Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro...

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Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados Francisco Borges de Almeida Rocha Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Professora Doutora Maria Joana Castelo-Branco de Assis Teixeira Neiva Correia Orientadora: Professora Doutora Maria Teresa da Cruz Carvalho Co-Orientadora: Professora Doutora Tânia Rodrigues Pereira Ramos Vogal: Engenheira Susana Ângelo Junho 2019

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Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos

indiferenciados

Francisco Borges de Almeida Rocha

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri

Presidente: Professora Doutora Maria Joana Castelo-Branco de Assis Teixeira Neiva Correia

Orientadora: Professora Doutora Maria Teresa da Cruz Carvalho

Co-Orientadora: Professora Doutora Tânia Rodrigues Pereira Ramos

Vogal: Engenheira Susana Ângelo

Junho 2019

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I

Resumo

A produção, gestão e tratamento de resíduos é uma das principais fontes de poluição identificadas

pelas Nações Unidas. A imposição de metas mais apertadas por parte da União Europeia (UE), no que

diz respeito à reciclagem de resíduos de embalagem (RE), justifica a procura de soluções de

recuperação dos mesmos.

No que respeita a Portugal, estudos anteriores estimaram que, caso todo o vidro proveniente do refugo

de instalações de tratamento mecânico e biológico (TMB) pudesse ser recuperado, seriam atingidas as

metas de reciclagem de RE nesta fileira, que atualmente não são cumpridas. A viabilidade económica

da recuperação depende da logística de tratamento e recolha dos vários fluxos.

A presente dissertação tem como objetivo principal o estudo do potencial de recuperação do vidro

contido no rejeitado pesado de instalações de TMB (TMBr) das 9 instalações TMB em pleno

funcionamento em 2018 em Portugal Continental (Amarsul-Seixal, Amarsul-Setúbal, Braval, Ersuc-

Aveiro, Ersuc-Coimbra, Resitejo, Tratolixo, Valnor, Valorlis) e numa instalação de valorização energética

(Valorsul). Observa-se que o TMBr apresenta teores em vidro entre 12% e 72%. A distribuição

granulométrica é bastante heterogénea, com as amostras a apresentarem 9% a 98% das partículas

com calibre superior a 5.6mm. Os principais contaminantes encontrados foram matéria orgânica,

pedras, cerâmicas e tijolo.

Foi estimado que as 10 instalações estudadas produzam anualmente cerca de 111 390 toneladas de

vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a

meta nacional de reciclagem de embalagens de vidro, imposta pela UE até 2025.

A caracterização sociodemográfica (através dos parâmetros proporção do poder de compra per capita,

nível de escolaridade e área) das regiões de atuação das 10 instalações foi analisada, assim como a

qualidade do serviço de recolha seletiva (número de habitantes por ecoponto, número de habitantes

por contentor verde e quantidade de embalagens de vidro retomadas). Com a informação disponível

não foi possível encontrar relações entre os fatores usados e a quantidade de vidro presente no fluxo

de resíduos indiferenciados.

Palavras-Chave: Recuperação de vidro, TMB, Caracterização do rejeitado pesado do TMB, Fatores

sociodemográficos

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III

Abstract

The production, management and treatment of waste is one of the main sources of pollution identified

by the United Nations. The imposition of tougher European Union (EU) targets on recycling of packaging

waste (PW) justifies the search for recovery solutions.

With respect to Portugal, previous studies have estimated that, if all the glass contained in the heavy

reject fraction from mechanical and biological treatment plants (MBT) could be recovered, the recycling

targets for PW, which are currently not met, would be achieved. The economic viability of the recovery

depends on the logistics of treatment and collection of the various flows.

The main objective of this dissertation is to study the recovery potential of glass contained in the heavy

reject fraction (MBTr) refused by the 9 fully operational MBT facilities in Portugal in 2018 (Amarsul-

Seixal, Amarsul-Setúbal, Braval, Ersuc-Aveiro, Ersuc-Coimbra, Resitejo, Tratolixo, Valnor, Valorlis) and

in the bottom ash of one energy recovery facility (Valorsul). It is observed that the MBTr presents glass

contents between 12% and 72%. The granulometric distribution is quite heterogeneous, with the

samples presenting 9% to 98% of the particles with a size greater than 5.6mm. The main contaminants

found were organic matter, stones, ceramics and bricks.

It was estimated that the 10 facilities studied annually produce about 111 390 tonnes of glass. The

recovery of glass from the MBTr of these 10 plants would be sufficient to achieve the national goal of

glass packaging recycling, imposed by the EU by 2025.

The sociodemographic characterization (through the parameters purchasing power per capita, level of

education and area) of the regions of operation of the 10 facilities was analysed, as well as the quality

of the sorted collection service (number of inhabitants per bring bank, number of inhabitants per glass

container and quantity of glass packages recovered from the sorted waste stream). With the available

information it was not possible to find relationships between the factors used and the amount of glass

present in the unsorted waste stream.

Keywords: Glass recovery, MBT, Characterization of MBT reject, Sociodemographic factors

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V

Agradecimentos

Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Professora Maria Teresa Carvalho pela oportunidade que

me foi dada de integração do projeto Mobile Pro – U e pela orientação, saber, transmissão de

conhecimentos e exigência na realização do trabalho, bem como à Professora Tânia Ramos, cujo

valioso contributo, disponibilidade e incentivo foram decisivos para a conclusão da presente

dissertação.

Um agradecimento muito particular ao Professor Manuel Ribeiro pela clareza dos ensinamentos e pelo

rigor e colaboração no tratamento estatístico dos resultados e no solucionar de problemas e de dúvidas

que foram surgindo.

Agradeço à Sociedade Ponto Verde (SPV), pelo financiamento e colaboração no Projeto,

nomeadamente à Engª Susana Ângelo e à Engª Susana Ramalho, pela preciosa e inexcedível

colaboração, designadamente no esclarecimento de dúvidas e na obtenção de informação.

Agradeço igualmente aos responsáveis e aos técnicos das instalações visitadas e estudadas na

presente dissertação, AMARSUL, BRAVAL, ERSUC, RESITEJO, TRATOLIXO, VALNOR, VALORLIS

E VALORSUL, pela afabilidade, recetividade e pronta colaboração.

Deixo, também, o meu muito obrigado a todos os elementos da equipa do Projeto pelo interesse e

empenho no trabalho realizado.

Finalmente, agradeço aos meus pais, pelos princípios e valores que me transmitiram e que sempre

nortearão a minha vida.

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VII

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VIII

Índice

Resumo.................................................................................................................................................... I

Abstract ................................................................................................................................................. III

Agradecimentos .................................................................................................................................... V

Índice ..................................................................................................................................................... VI

Índice de Figuras ................................................................................................................................... X

Índice de Tabelas ................................................................................................................................ XIII

Abreviaturas .........................................................................................................................................XV

1. Introdução ...................................................................................................................................... 1

1.1. Contexto e motivação ............................................................................................................ 1

1.2. Objetivo.................................................................................................................................. 5

1.3. Metodologia e estrutura da dissertação ................................................................................ 6

2. Estado da arte ................................................................................................................................ 8

2.1. Enquadramento legal ............................................................................................................ 8

2.2. Gestão de RSU ................................................................................................................... 12

2.2.1. Gestão de RSU em Portugal .................................................................................. 12

2.2.2. Gestão de REV e RSU na União Europeia ............................................................ 14

2.3. Recuperação e reciclagem do vidro .................................................................................... 17

2.3.1. Processo de descontaminação de casco de vidro ................................................. 17

2.3.2. Entidades envolvidas e situação nacional .............................................................. 21

2.3.3. Estudos sociodemográficos sobre reciclagem ....................................................... 23

2.4. Instalações de TMB ............................................................................................................. 24

2.4.1. Tratamento mecânico ............................................................................................. 25

2.4.2. Tratamento biológico .............................................................................................. 26

2.4.3. Afinação do composto ............................................................................................ 28

2.4.4. TMB em Portugal .................................................................................................... 29

2.4.5. Estudos sobre a recuperação de RE de vidro contido no rejeitado pesado .......... 30

3. Métodos ........................................................................................................................................ 32

3.1. Casos de estudo .................................................................................................................. 32

3.2. Cálculo do tamanho de amostra ......................................................................................... 34

3.3. Caracterização do TMBr ...................................................................................................... 36

3.3.1. Métodos .................................................................................................................. 37

3.3.2. Proveniência das amostras .................................................................................... 43

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IX

4. Resultados e Discussão ............................................................................................................. 44

4.1. Análise granulométrica ........................................................................................................ 44

4.2. Análise de composição ........................................................................................................ 46

4.2.1. Distribuição dos componentes por classe granulométrica ..................................... 48

4.3. Quantidade de vidro contido no TMBr das instalações ....................................................... 54

4.4. Evolução temporal da composição do TMBr ....................................................................... 55

4.5. Indicadores sociodemográficos e composição do TMBr ..................................................... 57

5. Conclusões e trabalho futuro ..................................................................................................... 66

5.1. Conclusões .......................................................................................................................... 66

5.2. Trabalho futuro .................................................................................................................... 67

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 69

Anexos .................................................................................................................................................. 73

I. Cálculo do tamanho de amostra e erro de amostragem ......................................................... 74

II. Metodologia usada na caracterização física do TMBr ............................................................. 76

1. Materiais e equipamentos............................................................................................. 76

2. Métodos .......................................................................................................................... 77

III. Resultados das caracterizações para cada subamostra analisada ....................................... 78

IV. Dados sociodemográficos e qualidade do serviço de recolha seletiva ................................ 95

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X

Índice de Figuras

Figura 1 - Esquema de uma instalação de TMB. Fonte: Dias (2011) ..................................................... 3

Figura 2 - Distribuição por material das retomas provenientes da recolha seletiva (esquerda) e

indiferenciada (direita), (SPV, 2018) ........................................................................................................ 4

Figura 3 - Destino direto dos RU por tipo de operação de gestão. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos

Urbanos, APA (2018a) ........................................................................................................................... 13

Figura 4 - Total de RU geridos por destino final. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos, APA

(2018a) .................................................................................................................................................. 13

Figura 5 - Caracterização física dos RU produzidos no Continente em 2017. Fonte: Relatório Anual dos

Resíduos Urbanos, APA (2018a) ........................................................................................................... 14

Figura 6 - REV gerados e enviados para reciclagem em 2016, por cada país Europeu e pela UE a 28.

Dados: Eurostat (2016) ......................................................................................................................... 15

Figura 7 - Destino direto do fluxo de RSU na Suécia. Fonte dos dados: Avfallshantering (2017) ....... 16

Figura 8 - Diagrama simplificado do processo de descontaminação do casco de vidro ...................... 18

Figura 9 - Esquema do equipamento RecGlass. Fonte: Dias (2015) ................................................... 21

Figura 10 - Evolução da quantidade total de embalagens de vidro declaradas (t) à SPV ................... 22

Figura 11 - Taxa de retoma global da Sociedade Ponto Verde. Fonte: Sociedade Ponto Verde (2018)

............................................................................................................................................................... 22

Figura 12 - Esquema do processo de tratamento aeróbio (adaptado de Pearson et al., 2011) ........... 28

Figura 13 - Mapa dos SGRU e das infraestruturas de tratamento em Portugal Continental. Fonte:

PERSU 2020 (2014) .............................................................................................................................. 29

Figura 14 - Localização geográfica das instalações de tratamento de resíduos indiferenciados que

constituíram o caso de estudo. Figura sem escala ............................................................................... 33

Figura 15 - Diagrama simplificado do processo de caracterização das amostras ................................ 38

Figura 16 - Processo de amostragem do rejeitado. a) Recolha da amostra. b) rejeitado pesado. c)

homogeneização da amostra. d), e), f) subdivisão da amostra ............................................................ 39

Figura 17- Composição do rejeitado do TMB a) -8mm + 5.6mm b) -16mm +11.2mm; materiais: 1)

pedras; 2) cerâmica + tijolo; 3) vidro; 4) plástico; 5) orgânicos; 6) metal – graduação da régua, cm .. 40

Figura 18 - Curva cumulativa superior da distribuição granulométrica de todas as amostras; amostras

finas a tracejado, amostras intermédias com linha contínua e marcador tipo diamante, amostras

grosseiras com linha contínua e marcador tipo círculo ......................................................................... 45

Figura 19 - Categorias de produtos conforme a granulometria do TMBr .............................................. 45

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XI

Figura 20 - Composição das amostras de TMBr ................................................................................... 46

Figura 21 - Teor em vidro (%) de cada amostra .................................................................................... 47

Figura 22 - Teor em vidro (%) por ordem crescente com referência a todas as instalações estudadas;

TMB que retiram vidro no processo de TM destacadas ....................................................................... 48

Figura 23 - Distribuição granulométrica do vidro para cada amostra ................................................... 49

Figura 24 - Distribuição granulométrica do material pedras para cada subamostra ............................ 49

Figura 25 - Distribuição granulométrica da matéria orgânica e plásticos para cada subamostra ........ 50

Figura 26 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-F,

AS-Set-F, BV, ERS-A-Fd, RT e TL ........................................................................................................ 52

Figura 27 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; VN, VS,

BV, ERS-C-Ip, ERS-C-Ih, ERS-A-Ip, AS-Sx-Ginrt ................................................................................. 53

Figura 28 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-Gc,

AS-Set-G, VL-Gp e VL-G ...................................................................................................................... 54

Figura 29 - Comparação entre a composição total das amostras analisadas no projeto RecGlass e alvo

deste estudo .......................................................................................................................................... 56

Figura 30 – Relação entre o número de habitantes por ecoponto e a quantidade de vidro presente no

fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS

excluídas (centro) .................................................................................................................................. 57

Figura 31 - Relação entre a proporção do poder de compra per capita e a quantidade de vidro presente

no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS

excluídas (centro) .................................................................................................................................. 58

Figura 32 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro

presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE ...................................................... 59

Figura 33 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro

presente no fluxo de resíduos indiferenciado. BV excluída .................................................................. 59

Figura 34 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro

presente no fluxo de resíduos indiferenciado. BV e VS excluídas ....................................................... 60

Figura 35 - Relação entre a taxa de analfabetismo da população e a quantidade de vidro presente no

fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS

excluídas (centro) .................................................................................................................................. 60

Figura 36 - Relação entre o número de habitantes por contentor verde e a quantidade de vidro presente

no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS

excluídas (centro) .................................................................................................................................. 61

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XII

Figura 37 - Relação entre a área servida por cada SGRU e a quantidade de vidro presente no fluxo de

resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas

(centro) .................................................................................................................................................. 62

Figura 38 - Análise de correspondências. Representação dos indicadores (colunas) e instalações

(linhas) ................................................................................................................................................... 64

Figura 39 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- AS-Sx-F ............................................................................................................................................... 79

Figura 40 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

– AS-Sx-Gc ............................................................................................................................................ 80

Figura 41 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

– AS-Sx-Ginrt ....................................................................................................................................... 81

Figura 42 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- AS-Set-F .............................................................................................................................................. 82

Figura 43 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

–AS-Set-G ............................................................................................................................................. 83

Figura 44 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- BV ........................................................................................................................................................ 84

Figura 45 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

–ERS-C-Ip ............................................................................................................................................. 85

Figura 46 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

–ERS-C-Ih ............................................................................................................................................. 86

Figura 47 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

–ERS-A-Ip.............................................................................................................................................. 87

Figura 48 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

–ERS-A-Ad ............................................................................................................................................ 88

Figura 49 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- RT ........................................................................................................................................................ 89

Figura 50 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade-

TL ........................................................................................................................................................... 90

Figura 51 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- VL-G .................................................................................................................................................... 91

Figura 52 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- VL-Gp .................................................................................................................................................. 92

Figura 53 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade

- VN ........................................................................................................................................................ 93

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XIII

Índice de Tabelas

Tabela 1-1 - Síntese dos principais processos de gestão de resíduos sólidos. Adaptado de Belo (2013)

................................................................................................................................................................. 2

Tabela 2-1 - Objetivos de reciclagem de embalagens estabelecidos na Diretiva (UE) 2018/852 ........ 10

Tabela 2-2 - Especificações técnicas para a retoma de resíduos de embalagens de vidro (APA, 2017)

............................................................................................................................................................... 19

Tabela 2-3 - Técnicas usadas no tratamento mecânico de resíduos. Fonte: Máximo (2013) .............. 26

Tabela 2-4 - Técnicas de afinação. Fonte: Máximo (2013) ................................................................... 28

Tabela 3-1 - Listagem das instalações alvo de estudo e informações gerais respectivas .................. 33

Tabela 3-2 – Massa de amostra (M) a recolher calculada de acordo com a teoria da amostragem .... 35

Tabela 3-3 – Cronograma do processo de recolha das amostras, massa da amostra recolhida e erro de

amostragem utilizando o vidro como constituinte crítico ....................................................................... 37

Tabela 3-4 – Matriz de correspondências ............................................................................................. 42

Tabela 3-5 – Origem das amostras analisadas e principais características de processamento das

instalações ............................................................................................................................................. 43

Tabela 4-1 - Vidro contido no TMBr das instalações estudadas ........................................................... 55

Tabela 4-2 - Matriz de correlação .......................................................................................................... 63

Tabela 4-3 – Matriz dos valores próprios .............................................................................................. 63

Tabela I-1 – Cálculo do tamanho de amostra........................................................................................ 74

Tabela I-2 – Cálculo do erro de amostragem ........................................................................................ 75

Tabela III-1 – Massa total da amostra caracterizada (excluindo amostra de testemunho), massa da

fração supra 5,6mm, massa total de vidro em cada amostra e teor em vidro (%) de cada amostra ... 78

Tabela III-2 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-F ........................................ 79

Tabela III-3 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Gc ..................................... 80

Tabela III-4 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Ginrt .................................. 81

Tabela III-5 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-F ....................................... 82

Tabela III-6 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-G ...................................... 83

Tabela III-7 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra BV ................................................ 84

Tabela III-8 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ip ...................................... 85

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XIV

Tabela III-9 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ih ...................................... 86

Tabela III-10 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Ip .................................... 87

Tabela III-11 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Fd ................................... 88

Tabela III-12 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra RT............................................... 89

Tabela III-13 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra TL ............................................... 90

Tabela III-14 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-G ........................................... 91

Tabela III-15 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-Gp ......................................... 92

Tabela III-16 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VN .............................................. 93

Tabela III-17 – Distribuição granulométrica da amostra VS ......................................................................

Tabela III-18 – Composição material de cada amostra ......................................................................... 94

Tabela III-19 – Estimativa da quantidade de vidro contida no TMBr, discrimnado para cada amostra 95

Tabela III-20 - Comparação entre a composição total das amostras analisadas no projeto RecGlass e

alvo deste estudo ......................................................................................................................................

Tabela IV-1 – Dados sociodemográficos e dados do sistema de recolha seletiva ............................... 95

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XV

Abreviaturas

a Teor do lote em espécie mineralógica de valor

AS AMARSUL

AS-Sx CVO do Seixal

AS-Set CC de Setúbal

AS-Sx-F Amostra fina – CVO Seixal

AS-Sx-Ginrt Amostra grosseira proveniente do separador de inertes – CVO Seixal

AS-Sx-Gc Amostra grosseira proveniente do crivo rotativo – CVO Seixal

AS-Set-F Amostra fina – CC Setúbal

AS-Set-G Amostra grosseira – CC Setúbal

BV BRAVAL

c.c Constituinte crítico

CC Central de Compostagem

CDR Combustíveis Derivados de Resíduos

CITR Centros Integrados de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos

CVO Central de Valorização Orgânica

EF Erro Fundamental

EG Erro de Agrupamento e Segregação

ERS-A ERSUC Aveiro

ERS-C ERSUC Coimbra

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XVI

ERS-A-Ip Amostra intermédia proveniente do pulper – ERSUC Aveiro

ERS-A-Fd Amostra fina proveniente do desarenador – ERSUC Aveiro

ERS-C-Ip Amostra intermédia proveniente do pulper – ERSUC Coimbra

ERS-C-Ih Amostra intermédia proveniente do hidrociclone – ERSUC Coimbra

f Parâmetro de forma das partículas

g Parâmetro de distribuição granulométrica

l Parâmetro de individualização

M Massa de amostra

m massa

PERSU Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos

REV Resíduos de Embalagem de Vidro

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

RT RESITEJO

RU Resíduos Urbanos

SGRU Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos

SIGRE Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos de Embalagens

TL TRATOLIXO

TM Tratamento Mecânico

TMB Tratamento Mecânico e Biológico

TMBr Rejeitado Pesado das Instalações de Tratamento Mecânico e Biológico

UE União Europeia

VE Valorização Energética

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XVII

VL VALORLIS

VL-Gp Amostra grosseira proveniente do pulper - VALORLIS

VL-G Amostra grosseira - VALORLIS

VN VALNOR

VS VALORSUL

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1

1. Introdução

Em Portugal, cerca de 50% do vidro de embalagem, representando mais de 200 000 toneladas por

ano, é colocado nos resíduos indiferenciados, não sendo reciclado (SPV, 2018). Contudo, é possível

através de processo tecnológico adequado, recuperar o vidro de calibre reduzido que se encontra

contaminado com outros materiais, mas a viabilidade económica da sua recuperação depende da

logística de tratamento e recolha dos vários fluxos que contêm este material (Dias et. al, 2014; Dias et

al., 2015; Dias, 2015).

1.1. Contexto e motivação

A produção, gestão e tratamento de resíduos é uma das principais fontes de poluição identificadas

pelas Nações Unidas, tendo impacto direto na saúde humana e no equilíbrio dos ecossistemas. Esta

poluição manifesta-se de diversas formas, nomeadamente atmosférica (resultante dos processos de

incineração e libertação de metano em aterros e lixeiras a céu aberto), contaminação dos cursos de

água (através da lixiviação de químicos e descargas de efluentes industriais/processos de tratamento),

dos solos (pelas mesmas razões que a água, bem como a mudança do tipo de uso do solo – ex.

construção de aterro) e marinha (quer através da bioacumulação e bio magnificação de metais pesados

e plásticos na cadeia trófica quer pela libertação de nutrientes que podem provocar eutrofização).

Estima-se que 50 das maiores lixeiras ativas a nível mundial afetem a vida de 64 milhões de pessoas,

incluindo a sua saúde, perda de vidas e propriedades, quando ocorrem colapsos e deslizes de terra

(UN Environment, 2017).

A abordagem da União Europeia no que respeita à gestão de resíduos é baseada na hierarquia de

resíduos (definida na Diretiva 2008/98/CE) que estabelece a seguinte ordem de prioridade na

elaboração de políticas referentes à gestão de resíduos: prevenção, (preparação para) reutilização,

reciclagem, recuperação e, como último recurso, eliminação (que inclui a deposição em aterro e

incineração sem recuperação de energia). De forma a cumprir a hierarquia dos resíduos, atingir metas

nacionais e comunitárias e obedecer a convenções internacionais (como a Convenção de Basileia) é

necessário implementar uma série de estratégias que podem ser resumidas na Tabela 1-1.

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Tabela 1-1 - Síntese dos principais processos de gestão de resíduos sólidos. Adaptado de Belo (2013)

Tratamento Descrição

Aterro o Deposição controlada de resíduos o Pode ser produzida energia

(biogás)

Incineração

o Queima controlada de resíduos o Redução de volume dos resíduos,

eliminação de agentes patogénicos o Produção de energia

Recolha seletiva/Reciclagem o Separação dos RU por material que

após processamento originam novos produtos/matérias primas

Compostagem

o Digestão aeróbia de matéria orgânica

o Redução de volume de resíduos o Produção de um subproduto,

composto, que pode ser utilizado como fertilizante

Digestão anaeróbia

o Digestão anaeróbia de matéria orgânica

o Produção de energia sob a forma de biogás

o Produção de composto ou resíduo orgânico biologicamente estabilizado, que poderá ser utilizado como fertilizante

Produção de CDR

o Separação e homogeneização da fração com elevado poder calorífico para possível utilização como combustível

Entre 2010 e 2025 é estimado que a produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) global duplique,

atingindo 2.2 biliões de toneladas (The World Bank, 2012), dependendo de fatores como nível de vida,

grau de industrialização e de urbanização, escolaridade e clima (Al-Momani, 1994; Medina, 1997 e

Bandara et al., 2007).

De forma geral, o nível de vida e o grau de urbanização estão altamente correlacionados e à medida

que os salários e as condições de vida aumentam, o consumo de bens e serviços aumenta

proporcionalmente, bem como a quantidade de resíduos gerados. De acordo com The World Bank

(2012), os residentes de meio urbano produzem cerca de duas vezes mais resíduos quando

comparados com os residentes de meio rural.

Com o aumento exponencial da população mundial e o rápido crescimento económico e

industrialização em países em desenvolvimento, bem como a adoção progressiva de conceitos como

desenvolvimento sustentável e economia circular, surge a necessidade de rever a regulamentação do

sector dos resíduos. Urge, ainda, a necessidade de abordar problemas identificados no passado para

os quais não foram postas em prática as respetivas soluções ou as soluções encontradas revelaram-

se ineficientes e ineficazes. É neste contexto que se insere a caracterização dos fluxos das instalações

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de tratamento mecânico e biológico (TMB) em Portugal, onde cerca de 66% do total de RSU que entra

nas 18 instalações existentes continua a ter como destino final a deposição em aterro (APA, 2018a).

O principal objetivo deste tipo de instalações é reduzir o conteúdo de matéria orgânica biodegradável

nos resíduos, de modo a minimizar os seus impactes ambientais quando depositados em aterro

(produção de odores, autocombustão, produção de biogás, infiltração de lixiviados e crescimento de

agentes patogénicos) (Barrena et al., 2009; Defra, 2013). Outro objetivo é recuperar materiais (os

resíduos biológicos são transformados em composto) de forma a cumprir a legislação em vigor e

recuperar o máximo de material reciclável (Gallardo et al., 2014). Nas instalações TMB são usualmente

originados dois produtos (Dias, 2011). A separação é feita com base na granulometria e composição

material dos resíduos, sendo o produto grosseiro (refugo) maioritariamente composto por metais,

plásticos e papel (recuperados através de triagem manual e/ou separação mecânica) e o produto fino

(rejeitado pesado) maioritariamente composto por inertes como vidro, cerâmica, pedras e matéria

orgânica (recuperados através de uma série de processos descritos no capítulo 2.3). Quanto à

granulometria, os valores variam de instalação para instalação sendo usualmente considerada a fração

80mm como valor de separação dos dois produtos. A linha de tratamento da fração grosseira é

normalmente alimentada por materiais com granulometria superior a 80mm, ao passo que a linha de

tratamento da fração fina é alimentada por materiais com granulometria inferior a 80mm (Figura 1).

Figura 1 - Esquema de uma instalação de TMB. Fonte: Dias (2011)

Até ao início dos anos 80 do século XX, a fração fina destinava-se à produção de composto ao passo

que a fração grosseira deveria ser transformada em combustíveis derivados de resíduos (CDR) para

instalações industriais. No entanto, o nível de poluentes encontrado na fração fina era demasiado

elevado para o composto ser utilizado na agricultura (Schu, 2007) e a utilização da fração grosseira na

produção de CDR foi progressivamente abandonada, uma vez que o preço de outras fontes de energia

baixou consideravelmente. A produção de CDR em Portugal apresenta diversos obstáculos,

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nomeadamente, “a ausência de uma qualidade tal que permita o seu coprocessamento, principalmente

devido ao seu teor em humidade elevado e deficiente fracionamento dos vários componentes dos

resíduos na fonte” (Caracol, 2016).

A partir de meados dos anos 80, a recolha seletiva de recicláveis foi sendo progressivamente adotada

e as instalações TMB passaram a ser encaradas maioritariamente como um passo de pré-tratamento

de resíduos antes serem enviados para aterro, ainda que muitas instalações consigam realizar

valorização material dos resíduos que entram nas TMB.

As TMB têm tido uma crescente adoção tanto a nível europeu como a nível nacional. Entre 2012 e

2017, de acordo com o relatório Ecoprog (2017), foram construídas anualmente, em média, cerca de

25 novas instalações de TMB em toda a Europa. Em Portugal, o número total de instalações mais do

que triplicou nos últimos 8 anos e em 2017 o total de RSU que entrou em TMB foi de aproximadamente

1 680 000 toneladas/ano, valor muito superior à capacidade existente em 2011 (470 000

toneladas/ano), (APA, 2018a) e (APA, 2018b).

Os resíduos de embalagem de vidro (REV) representam, em peso, a maior fração de resíduos de

embalagem retomados (52%) por intermédio dos Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU)

com origem na recolha seletiva (SPV, 2018) (Figura 2). As retomas, por material, da recolha

indiferenciada, apresentam uma distribuição distinta da obtida através da recolha seletiva com o vidro

a representar, em peso, cerca de 1% do total de resíduos de embalagem recuperados neste fluxo. Este

facto pode ser justificado tanto pelo crescente desvio dos REV para a recolha seletiva, como pela falta

de soluções técnicas de recuperação de vidro contido no rejeitado pesado das instalações de TMB

(TMBr). A quantidade de resíduos valorizáveis retomados é também afetada pelo desvio dos mesmos

para setores da economia paralela, designadamente na Área Metropolitana de Lisboa (CML, 2016).

Figura 2 - Distribuição por material das retomas provenientes da recolha seletiva (esquerda) e indiferenciada (direita), (SPV, 2018)

Apesar de apresentar propriedades ideais para a reciclagem e inadequação para aterro, o vidro é um

dos maiores fluxos de resíduos e a sua gestão constitui um sério desafio em todo o mundo. Trata-se

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de um material que, embora possa ser repetidamente reciclado sem perda de qualidade, continua a ser

despejado em aterro em grandes volumes.

Existem diversos estudos sobre o potencial de aplicações do vidro reciclado em geral e do vidro de

embalagem em particular. Chen et. al (2018) estudou a possibilidade de utilizar vidro reciclado como

substrato de “telhados verdes”, tendo verificado um melhor desempenho deste na neutralização de

chuvas ácidas quando comparado com substratos comerciais e naturalmente cultivados. Pahlevani &

Sahajwalla (2018) detalha um novo processo de baixo custo para transformar REV em materiais de

construção sem necessidade de fundir novamente o vidro. O vidro reciclado é ainda um recurso

amplamente utilizado na produção de produtos derivados do cimento (argamassa, asfalto) (Tucker et

al., 2018), e, ainda, como cobertura de aterro (Tsai et al., 2009).

As TMB recuperam, no processo de tratamento mecânico, quantidades significativas de resíduos de

embalagem, nomeadamente, plástico, papel e cartão. Este processo é feito através de triagem manual

e automatizada (sensores óticos).

Contudo, a recuperação de REV por parte das instalações de TMB apresenta alguns obstáculos, quer

relacionados com a segurança dos operadores quer com as limitações dos equipamentos no que

respeita à separação do vidro dos seus contaminantes. O projeto RecGlass (Dias et al., 2012; Dias,

2015), avaliou a viabilidade técnica e económica da recuperação de vidro contido no rejeitado pesado

das instalações de tratamento mecânico e biológico (TMBr), mostrando que a recuperação de vidro é

tecnicamente viável mas, devido ao baixo caudal do fluxo de TMBr produzido por cada uma das

instalações, a viabilidade económica não é alcançada se se considerar um diagrama de processamento

de recuperação de vidro em cada uma das instalações TMB. Dias (2015) propôs o estudo da construção

de uma unidade móvel do diagrama ou de uma unidade centralizada de recuperação de vidro

proveniente do TMBr.

1.2. Objetivo

O objetivo da presente dissertação é a avaliação do potencial de recuperação de vidro a partir de

resíduos indiferenciados em Portugal Continental (rejeitado pesado em instalações de TMB e escórias

de instalações de valorização energética (VE) de resíduos indiferenciados) em 2019. Nesta dissertação

realizar-se-á a caracterização das instalações (localização, quantidade de RSU processados e

diagrama de processamento simplificado) e a quantificação dos caudais do fluxo TMBr e a sua

caracterização em termos de propriedades físicas (análise granulométrica), a determinação da

composição dos fluxos em termos de teor em vidro e em contaminantes, como metais, plásticos,

pedras, tijolo, etc., bem como serão avaliados potenciais constrangimentos ao uso futuro de unidades

móveis na recuperação de RE de vidro. O resultado alcançado poderá servir para a tomada de decisão

nas políticas de reciclagem de vidro de embalagem e ser utilizado na avaliação de viabilidade técnica

e económica de unidades móveis e unidades centralizadas de recuperação do TMBr.

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Pretende-se, ainda, avaliar como é que alguns indicadores sociodemográficos e dados da qualidade

do sistema de recolha seletiva podem afetar a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos

indiferenciados.

1.3. Metodologia e estrutura da dissertação

A primeira fase do trabalho teve como objetivo o conhecimento do estado da arte relativamente à gestão

de resíduos sólidos urbanos em Portugal e na União Europeia (legislação, entidades envolvidas,

destinos e composição). Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os processos e limitações da

recuperação e reciclagem do vidro de embalagem. Efetuou-se um levantamento de estudos sobre a

recuperação de REV contido no rejeitado pesado de instalações de TMB. Ainda nesta fase, e através

de contatos com a SPV, foram identificadas as TMB nacionais que reuniam as características

necessárias à realização do estudo.

A fase seguinte consistiu na utilização de métodos teóricos e práticos da amostragem aleatória de

matéria de constituição heterogénea, de modo a calcular um tamanho de amostra a recolher de acordo

com um erro de amostragem previamente definido e na recolha das amostras.

A terceira fase consistiu no trabalho experimental, com as análises granulométricas e de composição

das amostras, seguida de uma análise conjunta do processamento realizado em todas as instalações

e dos resultados do trabalho experimental.

A quarta fase consistiu no estudo da relação de fatores sociodemográficos e a qualidade do serviço de

recolha seletiva com a quantidade de vidro encaminhado para o fluxo de resíduos indiferenciado,

A dissertação foi estruturada em 5 capítulos e 4 anexos que se enumeram de seguida.

1. Introdução – Contextualização da dissertação, objetivos e motivação.

2. Estado da arte – Revisão bibliográfica da gestão de RSU a nível nacional e europeu, com

especial foco na legislação em vigor e destino dos RSU. Levantamento dos processos e

limitações da recuperação e reciclagem de REV, bem como das aplicações associadas.

Descrição do processo de tratamento mecânico e biológico de RSU. Compilação de estudos

sobre fatores sociológicos que podem afetar a taxa de reciclagem. Resumo, na parte relevante,

de estudos nacionais e internacionais sobre a recuperação de REV em instalações TMB e VE.

3. Métodos – Listagem dos fatores utilizados para a escolha das TMB alvo do estudo,

identificação das características relevantes das instalações, descrição da origem das amostras

recolhidas e metodologia usada nas análises laboratoriais de granulometria e composição do

TMBr. Descrição dos métodos utilizados na determinação do tamanho de amostra a recolher.

Introdução à análise fatorial de correspondências.

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4. Resultados e Discussão – Apresentação dos resultados da análise granulométrica e de

composição para cada amostra. Análise da concentração de vidro e dos principais

contaminantes nas amostras em função da distribuição granulométrica total das mesmas.

Estimação da quantidade de vidro contido no rejeitado pesado do TMB em cada instalação.

Estudo da evolução temporal da composição do TMBr. Estudo da relação entre a quantidade

de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado e fatores sociodemográficos e referentes

ao serviço de recolha seletiva que podem afetar a taxa de reciclagem e geração de resíduos,

com recurso a técnicas de análise multidimensional de dados e estatística descritiva univariada.

Aplicação da técnica de análise fatorial de correspondências através do software ANDAD.

5. Conclusão e trabalho futuro – Descrição dos resultados mais importantes – principais

contaminantes, distribuição granulométrica e potencial de recuperação de vidro contido no

TMBr. Apresentação de propostas de seguimento do trabalho.

Após as referências bibliográficas foram incorporados 4 anexos: Anexo I – Cálculo do tamanho de

amostra e erro de amostragem, Anexo II – Metodologia usada na caracterização física do rejeitado

pesado, Anexo III – Resultados das caracterizações para cada subamostra analisada e Anexo IV –

Dados sociodemográficos e qualidade do serviço de recolha seletiva.

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2. Estado da arte

Este capítulo faz uma revisão da literatura criando bases para o estudo que se segue. É revisitada a

legislação que regula a gestão de RSU a nível nacional e feita uma descrição da gestão de RSU em

Portugal e na União Europeia. São enunciadas as principais tecnologias utilizadas no processo de

recuperação de vidro do TMBr, bem como as principais limitações do mesmo.

2.1. Enquadramento legal

A política de resíduos tem evoluído e alargado as suas fronteiras ao longo do tempo, quer a nível

europeu quer mundial. Tendo começado por ser uma política unicamente focada nos processos, passou

a estar voltada para os produtos e, por fim, orientada para os sistemas. Ou seja, “transformou-se numa

política essencial para o sistema económico, na medida em que contribui ativamente para uma gestão

sustentável dos recursos naturais” (APA, 2014).

O Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) configura um instrumento de

planeamento de referência na área dos resíduos urbanos (RU), que proporciona a implementação de

um conjunto de ações que se revelam fundamentais na concretização da política nacional de resíduos

urbanos (APA, 2018a).

Face às alterações ocorridas a nível dos sistemas de gestão de resíduos, à estratégia, objetivos e

metas comunitárias entretanto definidas e à necessidade de alinhamento da política nacional de RU

com a referida estratégia para cumprimento das metas, o terceiro Plano Estratégico para os Resíduos

Sólidos Urbanos (PERSU 2020), aprovado pela Portaria n.º 187-A/2014, de 17 de setembro, integra o

Programa de Prevenção de Resíduos Urbanos (PPRU), onde se estabelece a visão, os objetivos e as

metas globais e especificas de cada SGRU entre 2014 e 2020.

Os objetivos e as metas de preparação para reutilização e reciclagem e para deposição de resíduos

urbanos biodegradáveis em aterro, definidas no PERSU 2020 são:

Objetivos

• Prevenção da produção e perigosidade dos RU

• Aumento da preparação para reutilização, reciclagem e da qualidade dos recicláveis

• Redução da deposição de RU em aterro

• Valorização económica e escoamento dos recicláveis e outros materiais do tratamento dos RU

• Reforço dos instrumentos económico-financeiros

• Incremento da eficácia e capacidade institucional e operacional do setor

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• Reforço da investigação, do desenvolvimento tecnológico, da inovação e da

internacionalização do setor

• Aumento do contributo do setor para outras estratégias e planos nacionais

Meta de preparação para reutilização e reciclagem

• Até 31 de dezembro de 2020, um aumento mínimo global para 50% em peso relativamente a

preparação para a reutilização e a reciclagem de resíduos urbanos, incluindo o papel, o cartão,

o plástico, o vidro, o metal, a madeira e os resíduos urbanos biodegradáveis

• Até 31 de dezembro de 2020 deverá ser garantida, a nível nacional, a reciclagem de, no

mínimo, 70%, em peso dos resíduos de embalagens

Meta de reposição de RUB em aterro

• Até julho de 2020, os resíduos urbanos biodegradáveis destinados a aterro devem ser

reduzidos para 35% da quantidade total, em peso, dos resíduos urbanos biodegradáveis

produzidos em 1995

No que respeita ao direito interno, a maioria das normas em matéria de resíduos tem origem em atos

legislativos de Direito Europeu. É disso exemplo a Diretiva n.º 2008/98/CE do Parlamento Europeu e

do Conselho, de 19 de novembro de 2008 (Diretiva-Quadro dos Resíduos), transposta para o direito

nacional pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, atualmente em vigor, que altera e republica o

Decreto-Lei nº 178/2006, de 5 de setembro (Regime Geral da Gestão de Resíduos)

Em maio de 2018 foram aprovadas duas diretivas englobadas no Pacote de Economia Circular da UE:

a Diretiva (UE) 2018/851 do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Diretiva 2008/98/CE

relativa aos resíduos e a Diretiva (UE) 2018/852 que altera a Diretiva 94/62/CE relativa a embalagens

e resíduos de embalagens.

A Diretiva (UE) 2018/851, tal como a sua antecessora, estabelece os conceitos e as definições básicas

relativas à gestão de resíduos, tais como resíduos, reciclagem e recuperação. Nesta Diretiva é definida

uma clara hierarquia da gestão de resíduos e é estabelecido o tipo de tratamento e destino final

preferencial, de forma a minimizar os impactes ambientais. São ainda definidas metas de reciclagem

e recuperação de acordo com as políticas e visão europeias.

Ambas as Diretivas referidas devem ser transpostas para o ordenamento nacional pelos Estados-

Membros, até 5 de julho de 2020 (cfr. Art.2º).

Os pontos-chave revistos na nova legislação europeia são os seguintes:

• Meta comum da UE para reciclar 65% dos resíduos urbanos até 2030;

• Meta comum da UE para reciclar 75% dos resíduos de embalagens até 2030;

• Meta obrigatória para reduzir a deposição em aterro a um máximo de 10% dos resíduos

urbanos até 2030;

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• Proibição do aterro de resíduos recolhidos separadamente;

• Promoção de instrumentos económicos para desincentivar a deposição em aterro;

• Definições simplificadas e melhoradas e métodos de cálculo harmonizados para as taxas de

reciclagem em toda a UE;

• Medidas concretas para promover a reutilização e estimular a simbiose industrial,

transformando o subproduto de uma indústria em matéria-prima de outra indústria;

• Incentivos económicos para os produtores colocarem produtos mais ecológicos no mercado e

apoiar esquemas de recuperação e reciclagem.

Os Estados-Membros devem procurar garantir que, a partir de 2030, os aterros não possam aceitar

quaisquer resíduos apropriados para reciclagem ou outro tipo de valorização, nomeadamente resíduos

urbanos.

No que respeita à deposição em aterro, é estalecida uma meta de redução e definidos requisitos

mínimos para todos os regimes de responsabilidade alargada do produtor. A efetiva implementação do

Pacote Resíduos levará a um aumento da quantidade de resíduos reciclados e contribuirá para a

criação de uma economia circular, incentivando a utilização de embalagens recicláveis e de

embalagens reutilizáveis e melhorará o modo como os resíduos são geridos (UE, 2018).

A Tabela 2-1 apresenta os objetivos de reciclagem específicos para embalagens estabelecidos na

Diretiva (UE) 2018/852.

Tabela 2-1 - Objetivos de reciclagem de embalagens estabelecidos na Diretiva (UE) 2018/852

Entre 2013 e 2016 verificou-se em Portugal uma diminuição gradual da deposição de RUB em aterro,

tendência esta revertida em 2017 (aumento de 2%, num total de 43%), o que põe em causa o

cumprimento da meta de deposição de RUB em aterro (redução para 35% da quantidade total de RUB

depositados em aterro, face aos quantitativos totais produzidos em 1995). De acordo com APA (2018a),

a concretização da meta em 2020 está dependente da otimização das unidades TMB já existentes.

Tipo Até 2025 Até 2030

Todas as embalagens

65% 70%

Plástico 50% 55%

Madeira 25% 30%

Metais ferrosos

70% 80%

Alumínio 50% 60%

Vidro 70% 75%

Papel e cartão

75% 85%

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Relativamente ao posicionamento de Portugal face à meta de reciclagem de 2020, o país encontra-se

aquém da meta definida. Em 2017 a taxa de reciclagem de RU situou-se nos 38%, abaixo dos 50%

exigidos (APA, 2018a).

O curto horizonte temporal que nos separa de 2020 exigirá um esforço considerável para atingir o

incremento necessário neste âmbito, o que nos termos do PERSU 2020 deverá ser conseguido através

de uma aposta forte na recolha seletiva, a par com o aumento da eficiência de triagem e recuperação

de recicláveis em instalações TM e TMB e da valorização da fração orgânica em unidades dedicadas

ou TMB (APA, 2018a).

O relatório de alerta precoce relativo a Portugal, enquanto Estado-Membro em risco de incumprimento

do objetivo para 2020 de preparação para a reutilização/reciclagem de resíduos urbanos, que

acompanha o documento “Relatório da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité

Económico e Social e ao Comité das Regiões” (Comissão Europeia, 2018), apresenta possíveis ações

de apoio aos esforços de Portugal no sentido de melhorar a gestão dos resíduos, das quais se

destacam:

• “Revisão dos cálculos utilizados para determinar a contribuição para o objetivo que se presume

decorrer de uma maior reciclagem em instalações TMB.

• Avaliação da viabilidade do nível de desempenho das TMB atualmente previsto e, se

necessário, revisão da eficiência das políticas de incentivo à recolha seletiva a fim de

determinar se serão adequadas para cobrir as insuficiências.

• Avaliação dos atuais níveis das taxas (a pagar pelos sistemas de gestão de resíduos que

cumprem os objetivos em matéria de reciclagem) a fim de determinar se estas são

suficientemente elevadas para constituir um incentivo ao estabelecimento de sistemas de

recolha seletiva eficazes. Em função dos resultados, poderá ser necessário ponderar

urgentemente uma revisão das taxas.

• Revisão do financiamento do sistema de recolha de resíduos pela APA e pela ERSAR, a fim

de garantir um nível de financiamento suficiente para a implantação de sistemas de recolha

porta a porta.

• Elaboração de um conjunto de materiais de comunicação dirigido ao público para utilização a

nível local, com mensagens claras e coerentes e com especial enfase nos bio-resíduos. Estes

materiais devem ser utilizados em campanhas de sensibilização, folhetos e pontos de recolha

municipais. “

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2.2. Gestão de RSU

2.2.1. Gestão de RSU em Portugal

Em 2017 a produção total de RU em Portugal foi de 5 007 mil toneladas o que representa um aumento

de 2% face a 2016 (APA, 2018a). Desde 2013 que se verifica um aumento de 8% na produção de RU,

facto que pode ser justificado pela melhoria da situação económica do país.

No que diz respeito ao encaminhamento dos RSU para tratamento/deposição, são usualmente usados

dois indicadores que importa distinguir: destinos diretos, que representam o destino de tratamento

inicial dado aos resíduos, e destinos finais, que para além de contabilizarem os resíduos que entram

diretamente nas instalações, contabilizam os resíduos que chegam por via indireta, provenientes dos

rejeitados e refugos dos diversos processos de tratamento (TMB e incineração).

A partir de 2013 ocorreu uma inversão na distribuição relativa dos destinos diretos dos RU, tendo a

maioria dos resíduos deixado de ser diretamente encaminhado para aterro. Nos anos de 2016 e 2017

verifica-se que o destino direto da maior fração dos resíduos urbanos é TMB e TM (Figura 3).

Em 2017 ocorreu um aumento da deposição de resíduos em aterro e uma diminuição na valorização

material e na valorização energética (em % muito reduzidas), não tendo sido encontradas razões para

tal (Figura 3).

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Figura 3 - Destino direto dos RU por tipo de operação de gestão. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos,

APA (2018a)

Através das Figuras 3 e 4, verifica-se que, em 2017, existe uma disparidade entre os valores da

distribuição relativa dos destinos diretos dos RU e os destinos finais dos resíduos: 32% (57%) para

aterro, 21% (21%) para valorização energética, 10% (12%) para valorização material e 30% (10%) para

TMB.

Esta diferença pode ser justificada pelos rejeitados/refugos das diversas operações de gestão,

nomeadamente o TMBr, que, após o processo de tratamento, são enviados para estações de

valorização material e/ou aterro.

Figura 4 - Total de RU geridos por destino final. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos, APA (2018a)

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No que respeita à caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental, elaborada

com base em normas técnicas aprovadas pela Portaria n.º 851/2009, de 7 de agosto, é de salientar a

elevada fração de resíduos recicláveis que constituem os RU (cerca de 71,7%), e que na sua maioria

podem ser objeto de valorização (Figura 5). O material vidro é, em peso, o 5º material mais

representado (7.27%), sendo que nesta caracterização não é contabilizada a fração infra 20mm.

2.2.2. Gestão de REV e RSU na União Europeia

Com o objetivo de compreender os destinos de tratamento dos fluxos de resíduos de embalagem de

vidro e a possível recuperação de recicláveis contidos no TMBr, efetuou-se um levantamento sobre a

gestão de REV a nível europeu.

A Figura 6 apresenta a percentagem de resíduos de embalagem de vidro encaminhados para

reciclagem nos países da Europa no ano de 2016. Os valores variam de país para país, o que reflete

diferenças na organização da gestão dos resíduos. Portugal, com 58.5% dos REV encaminhados para

reciclagem, situa-se, consideravelmente, abaixo da média da UE a 28 (74.1%). Países como a Croácia

(56,4%) e a Polónia (59,6%) apresentam percentagens de REV encaminhados para reciclagem

semelhantes a Portugal. De notar que a maioria dos países não reportou o tipo de encaminhamento

dos REV de forma discriminada, de acordo com a diretiva de gestão de RE (recuperação material,

recuperação com geração de energia/incineração, recuperação-outros, reciclagem, reciclagem

material, reciclagem-outros), pelo que o conceito “encaminhado para reciclagem” deve ser tratado com

cuidado.

Figura 5 - Caracterização física dos RU produzidos no Continente em 2017. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos, APA (2018a)

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15

Figura 6 - REV gerados e enviados para reciclagem em 2016, por cada país Europeu e pela UE a 28. Dados: Eurostat (2016)

Na Figura 6 pode ainda ser observada a quantidade de resíduos de embalagem de vidro gerados por

cada país Europeu no ano de 2016. Portugal, com 35.98 Kg de REV gerados per capita, encontra-se

acima da média da UE a 28 (31.52) sendo o 6º país Europeu com maior quantidade de REV gerados

per capita. Comparativamente a Portugal, territórios como a Alemanha, Bélgica e Reino-Unido

apresentam valores semelhantes de geração de REV. No entanto, como pode ser observado na

mesma figura, a percentagem de REV que são enviados para reciclagem é bastante diferente:

Alemanha (85,5%), Bélgica (100%) e Reino-Unido (36,6%). A adoção de sistemas de depósito para

vidro “one way” (Oakdene Hollins Research and Consulting, 2018) na Bélgica e na Alemanha pode

justificar, em parte, o elevado nível de REV reciclados. Nos sistemas “one way”, as garrafas de vidro

depositadas pelo consumidor são enviadas diretamente para o produtor ou para as recicladoras de

vidro que irão produzir garrafas totalmente novas.

A literatura a este nível é escassa e a utilização de conceitos diferentes de país para país torna difícil a

comparação entre os diversos Estados-Membros no que diz respeito ao encaminhamento dos REV

para tratamento, bem como a compreensão dos fatores que influenciam a efetiva reciclagem deste

material (políticas de resíduos, fatores socioeconómicos, infraestruturas, etc.).

De modo a compreender a valorização dos materiais contidos no rejeitado pesado de instalações TMB

a nível europeu, procurou-se estudar um país que partilhasse algumas características com Portugal,

para além de ter informação sobre as instalações TMB disponível publicamente,

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O país que obedeceu a ambos os critérios foi a Suécia: tem uma população de aproximadamente 10

milhões e 200 mil pessoas (cerca de menos 100 mil que Portugal) e uma geração de RSU de 443 kg

per capita (situando-se a nível europeu, 3 posições abaixo de Portugal).

A maioria dos RSU tem como destino direto (Figura 7) a Valorização Energética (cerca de 50%),

seguidos de valorização material/reciclagem. Quanto ao tratamento biológico, 16.2% dos RSU seguem

para este tipo de instalações, cerca de metade em relação ao caso português (30%). De destacar a

fraca utilização de aterro como destino direto dos RSU (<1%), valor que, tal como a nível nacional,

aumenta substancialmente quando se trata de destinos finais de tratamento (Avfallshantering, 2017)1.

O volume de resíduos que entra nos sistemas de TMB (reportados nas diversas estatísticas) é

efetivamente superior ao total de resíduos tratados. De acordo com Avfallshantering (2017), este

diferencial é maioritariamente composto por rejeitados que são enviados para valorização energética,

o que prossupõe um conteúdo baixo em inertes.

Com a informação obtida, não foi possível tirar conclusões sobre a recuperação de vidro e outros

recicláveis presentes no TMBr a nível europeu.

Figura 7 - Destino direto do fluxo de RSU na Suécia. Fonte dos dados: Avfallshantering (2017)

1 No decurso da elaboração da dissertação foi lançado o relatório (Avfallshantering, 2018) não se tendo registado

alterações relevantes respeitantes aos RSU.

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ValorizaçãoMaterial

TratamentoBiológico

ValorizaçãoEnergética

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2.3. Recuperação e reciclagem do vidro

A reciclagem do vidro permite a poupança de matérias primas – menor consumo de recursos minerais

e industriais. Para produzir uma tonelada de vidro é suficiente uma tonelada de casco de vidro (em

alternativa a 1,2 toneladas de matérias-primas originais) (CERV, 2018).

Outras vantagens da reciclagem do vidro são: economia de energia – quer diretamente na fusão (por

cada 10% de casco de vidro incorporado, reduz-se 2,5% de energia, em termos unitários) quer,

indiretamente, nas matérias primas substituídas e ainda proteção do meio ambiente – reduz os efeitos

das emissões gasosas, seja as do processo de fusão do vidro, seja as do fabrico de certas matérias

primas (CERV, 2018).

De acordo com um inquérito realizado pela associação Friends of Glass (2017), as preocupações

ambientais e de segurança alimentar levam os europeus a usar mais embalagens de vidro. Segundo o

estudo, um em cada dois europeus afirmam usar mais vidro (comparativamente a 2014), facto que

pode ser justificado por outros dados recolhidos no inquérito: 73% dos inquiridos acreditam que o vidro

é o material de embalagem mais seguro para bebidas, 76% acreditam que o vidro é o material de

embalagem mais respeitador do ambiente (+ 50% que em 2008) e seis em cada dez jovens europeus

consideram o vidro a embalagem mais amiga do ambiente, pelo que será expectável um aumento da

quantidade de resíduos de embalagem de vidro produzida na próxima década.

2.3.1. Processo de descontaminação de casco de vidro

O processo de reciclagem do vidro de embalagem, também designado como casco de vidro, consiste

habitualmente em oito passos (Maltha, 2018) (Figura 8):

1. Receção do casco nas instalações: o casco é avaliado quanto à contaminação existente, de

forma a determinar os parâmetros de controlo de produção aplicáveis;

2. Seleção manual: são removidos manualmente todos os contaminantes grosseiros, que possam

retirar eficiência aos equipamentos montados a jusante;

3. Seleção granulométrica: o casco é separado por dimensão, de modo a que as garrafas inteiras

ou semi-inteiras sejam reduzidas a uma dimensão aceitável pelo equipamento de processo;

4. Separação magnética ferrosa: é neste passo que são detetados e retirados do fluxo os

contaminantes metálicos ferrosos como tampas, latas ou caricas;

5. Aspiração: neste passo são retirados todos os contaminantes leves como tampas de cortiça,

rótulos de papel que se tenham desprendido da embalagem ou que não pertençam à

embalagem, plásticos, etc.;

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6. Separação magnética não-ferrosa: são removidos todos os elementos metálicos não

magnéticos como tampas ou acessórios de estanho, alumínio, etc.;

7. Triagem ótica: neste ponto da cadeia são detetados e removidos os elementos contaminantes

não-transparentes, normalmente compostos por pedras e porcelanas;

8. Controlo de Qualidade: no final do processo toda a produção é avaliada, sendo reprocessada

a que não se encontrar de acordo com as especificações do Cliente.

Figura 8 - Diagrama simplificado do processo de descontaminação do casco de vidro

ɸ1

ɸ2

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Troncos, plásticos grosseiros, equipamentos eletrónicos

crivagem

Caricas; latas; tampas Cortiça; plásticos; rótulos

de papel

Alumínio; estanho

Pedras; porcelanas; tijolo

Casco de vidro contaminado

Casco de vidro descontaminado

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19

Apesar do seu elevado potencial, o processo de reciclagem de vidro tem limitações tecnológicas no

que respeita aos contaminantes a serem removidos.

A retoma de resíduos de embalagem de vidro deve obedecer a um conjunto de especificações técnicas

(Tabela 2-2), de forma a poderem ser aceites pelas entidades recicladoras, conforme o documento

“Especificações Técnicas dos Resíduos de Embalagens provenientes da recolha indiferenciada”,

aprovado pela APA em março de 2017, ao abrigo do disposto no nº 3 do artigo 9º do Dec-Lei nº 366-

A/97, de 20 de dezembro, na sua redação atual.

Os contaminantes que podem limitar a retoma dos RE de vidro são infusíveis (como pedras e cerâmica),

metais e matéria orgânica.

Para além dos contaminantes mencionados, são ainda rejeitados os seguintes tipos de vidro:

• Vidro hospitalar – ampolas e vidro proveniente de hospitais, laboratórios de análises, clínicas,

etc;

• Vidros especiais - aramados, pára-brisas, cerâmicos, plastificados, écrans de tv/computador,

lâmpadas, espelhos, vitrocerâmicos, pirex, cristais de chumbo, vidro opala, e todos os demais

vidros cuja composição química difere do vidro de embalagem, etc.

De notar que as especificações técnicas são semelhantes para REV provenientes da recolha seletiva

e da recolha indiferenciada2. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 366 -

A/97, as entidades gestoras dos sistemas integrados de embalagens e resíduos de embalagens, bem

como os SGRU, podem propor alterações às especificações técnicas, mediante notificação à Agência

Portuguesa do Ambiente.

Tabela 2-2 - Especificações técnicas para a retoma de resíduos de embalagens de vidro (APA, 2017)

2 No caso dos REV provenientes da recolha seletiva, o teor em matéria orgânica deverá ser inferior a 0.5%

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20

O processo de recuperação do vidro proveniente do fluxo de resíduos indiferenciados apresenta várias

limitações, enumeradas de seguida.

Contaminantes

Apesar de existirem processos de descontaminação que removem os contaminantes referidos na

Tabela 2 (Dias e Carvalho, 2012), o elevado teor e a sua granulometria afetam negativamente os

processos de recuperação do vidro. Materiais infusíveis (pedras, cerâmica e vidro cerâmico) fundem a

uma temperatura superior ao vidro de embalagem causando uma mudança na aparência do produto

final devido à inclusão sólida destes materiais afetando assim a qualidade do produto final.

Humidade

A quantidade de matéria orgânica está muitas vezes associada ao teor em humidade. O excesso de

humidade aumenta o custo do transporte e resulta também na aglomeração das partículas, pois a

humidade faz com que estas fiquem “coladas” umas às outras e também aos equipamentos de

processamento, diminuindo significativamente a eficiência, por exemplo, da crivagem (Dias, 2011) e da

triagem ótica.

Tamanho

Quanto menor o calibre do casco de vidro contaminado menos eficiente é a triagem ótica (Dias et al.,

2014). A tecnologia para descontaminação do casco de vidro incide sobretudo em triadores óticos. O

objetivo deste equipamento é remover materiais não transparentes, normalmente infusíveis como

pedras, cerâmicas e tijolo, entre outros materiais opacos. “O equipamento de separação ótica é dotado

de sensores óticos na parte superior do equipamento, o qual deteta por opacidade a presença de

contaminantes e aciona os bicos de sopro que estão localizados na parte inferior do equipamento, o

qual elimina o contaminante detetado por injeção de ar” (Dias, 2011). Os triadores óticos devem ser

ajustados para o produto que separam (granulometria e teor em contaminantes) de modo a aumentar

a eficiência (Garrinhas, 2014). Como referido anteriormente, quanto menor o calibre do casco de vidro

contaminado mais difícil se torna a remoção dos contaminantes. A evolução desta tecnologia prende-

se com o aumento da eficiência e melhor resolução do equipamento. Em 2013 eram comercializados

equipamentos com resolução de 3mm (os anteriores tinham resolução de 5mm) e atualmente já existem

equipamentos com resolução de 1mm (Binder+co, 2018).

Existem ainda outras tecnologias, como a implosão, que consiste na geração de ondas sonoras cuja

vibração leva à implosão do vidro (Dias, 2011) e (Belo, 2013).

Em relação ao vidro contido no rejeitado pesado proveniente de instalações de TMB, foi desenvolvido

um equipamento, no Centro de Recursos Naturais e Ambiente do IST (CERENA), denominado

RecGlass (Figura 9). Este equipamento explora as diferenças de forma das partículas de vidro e pedras

(Dias e Carvalho, 2012). Se o equipamento funcionar corretamente, o produto concentrado de vidro é

composto maioritariamente por partículas planas que não rolam nem deslizam, movendo-se

ascendentemente com a tela, e o rejeitado, composto por partículas com formato sub-esférico,

sobretudo pedras que rolam, movendo-se no sentido da inclinação da tela.

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21

Figura 9 - Esquema do equipamento RecGlass. Fonte: Dias (2015)

2.3.2. Entidades envolvidas e situação nacional

No âmbito do sistema integrado de gestão de embalagens e resíduos de embalagem (SIGRE), existem

em Portugal cinco entidades gestoras (SPV, NOVO VERDE (NV), ELECTRÃO (EL), VALORMED (VM),

SIGERU (SU)) que se encontram sujeitas aos seguintes princípios e objetivos de gestão: estruturação

de uma rede de recolha seletiva, financiamento dos custos de triagem, armazenagem, transporte,

tratamento e valorização dos resíduos de embalagens depositados nas redes de recolha seletiva, e o

cumprimento de metas de recolha e objetivos mínimos de valorização. A SPV, NV e EL são entidades

licenciadas para a gestão de um sistema integrado de embalagens e resíduos de embalagens. A VM é

uma entidade licenciada para gestão de um sistema integrado de embalagens e resíduos de

embalagens de medicamentos. Finalmente, a SU é uma entidade licenciada para gestão de um sistema

integrado de embalagens e resíduos de embalagens em agricultura (APA, 2019).

A Sociedade Ponto Verde, fundada em 1996, é uma entidade privada sem fins lucrativos com vista a

promover a recolha seletiva, retoma e reciclagem de resíduos de embalagem em Portugal (SPV, 2018).

A sua missão é organizar e gerir a retoma e valorização dos resíduos de embalagens, através do

SIGRE.

A quantidade total de embalagens declaradas à SPV, em 2017, relativas ao fluxo urbano, foi cerca de

670 000 toneladas (SPV, 2018), o que representou uma descida de 4,5% face ao ano anterior,

justificada pela perda de quota decorrente da existência de uma nova entidade gestora a operar no

fluxo de embalagens - a NV. Relativamente à quantidade de vidro de embalagem declarado, que

corresponde à quantidade de embalagens de vidro não reutilizáveis que cada empresa colocou no

mercado português, verifica-se uma diminuição de apenas -0.8% situando-se em 367 387 toneladas

(SPV, 2018). Depois de um período de quebra acentuado do número de embalagens de vidro

declaradas (2010-2013), verificou-se um aumento progressivo das mesmas até 2017, onde ocorreu

uma pequena quebra (Figura 10), também justificada pela atividade da nova entidade gestora.

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22

Figura 10 - Evolução da quantidade total de embalagens de vidro declaradas (t) à SPV

Em 2017, a SPV encaminhou para retoma 163 050 toneladas de REV, sendo que, cerca de 99.8% teve

origem na recolha seletiva e apenas 0,2% teve como proveniência a recolha indiferenciada, mais

concretamente, instalações TMB (SPV, 2018). De salientar que apenas 5 dos 23 SGRU (Ambilital,

Resialentejo, Braval, Algar e Valorsul) atingiram ou ultrapassaram o seu objetivo específico de retomas

do material vidro – que inclui as retomas provenientes da recolha seletiva e indiferenciada.

De acordo com SPV (2018), em 2017 a taxa de retoma dos diversos materiais ficou acima da sua

meta, com exceção do vidro, facto que suporta os objetivos e motivações do presente trabalho (Figura

11).

Figura 11 - Taxa de retoma global da Sociedade Ponto Verde. Fonte: Sociedade Ponto Verde (2018)

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2.3.3. Estudos sociodemográficos sobre reciclagem

A quantidade de REV encontrados no fluxo de resíduos indiferenciados está fortemente associada à

eficácia dos sistemas de recolha seletiva. Compreender os fatores que influenciam a taxa de recolha

seletiva pode revelar-se uma ferramenta útil na identificação do potencial de recuperação de vidro de

cada instalação de TMB.

Dahlén (2008) compilou uma série de estudos sobre a recolha de RSU, tendo obtido um total de 43

fatores que podem influenciar o encaminhamento destes para recolha seletiva. Rendimento médio, net

commuting e densidade populacional são alguns dos fatores estudados. O mesmo estudo identifica

ainda 4 fatores chave no desenvolvimento dos sistemas de recolha seletiva: acessibilidade aos

sistemas de recolha, investimento em programas de informação, tipo de taxa/sanção financeira

associada à recolha de resíduos e definição clara do papel e função dos centros de reciclagem.

Bridgwater e Parfitt (2010) concluiu que a taxa de recolha seletiva depende de fatores como as

caraterísticas dos indivíduos, constituição dos agregados familiares e organização dos sistemas de

recolha.

Máximo (2013) efetuou a revisão bibliográfica dos fatores que afetam a taxa de recolha seletiva dos

quais se destacam os seguintes:

Acessibilidade aos equipamentos de deposição seletiva: as taxas de participação na reciclagem

são mais elevadas quando o utente percorre menores distâncias (Martinho, 1998), (Hage et al., 2009),

(Martin et al., 2006).

Sensibilização ambiental: A eficácia de programas de informação e sensibilização no aumento da

taxa de reciclagem está ainda por comprovar. O estudo realizado por Sidique et al. (2009) mostrou que,

no seu caso de estudo, despender um dólar por pessoa por ano em campanhas de sensibilização

aumenta a taxa de reciclagem em cerca de 2%. Já Ball e Lawson (2004) observaram que o impacto

dessas campanhas nos seus grupos de estudo foi diminuto ou nulo.

Estabelecimento de normas: Vários estudos do século XX (Schultz et al (1995); Noehammer e Byer,

1997), defendem que o estabelecimento de normas comunitárias de reciclagem pode contribuir

positivamente na taxa de recolha seletiva. Mais recentemente, Hage, et al. (2009) afirma que nem as

normas sociais nem as normas legais influenciam o comportamento individual para a separação de

resíduos.

Incentivos financeiros: Incentivos financeiros que compensam a reciclagem dos resíduos mostram

ter um impacte positivo, apesar de limitado, na mudança de comportamentos. Sanções financeiras

aplicadas aquando da não separação dos resíduos afetam significativamente a participação na

reciclagem (Timlett e Williams, 2008).

Caraterísticas demográficas: As caraterísticas demográficas da população influenciam diretamente a

taxa de recolha seletiva de resíduos.

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24

Ribeiro (2014) observou que a capitação de resíduos através de recolha seletiva diminui em zonas com

rendimentos mais baixos.

Oliveira et. al (2017) estudou a taxa de recolha seletiva de RE em Portugal, numa região com baixa

taxa de reciclagem, de modo a determinar quais os fatores que influenciam os índices de reciclagem.

Inicialmente, o estudo identificou 20 indicadores que podem influenciar a taxa de recolha seletiva,

muitos já referidos anteriormente, dividindo-os em duas classes – socioeconómicos/demográficos

(incluindo poder de compra per capita, densidade populacional, grau de escolaridade) e serviço de

recolha (número de habitantes por ecoponto, acessibilidade dos sistemas de recolha, frequência da

recolha, etc.).

O estudo conclui que os 5 fatores chave no aumento da taxa de reciclagem são, por ordem decrescente

de influência, número de habitantes por ecoponto, número de anos de escolaridade, acessibilidade

relativa dos sistemas de recolha, grau de urbanização e área do município.

Número de habitantes por ecoponto: Quanto maior for este número, maior a probabilidade de os

ecopontos atingirem a sua capacidade máxima, podendo provocar o desvio de resíduos previamente

separados para o fluxo indiferenciado.

Número de anos de escolaridade: Em princípio, pessoas com um maior grau de instrução estão mais

conscientes acerca de problemas ambientais e têm maior contato com campanhas de educação

ambiental. Conceitos como reciclagem, separação de resíduos e desenvolvimento sustentável são

atualmente ensinados a partir do 1º ciclo, pelo que se prevê que com o aumento do número de anos

de escolaridade aumente a taxa de recolha seletiva.

Acessibilidade relativa dos sistemas de recolha: Este indicador mede o rácio entre ecopontos e

sistemas de recolha de resíduos indiferenciados. Devido à complexidade de cálculo deste indicador,

pode-se considerar, alternativamente, o indicador “acessibilidade dos sistemas de recolha seletiva”,

que mede a percentagem da população que é servida por sistema de recolha porta-a-porta ou tem um

ecoponto a menos de 200m da sua habitação.

Grau de urbanização: Expressa a percentagem da população que vive em zonas urbanas. Quanto

maior, maior será a taxa de recolha seletiva.

Área: Municípios com maior área estão associados a maiores esforços no que diz respeito à recolha

seletiva.

2.4. Instalações de TMB

O tratamento mecânico e biológico (TMB) de resíduos indiferenciados tem como principal objetivo a

estabilização da matéria orgânica presente nos RSU, diminuindo a lixiviação e a libertação de gases

em aterro, prevendo também a recuperação de materiais para reciclagem (Montejo et al., 2013).

A aplicação de processos biológicos é sobejamente conhecida no tratamento de águas residuais (Pell

e Wörman, 2008). No entanto, o uso destes processos no tratamento de RSU traz desafios diferentes,

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25

uma vez que os fluxos são caracterizados por uma grande heterogeneidade de materiais, muitas vezes

não-biodegradáveis.

Independentemente do tipo de tratamento utilizado, aeróbio ou anaeróbio, é sempre necessário efetuar

um pré e um pós-tratamento (Pearson et al., 2011).

2.4.1. Tratamento mecânico

A preparação inicial de resíduos pode assumir a forma de remoção simples de objetos/materiais

indesejados, como colchões, carpetes, troncos, placas de metal e outros resíduos volumosos que

possam causar problemas nos equipamentos de processamento a jusante.

Outras técnicas utilizadas consistem na abertura de sacos de lixo (vulgarmente designada como abre-

sacos) de forma a libertar os materiais internos, bem como fragmentar e homogeneizar os resíduos em

tamanhos adequados aos processos de separação e tratamento biológico subsequente, dependendo

do processo de TMB empregado. Após o tratamento mecânico, a fração orgânica segue para

tratamento biológico para se proceder à sua decomposição.

De forma resumida, o tratamento mecânico funciona como uma estação de recuperação de materiais,

empregando uma série de processos, incluindo tipicamente um triturador, abre-sacos, trommel, estação

de separação manual, íman, separadores de corrente Eddy e crivos. Depois da fase de trituração inicial

e/ou abertura de sacos, a maioria dos orgânicos putrescíveis e fibras (como papel e cartão) bem como

materiais inertes, serão partículas finas (<80mm) que são separadas do fluxo +80mm através de um

crivo rotativo (trommel). A fração >80mm contém maioritariamente materiais inorgânicos que são

recolhidos através de triagem manual de modo a capturar recicláveis.

Um resumo das técnicas utilizadas na fase de tratamento mecânico pode ser observado na Tabela 2-

3.

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26

Tabela 2-3 - Técnicas usadas no tratamento mecânico de resíduos. Fonte: Máximo (2013)

2.4.2. Tratamento biológico

As tecnologias de tratamento biológico são usadas principalmente para recuperar valor de resíduos

orgânicos de vários tipos, nomeadamente fluxos de RSU indiferenciados (Montejo et al., 2013). Na

natureza, a matéria orgânica é decomposta por uma ampla gama de bactérias, fungos e outros

microrganismos, assim como vermes e insetos, produzindo composto que contribui para os ciclos

naturais de carbono e nutrientes. O tratamento biológico de RSU mimetiza processos naturais de

decomposição num ambiente controlado, convertendo materiais orgânicos em produtos úteis e

valiosos. A decomposição pode ocorrer em condições aeróbias (presença de ar/O2) ou anaeróbias

(ausência de ar) (Pearson et al. 2011).

Compostagem/Digestão Aeróbia: Este processo ocorre na presença de O2 e tem como condição

essencial que o material a ser decomposto seja orgânico. É ainda necessária a presença de

microrganismos para efetuarem a decomposição, muitas vezes presentes nos próprios materiais

aquando do início da compostagem. No entanto, de forma a acelerar o processo, os microrganismos

são por vezes adicionados aos materiais, nomeadamente através da mistura com composto maturado.

Existem diversos fatores limitantes no processo de compostagem e que devem ser controlados de

modo a obter uma máxima eficiência: teor em O2, humidade, pH, temperatura, estrutura do material,

volume dos poros e, finalmente, o rácio carbono/fósforo (C/P) e carbono/azoto (C/N).

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27

Existem variados processos de compostagem que são usualmente divididos em 3 classes:

Estática vs. dinâmica – na primeira a massa do composto permanece em repouso durante o processo,

ao passo que na segunda a massa é misturada durante o processo.

Aberta vs. fechada – ao invés de se realizar a céu aberto, a compostagem fechada, devido ao seu

ambiente selado, permite a recuperação dos gases do processo ricos em amónia.

Forçada vs. não forçada - a compostagem forçada injeta ar no composto através de ventoinhas ou

vácuo. A não forçada exige que o ar encontre de forma natural o composto, o que pode causar

problemas no fornecimento de oxigénio.

Anaeróbio: Este processo, contrariamente ao aeróbio, caracteriza-se por ocorrer na ausência de

oxigénio, requerendo também um reator para que possa ocorrer. Como já foi referido, ambos os

processos requerem a presença de microrganismos e que os resíduos sejam orgânicos.

O reator permite o aumento da eficiência e a aceleração do processo bem como a recolha do biogás

produzido. Ocorre ainda a formação de um subproduto rico em nitrogénio e outros nutrientes que pode

ser utilizado como fertilizante.

De forma simplificada, o processo pode ser descrito da seguinte forma: hidrólise dos biopolímeros

através de organismos aeróbios facultativos, uma vez que é necessário reduzir em tamanho e

complexidade os resíduos que entram no processo e que mais tarde serão degradados; fermentação

– ocorrem três tipos de transformações com formação de ácido acético (CH3COOH), H(g), Co2 e ácidos

gordos voláteis (ex. álcoois) e, finalmente, metanogénese, levada a cabo por dois tipos de

microrganismos – aceto tróficos, que partem o acetato em metano (CH4) + Co2 e hidrogeno tróficos,

que transformam o H e Co2 em CH4 (Figura 12). Os microrganismos acetotróficos são responsáveis

por 70% do biogás produzido, mas crescem de forma lenta pelo que são muitas vezes o passo limitante

na produção de gás. A importância dos microorganismos hidrogenotróficos prende-se com o consumo

de H e respetiva diminuição da pressão de gás, o que facilita a degradação dos ácidos gordos no

processo de fermentação.

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28

Figura 12 - Esquema do processo de tratamento aeróbio (adaptado de Pearson et al., 2011)

2.4.3. Afinação do composto

Após o tratamento biológico, a fração orgânica considerada estabilizada, contém, no entanto, alguns

contaminantes que devem ser removidos mecanicamente na etapa de afinação (Máximo, 2013). Na

fase de afinação são separadas as impurezas que não foi possível separar previamente. A eliminação

de areias, vidro, pedras e outros inertes é feita através de diversos equipamentos, que variam de

instalação para instalação, como por exemplo, crivo e mesa densimétrica (Braval, 2018).

Um resumo dos métodos de afinação pode ser observado na Tabela 2-4.

Tabela 2-4 - Técnicas de afinação. Fonte: Máximo (2013)

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2.4.4. TMB em Portugal

A gestão de RU em Portugal Continental é assegurada por 23 SGRU, 12 multimunicipais e 11

intermunicipais. Em 2018 verifica-se uma grande heterogeneidade entre SGRU no que respeita ao

número de municípios abrangidos, dispersão geográfica, demografia e condições socioeconómicas, o

que se reflete nas opções adotadas em termos de recolha e tratamento dos RU, bem como na rede de

equipamentos e infraestruturas de gestão de resíduos e fluxos de resíduos. (APA, 2018a).

No que respeita ao modo de funcionamento, 16 SGRU (correspondendo a 18 instalações)

caracterizam-se por terem a montante do tratamento biológico um tratamento mecânico destinado a

receber resíduos provenientes da recolha indiferenciada (APA, 2018a). Na Figura 13 pode ser

observada a localização dos SGRU e das infraestruturas de tratamento de resíduos existentes em

Portugal Continental.

Figura 13 - Mapa dos SGRU e das infraestruturas de tratamento em Portugal Continental. Fonte: PERSU 2020 (2014)

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30

2.4.5. Estudos sobre a recuperação de RE de vidro contido no

rejeitado pesado

O crescente interesse na recuperação e reciclagem de vidro, associado, nomeadamente, à poupança

de matérias primas e à proteção do ambiente, tem suscitado a elaboração de diversos estudos

nacionais e internacionais. Os estudos dirigem-se sobretudo à recuperação de vidro de embalagem

contido no TMBr.

Dias (2011) estudou a possibilidade de recuperação de vidro de embalagem contido no rejeitado

pesado proveniente da instalação de TMB da Tratolixo. O estudo citado concluiu que o TMBr da

Tratolixo era na sua maioria composto por vidro de embalagem (80%) e o restante composto por

partículas orgânicas e infusíveis (principalmente pedras). No que refere ao calibre, aproximadamente

80% do rejeitado era composto por partículas no intervalo granulométrico -16 + 5,6 mm. O mesmo

estudo concluiu ainda que “a eliminação da matéria orgânica seguida de uma crivagem, de modo a

eliminar as partículas de calibre inferior a 5,6 mm, resulta num aumento no teor em vidro de 88% para

92%”. No entanto, apenas uma instalação foi estudada pelo que não foi possível extrapolar os

resultados obtidos para o nível nacional.

Máximo (2013) observou que as seis instalações TMB em funcionamento em 2012 (Amarsul,

Resiestrela, Tratolixo, Suldouro, Valnor e Valorlis) apresentavam diferenças significativas quanto à

composição do TMBr – o teor em vidro variava entre 33% e 83%. Quanto aos principais contaminantes

identificados, estes foram pedras e matéria orgânica tal como em Dias (2011). Relativamente à

composição granulométrica, as diversas instalações apresentavam resultados heterogéneos ainda que

se situem maioritariamente na fração +5.6mm,

Belo (2013) observou que o equipamento RecGlass (desenhado com o objetivo de recuperar REV)

apresentou resultados positivos na recuperação de vidro no produto concentrado, com valores que

variavam entre 80% e 90%, quando alimentado pelo rejeitado pesado das instalações de TMB referidas

acima. Dias et al. (2015a) processaram cinco amostras diferentes de TMBr tendo obtido valores de

concentração em vidro entre os 75% e os 85%, e valores de recuperação de vidro entre os 82% e 91%,

valores que, ainda assim, não cumprem os requisitos da indústria recicladora (teor em vidro ≥ 98%) o

que implica o reprocessamento do TMBr. Dias et al., (2015b) processaram três amostras de TMBr numa

instalação piloto desenhada com o intuito de recuperar vidro do fluxo indiferenciado de RSU. Os testes

resultaram na obtenção de produtos com um teor em vidro na ordem dos 99%. O mesmo estudo

concluiu que, quanto maior for o calibre da amostra processada, maior será a percentagem de

recuperação de vidro. Jardim (2015) estudou as variáveis operacionais do equipamento RecGlass que

influenciavam a taxa de recuperação de vidro em escórias de VE. Nos ensaios realizados obtiveram-

se taxas de recuperação de vidro na ordem dos 56% e um teor em vidro no concentrado final de cerca

de 72%.

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Dias (2015) concluiu que o TMBr é um produto com elevada heterogeneidade em relação ao calibre e

composição – tal como verificado nos trabalhos referidos anteriormente – e que estes são influenciados

tanto pelas características da alimentação como pelo tipo de processamento do TMB.

Cook et al. (2015) estudaram a composição do TMBr de quatro instalações TMB no Reino-Unido tendo

concluído que as amostras do TMBr continham um teor em vidro entre 44% e 62%, sendo os seus

principais contaminantes pedras, cerâmicas e tijolos. No mesmo estudo concluiu-se que pequenos

investimentos nas TMB teriam impactos diretos no cumprimento da diretiva de deposição em aterro e

que a recuperação de vidro nestas instalações poderia poupar até 1.9 milhões de libras por ano à

indústria.

Dias et al.,( 2014) estimaram que o total de vidro contido no TMBr das quinze instalações de TMB

previstas entrar em funcionamento em 2014 seria de 48 000 toneladas. Caso a totalidade do vidro

pudesse ser recuperado, a taxa de reciclagem global de Portugal aumentaria 4.4%.

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3. Métodos

3.1. Casos de estudo

As instalações TMB estudadas foram identificadas em reunião de trabalho com a SPV, tendo sido

definidos dois critérios chave: funcionamento em estado estacionário em 2018 e quantidade de

resíduos processados. As instalações que processam menos de 50 000 toneladas/ano de resíduos são

classificadas como “pequenas” e apresentam um baixo potencial de recuperação de vidro, pelo que

são excluídas do processo de caracterização.

Da aplicação dos critérios mencionados, resultou o seguinte:

Algar, Ambilital, Resialentejo e Resíduos do Nordeste foram classificadas como instalações pequenas

sendo, por isso, excluídas do estudo.

Resinorte (funcionamento instável), Suldouro (fechada para obras), Planalto Beirão (ardeu nos

incêndios de 2017, só tem TM ativo), Resiestrela (funcionamento instável) e Gesamb (parada) não se

encontravam em pleno funcionamento em 2018 pelo que foram igualmente excluídas.

Devido ao elevado potencial de recuperação de vidro proveniente das escórias de incineração de

instalações de VE (Jardim, 2013), decidiu-se incluir a instalação da Valorsul como exemplo.

O passo seguinte foi a realização de visita técnica às instalações selecionadas como casos de estudo.

Após visita às instalações dos oito SGRU, concluiu-se que as instalações TMB e VE a caracterizar

seriam as seguintes:

• Amarsul: 2 instalações (Seixal e Setúbal) codificadas como AS-Sx e AS-Set

• Braval: 1 instalação codificada como BV

• Ersuc: 2 instalações (Aveiro e Coimbra) codificadas como ERS-A e ERS-C

• Resitejo: 1 instalação codificada como RT

• Tratolixo: 1 instalação codificada como TL

• Valnor: 1 instalação codificada como VN

• Valorlis: 1 instalação codificada como VL

• Valorsul: 1 instalação codificada como VS

Na altura da realização da visita técnica, a instalação da Braval encontrava-se parada, existindo ainda

um lote armazenado com possibilidade de ser recolhido. Apesar do nível de representatividade da

amostra ser inferior às restantes amostras recolhidas, optou-se por incluir a amostra da BV nos

resultados.

A localização geográfica das instalações estudadas pode ser encontrada na Figura 14. A Tabela 3-1

resume as principais características das instalações.

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Tabela 3-1 - Listagem das instalações alvo de estudo e informações gerais respectivas

SGRU Tamanho Região

(NUTSII)(ii) Tratamento(iii) População(iv)

Entra em TMB/VE (t/ano)

(v)

Amarsul(i) grande A.M. Lisboa Aeróbio (AS-Set) e anaeróbio (AS-Sx)

782 472 179 680

Braval média Litoral Norte Anaeróbio 286 570 78 628

Ersuc(i) grande Litoral Centro Anaeróbio 923 066 351 284

Resitejo grande Litoral Centro Anaeróbio 199 212 157 260

Tratolixo grande A.M. Lisboa Anaeróbio 853 965 174 717

Valnor média Centro e

Alentejo Interior Anaeróbio 249 762 85 734

Valorlis média Litoral Centro Anaeróbio 300 573 85 751

Valorsul - A.M. Lisboa e Litoral Centro

VE 1 600 000 478 706

(i) duas instalações de TMB (ii) classificação litoral/centro feita com base na Portaria n.º 208/2017 de13 de julho (iii) baseado na visita técnica às instalações (iv) fonte: APA, 2018b e relatório e contas das instalações. Dados referentes a 2017 (v) fonte: APA,2018b. Dados referentes a 2017

AS

VL

VN RT

VS

TL

BV

ERS_A

ERS_C

Figura 14 - Localização geográfica das instalações de tratamento de resíduos indiferenciados que constituíram o caso de estudo. Figura sem escala

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3.2. Cálculo do tamanho de amostra

“O problema da amostragem de lotes de material sólido a granel, ocupando um dado domínio espacial

ou temporal, coloca-se sempre que é necessário obter dados com vista a estimar o teor ou a

concentração média, aL, de um determinado componente ativo, designado por constituinte crítico”

(Durão, 2008).

Não sendo praticável a análise de todo o lote, é preciso recorrer à colheita de uma amostra, que pela

sua reduzida dimensão, possa ser integralmente submetida ao processo de análise.

“Conhecida a composição do lote e assumida a aleatoriedade da amostragem, é possível conhecer a

distribuição do teor das amostras, de dada dimensão, geradas por amostragem aleatória dos

fragmentos, distribuídos por classes granulométricas e/ou de composição, do lote. O conhecimento da

distribuição dos teores das amostras conduz diretamente ao conhecimento da distribuição do erro de

amostragem propriamente dita, dado que se conhece o teor do lote” (Durão, 2008).

No trabalho efetuado foi calculado um tamanho de amostra que pudesse ser integralmente submetido

ao processo de análise e que correspondesse ao menor erro de amostragem possível. O erro de

amostragem, assumindo que a amostragem é aleatória3, é dado pela soma do Erro Fundamental (EF)

e do Erro de Agrupamento e Segregação (EG). A amostragem é considerada representativa se a

variância do EF for menor ou igual ao nível de representatividade dado. Erros operacionais

(relacionados com a ação humana e manuseamento/calibração dos equipamentos) foram desprezados

no cálculo do tamanho da amostra.

De acordo com Pierre Gy (1982, 1988) a variância do EF ((EF)) pode ser calculada através da

equação 1:

𝜎2(𝐸𝐹) = 𝐶(1

𝑀𝑠−

1

𝑀𝐿)

(1)

Onde MS e ML são a massa de amostra e massa do lote, respetivamente, e C o fator constante de

heterogeneidade de constituição, relacionado com as características do constituinte crítico selecionado

como a forma, composição mineralógica, tamanho e grau de libertação. O fator C pode ser calculado

através da equação 2:

𝐶 = 𝑓𝑔𝑙𝑚𝑑3 (2)

3 A probabilidade de seleção dos fragmentos ou grupos de fragmentos (incrementos), a incluir na amostra, é constante.

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Onde f é o fator de forma, g está relacionado com a granulometria das partículas, l é o parâmetro de

individualização (=0 para um material sem partículas mistas), m a densidade do constituinte crítico e d

o calibre dos fragmentos mais graúdos do lote.

Finalmente, a massa de amostra (M) a recolher pode ser calculada através da equação 3:

𝑀 = (𝑙𝑓𝑔𝑑3𝐶)/ 𝜎2(𝐸𝐹) (3)

Para a composição do lote foram considerados os valores presentes em Dias (2015), assumindo-se

que a composição do TMBr das instalações estudadas não se alterou de forma significativa nos últimos

anos. O constituinte crítico escolhido foi o material “pedras”, quer pela dificuldade de remoção no

diagrama de processamento quer pelo seu elevado teor (%) na caracterização feita no estudo referido

anteriormente. Se se considerasse apenas a avaliação do teor em vidro, o tamanho de amostra a

recolher seria menor – Anexo I. No cálculo da massa de amostra a recolher foram utilizados os

seguintes valores:

• l = 1

• fvidro = 0.2; fpedras = 0.5

• g = 0.25

• vidro = 2.51 g/cm3 pedras = 2.51 g/cm3

A massa de amostra a recolher em quatro das instalações estudadas (AS, TL, VN e VL), considerando

um desvio padrão do EF igual a 1%, pode ser encontrado na Tabela 3-2. Para as restantes instalações,

o tamanho da amostra resultou de outros fatores como o modo de funcionamento das instalações (ex.

duração do ciclo do pulper, caudal de alimentação, descarga da amostra em queda/não queda).

Tabela 3-2 – Massa de amostra (M) a recolher calculada de acordo com a teoria da amostragem

Instalação (EF) M(Kg)

AS 1% 36

TL 1% 51

VN 1% 73

VL 1% 101

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3.3. Caracterização do TMBr

A caracterização foi realizada em termos de granulometria e composição. As amostras usadas nos

ensaios foram caracterizadas no laboratório do CERENA no IST e no laboratório de Química do IST –

campus Taguspark - com exceção da amostra da Valorlis que foi caracterizada nas instalações do

próprio SGRU. As amostras utilizadas no estudo, de 8 a 82 quilogramas, foram recolhidas pelas

instalações, que garantiram a sua representatividade. A Tabela 3-3 mostra o cronograma completo do

processo de recolha das amostras. Na mesma tabela pode ser observado o erro de amostragem

associado a cada recolha, tendo como constituinte crítico o material vidro. Todas as amostragens têm

um inferior a 1% com exceção das amostras grosseiras da AS-Sx e da amostra grosseira da AS-Set.

O erro de amostragem tendo como constituinte crítico o material “pedras” pode ser observado no Anexo

I. A lista de equipamentos e materiais utilizados na caracterização do rejeitado pesado pode ser

encontrada no ANEXO II.

Às amostras recolhidas foi atribuída uma designação tendo em consideração três critérios: a) código

da instalação; b) granulometria (caso exista mais do que um fluxo) e c) equipamento de proveniência

da amostra (caso exista mais do que um fluxo). Da aplicação dos critérios mencionados resultaram as

seguintes designações:

• Amostra fina (F) da CVO do Seixal, Amarsul – AS-Sx-F

• Amostra grosseira (G) proveniente do crivo vibratório (c) da CVO do Seixal, Amarsul – AS-Sx-

Gcv

• Amostra grosseira proveniente do separador de inertes (inrt) da CVO do Seixal, Amarsul –

AS-Sx-Ginrt

• Amostra fina da CC de Setúbal, Amarsul – AS-Set-F

• Amostra grosseira da CC de Setúbal, Amarsul – AS-Set-G

• Amostra da Braval – BV

• Amostra intermédia (I) proveniente do pulper (p) da CITR de Aveiro, Ersuc – ERS-A-Ip

• Amostra fina proveniente do desarenador (d) da CITR de Aveiro, Ersuc – ERS-A-Fd

• Amostra intermédia proveniente do pulper da CITR de Coimbra, Ersuc – ERS-C-Ip

• Amostra intermédia proveniente do hidrociclone (h) da CITR de Coimbra, Ersuc – ERS-C-Ih

• Amostra da Resitejo – RT

• Amostra da Tratolixo – TL

• Amostra grosseira proveniente do pulper da Valorlis – VL-Gp

• Amostra grosseira da Valorlis – VL-G

• Amostra da Valnor – VN

• Amostra da Valorsul – VS

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Tabela 3-3 – Cronograma do processo de recolha das amostras, massa da amostra recolhida e erro de amostragem utilizando o vidro como constituinte crítico

Instalação Data da visita Data da recolha Amostra Massa da amostra (kg) ()

AS-Sx 29/01/2019 20/02/2019

AS-SxF 43 0.54

AS-SxGinrt 18 5.26

AS-Sx-Gc 38 3.71

AS-Set 29/01/2019 20/02/2019 AS-Set-F 42 0.08

AS-Set-G 34 5.83

BV 15/03/2019 15/03/2019 BV 8 0.76

ERS-C 18/03/2019 11/04/2019 ERS-C-Ip 21 0.60

ERS-C-Ih 12 0.26

ERS-A 18/03/2019 11/04/2019 ERS-A-Ip 17 0.57

ERS-A-Fd 18 0.25

RT 06/02/2019 02/05/2019 RT 19 0.23

TL 08/03/2019 08/03/2019 TL 43 0.06

VL 22/01/2019 26/01/2019 VL-Gp 78 0.38

VL-G 82 0.57

VN 22/02/2019 02/05/2019 VN 19 0.32

VS 07/03/2019 Mar 2019 VS 10 0.54

3.3.1. Métodos

Os procedimentos experimentais utilizados neste estudo para a caracterização do TMBr consistiram

em 5 passos (Figura 15). A metodologia usada para a caracterização é baseada na desenvolvida em

Dias (2011).

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Figura 15 - Diagrama simplificado do processo de caracterização das amostras

1. Homogeneização da amostra – As amostras recolhidas foram revolvidas cuidadosamente com o

recurso a pás - Figura 16c.

2. Divisão da amostra em subamostras – Aplicação do processo de quarteamento manual onde foram

retiradas quadrículas não contíguas de cada amostra – Figuras 16d, 16e e 16f. Posteriormente, a

amostra inicial foi dividida em 4 subamostras com peso aproximadamente igual. As 4 subamostras

dividiram-se recorrendo a um divisor Jones em 3 amostras para análise e uma amostra de testemunho.

3. Lavagem e secagem – Lavagem das subamostras com recurso a uma mangueira com água e a um

crivo retangular com uma malha de 2mm. Secagem em estufa a 105º C durante aproximadamente 12h.

Nas amostras que continham um baixo teor em humidade, o processo de secagem não foi aplicado. As

amostras com reduzida quantidade de orgânicos de calibre fino acoplados aos restantes materiais não

foram submetidas ao processo de lavagem.

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4. Análise granulométrica – Crivagem realizada em agitador mecânico seguida de uma crivagem

manual. Usou-se uma série de crivos com aberturas da malha decrescente, em progressão geométrica,

de forma a garantir a constância dos desvios relativos máximos (Cortez e Durão, 1982). A razão de

progressão usada foi 2½ e foram usados um total de cinco crivos (22.4; 16.0; 11.2; 8.0; 5.6mm). Tal

como em Dias (2015), observou-se, após a aplicação dos processos 1 a 3, que o teor em vidro da

fração infra 5.6mm era relativamente baixo pelo que esta fração foi excluída do processo de

caracterização. Apesar de uma análise granulométrica correta obrigar à utilização de crivos de malha

superior a 22.4mm nas amostras AS-Sx-Ginrt, AS-Sx-Gc, AS-Set-G, VL-Gp e VL-G, pois

convencionalmente aceita-se que o crivo de maior abertura de malha retenha até um máximo de 10%

da amostra, optou-se, por questões de uniformização e logística, por utilizar a mesma série de crivagem

para todas as amostras provenientes das diferentes instalações.

5. Análise de composição - Cada fração granulométrica foi submetida a uma análise de composição

manual/visual (Figuras 17a e 17b) de modo a classificar os diferentes materiais presentes nas

amostras. Posteriormente à análise visual da amostra, foram definidas as seguintes classes de

materiais: vidro, pedras, cerâmica + tijolo, metais, orgânicos e plástico. Após separação manual dos

materiais, estes foram pesados em balança digital. A pesagem foi feita para cada material e respetiva

fração granulométrica (ex. peso do vidro na fração + 22.4mm).

Figura 16 - Processo de amostragem do rejeitado. a) Recolha da amostra. b) rejeitado pesado. c)

homogeneização da amostra. d), e), f) subdivisão da amostra

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Figura 17- Composição do rejeitado do TMB a) -8mm + 5.6mm b) -16mm +11.2mm; materiais: 1) pedras; 2) cerâmica + tijolo; 3) vidro; 4) plástico; 5) orgânicos; 6) metal – graduação da régua, cm

Uma vez que nas subamostras da Amarsul nem sempre foi possível separar os plásticos do material

orgânico e dado que os equipamentos de processamento do TMBr separam os dois materiais através

do mesmo processo (aspiração), optou-se por representar, na secção de apresentação dos resultados,

os dois materiais numa só classe, “orgânico + plástico”, para todas as amostras. De referir que nas

amostras onde foi possível separar os dois materiais, o teor em plásticos é residual (<4%), com exceção

da amostra proveniente da instalação da Braval (21%) - Anexo III.

Os equipamentos óticos utilizados atualmente nas indústrias de descontaminação de vidro têm a sua

eficiência fortemente influenciada pelo calibre das partículas e a contaminação do produto, pelo que é

essencial a análise da composição por fração granulométrica. No caso do vidro, a análise foi feita para

cada uma das amostras. Dada a baixa variabilidade dos teores em pedras e orgânicos em cada

subamostra, a análise de composição por fração granulométrica destes contaminantes foi feita apenas

para uma subamostra de cada instalação. Foi ainda analisada a evolução do teor em vidro e dos

principais contaminantes em função da granulometria das partículas. Como a etapa de triagem ótica

constitui uma parte importante do diagrama de processamento, a classe “tijolo + cerâmica” foi incluída

na análise.

Após a caracterização das amostras, foi estimada a quantidade de vidro contida no TMBr, através dos

caudais do rejeitado pesado de cada instalação. Visto que algumas das instalações agora

caracterizadas, foram também alvo de estudo no projeto RecGlass, foi comparada a composição

material do TMBr das instalações simultaneamente estudadas no presente trabalho e no projeto

RecGlass.

Finalmente, tentou-se relacionar a composição do TMBr, com fatores sociodemográficos e dados do

sistema de recolha seletiva. Foi ainda estudada a possível influência dos fatores sociodemográficos

nos hábitos de reciclagem de embalagens de vidro por parte das populações.

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41

Os indicadores selecionados para o estudo foram os mesmos que os presentes no estudo Oliveira et.

al (2017), dado terem sido os fatores identificados como tendo maior influência sobre as taxas de

reciclagem. Os indicadores “acessibilidade dos sistemas de recolha” e “grau de urbanização” foram

excluídos do estudo, dado não ter sido possível obter os dados necessários. O significado de cada

indicador encontra-se descrito no capítulo 2. Usou-se ainda o indicador “número de habitantes por

contentor verde (vidrão)”, dada a sua possível influência na quantidade de vidro no fluxo de resíduos

indiferenciados. Na análise efetuada foi assumido que a quantidade de vidro presente no TMBr

corresponde à quantidade total que entra nas instalações e que é residual a quantidade deste material

nos outros fluxos do processo de tratamento (composto, refugo ou diretamente enviado para aterro).

No caso das instalações que fazem recuperação manual do vidro, foi somada à quantidade total contida

no TMBr a quantidade recuperada anualmente. O teor médio em vidro de todas as instalações

estudadas é de 5.04%. Este valor encontra-se próximo do valor da caracterização física média dos RU

produzidos no Continente (7.27%) (APA, 2018a), o que pode indicar a validade da assunção feita. Os

dados utilizados podem ser encontrados no Anexo IV.

Os indicadores selecionados foram os seguintes:

a) Número de habitantes por ecoponto – valores reportados por cada SGRU 2017

b) Proporção do poder de compra per capita (%). Calculada através da soma da contribuição

relativa de todos os municípios servidos pelo respetivo SGRU

c) Quantidade de embalagens de vidro retomadas através da recolha seletiva (kg/habitante.ano)

– reportada por cada SGRU em 2018

d) Percentagem da população analfabeta. Calculada com o valor para cada distrito servido pelo

SGRU. No caso de SGRU que sirvam mais do que um distrito foi utilizada a média. A escolha

justifica-se por se tratar do indicador entre os possíveis, relativos ao nível de escolaridade, o

que apresenta a maior variabilidade.

e) Número de habitantes por contentor verde – Valores referentes ao ano de 2014

f) Área (km2) – valores reportados por cada SGRU

Após a aplicação do modelo estatístico regressão linear simples, que não devolveu resultados

expressivos, recorreu-se à técnica de análise multidimensional de dados e estatística descritiva

univariada designada como análise fatorial de correspondências (AFC). “A AFC é uma técnica

estatística multivariada, no domínio da Análise Fatorial, que permite a visualização e redução de dados

contidos em tabelas de grandes dimensões, cruzando um certo número de indivíduos com as variáveis

qualitativas que os caracterizam. A AFC binária utiliza-se principalmente quando se pretende tratar

tabelas de contingências, ou tabelas de notas desdobradas ou tabelas em que um conjunto de

indivíduos é caracterizado por um conjunto de variáveis que tomam valores reais positivos e

homogéneos” (Sousa, 2007). “A ideia básica é projetar indivíduos e propriedades em gráficos planos

(a duas dimensões) definidos por um pequeno número de eixos, minimizando, contudo, a perda de

informação (deformando o menos possível as relações geométricas entre os pontos que representam

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42

os dados de partida)” (Garcia Pereira e Sousa, 2012). ” A interpretação dos resultados de uma AFC

consiste em atribuir um significado aos eixos de inércia em termos das propriedades (ou indivíduos)

que os explicam; num segundo passo, as relações entre indivíduos e propriedades são interpretadas

com base no significado conferido aos eixos no primeiro passo)” (Garcia Pereira e Sousa, 2012).

De modo a aplicar a AFC ao conjunto de dados é necessário criar um quadro de descrição lógica

(Tabela 3-4) que é depois transformado numa justaposição de tabelas de contingência. As classes

estabelecidas para os fatores estudados foram:

• Quantidade de vidro por habitante: acima da média das instalações (v+), abaixo da média

(v-)

• Habitantes por ecoponto: acima da média (h+), abaixo (h-)

• Proporção do poder de compra per capita; acima da média (p+), abaixo (p-)

• Taxa de analfabetismo: acima da média (e-), abaixo da média (e+)

• Quantidade de embalagens de vidro retomadas por habitante: acima da média (r+), abaixo

(r-)

O indicador “área” foi excluído desta análise uma vez que a AFC requer um bom rácio entre o número

de amostras (instalações) e o número de indicadores/variáveis.

A aplicação da AFC foi feita através do programa de análise multidimensional de dados ANDAD.

Tabela 3-4 – Matriz de correspondências

instalação v- v+ h- h+ p- p+ e- e+ r- r+

AS 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0

BV 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1

ERS 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1

RT 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0

TL 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0

VL 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0

VN 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0

VS 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1

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43

Posteriormente, as instalações TMB e os indicadores/variáveis foram projetados nos dois primeiros

eixos fatoriais da análise de correspondências. As instalações foram introduzidas com o objetivo da

avaliação da sua relação de proximidade com os indicadores selecionados (sociodemográficos e

serviço de recolha seletiva). Esta análise seguiu a metodologia usada em Rodrigues et al. (2013).

Finalmente, e de modo a compreender se a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos

indiferenciados depende de algum dos indicadores estudados, a quantidade de vidro que entra em

cada instalação por habitante e os indicadores foram projetados no plano de análise de

correspondências.

3.3.2. Proveniência das amostras

A Tabela 3-5 identifica a origem das amostras analisadas e resume as principais características de

processamento das instalações que possam ter efeito na composição do TMBr. As características são

a remoção manual de vidro na fase inicial do TM, a malha dos crivos de saída do TMBr e a fase do

processo de TM/TB.

Tabela 3-5 – Origem das amostras analisadas e principais características de processamento das instalações

Amostra Instalação Remoção de Vidro Calibre Fase do Processo

AS-Sx-F CVO Seixal ✔ <12mm Mesa densimétrica

AS-Sx-Ginrt CVO Seixal ✔ <75mm Separador de inertes

AS-Sx-Gc CVO Seixal ✔ >12mm Crivo vibratório

AS-Set-F CC Setúbal ✖ <12mm Mesa densimétrica

AS-Set-G CC Setúbal ✖ <75mm Crivo de afinação

BV Braval ✔ -10mm +2mm Afinação

ERS-C-Ip CITR Coimbra ✖ <70mm Pulper

ERS-C-Ih CITR Coimbra ✖ <20mm Hidrociclones

ERS-A-Ip CITR Aveiro ✖ <70mm Pulper

ERS-A-Fd CITR Aveiro ✖ <20mm Desarenador RT Resitejo ✖ <10mm Crivo rotativo/afinação

TL CDA Abrunheira ✖ <12mm Afinação

VL-Gp Valorlis ✖ -80mm +10mm Pulper

VL-G Valorlis ✖ <80mm Pulper (alimentação)

VN Valnor ✔ <10mm Afinação

VS Valorsul ✖ <35mm Crivo rotativo

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44

4. Resultados e Discussão

No presente capítulo são apresentados os resultados da caracterização do rejeitado pesado

proveniente das instalações estudadas em termos de distribuição granulométrica (secção 4.1) e de

composição das partículas (secção 4.2). São também apresentados os resultados relativos ao potencial

de recuperação de vidro de cada instalação (secção 4.3), evolução da composição do TMBr (secção

4.4), e a influência dos fatores sociodemográficos selecionados e qualidade do sistema de recolha

seletiva na quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado (secção 4.5).

4.1. Análise granulométrica

Foram realizadas três análises com três subamostras para cada instalação. Os resultados de todos os

ensaios granulométricos com curva cumulativa podem ser vistos no ANEXO III.

A Figura 18 mostra a distribuição granulométrica das amostras de TMBr. Verifica-se que as amostras,

quanto à sua distribuição granulométrica, podem ser agrupadas em três categorias. As amostras finas,

que se distinguem por serem as que contêm menos de 50% das partículas com calibre superior a

5.6mm, as amostras intermédias, que contêm 67% a 76% das partículas com calibre acima de 5.6mm.

e ainda as amostras grosseiras, com mais de 88% das partículas com calibre superior a 5.6mm. No

que respeita ao calibre máximo, as amostras finas apresentam menos de 1% das partículas com calibre

superior a 22.4mm e as amostras intermédias contêm entre 0% e 7% das partículas no mesmo

intervalo. As amostras grosseiras apresentam grande heterogeneidade, com 13% a 69% das partículas

com granulometria superior a 22.4mm.

No final a classificação granulométrica das amostras foi a seguinte:

• Finas – AS-Sx-F, AS-Set-F, BV, ERS-A-Fd, RT, TL, VN e VS

• Intermédias – ERS-C-Ip, ERS-C-Ih, ERS-A-Ip

• Grosseiras – AS-Sx-Gc. AS-Sx-Ginrt, AS-Set-G, VL-Gp e VL-G

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45

Figura 18 - Curva cumulativa superior da distribuição granulométrica de todas as amostras; amostras finas a tracejado, amostras intermédias com linha contínua e marcador tipo diamante, amostras grosseiras com linha

contínua e marcador tipo círculo

A figura 19 mostra as imagens das três categorias de produtos conforme a granulometria.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assa

nte

acu

mu

lad

a

Calibre (mm)

AS-Sx-F

AS-Sx-Ginrt

AS-Sx-Gc

AS-Set-F

AS-Set-G

BV

ERS-C-Ip

ERS-C-Ih

ERS-A-Ip

ERS-A-Fd

RT

TL

VL-Gp

VL-G

VN

VS

fina intermédia grosseira

Figura 19 - Categorias de produtos conforme a granulometria do TMBr

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46

4.2. Análise de composição

Os resultados das análises de composição de todas as amostras são apresentados na Figura 20. Foi

observado que a maioria das amostras apresenta um teor em vidro superior a 50% e um valor residual

de outros recicláveis. O principal contaminante é material orgânico, observando-se também teores

consideráveis de pedras, cerâmicas e tijolo. A composição material detalhada de cada amostra é

apresentada no Anexo III.

Como se pode ver na Figura 25, há um conjunto de amostras que têm um teor em “orgânicos +

plásticos” superior a 50%. São estas as amostras finas BV, RT, VN e ainda a amostra grosseira AS-Sx-

Ginrt. Em sentido inverso, as amostras ERS-C-Ip, VL-G e VS destacam-se pelo baixo teor em orgânicos

e plásticos (<15%). Observa-se que a percentagem de é metal muito baixa (inferior a 4%) em todas as

amostras, e o teor em cerâmica e tijolo varia entre os 7% e os 21%.

Figura 20 - Composição das amostras de TMBr

De modo a obter uma noção mais clara do teor em vidro de cada amostra analisada, foram criados dois

gráficos representando apenas o teor em vidro de cada amostra e instalação – Figuras 21 e 22.

Na Figura 21 é possível observar que todas as amostras de calibre intermédio têm um teor em vidro

superior a 66% e as amostras grosseiras têm um teor em vidro entre 25% e 57%. As amostras finas

55

25

44

72

41

12

66 70 7363

18

57 57 57

25

65

11

3

8

7

7

6

14 710

3

7

116 9

8

12

7

66

11

7

7

6 13

16

2131

63

41

17

45

79

5

168

32

74

2621

14

66

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Teo

r(%

)

Amostra

Orgânico + Plástico

Metal

Tijolo + Cerâmica

Pedras

Vidro

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47

apresentam grande heterogeneidade da variável teor em vidro, com valores compreendidos entre os

12% e os 72%. Metade das amostras finas apresenta um teor em vidro igual ou inferior a 25%.

Figura 21 - Teor em vidro (%) de cada amostra

Na Figura 22 o teor em vidro é apresentado por ordem crescente com referência a todas as instalações

estudadas: Braval, Resitejo, Valnor, CVO do Seixal (AS-Sx), CC de Setúbal (AS-Set), Tratolixo, Valorlis,

CITR Aveiro (ERS-A), Valorsul e CITR Coimbra (ERS-C).

Nas instalações que retiram o vidro à cabeça do processo de tratamento (CVO do Seixal, Braval e

Valnor), verifica-se, efetivamente, um teor em vidro inferior quando comparadas com instalações que

não o fazem, com exceção da instalação da Resitejo, que não faz recuperação de vidro no processo

de TM e apresenta teores em vidro semelhantes aos das TMB que o fazem.

55

25

44

72

41

12

66 70 7363

18

57 57 57

25

65

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Teo

r em

vid

ro (

%)

Amostra

Vidro

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48

Figura 22 - Teor em vidro (%) por ordem crescente com referência a todas as instalações estudadas; TMB que

retiram vidro no processo de TM destacadas

4.2.1. Distribuição dos componentes por classe

granulométrica

Na Figura 23 é possível observar que, nas amostras finas, o vidro está concentrado sobretudo nas

frações granulométricas inferiores (com 74% a 100% do vidro concentrado no intervalo +5.6mm -

11.2mm). No caso das amostras intermédias, a concentração de vidro encontra-se distribuída de forma

tendencialmente uniforme nos intervalos +5.6mm -8mm e +8mm -11.2mm, apresentando também uma

concentração de vidro considerável na fração +11.2mm -16mm (superior a 22%). As amostras

grosseiras apresentam tendência inversa às finas com mais de 54% do vidro concentrado nas frações

granulométricas superiores (+11.2 +22.4).

A amostra mais grosseira da CVO do Seixal (AS-Sx-Ginrt) destaca-se, uma vez que cerca de 55% do

vidro está concentrado na fração supra 22.4mm. A amostra grosseira da CC de Setúbal (AS-Set-G) e

amostra mais grosseira da Valorlis (VL-G) apresentam também elevada concentração de vidro na

fração supra 22.4mm (37% e 28% respetivamente).

1218

25

40

5257 57

64 65 67

0

10

20

30

40

50

60

70

80

BV RT VN AS-Sx AS-Set TL VL ERS-A VS ERS-C

Teo

r em

Vid

ro (

%)

Instalação

Vidro

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49

Figura 23 - Distribuição granulométrica do vidro para cada amostra

As Figuras 24 e 25 mostram a distribuição granulométrica dos contaminantes pedras e material

orgânico.

A distribuição granulométrica das pedras em cada amostra (Figura 24), é semelhante à do vidro, sendo

possível observar que, nas amostras finas, a maior concentração ocorre tendencialmente na fração

+5.6mm -8mm (38% a 68%). As amostras intermédias e grosseiras apresentam, respetivamente, 20%

a 34% e 7% a 12% das pedras concentradas na fração -8mm +5.6mm.

Figura 24 - Distribuição granulométrica do material pedras para cada subamostra

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% e

m p

eso

do

vid

ro

Amostra

+22.4mm

-22.4mm +16mm

-16mm +11mm

-11mm +8mm

-8mm +5.6mm

finas intermédias grosseiras

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

AS-

Sx-F

AS-

Set-

F

BV

ERS-

A-F

d

RT TL VN VS

ERS-

C-I

p

ERS-

C-I

h

ERS-

A-I

p

AS-

Sx-G

inrt

AS-

Sx-G

c

AS-

Set-

G

VL-

Gp

VL-

G

% e

m p

eso

de

ped

ras

Amostra

+22.4mm

-22.4mm +16mm

-16mm +11mm

-11mm +8mm

-8mm +5.6mm

finas intermédias grosseiras

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50

A distribuição granulométrica da matéria orgânica e dos plásticos (Figura 25), segue a tendência do

vidro e das pedras. Nas amostras finas a concentração de matéria orgânica e plásticos incide sobretudo

nas granulometrias inferiores (+5.6mm -8mm), excetuando a amostra da Valorsul que, por ser uma

instalação de VE, tem valores residuais de material orgânico.

Figura 25 - Distribuição granulométrica da matéria orgânica e plásticos para cada subamostra

Como referido anteriormente, o calibre pode ser uma propriedade discriminatória entre o vidro e alguns

contaminantes.

As Figuras 26 a 28 mostram a evolução do teor em vidro e dos principais contaminantes em função da

granulometria das partículas. As figuras mencionadas poderão constituir um bom auxiliar na

determinação e calibração dos processos e equipamentos a utilizar no processamento de cada

amostra.

Nas amostras finas da Ersuc e da Resitejo (ERS-A-Fd e RT), o teor em vidro e o teor em pedras

aumentam com o aumento do calibre. Inversamente, o teor em orgânicos diminui com o aumento do

calibre.

Na amostra da Tratolixo (TL) e numa das amostras grosseiras da CVO do Seixal (AS-Sx-Gc), verifica-

se uma diminuição do teor em vidro com o aumento do calibre e um aumento do teor em matéria

orgânica e plásticos com o aumento do calibre.

Na amostra da Valorsul (VS), observa-se uma diminuição do teor em vidro com o aumento do calibre e

a tendência inversa do teor em tijolo e cerâmica.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

AS-

Sx-F

AS-

Set-

F

BV

ERS-

A-F

d

RT TL VN VS

ERS-

C-I

p

ERS-

C-I

h

ERS-

A-I

p

AS-

Sx-G

inrt

AS-

Sx-G

c

AS-

Set-

G

VL-

Gp

VL-

G% e

m p

eso

de

org

ânic

os

e p

lást

ico

s

Amostra

+22.4mm

-22.4mm +16mm

-16mm +11mm

-11mm +8mm

-8mm +5.6mm

intermédias grosseirasfinas

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51

É ainda possível observar duas relações em duas amostras intermédias da Ersuc. Na amostra ERS-C-

Ip, o teor em vidro diminui com o aumento do calibre, com o teor em pedras a registar um

comportamento inverso (exceto na fração +8mm -11.2mm). Na amostra ERS-C-Ih, o teor em vidro

diminui com o aumento do calibre. Já o teor em pedras, cerâmicas e tijolos aumenta com o aumento

do calibre.

As restantes amostras não apresentam padrões de relação entre a evolução do teor em vidro e os

principais contaminantes em função da granulometria das partículas.

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52

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

AS-Set-F

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

BV

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

ERS-A-Fd

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

RT

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plásticos Vidro

TL

AS-Sx-F

Figura 26 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-F, AS-Set-F, BV, ERS-A-Fd, RT e TL

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53

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plásticos Vidro

VN

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plásticos Vidro

VS

020406080

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

ERS-C-Ip

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

ERS-C-Ih

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

ERS-A-Ip

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

AS-Sx-Ginrt

Figura 27 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; VN, VS, BV, ERS-C-Ip, ERS-C-Ih, ERS-A-Ip, AS-Sx-Ginrt

Page 73: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

54

4.3. Quantidade de vidro contido no TMBr das instalações

Após a análise do fluxo de vidro contido no TMBr quanto ao teor em contaminantes e granulometria,

procedeu-se ao cálculo da quantidade efetiva de vidro existente.

A Tabela 4-1 apresenta a quantidade de vidro contido no TMBr das nove instalações estudadas, bem

como para a instalação de VE estudada. As instalações com maior potencial para a recuperação de

vidro são a Valorsul, Ersuc-Coimbra e Ersuc-Aveiro. As instalações Valnor, Braval e Amarsul-CC

apresentam menor potencial de recuperação de vidro, justificado pela recuperação do mesmo no

processo de TM. A Resitejo, apesar de não realizar recuperação de vidro no processo de TM apresenta

também um reduzido potencial. Dos valores obtidos pode concluir-se que é possível recuperar,

anualmente, cerca de 46 267 toneladas de vidro no respeita às TMB e 111 386 toneladas se for incluída

a instalação de VE da Valorsul.

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

AS-Sx-Gc

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

AS-Set-G

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

VL-Gp

0

20

40

60

80

% e

m P

eso

Intervalo granulométrico(mm)

Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro

VL-G

Figura 28 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-Gc, AS-Set-G, VL-Gp e VL-G

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55

Tabela 4-1 - Vidro contido no TMBr das instalações estudadas

Instalação Caudal TMBr(i) (t/a) Teor em Vidro (%) Vidro contido no TMBr

(t/ano)

AS-CVO 10 471.0 40 4 396.6

AS-CC 6 696.0 52 3 146.9

BV 3 000.0 12 367.6

ERS-C 17 175.4 67 11 353.5

ERS-A 21 994.2 64 15 648.7

RT 11 128.0 18 1 966.3

TL 9 714.0 57 5 531.5

VL 6 500.0 57 3 707.9

VN 592.0 25 148.0

VS 100 000.0 65 65 119.0

Total - - 111 385.8

Total s/VE - - 46 267.0

(I) obtido através do contato com as respetivas instalações

Considerando apenas as TMB, verifica-se um aumento de cerca de 29 500 toneladas de vidro contido

no TMBr em relação às quantidades obtidas no estudo Dias et al., (2012) – que calculou a quantidade

de vidro presente no TMBr de cinco das seis instalações em funcionamento em 2012 (Amarsul,

Tratolixo, Valnor, Suldouro e Valorlis). O mesmo estudo, estimou a quantidade de vidro para as quinze

instalações previstas entrar em funcionamento em 2014. A quantidade de vidro existente nas nove

instalações TMB estudadas é apenas 3.6% inferior ao estimado em Dias et al., (2012) o que pode

indicar que os pressupostos utilizados nesse estudo, no cálculo do quantitativo de vidro, não se

encontram ajustados à realidade atual.

4.4. Evolução temporal da composição do TMBr

A Figura 29 representa a evolução da composição do TMBr das instalações estudadas no projeto

RecGlass e que foram, igualmente, objeto de caracterização no presente trabalho. Em termos de teor

em vidro, apenas se verifica uma mudança significativa na instalação da Valnor, com uma diminuição

de 59% para 25%. Esta alteração pode ser justificada pela alteração do processo de tratamento. Em

2013, a Valnor produzia um fluxo único de TMBr, que atualmente se divide num fluxo designado por

“estruturante” e noutro designado por “inertes”.

Quanto aos contaminantes, verifica-se uma diminuição do teor em pedras em todas as instalações,

possivelmente justificada pela alteração do encaminhamento de resíduos provenientes das varreduras

de ruas e estradas. Inversamente, verifica-se um aumento, ainda que ligeiro (com exceção da Valnor),

no teor em matéria orgânica junto com plásticos. A diferença no teor em matéria orgânica e plásticos

pode ser justificada pela não secagem de todas as amostras (ao contrário do que foi feito no projeto

RecGlass). Outra possível justificação é o estado de operação dos equipamentos (como, por exemplo,

a duração do ciclo do pulper). Dias (2015) observou grande variabilidade na composição das amostras

utilizadas nos ensaios piloto e nos ensaios laboratoriais. Este estudo identifica a variabilidade dos RU

Page 75: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

56

de entrada nas instalações como a principal razão para as diferenças encontradas. Destaca-se a

elevada percentagem de matéria orgânica presente no TMBr da Valnor (66%).

Figura 29 - Comparação entre a composição total das amostras analisadas no projeto RecGlass e alvo deste

estudo

Tendo como base a informação obtida por Máximo (2013), Dias (2015) e pelo projeto RecGlass, neste

subcapítulo pretendeu-se estudar a evolução da quantidade de vidro que ocorre no TMBr com possíveis

mudanças que tivessem ocorrido no sistema de recolha seletiva, como por exemplo, quantidade de

REV e RE retomados, número e custos de campanhas de sensibilização e evolução do número de

ecopontos. Contudo, vários constrangimentos impediram esta análise:

a) No projeto RecGlass apenas foram caracterizadas as frações finas da CC de Setúbal e da

Valorlis (AS-Set-F e VL-Gp respetivamente), pelo que não se sabe qual a quantidade total de

vidro processado por cada instalação.

b) A instalação da Tratolixo ainda se encontrava em fase de testes em 2013, pelo que os

resultados não podem ser comparados.

c) No projeto RecGlass, existia um fluxo único do TMBr da Valnor. Atualmente, este fluxo é dividido

em dois (inertes e estruturante).

Os dados referentes às análises de composição efetuadas no projeto RecGlass podem ser encontrados

no Anexo III.

69 7259 57 56 57 59

25

19 7

116

20 1117

8

913

10 17 17 21 21 26 19

66

0102030405060708090

100Te

or

(%)

Instalação TMB

Vidro Pedras Cerâmica + Tijolo Metal Orgânico + Plástico

Page 76: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

57

4.5. Indicadores sociodemográficos e composição do TMBr

As Figuras 30 a 37 apresentam a quantidade de vidro gerada anualmente por habitante que entra em

TMB em função dos indicadores sociodemográficos e da qualidade do serviço de recolha seletiva,

referidos no capítulo 3.

Para os vários indicadores estudados, procedeu-se a um ajuste dos pontos experimentais, tendo sido

excluída a Braval, por se encontrar com a instalação parada na altura da colheita da amostra, bem

como a Valorsul por ser uma instalação de VE.

O número de habitantes por ecoponto parece ser uma variável pouco explicativa da quantidade de vidro

encontrada nos resíduos indiferenciados, como se pode verificar na Figura 30, que apresenta a

quantidade de vidro nos resíduos indiferenciados em função do número de habitantes por ecoponto.

Figura 30 – Relação entre o número de habitantes por ecoponto e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)

AS

BV

ERSUCRT

TL

VL

VN

VS

0

50

100

150

200

250

300

350

0 10 20 30 40 50

de

hab

itan

tes

po

r ec

op

on

to

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUCRT

TL

VL

VN

VS

0

50

100

150

200

250

300

350

0 10 20 30 40 50

de

hab

itan

tes

po

r ec

op

on

to

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUC

RT

TL

VL

VN

0

50

100

150

200

250

300

0 10 20 30 40

de

hab

itan

tes

po

r ec

op

on

to

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

Page 77: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

58

A proporção do poder de compra per capita dos municípios pertencentes a cada SGRU, não parece

exercer uma clara influência na quantidade de vidro que entra no fluxo de resíduos indiferenciados,

(Figura 31).

Figura 31 - Relação entre a proporção do poder de compra per capita e a quantidade de vidro presente no fluxo

de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)

Através das Figuras 32 a 34, é possível observar uma elevada correlação entre a quantidade de

embalagens de vidro retomadas por cada SGRU e a quantidade de vidro que entra em TMB.

A tendência observada é totalmente inversa à esperada – quer considerando estudos anteriores quer

o senso comum uma vez que quanto maior for a quantidade de embalagens de vidro retomadas, menor

deveria ser a quantidade de vidro presente no fluxo indiferenciado. Uma das possíveis justificações é

AS

BV

ERSUC

RT

TL

VL

VN

VS

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

0 10 20 30 40 50

pro

po

rção

do

po

der

de

com

pra

per

ca

pit

a

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)))

AS

ERSUC

RT

TL

VL

VN

VS

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

0 10 20 30 40 50

pro

po

rção

do

po

der

de

com

pra

per

ca

pit

a

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)))

AS

ERSUC

RT

TL

VL

VN

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

0 10 20 30 40

pro

po

rção

do

po

der

de

com

pra

per

ca

pit

a

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)))

Page 78: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

59

a quantidade total de REV gerados por habitante. Os SGRU que sirvam populações que produzam

mais REV terão sempre maior quantidade de vidro contido no TMBr associado, independentemente do

número de embalagens de vidro retomadas.

Figura 32 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE

Figura 33 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. BV excluída

AS

BV

ERSUC

RT

TL

VL

VN

VS

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

reto

mas

de

emb

alag

ens

de

vid

ro r

ec.

sele

tiva

(kg

/hab

.an

o)

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUC

RTTL

VL

VN

VS

y = 0.1545x + 11.452R² = 0.7287

0

5

10

15

20

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

reto

mas

de

emb

alag

ens

de

vid

ro r

ec.

sele

tiva

(kg

/hab

.an

o)

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

Page 79: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

60

Figura 34 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro presente no

fluxo de resíduos indiferenciado. BV e VS excluídas

A taxa de analfabetismo das populações servidas por cada SGRU não parece ter nenhuma influência

no desvio dos REV para o fluxo indiferenciado (Figura 35).

Figura 35 - Relação entre a taxa de analfabetismo da população e a quantidade de vidro presente no fluxo de

resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)

AS

ERSUC

RTTL

VL

VN

y = 0.2562x + 10.494R² = 0.8948

0

5

10

15

20

0 5 10 15 20 25 30 35

reto

mas

de

emb

alag

ens

de

vid

ro r

ec.

sele

tiva

(kg

/hab

.an

o)

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

BV

ERSUCRT

TL

VLVN

VS

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

0 10 20 30 40 50

% d

a p

op

ula

ção

an

alfa

bet

a

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUCRT

TL

VLVN

VS

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

0 10 20 30 40 50

% d

a p

op

ula

ção

an

alfa

bet

a

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUCRT

TL

VLVN

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

0 10 20 30 40

% d

a p

op

ula

ção

an

alfa

bet

a

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

Page 80: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

61

O número de habitantes por contentor verde também não parece exercer influência no desvio dos REV

para o fluxo indiferenciado (Figura 36).

Figura 36 - Relação entre o número de habitantes por contentor verde e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)

Como referido no capítulo 2.3, os municípios com maior área estão normalmente associados a maiores

esforços no que diz respeito a recolha seletiva. As Figura 37 mostra a relação entre a área servida por

cada SGRU e a quantidade de vidro por habitante encontrada no fluxo indiferenciado. Mais uma vez

não parece existir qualquer relação entre o indicador e a variável quantidade de vidro.

AS

BV

ERSUC

RT

TL VL

VN

VS

0

50

100

150

200

250

300

0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00

de

hab

itan

tes

po

r co

nte

nto

r ve

rde

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUC

RT

TL VL

VN

VS

0

50

100

150

200

250

300

0 10 20 30 40 50n

º d

e h

abit

ante

s p

or

con

ten

tor

verd

e

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUC

RT

TL VL

VN

0

50

100

150

200

250

300

0 10 20 30 40

de

hab

itan

tes

po

r co

nte

nto

r ve

rde

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

Page 81: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

62

Figura 37 - Relação entre a área servida por cada SGRU e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)

Uma vez que o método de regressão linear simples não devolveu resultados expressivos, recorreu-se

à técnica de análise multidimensional de dados designada como análise fatorial de correspondências

(AFC).

Quanto à relação entre os indicadores selecionados, é possível verificar que uma maior proporção do

poder de compra está associada a um nível de escolaridade mais elevado e a um maior número de

habitantes por ecoponto. Esta observação pode ser confirmada através da matriz de correlação (Tabela

4-2).

ASBV

ERSUC

RT

TL

VL

VN

VS

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

0 10 20 30 40 50

Áre

a (k

m2 )

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUC

RT

TL

VL

VN

VS

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

0 10 20 30 40 50

Áre

a (k

m2 )

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

AS

ERSUC

RT

TL

VL

VN

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

0 10 20 30 40

Áre

a (k

m2)

Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)

Page 82: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

63

Tabela 4-2 - Matriz de correlação

v- v+ h- h+ p- p+ e- e+ r- r+

v- 1.00 -1.00 -0.26 0.26 0.26 -0.26 -0.07 0.07 0.47 -0.47

v+ -1.00 1.00 0.26 -0.26 -0.26 0.26 0.07 -0.07 -0.47 0.47

h- -0.26 0.26 1.00 -1.00 0.50 -0.50 0.77 -0.77 0.26 -0.26

h+ 0.26 -0.26 -1.00 1.00 -0.50 0.50 -0.77 0.77 -0.26 0.26

p- 0.26 -0.26 0.50 -0.50 1.00 -1.00 0.77 -0.77 0.26 -0.26

p+ -0.26 0.26 -0.50 0.50 -1.00 1.00 -0.77 0.77 -0.26 0.26

e- -0.07 0.07 0.77 -0.77 0.77 -0.77 1.00 -1.00 -0.07 0.07

e+ 0.07 -0.07 -0.77 0.77 -0.77 0.77 -1.00 1.00 0.07 -0.07

r- 0.47 -0.47 0.26 -0.26 0.26 -0.26 -0.07 0.07 1.00 -1.00

r+ -0.47 0.47 -0.26 0.26 -0.26 0.26 0.07 -0.07 -1.00 1.00

Através da Tabela 4-3 é possível verificar que dois eixos explicam cerca de 79% da variabilidade total

presente no quadro de dados. Pode-se assim diminuir a dimensão do problema para duas dimensões,

sem perda significativa de informação.

Tabela 4-3 – Matriz dos valores próprios

Eixos Valor Proprio % de variância

acumulada

1 0.484 48.361

2 0.310 79.348

3 0.152 94.559

4 0.049 99.456

Através da Figura 38, é possível observar que a Ersuc se destaca das outras instalações por ter grandes

quantidades de vidro por habitante a entrar na instalação e uma elevada quantidade de embalagens

de vidro retomadas por habitante. A Valorsul está fortemente relacionada com uma elevada proporção

do poder de compra per capita e com elevadas quantidades de vidro por habitante, para além de uma

grande quantidade de embalagens de vidro retomadas por habitante. A Tratolixo e a Amarsul estão

associadas a um nível de escolaridade elevado e a um grande número de habitantes por ecoponto. A

Valorlis está ligada a um baixo nível de escolaridade da população servida e a um reduzido número de

habitantes por ecoponto. A Resitejo e a Valnor caracterizam-se por terem associados uma reduzida

proporção do poder de compra, baixa quantidade de vidro por habitante e baixos valores de retomas

de embalagens de vidro. A Braval, encontra-se perto da origem dos eixos, tendo por isso as suas

Page 83: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

64

características pouco significado para a análise estatística efetuada. Através da mesma figura, é

possível atribuir um significado aos eixos de inércia: O eixo um está fortemente ligado a fatores

sociodemográficos (escolaridade e proporção do poder de compra). O eixo dois está associado a um

fator da qualidade do sistema de recolha seletiva (quantidade de embalagens de vidro retomadas per

capita). Ainda na Figura 38, é possível observar que a quantidade de vidro contido no fluxo

indiferenciado está correlacionada com a quantidade de embalagens de vidro retomadas. No entanto,

o comportamento volta a ser contrário ao esperado, uma vez que, quando a quantidade de embalagens

de vidro retomadas aumenta, a quantidade de vidro que aparece no fluxo indiferenciado é também mais

elevada. A relação entre os indicadores é a mesma que já tinha sido verificada através da matriz de

correlação.

Figura 38 - Análise de correspondências. Representação dos indicadores (colunas) e instalações (linhas)

Através da análise realizada, nada é possível concluir sobre os indicadores sociodemográficos

estudados e dados da qualidade do sistema de recolha seletiva e a sua influência na quantidade de

vidro que é encaminhada para o fluxo de resíduos indiferenciado. Não se verifica também nenhuma

relação entre os indicadores número de habitantes por ecoponto, proporção do poder de compra per

capita e nível de escolaridade com hábitos de reciclagem de embalagens de vidro (número de

embalagens de vidro retomadas). Uma das possíveis justificações para os resultados obtidos é que, ao

contrário do que foi assumido no capítulo 3, a quantidade de vidro contida no TMBr, não é efetivamente

a quantidade que entra nas instalações, existindo ainda quantidades substanciais de vidro presentes

noutros fluxos do processo de tratamento das TMB. A quantidade de REV gerados por habitante pode

também afetar a qualidade da análise realizada, uma vez que, se forem produzidos mais REV, a

-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

0.9

1.2

-1.2 -0.9 -0.6 -0.3 0.0 0.3 0.6 0.9

F1

F2

AS

BV

ERSU

RT

TL

VL

VN

VS

v-

v+

h-

h+p-

p+ e-

e+

r-

r+Linhas

Colunas

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65

quantidade de vidro que é encaminhada para o fluxo indiferenciado, poderá ser mais elevada,

independentemente da quantidade de embalagens de vidro retomadas.

Deste modo, não é possível extrapolar resultados e aplicar as conclusões no cálculo do potencial

qualitativo de recuperação de vidro das restantes instalações existentes a nível nacional.

Page 85: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

66

5. Conclusões e trabalho futuro

5.1. Conclusões

Com esta dissertação foi possível obter resultados relativamente à granulometria e composição do

rejeitado pesado (TMBr) proveniente das instalações TMB em Portugal que se encontravam em plena

operação em 2018 e que continham um fluxo de alimentação de resíduos sólidos urbanos superior a

50 000 toneladas ano (CVO Amarsul-Seixal; CC Amarsul-Setúbal; Braval, CITR Ersuc-Aveiro; CITR

Ersuc-Coimbra; Resitejo; Tratolixo; Valnor e Valorlis) e ainda de escórias de uma instalação de VE

(Valorsul).

Em relação à granulometria, observou-se que metade das amostras analisadas são compostas

maioritariamente por partículas de calibre inferior a 5.6mm. De acordo com a sua distribuição

granulométrica, as amostras encontram-se divididas em três categorias: finas, nas quais menos de 50%

das partículas têm tamanho +5.6mm (amostras finas da CVO Amarsul-Seixal e CC Amarsul-Setúbal,

Braval, amostra proveniente do desarenador da CITR Ersuc-Aveiro, Resitejo, Tratolixo, Valnor e

Valorsul); intermédias, com 67% a 76% das partículas com calibre +5.6mm (as duas amostras

provenientes da CITR Ersuc-Coimbra e a amostra proveniente do pulper da CITR Ersuc-Aveiro) e

amostras grosseiras, com mais de 88% das partículas de tamanho +5.6mm (amostras grosseiras da

CVO Amarsul-Seixal e CC Amarsul-Setúbal e as duas amostras provenientes da Valorlis)..

O TMBr das instalações CITR Ersuc-Coimbra, CITR Ersuc-Aveiro e Valorsul é altamente rico em vidro

com um teor superior a 64%. O TMBr das instalações CVO Amarsul-Seixal, CC Amarsul-Setúbal,

Tratolixo e Valorlis apresenta também um teor em vidro significativo, situando-se entre 40% e 57%. O

TMBr da Braval, Resitejo e Valnor tem o menor teor em vidro, igual ou inferior a 25%. Nas amostras

finas, o vidro concentra-se sobretudo no intervalo granulométrico +5.6mm -11.2mm (74% a 100%). Nas

amostras intermédias, o vidro está maioritariamente concentrado no intervalo +5.6mm -11.2mm (58%

a 77%) ainda que, exista também concentração significativa no intervalo +11.2mm -16mm (22% a 29%).

Nas amostras grosseiras, o vidro tem elevada concentração no intervalo +11.2mm +22.4mm (54% a

85%). As amostras grosseiras da CVO Amarsul-Seixal e CC CC Amarsul-Setúbal e a amostra mais

grosseira da Valorlis, distinguem-se das restantes amostras pelo facto de o vidro estar muito

concentrado na fração +22.4mm (28% a 55%).

Os contaminantes mais frequentes em todas as amostras de TMBr são matéria orgânica, pedras,

cerâmicas e tijolo. Nas amostras de calibre fino, as pedras e a matéria orgânica concentram-se

sobretudo na fração +5.6mm -8mm (38% a 68%). Em sete das amostras analisadas é possível

identificar relação entre a evolução do teor em vidro e os principais contaminantes em função da

granulometria das partículas. Estes dados poderão constituir uma mais-valia na determinação e

calibração dos processos a utilizar no processamento do TMBr.

Estima-se que as dez instalações estudadas (TMB e VE) produzam anualmente cerca de 111 390

toneladas de vidro e 46 270 toneladas se apenas forem consideradas as TMB. A comparação entre o

Page 86: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

67

total de vidro enviado anualmente para aterro proveniente das TMB estudadas (46 270 t) com as taxas

de reciclagem de vidro no ano de 2018, permite concluir que a recuperação e reciclagem do vido contido

no TMBr destas instalações, poderia ter um impacte significativo nas taxas de reciclagem.

Na hipótese académica de se recuperar e reciclar todo o vidro ocorrente no TMBr, a taxa de reciclagem

de embalagens de vidro em Portugal, que atualmente se situa em 44.8%, passaria a ser de 56.7%.

Ainda assim, este valor fica aquém dos 60% estabelecidos no Decreto-Lei n.º 366-A/97, bem como

das metas Europeias previstas (75% até 2035). Se for tida em consideração a quantidade de vidro da

instalação de VE, os impactes positivos são bastante mais significativos, aumentando a taxa para

73.5% do vidro reciclado, valor este suficiente para atingir a meta da UE até 2025 (70%). Os efeitos

serão ainda maiores se forem consideradas as restantes instalações de TMB e VE nacionais.

Apesar do TMBr, atenta a contaminação que apresenta, não ser aceite pelas indústrias de

descontaminação de vidro, a quantidade de vidro contido no fluxo pode justificar a adoção de medidas

conducentes à sua recuperação.

A comparação entre composição do TMBr das instalações analisadas em 2012/2013 (RecGlass) e em

2019, mostra que a mesma se mantém praticamente inalterada no que se refere às instalações da CC

Amarsul-Setúbal, Tratolixo e Valorlis e a existência de uma mudança significativa no teor em vidro e em

matéria orgânica relativamente à Valnor.

Analisado o impacto de alguns fatores sociodemográficos e da qualidade do serviço de recolha seletiva

(proporção do poder de compra per capita, nível de escolaridade, número de habitantes por ecoponto

e quantidade de embalagens de vidro retomadas) na composição do fluxo de resíduos que entra nas

TMB, e, portanto, do TMBr, verifica-se que com a informação disponível não foi possível obter qualquer

relação.

5.2. Trabalho futuro

Na sequência dos resultados obtidos considera-se importante prosseguir o trabalho de investigação

com vista à recuperação do rejeitado pesado do TMB (TMBr). O presente trabalho confirmou a

existência de uma grande quantidade de vidro contido no TMBr justificando-se o estudo da aplicação

de unidades móveis de processamento (UMPs) na recuperação desse vidro.

A heterogeneidade do TMBr, tanto ao nível da composição como ao nível da distribuição

granulométrica, pode ser um constrangimento na recuperação de vidro. Os resultados das

caraterizações feitas deverão ser tidos em consideração no estudo e desenvolvimento da UMP. Para

além dos dados relativos às caraterizações, deve ainda ser estudado o teor em humidade do TMBr e a

sua influência do processo de recuperação do vidro.

A alteração da eficiência do processo de recuperação e reciclagem do vidro poderá justificar alterações

às especificações técnicas para a retoma de REV e a criação de um regime específico para REV

provenientes do fluxo indiferenciado.

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68

Não obstante o elevado potencial de recuperação de vidro proveniente do TMBr, será importante

estudar a evolução da quantidade de vidro que entra em TMB no futuro. A aprovação de medidas como

a implementação de um sistema de incentivo e depósito de embalagens (Público,2018) e possíveis

alterações de comportamentos de separação de resíduos por parte das populações, poderá ter como

efeito o desvio dos REV do fluxo de resíduos indiferenciados, afetando assim a viabilidade económica

de um sistema de recuperação de vidro proveniente do TMBr. Propõe-se a elaboração de um estudo

sociológico que ajude a compreender a evolução da quantidade de vidro no fluxo de resíduos

indiferenciados.

A dispersão geográfica das instalações de TMB em Portugal torna dispendiosa a recuperação do vidro

contido no TMBr pelo que se propõe que, paralelamente ao estudo do projeto mecânico da UMP, seja

realizado o projeto e planeamento do sistema logístico associado. Os modelos a desenvolver deverão

permitir obter um sistema adaptativo que estabeleça o número de UMPs necessárias, a definição da

área de intervenção de cada UMP, quais as instalações TMB e VE que serão visitadas e a sequência

das visitas. O estudo que se propõe deve ainda ter em consideração os caudais dos fluxos

caracterizados neste trabalho.

Tendo presentes as preocupações sociais da UE, a avaliação da integração de UMP na recuperação

de REV deverá incluir estudos de viabilidade económica, viabilidade ambiental (com recurso a uma

análise de ciclo de vida) e viabilidade social.

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69

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70

Social e ao Comité das Regiões relativo à aplicação da legislação da UE em matéria de resíduos,

incluindo o relatório de alerta precoce relativo aos Estados-Membros em risco de incumprimento do

objetivo para 2020 de preparação para a reutilização/reciclagem de resíduos urbanos, Bruxelas.

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73

Anexos

Anexo I Cálculo do tamanho de amostra e erro de amostragem

Anexo II Metodologia usada na caracterização física do rejeitado pesado

Anexo III Resultados das caracterizações para cada subamostra analisada

Anexo IV Dados sociodemográficos e qualidade do serviço de recolha seletiva

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74

I. Cálculo do tamanho de amostra e erro de

amostragem

Tabela I-1 – Cálculo do tamanho de amostra

Inst. c.c 2 l f g dcal(cm) M(kg) a(teor%) pm(g/cm3) pg(g/cm3) m(g/cm3) C(g) C(kg)

Amarsul

pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 36 26% 2.51 2.51 2.51 7.10 0.007

vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 7 41% 2.51 2.51 2.51 3.62 0.004

Tratolixo

pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 51 20% 2.51 2.51 2.51 10.04 0.010

vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 4 56% 2.51 2.51 2.51 1.97 0.002

Valorlis

pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 101 11% 2.51 2.51 2.51 19.80 0.020

vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 4 56% 2.51 2.51 2.51 1.95 0.002

Valnor pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 73 15% 2.51 2.51 2.51 14.22 0.014

vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 4 59% 2.51 2.51 2.51 1.74 0.002

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75

Tabela I-2 – Cálculo do erro de amostragem

Amostra Constituinte crítico (%) d(cm) M(kg) a(teor%) C(g)

AS-Sx-F pedra 0.54 0.8 43 0.11 20

vidro 0.11 0.8 43 0.55 2

AS-Sx-Gin pedra 15.75 8.5 38 0.08 31

vidro 5.26 8.6 38 0.44 3

AS-Sx-GC pedra 11.67 4 18 0.03 77

vidro 3.71 4 18 0.25 8

AS-SetF pedra 0.45 0.8 42 0.07 34

vidro 0.08 0.8 42 0.72 1

AS-SetG pedra 17.19 8.5 34 0.07 33

vidro 5.83 8.5 34 0.41 4

BV pedra 110.49 0.8 8 0.06 38

vidro 0.76 0.8 8 0.12 18

ERS-C-IP pedra 2.01 2.24 21 0.14 15

vidro 0.60 2.24 21 0.66 1

ERS-C-IH pedra 1.37 1.12 12 0.07 32

vidro 0.26 1.12 12 0.70 1

ERS-A-IP pedra 2.80 2.24 17 0.10 24

vidro 0.57 2.24 17 0.73 1

ERS-A-FD pedra 1.93 1.12 18 0.03 95

vidro 0.25 1.12 18 0.63 2

RT pedra 0.40 0.56 19 0.07 34

vidro 0.23 0.56 19 0.18 12

TL pedra 0.20 0.56 43 0.11 20

vidro 0.06 0.56 43 0.57 2

VL-GP pedra 1.72 2.24 78 0.06 41

vidro 0.38 2.24 78 0.57 2

VL-Gal pedra 2.05 3 82 0.09 26

vidro 0.57 3 82 0.57 2

VN pedra 0.64 0.8 19 0.08 31

vidro 0.32 0.8 19 0.25 8

VS pedra 1.95 1.6 10 0.12 19

vidro 0.54 1.6 10 0.65 1

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76

II. Metodologia usada na caracterização

física do TMBr

1. Materiais e equipamentos

De forma a caracterizar o rejeitado pesado proveniente das instalações foram utilizados os seguintes

equipamento e materiais

• Amostras fornecidas pelas Instalações

• Divisor Jones

• Crivos (série DIN 4188) com malha de abertura quadrada

• Agitador mecânico

• Balança digital

• Estufa

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77

2. Métodos

A caracterização das amostras foi baseada no método de Dias (2011) com as alterações já

mencionadas no capítulo 3.2.

Versão: 1 Elaborado:

Processo: Aprovado:

Modelo: MOD01 Data:

Recursos Descrição

Descrição

Homogeneizar cuidadosamente a amostra recebida com

auxílio de uma pá.

Dividir a amostra em subamostras usando um divisor

Jones

Cálculo da humidade do material.

Secar a amostra a 130ºC, durante o período mínimo de 3

horas.

A amostra seca é crivada utilizando o agitador de crivos.

A crivagem deve ser executada em no mínimo 3

subamostras de aprox.600 g.

Análise de composição de todas as frações

granulométricas. A análise é feita manualmente

separando os materiais em vidro, cerâmica, pedras,

tijolo, plástico e “outros” (matéria orgânica e materiais

não identificados).

A pesagem deve ser efetuada na balança digital.

Registar peso do recipiente; registar peso do recipiente +

amostra; registar o peso exato da amostra.

M % = (w-d) / w* 100 (onde w é o material

húmido e d é o material seco

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78

III. Resultados das caracterizações para cada

subamostra analisada

Tabela III-1 – Massa total da amostra caracterizada (excluindo amostra de testemunho), massa da fração supra 5,6mm, massa total de vidro em cada amostra e teor em vidro (%) de cada amostra

Amostra m tot(kg) m(kg) ɸ>5.6mm m vidro (kg) Teor em vidro (%)

AS-Sx-F 32.1 7.6 4.2 55

AS-Sx-Ginrt 13.8 13.5 3.3 25

AS-Sx-Gc 28.3 25.0 11.0 44

AS-Set.F 31.7 14.3 10.3 72

AS-Set.G 25.5 24.2 9.9 41

BV 5.7 1.2 0.2 12

ERS-C-Ip 15.9 12.1 8.0 66

ERS-C-Ih 9.3 6.3 4.3 70

ERS-A-Ip 12.8 9.7 7.1 73

ERS-A-Fd 13.4 5.6 3.6 63

RT 14.4 1.4 0.2 18

TL 32.3 2.9 1.7 57

VL-Gp 58.5 53.4 30.4 57

VL-G 61.7 58.7 33.5 57

VN 14.2 5.5 1.4 25

VS 3.8 10.5 2.5 65

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Tabela III-2 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-F

% em peso

Fração granulométrica (mm) AS-Sx-FI AS-Sx-FII AS-Sx-FIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.05 0.42 0.00 0.00 0.42 0.23 0.16

-22.4 +16 0.22 0.34 0.36 0.22 0.36 0.07 0.30

-16 + 11.2 0.94 0.84 0.65 0.65 0.94 0.15 0.81

-11.2 +8 3.98 4.06 4.30 3.98 4.30 0.17 4.11

-8 +5.6 20.07 18.88 16.11 16.11 20.07 2.03 18.35

Infra 5.6 74.74 75.46 78.58 74.74 78.58 2.04 76.26

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 39 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - AS-Sx-F

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

AS-SFI

AS-SFII

AS-SFIII

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80

Tabela III-3 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Gc

% em peso

Fração granulométrica (mm) AS-Sx-GcI AS-Sx-GcII AS-Sx-GcIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 28.88 28.05 27.39 27.39 28.88 0.75 28.11

-22.4 +16 12.64 11.91 12.56 11.91 12.64 0.40 12.37

-16 + 11.2 20.23 22.01 14.99 14.99 22.01 3.65 19.08

-11.2 +8 16.90 17.35 17.95 16.90 17.95 0.53 17.40

-8 +5.6 9.32 10.52 13.79 9.32 13.79 2.31 11.21

Infra 5.6 12.03 10.16 13.32 10.16 13.32 1.59 11.84

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 40 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade – AS-Sx-

Gc

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

AS-SCI

AS-SCII

AS-SCIII

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81

Tabela III-4 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Ginrt

% em peso

Fração granulométrica

(mm)

AS-Sx-GinrtI AS-Sx-GinrtII AS-Sx-

GinrtIII

Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 65.63 65.66 75.88 65.63 75.88 5.91 69.06

-22.4 +16 9.72 10.06 4.83 4.83 10.06 2.93 8.20

-16 + 11.2 9.81 9.67 9.79 9.67 9.81 0.07 9.76

-11.2 +8 5.28 5.13 4.22 4.22 5.28 0.57 4.88

-8 +5.6 7.39 7.33 2.63 2.63 7.39 2.73 5.78

Infra 5.6 2.16 2.14 2.65 2.14 2.65 0.29 2.32

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 41 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –

AS-Sx-Ginrt

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

AS-SGI

AS-SGII

AS-SGIII

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82

Tabela III-5 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-F

% em peso

Fração granulométrica (mm) AS-Set-FI AS-Set-FII AS-Set-FIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.25 0.00 0.00 0.00 0.25 0.15 0.08

-22.4 +16 0.10 1.46 0.00 0.00 1.46 0.81 0.52

-16 + 11.2 1.03 1.81 1.32 1.03 1.81 0.40 1.39

-11.2 +8 12.53 14.97 13.41 12.53 14.97 1.23 13.63

-8 +5.6 30.19 29.67 28.57 28.57 30.19 0.83 29.48

Infra 5.6 55.89 52.09 56.71 52.09 56.71 2.47 54.90

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 42 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - AS-Set-F

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

AS-SetFI

AS-SetFII

AS-SetFIII

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83

Tabela III-6 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-G

% em peso

Fração granulométrica (mm) AS-Set-GI AS-Set-GII AS-Set-GIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 48.47 46.43 49.17 46.43 49.17 1.43 48.02

-22.4 +16 15.32 14.46 14.28 14.28 15.32 0.56 14.68

-16 + 11.2 16.13 19.58 15.65 15.65 19.58 2.14 17.12

-11.2 +8 10.45 9.87 11.29 9.87 11.29 0.71 10.54

-8 +5.6 4.79 4.63 4.34 4.34 4.79 0.23 4.59

Infra 5.6 4.85 5.03 5.28 4.85 5.28 0.22 5.05

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 43 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –

AS-Set-G

-20

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

AS-SetGI

AS-SetGII

AS-SetGIII

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84

Tabela III-7 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra BV

% em peso

Fração granulométrica (mm) BV-I BV-II BV-III Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-22.4 +16 0.00 4.44 0.00 0.00 4.44 2.56 1.48

-16 + 11.2 0.95 3.78 0.79 0.79 3.78 1.68 1.84

-11.2 +8 5.15 6.75 4.48 4.48 6.75 1.17 5.46

-8 +5.6 12.06 12.45 13.24 12.06 13.24 0.60 12.59

Infra 5.6 81.84 72.58 81.49 72.58 81.84 5.25 78.64

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 44 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - BV

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

BV-I

BV-II

BV-III

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85

Tabela III-8 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ip

% em peso

Fração granulométrica (mm) ERS-C-IpI ERS-C-IpII ERS-C-IpIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 7.24 7.28 7.19 7.19 7.28 0.05 7.24

-22.4 +16 6.79 6.77 6.65 6.65 6.79 0.08 6.74

-16 + 11.2 15.96 15.21 16.69 15.21 16.69 0.74 15.95

-11.2 +8 22.64 22.37 21.32 21.32 22.64 0.69 22.11

-8 +5.6 23.22 24.35 25.28 23.22 25.28 1.03 24.28

Infra 5.6 24.14 24.02 22.87 22.87 24.14 0.70 23.68

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 45 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –

ERS-C-Ip

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

ERS-CPI

ERS-CPII

ERS-CPIII

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86

Tabela III-9 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ih

% em peso

Fração granulométrica (mm) ERS-C-IhI ERS-C-IhII ERS-C-IhIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-22.4 +16 1.44 1.66 0.65 0.65 1.66 0.53 1.25

-16 + 11.2 15.52 17.31 13.43 13.43 17.31 1.95 15.42

-11.2 +8 25.63 28.88 25.84 25.63 28.88 1.82 26.78

-8 +5.6 22.97 22.78 24.84 22.78 24.84 1.14 23.53

Infra 5.6 34.43 29.37 35.25 29.37 35.25 3.18 33.02

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 46 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –

ERS-C-Ih

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

ERS-CHI

ERS-CHII

ERS-CHIII

Page 106: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

87

Tabela III-10 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Ip

% em peso

Fração granulométrica (mm) ERS-A-IpI ERS-A-IpII ERS-A-IpIII MÍnimo Máximo Média

Supra 22.4 6.76 7.51 7.00 6.76 7.51 0.38 7.09

-22.4 +16 8.84 8.69 10.40 8.69 10.40 0.95 9.31

-16 + 11.2 19.05 20.21 20.56 19.05 20.56 0.79 19.94

-11.2 +8 21.41 21.57 20.53 20.53 21.57 0.56 21.17

-8 +5.6 18.93 18.27 18.46 18.27 18.93 0.34 18.55

Infra 5.6 25.01 23.75 23.04 23.04 25.01 0.99 23.93

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 47 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –

ERS-A-Ip

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

ERS-API

ERS-APII

ERS-APIII

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88

Tabela III-11 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Fd

% em peso

Fração granulométrica (mm) ERS-A-FdI ERS-A-FdII ERS-A-FdIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-22.4 +16 0.53 0.21 0.07 0.07 0.53 0.24 0.27

-16 + 11.2 8.94 11.75 9.32 8.94 11.75 1.53 10.00

-11.2 +8 15.84 16.01 13.80 13.80 16.01 1.23 15.22

-8 +5.6 16.54 16.47 16.58 16.47 16.58 0.05 16.53

Infra 5.6 58.15 55.55 60.23 55.55 60.23 2.34 57.98

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 48 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das patículas (mm)

ERS-ADI

ERS-ADII

ERS-ADIII

Page 108: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

89

ERS-A-Fd

Tabela III-12 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra RT

% em peso

Fração granulométrica (mm) RT-I RT-II RT-III Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-22.4 +16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-16 + 11.2 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-11.2 +8 2.88 3.48 3.83 2.88 3.83 0.48 3.40

-8 +5.6 5.80 6.42 6.50 5.80 6.50 0.38 6.24

Infra 5.6 91.32 90.10 89.67 89.67 91.32 0.86 90.36

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 49 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - RT

0.00

5.00

10.00

15.00

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

RT-I

RT-II

RT-III

Page 109: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

90

Tabela III-13 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra TL

Fração granulométrica (mm) TL-I TL-II TL-III Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-22.4 +16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-16 + 11.2 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-11.2 +8 1.19 2.73 2.03 1.19 2.73 0.77 1.99

-8 +5.6 6.34 7.66 7.24 6.34 7.66 0.67 7.08

Infra 5.6 92.46 89.61 90.72 89.61 92.46 1.44 90.93

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 50 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade- TL

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

0 5 10 15 20 25

% p

assa

nte

acu

mu

lad

a

Calibre das partículas (mm)

TL-I

TL-II

TL-III

Page 110: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

91

Tabela III-14 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-G

% em peso

Fração granulométrica (mm) VL-GI VL-GII VL-GIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 32.52 31.88 37.20 31.88 37.20 2.90 33.86

-22.4 +16 22.10 18.13 25.80 18.13 25.80 3.84 22.01

-16 + 11.2 21.17 22.96 19.26 19.26 22.96 1.85 21.13

-11.2 +8 11.64 11.63 6.70 6.70 11.64 2.85 9.99

-8 +5.6 8.28 10.45 7.68 7.68 10.45 1.46 8.80

Infra 5.6 4.29 4.97 3.37 3.37 4.97 0.8 4.21

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 51 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - VL-G

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

VL-GI

VL-GII

VL-GIII

Page 111: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

92

Tabela III-15 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-Gp

% em peso

Fração granulométrica (mm) VL-GpI VL-GpII VL-GpIII Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 12.08 10.80 14.90 10.80 14.90 2.10 12.59

-22.4 +16 19.59 15.15 15.03 15.03 19.59 2.60 16.59

-16 + 11.2 27.41 31.34 29.56 27.41 31.34 1.97 29.44

-11.2 +8 26.40 23.68 23.93 23.68 26.40 1.50 24.67

-8 +5.6 5.27 9.64 9.18 5.27 9.64 2.40 8.03

Infra 5.6 9.25 9.39 7.41 7.41 9.39 1.11 8.68

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 52 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - VL-Gp

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Tamanho das partículas (mm)

VL PI

VL PII

VL PIII

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93

Tabela III-16 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VN

% em peso

Fração granulométrica (mm) VN-I VN-II VN-III Mínimo Máximo Média

Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-22.4 +16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

-16 + 11.2 0.61 0.25 0.42 0.25 0.61 0.18 0.43

-11.2 +8 9.82 11.97 12.58 9.82 12.58 1.45 11.46

-8 +5.6 25.46 28.13 25.91 25.46 28.13 1.43 26.50

Infra 5.6 64.11 59.66 61.10 59.66 64.11 2.27 61.62

Total 100.00 100.00 100.00

Figura 53 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - VN

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

0 5 10 15 20 25

% p

assante

acum

ula

da

Calibre das partículas (mm)

VN-I

VN-II

VN-III

Page 113: Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos indiferenciados...vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a meta nacional

94

Tabela III-17 – Composição material de cada amostra

Teor (%)

Amostra Vidro Pedras Tijolo + Cerâmica Metal Plástico Orgânico Orgânico + Plástico Total

AS-Sx-F 55.04 11.33 2.02 0.65 - - 30.96 100

AS-Sx-Ginrt 24.86 3.18 7.03 1.86 - - 63.07 100

AS-Sx-Gc 43.96 7.60 5.91 1.07 - - 41.46 100

AS-Set-F 72.00 6.99 3.05 1.44 - - 16.52 100

AS-Set-G 40.77 7.16 5.84 1.58 - - 44.65 100

BV 12.25 6.20 1.32 0.88 20.50 58.85 79.35 100

ERS-C-Ip 65.96 14.43 10.98 3.39 0.35 4.89 5.24 100

ERS-C-Id 69.56 7.32 6.56 0.31 1.38 14.87 16.25 100

ERS-A-Ip 72.75 9.63 7.20 2.03 0.11 8.28 8.39 100

ERS-A-Fd 63.07 2.57 2.14 0.33 0.92 30.97 31.90 100

RT 17.70 6.91 0.98 0.15 1.59 72.67 17.70 100

TL 56.94 10.93 5.80 0.47 2.76 23.10 25.86 100

VL-Gp 56.93 5.81 13.46 3.17 4.10 16.53 20.63 100

VL-G 57.18 9.23 16.43 3.55 3.93 9.68 13.61 100

VN 25.25 7.61 1.56 0.01 1.12 64.46 65.58 100

VS 65.12 12.29 20.99 0.48 0.93 0.20 1.13 100

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95

Tabela III-18 – Estimativa da quantidade de vidro contida no TMBr, discrimnado para cada amostra

Amostra Caudal TMBr (ton/a) Teor em Vidro (%) Vidro contido no TMBr (ton/ano)

AS-SF 2860 55 1574

AS-SG 2740 25 681

AS-SInt 4871 44 2141

AS-SetF 1335 72 961

AS-SetG 5361 41 2186

ERS-CP 16489 66 10876

ERS-CH 686 70 477

ERS-AP 18356 73 13354

ERS-AD 3638 63 2294

VL-P 3575 57 2035

VL-G 2925 57 1673

IV. Dados sociodemográficos e qualidade do

serviço de recolha seletiva

Tabela IV-1 – Dados sociodemográficos e dados do sistema de recolha seletiva

SGRU

nº habitantes/ecoponto

proporção poder de

compra (%)

taxa de analfabetismo

(%) nº habitantes

por vidrão Quant. de embalagens de vidro retomadas (kg/habitante.ano)

AS 269 8% 4% 274 12.32

BV 310 3% 7% 235 24.93

ERSUC 74 8% 9% 186 18.18

RT 100 2% 9% 111 11.75

TL 250 9% 4% 232 13.18

VL 85 3% 9% 236 14.13

VN 122 2% 10% 102 11.58

VS 247 6% 4% 247 16.27