Recensão crítica - Pluralidade na teoria das Elites - O contributo de C. Wright Mills em análise

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Ao analisar alguns capítulos da obra «A Elite do Poder» de C. W. Mills, tenta-se ainda uma abordagem crítica ao seu contributo para a Sociologia do Elitismo.

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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA

ANO LECTIVO DE 2010/11

PLURALIDADE NA TEORIA DAS ELITES:

O CONTRIBUTO DE C. WRIGHT MILLS EM ANÁLISE

Autor:

Gonçalo Marques Pereira Soares Barbosa

Realizado para a unidade curricular de Sociologia do Poder Político,

leccionada pelo docente Virgílio Borges Pereira

Porto, 27 de Junho de 2011

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Notas introdutórias

Esta recensão crítica foi produzida no âmbito da unidade curricular de Sociologia do

Poder Político, do 1º ciclo de estudos em Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade

do Porto. Pretende-se aqui um duplo objectivo: uma breve análise e síntese à obra A Elite do

Poder, de C. Wright Mills, a par do seu enquadramento histórico no pensamento sociológico

e de um cruzamento de perspectivas que possibilite uma análise crítica a esta obra central para

a sociologia do poder e das elites.

I – Da teoria do elitismo aos contributos de C. Wright Mills

A teoria da elite surge como uma alternativa à teoria das classes. «Enquanto a teoria

das classes, criada por Karl Marx, emerge durante o século XIX, a teoria das elites emergiu

apenas na viragem e no início do século XX.» (Smelser, 2001, p. 4421). As suas influências

são múltiplas: como o marxismo, dividem as sociedades em dois grupos opostos; como

Weber, indicam uma maior importância da dimensão política do que da económica; como o

funcionalismo, «[…] admitem, frequentemente a indispensabilidade da desigualdade social:

as elites são necessárias e funcionais para a sociedade.» (Ferreira, 1995, p. 372) e como os

individualistas destacam o papel do indivíduo na construção da história.

O conceito de elite foi introduzido na sociologia por Vilfredo Pareto, que considerou

que «[...] a elite é formada por todos aqueles que manifestam qualidades excepcionais ou que

dão provas de aptidões eminentes no seu campo ou em qualquer actividade.» (Rocher, 1977,

p. 9); associando assim os membros superiores da sociedade àqueles com mais poder e

prestígio. Por outro lado, põe em causa o carácter hereditário do poder na nobreza, no âmbito

da teoria da circulação das elites. Considera antes que realiza-se «[…] incessantemente uma

substituição das elites antigas por novas elites, provenientes de camadas inferiores da

sociedade» (Rocher, 1977, p. 10), assegurando que os espíritos superiores conseguem realizar

uma mobilidade ascendente. De acordo com o sociólogo, «I use the word elite… in its

etymological sense, meaning the strongest, the most energetic, and most capable – for good as

well as evil» (cit. por Clegg, 2006, p. 344).

A par de Pareto, podemos destacar outros dois autores clássicos do elitismo: Gaetano

Mosca e Robert Michels. O primeiro aponta para uma rigidez da organização social, com

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«[…] uma forte tendência para os governantes se manterem no poder» (Ferreira, 1995, p.

372), seja por direito ou por hereditariedade; argumenta ainda que a elite não é homogénea e

encontra-se estratificada, com um núcleo dirigente a corresponder a uma super-elite dentro da

elite, sendo esses dirigentes que explicam a história na totalidade (Rocher, 1977). Já o

segundo, em linha com os outros dois autores clássicos, reforça a inevitabilidade histórica da

existência das elites, considerando que «[…] todas as organizações possuem em comum uma

elite dirigente, que tende a manter-se no poder e a salvaguardar as suas prerrogativas»

(Ferreira, 1995, p. 373).

Já nos anos 50, Mills lança a sua obra A Elite do Poder: mais estrutural, ao centrar a

análise nas instituições; mais empírica, por se apoiar na investigação histórica; e mais

localizada, ao analisar a América contemporânea (IDEM, Ibidem). Um dos principais

contributos do autor foi dissociar a noção de elite da de classe social; por outro lado, apontou

para uma unidade da elite: «[…] as elites associam-se para formar uma unidade de poder que

domina a sociedade.» (Rocher, 1977, p. 14), existindo ainda uma semelhança ao nível

psicológico: «[…] semelhança de ideias e de mentalidades, devido a terem a mesma origem

social, a mesma educação; laços de amizades, laços de parentesco, de casamento, troca de

favores […]» (IDEM, Ibidem, p. 15), reforçando as interligações entre os vários membros

dessa comunidade de elite. «Probably they are not formally organized; their unity is achieved

by go-betweens, through informal associations, through the interchange of positions.»

(Alexander, 1997, p. 281). Este sociólogo do elitismo rotulou-se como pleno marxista, mas

encarando-o num sentido particular: «[…] an approach to social phenomena, a method for

studying them, and a system of values by which to judge societies and to formulate programs

of action.» (IDEM, p. 279). Contudo, Mills observou que as várias variantes do Marxismo

utilizavam sempre o modelo que Marx usou para uma sociedade capitalista, aplicando-o a

uma pluralidade de sociedades, conduzindo assim a previsões falaciosas. Por outro lado, nega

o domínio da infraestrutura: «He denies that the “superstructure” of society – the prevaling

ideas and institutions – is always the reflection of the economic base.» (IDEM, Ibidem, id).

II – Uma análise à elite americana

«A elite do poder é composta de homens cuja posição lhes permite transcender o

ambiente comum dos homens comuns, e tomar decisões de grandes consequências.» (Mills,

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1981, p. 12). O sociólogo considera que este conjunto de homens poderá ser visto como um

estrato social elevado, ou um «[…] círculo íntimo das classes sociais superiores.» (Mills,

1981, p. 20), que apresentam um elevado grau de fechamento: «Aceitam-se, compreendem-se,

casam entre si, e procuram trabalhar e pensar, se não juntos, pelo menos de forma

semelhante.» (Mills, 1981, p. 20).

O autor elitista distancia-se de Mosca ao referir que o facto destes membros serem os

decisores de importância na sociedade, não implica que sejam sempre eles a escreverem a

história, já que «[…] o poder de seus membros está sujeito a variações históricas.» (Mills,

1981, p. 30); a elite não domina de forma contínua e absoluta.

Olhando para o plano americano, Mills considera que «[…] a base do poderio nacional

está hoje nos domínios económico, político e militar. As demais instituições são marginais

para a história moderna e, ocasionalmente, subordinadas àquelas três.» (Mills, 1981, p. 14).

Instituições como a família, a igreja ou a escola representam meras fontes de legitimação dos

anteriores, a tal ponto que «[…] os símbolos de todas essas instituições menores são usados

para legitimar o poder e as decisões dos três grandes.» (Mills, 1981, p. 14). Enquanto o

primeiro grupo faz a vida moderna, o segundo adapta-se a ela. Aquelas três instituições

centrais apresentam ainda uma extrema interligação, já que há «[…] uma economia política

ligada, de mil modos, às instituições e decisões militares.» (Mills, 1981, p. 16).

«Na cúpula de cada um desses três domínios ampliados e centralizados surgiram as

altas rodas que constituem as elites económica, política e militar.» (Mills, 1981, p. 17). Quem

detém o poder? «Entendemos como poderosos naturalmente os que podem realizar sua

vontade, mesmo com resistência de outros.» (Mills, 1981, p. 18). Para termos poder e para

que este seja continuado no tempo, é condição pertencer e estar ligado a esses meios.

Novamente em ruptura com os clássicos, desta vez com Pareto, Mills refere que

algumas perspectivas teóricas argumentam que os membros da elite representam «[…]

pessoas de carácter e energias superiores.» (Mills, 1981, p. 22), convirá ter em conta que

actualmente «[…] os homens escolhidos para e modelados pelas posições mais importantes

têm muitos porta-vozes e conselheiros, escritores fantasmas e contactos que lhes modificam

os conceitos e criam deles imagens públicas, bem como influem em muitas de suas decisões.»

(Mills, 1981, p. 24); mas ao mesmo tempo seria possível interligar esta última afirmação à

circulação das elites de Pareto, quando este argumenta que “Enquanto a elite que governa

seja composta por pessoas com qualidades de excelência e está aberta a absorver os mais

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talentosos da não elite […] assegura a circulação das elites, que mantém o equilíbrio na

sociedade […]» (Smelser, 2001, p. 4421).

A par dos políticos profissionais e das suas equipas, Mills também inclui nesta elite do

poder as celebridades profissionais, «[…] vivendo de serem exibidas constantemente, mas

que nunca, enquanto permanecem celebridades, são exibidas o suficiente.» (Mills, 1981, p.

12). Mesmo elas não surgem de forma isolada na elite, já que «Até mesmo a celebridade

aparentemente mais livre é, quase sempre, uma espécie de produção sintética feita

semanalmente por um quadro de pessoal disciplinado que sistematicamente pondera o efeito

de piadas que a celebridade “espontaneamente” reproduz.» (Mills, 1981, p. 24).

As celebridades representam «[…] Os Nomes que não precisam de melhor

identificação. O número de pessoas que as conhecem excede o número de pessoas que as

conhecem excede o número de pessoas que elas conhecem. Onde quer que estejam, as

celebridades são reconhecidas e, o que é mais importante, reconhecidas com emoção e

surpresa. Tudo o que fazem tem valor publicitário.» (Mills, 1981, p. 87). São um grupo que

não vive da hierarquia da riqueza ou da origem social, mas sim da hierarquia da publicidade:

«Neles, a ânsia de prestígio tornou-se uma ambição profissional: a própria imagem que de si

fazem depende da publicidade, da qual necessitam em doses cada vez maiores.» (Mills, 1981,

p 90).

O sociólogo elitista aponta que na sociedade actual há uma tendência para surgirem

híbridos dos dois tipos de elementos da elite do poder referidos acima: um indivíduo do meio

político mas que, ao mesmo tempo, procura o prestígio e socorre-se dos meios de

comunicação como forma de se auto-promover; as «Figuras públicas mais sérias também têm

hoje de competir pela atenção e aclamar os profissionais dos meios de comunicação em

massa.» (Mills, 1981, p. 91). Os gestos, a espontaneidade ou a naturalidade são elementos

treinados para a câmara. Desta forma, será possível distinguir três grupos que, de forma mais

ou menos efémera, surgem no mundo da celebridade: as celebridades profissionais, de que

são disso exemplo indivíduos do entretenimento, desporto ou arte; os 400 metropolitanos, que

correspondem às pessoas de linhagem e de recursos familiares; e ainda os “Novos 400”, que

representam a maioria e correspondem fundamentalmente aos homens do governo e das

empresas.

Tendo em consideração a acepção de elite do poder que o autor apresenta na sua obra,

é possível distinguir dois tipos de sociedade: por um lado, a sociedade de público,

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caracterizada por não ter uma elite do poder e, por outro lado, a sociedade de massas, com

uma elite do poder. Segundo Mills, no século XIX viveu-se um período de transição do

primeiro para o segundo tipo: «[…] o individualismo começara a ser substituído pelas formas

colectivas da vida económica e política; a harmonia de interesses dava lugar à desarmoniosa

luta de classes e pressões organizadas; as discussões racionais eram minadas pelas decisões de

peritos nos assuntos complicados, […]» (Mills, 1981, p. 354). O que provoca esta transição de

uma sociedade para outra? «[…] há um movimento de substituição dos pequenos poderes

dispersos pelos poderes concentrados, e a tentativa de monopolizar o controle dos centros

poderosos que, estando parcialmente ocultos, são centros de manipulação bem como de

autoridade.» (Mills, 1981, p. 357).

A sociedade de público pode ser entendida como tendo o poder disperso, já que a

proporção daqueles que formam a opinião está equilibrada com aqueles que a recebem, sendo

que qualquer um pode responder a essas opiniões, sem sofrer represálias. Deve ser encarada

como uma sociedade onde a opinião é formada pela intensa discussão entre múltiplas opiniões

e onde «[…] as instituições de autoridade não penetram no público, que é mais ou menos

autónomo em suas operações.» (Mills, 1981, p. 356).

Por outro lado, a sociedade de massas é onde «[…] o número de pessoas que

expressam opiniões é muito menor que o número de pessoas para recebê-las […]» (Mills,

1981, p. 356). Em contraponto com a de público, há uma maior «[…] facilidade com que a

opinião modela efectivamente as decisões de grandes consequências.» (Mills, 1981, p. 355).

As instituições conseguem penetrar nas massas e retirar-lhes a independência. Enquanto na

primeira sociedade existe um conjunto de pequenas comunidades que estão em extrema

interacção, nesta existe um conjunto reduzido de mega associações, que se mostram

incomunicáveis a um grande conjunto de pequenas comunidades ou famílias: «As unidades

efectivas do poder são actualmente a grande empresa, o governo inacessível, o sombrio

estabelecimento militar.» (Mills, 1981, p. 361). O autor considera mesmo que «[…] não

encontramos associações intermediárias nas quais os homens possam sentir-se seguros e com

as quais se sintam poderosos.» (Mills, 1981, p. 361-362). «Tão logo um homem chega a líder

de uma associação bastante grande para ter importância, deixa de ser um instrumento dessa

associação.» (Mills, 1981, p. 360).

O autor refere que o ponto extremo de uma sociedade de massas, da qual os EUA se

encontram mais próximos, corresponde a regimes extremistas: «No fim da estrada está o

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totalitarismo, como na Alemanha nazista, ou na Rússia comunista.» (Mills, 1981, p. 357).

Como solução à sociedade massas, Mills refere que «Pela reflexão, pelo debate e pela acção

organizada, uma comunidade de públicos adquire personalidade e passa a ser realmente activa

em pontos de relevância estrutural» (Mills, p. 375).

Robert Dahl afasta-se do conceito de sociedade de massas quando nos apresenta um

outro conceito criado por si, o de poliarquia, que corresponde a uma estrutura política que

oferece possibilidades a uma grande diversidade actores; «Poliarchy is an ambivalent power

structure enabling both official recognition of a plurality of members and political actors, the

right to disagree with the leaders, and the simultaneous concentration of political power.»

(Clegg, 2006, p. 338); corresponde a uma estrutura altamente inclusiva e aberta à contestação

pública, desde que não cause rivalidades dentro da política; corresponde, no pensamento de

Dalh, a uma aproximação imperfeita à democracia (Clegg, 2006).

III – Revisão crítica da obra de Mills

Uma crítica que poderá ser feita a Mills é o facto de este ter negligenciado as

chamadas elites ideológicas, em particular as que «Podem ser elites influentes, mas sem

autoridade oficial: é, por exemplo, o caso das contra-elites […]» (Rocher, 1977, p. 25). O

autor é acusado de não ter em conta «[…] o papel das contra-elites, nomeadamente das

contra-elites ideológicas, na acção histórica.», que são frequentemente uma forma de oposição

e contestação à elite do poder, que procura sempre a estabilidade e foge da mudança social.

Estas elites são tendencialmente postas em causa quando se deixam levar pelo sonho, pela

utopia e por viagens ao extremismo (Rocher, 1977).

Putman propõe um modelo de estratificação política que denuncia o recrutamento

desigual entre a composição da elite e da estrutura social, conseguindo incluir a dimensão

ideológica que faltou a Mills. No topo dessa estratificação surgem os decisores e aqueles que

lhes são próximos, logo seguidos dos que influenciam. Mais abaixo, surgem os activistas,

para depois darem lugar aos participantes atentos, aos votantes e por fim aos não participantes

(Clegg, 2006).

Outro aspecto referido pelos críticos, e que poderá estender-se aos restantes teóricos

do elitismo, é a excessiva semelhança que é conferida à elite em todo o tipo de regime, já que

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«Houve pouco a dizer naquilo que faz com que a democracia (com todas as suas iniquidades)

seja um regime diferente.» (Smelser, 2001, p. 4421).

A sociologia relacional de Pierre Bourdieu também apontou alguma falhas a este

corpo teórico. Por um lado, o sociólogo francês afirma que «[…] a teoria das elites tenderia a

naturalizar as propriedades sociais distintivas dos grupos dominantes, como se fossem

recursos inerentes à superioridade inata de seus membros.» (Perissinotto, 2008, p. 10). A par

disso, assiste-se a uma «[…] incapacidade de esses pesquisadores adoptarem uma perspectiva

relacional dos grupos estudados.» (Perissinotto, 2008, p. 10), devendo considerar que as

características que os elementos dessa elite possuem são simplesmente o resultado da posição

que estes ocupam no espaço social. No fundo, Bourdieu argumenta que os estudos

sociográficos das elites não trazem nada além disso mesmo, uma mera descrição sem análise à

estrutura e funcionamento da sociedade.

Contudo, seria possível ponderar uma união entre a sociologia relacional de Bourdieu

e a sociologia das elites sociais e políticas: se pensarmos na elite como o grupo que detém o

poder, corresponde àquele que se encontra numa posição dominante: «Ter (mais) poder

significa ter (mais) recursos que a posição objectiva (dominante) coloca à disposição dos

agentes (dominantes) […]» (Perissinotto, 2008, p. 12).

A defesa da homogeneidade desta elite é outro ponto de discórdia na sociologia, já que

reduz o espectro analítico de uma sociedade aberta, em particular a democrática. Surge, assim,

em contraponto, o contributo de Mosca, que identifica três camadas pertencentes à elite: a

camada superior, pertencente ao nível macro ou nacional, que inclui os líderes políticos; o

nível intermédio, que reporta para os que possuem poder ao nível de sectores ou localidades,

como os presidentes da câmara; e ainda a camada inferior, associada a um nível micro, com

elites de pequena dimensão, como sejam os reitores de universidades ou as organizações

locais (Smelser, 2001).

Verifica-se, por fim, uma fraca distinção entre as noções de autoridade e poder. Mills e

Mosca consideram que «[…] as elites são compostas exclusivamente de pessoas ou grupos

que ocupam posições de autoridade ou de poder.» (Rocher, 1977, p. 18). Contudo, esquecem-

se que há pessoas que «[…] fazem igualmente parte das elites graças à influência que

exercem, sem ocuparem cargos de autoridade e sem terem poder reconhecido.» (livro, p. 18).

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Referências bibliográficas consultadas:

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ROCHER, Guy – Sociologia Geral: Volume 5. 2.ª ed. Lisboa: Editorial Presença.

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