recobrimentos-cohomologia

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1 RECOBRIMENTOS VERSUS COHOMOLOGIA Topologia Alg´ ebrica 2014-II Professor: Dr. Leonardo Magalh˜ aes Macarini Aluno: Francisco Miguel Zamora Inuma Sejam ˜ M e M duas superf´ ıcies. Uma aplica¸ ao π : ˜ M M chama-se um recobrimento se: 1. M ´ e conexa. 2. Para todo y M , existe uma vizinhan¸ca de y, chamada de aberto distinguido tal que: π -1 (V )= F λΛ V λ , com V λ ˜ M , aberto e V λ 6= , para todo λ Λ. π λ := π| V λ : V λ V ´ e homeomorfismo para todo λ Λ. Observa¸c˜ ao 1. 1). π ´ e sobrejetiva. 2). ˜ M ´ e chamado de espa¸co recobridor de M , ou espa¸cototal e M , base do recobrimento. 3). π ´ e aberta. 4). Para cada y M , o conjunto π y := π -1 (y) ´ e chamado de fibra de π em y. 5). π y tem a topologia discreta. 6). Se existe y 0 M , tal que #(π y0 )= k,ent˜ao #(π y )= k, para todo y M e dizemos que o recobrimento ´ e de k-folhas, k N ∪ {∞}. 7). Dizemos que π ´ e finito, se para cada y M , π y ´ e finito. Defini¸c˜ ao 1. a). Seja g : ˜ M ˜ M um homeomorfismo, dizemos que g ´ e uma transforma¸c˜aodeDeck se π g = π, e denotamos ao conjunto de todas as transforma¸ c˜oes de Deck por Deck(π). b). Dizemos que π ´ e um recobrimento diferenci´avel se π ´ e um difeomorfismo local. Seja G := Diff ( ˜ M ) Deck(π). π ´ e chamado regular ou normal se: Para todo x 1 ,x 2 ˜ M , com π(x 1 )= π(x 2 ), existe g G(chamado de automorfismo de recobrimento) tal que g(x 1 )= x 2 . c). Seja π : ˜ M M um recobrimento, f : N M contin´ ua. Uma aplica¸ c˜ao ˜ f : N ˜ M ´ e um levantamento de f se π f = ˜ f .

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Recubrimientos y cohomologia

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  • 1RECOBRIMENTOS VERSUS COHOMOLOGIA

    Topologia Algebrica 2014-IIProfessor: Dr. Leonardo Magalhaes Macarini

    Aluno: Francisco Miguel Zamora Inuma

    Sejam M e M duas superfcies. Uma aplicacao pi : M M chama-se um recobrimento se:1. M e conexa.

    2. Para todo y M , existe uma vizinhanca de y, chamada de aberto distinguido tal que: pi1(V ) = V, com V M , aberto e V 6= , para todo . pi := pi|V : V V e homeomorfismo para todo .

    Observacao 1.

    1). pi e sobrejetiva.

    2). M e chamado de espaco recobridor de M , ou espaco total e M , base do recobrimento.

    3). pi e aberta.

    4). Para cada y M , o conjunto piy := pi1(y) e chamado de fibra de pi em y.5). piy tem a topologia discreta.

    6). Se existe y0 M , tal que #(piy0) = k, entao #(piy) = k, para todo y M e dizemos que orecobrimento e de k-folhas, k N {}.

    7). Dizemos que pi e finito, se para cada y M , piy e finito.Definicao 1.

    a). Seja g : M M um homeomorfismo, dizemos que g e uma transformacao de Deck se pi g = pi,e denotamos ao conjunto de todas as transformacoes de Deck por Deck(pi).

    b). Dizemos que pi e um recobrimento diferenciavel se pi e um difeomorfismo local. Seja

    G := Diff(M) Deck(pi).

    pi e chamado regular ou normal se: Para todo x1, x2 M , com pi(x1) = pi(x2), existe g G(chamado de automorfismo de recobrimento) tal que g(x1) = x2.

    c). Seja pi : M M um recobrimento, f : N M continua. Uma aplicacao f : N M e umlevantamento de f se pi f = f .

  • 2Proposicao 1. Se pi : M M e um recobrimento, f : N M continua, f , f : N M levantamentosde f . Se N e conexo e existe y0 N tal que f(y0) = f (y0), entao f = f .Proposicao 2. Se pi : M M e finito, regular, M conexo, entao G e finito.Demonstracao. Seja g G, entao g e levantamento de pi. Dado y0 M , seja piy0 = {x1, . . . , xk}. Fixemosxj piy0 e definamos

    : G piy0g 7 g(xj),

    que e injetivo, logo #(G) #(piy0) = k.Alem disso, pi e propria, logo induz homomorfismos

    pi : Hr(M) Hr(M)[] 7 [pi]

    e pic : Hrc (M) Hrc (M) definido analogaanente.

    Observacao 2. No caso de pi ter infinitas folhas, pi nao necessariamente e fechada, e portanto, propria.Seja o recobrimento

    pi : R S1t 7 e2piit,

    e o fechado X = {1 + 1/n|n N}, logo pi(X) S1, mas 1 pi(X) \ pi(X).Teorema 1. [Teorema 5] Seja pi : M M um recobrimento diferenciavel, regular e finito. Para todor 0, o homomorfismo induzido pi : Hr(M) Hr(M) e injetivo.Demonstracao. Seja |G| o cardinal de G. Sabemos por definicao que

    pi : Hr(M) Hr(M)[] 7 [pi]

    para Zr(M). Seja [] Ker(pi), i.e., 0 = pi([]) = [pi], isto implica que pi Br(M). Logo,existe r1(M) tal que pi = d.

    Queremos provar que [] = 0, ou seja, que Br(M), isto e, que existe r1(M) com = d.Como pi = d, seja

    :=1

    |G|gG

    g,

    logo

    d =1

    |G|gG

    d(g) =1

    |G|gG

    g(d) =1

    |G|gG

    g(pi) =1

    |G|gG

    pi = pi = d.

    Alem disso, para todo h G, tem-seh = . (1)

    Isto se exprime dizendo que a forma e invariante sob o grupo G.Afirmacao: Se existe r1(M) tal que pi = , entao d = . Com efeito, como d(pi) =

    d = d = pi, entaopi = pi(d). (2)

    Por outra parte, como pi e difeomorfismo local, para todo x M , temos que pi(x) : TxM Tpi(x)Me um isomorfismo, logo

    pi : r(M) r(M)e injetiva, e de (2) temos que = d. Portanto, basta mostrar que existe r1(M) tal que pi = .

    De (1) temos que g = , logo, para todo x M , v1, . . . , vr1 TxM tem-se(g)(x)(v1, . . . , vr1) = (x)(v1, . . . , vr1)(g(x))(g(x)(v1), . . . , g(x)(vr1)) = (x)(v1, . . . , vr1).

    (3)

  • 0.1. RECOBRIMENTO DUPLO ORIENTADO 3

    Seja x M , y = pi(x) M e i = pi(x)(vi) TyM , i = 1, . . . , r 1(os i sao unicos pois pi e umisomorfismo). Assim, defino r1(M) como sendo

    (y)(1, . . . , r1) := (x)(v1, . . . , vr1).

    esta bem definida, pois como pi e regular, existe g G tal que pi(g(x)) = y, logoi = pi

    (x)(vi) = (pi g)(x)(vi) = pi(g(x))(g(xi)(vi)), i = 1, . . . , r 1.Assim

    (y)(1, . . . , r1) = (g(x))(g(x)(v1), . . . , g(x)(vr1)) = (x)(v1, . . . , vr1).

    Onde a ultima igualdade decorre de (3).

    Observemos que embora Hrc (M) nao seja um subespaco vetorial de Hr(M), usando o mesmo raciocnio

    da prova do Teorema 1, percebemos que Zrc (M) e pi = d, para r1c (M), entao o argumentola desenvolvido nos fornece r1c tal que d = . Este argumento prova o seguinte teorema:Teorema 2. [Teorema 5c] Seja pi : M M um recobrimento diferenciavel, regular e finito. Para todor 0, o homomorfismo induzido pic : Hrc (M) Hrc (M) e injetivo.

    0.1 Recobrimento Duplo Orientado

    Seja pi : M M um recubrimento diferenciavel de duas folhas, ou seja, para todo y M , piy = {x1, x2},logo G = {Id, g} onde g e tal que se pi(x1) = pi(x2), entao g(x1) = x2.Definicao 2. Se M e orientada, M conexa e para todo x1 M , a transformacao linear g(x1) : Tx1M Tx2M inverte orientacao, dizemos que pi e o recobrimento duplo orientado de M .

    Observacao 3. Se pi e de duas folhas e M conexa, entao M tem no maximo, duas componentes conexas.Seja a M fixo, logo g(a) M .

    Dado x M , provemos que x pode ser ligado por um caminho em M ao ponto a ou g(a). Comox, a M , entao pi(x) = pi(a) M , sendo M conexa, existe um caminho : [0, 1]M com (0) = pi(x)e (1) = pi(a). Ora, consideremos o levantamento de a partir de x, que e um caminho : [0, 1] M ,com (0) = x e pi = . Como pi((1)) = (1) = pi(a), entao (1) = a ou (1) = g(a).Teorema 3. [Teorema 6] Seja pi : M M um recubrimento duplo orientado. A superfcie M e orientavelse, e somente se, M e desconexa.

    Demonstracao. Suponhamos que M e orientavel, seja

    A = {x M |pi(x) : TxM Tpi(x)M preserva orientacao}.Sabemos que G = {Id, g}, seja B = g(A), logo, se y B, y = g(x), x A e pi(y) = pi(x) = p, alem

    disso g(x) inverte orientacao, assim como pi(x) = pi(g(x)) temos

    pi(x) = pi(y) g(x).Mas como pi(x) preserva e g(x) inverte a orientacao, temos que pi(y) inverte orientacao. Assim

    B = g(A) = {y M |pi(y) : TyM Tpi(y)M inverte orientacao}.Logo, a reuniao disjunta M = AB e uma cisao nao trivial de M , o que implica que M e desconexa.Suponhamos agora que M = AB e uma cisao nao trivial de M , entao pi aplica A e B difeomorfica-

    mente sobre M , assim, M e orientavel.

    Observacao 4. Se M e orientada, M conexa e pi : M M um recobrimento diferenciavel de duasfolhas, entao pi nao necessariamente e um recobrimento duplo orientado. Com efeito, seja T 2 = S1 S1o toro bidimensional, entao

    pi : T 2 T 2(z, w) 7 (z2, w)

    e um recubrimento de duas folhas, mas nao e um recobrimento duplo orientado, pois T 2 e conexo e pi(T 2)e orientavel.

  • 4Exemplo 1 (Exemplo 10). Seja Pm = RPm o espaco projetivo real de dimensao m. A aplicacao

    pi : Sm Pm(x1, . . . , xn) 7 [x1 : . . . : xn]

    e um difeomorfismo local tal que pi(x) = pi(y) se, e somente se, y = x. A aplicacao antpoda : Sm Sm

    x 7 xe tal que pi = pi e temos que G = {Id, } e sabemos que preserva orientacao quando m e impar einverte se m e par.

    Portanto, quando m e par, inverte orientacao, e assim pi e um recobrimento duplo orientado, masSm e conexa, logo, pelo Teorema 3, temos que Pm e nao orientavel.

    Se m for impar, Pm e orientavel. Quer m seja par ou impar, quando 0 < r < m, tem-se pelo exemplo(6) que Hr(Sm) = 0 e como pi : Hr(Pm) Hr(Sm) e injetivo, temos que Hr(Pm) = 0, para 0 < r < m.Resta calcular Hm(Pm).

    Se m e mpar, Hm(Pm) tem dimensao 1, como ocorre com qualquer superfcie m-dimensional com-pacta orientavel. E se m e par, tem-se que Hm(Pm) = 0 como resulta do teorema seguinte no qual seusa o fato de que toda superfcie nao-orietavel possui um recobrimento duplo orientado.

    Teorema 4. [Teorema 7] Se a superfcie m-dimensional conexa M e nao orientavel, entao Hmc (M) =Hm(M) = 0.

    Antes de comecar a prova, lembremos alguns resultados que vamos utilizar:

    Teorema 5. [Teorema 4] Seja Mm uma superfcie conexa e orientada(compacta ou nao), logo a trans-formacao linear definida por

    A : Hmc (M) R[] 7

    M

    e um isomorfismo.

    Teorema 6 (Dualidade de Poincare). Seja M uma superfcie orientada, a transformacao linear

    DM : Hr(M) [Hrc (M)]

    [] 7DM ([]) : H

    mrc (M) R

    [] 7M

    e um isomorfismo, para todo r = 0, . . . ,m.

    Continuando com la demonstracao do Teorema 4. Seja pi : M M o recobrimento duplo orientadode M . Como M e nao orientavel, pelo Teorema 3, M e conexa, alem disso, M e orientada(def. derecobrimento duplo orientado), pelo Teorema 5 a transformacao linear

    A : Hmc (M) R[] 7

    M

    e um isomorfismo. Seja g : M M o difeomorfismo sem pontos fixos tal que pi g = pi : M M . Paratoda mc (M), como g inverte orientacao, temos

    A(pic []) = A([pic]) =

    M

    pic =M

    g(pic) = M

    pic = A([pic]),

    logo A([pic]) = 0, como A e isomorfismo, pic [] = 0 e pelo Teorema 2, pi

    c e injetivo e assim [] = 0. Isto

    implica que Hmc (M) = 0. Se M e compacta, entao Hm(M) = Hmc (M) = 0. Se M nao e compacta, entao

    M nao e compacta, do Exemplo (8) temos que H0c (M) = 0, logo, pela Dualidade de Poincare temos

    Hm(M) [H0c (M)] = 0,e como pi : Hm(M) Hm(M) e injetiva, temos finalmente que Hm(M) = 0, isto demonstra o Teorema.

  • 0.1. RECOBRIMENTO DUPLO ORIENTADO 5

    Exemplo 2. Consideremos o seguinte recobrimento duplo da faixa de Mobius aberta, M , pelo cilindroaberto

    C = {(r, , t) R3|r = 1, [0, 2pi), t (1, 1)},expressado em coordenadas cilindricas em R3 pelo mapa de recobrimento

    (, t) = (2 cos(2) + t cos() cos(2), 2 sin(2) + t cos() sin(2), t sin()).

    Seja

    A : C C(1, , t) 7 (1, + pi,t),

    mostra-se que (A(1, , t)) = (1, , t), o que implica que A e uma transformacao de Deck. Se dotamosao cilindro com a orientacao induzida da orientacao natural de R3, entao pelo Teorema 3, M sera naoorientavel se A inverte orientacao. Por outra parte

    det(DA(1, , t)) = det

    [1 00 1

    ]= 1 < 0.

    Logo, pi e R.D.O. Como C e conexo, temos que M e nao orientavel.

    Exemplo 3. Sejam M Rm+1 hiperfcie conexa nao orientavel, necessariamente nao-fechada, pois nessecaso, M = e assim M e orientavel. Seja V2[M ] uma vizinhanca tubular. O bordo M = (V[M ])e uma hiperfcie orientavel. A projecao pi : M M e um recobrimento de duas folhas pois e umdifeomorfismo local e, para cada y M , sua fibra, piy consiste nos dois extremos do segmento B+[y, (y)].Alem disso, M e conexa. Segue-se do Teorema 3 que pi e um recobrimento duplo orientado.

    Recobrimento Duplo Orientado