Reações Imunológicas às Sulfonamidas, Penicilinas e...

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Natasha Gago Koller Reações Imunológicas às Sulfonamidas, Penicilinas e Cefalosporinas São Paulo 2007

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Natasha Gago Koller

Reações Imunológicas às Sulfonamidas,

Penicilinas e Cefalosporinas

São Paulo

2007

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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas

Natasha Gago Koller

Reações Imunológicas às Sulfonamidas, Penicilinas e

Cefalosporinas

Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do curso de farmácia da FMU sob a orientação da Profª Drª Walkyria Sigler.

São Paulo

2007

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Natasha Gago Koller

Reações Imunológicas às Sulfonamidas, Penicilinas e Cefalosporinas

Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de

Conclusão de Curso do curso de farmácia da FMU, sob a orientação da Profª Drª Walkyria Sigler. Aprovado pela banca examinadora constituída pelos professores:

Profª Drª Walkyria Sigler UniFMU

(Orientadora)

Profª Drª Carmen Guilherme Christiano de Matos Vinagre UniFMU

Profª Msª Cristiane Rocha de Farias UniFMU

São Paulo 2007

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DEDICATÓRIA

A todos aqueles que... Sempre estiveram ao meu lado nos dias de mau-humor... Fizeram e fazem a diferença em minha vida... Sinto muitas saudades... Ensinaram-me, ensinam e ensinarão... Amo... E é claro, a mim...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, por estarem ao meu lado em todos os

momentos, pela atenção e amor que sempre me dedicaram.

À minha irmã, que apesar de estarmos sempre discutindo nos amamos.

Aos colegas e amigos que me mostraram os caminhos e fizeram parte de meu

crescimento.

Aos professores que me orientaram e contribuíram para a minha formação.

Agradeço também àquela pessoa que quando entrou em minha vida sempre me

fez sorrir, me apoiou e que está sempre ao meu lado.

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“O segredo é não correr atrás das borboletas...

É cuidar do jardim para que elas venham até você.” Mário Quintana

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RESUMO

Os antimicrobianos são medicamentos amplamente utilizados para o tratamento de

diversas enfermidades. Portanto, o presente trabalho visa estudar as possíveis reações

imunológicas causadas por sulfonamidas, penicilinas e cefalosporinas por tratarem-se de

fármacos que mais causam reações imunológicas. O método utilizado foi o

levantamento de dados de diversos estudos realizados e publicados em revistas

científicas. Reações imunológicas às penicilinas, cefalosporinas e sulfas podem causar

diversas manifestações clínicas. Diagnóstico e tratamento são fundamentais assim como

as notificações desses casos.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 9 2 TIPOS DE HIPERSENSILBILIDADE.................................................................. 10

2.1 Hipersensibilidade Tipo I (imediata).............................................................. 10 2.2 Hipersensibilidade tipo II – (citotóxica)......................................................... 11 2.3 Hipersensibilidade Tipo III- ........................................................................... 12 2.4 Hipersensibilidade tipo IV.............................................................................. 13 2.5 Hipersensibilidades não classificadas............................................................. 14

3 EPIDEMIOLOGIA................................................................................................. 15 4 PRINCIPAIS FÁRMACOS CAUSADORES DE REAÇÕES IMUNOLÓGICAS 17

4.1 Sulfonamidas .................................................................................................. 17 4.1.1 Classificação........................................................................................... 17

4.1.1.1 Sulfonamidas sistêmicas..................................................................... 17 4.1.2 Mecanismo de ação ................................................................................ 19

4.2 Antibióticos beta-lactâmicos .......................................................................... 19 4.2.1 Penicilinas............................................................................................... 20 4.2.2 Classificação........................................................................................... 20

4.2.2.1 Penicilinas naturais ............................................................................. 20 4.2.2.2 Penicilinas penicilinase – resistentes.................................................. 21 4.2.2.3 Penicilinas de espectro ampliado........................................................ 21 4.2.2.4 Amidinopenicilina .............................................................................. 22 4.2.2.5 Outros antibióticos beta-lactâmicos.................................................... 22 4.2.2.6 Mecanismo de ação ............................................................................ 22

4.2.3 Cefalosporinas ........................................................................................ 22 4.2.3.1 Classificação....................................................................................... 23 4.2.3.2 Mecanismo de ação ............................................................................ 24

5 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE CAUSADAS POR MEDICAMENTOS 25

5.1 Sulfonamidas .................................................................................................. 25 5.2 Penicilinas....................................................................................................... 25 5.3 Cefalosporinas ................................................................................................ 26

6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS............................................................................ 27 6.1 Anafilaxia ....................................................................................................... 27 6.2 Anemia hemolítica.......................................................................................... 28 6.3 Angioedema e urticária................................................................................... 29 6.4 Broncoespasmo............................................................................................... 31 6.5 Dermatite esfoliativa....................................................................................... 31 6.6 Doença do soro ............................................................................................... 32 6.7 Eczema ........................................................................................................... 33 6.8 Eritema multiforme / Síndrome de Stevens-Johnson ..................................... 33 6.9 Eritema nodoso............................................................................................... 35 6.10 Eritema tóxico ................................................................................................ 37 6.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo...................................................... 38 6.12 Exantema morbiliforme.................................................................................. 39

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6.13 Fotosensibilidade e fototoxicidade ................................................................. 39 6.14 Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell).......................................... 39 6.15 Nefrite túbulo intersticial aguda ..................................................................... 42 6.16 Pustulose exantemática................................................................................... 44 6.17 Trombocitopenia............................................................................................. 45 6.18 Vasculites ....................................................................................................... 45

7 DIAGNÓSTICO..................................................................................................... 47 8 TRATAMENTO..................................................................................................... 49

8.1 Anafilaxia ....................................................................................................... 49 8.2 Anemia hemolítica.......................................................................................... 51 8.3 Angioedema e urticária................................................................................... 51 8.4 Broncoespasmo............................................................................................... 51 8.5 Dermatite esfoliativa....................................................................................... 51 8.6 Doença do soro ............................................................................................... 52 8.7 Eczema ........................................................................................................... 52 8.8 Eritema multiforme (Síndrome de Stevens-Johnson) e Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell) ......................................................................................... 52 8.9 Eritema nodoso............................................................................................... 53 8.10 Eritema tóxico ................................................................................................ 54 8.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo...................................................... 54 8.12 Exantema morbiliforme.................................................................................. 54 8.13 Fotossensibilidade e fototoxicidade ............................................................... 54 8.14 Nefrite............................................................................................................. 54 8.15 Pustulose exantemática................................................................................... 54 8.16 Trombocitopenia............................................................................................. 55 8.17 Vasculites ....................................................................................................... 55

9 FARMACOVIGILÂNCIA..................................................................................... 56 9.1 Objetivos......................................................................................................... 58 9.2 As notificações ............................................................................................... 58

10 DISCUSSÃO...................................................................................................... 63 11 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 64

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1 INTRODUÇÃO

As formulações farmacêuticas sempre foram conhecidas como potencialmente

perigosas. O interesse público e profissional por esse assunto surgiu no século XX.

Entre 1870 e 1890 foram criados, comitês de comissões para investigar mortes súbitas

durante anestesia por clorofórmio. Em 1937, a morte de 107 pessoas, após o uso de um

elixir de sulfanilamida, levou o FDA (food and drug administration), a investigar a

segurança de novas drogas antes de permitir sua comercialização. Alem desses

incidentes, muitos outros incidentes aconteceram, porem, foi o desastre com a

talidomida, em 1961, que levou à instituição de novas jurisdições, em todo o mundo,

para a regulamentação da droga antes de sua comercialização. (GRAHAME; SMITH;

ARONSSON, 2004)

As reações adversas a medicamentos (RAM), são definidas como qualquer efeito

não desejado decorrente do uso de medicamentos em doses terapêuticas, entre elas, as

reações imunológicas. (ALVAREZ; BUENDIA, 2002)

Estima-se que 5% - 15% dos pacientes tratados com algum medicamento

apresentem algum tipo de reação adversa. Já em pacientes hospitalizados, essa

incidência é de 30%. (CRIADO, 2004)

Em estudos realizados pela Sociedade Espanhola de Alergologia e Imunologia

clínica, verificou-se uma incidência de RAM em 12,5% dos pacientes sendo que 63%

desses desenvolveram algum tipo de reação de hipersensibilidade. (ALVAREZ;

BUENDIA, 2002)

As reações imunológicas ou de hipersensibilidade, podem ser diferenciadas quanto

ao mecanismo de ação de acordo com as características clínicas. No geral, essas reações

ocorrem após a re-exposição do indivíduo à droga, pois a memória imunológica

específica costuma não existir antes da primeira administração da droga. Alem disso, a

droga deve possuir estrutura química capaz de provocar resposta imunológica do

paciente. (SILVA; ROSELINO, 2003)

Dentre as drogas que mais causam reações imunológicas estão as penicilinas,

sulfonamidas e cefalosporinas. (CRIADO, 2004)

De acordo com esse levantamento de dados, decidiu-se estudar as reações

imunológicas causadas pelas drogas acima.

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2 TIPOS DE HIPERSENSILBILIDADE

Hipersensibilidade é uma resposta imune adaptativa exagerada ou imprópria.

Trata-se de uma resposta inadequada da resposta imune benéfica que pode muitas vezes

resultar em reações como inflamação ou dano tecidual. Reações alérgicas a

medicamentos acontecem quando existe participação de anticorpos e/ou linfócitos

específicos sensibilizados variando de pessoa para pessoa. Normalmente, as reações

alérgicas não ocorrem logo no primeiro contato com o antígeno, pois é necessário que

ocorra uma sensibilização, aparecendo nos contatos subseqüentes. Existe, ainda, um

tipo de reação que é chamado de “reação pseudo-alérgica” que ocorre de forma

semelhante à reação alérgica mas, com ausência de especificidade imunológica.

(ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999a; DIAS,2004)

Os fatores de risco de hipersensibilidade a drogas são: (SILVA; ROSELINO,

2003)

• Fatores genéticos;

• Doenças associadas;

• Vias de exposição (parenteral maior incidência que a oral);

• Uso concomitante de beta-bloqueadores;

• Idade (entre 20 e 49 anos);

• Reações alérgicas prévias;

São conhecidos quatro tipos de hipersensibilidade de acordo com a classificação

de Gell e Coombs: (SILVA; ROSELINO, 2003)

2.1 Hipersensibilidade Tipo I (imediata)

A hipersensibilidade tipo I se estabelece, após prévia sensibilização,

imediatamente após o contato com o antígeno. Tem como principais apresentações

clínicas asma, eczemas, febre do feno, urticária, anafilaxia e angioedema. (ROITT;

BROSTOFF; MALE, 1999a; DIAS, 2004)

O contato com o alérgeno leva à produção de IgE, pelas células B, que

responde em nível local. Para que ocorra a produção de IgE pelas células B ocorre a

apresentação de antígeno através das células apresentadoras de antígeno (CAA) e a

cooperação entre linfócitos B e T. A IgE que é produzida localmente vai sensibilizar

primeiramente os mastócitos locais. A IgE excedente entra na circulação e se liga em

receptores nos basófilos e nos mastócitos por todo o organismo. Essa ligação é de alta

afinidade e ocorre pela porção Fc. Os mastócitos ficam sensibilizados por vários meses,

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pois as IgE estão fortemente ligadas aos receptores FceRI (receptor de alta afinidade

para IgE), presentes nos mastócitos, que protegem a IgE das proteínas séricas que a

destroem, e uma vez ligados, a degranulação pode ser ativada pela ligação cruzada da

IgE que leva à agregação dos receptores Fce resultando em um fluxo de íons cálcio para

o interior da célula e subseqüente degranulação. Essa degranulação pode ocorrer

também por manobras que entrecruzam os receptores podendo-se ligar cruzadamente

também com as lecitinas. O influxo de cálcio tem como resultado a exocitose de

histamina ou a indução de síntese de mediadores, a partir do ácido araquidônico, como

os leucotrienos e prostaglandinas que exercem efeito direto nos tecidos locais. (ROITT;

BROSTOFF; MALE, 1999a)

Em doenças alérgicas pode-se verificar que os níveis de IgE encontram-se

elevados ajudando assim no diagnóstico dessas doenças. Existem casos em que o

indivíduo apresenta altos níveis de IgE mas não apresenta sinais clínicos, então pode-se

concluir que algumas pessoas produzem IgE específica mas não produzem algum fator

que precipita os sintomas de atopia. (ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999a)

De forma resumida pode-se dizer que as reações do tipo I são mediadas por IgE

específica associada a mastócitos e basófilos. (DIAS, 2004)

Os sintomas clínicos são determinados pela quantidade de alérgeno, ou seja, a

quantidade de mediador liberada, pela sensibilidade do órgão-alvo e via de entrada do

alérgeno. (MALLOZI, 2007)

Os sinais clínicos são urticária, rinite, asma brônquica, angioedema e choque

anafilático. (GRAHAME; SMITH; ARONSON, 2004)

2.2 Hipersensibilidade tipo II – (citotóxica)

A hipersensibilidade tipo II tem um mecanismo no qual o dano restringe-se ao

tecido ou célula portadora dos antígenos alvo, pois são mediadas por anticorpos IgG e

IgM ligados a células ou tecidos específicos. As células alvo são recobertas por

anticorpos que se ligam aos receptores na superfície de polimorfonucleares que tem

como papel principal a fagocitose da célula. Porém, quando o alvo é grande, a tentativa

de fagocitose é frustrada ocorrendo uma exocitose do conteúdo lisossomal do neutrófilo

provocando danos às células vizinhas. As manifestações clínicas mais comuns são:

prurido generalizado, eritema com ou sem urticária e angioedema, tosse, dispnéia,

sibilos, sensação de opressão torácica, cólicas, diarréia, febre, ansiedade, excesso de

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transpiração, palidez, hipotensão, taquicardia, confusão e desorientação. (ROITT;

BROSTOFF; MALE,1999b; SILVA, 2003)

2.3 Hipersensibilidade Tipo III-

A hipersensibilidade de tipo III ocorre quando complexos imunes (antígeno e

anticorpo) ficam depositados em tecidos ou órgãos, esses anticorpos podem ser IgG ou

IgM e são resultantes da exposição contínua à mesma droga ou droga semelhante. Os

complexos são formados através da ativação da cascata de proteínas do sistema

complemento. (SILVA; ROSELINO, 2003)

As doenças decorrentes de complexos imunes podem ser classificadas como:

(ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999c)

• Infecção persistente: uma infecção de baixo grau e resposta fraca de anticorpos

formam complexos imunes cronicamente e sua conseqüente deposição nos

tecidos.

• Doença auto-imune: nas doenças auto-imunes a produção constante de auto-

anticorpos formam continuamente complexos imunes e os sistemas responsáveis

pela remoção destes; os complexos começam a se depositar nos tecidos.

• Inalação de material antigênico: complexos imunes são formados na superfície

corporal e são seguidos de exposição a antígenos extrínsecos.

A hipersensibilidade do tipo III ocorre, pois os complexos imunes podem

desencadear uma série de processos inflamatórios, pois interagem com o sistema

complemento estimulando a liberação de aminas vasoativas e fatores quimiotáticos de

mastócitos e basófilos. As aminas liberadas promovem a retração endotelial

aumentando a permeabilidade vascular permitindo, assim, deposição de complexos

imunes nas paredes dos vasos. Polimorfonucleares tentam internalizar os complexos

mas não conseguem pois estes estão ligados às paredes dos vasos, então liberam seu

conteúdo lisossomal por exocitose que se forem liberados em íntima justaposição aos

tecidos portadores dos complexos podem danificar o tecido. (ROITT; BROSTOFF;

MALE, 1999c; SILVA, 2003)

Os complexos imunes permanecem na circulação por período prolongado

entretanto, só causam problemas quando passam a se depositar nos tecidos. Os

complexos imunes depositados podem ser visualizados por imunofluorescência sendo o

órgão afetado o local ideal para sua visualização, portanto amostras teciduais podem ser

examinadas para a detecção de imunoglobulinas e complemento. Esse exame nos traz

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informações sobre a gravidade da doença baseando-se na composição, padrão e a área

particular do tecido afetado. Já os complexos circulantes podem ser encontrados ligados

aos eritrócitos ou livres no plasma. Uma vez que os complexos ligados têm menor

chance de causar danos, o maior interesse está em se determinarem os complexos livres.

Porém deve-se entender que os complexos imunes livres só causarão problemas quando

se depositarem nos tecidos. (ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999c)

A reação típica desse tipo de reação é a doença do soro que se manifesta, mais

comumente com os sintomas de febre, artrite, aumento de linfonodos, urticária e

exantemas maculopapulares. Alem dessas manifestações relacionadas a doença do soro,

a nefrite intersticial aguda, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide e alguns tipos

de endocardite bacteriana também são manifestação clínicas de hipersensibilidade do

tipo III. (GRAHAME; SMITH; ARONSON, 2004; MALLOZI, 2007)

2.4 Hipersensibilidade tipo IV

A hipersensibilidade do tipo IV é caracterizada por reação eczematosa no local

de contato com o alérgeno e é dividida em três variantes:

Os haptenos penetram na pele e conjugam-se com proteínas do organismo

formando um complexo hapteno-carregador na epiderme. Então, as células de

Langerhans, que carregam o antígeno, migram para a área cortical do linfonodo onde

apresentam o antígeno às células T CD4+ e produzem algumas células T CD4+ de

memória. Poucas horas após a aplicação de um alérgeno, ocorre uma pequena

diminuição do número de células de Langerhans na epiderme. (ROITT; BROSTOFF;

MALE, 1999d)

Após o contato com o alérgeno, ocorre a degranulação e liberação de citocinas

pelos mastócitos. Essas citocinas induzem a adesão intercelular criando um gradiente de

movimentação das células em direção à epiderme e a junção dermo-epidermal. Após 4-

8 horas, um infiltrado de células aparece ao redor dos anexos e dos vasos sanguíneos.

Os macrófagos invadem a derme e epiderme em 48 horas tendo pico de concentração

em 48-72 horas. (ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999d)

Os sintomas clínicos são caracterizados por dermatite de contato, prurido,

eritema e lesões elevadas. (GRAHAME; SMITH; ARONSON, 2004, MALLOZI, 2007)

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2.5 Hipersensibilidades não classificadas

Foram propostos diversos mecanismos para explicar as reações com suspeita de

hipersensibilidade que não se encaixam na classificação de Gell e Coombs. Esses

mecanismos estão esquematizados na Tabela 1. (SILVA; ROSELINO, 2003)

Tabela 1 – Reações de hipersensibilidade não classificadas

Mecanismo de reação de hipersensibilidade não classificada por Gell e Coombs

A Exantema morbiliforme por respostas específicas de células T

1- Envolvimento de moléculas MHC* de classe 1

2- Ligação de drogas às proteínas intracelulares

3- Conjugados droga-peptídeo + moléculas MHC* de classe 1

4- Células TCD 8+ mediam inflamação e citotoxicidade

B Imunidade inata evocada por processos infecciosos modula resposta imunológica

contra drogas podendo explicar assim o aumento da resposta de hipersensibilidade a

drogas em pacientes com AIDS**.

C Hepatite auto-imune associada com anticorpos contra o citocromo P450 - halotano

* MHC: moléculas do complexo principal de histocompatibilidade.

** AIDS: Síndrome da imunodeficiência adquirida.

Fonte: (SILVA; ROSELINO, 2003)

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3 EPIDEMIOLOGIA

As reações adversas a medicamentos são responsáveis por um alto custo e

morbidade.

Segundo MALLOZI (2007), as reações adversas podem ser divididas em:

3.1.Reações adversas previsíveis

•Superdosagem ou toxicidade: diretamente relacionado a quantidade do

medicamento no organismo sendo esperadas sempre que o limite for ultrapassado.

•Efeito colateral: efeitos indesejáveis que ocorrem dentro das doses

esperadas sendo decorrentes das ações farmacológicas do fármaco.

•Efeito secundário: reações inevitáveis não decorrentes de ações

farmacológicas.

•Interações medicamentosas: quando mais de uma droga for administrada

simultaneamente mais interagem causando reações adversas.

3.2.Reações adversas imprevisíveis

• Intolerância: pacientes suscetíveis possuem limiar diminuído para a ação

farmacológica do medicamento.

• Idiossincrasia: resposta anormal a algum medicamento diferente de sua

ação farmacológica.

• Pseudoalérgicas: liberação imediata de mediadores de mastócitos

independente de anticorpos.

• Alérgicas ou hipersensibilidade: decorrentes de resposta a mecanismo

imunológico específico.

As reações alérgicas ou de hipersensibilidade aos medicamentos correspondem a

um terço das reações adversas a medicamentos e são responsáveis por cerca de 3 a 6%

das internações hospitalares ocorrendo em 10 a 15% dos pacientes hospitalizados. O

custo das reações alérgicas a medicamentos muitas vezes é subestimado, pois a maioria

delas não ocorre em ambiente hospitalar. (DIAS, 2004)

Estima-se que a incidência das reações alérgicas a medicamentos na população

geral seja de cerca de 0,95%. (MALLOZI, 2007)

Dentre os medicamentos que causam reações de hipersensibilidade destacam-se

as penicilinas, provavelmente pela prévia exposição dos pacientes a produtos que

contenham antimicrobianos (alimentos derivados de animais tratados com penicilinas e

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vacinas com antimicrobianos), sulfonamidas que em pacientes HIV positivos causam

dez vezes mais reações de hipersensibilidade com índice acima de 40%. (DIAS, 2004)

Em estudo realizado em um hospital em Singapura, os antiepilépticos e

penicilinas são responsáveis por 7% das reações de hipersensibilidade. Em crianças,

82% dos casos de hipersensibilidade são decorrentes do uso de antibióticos beta-

lactâmicos e 5% são causados por sulfonamidas. (DIAS, 2004)

A freqüência das manifestações alérgicas a penicilinas varia entre 2 e 3% sendo

que a duração do tratamento aumenta o risco para 3 a 5%. As alergias graves têm

incidência de 1caso a cada 10.000 pacientes tratados. (SASTRE; CARDONA, 2000)

As drogas que mais causam reações anafiláticas são os antibióticos beta-

lactâmicos (responsável por 75% das reações anafiláticas fatais nos EUA),

cefalosporinas, sulfonamidas, entre outras. (CRIADO, 2004)

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4 PRINCIPAIS FÁRMACOS CAUSADORES DE REAÇÕES

IMUNOLÓGICAS

4.1 Sulfonamidas

As sulfonamidas foram descobertas por volta de 1935 por Gerhard que

descobriu as propriedades quimioterápicas do protonsil (corante azo). Mais tarde,

Trefouel, Nitti e Bovet descobriram que o protonsil era reduzido e sua ligação azo

rompida liberando a sulfonamida ativa. Com o surgimento da resistência às

sulfonamidas, as penicilinas e outros antibióticos passaram a ocupar um lugar de

destaque. Então, na década de 70, o sulfametoxazol foi associado à trimetoprima

havendo assim uma ampliação no uso das sulfonamidas. As sulfonamidas além de

serem utilizadas com agentes antibacterianos, deram origem a outros compostos de

valor terapêutico como, por exemplo, os diuréticos tiazídicos. (CARVALHO, 1998)

As sulfonamidas possuem uma estrutura química muito semelhante ao ácido p-

aminobenzóico (PABA). As características físicas, químicas, farmacológicas e

antibacteriana mudam de acordo com a ligação de radicais ao grupo amídico ou

amínico. (CHAMBERS, 2003b)

4.1.1 Classificação

De acordo com CARVALHO (1998), as sulfonamidas podem ser classificadas

de acordo com diversos critérios como espectro, duração de ação, uso terapêutico e

estrutura química. A aplicação mais utilizada é a classificação de acordo com a

aplicação terapêutica, porém esta não é perfeitamente correta, pois algumas

sulfonamidas podem pertencer a mais de um grupo. Esta classificação será utilizada

uma vez que trata-se da mais usual e conhecida.

4.1.1.1 Sulfonamidas sistêmicas

As sulfonamidas sistêmicas são utilizadas para o tratamento de infecções

sistêmicas.

4.1.1.1.1 Curta ação

Rapidamente absorvidas e excretadas, sendo sua meia vida de 4-7 horas. Os

altos níveis urinários fazem com que sejam a droga de escolha utilizada no tratamento

de infecções do trato urinário.

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- Sulfisoxasol

- Sulfametizol

- Sulfaclorpidazina

- Sulfacetamida

- Sulfamerazina

- Sulfametazina

- Sulfatiazol

4.1.1.1.2 Ação intermediária

Absorvidas mais lentamente que as sulfonamidas de ação curta tendo sua meia

vida de 10-12 horas. Utilizadas em infecções que requerem terapia prolongada.

- Sulfametoxazol

- Sulfafenazol

- Sulfamoxol

- Sulfadiazina

4.1.1.1.3 Ação prolongada

Rapidamente absorvidas e lentamente excretadas, sua meia-vida é em torno de

17-40 horas podendo algumas delas apresentarem meia-vida de até 150 horas. A lenta

excreção deve-se a sua característica lipofílica. O uso clínico é justificado apenas em

algumas situações: baixa concentração urinária da droga ativa, sendo uma desvantagem

em relação com as sulfonamidas de ação curta; não penetram de forma tão satisfatória

no liquido cefalorraquidiano, se comparadas com as sulfonamidas de ação curta; podem

alcançar concentrações excessivas no sangue devido a sua eliminação lenta. Hoje em

dia apenas a sulfadoxina ainda está em uso (tratamento da malária em associação com a

pirimetamina), pois as outras sulfas desse grupo têm grande potencial de causarem

reações de hipersensibilidade por tempo prolongado.

- Sulfametoxipridazina

- Sulfadoxina

- Sulfametoxipirimidina

4.1.1.1.4 Sulfonamidas intestinais

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Sua absorção no trato gastrintestinal é pequena alcançando assim altas

concentrações no lúmen do cólon. Por apresentar essa característica elas são muito

utilizadas em infecções intestinais e cirurgias intestinais.

- Sulfassalazina

- Sulfaguanidina

- Ftalilsulfatiazol

-Succinilsulfatiazol

4.1.1.1.5 Sulfonamidas de ação tópica

As sulfonamidas de ação tópica são utilizadas na pele, mucosas e no olho.

- Sulfacetamida

- Sulfisoxazol

- Sulfadiazina de prata

- Mafenida

4.1.2 Mecanismo de ação

As sulfonamidas são análogos estruturais do PABA (ácido paraminobenzóico).

Para o microrganismo formar o ácido diidropteróico ele precisa utilizar o PABA então

as sulfonamidas, através da inibição competitiva, impedem a incorporação do PABA

agindo assim como antimetabólito. As sulfonamidas impedem o crescimento através da

inibição da síntese do ácido fólico. Portanto, as sulfonamidas têm ação bacteriostática.

(CARVALHO, 1998; CHAMBERS, 2003b)

4.2 Antibióticos beta-lactâmicos

Existem mais de 50 antibióticos beta-lactâmicos comercializados no mundo.

Estes são caracterizados pela presença de um anel beta-lactâmico comum. Sendo

representados por: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas, nocardicinas e

monobactâmicos. Os beta-lactâmicos são medicamentos com baixa toxicidade

permitindo assim, uso prolongado com a dose máxima de efeito. (SASTRE; SASTRE;

CARDONA, 2000; SILVA, 1998)

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No metabolismo das penicilinas e cefalosporinas, são formados compostos que

se juntam às proteínas plasmáticas provocando a ruptura do anel beta-lactâmico. Com

isso, pode ocorrer a formação de um antígeno que desencadeia uma resposta imune. Os

beta-lactâmicos podem causar respostas imunológicas do tipo I, II, III ou IV, sendo que

em 50% dos casos onde há desenvolvimento de hipersensibilidade, são reações do tipo

I. (SASTRE; CARDONA, 2000)

4.2.1 Penicilinas

As penicilinas foram descobertas por Alexandre Fleming em 1929, porém

quantidades significativas da penicilina G foram conseguidas em 1940 por Chain,

Florey e seus colaboradores. Então 10 anos mais tarde, a quantidade disponível de

penicilina para uso clínico já era ilimitada. Essa síntese é realizada através de cultura de

fungos Penicillium notatum e P. chrysogenum. Através da manipulação química desses

produtos naturais, originou-se um grande número de derivados semi-sintéticos que dão

origem a diversos antibacterianos. (CHAMBERS, 2003a; SILVA, 1998)

As penicilinas pertencem ao grupo dos antibióticos beta-lactâmicos devido à

presença de um anel lactâmico de quatro membros. A estrutura básica é formada por um

anel tiazolidínico, fixado em um anel beta-lactâmico que transporta um grupo amino

secundário podendo haver ligação de radicais ao grupo amino. (CHAMBERS, 2003a)

4.2.2 Classificação

A classificação das penicilinas é feita através da ligação de diferentes radicais ao

ácido 6-aminopenicilânico (6-APA). Essas ligações determinam as propriedades

farmacológicas, físico-químicas e terapêuticas da molécula formada. (CHAMBERS,

2003a; SILVA, 1998)

Classificação segundo SILVA (1998):

4.2.2.1 Penicilinas naturais

As principais características são maior atividade contra microorganismos Gram-

positivos, cocos Gram-negativos e anaeróbios não produtores de beta-lactamase, pois

são sensíveis à hidrólise por ação das beta-lactamases, além de possuírem pouca

atividade contra bastonetes Gram-negativos. (CHAMBERS, 2003a)

O grupo é representado pelas seguintes drogas:

- Penicilina G (benzilpenicilina) (CHAMBERS, 2003a; SILVA, 1998)

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- Penicilina G-procaína (SILVA, 1998)

- Penicilina G-benzatina (SILVA, 1998)

4.2.2.2 Penicilinas penicilinase – resistentes

Ativas contra estafilococos e estreptococos, inativas contra enterococos,

bactérias anaeróbias e cocos e bastonetes Gram-negativos. Resistentes às beta-

lactamases estafilocócicas. (CHAMBERS, 2003a)

O grupo é representado pelas seguintes drogas:

- Nafcilina (CHAMBERS, 2003a; SILVA, 1998)

- Meticilina (SILVA, 1998)

- Penicilinas Isoxazolílicas (SILVA, 1998)

- Oxacilina

- Cloxacilina

- Dicloxacilina

4.2.2.3 Penicilinas de espectro ampliado

São sensíveis às beta-lactamases. Conservam o espectro antibacteriano da

penicilina e apresentam maior atividade contra microrganismos Gram-negativos.

(CHAMBERS, 2003a)

O grupo é representado pelas seguintes drogas: (SILVA, 1998)

- Penicilinas de segunda geração

- Ampicilina

- Amoxacilina

- Bacampicilina

- Ciclacilina

- Penicilinas de terceira geração

- Carbenicilina

- Ticarcilina

- Penicilinas de quarta geração

- Azlocilina

- Mezlocilina

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4.2.2.4 Amidinopenicilina

Ativa contra microrganismos Gram-negativos, inativa contra Gram-positivos e

sensível às beta-lactamases. A amidinopenicilina ainda não é comercializada no Brasil.

(SILVA, 1998)

4.2.2.5 Outros antibióticos beta-lactâmicos

- Carbapenêmicos

- Imipenen

- Monobactâmicos

- Aztreonam

4.2.2.6 Mecanismo de ação

Assim como todos os outros antibióticos beta-lactâmicos, as penicilinas

interferem na síntese da parede celular bacteriana inibindo seu crescimento. Só exercem

ação bactericida se as células estiverem em crescimento ativo e sintetizando sua parede

celular. O processo de morte celular não está totalmente esclarecido, mas sabe-se que o

processo envolve enzimas bacterianas que remodelam e decompõe a parede celular.

(CHAMBERS, 2003a)

De acordo com as diferentes penicilinas a absorção via oral vai variar

dependendo de sua estabilidade em meio ácido. A absorção por via parenteral é rápida

e completa, sendo que, a via intravenosa é a preferida, pois causa menos dor. A

excreção ocorre através dos rins porém pequenas quantidades também são excretadas

por outras vias. (CHAMBERS, 2003a)

4.2.3 Cefalosporinas

As cefalosporinas são derivadas do fungo Cephalosporium acremonium que é

capaz de produzir antibióticos semelhantes à penicilina, mas com características como

resistência à beta-lactamase e ação contra Gram-positivos e negativos. Com o

isolamento do ácido 7-aminocefalospôranico foi possível efetuar a produção em larga

escala do medicamento o que permitiu a síntese de uma grande variedade de

cefalosporinas dificultando a seleção racional do médico para a escolha do

medicamento. (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

As cefalosporinas, além de possuírem um anel beta-lactâmico possuem um anel

diidratiazínico, unido ao anel beta-lactâmico. Apresentam baixo poder antimicrobiano,

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23

porém com a introdução de cadeias laterais geraram-se produtos com maior potência e

características diferentes entre si. (ROCHA, 1998; SASTRE; CARDONA, 2000)

4.2.3.1 Classificação

A classificação das cefalosporinas é feita de acordo com algumas características

dependendo principalmente do espectro de ação microbiana. (CHAMBERS, 2003a;

ROCHA, 1998)

4.2.3.1.1 Primeira geração

Essa classe de cefalosporinas é caracterizada por sua ação contra cocos Gram-

positivos. Raramente é a droga de escolha para infecções sendo a droga de escolha para

profilaxia cirúrgica. Constitui também uma alternativa para pacientes com

hipersensibilidade às penicilinas. (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

São elas: (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

- Cefalotina

- Cefazolina

- Cefapirina

- Cefacetrila

- Cefalexina

- Cefradina

- Cefadroxil

- Ceflacor

4.2.3.1.2 Segunda geração

Geralmente são menos ativas, que as cefalosporinas de primeira geração, contra

Gram-positivas, porém apresentam também ação contra microorganismos Gram-

negativos. Têm sido utilizadas principalmente para o tratamento de otites, sinusites ou

infecções das vias aéreas inferiores. (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

São elas: (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

- Cefamandol

- Cefuroxima

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- Ceforanida

4.2.3.1.3 Terceira geração

Possuem atividade contra Gram-negativos aeróbios aumentada. É o tratamento

de escolha para diversas infecções causadas por microorganismos resistentes à maioria

dos outros fármacos. São os fármacos de primeira escolha para o tratamento de

gonorréia. Podem também ser utilizadas para o tratamento de meningite, pois penetram

no SNC (sistema nervoso central). (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

São elas: (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

- Cefotaxima

- Ceftriaxona

- Cefmenoxima

- Ceftazidima

- Cefoperazona

- Cefaloridina

4.2.3.1.4 Quarta geração

Possuem atividade contra Gram-negativos além de evidenciarem considerável

eficácia contra Gram-positivos. Assemelham-se muito às cefalosporinas de 3ª geração

porém são mais resistente à hidrólise causadas por beta-lactamases que inativam muitas

cefalosporinas de 3ª geração. Este grupo é representado pela cefepima. (CHAMBERS,

2003a; ROCHA, 1998)

4.2.3.2 Mecanismo de ação

As cefalosporinas também são antibióticos beta-lactâmicos, assim como as

penicilinas, que interferem na síntese da parede celular bacteriana inibindo assim o seu

crescimento. (CHAMBERS, 2003a)

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25

5 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE CAUSADAS POR

MEDICAMENTOS

5.1 Sulfonamidas

A grande variedade de reações de hipersensibilidade causadas pelas

sulfonamidas deve-se à alergia promovida pela droga ativa e seus metabólitos. Todas as

sulfonamidas e seus derivados apresentam características alergênicas cruzadas.

(CHAMBERS, 2003b)

As reações de hipersensibilidade causadas por sulfonamidas são:

• Anafilaxia

• Anemia Hemolítica

• Dermatite esfoliativa

• Eczemas

• Eritema multiforme

• Síndrome de Stevens Johnson

• Eritema nodoso

• Eritema tóxico

• Erupções fixas

• Exantema mobiliforme

• Fotosensibilidade e fototoxicidade

• Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell)

• Nefrite

• Pustulose exantematica (eritema difuso)

• Trombocitopenia

• Vasculites

5.2 Penicilinas

As penicilinas, no geral, causam sensibilização e reatividade cruzada. A

sensibilização ocorre em decorrência dos produtos de degradação das penicilinas que se

ligam a macromoléculas, formando assim haptenos, que geram os determinantes

antigênicos principal e secundário. (CHAMBERS, 2003a; SÃO PAULO [200?])

As penicilinas podem causar reações imunológicas que abrangem todos os tipos

de reações descritas no tópico 2, porem, os sintomas apresentados mudam de acordo

com o tipo de hipersensibilidade apresentada. (SILVA; ROSELINO, 2003)

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As reações de hipersensibilidade causadas por penicilinas são:

• Anafilaxia

• Anemia hemolítica

• Angioedema

• Broncoespasmo

• Dermatite esfoliativa

• Doença do soro simile

• Eczemas

• Eritema multiforme

• Erupções fixas

• Síndrome de Stevens Johnson

• Eritema tóxico

• Exantema mobiliforme

• Fotosensibilidade e fototoxicidade

• Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell)

• Nefrite

• Pustulose exantematica (eritema difuso)

• Trombocitopenia

• Urticária

• Vasculites

5.3 Cefalosporinas

As cefalosporinas podem sensibilizar o indivíduo e desencadear uma série de

reações de hipersensibilidade idênticas às da penicilina. O núcleo químico das

cefalosporinas é suficientemente diferente do das penicilinas possibilitando que

indivíduos com histórico de alergia às penicilinas possam tolerar as cefalosporinas.

(CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998)

As reações de hipersensibilidade causadas por cefalosporinas são:

• Anafilaxia

• Anemia hemolítica

• Doença do soro símile

• Pustulose exantematica (eritema difuso)

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6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas causadas por sulfonamidas, penicilinas e

cefalosporinas são descritas a seguir.

6.1 Anafilaxia

A anafilaxia é uma reação alergica grave, apesar de rara. É causada por reação

de hipersensibilidade tipo I, ou seja, mediada por anticorpos IgE ou IgG. (SÃO

PAULO, [200-?])

Trata-se de uma reação sistêmica, de rápida instalação podendo causar reações

tão intensas que causam risco de vida ao paciente. (DIAS, 2004; CRIADO, 2004a)

Os medicamentos são responsáveis por 13 a 20% dos casos de anafilaxia, sendo

os antibióticos B-lactâmicos responsáveis por 75% das reações anafiláticas fatais nos

Estados Unidos, porem, alem dos B-lactâmicos, outros medicamentos também causam

reações anafiláticas. As causas de anafilaxia podem ser evidenciadas de acordo com a

figura 1. (CRIADO, 2004a; WYATT, 1996)

Idiopática; 37%

Alimentos; 34%

Exercícios; 7%

Látex, hormônios e picadas

de insetos; 2% Drogas*;

20%

Figura 1: Causas de anafilaxia. Fonte: (WYATT, 1996) *Drogas: Antinflamatórios não-esteroidais: aspirina; Penicilinas, cefalosporinas, insulina,

sulfonamidas, hemoderivados, vacinas, enzimas tripsina, quimopapaína e estreptoquinase.

Os sintomas clínicos podem ser observados entre 30 minutos e 1 hora após o

contato com o alérgeno e são caracterizados por prurido generalizado, urticária,

sintomas rinoconjuntivais, angioedema, hipotensão, sibilos, dores abdominais, diarréia,

vômito, contrações uterinas, arritmias cardíacas, tosse, sensação de opressão torácica,

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febre, ansiedade, transpiração excessiva, palidez, confusão e desorientação. Em alguns

casos pode ocorrer reaparecimento dos sintomas após algumas horas. (CRIADO, 2004a;

SILVA, 2003)

A anafilaxia é comumente confundida com as reações vaso-vagais que ocorrem

após intervenções dolorosas, sendo os sintomas característicos palidez, náuseas

diaforese profusa e síncope. Pode ser diferenciada pela ausência de prurido, presença de

pulsação lenta e pressão sanguínea normal. (WYATT, 1996)

Reações anafilactóides também são frequentemente confundidas com as reações

anafiláticas não sendo relacionadas a mecanismos imunes mas levando a ativação de

mastócitos e liberação de mediadores. (CRIADO, 2004a)

O reconhecimento de pacientes com anafilaxia deve ser o mais rápido possível e

o tratamento iniciado rapidamente, diminuindo, assim, reações fatais. (CRIADO,

2004a)

6.2 Anemia hemolítica

A anemia hemolítica é decorrente da destruição precoce de hemácias, causada

pela fixação de imunoglobulinas ou complementos na superfície da membrana das

hemácias causando sua lise. Os eritrócitos de indivíduos normais apresentam menos de

50 moléculas de IgG por glóbulo vermelho, enquanto, geralmente, as hemácias de

pacientes com AHAI (anemia hemolítica auto-imune) estão recobertas com grande

quantidade de IgG. (BRAGA, 1998)

Na maior parte dos casos, os pacientes apresentam teste de Coombs positivo,

mas sem repercusão clínica pois a eritropoiese é capaz de compensar a sobrevida das

hemácias. São observados sinais clínicos e laboratoriais de hemólise como icterícia,

esplenomegalia, reticulose, esferócitos e policromasia apesar de não se desenvolver

anemia. Essa situação é denominada hemólise compensada. (CANÇADO; LANGHI;

CHIATTONE, 2005)

Os principais mecanismos causadores de anemia hemolítica são, segundo

Segundo (CANÇADO; LANGHI; CHIATTONE, 2005):

• Adsorção da droga: onde o medicamento funciona como hapteno

ligando-se fortemente às proteínas da membrana eritrocitária resultando

na síntese de anticorpos contra a droga que esta ligada às hemácias.

• Adsorção de imunocomplexos: os anticorpos que reagem com o

medicamento formando imunocomplexos que são adsorvidos por

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receptores das hemácias que ativam o sistema complemento e

desencadeiam a hemólise intravascular.

• Indução de auto-imunidade: alguns medicamentos podem induzir a

formação de auto-anticorpos que reagem contra antígenos eritrocitários,

geralmente relacionados ao Rh sanguíneo.

6.3 Angioedema e urticária

O angioedema consiste em edema da região profunda da derme e do tecido

celular subcutâneo. Acomete áreas como língua, lábios, pálpebras e pode também

ocorrer nas extremidades.Se diferencia da urticária, pois não causa prurido. Seu tempo

de duração pode variar entre 1-2 horas ou persistir por dias. (MARHOLZ, 2002;

MEDEIROS; SOARES; MENDES, 1999)

Já a urticária apresenta-se de forma muito variável sendo, em geral, pruriginosa,

circunscrita, eritematopapulosa ou macular, geralmente regride em 24-48 horas sem

aspectos residuais. (MEDEIROS; SOARES; MENDES, 1999)

O angioedema e a urticária podem se manifestar concomitantemente, apesar de

serem mais freqüentes manifestações isoladas de urticária. Vide figura 2. (MEDEIROS;

SOARES; MENDES, 1999)

Figura 2: Urticária pelo ácido acetil salicílico. Fonte: (CRIADO, 2004a)

Estas são decorrentes de estímulos antigênicos ou físicos, ação direta de

fármacos sobre células e/ou mediadores bioquímicos de reações de hipersensibilidade,

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doenças sistêmicas ou por mecanismos de auto-imunidade e idiopáticos, e podem ser

classificados em agudos e crônicos. (MEDEIROS; SOARES; MENDES, 1999)

As penicilinas causam reações de angioedema e urticária através do mecanismo

de hipersensibilidade do tipo I. (SILVA; ROSELINO, 2003)

Os fatores etiológicos das reações de urticária e angioedema podem ser descritos

de acordo com a tabela 2 e os mecanismos propostos para a liberação de histamina estão

esquematicamente demonstrados através da figura 3:

Tabela 2: Urticária / Angioedema – Fatores etiológicos

1) Fatores físico: frio, pressão, solar, exercícios;

2) Alergia medicamentosa ou alimentar;

3) Infecções;

4) Infestações;

5) Síndromes hereditárias: urticária ao frio familiar, angioedema vibratório familiar,

defeciência do inativador de C3b, amiloidose + surdez + urticária + dores nos membros;

6) Malignidades: leucemia; linfoma; mieloma múltiplo; carcinoma: do cólon, do reto,

dos pulmões e dos ovários; neoplasias malignas hepáticas;

7) Doenças endócrinas: diabetes mellitus, hiper ou hipotireoidismo,

hiperparatireoidismo, ovariopatias, dermatite auto-imune à progesterona;

8) Doença por imunocomplexos: LES, AR, urticária, vasculites;

9)Auto-imunidade;

10) Urticária / angioedema idiopáticos.

Fonte: (CRIADO, 1999)

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Figura 3: Mecanismo de liberação de histamina pelos mastócitos. Os estímulos físicos

liberadores diretos, agentes colinérgicos, anafilotoxinas, a ligação de antígenos à IgE

nos receptores de alta afinidade à IgE (FceRla) estimulam o aumento do

GMPc(guanosina monofosfato cíclico) e a liberação da histamina. Fonte: (CRIADO,

1999)

6.4 Broncoespasmo

Trata-se de uma constrição reversível das vias aéreas pequenas do trato

respiratório distal. Podem ser causadas por diversos agentes, entre eles, as penicilinas.

Dispnéia, sibilos, cianose e tosse, são as manifestações clínicas que podem ser

observadas. Em alguns casos, o paciente também pode apresentar dificuldades para falar

e taquicardia grave e nos casos graves pode-se observar "pulso paradoxal".

(FERNANDO, 1999)

6.5 Dermatite esfoliativa

É um distúrbio inflamatório da pele caracterizado por eritema generalizado e

descamação da pele. Apresenta incidência de um a 71 por 100.000 pacientes

dermatológicos. Vide figura 4. (KONDO, 2006)

Os quadros de dermatite esfoliativa à reação a drogas são em geral de instalação

rápida e tendem a regredir rapidamente com a retirada do medicamento envolvido.

(CRIADO, 2004a)

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Uma a quatro semanas após o início do uso do medicamento surgem prurido

associado ao eritema difuso, envolvendo cerca de 90% da superfície corpórea, e

linfoadenopatia, seguida por descamação. Ocorrem prurido e sensação de queimação

difusa. Pode levar a complicações sistêmicas, como distúrbio hidroeletrolítico,

termorregulatório, insuficiência cardíaca, taquicardia, síndrome de escape capilar e

infecção. (CRIADO, 2004a)

Figura 4: Dermatite esfoliativa. Fonte: (CRIADO, 2004a)

Durante um estudo em que foram revisados os prontuários de pacientes com

diagnóstico de dermatite esfoliativa atendidos no Setor de Dermatologia do Hospital

Universitário Regional do Norte do Paraná (HURNP), da Universidade Estadual de

Londrina, no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2003, a psoríase e erupções

causadas por drogas foram os fatores mais freqüentemente associados com dermatite

esfoliativa, com 11 casos cada. Os medicamentos mais relatados foram alopurinol,

carbamazepina, penicilina, ouro e isoniazida, porém várias classes de medicamentos

podem ter sido responsáveis pelo quadro. Neste estudo, o grupo das sulfoniluréias foi o

principal agente implicado entre os medicamentos, com três casos. (KONDO, 2006)

6.6 Doença do soro

É causada pelo mecanismo de reação de hipersensibilidade do tipo III. Sendo as

manifestações cutâneas particulares eritema na porção lateral dos dedos de mãos e pés,

(ocorrendo em 90% dos casos), apresentando-se morbiliforme em 2/3 dos pacientes e

algumas vezes urticariforme. Raramente podem ser observados urticária, vasculite

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leucocitoclástica e eritema multiforme. Metade dos casos apresenta envolvimento

visceral. Os sintomas clínicos comuns são febre, erupção cutânea, sintomas

constitucionais, artrite e artralgias. (CRIADO, 2004b)

Os medicamentos relacionados com este tipo de manifestação são os soros

heterólogos e vacinas. A doença do soro pode ser causada também pelas penicilinas,

cefalosporinas, minociclina, propranolol, estreptoquinase e antiinflamatórios não-

hormonais. As frações C3 e C4 do complemento encontram-se acentuadamente

diminuídas na doença do soro enquanto em geral são normais na doença do soro-símile.

(CRIADO, 2004b)

6.7 Eczema

Trata-se de uma doença cutânea inflamatória. O eczema agudo é caracterizado

por eritema, exsudação e vesiculação, acometendo principalmente couro cabeludo, face

e superfícies extensoras dos membros. Já o eczema subagudo ou crônico apresenta

sintomas como escoriações, liquenificação, pouca ou nenhuma exsudação, e as lesões

localizam-se preferencialmente em flexuras. (CAMELO-NUNES, 2004)

Seu mecanismo de ação consiste na reação de hipersensibilidade do tipo IV

podendo ser ilustrado pela figura 5. (SILVA; ROSELINO, 2003)

Figura 5 : Eczema. Fonte: (ATOPIC)

6.8 Eritema multiforme / Síndrome de Stevens-Johnson

Hoje em dia, é possível separar pacientes com eritema multiforme dos

portadores da Síndrome de Stevens-Johnson com base nos sintomas clínicos e na

origem da doença. (CRIADO, 2004a)

O eritema multiforme é constituído por erosões mucosas e lesões cutâneas

características (alvos típicos, com ou sem bolhas), de distribuição simétrica.

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34

Compreende casos recorrentes, pós-infecciosos ou eventualmente relacionados com

exposição a fármacos apresentando baixa morbidade e nenhuma letalidade. (CRIADO,

2004a)

A Síndrome de Stevens-Johnson é caracterizada pela presença de lesões

semelhantes às do eritema multiforme, porém apresenta máculas purpúricas e bolhas

distribuídas ou lesões em alvos atípicos sobre o dorso das mãos, palmas, plantas dos

pés, região extensora das extremidades, pescoço, face, orelhas e períneo, podendo haver

envolvimento da face e do tronco. Constitui uma reação adversa grave a droga, com alta

morbidade e prognóstico reservado em muitos casos. (CRIADO, 2004a)

As figuras 6 e 7 demostram lesões causadas pelo eritema multiforme e/ou

síndrome de Stevens-Johnson.

Figura 6: Alvos típicos elevados. Presença de halo concêntrico em

torno de um disco necrótico central. Síndrome de Stevens-Johnson.

Fonte: (CRIADO, 2004a)

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Figura 7: Máculas purpúricas. Elementos purpúricos hora isolados,

hora coalescentes na orelha e na face. Síndrome de Stevens-

Johnson devido ao uso de carbamazepina e fluoxetina. Fonte:

(CRIADO, 2004a)

6.9 Eritema nodoso

O eritema nodoso foi descrito em 1978 por Robert William, porem, apenas no

século XX teve importância devido à associação com doenças como faringite

estreptocócica, tuberculose e sarcoidose. Trata-se de uma erupção cutânea nodular,

dolorosa, decorrente de uma reação inflamatória do tecido subcutâneo atingindo

principalmente os membros inferiores. (GIORGI, 2002)

Sua patogênese ainda é desconhecida, porem, sabe-se que trata-se de

hipersensibilidade mediada por células sendo desencadeada a partir da interação

exacerbada entre o mecanismo imune e fatores desencadeantes como agentes

infecciosos, medicações e doenças malignas. A lesão inicial é caracterizada por um

processo inflamatório infiltrativo de linfócitos e macrófagos seguido da formação de

células gigantes e granuloma. Os sinais clínicos são caracterizados por nódulos

dolorosos, únicos ou múltiplos nos membros inferiores, principalmente tornozelos e

joelhos, sendo incomum em tronco, membros superiores e face. De acordo com sua fase

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evolutiva os nódulos variam de vermelho ao amarelo. Indivíduos de pele negra

apresentam lesões hiperpigmentadas. Conforme as figuras 8 e 9. (GIORGI, 2002)

Figura 8: Eritema nodoso. Fonte: (GIORGI, 2002)

Figura 9: Nódulo eritematoso em membro inferior direito, em fase de regressão,

após início de tratamento. Fonte: (D´ AVILA, 2005)

Os nódulos duram, em média, de 7 a 15 dias e costumam desaparecer

espontâneamente porem novas lesões aparecem antes que as anteriores estejam

completamente cicatrizadas. (CARNEIRO, 2005)

Em um estudo realizado por 16 anos no Hospital do Servidor Público Estadual

(HSPE), o eritema nodoso foi considerado idiopático em 42,8% dos casos, apresentando

uma causa aparente em 57,2% dos pacientes. As sulfonamidas, alem de outros

fármacos, são citado como causas do eritema nodoso assim como as penicilinas,

barbitúricos e salicilatos, têm sido mencionadas como prováveis agentes, embora

raramente se comprove tal relação pois estes podem ser administrados em doenças

associadas ao eritema nodoso. Na tabela 3 pode-se verificar quais as substâncias e

medicaemtnos que estão associados ao eritema nodoso. (GIORGI, 2002)

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Tabela 3: Substâncias e medicamentos associados ao eritema nodoso

Sulfonamidas

Penicilinas

Contraceptivos orais

Sais de ouro

Prazosin

Salicilatos

Brometos

Minociclina

Fenitoína

Clorotiazida

Nitrofurantoína

D-penicilamina

Talidomida

Isotretinoína

Interleucina 2

Vacina contra hepatite B

Fonte: (GIORGI, 2002)

6.10 Eritema tóxico

Trata-se de uma dermatose transitória, comun e benigna, não causando maior

preocupação do ponto de vista clínico. É caracterizada pela presença máculas e pápulas

eritematosas, vesículas e pústulas. Ver figura 10. (PEREIRA; GONTIJO, 2001)

Os sinais clínicos se iniciam com eritema na face espalhando-se em seguida para

região frontal, tronco e membros, posteriormente surgem pápulas sobre uma base

eritematosa e edematosa. As pápulas apresentam consistência firme à palpação e em 24

horas, desenvolvem coloração róseo-amarelada. (PEREIRA; GONTIJO, 2001)

Existem relatos de eritema tóxico causados por penicilinas, furosemidas,

fenilbutazona, sulfonamidas, sulfoniluréias e diuréticos tiazídicos. (GRAHAME;

SMITH; ARONSON, 2004)

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Figura 10: Eritema tóxico: máculas, pápulas e placas eritematosas, disseminadas no

tronco. Fonte: (PEREIRA; GONTIJO, 2001)

6.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo

O eritema pigmentar fixo ou erupção fixa, provavelmente, é o quadro mais

comum de reação a medicamentos. Dentre os medicamentos que podem causar essas

reações estão as penicilinas e as sulfonamidas. (ALCHORNE, 1980)

Os sinais clínicos são lesões numulares eritematosas com hipercromia posterior.

Com re-exposição ao medicamento, a lesão torna-se eritematosa e pode acomenter

novas regiões. Acomete principalmente periorificios, incluindo mucosa genital. Trata-se

de uma reação de hipersensibilidade não classificada. Ver figura 11. (SILVA;

ROSELINO, 2003)

Figura 11: A- Eritema pigmentar fixo: lesão numular eritematoacastanhada. B e C-

Eritrodermia octiosiforme, causada por anticonvulsivante. Fonte: (SILVA;

ROSELINO, 2003)

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6.12 Exantema morbiliforme

O exantema morbiliforme é a erupção cutânea a droga mais comum sendo

responsável por 30 a 50% dos casos. Caracteriza-se de um exantema simétrico com

máculas e pápulas confluentes, conforme figura 12. Trata-se de uma reação de

hipersensibilidade do tipo não classificada. (SILVA; ROSELINO, 2003)

Figura 12: Exantema morbiliforme. Elementos papuloeritematosos não coalescentes no

abdômen, entremeados por pele sã. Exantema pela amoxicilina. Fonte: (CRIADO,

2004a)

6.13 Fotosensibilidade e fototoxicidade

A maior parte dos agentes fotossensibilizantes tópicos reage ao espectro de ação

de UVA (raios ultravioleta A). Os agentes químicos sistêmicos ou tópicos podem causar

dois tipos de fotorreações: fototóxico e fotoalérgico. Nas reações de fotosensibilidade, o

espectro de absorção da droga é máximo, em determinado comprimento de onda (320-

400 nm UVA) e induz a alteração molecular no material exógeno. As reações de

fototoxicidade são reações cutâneas não imunológicas. Já as reações fotoalérgicas

constituem uma reação imunológica anormal adquirida a luz. A absorção de

determinados comprimentos de onda provoca alterações em suas configurações

químicas e essas substâncias transformam-se em haptenos que se ligam a proteínas na

pele tornando-se um Ag completo capaz de causar uma resposta imunológica de

hipersensibilidade do tipo IV. As manifestações clínicas são eczemas. (PARKER, 2001)

6.14 Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell)

A Necrólise Epidérmica Tóxica (síndrome de Lyell) é caracterizada por extenso

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destacamento da epiderme secundário à necrose (necrólise da epiderme). Em 1956

Lyell instituiu o termo "necrólise epidérmica tóxica". Trata-se de uma reação adversa à

droga rara, sua incidência na Europa é de 1 caso para cada milhão de habitantes ao ano.

Pacientes com AIDS apresentam risco maior, cerca de 1 caso para cada 1.000 pacientes

por ano. (CRIADO, 2004a)

É uma reação que leva à divisão suprabasilar na epiderme com necrose da maior

parte da epiderme acima. Quando a lesão é extensa, muitas vezes é fatal e pode ser

confundida com a Síndrome de Stevens-Johnson por acometer, também, as mucosas.

(PARKER, 2001)

As características iniciais são alguns sintomas inespecíficos como influenza-

símile, tais como febre, dor de garganta, tosse e queimação ocular. A erupção

eritematosa surge simetricamente na face e na parte superior do tronco, com extensão

craniocaudal, provocando sintomas de queimação ou pele dolorida. As lesões cutâneas

individuais são caracterizadas por máculas eritematosas, de contornos mal definidos,

com centro purpúreo. No início, em alguns casos as lesões podem prevalecer nas áreas

fotoexpostas da pele. O auge do processo é caracterizado por denudação da epiderme

necrótica que se destaca em verdadeiras lamelas ou retalhos, dentro das áreas atingidas

pelo eritema de base. A epiderme é elevada pelo conteúdo seroso de bolhas flácidas que

confluem e provocam sua ruptura e descolamento, causando o aspecto de uma grande

queimadura, com a derme desnuda, sangrante, eritêmato-purpúrica e com contínua

eliminação de serosidade, contribuindo para o desequilíbrio hidroeletrolítico e

acentuada perda protéica. O extenso acometimento cutâneo pode causar estado de

falência cutânea aguda. De 85% a 95% apresentam acometimento das membranas

mucosas, sendo comum isso preceder o envolvimento da pele por cerca de um ou dois

dias. Em ordem de freqüência acomete orofaringe, olhos, genitália e ânus. Erosões

extensas e dolorosas determinam crostas labiais, salivação, impedimento da

alimentação, fotofobia, micção e evacuação dolorosas. (CRIADO, 2004a)

Acredita-se que as drogas são a maior causa de necrólise. O mecanismo

imunológico proposto para a causa é a apoptose de queratinócitos. (SILVA;

ROSELINO, 2003)

Entre os medicamentos que podem causar a necrólise epidérmica, mais

comumente, estão as sulfas. Continuamente são relatadas novas drogas que podem

desencadeá-la. Vide figura 13, 14 e 15. (CRIADO, 2004a)

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Figura 13: Necrólise epidérmica tóxica. Observar o eritema difuso

na face, área de descolamento epidérmico na pálpebra inferior e

acometimento dos lábios com crosta hemática. Necrólise

epidérmica tóxica devido ao uso de piroxicam. Fonte: (CRIADO,

2004a)

Figura 14: Necrólise epidérmica tóxica. Extenso acometimento

com várias áreas de derme desnudas na pele. Uso de

benzodiazepínico. Fonte: (CRIADO, 2004a)

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Figura 15: Necrólise epidérmica tóxica. Áreas extensas de

desnudação epidérmica que determinam a síndrome da falência

aguda. Uso de cefalexina. Fonte: (CRIADO, 2004a)

6.15 Nefrite túbulo intersticial aguda

A nefrite túbulo intersticial aguda medicamentosa pode ser induzida por diversas

drogas. Em algumas séries de biópsias realizadas nos últimos 15 anos, em 85 casos,

41% estavam relacionados aos antibióticos beta-lactâmicos. (OLIVEIRA;

CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000)

Nenhum mecanismo imunopatogênico unificado pode ser aplicado em todos os

casos de nefrite túbulo intersticial aguda (NTIA). Existe uma seqüência lógica proposta

onde a resposta imune inicia-se com reconhecimento do antígeno estranho ou de auto-

antígenos modificados, assim, a doença ocorreria dependendo da predisposição genética

e do grau de estimulação imune do paciente. A injúria intersticial pode ocorrer

decorrente de um mecanismo de imunidade humoral (anticorpo antimembrana basal

tubular, formação e deposição de complexos imunes), primeiramente, imunidade celular

(citotoxicidade por células T, hipersensibilidade retardada e citotoxicidade mediada por

células dependente de anticorpo) e/ou hipersensibilidade do tipo I. (OLIVEIRA;

CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000)

As drogas que mais comumente são relatadas como causadoras de nefrite túbulo

intersticial aguda podem ser vistas na tabela 4 e na tabela 5 pode-se verificar a

incidência das manifestações clínicas de nefrite túbulo intersticial aguda causada por

antibióticos beta-lactâmicos:

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Tabela 4: Drogas comumente reportadas como causadoras de Nefrite Túbulo

Intersticial Aguda Medicamentosa Antibióticos beta-lactâmicos

Amoxacilina Ampicilina Ceflacor

Cefalexina Cefalotina Cefotaxima Cefotan Cefradine Oxacilina Penicilina Outros antimicrobianos Ciprofloxacina Rifampicina Sulfametoxazol Vancomicina Diuréticos Furosemida Tiazidas Antinflamatórios não-esteroidais Ácido 5-aminossalicilico Ácido mefenâmico Diclofenaco Fenoprofeno Lindometacina Naproxeno Paracetamol

Piroxicam Outras drogas Aciclovir Alopurinol Cimetidina Fenitoína Omeprazol Ranitidina Fonte: (OLIVEIRA; CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000)

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Tabela 5: Incidência das manifestações clínicas de Nefrite Túbulo Intersticial Aguda

Medicamentosa causada por antibióticos beta-lactâmicos (exceto meticilina).

Idade média (limites) 47 anos

Sexo feminino 64 %

Duração do tratamento 11 dias

Febre 53%

Rash 50%

Eosinofilia 55%

Febre, rash ou eosinofilia 85%

Hematúria 59%

Proteinúria de 24 horas 0,42 g

Síndrome nefrótica 6%

Oligúria 46%

Necessidade de diálise 34%

Fonte: (OLIVEIRA; CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000)

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6.16 Pustulose exantemática

A pustulose exantemática acomete principalmente as áreas intertriginosas ou na

face como eritema difuso escarlatiniforme de instalação aguda. Prurido e ardência local

são sintomas descritos pelos pacientes. O eritema dá lugar a centenas de pequenas

pústulas não foliculares estéreis, algumas vezes essas pústulas podem confundir o

diagnóstico com a necrólise epidérmica sistêmica. Pode ocorrer intenso edema na face,

lesões purpúricas (principalmente nas pernas) e lesões semelhantes ao eritema

multiforme nas pernas. Cerca de 20% dos pacientes podem apresentar envolvimento

mucoso, sendo uma lesão leve e autolimitada. Os sintomas cutâneos são frequentemente

acompanhados por febre acima de 38ºC. No hemograma pode-se verificar leucocitose e

eosinofilia em um terço dos pacientes. Além das penicilinas, cefalosporinas e sulfas,

existem diversas drogas descritas que podem causar pustulose exantemática. Alguns

autores concluiram que a pustulose exantemática parece ser a expressão de uma reação

onde a células, ligada a droga inicia uma resposta imune droga-específica CD4 e CD8

positiva resultando em uma expressão elevada da IL8. Conforme demosntrado na figura

16. (CRIADO, 2004b)

Figura 16: Pustulose Exantemática Generalizada Aguda pós-exposição à

bamifilina. Dezenas de pequenas pústulas não foliculares, de 1 a 3 mm de diâmetro na

face lateral da coxa. Fonte: (CRIADO, 2004b)

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6.17 Trombocitopenia

A trombocitopenia pode ser causada por distúrbios na produção de plaquetas, na

sua distribuição ou destruição. A trombocitopenia causada por medicamento trata-se de

uma reação imunológica com três mecanismos propostos para a causa de destruição

prematura de plaquetas: (SHUMAN, 2001)

• Desenvolvimento de auto-anticorpos contra antígenos da membrana plaquetária;

• Ligação de imunocomplexos aos receptores Fc de plaquetas;

• Lise de plaquetas devido à fixação do complemento sobre sua superfície;

São descritas mais de 50 drogas que podem causar trombocitopenia imune,

dentre elas estão penicilinas e sulfas, porem raramente é confirmada. Na maioria dos

casos de trombocitopenia, a droga precisa estar presente para causar a ligação do Ac e

da trombocitopenia. Após a suspensão do tratamento a contagem de plaquetas

normaliza-se em alguns dias. (SHUMAN, 2001)

6.18 Vasculites

As vasculites causadas por hipersensibilidade são divididas em dois grupos

distintos sendo que no primeiro o antígeno é estranho ao hospedeiro e no segundo o

antígeno é endógeno. A característica essencial da vasculite por hipersensibilidade é a

venulite leucocitoclástica (restos de neutrófilos que se infiltraram nos vasos acometidos

e ao seu redor). As lesões cutâneas são os sintomas que geralmente predominam, sendo

elas a púrpura palpável clássica (resultado do extravasamento dos eritrócitos os tecidos

que circundam as vênulas afetadas), máculas, pápulas, vesículas, bolhas, nódulos,

úlceras e urticária. Alem das lesões cutâneas, pode-se verificar também o acometimento

de sistemas ou órgãos. Ver figura 17. (ROSENWASSER, 2001)

Histopatologicamente, podem ser definidas pela presença de inflamação e

necrose da parede dos vasos sangüíneos da pele. Cerca de 7 a 21 dias após o início da

droga a doença se manifesta. As vasculites atribuídas à exposição a medicamentos são

raras, mas aparentemente concorrem para cerca de 10% a 20% das vasculites dérmicas.

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É difícil quantificar a freqüência com que a vasculite induzida por droga é estritamente

cutânea. A experiência clínica sugere que a maioria dos casos esteja confinada a pele e

tenha curso autolimitado, porém poderá estar associada com graus variados de sintomas

sistêmicos incluindo atralgia, mal-estar e febre. (CRIADO, 2004b)

Figura 17: Vasculite de hipersensibilidade ao propiltiouracil. Observar a

equimose com necrose cutânea central no membro superior. Fonte: (CRIADO, 2004b)

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7 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de reações imunológicas a medicamentos deve ser composto de

histórico detalhado, exame físico e exames laboratoriais. Quando muitas drogas são

administradas concomitantemente pode ocorrer diagnóstico equivocado, portanto

aconselha-se montar uma relação de medicamentos utilizados pelo paciente e as datas

de administração, coletar dados relacionados às reações anteriores. (PORTER;

MELDRUM, 2003; DIAS 2004; SILVA, 2003)

Na maioria das vezes desconhece-se o mecanismo pelo qual as reações são

causadas, além disso, muitas vezes, mais de um medicamento é utilizado

concomitantemente podendo causar diagnósticos errôneos que acabam impondo

restrições desnecessárias, além disso, alguns pacientes somatizam os sintomas

aumentando assim a necessidade do médico saber diferenciar uma "alergia" de uma

"não alergia”. (DIAS, 2004)

O exame físico pode auxiliar na definição do tipo de reação, correlacionando

com o intervalo da administração dos diferentes medicamentos podendo assim indicar a

causa e mecanismo provável. Na prática, quando existem várias drogas utilizadas

concomitantemente, deve-se optar, pela droga que mais causa hipersensibilidade e por

aquela que o uso iniciou-se por último. (SILVA; ROSELINO, 2003)

Alem do exame físico alguns testes laboratoriais são utilizados na identificação

dos mecanismos imunológicos das reações de hipersensibilidade segundo a

classificação de Gell & Coombs. Ver tabela 6. (DIAS, 2004)

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Tabela 6: Testes laboratoriais de acordo com o mecanismo de ação

Tipo de reação Mecanismo imunológico Teste laboratorial

I (imediata) IgE – basófilos e/ou

mastócitos.

Testes cutâneos e

intradérmicos, RAST.

II (citotóxico) IgG e/ou IgM – antígenos

na membrana de células.

Teste de Coombs (IAT,

DAT).

III (imunocomplexos) Complexos de IgM e/ou

IgG – antígenos solúveis.

Complemento (C3, C4),

teste de imuno-

histoquímica (IFI, IFD).

IV (tardia) Células T Teste epicutâneo (patch) e

intradérmicos,

transformação linfocitária

“in vitro”, dosagem de

citocinas.

RAST (radioallergosorbent assay): pesquisa de IgE específica em soro; IAT/DAT: teste

de antiglobulina indireta / teste de antiglobulina direta; IFI/IFD: teste de

imunofluorescência direta. Fonte: (DIAS, 2004)

A identificação da participação ou não de mecanismos imunológicos é de

primordial importância para que a conduta terapêutica seja acertada. Por isso, o

diagnóstico diferencial entre reação alérgica e pseudo-alérgica deve ser feito com base

nos dados de anamnese, exame físico geral e exames laboratoriais que podem ser

específicos ou complementares. (DIAS, 2004)

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8 TRATAMENTO

De maneira geral, o tratamento fundamental das reações de hipersensibilidade a

medicamentos consiste na suspensão do medicamento. O uso de corticosteróides ou

anti-histamínicos vai depender do tipo de hipersensibilidade envolvida. O tratamento

das reações tópicas do tipo exudativas consiste em compressas com permanganato do

potássio ou água boricada, já lesões crostosas ou descamantes podem ser prescritos

pomadas ou cremes. Casos mais graves como Síndrome de Stevens-Johnson e NET

(necrólise epidérmica tóxica) deve-se atentar ao desequilíbrio hidroeletrolítico e

cuidados oftalmológicos. No caso de necessidade de uso de antibióticos, sua introdução

deve ser cuidadosa. Já o uso de cortiesteróides é controverso. (SILVA; ROSELINO,

2003)

8.1 Anafilaxia

O tratamento vai depender da gravidade da reação, porem, o reconhecimento do

paciente com anafilaxia deve ser o mais rápido possível e o tratamento deve ser iniciado

imediatamente, diminuindo assim reações fatais. (BARE, 2002; CRIADO, 2004)

O objetivo imediato é a manutenção da permeabilidade das vias aéreas e da

pressão arterial. Nas reações mais graves é necessário aporte com oxigênio. A

epinefrina deve ser administrada rapidamente, sendo a dose padrão de 0,01ml/kg de

uma solução de 1:1000 até no máximo, 0,3 a 0,5 ml, via subcutânea a cada 10 a 20

minutos até a estabilização do paciente. (CRIADO, 2004a)

A epinefrina é a droga mais importante para o tratamento de anafilaxia e deve

ser administrada por via intramuscular pois alguns estudos recentes demonstraram que

quando utilizada por via subcutânea, a velocidade de absorção é insatisfatória pois os

picos podem ser observados em 25 minutos enquanto, quando administrada por via

intramuscular, os picos séricos são observados em 5 a 6 minutos. Além disso, quando

aplicada na coxa, apresenta picos mais rapidamente do que quando aplicada no braço.

(SÃO PAULO, [200-?])

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Quadro 1: Fluxograma de tratamento de anafilaxia

Anafilaxia

Manifestações

Fonte: (SÃO PAULO, [200-?])

Manifestações cutâneas

(Angioedema, urticária)

Hipotensão Dificuldades respiratórias

Apenas manifestações cutâneas leves sem dificuldades respiratórias ou hipotensão

Epinefrina (adrenalina) 1:100, 0,3 a 0,5ml (adultos) 0,01ml/kg até o máximo de 0,3ml (crianças) IM.

+ Hidrocortisona 5-10mg/kg EV a cada 6hs ou succinato de metilpredinisolona 2 mg/kg IM ou EV (dose incial).

+ Em caso de edema laríngeo leve ou moderado – pode ser utilizado epinefrina por nebulização, 1:1000, 2,5 a 5ml para adultos ou 0,1mg/kg em crianças, diluídos para nebulização, (reduzir a dose em pacientes cardíacos) mas não debe ser administrada epinefrina intramuscular como tratamento inicial, não sendo este um substituto para a administração de epinefrina IM.

+ Em caso de broncoespasmo – nebulização com fenoterol e NaCl 0,9%.

+ Assegurar oxigenação, matendo o paciente em decúbito dorsal, com o pescoço em extensão.

+ Administrar oxigênio úmido por máscara (100% - 4 a 6l/min).

+ Se após todos os procedimentos persistir a obstrução das vias aéreas, debe-se proceder a entubação traqueal.

+ Monitorar sinais vitais (freqüência cardíaca, pressão arterial, pulso e freqüência respiratória).

Epinefrina 1:1000 0,3 a 0,5ml (adultos) e 0,01ml/kg até o máximo de 0,3ml (crianças) IM.

+ Hidrocortisona 5-10mg/kg EV a cada 6hs ou succinato de metilpredinisolona 2mg/kg IM ou EV (dose inicial).

+ Manter o paciente deitado com as pernas elevadas. Preparar venólise pois se os medicamentos anteriores não forem afetivos para o choque, utilizar fluidoterapia com cristalóides (NaCl 0,9% ou Ringer Lactato).

Prometazina inj. 0,25 a 1mg/kg a cada 12 horas IM ou EV podendo eventualmente ser substituído por epinefrina (adrenalina) 1:1.000 a 0,5 ml (adultos) 0,01 ml/kg até o méximo de 0,3ml (crianças IM.

+ Hidrocortisona 5-10mg/kg EV a cada 6hs ou succinato de metilprednisolona 2 mg/kg IM ou EV (dose inicial)

+ Monitorar sinais vitais (freqüência cardíaca, pressão arterial, pulso e freqüência respiratória).

+ Verificar qualquer sinal de obstrução das vias aéreas (edema de língua, de palato mole, úvula, laringe e broncoespasmo).

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8.2 Anemia hemolítica

O tratamento da anemia hemolítica causada por medicamentos tem como

principais objetivos reduzir a quantidade de anticorpos viáveis e diminuir ou cessar a

hemólise mediada por auto-anticorpos ou complemento. Quando a droga corresponde

ao principal componente do antígeno a suspensão da mesma, geralmente, é o suficiente

para assegurar o término da hemólise. Quando o anticorpo tem atividade sobre outras

glicoproteínas ou antígenos eritrocitários, o processo é auto-limitado e entre 2 ou 12

semanas, após a suspensão da droga, o quadro hemolítico tem sua resolução completa.

(CANÇADO; LANGHI; CHIATTONE, 2005)

8.3 Angioedema e urticária

A adrenalina mostra-se clinicamente útil no manejo agudo da urticária e

angioedema. Deve ser administrada em uma série de injeções de 0,2 a 0,3 ml de uma

diluição de 1:1000 por via subcutânea com intervalos de 3 minutos por 2 ou 3 vezes, até

o controle dos sintomas. (FRANK, 2001)

Epinefrinas de ação prolongada podem ser úteis, porem, seu uso é contra

indicado para pacientes que apresentam doença cardiovascular grave. (FRANK, 2001)

8.4 Broncoespasmo

O tratamento consiste em administrar oxigênio suplementar, um agonista beta-

adrenérgico, em aerossol utilizando um nebulizador em doses que podem ser repetidas

em intervalos de 20 minutos ou continuamente. Ou por via endovenosa, iniciando com

uma solução de infusão contendo 5 mg em 500 ml. Se não houver resposta satisfatória

após 2 a 3 doses de salbutamol, iniciar hidrocortisona endovenosa na dose de 300 mg,

seguida de doses de 200 mg a cada 4 h até melhora do paciente. Ao mesmo tempo que

os corticosteróides endovenosos pode-se iniciar Prednisolona via oral na dose de

40mg/dia. Em casos graves, a aminofilina pode ser associada. (FERNANDO, 1999)

8.5 Dermatite esfoliativa

O tratamento inicial consiste na suspensão do medicamento. O estado nutricional

e a reposição hidroeletrolítica devem ter atenção. Medidas locais como banhos de

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amido, compressas úmidas sobre as crostas, utilização de emolientes suaves e

corticosteróides tópicos. Os anti-histamínicos orais podem ser utilizados para alívio do

prurido e ansiedade. Sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca ou respiratória devem

ter rápida assistência e hospitalização. (CRIADO, 2004a)

8.6 Doença do soro

Quando tratado com anti-histamínicos e corticosteróides, o paciente responde de

imediato e por completo, quando não tratado, a evolução se dá em alguns dias ou

algumas semanas. Nos casos onde o paciente apresenta neurite periférica e síndrome de

Guillain-Barré é necessário realizar terapia agressiva incluindo suporte ventilatório.

(BARE; SMELTZER, 2002)

Alem dos cuidados acima deve-se retirar a droga e observar cuidadosamente a

evolução do acometimento sistêmico do paciente. (CRIADO, 2004b)

8.7 Eczema

Além da retirada da droga, o tratamento consiste no uso de esteróides tópicos,

emolientes e anti-histamínicos sistêmicos. (PARKER, 2001)

8.8 Eritema multiforme (Síndrome de Stevens-Johnson) e Necrólise

epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell)

O tratamento dos pacientes com síndrome de Stevens-Johnson e Necrólise

epidérmica tóxica é similar ao tratamento de pessoas que apresentam queimaduras

extensas. Devem ser observados em UTI, isolamento e ambiente aquecido, evitando-se

o trauma cutâneo. Qualquer droga utilizada deve ser suspensa, a não ser àquelas

essenciais à vida, e realizar reposição de fluidos via endovenosa. Deve-se utilizar sonda

nasogástrica pois o paciente apresenta perda calórica e protéica. O uso de

corticosteróides só deve ser feito após 48 horas do início do quadro. Antibioticoterapia

deve ser instituída nos casos onde há diminuição brusca da temperatura, queda no

estado geral ou aumento das bactérias cultivadas na pele. (CRIADO, 2004a)

Os pacientes que apresentam Síndrome de Stevens-Johnson, com descolamento

epidérmico ou com necrólise epidérmica tóxica devem seguir as medidas terapêuticas

gerais descritas abaixo: (CRIADO, 2004a)

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• Manipular o paciente em ambiente aquecido (30°C a 32°C), condições

estéreis e evitar trauma cutâneo;

• Obter linha venosa periférica para injeção de soluções

macromoleculares;

• Avaliar estado geral: peso, freqüência respiratória, débito urinário,

hidratação;

• Calcular a extensão do descolamento epidérmico: “regra dos nove”;

• Evitar o uso de corticosteróides após as primeiras 48 a 72 horas da

instalação do quadro cutâneo;

• Retirar todas as drogas possíveis e não essenciais à manutenção da vida

do doente;

• Biópsia cutânea e fotografia para seguimento;

• Cuidados oftalmológicos;

• Acalmar o paciente, relatando a natureza transitória da doença e

administrar tranqüilizantes, caso a função pulmonar permita;

• Transferência para unidade de queimados ou unidade de terapia

intensiva;

• Uso de fluidos e suporte calórico nas 24 horas iniciais;

• Antibioticoterapia caso se verifique presença de bactérias cultivadas da

pele com seleção de uma única cepa, queda rápida na febre ou

deterioração do estado geral;

• Aplicação de anti-sépticos líquidos Nitrato de prata a 0,5% ou

clorhexidina a 0,05%;

• Antiácidos orais e anticoagulação com heparina;

• Evitar corticosteróides por períodos prolongados pois aumentam o risco

de sepse, aumentam o catabolismo protéico, retardam a reepitelização;

8.9 Eritema nodoso

O tratamento consiste em retirada da causa e quando esta não puder ser

identificada e eliminada, o tratamento deve ser sintomático com AAS, antinflamatórios

não esteroidais, iodeto de potássio ou ciclos breves de esteróides sistêmicos. (PARKER,

2001)

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8.10 Eritema tóxico

Não há tratamento específico para o eritema tóxico. A erupção se resolve

espontaneamente, e complicações sérias não são relatadas. (PEREIRA; GONTIJO,

200X)

8.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo

O tratamento para clareamento das manchas acastanhadas causadas pelo eritema

pigmentar fixo consiste no uso de fórmulas clareadoras ou laser. Porem deve-se lembrar

ao paciente que a re-exposição ao medicamento faz com que essas lesões reapareçam.

(BONASSI, 2000)

8.12 Exantema morbiliforme

Após a exclusão das causas, o tratamento é fundamentado no uso de

corticosteróides sistêmicos, em doses iguais ou maiores que 0,5mg/kg/dia de prednisona

via oral ou 60 mg de metilpredinisolona via endovenosa a cada 6 horas, permitindo

melhora acentuada dos sintomas e parâmetros laboratoriais. (CRIADO, 2004b)

8.13 Fotossensibilidade e fototoxicidade

O tratamento consiste no uso de esteróides orais ou tópicos, pois estes aliviam a

reação inflamatória e evitam a substância causadora. (PARKER, 2001)

8.14 Nefrite

A melhora parcial ou completa do quadro pode ser observada após a

descontinuação da droga. Quando múltiplas medicações são utilizadas, pode ser difícil

ou impossível identifica-la. Estudos não controlados e relatos isolados, indicam que um

breve ciclo de corticosteróides aceleram a recuperação da função renal alem do uso de

60 mg de prednisona por dia por 10 dias. (OLIVEIRA; CENDOROGLO NETO;

SANTOS, 2000)

8.15 Pustulose exantemática

O tratamento consiste em retirada da droga e nos casos típicos deixa descamação

lamelar ou puntiforme. Geralmente a erupção regride entre 4 e 10 dias após a retirada da

droga. O prognóstico piora quando há hipertermia, infecção das lesões e nos idosos, os

quais devem ser internados. (CRIADO, 2004b)

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55

8.16 Trombocitopenia

O tratamento com drogas imunossupressoras como prednisona, geralmente

melhora a contagem das plaquetas. Pacientes graves devem ter breve ciclo de

glicocorticóides e os imunossuprimidos não devem utilizar prednisona devido ao seu

estado imunocomprometido. (SHUMAN, 2001)

8.17 Vasculites

A terapia para as vasculites por hipersensibilidades geralmente não tem sido

satisfatória e como a maioria dos casos sofre resolução espontânea a ausência de

resposta aos esquemas terapêuticos é pouco importante. (ROSENWASSER, 2001)

A retirada da droga, geralmente, determina rápida resolução do quadro e os

corticosteróides sistêmicos podem beneficiar alguns pacientes. Os corticosteróides são

utilizados em altas doses ou em pulsos, plamaferese e imunosupressores também são

utilizados por vários meses. Geralmente o quadro se resolve sem deixar nenhuma

seqüela. (CRIADO, 2004b)

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9 FARMACOVIGILÂNCIA

De acordo com a OMS (Organização mundial de saúde), órgão criado pela ONU

em 1948 com o objetivo de elevar os padrões mundiais de saúde, farmacovigilância é

definida como: “ciência e atividades relacionadas à detecção, avaliação, compreensão e

prevenção dos efeitos adversos ou qualquer outro possível problema relacionado a

medicamentos”. (FREITAS.; LIEBER, 2007; MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES

EXTERIORES, 2007)

Podemos considerar que o início da farmacovigilância foi marcado por um

evento adverso grave ocorrido com uma jovem que morreu provavelmente devido o uso

de clorofórmio como anestésico, em uma cirurgia na unha. Após esse incidente foi

solicitado aos médicos que notificassem reações adversas decorrentes do uso de

anestésicos. Porem em 1961, após o desastre com a Talidomida, no qual diversas

crianças nasceram com malformação devido ao uso de antiemético durante a gravidez,

fez com que as autoridades mundiais adotassem uma postura diante dos possíveis riscos

dos medicamentos, então, em 1963 a 16ª Assembléia Mundial da Saúde percebeu que

era necessário implementar ações que disseminassem rapidamente informações a

respeito de reações adversas a medicamentos, assim, em 1968 foi elaborado um Projeto

Internacional de Pesquisa Piloto para a Monitorização de Medicamentos, este sistema

consistia em possibilitar reações adversas raras não verificadas nos estudos

clínicos. (ANVISA, 2003a)

Com o passar do tempo, o escopo do programa foi expandido acolhendo campos

que hoje são chamados de farmacovigilância. Com o intuito de centralizar e distribuir os

dados foi criado o centro internacional de monitorização (The Uppsala Monitoring

Centre - UMC), na Suécia, que alem de manter o banco de dados internacional de

reações adversas presta serviço aos centros nacionais de farmacovigilância associados

ao programa da OMS. Sendo o Brasil o 62º país admitido pela OMS passando a ser

membro oficial do programa de monitorização. (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária -ANVISA, 2003 a-b)

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Para melhor compreensão dos objetivos da farmacovigilância devemos entender

as fases do estudo clínico (pesquisa clínica) que é definido pela ANVISA como: "Qualquer investigação em seres humanos, objetivando descobrir ou

verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacológicos, clínicos e/ou outros

efeitos de produto(s) e/ou identificar reações adversas ao produto(s) em

investigação, com o objetivo de averiguar sua segurança e/ou eficácia.”

(EMEA, 1997 apud ANVISA, 2003 c)

Sendo composto por diversas fases descritas a seguir:

• Fase Pré-clínica:

Após a nova molécula ser ter potencial terapêutico identificado in vitro esta é

aplicada em animais e com isso podemos obter informações preliminares sobre a

atividade farmacológica e segurança da nova molécula, aproximadamente 90% das

moléculas estudadas são eliminadas já nesta fase pois podem apresentar atividade

terapêutica baixa ou toxicidade em humanos muito alta. Os 10% restantes geralmente

apresentam atividade farmacológica específica e toxicidade aceitável passando então

para a próxima fase. (ANVISA, 2003 c)

• Fase l

Trata-se da avaliação do medicamento em grupos de 20 a 100 humanos

voluntários saudáveis. Esta fase tem como objetivo estabelecer uma evolução preliminar

de segurança e o perfil farmacocinético e farmacodinâmico. (ANVISA, 2003 c)

• Fase II

O estudo clínico de fase II, também chamado de Estudo Terapêutico Piloto, são

os primeiros estudos controlados em grupos de 100 a 200 pacientes que apresentam

determinada condição patológica tendo como objetivo demonstrar a eficácia, segurança,

biodisponibilidade e bioequivalência das diferentes formulações. (ANVISA, 2007 c)

• Fase III

Também chamado de Estudo Terapêutico Ampliado são estudos realizados com

uma população mínima de 800 pessoas sendo aplicados em diversos centros e com

diferentes populações a fim de demonstrar o risco/benefício a curto e longo prazo das

formulações do princípio ativo e de maneira geral o valor terapêutico relativo. Nesta

fase são estudados os tipos e perfis de reações adversas mais freqüentes, características

do medicamento como interações relevantes, fatores que possam afetar os efeitos como

idade e outros aspectos relevantes, é possível estabelecer-se o perfil terapêutico do

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medicamento como indicações, dose e via de administração, contra indicações, efeitos

colaterais e medidas de precaução, vantagens terapêuticas, farmacoeconomia e

determina-se estratégias de publicação e comunicação do novo produto. (ANVISA,

2003 c)

• Fase IV

São as pesquisas realizadas após a comercialização do produto com base nas

características com que o medicamento foi autorizado. Geralmente estabelecem o valor

terapêutico, surgimento de novas reações e confirmação da freqüência de surgimento

das reações já conhecidas e estratégias de tratamento. (ANVISA, 2003c)

9.1 Objetivos

• Detectar eventos não previstos ou não observados até a fase III dos estudos

clínico. (FREITAS; LIEBER, 2007)

• Detectar interações medicamentosas não detectadas anteriormente nos estudos

clínicos. (FREITAS; LIEBER, 2007)

• Identificar e quantificar riscos relacionados ao uso dos medicamentos.

(FREITAS; LIEBER, 2007)

• Analisar e disseminar informações adquiridas. (FREITAS; LIEBER, 2007)

• Desvios da qualidade de produtos farmacêuticos. (ANVISA, 2003a)

• Erros de administração de medicamento. (ANVISA, 2003a)

• Perda da eficácia. (ANVISA, 2003a)

• Uso de fármacos para indicações não aprovadas, que não possuem base

científica adequada. (ANVISA, 2003a)

• Notificação de casos de intoxicação aguda ou crônica por produtos

farmacêuticos. (ANVISA, 2003a)

• Avaliação de mortalidade. (ANVISA, 2003a)

Portanto a farmacovigilância protege a população dos possíveis efeitos nocivos

dos medicamentos através de identificação precoce e intervenção. (ANVISA, 2003a)

9.2 As notificações

De acordo com (FREITAS, 2007) em alguns países como França, EUA,

Inglaterra e Japão é normatizado que as indústrias farmacêuticas devem relatar às

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autoridades as informações de segurança de seus produtos disponíveis ou não no

mercado. No Brasil não existe uma normatização, mas a partir do ano 2000 as indústrias

farmacêuticas no estado de São Paulo, passaram a encaminhar ao CVS-SP (Centro de

vigilância sanitária do Estado de São Paulo), as notificações de eventos adversos

ocorridos devido ao uso de medicamentos. Segundo a ANVISA a ferramenta mais

utilizada para identificar as reações adversas é a notificação voluntária realizada por

profissionais de a saúde, porem, a própria indústria farmacêutica também é uma

importante fonte de notificação. Após a notificação estas são encaminhadas ao órgão

que regulamenta o setor farmacêutico do país. Porem, a notificação espontânea

apresenta limites como subnotificação e a descrição seletiva, faltam dados relacionados

ao número de pessoas expostas impossibilitando a realização de cálculos de incidência

de reações, nos hospitais, mesmo quando identificadas, as reações não são notificadas.

Esses fatores diminuem consideravelmente a identificação do perfil de segurança dos

medicamentos. (ANVISA, 2003a; FREITAS; LIEBER, 2007)

Em 2000, a UFARM (Unidade de Farmacovigilância da Anvisa) que é

responsável por planejar, coordenar e supervisionar o processo de formulação e

desenvolvimento das normas técnicas operacionais e das diretrizes sobre uso seguro e

vigilância de medicamentos, deu início ao processo de notificação voluntária

disponibilizando através do site da ANVISA os formulários de notificação. (ANVISA,

2003a)

• Formulário de notificação de suspeita de reação adversa a medicamentos – para

profissionais de saúde; (anexo A)

• Formulário de notificação de desvio da qualidade – para profissionais de saúde;

(anexo B)

• Comunicação de evento adverso – para usuários de medicamentos; (anexo C)

• Sistema eletrônico de notificação (SINEPS) – para hospitais sentinelas.

(ANVISA 2003a )

Após a disponibilização eletrônica pode-se identificar uma evolução no número

de notificações espontâneas, como podemos ver na figura 18.

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60

Figura 18: Evolução das notificações recebidas pela UFARM, de 1999 a agosto de 2005. Fonte: (ANVISA, 2003a)

Para ampliar a notificação de efeitos adversos a medicamentos e queixas

técnicas a medicamentos, Anvisa, lançou o projeto de farmácias notificadoras que em

parceria com o CVS (Centro de Vigilância Sanitária) e o CRF (Conselho Regional de

Farmácia) de cada estado estimulam ações de saúde em farmácias e drogarias. Assim, a

farmácia deixe de ser um estabelecimento comercial agregando valor de utilidade

pública. O farmacêutico, ao adotar a postura de notificar as queixas dos consumidores

ao CNMM (Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos) torna-se um

importante elo entre população e governo. (ANVISA, 2003d)

De acordo com a ANVISA, os estados brasileiros onde o programa já está

implantado são evidenciados na figura 19 :

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Figura 19: Estados Credenciados. Fonte: (ANVISA, 2003d)

Alem da notificação compulsória e da implantação das farmácias notificadoras

os hospitais sentinelas que visam integrar a monitoração de medicamentos à prática

clínica foi criado para responder a necessidade da Anvisa de obter informações

qualificadas alem de criar dentro do hospital um ambiente propicio ao desenvolvimento

de ações de vigilância sanitária. O envolvimento de uma equipe multidisciplinar leva a

melhoria da qualidade para os serviços e ao paciente, pois médicos passam a agregar

novas referencias à avaliação do tratamento a ser prescrito, enfermeiros podem

relacionar a prática de cuidados com possíveis riscos de uso dos medicamentos e o

farmacêutico terá uma extensão de sua prática interagindo com a equipe. Essa

integração pode influenciar a terapêutica do paciente melhorando assim sua eficácia.

Ver mapa de localização dos hospitais sentinelas na figura 20. (ANVISA, 2003e-h )

Os motivos para a vigilância de medicamento nos hospitais são:

• Aumento crescente de implantação de tecnologia exige utilização intensa de

produtos de Saúde; (ANVISA, 2003f)

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• O completo gerenciamento desses produtos garante a qualidade e segurança para

pacientes e de viabilidade econômica e competitividade para o hospital;

(ANVISA, 2003f)

• A racionalização na utilização de medicamentos; (ANVISA, 2003f)

Região Norte - 18 hospitais sentinelas Região Nordeste - 41 hospitais sentinelas

Região Centro-oeste - 13 hospitais sentinelas Região Sudeste - 80 hospitais sentinelas

Região Sul - 36 hospitais sentinelas

Figura 20: Mapa de Localização dos Hospitais Sentinelas. Fonte: (ANVISA, 2003g)

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10 DISCUSSÃO

As manifestações clínicas causadas pelas reações imunológicas às penicilinas,

cefalosporinas e sulfas podem variar.

Apesar de serem drogas que estão entre as que mais causam reações adversas a

medicamentos ainda são muito prescritas pelo fato de seu baixo custo, de apresentarem

baixa toxicidade (permitindo assim uso prolongado da droga com a dose máxima de

efeito) e de serem medicamentos eficazes.

Antes da prescrição desses medicamentos é de suma importância a avaliação do

uso através de histórico detalhado do paciente a fim de evitar reações imunológicas.

No Brasil, a auto medicação e a sub-notificação dos casos dificulta a

determinação da incidência das reações imunológicas a medicamentos. Além disso, não

podemos esquecer que o uso de diversos medicamentos dificulta a avaliação da causa

real da reação imunológica. Portanto, a farmacovigilância torna-se uma ferramenta

essencial pois nos traz dados sobre os medicamentos que podem auxiliar no diagnóstico

médico e no uso racional dos medicamentos. Todos os profissionais de saúde e usuários

de medicamentos deveriam ser instruídos sobre a importância das notificações dos casos

de RAMs. Além das notificações realizadas pelos usuários e profissionais de saúde, as

indústrias farmacêuticas devem notificar os casos de RAM. Apesar do estudo realizado

por FREITAS (2007) informar que as indústrias, no Brasil, não possuem normatização

para a notificação dos casos de RAM, de acordo com a portaria CVS-4 de 29/04/2005,

que analisa e institui formulários de notificação e comunicação de suspeita de reação

adversa a medicamento e desvio de qualidade de medicamento, dispõe sobre seus fluxos

e dá providências correlatas. No artigo 7º define que o formulário de notificação de

suspeita de reação adversa a medicamento deve ser preenchido por profissional indicado

pela empresa detentora do registro do medicamento, contendo o relato de suspeita de

reação adversa a medicamento recebido por profissional de saúde e relacionado ao seu

produto. Nos artigos 12, 15 e 18, são definidos prazos para notificação das diversas

RAMs, de acordo com a gravidade das reações.

Assim, conclui-se que as reações imunológicas podem ocorrer com o uso de

penicilinas, cefalosporinas e sulfas e podendo apresentar diversas manifestações

clínicas. O diagnóstico e tratamento são fundamentais, e na maioria dos casos devem ser

rápidos, e as notificações desses casos devem ser realizadas a fim de melhorar a

segurança do medicamento.

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11 REFERÊNCIAS

Agência Nacional de Vigilância Sanitária -ANVISA. Farmacovigilância: Apresentação da Farmacovigilância, 2003a. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/apresenta.htm >. Acesso em: 02 de ago. 2007

______. Farmacovigilância: Programa Internacional de Monitorização/ OMS, 2003b. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/programa.htm>. Acesso em: 02 de ago. 2007

______. Medicamentos: Pesquisa clínica, 2003c. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/pesquisa/def.htm>. Acesso em: 27 de jul. 2007

______.Farmacovigilância: Projeto de Farmácia Notificadora, 2003d. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/farmacias_notificadoras.htm >. Acesso em: 13 de ago. 2007

______.Farmacovigilância: Hospitais sentinelas, 2003e. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/oficinas/mapa/index.htm >. Acesso em: 13 de ago. 2007

______. Serviços de saúde: rede sentinela, 2003f. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/hsentinela/justificativa.htm.>. Acesso em: 27 de jul. 2007

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Anexos

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Anexo A

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Anexo B

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Anexo C

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