Recuperação de áreas degradadas em aterros sanitários

download Recuperação de áreas degradadas em aterros sanitários

of 51

description

Monografia que aborda técnicas de recuperação de áreas degradadas em aterros sanitários

Transcript of Recuperação de áreas degradadas em aterros sanitários

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FLORESTAS

    CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

    Recuperao de reas degradadas em Aterros Sanitrios.

    Carolinne Matias de Souza

    Orientador: Carlos Domingos da Silva

    Seropdica, RJ 2007

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FLORESTAS

    CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

    Recuperao de reas degradadas em Aterros Sanitrios.

    Carolinne Matias de Souza

    Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Florestal, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Engenheiro Florestal, Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

    Orientador: Carlos Domingos da Silva

    Seropdica, RJ 2007

  • Monografia aprovada em 22 de maro de 2007. Comisso examinadora, Orientador: ________________________________________________

    Prof. Dr.Carlos Domingos da Silva Titular 1: ___________________________________________________

    Prof. Dr. Paulo Srgio dos Santos Leles Titular 2: ___________________________________________________

    Dra. Eliane Maria Ribeiro da Silva

  • Deus que sonhou e projetou a minha vida e este

    momento antes mesmo do meu nascimento. Todas as coisas

    so para a glria e honra de Teu Nome. Aos meus pais

    que tem potencializado todos os dons e talentos que

    Deus derramou sobre mim.

    Dedico

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Amado da minha alma, O Senhor Jesus por ser sempre a minha inspirao prosseguir.

    Aos meus queridos e amados pais Orlando e Ktia por

    acreditarem no potencial que h em mim e nunca medirem esforos para me ver crescendo e conquistando o meu espao nessa vida. Obrigado por seu apoio, amor e amizade. Amo vocs!

    minha irm e amiga Jssica pela sua compreenso e amizade

    em momentos difceis e por nossas muitas risadas em momentos de alegria.

    Ao meu amado namorado Julio por sempre estar presente, por

    sempre me ajudar, por sempre me ouvir, enfim, por sempre me amar de forma sincera e generosa. Voc uma beno em minha vida!

    todos os meus familiares, avs, tios, primos por torcerem

    e orarem por minha vida durante esse perodo de faculdade. todas as amigas por sua amizade inestimvel e sua

    compreenso em todos os momentos que tive que estar ausente por compromissos com a universidade.

    Aos meus paistores Mrcio Rocha e Marisngela Ciqueira

    por todas as palavras profticas que liberam a cada Sbado sobre a minha vida. Eu creio, elas vo se cumprir. Ao Pr. Marcus Gregrio e Pra. Cristina Almeida por me fazer entender o princpio de prosperidade e sabedoria divina.

    Ao meu orientador, Prof. Carlos Domingos por acreditar em

    uma idia e trabalhar para faz-la acontecer. A todos os professores do Instituto de Florestas da UFRRJ

    por dedicarem a sua vida rea do ensino contribuindo desta forma, para a minha formao.

    Aos amigos da UFRRJ pela mtua ajuda que nos leva a chegar

    a to esperada formatura, pois, nunca chegaremos a lugar algum sem ajudar e ser ajudado.

  • Aos funcionrios da UFRRJ por trabalharem para que a Universidade funcione da melhor forma.

    Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro por durante

    cinco anos de minha vida, ser a minha segunda casa.

  • RESUMO

    Este trabalho tem como objetivo esclarecer o funcionamento do

    mtodo de deposio de resduos slidos em Aterros Sanitrios e

    seus principais impactos, assim como a importncia e alguns

    mtodos para promover a recuperao das reas degradadas destes

    locais. No Brasil ocorre um srio problema ambiental decorrente

    da destinao inadequada de resduos slidos urbanos, que

    ocasiona a contaminao do solo e lenol fretico atravs da

    formao de chorume, contaminao do ar atravs da queima do lixo

    e a poluio visual. Portanto, torna-se necessria uma maior

    preocupao das autoridades competentes em utilizar mtodos menos

    impactantes e mais eficientes para a destinao final do lixo

    urbano. Alm disso, importante que seja feita a recuperao da

    rea degradada, para mitigar os impactos causados pela criao

    dos aterros sanitrios.

    Palavras-chave: aterro sanitrio,recuperao de reas degradadas.

  • ABSTRACT

    This work has as objective to clarify the operation of the

    process of deposition of solid residues in Sanitary Dikes and

    its main impacts, as well as the importance and some methods to

    promote the recovery of degraded areas of these places. In Brazil

    it happens a serious environmental problem decurrent of the

    inadequate destination of urban solid residues, that cause

    contamination of the soil and water sheet through the organic

    compounds formation, air contamination through the burning of the

    residues and the visual pollution. Therefore, it becomes

    necessary a bigger concern of competent authorities in using

    methods less impactant and more efficient for the final

    destination of the urban residues. Moreover, is important that

    the recovery of the degraded area is made, to mitigate the

    impacts caused for the creation of the Sanitary Dikes.

    Keywords: Sanitary Dikes, recovery of the degraded area.

  • SUMRIO 1- INTRODUO ........................................................................................................... 1

    2- METODOLOGIA ....................................................................................................... 4

    3- A PROBLEMTICA DO LIXO NO BRASIL ......................................................... 4

    3.1- Sade pblica.......................................................................................................... 4

    3.2- A questo social...................................................................................................... 5

    3.3- Impactos ao meio ambiente..................................................................................... 5

    3.4- Recursos financeiros dos municpios...................................................................... 7

    4- ATERRO SANITRIO UMA SOLUO PARA A DISPOSIO FINAL

    DO LIXO URBANO .......................................................................................................

    11

    4.1- Definio, construo e operao do aterro sanitrio............................................ 12

    5- RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS POR DISPOSIO DE

    RESDUOS SLIDOS ....................................................................................................

    17

    5.1- Importncia da revegetao..................................................................................... 19

    5.1.1- Estabilidade do talude...................................................................................... 19

    5.1.2- Formao do solo............................................................................................. 25

    5.2- Principais espcies utilizadas para recomposio vegetal....................................... 29

    6- CONSIDERAES FINAIS...................................................................................... 35

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................................... 36

  • ndice de figuras

    FIGURA 1: Destinao do lixo para Aterros Sanitrios nas regies

    do Brasil......................................................9

    FIGURA 2: Desenho esquemtico da rea de um aterro sanitrio...13

    FIGURA 3: Operao de carregamento dos sacos de aniagem........23

    FIGURA 4: Fixao dos sacos no talude..........................23

    FIGURA 5: rea coberta com os sacos............................24

    FIGURA 6: Contraste entre leguminosas e gramneas..............24

    FIGURA 7: Esquema do desenvolvimento de um projeto para rea

    degradada de um aterro sanitrio no municpio de Petrpolis,

    RJ.............................................................27

  • ndice de tabelas

    TABELA 1: Destinao final do lixo das regies brasileiras.....10

    TABELA 2 : Principais espcies de Gramneas utilizadas para

    recomposio vegetal de taludes................................30

    TABELA 3: Principais espcies de Leguminosas utilizadas para

    recomposio vegetal de taludes............................... 31

    TABELA 4: Exemplos de espcies pioneiras utilizadas na

    recomposio florestal de reas degradadas.....................32

    TABELA 5: Exemplos de espcies definitivas utilizadas na

    recomposio florestal de reas degradadas.....................33

  • 1

    1 INTRODUO A problemtica dos resduos slidos de procedncia urbana

    existe desde que as cidades surgiram. Segundo TORNISIELO et al.

    (1995), Roma j se deparava com este problema na antiguidade e na

    idade mdia quando foram constatadas doenas decorrente de

    vetores, como foi o caso da peste bubnica. A partir da segunda

    metade do sculo XVIII, com a revoluo industrial, houve um

    inchao populacional devido s migraes dos trabalhadores do

    campo para a cidade, visando atender a crescente demanda de mo-

    de-obra decorrente dessa nova forma de produo, aumentando

    significativamente a produo e a concentrao de lixo

    (TORNISIELO et al.,1995).

    No Brasil, o servio sistemtico de limpeza urbana foi

    iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de So

    Sebastio do Rio de Janeiro, ento capital do Imprio. Nesse

    dia, o imperador D. Pedro II assinou o Decreto n. 3024,

    aprovando o contrato de "limpeza e irrigao" da cidade, que foi

    executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco

    Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje se

    denomina os

  • 2

    trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras

    (MONTEIRO et al., 2001).

    Atualmente, vivemos em uma sociedade moderna onde adotou-se

    um modelo de desenvolvimento que gera um elevado padro de

    produo e consumo devido ao acelerado crescimento populacional,

    o que resulta em um processo de urbanizao intenso e

    desordenado, gerando srios problemas de ordem ambiental e de

    sade publica (BELI et al., 2005).

    MONTEIRO et al. (2001) citam que a Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas ABNT define lixo como os restos das

    atividades humanas, considerados pelos geradores como inteis,

    indesejveis ou descartveis, podendo-se apresentar no estado

    slido, semi-slido ou lquido, desde que no seja passvel de

    tratamento convencional.

    A destinao final do lixo urbano das cidades hoje

    considerada uma das atividades de grande impacto ambiental.

    Segundo MONTEIRO et al. (2001), a gerao de resduos slidos

    domiciliares no Brasil de cerca de 0,6kg/hab./dia e mais

    0,3kg/hab./dia de resduos de varrio, limpeza de logradouros e

    entulhos.

    Sabe-se que existem alguns mtodos utilizados para

    deposio do lixo urbano, entre eles o Aterro sanitrio. Segundo

    a NBR 8419, aterro sanitrio de resduos slidos urbanos

  • 3

    consiste na tcnica de disposio destes resduos no solo, sem

    causar danos ou riscos sade pblica e segurana, minimizando

    os impactos ambientais. Este mtodo utiliza princpios de

    engenharia para confinar os resduos slidos na menor rea

    possvel e reduzi-los ao menor volume permissvel, cobrindo-os

    com uma camada de terra na concluso de cada jornada de trabalho

    ou em intervalos menores se necessrio (TORNISIELO et al.,

    1995).

    Apesar desta tcnica ser uma das menos impactantes em

    comparao com os lixes a cu aberto, ela tambm causa efeitos

    negativos para o meio ambiente que precisam e devem ser mitigados

    com a recuperao das reas degradadas. De acordo com MOREIRA

    (2004), tal atividade tem por objetivo restaurar a funo e a

    estrutura do ambiente degradado, fazendo com que este retome as

    caractersticas anteriores ao antrpica ou distrbio

    ambiental que ocasionou a degradao.

    Este trabalho visa esclarecer como funciona o mtodo de

    deposio de resduos slidos em Aterros Sanitrios e seus

    principais impactos, assim como a importncia e alguns mtodos

    para promover a recuperao das reas degradadas destes locais.

  • 4

    2 METODOLOGIA A metodologia utilizada para a realizao desta pesquisa

    foi:

    Pesquisa de bibliografias; Pesquisas na Internet. Visita tcnica ao lixo de Seropdica (RJ) e ao

    Aterro Sanitrio de Petrpolis (RJ);

    3 A PROBLEMTICA DO LIXO NO BRASIL As dificuldades encontradas para administrar esta questo

    so inmeras, pois isto envolve a discusso de vrias questes

    tais como a sade pblica, o problema social, o impacto ao meio

    ambiente e os restritos recursos financeiros disponveis.

    3.1 Sade pblica De acordo com BELI et al. (2005) no Brasil estima-se que a

    maior parte do lixo jogado a cu aberto, gerando uma ameaa

    constante de epidemias, pois os lixes fornecem condies

    propcias para a proliferao de mosquitos, moscas, baratas e

    ratos que so vetores de muitas doenas tais como febre tifide,

    salmonelose, desinterias e outras infeces. Alm dos insetos e

  • 5

    roedores, muitos animais domsticos como cachorros e gatos,

    juntamente com as aves presentes, podem transmitir toxoplasmose.

    3.2 A questo social O problema social que se revela nestes lixes

    principalmente a presena dos catadores de lixo que, segundo

    AZAMBUJA et al.(2005), ainda permanecem em condies extremamente

    insalubres e com elevados riscos sade. Este tipo de ambiente

    atrai os catadores que fazem disso o seu meio de sobrevivncia,

    permanecendo na rea do lixo em abrigos e casebres, criando

    famlias e at mesmo formando comunidades (MONTEIRO et al.,

    2001).

    3.3 O impacto ao meio ambiente Muitos estudos tm sido feitos acerca dos impactos

    ambientais provocados pelas reas de disposio final do lixo

    urbano e industrial. Segundo BELI et al. (2005) estas reas no

    tm infra-estrutura adequada para evitar os danos causados por

    essa atividade. Os principais impactos so vistos no solo, gua

    e ar. Um srio problema que ocorre nos aterros sanitrios a

    formao de chorume, que o lquido produzido pela massa

    orgnica do lixo durante o processo de degradao biolgica do

    mesmo (NASCIMENTO FILHO et. al., 2001). O chorume o maior

    poluidor do solo e da gua quando se fala em depsito de lixo. De

    acordo com SERAFIM et al. (2003), chorume um lquido escuro

  • 6

    gerado pela degradao dos resduos em lixes. Ele pode surgir de

    trs diferentes fontes. Primeiramente, da umidade natural do

    lixo, aumentando no perodo chuvoso. Pode ser proveniente tambm

    da gua de constituio da matria orgnica, que escorre durante

    o processo de decomposio. Por ltimo, pode ser gerado a partir

    das bactrias existentes no lixo, que expelem enzimas que

    dissolvem a matria orgnica com a formao de lquido.

    Este lquido em contato com a gua da chuva, que percola a

    massa do aterro, gera o lixiviado txico, altos teores de metais

    dissolvidos e amnia. No Brasil, o chorume coletado nos aterros

    sanitrios e transportado, em caminhes pipa, para Estaes de

    Tratamento de Esgotos (ETEs), onde submetido degradao

    microbiolgica. Aps isso, o chorume lanado, juntamente com o

    esgoto tratado em guas superficiais. Uma vez que so

    desconhecidas as identidades dos compostos presentes no chorume,

    no h como prever se este tratamento efetivo (NASCIMENTO FILHO

    et al., 2001).

    No que se refere aos gases provenientes das reas de

    disposio de resduos, as conseqncias mais comuns referem-se

    aos efeitos txicos na vegetao da rea de disposio e

    adjacncias, devido a reduo do nvel de oxignio na zona

    radicular das plantas. Neste documento encontra-se citado estudos

    conduzidos por Rettenberger e Stegmann onde concluiu-se que a

  • 7

    composio mdia dos principais gases de aterro so: 55 a 65% de

    metano, 40 a 45% de dixido de carbono e elementos-trao. Entre

    todos, o metano o componente mais problemtico devido ao fato

    de sua concentrao, nas reas de disposio de resduos slidos,

    ser em torno de 3x105 vezes maior que a encontrada na atmosfera,

    exigindo tcnicas apropriadas de controle. Alm disto,

    Thornelone, citado no mesmo documento, identifica o metano

    proveniente das reas de disposio de resduos slidos como o

    segundo elemento causador de efeito-estufa na atmosfera (LIXO E

    CIDADANIA, 2006).

    3.4 Recursos financeiros dos municpios

    A disposio final do lixo enfrenta ainda o problema de um

    oramento restrito dos municpios. Segundo MONTEIRO et al.

    (2001), com o crescimento das cidades, a limpeza urbana no pode

    se resumir apenas na retirada do lixo dos logradouros e

    edificaes, mas deve-se atentar tambm e principalmente para um

    destino final adequado para tais resduos coletados. O mesmo

    autor enfatiza a necessidade de ateno para esta questo, pois

    ao realizar a coleta do lixo de forma ineficiente, a prefeitura

    pressionada pala populao a melhorar a qualidade do servio,

    pois se trata de uma operao totalmente visvel aos olhos da

    populao. Ao contrrio disso, ao se dar uma destinao final

  • 8

    inadequada aos resduos, poucas pessoas sero diretamente

    incomodadas, o que consequentemente, no gerar presso por parte

    da populao.

    Diante deste fato e do oramento restrito que ocorre em

    grande parte dos municpios brasileiros, o sistema de limpeza

    urbano no hesitar em colocar a disposio final para segundo

    plano, dando prioridade coleta e limpeza pblica. Por essa

    razo, comum observar na maior parte dos municpios a presena

    de "lixes", ou seja, locais onde o lixo coletado lanado

    diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem quaisquer

    cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as

    guas subterrneas e superficiais das vizinhanas (Figura 1).

  • 9

    Fonte: IBGE, 2004.

    Figura 1. Destinao de lixo para aterros sanitrios nas regies

    do Brasil.

  • 10

    Segundo dados da ltima Pesquisa Nacional de Saneamento

    Bsico, realizada pelo IBGE em 1989, cerca de 90% do destino

    final do lixo nas regies Norte e Nordeste vo para os lixes

    (Tabela 1).

    Tabela 1. Destinao final do lixo das regies brasileiras.

    SITUAO DO DESTINO FINAL NAS REGIES BRASILEIRAS (%) Regies Lixes Aterros Sanitrios

    Aterros Controlados Usinas Outros

    Norte 89,7 3,6 3,9 2,5 0,0 Nordeste 90,6 2,2 5,4 0,7 0,8

    Centro-Oeste 54,0 13,1 27,0 5,0 0,8 Sudeste 26,5 24,6 40,4 4,4 3,9

    Sul 40,7 51,9 4,9 0,9 1,4 Brasil 49,2 23,3 21,9 3,0 2,5

    Fonte: MONTEIRO et al.(2001).

    De acordo com a Tabela 1 nas regies Norte, Nordeste e

    Centro-Oeste a maior parte do lixo ainda possui uma destinao

    final inadequada. J nas regies mais populosas do pas, Sudeste

    e Sul, os resduos tm uma destinao final mais adequada, sendo

    para aterros controlados e aterros sanitrios respectivamente.

    Mas no total, o Brasil ainda se mostra ineficiente no seu sistema

    de destinao final do lixo.

  • 11

    4 ATERRO SANITRIO UMA SOLUO PARA A DISPOSIO FINAL DO LIXO URBANO

    Brollo (2001), citado por GUIZARD et al. (2004), relata que

    no Brasil cerca de 120 milhes de toneladas de resduos slidos

    so produzidos anualmente e 50% , deste montante, so dispostos

    nos chamados lixes a cu aberto, 21% nos chamados aterros

    controlados e 23% nos aterros sanitrios. O lixo definido

    por BRAGA et al. (2002), como local no qual se deposita o lixo,

    sem projeto ou cuidado com a sade publica e o meio ambiente, sem

    tratamento e sem qualquer critrio de engenharia. Toda esta falta

    de planejamento, junto a enorme quantidade de resduos

    depositados nestes locais, acarreta em impactos scio-ambientais

    muito srios.

    As outras duas tcnicas utilizadas hoje no Brasil para

    depositar lixo so os Aterros sanitrios e os Aterros

    controlados.

    Em visitas tcnicas ao lixo do municpio de Seropdica e

    ao Aterro Sanitrio de Petrpolis, pde ser observado os

    principais impactos existentes nestes locais. Em comparao entre

    estes dois mtodos de destinao final de resduos slidos, ficou

    bem claro as vantagens da utilizao do Aterro Sanitrio por este

    promover menos impactos ambientais e sociais.

  • 12

    Os principais impactos observados no lixo foram poluio

    visual, contaminao do solo pela formao de chorume, presena

    de vetores de doenas (moscas, ratos, cachorros entre outros),

    poluio do ar atravs da queima constante do lixo e odores

    desagradveis, e os impactos sociais devido a presena de pessoas

    vivendo da coleta do lixo em condies insalubres.

    J no aterro sanitrio no foram observados os impactos

    presentes no lixo, j que este foi planejado para reduzir ao

    mximo os impactos do lixo, como a captao e o tratamento do

    chorume, a impermeabilizao do solo, a construo de canais de

    drenagem das guas pluviais, aproveitamento dos gases produzidos

    pela decomposio do lixo e ainda o impacto visual minimizado,

    pois foi mantido um cinturo verde ao redor do aterro e o lixo

    est constantemente sendo coberto.

    4.1 Definio, construo e operao do Aterro Sanitrio Aterros sanitrios so definidos por MONTEIRO et al. (2001)

    como, mtodo para disposio final dos resduos slidos urbanos,

    sobre terreno natural, atravs do seu confinamento em camadas

    cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo normas

    operacionais especficas, de modo a evitar danos ao meio

    ambiente, em particular sade e segurana pblica. Outra

  • 13

    definio dada pelo IPT (1995) como tcnica de disposio de

    resduos slidos no solo, sem causar danos ou riscos sade

    pblica e segurana, minimizando os impactos ambientais

    (MONTEIRO et al., 2001).

    Os aterros sanitrios apresentam uma configurao geral:

    setor de preparao, setor de execuo e setor concludo (Figura

    2).

    Fonte: ATERRO SANITRIO DEFINIO E CONFIGURAO, 2006.

    Figura 2. Desenho esquemtico da rea de um aterro sanitrio.

    O setor de preparao aquele em que o terreno est

    passando pelo processo de impermeabilizao para posteriormente,

  • 14

    receber a carga de lixo. O setor de execuo onde a operao de

    empilhamento do lixo est sendo executada, ou seja, a rea

    operacional do aterro. O setor de concluso aquele em que as

    atividades de deposio de lixo j foram encerradas. Estas so as

    reas destinadas a recuperao com a recomposio vegetal (ATERRO SANITRIO DEFINIO E CONFIGURAO, 2006).

    No processo de construo de um aterro sanitrio se faz

    necessria realizao da impermeabilizao e do nivelamento do

    terreno, as obras de drenagem para captao do chorume e as vias

    de circulao do aterro. Todo o entorno do aterro deve apresentar

    um cinturo verde visando diminuir os impactos de odores e da

    poluio visual.

    Tambm necessrio a implantao de uma rede de drenagem

    de guas pluviais, uma rede de drenagem de gua lixiviada, uma

    rede de drenagem de biogs e o monitoramento constante da

    qualidade das guas subterrneas. A importncia da instalao da

    rede de drenagem de guas pluviais est no fato de que o volume

    de gua que se acumula no interior do aterro depende em grande

    parte da infiltrao das guas pluviais. Esta medida diminui o

    acmulo de gua no aterro, diminuindo tambm a produo de

    chorume que infiltrar no solo. A implantao de uma rede de

    drenagem de gua lixiviada tem como principal objetivo a

  • 15

    diminuio de possveis riscos, devido sua elevada carga

    poluente (NET RESIDUOS, 2006).

    Outro item essencial para o funcionamento do aterro a

    rede de drenagem de biogs. Esta rede deve fazer parte do projeto

    de construo do aterro, pois no processo de degradao do lixo

    ocorre a produo de gases de origem aerbia e anaerbia (NET

    RESIDUOS, 2006). A degradao aerbia tem incio na parte

    superficial dos resduos, ocorre de forma muito acelerada e d

    origem a uma mistura gasosa formada de dixido de carbono,

    amonaco e gua. J a degradao anaerbia ocorre nas camadas

    inferiores, promovida pela compactao e pela cobertura dos

    resduos, dando origem ao biogs. Este constitudo por cerca de

    60% de metano e 40% de dixido de carbono. Os aterros podem

    gerar cerca de at 125 m de gs metano por tonelada de lixo em

    um perodo de 10 a 40 anos. O metano, por ser um gs menos denso

    que o ar, migra para a superfcie. Esta migrao em aterro pode

    produzir um mistura explosiva com o ar, quando se encontra numa

    proporo entre 5 e 15%. O biogs resultante da degradao dos

    resduos pode ser aproveitado para a produo de eletricidade

    para iluminao da rea do aterro, por exemplo, uma vez que este

    continuar a ser produzido muitos anos aps o seu encerramento.

  • 16

    De acordo com MONTEIRO et al. (2001), aps concludas as

    obras de implantao e obtida a licena de operao, inicia-se a

    atividade de recebimento de carga de lixo no aterro. A sntese do

    procedimento operacional no aterro a seguinte:

    O veculo de coleta pesado para que se saiba exatamente a quantidade de lixo a ser depositada.

    O veculo segue para a rea operacional do aterro para descarregar o lixo.

    O lixo espalhado em uma clula aberta e compactado. Esta clula no dever ultrapassar os

    seis metros de altura para no comprometer a

    decomposio do lixo.

    A camada de solo de cobertura ideal de 20 a 30 cm para recobrimentos dirios.

    Aps, uma nova clula ser instalada no dia seguinte. A instalao de uma clula sobre outra j fechada, s

    dever acontecer aps um perodo de 60 dias.

  • 17

    5 RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS EM REAS DE DEPOSIO DE RESDUOS SLIDOS.

    A Lei 6938, de 31 de agosto de 1981 denominada Poltica

    Nacional do Meio Ambiente, faz as seguintes citaes:

    Art. 2 - A Poltica Nacional do Meio Ambiente tem por

    objetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar, ao Pas, condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da segurana

    nacional e proteo da dignidade da vida humana, atendidos os

    seguintes princpios:

    (...)

    VIII recuperao de reas degradadas;

    Como pde ser visto no pargrafo anterior, a legislao j

    descreve que a recuperao de reas degradadas se faz necessria

    para garantir uma situao de segurana em vrios aspectos para a

    populao. Com isso pode-se afirmar que recuperar reas

    destinadas ao acolhimento de resduos , em primeiro lugar, uma

    questo de o municpio estar em conformidade com a lei. CORRA

    (1992) afirma que prticas ecologicamente corretas se traduzem em

    prticas politicamente corretas. Este fato pode ser confirmado

    dando-se prosseguimento a leitura da Lei 6938 quando o artigo 4

    - VI est mencionado que preservao e restaurao dos

  • 18

    recursos ambientais com vistas sua utilizao racional e

    disponibilidade permanente, concorrendo para a manuteno do

    equilbrio ecolgico propcio vida

    Uma vez que o aterro sanitrio segue as normas

    estabelecidas de recuperao de sua rea degradada, estar tambm

    trazendo benefcios para a populao local e, consequentemente,

    para o restante da populao, j que o ecossistema ir, aos

    poucos, voltar a manter um equilbrio ambiental.

    MOREIRA et al. (2004) consideram reas degradadas como

    extenses naturais que perderam a capacidade de recuperao

    natural aps sofrerem distrbios. A degradao um processo

    induzido pelo homem ou por acidente natural que diminui a atual e

    futura capacidade produtiva do ecossistema. Considera-se ento,

    Aterro Sanitrio como rea ambientalmente degradada porque

    geralmente so utilizadas encostas onde havia um solo, uma

    vegetao e a fauna natural e que foram retirados para a

    implantao de atividades de recebimento e armazenamento de

    resduos slidos, o que sem dvidas, causam distrbios severos e

    que impedem uma regenerao natural da rea.

    O artigo 8 da Lei n 8014/84 do Estado do Paran,

    prescreve que o Poder Pblico Estadual ou Municipal dever

    promover a recuperao das reas em processo de desertificao e

    degradao, sem desapropri-las se esta iniciativa no partir do

  • 19

    proprietrio (CORRA, 1992). Com isto pode-se concluir que a

    responsabilidade de recuperar a rea do aterro sanitrio aps o

    trmino de sua vida til do municpio.

    5.1 Importncia da revegetao

    5.1.1 Estabilidade dos taludes Como em aterros sanitrios os resduos so depositados em

    clulas e estas formam os taludes, depois de encerradas as

    atividades de deposio de resduos, estes devem ser revegetados.

    De acordo com EINLOFT et al. (1997) a deteriorao fsica do solo

    favorece o processo erosivo durante a estao chuvosa e isso

    acarreta em problemas como quedas de barreira e deslizamentos de

    terra. Em se tratando de acmulo de resduos slidos,

    imprescindvel que se d ateno especial questo da

    revegetao desses taludes, pois neste caso, um deslizamento de

    terra significaria toneladas de lixo sendo espalhados em

    crregos, residncias ou at mesmo estradas. Isso causaria no s

    um impacto visual negativo, mas tambm social e ambiental.

    importante considerar as dificuldades inerentes esta

    revegetao. Munshower (1994), citado por EINLOFT et al. (1997),

    descreve alguns dos principais obstculos revegetao desses

  • 20

    taludes como, por exemplo: falta de solo de superfcie, a

    deficincia de nutrientes, a alta declividade, a dificuldade em

    selecionar espcies para a revegetao e a escolha de um mtodo

    que apresente resultados mais satisfatrios no sentido de

    realmente estabilizar esse talude. EINLOFT et al. (1997) citam

    que as tcnicas mais utilizadas para a recuperao de taludes

    so: mtodo de placas de grama, plantio em covas, uso de

    serrapilheira, hidrossemeadura e semeadura a lano. Todos estes

    mtodos podem apresentar resultados positivos dependendo das

    condies especficas de determinados locais. Estas condies

    determinaro se a recuperao ser ou no satisfatria.

    H uma tcnica implantada por Silva (1993) (EINLOFT et al.,

    1997) que vem sendo muito utilizada na recuperao de taludes que

    denominada aplicao de sacos verdes. Segundo estudos esta

    tcnica facilita a introduo de vegetao rasteira e arbustiva

    em taludes ngremes de corte.

    ARAJO et al. (2005) explicam que so utilizados sacos de

    aniagem preenchidos com solo, sementes de vrias espcies e

    fertilizantes. Aps o enchimento dos sacos eles so fechados e

    fixados nos taludes atravs de grampos de ao ou estacas de bambu

    ou madeira. A germinao das sementes ocorrer, geralmente, a

    partir do terceiro dia da colocao dos sacos. As razes penetram

    no talude natural favorecendo a fixao definitiva das plantas,

  • 21

    promovendo boa revegetao. Quanto s vantagens da utilizao do

    saco de aniagem, EINLOFT et al. (1997) citam que, alm de reter

    sementes e fornecer nutrientes para as plantas, inicialmente os

    sacos protegem o substrato do impacto direto da chuva e dos raios

    solares, retendo umidade e diminuindo as oscilaes de

    temperatura.

    Em termos de trabalhos prticos que comprovem realmente a

    eficincia do uso desta tcnica, pode-se citar COSTA et al.

    (1997), que testaram a capacidade de revegetao de taludes

    usando sacos de aniagem e concluram que: a tcnica permite

    recobrimento vegetal de taludes; os sacos do sustentabilidade s

    espcies plantadas, criando uma condio inicial para que as

    plantas fortaleam-se e adquiram capacidade para colonizar o solo

    degradado; por permanecerem fixos ao solo, mesmo aps uma chuva

    forte, os sacos de aniagem so recomendados para conteno de

    deslizamentos de terra em taludes s margens das estradas e

    rodovias.

    Outro trabalho que obteve resultados satisfatrios foi o j

    citado anteriormente, EINLOFT et al. (1997), que testaram

    revegetao de taludes com gramneas e leguminosas, tanto com

    sacos de aniagem, como com plantio em covas concluindo que a

    tcnica com sacos de aniagem permite o rpido e abundante

    recobrimento do talude do que o plantio em covas. A taxa de

  • 22

    cobertura, produo de matria vegetal e produo de razes se

    mostraram muito superiores revegetao realizada em covas;

    proporcionaram uma condio inicial favorvel s plantas,

    permitindo que desenvolvam capacidade de suportar os ambientes

    inspitos no substrato sob os sacos; proporcionaram ambiente que

    favorece a colonizao da microfauna e plantas invasoras;

    estimula o desenvolvimento da microbiota; foi eficaz no combate

    ao processo erosivo, requerendo, entretanto, mais estudos para a

    situao de eroso avanada. Concluram tambm que em declividade

    maior que 35% a tcnica em plantio de covas no deve ser

    utilizada devido a configurao das covas que facilitam a

    formao de veios de escorrimento de gua e o arraste de

    substratos; a tcnica de plantio em covas apresenta baixo

    recobrimento vegetal e por isso no indicada para minimizao

    rpida de impacto visual.

    As figuras 3, 4, 5 e 6 ilustram o uso de sacos de aniagem.

  • 23

    Fonte: COSTA et al. (1997)

    Figura 3. Operao de carregamento dos sacos de aniagem.

    Fonte: COSTA et al. (1997)

    Figura 4. Fixao dos sacos no talude.

  • 24

    Fonte: COSTA et al. (1997)

    Figura 5. rea coberta com os sacos.

    Fonte: COSTA et al. (1997)

    Figura 6. Contraste entre Leguminosas e Gramneas.

  • 25

    5.1.2 Formao de solo Um obstculo que se encontra quando se decide recuperar os

    taludes de um aterro sanitrio a falta de solo ideal para o

    crescimento das espcies vegetais. Nestes locais, como j

    mencionado anteriormente, os resduos so depositados e selados

    com uma camada de solo. Este solo chamado material inerte

    (MONTEIRO et al., 2001). Portanto, quando uma clula de deposio

    de resduos encerrada o que se tem uma camada superficial de

    um solo muito argiloso. Este aproveitado do prprio corte feito

    na encosta para a montagem da clula de resduos. As reas a

    serem recuperadas no contam com a camada superficial do solo

    topsoil que segundo VASCONCELOS et al. (1997), onde se

    encontra os maiores teores de matria orgnica, micro e mesofauna

    do solo e nutrientes minerais.

    Normalmente, o solo da rea de um aterro sanitrio no

    possui estrutura primria necessria para estabelecimento e

    crescimento de razes de boa parte das espcies arbreas

    pioneiras e definitivas. Por este motivo recomenda-se fazer uma

    primeira fase de colonizao do solo por consrcios herbceos e

    arbustivos (geralmente gramneas e leguminosas). Espera-se com

    isso que uma nova camada superficial de solo seja formada, pois

    este consrcio estar desempenhando um papel de corretor do solo,

  • 26

    j que as espcies de leguminosas iro fixar nitrognio e desse

    modo, melhorar as condies qumicas do solo para a introduo

    futura de outras espcies mais nobres (PLANTHA PLANEJAMENTO E

    TECNOLOGIA LTDA, 2006). Matria orgnica estar sendo adicionada

    ao solo atravs da deposio de cobertura vegetal e as

    propriedades fsicas deste solo estaro sendo melhoradas atravs

    do crescimento do sistema radicular das espcies.

    Tendo as condies do solo melhoradas, ser possvel pensar

    no restabelecimento da vegetao original daquela rea, o que o

    principal objetivo de se promover a recuperao de reas

    degradadas. O esquema da figura 7 mostra como seria o processo de

    recuperao de uma rea de aterro sanitrio. Este esquema foi

    projetado justamente para a recuperao de uma rea degradada de

    aterro sanitrio.

  • 27

    Fonte: PLANTHA PLANEJAMENTO E TECNOLOGIA LTDA,2006. Figura 7. Esquema do desenvolvimento de um projeto para rea

    degradada de um aterro sanitrio no municpio de Petrpolis, RJ.

  • 28

    O esquema mostra o processo de estabelecimento da cobertura

    vegetal da rea degradada. Primeiramente as sementes de gramneas

    e leguminosas so disponibilizadas atravs de uma das tcnicas

    conhecidas para recuperao de taludes. Aps o crescimento destas

    espcies no campo, haver uma melhora das condies qumicas e

    fsicas do solo que possibilitar a implantao de espcies

    pioneiras e em seguida, das definitivas visando a recomposio

    florestal do local.

    No tempo n. 6 do esquema est exemplificado como deve

    ficar o povoamento florestal ao passar de alguns anos. A

    fisionomia deste povoamento deve ser semelhante ao que havia

    originalmente no local.

  • 29

    5.2 Principais espcies utilizadas para recomposio vegetal

    A recomposio vegetal a forma mais indicada para a

    conservao de taludes e de grande importncia para evitar o

    aparecimento de voorocas, desmoronamento de taludes,

    soterramento de estradas, entupimento de suas calhas com solo,

    assoreamento de rios, etc. Segundo Tenrio (1970), o estudo dessa

    colonizao espontnea destes taludes pode indicar espcies

    vegetais mais adaptadas a este ambiente. (SANTANA FILHO et al.,

    1997). Isso quer dizer que para cada tipo de ambiente e de

    talude, determinadas espcies vegetais iro se adaptar melhor.

    De uma forma geral, sabe-se que para a atividade especfica

    de recomposio vegetal de taludes, as espcies vegetais

    selecionadas devem apresentar algumas caractersticas importantes

    para o seu desenvolvimento no local. Segundo EINLOFT et al.

    (1997), estas caractersticas so: tolerncia seca, sistema

    radicular profundo, crescimento vigoroso, disponibilidade de

    sementes, facilidade na propagao, sobrevivncia em condies de

    baixa fertilidade e eficcia na cobertura do solo. Em muitos

    casos uma s espcie no contm todas as caractersticas

    desejveis, ento deve-se optar por aquelas que tenham o maior

    nmero de caractersticas e procurar consorci-las.

  • 30

    A tabela 2 e 3 apresentam as principais espcies de

    gramneas e de leguminosas utilizadas em atividades de

    recomposio vegetal de taludes respectivamente.

    Tabela 2. Principais espcies de Gramneas utilizadas para recomposio vegetal de taludes no Brasil.

    ESPCIES DE GRAMNEAS Nome cientfico Nome vulgar

    Andropogon gayanus

    Fonte: PRPRIO AUTOR, 2007

    andropogon Brachiaria brizantha brizantha Panicum maximum colonio Brachiaria decumbens decumbens Lolium multiflorum azevm Melinis minutiflora capim-gordura Hyparrhenia rufa capim-jaragu Aristida pallens capim-barba-de-bode Eragrostis curvula capim-choro Cymbopogon citratus capim-cidreira Rhynchelytrum roseum capim-favorito Pennisetum clandestinum capim-kikuio Rhynchelytrum repens capim-de-rhodes Paspalum falcatum grama-maca Paspalum notatum grama-batatais Cynodon dactylon grama-seda Paspalum conjugatum grama-forquilha Bambus bambusa Bambu Taquaras chusquea taquara

  • 31

    Tabela 3. Principais espcies de Leguminosas utilizadas para recomposio vegetal de taludes .

    ESPCIES DE LEGUMINOSAS Nome cientfico Nome vulgar Cajanus cajan feijo-guandu Calopogononio mucunoides calopognio Styzolobium aterrimum mucuna-preta Dolichos lablab lab-lab Arachis prostrata amendoim Canavalia ensiformis feijo-de-porco Desmodium barbatum barbadinho Desmodium canum carrapicho Glycine wightii soja-perene

    Fonte: PRPRIO AUTOR, 2007

    Com relao implantao de espcies pioneiras e

    definitivas aps o enriquecimento do solo atravs do consrcio

    entre gramneas e leguminosas, ser necessrio se fazer um estudo

    das espcies da flora da regio e procurar utilizar as mesmas

    espcies na recuperao da rea degradada, dando continuidade

    fisionomia da vegetao local. Nas tabelas 4 e 5 esto descritas

    algumas espcies indicadas para a recomposio florestal de reas

    degradadas. So espcies pioneiras e definitivas respectivamente.

  • 32

    Tabela 4. Exemplos de espcies pioneiras utilizadas na recomposio florestal de reas degradadas.

    Fonte: PRPRIO AUTOR, 2007

    ESPCIES FLORESTAIS PIONEIRAS Nome cientfico Nome vulgar

    Miconia candoleana Jacatiro Cecropia sp Embauba Trema micrantha Candiuba Croton floribundus Capixingui Inga sp Ing Acacia glomearosa Monjoleiro Guazuma ulmilolia Mutambo Mimosa scabrella Bracatinga

  • 33

    Tabela 5. Exemplos de espcies definitivas utilizadas na recomposio florestal de reas degradadas.

    Fonte: PRPRIO AUTOR, 2007

    ESPCIES FLORESTAIS DEFINITIVAS Nome cientfico Nome vulgar

    Piptadenia macrocarpa Angico-vermelho Pelthophorun dubium Canafstula Tabebuia sp Ip Chorisia speciosa Paineira Luehea divaricata Aoita-cavalo Centrolobium tomentosum Araruva Gallesia gorazema Pau-dalho Myrocarpus frondosus Cabriva Gochnatia polymorpha Cambar Vochysia bifalcata Guaricica Dalbergia nigra Jacarand- da-BahiaPiptadenia gonocantha Pau-jacar Caesalpinia echinata Pau-Brasil Miracrodruom urundeuva Aroeira Ocotea catharinensis Canela-preta Hymenaea stilbocarpa Jatob Enterolobium contortisiliquum Timbava

    GRIFFITH et al., (1994) diz que a implantao de um estrato

    arbustivo vigoroso o primeiro passo para se atingir bons

    resultados a longo prazo e a conseqente estabilizao ecolgica

    do local. O estrato implantado deve ser autosustentvel e

    conseguir dar suporte s futuras ilhas de vegetao arbrea que

    sero pontos de disperso de propgulos, compostas por rvores de

    alto poder de regenerao natural e com algum atrativo fauna

  • 34

    silvestre, principalmente a ornitofauna, de modo a induzir a

    sucesso natural da rea.

  • 35

    6 CONSIDERAES FINAIS Em comparao com os lixes, os Aterros Sanitrios so, sem

    dvidas, a melhor forma de destinao final do lixo por serem

    locais planejados para causarem menos impactos possveis. Este

    fato pode ser observado na prtica na oportunidade de visitas

    tcnicas realizadas para este trabalho. Na visita ao lixo de

    Seropdica os impactos de odores, degradao do solo e da

    paisagem num todo foi claramente observado. Na visita ao Aterro

    Sanitrio de Petrpolis todos estes impactos so

    significativamente menores, gerando um ambiente menos agressivo

    ao meio ambiente e sade pblica.

    Apesar disso, os Aterros Sanitrios ainda causam impactos,

    principalmente ambientais. Tais impactos devem ser mitigados com

    a recuperao das reas degradadas.

    possvel adquirir bons resultados, j que muitas

    pesquisas neste ramo tm sido feitas e muitas tcnicas de

    recuperao de reas degradadas tm sido desenvolvidas no sentido

    de estabelecer uma cobertura vegetal que possa chegar a atingir

    estrutura de floresta autosustentvel, assim como era antes da

    degradao.

  • 36

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:

    ARAJO; Nelma Camlo et al. Resposta Tcnica. Disponvel em:

    Acesso em: 10 fev.

    2007.

    ATERRO SANITRIO: Definio e Configurao. Disponvel:

    Acesso: 7 nov. 2006.

    ATLAS DE SANEAMENTO; IBGE, Coordenao de geografia. Rio de

    Janeiro: IBGE, 2004. 151p.: CD ROM

    AZAMBUJA; Elosa Ambile Kurth et al. Gesto dos resduos slidos

    urbanos: desafios e perspectivas para os gestores pblicos.

    Disponvel em:

    Acesso em: 13 nov. 2006.

    BELI; Euzbio et al. Recuperao da rea degradada pelo lixo

    Areia Branca de Esprito Santo o Pinhal SP. Disponvel em:

    Acesso em: 30 nov. 2006.

  • 37

    BRAGA, B. et al. Introduo Engenharia Ambiental. So Paulo:

    Prentice Hall, 2002. v. 1, 305 p.

    BRASIL. Poltica Nacional do Meio Ambiente. 31 de agosto de 1981.

    Disponvel em: Acesso

    em: 12 fev. 2007.

    CARVALHO; Paulo Ernani Ramalho. Espcies Arbreas Brasileiras. Braslia: Embrapa Informao Tecnolgica; Colombo, PR: Embrapa

    Florestas, 2003. 1039p. 1v. (Coleo Espcies Arbreas

    Brasileiras).

    CORRA; Elizeu de Moraes. Aspectos jurdicos na recuperao de

    reas degradadas. In: SIMPSIO NACIONAL SOBRE RECUPERAO DE

    REAS DEGRADADAS, 2, 1992, Curitiba. Anais UFPR...Curitiba: FUPEF, 1992. P. 34-39.

    COSTA; Marcelo Moreira et al. Revegetao de taludes usando sacos

    de aniagem: Metodologia de implantao e anlise ergonmica. In:

    SIMPSIO NACIONAL DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS-SINRAD, 3,

    1997, Ouro Preto (MG). Anais...Ouro Preto: Sobrade/UFV, 1997. p. 355-366.

  • 38

    EINLOFT; Rosilene et al. Seleo de gramneas e leguminosas

    utilizadas para revegetao de taludes em sacos de aniagem e

    plantio em covas. In: SIMPSIO NACIONAL DE RECUPERAO DE REAS

    DEGRADADAS-SINRAD, 3, 1997, Ouro Preto (MG). Anais...Ouro Preto: Sobrade/UFV, 1997. p. 329-338.

    GRIFFITH, J.J. et al. Novas estratgias ecolgicas para

    revegetao de reas mineradas no Brasil. In: Simpsio Sul-americano, I & Simpsio Nacional, II de Recuperao de reas

    degradadas, Foz do Iguau, 1994. Anais...Curitiba: Fundao de Pesquisas Florestais do Paran FUPEF, 1994. p.31-34.

    GUIZARD; Joo Batista Ricardo et al. Aterro Sanitrio de Limeira:

    Diagnstico Ambiental. Disponvel em:

    Acesso em: 7 out. 2006.

    LIXO E CIDADANIA. Disponvel em:

    Acesso em: 1 dez. 2006.

  • 39

    MONTEIRO; Jos Henrique Penido et al. Manual de Gerenciamento Integrado de resduos slidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 200p.

    MOREIRA; Paulo Roberto. Manejo do solo e recomposio da vegetao com vistas a recuperao de reas degradadas pela extrao de bauxita, Poos de Caldas, MG. 2004. 155 f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) - Instituto de Biocincias da

    Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, So

    Paulo.

    NASCIMENTO FILHO; Iraj et al. Estudo de compostos orgnicos em

    lixiviado de aterros sanitrios por EFS e CG/EM. Qumica Nova, Rio Grande do Sul, v. 24, n. 4, p. 554-556, jun/dez. 2001.

    NET RESDUOS. Disponvel em:

    Acesso em: 7

    out. 2006.

    PAIVA; Haroldo Nogueira, GONALVES; Wantuelfer. Arborizao em rodovias. 3. ed. Viosa: UFV, 2005. 30p.

  • 40

    PLANEJAMENTO E TECNOLOGIA; plantha ltda. Projeto executivo de

    recuperao de rea degradada aterro sanitrio do bairro Duarte

    da Silveira, Petrpolis (RJ). 2006.

    SANTANA FILHO; Salomo et al. Utilizao de composto orgnico de

    lixo urbano na recuperao de reas degradadas. In: SIMPSIO

    NACIONAL DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS-SINRAD, 3, 1997, Ouro

    Preto (MG). Anais...Ouro Preto: Sobrade/UFV, 1997. p.195-204.

    SERAFIM; Aline Camillo et al. Chorume, impactos ambientais e

    possibilidades de tratamentos. In: FRUM DE ESTUDOS CONTBEIS, 3,

    2003, So Paulo. Frum... So Paulo: UNICAMP, 2003.

    TAUK-TORNISIELO; Smia Maria et al. Anlise ambiental: estratgias e aes. So Paulo: UNESP, 1995. 381p.

    VASCONCELOS, Alexandre N. et al. Projeto piloto recuperao de

    uma cascallheira na Estao Ecolgica do Jardim Botnico de

    Braslia. In: SIMPSIO NACIONAL DE RECUPERAO DE REAS

    DEGRADADAS-SINRAD, 3, 1997, Ouro Preto (MG). Anais...Ouro Preto: Sobrade/UFV, 1997. p.106-109.

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO