Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

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FACULDADE DE ARQUITECTURA UNIVERSIDADE TÈCNICA DE LISBOA TESE - TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO TEÓRICO Reconversão de Edifícios Singulares face a novas funções O Edificado Excepcional como instrumento de qualificação do espaço público e do Desenho da Cidade Discente Gustavo Miguel Nogueira de Macedo MIArq4B | #5881 | 2008.2009 | 2º Semestre

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FACULDADE DE ARQUITECTURA UNIVERSIDADE TÈCNICA DE LISBOA

TESE - TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO TEÓRICO

Reconversão de Edifícios Singulares face a novas funções

O Edificado Excepcional como instrumento de qualificação do espaço

público e do Desenho da Cidade

Discente

Gustavo Miguel Nogueira de Macedo

MIArq4B | #5881 | 2008.2009 | 2º Semestre

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Uma palavra de gratidão pela contribuição directa ou indirecta na

produção deste trabalho ao Joaquim, Clara, Francisco ,Vanessa,

Ana Sarmento, Luís Afonso, Mafalda Lucas, e Fábio Lavareda.

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INDICE

Introdução

CAPITULO I - A Cidade

1.1. Uma reflexão sobre a cidade

1.2. O caso de Lisboa

1.3 A singularidade e a cidade

CAPITULO II - Preservação pela Reconversão

2.1. Equipamentos Culturais: reinventar do espaço público e revitalização

urbana preservação através da reconversão

2.2. A herança histórica a preservar

2.3. Preservar e Reconverter

CAPITULO III - Casos de Estudo

Presente - Casos Consolidados

3.1. Edifício Pedro Álvares Cabral – Armazéns Frigoríficos de Alcântara

3.1.1. Localização e Contexto

3.1.2. A Reconversão, Museu Fundação do Oriente

3.2. Edifício Central Tejo

3.2.1. Localização e Contexto

3.2.2. A Reconversão, Museu da Electricidade – Fundação EDP

Futuro – Casos por Consolidar

3.3. Mercado Ferreira Borges, Porto

3.3.1. Localização e Contexto

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3.3.2. A Reconversão, Centro de Animação Cultural

CAPITULO IV - Conclusão

4.1. Considerações Finais

Índice de Imagens

Bibliografia

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“A Reutilização de edifícios de manifesta qualidade, quer arquitectónica quer histórica,

constitui sempre um contributo civilizacional indiscutível.”

In, Museu do Oriente: de Armazém Frigorifico a Espaço Museológico, pág. 05

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Introdução

Toda a cidade é singular por possuir elementos que apenas ali existem, sendo

únicos. O edificado excepcional é em grande medida o elemento caracterizador da

singularidade de uma cidade, tendo uma grande importância no desenho e na

estrutura do traçado urbano. O construído icónico do passado que se tornou com o

tempo um marco no território, pela sua importante função e pelo tipo de construído que

é, acaba por se tornar habitual, e posteriormente a sua função cai em desuso. É um

dos temas mais desafiadores da cidade contemporânea. O que fazer com os edifícios

que herdámos do passado recente, cuja utilização foi interrompida, e que esperam

novas ocupações?

O presente trabalho pretende estudar a reconversão de edifícios singulares que

assumem agora funções distintas daquelas para as quais foram projectados, assim

como perceber se o seu respectivo espaço urbano e espaço público se altera

mediante estas novas funções. Para estabelecer um paralelismo com o exercício de

Projecto, serão abordados casos maioritariamente de Lisboa, e o estudo estará

restringido apenas a edifícios de carácter cultural, alguns ligados a fundações, uma

vez que o edifício projectado é um centro de artes gerido por uma fundação, para que

tenha um carácter completamente social.

Ao analisar casos de reconversão, um tema muito discutido actualmente, o

trabalho pretende perceber se as diferentes características dos edifícios existentes

conseguem responder às novas funções, ou se remodelações profundas são

fundamentais para o bom funcionamento do edifício, e ainda se essas novas funções

são uma boa solução para a revitalização e redesenho do tecido urbano.

Abstract

Every city is unique due to the fact that is has elements that only exist there. The exceptional buildings are the elements that characterize the uniqueness of a city, having a huge importance in the design and structure of the urban layout. The

construction of the iconic past that with time became a landmark in the territory, for their important role eventually falls into disuse. It is one of the most challenging problems of contemporary urban life. What to do with the buildings that inherited the

recent past, and expect new occupations? This work aims to study the natural conversion of buildings which have now different

functions than those for which they were built, and understand if their urban and public space is changed by these new functions. Most study cases will be addressed in Lisbon, and the study is restricted only to cultural buildings.

Palavras-Chave: Reconversão, Edifícios Excepcionais, Centro Cultural, Equipamento

Cultural.

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CAPITULO I

A Cidade

1.1. Pequena reflexão sobre a cidade

A cidade não é um artefacto, ou uma obra de arte, imóvel e inalterável, mas

sim qualquer coisa que constantemente se faz ou desfaz, sendo por consequência um

processo vivo. Constrói-se no dia-a-dia, mas a construção processa-se sempre a par

de uma destruição ou a partir do nada. Uma cidade que se constrói é ao mesmo

tempo uma cidade que se destrói. Nesta operação de articulação mútua, a cidade

prossegue o seu desenvolvimento harmoniosamente, visto que o ideal é que a

construção se faça com o mínimo de destruição possível e que sobretudo essa

destruição se faça, mediante uma readaptação inteligente às novas exigências. Se

uma cidade em fase de desenvolvimento acelerado, conseguir que as velhas e as

novas estruturas se acompanhem tanto melhor. As cidades europeias, depósitos de

um caudal cultural muito importante, conscientes dos valores permanentes que nelas

residem, mantêm ainda um equilíbrio aceitável entre o fazer e o desfazer, entre o novo

e o velho. É sinal de cultura. Nas civilizações mais modernas como a dos Estados

Unidos da América, a falta de pressão do passado deixou maiores margens de

liberdade que no entanto não proporcionaram vantagens funcionais tão evidentes

como seria de esperar.

A cidade pode e deve estudar-se sob um número infinito de ângulos: “O da

história: a história universal é história de cidades; o da geografia: a natureza prepara o

local e o homem organiza-o de maneira a satisfazer as suas necessidades e desejos;

o da economia: em nenhuma civilização a vida das cidades se desenvolveu

independentemente do comércio e da indústria; o da política: a sociedade é um certo

número de cidadãos; o da sociologia: a cidade é a forma e o símbolo de uma relação

social integrada; o da arquitectura: a grandeza da arquitectura está ligada à da

cidade.”

In, “Breve História do Urbanismo”, Fernando Goitia, Pag. 09

Pegando no termo americano atribuído à cidade de Nova Iorque, “The City that

Never Sleeps”, é importante relembrar que a própria vida se alberga aqui, até ao ponto

de nos fazer crer que são as cidades que vivem e respiram. Tudo o que afecta o

homem afecta a cidade.

1.2. A Cidade Portuguesa

No decorrer da sua longa evolução os traçados urbanos portugueses

apresentam uma característica comum que os diferenciam e marcam: a relação com o

território. Estruturada normalmente em núcleos diferenciados muitas vezes com

malhas urbanas distintas, a escolha dos locais de implantação dos núcleos originais

em locais topograficamente dominantes, a localização privilegiada de edifícios públicos

ou especiais, a constância das dimensões dos lotes e da tipologia de construção a

eles associados e em particular o modo de planeamento da cidade, específico para

cada povoação, não utilizando um padrão de implantação, antes estruturando um

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conjunto de regras que se adaptavam a cada situação particular de terreno, fazem da

cidade portuguesa um difícil caso de sistematizar.

Vários autores assinalam a existência de dois tipos principais de cidade:

O primeiro tipo é a cidade planeada, que resulta dum processo de

transformação voluntária que está normalmente associada a regimes autoritários e é

desenhada de uma só vez. Segundo o Historiador de Arquitectura, Spiro Kostof, o

traçado destas cidades até ao séc. XIX, eram diagramas geométricos ordenados: “Na

sua mais pura forma esse traçado seria uma grelha, ou então um esquema planeado a

partir do centro, tal como um círculo ou um polígono, com um sistema de ruas radiais a

partir do centro; mas muitas vezes a geometria é mais complexa, casando as duas

fórmulas puras em combinações por modelação e refracção”.

O segundo tipo, a cidade espontânea, não planeada, que resulta de uma

sucessão de intervenções feitas ao longo do tempo mediante as condicionantes

territoriais. Num local definido, a aglomeração começa com duas casas que se

instalam lado a lado, mas sempre sem uma intenção bem definida.

Logicamente, uma cidade não é completamente planeada nem completamente

orgânica, facto que deriva da complexidade do fenómeno urbano. No entanto,

podemos avaliar o peso do homem e da natureza nos diferentes períodos de formação

da estrutura urbana designando-a assim por orgânica ou planeada, consoante a

predominância de um destes aspectos.

Através desta linha de pensamento, percebe-se que na cidade planeada, aquilo

que estrutura a cidade é o homem, enquanto que na cidade orgânica o homem

submete-se às condições da natureza. Outra diferenciação que se faz em relação a

este tipo de cidade é relativamente à sua geometria. Diz-se a respeito da cidade não

planeada que a forma resultante, é irregular, não geométrica e orgânica, com

incidência de ruas curvas e tortas e espaços abertos definidos ao acaso.

Figura 1 – Planta de Lisboa de 1910

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Apesar da cidade portuguesa, como qualquer cidade de fundação antiga

possuir ambos estes casos, percebe-se que pelo terreno agreste a vertente orgânica é

fortemente marcada na estrutura urbana da cidade. A cidade medieval ainda presente

em muitos pontos lusos, corresponde a este submeter à natureza, embora

actualmente, mesmo com uma maior preocupação pelo planeamento, o terreno

continue a produzir o seu efeito.

Num tecido fragmentado, ou dividido por diferentes morfologias, o vínculo entre

o desenho da cidade e o terreno é em grande parte feito através do edificado

excepcional, produzindo singularidade.

1.3. A Singularidade e a Cidade

As cidades caracterizam-se pela sua singularidade. Não há duas cidades iguais

e cada cidade, para além de todos os elementos comuns que a tornam comparável

com outras, define-se em torno de vários factores, entre eles factores ambientais,

históricos, sócio-económicos e culturais. Privilegiar a dimensão cultural e simbólica de

uma cidade não implica esquecer as outras dimensões que fazem a cidade, mas

reconhecer o carácter estruturante que os discursos, imagens e performances

públicas, cíclicas e quotidianas, desempenham na organização e transmissão do

conhecimento sobre essa cidade e aceitar o seu papel activo na experiência que dela

se tem.

Segundo Benévolo, a cidade “é a organização da sociedade em aspectos

económicos, políticos e culturais. É a situação física de uma determinada sociedade, e

que pode perdurar mesmo quando a sociedade já desapareceu.” A cidade consolida

um espaço urbano, um ambiente físico e espacial, que deve ser analisado como

objecto em si, como espaço arquitectónico; formado pelos espaços públicos, semi-

públicos e privados, categorias que constituem e também organizam o espaço urbano.

A principal fonte de informação primária para o estudo da história urbana é a

própria cidade como objecto de investigação. Por muito que as cidades tenham sido

alteradas no decurso da história, a realidade construída das cidades preserva em si as

marcas do seu passado. A curva inesperada, o lote estreito na correnteza de casas

regular, a parede cega contrariando a geometria, o pavimento diferente, o local eleito

para a permanências das pessoas sem que nada aparentemente o justifique, tudo são

sinais para entender a estrutura, o traçado original, as transformações no tempo.

Tendo como referência as suas lógicas de localização, a relação com o espaço

físico natural, as suas linhas estruturantes fundamentais, os elementos geradores dos

traçados, a localização dos edifícios singulares relativamente aos diversos

componentes das malhas urbanas, as estruturas de quarteirão, entre outros, é

possível analisar a cidade, pois estas são referências fundamentais para a intervenção

na cidade contemporânea. A preservação das cidades é ainda hoje frequentemente

limitada aos monumentos e aos edifícios singulares, encarados como património a

salvaguardar, embora seja uma atitude limitada. Os espaços públicos são uma

componente fundamental da imagem da cidade. Muitas vezes bem mais do que a

arquitectura, são os espaços urbanos e o desenho da cidade, que definem o carácter

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e dão coerência à cidade no seu todo, sendo extremamente importante pensar a

preservação não apenas do edificado mas também da sua inserção no tecido urbano e

no espaço público que o estrutura.

Os edifícios urbanos singulares constituem elementos que devem ser objecto

de operações integradas, onde se pode programar uma intervenção coordenada entre

os serviços que intervêm no espaço público e no edificado. Isto implica pensar a

paisagem urbana a partir da dimensão e composição das suas fachadas, assim

identificando fisionomias urbanas específicas, como a relação entre as fachadas dos

edifícios e as formas como o traçado viário se relaciona com os edifícios singulares,

públicos, residenciais, espaços abertos e fechados, espaços públicos, semi-públicos e

privados. Como ainda, pensar que a paisagem urbana é constituída e influenciada por

práticas e valores socioculturais, simbólicos, históricos, políticos, artísticos, funcionais,

etc. Se a cidade é complexa, multidimensional e dinâmica, julga-se que a conservação

da cidade também o é.

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CAPITULO II

Preservação pela Reconversão 2.1. Equipamentos Culturais: reinventar do espaço público e revitalização urbana

A frequência de espaços culturais é dos indicadores que registou em Portugal

uma evolução mais favorável nos últimos decénios. Vários factores contribuem para

explicar este aumento, que é um fenómeno nacional e não específico das áreas

metropolitanas, embora tenha aqui especial incidência. Um, que se percebe de

imediato, é o aumento da procura gerada pelo turismo, porém insuficiente para

explicar este fenómeno. Outro, o efeito das visitas escolares, que tem familiarizado os

mais jovens com os museus, e aos museus tem obrigado a ensaiar novas formas de

relacionamento com a comunidade. Em todo o caso, parece ser igualmente certo que

também entre as famílias, na população em geral, o hábito de frequentar este tipo de

espaço tem vindo a aumentar.

Será em parte consequência de um aumento da apetência pelos consumos

culturais, de que a melhoria dos níveis de escolarização aparece como a causa mais

óbvia. Mas é também em grande medida uma proeza desta tipologia cultural, que se

soube modernizar como instituição e adaptar-se a novos usos, incorporando comércio,

restauração, ou entretenimento. A paisagem cultural de Lisboa por exemplo, alterou-se

muito nas últimas décadas, para melhor. Desde logo, porque se expandiu a rede de

museus e se diversificou a sua oferta. Aos tradicionais palácios nacionais (Ajuda,

Queluz, Sintra, Pena, Mafra), os grandes museus do Estado, como o dos Coches, da

Marinha, de Arte Antiga, e a Fundação Calouste Gulbenkian, vieram juntar-se muitos

outros.

Numa fase posterior, outras novidades surgiram: os espaços culturais

associados a empresas ou instituições de ordem não pública, que se difundiram a

partir dos anos 80, com o acentuar dos processos de deslocalização da produção, ou

à medida que a introdução de inovações tecnológicas foi permitindo libertar espaço em

edifícios de localização central como o Museu da Electricidade, Museu da Água,

Museu da Carris, Núcleo Museológico do Beato; e ainda surgidos de parcerias entre o

sector público e privado, na maior parte dos casos com valiosos espólios constituídos

a partir de colecções particulares: Centro Cultural de Belém, Museu de Arte

Contemporânea de Sintra, Museu de Arte Contemporânea de Serralves. As condições

físicas dos equipamentos conheceram melhorias assinaláveis.

Os espaços culturais tornaram-se nos últimos anos mais atractivos, mais

modernos e mais confortáveis.

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2.2. A herança histórica a preservar

O tipo de intervenção na paisagem urbana, no sentido da sua requalificação,

vai desde a renovação, implicando a demolição e substituição dos elementos

preexistentes; a revitalização, ou seja, a dinamização da vivência do local a

requalificar; e a reabilitação que, ao contrário da renovação, pressupõe a reutilização

de elementos preexistentes, ou a reconversão que permite usos distintos do original.

Esta operação pode ser pontual ou total, tratando-se neste caso de uma

operação de planeamento sobre aquela área. O termo revitalização utiliza-se para

destacar projectos que vão para além da mera reabilitação física e os efeitos sociais e

económicos associados. Com a palavra revitalização pretende-se fazer referência à

vida, evocando a acção de promover nova vida a um tecido esgotado.

Nos últimos anos, a reabilitação de edifícios antigos começou a ser tomada

como alternativa à construção nova, o que não só permite a recuperação do

património edificado e a reutilização de materiais, como a redução do consumo de

energia e uma menor utilização do solo. Geralmente, os edifícios singulares são

edifícios de dimensões generosas e de volumetria pronunciada. Em muitos casos,

devido às suas dimensões, poderão ser adaptadas a diversas funções. A

requalificação e reutilização deste tipo de estruturas não têm, necessariamente, que

passar somente por objectivos culturais, no entanto a função cultural sempre foi um

elemento identificativo da urbanidade. A distinção entre a cidade e o campo e a própria

hierarquia dos lugares urbanos tem sido definida continuamente ao longo da história,

entre outros aspectos, por essa diferença fundamental que consiste em existirem ou

não equipamentos específicos para o cultivo do espírito e para a recriação.

Mais recentemente, tem se tornado frequente, a readaptação de edifícios. Uma

das soluções mais interessantes passa pela ligação das novas funções às

tradicionalmente desempenhadas pela respectiva estrutura.

“Vejamos alguns exemplos: museu ferroviário, numa antiga estação de caminho-de-

ferro (Madrid-Espanha e Macinhata do Vouga, distrito de Aveiro-Portugal); museus

têxteis, em diversos países (Inglaterra, Espanha, Portugal, etc.); centrais eléctricas

transformadas em museus da electricidade (Bélgica e Portugal; recordo, aqui, o Museu

da Electricidade, na Central Tejo, em Lisboa e um outro museu, do mesmo género,

numa mini-central (Central de Santa Rita, concelho de Fafe, no Minho); Museu da

Água Manuel da Maia, em Lisboa, na central elevatória que abasteceu de água a

capital portuguesa desde 1880 até aos anos 1950.”

Tem-se verificado, nas últimas décadas, uma profunda transformação no

conceito tradicional de espaço cultural. Este, ao democratizar-se, passou a abranger

também uma diversificada gama de objectos. Consequentemente, urge estudar,

preservar e reutilizar numerosas estruturas icónicas, já desactivadas, mas que

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apresentam potencialidades para entrarem num novo ciclo de vida, causando uma

revitalização do tecido urbano. Torna-se, pois, necessário requalificar certos espaços

urbanos, adaptando-os a novas funções.

2.3. Preservar e Reconverter

A reconversão urbana é um processo de intervenção no tecido urbano que tem

como objectivo a requalificação de edifícios e espaços públicos das cidades, de forma

a contribuir para uma melhoria do ambiente urbano, do edificado e da qualidade de

vida da população. Tem-se mostrado um importante instrumento de revitalização das

cidades e, por conseguinte, uma mais-valia para o ambiente urbano.

Conservar e revitalizar edifícios entendidos como monumentos ou como

singulares, é um acto que está ligado ao dever mínimo de cultura. Na história recente

de Portugal, esta ideia foi extremamente defendida pelo Estado Novo, que acusou a

Republica de desprezo pelos valores nacionais. Mas a politica cultural nacionalista

tratou os monumentos de forma cenográfica, completando-os ou limpando-os muitas

vezes com critérios duvidosos, demolindo quarteirões que os rodeavam como quem os

põe num palco e, mais recentemente, iluminando-os com holofotes amarelos que são

bem um símbolo da vontade de os isolar do seu contexto vivo. Aquilo que deveria ser

facilmente defensável seria a revitalização de secções ou áreas da cidade

contornando a sua destruição. Prende-se com a reutilização de edifícios memoráveis

da cidade que perderam o seu uso tradicional e que se foram esvaziando.É a

conservação e revitalização daquilo que é considerado um indiscutível valor urbano.

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CAPITULO III

Casos de Estudo

Presente – Casos Consolidados

3.1. Edifício Central Tejo

3.1.1. Localização e Contexto

O Museu da Electricidade,

antigo Edifício Central Tejo situa-

se na freguesia portuguesa de

Santa Maria de Belém, no

concelho de Lisboa, mais

precisamente na Avenida de

Brasília. As obras desta Central

iniciaram-se em 1914, com a

construção do edifício das

caldeiras de baixa pressão.

Devido à 1.ª Grande Guerra

Mundial, a Central Tejo só entrou

em serviço em 1919. Com o início

da actividade da Central Tejo, entra em exploração a nova rede eléctrica subterrânea

fornecendo a energia necessária a toda a cidade de Lisboa, melhorando

sensivelmente as condições de abastecimento aos consumidores e acompanhando o

seu desenvolvimento urbanístico

e a sua modernização. A

instalação sucessiva na Central

Tejo de equipamentos de maior

potência e de melhor rendimento,

constituiu o corolário natural do

crescimento acentuado dos

consumos de electricidade nas

décadas de 30 e 40 em todas as

áreas de utilização: força motriz

industrial, sector doméstico e

iluminação pública. Tornou-se

então necessário adquirir as três

primeiras caldeiras de alta

pressão, cujas enormes dimensões exigiram a construção do maior edifício de todo o

conjunto - o Edifício de Caldeiras de Alta Pressão, ficando assim concluído o edifício

de caldeiras de alta pressão que ainda hoje está patente ao público com todo o seu

equipamento original.

A Central Tejo deteve até à década de 50, o galardão de maior central eléctrica

do País. O ano de 1951 ficou, então, marcado na vida da Central como o início do seu

Figura 2 - Localização e Contexto Urbano

Figura 3 - Central Tejo e Av. de Brasília em 1941

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ocaso: o advento das grandes centrais hidroeléctricas relegaram a Central Tejo para

segundo plano no panorama nacional de produção de energia eléctrica.

3.1.2. A Reconversão - Museu da Electricidade, Fundação EDP

No processo de recuperação da Central Tejo, o Museu da Electricidade ocupa

lugar de destaque, tendo beneficiado de um novo projecto de musealização. Este

projecto assumiu como prioridades a organização temática das várias áreas do Museu

e o estabelecimento de percursos e acessibilidades para o público. No que respeita à

organização temática e aos conteúdos, o grande objecto da exposição é a própria

Central, ou seja, todo o conjunto de equipamentos que fazem parte da instalação

primitiva desta unidade de produção e que, felizmente, se encontram ainda hoje com

uma integridade assinalável. Este facto permitiu a organização de um tipo de

exposição que procura transmitir aos visitantes uma noção clara do funcionamento

desta antiga central termoeléctrica de Lisboa, desde a identificação dos seus diversos

componentes até à explicação do seu funcionamento. Esta preocupação manifesta-se,

sobretudo, nas salas em que o equipamento ficou intacto. A exposição tem uma

acentuada componente pedagógica orientada para os jovens visitantes, recorrendo a

audiovisuais e a outros meios de interpretação fáceis e acessíveis. O Museu foi

também valorizado com a apresentação de outras exposições permanentes que

abordam outros temas relacionados com a energia eléctrica. Para tal, utilizaram-se,

sobretudo, as salas deixadas vazias pela desactivação dos equipamentos mais

antigos.

Assim, na sala de Baixa Pressão, espaço

aberto e livre para a concretização de diversos tipos de

iniciativas, encontram-se áreas dedicadas à História e

funcionamento da Central Tejo, dando entrada para a

Sala das Caldeiras de Alta Pressão, onde os visitantes

podem observar as próprias caldeiras tal como ficaram

depois da sua última utilização, bem como diversos

meios de compreensão do seu funcionamento.

Regressados à Sala de Caldeiras de Baixa Pressão,

podem ainda observar-se, através de extensa vitrina, a

Figura 4 e 5 – Zona de Exposição Temporária do Edifício.

Figura 6 – Os grandes vãos típicos da arquitectura industrial.

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electrificação do país desde os primórdios ao final do século XX, e a iluminação

pública de Lisboa, através dos seus candeeiros mais emblemáticos. Passando-se

desta sala para a Sala das Máquinas, por uma passerelle propositadamente

construída para o efeito, podem observar-se dois dos cinco grupos turboalternadores

que fizeram parte do conjunto produtivo da Central e que aí foram instalados nos

trinta, bem como, através de duas maquetas, o processo que vai da produção aos

diversos tipos de consumos. Passando à sala de comando da subestação, encontram-

se os serviços educativos do Museu, onde, através das oficinas aí instaladas, o

público mais jovem descobre o mundo da electricidade, com o acompanhamento dos

seus monitores. Descendo para o piso térreo, encontra-se o equipamento de

condensação e bombagem da Central, fazendo-se ainda referência, em espaço

deixado livre por um dos condensadores desmontados, à história das centrais

termoeléctricas.

Dirigindo-se à sala dos auxiliares de alta pressão, os visitantes podem ainda

compreender o funcionamento das instalações de tratamento de águas da Central.

Seguidamente, na sala de Cinzeiros de Baixa Pressão, deixada sem equipamentos

pelas desactivações destas caldeiras, ao longo dos anos 60, encontra-se um espaço

dedicado às diversas Fontes de Energia, com particular relevo para as Energias

Renováveis, uma exposição dedicada aos cientistas que mais contribuíram para a

descoberta e desenvolvimento dos fenómenos da electricidade, e uma dedicada à

experimentação dos fenómenos eléctricos; e, finalmente, um espaço lúdico onde os

visitantes podem testar os seus conhecimentos sobre a electricidade. Existem, de

igual modo, espaços dedicados à realização de exposições temporárias, de modo a

permitir que o Museu possa, no futuro, dar satisfação às solicitações dos muitos

artistas que vêem nas instalações desta antiga Central o ambiente apropriado para a

apresentação pública dos seus trabalhos. Todo este projecto tem na sua retaguarda

equipas de museologia, conservação e restauro que garantem a manutenção e a

evolução do Museu como espaço vivo ao serviço da comunidade. Em síntese,

podemos afirmar que o “Museu da Electricidade” é hoje um repositório do passado e,

simultaneamente, um espaço para dar a conhecer o presente e debater o futuro.

Figura 7 e 8 – Exemplos de como os grandes vãos permitem as mais variadas dependências, causando efeitos interessantes no espaço. À esquerda a recente exposição World Press Photo, à

direita uma palestra.

Page 17: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Embora o edifício revitalize uma zona

marcada pela industrialização portuária, o

espaço envolvente continua com alguns

problemas na ordem do espaço público,

identificando-se por exemplo uma ausência

de ligações pedonais à estação fluvial ou a

barreira constituída pela vedação do

complexo. Para se valorizar

completamente o espaço, seria

conveniente tornar o jardim do conjunto um

espaço completamente acessível, uma

unificação dos espaços verdes em frente

do Palácio de Belém, assim como a integração e da proposta para futuro Museu dos

Coches.

Figura 9 – Planta do Piso Térreo do Edifício após a reconversão em Equipamento Cultural. Demarca-se a Norte a grande Sala das Caldeiras.

Figura 10 – Planta do primeiro piso.

Figura 11 – A relação do Espaço Público com o Edifício após a reconversão.

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3.2. Edifício Pedro Alvares Cabral – Armazéns Frigoríficos de Alcântara

3.2.1. Localização e Contexto

Pensar o espaço da área da doca

de Alcântara sempre foi fundamental para

a organização de uma força económica

contida nas suas margens. As exigências

económicas dependentes da navegação,

da comercialização da construção naval,

da armazenagem, do comércio e da

indústria geram relações entre o passado

e o futuro, através das diversas soluções,

muitas hierarquizadas entre as questões

puramente funcionais e as potencialmente

artísticas.

Em 1936 foi aprovado o projecto apresentado pelo arquitecto Pardal Monteiro.

Plano que distribui os volumes de forma regular, delimitados pelo traçado paralelo –

perpendicular à doca, gizando uma malha racional no qual os corpos se organizam.

Os quarteirões podem ser designados como orientadores da organização do espaço.

É num dos espaços destinados à construção de armazéns livres que o Armazém

Frigorifico iria edificar-se, num dos quarteirões entretanto redimensionados. As gares

anunciavam um Portugal moderno ao mundo para quem se aproximava pelo rio, o

armazém frigorífico impunha-se na sua monumentalidade à avenida.

A escolha do local de construção, junto à avenida 24 de Julho, e à linha do

comboio de cascais assegura-lhe uma presença visual certa nos percursos da cidade.

Por outro lado, a predominância volumétrica face ao contexto imediato fazia deste, o

edifício mais destacado das docas, facto que se mantém até aos nossos dias. A

composição geral, unitária, compacta e sólida toma uma expressão de austeridade e

despojamento. O firme embasamento revestido de pedra e a dupla simetria da

composição reforçam o carácter autoritário e disciplinado. Para que não subsistissem

Figura 12 – Localização e Contexto Urbano

Figura 13 – Planta para a Urbanização da Doca de Alcântara, na qual o Armazém iria nascer. Plano de 1936 assinado pelo Arq. Pardal Monteiro.

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dúvidas de um monumento aos ideais corporativos do regime, o projecto, datado de

1938, previa que fosse colocado na fachada a inscrição “Organização Corporativa/Ano

XIII da Revolução Nacional”. A obra construída regista no alçado sul, a data 1940 que

estabelece a ligação directa com a dupla comemoração oficial dos centenários da

nacionalidade (1140-1640) de que a Exposição do Mundo Português, constituiu a

expressão mais emblemática.

Para garantir o sucesso da operação, João Simões trabalhou em estreita

colaboração com o engenheiro Fernando Yglesias de Oliveira, que já fora responsável

pelo projecto dos armazéns frigoríficos para bacalhau seco a construir no Porto .

Embora promovida pela comissão reguladora do comércio do bacalhau e

integrada no processo de reorganização do sector bacalhoeiro português em curso

desde 1934, a construção dos armazéns frigoríficos da doca de Alcântara não se

destinava apenas á conversação do bacalhau seco, mas também ao armazenamento

de frutas frescas. Esta dupla valência funcional, num programa de complexidade

pouco comum à época seria determinante das opções fundamentais tomadas pelo

arquitecto. De forma pragmática e racional, o volume das câmaras frigoríficas foi

estruturado como se de dois edifícios geminados e adjacentes se tratasse, partilhando

as instalações técnicas fundamentais.

A separação entre as áreas destinadas ao bacalhau e aquelas que serviam de

para a conservação de frutas era absoluta. Dois núcleos de acessos verticais situados

em extremos opostos do volume, com uma escada e um grupo de ascensores cada,

asseguravam uma autonomia plena à comunicação entre os diversos pisos das duas

áreas. No corpo central situavam-se a casa das máquinas e as suas dependências.

Os terraços da cobertura permitiam a recolha das águas da chuva conduzidas para

uma cisterna existente sob o edifício e usadas no sistema de produção de frio. Um

refeitório, instalado no piso térreo com acesso directo a partir do exterior, e o ginásio,

no piso superior com ringues de patinagem, balneário e terraço para jogos,

constituíam as instalações de apoio cujo funcionamento estava a cargo da Federação

Nacional para a Alegria no Trabalho, que as disponibilizava para todos os

trabalhadores inscritos nos sindicatos oficiais e aos seus associados. Entre os

armazéns e o anexo abria-se um pátio através do qual se faziam a carga e descarga

do bacalhau.

Figura 14 – Alçado Norte do Edifício datado de 1938

Page 20: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

O peso excepcional dos produtos armazenados condicionou naturalmente a

distribuição e o dimensionamento do sistema de lajes, pilares e vigas de betão armado

que constitui a estrutura do conjunto. Tanto os elementos estruturais como paredes,

construídas em alvenaria de tijolo maciço e furado, eram revestidos com painéis de

aglomerado negro de cortiça de modo a garantir o adequado nível de isolamento entre

as diferentes zonas funcionais, e entre estas e o exterior. Os imperativos funcionais

das câmaras frigoríficas condicionaram igualmente a expressão dos parâmetros

exteriores do edifício principal, nos quais o arquitecto optou por uma absoluta ausência

de vãos. Tal como as coberturas planas em terraço, essas grandes extensões cegas

acentuam a elementaridade geométrica dos volumes construídos.

3.2.2. A Reconversão - Museu do Oriente, Fundação Oriente

A Fundação do Oriente escolheu o antigo edifício de Armazéns Frigoríficos,

para uma operação de mudança de uso. O atelier do arquitecto João Luís Carrilho da

Graça foi responsável pela devolução do edifício à cidade, agora com um novo

programa: o Museu do Oriente.

Figura 16 – O espaço de Armazenamento, evidenciando o baixo pé direito e a estrutura de pilares que marca o espaço.

Figura 15 – Planta do Piso Térreo datada de 1938 evidenciando à esquerda o pátio para receber cargas ou descargas aliado ao espaço de armazenamento de bacalhau. À direita o espaço de armazenamento

de frutas.

Page 21: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

A reconversão de um conjunto de armazéns frigoríficos, empilhados

verticalmente e com baixo pé-direito, em museu não será transformação mais óbvia

para os espaços com estas características. Até porque o Museu do Oriente não tem a

vocação de expor arte contemporânea (excepto na sala de exposições temporárias),

prática mais flexível e transversal a espaços muito marcados pela matriz da ocupação

original. Carrilho da Graça trabalhou com os espaços do armazém escurecidos,

ajustando e intensificando a relação de escala e luminosidade entre visitante e objecto.

As salas escurecidas não revelam de imediato a profusão de pilares que o

edifício original possui. Estes estão pintados de negro e envoltos por caixas de vidro

que por sua vez contêm as peças da colecção. O cruzamento do obscurecimento com

os reflexos do vidro amplia e multiplica o espaço até ao infinito. Mas a opção

arquitectónica mais transformadora é aquela de revestir o tecto com um material negro

que espelha o espaço e o amplia também verticalmente. Nada no edifício pretende

revelar a matriz do armazém frigorífico.

No último piso a intervenção

opta pela abertura ao rio através de

espaços de restaurante e de várias

salas de eventos. O restaurante é o

espaço mais marcado no exterior de

toda a intervenção sendo visto como

uma caixa negra e de vidro pousada

na cobertura.

Ao nível da rua o vidro

reveste os espaços de entrada e

permite uma relação de grande

abertura desde o átrio, da loja e dos

espaços de espera com a rua. Esta

nova forma de circulações e acessos reinventa o sentido urbano do edifício como se a

cidade lá fora não fosse o Porto de Lisboa, mas cidade em si. Pode dizer-se que esta

disposição ao espaço público poderá influenciar positivamente o ambiente envolvente,

humanizando-o e tornando-o mais cidade a partir da ocorrência do Museu do Oriente.

Figura 17 e 18 - O actual espaço de entrada e da loja de merchandising que dá acesso ao lounge.

Figura 19 – Relação entre o Piso Térreo e a rua adjacente.

Page 22: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

O revestimento da cobertura com folha de ouro reinventa o volume branco com

baixos-relevos. A escassez e pragmatismo do original (mais um edifício do porto,

embora interessante) são reactivados perceptivamente pela folha de ouro - um

material que colide perceptivelmente com a base do edifício. Este é o elemento que

fixa e reflecte a luz poente de Lisboa.

Figura 20 e 21 – O Auditório em fase de construção e o mesmo espaço já edificado e em uso.

Figura 22 – Planta parcial do piso térreo, demonstrando os pilares a demolir na zona de armazenamento do bacalhau para edificar o auditório.

Figura 23 – Corte da estrutura revelando o antes e o depois.

Page 23: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Depois de qualquer operação mediada pela Arquitectura pergunta-se: entrou

em perda o edifício original? É possível ler na intervenção os dois tempos? De facto,

não entramos em perda e podemos ler o edifício original. Mas o mais importante é que

daí resultou uma outra obra, onde o original é revitalizado. A intervenção de Carrilho

da Graça opta por revelar o que sempre esteve lá, mas que a cidade nem sempre

reconheceu. Uma vez alterado o programa, através da Arquitectura com uma

estratégia cultural, o edifício foi devolvido e a sua presença recentrada.

Page 24: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Futuro - Caso por Consolidar

3.3. Mercado Ferreira Borges, Porto

3.3.1. Localização e Contexto

O Mercado Ferreira Borges foi baptizado com este nome com o intuito de

homenagear um dos portuenses mais ilustres do século XIX, José Ferreira Borges, de

seu nome.

Este edifício datado de 1885,

por iniciativa da Câmara Municipal do

Porto, tinha por objectivo substituir o

velho e degradado Mercado da

Ribeira, função que, praticamente,

nunca chegou a cumprir. As obras

ficaram concluídas em 1888, mas, 12

anos depois, em 1900, a Câmara

verificava que o mercado não

oferecia já boas condições para o

público, discutindo-se então o destino

a dar a esta estrutura. A verdade é

que comerciantes, vendedores e

público em geral não se afeiçoaram ao novo mercado, recusando-se a abandonar o

secular mercado da Ribeira.

Em 1904, entre as várias propostas sugeridas para o mercado, contava-se a de o

adaptar a Museu Municipal ou de o transformar mesmo em jardim de Inverno, com

valência também para exposições e festas elegantes. Construído quase em frente da

sede da Associação Comercial do Porto e limitado pelas ruas de Ferreira Borges a

poente, e Dr. Sousa Viterbo a nascente, e pela Praça do Infante D. Henrique a sul. O

mercado possui a entrada principal voltada para a praça. Projectado pelo engenheiro

João Carlos Machado, a pedido da Câmara Municipal, levou três anos a construir

(l885-1888). A ideia da sua construção surgiu em 1882, atendendo às más condições

do Mercado da Ribeira. O processo foi conturbado e razões de várias ordens

impediram que as obras se iniciassem logo

O amplo pavilhão, de forma rectangular e de um só piso, é formado por três

naves espaçosas, assentes numa sólida sapata de granito. As três fachadas

apresentam grandes aberturas com persianas de cristal e três grandes portas de

acesso, também de ferro. Do lado da Praça do Infante D. Henrique (construída na

mesma altura), entre as duas escadas de acesso, existiu uma fonte decorativa.

Os elementos decorativos, utilizados em profusão, tanto no exterior como no

interior do mercado, são do tipo clássico e reproduzem motivos vegetais, combinados

com ornamentos animalistas. Interiormente, as estruturas metálicas estão assentes

em colunas de ferro rematadas por capitéis coríntios e suportam a cobertura de vidro.

Figura 24 – Localização e Contexto Urbano

Page 25: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Construído com materiais facilmente

deterioráveis, nomeadamente o ferro e o vidro, o

mercado foi-se degradando com o tempo. Tanto

mais que, durante um longo período, esteve

praticamente abandonado, servindo, entretanto, para

vários fins. Chegou a estar nele instalada uma força

do exército, arrecadando também material de guerra.

Nos anos 50, começou a ser utilizado pela Junta

Nacional das Frutas, que nele instalou o Mercado

Abastecedor de Frutas do Porto, acentuando-se a

sua decadência. No fim dos anos 70, com a

inauguração do Mercado Abastecedor de Chaves de

Oliveira, o Ferreira Borges voltou a ser abandonado.

Em 1983, a Câmara Municipal, procedeu à

recuperação da estrutura, um século depois da sua

construção. Mas o mercado nunca mais voltou a desempenhar a sua vocação inicial.

3.3.2. A Reconversão, Centro de Animação Cultural

Essas ideias não vingaram na altura mas, depois de quase um século, o

Mercado Ferreira Borges está a ser utilizado para as mais diversas actividades

culturais, depois da profunda remodelação a que foi sujeito, em 1983, inteiramente

subsidiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em regime de mecenato cultural. O

novo Espaço, que se estima poder abrir em Setembro de 2009, transformará o

Ferreira Borges num espaço multifuncional e adaptável, sendo o projecto da autoria do

arquitecto Francisco Aires Mateus. No espaço principal, pretende-se realizar

exposições, receber turistas e convidados e ter ainda um palco que receba

diariamente actuações acústicas. Haverá ainda um auditório adaptável para uma

capacidade de 150 lugares sentados ou para sala de espectáculos com capacidade

para 300 pessoas de pé, onde se pretende levar a cabo actividades diversas durante o

horário de funcionamento diurno e nocturno. Terá também uma outra sala para 1.000

pessoas destinada à realização de grandes eventos, um espaço no primeiro piso que

visa propiciar aos utilizadores um local de convívio dotado de serviço de

Figura 25 e 26 – O Mercado Ferreira Borges em 1976, em condições degradantes e em estado abandonado.

Figura 27 – Interior do edifício, com a transparência dos grandes vãos.

Page 26: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

cafetaria/restauração/bar e dois espaços comerciais. O objectivo é também o de criar

um espaço na cidade do Porto que apresente uma ampla oferta cultural,

nomeadamente com a realização de exposições, conferências, seminários, entre

outros, e vocacionado para a produção de eventos musicais, de artes cénicas e

plásticas ou sessões de cinema. Destaque-se que o projecto proposto contempla

também um espaço para estúdio e sala de ensaio, livraria/discoteca, e uma esplanada

interior e outra exterior.

Figura 28 – Planta do Primeiro Piso mostrando a amplitude do espaço que servirá para recolher eventos culturais.

Figura 29 – Planta do Segundo Piso.

Page 27: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

“Programaticamente distinguem-se cinco áreas essenciais. O Átrio, espaço

vazio deixado entre os novos corpos interiores, que servirá de Foyer, sala de

exposições, pequenos concertos, declamação de poesia ou outras actividades; Os

espaços de esplanada exterior em franca ligação com os núcleos interiores; O espaço

de apoio desenvolvido em dois pisos, sendo o primeiro ocupado com instalações

sanitárias de apoio ao conjunto e o piso superior com uma cozinha e armazenamento

de apoio à esplanada superior; A Sala 2, destinada a concertos musicais, teatro,

performances, apresentações e eventos. O espaço inclui ainda uma pequena cafetaria

de apoio e duas áreas comerciais para comercialização de música, livros de música,

arquitectura, design, moda e artes, bem como artigos ligados à promoção turística em

geral. Está prevista ainda a existência de uma bilheteira autónoma. O corpo alberga,

ainda, os estúdios de captação e gravação áudio e vídeo, tendo altura mais reduzida e

a sua cobertura ocupada com uma área destinada a esplanada coberta, com ligações

ao piso térreo e ao corpo de serviços; Finalmente, o espaço principal que alberga a

Sala 1 - a grande sala de concertos, teatro, performance, apresentações ou eventos.”

Excerto do Programa da Intervenção, Francisco Aires Mateus

Com a assinatura do arquitecto Francisco Aires Mateus, o emblemático edifício,

localizado no Centro Histórico do Porto, recupera o brilho de outrora. No interior,

abrigam-se, agora, novas infra-estruturas e actividades, que transformam o Mercado

num imenso palco multidisciplinar. Fiel à sua génese, no centro do projecto, impõe-se

a sala de espectáculos com capacidade para os Grandes Eventos. Acrescem novos

espaços como auditório, main floor, estúdios de gravação, salas de ensaio,

Figura 30 – Corte mostrando a sala de pequenos concertos virada para a fachada norte.

Figura 31 – Corte pelo auditório na nave a nascente.

Page 28: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

esplanadas, lounge, livraria-discoteca e loja, onde múltiplos eventos, programas e

serviços, que, muitas vezes, se fundem, complementam complementando a oferta.

Através de um projecto contemporâneo, gera continuamente novas sinergias,

dotando o Porto e, nomeadamente, o seu centro histórico de um pólo de atracção e de

um agente cultural dinamizador, identificado com a história e com a cidade, capaz de

proporcionar conforto, segurança, comodidade e conveniência, com serviços e

equipamentos capazes de transformar o Mercado Ferreira Borges num ponto de

partida, para todos os que saem à descoberta da cidade, mas também num ponto de

chegada.

Figura 32 e 33 – A imagem da esquerda mostra uma exposição a decorrer, enquanto que a da direita corresponde a imagens simuladas do projecto de reconversão.

Page 29: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Capitulo IV

Conclusão

4.1. Considerações finais

Existe a tendência de imaginar a construção de edifícios novos a partir do momento em que uma necessidade é identificada. Muitas vezes essa necessidade é

facilmente solucionada pela reconversão de um edifício existente, o que traz vantagens se for bem executada, desde logo a localização, porque são edifícios centrais.

O edificado excepcional está inserido na malha urbana de forma marcante.

Constituem-se instrumentos de desenho do traçado urbano inegáveis, pois são

elementos que resolvem problemas de confronto de malhas distintas, ou que

relacionam espaços públicos resolvendo e estruturando uma determinada parte da

cidade. No entanto é necessário entender que aquilo que resulta actualmente, muito

provavelmente será um elemento condicionador no futuro pelo carácter vivo que a

cidade possui. Como referido no Capitulo I, a cidade não é um artefacto ou obra de

arte estagnada no tempo, mas sim um organismo vivo que se constrói e destrói

simultaneamente. A reconversão deste tipo de edifício em funções diferentes daquela

para a qual se destinava originalmente, pode e deve ser vista como uma solução que

visa a revitalização de um determinado ponto da cidade, abrindo novas possibilidades

de estruturamento urbano que até à data não seria possível, podendo resolver graves

problemas relativamente à fragmentação da cidade.

Embora existam várias possibilidades no que diz respeito às opções de

reconversão, as de vertente cultural têm revelado especial aptidão para atrair ou

convidar as pessoas a um passeio e uma visita, ou a uma tarde bem passada, através

de vivências. Desta forma, o problema da estagnação ou degradação de determinados

pontos-chave da cidade é resolvido, especialmente quando é associado a espaço

publico embelezado integrando-se em espaços verdes ou percursos pedonais que

desembocam em ruas ou praças num outro ponto da cidade.

De facto, é possível a realização de eventos e actividades culturais em

praticamente qualquer edificado ou tipologia, seja ela industrial, mercantil, ou religiosa.

Existem no entanto determinadas valências que atraem o público. Um mero espaço

museológico, fechado em si próprio já não constitui um interesse para as massas.

Actualmente pode-se dizer que os verdadeiros pontos de interesse são os edifícios

polivalentes, que sustentam espaços diferenciados como exposição, auditório, salas

de estudo, biblioteca ou espaços exteriores de lazer. O lazer tornou-se um conceito

chave nesta questão, já que os programas procuram agora responder a um misto de

lazer e cultura e não apenas a cultura.

O facto de se apresentarem como estruturas construídas e consolidadas no

território, apesar de com o tempo a característica “consolidada” se desvanecer em

termos urbanos, tratam-se de uma memória associada á própria cidade, enriquecida

pela sua própria história e cultura. Isto impede que mediante uma reconversão para

novas funções, o edifício seja manuseado livremente, pois a intervenção não pode ser

Page 30: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

tão profunda a ponto de apagar a identidade do edifício, já que ele que demarca

aquele espaço físico.

Esta característica torna o estudo mais conciso e pragmático na medida em

que é mais claro perceber os espaços estritamente necessários para que a

intervenção resulte em pleno. Quer isto dizer que o equipamento cultural tem

abandonado o conceito de simples espaço museológico, onde a interacção entre o

edifício e visitante é meramente de observação das exposições ali presentes, e tem-se

tornado num espaço de lazer de múltiplas valências. Este novo âmbito reflecte-se

também nos espaços reconvertidos, embora sejam casos excepcionais e extremos

uma vez que as dependências têm quase de ser “enfiadas” num espaço já definido,

mediante as condições impostas pelo construído, contrariamente aos edifícios

projectados de raiz onde tudo se encontra preparado para a sua função futura.

Para que a reconversão resulte em pleno, dependências como áreas de

exposição, auditórios de menor ou maior dimensão, relação com o espaço envolvente

aliado a apoio de restauração ou comércio, integração no espaço urbano, pequenas

lojas ou livrarias e até espaços de estar como o lounge devem existir.

Já se percebeu a importância urbana que a reconversão de edifícios

excepcionais representam na renovação do traçado urbano, é no entanto possível

retirar conclusões ligadas directamente ao espaço interior.

A ideia de que os espaços de exposição devem ter um forte isolamento

relativamente ao exterior para que o apreciador ou o visitante sinta as menores

distracções possíveis não é totalmente verdadeira. O oposto cria situações

extremamente interessantes a nível de entrada de luz e contrastes no interior do

espaço expositivo. O Museu da Electricidade contém a sua própria exposição. A

exposição permanente é constituída pelos seus próprios equipamentos. Possui no

entanto espaços expositivos transversalmente aos grandes janelões, que demarcam

um ritmo e atribuem ao espaço algo que não pode ser conseguido através de

isolamento do exterior. No caso do Museu do Oriente, o edifício foi aberto através de

grandes vãos para ligar o interior à rua, quase como uma montra mostrando que

espólios contêm naquela altura, e a própria sala se exposição possui uma ligação

muito forte com o exterior, apesar de o espaço ser baixo e de aspecto contido.

Os vãos de grandes dimensões permitem também uma ligação ao espaço

urbano muito mais interessante do que meramente a forma do edifício, pois consegue-

se a partir do interior, estabelecer ligações às ruas adjacentes fazendo com que o

edifício fique directamente ligado á estrutura urbana em que está inserido quase

parecendo que o visitante continua a deambular pela cidade.

É de facto extremamente importante devolver o edifício á cidade, ou no caso

dos construídos de raiz, oferecer o edifício á cidade, ao invés de o enclausurar num

mundo temático muito próprio que acaba por virar costas á sua integração urbana.

Este último factor, de ligação das ruas e da estrutura urbana, ao próprio

equipamento, tornando-o um ponto de paragem, permite uma maior aceitação na

medida em que se torna parte da viagem do visitante. A relação de montra entre o

edificado e a rua causa uma maior abertura entre transeunte e o interior do edifício,

Page 31: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

convidando-o a entrar. O percurso pedonal vindo da Gare Marítima de Alcântara, que

atravessa os jardins a nascente, culminam num interior de recepção do Museu da

Electricidade. O espaço público altera-se com estas reconversões, altera-se

permitindo uma melhor eficiência na articulação com a restante estrutura urbana da

cidade.

Para concluir, ficou expressa a evolução dos espaços ditos museológicos ou de

exposição e a sua adaptação à actualidade através de exemplos de edifícios

excepcionais que foram reconvertidos para funções culturais. Por um lado a adaptação

a novas exigências programáticas leva a novas hipóteses de desenho urbano, sendo

importante perceber que se trata de uma solução para muitos dos problemas

existentes na cidade. Por outro lado, é possível esclarecer que é a polivalência

funcional, que inclui variados espaços destinados a acolher desde exposições a

palestras, passando por eventos musicais ou passagem de películas, que cria uma

estreita relação entre o público e o privado, entre o espaço público e o equipamento

cultural. É esta variedade de espaços juntamente com a sua integração na estrutura

urbana que constituem as características quem leva ao seu bom funcionamento. Ou

seja, é aquilo que leva a arquitectura a funcionar, pois apenas funciona sendo vivida.

Page 32: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Índice de Imagens

Figura 1 – Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Fotográfico, Revista de Obras

Públicas e Minas.

Figura 2 – Retirada pelo autor através do programa informático Google Earth.

Figura 3 – Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Fotográfico, Ref.PT/ AMLSB/AF/ KPI/

I00090.

Figura 4 – Fotografia do Autor.

Figura 5 – Fotografia do Autor.

Figura 6 – Fotografia do Autor.

Figura 7 – Fotografia do Autor.

Figura 8 - http://premiofotojornalismo.visao.pt/wp-content / gallery /2008 _ conferencia

/2008 _conferenciaMuseuElectricidade-4.jpg

Figura 9 – Retirado do Livro “A CENTRAL TEJO, CADERNOS DO MUSEU DA

ELECTRICIDADE”, Museu da Electricidade.

Figura 10 – Retirado do Livro “A CENTRAL TEJO, CADERNOS DO MUSEU DA

ELECTRICIDADE”, Museu da Electricidade.

Figura 11 – Fotografia do Autor.

Figura 12 - Retirada pelo autor através do programa informático Google Earth.

Figura 13 – Retirada do Livro “MUSEU DO ORIENTE: DE ARMAZEM FRIGORIFICO

A ESPAÇO MUSEOLOGICO”, Fundação Oriente

Figura 14 - Retirada do Livro “MUSEU DO ORIENTE: DE ARMAZEM FRIGORIFICO A

ESPAÇO MUSEOLOGICO”, Fundação Oriente

Figura 15 - Retirada do Livro “MUSEU DO ORIENTE: DE ARMAZEM FRIGORIFICO A

ESPAÇO MUSEOLOGICO”, Fundação Oriente

Figura 16 - Retirada do Livro “MUSEU DO ORIENTE: DE ARMAZEM FRIGORIFICO A

ESPAÇO MUSEOLOGICO”, Fundação Oriente

Figura 17 - http://sexoforte.net/mulher/images/stories/cultura/museu-oriente.jpg

Figura 18 - http://iphil.com.sapo.pt/imagensBlog/MuseuOriente_Fev2009.jpg

Figura 19 - http://www.enciclopedia.com.pt/images/museu_do_orientelisboa_k.jpg

Figura 20 – Retirado de “PROJECTOS DE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS

RECENTES: PRINCÍPIOS E CASOS PRÁTICOS”

Page 33: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

Figura 21 - http://www.calltoaction.pt/wp-content/uploads/2009/04/copia-de-

calltoaction_8221.jpg

Figura 22 - Retirado de “PROJECTOS DE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS

RECENTES: PRINCÍPIOS E CASOS PRÁTICOS”

Figura 23 - Retirado de “PROJECTOS DE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS

RECENTES: PRINCÍPIOS E CASOS PRÁTICOS”

Figura 24 - Retirada pelo autor através do programa informático Google Earth.

Figura 25 - http://www.panoramio.com/photo/13001838

Figura 2 - http://www.panoramio.com/photos/original/8087363.jpg&imgrefurl

=http://www. panoramio.com/photo/8087363

Figura 27 - http://www.hard-club.com/index_flash.html

Figura 28 - http://www.hard-club.com/index_flash.html

Figura 29 - http://www.hard-club.com/index_flash.html

Figura 30 - http://www.hard-club.com/index_flash.html

Figura 31 - http://www.hard-club.com/index_flash.html

Figura 32 - http://www.lusobonsai.com/forum/viewtopic.php?t=878&view=previous&sid

=5fff0deee75e7fffb45a22c1c38b0c9c

Figura 33 - http://www.hard-club.com/index_flash.html

Page 34: Reconversão de Edificios Singulares face a novas funções

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