Recuperacao de Mangues

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38 REGENERAÇÃO DE FLORESTA DE MANGUE ATINGIDA POR ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA (RIO DE JANEIRO, BRASIL): RESULTADOS DE 5 ANOS DE MONITORAMENTO Mário Luiz Gomes Soares*, Carlos Milton Gonçalves da Silva Junior, Viviane Fernandez Cavalcanti, Paula Maria Moura de Almeida, Aline de Souza Monteiro, Filipe de Oliveira Chaves, Gustavo Calderucio Duque Estrada, Beatriz Barbosa Núcleo de Estudos em Manguezais (NEMA), Departamento de Oceanografia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rua São Francisco Xavier, 524, sala 4019-E. CEP 20550-013. Maracanã. Rio de Janeiro, RJ *E-mail: [email protected] Recebido em Julho de 2005 e aceito para publicação em Setembro de 2005 ABSTRACT The recovery of mangrove forest affected by an oil spill was monitored between 2000 and 2005. We could observe some characteristic of gap recolonization: input of propagules; an initial phase with increase of density and low mortality of saplings, followed by a period of community development (density decrease associated with an increase of the mean height of saplings). On the other hand, we also observed some signs of the influence of sediment contamination by hydrocarbons on the recovery process. Basically, this influence is observed on the first months of the monitoring, when we detected low rates of propagules recruitment, high rates of seedlings mortality and mortality of 100% of the saplings. RESUMO O processo de regeneração de floresta de mangue da baía de Guanabara, atingida por derramamento de óleo, foi monitorado entre 2000 e 2005. Observaram-se características típicas da ocupação de clareiras: importação de propágulos, aumento da densidade de jovens e baixa mortalidade dos mesmos no período inicial, seguido de período de amadurecimento da comunidade (redução de densidade e aumento da altura média de jovens). Existem indícios de interferência de hidrocarbonetos presentes no sedimento sobre o processo de regeneração, sobretudo nos primeiros meses do monitoramento, quando ocorreu baixa taxa de recrutamento de propágulos, alta taxa de mortalidade de plântulas e mortalidade de 100% de jovens. INTRODUÇÃO Manguezal é um ecossistema costeiro que ocorre em regiões tropicais e sub-tropicais do mundo ocupando as áreas entremarés. É caracterizado por vegetação lenhosa típica, adaptada às condições limitantes de salinidade, substrato inconsolidado e pouco oxigenado e freqüente submersão pelas marés (Soares, 1997). Esse ecossistema ainda destaca-se por sua alta produtividade e diversidade funcional, possuindo elevada importância ecológica, econômica e social. Apesar de existirem fatores numa escala global, que regem a ocorrência de manguezais em determinada região, os atributos estruturais e funcionais de cada manguezal são regidos pela interação de fatores em escala regional (“assinatura energética”) e fatores em escala local (por exemplo, Geochemica Brasiliensis, 20(1)038-061, 2006

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REGENERAÇÃO DE FLORESTA DE MANGUE ATINGIDAPOR ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA (RIO DE JANEIRO,

BRASIL): RESULTADOS DE 5 ANOS DE MONITORAMENTO

Mário Luiz Gomes Soares*, Carlos Milton Gonçalves da Silva Junior, Viviane FernandezCavalcanti, Paula Maria Moura de Almeida, Aline de Souza Monteiro, Filipe de Oliveira Chaves,

Gustavo Calderucio Duque Estrada, Beatriz BarbosaNúcleo de Estudos em Manguezais (NEMA), Departamento de Oceanografia, Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ). Rua São Francisco Xavier, 524, sala 4019-E. CEP 20550-013. Maracanã. Rio de Janeiro, RJ*E-mail: [email protected]

Recebido em Julho de 2005 e aceito para publicação em Setembro de 2005

ABSTRACT

The recovery of mangrove forest affected by an oil spill was monitored between 2000 and2005. We could observe some characteristic of gap recolonization: input of propagules; an initial phasewith increase of density and low mortality of saplings, followed by a period of community development(density decrease associated with an increase of the mean height of saplings). On the other hand, wealso observed some signs of the influence of sediment contamination by hydrocarbons on the recoveryprocess. Basically, this influence is observed on the first months of the monitoring, when we detectedlow rates of propagules recruitment, high rates of seedlings mortality and mortality of 100% of thesaplings.

RESUMO

O processo de regeneração de floresta de mangue da baía de Guanabara, atingida porderramamento de óleo, foi monitorado entre 2000 e 2005. Observaram-se características típicas daocupação de clareiras: importação de propágulos, aumento da densidade de jovens e baixa mortalidadedos mesmos no período inicial, seguido de período de amadurecimento da comunidade (redução dedensidade e aumento da altura média de jovens). Existem indícios de interferência de hidrocarbonetospresentes no sedimento sobre o processo de regeneração, sobretudo nos primeiros meses domonitoramento, quando ocorreu baixa taxa de recrutamento de propágulos, alta taxa de mortalidadede plântulas e mortalidade de 100% de jovens.

INTRODUÇÃO

Manguezal é um ecossistema costeiro queocorre em regiões tropicais e sub-tropicais domundo ocupando as áreas entremarés. Écaracterizado por vegetação lenhosa típica,adaptada às condições limitantes de salinidade,substrato inconsolidado e pouco oxigenado efreqüente submersão pelas marés (Soares, 1997).

Esse ecossistema ainda destaca-se por sua altaprodutividade e diversidade funcional, possuindoelevada importância ecológica, econômica e social.Apesar de existirem fatores numa escala global,que regem a ocorrência de manguezais emdeterminada região, os atributos estruturais efuncionais de cada manguezal são regidos pelainteração de fatores em escala regional (“assinaturaenergética”) e fatores em escala local (por exemplo,

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associados à freqüência de inundação pelas marés)(Soares et al., 2003).

Soares et al. (2003), quando tratandode florestas em regiões sob influência deatividades antrópicas, sugerem adicionar àscondições ambientais naturais, o efeito dediferentes tensores. Segundo esses autores,nessas áreas, as características estruturais efuncionais dos manguezais serão umaresultante da interação entre característicasambientais e efeito de tensores, devendo-seconsiderar ainda além das características decada tensor (incluindo sua variabilidadeespaço-temporal e de intensidade), apossibilidade de sinergismo. Lugo (1978)ressalta que os tensores mais prejudiciais aoecossistema seriam aqueles que atuam na fontede energia e no fluxo dessa energia até osistema, tais como os que alteram o aportede água doce ou a influência das marés (e.g.barragem, desvio, retificação e dragagem derios e canais). No entanto, ao analisarmos aatuação do petróleo e seus derivados sobreos manguezais, devemos considerar, que tãoimportante quanto o ponto de ação do tensorno sistema, é a persistência do mesmo, a qualpode prolongar os efeitos letais e sub-letais eretardar o processo de recuperação doecossistema, características essas que tornamo impacto por óleo em manguezaisextremamente danoso e delicado.

Getter et al. (1984) e Duke e Burns(1999) mostram que os efeitos do óleo sobreo ecossistema manguezal podem ser agudos,que se manifestam em curto prazo (incluindoa morte em massa de árvores de mangue) oucrônicos, que vão se manifestar em médio elongo prazos. Snedaker (1985) descreve trêsfases principais da ação do óleo sobre osmanguezais: (1) asfixia mecânica; (2)toxicidade química crônica e; (3) recuperação.As respostas deste ecossistema aderramamentos de óleo e derivados, vãodepender não apenas da quantidade de óleoque chega ao manguezal, mas também do tipode óleo, isto é, da sua composição específica

e da sua toxicidade e do tempo depermanência deste poluente no ambiente, quevai depender das características do mesmo,do substrato, da geomorfologia, da freqüênciade inundação pelas marés e da energiahidrológica, que vão determinar as taxas deremoção física e biológica do óleo (Cintron eSchaeffer-Novelli, 1983; Getter et al., 1984;Dicks, 1986; Schaeffer-Novelli et al., 1993;Garrity et al., 1994; Duke e Burns, 1999;Duke et al., 1999).

Garrity et al. (1994) destacam quederramamentos de óleo são bem distintos deestresses naturais, pois a contaminaçãoquímica pode durar por longos períodos.Jimenez et al. (1985), em estudo sobre amortalidade massiva de manguezais, afirmamque a recuperação depende da natureza dodistúrbio, sua persistência e recorrência, dotipo de floresta afetada e da disponibilidadede propágulos. Os autores também afirmamque após uma perturbação natural o processode recuperação tende a ser mais rápido doque após uma intervenção antrópica, poisessas são crônicas ou criam condiçõesecológicas não propícias para a regeneraçãodas espécies de mangue, tais como o óleo eseus derivados tóxicos, que permaneceminalterados por longos períodos no substratopouco oxigenado dos manguezais.

O processo de recuperação dosmanguezais frente à contaminação por óleo éextremamente variável, podendo levardécadas, como o observado por Getter et al.(1984), Burns et al. (1993), Garrity et al.(1994), Burns e Codi (1998) e Duke e Burns(1999). Dessa forma, deve se ter muita cautelana previsão do comportamento dehidrocarbonetos em áreas de manguezal, bemcomo do tempo necessário à recuperação dosistema, visto que tais processos sãoextremamente variáveis de local para local,segundo as peculiaridades ambientais de cadaregião, além das características de cadaevento, tais como tipo de óleo, quantidade eárea atingida.

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Para avaliar o processo de regeneraçãode florestas de mangue, deve-se focar a análiseda ocupação da área degradada por jovens dasespécies vegetais. No entanto, apesar doprocesso de ocupação da área por jovens, indicaro potencial de desenvolvimento de árvores adultas,apresentando uma menor variabilidade dosparâmetros associados à dinâmica dascomunidades, torna-se fundamental a análisede outros parâmetros associados à dinâmicade propágulos e plântulas, os quais têm papelprimordial na manutenção do banco dejovens. A ênfase dada aos parâmetrosrelacionados à dinâmica do compartimentocomposto por jovens é justificada peloapresentado por Martin e Dutrieux (1990) eDuke et al. (1999), os quais sugerem aidentificação da presença de jovens como umcritério mais adequado para indicar arecuperação das florestas de mangue. Assim, amanutenção de um banco de jovens éfundamental para a perpetuação da floresta, poistais jovens seriam o “reservatório” de novosindivíduos, disponíveis para ocuparem o dosselno caso da abertura de clareiras pela morte deindivíduos adultos. Em estudos realizados emCananéia, SP (dados não publicados)caracterizamos um reservatório de jovens de R.mangle, o qual é mantido por processos comoqueda, aporte e recrutamento de propágulos,transformação desses em plântulas e dessas emjovens.

O presente estudo apresenta osresultados do monitoramento e avaliação doprocesso de regeneração do manguezal do rioSurui (município de Magé, baía de Guanabara,Rio de Janeiro), o qual registrou mortalidademassiva da vegetação, ao ser atingido porderramamento de óleo ocorrido em 18 dejaneiro de 2000 na região da Refinaria Duquede Caxias (REDUC). Nessa ocasião foramderramados cerca de 1.300.000 litros de óleocombustível marinho MF380, caracterizadocomo mistura de diesel e óleo combustívelpesado. O derramamento aconteceu numperíodo de maré alta de sizígia o que resultounum impacto preferencial sobre as áreas de

manguezal ao fundo da baía e nas áreas maisinternas da própria baía. Os manguezais maisatingidos pelo óleo derramado foram aqueleslocalizados no trecho entre Duque de Caxias(principalmente adjacente à refinaria e ao localde rompimento do duto) e Magé(Desembocadura do rio Suruí).

ÁREA DE ESTUDO

A Baía de Guanabara (Figura 1),localizada entre as coordenadas 220 40’ S e 230

00’ S de latitude e 430 00’ W e 430 20’ W delongitude na porção central do litoral do Rio deJaneiro possui área aproximada de 384 km2

(Kjerfve et al., 1997), englobando um espelhod’água raso (profundidade média de 5,7m) ebacia hidrográfica que abrange 14 municípios(Amador, 1996). Apresenta clima tropical úmidocom temperatura média de 23,7º C e mesessecos entre junho e agosto e alto índicepluviométrico anual (1100 a 2100mm) nasregiões próximas a Serra do Mar (Amador,1997). Possui um regime de micromarés (médiade 0,7 m) (Fillipo, 1997) que somado ao grandeaporte de rios resulta em baixa salinidade (média29,5 4,8) (Quaresma, 1997).

Este estuário (Figura 1) possui o maiorcentro urbano costeiro do país em sua bacia dedrenagem (com 4.000km²), composto pelaRegião Metropolitana do Rio de Janeiro e outrosseis municípios (Niterói, São Gonçalo, Itaboraí,Guapimirim, Magé e Duque de Caxias)(Amador, 1997). Desta forma, concentradescarga de 17 m³.s-1 de esgoto doméstico, com465 ton. de carga orgânica, de uma populaçãoestimada em 11 milhões de habitantes (Feema,1998). Contribuem também para agravar estequadro as atividades de 12.000estabelecimentos industriais, 14 terminaismarítimos de carga e descarga, dois portoscomerciais, estaleiros, dois aeroportos, duasrefinarias de petróleo, postos de combustíveis ea lavagem de material poluente dos pavimentosurbanos (Kjerve et al., 1997). No casoespecífico da contaminação por petróleo e

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derivados, encontramos tanto o aspecto dapoluição crônica como o de eventos agudosrelacionados a derramamentos.

A área remanescente de manguezais dabaía de Guanabara é de cerca de 31% dacobertura original, estando concentrada em suamaior parte na região da APA de Guapimirim eem Duque de Caxias, somando algo em tornode 80 km2 (Amador, 1997). Entre as causasdesta redução estão: desmatamento,

assoreamento, poluição dos rios, depósitos delixo irregulares, aterros clandestinos e ocorrênciade espécies invasoras (Hibiscuspernambucencis e Acrostichum aureum) queinibem o crescimento e regeneração das espéciesde mangue. Recentemente Soares et al. (2003),caracterizaram a estrutura vegetal de 6 regiõesna baía e encontraram uma grande variabilidadeestrutural. Segundo estes autores, os manguezaisestudados apresentam um baixodesenvolvimento estrutural com dap (diâmetro

Figura 1:- Localização dos pontos de estudo na Baía de Guanabara (áreas urbanas em cinza escuroe manguezal em cinza claro).

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do tronco à altura do peito) variando de 1,33 a7,83 cm, altura média entre 1,80 e 7,27 m edensidade variando de zero (clareiras) a 52800troncos.ha-1. As explicações para este padrãoresidem na grande pressão exercida sobre osmanguezais da região, a qual possuicaracterísticas variáveis no que se refere à açãodos distúrbios, tais como sua natureza,característica (crônico ou agudo), variabilidadeespacial e temporal na sua atuação, variação nafreqüência (recorrência) e capacidade dosistema de se recuperar frente ao distúrbio.

O presente estudo foi conduzido emflorestas de mangue do município de Magé, nasáreas do rio Surui e Nova Orleans (Figura 1).No caso específico do rio Surui houvemortandade em massa da floresta de mangueem área próxima a margem. Essa floresta,identificada como Surui 1 por Soares et al.(2003), apresentava, após à contaminação poróleo, altura média de 6,0 + 3,13 m, dap médiode 6,04 cm e densidade de 167 troncos.ha-1.Nessa floresta foi feito o monitoramento doprocesso de regeneração. As demais áreas dorio Surui e Nova Orleans foram monitoradascomo controle da dinâmica de jovens. Essasflorestas, segundo Soares et al. (2003) sãobasicamente dominadas por Avicenniaschaueriana e Laguncularia racemosa, comaltura média oscilando entre 4,3 m e 6,58 m,dap médio entre 4,31 cm e 7,11 cm e densidadeentre 3009 troncos.ha-1 e 11429 troncos.ha-1.

MATERIAL E METODOS

Na região do rio Surui, a qual foifortemente atingida pelo derramamento de óleoocorrido em janeiro de 2000, foi demarcadaparcela de 16 m2. A referida parcela foiposicionada no centro da área onde segundoSoares et al. (2003) houve mortalidade massivada floresta de mangue e a formação de umaclareira. Após análise da representatividadeamostral, quando considerou-se a densidade ehomogeneidade da distribuição de plântulas ejovens das espécies presentes, optou-se pela

utilização de uma única parcela de dimensõesamplas, devido ao tamanho da área impactada,bem como para se evitar um impacto por pisoteioexcessivo, em área com presença de óleo nosubstrato. De forma similar, seguindo os critériosanteriormente descritos, foram marcadas 4parcelas adicionais de monitoramento nomanguezal do rio Surui e 4 parcelas nomanguezal de Nova Orleans, em áreas onde nãohouve contaminação por óleo ou onde essa foimenos severa, não caracterizando mortalidademassiva de árvores e jovens de mangue (semformação de clareira). Essas parcelas foramutilizadas como controle para determinação deum padrão local para a dinâmica de jovens.

A transversal de Surui, com 280 m deextensão, atravessa uma pequena faixa de terraentre os rios Surui e Surui-Mirim. A estação 1(área fortemente atingida pelo óleo), localizadana desembocadura do Rio Surui, foi o ponto departida com o limite na estação 5 às margens doSurui-Mirim. As estações 1 e 5, com extensõesrespectivas de 38 e 70 metros, representammangues ribeirinhos. Na estação 2 localizada emponto topograficamente superior cerca de 20cm e distante 78 m da margem do rio Surui, épossível observar a influência diária das marés.Após esta, inicia-se área mais elevada de 140m de extensão onde encontram-se as estações3 e 4, com menor freqüência de inundação pelasmarés. Assim sendo, temos que a floresta do rioSurui apresenta como principal característica àinfluência de dois rios em lados opostos (RioSurui e Surui-Mirim), que banham diretamenteas estações 1, 2 e 5. As demais estações (3 e 4)estão posicionadas em área mais elevada edistante dos rios.

A transversal de Nova Orleans édividida em quatro estações num trecho de225 metros de manguezal. A estação 1, nafranja, é o local mais baixo e com influênciadireta das marés, seguida pela estação 2 emlocal topograficamente mais elevado em cerca20 cm. A estação 4 localiza-se cerca de 160metros da franja separada da estação 2 por umaelevação de aproximadamente 50 cm em relação

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à estação 1. Na região da estação 4, encontra-se um pequeno canal de maré que determinauma maior freqüência de inundação pelas marésnessa área, quando comparada às florestasvizinhas. Por fim, encontra-se a estação 5 cercade 210 metros da franja, na transição com aterra firme, em posição topograficamentesemelhante à estação 2.

A metodologia adotada é descrita deforma detalhada por Oliveira (2001). Todos osindivíduos com altura inferior a 1 metro forammarcados com etiquetas numeradas, tiveram suaaltura medida, foram identificados ao nível deespécie, classificados em propágulos, plântulasou jovens e anotada sua condição (vivo oumorto). Duke et al. (1999) descrevem o papeldo banco de jovens de Rhizophora sp. namanutenção da floresta. Esses autores aindarelatam que esses jovens sobrevivem por cercade 3 anos no sub-bosque, morrendo antes deatingir um metro de altura. Esse padrão descritopor Duke et al. (1999) confirma a escolha daaltura de 1 metro como limite na medição/separação das árvores consideradas novosadultos e jovens, a exemplo do adotado porOliveira (2001).

A partir do estabelecimento dasparcelas, foi feito um monitoramento dasmesmas, no período entre setembro de 2000 (8meses após o impacto por óleo) e fevereiro de2005, quando todos os indivíduos marcadosforam medidos e os novos indivíduos recrutadosforam etiquetados e medidos, comoanteriormente descrito, para o seumonitoramento. O monitoramento foi realizadomensalmente no primeiro ano, passando a umafreqüência bimestral entre outubro de 2001 efevereiro de 2003, quando passou a ser realizadoquadrimestralmente até fevereiro de 2005.

De posse desses dados obtidos emcampo, foi realizado o cálculo da densidade dejovens e de plântulas, altura média de jovens,taxa de recrutamento de propágulos e taxa demortalidade de plântulas e jovens. No casoespecifico da mortalidade a mesma foi calculada

em termos absolutos (ind.m-2.dia), quando osindivíduos mortos entre uma amostragem e outraforam contabilizados e o referido valor foipadronizado numa base diária, para permitir acomparação entre as diferentes amostragens.Calculou-se ainda a mortalidade relativa (%.dia-

1), quando foi determinado o percentual deindivíduos mortos entre duas amostragens,tomando-se como referência a densidade inicial(da primeira das duas amostragens). De formasimilar foi calculado o recrutamento depropágulos em termos absoluto e padronizadonuma base diária (ind.m-2.dia).

Todos esses índices foram calculadospara cada amostragem, para acompanhamentoda evolução da dinâmica da comunidademonitorada.

RESULTADOS

A densidade de jovens de A.schaueriana, na área fortemente impactada poróleo, apresentou três tipos de comportamento(Figura 2): (i) crescente, no período entreoutubro/00 a abril/02; (ii) relativamente estávelentre abril/02 e outubro/03; decrescente atéfevereiro/05. Durante o período de estudo adensidade de jovens dessa espécie oscilou de0,26 ind.m-2 em outubro/00 a 6,64 ind.m-2 emjunho/03, decrescendo em seguida até 3,83ind.m-2 em fevereiro/05. Para L. racemosa adensidade de jovens foi crescente entreoutubro/00 (0 ind.m-2) e abril/02 (6,64 ind.m-

2), quando superou a densidade deA.schaueriana. Entre abril/02 e outubro/03a densidade de jovens de L. racemosamanteve-se relativamente constante, comvalores similares aos de A.schaueriana,oscilando entre 5,89 ind.m-2 e 6,64 ind.m-2. Apartir de outubro/03 observa-se uma quedabrusca na densidade de jovens de L.racemosa, em ritmo mais acentuado, que oobservado para A.schaueriana, atingindo ovalor de 1,45 ind.m-2. R. mangle apresentou,entre as três espécies, os menores valores paradensidade de jovens, durante todo o período

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de estudo. No entanto, observa-se umaumento gradativo da densidade dessaespécie, com pequenas oscilações, tendo amesma saltado de 0 ind.m-2 na fase inicial domonitoramento (entre outubro/00 e fevereiro/01) para 0,76 ind.m-2 em junho/04, com levequeda até fevereiro/05 (0,64 ind.m-2).

Ainda na Figura 2 são apresentadas ascurvas de altura média dos jovens das trêsespécies na área do rio Surui onde houve

mortalidade em massa das árvores. Para A.schaueriana observa-se uma tendência deaumento da altura média (de 12,0 cm emoutubro/00 a 115,38 cm em fevereiro/05). Aaltura média de jovens de L. racemosaapresentou incremento de 17,50 cm emnovembro/00 até 244,15 cm em fevereiro/05.No período que vai até fevereiro/02 a alturamédia de jovens dessa espécie foi, em linhasgerais, inferior a de A.schauerina. Entre abril/02 e outubro/03 ambas as espécies

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Figura 2: Densidade de jovens e altura média total e por espécie de mangue na clareira do rio Surui aolongo do período de monitoramento (Rh – Rhizophora mangle; Av – Avicennia schaueriana; Lg – Lagunculariaracemosa; J – Jovens de todas as espécies).

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apresentaram alturas médias bastante similarese, a partir de fevereiro/04 houve um incrementobastante acentuado na altura média de L.racemosa. A partir de maio/01, após iniciada acolonização da área por indivíduos de R.mangle, observa-se um incremento da altura dejovens dessa espécie até atingir o valor de127,93 cm em fevereiro/05. De uma forma geralos jovens de R. mangle apresentaram alturamédia superior à das outras espécies, exceçãoao período entre junho/04 e fevereiro/05,quando observou-se o incremento na alturamédia dos jovens de L. racemosa.

Na Figura 3 podemos observar que amortalidade absoluta dos jovens na clareira dorio Surui oscilou bastante, apresentando, noentanto, tendência de ser mais elevada nasegunda metade do período de monitoramento.Entretanto, notamos uma mortalidade relativa

elevada no período inicial do monitoramento,para A. schaueriana e L. racemosa, seguidade um período de baixas taxas de mortalidade.Posteriormente as taxas de mortalidade voltama se elevar, porém em níveis bem inferiores aosobservados nos meses iniciais. A partir dedezembro/01 a taxa de mortalidade de L.racemosa apresenta-se sempre superior à deA. schaueriana.

Em todos os anos de monitoramento foiobservado pico de recrutamento (Figura 4) depropágulos de L. racemosa no período entrefevereiro e maio. Para A. schaueriana orecrutamento também ocorre, de forma geral,no outono, porém com eventos menos marcadose regulares. Após os picos de recrutamento, sãoobservados picos na densidade de plântulas deL. racemosa, com defasagem de um a trêsmeses. No caso de A. schaueriana, essa

Figura 3: Mortalidade absoluta (ind.m-2.dia.-1) e mortalidade relativa (%.dia.-1) de jovens das espécies demangue na clareira do rio Surui ao longo do período de monitoramento (Rh – Rhizophora mangle; Av –Avicennia schaueriana; Lg – Laguncularia racemosa).

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Figura 4: Recrutamento de propágulos das espécies de mangue na clareira do rio Surui ao longo doperíodo de monitoramento (Rh – Rhizophora mangle; Av – Avicennia schaueriana; Lg – Lagunculariaracemosa).

Figura 5: Densidade por espécies de plântulas na clareira do rio Surui ao longo do período de monitoramento(Rh – Rhizophora mangle; Av – Avicennia schaueriana; Lg – Laguncularia racemosa).

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relação é menos evidente, com um gradualdecréscimo na densidade de plântulas dessaespécie (Figura 5).

Em linhas gerais observa-se uma maiormortalidade de plântulas de L. racemosa,quando comparada à A. schaueriana (Figura6). Ainda para L. racemosa, observamos umaelevada mortalidade de plântulas nos primeirosmeses do monitoramento, a qual reduz-se emseguida e torna a se elevar nos últimos mesesdo estudo. Para as outras duas espécies amortalidade de plântulas apresenta padrãoirregular.

Nas Figuras 7 e 8 são apresentados osgráficos de comportamento da densidade e alturados jovens nas demais áreas do rio Surui e deNova Orleans. De maneira geral observamosque a densidade de jovens nessas regiõesapresentou valores elevados no primeiro e/ou no segundo anos do monitoramento,apesar de inferiores aos observados naclareira. Apenas nas estações 3 e 4 do rioSurui são observadas densidades de jovenscompat íve is com as da c lare i ra .Posteriormente os valores de densidade

decaíram em todas as estações, nãocaracterizando a manutenção de um bancode jovens.

Ainda nas Figuras 7 e 8 observamos quea altura dos jovens, de uma forma geral,apresentou, ao contrário do observado naclareira, comportamento variável, ora oscilando,ora apresentando uma discreta tendência deaumento ao longo do período demonitoramento. A altura nessas áreasapresentou-se em patamares bem inferiores aoatingido pelos jovens na clareira ao final doperíodo de monitoramento, exceto na estação5 do rio Surui, onde observamos um elevadodesenvolvimento dos poucos jovens existentes,com altura média entorno de 140,0 cm ao finaldo monitoramento.

DISCUSSÃO

O comportamento observado para osjovens das três espécies na floresta de manguedo rio Surui, atingida pelo derramamento de óleode 2000, indica um processo inicial de ocupaçãoda área por A. schaueriana, seguido da entrada

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Figura 6: Mortalidade de plântulas na clareira do rio Surui ao longo do período de monitoramento (Rh –Rhizophora mangle; Av – Avicennia schaueriana; Lg – Laguncularia racemosa).

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de jovens de L. racemosa e uma fase seguinteonde R. mangle inicia um processo lento decolonização da área. A baixa mortalidade dejovens (Figura 3) e uma curva crescente dedensidade de jovens (Figura 2), no períodoinicial do monitoramento (principalmente no quese refere à A. schaueriana) indicam umprocesso de recolonização de uma área comdisponibilidade de espaço e de luz. Do pontode vista de dinâmica populacional, a densidadede jovens reflete um conjunto de processos, quese inicia com o recrutamento de propágulos(Figura 4), mortalidade de parte dos propágulose transformação de outra parcela em plântulas,mortalidade de plântulas e transformação dasplântulas remanescentes em jovens.

O pico de recrutamento de propágulosde L. racemosa (Figura 4) ocorreu, entre osmeses de fevereiro e maio em todos os anos domonitoramento. Esse comportamento respondediretamente à produção de propágulos dasespécies de mangue, que segundo Ponte et al.(1984), Adaime (1985), Duke et al. (1981,1984), Duke (1990), Menezes (1994),Lamparelli (1995) e Fernandes (1997), ocorreno período de maior pluviosidade, a exemplodo observado na Baía de Guanabara. SegundoPonte et al. (1984) L. racemosa produziu frutospraticamente o ano todo, com pico nos mesesde fevereiro-abril. Esses autores aindadescrevem que A. schaueriana apresentouprodução intermitente, com pico em setembro.Adaime (1985) destaca uma maior produçãode frutos de L. racemosa entre abril e junho eMenezes (1994) relata que propágulos de L.racemosa foram coletados entre abril e julho.

No caso específico dos manguezais dabaía de Guanabara observou-se, nos anos de2001 e 2002 picos de produção de propágulosconcentrados nos meses de fevereiro e março(dados não publicados), fato que corrobora orecrutamento observado, com pequenadefasagem em relação à produção depropágulos. Essa defasagem entre o período depico de produção de propágulos e o períodode recrutamento de propágulos se deve ao fato

dessa floresta estar importando propágulos dasáreas vizinhas, visto não haver produção depropágulos nessa área degradada, no que serefere a Avicennia schaueriana e Rhizophoramangle, para as quais houve mortalidade detodos os indivíduos adultos e uma reduzidaprodução de propágulos de Lagunculariaracemosa, relacionada a poucos indivíduos quesobreviveram ao impacto pelo óleo. Aimportação de propágulos é fundamental não sópara o processo de manutenção de bancos deplântulas e jovens em bosques saudáveis, massobretudo para o processo de recuperação deáreas degradadas, que através desse mecanismopodem ser recolonizadas por espécies demangue. A possibilidade de importação depropágulos por florestas de mangue é sustentadapelos estudos de Yamashiro (1961), Steinke(1975), Rabinowitz (1978a), Chai (1982),Clarke (1993), Clarke e Myerscough (1993) ePanapitukkul et al. (1998).

Apesar da disponibilidade de espaço ede luz na área de clareira monitorada em Surui,as taxas de recrutamento de novos propágulosno inicio do monitoramento (2000/2001), forambaixas quando comparadas aos valores obtidospara as florestas vizinhas (dados nãopublicados). Dessa forma observamos, para aclareira, taxas de recrutamento que nãoultrapassam 0,18 ind.m-2.dia-1 nos picos derecrutamento de L. racemosa e, que para asduas outras espécies encontram-se em níveisinferiores a 0,05 ind.m-2.dia-1 (Figura 4). Poroutro lado, nas florestas vizinhas, para o períodode 2000/2001 encontramos taxas superiores a0,23 ind.m-2.dia-1 e 0,13 ind.m-2.dia-1, para L.racemosa e A. Schaueriana, respectivamente.Esse padrão pode refletir alguns efeitos, taiscomo a não produção de propágulos nesseponto, portanto essa estação depende do aporteexterno de propágulos, a alta frequência deinundação pelas marés, que dificulta a fixaçãode propágulos de L. racemosa e A.schaueriana, por serem mais leves e o próprioefeito do óleo presente no sedimento. Rabinowitz(1978a) afirma que propágulos de Avicenniagerminans necessitam de períodos sem

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influência das marés, para sua fixação. Clarke eMyerscough (1993) afirmam que a nãoocorrência de plântulas de Avicennia marinaem níveis topográficos inferiores é devido àremoção pelas marés. Jimenez e Sauter (1991)descrevem haver limitação na fixação de A.bicolor nos bosques de franja. No entanto,Steinke (1975) concluiu que as inundaçõesperiódicas por água do mar tinham pouco efeitono estabelecimento e desenvolvimento depropágulos de Avicennia marina. De qualquerforma, não se pode ignorar, que apesar da altafrequência de inundação pelas marés (maiorenergia) nessa estação, esse bosque eradominado por Avicennia schaueriana antes doevento (Soares et al., 2003), o qual deveria sermantido, numa situação normal, por um bancode jovens, refletindo o recrutamento depropágulos e sua sobrevivência.

Em relação a L. racemosa foi detectadauma maior taxa de recrutamento de propágulos,os quais segundo Rabinowitz (1978a), tambémsão classificados como de tamanho reduzido.Analisando-se os dados obtidos em Guaratiba,por Oliveira (2001) para uma área de apicum,onde ocorre processo de colonização porespécies de mangue (portanto com condiçõeshipersalinas adversas, porém, a exemplo daregião estudada no rio Surui, com aporte externode propágulos, disponibilidade de luz e espaço),observam-se taxas de recrutamento, nosperíodos de pico de recrutamento, com valorescompatíveis aos observados no rio Surui, paraambas as espécies.

De uma forma geral as taxas derecrutamento de R. mangle foram bastantebaixas. Esses valores refletem a baixarepresentatividade/importância dessa espécienessa região (Soares et al., 2003), cujos efeitossão sentidos na manutenção dos bancos deplântulas e jovens de R. mangle. Aparentementeocorre uma redução no recrutamento depropágulos em áreas sem cobertura de florestas,o qual pode ter sido inicialmente influenciado peloóleo. No entanto, deve-se ter cautela, pois oprocesso de recrutamento parece ser bastante

variável no tempo e no espaço, sendoinfluenciado por diversos fatores que variamlocalmente. Por outro lado, o real efeito do óleosobre a capacidade de recuperação dessafloresta deve ser discutido de forma geral,principalmente no que se refere à manutençãode um banco de jovens, como veremos adiante.

Todos os picos de recrutamento depropágulos de L. racemosa (Figura 4) sãoseguidos por picos correspondentes, nadensidade de plântulas (Figura 5), comdefasagem de 1 a 3 meses. De forma similar,porém menos marcada, também observamos aforte relação entre o recrutamento de propágulosde A. schaueriana e a densidade de plântulasdessa espécie (Figuras 4 e 5), também compequena defasagem de tempo.

Na Figura 6 podemos observar umaelevada taxa de mortalidade de plântulas deLaguncularia racemosa, no período inicial domonitoramento. Esse padrão é típico dessaespécie, cuja característica é de produçãoelevada de propágulos e consequentementeelevada taxa de recrutamento e densidade deplântulas, concentrada em um período do ano,seguida por alta taxa de mortalidade poresgotamento das reservas nutritivas e porcompetição com jovens e adultos, caso não hajacondições favoráveis para o desenvolvimentodas mesmas (disponibilidade de espaço e luz).Weishaupl (1981) descreve essa espécie comoheliófila, com estratégia típica de planta desucessão secundária. Esse fato é comprovadopor Rabinowitz (1978b), que descreve umaredução exponencial na densidade de coortesde plântulas de espécies de mangue, com tempode meia-vida estimado entre 18 e 45 dias paraLaguncularia racemosa. Essa autora descreveque as espécies com propágulos pequenosestabelecem novas coortes anualmente, as quaismorrem rapidamente. Já as espécies com osmaiores propágulos possuem uma sobreposiçãode coortes. Essa mortalidade está relacionadaao esgotamento das reservas do embrião.Utilizando-se os dados apresentados porRabinowitz (1978b), pudemos calcular uma

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taxa de mortalidade mensal de 66,1% paraL. racemosa. Da mesma forma, Otero eRaices (1987) descrevem para uma áreaestudada em Porto Rico, uma baixíssimadensidade de plântulas de Avicennia eLaguncularia. Steinke (1975) descreve umaalta taxa de mortalidade de plântulas deAvicennia marina, a qual segundo a propostade Rabinowitz (1978b) é uma espécie depropágulo pequeno. No entanto, as altas taxasde mortalidade observadas nos primeirosmeses do estudo, na região do rio Surui nãopodem ser explicadas por esse fator,principalmente se considerarmos que nessaestação ocorre total disponibilidade de luz ede espaço e baixa densidade inicial de jovense plântulas. Portanto, tais taxas podem terrefletido alguma influência do óleo sobre odesenvolvimento das plântulas, nos primeirosmeses após o derramamento.

Na Figura 5 observamos um gradualdecréscimo na densidade de plântulas de A.schaueriana, ao longo do período demonitoramento, após o pico inicial. Essecomportamento está de acordo com oprogressivo aumento na densidade de jovensdessa espécie (Figura 2), indicando um processode transformação de parte das plântulas emjovens. Essa relação fica clara, ao observarmosnas Figuras 4 e 5, que inicialmente ocorre umaumento na densidade de plântulas dessaespécie, associado ao grande recrutamento inicialde propágulos. Em seguida, entre janeiro/01 emarço/01 ocorre uma queda brusca nadensidade de plântulas, a qual é acompanhadapelo aumento na densidade de jovens. Noperíodo seguinte, até dezembro/01 a densidadede plântulas apresenta uma queda suave,quando a densidade de jovens se mantémrelativamente constante, indicando não havergrande transformação de plântulas em jovens.Dessa forma, o comportamento da densidadede plântulas de A. schaueriana não apresentauma ciclicidade associada ao recrutamento denovos propágulos, como observado para L.racemosa.

Conforme anteriormente apresentado, aanálise da densidade de jovens das três espécies(Figura 2) indica um processo de ocupação da

área por A. schaueriana, seguido da entradade jovens de L. racemosa e uma fase seguinteonde R. mangle inicia um processo decolonização da área. A análise conjunta daevolução da densidade total de jovens e da alturamédia dos jovens das três espécies (Figura 2)indica um processo de recuperação em estágioinicial. Dessa forma, notamos um incrementoprogressivo da densidade de jovens, comoconseqüência da disponibilidade de recursos naárea (espaço e luz). Nesse período ocorre umgradativo aumento da altura média dos jovensdas três espécies. Em seguida ocorre uma relativaestabilização da densidade total de jovens, comdensidade em torno de 13,0 ind.m-2. Esseprocesso de estabilização pode indicar que acomunidade em questão atingiu a capacidademáxima sustentável (em relação à densidade) daárea.

A comparação do valor de densidadede jovens, com o comportamento de outrasáreas de mangue dessa região (Figuras 7 e 8),as quais são descritas por Soares et al. (2003),indica, que em todas as estações estudadas norio Surui e na região de Nova Orleans, houveum comportamento similar na densidade dejovens, com grande oscilação da mesma,apresentando pico de densidade provavelmenterelacionado a episódios de recrutamento. Apenasduas das estações analisadas apresentaramdensidades de jovens comparáveis à observadana clareira (Surui 3 e Suruí 4), sendo que apenasna estação 3 houve persistência desse banco dejovens por período significativo. Porém, em todasas estações a altura média se manteve em níveisinferiores à da clareira. Essa comparação indicaque em áreas com cobertura vegetal ocorre umabaixa persistência e desenvolvimento dos jovens,provavelmente associada à baixa disponibilidadede luz. Essa comparação fortalece a hipóteseda densidade máxima observada na clareira dorio Surui, ser associada à maximização deexploração dos recursos disponíveis (luz, espaçoe nutrientes).

Por outro lado, se compararmos a áreade clareira do rio Surui, com o comportamento

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dos jovens que colonizam áreas sob estressenatural (hídrico e salino) num apicum deGuaratiba (dados não publicados, Figura 9)notaremos que em Guaratiba são atingidos níveisde densidade de jovens comparáveis aosobservados no rio Surui. Notaremos ainda, queem Guaratiba a comunidade também encontra-se em processo de amadurecimento, apesar deapresentar altura média ligeiramente inferior àobservada no Surui, fato esse explicado pelasaltas salinidades aí observadas. Porém, emGuaratiba os jovens possuem arquiteturadiferente, onde os mesmos se apresentamextremamente ramificados, fato esse queequivale a dizermos, que apesar dos recursos(espaço e luz) serem repartidos por menosindivíduos, os mesmos tendem a otimizar aexploração desses recursos através de estruturasbastante ramificadas. Em outras palavras, se porum lado em Guaratiba, em ambiente sobestresse, temos densidades de jovens similaresàs do Surui, os quais se ramificam comoresposta ao estresse, poderíamos esperar, queno Surui, em condições de alta frequência deinundação por marés (portanto sem apossibilidade de estresse salino e hídrico)fossem atingidas densidades máximas maiselevadas, durante o processo de ocupação daclareira. Portanto, esse comportamento podesugerir uma interferência da contaminação porhidrocarbonetos sobre a colonização edesenvolvimento desses jovens no rio Surui.Essa hipótese se fortalece, ao observarmos,que no período inicial do monitoramento,portanto imediatamente após a contaminaçãopor óleo foram obtidas densidades de jovenssuperiores a 10,0 ind.m-2 nas estações 3 e 4do Surui, (Figura 7), que não foram atingidasdiretamente pelo óleo e que possuemcaracterísticas de sombreamento. Essasdensidades foram superiores à densidadeobservada na clareira, que somente dois anosapós a contaminação atingiu patamaressimilares, porém não podemos ignorar o fatodessa área ter sido recolonizada por espéciesde mangue em período mais recente.

A partir de outubro de 2003, após operíodo de estabilização da densidade de

jovens, notamos, que conforme ocorre umaumento da altura média dos jovens, há umaredução na densidade de jovens, indicando,que a partir da ocupação inicial do espaçodisponível, pela morte da floresta, passa aocorrer um amadurecimento da floresta(estágio inicial do processo de recuperação),com exclusão competitiva de indivíduos(redução da densidade) e desenvolvimentodos sobreviventes (aumento da altura média).Apesar do amadurecimento da comunidade,ao contrário de A. schaueriana e L.racemosa, R. mangle apresenta um aumentoprogressivo da densidade de jovens (Figura2), indicando uma possível e gradativasubstituição das duas primeiras espécies, poressa espécie.

Segundo McKee (1995), em condiçõesde alta disponibilidade de nutrientes e de luz ataxa de crescimento, produção de folhas ecrescimento de ramos de plântulas de L.racemosa é superior a de A. germinans e dessaa de R. mangle. Isso poderia justificar acaracterística de pioneiras das duas primeirasespécies em regiões de clareira, comoobservamos nas áreas degradadas da Baía deGuanabara. Aquela autora ainda cita, quequando a disponibilidade de recursos é alta(nutrientes ou luz), L. racemosa e A. germinansmaximizam seu potencial de acúmulo de carbono(área foliar e crescimento em altura e de ramos),em detrimento (minimiza) da alocação derecursos para o sistema de raízes. Dessa forma,após alguns meses essas espécies sãocompetitivamente mais aptas que R. mangle.McKee (1995) ainda conclui, que os padrõesiniciais de colonização e regeneração são regidospor características associadas à dispersão ediferentes habilidades de fixação. Ao passo quea sobrevivência a longo prazo (2,5 anos) édeterminada pela sensibilidade a característicasfisico-químicas, tais como inundação pelas marése salinidade (no nosso caso podemos incluir acontaminação do substrato). Esses processoscorroboram o observado nas áreascontaminadas da Baía de Guanabara, onde essas

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duas espécies dominam, além do que, está deacordo com a menor interação com o sedimentocontaminado, visto que o sistema de raízes épouco desenvolvido inicialmente.

A manutenção de um banco de jovens éfundamental para a perpetuação da floresta de

mangue, pois tais jovens seriam o “reservatório”de novos indivíduos, disponíveis para ocuparemo dossel no caso da abertura de clareiras pelamorte de indivíduos adultos. Estudo em Cananéia(SP) caracterizou um reservatório de jovens deR. mangle, o qual é mantido por processoscomo queda, aporte e recrutamento de

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Figura 9: Densidade total de jovens e altura média total e por espécie de jovens em florestas de manguede Guaratiba (baía de Sepetiba) no período de junho de 1998 a maio de 2004 (Av – Avicennia schaueriana;Lg – Laguncularia racemosa).

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propágulos, transformação desses emplântulas e dessas em jovens (dados nãopublicados). Durante dois anos, duas áreasna Ilha do Cardoso, uma sob dossel e outraem clareira recém aberta pela morte naturalde árvores de Rhizophora mangle forammonitoradas, demonstrando a ocupação daclareira por indivíduos pertencentes a umbanco de jovens pré-existente. Assim, de umaforma geral notamos uma forte tendência deformação de banco de jovens em populaçõesde Rhizophora spp. Essa tendência écorroborada ao compararmos ocomportamento de espécies desse gênero comespécies de Avicennia e com Lagunculariaracemosa . Conforme destacamosanteriormente, Rabinowitz (1978b) descreveque as espécies com propágulos pequenos(Avicennia spp. e Laguncularia racemosa)estabelecem novas coortes anualmente, asquais morrem rapidamente. Já as espéciescom os maiores propágulos (Rhizophoramangle) possuem uma sobreposição decoortes. Essas características estão de acordocom os poucos dados disponíveis de mortalidade(Rabinowitz, 1978b; Jimenez e Sauter, 1991),onde notamos, de uma forma geral, taxas demortalidade inferiores para espécies deRhizophora.

Segundo Rabinowitz (1978b) ascaracterísticas anteriormente descritassugerem duas formas de colonização de áreas(clareiras) oriundas da morte de árvoresadultas. A primeira estaria associada àsespécies com pequenos propágulos (L.racemosa e Avicennia spp.), que tem umciclo de vida curto para suas plântulas. Essasse estabeleceriam em áreas disponibilizadasno ano anterior. Esse processo está de acordocom o observado no rio Surui, a qual foiatingida pelo óleo em Janeiro de 2000. Comoamplamente discutido, esse mês estaria dentrodo período de produção de propágulos.Assim, a clareira oriunda da morte dessafloresta poderia ter sido colonizada por essasespécies através da produção de propágulosnessa época, bem como pela produção

posterior de propágulos (esse fato não podeser determinado com exatidão visto o inícioposterior do monitoramento, principalmentese considerarmos que existe uma defasagementre o recobrimento por óleo e amortandade). Para espécies como R. mangle,podemos sugerir que a colonização dosespaços ocorre através de um banco dejovens, pois esses já encontram-se disponíveispara ocupar o espaço aberto. Portanto, sepensarmos novamente na área do rio Surui,onde houve mortalidade em massa da florestade mangue, notaremos, pelo já apresentado,que R. mangle provavelmente não conseguecompetir com as outras duas espécies. Poissegundo McKee (1995), em condições dealta disponibilidade de nutrientes e de luz astaxas de crescimento de plântulas de L.racemosa e A. germinans são superiores àsobservadas para R. mangle. Esse padrão decrescimento e alocação de biomassa nosestágios iniciais de desenvolvimento,associado à característica de alta produçãode propágulos poderia justificar ocomportamento de pioneiras das duasprimeiras espécies em regiões de clareira, oqual está de acordo com o descrito porBarbour et al. (1980) e Oliver e Larson(1990) e com o observado na Baía deGuanabara. Mckee (1995) ainda cita que pelamenor capacidade de competição deRhizophora com as duas outras espécies, emlocais de alta disponibilidade de recursos, deforma contrária, essa espécie possui comoestratégia a conservação de recursos, atravésda redução da taxa de crescimento e daflexibilidade morfológica, nos estágios iniciaisde desenvolvimento. Essa observação explicaas baixas variações na altura média dos jovensno banco de jovens de R. mangle, por nósobservada, bem como a maiorhomogeneidade morfológica observada nosjovens/plântulas dessa espécie. Essa baixavariação na altura média dos jovens dessaespécie também foi relatada por Rabinowitz(1978b). Comportamento similar foi por nósobservado (dados não publicados) emmanguezal de Cananéia ao longo de dois anos.

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A análise do comportamento damortalidade de jovens (Figura 3) corrobora aanálise do processo de recuperação da área.Dessa forma, no período inicial domonitoramento observa-se uma baixamortalidade absoluta dos jovens, porém astaxas de mortalidade para A. schaueriana eL. racemosa são as mais elevadas de todo operíodo. Esse comportamento é explicado,por haver uma baixa densidade de jovensnesse período, determinando uma baixamortalidade absoluta. Porém as altas taxas demortalidade (relativa), apesar do baixopotencial competitivo, associado à baixadensidade indicam, que o ambiente ainda nãoencontrava-se favorável para a colonizaçãopor espécies de mangue, provavelmentedevido à contaminação do substrato pelo óleo.Esse comportamento pode ser explicado pelorelatado por McKee (1995), que descreveque em condições de alta disponibilidade deluz, essas espécies alocam seus recursos noincremento de altura e, numa fase seguinteinicia-se o desenvolvimento do sistema deraízes, quando então observamos altas taxasde mortalidade, que podem estar relacionadasà maior interação do sistema de raízes dasplantas com o substrato contaminado. Soma-se a isso o fato de a partir da contaminaçãoaguda em janeiro de 2000 serem encontrados,no substrato da floresta estudada, níveiselevados de hidrocarbonetos de origempetrogênica. Ao longo do período demonitoramento, observou-se, além dos níveiselevados de hidrocarbonetos na superfície dosedimento, um aumento das concentrações dehidrocarbonetos nas camadas sub-superficiais, caracterizando uma percolação doóleo no substrato arenoso do manguezal, naárea estudada (Comunicação pessoal, MSc.Cássia de Oliveira Farias, doutoranda emQuímica Analítica – PUC-Rio).

Diversos estudos citam um processoinicial de recolonização de áreas contaminadaspor hidrocarbonetos, o qual nãonecessariamente significa um processo derecuperação da floresta (Martin e Dutrieux,

1990; Duke et al., 1999). Da mesma forma,Rodrígues et al. (1990), Lamparelli et al.(1997) e Dodge et al. (1995) relatam esseprocesso de recrutamento de propágulos,transformação dos mesmos em plântulas eposterior mortalidade massiva de plântulas ejovens, em áreas contaminadas porhidrocarbonetos. Dessa forma, o que ocorreufoi um processo de estabelecimento depropágulos de A. schaueriana e L.racemosa, sua transformação em plântulas edessas em jovens, devido à disponibilidadede espaço e luz. Porém, com o decorrer dotempo esses jovens se desenvolvem e o seusistema de raízes, que antes era superficial,portanto interagindo com as camadas maislavadas pelas marés (reduzindo os efeitos doshidrocarbonetos), começa a se aprofundar einteragir mais com o meio externo contaminadopor hidrocarbonetos. Paralelamente a essedesenvolvimento, esgotam-se as reservasnutritivas típicas dos estágios iniciais dedesenvolvimento, forçando uma maiordependência do jovem em relação ao meioao seu redor. Assim, esse banco de jovensnão consegue, a despeito da disponibilidadede luz e de espaço, estabelecer umapopulação com altas densidades. Rodrígueset al. (1990) descrevem a colonização porplântulas e a morte de 100% das mesmas,nas clareiras abertas por contaminação poróleo. A mortalidade de 100 % de jovensdessas espécies entre novembro/00 ejaneiro/01, na floresta do rio Surui, podesuger i r esse processo c íc l ico dees tabelec imento de propágulos ,transformação em plântulas e jovens emortalidade. Dessa forma, os poucosjovens que aí existiam antes dos picos derecrutamento, que ocorreram no inicio domonitoramento morreram todos. Esse fatoindica que não houve uma manutenção dosjovens do período anterior, demonstrandouma baixa longevidade desses indivíduos nessaregião, a despeito da disponibilidade de luz eespaço, como conseqüência da contaminaçãodo ambiente, que não permitia odesenvolvimento de novos jovens para arecomposição da floresta degradada.

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Getter et al. (1984), destaca, entre osefeitos retardados, que podem se manifestarno período de um a dez anos após acontaminação por hidrocarbonetos, a reduçãona taxa de sobrevivência de plântulas e jovense a morte ou crescimento reduzido de árvoresnovas que colonizaram as áreas afetadas peloóleo. Da mesma forma, Lamparelli et al.(1997) só detectaram indícios derecuperação, com colonização, crescimentoe sobrevivência de plântulas e jovens, em áreade manguezal afetada por hidrocarbonetos,nove anos após o derramamento.

Progressivamente o ambiente foi setornando menos hostil , havendo umincremento da densidade de jovens (Figura2), sem haver aumento da mortalidade (Figura3), corroborando a hipótese de que a áreaainda suportava uma maior densidade dejovens, como descrito anteriormente. Emseguida observamos um aumento damortalidade absoluta, provavelmenterelacionado ao aumento da densidade dejovens, visto ocorrerem taxas de mortalidade(relativas) reduzidas. No período entredezembro/01 e fevereiro/05 observam-setaxas de mortalidade (Figura 3) superiorespara L. racemosa, quando comparada a A.schaueriana. Esse comportamento está deacordo com a tendência de domínio inicial daárea por indivíduos de A. schaueriana, coma presença de indivíduos esparsos de maiorporte, de L. racemosa.

Apesar dos indícios de recuperaçãoda floresta de mangue do rio Surui, após umafase inicial com provável efeito do óleo sobreo processo de regeneração, devemos tercautela na interpretação desses resultados,pois diversos estudos apontam tanto paraefeitos retardados do óleo sobre florestas demangue que sofreram contaminação, comopara interferência de óleo residual sobre esseprocesso. Nesse sentido, Getter et al. (1984)e Garrity et al. (1994) estimam um períodode décadas para a total recuperação deflorestas afetadas por óleo. Burns et al.

(1993) previram um período de 20 anos paraa recuperação do ecossistema. Duke e Burns(1999) citam que um manguezal atingido poróleo na Austrália apresentava poucos indíciosde recuperação cinco anos após o evento.Esses autores ainda relatam que um manguezalda Austrália impactado em 1970 por óleo sóse recuperou 25 anos após o evento, nãosendo detectado óleo no sedimento apenasem 1996. Burns e Codi (1998) comparamdois derramamentos de óleo sobre manguezais(um no Panamá e outro na Austrália). Para oPanamá o tempo previsto para a redução dosníveis de hidrocarbonetos foi de 20 anos, aopasso que na Austrália foi de 4 anos. Essasestimativas demonstram o cuidado que sedeve ter ao fazermos previsões do temponecessário à recuperação do sistema, vistoque tais processos são extremamente variáveisde local para local, segundo as peculiaridadesambientais de cada região, além dascaracterísticas de cada evento, tais como tipode óleo, quantidade e área atingida.

CONCLUSÕES

O monitoramento da área demanguezal do rio Surui, afetada peloderramamento de óleo ocorrido em 2000,indica um processo de regeneração da florestaem estágio inicial. Os indicadores desseprocesso são: importação de propágulos deflorestas vizinhas, curva crescente dedensidade de jovens no período inicial, combaixa mortalidade dos mesmos, seguida deperíodo de amadurecimento da comunidade,caracterizado pela redução de densidade eaumento da altura média de jovens. Noentanto, vários indícios apontam para apossibilidade desse processo ainda estarsendo afetado pela presença de óleo nosubstrato, o que determinaria um processoaquém do potencial máximo de regeneraçãodas florestas de mangue da região. Essainterferência é detectada basicamente nosprimeiros meses do monitoramento, atravésda observação de uma baixa taxa de

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recrutamento de propágulos, alta taxa demortalidade de plântulas de Avicenniaschaueriana e Laguncularia racemosa emortalidade de 100% dos jovens dessas duasespécies, além da possibilidade da densidademáxima de jovens observada, estar aquém dacapacidade de suporte da área. Apesar dessapossível interferência, temos que considerarque a tendência é a amenização desseprocesso, com a remoção e degradação doshidrocarbonetos, propiciando gradativamenteo estabelecimento de jovens e novos adultos,inicialmente de forma esparsa. No entanto, aconfirmação de todos esses processos só serápossível com a manutenção de ummonitoramento por um período maisprolongado, para podermos detectar, comexatidão o estabelecimento definitivo de umnova floresta de mangue nessa área, comcapacidade de auto-manutenção. Assim

sendo, deve-se ter cautela ao interpretarmosa recolonização de áreas de manguecontaminadas por petróleo e derivados comoindicadora de regeneração dessas florestas,sendo necessária a manutenção de estudos demédio e longo prazos tanto para o diagnósticodos impactos da contaminação porhidrocarbonetos de petróleo sobre florestasde mangue, como para a avaliação daregeneração de florestas degradadas.Portanto, é fundamental a continuidade dopresente monitoramento para confirmarmos seo processo de regeneração se concretizará,pois o simples comportamento da densidadee altura dos jovens não é garantia de sucessodesse processo, principalmente aoconsiderarmos, que diversos efeitos sub-letaissão observados nas florestas de mangue dorio Surui, tais como a ocorrência de raízesanômalas.

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