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revista reacao numero 87

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A Revista Nacional de Reabilitação é uma publicação bimestral da

C & G 12 - Comunicação e Marketing S/C Ltda.

Telefone (PABX):(11) 3873-1525

Fax: (11) 3801-2195

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Diretor Responsável - Editor Rodrigo Antonio Rosso

Reportagem:Maria Luiza de Araujo

Consultores Técnicos: Romeu Kazumi Sassaki

Carlos Roberto Perl

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Hermes OliveiraMárcia GoriAlex Garcia

Silvia de CastroDeborah PratesTatiana Rolim

Wiliam César Alves MachadoJorge Luiz Silva

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Foto Capa:Fernando Maia FotocomNet

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Administração:Cissa de Carvalho

Circulação: Jairo Prates

José FaustinoRivelino Cordeiro

Assinaturas:

Cissa de Carvalho - Coordenação

Fone: 0800-772-6612Tiragem: 20 mil exemplares

Redação, Comercial e Assinaturas:Caixa Postal: 60.113

CEP 05033-970 São Paulo - SP

É permitida a reprodução de qualquer artigo ou matéria publicada na REvisTA NACioNAl DE REAbiliTAção,

desde que seja citada a fonte.

Se não posso fazer tudo o que devo, devo, ao menos, fazer tudo que posso...

O autor dessa frase não sou eu... é José Soares Cardoso, um poeta e escritor espí-rita falecido em 1991. Só peguei “emprestada” para passar aos amigos leitores e assinantes desta Revista, pois já há algum tempo sinto em meu coração que

deveria compartilhá-la com todos. Já faz alguns bons anos que me deparei com essa frase e desde então, tomei-a para mim

e também como lema de vida em meu dia-a-dia. E desde então, fico sempre reforçando-a para mim mesmo em tudo que faço. E acreditem, funciona ! Deve ser assim. Funciona até porque, mesmo inconscientemente, isso que essa frase traduz, não deveria ser um “lema” para nossas vidas, mas sim uma “regra” para todos nós e em tudo que fazemos, seja nos nossos relacionamentos: amorosos, familiares, no nosso trabalho, nos nossos estudos, na nossa vida pessoal, nos esportes, enfim... no nosso relacionamento com o próximo.

Viver é um ato de “intensidade”. Pensem bem... estar vivo, respirar, poder realizar. Seja o que for que fazemos ou podemos fazer, por mais insignificante que pareça, só pelo fato de estarmos vivos, já teríamos que ter como “dever” fazer “tudo” - mesmo o que parece ser pouco – com intensidade, mesmo dentro dos nossos limites e de nossas limitações, afinal: se não posso fazer tudo que “devo”, devo, ao menos, fazer “tudo que posso”... Pensem se não é verdade ?

Qual a razão de passar pela vida por passar ? Sem realizar nada... viver por viver ? Temos um poder tão grande de “realização”. Todos nós “podemos” tudo, seja você

uma pessoa com deficiência ou não, gorda ou magra, alta ou baixa, letrado ou analfa-beto, temos potencialidades e os nossos limites, nós mesmos é quem nos damos. E as limitações existem para serem superadas a cada dia, a cada “oportunidade” que a vida nos dá a todo momento.

Vejam o exemplo dos atletas paralímpicos... dentro de seus limites, eles fazem “tudo que podem”. Dão tudo de si e superam-se ao extremo. E o resultado é palpável. Ele aparece... As Paraolimpíadas estão para começar nos próximos dias. Vamos novamente, com certeza, presenciar nos atletas o que a frase que cito neste editorial quer dizer.

Nós temos uma força interior muito grande. Precisamos aprender a encontrá-la, a saber buscá-la e principalmente, externá-la em nossas ações diárias. E se podemos fazer tanto por nós mesmos, porque não fazermos também, pelo menos um pouco ou o que estiver ao nosso alcance pelo nosso próximo ? Vamos iniciar uma nova prática em nossa rotina ? Ao começar por abandonarmos o egoísmo e deixar de achar que nossos problemas ou nossas “limitações” são as maiores, que nossos problemas são os mais complicados... que nossos sofrimentos e mazelas – sejam quais forem – são maiores e mais importantes que as dos outros. Meus amigos, do nosso lado tem sempre alguém precisando de nós. Alguém precisando e querendo, mesmo que sem nos pedir... basta às vezes, só um aperto de mão, um sorriso de nossa parte, um “bom dia” sincero, um abraço, uma palavra amiga que seja. Não estou falando de ajuda material não... que em muitos casos se faz neces-sária e se pudermos ajudar, podemos chegar sim em boa hora para alguém que precisa. E tenha certeza, tudo que fazemos para o próximo com o coração, recebemos em dobro.

Pensem nisso: às vezes não podemos fazer tudo que deveríamos... mas, “devemos e podemos” fazer muito mais !!!

editorial

“Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração”...

Salmo 4.1

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Diretor/EditorRodrigo Antonio Rosso

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Nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008, nossos atletas demonstraram seu potencial ao conquistar o 9º lugar no quadro geral de medalhas. Feito ainda maior nos Jogos Parapanamericanos de Guadalajara, no ano passado, quando deixaram para trás potências como Cuba e Estados Unidos e colocaram o Brasil na 1ª posição do ranking de medalhas.

Nos Jogos Paraolímpicos de Londres deste ano, a Ortobras acredita e torce pelos quase 200 atletas que irão nos representar, demonstrando, além de qualidade e habilidade, força e superação.

Há 30 anos, a Ortobras nasceu com uma missão: tornar cada vez melhor e mais fácil a vida das pessoas com mobilidade reduzida. Para nós, cada cliente é um atleta, pois diariamente nos orgulhamos ao assistir exemplos de superação de suas adversidades e limitações.

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Nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008, nossos atletas demonstraram seu potencial ao conquistar o 9º lugar no quadro geral de medalhas. Feito ainda maior nos Jogos Parapanamericanos de Guadalajara, no ano passado, quando deixaram para trás potências como Cuba e Estados Unidos e colocaram o Brasil na 1ª posição do ranking de medalhas.

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Ethel Rosenfeldentrevista

Uma guerreira... Assim pode ser definida essa que é uma das mais conhecidas e respeitadas figuras do movimento da pessoa com deficiência em nosso País. Com 13 anos de idade, ela teve um diagnóstico de tumor cerebral, mas na hora da operação, os médicos perceberam que não era maciço e optaram por fazer uma punção. O procedimento tocou o nervo ótico e a deixou cega. Além de ter ficado com

sério comprometimento motor. Os movimentos ela recuperou com o tempo, mas não a visão, o que a fez dedicar toda sua vida à luta em favor das pessoas com deficiência.

Hoje, aos 66 anos, Ethel está aposentada, mas continua muito ativa. Agora mesmo trabalha na organização do XV Encontro Brasileiro de Usuários de Dosvox (sistema que permite o uso de um microcomputador comum por pessoas cegas, possibilitando o desempenho de uma série de tarefas), que

será realizado em 07 e 08 de setembro próximo, no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e mora até hoje. Além disso, desenvolve o projeto de sen-sibilização “Buscando um Mundo Melhor para Todos”, de conscientização da sociedade, em que faz palestras para diferentes públicos.

Considerada uma das principais educadoras na área da deficiência visual, foi a primeira professora cega a ingressar no magistério público do antigo Estado da Guanabara. Trabalhou junto à Secretaria Municipal de Edu-cação, Instituto Helena Antipoff, por 15 anos. Em 1987, foi para a Secretaria Municipal de Saúde, Instituto Municipal de Medicina Física e Reabilitação Motora Oscar Clark, onde ficou por 12 anos. Depois foi convidada para trabalhar na Fundação Municipal Francisco de Paula, FUNLAR-Rio, hoje,

Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência.Ethel sempre esteve presente em manifestações e movimentos

em favor da causa. Entre outras atividades, participou do Grupo Nacional de Trabalho que elaborou os artigos que garantem os direitos das pessoas com deficiência nas Constituições Federal, Estadual e na Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro. Inte-grou ainda o grupo de estudos e redação da Política Nacional de Educação Especial e da Política Nacional de Reabilitação, traba-lhos promovidos pela Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), hoje Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Vamos juntos prestar uma homenagem à essa grande mulher e conhecer um pouco mais de sua vida, seu trabalho e seus projetos.

REVISTA REAÇÃO - Desde os 17 anos você resolveu dedicar sua vida à causa das pessoas cegas. Por que essa opção ?

Ethel Rosenfeld - Nessa altura eu estava estudando no Instituto Benjamim Constant, escola especializada para pes-

soas cegas, já que tudo tinha mudado radicalmente em minha vida. Lá tem uma escadaria para ir às salas de

aula. Um dia, quando ia subindo a escada, de repente, me bateu um insight: eu era privilegiada, tinha tudo, pai, mãe, irmãos, uma vida social normal. Fiz um juramento naquele momento: “vou dedicar minha vida a essas pessoas”. Eu também era uma cega, mas me considerava diferente por ter tudo, inclusive uma condição social e escolaridade melhores. Aí começou meu desejo de ajudar as pessoas cegas.

RR - Apesar de estar aposentada há 4 anos, você continua a desenvolver o projeto “Bus-cando um Mundo Melhor para Todos”. Como ele funciona ?

ER - Quando eu estava nos últimos 10 anos de trabalho, trabalhava na Fundação Municipal Francisco de Paula (FUNLAR), era uma casa espírita, depois virou uma funda-ção e hoje é a Secretaria da Pessoa com Deficiência. Comecei quando era fundação, em Vila Isabel, e conversei com minha di-retora na época: trabalhamos a vida inteira com a pessoa com deficiência, habilitando-a, depois promovemos reabilitação quando é deficiência adquirida, agora, ninguém de nós está trabalhando a sociedade, acho muito importante trabalhar na contramão. Eu estava capacitando profissionais na área de reabi-litação para comunidades de baixa renda, equipes multiciplinares que se instalam nas comunidades e atendem as pessoas no local. Foi aí que vi a importância de se trabalhar a sociedade e idealizei um projeto que tem o mesmo nome até hoje: “Mitos e realidades so-bre pessoas com deficiência”, criei um power point. Eu sou engraçada quando falo, então é uma palestra leve que está na primeira pá-gina do meu site (http://www.ethelrosenfeld.com.br). Eu ajusto minha fala de acordo com a plateia que está me assistindo. Trabalhei dois anos e meio, por exemplo, na academia TAM, com o pessoal de terra e bordo que está entrando para a companhia. Tive, também, oportunidade de trabalhar com o Rio Ônibus (Sindicato das empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro). Na época eram 47 empre-sas, 47 garagens onde trabalhávamos com os motoristas e cobradores. É a mesma palestra em diferentes formas de apresentação, minha linguagem muda, eu tenho essa facilidade, como sou professora, sou bem didática.

RR - A partir dessa experiência com a sociedade, qual sua avaliação desde o tempo que você ficou cega até agora ? Houve uma evolução, já há maior com-preensão ?

ER - Se você comparar dos anos 60 para agora, evoluiu muito, mas se me perguntar, desde que eu comecei a fazer esse trabalho com a sociedade, se eu noto grandes diferenças, vou dizer não. Infelizmente, são poucos os que absorvem de verdade a questão. O preconceito está embutido na cabeça da pessoa. Então, no

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entrevista

meu caso, sou uma pessoa totalmente independente financeiramente e na minha vida pessoal e recentemente tive essa experiência: a sogra de meu sobrinho passou por aqui com minha irmã e disse: “meu Deus, Ethel, nunca podia imaginar que sua casa tivesse esse astral, que casa leve, organizada, limpa, você está de parabéns!” Por que casa de cego não pode ter um bom astral ? As pessoas pensam que nossas paredes são cruas, sem nenhum enfeite, e minha casa tem muitos enfeites colo-ridos, discretos, mas tem. Então o preconceito está na pessoa. A geração nova, minha sobrinha-neta que tem 9 aninhos, ela já tem outro olhar. Por exemplo: darei uma palestra em uma cidade paulista e combinamos de ir ao shopping. Vamos sozinhas, ela não quer que ninguém acompanhe, quer dizer, ela me vê inteira. Enquanto eu estou fazendo a palestra, a pessoa acha tudo o máximo, mas depois, na prática do dia a dia, não é assim e o preconceito existe. Até mesmo na novela da Globo, que está no ar, “Amor Eterno Amor”, que tem o personagem Fernando, em cadeiras de rodas devido a um acidente automobilístico, alguém falou: “mas ele está preso àquela cadeira!”. O cadeirante não está preso à cadeira, pelo contrário, a cadeira o liberta, através dela é que ele pode andar e ir para onde quiser, é liberdade !

RR - Aproveitando esse gancho da novela, você também teve uma participação bastante destacada na TV Globo, na realização da novela “América” (exibida em 2005). Como foi a experiência?

ER - A autora Glória Perez conheceu minha história através da impren-sa e, em 2004, uma pesquisadora que trabalhava com ela me procurou para me entrevistar. A Glória, nessa época, estava no Texas pesquisando outra área da novela e quando chegou ficou interessada em me conhecer e conhecer o Gem, meu primeiro cão-guia. O encontro foi muito gostoso, ela é um ser humano fantástico e disse que queria criar um personagem cego baseado na minha história, mas não literalmente, seria apenas uma inspiração. Aí ela criou o Jatobá, que foi interpretado pelo Marcos Frota, uma pessoa que ficou cega na idade adulta e que tinha um cão-guia. Eu perguntei nessa primeira conversa se o personagem ia ser cego congênito ou se iria adquirir a cegueira. Ela perguntou se tinha diferença e eu disse que era muito grande e comecei a explicar. Alguém que nunca viu o céu, não sabe o que é azul, vermelho, escuro, claro, a formação de conceitos abstratos fica muito difícil para ser compreendida por uma pessoa cega congênita, isso dificulta a socialização dessa pessoa. Ela saiu com aquilo na cabeça, e dali dois dias me ligaram, dizendo que Glória criou o segun-do personagem, a Flor, uma menina de uns 6 ou 7 anos, interpretada pela Bruna Marquezine, e que ela ia mostrar a dificuldade da cegueira congênita, como os problemas na escola, a falta de material, entre outros. Ela me convidou para ser consultora desse núcleo, fiz todo o treinamento

do Marcos Frota e da Bruna na minha casa, fiz também no Projac e foi muito legal.

RR - Uma novela tem longa duração, entra na casa das pessoas diariamente, qual a importância dos meios de comuni-cação dentro desse processo de conscien-tização da Sociedade ?

ER - Esse era o meu sonho, desde que come-cei a brigar pelos direitos da pessoa cega com cão-guia eu falava que uma novela resolveria isso porque ela tem um tempo longo e todo dia vai mostrar isso. Por sorte minha, foi no horário nobre da Globo, então foi muito importante. Nes-sa época eu viajava muito a trabalho e sempre diziam: “olha lá, igual ao Jatobá”, aí chamavam meu cachorro de Sr. Quartz, que era o nome do cachorro do Jatobá. O sr. Quartz veio do canil de Brasília, que foi todo um contato que eu ajudei a fazer. A novela teve um alcance, posso te afirmar, muito maior que 10 anos de briga minha com a mídia. Eu fiquei 10 anos da mídia, de 97-98 até 2009, toda vez tinha matéria comigo, mas

a novela foi o grande boom, a grande mudança.

RR - O Gem foi o primeiro cão-guia no Rio, como foi a luta para a aceitação dele ?

ER - Em São Paulo já tinha, mas ele foi o primeiro do Rio. Na época, em 1997, eu estudava na UERJ, fazia pós-graduação e trabalhava na Secretaria da Saúde, que era no prédio do Prefeito, e me proibiram de entrar com o cachorro. Me deram licença de um mês para poder me afastar porque eu fui aos Estados Unidos fazer o treinamento para trazer o Gem, e na hora que voltei disseram que eu não podia entrar no prédio. Aí eu não tive dúvida, liguei para os maiores jornais do Rio na época, dei a notícia, foi página inteira dos jornais do domingo. Na segunda me ligaram da segurança dizendo que foi um equívoco. No dia seguinte você precisava ver quando eu cheguei ao prédio para pegar o elevador. A se-gurança inteira estava a postos, todo mundo me acompanhando, mas em pouco tempo o cachorro passou a ser o sucesso do prédio, funcionários de todos os andares vinham ver meu cachorro. Conhecendo muda tudo.

RR - Ainda hoje são poucos os cães-guias no Brasil, ainda falta muito para criar uma cultura nesse sentido ?

ER - Eu hoje passo na rua e já sou reconhecida, tanto no Rio como fora do Rio, até fiquei marcada como a mulher do cachorro. Teve uma história no Teatro Municipal que abriu as portas: fui barrada com o Gem, o caso foi para a Justiça, ganhei a liminar, fui ganhando e a lei foi acontecendo em vários estados. Um deputado de Brasília mandou um assessor à minha casa pegar material sobre o assunto e deu entrada na lei. Essa lei, que saiu da minha casa em 98, foi assinada em 2005, nessa altura já com nome de Celso Russomano porque vários deputados colocaram adendos e finalizou com ele. Em 2006, o Lula assina o decreto de regulamentação e fui indicada para representar as pessoas cegas em Brasília na assinatura do documento. Fizeram o lançamento do decreto em 21/09/2006, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Foi muito emocionante, recebi, simbolicamente do Lula o decreto, uma emoção.

RR - Você estudou no Benjamim Constant, uma instituição especializada, e há muita discussão sobre a inclusão na questão da educação. Como você analisa a questão ? Os locais especia-lizados ainda são necessários ?

ER - Na minha opinião sim. Participei dessa briga e, no ano passado, tive a coragem de escrever um e-mail que repercutiu muito na internet dizendo que essa história de inclusão ainda é muito distante da reali-dade. Fiz parte de uma equipe de professores do Rio, coordenada pela UERJ, 80 profissionais especializados em vários tipos de deficiência, que davam capacitação para professores do interior do Rio, preparando esse pessoal para receber pessoas com deficiência em sala. Eu te pergunto,

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foi o que eu perguntei no e-mail: o professor em sala de aula comum, que tem 40 crianças, ele consegue se capacitar em 16 horas/aula ? Você acha que eu sou capaz de dar um curso verdadeiro em 16 horas ? Eu passei informações. Então tive a coragem de dizer que eu não capacitei ninguém. Poderiam me perguntar: por que você fez parte da equipe ? Eu preferi fazer parte, não era pelo dinheiro porque o dinheiro era muito pouco, mas pelo menos eu tinha certeza que iria sensibilizar esse público. Eu tenho certeza de que esses nossos professores não estão preparados. A inclusão é o ideal, claro, mas principalmente a deficiência visual e a auditiva precisam, na minha opinião, da escola especializada, até que a criança esteja devidamente instrumentalizada para ir para a escola comum. No caso do cego, é lendo e escrevendo braile com tranquilida-de, usando um equipamento chamado Sorobã, que é para cálculos de matemática. Eles requerem um mecanismo que não é assim de um dia pro outro. Você sabe quanto tempo demora o período de alfabetização para uma criança cega ? Dois anos, porque ela primeiro tem que ter o domínio do esquema corporal, lateralidade, tem que saber o que é em cima, meio e embaixo, porque os pontinhos do braille são feitos em um retângulo que tem em cima, meio, embaixo, lado direito, lado esquerdo. A criança surda também, ou ela vai aprender Libras, ou ela vai oralizar, vai aprender a falar, mas ela não conhece português, isso que o povo não entende. Português é uma língua, não é ? Inglês é outra e Libras é outra. Por lei, é a segunda língua oficial do Brasil. Então a pessoa surda tem que aprender português e Libras, não é tão simples assim. Você acha que uma criança completamente surda vai entrar numa turma comum e a professora vai saber lidar com essa criança ? Vai passar conceitos ? Olha, é muito difícil passar conceitos para surdos e cegos congênitos. Nós, como professores especializados, temos técnicas para mostrar alguma coisa, mas a gente também não consegue passar tudo. Acredito que até a 2ª, 3ª série, a criança deve estudar em uma escola especializada, depois deve estar razoavelmente pronta para enfrentar escolas comuns.

RR - Além de seu trabalho profissional, você sempre esteve engajada na luta das pessoas com deficiência. Quais foram as principais conquistas que você participou ?

ER - O movimento começou quando se criou a nova Constituição brasileira, isso por volta de 1986. Eu representava no grupo a Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais (ABEDEV). Tinha o pes-soal do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI/Rio) e nós começamos a nos articular. Ficamos conhecidos no Brasil, começaram a convidar o grupo para se encontrar em diferentes capitais, sempre acarretando mais gente, até que a Constituição foi escrita. Nossa briga era para não estarmos num capitulo único, isolados, queríamos estar em todos os pontos da Constituição, quando se falasse em saúde, falasse dos direitos da pessoa com deficiência, quando falasse em educação, e assim por diante. Conseguimos avançar muito e nossa primeira grande conquista então foi a Constituição de 88. Depois foi a Constituição estadual e, por último, a Lei Orgânica do município do Rio de Janeiro. Paralelo a isso, na época do governo do Sarney, a Tereza Costa d’Amaral, que é até hoje uma pessoa da área muito importante, era amiga da Roseane Sarney e conseguiu sensibilizar o presidente para criar uma coordena-doria que tratasse das pessoas com deficiência em Brasília. Aí foi criada a CORDE, que foi a origem da atual Secretaria. Ela me chamou para ser assessora na área de deficiência visual. Foi também uma grande

conquista, o movimento inteiro veio colaborando com a CORDE, tanto é que a última coordenadora era uma pessoa com deficiência física, Izabel de Loureiro Mayor, que ficou na CORDE dois períodos e um período já na Secretaria que hoje tem como secretário, Antonio José Ferreira, a primeira pessoa cega a ter um cargo federal, assumir um posto. Izabel Maior foi a primeira na área da deficiência física e Antônio José é da área visual, isso são ganhos. Começaram a acreditar na gente e não só usar nossos conhecimentos, nossa sabedoria, passaram a dar poder também. Isso é muito importante.

RR - Em julho se comemorou os 21 anos da Lei de Cotas. Você acredita que a questão da empregabilidade já está equacio-nada no Brasil ?

ER - Melhorou bastante também, não podemos negar, mas ainda tem preconceitos puramente por desconhecimento da capacidade daquelas pessoas, porque generalizam. Meu trabalho nos últimos 15 anos é exa-tamente esse, de sensibilizar os empresários, as pessoas, em relação às capacidades, às potencialidades. Inclusive mostrando suas limitações também como ser humano. Melhorou um pouco. Eu não gosto da lei de cotas, mas ao mesmo tempo, acho que ela é importante. Acho que a maioria das pessoas com bom senso pensa como eu: a lei de cotas é importante porque sem ela a gente não conseguiria nada e com ela pelo menos alguma coisa se consegue. Se Deus quiser, daqui a alguns anos, essa lei não vai precisar nem fazer aniversário. No meu modo de ver, ela tem tempo determinado de vida, se Deus quiser, e muitas empresas hoje já estão acreditando na pessoa com deficiência.

RR - Para terminar, deixe uma mensagem especial tanto às pessoas cegas como às com deficiência em geral, nossos leitores e assinantes.

ER - A mensagem que eu gostaria de deixar é que todos acreditem no seu potencial, no seu eu, acreditem que são capazes e que a palavra chave é vontade. Se você tiver vontade, você faz e acontece. Uma se-gunda palavra chave que eu uso muito é ousadia: ousem bastante, não tenham medo, não vão cair no ridículo, mostrem para todos que vocês são pessoas iguais e até melhores que muitas. Como eu venci, muitos de vocês têm que vencer e vão vencer. Aproveito essa mensagem que não é só para pessoa com deficiência, é para todo mundo. Tem muita gente aí que tem os braços e pernas funcionando bem, os olhos e os ouvidos, e o cognitivo preservados, e que são pessoas acanhadas, envergonhadas, com outros tipos de problemas emocionais que as impedem de vencer na vida. Então, para mim, é vontade e ousadia !

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14 coluna especial por Romeu Kazumi Sassaki

Causa, impedimento, deficiência eincapacidade, segundo a inclusão

ESTRUTURA DA DEFICIÊNCIAA fim de alavancar a questão dos direitos das pessoas com

deficiência, diversos modelos de “estrutura da deficiência” têm sido utilizados por especialistas, pesquisadores, reabilitadores, educadores, gestores e também pelo próprio segmento po-pulacional em foco. Concebemos o conceito de “estrutura da deficiência” em virtude do fato de que a deficiência tem sido percebida ou entendida como uma estrutura constituída por fatores do corpo humano, tais como: lesão, perda ou ausên-cia de membros, anomalia, malformação, insuficiência, déficit, disfunção. Estes fatores, por existirem dentro do corpo, foram frequentemente confundidos como “doenças”, criando a falsa ideia de que deficiência e doença seriam a mesma coisa. Daí, a histórica atitude da sociedade no sentido de tratar pessoas com deficiência como se fossem pessoas doentes pelo simples fato de terem uma deficiência.

Para aumentar ainda mais esse equivocado tratamento, a palavra “deficiência” tem sido substituída pelos termos “incapa-cidade”, “limitação”, “invalidez”, “defeito”, “desvantagem”, entre outros, mas não necessariamente nesta ordem.

Independentemente desta confusão de palavras, que ora pa-reciam ser sinônimas, ora pareciam ter significados diferentes, os modelos de “estrutura da deficiência” que surgiram são muitos, se considerarmos a longa história das atitudes da sociedade em relação às pessoas com deficiência.

MODELOS DE ESTRUTURANa primeira etapa da história das pessoas com deficiência,

chamada EXCLUSÃO (da antiguidade até o século 19), predo-minou o modelo de REJEIÇÃO SOCIAL, deixando as pessoas abandonadas à própria sorte, longe da sociedade que se consi-derava “valorosa, normal, útil”. Em algumas culturas mais antigas, estas pessoas eram levadas à morte. Este modelo de estrutura da deficiência era todo constituído de noções negativas sobre o valor social das pessoas com deficiência; portanto, noções de inutilidade ou invalidez.

Na segunda etapa, a da SEGREGAÇÃO (a partir de 1910), a sociedade e o governo – por caridade ou conveniência – con-finavam as pessoas com deficiência em instituições terminais, prestando-lhes alguma atenção básica: abrigo, alimentação, vestuário, recreação (estrutura conhecida como MODELO AS-SISTENCIALISTA). Estas eram as poucas pessoas com deficiência que conseguiram procurar o governo ou a comunidade que, ao considerá-las merecedoras, lhes dava ajuda material suficiente para sobreviverem.

Na terceira etapa, conhecida como INTEGRAÇÃO, quando surgiram serviços públicos e particulares de reabilitação física e profissional (início dos anos 40) e sob a inspiração da Declara-ção Universal dos Direitos Humanos (1948), algumas pessoas

com deficiência tiveram a rara oportunidade de receber tais serviços. Dentre as pessoas reabilitadas, algumas conseguiram ser matriculadas em escolas comuns ou admitidas no mercado aberto de trabalho, desde que demonstrassem capacidade para estudar ou exercer alguma atividade laboral (condição conhecida como MODELO MÉDICO DA DEFICIÊNCIA). As demais pessoas com deficiência não tiveram acesso a tais serviços. Surgiram, também, as primeiras associações de pessoas com deficiência ou de familiares destas pessoas, ainda com uma abordagem assistencialista e voltadas à sobrevivência dos próprios membros e não de pessoas ou familiares que não pertencessem a tais associações.

Finalmente, a quarta etapa, a INCLUSÃO (a partir da dé-cada de 90 do século 20) teve suas sementes plantadas pe-los movimentos de luta das próprias pessoas com deficiência (surgidos no Brasil a partir de 1979). A luta foi fortalecida pelo lema “Participação Plena e Igualdade”, do Ano Internacional das Pessoas Deficientes (1981). Uma dessas sementes, a de maior impacto, foi a que acrescentou à bandeira da reabilitação – que defendia a preparação de pessoas com deficiência como condição para entrarem na sociedade (INTEGRAÇÃO) - o con-ceito de equiparação de oportunidades – que defende a necessidade de adaptação e adequação dos sistemas sociais comuns, mediante eliminação de barreiras do ambiente, a fim de que as pessoas com deficiência possam participar em todos os aspectos da sociedade. Este conceito veio a ser chamado MODELO SOCIAL DE DEFICIÊNCIA.

MODELOS INCLUSIVOS DE ESTRUTURADiferentemente dos modelos anteriores (Rejeição Social,

Assistencialista e Médico), que – como ponto em comum – acre-ditavam estar nas pessoas com deficiência o “problema” que as tornava incapazes de fazer parte da sociedade, o Modelo Social da Deficiência entende que o tal “problema” está na sociedade em forma de barreiras atitudinais e barreiras ambientais.

Baseados no conceito de Modelo Social da Deficiência, surgiram diversos modelos inclusivos de estrutura, dos quais aponto os principais:

Primeiro modelo inclusivo. Classificação Internacional de Impedimentos, Defici-

ências e Incapacidades (ICIDH, na sigla em inglês), adotada pela Organização Mundial da Saúde em 1980 e que vigorou até 2001. Este documento já apontava a seguinte distinção entre os conceitos:

“Impedimento (impairment): Qualquer perda ou anormali-dade da função ou estrutura psicológica, fisiológica ou anatômica. Deficiência (disability): Qualquer restrição ou falta (resultante de um impedimento) da habilidade para desempenhar uma atividade de uma maneira, ou com variância, considerada normal para um ser humano. Incapacidade (handicap): Uma desvanta-

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gem, resultante de um impedimento ou de uma deficiência, que limita ou impede a realização de um papel considerado normal (dependendo de idade, sexo e fatores sociais e culturais) para um dado indivíduo”. (UNITED NATIONS, 1983, §6)

Percebe-se na definição de “incapacidade” (handicap) a pri-meira menção à sociedade quando se refere muito superficial-mente ao conceito de “papel considerado normal, dependendo de idade, sexo e fatores sociais e culturais”.

De 1980 a 1991, surgiram muitas sugestões e críticas às definições, o que levou a Organização Mundial da Saúde a rea-lizar, a partir de 1992, reuniões anuais para efetuar uma revisão da Classificação de 1980, com a participação de líderes dos movimentos de pessoas com deficiência.

Na reunião de 1994, a seguinte definição foi proposta: “Incapacidade é o resultado de uma interação entre uma

pessoa com impedimento ou deficiência e o ambiente social, cultural ou físico.” (KEER & PLACEK, 1995, p.17) (grifo meu)

Este conceito (incapacidade), publicado em 1995, foi incorpo-rado à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2006. Ver adiante o terceiro modelo inclusivo. Esta seção sobre o primeiro modelo inclusivo foi extraída de Sassaki (2010).

Segundo modelo inclusivo. Classificação Internacional de Funcionalidade, Defi-

ciência e Saúde (CIF). A nova classificação internacional das deficiências deveria estar concluída em 1998 para ser submetida

à aprovação da Assembleia Geral da ONU em 1999. (KEER & PLACEK, 1995, p.17; HURST, 1996).

Todavia, merecendo mais estudos e aperfeiçoamentos, ela só foi aprovada em 2001, com o nome “Classificação Interna-cional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde” (CIF), através de resolução aprovada por unanimidade na 54ª Assembléia pela Assembleia da Organização Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001). Infelizmente, no Brasil, a palavra “disability” foi traduzida como “incapacidade” em todo o texto e também no título (“Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde”), distorcendo por completo o sentido dos conceitos, frases e explicações do texto original em inglês.

A importância da CIF reside no fato de que ela permite que os interessados na questão da deficiência passem da “simples declaração política sobre direitos” para as “ações de implemen-tação desses direitos traduzidos em leis e políticas públicas”. Na CIF, cada deficiência é apresentada em suas três dimensões ou facetas: impedimento (problema de funcionalidade ou es-trutura no nível do corpo), limitações de atividade (problemas de capacidade no nível pessoal para executar ações e tarefas, simples ou complexas) e restrições de participação (problemas que uma pessoa enfrenta em seu envolvimento com situações de vida, causados pelo contexto ambiental e social onde essa pessoa vive).

coluna especial 15

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Terceiro modelo inclusivo. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defici-

ência, adotada em 2006 pela ONU, foi no Brasil ratificada em 2008 com valor de emenda constitucional e promulgada em 2009. Diz este documento no Artigo 1:

“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.” (grifos meus)

MODELO DE ESTRUTURA CRONOLÓGICAPara mim, os modelos inclusivos, acima descritos, foram fun-

damentais para a sistematização da estrutura da deficiência em termos cronológicos, identificando e localizando os seus fatores na seguinte sequência: CAUSA, IMPEDIMENTO, DEFICIÊNCIA e INCAPACIDADE. Cada fator ocupa um momento na sequência cronológica. Assim temos:

1º momento: Causa (ou origem): doenças e outras condições de saúde, acidentes, guerras, violências etc.

2º momento: Impedimento: de natureza física, psíquica, in-telectual, visual, auditiva e múltipla.

3º momento: Deficiência (sequela do impedimento): defi-ciência física, psicossocial, intelectual, visual, auditiva, múltipla.

4º momento: Incapacidade (ação do ambiente): barreiras naturais e/ou construídas e barreiras atitudinais que, em interação com uma pessoa com deficiência, impõem uma incapacidade (limitação, dificuldade) sobre a pessoa.

Explicando o processo da sequência em outras palavras, temos:

1º momento: O ambiente dá origem à CAUSA.2º momento: A causa produz IMPEDIMENTO na pessoa.3º momento: O impedimento se transforma em DEFICIÊNCIA.4º momento: A interação “barreiras ambientais/pessoa com

deficiência” resulta em INCAPACIDADE da pessoa com defici-ência.

A seguir, ofereço exemplos de estrutura cronológica para cada categoria de deficiência:

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL1º. Causa: uma condição de saúde enquanto feto. 2º. Impedimento: uma lesão de natureza intelectual. 3º. Deficiência: deficiência intelectual. 4º. Incapacidade: barreiras atitudinais que, em interação com

uma pessoa com deficiência intelectual, impõem uma incapa-cidade, dificuldade ou limitação para ela estudar em escolas comuns.

DEFICIÊNCIA FÍSICA1º. Causa: um acidente rodoviário. 2º. Impedimento: uma lesão de natureza física. 3º. Deficiência: deficiência física, do tipo tetraplegia. 4º. Incapacidade: barreiras naturais e/ou construídas e/ou

atitudinais que, em interação com uma pessoa com deficiência

física, lhe impõem a incapacidade de utilizar escadarias ou sa-nitários convencionais.

DEFICIÊNCIA VISUAL1º. Causa: um ato de violência urbana (facada nos olhos).2º. Impedimento: uma lesão de natureza visual. 3º. Deficiência: deficiência visual, do tipo cegueira. 4º. Incapacidade: barreiras naturais e/ou construídas e/ou

atitudinais que, em interação com uma pessoa cega, lhe impõem a incapacidade ou dificuldade de ler textos impressos em tinta ou de ver imagens (fotos, filmes, paisagens etc.).

DEFICIÊNCIA AUDITIVA1º. Causa: uma doença que atingiu os ouvidos.2º. Impedimento: uma lesão de natureza auditiva. 3º. Deficiência: deficiência auditiva, do tipo surdez. 4º. Incapacidade: barreiras naturais e/ou construídas e/ou

atitudinais que, em interação com uma pessoa surda, lhe im-põem a incapacidade de ouvir barulhos, conversas, palestras, música etc.

DEFICIÊNCIA PSICOSSOCIAL1º. Causa: um trauma psiquiátrico em situação de guerra ou

conflito urbano. 2º. Impedimento: uma lesão de natureza psíquica, do tipo

transtorno bipolar. 3º. Deficiência: deficiência psicossocial. 4º. Incapacidade: barreiras atitudinais que, em interação com

uma pessoa com deficiência psicossocial, lhe impõem a inca-pacidade ou dificuldade de conviver em escolas comuns ou ambientes convencionais de trabalho.

REFERÊNCIASHURST, Rachel. Defining disability: revision of the ICIDH. DAA

Newsletter, Londres, n. 38, maio 1996.KEER, D.W., PLACEK, P.J. The international classification of

impairments, disabilities and handicaps: progress report. Inter-national Rehabilitation Review, Nova York, v. 46, n. 1-2, jan./jun. 1995.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Inter-nacional de Impedimentos, Deficiências e Incapacidades. Genebra: OMS, 1980.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma socie-dade para todos. 8.ed. Rio de Janeiro: WVA, 2010.

UNITED NATIONS. World Programme of Action concerning Disabled Persons. Nova York: United Nations, 1983.

WORLD HEALTH ORGANISATION. International Classification of Functioning, Disability and Health. Genebra: WHO, 2001.

Romeu Kazumi Sassaki é consultor e autor de livros de inclusão socialE-mail: [email protected]

coluna especial

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notas

COPA FOR ALL EVENTO DISCUTIU SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E ACESSIBILIDADE NA COPA DO MUNDO 2014 NO BRASIL...

O primeiro encontro sobre questões de acessibilidade e infraestrutura na Copa de 2014, com foco nas pessoas com deficiência, ocorreu de 11 a 13 de junho, na capital paulista. Durante três dias, autoridades, técnicos e pessoas interessadas estiveram reunidos no evento promovido pelo Instituto de Tecnologia de Software (ITS) e a Mandarim Comunicação, com apoio da Vivo e da ABRIDEF - Associação Brasileira das

Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência.Entre os palestrantes, participaram o arquiteto do Estádio Beira-Rio (Porto Alegre/RS),

Fernando Balvedi; a presidente do Vivendo sem Barreiras (VSB) Iremar Cappellinne Masano; o diretor da Turismo Adaptado, Ricardo Shimosakai; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Bruno Hideo; a secretária executiva da Comissão Permanente de Acessibilidade da Prefeitura de São Paulo, Silvana Cambiaghi e o arquiteto do Estádio Nacional Mané Garricha, Eduardo Castro Melo. “O Brasil ainda precisa de muita evolução nos preparativos da Copa para respeitar as pessoas com deficiência”, avalia Jaime Luis Stabel, do ITS. “A legislação obriga 2% mais 2%, e as obras estão sendo feitas muito abaixo disso, baseado numa norma da ABNT. Lei tem hierarquia superior à norma da ABNT e essa é uma polêmica que ainda via gerar muita discussão”, garante Stabel. “Na questão de inovações, foi lançado um desafio ao mercado nacional a usar sua criatividade para ampliar soluções que facilitem a vida de pessoas com deficiência”, conta o representante do ITS.

Para o consultor de acessibilidade e especialista em Turismo Adaptado, Ricardo Shimosakai, chegar ao ponto ideal em 2014 é difícil. “É uma hora de se aproveitar isso. Até porque são obrigações que a Fifa coloca. Temos que ver a Copa, Olimpíadas e Paraolimpíadas como um evento só, chamado Brasil”, diz Ricardo. “Muito se fala em relação à estrutura física e pouco se fala em atitudes”, explica. Os primeiros frutos do encontro já começaram a aparecer: “Alguns dias após o Copa for All, fomos convidados à Comissão de Turismo e Desporto da Câmara Federal para apresentar um resumo do evento e as necessidades em acessibilidade. Nesta reunião, o Ministério Público foi chamado a preparar visita a todos os estádios para verificar se a lei está sendo respeitada ou não”, conclui Stabel.

BRASIL TERá REDE DE NúCLEOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA

A tecnologia assistiva deve ganhar um novo impulso com o trabalho de 25 núcleos instalados em instituições de ensino de diferentes estados. A coordenação da rede será do Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), que funciona no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), em Campinas/SP - sobre o qual a Revista Reação fez matéria na edição de março/abril. A pré-seleção foi divulgada em 03 de julho pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Essas unidades serão responsáveis pela elaboração de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação voltados à melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A rede estava prevista no Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite - lançado pela presidenta Dilma Rousseff em novembro de 2011. Agora em 2012, o orçamento liberado para a implantação dos núcleos é de R$ 3 milhões. Cada projeto poderá receber entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. No âmbito do Viver Sem Limite, o investimento do MCTI neste ano chega a R$ 20 milhões em créditos não reembolsáveis, além de R$ 90 milhões de uma linha de crédito reembolsável da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

O objetivo da rede é disseminar as pesquisas na área para todo o território nacional já que, muitas vezes, a produção é quase artesanal, com os equipamentos devendo ser adaptados a cada usuário, o que dificulta a produção em escala. Até a formação da rede, já havia núcleos em funcionamento nas universidades de Brasília (UnB), Federal de Minas Gerais (UFMG), Federal de São João Del Rey (UFSJ) e Estadual do Pará (UEPA). No estado de São Paulo, por exemplo, os novos núcleos ficarão na Universidade Federal de São Paulo e na Universidade Federal do ABC. Ao todo serão instituições em 18 estados e no Distrito Federal. A lista completa pode ser consultada no site do MCTI (http://www.mcti.gov.br).

Jaime Stabel, humorista Geraldo Magela e Mara Di Maio

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Instituto Novo Ser chega aos10 anos na luta pela inclusão!

associações

No próximo mês de setembro, a instituição do Rio de Ja-neiro (www.novoser.org.br) chegará a uma década de atividades, desde que Nena

Gonzales entrou na luta pela inclusão da pessoa com deficiência.

O filho dela, Ricardo, sofreu um acidente automobilístico que provocou uma lesão medular quando ele tinha 15 anos. Foi a busca por ajuda que a levou a perceber o quanto o setor era desassistido, tanto em literatura a respeito, como na escassez de profissionais da área e nas próprias institui-ções voltadas a pessoas com deficiências. “Queria que Ricardo retornasse ao convívio social o mais rápido possível para que ele não se sentisse excluído e, principalmente, desse continuidade aos estudos”, lembra Nena. A fisioterapeuta do menino, Sheyla Mattos, foi a primeira parceira para a fun-dação do Instituto Novo Ser, que hoje é uma Organização da Sociedade Civil de In-teresse Público (OCISP). “Ela me orientava

sobre as técnicas e adaptações neces-sárias para que ele se sentisse bem para alcançar os objetivos. E a cada conquista, pensávamos como poderíamos repas-sar a outras pessoas com deficiência e familiares na mes-ma situação, porque sabemos que todos precisam de orienta-

ções e carinho. Além disso, conscientizando a população e o poder público, e empre-sários a trabalharem de forma a facilitar a vida de quem possui alguma deficiência, promovendo uma vida mais produtiva, independente e participativa, capacitando sua inserção no mercado de trabalho”, afir-ma Nena, que hoje é diretora executiva da entidade.

Talvez o projeto de maior visibilidade do Instituto seja o “Praia para Todos - Lazer e Desportos Adaptados nas Praias”, instituído em 2008, que tornou-se fixo nos verões no Posto 3 da Barra da Tijuca, no Rio de Janei-ro/RJ, e oferece cadeiras anfíbias, banheiros acessíveis, rampas, piso tátil e esteiras entre outros equipamentos, além de várias possi-bilidades de esportes, como vôlei sentado, surf e futebol, entre outros, sempre com orientação de uma equipe especializada.

Também foi iniciativa do Novo Ser levar a passeata do “Movimento Superação” de São Paulo para o Rio, com o intuito de reivindicar

acessibilidade e respeito à diversidade. A ideia foi de Marcelo Yuka, ex-baterista do gru-po “O Rappa”, que ficou paraplégico quando foi baleado em um assalto. Agora em 2012 será a 5ª edição do evento. “Temos quebra-do paradigmas com nossas ações e projetos e, com isso, transformado a ótica que se tinha da deficiência, mostrando novas pos-sibilidades e, principalmente, promovendo a igualdade de direitos e a valorização da cidadania” garante a diretora.

O Instituto também é um dos organiza-dores do Torneio Anual de Pesca Adaptada do Paredão da URCA, faz consultoria em recursos humanos sobre empregabilidade, ministra palestras e fornece asseessoria ju-rídica, entre outras atividades.

O Novo Ser também tem um time de “power socccer” (futebol em cadeira de rodas), o primeiro da América do Sul, para usuários de cadeiras de rodas motorizadas. Como fonte de renda para as atividades, conta com uma mantenedora, a Radix - Engenharia e Software e a participação de parceiros e colaboradores. “Esperamos estar contribuindo para a promoção da acessibili-dade e inclusão social, trazendo um cenário de mudanças positivas para aqueles que precisam superar vários obstáculos sociais para terem direito a uma vida plena e com qualidade de vida”, explica Nena. “As barrei-ras para a inclusão das pessoas com defici-ência ainda estão muito presentes, essen-cialmente, em nossas mentes. Desmistificar, informar, apoiar ações e projetos socioinclu-sivos, ampliar oportunidades, aprender a conviver com as diferenças são os caminhos para reduzir essas questões”, conclui.

Nena Gonzales e seu filho Ricardo

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associações

Futebol em cadeiras de rodas começa a ganhar corpo no BrasilHomens e mulheres de todas as idades que usam cadeiras

motorizadas podem praticar o “Power Soccer”, ou futebol em cadeiras de rodas, nascido na década de 70 na França e no Canadá. Aqui no Brasil, já existe até a Associação Brasileira de Futebol em Cadeira de Rodas (ABFC - http://www.abfc.org.br/). A modalidade paradesportiva é praticada, oficialmente, em 13 países da Europa, América do Norte, Ásia e Oceania. Os principais países que disputam a modalidade são: EUA, França, Inglaterra e Bélgica. Na América Latina, o Brasil é pioneiro e o primeiro time foi formado em 2011, no Rio de Janeiro/RJ, dentro do Instituto Novo Ser. O segundo é o Quatro por Quatro, em Curitiba/PR, mas há experiências em Brasília/DF e outras localidades.

A estrutura é parecida com o futebol de campo. São quatro jogadores de cada lado. A bola tem 32,5 cm e é conduzida pelo footguard – uma grade afixada na parte da frente da cadeira de rodas motorizada, que também protege o jogador. A quadra tem a medida de uma de basquete e o gol tem 2,30 m. O jogo é praticado em dois tempos de 20 minutos. “O objetivo é criar campeonatos para difundir a prática em todas as regiões do país”, explica o presidente da associação e atleta da modalidade, Ricardo Gonzalez. A esperança da ABFC é que o esporte seja considerado paralímpico e que o Brasil possa competir já em 2016, no Rio de Janeiro. Para preparar o terreno, está sendo organizado, juntamente com a Federação Internacional, nos dias

17 e 18 de novembro de 2012, a primeira Clínica na América do Sul sobre a modalidade. Será um evento onde ocorrerão cursos de árbitro, de classificador e de técnicos da modalidade, além de uma conferência de apresentação do esporte para representan-tes de países convidados, como Argentina, Colômbia e Venezuela.

Para Cláudia Sanzone, de 42 anos, o power soccer é ainda novidade. Ela nasceu com Amiotrofia Muscular Espinhal (AME) e nunca pensou em praticar algum esporte, mas garante que jogar futebol a faz se sentir muito bem: “Descarrego uma adrenalina desde o aquecimento”, explica a atleta do Clube Novo Ser. Já para Ramon Pereira de Freitas, de 21 anos, colega de clube de Cláudia, o futebol sempre foi seu objetivo. “Quando conheci o power soccer foi como se Deus tivesse mandado um presente para mim. Pretendo ser jogador profissional. Hoje sou uma pessoa mais feliz”, garante.

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MARCHA PELA PAz 2012 A Marcha para Jesus (Marcha pela

Paz), em sua 20ª edição, aconteceu no dia 14 de julho, com início às 10h na avenida Tiradentes - zona norte da capital paulista - com trios elétricos, e foi até a praça Heróis da FEB, onde foi montado um palco para a apresentação de bandas de música gospel que durou por 12 horas. Este evento contou com a participação de muitas pessoas com deficiência, havendo intérpretes de Libras em todo o percurso e durante os shows no palco. Segundo os organizadores, cerca de 5 milhões de pessoas passaram por todo o evento. Organizada desde 1993, a Marcha passou a fazer parte do calendário oficial do Brasil, após lei federal promulgada em 2009. A Revista Reação esteve presente, acompanhando todo o evento.

movimento

A discussão de temas relevantes para as pessoas com deficiência está em curso em todo o país desde o final do ano passado, quando começaram as etapas municipais que culminarão na III Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a ser realizada em Brasília/DF, entre os dias 3 e 6 de dezembro deste ano. O tema geral é: “Um olhar através da Convenção sobre os Direitos da

Pessoa com Deficiência: novas perspectivas e desafios”.Só no mês de julho, três estados promoveram seus encontros: São Paulo, Mato Grosso e

Rio Grande do Sul. De acordo com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Maria do Rosário, o objetivo da conferência é promover uma grande mobilização em todo o país, envolvendo sociedade e os gestores estaduais e municipais em prol da construção de políticas públicas que assegurem respeito à diversidade humana.

Os quatro eixos temáticos em discussão são: educação, esporte, trabalho e reabilitação profissional; acessibilidade, comunicação, transporte e moradia; saúde, prevenção, reabilitação, órteses e próteses e segurança, acesso à justiça, padrão de vida e proteção social adequados. Cada conferência votou propostas apresentadas e também tirou delegados para o encontro em Brasília/DF.

Em São Paulo, o evento foi realizado nos dias 24 e 25 de julho. “Desejamos que esta conferência seja de debate e soluções para que possamos encurtar caminhos e melhorar a vida das pessoas com deficiência”, reforçou a secretaria estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Batistella, durante a abertura do evento. Para Wanderley Marques de Assis, presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência, a Conferência foi benéfica não apenas para São Paulo, mas também para outras regiões. “A gente vai com o espírito de poder contribuir com os outros estados, de poder ajudar o Brasil. É isso que queremos deixar como marca”, ele afirma.

Estiveram presentes também o secretário Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Antonino Grasso; o secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antonio José Ferreira; o presidente do Conselho Estadual para Assuntos das Pessoas com Deficiência, Wanderley Marques de Assis e o representante do Conselho Na-cional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), Wilson Roberto, entre outros.

Mato Grosso e Rio Grande do SulEm Mato Grosso, a Conferência Estadual foi realizada nos dias 25 e 26 de julho. Em sua fala,

o secretário adjunto de Justiça do Estado, Genilton Nogueira, afirmou que o evento fortalece a parceria entre o estado e o Governo Federal. Ele lembrou que o Estado aderiu ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver Sem Limite, em 18 de julho, quando da visita da Caravana de Direitos Humanos, coordenada pela SDH/PR. Participaram o secretário Antonio José Ferreira e a representante do CONADE, Ester Pacheco; a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONEDE/MT), Julia Sousa; a secretaria executiva dos conselhos, Ceci Campos; a coordenadora estadual de Atenção a Saúde da Pessoa com Defici-ência, Lúcia Provizano, entre outros.

Os gaúchos se reuniram entre 27 e 29 de julho. O presidente CONADE, Moisés Bauer, destacou o objetivo da conferência, que é pensar nas pessoas com deficiência que não estão participando diretamente do ciclo de atividades. “Ao todo somos 45 milhões de brasileiros com deficiência. Destes, mais de 2,5 milhões estão no Rio Grande do Sul. Essa parcela merece atenção com seriedade. Neste final de semana teremos a missão de contribuir com as políticas públicas para este segmento”, afirmou Bauer. Estiveram presentes, além de Maria do Rosário, a diretora de Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos (SJDH), Tâmara Biolo Soares; o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COEPEDE), Roberto Oliveira; a presidenta da Fundação de Articulação e Desenvol-vimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (FADERS), Marli Conzatti; o vice presidente do COEPEDE e chefe de gabinete da FADERS, Jorge Amaro Borges e o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre (COMDEPA), Rotechild Prestes.

Conferências estaduais preparam encontro nacional

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22 trabalho

Os 21 anos da chamada Lei de Cotas (artigo 93 da Lei 8.213, de 1991) foram comemorados em 24 de julho em todo o Brasil, mas na avaliação do secretário Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Antônio José Ferreira,

ainda há muito preconceito sobre a capacidade produtiva de PcD.Criada para garantir a inclusão no mercado de trabalho, a Lei

de Cotas é hoje o principal instrumento para garantir a igualda-de. Estabelece um percentual de contratações entre 2% a 5%, dependendo do total de empregados em empresas com 100 ou mais funcionários. Segundo o Ministério do Trabalho e Em-prego, o país tem 306 mil pessoas com deficiência formalmente empregadas – apenas 0,7 % do total de empregos formais do país. Dessas, 223 mil foram contratadas pela Lei de Cotas. Se todas as empresas do país cumprissem a legislação, mais de 900 mil pessoas com deficiência teriam que estar empregadas.

ComemoraçãoA cidade de São Paulo comemorou a data com um ato público

realizado no Pátio do Colégio, ponto turístico no centro da capital, que reuniu organizações da sociedade civil, sindicatos de trabalha-dores, centrais sindicais e o poder público. Segundo a secretária

Lei de Cotas chega à maioridade, mas desafios continuam

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O SINDUSCON-SP - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, o SINTRACON-SP - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Município de São Paulo e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego assinaram um acordo, em junho, para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho da construção.

As construtoras que aderirem ao acordo terão um prazo de até 36 meses para atingir as suas cotas legais de emprego, que serão calculadas pelo Cadastro Geral de Empregados

de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, atualmente, São Paulo ocupa 47,6 % das suas vagas destinadas a pessoas com deficiência pela Lei de Cotas. “É um número expressivo e tem bastante significado, mas ainda é pouco”, comentou. Para ela, o 24 de julho “é um dia importante para comemorarmos e, ao mesmo tempo, avançarmos na luta dos direitos da pessoa com deficiência”. Ressaltou, ainda, a quantidade de trabalhadores com deficiência no Estado: “Quero fazer uma celebração especial a cada um dos 126 mil trabalhadores com

Acordo garante emprego na construção civil em SPe Desempregados (CAGED) de cada empresa, na data da fiscalização. As três partes trabalham com a expectativa de cumprir 60% da meta nos primeiros 12 meses. As empresas têm até 14 de junho de 2015 para atingir 100%.

Há ainda o compromisso com a criação de cursos para capacitação dessa mão de obra, ampla divulgação das vagas específicas para esse público, processo de seleção inclusivo, condições de acessibilidade nas instalações das empresas e organização de seminários sobre segurança e saúde do trabalhador com deficiência.

O setor promoveu um estudo de viabilidade para a inser-ção segura de pessoas com deficiência, divulgado no final de 2011. Organizado pelo SINDUSCON-SP e realizado pelo SECONCI-SP e pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Armênio Crestana, o trabalho sugere quais os tipos de deficiência que não impedem o trabalhador de atuar nos canteiros de obra.

As disposições do acordo deverão valer para as empresas da construção dos municípios de São Paulo, Itapecerica da Serra, Taboão da Serra, Embu, Embu Guaçu, Franco da Rocha, Mairiporã, Caieiras, Juquitiba, Francisco Morato e São Lourenço da Serra.

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24 educação

Aprovado na Câmara Federal em junho, o Plano Nacional de Educação seguiu para o Senado e, se não houver alterações no texto, seguirá

para sanção presidencial. Caso sejam feitas mudanças, retornará à Câmara.

Encaminhado em 2010 ao Congresso Nacional, o PL8035/10 estabelecia 20 metas para serem cumpridas na área de educação nos próximos 10 anos. A polê-mica em relação às pessoas com defici-ência foi originada pela meta de número quatro que pretendia “universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino”.

Muitas foram as vozes que protestaram, considerando que há casos em que a rede não consegue dar conta da tarefa e que é preciso tratamento diferenciado. Um dos temores era de que o Instituto Benjamin Constant (IBC) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro, fechassem as portas.

O relator, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), acolheu as reivindicações e o texto foi aprovado da seguinte maneira: “Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos, o atendimento escolar

aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-dades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino, garantindo o atendimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou comunitários, nas formas complemen-tar e suplementar, em escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.”

O relatório de Vanhoni também garantiu a oferta de educação bilíngue, em Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos alu-nos surdos e com deficiências auditivas de até 17 anos, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. “No começo o governo só queria falar de inclusão, mas souberam negociar e atender esses mo-vimentos que se organizaram e foram os mais atuantes na discussão do PNE”, ava-liou o presidente da comissão, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).

O Plano também prevê como meta para a educação o investimento público de 10% do PIB (hoje o índice é de 5,1%). Estão ainda previstas a ampliação de vagas em creches, erradicação do analfabetismo e a oferta de ensino em tempo integral em 50% das escolas públicas, entre outras metas.

Plano Nacional tratade educação especializada

trabalho

deficiência do Estado de São Paulo. É para eles que se destina a nossa celebração”, afirma Linamara.

O Governador Geraldo Alckmin des-tacou que esse índice de 47,6% deve ser ampliado. “A primeira meta é passar dos 50 %, se a gente fizer um esforço, logo será alcançada”, destacou Alckmin. O secretário do Emprego e Relações do Trabalho, Carlos Ortiz, ressaltou a questão da falta de qualificação entre as pesso-as com deficiência, artifício utilizado por algumas empresas para não contratá-las: “Sabemos que a qualificação não é só uma questão das pessoas com deficiência. Isso existe em toda a sociedade, não deve ser usado como desculpa pelos empresários”, comenta Ortiz.

A comemoração não teve só discursos. Durante as quatro horas do ato público, os participantes puderam visitar várias tendas montadas por instituições envolvidas com a questão da empregabilidade, como As-sociação Pais Amigos Excepcionais (APAE), Espaço da Cidadania, Sindicato dos Co-merciários de São Paulo, entre outras. Não faltaram apresentações artísticas, como: o Coral da AVAPE e o Coral Aprendiz Espro, além de um cortejo com bonecos de gran-des dimensões, promovido pela APAE.

Uma “Carta Aberta à População” foi dis-tribuída ao público com os dados estatís-ticos apresentados. O documento afirma ainda que “a inclusão da pessoa com defi-ciência no mundo do trabalho é condição fundamental para sua autonomia pessoal, independência econômica e plena parti-cipação social. O direito ao trabalho é um direito humano universal, cabendo a toda a sociedade garantir condições de trabalho digno e decente para todos, incluindo as pessoas com deficiência”.

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Educação inclusiva,responsabilidade e compromisso.

direito

A Educação Inclusiva é o resultado de um pensar contemporâneo, onde o modelo de segregação escolar cede lugar à visão inclusiva da educação. Esta nova forma de ver o processo educativo exige que abandonemos os nossos estereótipos e pre-

conceitos, para uma real identificação do verdadeiro propósito da inclusão. O processo seguido pela nova forma de educação aconselha escutar pais, educadores e alunos, de maneira que seu sentido seja compreendido para além da imposição da pre-sença física da pessoa com deficiência no ambiente da escola regular. Para que as instituições familiares, escolares e sociais se constituam como espaços de acolhimento das diferenças, a meta não deve ser simplesmente a integração no meio, mas um processo ativo de suporte ao diferente para que este encontre seu lugar no ambiente social, sendo produtivo da maneira que lhe for possível, ou ainda, possibilitando-lhe a descoberta de suas potencialidades por variadas vias, através de outras formas do conhecer.

Os professores e funcionários devem preparar-se para lidar com a diversidade humana, pois trabalhar com o educando com necessidades educativas especiais exige disponibilidade interna e externa de toda a equipe administrativa escolar, envolvendo educador, familiares e, claro, o próprio aluno. A escola inclusiva deve auxiliar, na medida do possível, na construção do sujeito cidadão, para viver e incorporar uma sociedade para todos. A possibilidade de existência de um espaço intermediário entre a escola regular e a escola especial, ou seja, a sala de recursos multifuncionais, ambiente com fim de desenvolver atividades do atendimento educacional especializado, com todos os recursos institucionais, pedagógicos e sociais, é uma alternativa que se delineia para a solução do problema da falta de acessibilidade aos meios instrumentais e pedagógicos. No entanto a temática da inclusão educacional vai além da problemática puramente da inclusão escolar, pois incluir na educação é também criar, no sentido de construir o indivíduo, considerando a interseção de seus afetos, áreas de interesse, valores, conceitos, saberes e potenciais.

Necessitamos rever nosso mau hábito de desejar que o outro seja conforme a imagem que dele criamos. Devemos respeitá-lo numa perspectiva não narcísica, ou seja, aquela que respeita o outro, o não eu, o diferente de mim, aquela que não catequiza o outro, que defende a liberdade de idéias e de crenças. Precisamos atentar para o fato de que o aluno, com necessidades educativas especiais, estar incluso no ambiente escolar regular não o transforma em um “super ser”, no sentido de que suas peculiaridades e incapacidades estejam superadas. De fato ele continuará com suas limitações que deverão ser respeitadas e atendidas. Neste momento entra a capacidade afetiva e pedagógica do educador de perceber as singularidades das necessidades envolvidas.

Na visão de Freud (1913), a Pedagogia, a Política e a Psi-canálise seriam profissões do impossível, porque se deparam

por Geraldo Nogueira

com as limitações e com o desejo do outro. No entanto, dentro dessas ciências, estes fatores é que impedem a massificação e o autoritarismo, que imporiam o conhecimento pela força, criando uma espécie de ilusão de saberes. Para que tenhamos uma educação inclusiva eficiente, não basta apenas trabalharmos com os conteúdos cognitivos e informativos no processo de formação dos educadores para o paradigma da Inclusão, pois se eles não tiverem o desejo do saber, por mais conteúdos que recebam, permanecerão numa posição estática e não incluirão seus alunos com necessidades educativas especiais, na prática de seu conteúdo programático.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) defende um sistema educacional inclusivo em todos os níveis (art. 24, item 1), proibindo a rejeição do aluno pelas escolas, por alegações de deficiência (art.24. item 2, alínea “a”) e define educação inclusiva como o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino para adequar a realidade das escolas à realidade do aluno, independentemente de sua representatividade perante a toda diversidade humana.

As escolas passam a ser inclusivas a partir do momento em que iniciam uma aprendizagem com o aluno, no que deve ser eliminado, modificado, substituído ou acrescido no sistema esco-lar para que este se torne acessível (art.24, itens 1, 2, alíneas “b” e “c” e item 5). Este formato é que permite a cada aluno, uma aprendizagem no ritmo do seu estilo próprio, usando de todas as suas inteligências e potencialidades (art. 24, item 1, alínea “b”). A escola inclusiva percebe o aluno como um ser único, ajudando-o a aprender e a reconhecer-se como uma pessoa por inteira (art.24, item 1, alínea “a”). Para a Convenção, um dos objetivos da educação é a participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre (art. 24, item 1, alínea “c” e item 3), o que exige a construção de escolas capazes de garantir o desenvolvimento integral de todos os alunos, sem exceção.

Para que tenhamos um processo efetivo de inclusão na Educa-ção é fundamental o engajamento de todos os atores envolvidos, professores, familiares e o próprio educando. As políticas públicas poderão contribuir para criar espaços acessíveis, assegurar direitos e deveres, promover projetos e programas mais eficientes, mas não são garantia de uma verdadeira inclusão entre pessoas, se de fato estas não se envolverem, assumindo responsabilidades e compromissos.

Geraldo Nogueira é Presidente Licenciado

da Comissão de Defesa dos Direitos da Pes-

soa com Deficiência (OAB/RJ).

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28 pesquisa

O número total de pessoas com deficiência já tinha sido divulgado anteriormente - 45,6 milhões - o que corresponde a 24% da população, mas em 29 de junho o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou os resultados apro-

fundados dos questionários aplicados na amostra de 6,2 milhões de domicílios visitados no censo de 2010.

De acordo com os pesquisadores, é o retrato mais fiel já realizado no país, adotando o mesmo modelo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mede o grau de severidade das incapacidades, através da percepção das próprias pessoas. Foram apurados dados referentes à distribuição espacial, idade, sexo, cor ou raça, alfabetização, frequência escolar, nível de instrução e características de trabalho.

No Brasil, de aproximadamente 45,6 milhões de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas, 38,5 milhões vi-viam em áreas urbanas e 7,1 milhões em áreas rurais. Na análise por sexo, observou-se que 26,5% da população feminina (25,8 milhões) possuía pelo menos uma deficiência, contra 21,2% da população masculina (19,8 milhões).

O Censo 2010 também investigou a prevalência de pelo uma das deficiências por faixa de idade e constatou que era de 7,5% nas crianças de 0 a 14 anos; 24,9% na população de 15 a 64 anos e 67,7% na população com 65 anos ou mais de idade.

“A população envelheceu. As pessoas mais idosas passam a relatar mais dificuldades. Hoje, também se exige mais da visão, por exemplo. Celulares pequenos, com teclas menores, fazem com que a pessoa se declare com alguma dificuldade para en-xergar”, explica Andréa Borges, pesquisadora do IBGE.

A deficiência visual, que atingia 35,8 milhões de pessoas em 2010, era a que mais acometia tanto homens (16 %) quanto mulheres (21,4%), seguida da deficiência motora (13,3 milhões, 5,3% para homens e 8,5% para mulheres), auditiva (9,7 milhões, 5,3% para homens e 4,9% para mulheres) e mental ou intelectual (2,6 milhões, 1,5% para homens e 1,2% para mulheres).

Em relação à cor ou raça, as populações que se declararam negra ou amarela foram as que apresentaram maior percentual de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas, 27,1% para ambas, e o menor percentual foi observado na população indígena, 20,1%.

EscolaridadePara a população de 15 anos ou mais de idade com pelo

menos uma das deficiências investigadas, a taxa de alfabetiza-ção foi de 81,7%. A região Sudeste apresentou a maior taxa de alfabetização dessa população (88,2%) e a região Nordeste, a menor (69,7%).

Já em relação à taxa de escolarização, 95,2% das crianças de 6 a 14 anos com deficiência frequentavam escola. Para a mesma população, em nível regional, destacou-se a região Norte

com a menor taxa de escolarização (93,3%), porém com a menor diferença entre crianças com (94,0%) e sem deficiência (93,3%), indicando que a inclusão escolar na região Norte sofre influência de outros fatores, como a infraestrutura de transporte. A maior diferença foi observada na região Sul, 97,7% e 95,3%, respectivamente.

Enquanto 61,1% da população de 15 anos ou mais com deficiência não tinha instrução ou possuía apenas o fundamental incompleto, esse percentual era de 38,2% para as pessoas dessa faixa etária que declararam não ter nenhuma das deficiências in-vestigadas. A menor diferença estava no ensino superior comple-to: 6,7% para a população de 15 anos ou mais com deficiência e 10,4% para a população sem deficiência. Destaca-se que na região Sudeste 8,5% da população de 15 anos ou mais com deficiência possuíam ensino superior completo.

TrabalhoEm 2010, a população ocupada com pelo uma das deficiên-

cias investigadas representava 23,6% (20,4 milhões) do total de ocupados (86,4 milhões). Das 44 milhões de pessoas com deficiência em idade ativa (10 anos ou mais), 53,8% (23,7 milhões) não estava ocupada. Em relação ao total da popula-ção que não estava ocupada (75,6 milhões), a população com deficiência representava 31,3%.

A deficiência mental foi a que mais limitou a inserção no mercado de trabalho, tanto para homens como para mulheres (cujas taxas de atividade foram de 22,2% e 16,1%, respectiva-mente). A deficiência visual foi a que menos influenciou na taxa de atividade, que ficou em 63,7% para os homens e 43,9% para as mulheres. O mesmo foi observado para o nível de ocupação, que, no geral, ficou em 17,4% para pessoas com deficiência mental e 48,4% para pessoas com deficiência visual. Taxa de atividade é o percentual de pessoas economicamente ativas na população de 10 ou mais anos de idade e o nível de ocupação é o percentual de pessoas de 10 anos ou mais ocupadas na semana de referência.

Em relação ao rendimento, 46,4% dessa população ganhava até um salário mínimo ou não tinham rendimento. Entre as pessoas com deficiência mental ou motora, o maior percentual se encontrava nas classes de mais de meio a um salário mínimo de rendimento de trabalho (27,6% e 28,7%, respectivamente). Já a maior parte das pessoas com deficiência visual ou auditiva concentrava-se na classe de 1 a 2 salários mínimos: 29,0% e 28,4%, respectivamente. “Os dados revelam que a maioria das pessoas que têm deficiência está concentrada em níveis de instrução e de rendimento muito baixos. Já existem políticas públicas nesse sentido, mas elas podem ser melhoradas para que haja maior incentivo para que essa parcela de brasileiros não pare de estudar ao concluir o ensino fundamental, mas que vá adiante”, ressaltou a pesquisadora.

IBGE divulga dados sobre aspessoas com deficiência no Brasil

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ETEC TIQUATIRA FAz DESFILE DE MODA INCLUSIVA EM SÃO PAULO/SP

Alunos formandos do curso técnico em Modelagem do Vestuário da Escola Técnica pertencente ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, localizada na zona leste paulistana, apresentaram, em 29 de junho, um desfile inclusivo para mostrar suas peças e criações de conclusão de curso. Eles pensaram no mercado de moda existente para vários padrões de silhuetas e modelagens e o desfile abrangeu vários públicos, não apenas pessoas com deficiência física. Buscando a integração da sociedade por meio das diferenças pessoais e de roupas, foram criadas peças para idosos, plus size e pessoas com deficiênca visual e motora. A agência da fotógrafa Kica de Castro apresentou seu casting de modelos

especiais, com Karoll Sales (deficiência visual); Rayane Landim (paralisia cerebral); Giovanna Maíra (deficiência visual); Juliana Caldas (nanismo); Priscila Menucci, que foi mestre de cerimônia (nanismo) e Ana Laura, modelo mirim cadeirante. A ETEC Tiquatira tem uma novidade na programação de cursos técnicos: estão abertas as inscrições para um módulo específico de Pós-Técnico em Moda Inclusiva no curso de Modelagem do Vestuário, disponível para todos os alunos que já tenham concluído qualquer curso técnico na área de modelagem ou similares certificados pelo Centro Paula Souza e outras entidades de ensino reconhecidas. A proposta é capacitar o aluno em projetos voltados para pessoas com deficiência e formar profissionais que contribuam com técnicas e inovações voltadas para esse público. Mais informações em www.etectiquatira.com.br

FESTA jUNINA DE CARUARU/PE CELEBRA INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE

O tema deste ano dos festejos em Caruaru/PE foi: “São João dos Direitos Humanos”, em que inclusão e acessibilidade deram o tom das comemorações. A chamada “capital do forró” mon tou o Cama ro t e d a Acessibilidade e disponibilizou 900 vagas para pessoas com deficiência, funcionado de quinta a domingo para as festividades noturnas e, de segunda à sexta-feira, com visitação de alunos das escolas municipais e estaduais do município. A grande novidade, deste ano, ficou por conta das 100 vagas para demanda espontânea. Pessoas com deficiência de muitos municípios pernambucanos participaram, como: Bezerros, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe, São Caetano, Altino, Agrestina, Garanhuns, Rio Formoso, Riacho das Almas, Surubim, Limoeiro, Olinda, Recife, Vitória de Santo Antão, Abreu e Lima, Camaragibe e São Lourenço da Mata. Até cidades da Paraíba e de Alagoas visitaram as festividades. A maioria foi convidada por Associações ligadas ao Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência (CONED).

O camarote teve posição privilegiada em relação ao acesso e ao acompanhamento dos shows do palco principal do Pátio do Forró. Os principais anfitriões são ligados a entidades locais, parcerias do Projeto, como a Associação dos Portadores de Deficiência de Caruaru (APODEC), Associação dos Cegos de Caruaru (ACACE), Associação dos Cadeirantes de Caruaru (ADCC) e Associação dos Surdos de Caruaru (ASSC). A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos já realizou o Camarote da Inclusão no Galo da Madrugada, no Recife/PE e o Projeto “Paixão pela Acessibilidade”, garantindo equipamentos de audiodescrição para cegos e intérpretes de Libras para surdos poderem assistir a Paixão de Cristo, de Nova Jerusalém/PE, ambos por dois anos, e no Recife/PE pela primeira vez em 2012.

Foto: Paulo Maciel

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3232 especial

Realizada pela primeira vez fora da tradicional feira HOSPITALAR, a REABILITAÇÃO FEIRA + FÓRUM - Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Reabilitação, Prevenção e Inclusão, abrirá suas portas de 15 a 17 de agosto, no Palácio

das Convenções do Anhembi, na capital paulista. Fechada ao pú-blico em geral, tem como objetivo criar oportunidades de negócios, intercâmbio de experiências e disseminação de conhecimentos para empresas e profissionais ligados à prevenção, atendimento, reabilita-ção e inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Com cooperação da REHACARE International, maior feira do setor, realizada em Düsseldorf, na Alemanha, o evento conta também com o apoio da Prefeitura de São Paulo, da SP Turis, da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. A secretária Linamara Rizzo Battistella, inclusive, é a presidente de honra do evento.

Serão promovidos quatro encontros nesta primeira edição da REABILITAÇÃO: 4° Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência (Realização: Secretaria de Estado dos

Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, composto por Exposição de Inovação em Tecnologias Assistivas e Seminário Internacional. O Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Trans-ferência de Tecnologia (FORTEC), que faz parte da programação, promoverá a primeira rodada de negócios voltada exclusivamente para tecnologia assistiva); XXIII Congresso Brasileiro de Medicina Física e de Reabilitação (Realização: Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação); 6° Congresso de Reabilitação Profissional (Realização: Centro Brasileiro de Segurança e Saúde Industrial) e II Seminário Internacional ABOTEC e ISPO-Brasil de Técnologia em Órteses/Próteses Ortopédicas e Reabilitação (Re-alização: ABOTEC – Associação Brasileira de Ortopedia Técnica).

Waleska Santos, médica e empresária, criadora da empresa Hospitalar Feiras e Congressos, que está à frente também da REA-BILITAÇÃO, fala com exclusividade sobre a importância do evento:

REVISTA REAÇÃO - Qual a importância de uma feira como a REABILITAÇÃO para o setor ? Qual o balanço que faz dos eventos anteriores ?

Waleska Santos - A edição da REABILITAÇÃO como um evento independente, separado da HOSPITALAR, surgiu do amadurecimento de próprio setor no Brasil. Comemorou-se há poucos meses os 30 anos do início das lutas e movimentos reivindicatórios das pessoas com deficiência, junto aos governos, por maior acessibilidade e políticas específicas para a classe. A HOSPITALAR Feira e Fórum, desde seu surgimento até sua 19ª edição, fez um trabalho de segmentação, dando muito destaque para os produtos, serviços e equipamentos para o setor de rea-bilitação, criando mes-mo uma feira já com 9 edições realizadas, inserida em seu contex-to. Nosso acompanha-mento muito próximo do trabalho contínuo e incessante da Dra. Li-namara Battistella, mé-dica fisiatra e atual Se-cretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Pau-lo, ao longo de nossas duas décadas de traba-lho na área da saúde, somado ao interesse crescente dos fornece-

FEIRA + FÓRUM REABILITAÇÃO 2012Evento chega em novo formato e concepção, e promete inovações...

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especial

dores e principalmente dos compradores e usuários, foi o que há 2 anos nos motivou a finalmente emancipar a REABILITAÇÃO FEIRA e FÓRUM, trazendo-a para uma data e um local fora da HOSPITALAR. Nosso trabalho agora rompe as fronteiras do limite comercial e se expande para atuar na construção de um novo conceito para toda a cadeia produtiva do setor. Ao reunir todas as experiências, cases de sucesso, líderes setoriais, profissionais e instituições engajadas na causa da defesa dos direitos das pessoas com deficiência, assumimos um compromisso público de contribuir com nossa expertise profissional para avançar em inúmeras frentes e dar maior destaque e visibilidade ao setor: nossa missão é a de fazer repercutir de forma mais intensa a importância e a necessidade de se mexer inclusive em inúme-ras políticas públicas e privadas. Focados especificamente no setor de reabilitação, teremos a oportunidade de trazer à tona informações fundamentais para sensibilizar inclusive a indústria a dedicar-se mais à pesquisa e expansão de seus negócios no setor, pois ao dar-se conta de que existe um público consumidor de quase 46 milhões de pessoas com alguma deficiência no País e 9 milhões só no Estado de São Paulo, percebe-se aí um grande nicho de mercado a ser explorado. E o resultado disso será uma maior oferta de produtos e serviços em geral, um maior número de fornecedores concorrendo entre si, oferecen-do melhores preços, qualidade e serviço: beneficia-se assim a pessoa com deficiência.

RR - Como avalia o setor de reabilitação hoje no Brasil, um país com quase 46 milhões de pessoas com alguma deficiência ?

WS - Nos últimos 30 anos, profissionais como a Dra. Linamara têm lutado para que as pessoas com deficiência tenham um melhor atendimento e mais visibilidade na sociedade. Muitos avanços foram conquistados, nas áreas da saúde, social, políti-ca e jurídica. Temos hoje secretarias estaduais e municipais da pessoa com deficiência, tendo sido a de São Paulo a primeira, redes de atendimento como o Centro de Reabilitação Lucy Mon-toro, Virada Inclusiva e muitas outras ações. Porém, o Brasil tem poucas empresas que se dedicam exclusivamente a produtos de reabilitação. Essa indústria precisa de mais força, pois enfrenta uma forte concorrência internacional e, muitas vezes, é mais vantajoso para o usuário viajar para comprar uma cadeira de rodas, por exemplo. Queremos mostrar para quem fabrica que existe espaço, que esse público está carente de produtos e vamos atuar junto com o setor para mudar políticas.

RR - Além da feira propriamente, o evento será marca-do por congressos, encontros e seminários. Qual o peso dessa parte científica no evento ?

WS - A parte científica do evento é fundamental, pois como na Hospitalar, reunirá uma elite de pensadores, médicos e gestores que discutem novas políticas, tecnologias e avanços

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para a área de reabili-tação. Trouxemos para o programa eventos já consagrados. Cada uma das instituições responsáveis levará suas experiências para o Fórum da REABILITA-ÇÃO. Serão debatidas as prioridades, propos-tas e os avanços para o setor de reabilitação.

RR - Quais são os principais apoiado-res da Reabilitação ?

WS - A Secretaria de Estado dos Direitos da

Pessoa com Deficiência tem papel estratégico e fundamental para a Reabilitação, além de serem apoiadores oficiais. A secretária e sua equipe de profissionais têm sido incansáveis em nos orientar sobre os anseios do setor e a Dra. Linamara é presidente de honra do evento. Contamos também com o apoio da São Paulo Turismo, da ABRIDEF, da ABTECA, ABOTEC, do Centro Universitário São Camilo, além das entidades reali-zadoras do fórum.

RR- Quais são suas expectativas em relação ao evento ?WS - Sinto-me muito gratificada pela oportunidade de con-

tribuir com a causa da defesa dos direitos da pessoa com defi-ciência, principalmente como médica. Já como profissional da área de feiras e congressos de saúde, vejo o evento como uma missão e é altamente motivador trabalhar pela promoção desse setor. Minha expectativa é de que a REABILITAÇÃO alcance, em muito pouco tempo, o status que a HOSPITALAR alcançou em duas décadas de realização. E que a acessibilidade total seja uma grande realidade. Mas, tenho a certeza que os parceiros que estão engajados na causa há mais tempo têm uma expectativa maior, pois nos veem como uma nova e importante oportunidade de colocar em prática as mudanças necessárias. A REABILITAÇÃO FEIRA e FÓRUM será um encontro entre profissionais, o primeiro entre todos os agentes da cadeia, empresas, instituições e pes-soas que podem realmente mudar a atual acessibilidade das pessoas com deficiência no Brasil.

SERVIÇO – FEIRA + FÓRUM REABILITAÇÃO 201210° Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Reabilitação, Prevenção e Inclusão

Data: 15 a 17 de agostoHorário: 10h às 19h

Local: Palácio das Convenções do Anhembi - Rua Prof. Milton Rodrigues, S/Nº - São Paulo/SP Entrada gratuita mediante credenciamento, para profissionais do setor

Mais uma vez, aproveitando-se da oportunidade de um grande evento do setor, e a reunião de empresários, representantes do governo e autoridades, a ABRIDEF – Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência vai apresentar o projeto do “Selo de Qualidade” e certificação de produtos e serviços do setor. Importante passo para a melhoria da indústria nacional de produtos e serviços voltados para PcD, o Selo irá revolucionar e profissionali-zar ainda mais esse crescente mercado, que conta hoje com mais de 7.500 empresas atuantes diretamente nele e que movimenta mais de R$ 3,5 bi por ano. “O grande beneficiado com a implantação do Selo de Qualidade é sem dúvida, o consumidor final, que terá a certeza de estar comprando e utilizando em seu dia-a-dia, produtos de qualidade comprovada e com tecnologia de ponta, oferecendo-lhe melhor qualidade de vida”, garante Ro-drigo Rosso, presidente da entidade. Durante a FEIRA + FÓRUM REABILITAÇÃO, Rodrigo Rosso, presidente da ABRIDEF, fará duas palestras importantes. No dia 15/08, às 19h, no auditório 8, apresentará o Selo de Qualidade ABRIDEF para certificação de produtos e serviços do se-tor. E no dia 17/08, às 11h30, participará no painel: “O Desenvolvimento do Mercado de Tecnologia Assistiva no Brasil”, durante o 4° Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência.

Apresentação do Selo de Qualidade da ABRIDEF terá destaque na mostra

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Já está disponível no Brasil o Phonak Nano, considerado o menor aparelho auditivo personalizado do mundo. O intra-aural (usado dentro do canal au-ditivo) é praticamente invisível e faz

parte da nova linha de produtos da Phonak, líder mundial em soluções audiológicas. Sua alta tecnologia propicia desempenho sonoro e vantagens diferenciadas.

O CROS, por exemplo, é uma solução sem fio que leva o som do aparelho auditivo de um ouvido ao outro, mesmo sendo a perda auditiva de grau diferente. Já a função de mi-crofones direcionais capta o som em situações de ruído, seja com o interlocutor posicionado à frente, ao lado ou atrás do usuário. O recurso possibilita reduzir ba-rulhos e captar somente o som desejado para melhor compreensão.

O SoundRecover é capaz de compactar as altas frequências melhorando a inteligibilidade e qualidade ao mesmo tempo. Já o WhistleBlock usa diferentes níveis de supressão para cada situação, mantendo a microfonia sob controle. Contra os ruídos, há o NoiseBlo-ck, para identificar rapidamente o que é ruído e eliminá-lo, enquanto o SoundRelax suprime barulhos de impacto, como portas e louças batendo, entre outros sons que causam irritação.

Para o lazer e a prática de esportes a Phonak dispõe de dois mo-delos resistentes à água (M H2O e Naída), que permitem à pessoa tomar chuva, ir à piscina, fazer hidroginástica ou natação, e até ir à praia, já que também são resistentes a poeira. É bom lembrar que não há aparelhos auditivos totalmente à prova d’água, determinado pelo IP, classificação que incide na capacidade do dispositivo poder ficar submerso em água de forma temporária (nível 7) ou contínua (nível

8). “O mais importante é ouvir com qualidade enquanto se está fora da água. Afinal, quando se está submerso, a audição não é tão impor-tante”, afirma Marilisa Zavagli, fonoaudióloga e diretora de produtos da Phonak.

A Phonak é a única empresa da América Latina a fabricar aparelhos auditivos pelo pro-cesso de Produção Digital. Entre as vantagens está a possibilidade de confecção de novos moldes sem necessidade de nova impressão da orelha. “Quando o paciente faz o molde para a confecção do seu primeiro aparelho, os dados são digitalizados e registrados. Mesmo que a pessoa esteja em um local distante, basta informar o seu código pessoal que a

Phonak pode enviar um novo aparelho para qualquer lugar que ele estiver”, explica a diretora. Também está à disposição um conjunto de acessórios para facilitar o dia a dia dos usuários. O TVLink é um dispositivo que, ao ser plugado à TV, transmite o som diretamente ao aparelho auditivo. Há ainda o Click’nTalk, um conector para celulares que combina qualidade sonora com uso prático ao permitir que o usuário atenda ao celular apenas apertando um botão. O iCom possi-bilita conexão sem fios com diversos equipamentos de comunicação.

Um mesmo acessório que serve para adultos e crianças é o Dy-namic FM, sistema de FM em que o interlocutor utiliza um microfone sem fio, no meio de um grupo de pessoas. Por meio de ondas de rádio inofensivas, o microfone transmite o sinal de fala captado para um minúsculo receptor de FM, que pode ser conectado a qualquer aparelho auditivo ou implante coclear. Equipamento indicado para crianças em idade escolar e adultos que sentem dificuldade de compreensão em ambientes ruidosos.

Linha de aparelhos auditivos aposta em inovações

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38 tecnologia

Foi a partir de sua experiência pessoal que o analista de siste-mas Carlos Pereira, pernambucano de Recife, acabou criando um sistema de comunicação alternativa. O software roda em Tablets Android e está dando voz a pessoas com patologias que provocam problemas na fala, como autismo, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, paralisia cerebral, sequelas de derrame, entre outras. Pai de Clara, que tem 4 anos e paralisia cerebral, ele estava com ela em uma clínica de fisioterapia nos Estados Unidos quando conheceu um garoto de 13 anos, também com o mesmo proble-ma, mas bem mais grave que o dela. Ele se comunicava muito bem por meio de um Tablet. Carlos se entusiasmou e começou a pesquisar o assunto já que, na época, usava muito “sim” e “não” com a menina e começava a trabalhar a comunicação alternativa tradicional, usando pranchas com fotos e figuras do cotidiano dela.

Usando sua própria experiência profissional, ele desenvolveu um software especial, batizado de Livox. “Comecei a fazer em agosto de 2011 e fui testando com Clara e outros pacientes. Abri o sistema para que mais pessoas tivessem acesso no início de 2012”, conta Carlos. O Livox foi pensado e feito para pessoas com deficiência. “Vejo alguns softwares similares para essas pessoas que não levam em conta as dificuldades motoras, visuais e cognitivas delas. O Livox leva em conta todos esses detalhes permitindo ajustar tamanho de itens, figuras ou fotos de acordo com o nível cognitivo do paciente, criar domínios (são similares às tradicionais “pranchas”) facilmente, ajustar um atraso entre cliques, entre outras possibilidades. Ou seja, é ideal para uma ampla variedade de deficiências”, explica.

O mais importante para ele é que o Livox fala. “Isso faz toda a diferença, tanto para o usuário quanto para quem o escuta a “voz” do Livox, que fica sendo a voz do paciente. E outro detalhe muito importante: este é o primeiro sistema de comunicação alternativa

para Tablets totalmente em português, já que existem sistemas similares, mas todos em inglês”, afirma Carlos.

Desde que a menina começou a usar o Tablet, a comunicação com ela mudou bas-tante porque ficou muito mais fácil enten-der seus desejos e necessidades. Melhorou também a avaliação dela na escola e Carlos, e Aline a mãe, puderam comprovar que ela estava aprendendo cores, formas, núme-ros e letras. Além disso, o usuário também pode escolher sozinho, músicas, filmes, ser alfabetizado, entre outras possibilidades. “A autonomia de Clara melhorou demais e isso se traduziu em maior alegria para ela”, garante o pai.

Inicialmente pensado para ajudar a filha, logo Carlos percebeu que seria útil para mui-

tas pessoas e pediu ajuda de outros profissio-nais para aperfeiçoar o aplicativo. Ele era diretor da empresa Reamo Beike, uma clínica de reabilitação especializada em fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional em Recife/PE. Como nenhum fabricante de programas em inglês se interessou em trabalhar com português, resolveu “arregaçar” as mangas e lançou o produto ele mesmo, em parceria com a clínica. O Livox é adequado a qualquer idade, pois há um teclado virtual que pode ser usado por pessoas alfabetizadas e que tem ajudado muitos pacientes adultos. O apli-cativo pode ser baixado gratuitamente, é preciso entrar em contato pelo site: www.agoraeuconsigo.org/livox.php.

Para o melhor uso, é necessário um treinamento com uma fonoaudióloga e/ou terapeuta ocupacional, que tem um custo para remunerar os profissionais. Em breve serão iniciados treinamentos com profissionais de outros estados para que os pacientes possam ser treinados em sua própria cidade mais facilmente. “Estamos via-jando para diversas partes do Brasil, já temos turmas em Petrolina/PE, em João Pessoa e Campina Grande/PB, Campinas/SP, e Rio Grande do Sul”, conclui Carlos.

LIVOX: aplicativo dá voz a pessoas com dificuldades de fala

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A inoperância do serviçomédico nos Detrans

denúncia

Considero abusiva e deveras constrangedora submis-são a que passam pessoas com deficiência para cumprir exigências protocolares da Receita Federal, para aquisição de veículo novo com isenções de IPI e IOF (Lei nº 8.989/1995). Além do laudo pericial

médico do DETRAN, há exigência de outro laudo com parecer médico similar para constatação diagnóstica do tipo de deficiência e/ou limitações funcionais do requerente.

Como se não bastasse o martírio que passamos junto aos peritos médicos dos DETRANS, profissionais que se comportam como se estivessem nos fazendo grandes favores, quando nada mais fazem que cumprir uma das suas funções, tarefas, atividades laborais previstas para o cumprimento da função que exercem no serviço público, na qual são muito bem pagos, diga-se de passagem.

Chegam atrasados, com mau humor contagiante, nos aten-dem sem olhar na cara da gente, protagonistas de um jogo de cenas de afirmação autorreferente que nos faz ver uma gama de fraquezas pessoais e institucionais dignas do perdão Divino. Maioria das vezes, desprovidos de recursos tecnológicos para subsidiar seus diagnósticos, exato por isso, improvisam perguntas quase sem sentido prático, apenas agindo na defensiva para

não admitir as falhas do sistema e os precários recursos do seu ambiente de trabalho.

Talvez essa seja a razão de a Receita Federal exigir laudo médico complementar ao emitido pelos peritos nos DETRANS, impondo ao requerente a apresentação de documento que certifica a inoperância da máquina pública.

Seja como for, não se justifica tal imposição ao requerente, considerando-se premissas delineadas na Convenção das Na-ções Unidas sobre Direitos da Pessoa com Deficiência, tratado internacional aprovado com força equivalente à de emenda constitucional. Haja vista o disposto pelo Decreto Legislativo n. 186, de 9 de julho de 2008 e no Decreto n. 6.949/2009, que promulga a referida Convenção.

por Wiliam Machado

Wiliam Machado é professor, doutor e pesquisador da Saúde e Qualidade de Vida de Idosos e PcD.E-mail: [email protected]

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No apagar das luzes do devoteísmo...

mulher

Na madrugada do dia 19 de julho de 2012, noite fria como tantas outras, noite que ficará marcada em nossas almas, tivemos uma perda irreparável em nosso universo de pessoas com deficiência X devotees... Uma dor física, de alma, que poderá

passar mil anos e não amenizará: o falecimento do Maurício Pacheco, ou o Kronos, como era também conhecido entre nós.

Um homem que conheci em 2009 de forma peculiar, pelo Orkut, e foi nesse instante que tive o primeiro contato com o mundo devoteísta, por um lado assustador e também encantador, mesmo sem entender nada, absolutamente nada, percorri pelos seus caminhos obscuros, sem enxergar quase nada, mas segura pela condução das mãos firmes deste homem, ora assustada, ora encantada, como se a minha frente se descortinasse um mundo surreal, de pessoas boas, egoístas, egocêntricas, amigas, falsas, enfim... seres humanos ansiosos e sedentos em viver, tantos os devotees, quanto pessoas com deficiência.

Um mundo a ser explorado, um mundo cheio de nuances, de mistérios, de egocentrismo, de supostos reis e rainhas, de avatares para esconder seus desejos esquisitos da sociedade. Mas que é cheio de vida e sedução, porém com trânsito limitado, mesmo porque todos são desconfiados uns dos outros... um mundo onde a volúpia, luxúria, alegrias e dores se misturam, sem direito a ser vitima ou algoz, somente com o direito de ser pessoa, gente.

Maurício Pacheco ! Quem foi esse homem neste mundo es-tranho ? Foi a pessoa mais polêmica... amado, odiado, que viveu seu limite. Comparo-o a Cazuza, Renato Russo, Tim Maia, Raul Seixas... não pela música, porque ele não era músico, mas pela vida que viveu na extremidade, como se o amanhã não existisse e não existe mesmo...

Escreveu muito sobre o tema em várias comunidades do Orkut, inclusive criou uma - “defis+devos = só a sexo?” - com muitos contos sobre o gosto peculiar do devotee, mas que infelizmente uns dias antes de sua morte deletou tudo que tinha escrito, não deixando quase nada para a posteridade, o que foi uma perda para aqueles que gostavam e odiavam ler sobre seu jeito “Kronos” de ver o mundo.

Kronos... Um avatar criado em 1996 por ele, e mais tarde indo para o Orkut, com objetivo de transitar neste univer-so sem ser incomoda-do para conhecer suas “mocinhas”, como ele mesmo chamava cari-nhosamente, pois para esse homem nós não tí-nhamos deficiência, mas

por Márcia Gori

atrativos, mulheres cheias de vida e encantadoras, um homem que não nasceu para casar, que nenhuma mãe queria como genro, como ele mesmo se auto definia... embora muitas de nós sonhava em ser a preferida desse homem polêmico, possessivo em seus sentimentos, extremamente passional em suas defesas e ataques, porque ele via a vida de forma apaixonada, simples, intensa.

Ninguém pode tirar o mérito de todas as discussões e debates que houve nesse período, desde os primórdios de 1996 até os dias atuais, aonde foram desvendados muitas dúvidas sobre toda essa preferência nas relações pessoas com deficiência X devotees, que ainda está longe de ser resolvida a este ser inigualável, mas os primeiros passos foram dados por ele em seu “Manifesto devotee”, que está perdido, devido à exclusão de sua comunidade. Um material interessante para futuras pesquisas que estão somente guardadas em nossas memórias.

Kronos, um avatar que viveu seus extremos na vida, nos sen-timentos, que se envolvia em altos debates virtuais, extrapolava na maioria das vezes, sendo ácido em seus comentários. Com as pessoas, precisava manter a frieza do bom e velho Kronos, isso foi ficando maior que seu criador, transformando-o num ser vaidoso, arrogante, egocêntrico, porque o Kronos era adorado, odiado, volúpia, sexo, como se houvesse outra pessoa dentro de seu ser, maior que o que realmente era, absorvendo-o, sugando--o, até que houve uma crise, uma discussão entre os grupos, causando um estrago grande, levando várias pessoas inocentes para o meio, incitando o seu criador, Maurício, a fazer reflexões profundas sobre toda esta trajetória... e tendo a conclusão que nada estava valendo a pena, ocasionando a destruição da sua comunidade e o extermínio de sua criatura – do Kronos.

Isso aconteceu cinquenta dias antes dele ir embora de vez, para sempre de nosso universo, como se estivesse adivinhando que estava de malas prontas para a sua grande e última viagem, uma saída honrosa, assim como ele era, um homem carinhoso, amoroso, politizado, de uma inteligência ímpar... competente, passional, possessivo com as pessoas que ele amava, encantador... Um homem que se dizia feliz, mas solitário por opção.

Meu grande amigo, orientador político, amor da minha vida, fica meu carinho, risos, sorrisos, lágrimas, emoções que tive ao seu lado que nunca mais se repetirão e jamais serão esquecidas, mesmo porque, ao seu lado eu vivi o meu céu e o meu inferno, descobri que para ser uma pessoa completa, precisamos ser autênticos, viver o hoje, porque o amanhã não existe... e acredite: este mundo devoteísta NUNCA MAIS será o mesmo sem seu jeito ranzinza de resmungar, que a sociedade não entende que tudo é muito simples, trata-se apenas de homens e mulheres, a questão da deficiência não conta, porque não existia... Tenha a certeza, onde estiver, que hoje você é uma LENDA... e quem teve a sorte em lhe conhecer, jamais o esquecerá.

Acompanhem no box, sua última postagem na “Comunidade

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mulher

Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos - ADH Orientação e Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência - CEAPcD/SP 2007/2009, ex - apresentadora do Programa Diversidade Atual no canal 30 -RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/SP 2009/2011, Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto/SP, membro do CAD - Clube Amigos dos Deficientes de São José do Rio Preto/SP. Idealizadora do I Simpósio sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência do NIS – Núcleo de Inclusão Social da UNORP, Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência na REATECH 2010/2011/2012, I Encontro Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência, capacitadora e palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da Pessoa com De-ficiência, modelo fotográfico da Agência Kica de Castro Fotografias.E-mail: [email protected]

Amizade entre Defis e Devotee” no Orkut, da nossa querida MC. E por favor, o último a sair apague as luzes, porque quero chorar em silêncio e sozinha...

Estamos em LUTO... Até nosso próximo encontro !!!

KRONOS - O BOM E VELHO - 30 DE MAIOAdeus !peço licença a minha amiga para usar sua comunidade,

uma vez que não tenho mais a minha... Adeus.Eu estava escrevendo, respondendo, retrucando, alfine-

tando, como sempre fiz e uma pessoa que muito prezo me falou: “ Olha nos meus olhos, me responde uma coisa: você realmente precisa disso?”... Foi como se eu recebesse um choque.

O que tenho feito aqui?Olhei esse processo recente e me perguntei – QUEM É O

CULPADO DISSO TUDO ? – EU ! - Sem sombra de dúvida... Todos estavam quietos eu fui, insinuei, criei confusão, armei a tenda e ainda me dou o direito de dizer que os outros estão errados ? Faz tempo tenho sido um estúpido e como diria Forest – estúpidos fazem estupidez. Há tempos minha arrogância, meu egocentrismo, minha vaidade têm tomado cada dia mais conta desse monstro que criei. Não sou e não quero ser isso.

Peço desculpas a Lola a seus seguidores, a Juliana e a tantas pessoas que só foram expostas devido ao que me tornei, um tolo provocador. Não sou nem quero ser dono da verdade, não tenho ódio nem medo, mas estou errado e faz tempo.

Acabo de deletar minha comunidade e não mais escreverei como KRONOS... Só vou manter minha página para que outros não se passem por mim.

Agradeço a atenção de todos, a amizade sincera, os se-guidores, os leitores e mais uma vez peço sinceras desculpas por queres ser o que não sou. Se as pessoas passam a noite como querem, que direito tenho eu de falar a respeito disso. Me esqueci faz tempo como é difícil ser devotee, como para alguns isso é uma coisa complicada. Não sou KRONOS ao menos não quero sê-lo. Esse NIK tornou-se um dinossauro, um peso, uma maneira que meu ego encontrou de fazer coisas ruins e fingir-se de santo.

Um abraço

PORTARIA REDUz jUROS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Publicada pelo Ministério da Fazenda em 11/07, no Diário Oficial da União, a portaria reduziu para 7% ao ano os juros dos empréstimos com recursos do microcrédito. Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 2% dos depósitos à vista para essa modalidade de crédito, o que totaliza cerca de R$ 1 bilhão disponíveis. Até então, restrita à população com renda de até 10 salários mínimos, a linha foi criada em janeiro último e concede financiamentos de até R$ 30 mil para a compra de bens e serviços por pessoas com deficiência. Os mutuários pagavam 8% ao ano de juros. Para os mutuários com renda entre 5 e 10 salários mínimos, a taxa foi mantida no mesmo patamar. A portaria com os produtos que podem ser comprados com recursos do microcrédito foi editada em fevereiro pelos Ministérios da Fazenda e de Ciência, Tecnologia e Inovação e pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Fazem parte da lista: computadores portáteis braille, mouses alternativos, cadeiras de rodas com adequação postural e lupas eletrônicas portáteis. As demais condições da linha não foram mudadas. Os empréstimos permanecem isentos de taxa de abertura de crédito e continuam a ser pagos em até 60 meses.

COPA DE 2014 TERá INGRESSOS GARANTIDOS A PCD Está aprovado:

1% dos ingressos d o s j o g o s d o M u n d i a l d e futebol no Brasil se rá reservado a pessoas com d e f i c i ê n c i a . A presidente Dilma Roussef sancionou, em 05 de junho último, a emenda apresentada pelo deputado federal R u y C a r n e i r o (PSDB/PB). Pelo tex to , poderão ser ce lebrados acordos com a FIFA para viabilizar o acesso e a venda de ingressos para pessoas com deficiência, sendo assegurado, pelo menos, 1% da lotação do estádio. O deputado comemorou: “As pessoas com deficiência merecem ser tratadas de maneira especial, com respeito e atenção e, principalmente, nesses casos, com comodidade para que possam ter acesso a esse evento mundial”, concluiu. O texto diz ainda que serão reservados lugares específicos para pessoas com deficiência, inclusive acompanhante, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação. Na prática, ao não incluir os acompanhantes no cálculo de 1% de PcD, essa reserva pode chegar até 2% dos ingressos.

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Limites: é você quem os cria!

mais eficiente

Olá caros leitores... Sou a Samara e a Revista Reação fez uma matéria comigo, publicada na última edição. O diretor gostou e me convidou para ser colunista da revista. Mas ele fez o convite no final da matéria. Minha família e eu

choramos de emoção !Choramos muito porque não esperávamos. Foi um reconhe-

cimento de muita dedicação e força de vontade, que acho que já nasceu comigo.

Tenho Paralisia Cerebral porque na gravidez, eu já era bagun-ceira, enrolei-me no cordão umbilical e assim alguns neurônios morreram. Sou cadeirante, não falo, mas me comunico com o sistema Bliss, e escrevo no computador com um capacete com ponteira.

Eu fui uma criança muito esperta, brigava e principalmente brincava com os meus primos, amigas e com a minha irmã,

de casinha, bola, esconde--esconde e especialmente de escolinha.

Entrei para uma esco-la especial - Quero Quero - sabendo de muita coisa. Com 7 anos já estava alfa-betizada. Vendo as coisas que minha irmã trazia para casa, como os trabalhos, as lições, e eu também queria ter. Fui mostrando para to-dos que eu queria e podia ir para uma escola regular. E aos 14 anos entrei para uma escola regular chamada Espaço Livre.

Entrei na 2ª série e, 2 dias depois, a minha professora me chamou para conversar. Fiquei nervosa, mas ela só queria falar que eu ia para a 4ª série. E por lá fui apren-dendo, passando de ano e acabei o ensino fundamen-tal. Não foi tão fácil e nem era um bicho de 7 cabeças. Meus amigos às vezes me viam e me ajudavam, po-rém, na maioria das vezes, nem me enxergavam. Alguns professores só faltavam co-

por Samara Del Monte

locar uma camiseta escrita “100% SAMARA”, de tanto que eles acreditavam na minha força, na minha sede de estudar. Outros estavam nem aí para mim e assim foi o início da minha inclusão escolar.

Como nessa escola não tinha o ensino médio, tive que pro-curar outra. Fiz o supletivo com uma acompanhante e concluí o ensino médio. Acertei 58% no ENEM e prestei vestibular para jornalismo na UNIP, em São Paulo/SP. Foi uma grande emoção ver pela Internet, que eu tinha sido aprovada. Já estou no último ano.

Escolhi jornalismo porque é uma profissão que tem tudo a ver comigo. Olha só:

- Por ser muito atenta, quando eu tinha 12 anos resolvi criar a revista “Mais dEficiente”, com a ideia de mostrar que muitas pessoas estão nascendo e adquirindo deficiência. A número 1 teve 50 exemplares e foi impressa em casa. A partir da segunda edição, foi ficando com cara de revista: ganhou logo e o slogan “Mais dEficiente: um sentido diferente para a vida”. Colaboradores contribuíram para que a tiragem passasse para 3 mil exempla-res, foi transcrita em Braille e, finalmente, na edição especial de aniversário da 10ª edição, foi presenteada com a inscrição no ISSN, através da Editora Caliandra. Agora ela é uma publicação registrada, única e internacional.

Mesmo fazendo uma revista por ano, tenho conseguido mostrar para muitas pessoas como é a vida de uma pessoa com deficiência e ajudado a diminuir o preconceito da sociedade.

Essa é um pouquinho de minha história, amigos leitores. Uma história de emoções, alegrias, lutas, desafios, dificuldades que deixaram as vitórias com um gostinho a mais. E é com esse espírito que escreverei essa minha coluna a partir de agora, aqui nessa revista.

Mais uma vez agradeço à Revista Reação pelo incentivo e por fazer com que mais um sonho meu seja realizado: o de trabalhar !

Samara Andresa Del Monte é estudante de jornalismo, idealizadora da Revista Mais dEficiente, tem paralisia cerebral, é cadeirante e se comunica com os símbolos Bliss, e escreve no computador usando capacete com ponteira.E-mail: [email protected]

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ponto de vistapor Suely C. de Sá Yanez

Escolhas: “Fazer porque...Não fazer porque...”

Apesar dos diversos serviços hoje em dia de Habilitação/Reabilitação, dentre outros, em que é possível o desenvol-vimento de potenciais e descoberta de habilidades, ainda assim nos deparamos com comportamentos que nos des-pertam a refletir sobre algumas situações...

Enquanto muitas pessoas com deficiência visual (ou outras) enfrentam e realizam determinadas atividades mesmo sendo deficientes visuais, outras não as realizam pelo mesmo motivo.

Por outro lado (e muitas vezes juntos), outras abordam as pessoas com deficiência (PcD) visual como capazes de realizar ações e superações, enquanto outras as poupam dos desafios.

Comodismo, conformidade, superproteção, subestimação, indisposição, preconceito...?

Um funcionário, por exemplo, com alguma limitação visual, não atender adequadamente um visitante em sua sala, permanecendo encurvado com a cabeça baixa, possivelmente não deva ser pela deficiência, mas por falta de postura profissional, de educação e de quem fale que é importante uma postura corporal adequada. A acomodação, achar que está certo, que está bom, que é assim mesmo, porque é cego... é preocupante...

Sabemos que cada pessoa com deficiência visual tem peculiaridades, mas ao mesmo tempo, em muitos casos, constatamos um “certo” confor-mismo. Pode-se trabalhar sim, pode estudar sim, pode fazer as atividades com independência sim. Se estiver apresentando grandes dificuldades pode ser também que esteja mal acostumada. Temos que considerar o tempo de cada um, o que aprendeu, como aprendeu, como viveu, sua história, mas existem certas atitudes que quando a deficiência é superada deve haver maturidade para não ter acomodação, passividade, melindres, ofensas ou irresponsabilidades.

Por outro lado... Observamos que em diversas situações pessoas não confiam, não acreditam no potencial e não consideram que a falta de visão não limita ações. Alguns chefes, empregadores, professores, pais ou cuidadores, requisitam tarefas porque acreditam, mas muitos outros não delegam...

Identificamos, no dia a dia, que ainda existem resistências não apenas na convivência, nos atendimentos, mas no julgamento de que as PcD visual são diferentes mesmo e, portanto, não delegam trabalhos, entregando o mais fácil de se realizar, sub estimando-as (ainda vemos até quem acredita que cegueira é transmissível, que sentar-se ao lado pode pegar. Muitos ignoram por falta de conhecimento, mas existem profissionais renomados que acreditam nisso...).

Por um lado dizem: “não vão realizar porque são cegos”. Do outro lado dizem: “não vou realizar porque sou cego”... e fica tudo como está. Dá “trabalho” explicar, orientar, investir... ou sair da zona de conforto.

Quantos casos em que admitem pessoas e “sugerem” para que fiquem em casa, para fazerem cursos fora da atividade em que foram designadas ou as deixam encostadas sem função ou realizando sub-funções.

“Eternos” dependentes, incapazes, acomodados...Podemos escolher entre a passividade ou a atividade. Somos frutos das nossas escolhas. Somos responsáveis pelas nossas

escolhas. Escolhemos pensar positivamente, com garra, determinação, ou

negativamente, desacreditando, se acomodando, gerando comporta-mentos decorrentes dessa maneira de pensar.

Posso escolher, como um deficiente visual, pensar que não “consi-go” realizar algo ou que não “quero” realizar, e posso escolher, como quem se relaciona com um deficiente visual, o que posso delegar de tarefas ou não deixar que as realize, o que influenciará as ações dos dois lados.

Podemos escolher desenvolver as percepções, dons e talentos. Somos feitos para nos desenvolver com os desafios.

Não enxergar com os olhos é “só” mais um desafio... que pode nos impulsionar para a descoberta de novos horizontes de vida.

A escolha é de cada um. O que vamos escolher ? Que possamos escolher a vida. A vida é um dom de Deus.

Suely Carvalho de Sá Yañez é Terapeuta Ocupacional especializada em Orientação e Mobilidade para pessoas com deficiência visuaL e atua na área de reabilitação.

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O Piloto Thiago Cenjor, que trabalha com projeto de acessibilidade e pratica canoagem, já tinha sido campeão em 2010 e em 2012, se tornou bi-campeão de Parakart. “Foram três corridas e quem soma mais pontos é o campeão... Desde

a primeira corrida eu já senti que algo bom viria naquele dia, o kart estava muito bem alinhado, motor respondendo bem nas retas e retomadas, e grande estabilidade nas curvas, e sem con-tar que eu estava tranquilo, numa paz... e sentindo muito forte a presença de Deus, e isso é muito importante”, disse Thiago.

“Na primeira prova larguei em 3º e cheguei andar em 1º, mas no fim fiquei com 2º lugar, já na segunda prova cheguei em 1º depois de ultrapassar Tales Lombardi. Na terceira prova as posições de largada foram invertidas na ordem de chegada da segunda prova e sendo assim, larguei na última posição, mas com tanta inspiração consegui ultrapassar os outros pilotos que participaram, somando mais pontos, e assim, fui o campeão de 2012. E só me resta agradecer a todos, mecânicos, pilotos, amigos, família... e é como digo: eu piloto e Deus me guia !!!”, afirma o Cenjor.

Copa VW de Parakart

No dia 2 de junho foi realizada a segunda prova de Parakart VW, e o piloto espanhol Andres Lopes marcou a póle, continuou acelerando em ritmo muito forte e não deu chance aos adver-sários... ganhou. Levou do início ao fim !

Mário Cristofoletti chegou em 1º na categoria B, foi campeão pela primeira vez, o que o deixou muito emocionado. Eu conse-gui marcar o 8º na tirada de tempo e fui vencido pelo cansaço... fiquei 12º. Outras provas da Copa VW já aconteceram, mas eu não participo de provas desde o dia 2 de junho, por motivos particulares, mas em breve voltarei às pistas.

Acompanhem outras notícias aqui na próxima edição da Revista Reação e no site: www.parakart.com.br

PISTA DE MOTOCROSNo mês de maio eu viajei até Boa Esperança/PR. Fui

assistir a uma prova de motocros, e foi muito emocionante ver os pilotos saltando muito alto e fazendo loucuras na pista, mesmo no barro que estava lá, devido ao tempo chuvoso. É muito bom ver provas deste tipo mesmo com dificuldades de locomoção no local, mas a acessibilidade pode ser melhorada, uma ideia é pessoas com deficiência ou associações entrarem em contato com a organização do evento e solicitar mais acessibilidade, mesmo que ainda não tenha asfalto por lá... e por que não ? Lá eu pude por à prova a minha nova cadeira de rodas M3, que comprei na Casa Ortopédica – Ortopedia Monumento - do amigo Luciano Santos. Ela é bem melhor por ter acento e encosto rígido e uma forma fácil de desmontar, o que está me ajudando muito em minha locomoção, mas lá na pista de motocros é preciso cuidado, ela pode afundar no barro.

Campeonato Brasileirode Parakart 2012

por Hermes Oliveira

Hermes Oliveira é Piloto de Kart adaptado

patrocinado pela Revista Reação, escritor do

livro “Um motorista especial de carreta” e es-

tudante de logística.

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46 espaço aberto notapor Alex Garcia

Aprendi a ser forte para que nada me derrote!

Colegas da Revista Reação... Já refle-ti neste mesmo espaço momen-to marcante em

minha vida. Escrevi: “Desde este momento percebi que teria que ter mais atitude”. Para quem acompanha a Re-ação vai lembrar. Agora, pre-tendo reflexionar outro fato marcante. Estes geralmente acontecem quando somos adolescentes e estamos construindo nossa identida-de e para mim, pessoa surdocega, não foi diferente. Este momento marcou o nascimento de minha identidade de ativista, de eterno inconformado, de eterno incompleto. Estava eu no ensino médio e na escola onde estudava erguia-se da terra uma majestosa árvore. Um Umbu de 100 anos de idade. Estava ali impo-nente. Fincando por 100 anos suas potentes raízes na terra. Este Umbu era o grande exemplo para todos os adolescentes da escola. Todos nós desejamos crescer e ser como o Umbu. Eu desejava muito isso. Será que um dia poderia ser forte como ele ?

Num belo dia chegou à notícia na escola que autoridades desejavam derrubar o Umbu. A natureza não o derrubou em 100 anos e a mão humana iria fazer. Neste momento eu me senti definitivamente roubado. Iriam roubar nosso exemplo. Neste momento, indignado, me uni à professora de biologia, a mesma da reflexão: “Desde este momento percebi que teria que ter mais atitude”, e começamos a mobilizar os colegas, a escola, a comunidade.

Não podemos e não vamos permitir que derrubem nosso exemplo. A partir de então fundamos o Clube Ecológico Umbu Centenário. Este clube foi o primeiro movimento ativista de que participei. Com garra nos abraçamos ao Umbu quando as serras estavam prontas para tombá-lo. E abraçados a ele permanecemos. As serras se calaram. Vencemos. O Umbu centenário até hoje está de pé. O Umbu e o Clube Ecológico Umbu Centenário me ensinaram algo que verdadeiramente construiu em mim a identidade que todos vocês já conhecem. Com eles “aprendi a ser forte para que nada me derrote”!

As pessoas com deficiência devem sim aprender a serem fortes como o Umbu. Podemos sim fortalecer nossa identidade cada vez mais. Negar o que nos ameaça. Rebelar-nos contra a opressão. Sermos inconformados com o que nos apresentam. Eu aprendi a ser forte para que nada me derrote e acima de tudo, aprendi a ser eu, para que ninguém esqueça !

Alex Garcia é gaúcho e Pessoa Surdocega. Presidente da Agapasm. Especialista em Educação Especial. Autor do livro “Surdocegueira: empírica e científica”. Vencedor do II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga/RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência pela Mobility International USA/MIUSA. Membro da Federação Mundial de Surdocegos. Site: www.agapasm.com.br E-mail: [email protected]

KAROLL SALES VENCE O CONCURSO MISS BRASIL DV 2012 !!!

O concurso Miss Brasil DV aconteceu em Porto Alegre/RS, em 7 de julho último, com a presença de 16 representantes cegas e de baixa visão, cada uma de um estado do País. Para poder concorrer, as candidatas tinham que fazer parte de alguma instituição afiliada a ONCB – Organização Nacional de Cegos do Brasil. Na comemoração, em 28 de julho, em São Paulo, muitos amigos e a mídia estavam presentes, num ambiente descontraído, onde muitos amigos tocaram sua vestimenta. A vencedora, a paulista Karoll Sales, usou o traje usado no dia do concurso, totalmente voltado à moda inclusiva, com a coroa e a faixa. Karolline Sales é pós-graduada em Acessibilidade pela Universidade Nove de Julho e graduada em Letras pela Universidade Bandeirante. Trabalha como palestrante, professora de inglês na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Realiza trabalhos exporádicos de tradução em inglês e espanhol. Trabalhou como escrevente no Tribunal de Justiça, técnica de Atendimento no PROCON e secretária bilíngüe na Intrials e na Logic Way. Hoje, seu mais novo título é o de “Miss Brasil DV 2012”. A Revista Reação esteve presente na comemoração e parabeniza, mais uma vez, a Karoll por sua merecida vitória !!!

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Experiências teatrais diferentes prosseguem em SP

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Depois de cumprir temporada às quartas e quintas, entre junho e início de agosto no Teatro Tucarena, na capital pualista, com o maior su-

cesso, o Teatro Cego – O Grande Viúvo, vol-tará com o espetáculo baseado na obra de Nelson Rodrigues, em setembro, nos fins de semana, na Sala Crisantempo, na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista.

Como a peça é encenada no escuro, o público precisa se valer dos outros sentidos para acompanhar, uma experiência comum às pessoas cegas. Participam do elenco quatro músicos e cinco atores, três deles cegos. “A temporada foi muito boa, houve uma resposta bacana do público”, conta o diretor Paulo Palado, que nunca tinha trabalhado com atores sem visão. “Depois do espetáculo sempre ficamos no saguão do teatro conversando com as pessoas e a resposta que obtivemos é que a compre-ensão da peça se faz completa, mesmo acontecendo tudo no escuro. Além disso, as pessoas falaram muito da sensação de não enxergar, de terem que se apoiar em outros sentidos para compreender a trama”, afirma. Dos atores, apenas Sara Bentes tinha experiência em atuar. Palado explica que todos são muito talentosos e entenderam rapidamente o contexto do espetáculo e a participação de cada personagem na trama.

A ideia de montar um espetáculo do gênero veio depois de

conhecer o “Centro Argentino de Teatro Ciego”, que existe desde 1991. Depois dessa primeira experiência, Palado afirma que farão outros espetáculos com o mesmo formato de Teatro Cego: “Novos textos e estilos virão, mas com a mesma característica de ser um espetáculo completamente no escuro, contando com os outros sentidos do espectador”. Toda produção, criação dos espaços e soluções para passar sensações da peça foram criadas pelo grupo.

Sensações na águaTambém em setembro, mas ainda sem local definido, estreará

o espetáculo “Acqua”, do Grupo Sensus, performance realizada dentro de uma piscina aquecida. Um trabalho onde a poesia de autores consagrados, a música e a proximidade do ator manipu-lando o espectador com as técnicas do Watsu e Aquadinâmica, permitem ao público “alcançar as emoções mais profundas do seu ser”, como explica o produtor Juliano Hollivier. Durante a performance, a cabeça do espectador é mantida constantemente em posição neutra e segura e a tendência natural, segundo Holli-vier, é a pessoa fechar os olhos. O corpo permanece na posição horizontal, em flutuação, ora sustentado pelo ator, ora apoiado em bóias. A água da piscina é aquecida a 35ºC e, juntamente com som e luz ambiente adequados, provoca uma sensação de relaxamento que seria impossível no solo.

O grupo, criado pela atriz e diretora Thereza Piffer, está acostumado a trabalhar com espectadores de olhos vendados desde 2005. O primeiro trabalho feito para o Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo, origem de tudo, já era assim. Na chamada “Performance Kinesis”, logo na entrada o público é vendado e convidado a percorrer um trajeto conduzido pelos atores que, além de guiá-lo, o estimula sensorialmente através do tato, olfato e audição, interpretando a obra literária de Nietzsche, Tânia Regina Cardoso, Juliano Hollivier, José Geraldo Neres, Elaine Pauvolid, entres outros autores.

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Em 29 de agosto, quando o nada-dor Daniel Dias entrar com a Ban-deira Brasileira no

Estádio Olímpico de Londres, na abertura dos Jogos Paralím-picos, os 182 atletas brasileiros começarão a jornada que, até 09 de setembro, pretende colocar o Brasil como o 7º colocado entre os países participantes. Em Pequim 2008, o País terminou a competição em 9º lugar no quadro geral de medalhas, com 47 conquistas (16 bronzes, 14 pratas e 17 ouros), depois de ter ficado no 14º lugar em Atenas 2004.

De acordo com o Comitê Paralímpico Internacional (IPC), a competição será a maior já realizada, com 165 países, 19 a mais que a última edição na China. O número de atletas também cresceu em quase 10%, chegando, aproximadamente, a 4.200 competidores.

Mais de 300 pessoas fazem parte da delegação brasileira entre atletas (115 homens e 67 mulheres), guias, técnicos, auxiliares e profissionais na área de saúde. Atrás apenas da Inglaterra, anfitriã dos Jogos, que tem direito a representantes competindo em todas as modalidades, o Brasil é o País que mais participará de esportes coletivos. Dos nove tipos, estará presente em sete: Fut5, Fut7, goalball masculino e feminino, basquete em cadeira de rodas feminino e vôlei sentado masculino e feminino. Apenas o rugby e o basquete em cadeira de rodas masculino não serão representados.

Os atletas brasileiros tiveram um treinamento intenso, inclu-sive com o apoio do governo estadual de São Paulo (24 atletas convocados) e prefeitura do Rio (16 atletas), que formaram times paralímpicos. Destaque também para o SESI-SP com 10 de seus atletas e dois técnicos convocados.

As disputas, além dos esportes coletivos, se darão também em atletismo, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo, hipismo, judô, natação, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, remo, tiro esportivo e vela.

Histórias de luta e expectativasA expectativa e a ansiedade, como não poderia deixar de ser,

tomam conta dos atletas nas semanas que antecedem as provas. Envolvidos nos últimos treinos e disputas, eles sonham com vitórias, mas têm os pés no chão, avaliando a realidade brasileira frente a outros países. Ganhando ou perdendo, a possibilidade de participar de uma disputa como a londrina e também de se preparar para os jogos do Rio, em 2016, já é uma vitória e tanto a ser comemorada.

O próprio fato de praticar um esporte é motivo de orgulho: “O esporte para pessoas com alguma deficiência é um estímulo e uma forma de melhorar a vida, tanto física como mentalmente e espiritualmente. Praticando um esporte, traçando objetivos, conhecendo outras pessoas, você só tem a ganhar”, afirma Bruno Landgraf das Neves, um dos dois velejadores que defenderão o Brasil. Mesmo que o País não tenha tradição na vela olímpica, ele espera ficar entre os oito primeiros colocados, sendo os favoritos Inglaterra, Austrália, Estados Unidos e Canadá.

A outra velejadora, Elaine Pedroso da Cunha, é a primeira mulher brasileira na Vela Adaptada: “É algo que me engrandece a alma, fico muito orgulhosa porque sei que não foi fácil, só eu sei das minhas dores, das minhas lágrimas e meus sacrifícios. Me desafio a todo momento, me cobro, luto e supero”, diz a atleta, lembrando que o barco em que treinaram não é o oficial, além do local, a represa de Guarapiranga, em São Paulo/SP, não ter as águas agitadas e o vento forte que precisarão enfrentar. Os dois

Brasil quer estar entre os primeiros nos Jogos Paralímpicos !!!

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recebem ajuda financeira do Time São Paulo, facilitando o treinamento, que também comprou o barco Skud, com o qual competirão, e que foi entregue na Holanda, em julho.

Já Marcos Santos Ferreira está confiante em que o Futebol de 7 ser sairá bem na disputa. “Quero fazer uma grande Paralimpíada e ajudar o time a marcar seu nome na história”, diz o

atleta que diz pertencer a um time muito determinado e com treinamento forte, principalmente na reta final. A estreia será contra os donos da casa e a chave tem ainda Ucrânia, Rússia e Irã.

O nadador Daniel Dias, campeão paralímpico e recordista mundial em piscinas curtas e longas, dono de sete recordes mundiais, vai nadar em seis provas individuais e duas de reve-zamento. Ele também faz parte do Time SP: “Estou treinando bastante e com muita determinação. Estamos todos muito con-fiantes e esperamos colocar o Brasil numa posição de destaque entre as delegações”, afirma em nome de todos os nadadores.

Dirceu José Pinto, da Bocha, treina com o apoio da Prefei-tura de Mogi das Cruzes/SP, onde mora, e que montou um projeto para atletas de vários esportes adaptados em parceria com empresas privadas. Há outros atletas de Mogi na disputa: Eliseu Santos e Maciel Santos. “Temos grandes chances de trazer de Londres na bocha adaptada paraolímpica, de três a cinco medalhas de ouro”, garante Dirceu, para quem os principais adversários são Inglaterra, Canadá, China e Portugal. Ele está bastante otimista com a participação brasileira em geral e aposta que o Brasil trará 48 ouros. Dirceu é um grande medalhista e já ganhou várias competições em diferentes países, como dois ouros em Pequim 2008.

João Schwindt estará com sua bicicleta participando de quatro pro-vas, duas no velódromo (1 e 4 km) e duas de estrada (contra-relógio e resistência). Nas de velódromo ele acredita que as chances de medalhas são menores porque em Brasília/DF, onde mora, não há velódromo, mas nas provas de estrada, são boas. “No último mundial na Dinamarca fui 3º

lugar na prova de contra-relógio e 2º lugar na prova de re-sistência. Os adversários em Londres serão basicamente os mesmos do último mundial, por isso estou otimista. Os meus principais adversários são os italianos, australianos, espanhóis e ucranianos”, conta João. “Aguardei muito tempo por isso, treinei muito para chegar ao nível que estou hoje e minha convocação está sendo um sonho realizado. Mesmo sendo minhas primeiras paralimpíadas, estou indo para brigar por medalhas”, garante.

Alexsander Whitaker é esperança no halterofilismo pa-

Nissan patrocinará jogos paralímpicos de 2016

A primeira patrocinadora oficial dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) na categoria automóveis será a Nissan, que também acertou patrocínio para os Jogos Olímpicos. A empresa fornecerá mais de dois mil veículos só para as Paralimpíadas, sendo que 270 modelos estarão adaptados para transportar cadeirantes e outras pessoas com deficiência física (150 para transportar uma cadeira e 120 para transportar duas). Será priorizada energia limpa (etanol ou eletricidade), reafirmando o objetivo de atingir as metas de sustentabilidade dos Jogos. Os modelos ainda não estão definidos, mas haverá sedans, SUVs, pick-ups, vans e mini-vans. A Nissan também será responsável pelo treinamento de motoristas e soluções logísticas para o evento. “Nosso compromisso com o Brasil vai além de crescer nossa atuação no setor automotivo, pois queremos agregar ao país oportunidades para um sólido desenvolvimento sócio econômico. Ao patrocinar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, temos como principal objetivo oferecer mobilidade para todos, além de proporcionar a frota mais limpa de toda a história das Olimpíadas. Afinal, assim como os atletas, a Nis-san também é ousada e movida a desafios”, declara Christian Meunier, presidente da Nissan do Brasil.

A atuação da Nissan já começou neste ano, ao disponibilizar veículos ao CPB e seus atletas durante os Jogos Paralímpicos de Londres. Além dos patrocínios, a Nissan está empenhada em promover programas de legado que buscam criar um impacto social positivo e duradouro e programas de marketing inclusivo destinados a disseminar a experiência Olímpica por todo o Brasil. Entre eles está o programa de incentivo a jovens atletas que poderão disputar e representar o país nos Jogos.

ralímpico. Com 19 anos de carreira es-portiva, o atleta vai buscar a primeira medalha paralímpi-ca, única que falta para sua coleção. “As chances do Brasil aumentaram bastante após a intensificação do Controle Anti Doping não só aqui no País, como em outros. A equipe brasileira de halterofilismo tem se dedicado bastante aos treinos. Hoje, os principais adversários são os atletas do Oriente Médio”, explica. Para ele, as perspectivas são as melhores: “Quero convocar a torcida brasileira para vibrar muito em Londres, como treinamento para vibração nas Paralímpiadas no Rio, em 2016”, conclui.

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O Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, fala das expectativas em relação aos jogos:

REVISTA REAÇÃO - Até que ponto o Brasil pode ser considerado uma refe-rência em esportes paralímpicos?

ANDREW PARSONS - O Brasil realiza a maior competição do planeta para atletas com deficiência em fase escolar (as Paralím-piadas Escolares), nosso plano de comuni-cação e marketing é referência para outros países, que nos convidam para palestras e eventos para aprenderem conosco. Temos os maiores corredores cegos do planeta, como Terezinha Guilhermina e Lucas Prado nas provas de velocidade e Odair Santos nas de fundo. Ficamos em terceiro lugar no Mundial de Atletismo da Nova Zelândia em 2011 e em quinto no Mundial de Natação da Holanda em 2010. Estamos entre os 10 países mais fortes no hipismo e tivemos a melhor equipe de ciclismo do mundo em 2010. Nosso fu-tebol de cegos é o melhor do mundo, tendo conquistado três títulos mundiais e dois em Paralimpíadas. Outros países vêm ao Brasil disputar o Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Halterofilismo e Natação, que para nós são competições nacionais, mas que chamam a atenção pelo alto nível técnico e excelente organização. O Brasil está hoje entre as nove maiores potências do planeta no paradesporto e quer avançar.

RR - Em relação às expectativas, por que foi fixada a meta do Brasil conquistar o 7º lugar ?

AP - A posição foi fixada baseada nos avanços do Brasil em com-petições internacionais e no crescimento do Esporte Paralímpico brasileiro nos últimos anos. O avanço foi definido no planejamento estratégico de longo prazo, feito em 2010 em conjunto com todas as Confederações e Federações ligadas ao CPB, que estabeleceu metas em todas as modalidades para Londres 2012 e Rio 2016 (5º lugar no quadro geral de medalhas).

RR - Em quais modalidades o Brasil deverá se sair me-lhor ? Poderá surpreender em alguma que ainda não tem tradição ?

AP - Nossos carros chefes são o Atletismo e a Natação no número de medalhas e temos tradição no Futebol de 5 para Ce-gos. Iremos pela primeira vez com a equipe completa no Remo e teremos a estreia da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei Sentado. Seguem as nossas estimativas para cada modalidade: Atletismo – ficar entre os sete no quadro de medalhas; Basquete em Cadeira de Rodas – ficar entre os oito primeiros; Bocha – ficar entre os três primeiros; Ciclismo – conquistar medalha nas provas de estrada e contra relógio classe C5; Esgrima em Cadeira de Rodas – ficar entre os 15 primeiros; Futebol de 5 para Cegos – primeiro lugar; Futebol de 7 para Paralisados Cerebrais – ficar entre os três pri-meiros; Goalball Feminino – entre os quatro primeiros; Goalball Masculino – entre os cinco primeiros; Halterofilismo – entre os dez

primeiros; Hipismo – entre os seis primeiros; Judô – entre os três primeiros; Natação – en-tre os oito primeiros; Remo – entre os cinco primeiros; Tênis em Cadeira de Rodas – entre os dez primeiros; Tênis de Mesa – entre os dez primeiros; Tiro Esportivo – entre os oito primeiros; Vela – entre os dez primeiros; Vôlei Sentado Feminino – entre os seis primeiros; Vôlei Sentado Masculino – entre os quatro primeiros.

RR - Quanto o Brasil investiu na Para-limpíada? isso representa um aumento de quanto em relação a Pequim?

AP - O Brasil avançou de R$ 20 mi em Pe-quim 2008 para cerca de R$ 57mi em 2012. O investimento não se restringe ao alto ren-dimento. Temos investido na base, com as Paralimpíadas Escolares e o programa Clube

Paralímpico; na área acadêmica, com a criação da Academia Paralímpica Brasileira que tem produzido conteúdo e realizado pesquisas dentro do Esporte Paralímpico, além da reali-zação de competições regionais e nacionais, que visam o fomento do paradesporto no País.

RR - Como analisa as parcerias realizadas com Rio e São Paulo para o treinamento e apoio aos atletas?

AP - As parcerias realizadas pelo CPB junto ao Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro são importantes não só para o desenvolvimento do parades-porto no Brasil, como também para a imagem de sucesso que os atletas podem passar para a sociedade. O Governo do Es-tado de São Paulo tem aumentado sua parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro e as iniciativas que temos em conjunto devem ser ampliadas nos próximos meses, focando não só a preparação dos atletas para os Jogos Paralímpicos, mas também a formação de novos talentos. Hoje, os 25 atletas que fazem parte do Time São Paulo e os 20 que integram o Time Rio recebem plano de saúde e cobertura de seguro de vida, apoio para treinamentos, competições e aquisição de equipamentos, suporte profissional, além de benefício em dinheiro. Todas essas ações são um reforço para a preparação desses atletas que representarão o Brasil em Londres 2012 e se preparam para o ciclo rumo aos Jogos do Rio 2016.

RR - Quais são suas expectativas para 2016 ? AP - A expectativa é de ter pela primeira vez no Brasil a reali-

zação dos Jogos Paralímpicos que, sem dúvida, será o maior da história. No Rio, como anfitriões, teremos vaga em todas as moda-lidades. Serão incluídas as modalidades de Triatlo e Canoagem ao programa de provas, que hoje tem 20. Nossa meta é o 5º lugar no quadro geral de medalhas, confirmando o Brasil entre as maiores potências mundiais no Esporte Paralímpico.

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Lei de Cotas e os Surdos no mercado de trabalho

momento surdopor Neivaldo Zovico

Este ano a Lei de Cotas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho completa 21 anos. Esta Lei garante a oportunidade de empregos para todos as pessoas com deficiências. As empresas foram obrigadas a incluir PcD no mercado de trabalho conforme a Lei de Cotas, caso

não cumpram a Lei, são aplicadas multas.Empresas terceirizadas capacitam PcD e as encaminham para

diversas empresas. Este serviço vem crescendo muito, mas será que as empresas que capacitam e as que contratam as pessoas com deficiência conhecem a acessibilidade para Surdos ?

As empresas terceirizadas responderam que sim, mas na verdade, elas pensam que o atendimento aos Surdos é igual ao de outras PcD, porém não são iguais e sim completamente diferente, pois Surdos tem a sua própria “Identidade Surda”, que contém a “Cultura Surda” e a “Língua de Sinais” dos Surdos.

As empresas afirmaram que a Língua de Sinais é uma ferramenta e os funcionários fizeram o curso de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais para o atendimento ao surdo, mas na verdade não são fluentes em LIBRAS, e sim iniciantes, porque não convivem todos os dias e só recebem alguns Surdos quando necessitam preencher ficha de emprego ou entrevistas, fazendo a comunicação em LIBRAS, mas às vezes, os funcionários esquecem como é se comunicar em LIBRAS.

O candidato Surdo aprovado pela empresa começa a trabalhar, mas o Gestor de Recursos Humanos e o Gestor de produção da empresa não conhecem a LIBRAS para explicar e orientar o Surdo a trabalhar na empresa. Às vezes acontece mau entendimento na comunicação entre o Surdo e o gestor, nem os funcionários foram orientados e treinados para conversar com o Surdo.

Quando o Gestor de produção convoca os funcionários para uma reunião, diz ao Surdo que falará com ele depois que terminar, mas o Surdo fica frustrado e isolado durante toda a reunião, pois não recebeu as informações importantes. Ao terminar a reunião o Gestor nem se lembrou de falar com o Surdo, ele então pediu ao colega que explicasse o que aconteceu usando gestos, pois o colega não conhece LIBRAS – isso acontece.

Durante anos, o Surdo trabalhou muito na empresa e conseguiu se comunicar com o colega de produção em LIBRAS, pois convivem todos dias na produção, mas o Gestor não aprendeu, pois não teve paciência e nem interesse.

Um dia o Surdo pediu ao colega que interpretasse em LIBRAS para o Gestor uma conversar em particular, o Surdo informou que é formado em nível superior e pretendia se promover de cargo, ou mudar para o outro cargo com salário melhor. O Gestor pediu para o colega explicar que não poderia promovê-lo, porque está dentro da Lei de Cotas e o cargo continuaria o mesmo. O Surdo ficou chateado e desmotivado.

Uma Surda foi aprovada para trabalhar em uma empresa, traba-lhou por uns meses, foi chamada para o Departamento de Recursos Humanos, pediram para ela assinar um papel, pensaram que a Surda soubesse ler, ela foi embora desesperada e procurou a professora que sabia LIBRAS que leu a carta e traduziu para a Surda, dizendo que ela não era mais funcionária da empresa e que tinha pedido a conta, nem explicações, e que ela deveria trazer a carteira para dar baixa e receber o seguro desemprego. Foi a empresa que deu, a Surda ficou decepcionada.

Neivaldo Augusto Zovico é professor, Con-sultor de Acessibilidade para Surdos e pessoas com deficiências auditivas, Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da FENEIS, Diretor de Relações Públicas da APSSP – Associação dos Professores Surdos do Estado de São Paulo e Cola-borador da equipe do site: www.portaldosurdo.com www.acessibilidadeparasurdos.blogspot.comE-mail : [email protected]

Um candidato formado em nível superior, foi aprovado por uma empresa que ofereceu a ele o cargo de auxiliar de copiadora. O Surdo ficou chocado, mas a empresa disse que ele era “Deficiente Auditivo” e deveria aceitar este cargo e não cargos superiores, porque não tem capacidade por causa da comunicação. O Surdo, muito frustrado, foi embora e nem se despediu.

Será que a Lei de Cotas é assim ou não ? Esta lei é somente para incluir pessoas com deficiência em cargos inferiores ? São capacita-dos para trabalhar em diversas empresas para que elas não paguem multas ? Insatisfeitos, os Surdos são obrigados a aceitar cargos de nível baixo e sem acessibilidade.

Lembrando que existe a Lei de Direitos Humanos e que nós Surdos somos humanos, e também somos iguais, podemos tra-balhar em diversos cargos pretendidos, mesmo não usando o telefone convencional para a comunicação, podemos utilizar outras formas de comunicação como TIC – Tecnologia de Informação de Comunicação.

As empresas terceirizadas deverão pensar em qualidade melhor para o atendimento ao Surdo, comunicação em LIBRAS, os funcio-nários e interpretes de LIBRAS deverão ser fluentes para evitar o desentendimento durante a entrevista e a prova.

As empresas que contratam os Surdos deverão dispor de acessi-bilidade, interprete de LIBRAS presencial ou por videofone durante a reunião, poderão trabalhar sem a utilização do telefone e sim pelo computador com outras formas de comunicação, como o videofone, sinalização luminosa ou pictograma instaladas em empresas.

O importante é incentivar e motivar os Surdos para o mercado de trabalho, assim os Surdos poderão mudar sua autoestima para melhor. Então, é importante pensar como seres humanos: “O im-portante é ter consciência ao invés de só cumprir a Lei”.

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5252 lição de vida

Todas as terças-feiras, 8 alunos que frenquentam a Oficina de Artes Plásticas da Associação Nosso Sonho, que atende crianças e jovens com paralisia

cerebral, na capital paulista, têm aula com uma professora altamente especializada, com mestrado e doutorado pela Univer-sidade de São Paulo. Ana Amália Tavares Barbosa, 46 anos, é um nome bastan-te conhecido em arte-educação, filha de Ana Mae Barbosa, considerada pioneira no setor, ex-diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP e aposentada pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA), entre outras inúmeras atividades.

O diferencial de Ana Amália é que seu mestrado e doutorado foram defendidos depois dela sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), há 10 anos, que a deixou sem movimentos no corpo, além de comprometer a fala e a capacidade de comer e beber. Sua consciência, cognição e memórias continuam perfeitas, o que permitiu que ela continuasse os estudos e seguisse trabalhando.

A formação de Ana Amália inclui Artes Plásticas na FAAP e cursos no exterior, como gravura na Columbia University, Arte Japonesa na Universidade do Texas e Design em Nova York. Tinha múltiplas atividades: ensinava Artes Visuais na Universidade São Judas Tadeu, Inglês no Centro Britânico e em casa, para pesquisar as relações entre o ensino da Arte e do Inglês, assunto da tese de mestrado que ela continuou pesquisando por puro interesse. Foi publicada pela Editora Cortez, em 2008: “O ensino de artes e de inglês: uma experiência interdisci-plinar”. Também coordenava uma empresa, a Arteducação Produções, que existe até hoje e na época era responsável pelo setor educativo do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo (CCBB). Trabalhava ainda, com a mãe, no Núcleo de Promoção da Arte na Educação (NACE-NUPAE), da USP.

O AVC ocorreu no dia em que deveria defender o Mestrado, adia-do pela falta de um examinador da banca que se confundiu na data. Ela

só conseguiu concluir porque o trabalho foi analisado, posteriormente, por escrito, depois de uma verdadeira luta junto a várias instâncias da universidade para con-seguir a permissão. “Fiz uma promessa ao meu pai, antes dele morrer, que eu não iria parar de estudar. O doutorado foi um passo para realizar essa promessa, mas sinceramente, não achava que conseguiria terminar”, conta Ana Amália. Ela defendeu a tese em maio passado no Museu de Arte Contemporânea da USP, responden-do aos questionamentos da banca avalia-dora com movimentos da boca. Um telão mostrava um alfabeto completo, que tinha suas letras destacadas a cada segundo por um programa de computador. Para formar palavras, abria a boca quando a letra que ela queria selecionar aparecia destacada.

“Ela foi devagar. Primeiro frequentou um curso como ouvinte para testar sua capacidade de permanecer sentada mais de quatro horas. Viu que não se cansaria muito e que a pele não sofreu ulcerações, que era meu pavor, porque é algo muito difícil de sarar”, conta a mãe. “A orienta-dora, Regina Machado, foi extraordiná-ria. Vinha em casa para as orientações. Os professores também muito atentos e atenciosos, sem serem paternais ou maternais”, explica.

Ana Amália disse à mãe que o mais

Ana Amália Tavares BarbosaUma professora que reinventa a sua vida e segue com pesquisas e arte...

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difícil era ser “invisível” para os colegas, o que atribuía ao medo de serem politicamente incorretos. Uma das professoras, Su-maya Mattar, foi examinadora da tese e começou contando a dificuldade que teve para saber como agir com ela. Saiu-se muito bem, pois hoje, Ana Amália integra o grupo de estudos dela. “O que salvou minha filha foi entender que se ela tinha dificuldades de ser uma doutoranda, professores e colegas também tinham dificuldades de lidar com ela”, conta a mãe. “Ostento com o maior orgulho uma nota C que ela tirou em

Ana Amália e Ana Mãe

lição de vida

uma disciplina de doutorado”, afirma, provando que ela não era protegida.

A tese de doutorado analisa o trabalho de Artes Visuais de-senvolvido durante três anos, de 2008 a 2010, com seis crianças entre sete e nove anos na época, que tiveram paralisia cerebral e outras lesões cerebrais no nascimento. O objetivo principal foi o de desenvolver a percepção do corpo no espaço e da relação dos segmentos do corpo entre eles, além de examinar a ação dos sentidos da visão, audição, sensibilidade da pele, cheiro e sabor. “Desenvolvi um projeto que trabalhou a relação do corpo no espaço, mas ao mesmo tempo era voltado especificamente para o desenvolvimento da percepção, tentando envolver todos os sentidos. Outra preocupação foi a inclusão cultural dessas crianças levando-as para exposições e espaços culturais”, conta Ana Amália. Para ela, as aulas são muito importantes: “A diferença é gritante, eram crianças assustadas, com medo nos olhos e que hoje são ousadas e esperançosas”, garante a professora.

Ana Amália sai pelo menos duas vezes na semana para as vá-rias terapias que necessita, incluindo a hidroterapia, fundamental para aliviar as dores no corpo. Acompanha a programação do Teatro da Universidade Católica (TUCA), tanto artísticas quanto de palestras que a interessem, já que mora vem perto. Vai ao encontro do Grupo de Estudos na ECA, quinzenalmente, e às reuniões da Arteducação Produções, mas o maior prazer mesmo é estar com seus alunos na Nosso Sonho.

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Um dos maiores campeões de vendas para pessoas com deficiência de todos os tempos, o modelo vem ganhando novas versões no decorrer dos anos, mas a essência vem sendo mantida pela montadora japonesa que lidera o ranking na preferência da maioria dos consumidores deste

segmento, fato constatado pelos resultados através das pesquisas do “Carro do Ano para pessoas com deficiência”, que é realizada já há 15 anos pela Revista Reação...

teste drive

Mais uma vez, como já é tradição nesses 15 anos da Revista Reação, numa parceria entre esta revista e a fábrica da Honda, através do

seu departamento de vendas diretas, em uma ação conjunta, foi cedido para nossa redação, durante cerca de 30 dias, um veículo modelo Novo Honda Civic LXS, automático - 1.8 Flex. Também numa parceria, o modelo foi adaptado pela adaptadora de veículos Cavenaghi, com uma alavanca de freio e acelerador, e um pomo giratório no volante, para que pudessem ser realizados no carro

os testes necessários com pessoas com deficiência. O Novo Civic foi submetido aos testes em situações de

uso diário, em situações das mais diversas no uso por uma pessoa com deficiência e sua família.

A Revista Reação solicitou o modelo junto à Honda, devido o grande interesse dos leitores e assinantes, que demonstraram querer conhecer e saber mais sobre as mudanças que o modelo sofreu. Afinal, além do Novo Ci-vic estar ganhando as ruas, o que desperta o interesse do consumidor com deficiência, numa ação da fábrica, teve seu valor reajustado e está dentro da faixa de preço abaixo dos R$ 70 mil, podendo ser adquirido por PcD conduto-res com isenção de impostos total, de IPI e ICMS. Vamos conhecer um pouco mais desse já velho conhecido, que vem de cara, remodelado, buscando retomar seu espaço na concorrida faixa dos sedans médios. O design do carro mudou, mas manteve a mesma linha de agressividade, porém, com as mudanças nesse novo modelo, deram um certo ar conservador ao Civic, principalmente em função das lanternas traseiras, invadindo sobre a tampa do porta-malas com detalhes transparentes, que acabou não sendo uma mudança muito feliz.

Acessibilidade, transferência e espaço internoNesse quesito, já faz tempo que o Civic prova sua efici-

ência. A altura do Novo Civic é perfeita. A abertura de porta

NovoHonda Civic

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56 teste drive

(ângulo) também é muito boa, e o espaço da entrada satisfaz a necessidade de entrar e sair do carro sem maiores trans-tornos para os cadeirantes. Já para os usuários de muletas, amputados ou até idosos, o fato do carro ser baixo, dificulta um pouco a entrada e saída do veículo. O espaço interno para o motorista também é bom, mesmo depois de instaladas as adaptações. As regulagens de altura do banco do motorista e a coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, também são itens que ajudam e muito para acomodar uma melhor posição de dirigir para a pessoa com deficiência.

Os comandos do painel são bastante acessíveis, com botões e alavancas de fácil manuseio, inclusive do ar-condi-cionado digital. E por falar em painel, o design do novo painel do Civic chama a atenção em seus mínimos detalhes. As luzes e as informações digitais de velocidade e consumo, o computador de bordo e principalmente, a tela da câmera de ré e o avanço entre o motorista e o para-brisa, além de funcio-nalidade, dão ao veículo um ar de modernidade e futurismo inigualáveis. Os comandos no volante ajudam e facilitam a vida do motorista com deficiência, que não precisa tirar as mãos da direção para mudar a estação do rádio, aumentar o volume, atender ao telefone celular ou verificar informações do computador de bordo ou acionar o piloto automático. O Novo Civic também tem uma porção de porta-trecos espa-lhados internamente, o que é bom para acomodar as coisas de forma prática para um usuário com deficiência.

O espaço para interno, não é dos maiores comparado a outros sedans, mas é bom, não só para o motorista, mas

também para os passageiros, inclusive para os do banco de trás, é bastante interessante quando leva no total 4 pessoas. A quinta já sofrerá um pouco mais. Os caronas mais altos sofrerão de qualquer forma, com a cabeça esbarrando no teto no banco traseiro, mas nada que mereça uma nota negativa em função disso. O espaço para aqueles cadeiran-tes mais independentes, que gostam de se virar sozinhos e desmontar e levar a cadeira dentro do carro, também é suficiente. O motorista, se deitar um pouco o banco para realizar essa ação, terá bastante mobilidade e liberdade para executá-la.

Dirigibilidade, visibilidade, conforto e desempenhoA visibilidade no Novo Civic, por ser um sedan, é muito

boa. Agora, pelo fato de possuir uma câmera de ré com um monitor perfeito de 5 polegadas no painel, ele dá a segurança e o conforto que qualquer motorista precisa. Como sempre, o modelo da Honda é extremamente confortável. Macio, silencioso e seguro, ele desliza sobre o asfalto e sofre pouco em estradas mais esburacadas ou de terra, pelo seu eficien-te sistema de suspensão e amortecimento. Nas curvas ou situações mais difíceis, é extremamente estável. O motorista sente o carro colado no chão.

Com motor de 140 cv, o Novo Civic está longe de ser agressivo na direção. Mas é forte na arrancada e bom de retomada, com seu câmbio automático de 5 velocidades. Na versão LXS não existem as “borboletas” para troca de

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teste drive

marchas no volante. Esse e outros itens equipam as versões mais caras do novo modelo.

Gostoso de dirigir, o Novo Civic é além de tudo, econômico. Tanto usando eta-nol como gasolina como combustível. Tanto na cidade como na estrada. Além de tudo, ainda possui o sistema ECON, com um botão localizado do lado esquerdo do painel. Ele ajuda a diminuir ainda mais o consumo de combustível.

Porta-malas: o ponto alto como sempreAqui está um dos pontos altos do carro, sempre ! Enorme, conta nessa ver-

são nova com alguns litros a mais que nas anteriores, em função do estepe ter

características de um pneu realmente provisório, e ser mais fino, dando mais espaço ao porta-malas do que o modelo já possuía. Agora são 449 litros de capa-cidade. Isso faz com que mesmo uma cadeira das grandes, dobráveis, possa ser levada e transportada com folga, tanto inteira como desmontada (sem as rodas). O mesmo ocorre se a cadeira for monobloco. E ainda sobra espaço para

bagagem. Além de grande, no porta-

-malas existem dispositivos que soltam o encosto do banco tra-seiro do carro, ampliando ainda mais o tamanho e o uso do espaço, permitindo, para um cadeirante, por exemplo, levar no porta-malas, além da sua cadeira de rodas, uma cadei-ra de banho desmontada, por exemplo. Esse detalhe é muito interessante, tanto para o usuá-rio com deficiência, cadeirante, como para os familiares.

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Desmistificando aModa Inclusiva

moda e estilo

Olá, desta vez trouxemos Tatiana Rolim, psicóloga, consultora de inclusão social, escritora e cadei-rante há 20 anos quando foi atropelada. Dedica--se à carreira de modelo, entre um trabalho e outro na Agência de Modelos Kica de Castro.

Pelo pouco que expomos, Tatiana é jovem, extrovertida, além de dinâmica e determinada, características estas que associadas a sua vida profissional com uma agenda agitada, resulta no que acontece cada vez mais com as pessoas em geral, independentemente de terem ou não algum tipo de

por Silvia de Castro

deficiência, onde o pouco tempo para administrar uma rotina intensa, exige cada vez mais roupas que contenham as pa-lavras chaves da Moda Inclusiva: praticidade, funcionalidade e conforto.

Como venho trabalhando rotineiramente na produção de peças de vestuário para pessoas com deficiência, percebo a desmistificação desta moda ao utilizar novas tecnologias de produção, novos tecidos, muita criatividade e pequenas adaptações. Sendo assim é possível criar uma moda prática, funcional, confortável e fashion.

• Casaqueto e blusa em malha lisa e estampada• Composição do tecido: 96% viscose 04% elastano

• Calça em malha revestida de uma película de poliuretano em um dos lados• Composição do tecido: 100% poliéster

Características a serem destacadas:

• Devido à elasticidade dos tecidos, o vestir torna-se extrema-mente prático e as peças confortáveis.• A calça possui dois zíperes invisíveis colocados estrategi-camente nos recortes frontais (vide foto n. 3), o que facilita ainda mais o vestir, além do “toque” do tecido desta peça ser extremamente macio e dar a sensação de deslizar no corpo.

1˚ look

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moda e estilo

2˚ look

ERRATANa última edição da REVISTA

REAÇÃO nº 86, pág.81, artigo “Moda e Estilo”, a figura ao lado foi colocada de forma incorreta. Este é o modo certo.

• Vestido, bermuda e mini bolsa em malha estampada.• Composição do tecido: 96% viscose 04% elastano

Características a serem destacadas:

• O elastano do tecido torna as peças confortáveis e extremamente fáceis de vestir.• A bermuda no mesmo tecido e estampa, torna o visual mais discreto, resultando maior segurança quando no uso de vestidos ou saias.• A mini bolsa facilita guardar e usar pequenos objetos, como celular, baton e etc.

Da esquerda para direita:

A estilista de moda Silvia de Castro, a modelo fotográfico

Tatiana Rolim, a make Vivian Genari e a fotógrafa Kica de Castro.

A foto da equipe foi registrada por

Fábio Yamashita da empresa Mãe Es-pecial.

Silvia de Castro é consultora e estilista de

moda, especializada em moda e estilo para

pessoas com deficiência.

Email: [email protected]

Blog: www.estiloterapia.com.br

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ver como elas ficaram satisfeitas com os resultados. Espero conseguir viabilizar o projeto mais e mais vezes”, conclui Malu, que promete mudanças tanto na questão da acessibilidade quanto na planta da feira para a próxima edição.

Acompanhe alguns depoimentos de quem participou:

Jefferson Maia Figueira Artista plástico e pintor exclusivo da Associa-

ção dos Pintores com a Boca e os Pés, esteve os três dias da feira no estande da APBP. Ele sentiu falta de mais expositores e produtos e credita o fato ao “hiato” de seis anos entre a

primeira edição no Riocentro e a de agora: “Numa conversa com minha amiga e secretária Georgette Vidor, sabedora de que esta seria uma difícil empreitada, ela deixou claro que os objetivos foram alcançados e tanto a Prefeitura como a Secretaria estarão empenhadas na próxima edição”.

Douglas AmadorGestor de Esportes da Associação Niteroiense dos Deficien-

tes Físicos (ANDEF): “A participação da ANDEF na Reacess foi maravilhosa, pois além de mostrar algumas das modalidades paradesportivas que desenvolvemos em nosso Centro de Treinamento, nossos profissionais também palestraram sobre esporte, saúde e empregabilidade voltados para a pessoa com deficiência. Ficamos satisfeitos com tudo... Contamos com a parceira de instituições cariocas que ajudaram a manter a quadra sempre em atividade. O sucesso é o resultado de um trabalho feito em tempo recorde entre a equipe da ANDEF, o Grupo Cipa e essas instituições”.

Deborah PratesAdvogada cega, delegada da Comissão de

Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil/Rio, palestrante na Reacess: “Senti falta do piso tátil. Embora Jimmy (cão-guia) me leve, valendo dizer que não pre-

ciso do piso tátil, mas fiquei triste ao perceber que os cegos bengalantes se viram em maus lençóis. A falta de audiodes-crição foi vital para as pessoas cegas. Pelo menos, na entrada, num balcão estrategicamente posto, deveria existir alguns fones em bancada, de modo que, querendo, o cego poderia usar para obter informação/descrição pelo áudio de forma

rio

Aconteceu entre os dias 29 de junho e 01 de julho, no Rio de Janeiro/RJ, a feira Reacess, que teve apoio da Prefeitura da cidade e foi monta-da no Riocentro. Pelo balanço oficial, cerca de 8 mil visitantes e profissionais estiveram no even-

to, com 100 expositores e mais de 50 palestras e seminários. “É com enorme alegria que trago a Reacess para o Rio de Janeiro. A nossa cidade precisava de um evento como esse, que coloca a acessibilidade e inclusão como prioridade. Agora, é trabalhar muito e, quem sabe, colocar a feira no calendário oficial da cidade”, disse na abertura a secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Georgette Vidor.

A feira começou com shows dos cantores Gabrielzinho de Irajá e Milton Guedes. O ator Marcos Frota – que viveu o cego Jatobá na novela América - também marcou presença, assim como 15 atletas do Time Rio Paralímpico, que representarão o Brasil em Londres. Também houve uma roda de capoeira formada por pessoas com deficiência.

A Reacess é uma feira ainda bem menor do que a Reatech em área de exposição, número de expositores e de visitantes. Malu Sevieri reconhece que algumas pessoas ficaram frus-tradas por não encontrar todos os produtos como na feira paulista, já que a quantidade de expositores não é a mesma. Para ela, se for comparada com a primeira feita realizada em São Paulo, o resultado foi muito bom. Os organizadores acreditam que a feira do Rio tem todas as condições para se firmar como evento anual: “Precisamos de apoio dos exposi-tores porque não é fácil começar um projeto, mas estamos trabalhando bastante nisso, pois o público é bem carente”, afirma Malu. Ela reconhece que algumas coisas devem mudar na próxima edição, principalmente em relação à acessibilida-de. Para a próxima já há várias ideias para melhorias. “Eu me surpreendi muito com a receptividade das pessoas no Rio e

Reacess volta ao Rio de Janeiro depois de 6 anos!

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global. Integrar é bem distinto de incluir. Nessa Reacess o cego estava integrado, contudo, não incluído como deveria. O saldo global foi positivo. As faltas acima não tiraram a im-portância do evento”.

Nena GonzalesDiretora executiva do Instituto Novo Ser, que

teve estande montado, palestra e jogo/exibição do 1º Time de Futebol em Cadeira de Rodas da América do Sul, o Arouca Novo Ser: “Para nós foi uma honra e uma grande oportunidade

mostrar nossos projetos nessa feira tão conceituada. É impor-tante apresentar e disseminar os trabalhos que as instituições realizam, bem como as soluções em tecnologia e ferramentas atuais para melhorar o dia a dia da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Temos certeza que a próxima edição será um grande sucesso e uma conquista para o Rio de Janeiro”.

Jeane FerrazMãe de criança com Síndrome de Edwards:

“Esta feira é também um espaço rico de troca de conhecimentos e de experiências, demons-trando que o ser humano pode transpor dificul-dades e ser, de fato, um sujeito com capacidade

para mudar a realidade. Fiquei muito emocionada e feliz em participar pela primeira vez e iniciar uma rede de contatos com pessoas deste Brasil afora. Foi lindo e emocionante ver um coral de surdos-mudos; o balé de cadeirantes; o voleibol com homens amputados; o futebol com cadeirantes; os me-ninos e meninas capoeiristas. Sem falar no cinema com uma perspectiva inclusiva e os pintores com pés e boca. Enfim, voltei da feira com mais ânimo e esperança!”

Mário FernandesPresidente da Associação de Apoio às Pesso-

as com Deficiência da Zona Oeste - RJ (ADEZO): “Tenho certeza que a Reacess conseguiu seu objetivo de mostrar ao público o que há de mais moderno e atual no que diz respeito aos

serviços, produtos e equipamentos voltados para reabilitação, acessibilidade e inclusão social não só para pessoas com de-ficiência como também para os idosos e obesos. A Reacess também é uma excelente oportunidade de conhecermos pessoas identificadas com as nossas bandeiras e essa apro-ximação sempre traz benefícios a todos. Nosso estande atraiu muito o público presente...”

Monique PassosConsultora de negócios da Otto Bock Clinical

Center: “Foi com grande satisfação que partici-pamos desse evento tão importante. Tivemos um estande com vários atendimentos, voltados

para órteses, próteses e as cadeiras de rodas. Vale comentar sobre a Cadeira de Rodas Blizzard que foi a mais cobiçada por permitir a máxima personalização com múltiplas combinações e regulagens. Neste ano trouxemos também os lançamentos: pé em fibra de carbono Tritton, para a prática de esportes, e a prótese de banho Aqualine. Os usuários ficaram surpresos com tanta tecnologia e informação. E o mais interessante é que, além da questão comercial, podemos reencontrar nosso paciente e também os profissionais de saúde e apresentar as novidades em soluções”.

Valério CâmaraGerente geral da Seat Mobile do Brasil, Indús-

tria Brasileira de Cadeiras de Rodas e Scooter Motorizados: “Tivemos dúvidas sobre a partici-pação na Reacess, pois a divulgação local do evento acabou não sendo adequada. Muitos

contatos e clientes que temos no Rio acabaram sabendo da feira por nosso intermédio. Decidimos ir e colhemos bons resultados... Quanto à infraestrutura, o pavilhão é bastante espaçoso, mas ficou de fora o acionamento do sistema de ar condicionado e exaustão forçada, que fez muita falta ao usuários, pois o calor prejudica muito tanto os visitantes, prin-cipalmente os cadeirantes, mas também os expositores. Pela natureza da feira, que é voltada a pessoas com deficiência, a infraestrutura de transporte pode ser melhorada, pois o Rio-centro fica em Jacarepaguá e a disponibilidade de transporte especial é vital para visitação do publico, o que garante o sucesso da feira. A Seat Mobile pôde apresentar sua linha de produtos motorizados a clientes potenciais novos, um público que demandava novidades...”.

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6464 política

Não é todo dia que se vê uma pessoa com defici-ência ocupando um car-go público de expressão e principalmente, eleito

pelo povo. A cada ano que passa é mais comum vermos pessoas com as mais diferentes deficiências concorrendo a vagas de deputados estaduais, fede-rais, vereadores... mas para concorrer a prefeituras, governos de estados e presidência da República, num país onde ainda há o preconceito presente na maioria da sociedade, é preciso, no mínimo, coragem e espírito público.

E na cidade maravilhosa, cantada em verso e prosa por poetas do mundo in-teiro... um dos cartões postais do Brasil, se não for o principal deles, terá neste ano de eleições municipais, um cadei-

rante concorrendo à prefeitura, como vice-prefeito. Trata-se do advogado Geraldo Nogueira, 53 anos, morador do bairro de Copacabana.

Ele é membro do Conselho e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RJ. Na verdade, Geraldo é mi-neiro de nascimento. Nasceu em Belo Horizonte/MG e é formado em Direito pela Faculdade Brasi-leira de Ciências Jurídicas, tendo feito doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade do Museu Social Argentino. Se mudou para o Rio de Janeiro em 1986, para tomar posse em cargo do Departamento de Polícia Federal, por ter sido aprovado num concurso em sua cidade natal. Em 1990, em férias em sua cidade de origem, sofreu um acidente de carro e fraturou a coluna, tendo como sequela uma lesão medular, o que causou a paraplegia.

A partir de então, passou a usar uma cadeira de rodas, e não desistiu de seus sonhos. Investiu seu potencial nos estudos jurídicos, principalmente, voltados para defesa dos direitos humanos. Esta atitude lhe serviu de referência para outros en-

frentamentos diante da vida. Ele define esse momento de mudança, da seguinte forma: “a deficiência vem como um tra-tor na contra mão, te forçando a mudar de direção, a buscar novos rumos. Se apresenta sem perguntas, sem respostas e terminativa. Ela se instala de forma concreta, irrefutável, impondo à convi-vência”, comenta o candidato.

Geraldo passou a ser ativista do Mo-vimento de Vida Independente e a lutar por direitos humanos. Foi assessor jurí-dico e Diretor Executivo do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio), por 10 anos, é fundador e foi Diretor Jurídico no Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente (CVI--Brasil), por dois mandatos. Também foi Vice-Presidente para América Latina, da Reabilitation International, debatedor em Programa da Rádio Tupi, corregedor do Conselho da Criança e do Adolescente do Município do Rio de Janeiro (CMD-CA) e Vice-Presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro (SSDPFRJ).

Entre suas lutas pela causa, Geraldo Nogueira também promoveu ação civil pública, pelo CVI-Brasil, contra o Estado do Rio de Janeiro, para garantir o cumpri-mento da Lei estadual nº 4.304/2004, de autoria do então Deputado Estadual Otavio Leite – hoje deputado federal e candidato a prefeitura do Rio de Janeiro pela mesma chapa que Geraldo é vice - para fazer valer a inserção de legenda e de intérprete de sinais nas campanhas estaduais de prevenção a doenças. A sentença, confirmada em segunda ins-tância, determina a inserção de legendas e intérprete de sinais nas campanhas feitas pela TV. Também atua como ad-

Rio de Janeiro pode dar exemplo de inclusão !

Uma das cidades mais conhecidas do mundo pode ter um vice-prefeito cadeirante...

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política

vogado assistente na ação civil pública promovida pelo CVI-Rio, contra o Metrô Rio, para garantir acessibilidade a todas as pessoas com deficiência ou dificuldade locomoção às estações do Metrô. O processo encontra-se em fase de execução e a empresa providenciou as alterações e adaptações em todas as estações, incluindo a alocação de elevadores ou plataformas elevatórias e pisos dife-renciados para deficientes visuais. Estes são alguns exemplos da atuação na causa das pessoas com deficiência, mas suas atividades profissionais não se restringem a estas causas, abrangendo outras áreas do Direito.

Em 1997 a Associação dos Ostomizados do Rio de Janeiro, certificou sua inestimável dedicação em prol da cidadania da pessoa com deficiên-cia e patologia. Em 2000 foi homenageado pela Associação dos Bombeiros – ASBOM e recebeu “Moção de Congratulações” da Câmara Municipal do Rio de Janeiro por sua atuação no SSDPFRJ. Em 2006 recebeu da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro (Astra-Rio), reconhecimento por sua participação no combate a discriminação e exclusão de homossexuais no Rio de Janeiro. Em 2008 e 2010 recebeu homenagem da Câmara Municipal de Mesquita, por sua eficácia no combate a exclusão da pessoa com deficiência. Em 2011 foi nomeado membro da Comissão Mul-tiprofissional para o XLIII Concurso para ingresso na Magistratura de Carreira do Estado do Rio de Janeiro e, este ano de 2012, Geraldo foi indicado para o Prêmio Nacional de Direitos Humanos e concorreu com personalidades de diversas áreas sociais de todo o Brasil. E dentre outras coisas, é articulista da REVISTA REAÇÃO há mais de 10 anos.

Não será fácil, mas caso os candidatos Otávio Leite (prefeito) e Geraldo Nogueira (vice-prefeito) vençam as eleições no Rio de Janeiro/RJ, a cidade que já é maravilhosa, dará uma demonstração de cidadania e de inclusão para o Brasil.

Aumenta o número de candidatos com deficiência nas cidades brasileiras !!! O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu até meados de julho 15.318 pedidos de inscrição para candidatos que concorrerão à vaga de Prefeito, e 436.416 para concorrer às vagas de vereador. Isso não significa que todos irão concorrer porque poderá haver impugnações. De qualquer forma, não há nenhum balanço oficial no TSE, nem nos tribunais regionais e nem entre os partidos sobre quantos são, efe-tivamente, os candidatos às próximas eleições que possuem algum tipo de deficiência.A percepção é de que esse número efetivamente aumentou, inclusive com candidatos a prefeito, como é o caso da então deputada federal, Rosinha da Adefal (PT do B de Maceió/AL, cadeirante), e Santos Fagundes (PT de São Sebastião do Caí/RS, cego). Também há dois postulantes à vice-prefeitura com deficiência física, ambos no Rio de Janeiro: Geraldo Nogueira (PSDB) e Marcelo Yuka (PSOL). Muitos candidatos sem deficiência incluíram em suas plataformas políticas e reivindicações do segmento.Vários municípios contam com candidatos a vereador com deficiência. Nossa redação tentou levantar todos, em todo território nacional, mas foi impossível, devido ao grande número de candidatos e à falta de informação dos partidos e do próprio TSE. Mas alguns nomes impor-tantes foram levantados em suas cidades, acompanhem: Alguns candidatos a Vereador com deficiênciaem São PauloCAPITAL: Valdir Timóteo Leite (PRP - cadeirante); Paullo Vieira (PHS - surdo); Amarildo (PRP - deficiência física); Isaías Dias (PT - deficiência física).RIBEIRÃO PIRES/SP: Nailde (PSDB - deficiência física)GUARULHOS/SP: Pezão (PT - deficiência física); Paulinho Souza (PRP - deficiência física); José Armando Primo (PSC - deficiência física); Deinha (PSL).SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP: Flávio Henrique (PT - cego)VALINHOS/SP: Vagner Alves (PSDB - deficiência física)PIRACICABA/SP: André Bandeira (PSDB - deficiência física) Alguns candidatos a Vereador com deficiência em outras cidades do BrasilRIO DE JANEIRO/RJ: Deborah Prates (PSDB - cega); Fabinho Fer-nandes (PTC - deficiência física)ESPERANTINA/PI: Agnaldo Sampaio (PSL - cego)CARUARU/PE: Fernando Neves (PHS - deficiência física)BELO HORIZONTE/MG: Sandro Valdez (PV - deficiência física)JUIZ DE FORA/MG: Thais Altomar (PMN - deficiência física)PORTO ALEGRE/RS: Giselli Hubbe (PPS - cega); Paulo Brum (PSDB - deficiência física); Adilso Corlassoli (PT - cego); Pedro Loss (PT - surdo).NOVO HAMBURGO/RS: Amanda Sobucki (PC do B - nanismo)CANOAS/RS: Eri Domingos (PT - cego)BEZERROS/PE: Sérgio Diego França (PT - cego)

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ABRIDEF participa da FEIRA + FÓRUM REABILITAÇÃO

A Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência (ABRIDEF) estará com um estande na Reabilitação Feira + Fórum, entre 15 e 17 de agosto, no Palácio das Convenções do Anhembi - com um estande na rua A –

nº 33 - na capital paulista, onde ficará à disposição dos profissionais que quiserem conhecer seu trabalho nesses pouco mais de 2 anos de atividade em defesa do desenvolvimento do setor.

No dia da abertura, às 19 h, no auditório 8, o presidente Rodrigo Rosso fará uma palestra sobre o “Selo de Qualidade ABRIDEF”, iniciati-va pioneira de auto-regulação, lançada no último mês de abril, durante a Reatech e reapresentado durante a feira Hospitalar em maio. Após a apresentação, será servido um coquetel aos presentes no local.

Idealizado a partir da necessidade de profissionalizar um mercado que movimenta R$ 3,5 bilhões ao ano, e que contempla mais de 7.500 empresas, a certificação se dará de forma voluntária. As empre-sas – de produtos e serviços para PcD - deverão cumprir as normas estabelecidas nacional e internacionalmente e se submeterem à análise de órgãos certificadores e laboratórios credenciados. “Nosso setor precisa se modernizar mas de forma ordenada e ética, seguindo normas e padrões. Nossos produtos e serviços são responsáveis pela qualidade de vida de seres humanos e isso requer respeito e responsabilidade, que vão desde a fabricação do produto até o ponto de venda e o atendimento ao cidadão com deficiência, mobilidade reduzida, idosos e seus familiares”, afirma o presidente da ABRIDEF.

O plano prevê várias fases. A primeira, de implantação, levará 4 anos. As empresas poderão pleitear a certificação de produtos como: aparelhos auditivos convencionais, cadeiras de rodas manuais e motorizadas, componentes para próteses e órteses, lupa eletrônica e manual, e plataformas residenciais e veiculares. A lista foi escolhida, nessa primeira etapa, porque envolve produtos que o Governo mais licita e compra. Na fase inicial também poderão pleitear a certificação empresas de serviços, como: consultorias em acessibilidade, lojas de produtos e equipamentos médico-hospitalares, além de oficinas ortopédicas.

A ABRIDEF será encarregada de elaborar as normas que deverão

ser seguidas e credenciar os laboratórios e empresas certificadoras. No primeiro momento, a associação irá subsidiar parte dos recursos que seus filiados necessitarão para participar do processo, com recursos buscados junto ao governo federal. A entidade está buscando apoio financeiro do governo federal, com recursos do Plano “Viver sem Limite”, para a realização do processo inicial, que após a primeira etapa, deverá ser auto-sustentável.

Rodrigo Rosso também participará como convidado e palestrante do painel “O Desenvolvimento do Mercado de Tecnologia Assistiva no Brasil”, dentro do 4° Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência, uma realização da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPcD). Será no dia 17 de agosto, às 11h30, onde serão debatidos temas como o tamanho desse mercado no país; seu potencial de crescimento e impacto junto à sociedade; os entraves atuais; como dinamizar o de-senvolvimento da cadeia produtiva e o que deve mudar nas políticas públicas e regulatórias vigentes. Também participarão desse debate Alexis Muñoz, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Assis-tiva (ABTECA), Hélio Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), Marco Antônio Pellegrini, secretário adjunto da SEDPcD e Wilson Zampini, presidente da Otto Bock América Latina.

“A atual exposição positiva na mídia, o sucesso das pessoas com deficiência nos esportes, nos meios artístico e político, faz com que vivamos um momento especial, de ação nesse setor. Afinal, falamos de uma fatia considerável da economia e que tem por obrigação se posicionar no mercado como tal. Nesse sentido, a indústria e a prestação de serviços especializados - tecnologia assistiva - devem buscar o seu reconhecimento e sua força”, afirma Rosso. Para o presi-dente, muita coisa precisa mudar em relação ao setor, principalmente políticas públicas e questões tributárias que oneram os produtos e tornam a tecnologia e a qualidade de vida distantes da maioria. “O Governo tem grande papel nessas possíveis e futuras mudanças, mas cabe à sociedade organizada e às entidades de classe assumirem seu papel e, além de exigir, orientar as ações governamentais e também a população em geral”, garante o presidente.

Cadeiras de rodas serão avaliadas pelo INMETROO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INME-

TRO) avaliará 8 marcas de cadeiras de rodas escolhidas entre as 32 empresas fabricantes existentes no mercado brasileiro. Dois modelos de cada fabricante participarão do projeto, levando-se em conta um preço médio, acessível a grande parte dos usuários.

O estudo será feito dentro do “Programa de Análise de Produ-tos” da isntituição, criado em 1995. “O Programa tem o intuito de fornecer ao consumidor dados e fatos para fazer uma boa aquisição de produtos e serviços”, explica Isabela Wanderley Alves, da Divisão de Orientação e Incentivo à Qualidade. O INMETRO comprará as cadeiras no mercado e enviará para testes no Centro Tecnológico do Mobiliário (SENAI/CETEMO), localizado em Bento Gonçalves/RS, único laboratório habilitado para os ensaios no país. A previsão é que os resultados sejam apresentados em até 4 meses.

As cadeiras deverão estar em conformidade com algumas de-terminações da norma ABNT NBR ISO 7176:2009, até porque ela

Selo de Qualidade será apresentado mais uma vez !

A ABRIDEF participou com um estande representando seus associados na feira Reacess, no Rio de Janeiro/RJ, entre os dias

29 de junho e 01 de julho, no Riocentro.

Valério Camara, Dep. Federal Otávio Leite e Mara Di Maio

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www.abridef.org.br

ainda não foi totalmente traduzida para o português. Entrarão no estudo itens como: estabilidade, freios, apoio para pés e aros de impulsão, entre outros.

Isabela apresentou o projeto oficialmente em São Paulo, em 19 de julho, aos membros da ABRIDEF, em reunião na Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista. O órgão fez questão de deixar claro que as análises conduzidas pelo Programa não têm caráter de fiscalização nem de certificação. “O fato de um produto ou serviço analisado estar ou não de acordo com as especificações contidas em regulamentos e normas técnicas indica uma tendência em termos de qualidade”, afirma a representante da diretoria do INMETRO. Para ela, as análises são uma “fotografia” da realidade, pois retratam a situação do momento.

Os resultados das provas serão en-caminhados aos fabricantes envolvidos que poderão se pronunciar a respeito e até mesmo pedir uma nova avaliação. Os laudos também serão encaminha-dos à ABRIDEF e para a Agência Nacio-nal de Vigilância Sanitária (ANVISA), e posteriormente, divulgados à opinião pública pela imprensa, como o INME-TRO costuma fazer com vários produtos analisados. Normalmente o canal de mídia utilizado para divulgação de testes do órgão é o programa Fantástico, da Rede Globo.

O presidente da ABRIDEF, Rodrigo Rosso, apoia a iniciativa e colocou a entidade à disposição do INMETRO, que prontamente reafirmou a parce-ria já existente entre as duas entida-des. Rosso salientou, porém, que a associação acompanhará de perto as ações do órgão nesse programa de análise, para evitar possíveis equívo-cos que possam colocar em dúvida a qualidade de fabricantes de renome e com responsabilidade em relação ao consumidor, pela forma que esse trabalho será conduzido pelos técnicos do INMETRO e por ser, este tipo de produto, muito delicado e este ser um mercado cheio de peculiaridades que podem fugir dos parâmetros técnicos utilizados pela instituição. “Cadeiras de rodas são produtos muito específicos e com poucas orientações em suas normas, que ainda não foram total-mente finalizadas”, justificou Rosso. Ele lembrou que a associação, que tem

dois anos de atividades, já desenvolve o projeto do “Selo de Qua-lidade” para produtos e serviços, em parceria com um dos princi-pais certificadores do país (o mesmo instituto que desenvolveu e coordena até hoje o Selo da ABIC do café, dentre outros de grande importância e em parceria com outras associações representativas de setores no país).

A técnica do INMETRO fez questão de retificar perante todos os presentes, o apoio incondicional e a parceria do órgão à iniciativa do setor e da ABRIDEF, para se auto-regular, até porque o órgão não precisa interferir na regulamentação, o que poupa tempo e facilita a tramitação. E também porque todo esse processo será feito respeitando critérios do próprio INMETRO e com base em normas nacionais e internacionais.

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Aconteceu comigo...Acredite se quiser...

crônica

Como uma “Maria de Ro-das”, estive em Vitória/ES no final de junho, e tive um desentendimento com a companhia aérea TAM,

porque eles realmente desconhecem os procedimentos para embarque de PcD e ainda tem uma norma interna que restringe número de cadeirantes sem acompanhantes para os voos... Enfim, isso é um dos problemas, mas vamos trabalhar para tornar claro o tema para que não se repita.

Não bastasse a situação da aeronove, com exatos 2 meses, antecipadamente, acertei minha ida para a REACESS, feira que aconteceu no Riocentro, no Rio de Janeiro/RJ em final de junho, começo de julho. Já tinha hospedagem reservada num hotel para dois cadeirantes (eu e outro expositor que participaria também do evento). Ao chegarmos na Pousada Mansão Riocentro, na Estrada dos Bandeirantes – o hotel que me referi - que segundo os contatos telefonicos prévios ao evento, nos foi garantido que tinha acessbilidade: banheiro adaptado, ram-pas, estacionamento e afins, para quem entende de acesso, fui surpreendida com uma situação trágica... cômica, se não fosse trágica.

Estávamos em dois cadeirantes e apenas uma “andante” para nos auxiliar no evento, durante a REACESS. Ao chegar-mos na tal “Pousada Mansão Riocentro”, qual não foi nossa surpresa ?!? O dono da pousada, Sr. Francisco, nos atendeu de forma indignada... Segue nosso diálogo e divirtam-se com a indignação, após a subida de uma extensa rampa de elevação, bastante questionável:

- Sr. Francisco: Nossa, dois cadeirantes ?- Tatiana Rolim: Sim... já tínhamos informado. Inclusive já

quitamos a estadia e tínhamos avisado das nossas necessi-dades para o quarto adaptado, ele esta ok ?

- Sr. Francisco: Não ele já está acomodado com outro cadeirante.

- Tatiana Rolim: E agora ? Mas só tem um quarto adaptado ?- Sr. Francisco: Não posso fazer nada ? Você não anda ?- Tatiana Rolim: Não, eu não ando há 20 anos ! - Sr. Francisco: Pra ir para o outro quarto só subindo

aquela escada.

Dei uma leve olhada para a escada, associei os degraus a idade dele, a altura e o peso do sujeito, que tinha aproximada-mente uns 65 anos, e mais uns de bônus pela má vontade e péssima qualidade de atendimento da Pousada, somando tudo chegava a uns 80. E ponderei:

- Tatiana Rolim: Poxa vida, eu não subo a escada, estamos em dois cadeirantes e só minha amiga sozinha, não pode aju-dar... O senhor também não consegue ?

Como se eu o tivesse afrontado, ele tentou me levar sozinho, mas não aguen-tou. Falou que então, se eu quisesse, po-deria dormir na sala !

- Tatiana Rolim: Como assim, na sala ? Estamos a trabalho no Riocentro. O senhor sabe que pode-ríamos, inclusive, tentar lhe propor uma parceria para que o seu hotel pudesse atender algumas normas de acessibilidade, para que em todos os anos que eu e outros cadeirantes que viessem aqui, ficassem no seu hotel, mas pelo jeito o senhor não deseja nossa estadia aqui.

E grosseiramente ele respondeu: - Sr. Francisco: Eu não pretendo me especializar em cadei-

rantes.

Nossa !!! Fiquei enfurecida pela resposta dele. Ataquei-o com as mesmas possibilidades:

- Tatiana Rolim: Tudo bem que o senhor não queira cadeiran-tes por aqui... é uma pena, porque temos os mesmos direitos e eu só estava propondo que, apesar de não ter acesso, coisa que o senhor nos disse que tinha por telefone, em propaganda engonosa, só queria que tivéssemos pelo menos, um bom aten-dimento. O senhor sabia que um dia o senhor mesmo poderia precisar de uma cadeira de rodas ? O senhor já é um idoso e pode precisar. Inclusive, se precisar, e o seu hotel não estiver adaptado, não poderá chegar aqui sequer para vir trabalhar.

- Sr. Francisco: Se os senhores não estão satisfeitos, podem ir embora...

- Tatiana Rolim: Não, não estou realmente satisfeita, esperava

por Tatiana Rolim

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crônica

Tatiana Rolim é psicóloga, escritora e consultora em inclusão social e autora dos livros “Meu Andar Sobre Rodas” e “Maria de Rodas – Delícias e Desafios na Maternidade de Mulheres Cadeirantes”.

pelo menos boa vontade de sua parte, já que não temos o acesso que o senhor mesmo nos prometeu.

Diante da nossa calorosa discussão, e eu na minha empreita-da de ainda tentar ver uma luz no fim do túnel daquele cidadão tão rígido, que parecia um comparsa de Hitler na missão de extermínio daquilo que – na concepção dele - não servia para a humanidade, de repente ouço um rangir de portas. Quando olho para trás, um casal saindo do quarto que, supostamente, seria o apresentado para nós como o único “adaptado” da pousada.

Dele, saiu um rapaz jovem, bonito e magro... e amputado de uma perna só, apoiado nas suas muletas canadenses, acompa-nhado de sua namorada (sem deficiência), e seguiram para o lobby para tomar café. Se quer imaginavam o teor do assunto naquela recepção, mas pelos ruídos da discussão, passaram e seguiram rumo a mesa que nem era das mais fartas...

Ao fim da discussão, não teve jeito, partimos para outra pousada. Fui direto para o evento trabalhar, mas já pensando no que me esperava na outra vez que fosse ao Rio ou a qual-quer lugar onde eu e outros tantos cadeirantes precisassem se hospedar por esse Brasil afora.

Até lá, podemos compreender que, de certa forma, ainda existam pessoas como tal do Sr. Francisco, da Pousada Man-são Rio Centro, e isso em todos os lugares: no mercado de

trabalho que não cumpre a Lei de Cotas, na educação onde escolas impedem o acesso dos alunos com deficiências... ou da situação de negros também nos aviões, de indígenas em espaços diferentes, enfim... e de hóspedes como nós, cadeirantes, que só queríamos um quarto acessível para descansar depois de uma longa viagem.

Por outro lado, ainda temos que entender que, de fato, o homem em questão possivelmente não conhece o significado das palavras, mas sobretudo, enquanto não há “acessbilidade”, precisaria pelo menos haver educação e boa vontade, já que solidariedade e respeito possi-velmente não fazem parte desta identidade do tal do Sr. Francisco !

Ainda tenho fé e esperança, e a certeza, que vamos mudar tudo isso... Obrigado a todos por compartilharem dessa história.

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Hotéis paulistas buscamSelo de Acessibilidade!

acessibilidade

O projeto foi lançado, oficial-mente, em junho, durante a Feira de Negócios para o Setor Hoteleiro (FISPAL), e faz parte do Programa de

Acessibilidade e Inclusão Social da Associa-ção Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH/SP), apresentado na mesma oportunidade. O Selo será concedido por meio de uma parceria entre a entidade e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A proposta é oferecer ao merca-do hoteleiro e de turismo um programa de informação e orientação visando a eliminação de barreiras arquitetônicas e de comunicação nas edificações destinadas à hospedagem, que culminará na concessão da certificação aos em-preendimentos que estiverem de acordo com as especificações.

A ideia começou a ser gestada no Seminário Paulista de Acessibilidade e Cidadania, realizado em março passado, na cidade de Socorro/SP, que teve o apoio da ABIH/SP. Edison Passafaro, instrutor do curso de acessibilidade da ABNT, ex--secretário-executivo da Comissão Permanente de Acessibilidade da Prefeitura de São Paulo (CPA) e que já prestou consultoria aos Ministérios do Turismo e das Cidades, entre outras atividades na área, levantou o assunto na ocasião e agora foi escolhido como coordenador do Progama de Acessibilidade.

Existe apenas um hotel no Brasil certificado pela ABNT, de acordo com a NBR 9050, editada em 2004: o Campo dos Sonhos, em Socorro/SP, que recebeu o Selo em 2010. Para Bruno Omori, presidente da ABIH/SP, outros estabelecimentos não pediram certificação até por falta de conhecimento, daí a necessidade do programa, incluindo várias fases, que culminará na obtenção do Selo. “Já começamos a fazer uma pesquisa com os associados para saber como é a acessibilidade nesses

locais”, conta Omori, que espera ter os questionários respondidos e analisados dentro de três a quatro meses. “Depois produziremos material explicativo com as normas de hotelaria e turismo e faremos campanhas educacionais”, completa.

A ideia é que toda a cadeia seja atin-gida, não só os estabelecimentos, mas também funcionários, fornecedores de produtos - que já começaram a ser ca-dastrados - e até os próprios turistas. Ins-trutores capacitados farão visitas técnicas ajudando na total adequação dos locais

para que todos se adaptem e possam pleitear o Selo.O presidente afirma que estão abertos a parcerias com outros

setores, como parques e restaurantes. Para ele, não só pessoas com deficiência serão beneficiadas, mas também idosos, pes-soas com mobilidade reduzida e até condutores de carrinhos de bebê. Para ele, a ABIH nacional está bastante interessada em conhecer os resultados da experiência paulista para expandir ao resto do país.

A participação da ABNTAntonio Carlos Barros de Oliveira, gerente-geral de Certificação

da ABNT, acredita que, com a iniciativa, mudou a visão do setor hoteleiro porque a acessibilidade está sendo, cada vez mais, procurada por turistas internos e externos: “Houve uma visão diferenciada para um mercado extremamente promissor”, afirma. Ele considera que o setor visualizou um nicho de mercado e uma possibilidade de negócios e que haverá um crescimento de demanda, já que existe uma conscientização e uma necessidade real. “Estamos plantando uma ideia, fazendo uma construção para um futuro próximo”, assegura Oliveira, que já foi procurado pela ABIH-Rio para conversar sobre o tema.

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Especial

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Megacidades Acessíveis:um sonho possível ?

O Brasil é signatário da Convenção sobre os Di-reitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que tem como objetivo “promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de

todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.” O Decreto Federal 5.296, de 2004, também estabelece uma série de regras à arquitetura quanto à acessibilidade segundo o conceito do “Desenho Universal”, em especial às pessoas com deficiência.

Vamos ver na prática, o que se tem feito nas metrópoles brasileiras...No dia 16 de Novembro de 2011, o IBGE divulgou os

primeiros resultados do Censo Demográfico de 2010 relativos aos temas pesquisados no inquérito da amostra: deficiência, nacionalidade, estado conjugal e maternidade precoce, dentre outros.. Como afirma o IBGE: (Notas Técnicas, Resultados Preliminares da Amostra, IBGE, 2011) somos 45 milhões de brasileiros com deficiência.

Considera-se portanto, 23,9% da população com algum tipo de deficiência e isto impacta, especialmente, na interação e utilização do espaço construído, que não considera esta população.

Também segundo o Censo, São Paulo conta com uma população de 11.244.360 habitantes, ou seja, é uma mega-lópole... enfrenta uma série de problemas e um dos piores é ser uma cidade deficiente...

A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, reconhece a deficiência como o resultado da interação entre as pessoas com deficiência e as barreiras de atitudes e ambientais que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Isso fica claro e evidente em grandes centros urbanos, como São Paulo.

A mobilidade urbana em todas as suas esferas é prejudi-cada, devido a um crescimento desordenado. Vamos analisar todas as esferas de mobilidade: edifícios de comércio, serviços e habitação, e sua relação com a acessibilidade.

CalçadasQualquer pedestre em São Paulo/SP sabe a dificuldade

que é andar em nossas calçadas – imaginem cadeirantes (rodestres), pessoas empurrando carrinhos de bebê, idosos,

pessoas com deficiência visual, entre outros… Vale a pena lembrar que mais de 30% dos deslocamentos na região metropolitana de São Paulo são feitos a pé, de acordo com a pesquisa Origem e Destino do Metrô de 2007. São 23 milhões de viagens diárias apenas na capital paulista.

Dificilmente um modelo de gestão privada e individual das calçadas dará conta de enfrentar o problema. Uma calçada segura e confortável para os pedestres tem que ser parte integrante de um sistema geral de circulação da cidade, que historicamente cuidou do chamado leito carroçável, onde andam os veículos, mas nunca cuidou dos pedestres e ciclistas. E não é a soma de pedacinhos picados de tre-chos de rua – interrompidos aqui e ali, entrecortados por guias rebaixadas, nada uniformizados do ponto de vista do revestimento, desenho e implantação – que vai resolver o problema. O Censo 2010 mostra que o Brasil segue muito atrasado no quesito acessibilidade. Somente 4,7% das vias urbanas contam com rampas para cadeirantes. É neste ponto crucial que devemos trabalhar, para que este sistema urbano seja adequado a todos. Os exemplos de acessibilidade im-plantados na capital paulista, executados pelo poder público, são a Avenida Paulista, Faria Lima, Oscar Freire, entre outros.

Avenida Paulista

Transporte UrbanoSe locomover em transporte público em São Paulo ainda

é um desafio. O maior problema que vejo hoje é em relação aos veículos, aproximadamente 50% da frota adaptada, mui-tos ainda com elevadores, o que acaba sendo um recurso de acessibilidade mais lento e não no contexto de desenho universal, ou seja, que atenda ao idoso e pessoa com mobi-

por Silvana Cambiaghi

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lidade reduzida e, ainda pior, sua superlotação. Foram aprovados três tipos de veículos acessíveis: piso

baixo, plataforma alta com embarque em nível e veículo convencional com elevador, ressalvando-se na norma que o último tipo só deveria ser utilizado quando não fosse possível a implantação dos dois primeiros. E é justamente em torno do alcance dos termos “ser ou não ser possível” que a discussão deve ser colocada. Todos os terminais de transporte coletivo em São Paulo possuem projeto para melhoria da acessibi-lidade. Alguns ainda estão sendo desenvolvidos e muitos deles já estão implantados. O Metrô-SP, mesmo já contando com escadas rolantes e pisos táteis nas plataformas, está im-plantando elevadores, na maioria das estações, mesmo que de uso restrito e com pequenas dimensões para a grande demanda de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Outros meios de transporte naturalmente acessíveis até em cidades europeias onde foram implantados, devem ser as novas opções: BRT - corredores exclusivos de ônibus, ou Bus Rapid Transit – como o VLT – o metrô leve de superfície, versão repaginada dos antigos bondes, ou Veículo Leve sobre Trilhos – têm suas peculiaridades e diferem em termos de custo, impacto ambiental, articulação com a cidade e outros aspectos, apesar de, segundo os especialistas, terem surgido de um conceito bastante parecido.

VLR – Centro de Padova - Itália

Ônibus intermunicipal, rodoviário e de fretamentoPodemos dizer que este tipo de transporte hoje chega a

ser um insulto, pessoas com deficiência deveriam ir ao PRO-CON cada vez que tivessem que passar por uma situação desta, pois podemos ver ônibus rodoviário circulando com o adesivo de acessibilidade, mas eles não possuem elevador, o cadeirante entra no ônibus carregado através de uma cadeira de transbordo, quando elas existem, e apenas nos terminais.

O pior é atualmente, com base nas informações iniciais das NBRs 15320 e 14022, para que as transportadoras recebam o Selo de Acessibilidade do INMETRO é necessário que as mesmas contatem os Organismos de Inspeção Acreditados de

forma a realizar as inspeções após efetuarem as adaptações previstas pelo INMETRO, a saber:

• Para veículos rodoviários novos: passagem em nível, dispositivo de acesso instalado na plataforma de embarque interligando-a ao veículo, dispositivo de acesso instalado no veículo, rampa móvel colocada entre veículo e plataforma, plataforma elevatória ou cadeira de transbordo.

Para o INMETRO essa cadeira de transbordo é acessibilidade, como cons-ta na portaria do INMETRO n° 290, de 26/07/2010, que permite os ônibus rodoviários usarem o adesivo internacional de acessibilidade por terem a cadeira de transbordo nas rodoviárias. Teríamos ain-da como recurso que as licitações para a aquisição dos ônibus vedassem esta forma de acesso como foi feito pela SPTuris em São Paulo para a contratação de ônibus de fretamento do “Natal Iluminado”: a licitação exigiu que a em-presa tivesse o ônibus com plataforma elevatória, e os passeios têm sido um sucesso desde 2011.

Táxi AcessívelTáxi Acessível é um serviço especializado no transporte de

pessoas com mobilidade reduzida que possuam sua própria cadeira de rodas. Os veículos são adaptados com plataformas de acionamento totalmente eletrônico, de acordo com os requisitos da Secretaria Municipal dos Transportes da cidade de São Paulo. Porém, com pouco mais de 30 táxis para uma megacidade como São Paulo, mudanças devem ocorrer para ficar adequado para os usuários com deficiência e para os taxistas. Será necessária uma nova ampliação da frota de táxis em circulação na cidade e que estes veículos pudessem atender chamadas imediatas, como qualquer outro veículo atende os demais usuários.

Comércio e ServiçosAs leis brasileiras garantem o direito de “ir e vir”, porém o

que encontramos na prática ?Vivenciamos em uma pequena volta no quarteirão de

qualquer área comercial, lojas e serviços que impedem a

Ônibus Rodoviário e de Fretamento Acessível com plataforma

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parcela da população com dificuldade de locomoção de adentrar em seus estabelecimentos. São degraus e escadas que fazem a divisão do que é público para o privado. As lojas, com a desculpa de água de chuva não entrar, fazem desníveis intransponíveis que poderiam ser vencidos com rampas... A rua São Bento, no centro da capital paulista, foi um exemplo de mudanças de paradigmas e seus comerciantes, intima-dos pela Comissão Permanente de Acessibilidade de São Paulo – CPA e a Subprefeitura da Sé, adequaram suas lojas, demonstrando que é possível e os custos não são absurdos. Isso é um começo, porém todos os centros de bairros com seus comércios e serviços poderiam reverter a situação de um cadeirante ter que ficar do lado externo da loja ou não utilizar os serviços de dentistas, médicos, entre outros, e incluí-los como clientes potenciais. A população excluída de frequentar esses locais acaba migrando para Shoppings, uma vez que eles percebem que idosos, gestantes, pessoas com carrinhos de bebê e com deficiência geram renda e público.

Rua São Bento – São Paulo - SP

HabitaçãoEm uma metrópole repleta de edifícios, onde o valor do

metro quadrado da construção é muito caro, as pessoas com deficiência, idosos, obesos, foram excluídos do seu direito à moradia. É preciso promover as habitações com desenho universal entre os empreendimentos imobiliários existentes e que serão lançados, regulamentando a legislação existen-te - Decreto 45.990, de 20 de junho de 2005, que institui os Selos de Habitação Universal e de Habitação Visitável para unidades habitacionais unifamiliares e multifamiliares já construídas ou em construção. Segundo João Sette Whitaker Ferreira, a arquitetura brasileira, não obstante seu inegável sucesso internacional, fracassou no seu papel social. É a única conclusão que se pode tirar ao olhar para um país onde, em média, 40% da população urbana vive precariamente, sem arquitetura nem urbanismo. Uma tragédia, que deveria tirar o sono dos arquitetos.

A arquitetura e o urbanismo, quando vistos como uma

profissão central na sociedade, que reflete e propõe a organi-zação do território e do espaço construído, tem uma vocação indiscutivelmente transformadora. Porém, para além das boas obras de autores individuais, ela indiscutivelmente não foi capaz de sustentar uma urbanização decente no nosso país.

Não bastasse seu fracasso na construção de cidades mais justas, também no universo da formalidade, da cidade legal. Portanto, temos habitações que não refletem as necessida-des do “ser humano” durante todo o percurso de sua vida, de criança a idoso, com ou sem alguma deficiência. Com as moradias mínimas construídas hoje, teremos um grande problema social amanhã.

Iniciativas pontuais como da CDHU, que implantou o conceito do “Desenho Universal” em habitações de interes-se social - HIS, e recentemente, alguns critérios que a Caixa Econômica Federal está solicitando para as novas construções da COAHB, a iniciativa privada vem multiplicando vertigino-samente moradias totalmente inacessíveis.

ConclusãoNecessitamos retomar a escala do homem com sua di-

versidade como parâmetro para composição dos espaços da cidade. Não é preciso ir muito longe para notar os efeitos da desatenção para escala humana, bem como da lembrança que as pessoas envelhecem, podem ter alguma deficiência física, sensorial, intelectual, ou simplesmente estarem enges-sadas, serem obesas ou gestantes, na construção das cidades: os degraus desencontrados em calçadas de ruas inclinadas; os viadutos descomunais cruzando a cidade; o ruído das ruas e estações de trem; as incansáveis escadas fixas e rolantes em estações de Metrô, com pequenos elevadores especiais em apenas algumas estações; a distância que separa as casas de milhares de pessoas de seus locais de trabalho.

Parece que o modelo atual de pensamento sobre a escala humana se limita à consideração dos padrões pontuais das Normas Técnicas de Acessibilidade, sem integrá-las com o todo da cidade. Precisamos de uma “Acessibilidade integrada” na urbe, que conecte edifícios, transporte, viário, enfim... toda estrutura de uma Cidade.

Silvana Cambiaghi é arquiteta, usu-ária de cadeira de rodas, mestre em Desenho Universal pela FAU-USP, ar-quiteta da Secretaria da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Pau-lo, Membro Fundador da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA - SP) e sua atual secretária executiva. Membro da revisão da NBR9050 da

ABNT sobre Acessibilidade. Docente dos cursos de Acessibilidade no SENAC, Fupam - FAUUSP , Câmara de Arquitetos e FGVOnline, ABRAFAC, IABSP. Autora do Livro “Desenho Universal: “Métodos e Técnicas para Arquitetos e Urbanistas”, entre outras atividades

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Informação sobre locais e serviços turísticos acessíveis em formato acessível

Há diversos esforços para tornar os locais aces-síveis para pessoas com deficiência e mobili-dade reduzida. Atualmente, também começou a se perceber que não são somente os locais devem ser acessíveis, mas também os servi-

ços. Ambos os conceitos, estão aos poucos sendo aplicados no cenário do lazer e turismo.

Diversas cidades possuem centros de informação turística, para poder orientar o turista e divulgar os atrativos que a lo-calidade oferece. Porém ainda não se pensa no turista com deficiência da forma correta, e muitas vezes são indicados atrativos de interesse, mas sem nenhum preparo para rece-ber este visitante. Então como fica um usuário de cadeira de rodas que foi orientado pelo centro de informação turística a visitar um local, e acaba descobrindo que o único acesso para o estabelecimento se dá somente por uma longa e extensa escada?

Por vezes, há informações que não estão contidas nos impressos distribuídos pelo centro de informação, e também temos dúvidas particulares que gostaríamos de perguntar ao atendente. Nesse caso, como um surdo que se comunica através da Libras pode dialogar e tirar suas dúvidas?

Os impressos turísticos estão recheados de belas imagens com informações básicas sobre o funcionamento do local ou serviço, programação semanal ou mensal das atrações e mapas de localização. Mas são impressos convencionais, que não conseguem atender às pessoas com deficiência visual que utilizam o método Braille.

Muitos dos espaços de lazer e turismo possuem uma pro-gramação variada. Cinemas e teatros mudam constantemente seus filmes e peças, museus e galerias de arte mudam suas exposições, e centros culturais também tem uma rotatividade nas atrações oferecidas em seu local. Uma parte dessas opor-tunidades de lazer e cultura tem recursos de acessibilidade,

como por exemplo: audiodes-crição, identificação em Braille, guias multimídias etc. Nesses casos, as ofertas culturais são temporárias e itinerantes, e os recursos de acessibilidade tam-bém assumem essa caracterís-tica. Por isso a necessidade de manter a sociedade informada de toda a programação cultural existente de forma atualizada com uma descrição detalhada dos recursos de acessibilidade oferecidos, pois como se pode perceber, não se pode atribuir esses itens como algo permanente do estabelecimento.

São diversas as variantes que envolvem a informação e o turismo. Além de tudo o que foi citado, podemos adicio-nar a acessibilidade nos sites e blogs, oficiais dos atrativos turísticos, ou aqueles que divulgam a programação cultural ou simplesmente promovem os espaços. É necessário uma configuração especial da página na web, para que pessoas com deficiência visual possam ter acesso a eles através de um software de leitura. Monitores e guias, capacitados para atender surdos usuários da Língua de Sinais. Todo informativo impresso, muitas vezes distribuído em locais de exposição e teatros, devem ter alternativas em Braille para cegos e se preocupar com material com letras ampliadas e contrastantes para quem possui baixa visão.

A informação é a chave de ignição para quem quer visitar um local ou utilizar serviços de lazer ou turismo. Por isso a informação deve ser atualizada, de fácil entendimento e acessível. Também é o combustível que faz com que tudo possa transcorrer de forma adequada e com um bom apro-veitamento, pois a informação nos rodeia por todos os lados. Depois de finalizado o passeio ou atividade, as informações que conseguimos absorver, é que servirão como um termô-metro para sentir nosso nível de nossa satisfação.

Ricardo Shimosakai é Diretor da Tu-rismo Adaptado e Técnico da Secretaria de Acessibilidade e Inclusão da Prefeitura de São Paulo. Bacharel em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi/Laureate International Universities. Membro da SATH e ENAT, associações internacionais de tu-rismo acessível.E-mail: [email protected]

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Capacitação em acessibilidade no aeroporto de Maceió/AL

Na semana de 11 a 15 de junho foi realizado, no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares em Maceió/AL, um curso de atendimento ás pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. O curso que tive a oportunidade de

participar como convidado foi ministrado por uma equipe de profissionais da INFRAERO e teve como objetivo capacitar a comunidade aeroportuária a disponibilizar condições de utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços e serviços do aeroporto pelas pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida.

Além da comunidade aeroportuária, que participou ativa-mente, alguns órgãos públicos se fizeram presentes, como a Secretaria Municipal de Promoção do Turismo de Maceió, Secretaria Municipal de Educação de Maceió, a Secretaria Municipal de Controle do Convívio Urbano de Maceió, As-sociação Brasileira de Recursos Humanos e o Instituto IDEA, responsável pela construção da primeira jangada acessível do país, além de um palestrante convidado, Jorge Fireman, um jovem cadeirante de 34 anos formado em Educação Física, com mestrado em Educação Brasileira pela UFAL - Universi-dade Federal de Alagoas, que falou sobre “Desenvolvimento Humano”. Essas instituições, ao tempo em que prestigiam o curso, levam para aos diversos níveis de Governo/Admi-nistração pública em alagoas a política de Acessibilidade da INFRAERO, o que facilita o diálogo entre a empresa e o poder público.

e conhecer técnicas de transferência de pessoas que utili-zam cadeira de rodas, tendo a oportunidade de vivenciar as diversas situações a que estão sujeitas as pessoas com as mais diversas deficiências quando em trânsito pelo aeroporto e identificar e apontar eventuais incorreções arquitetônicas e de procedimento do dia a dia do trabalho.

Nessa mesma semana foi realizada no aeroporto de Maceió/AL, pelo segundo ano consecutivo, a campanha educativa da Multa Moral no estacionamento do aeroporto, com a aplicação de “multas” que, na verdade, funcionam como um lembrete para evitar o uso indevido de vagas destinadas às pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, situação ainda evidenciada na quase totalidade dos estacionamentos comerciais localizados pelo Brasil.

por Jorge Luiz Silva

Jorge Fireman palestrante Presença maciça dos aeroportuários e convidados institucionais

Campanha “multa moral” Exercício prático de transferência

Exercícios de vivência e verificação das instalações do aeroporto

O curso contou também com palestra de sensibilização, onde Valdeci Lins, funcionário da INFRAERO, mostrou através de seu depoimento pessoal a necessidade de es-tar atento às necessidades de todas as pessoas ao nosso redor, produzindo assim a tão desejada inclusão, além da realização de exercícios práticos onde os participantes utilizaram cadeira de rodas, venda nos olhos com bengala

Durante a realização do curso, pude relembrar e identi-ficar diversos pontos da legislação que trata do setor aero-portuário que, a meu ver, deveriam ser de conhecimento de todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência e com mobilidade reduzida e das instituições representati-vas, possibilitando um melhor trato e direcionamento das demandas não atendidas junto aos órgãos de fiscalização como a ANAC e ao Ministério Público, quando na utilização de um importante elemento do processo de acessibilidade e mobilidade, o aeroporto. São elas:

• Decreto Nº 3.298/1999, regulamenta a Lei Nº 7.853/1989 e dispõe sobre a Política Nacional para Inte-gração da Pessoa Portadora de Deficiência, que em seu Art. 2º estabelece que cabem aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa com deficiência o

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pleno exercício de seu direitos básicos, inclusive dos di-reitos a educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, a previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrente da Constituição e das leis, propiciam seu bem--estar pessoal, social e econômico;

• Lei Nº 10.048/2000, dá prioridade de atendimento, dentre outras, às pessoas com deficiência física e com mobilidade reduzida, que em seu Art. 2º assegura que as repartições públicas e empresas concessionárias estão obrigadas a dispensar atendimento prioritário, por meio de serviços individualizados que assegurem tratamento dife-renciado e atendimento de imediato. Cabe aqui ressaltar que prioridade de atendimento, como regulamenta a Lei e, com o mesmo teor, o Art. 5º do Decreto Nº 5.296/2004, não é guichê ou balcão reservado para as pessoas que a Lei prioriza como tem sido utilizado por diversos prestadores de serviço, incluindo as empresas aéreas nos aeroportos brasileiros;

• Resolução Nº 09/ANAC/2007, aprova a Norma Opera-cional de Aviação Civil – NOAC que dispõe sobre o acesso ao transporte aéreo de passageiros que necessitam de assistência especial, que assegura dentre outros direitos:

DA ADMINISTRAÇÃO AEROPORTUáRIA E EMPRESAS AÉREAS:

• estabelecer programa de treinamento, visando as-segurar disponibilidade de pessoal, de terra e de bordo, especialmente treinado para lidar com pessoas que ne-cessitam de assistência especial;

• prover balcão de informações e atendimento especial-mente instalados, com mobiliário e recepção compatível a atendimentos as pessoas com deficiência e com mobi-lidade reduzida, aqui incluídas as pessoas com deficiência auditiva ou surda; e

• proceder à adequação dos sistemas de informações destinados a todas as pessoas com deficiência inclusive auditiva, em libras, ou visual, em braile, garantindo as mes-mas condições disponíveis para os demais passageiros;

DA ADMINISTRAÇÃO AEROPORTUáRIA:

• assegurar instalações e serviços acessíveis nos aero-portos; e

• prever e garantir a disponibilidade de vagas de esta-cionamento reservadas as pessoas com deficiência;

DAS EMPRESAS AÉREAS OU OPERADORAS DE AERONAVES

• assegurar o movimento de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida entre a aeronave e o terminal,

oferecendo veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, nos aeroportos que não dispõem de pontes de embarque em posição remota;

• assegurar prioridade de embarque em relação aos demais passageiros, inclusive em relação aos passageiros que possuem cartão de passageiro freqüente;

• designar apoio técnico e funcionários capacitados para atender, acompanhar e acomodar nos assentos os passageiros que necessitam de assistência especial, sem qualquer ônus ao usuário;

• disponibilizar cartão de informações de emergência em braile e mecanismos de segurança adicionais ao cinto de segurança de duas pontas quando requerido; e

• assegura o embarque de cão guia acompanhado de pessoa com deficiência ou, quando em fase de treina-mento, por família hospedeira ou treinador especializado, como regulamentado em lei específica;

Cabe aqui ressaltar que é de responsabilidade das empresas aéreas ou operadoras, e não a INFRAERO, dis-ponibilizar meios que possibilitem o embarque com inde-pendência e segurança às pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida como é o caso do Ambulift.

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• Resolução Nº 58/ANAC/2008, ANEXO I, altera a reso-lução Nº 25/2008 e, em seu ANEXO II estabelece valores de multas a serem aplicadas nas Empresas Aéreas e Ad-ministração Portuária, em caso de não cumprimento de diversas deliberações que traz qualidade de atendimento e serviços as pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida.

O curso, que trouxe grande envolvimento e sensibili-zação por parte dos participantes, constituiu um exemplo a ser seguido por outras instituições ou concessionárias de serviço público, apresentou um grande envolvimento por parte dos funcionários da INFRAERO e empresas ter-ceirizadas, porém pouca participação e envolvimento por parte de representantes de empresas aéreas, cabendo aqui algumas sugestões de procedimentos a serem adotados pela administração portuária quando na contratação ou terceirização dos serviços aeroportuários ou por quem venha a explorar os espaços comerciais dos aeroportos:

- garantir à presença de funcionários capacitados no atendimento as pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, inclusive com conhecimento de LIBRAS;

- garantir a existência de recursos técnicos nos pontos de atendimento e informações que possibilite a comunicação com todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência auditiva e visual;

- das empresas que exploram os estacionamentos dos aeroportos, exigirem que se faça cumprir o que estabelece a legislação quanto ao uso de vagas destinadas a pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, inclusive a garantia de fiscalização e disponibilidade destas vagas e encaminhamento dos infratores aos órgãos competentes para que se proceda à punição ou, em alguns casos, a retirada do veículo por reboque;

- das empresas que exploram os serviços de transporte, táxis e ônibus, que seja exigido à disponibilidade de mo-toristas capacitados ao atendimento e veículos adaptados para transporte de todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência e com mobilidade reduzida.

Ficou mais fácil saber quais são os equipamentos culturais que podem receber qualquer tipo de público na cidade de São Paulo/SP, incluindo as pessoas com deficiência. O “Guia Online de Aces-sibilidade Cultural”, elaborado pelo Instituto Mara Gabrilli (IMG), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura, com patrocínio da SABESP, foi lançado em maio e pode ser consultado em: http://acessibilidadecultural.com.br. Em breve estarão disponíveis as ver-sões mobile e para tablets, além da impressa. Durante três meses, pesquisadores especializados em acessibilidade visitaram 315 locais para saber se eram ou não indicados. Foram selecionados 186: 61 bibliotecas, 3 casas de espetáculos, 37 centros culturais, 11 cinemas de rua, 44 museus e 30 teatros. Entre estes estabelecimentos, 55 são localizados no centro, 31 na zona leste, nove na zona norte, 52 na sul e 39 na oeste. No site é possível pesquisar por tipo de equipamento, região da cidade ou palavra-chave.

Os pesquisadores observaram aspectos arquitetônicos, de con-teúdo, informação, tecnologias e a disponibilização de profissio-nais capacitados para algumas funções como intérpretes de libras, guia-intérpretes para surdocegos e mediação para pessoas com deficiência intelectual.

Todos os locais trazem descrição, dados de endereço, telefone, e-mail, site, dias e horários de funcionamento e um item chamado “informações gerais de acessibilidade” com dados sobre estaciona-mento e visitação inclusiva guiada. Também há, para cada estabe-lecimento, itens específicos por tipo de deficiência, indicados com ícones que remetem à surdez, deficiência física, visual e intelectual. “O guia não é só voltado às pessoas com deficiência, já que pode ser muito útil também para idosos, grávidas, pessoas engessadas, mulheres com carrinho de bebê etc. São Paulo é sinônimo de mo-dernidade, de atualidade, de transformação a cada segundo. Por isso, lançamos este guia online para que seja consultado e construído constantemente por todos os paulistanos”, afirma Mara Gabrilli, fundadora em 1997 do IMG, uma organização sem fins lucrativos que desenvolve e executa projetos para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

Por volta do mês de setembro, o site também terá espaço para interação com os usuários, que poderão fazer comentários, sugestões e críticas. “Também será papel do IMG, como forma de continuidade ao trabalho, informar os equipamentos que precisarem de ajustes ou mudanças sugeridos pelos internautas, com o objetivo de tornar a cidade de São Paulo, no geral, um lugar que receba cada vez melhor as pessoas com deficiência. O guia é inovador por permitir esta construção permanente e colaborativa”, explica Ariana Chediak, gestora do Instituto.

No primeiro semestre de 2013, equipamentos de todo o estado interessados em constar do guia poderão solicitar sua inclusão. Já para 2014, o site se tornará nacional e poderá receber solicitação dos demais estados.

Debatendo acessiblidadeNa parte teórica da questão, foi lançado no Museu da Universi-

dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG), também em maio, o livro “Acessibilidade em Ambientes Culturais”, resultado do Seminário Nacional sobre o assunto, realizado em 2011, na Faculdade de Arquitetura da UFGRS.

Arquitetos, urbanistas, professores e pesquisadores escrevem sobre o tema abordando diferentes aspectos. A íntegra do livro pode ser acessada em http://acessibilidadecultural.files.wordpress.com/2012/05/livro-aac-digital.pdf

Finalização com todos os participantes

Jorge Luiz Silva é rquiteto Urbanista/Ergonomista, elaborador e docente em curso de qualificação em Acessibilidade de certificadores da ABNT-RJ, Fiscais do CREA-RJ e técnicos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Consultor do CREA-RJ na fiscalização das edificações esportivas dos jogos Panamericano. Idealizador do Índice de Acessibilidade. Participou da elaboração de portarias normativas do INMETRO, para regulamentação de Acessibilidade em Embarcações e em Veículos de Características Rodoviárias e do Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador - CAS, com base na análise das condições de acessibilidade e mobilidade urbana. Desenvolveu projeto “Jangada Acessível”. Atua como consultor em Acessibilidade voluntário da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas – ADEFAL, Auditor Líder em programa de certificação em acessibilidade e Diretor do Instituto de Desenvolvimento da Ergonomia e da Acessibilidade – IDEA.

Guia paulistano traz equipamentos culturais acessíveis

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Sorocaba/SP investe em acessibilidade com “Parque para Todos”

Desde o final do mês de maio, a cidade paulista de Sorocaba/SP conta com o primeiro parque públi-co totalmente acessível do município, o Parque Municipal da Água Vermelha “João Câncio Pereira”, com 27 mil m², três lagos, playground, aquário,

biblioteca, quiosque com churrasqueira, mesas de piquenique, lago, ponte e vegetação.

Depois de passar por obras de melhorias, o local foi o primei-ro a integrar o Programa “Parque para Todos”, anunciado pela Secretaria do Meio Ambiente no dia da inauguração. “Esse é o nosso primeiro parque com total acessibilidade, com condições necessárias para receber crianças e adultos com deficiência.

Ou seja, é um parque onde todos podem usufruir das belezas naturais e dos programas de Educação Ambiental”, explica a secretária Jussara de Lima Carvalho.

O programa visa adequar os espaços à Norma Brasileira ABNT - NBR 9050, que regulamenta os padrões de acessibilidade voltados às pessoas com deficiência física e visual. Em breve deverá se expandir para ou-

tros parques da cidade, como o Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, Parque da Biquinha, Parque Natural “Chico Mendes” e o Parque do Ouro Fino. As adaptações ocorrerão de acordo com o relevo de cada área, para dar o maior acesso possível a esses visitantes.

O “Água Vermelha”, que existe desde 1990, foi escolhido para ser o primeiro devido às condições topográficas e de relevo. “Nem todos os parques possuem características que permitem a plenitude em sua acessibilidade e lá foi possível. O Parque da Biquinha, por exemplo, é acessível em partes pela declividade do terreno”, afirma a secretária.

Atrações do ParqueEntre as novidades está o Jardim Sensorial, onde os visitantes

podem experimentar diferentes sentidos. Com cerca de 20 m², em formato circular, o jardim tem uma fonte central e canteiros de alvenaria com diferentes alturas, onde estão dispostos alguns tipos de plantas aromáticas, como citronela e hortelã, que po-dem ser cheiradas e tocadas, provocando diferentes sensações,

estimulando o tato, o olfato e até mesmo o paladar.Para facilitar o deslocamento, foi construído um novo portal

de entrada na Avenida Londres. A partir desse local há uma rota acessível, de 300 m de extensão por 1,50 m de largura, em concreto lixado e trechos de piso tátil, para garantir o trânsito aos principais ambientes do Parque.

Os sanitários passaram por adaptações, como a troca e o alar-gamento das portas, a substituição de pias, a elevação das bacias sanitárias, a instalação de barras nas paredes e de bebedouros adaptados. O “Água Vermelha” conta também com placas infor-mativas e mapas do local em braile e, em breve, chegarão dois brinquedos especiais, que se integrarão aos demais brinquedos feitos em madeira. Trata-se de um carrossel e de um balanço para serem usados, inclusive, por crianças usuárias de cadeiras de rodas. Outra novidade é um painel em braile no aquário, que possui o contorno de cada uma das espécies de peixes encontradas no lago do parque, como o cascudo e a tilápia, e também algumas das espécies encontradas no Rio Sorocaba, caso do curimbatá e da traíra.

Grupos de pessoas com deficiência podem agendar visitas monitoradas e também participar do Programa de Educação Ambiental, que trabalha o tema “água”. Durante as visitas, os participantes recebem orientações sobre consumo consciente de água, fauna e flora aquática, preservação dos recursos hídricos, conceito de nascente, importância das matas ciliares e demais áreas verdes, dentre outros.

O primeiro grupo, com cerca de 10 pessoas com deficiências visuais, entre crianças, jovens, adultos e idosos, da Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais (ASAC), esteve no parque em julho. Essas visitas são gratuitas e devem ser agen-dadas previamente. A Prefeitura do município tem observado as normas de acessibilidade determinadas pela legislação em todos os projetos desenvolvidos e obras públicas em andamento, como reurbanização e implantação de espaços públicos; reformas, am-pliações ou construções de escolas, unidades de saúde, Centros de Educação Infantil, entre outros; implantação, duplicação e reur-banização de avenidas e construções, reparos ou manutenções de calçadas. Prédios como o do Centro de Referência em Educação, Clube do Idoso e a Biblioteca Municipal “Jorge Guilherme Senger” são exemplos de locais públicos com total acessibilidade.

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Deborah Prates é advogada e delegada da Comissão de Direitos da Pessoa com Defi-ciência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ). Mantém um blog em que trata de questões sobre os direitos dessas pessoas (http://deborahpratesinclui.blogspot.com/)

por Deborah Prates

Maravilhosa RJ !!!

O dia 1º de julho de 2012 foi para mim, a maior prova da “insensibilidade cultural da humanidade”. A “Maravilhosa RJ”, recebeu o reconhecimento da UNESCO, através de seu Comitê do Patrimônio Mundial, obtendo o título de Patrimônio Cultural

da Humanidade.Triste verificar que os padrões que regulam as ações humanas

coletivas da sociedade hodierna IGNORARAM a acessibilidade para a sobrevivência das pessoas com deficiência que habitam o Planeta ! A propósito, também os idosos e todos os humanos que sentem ne-cessidades especiais. Ratifico que o pior cego é o que não quer ver !

Lembro os amigos de um vídeo postado no meu canal do Youtu-be, feito no centro da RJ, mostrando, num pequeno percurso, pisos táteis terminando em paredes e outros obstáculos, além de “pegadi-nhas” que colocavam em risco a integridade de quaisquer mortais.

Confiram em: http://www.youtube.com/watch?v=yKG0qbYOs4s&feature=youtube_gdata

No dia 02 de julho precisei ir ao centro e tracei uma rota, até turística, indo da estação Carioca do Metrô, passando pelo Largo da Carioca - SEM piso tátil - atravessando a Rua da Carioca e percorrendo toda a Rua Uruguaiana. Afirmo ter encontrado TUDO inacessível. Muitos buracos e obras sem a necessária sinalização, calçadas sem rampas e/ou meios-fios adequados, longe de esboçar calçada acessível.

Trabalhadores descarregando mercadorias e as levando em carri-nhos desgovernados em percurso de zig-zag, atropelando as pessoas em geral, e muito lixo espalhado que dificultava o uso de bengalas. Numa área tipicamente comercial não existe faixa de serviço.

Com Jimmy Prates (meu cão-guia) tudo fica mais fácil, mas e para os que não fizeram essa opção de locomoção ? Verdadeiro circo dos horrores logo cedo ! Essa é a “Maravilhosa RJ”!

Ah, contaram-me ainda, que existem rampas com hidrantes no meio ! Gestores sustentáveis, por favor, saiam de suas confortáveis salas e FISCALIZEM suas promessas de campanha ! Fácil administrar só no ar refrigerado e diante de um monitor, né ? Maravilha descer pelo elevador e o motorista abrir a porta do carro e seguir assim pelo dia. Mas, será ético ? Sinto a falta das Famílias - alicerce da sociedade - para a formação de “Personalidades Éticas”.

Que Patrimônio Cultural é esse, hein ? Provado ficou que perma-necemos INVISÍVEIS aos olhos do mundo ! Viram como a grande chave do sucesso é a implementação da “acessibilidade atitudinal já” ? Nossos gestores nem sabem o que é ! Enquanto a humanida-de não se der conta que está engessada, enlatada pela fôrma da indústria da moda não corrigirá o traçado da rota. Cristalino que o humano ainda não se deu conta de que está indo na direção errada. Daí, como acertar ? Vocês têm dúvidas de que precisamos passar um antivírus em nossos neurônios ?

Tive a honra de palestrar no evento Cúpula Dos Povos - RIO+20

- na sede da OAB/RJ, sendo meu tema ACESSIBILIDADE e MOBILI-DADE. Defendi que INCLUIR é processo de construção de sociedade igual para todos. Num centro imaginário temos, ao meio, a palavra oportunidade, à sua esquerda, a palavra ACESSIBILIDADE, e à direita, a palavrinha mágica IGUALDADE. Logo, o início da sobrevivência é a implementação da “ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ” !

Disse que as acessibilidades física e comunicacional estão sendo praticadas com enorme sacrifício, podendo dizer um passo para frente e dois para trás. Faz muito que tratamos a dor e a febre, contudo não conseguimos detectar a causa desse atraso.

Cidade “acessível” é para todos, pelo que os termos hão que ser desvinculados do seguimento “pessoas com deficiência”. Se o humano não for atropelado precocemente pela morte será um idoso. Sendo assim, precisará de uma “cidade acessível”.

Ao final, fiz uma proposta no intuito de corrigir a “rota do navio”. Objetiva construir o “homem sustentável”. Mister se faz alterar os currículos de TODOS os cursos universitários, a fim de que seja introduzida uma nova disciplina, qual seja: INICIAÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO DOS GRUPOS SOCIAIS VULNERÁVEIS.

Além da insensibilidade dos gestores, temos médicos ginecolo-gistas que não sabem atender mulheres cadeirantes; advogados que desconhecem o único Tratado Internacional com força de Emenda Constitucional, que vem a ser a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; juízes que impedem a permanência do cão-guia com seu usuário nas dependências do foro; juízas que tomam depoimento de testemunha cadeirante na calçada etc. As “diversidades” são reais, pelo que hão que ser aceitas pela socieda-de como são, e não como gostariam que fossem. Com essa nova disciplina estudar-se-ia o arcabouço dos GRUPOS SOCIAIS VULNE-RÁVEIS, valendo dizer: pessoas com deficiência, negros, crianças e adolescentes, mulheres, idosos, indígenas, ciganos, e outros.

A humanidade há que se lembrar que deriva do “humano” ! Vejam o vídeo e reflitam sobre o pensamento de Albert Einsten: “Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela”.

• 1ª parte: http://www.youtube.com/watch?v=UQWFOtzfa_U&feature=plcp/

• 2ª parte: http://www.youtube.com/watch?v=v5QMqXNF4IM&feature=youtube_gdata)

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ECO PISO TáTIL ARCO A Arco apresenta para o mercado

o Piso Tátil Ecológico e Sustentável. Construído e fabricado com os mais rigorosos padrões de sustentabilidade o Eco Piso Tátil Arco

foi adotado pela RIO +20. Aderindo definitivamente aos preceitos de reciclagem, durabilidade, anti-UV, antichama, antipropagante de fumos entre outros, a Arco traduz os anseios da ambientação sustentável junto aos ecologistas e ambientalistas. Como compromisso público a empresa grava em seus produtos os dados de projeto a que é submetida sua produção. Mais do que a performance em si, eles informam os dados de projetos para os arquitetos, engenheiros e designers, tais como: Pantone, LRV, Anti UV, Anti Chama, Grau de reciclagem, material etc. Tudo isso de acordo com a NBR 9050, revisão 2012, de Acessibilidade, e também com a NBR 15575- 3 - Desempenho na Construção Civil.

REATECH EM MILÃO A Rea t e ch - Fe i r a

Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acess ib i l idade , que completou 11 anos em 2012 chegou à I tá l ia . Organizada também pelo Grupo Cipa Fiera Milano, a feira italiana, que aconteceu em Milão entre os dias 24 e 27 de maio teve 120 expositores, cerca de mil visitantes por dia, mas pequena presença brasileira: “É um pouco difícil porque não exportamos produtos e sim importamos mas tivemos alguns visitantes brasileiros e foi muito legal para ver como o nome está consolidado e é importante”, afirma Malu Sevieri, diretora do evento. O projeto foi implantado como é feito na Reatech brasileira, com: equoterapia, test-drive, quadra para esportes e palco de apresentação de shows, entre outras atividades. “Uma grande diferença foi uma piscina onde as pessoas podiam entrar e fazer terapias com uma professora”, conta a diretora, que destaca a presença de muitos produtos de tecnologia assistiva que ainda não existem no Brasil. A feira vai acontecer novamente em 2013, mas ainda não há data confirmada. Malu espera aumentar o número de congressos

e palestras que, neste ano, ocuparam apenas dois auditórios: “Precisamos crescer nessa área, inclusive para abranger novos e diferentes temas”, promete Malu. O próximo evento internacional do grupo será em Singapura, em 2013.

notas homenagem

Perdemos uma lenda... No último dia 19 de julho de 2012, faleceu na cidade de São Paulo/SP, Maurício Pacheco, que foi colunista da Revista Reação por um breve período, sob o pseudônimo de KRONOS. Com poucos e

polêmicos artigos em nossa publicação, ele contribuiu muito com um tema que é um dos maiores tabus do nosso meio: os devotees. A cada publicação de um artigo seu, a polêmica e a discussão tomavam conta do movimento. Foram experiências fantásticas mexer nessa verdadeira ferida que é o devoteísmo, através das ma-nifestações inteligentes e vivenciais deste que foi, quem sabe, a maior referência dentro deste universo oculto no mundo da pessoa com deficiência. Poucos sabiam que Maurício Pacheco era o KRONOS... ou que o KRONOS era Maurício Pacheco... Enfim, agora pouco importa. Mas, para quem tinha a curiosidade de saber quem escrevia para esta revista falando no tema, agora podemos revelar sua identidade. Uma pena que só pudemos fazer isso agora, mas o destino e o próprio KRONOS, queriam que fosse assim. Mas ficam aqui os nossos sentimentos para os amigos, familiares e admiradores desse grande sociólogo e estudioso, pois ele com certeza contribuiu, e muito, tra-zendo novas idéias, desnudando um assunto que pouco se tem de informações. KRONOS jamais será esquecido... e Maurício, sempre lembrado com muito carinho por todos que conviveram com ele.

Perdemos o grande epolêmico KRONOS!

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8282 sensualidade

Michael CorreiaParaplégico30 anos

“Usar um pouco de malícia tem um toque sensual” fo

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