, em geral, sobre a região dolorida

(WALSH,1992; STEISS & LEVINE, 2008).

Os fatores que determinam a qualidade de aplicação do TENS são o tipo de aparelho; a

forma de onda do aparelho, sendo esta modificada ajustando a amplitude, velocidade e extensão

e a localização dos eletrodos. Em veterinária, os tipos de aparelhos mais utilizados são os de

alta frequência, (entre 40 a 150 Hz, 50 a 100 microssegundos de extensão de pulso, de baixa a

moderada frequência) e os convencionais, pois são mais confortáveis promovendo menor

ansiedade nos pacientes (WALSH, 1992).

Sendo a TENS uma forma estimulação elétrica neuromuscular (NEMS), é geralmente

para controle da dor em condições crônicas, mas pode também ser utilizada em casos agudos

(WALSH, STEISS & LEVINE, 2008, GAYNOR & MUIR III, 2009).

A pele da região onde será aplicada a corrente deve ser limpa com álcool para retirada

de oleosidade, onde serão colocados eletrodos de carbono, com auxílio condutor de gel d

solúvel em agua, podendo também os eletrodos conter agente adesivo (STEISS & LEVINE,

2008).

Geralmente são colocados diversos eletrodos na área afetada, quando são aplicados

quatro eletrodos, podem ser colocados de forma cruzada, iniciando a estimulação com uma

corrente pré modulada, de 70 Hz, com a amperagem sendo gradualmente aumentada até o nível

de tolerância do animal e reduzida quando o animal demonstra-se inquieto ou ansioso,

desconfortável ou estressado. O tempo ideal de tratamento é desconhecido, baseado na

experiência do terapeuta, mas muitos clínicos acreditam que deva ser aplicada por cerca de 30

minutos, por no mínimo 3 vezes por semana (GAYNOR E MUIR III, 2009).

3.4.2 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL/ FES

O FES é um tipo de terapia por estimulação elétrica que promove ganho muscular, sendo

os parâmetros utilizados no aparelho, a duração de pulsos, a amplitude, a intensidade e a

frequência dos pulsos. Quando a modulação ocorre variando a amplitude, está sendo modulada

pela amplitude do pulso (PAM –pulse amplitude modulation), já quando está controlada pela

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duração do pulso, é modulada pela largura de pulsos (PWM – pulse width modulation) (STEISS

& LEVINE, 2008).).

A eletroestimulação funcional é a utilização da corrente elétrica externa controlada

aplicada na superfície cutânea, através de eletrodos, com objetivo de atingir um musculo ou

grupo muscular e/ou seus terminais nervosos, produzindo neles contratura muscular

(NORONHA, 1997).

Os músculos apresentam fibras vermelhas ou tônicas e brancas ou fáscia, sendo as

primeiras de velocidade de contração lenta e maior metabolismo aeróbio e as brancas de

velocidade de contração rápida e metabolismo anaeróbio, com pouca resistência a fadiga devido

a pequena presença de hemoglobina (GUYTON, 2002).

A FES está assim indicada no reestabelecimento da sensação de contração muscular,

pós operatória ou pós traumática; aumento de força muscular, para melhora da estabilidade

ativa de uma articulação; prevenção de atrofias; potencialização da força muscular e redução

de edema. As contraindicações incluem pacientes com marca-passo cardíaco, pacientes

cardiopatas, com distúrbios vasculares, gestantes, pacientes obesos e regiões de tecido adiposo

excessivo, devido necessidade de uma corrente muito alta para estimulação muscular

(MARTINS,2004).

A duração de pulsos define o período ativo (on) e o intervalo entre pulsos é o período

inativo (off), com a frequência portadora podendo chegar a milhares de Hertz. Os pulsos pode

ainda ser bifásicos ou monofásicos, com ondas de formas retangular, serrilhada ou senoidal.

Sendo que frequências inferiores a 20 Hz provocam contração fasciculada que é ineficaz no

ganho de força, e superiores a 70 Hz provocam desconforto sensorial em pacientes que tem

sensibilidade nociceptiva preservada (MARTINS,2004).

Com relação a aplicação do FES, o grau de inervação e hipotrofia muscular deve ser

avaliado, pois quanto maior o nível de desnervação e hipotrofia, maior deve ser a corrente

aplicada para despolarizar células nervosas e musculares, inviabilizando o tratamento em alguns

casos (NORONHA, 1997).

A FES pode ser aplicada por meio de eletrodos de superfície, sendo eles autoadesivos,

ou de silicone-carbono com auxílio de gel condutor (MARTINS,2004) .

Quando se tem um par de eletrodos, um ativo e um de referência, a FES é uni ou mono polar,

quando possui dois eletrodos ativos e um para referência, a aplicação é bipolar, assim como

eletrodos de mesmo tamanho definem FES bipolar, e de tamanhos diferentes, monopolar

(MARTINS, 2004).

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32

As fibras de contração fásica rápida são recrutadas com frequências entre 50 e 75 Hz

(MARTINS, 2004).

3.4. 3 CORRENTE RUSSA

A corrente russa, ou estimulação russa, é formada por trens de impulsos de corrente do

tipo retangular ou senoidal, bipolar, simétrica, emitidos na frequência de 2.500 Hz modulada

por uma onda que pode variar de 50 a 80 Hz (ALON, 2003).

Podemos modular o tempo em que a corrente passa para os tecidos, assim como o tempo

em que ela cessa sua passagem. ON Time ou Tempo ON é o tempo em que um trem de pulsos

ou uma série de bursts é fornecido em uma aplicação terapêutica, ou seja, quando há a contração

muscular (STARKEY, 2001; ALON, 2003).

OFF Time ou Tempo OFF é o tempo entre trens de pulsos ou uma série de bursts, ou

seja, é quando cessa a contração muscular (STARKEY, 2001; ALON, 2003).

Uma outra modulação encontrada mais frequentemente na estimulação elétrica clínica

é a modulação de rampa. A rampa determina um aumento ou diminuição gradativa da duração

de pulso, da amplitude de pulso, ou ambos, dentro de um determinado período de tempo,

variando normalmente de 1 a 5 segundos, permitindo assim um aumento ou diminuição gradual

da contração muscular. O aumento progressivo da carga do pulso é chamado de rampa de subida

ou Rise, e a diminuição gradual da carga até o fim do tempo ON é chamada de rampa de descida

ou Decay

A rampa tem como função dar um aspecto mais fisiológico à contração eletroestimulada,

pois diferentemente das correntes sem rampas, ditas correntes de pulso brusco, a contração

inicia e termina de forma abrupta, proporcionando desconforto e receio ao paciente. Os

aparelhos que permitem o controle manual das rampas de subida e descida, na qual o

fisioterapeuta pode eleger os tempos de cada uma delas independentemente do tempo ON, são

considerados clinicamente superiores aos outros aparelhos, nas quais o tempo de rampa é parte

integrante do tempo ON (STARKEY, 2001; ALON, 2003).

Na estimulação elétrica neuromuscular (EENM) de média frequência (2.500Hz) a

corrente russa é a mais utilizada, estimula os nervos motores, despolarizando as membranas,

induzindo assim contração muscular mais forte e sincronizada, resultando em fortalecimento

muscular (ALON, 2003).

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33

3.4.4 CORRENTE INTERFERENCIAL/ IC

A corrente interferencial (IC) pode ser definida como uma aplicação transcutânea de

duas correntes elétricas alternadas de media frequência modulada pela amplitude para criar uma

corrente terapêutica de frequência baixa, podendo atingir maior profundidade de ação

(MINDER et al, 2002).

Para Castro (1999) a efeito analgésico da Corrente Interferencial é atribuído à inib ição

de fibras finas, mielinizadas, desencadeada pela estimulação das fibras grossas, promovendo

relaxamento e melhora da circulação sanguínea.

O príncipio da modulação é dado quando duas correntes de modulação de media frequência

fora de fase sofrem interferência. A frequência de modulação corresponde a diferença entre

duas ondas originais e varia de 1 a 150 Hz (MINDER et al., 2002).

São duas as formas de aplicação da corrente interferencial, a tetra polar, onde duas correntes de

media frequência são aplicadas através de dois pares de eletrodos cruzados entre si, produzindo

uma interferência na região central da intersecção. Na outra forma de aplicação, a bipolar, duas

correntes individuais sofrem interferência dentro do equipamento e por isso são chamadas de

pré-moduladas. Nesta técnica, cada par de eletrodos funciona independentemente, permitindo

que eles sejam aplicadas em regiões diferentes do corpo (MINDER et al., 2002).

Na modulação da dor utiliza-se frequência portadora de 4000Hz (o aparelho em geral

apresenta 2000Hz ou 4000Hz), frequência de batimentos constante (AMF) igual a 150,

Frequencia de batimentos variáveis (delta AMF) igual a 75Hz (MINDER et al, 2002).

Na reeducação muscular, a frequência portadora costuma ser utilizada em 2000Hz,

AMF igual a 50Hz, utilizando dois canais ou quatro eletrodos o modo bipolar de estimulação é

o de eleição.Sendo assim, a intensidade é ajustada de acordo com os objetivos, a frequência

pode variar de 5Hz a 200 Hz e a duração do pulso ou largura de pulso variável oscila de 50

Useg a 400 Useg (SLUKA & WALSH, 2003).

O tempo de subida do pulso (RISE) varia de 1 a 10 segundos, regulando a velocidade

de contração do início até a máxima contração muscular.O tempo de descida (DECAY) também

varia de 1 a 10 segundos, regulando a velocidade com que a contração diminui até o completo

relaxamento (MINDER et al, 2002; SLUKA & WALSH, 2003).

Sugere-se que a utilização de correntes com frequências mais altas, em torno de 80 a

150 Hz, relaciona-se com efeitos analgésicos, provenientes de recrutamento de fibras sensitivas

A-beta, modulando a informação nociceptiva o como dorsal da medula espinhal. Entretanto os

efeitos analgésicos das correntes relacionadas com substancias opióides são atribuídos a

correntes mais baixas, até 4 Hz. (SLUKA & WALSH, 2003).

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3.5 CINESIOTERAPIA

Segundo Mikail (2006) a cinesioterapia é um método não invasivo que utiliza o

movimento como terapia objetivando a melhora da condição geral do paciente; sendo a forma

de tratamento que se utiliza de atividade física ou movimento para favorecer o retorno de função

musculo esquelética (LIANZA, 2001).

Os programas de exercícios ativos ou passivos tem indicação no tratamento da dor

crônica, melhora da flexibilidade, aumento de amplitude de movimento, utilização de membro

afetado, redução de claudicação, fortalecimento e aumento de massa muscular e melhora de

agilidade sem presença de dor. Seus efeitos são cumulativos. A redução de atividade e o

descongestionamento levam a diminuição da massa muscular e força, perda da resistência,

redução da flexibilidade da articulação e perda do condicionamento cardiovascular (LIANZA,

2001; GAYNOR & MUIR III, 2009).

Os exercícios terapêuticos envolvem aplicação e ajustes de estresse de forma

apropriada, produzindo alterações desejadas sem provocar dor. O programa de exercícios varia

de acordo com as características do tecido muscular (força, velocidade ou endurance), as

propriedades do sistema de alavancas, do tecido conectivo e o componente psicológico ou

motivacional do indivíduo (LIANZA, 2001, PEDRO, 2002; SGUARIZI, 2007), sendo

utilizados na redução da dor e incapacidade, o que é alcançado com melhora da força muscular,

estabilidade articular memória e condicionamento físico (GAYNOR & MUIR III, 2009).

3.5.1 EXERCÍCIO TERAPÊUTICO PASSIVO

A atividade terapêutica passiva é uma modalidade que ajuda a manter ou melhorar a

flexibilidade dos músculos, tendões e ligamentos, a flexão das articulações e melhora a estrutura

neuromuscular. Comumente utilizado como adjuvante na reabilitação de cães em condições

neurológicas, como ruptura de discos intervertebral, ou complicações do sistema

musculoesquelético (RIVIÈRE, 2007).

3.5.2 EXERCÍCIO DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO (ROM)

Segundo Bockstahler (2004), o exercício de amplitude de movimento é importante em

cães jovens e cães submetidos a cirurgias de articulação, principalmente em fraturas de cotovelo

e fêmur, e estabilização de uma ruptura do ligamento cruzado cranial. Objetiva-se a flexão e

extensão das articulações individualmente, de acordo com seu grau de amplitude confortáve l;

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uma articulação é lentamente flexionada ou estendida (RINIÉRE, 2007; BOCKSTAHLER,

2004). Também são apropriados os movimentos de rotação, em ombro e quadril, e movimentos

de adução e abdução (LIANZA, 2001).

3.5.3 EXERCÍCIO DE ALONGAMENTO

Utilizado rotineiramente em conjunto com o exercício de ROM, em situações de rigidez

muscular e diminuição da amplitude do movimento. Tem como objetivo alongar e realinhar os

tecidos moles e o colágeno, para não rasgar nem dilacerar tecidos. O exercício consiste em

flexão ou extensão lenta de uma articulação. Podem ainda ser realizados movimentos de

adução, abdução e rotação (STEISS & LEVINE, 2008).

3.6 EXERCÍCIO TERAPÊUTICO ASSISTIDO E EXERCÍCIOS DE PROPRIOCEPÇÃO

É um exercício indicado apara pacientes que já suportam um pouco de seu próprio peso,

principalmente com déficit neurológico e/ou lesões pélvicas bilaterais. Tem como objetivo

aumento de força, resistência, propriocepção e sensibilidade neuromuscu lar

(BOCKSTAHLER, 2004). Os exercícios assistidos consistem em exercícios em que o animal

participa ativamente porém com auxílio do clínico.

É benéfica a realização de alguns exercícios ativos de baixa intensidade antes do alongamento,

assim como quando possível, a aplicação de calor ou ultrassom terapêutico antes dos exercícios

de alongamento para melhora da extensibilidade dos tecidos e redução de riscos de lesões

(GAYNOR & MUIR III, 2009).

Durante a realização do alongamento o paciente deve estar em posição confortáve l,

geralmente decúbito lateral, em superfície acolchoada, relaxado ou sob leve sedação ou

tranquilização. Uma mão deve estabilizar o osso proximal a articulação e outra deve estabilizar

o osso distal da articulação. Devem ser sempre observadas as restrições ao movimento e as

reações do paciente, realizando os movimentos de forma lenta e gentil, sendo a posição de

alongamento prolongada até cerca de 15 segundos (GAYNOR & MUIR III, 2009).

3.6.1 EXERCÍCIO DE ESTAÇÃO COM AUXÍLIO DE TOALHA

A modalidade de exercício assistido com toalha consiste em providenciar um suporte

para conduzir e apoiar o cão durante a execução de movimentos simples, como caminhada

(MIKAIL, 2009).

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Este tipo de exercício permite assistir um animal que não tenha força para suportar

totalmente o peso do próprio corpo (BOCKSTAHLER, 2004).

Neste exercício o cão é colocado na posição de estação e com o auxílio de uma toalha

auxilia-se o animal na sustentação do seu peso. Com a sequência do tratamento desse-se reduzia

a tensão da toalha na medida em que o animal aumenta a força na sustentação de seu peso, por

meio do fortalecimento muscular (RIVIÈRE, 2007).

3.6.2 PRANCHA DE EQUILÍBRIO

É uma atividade que permite a melhora do equilíbrio do animal e sua consciênc ia

corporal. Consiste em colocar o animal sobre uma prancha de equilíbrio ou uma tábua instáve l,

auxiliando-o e realizando movimentos oscilatórios em todas as direções (RIVIÉRE, 2007).

Figura 5

Paciente canina em tratamento com utilização de prancha para treino de equilíbrio.

FONTE: ACERVO DO AUTOR

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3.6.3 EXERCÍCIO COM BOLA

É ESCOLHIDA UMA BOLA DE TAMANHO APROPRIADO AO ANIMAL, PODENDO ESTAR

MURCHA PARA QUE SE ADAPTE À ALTURA DO ANIMAL EM ESTAÇÃO. O RELAXAMENTO

PROMOVIDO COMO EXERCÍCIO NA BOLA PODE SER BENÉFICO PARA REDUÇÃO E PREVENÇÃO DE

ESPASMO MUSCULAR, AUMENTANDO A FLEXIBILIDADE APÓS CIRURGIAS OU TRAUMAS (GAYNOR

& MUIR III, 2009).

O animal deve ser colocado na bola de forma que o abdome fique apoiado, então

vagarosamente a bola deve ser rolada até que os membros torácicos entrem em contato com o

chão, em seguida rolando a bola no outro sentido para que os membros pélvicos entrem em

contato com o chão. Este exercício deve ser alternado e o animal estará utilizando ainda os

músculos do abdome na tentativa de estabilizar seu próprio peso, estimulando sua consciênc ia

corporal (STEISS &LEVINE, 2008).

A bola terapêutica é utilizada no tratamento de animais com problemas proprioceptivos,

servindo de apoio durante a marcha. Segundo Saunders (2007), é de grande valia para

tratamento de pacientes neurológicos, pós cirúrgicos, com displasia de quadril e cotovelo,

artrites, entre outros.

O exercício consiste em apoiar o animal em posição de estação sobre a bola, ou mesmo

apoiando apenas membros posteriores ou anteriores, de acordo com o objetivo do terapeuta,

movimentando a bola lateralmente e para frente e para trás (BOCKSTAHLER et al., 2004).

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Figura 6

Utilização de exercício com bola terapêutica no tratamento de um cão

FONTE: ACERVO DO AUTOR

3.6.4 FLEXÃO E EXTENSÃO CERVICAL E FLEXÃO LATERAL

A flexão e extensão cervical, e a flexão lateral permitem que o animal obtenha melhora

da mobilidade de modo a se manter em estação, equilibrado. O exercício é realizado

estimulando o animal a movimentar a cabeça no sentido lateral e/ou dorsal – ventral, caso

necessário pode-se usar objetos (como bola ou outro brinquedo) ou mesmo uma recompensa

(petisco) como estímulos (BOCKSTAHLER, 2004).

3.7 EXERCÍCIO TERAPÊUTICO ATIVO

De acordo com Rivière (2007) os exercícios ativos deverão ser iniciados o mais cedo

possível, de acordo com as fases de cicatrização do tecido lesado. A iniciação deste tipo de

exercícios vai depender da resposta do paciente à reabilitação. É necessário que o animal

responda aos exercícios passivos sem desconforto aparente e que seja capaz de suportar seu

peso sobre o membro afetado, mesmo que por curto espaço de tempo. Os exercícios ativos têm

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como objetivo a recuperação da força muscular e locomoção. Permite ainda uma recuperação e

melhora da capacidade cardiorrespiratória bem como do nível de atividade e alivio da dor.

3.7.1 CAMINHADA

A caminhada lenta é essencial na reabilitação durante o pós operatório e em animais

com afecções crônicas. Essas caminhadas frequentemente são realizadas incorretamente,

devendo ser realizadas na velocidade do cão e não do condutor, sendo assim muito lentas para

que o animal consiga equilibrar seu peso e não tenha receio de apoiar o membro afetado no

solo, por meio de incentivo, aumentando gradualmente o tempo de exercício

(BOCKSTAHLER, 2004).

Caminhadas realizadas em diferentes tipos de piso e texturas pode ser benéfica para

memória articular, assim como caminhadas em obstáculos com barras é um excelente método

para atingir a extensão normal do membro, assim como a caminhada lenta aumenta a flexão da

articulação e memória do cotovelo, joelho e articulações tarsais, enquanto o cão transpõe barras.

As barras podem ainda ser aproximadas os distanciadas, mais ou menos elevadas, para

encorajar o aumento ou diminuição da flexão da articulação, conforme necessidade do paciente

(GAYNOR& MUIR III, 2009).

3.7.2 SUBIR E DESCER ESCADAS E RAMPAS

Subir e descer escadas ou caminhar em rampas são exercícios interessantes para

trabalhar força e a extensão dos membros pélvicos. Deve ser iniciado quando o animal apresenta

melhoras visíveis e é capaz de caminhas utilizando o membro afetado de forma consciente

mesmo que exista alguma claudicação. Deve começar com uma caminhada lenta em degraus

baixos de modo a adquirir o uso normal dos membros, adaptando o membro à alguma extensão,

estimulando o uso dos membros pélvicos, sendo a forma correta de execução deste exercício o

animal realizar as passadas com os membros pélvicos apoiados no chão e não dar passos em

saltos ou pulando (BOCKSTAHLER, 2004; RIVIÉRE, 2004; GAYNOR & MUIR III, 2009).

3.7.3 DANÇA

O exercício de dança destina-se a melhorar o uso e fortalecer os membros pélvicos, e

consiste em elevar os membros anteriores e movimentar o animal para frente e para trás,

simulando um movimento de dança, com o objetivo de fortalecimento muscular dos membros

posteriores. Deve-se sempre adequar o ângulo de elevação de acordo com o efeito pretendido

(BOCKSTAHLER et al., 2004, GAYNOR& MUIR III, 2009).

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3.7.4 CARRINHO DE MÃO

Os exercícios de carrinho de mão exercício promovem o fortalecimento muscular de

membros toráxicos e fortalecimento de músculos que carregam o peso. O exercício é realizado

elevando-se os membros posteriores do solo e movendo o animal para frente. Se o animal possui

propriocepção preservada move-se para frente para não cair, quando há fraqueza de membros

anteriores o animal necessitará de apoio. O ângulo de elevação mais uma vez deve ser adequado

de acordo com o efeito que se pretende (BOCKSTAHLER, 2004; GAYNOR & MUIR III,

2009).

3.7.5 LEVANTAR E SENTAR

O exercício de levantar e sentar é ideal para aumentar a capacidade de amplitude e força

de membros posteriores, fortalece glúteos e quadril, extensores de joelho e pescoço. De acordo

com Bockstahler et al. (2004) esta modalidade de exercício é comumente aplicada em casos de

displasia coxofemoral e afecções dos membros posteriores na qual a extensão total do quad ril

pode ser dolorosa (GAYNOR, 2009).

Estes exercícios devem ser combinados com treino, e ocasionalmente com recompensas,

o exercício ainda pode ser facilitado colocando o animal com o membro afetado contra a parede,

estimulando o animal a flexionar uniformemente ambos os membros pélvicos quando levanta,

e não empurrar com a perna boa enquanto a perna afetada é elevada com o resto do corpo

(GAYNOR & MUIR III, 2009).

Durante o exercício é importante observar se o animal senta e levanta de forma correta,

flexionando ao mesmo tempo ambos os membros posteriores quando se senta e estendendo

ambos em conjunto quando se coloca em estação (MIKAIL et al, 2009).

O exercício deve ser realizado, de início, com 5 a 10 repetições, uma a duas vezes ao

dia, e trabalhar acima de 15 repetições por 3 a 4 vezes ao dia (GAYNOR& MUIR III, 2009).

3.7.6 ESTEIRA SECA

Segundo SGUARIZI (2007), a esteira é hoje um dos métodos bastante utilizado na

reabilitação animal, embora de custo alto ao profissional fisiatra. A sensação do solo

movimentar-se incentiva o animal a usar o membro afetado para buscar equilibrar o peso para

não cair, realizando assim uma marcha mais correta. Este exercício sempre deve ser realizado

com a presença de uma pessoa acompanhando o animal, lateralmente, e outra poderá

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permanecer a sua frente para incentiva- lo a andar, podendo ser necessário recorrer a

recompensas.

O profissional, posicionado ao lado do animal durante o exercício, deve estar atento,

corrigindo a marcha quando necessário, podendo utilizar de início, faixas ou toalhas para dar

suporte de peso ao animal. Após a correta adaptação do animal à esteira, pode-se recorrer ao

uso de terabands para tração durante o exercício, promovendo melhora da condição muscular

(SGUARIZI, 2007).

Figura 7

Paciente canino em treino na esteira seca

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FONTE: ACERVO DO AUTOR

3.7.8 OBSTÁCULOS

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HORIZONTAIS OU OBSTÁCULOS COM BARRAS

Os obstáculos com barras são barras ou varas elevadas que estão espaçadas do solo,

podendo ser utilizada uma escada de mão como obstáculo no solo (GAYNOR & MUIR III,

2009).

É um método utilizado para a finalidade de incentivar o uso do membro afetado e

aumentar o ROM, através de uso de cavaletes, escadas ou outros obstáculos rígidos. O objetivo

é fazer com que o animal caminha por entre os espaços, permitindo extensão ou flexão das

articulações dos membros, devendo sempre ser observada a forma como o animal distribui o

peso e se troca de membro durante as passadas (SGUARIZI, 2007).

A altura das barras pode ser aumentada para estimular maior atividade flexora e extensão dos

cotovelos, joelhos e articulações tarsais, mas deve ter o cuidado para prevenir pulos sobre as

barras (GAYNOR & MUIR III, 2009).

As barras devem ser espaçadas igualmente ou com larguras variáveis. Inicialmente, as barras

devem ser espaçadas igualmente, numa distância menor que a do passo do paciente. Conforme

o progresso clinico do animal, podem ser espaçadas em distancias variáveis para promover

alterações de propriocepção e maior estímulo das passadas (GAYNOR& MUIR III, 2009).

OBSTÁCULOS VERTICAIS

Os obstáculos verticais são postes colocados em linha reta, de modo que o animal tenha

que passar entre eles, de um lado para outro. A distância entre postes deve ser menor que o

comprimento do animal, sendo útil para aumentar a propriocepção e fortalecimento muscular.

Poderá ser necessário fazer uso de petiscos para orientar o animal (MIKAIL et al, 2009).

CAMINHAR ENTRE BARRAS

Caminhar entre barras verticais estimula flexão lateral da coluna espinhal e promove treino

proprioceptivo assim como deslocamento do peso durante o passo, o que estimula o uso dos

membros e fortalecimento dos músculos empregados em exercícios como corrida. Consiste em

colocar uma série de barras verticais em linha reta, sendo que a distância entre as barras deve

ser menor que o comprimento do cão, para estimular o movimento lateral da coluna e o

deslocamento do peso (GAYNOR & MUIR III, 2009).

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3.8 EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO MUSCULAR

3.8.1 EXERCÍCIOS COM PESOS

Os exercícios de fortalecimento muscular são usados para melhora da força e velocidade

do animal. Inclui atividades como levantar e carregar pesos, corre a grandes velocidades em

pequenas distancias. Existem mochilas com pesos que deverão ser colocadas sobre o dorso do

animal, com objetivo de aumentar o fortalecimento muscular durante a flexão na marcha. É

importante avaliar o posicionamento de cabeça e pescoço do cão durante a atividade

(BOCKSTAHLER, 2004, GAYNOR & MUIR III, 2009).

Existem diversas formas de carregar pesos, em forma de mochilas, anilhas, puxando

trenós, são alguns exemplos disponíveis (STEISS & LEVINE, 2008; GAYNOR& MUIR III,

2009).

3.8.1 FAIXAS ELÁSTICAS

As faixas ou bandas elásticas podem ser utilizadas nos membros para melhora da

resistência enquanto é realizado o exercício de caminhada. Existem bandas elásticas de diversas

resistências e estas devem ser utilizadas com cautela, não ultrapassando o tamanho do animal

em comprimento, para que se realize uma tensão mediana, de forma a permitir que o animal se

movimente adequadamente (GAYNOR & MUIR III, 2009).

As faixas podem ser colocadas paralelamente para permitir a flexão e a extensão normal

da articulação, são rotineiramente utilizadas na atividade em esteira seca ou aquática

(GAYNOR & MUIR III, 2009).

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Figura 9

Paciente canino submetido à utilização de faixa elástica durante caminhada em esteira

seca

FONTE: ACERVO DRA. RENATA NOVAK

3.9 HIDROTERAPIA

A hidroterapia é bastante utilizada hoje em centros especializados em reabilitação

animal. Promove analgesia, por meio de redução da rigidez articular e aumento retorno venoso,

aumento de amplitude de movimento, aumento de flexibilidade, coordenação e equilíbrio. A

pressão da água pode ainda reduzir o edema e a resistência provocada por ela promove aumento

da força muscular, assim como treino cardiovascular (MONK, 2007).

É bastante indicada na reabilitação de cirurgia ortopédica, após lesão neurológica e

aumento de força muscular, melhorando também a função articular (RIVIÈRE, 2007; MONK,

2007).

Na terapia aquática a redução de peso que o paciente suporta pode ser reduzida até 91%,

o que permite que o animal suporte menor peso que em terra, de forma a realizar movimentos

mais confortavelmente (GAYNOR & MUIR III, 2009).

A pressão hidrostática também é um parâmetro a avaliar, que corresponde a pressão

exercida pela água sobre o corpo imerso, o que confere apoio e sustentação ao animal auxiliando

no movimento, podendo ainda reduzir edemas por melhorar a circulação sanguínea e linfát ica.

Esta pressão ainda cria resistência ao movimento do tórax sendo um pouco perigoso para

animais com problemas cardíacos ou respiratórios (BOCKSTAHLER et al., 2004).

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4. RELATO DE CASO CLÍNICO

O paciente é uma fêmea canina da raça Yorkshire com 5 anos de idade.

A paciente chegou no hospital veterinário após acidente com outro cão maior, que

apreendeu a paciente pelo pescoço arremessando a YorkShire à uma longa distância.

Segundo relato da proprietária, imediatamente após o trauma a cadela não conseguiu mais

levantar-se nem manter-se em estação, apresentando flacidez de membros posteriores e tensão

de membros anteriores.

4.1 ANAMNESE

Ao exame clínico neurológico apresentou propriocepção do lado direito do corpo

reduzida, e propriocepção ao lado esquerdo do corpo preservada. Apresentou ainda dor

profunda presente/preservada, e dor superficial ausente. Com relação aos reflexos, estavam

reduzidos, do lado direito, o patelar e tibial, assim como o bíceps e tríceps; o reflexo radial do

carpo e o de retirada estavam ausentes.

Não foi realizado atendimento especializado, apenas o atendimento emergencial com

realização apenas de exame radiográfico sem sedação, passando em seguida para a consulta de

avaliação do fisioterapeuta, sendo ele quem realizou o exame clinico neurológico.

4.2 EXAMES COMPLEMENTARES

Foi realizado apenas um RX sem sedação, que sugeria redução de espaços cervicais (C3-

C4, C4-C5, C5-C6), e fratura de processo espinhoso na altura de C3, embora pouco conclusivo

no diagnóstico.

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Figura 9

Paciente do relato de caso

Fonte: acervo do autor

4.3 DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO

O diagnóstico presuntivo foi baseado nos sinais clínicos alterados, mediante testes

neurológicos.

Supõe-se que houvesse lesão em medula espinhal, embora o RX fosse inconclus ivo,

pois havia, incialmente, ataxia de membros anteriores, com quadro inicial de quadriplegia,

evoluindo para hemiplegia ipsilateral, com posicionamento e propriocepção consciente

alteradas (reduzidas a ausentes), aparente dor cervical ou de pescoço e reflexos espinhais

alterados. Foi ainda observado sensibilidade superficial ausente com dor profunda preservada,

panículo deficiente. No entanto os sinais clínicos confundem o diagnóstico, sendo provável uma

lesão em região de medula espinhal de C3 a C6, de acordo com o exame radiográfico

apresentado.

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4.4 TRATAMENTO

O tratamento foi baseado nos sinais clínicos do paciente. A paciente permaneceu internada para

tratamento por cerca de 30 dias, para que se realizasse a fisioterapia diariamente e estímulos

neurosensoriais necessários para ganho proprioceptivo com escova de cerdas duras, realizando

estimulação nos coxins plantares e dorso do animal, no sentido do impulso nervoso, do pescoço

à cauda, diariamente, por diversas vezes ao dia, contando com auxílio da equipe da

enfermagem, por cerca de 30 segundos com series de 10 repetições.

Sendo assim, utilizou-se, inicialmente, laserterapia, por 5 dias, para terapia anti-

inflamatória, com dosimetria de 3 joules/cm² nos espaços intervertebrais. Ainda nesta fase

inicial, para tratar a fase aguda, objetivando alívio de dor, foi realizada a eletroterapia de forma

interferencial bipolar, na região cervical, com dosimetria de 12hrtz, a qual era realizada por 15

minutos, evitando assim a fadiga muscular.

Foram realizados exercícios de propriocepção e equilíbrio, com axílio de prancha de

equilíbrio e pressão delicada em materiais de diferentes texturas.

Figura 11

Paciente em exercício com prancha de equilíbrio

Fonte: acervo do autor

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Decorridos estes 5 dias iniciais, foi alterada a dosimetria da laserterapia para 6

joules/cm², com objetivo de estímulo aos impulsos nervosos. Também passou a realizar

acupuntura e corrente russa nos músculos tríceps e quadríceps, com frequência de 50hrtz por

240 microsegundos de comprimento de onda, com subida de onda de 2 segundos e platô de 10

segundos, e descida de 4 segundos, fortalecendo assim as musculaturas objetivadas.

Figura 12

Paciente durante aplicação de eletroterapia em membro pélvico direito.

Fonte: acervo do autor

Após a eletroterapia é realizado exercício ativo, por meio de caminhadas na esteira,

exercício de equilíbrio na bola e atividades de obstáculos.

Ainda hoje são realizados exercícios na bola, para equilíbrio, e caminhadas na esteira com faixa

elástica/ teraband, assim como caminhadas com obstáculos.

A paciente ainda encontra-se em tratamento.

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50

4.5 RESULTADO

Após cerca de 2 semanas de tratamento, o animal passou a conseguir manter-se por

breve tempo em estação, em seguida, após fortalecimento muscular, passou a andar, embora de

forma um pouco incoordenada, e com fraqueza muscular.

Após cerca de 1 mês de tratamento, a paciente ainda com pequena incoordenação por déficit

proprioceptivo, obteve grande melhora, e passou a realizar a fisioterapia por 2 vezes na semana,

para manutenção e melhora gradual do quadro clínico, com grande ganho no aspecto da

qualidade de vida, embora mantenha-se em tratamento ainda após cerca de 4 meses de

tratamento, realizando a fisioterapia uma vez na semana, a partir de 3 meses de tratamento.

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5. DISCUSSÃO

Com relação à lesão medular espinhal, concordam os sinais com a literatura, que relata,

quando em lesão de C1 a C5, ataxia de membros, tetraparesia, tetraplegia; hemiplegia ipsilate ra l

com pulo em um pé só, posicionamento e propriocepção consciente deficientes; reflexo s

espinhais alterados, dor em pescoço, entre outros sinais (CHRISMAN,1985).

A literatura relata ainda, quando na lesão a nível de C6 a T2, ataxia de membros,

quadriparesia e hemiplegia ipsilateral, posicionamento e propriocepção consciente deficientes,

reflexos espinhais de membros posteriores alterados, dor em pescoço e síndrome de Horner

(CHRISMAN, 1985).

Baseado nestes dados literários, o diagnóstico presuntivo admitiu a hipótese de lesão

cervical, na região onde havia redução de espaços intervertebrais de acordo com exame

radiográfico, sendo assim definido o protocolo de tratamento de acordo com os sinais clínicos.

Com relação aos testes neurológicos aplicados a este caso clinico é assim descrito em

literatura por Chrisman (1985):

5.1 PROPRIOCEPÇÃO

A propriocepção é uma função dos nervos sensitivos periféricos e tratos sensitivos da

medula espinhal através do tálamo para o córtex cerebral do lobo frontal.

O teste de posição proprioceptiva é executado colocando-se o membro e apoiado sobre a pata

e observando-se a capacidade do animal corrigir esta posição anormal. P membro pode ainda

ser abduzido ou aduzido em posturas anormais, as quais o animal com consciênc ia

proprioceptiva deve automaticamente corrigir.

5.2 REFLEXOS ESPINHAIS DOS MEMBROS ANTERIORES

O exame de reflexos espinhais de membros anteriores testa certos segmentos da medula

espinhal cervical e nervos do plexo braquial. A resposta dos reflexos espinhais pode ser

graduada com uma escala que varia de 0 a 4 +, sendo iniciada em ausente, com 1+

correspondente a deprimido, 2+ normal, 3+ hiperativo e o 4+ correspondendo a hiperativo com

clono.

Durante o teste o animal é sustentado em reclinação lateral, fazendo com que os membros

relaxem tanto quanto possível. Um membro tenso, rijo, pode anular a atividade do reflexo. Se

um animal normal está nervoso, os reflexos espinhais podem parecer exagerados.

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Reflexos espinhais deprimidos ou ausentes são produzidos por lesão de nervo periférico

sensitivos, raízes dorsais, segmentos de medula espinhal, raízes ventrais, nervos periféricos

motores, junções neuromusculares ou músculos do arco reflexo especifico.

Um reflexo espinhal ausente é indicador de doença de neurônio motor infer ior,

resultando em tipo flácido de paresia ou paralisia.

Reflexos hiperativos estão associados com lesões de NMS em qualquer parte rostral ao

arco reflexo na medula espinhal, tronco cerebral ou córtex cerebral do lobo frontal. Quando um

animal está paralisado e os reflexos espinhais estão hiperativos, é referido como paralisia

espástica, mas é importante salientar que os membros podem não estar rígidos, não devendo ser

confundida com rigidez extensora.

Reflexo de bíceps

Este reflexo é deflagrado quando se segura um membro anterior relaxado com o

cotovelo ligeiramente flexionado, posicionando o dedo indicador no tendão do bíceps no

aspecto medial –anterior do cotovelo, batendo o dedo com o martelo de percussão. Pode ser

difícil deflagrar este reflexo, mas o encurtamento de tendão pode ser palpado no animal normal.

Sempre deve-se comparar o lado direito e esquerdo, se o reflexo estiver presente, os segmentos

medulares espinhais e raízes dos nervos de C6 a & e o nervo musculo cutâneo estão intactos. A

hiperatividade pode indicar lesão acima do C6.

Reflexo de tríceps

O reflexo tríceps é deflagrado quando se segura o membro anterior relaxado com o

cotovelo ligeiramente flexionado e batendo o tendão ao tríceps com martelo de percussão, ou

posicionando o dedo indicador ou polegar no tendão e batendo o dedo ou polegar com martelo.

Embora a resposta seja frequentemente pequena, em animais normais, uma extensão

ligeira do cotovelo pode ser visualizada ou palpada. Novamente lados esquerdo e direito devem

ser comparados. Quando os reflexos estão presentes, os segmentos da medula espinhal e as

raízes dos nervos C7 a T2 e o nervo radial estão intactos, na hiperatividade pode haver lesão

acima do C7.

Reflexo extensor do carpo

No membro relaxado, batendo o músculo radial do carpo com martelo de percussão, é

produzida uma ligeira extensão do carpo no animal normal. A reação torna-se exagerada quando

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a lesão acima de C7, e diminuída ou ausente, quando em lesões de C7 a T2 da medula espinhal

ou raízes do nervo e do nervo radial.

Reflexo de retirada

O reflexo flexor ou de retirada é testado beliscando-se a unha do animal com os dedos

ou com pinça hemostática, observando-se a retirada ou flexão do membro longe do estimulo,

no entanto este reflexo não indica sensibilidade ao beliscão ou estímulo, mas sim que medula e

raízes nervosas dos segmentos C6 a T2 e nervos musculo cutâneos (flexão do cotovelo), medial

e ulnar (flexão do carpo e dedos) estão intactos.

5.3 REFLEXO DE DOR PROFUNDA

Durante o teste do reflexo de retirada a avaliação do nervo periférico e da integridade da

medula espinhal pode ser executada aumentando a força do estimulo e observando a reação

comportamental do animal, como choro ou tentativa de reação (mordida) ao examinador. Esta

resposta é conduzida por axônios não mielinizados, e tanto a perda de dor profunda quanto de

reflexo de retirada, é geralmente causada por lesão na porção sensitiva dos nervos radial, medial

e ulnar ou segmentos C6 e T2 da medula espinhal, porém estes nervos lesados podem

frequentemente se regenerar ou recuperar.

Já a perda da dor profunda com o reflexo de retirada intacto pode indicar lesão dos tratos

ascendentes da medula espinhal.

5.4 SENSAÇÃO OU DOR SUPERFICIAL

A sensação superficial pode ser testada com uma leve alfinetada ou beliscão da pele com

pinça homeostática. A beliscada pode detectar mais facilmente a anestesia, e a alfinetada detecta

mais fielmente a hiperestesia.

5.5 DOR CERVICAL

O animal frequentemente chora ou tenta morder o examinador ou mesmo seus músculos

tornam-se rígidos quando o pescoço é manipulado, não devendo ser manipulado se houver

suspeita de fratura vertebral cervical ou luxação.

5.6 AVALIAÇÃO DE REFLEXO DOS MEMBROS POSTERIORES, ÂNUS E CAUDA

Este exame é executado de forma similar ao dos membros anteriores. Sendo assim, os

membros anteriores são gentilmente erguidos e o animal é forçado a caminhar somente como

membros posteriores (carrinho de mão) avaliando assim a resistência e coordenação dos

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movimentos dos membros. Se os animais relutam em caminhar numa superfície escorregadia,

deve ser testado em piso aderente, acarpetado ou grama.

Para melhor avaliação, o animal deve ser colocado numa posição de inclinação lateral,

sendo os reflexos graduados da mesma forma que os reflexos de membros anteriores, de 0 a 4+,

normais ou exagerados em lesões acima do arco reflexo, e deprimidos ou ausentes em lesões

envolvendo o arco reflexo.

Reflexo patelar

O reflexo patelar está localizado nos segmentos da medula espinhal e raízes nervosas L4 a

5, e nervo femoral. Ele é deflagrado ao bater o tendão patelar diretamente com o martelo. O

joelho estenderá no animal normal. Os lados esquerdo e direito devem ser comparados,

deitando-se o animal de cada lado. Frequentemente este reflexo torna-se hiperativo em doenças

do NMS que outros reflexos, o clono é observado em respostas 4+ do reflexo patelar.

Músculo tibial cranial

Pode ser diretamente percussionado com o martelo, podendo observar-se um

encurtamento do musculo, sendo sua resposta deprimida ou ausente em doenças que afetam

segmentos de L6 a S2 e raízes nervosas ou nervos ciáticos e de períneo acentuando-se quando

em doenças da medula espinhal acima de segmento L6.

Reflexo anal

O reflexo anal caminha através de raízes nervosas e dos segmentos da medula espinhal

S1 a S3, sendo deflagrado ao se beliscar o anus, observando a contração do esfíncter anal. Os

músculos da cauda podem também contrair-se, em resposta ao estimulo do anus, indicando Co1

a Co5 intactos. Quando há lesão de segmentos S1 a S3 ou raízes nervosas o rabo fica flácido e

irresponsível. O abano voluntario do rabo é indicador de integridade de medula espinhal, já a

reação do rabo devido a estimulação de reflexo anal pode ser devido a reflexo de origem e estar

presente mesmo quando há dano a medula espinhal acima do nível do arco reflexo.

Atrofia muscular

A atrofia muscular pode indicar doença do segmento espinhal, raiz nervosa ou nervo

periférico que inerva o musculo e ser útil na localização das lesões.

5.7 LOCALIZAÇÃO DE LESÕES

Lesões acima do nível do mesencéfalo raramente produzem alteração no modo de andar,

mas produzem deficiência em pular num pe so, no posicionamento e no posicionamento

proprioceptivo dos membros.

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Lesões unilaterais produzem deficiências contralaterais, sendo os reflexos espinhais

normais ou hiperativos.

Lesões abaixo do nível do mesencéfalo através da medula cervical produzem deficiênc ias

no modo de andar, em pular num peso, e no posicionamento e propriocepção. Lesões unilatera is

do mesencéfalo geralmente produzem deficiências ipsilaterais. Os reflexos espinhais são

normais ou hiperativos a menos que os segmentos da medula espinhal específicos ou nervos

periféricos estejam envolvidos.

5.8 INDICAÇÃO DA FISIOTERAPIA

Está indicada em situações de reabilitação pós-cirúrgica em casos ortopédicos e

neurológicos, lesões musculoesqueléticas, fraqueza muscular; afecções discais associadas a dor

e paresia, lesões articulares como contraturas e artrites, alívio da dor, cicatrização de feridas,

alterações no desempenho de um animal atleta, edemas e problemas na circulação sanguínea e

linfática, complicações do sistema cardiorrespiratório e maneio do peso para preparar

fisicamente o animal para a cirurgia, sendo também profilática, quando o animal tem uma

predisposição, ou uma doença articular, por exemplo, já instalada mas em grau inicial, evitando

ou protelando assim o tratamento cirúrgico por estabilizar a lesão fortalecendo muscula tura

adjacente (STAISS & LEVINE, 2008).

5.9 DEFINIÇAÕ DO PROTOCOLO TERAPÊUTICO

De acordo com STAISS & LEVINE, 2008, parece bastante subjetiva a forma de avaliação,

no entanto está baseada na técnica e experiência, assim como na comparação quanto à

funcionalidade normal, sendo determinada com base em restrição articular, muscular ou de

tecidos conectivos no movimento, de forma que o examinador calcula o limite pela sensação

transmitida às mãos do examinador pelo tecido examinado, durante uma escala de movimentos.

Sendo assim, os candidatos ao tratamento fisioterápico são pacientes neurológicos, ortopédicos,

particularmente os de raças de trabalho, caça, ou que desempenham atividade física intensa.

O plano de tratamento fisioterápico baseia-se em fatos evidentes, histórico clínico,

diagnóstico e evolução da fisioterapia, muitas vezes se baseia também em estudos e conclusões

do estudo aplicado à humanos. A escolha do plano terapêutico é ainda influenciada pela

experiência do profissional de fisioterapia, modalidades disponíveis, disponibilidade finance ira

e envolvimento do proprietário no tratamento (BROOKSTAHLER, et al., 2004).

O plano terapêutico pode ser modificado, sempre que observada mudança no quadro

geral do paciente, sendo feito em etapas. Este deve ser único para cada paciente, devendo

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considerar qualquer alteração e outros fatores, como piora do quadro, idade, disposição do cão

e proprietário/ tutor, expectativas futuras, urgência do retorno da função, equipamentos

disponíveis, habilidade do clinico e custo do tratamento.

Habitualmente, o protocolo se constitui de escolha de modalidades térmicas ou elétricas,

bem como de exercícios passivos e ativos específicos, com finalidade de aumento de força,

seguido de reintrodução gradual de atividade física para retorno da atividade mais próxima

possível da normalidade, sendo importante estabelecer objetivos e resultados, para orientar o

progresso e escolha de modalidades utilizadas no tratamento (Millis et al, 2008).

Laserterapia

É amplamente descrito em literatura que a dosimetria de 3joules/cm² possui efeito

analgésico, de modulação circulatória e antinflamatória, e que pode ser aplicado em fase aguda

e subaguda nesta dosimetria.

É conhecido ainda que como efeitos terapêuticos e fisiológicos o laser apresenta a

liberação de histamina, serotonina e bradicinina pré formada, aumentando ainda a produção de

prostaglandinas que causam maior permeabilidade capilar e possuem poder de quimiotaxia,

promovendo fagocitose de restos celulares inflamatórios por atrair macrófagos (LIANZA,

2001; PEDRO, 2002).

Promove aumento de fibroblastos, acelerando a formação de tecido de granulação, útil

na cicatrização. Atua ainda a nível bioelétrico no aumento e manutenção do potencial da

membrana celular, e a nível bioenergético o aumento do ATP intracelular e da atividade

enzimática, o que acelera a cicatrização, promove a neovascularização estimulando a

microcirculação, promove aumento na síntese de colágeno para o reparo tecidual, analgesia e

modulação anti-inflamatória e antiedema por meio da microcirculação e consequente

vasodilatação arteriolar, faz estimulação de trofismo muscular e bioestimulação atérmica

(LIANZA, 2001; PEDRO, 2002, MIKAIL et al., 2006, FERREIRA; VIEIRA, 2006;

MOREIRA, 2008, GAYNOR, 2009).

Devido os sinais clínicos o primeiro tratamento instituído foi com Estimulação

Neurossensorial, utilizando-se de escovação com escova de cerdas duras, em toda a região

afetada, no sentido do impulso nervoso, ou seja, no dorso, da cabeça em direção à cauda,

também nos membros e nos coxins, numa repetição de cerca de 30 segundos por região,

alternando as regiões por cerca de 15 minutos no total de sessão. Eram realizadas diversas

sessões de estímulo neurosensorial por dia.

Estimulação elétrica - eletroterapia

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A terapia de escolha foi a corrente russa, pois de acordo com a literatura, é formada por

trens de impulso, de média frequência, que pode variar de 50 a 80 Hz. Existe ainda na corrente

russa a uma modulação denominada rampa. A rampa determina a diminuição ou aumento

gradativo de duração do pulso, da amplitude do pulso, ou mesmo de ambos, o que varia de 1 a

5 segundos, permitindo assim um aumento ou redução gradual da contração muscular.

A rampa tem como função dar um aspecto mais fisiológico à contração eletroestimulada,

pois diferentemente das correntes sem rampas, ditas correntes de pulso brusco, a contração

inicia e termina de forma abrupta, proporcionando desconforto e receio ao paciente.

Foi escolhido como protocolo uma frequência de 50Hz, sendo esta a frequência mínima

para que o grupo muscular tratado realizasse contração, com comprimento de onda de 140

microssegundos, subindo por 2 segundos (tempo até contração máxima), platô de 10 segundos

(tempo que se mantêm a contração) e descida de 4 segundos, promovendo assim maior

recrutamento de fibras e maior ganho muscular.

A corrente russa constitui uma forma relativamente confortável aos animais, sendo

menos estressante, devido a sua forma pulsátil.

Com relação aos exercícios passivos realizados no paciente, esta é uma modalidade que

ajuda a manter a flexibilidade dos músculos, tendões e ligamentos, flexão das articulações e

melhora da estrutura neuromuscular. É bastante utilizado em reabilitação de pacientes com

déficit neurológico (RIVIÉRE, 2007).

Dentre os exercícios passivos, foi realizado a modalidade de amplitude de movimento,

que objetiva a flexão e extensão das articulações individualmente, de acordo com o grau de

amplitude confortável, sendo a articulação lentamente flexionada ou estendida. Sendo

apropriados os movimentos de rotação, em ombro e quadril, e movimentos de adução e abdução

(LIANZA, 2001).

Este exercício era realizado em repetições de 10 ciclos de flexão, rotação, adução e

abdução, nos membros afetados (anterior e posterior esquerdos), mantendo a atividade de

adução e abdução por cerca de 30 segundos. (BOCKSTAHLER et al, 2004; RINIÉRE, 2007).

Foi realizado ainda o exercício de estação com auxílio de toalha, providenciando suporte

para conduzir e apoiar o cão durante determinados espaços de tempo, para que mantivesse a

consciência corpórea da posição de estação.

Mikail, 2009 e Bockstahler et al, 2004, propõe que este exercício é importante para a

consciência corporal do cão devido a uma memória de plasticidade neurológica.

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Este exercício auxilia ainda no ganho de força muscular e alongamento, evitando que o

animal “entorte” o corpo para o lado que possui mais tônus muscular.

Com relação a propriocepção e equilíbrio, foram realizados exercícios em prancha de

equilíbrio, que segundo Rivière (2007), permite que o animal mantenha e reestabeleça

equilíbrio e promove consciência corporal, sendo este exercício realizado sobre uma prancha

ou tábua instável, auxiliando o animal e realizando movimentos oscilatórios em todas as

direções.

Bola terapêutica

A bola terapêutica é utilizada em tratamento de animais com problemas proprioceptivos,

e pode servir tanto de apoio durante a marcha, quando realizar atividade para ganho de

equilíbrio e alongamento. Sauders (2007) comenta que é de grande valia para pacientes

neurológicos, entre outros.

Esta modalidade de exercício passivo consiste em apoiar o animal em posição de estação

sobre a bola ou até mesmo apoiando os membros posteriores ou anteriores, movendo a bola

lateralmente e para frente e para trás (BOCKASTAHLER et al, 2004), sendo que no caso clinico

relatado, foi utilizada de ambas as formas, com objetivo de reestabelecer equilíbrio, ganho

muscular, e propriocepção.

Flexão e extensão cervical

Em determinado momento, passamos a realizar exercício de extensão e flexão cervical,

com auxílio de petiscos, o que objetiva, segundo Bockstahler (2004), a melhora de mobilidade

de modo a manter-se em estação e equilibrado. Era estimulado a mover a cabeça lateralmente

e dorsalmente/ventralmente com auxílio de petisco, realizando assim movimento ativo.

Quando o animal passou a movimentar-se sozinho, caminhando lentamente, passou a

realizar-se a correção da marcha, com caminhadas lentas (BOCKSTAHLER et al, 2004).

Foi utilizada a esteira seca, que estimula o animal a mover-se devido ao movimento sob

suas patas, e ainda caminhadas em diferentes tipos de piso e textura, com objetivo de ganho

proprioceptivo, sendo ainda benéfica para a memória articular, de acordo com Gaynor (2009).

A utilização da esteira seca objetivou, se acordo com Sguarizi (2007), a promoção do

equilíbrio, já que o movimento do solo incentiva o animal nãos só a utilizar os membros

afetados, mas a procurar equilibrar seu peso para evitar a queda, realizando assim uma marcha

mais correta, sempre com auxílio do fisioterapeuta ao seu lado, corrigindo a marcha,

monitorando a velocidade e estimulando o exercício. Após a adaptação a esteira, e com o

gradual ganho de correção de marcha, passou a ser utilizadas faixas elásticas ou terabands para

tração, promovendo melhora da condição muscular (SGUARIZI, 2007).

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Em seguida passou a realizar-se caminhadas com obstáculos, método que segundo

Gaynor (2009) objetiva a extensão normal do membro, assim como a flexão da articulação e

memória do cotovelo, joelho e articulações tarsais. Sendo assim, utilizou-se diferentes

distancias entre as barras, reduzindo a distância gradualmente, para encorajar o aumento da

flexão da articulação (GAYNOR, 2009).

Caminhar entre barras verticais estimula a flexão lateral da coluna, e, segundo Gaynor

(2009) ainda promove treino proprioceptivo, deslocamento de peso nas passadas, estimulando

o uso dos membros e fortalecendo os músculos utilizados em corrida.

6. CONCLUSÃO

A fisioterapia pode ser aplicada em animais com perda de origem neurológica ou

estrutural. Na prática clínica é frequentemente procurada como opção de tratamento

único ou em conjunto, para minimizar maiores perdas, estabilizando o quadro geral

do animal, ou mesmo obtendo retorno às funções próximas da normalidade, assim

melhorando a qualidade de vida do paciente.

7. REFERÊNCIAS

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