Reciclagem Baterias Chumbo-Ácido

23
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS DE ALEGRE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA-PPEQ ARIELDER APARECIDO GABRIEL SILVA DE SOUZA RECICLAGEM DE BATERIAS CHUMBO-ÁCIDO ALEGRE - ES 2014

description

Seminário apresentado a disciplina Legislação Ambiental - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA-PPEQ UFES

Transcript of Reciclagem Baterias Chumbo-Ácido

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    CAMPUS DE ALEGRE

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA

    QUMICA-PPEQ

    ARIELDER APARECIDO GABRIEL SILVA DE SOUZA

    RECICLAGEM DE BATERIAS CHUMBO-CIDO

    ALEGRE - ES

    2014

  • ARIELDER APARECIDO GABRIEL SILVA DE SOUZA

    RECICLAGEM DE BATERIAS CHUMBO-CIDO

    Trabalho apresentado disciplina Legislao

    Ambiental - Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Qumica - Universidade Federal

    do Esprito Santo

    Prof. Dr Sc. Mirna Aparecida Neves

    ALEGRE - ES

    2014

    http://www4.engenhariaquimica.alegre.ufes.br/pos-graduacao/PPEQ/detalhes-de-pessoal?id=3736
  • SUMRIO

    1 INTRODUO .................................................................................................................... 1

    2 BATERIAS CHUMBO-CIDO ........................................................................................... 3

    2.1 CLASSIFICAO DAS BATERIAS CHUMBO-CIDO ................................................. 3

    2.2 CONSTITUINTES DA BATERIA CHUMBO-CIDO ..................................................... 5

    3 RECICLAGEM DE BATERIAS CHUMBO-CIDO ...................................................... 6

    3.1 RECICLAGEM DO CHUMBO ........................................................................................... 7

    3.2 RECICLAGEM DA SOLUO ELETROLTICA .......................................................... 10

    3.3 RECICLAGEM DO POLIPROPILENO ........................................................................... 12

    4 REGULAMENTAO PARA A DESTINAO ADEQUADA DE PILHAS E

    BATERIAS NO BRASIL ....................................................................................................... 13

    5 CONCLUSO ...................................................................................................................... 18

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 19

  • 1

    1. INTRODUO

    A primeira bateria foi construda por Alessandro Volta (1799, este ano ficou

    conhecido como o ano do nascimento da eletroqumica.), formada por apenas dois

    pedaos de metal distintos, zinco e prata, separados com um pedao de papelo

    embebido em uma soluo salina (meio cido), montagem esta denominada clula

    galvnica. A combinao de vrias clulas iguais formava uma bateria cuja potncia se

    dava em funo do nmero de clulas conectadas em srie. Porm, somente em 1860

    que o fsico Gaston Plant idealizou a primeira bateria que acumulava energia eltrica.

    Esta bateria era constituda de nove elementos (clula eletroqumica), contendo cada um

    duas placas de chumbo enroladas sob a forma de espiral e isoladas por meio de um

    separador de borracha e mergulhadas em cido sulfrico.

    Com a chegada da indstria automotiva, no comeo do sculo 20, iniciou-se uma

    nova era para as baterias chumbo-cido, pois, houve um grande aumento na rea de

    pesquisa para melhorar a performance e as caractersticas das baterias de chumbo-cido.

    A partir do sculo 20 a bateria de chumbo-cido inventada por Gaston Plant em 1860

    sofreu vrios aprimoramentos tecnolgicos, fazendo com que a bateria de chumbo-cido

    se tornasse uma das baterias mais confiveis do mercado, atendendo as mais diversas

    aplicaes. Devido a sua confiabilidade adquirida ao longo dos anos e devido as ,

    caractersticas fsicas, eltricas, performance e qualidade da energia fornecida, os

    acumuladores chumbo-cido so amplamente utilizados como bateria de arranque e

    iluminao em automveis, como fontes alternativas de energia em subestaes, usinas,

    em torres de empresas de telecomunicaes, em hospitais (OGIBOWSKI, 2012).

    Todos os constituintes de uma bateria chumbo-cido apresentam potencial para

    reciclagem, assim, quando as baterias chegam ao final de sua vida til devem ser

    coletadas e enviadas para unidades de recuperao e reciclagem. Esta providncia

    garante que seus componentes perigosos (metais e cido) fiquem afastados de aterros e

    de incineradores de lixo urbano. Uma bateria que tenha sido impropriamente disposta,

    ou seja, no reciclada, representa uma importante perda de recursos econmicos,

    ambientais e energticos e a imposio de um risco desnecessrio ao meio ambiente e

    seus ocupantes.

    O Brasil foi o primeiro pas da Amrica Latina a ter uma legislao para a

    regulamentao do descarte e tratamento de pilhas e baterias. O Conselho Nacional do

  • 2

    Meio Ambiente (CONAMA), em 30 de junho de 1999 regulamentou a fabricao e o

    descarte de pilhas e baterias, resoluo 257/99 (ESPINOSA, 2005).

    Hoje a reciclagem de baterias automotivas de chumbo-cido no Brasil chega a

    99,5% (CAETANO et all, 2011).

  • 3

    2. BATERIAS CHUMBO-CIDO

    2.1. CLASSIFICAO DAS BATERIAS CHUMBO-CIDO

    Baterias so dispositivos nos quais uma reao espontnea de oxirreduo

    produz corrente eltrica. Muitas pessoas fazem confuso entre os termos pilhas e

    baterias, qual seria a diferena entre eles? A unidade eletroqumica bsica capaz de

    gerar energia eltrica chamada de clula. A pilha composta por uma nica clula. As

    baterias, porm, so sistemas compostos pela associao de duas ou mais clulas

    conectadas em srie (polo positivo conectado ao polo negativo) ou paralelas (polos

    positivos conectados entre si, e negativos conectados entre si).

    As pilhas podem associar-se em srie e paralelo. Nas ligaes em srie a tenso

    aumenta, nas ligaes em paralelo bateria pode fornecer maior corrente, porm a

    tenso mantm-se igual a cada uma delas individualmente.

    Figura 1 - Pilha e baterias.

    No geral pilhas e baterias se classificam em duas classes:

    Pilha e bateria primria (no recarregvel): um dispositivo no qual a reao

    qumica acaba por destruir um dos eletrodos (normalmente o negativo), no

    possibilitando a recarga da pilha ou bateria.

    Pilha e bateria secundria (recarregvel): uma pilha na qual as aes

    qumicas alteram os eletrodos e o eletrlito. Neste caso os eletrodos e o

    eletrlito podem ser restaurados sua condio original pela recarga da

    pilha. Estas pilhas tambm se denominam como acumuladores.

  • 4

    As baterias chumbo-cido se enquadram na classe de baterias secundrias, estas

    so classificadas conforme a sua aplicao. A baterias se dividem em:

    Baterias de Arranque (automotivas)

    So usadas para dar partida em motores combusto e fornecer energia

    ao sistema eltrico do veiculo, podem ser de 6V ou 12V, logo possui trs ou seis

    elementos em srie (SANTOS, 1989).

    As baterias de arranque possuem placas muito fina, fator que aumenta a

    rea da superfcie ativa da placa e, consequentemente, o numero de placas por

    clulas, permitindo a aplicao de grandes correntes por curtos perodos de

    tempo atendendo o objetivo de funcionamento de grandes potenciais, como so

    solicitadas no arranque do motor (GOMES, 2006).

    Baterias Tracionrias

    Utilizada em sistemas eltricos que requerem alta potncia, energia e

    longa vida cclica. Possuem menor nmero de placas por clula em relao as

    baterias de Arranque, pois as placas so mais grossas e as grades mais robustas

    (GOMES, 2006). A principal caracterstica da bateria tracionaria

    essencialmente fornecer energia para movimentao de veculos eltricos, como

    carrinhos eltricos para transporte de pessoas (hotis, resort, clubes, campos de

    futebol,etc) e cargas (aeroportos, hipermercados, centros de distribuio de

    mercadorias e etc), carinhos eltricos de golf, paleteiras e plataformas

    elevadoras eltricas, lavadoras e varredoras de piso industrial e outras, sistemas

    de energia solar, elica e cercas eltricas (TUDOR, 2008-2009).

    Baterias Estacionrias

    So utilizadas como reserva de energia e potncia no caso de falhas das

    fontes principais de energia (GOMES, 2006). Estas podem ser empregadas em

    centrais telefnicas centros de computao estao de rdio base, gabinete,

    outdoor, gabinete de rua, hospitais, redes de acesso remoto, redes de fibra tica,

    redes GSM, redes Wireless, repetidoras de micro-ondas, sinalizao, no-

    break/UPS, alarme e vigilncia eletrnica, iluminao de emergncia, sistema

    fotovoltaico/elico, subestaes de energia e telecomunicaes (ERBS, 2011).

  • 5

    2.2. CONSTITUINTES DA BATERIA CHUMBO-CIDO

    Uma bateria chumbo-cido formada por:

    Placas Positivas e Negativas:

    Constitudas por uma grade de chumbo a qual se aplica uma massa de

    xido de chumbo (PbO). Nas placas positiva aps o processo de formao o

    PbO oxidado a dixido de chumbo (PbO2). J nas placas negativas o PbO e

    reduzido a chumbo (Pb) metlico esponjoso. As placas so responsveis pelo

    acumulo e conduo de corrente eltrica.

    Separadores:

    So envelopes produzidos a partir do polietileno que evitam o contato

    direto entre as placas positivas e negativas, evitando curtos circuitos.

    Soluo Eletroltica:

    A soluo eletroltica o meio condutor pelo qual a corrente eltrica

    passa carregando os ons que participam as reaes qumicas. Na bateria

    chumbo-cido, o eletrlito uma soluo diluda e acido sulfrico. A

    concentrao da soluo de cido sulfrico varia de 27 a 37% em volume, e est

    relacionada diretamente com o tipo de bateria.

    Caixa de Polipropileno:

    Tem por funo abrigar os elementos e a soluo eletroltica.

    Conectores:

    Fazem a interligao dos elementos da bateria formando o circuito.

    Terminais:

    Polo positivo e negativo da bateria.

    A Figura 2 esquematiza uma bateria chumbo-cido automotiva.

    Figura 2 - Bateria chumbo-cido

  • 6

    3. RECICLAGEM DE BATERIAS CHUMBO-CIDO

    Quando uma bateria chumbo-cido chega ao final de sua vida til esta deve ser

    enviada para unidades de fundio secundria para recuperao e reciclagem de seus

    constituintes. Esta providncia garante que seus componentes perigosos no

    contaminem o ambiente e o material recuperado podem ser utilizados novamente para

    se produzir novas baterias chumbo-cido (BRASIL, 2009).

    Uma bateria no reciclada, representa perda de recursos econmicos, ambientais

    e energtico, alm de colocar o meio ambiente e seus ocupantes em uma situao de

    risco desnecessrio, visto que grande parte dos constituintes de uma bateria chumbo-

    cido apresentam potencial para reciclagem (SALOME, 2005). Os constituintes da

    bateria chumbo-cido que apresentam maior potencial de reciclagem so o, chumbo,

    polipropileno e a soluo eletroltica, estes so reciclados e reaproveitados para a

    produo de novas baterias.

    A reciclagem da bateria chumbo-cido comea pela coleta das baterias, esta

    coleta realizada de forma muito organizada. Inicialmente, os seus distribuidores

    recolhem as baterias esgotadas dos revendedores e as armazenam temporariamente at o

    recolhimento do material pela fbrica que utilizando veculos devidamente identificados

    dentro das normas de transporte de produtos perigosos. Os caminhes que transportam

    as baterias chumbo-cido para a reciclagem so preparados para transportar o material

    de forma segura, evitando derramamento de soluo cida durante o trajeto at a base

    de reciclagem. Chegando a base de reciclagem, as baterias seguem para a etapa de

    armazenamento e separao, nessa etapa a soluo eletroltica da bateria drenada, os

    elementos contendo chumbo so retirados de dentro da bateria e estocados, a caixa e a

    tampa que so de polipropileno tambm so estocados. Em alguns processos de

    reciclagem, feita somente a drenagem da soluo eletroltica, a caixa e os elementos

    so enviados juntamente para a reciclagem, neste tipo de processo os elementos e a

    caixa da bateria so triturados juntos e em seguida passam por um processo de

    separao. Aps a separao e estocagem de todos os materiais, estes seguem para

    setores distintos da unidade de reciclagem onde passaro por processos distintos de

    reciclagem.

    A Figura 3 ilustra um esquema de reciclagem de bateria chumbo-cido.

  • 7

    Figura 3 - Fluxograma reciclagem baterias Tudor

    Fonte: Adaptado de Sousa et all (2009)

    3.1. RECICLAGEM DO CHUMBO

    O processo de reciclagem do chumbo que utilizado pelas principais indstria

    o pirometalrgico, esse processo passa por quatro estgios: triturao e separao do

    plstico, fuso do chumbo em forno rotativo, separao do chumbo metlico da escria,

    destinao da escria de fundio e o refino do chumbo (SBRT, 2009).

    Aps separao do chumbo (grades e massas ativas) do polipropileno, este e

    misturado com fundentes (limalha, barrilha e coque de petrleo), esta mistura

    colocada em um forno rotativo (cilindro horizontal de ao, com seu contorno interno

    revertido por refratrio, montado sobre rodas e motor para girar o cilindro) que

    queimada a uma temperatura de 1200C. Este processo de queima realizado para

    isolar o chumbo metlico da mistura de vrias substncias obtidas da sucata de bateria:

  • 8

    chumbo metlico, xido de chumbo (PbO), sulfato de chumbo (PbSO4) e outros metais,

    como clcio, cobre, prata, antimnio, arsnio e estanho (SBRT, 2009).

    Figura 4 - Forno rotativo.

    Fonte: Adaptado de Sousa et all (2009).

    Durante a queima no forno rotativo cerca de 4% da carga slida colocada no

    forno arrastada pelos gases de exausto, o material particulado carregado so

    recolhidos por filtros de mangas, estes so monitoradas permanentemente e substitudas

    quando necessrio.

    Aps a queima obtido o chumbo metlico secundrio (no estado lquido) que

    enviado para as panelas de refino. O chumbo submetido ao processo de refino

    depositado em cadinhos (panelas) onde mantida temperatura entre 400 a 500C.

    Ento, so adicionados aditivos qumicos que juntamente com ao do calor separam do

    chumbo outros metais para a correo da liga desejada (SOUSA et all, 2009). Os metais

    separados formam uma borra que utilizada novamente no processo. Durante todo o

    processo de refino amostras so coletadas para realizao de anlises (com

    equipamentos de absoro atmica), visando identificar os percentuais de metais que

    compem a liga, para que se necessrio fazer as correes para se obter o percentual

    desejado do material na liga a ser produzida.

    Aps o processo de refino a liga obtida passa por outro processo chamado

    denominado lingotamento, neste processo o chumbo envasado em formas passa por

  • 9

    um resfriamento dando origem a lingotes de chumbo prontos para serem utilizados na

    fabricao de novas baterias.

    Juntamente com chumbo metlico secundrio obtida a escria, este material

    contm ferro mais carbono e baixos teores de outros metais como o antimnio mais

    chumbo no convertido, impurezas e aditivos adicionados na alimentao. Esta escria

    depositada em cadinhos e resfriada. Dessa escria obtida, cerca de 95% no contm

    chumbo, esta poro enviada para o aterro industrial. Os outros 5% da escria que

    contm chumbo e realimentada no processo.

    A Figura 5 ilustra o processo de reciclagem do chumbo.

    A Figura 6 mostra a liga de chumbo e a escria aps o resfriamento.

    Figura 5 - Esquema do processo de reciclagem do chumbo.

    Fonte: Adaptado de Sousa et all (2009).

  • 10

    3.2. RECICLAGEM DA SOLUO ELETROLTICA

    O eletrlito drenado das baterias e uma soluo composta em maior quantidade

    de cido sulfrico e gua apresentando baixos teores de chumbo, xido de chumbo e

    outros slidos (SBRT, 2009). Devido a presena dos contaminantes a soluo deve ser

    tratada.

    A Figura 7 mostra o taque de armazenamento da soluo eletroltica aps a

    drenagem.

    Figura 7 - Soluo eletroltica aps processo de drenagem.

    Fonte: Adaptado de Sousa et all (2009).

    Figure 6 - Liga de chumbo e escria aps o resfriamento.

    Fonte: Adaptado de Sousa et all (2009).

  • 11

    Aps a drenagem da soluo a mesma levada do tanque de estocagem at um

    misturador, onde adicionada cal ou soda custica, para a neutralizao da soluo. Se

    utilizar-se a cal como neutralizador, o produto final da reao ser o sulfato de clcio

    (CaSO4), porm, se for utilizado soda custica como agente neutralizador, o produto

    resultante ser o sulfato de sdio (Na2SO4). O neutralizante normalmente utilizado a

    cal, este utilizado por ser um produto mais barato que a soda custica. Alm dos

    sulfatos formados pode haver a formao de hidrxidos, como hidrxido de ferro

    (Fe(OH)2, formado a partir do ferro presente nos equipamentos), hidrxido de cobre

    (Cu(OH)2) e outros. Os hidrxidos so formados a partir de reaes secundrias que

    ocorrem durante o processo de neutralizao do cido (SBRT, 2009).

    A soluo neutralizada levada para um decantador (dependendo do processo

    utilizado um filtro). Nesta etapa so separados da soluo os slidos presentes, como os

    xidos, metais, sulfatos e outros. Aps a separao dos slidos presentes, a soluo base

    resultante , constituda de, de gua e cido sulfrico. Esta mistura enviada para um

    destilador onde ocorre a separao da gua do cido sulfrico. A gua e o cido obtido

    no processo podem ser utilizados como matria-prima para produo de outros produtos

    ou para a produo de novas baterias isso aumentando a viabilidade econmica do

    processo. Os subprodutos originados no processo de neutralizao da soluo cida,

    como sulfatos e outros slidos, podem ser destinados para aterros ou para produo de

    novos produtos. Os aterros apropriados para estes produtos so os mais utilizados,

    porm, estes possuem um agravante de no dar uma destinao to correta, para uma

    sustentabilidade ambiental (DINIZ, 2009). Uma alternativa para o aproveitamento dos

    sais gerados no processo de neutralizao, e a escria obtida do reaproveitamento do

    chumbo est sendo desenvolvida no Laboratrio de Tecnologia Ambiental (LTA) da

    Universidade Federal do Paran, o laboratrio est utilizando tais subprodutos para

    produo cermicos, vidros, concretos, argamassas, isolantes trmicos e acsticos, bases

    para estradas etc. (MYMRIN; PONTE, 2009).

    A Figura 8 ilustra o processo de reciclagem da soluo eletroltica da bateria

    chumbo-cido.

  • 12

    Figura 8 - Representao do processo de reciclagem da soluo eletroltica.

    Fonte: Adaptado de Sousa et all (2009).

    3.3. RECICLAGEM DO POLIPROPILENO

    As caixas de baterias (polipropileno) que foram estocadas aps a drenagem da

    soluo eletroltica e a remoo dos passa pelos seguintes equipamentos para sua

    reciclagem:

    Esteira: Direciona o material at o moinho;

    Moinho: Faz a moagem do material, este equipamento possui uma peneira que

    seleciona o tamanho das partculas (granulometria) conforme a necessidade;

    Tanque do batedor: Fica localizado abaixo do moinho e onde se adapta o

    batedor do material, o batedor possui ps agitadoras que ajudam a lavar o

    material aps a moagem;

    Lavadora: Neste equipamento feito o enxge do material para garantir a

    descontaminao;

    Secadora: Tem funo secar o plstico por meio de centrifugao, onde a gua

    expelida para fora e o plstico transportado para o silo;

    Silo: Aps ser secado, o material pode ser armazenado para o posterior ensaque

    ou dependendo do processo o material segue direto para o aglutinador;

    Aglutinador: Este equipamento aquece o plstico pela frico de suas hlices e o

    picotado transformando-o em uma espcie de farinha. A esta farinha aplicada

    pouca gua para provocar um resfriamento repentino que resulta na aglutinao

    (as molculas dos polmeros se contraem, aumentando sua densidade,

  • 13

    transformando o plstico em gros). Assim, o material passa a ter peso e

    densidade suficientes para descer no funil da extrusora.

    Extrusora: utilizada para fundir o material e em seguida o transforma em tiras,

    estas so cortadas dando formato granular (Pellets) ao material reciclado. Esses

    pellets so utilizados para o processo de produo de novas caixas e tampas de

    baterias chumbo-cido (SBRT, 2009).

    A Figura 9 ilustra o processo de reciclagem do polipropileno que

    constitui as tampas e caixas de baterias chumbo-cido.

    Figure 9 - Processo reciclagem do polipropileno.

  • 14

    4. REGULAMENTAO PARA A DESTINAO ADEQUADA DE

    PILHAS E BATERIAS NO BRASIL

    O efeito da produo de baterias sobre o ambiente pode ser dividido em dois

    aspectos:

    1. Ocupacional efeito devido contaminao do ambiente interior fbrica, este

    est sujeito a regulamentao por rgos ligados a questes trabalhistas, tais

    como as delegacias regionais de trabalho e em ltima instncia o Ministrio do

    Trabalho. Isto ocorre pois, o risco de exposio a compostos de chumbo no

    interior das fbricas de baterias existe em praticamente todos os setores

    diretamente ligados produo. Com isto, em praticamente todos os setores o

    uso de equipamento de proteo individual obrigatrio. Os trabalhadores que

    so expostos a contaminao por chumbo no ambiente interior a fabrica recebem

    um acompanhamento para controle do nvel de chumbo na circulao sangunea,

    este realizado periodicamente em todos os funcionrios da fbrica (DINIZ,

    [s.d.]).

    2. Ambiental ocorre devido emisso de efluentes para as regies externas

    fbrica segunda regulamentado pelo CONAMA e fiscalizado por rgos de

    preservao do meio ambiente, tais como CPRH (Agncia Estadual de Meio

    Ambiente, PE), IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente, ES) e CETESB

    (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, SP) (DINIZ, [s.d.]).

    O rgo que regulamenta o descarte adequado de baterias e pilhas no Brasil

    como j mencionado a cima o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A

    Resoluo CONAMA n 257, de 22/07/1999 que especfica a destinao

    ambientalmente adequada de pilhas e baterias, esta minimiza os riscos ao meio

    ambiente e adotando procedimentos tcnicos de coleta, recebimento, reutilizao,

    reciclagem, tratamento ou disposio final. A resoluo no regulamenta a somente o

    descarte de pilhas e baterias, ela tambm regulamenta a porcentagem adicionada de

    certos componentes qumicos (mercrio, cdmio, chumbo) para a fabricao de certas

    pilhas e baterias.

    A Resoluo CONAMA n 257, de 22/07/1999 composta de dezessete artigos,

    dentre estes os que ditam como proceder para fabricao ou destinao adequada das

    pilhas e baterias so:

  • 15

    Art. 1o As pilhas e baterias que contenham em suas composies chumbo, cdmio,

    mercrio e seus compostos, devem aps seu esgotamento energtico, serem entregues

    pelos usurios aos estabelecimentos que as comercializam ou rede de assistncia

    tcnica autorizada pelas respectivas indstrias, para repasse aos fabricantes

    ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os

    procedimentos de reutilizao, reciclagem, tratamento ou disposio final

    ambientalmente adequada.

    Art. 3o Os estabelecimentos que comercializam os produtos descritos no art.1

    o, bem

    como a rede de assistncia tcnica autorizada pelos fabricantes e importadores desses

    produtos, ficam obrigados a aceitar dos usurios a devoluo das unidades usadas, cujas

    caractersticas sejam similares quelas comercializadas, com vistas aos procedimentos

    referidos no art. 1o.

    Art. 4o As pilhas e baterias recebidas na forma do artigo anterior sero acondicionadas

    adequadamente e armazenadas de forma segregada, obedecido as normas ambientais e

    de sade pblica pertinentes, bem como as recomendaes definidas pelos fabricantes

    ou importadores, at o seu repasse a estes ltimos.

    Art. 5o A partir de 1

    o de janeiro de 2000, a fabricao, importao e comercializao de

    pilhas e baterias devero atender aos limites estabelecidos a seguir:

    I - com at 0,025% em peso de mercrio, quando forem do tipo zinco-mangans

    e alcalina-mangans;

    II - com at 0,025% em peso de cdmio, quando forem do tipo zinco-mangans

    e alcalina-mangans;

    III - com at 0,400% em peso de chumbo, quando forem do tipo zinco-mangans

    e alcalina-mangans;

    IV - com at 25 mg de mercrio por elemento, quando forem do tipo pilhas

    miniaturas e boto.

    Art. 6o A partir de 1

    o de janeiro de 2001, a fabricao, importao e comercializao de

    pilhas e baterias devero atender aos limites estabelecidos a seguir:

  • 16

    I - com at 0,010% em peso de mercrio, quando forem do tipo zinco-mangans

    e alcalina-mangans;

    II - com at 0,015% em peso de cdmio, quando forem dos tipos alcalina-

    mangans e zinco-mangans;

    III - com at 0,200% em peso de chumbo, quando forem dos tipos alcalina-

    mangans e zinco-mangans.

    Art. 7o Os fabricantes dos produtos abrangidos por esta Resoluo devero conduzir

    estudos para substituir as substncias txicas potencialmente perigosas neles contidas

    ou reduzir o teor das mesmas, at os valores mais baixos viveis tecnologicamente.

    Art. 8o Ficam proibidas as seguintes formas de destinao final de pilhas e baterias

    usadas de quaisquer tipos ou caractersticas:

    I - lanamento "in natura" a cu aberto, tanto em reas urbanas como rurais;

    II - queima a cu aberto ou em recipientes, instalaes ou equipamentos no

    adequados, conforme legislao vigente;

    III - lanamento em corpos d'gua, praias, manguezais, terrenos baldios, poos

    ou cacimbas, cavidades subterrneas, em redes de drenagem de guas pluviais,

    esgotos, eletricidade ou telefone, mesmo que abandonadas, ou em reas sujeitas

    inundao.

    Art. 9o No prazo de um ano a partir da data de vigncia desta resoluo, nas matrias

    publicitrias, e nas embalagens ou produtos descritos no art. 1o devero constar, de

    forma visvel, as advertncias sobre os riscos sade humana e ao meio ambiente, bem

    como a necessidade de, aps seu uso, serem devolvidos aos revendedores ou rede de

    assistncia tcnica autorizada para repasse aos fabricantes ou importadores.

    Art. 13 As pilhas e baterias que atenderem aos limites previstos no artigo 6o podero

    ser dispostas, juntamente com os resduos domiciliares, em aterros sanitrios

    licenciados.

  • 17

    Art. 14. A reutilizao, reciclagem, tratamento ou a disposio final das pilhas e baterias

    abrangidas por esta resoluo, realizadas diretamente pelo fabricante ou por terceiros,

    devero ser processadas de forma tecnicamente segura e adequada, com vistas a evitar

    riscos sade humana e ao meio ambiente, principalmente no que tange ao manuseio

    dos resduos pelos seres humanos, filtragem do ar, tratamento de efluentes e cuidados

    com o solo, observadas as normas ambientais, especialmente no que se refere ao

    licenciamento da atividade.

    Art. 15. Compete aos rgos integrantes do SISNAMA, dentro do limite de suas

    competncias, a fiscalizao relativa ao cumprimento das disposies desta resoluo.

    Art. 16. O no cumprimento das obrigaes previstas nesta Resoluo sujeitar os

    infratores s penalidades previstas nas Leis no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e

    no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

    Aps um longo perodo em discusso, a Resoluo CONAMA n 257 deu lugar

    Resoluo CONAMA n 401, atualmente em vigor no Brasil. Esta ltima estabelece

    uma diminuio ainda mais significativa nos teores de mercrio, chumbo e cdmio nas

    pilhas e baterias portteis, nas baterias chumbo-cido, automotivas e industriais, e nas

    pilhas e baterias dos sistemas eletro-qumicos Ni-Cd e xido de mercrio

    (MANTUANO et all, 2011).

  • 18

    5. CONCLUSO

    O processo de reciclagem de baterias chumbo-cido economicamente vivel,

    pois, possvel utilizar todos os materiais reciclados para a produo de novas baterias

    chumbo-cido. A reciclagem dessa fonte de energia tambm reduz os gastos com

    importao de chumbo, como consequncia reduz o consumo de energia e recursos no

    processo de produo do chumbo primrio.

    A destinao adequada de acumuladores chumbo-cido proporciona o

    reaproveitamento do mesmo, isso proporciona reduo do impacto ambiental na

    extrao das reservas minerais e uma grande baixa na contaminao do solo, dos rios e

    do ar. Estes ltimos se devem ao desenvolvimento tecnolgico, que hoje permite o

    reaproveitamento dos subprodutos oriundos da reciclagem da bateria chumbo-cido

    para a produo de novos produtos evitando que os mesmos sejam depositados em

    aterros industriais

    .

  • 19

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BRASIL. Ministrio de Minas e Energia. Relatrio Tcnico 66: Perfil do chumbo.

    Braslia. 2009.

    CAETANO, N. S. A; CUSTDIO, F. H. M.; GIMENES, R. D.; FRANCO, G. N.;

    LOPES, C. Reciclagem de Baterias de Chumbo cido sua Importncia em nosso

    Cotidiano. III Encontro Cientfico e Simpsio de Educao Unisalesiano, Lins, 2011.

    DINIZ, F. B. Acumuladores Moura: Desenvolvimento Tecnolgico e

    MeioAmbiente. Brasil. Disponvel em:

    . Acesso em: 10 de outubro de 2014.

    ESPINOSA, D. C. R. Reciclagem de Baterias: Anlise da Situao Atual no Brasil.

    Escola Politcnica, Universidade de So Paulo (USP), So Paulo, 2005.

    ERBS, F. Reciclagem de Chumbo Proveniente de Baterias Automotivas Usadas.

    Trabalho apresentado disciplina de Planejamento e Projeto na Indstria II, para a

    concluso do curso de Engenharia Qumica da Universidade Regional de Blumenau

    FURB, Blumenau, 2011.

    GOMES, G. M. F. Reduo do Impacto Ambiental da Escria de Obteno de

    Chumbo por Via Secundria. 2006. 113 p. Dissertao (Dissertao de Mestrado

    apresentada como requisito parcial para obteno do titulo de Mestre em Engenharia

    Qumica) Escola de engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica, Porto Alegre, 2006.

    MANTUANO, D. P.; ESPINOSA, D. C. R.; WOLFF, E.; MANSUR, M. B.;

    SCHWABE, W. Pilhas e baterias portteis: legislao, processosde reciclagem e

    perspectivas. Revista Brasileira de Cincias Ambientais. n21. [s.l.]. Setembro de 2011.

    MYMRIN, V.; PONTE, H. A. Engenharia sanitria e ambiental atravs de utilizao de

    resduos industriais como matrias-primas principais de produo de materiais de valor.

    Disponvel em: . Acesso em: 14 de outubro de

    2014.

    http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/secex/sti/indbrasopodesafios/estuniversitarios/art08flamarion.pdfhttp://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/secex/sti/indbrasopodesafios/estuniversitarios/art08flamarion.pdf
  • 20

    OGIBOWSKI, M. A. T. Baterias estacionrias ventiladas chumbo-cida aplicao

    e manuteno. 2012. 77 f. Dissertao (Trabalho de Concluso de Curso para obteno

    do grau de Bacharel em Engenharia Eltrica) - Faculdade Estcio, Curitiba, 2012.

    SALOMONE, R.; MONDELLO, F.; LANUZZA, F.; MICALI, F. Environmental

    Management. Vol. 3, No. 2, pp. 206-219.

    SANTOS, M. A. S. A Bateria cido-Chumbo e a Eletroqumica da Placa Positiva.

    Dissertao e Mestrado, Programa de Ps-Graduao em Qumica, Universidade

    Federal de So Carlos, 1989.

    SBRT. SERVIO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TCNICAS SBRT. Reciclagem

    de chumbo de bateria automotiva, 2009. Disponvel em: .

    Acesso em: 14 de outubro de 2014.

    SBRT. SERVIO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TCNICAS SBRT. Destinao

    da soluo cida de baterias de chumbo, 2009. Disponvel em:

    . Acesso em: 14 de outubro de 2014.

    SBRT. SERVIO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TCNICAS SBRT. Reciclagem

    de filmes de BOPP, 2009. Disponvel em: . Acesso em: 15

    de outubro de 2014.

    SOUSA, E. A.; OLIVEIRA, E. C.; REIS, E. M. Os Benefcios da Reciclagem de

    Baterias de Chumbo-cido no Leste de Minas. 2009. 86 f. Dissertao (Monografia

    para obteno do ttulo de Especialista em Gesto Integrada da Qualidade) - Faculdade

    de Engenharia da Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares, 2009.

    TUDOR, 2008-2009. Catlogo de aplicaes de baterias. Disponvel em:

    . Acesso em: 13 e outubro de 2014.

    http://www.sbrt.ibict.br/http://www.sbrt.ibict.br/http://www.sbrt.ibict.br/http://www.tudor.com.br/