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REDAÇÃO – módulo 01 1 FORMAS DE COMPOSIÇÃO DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO E DISSERTAÇÃO O ato de escrever, a depender do objetivo a que nos propomos, pode ser composto de três formas: 1. DESCRIÇÃO Descrever é enumerar as características que distinguem um determinado ser de todos os outros. Na descrição compomos uma espécie de “retrato”, por meio das palavras, de pessoas, ambientes ou paisagens. Exemplo: “Ela tem onze anos. Mas já aprendeu as manhas da profissão: não entra no motel ou no carro sem receber o dinheiro antes, que é guardado por uma amiga. A mãe trabalha na zona do meretrício, não se importa com quem e onde ela dorme. Edvalda acha-se igual às outras meninas que fazem programa. Com uma diferença, ela ainda não tem peito.” (Gilberto Dimenstein, em Meninas da Noite) Síntese das Características Estruturais 1. Caracterização de uma pessoa, objeto, ambiente ou paisagem 2. Representa um retrato verbal, uma imagem do que descrito, através do uso de adjetivos 3. Na descrição de pessoas, há dois aspectos fundamentais: Características físicas (aparência externa) Características psicológicas (modo de agir e de ser) 4. Toda descrição pode ser: subjetiva ou objetiva 5. Raramente o texto é exclusivamente descritivo, ocorrendo geralmente em narrações. Às vezes há passagens descritivas em dissertações. 2. NARRAÇÃO Na narração, há o relato de fatos ou acontecimentos reais ou fictícios, com a participação de personagens cuja ação é contada por um narrador. A depender dos fatos narrados, você pode dividir as narrativas em dois tipos: a narração objetiva - quando são narrados fatos reais. É o caso, por exemplo, de uma reportagem narrativa, do relato de um fato histórico. Neste caso, deve predominar a fidelidade aos fatos e a linguagem será direta, objetiva, simples meio de transmitir a informação; narração artística (a ficção) - quando os fatos narrados são criados pelo narrador. Predomina, então, o caráter de subjetividade: através da criação de fatos, personagens, etc., o artista expressa a sua visão do homem e de seus sentimentos, a sua visão do mundo, da realidade sócio-político-econômico, etc. A linguagem, os fatos, os personagens passam a valer como símbolos. O artista não está sujeito à realidade concreta; não está obrigado a uma “fidelidade aos fatos concretos, reais”. Ele cria uma realidade nova, embora essa realidade criada expresse a sua postura à realidade humana e/ou social. 3. DISSERTAÇÃO Dissertar significa opinar criticamente sobre um determinado tema. Consiste em expor idéias, discuti-las, interpretá-las, defendendo-as ou rechaçando-as. A dissertação pode ser objetiva ou subjetiva. Exemplo: BRINCANDO DE DEUS Certas notícias têm a estranha propriedade de ser o mesmo tempo, motivo para grande celebração e preocupação: é o caso da nova técnica de clonagem de ovelhas. Quando melhor desenvolvida, ela permitirá a criação de milhares de seres idênticos e com possibilidade de as células embrionárias serem geneticamente modificadas. Além de obter animais de melhor qualidade, abre-se a perspectiva, por exemplo, de criar vacas que produzam leite com certas proteínas capazes de curar doenças humanas. De outro lado porém, milhares de indivíduos idênticos são um potencial fator de destruição- por competição- com as espécies naturais, o que levaria à perda do patrimônio genético da natureza, com todas as terríveis conseqüências que isso pode trazer para própria humanidade. Mais grave é o caso da ainda remota possibilidade de clonagem de homens. Poder-se-ia, por exemplo, criar um ser humano com o fim único de servir como um banco de transplantes. Pior é imaginar o pesadelo nazista da “raça perfeita” ou o “1984” de Orwell, que estaria agora adiado apenas algumas décadas. Como é impossível ignorar tanto os benefícios, que a clonagem com a manipulação genética pode trazer a humanidade como seus riscos, toma-se urgente criar um código de ética internacional que regule esse tipo de pesquisa. É extremamente perigoso brincar com Deus. (Jornal “A Folha de São Paulo”) A Persuasão no Texto Dissertativo O texto acima classificasse como dissertativo. Vamos tomá-lo como base para uma análise sobre a estrutura desse tipo de apresentação do discurso. O poder de persuasão começa exatamente no título: Brincando de Deus. Pela carga semântica do enunciado, o leitor é impelido à leitura, muitas vezes, sem se dar conta do caráter apelativo, impositivo do título. Diante desse chamado, seria possível deixar de ler a dissertação? O sujeito enunciador do discurso demonstra claramente que o seu objetivo: ao discutir a questão da clonagem de ovelhas, ele pretende conduzir o leitor, através da exposição dialética, a um posicionamento conclusivo face ao assunto: é necessário assegurar, mediante a formulação de novas leis, a ética no procedimento científico. É certo que o escritor defende uma verdade insofismável, pois, diante do avanço da ciência, no que tange as experiências ligadas à vida, os códigos de ética, tanto nacionais quanto internacionais, encontram-se defasados. Interessante é observar como essa conclusão é do emissor, mas o recebedor chega a ela sem pestanejar. Por que isso acontece? Será liberdade e, conseqüentemente, o avanço da ciência? Se é possível discordar das idéias do autor, então fica patente que a argumentação dialética apresentada no texto tinha um objetivo: fazer com que o leitor fosse levado a pensar como o escritor e o conseguiu. A Estrutura Dissertativa 1° parágrafo - Exposição do assunto 2° parágrafo - Tese 3° parágrafo - Antítese (negação da tese) 4° parágrafo - Intensificação da antítese 5° parágrafo - Síntese (conclusão) O primeiro parágrafo foi iniciado com uma afirmação que, embora genérica, já está ligada a intenção argumentativa do autor. Essa afirmação é a idéia principal a ser desenvolvida: “Certas notícias têm a estranha propriedade de ser, ao mesmo

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FORMAS DE COMPOSIÇÃO DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO E DISSERTAÇÃO

O ato de escrever, a depender do objetivo a que nos propomos, pode ser composto de três formas: 1. DESCRIÇÃO Descrever é enumerar as características que distinguem um determinado ser de todos os outros. Na descrição compomos uma espécie de “retrato”, por meio das palavras, de pessoas, ambientes ou paisagens. Exemplo: “Ela tem onze anos. Mas já aprendeu as manhas da profissão: não entra no motel ou no carro sem receber o dinheiro antes, que é guardado por uma amiga. A mãe trabalha na zona do meretrício, não se importa com quem e onde ela dorme. Edvalda acha-se igual às outras meninas que fazem programa. Com uma diferença, ela ainda não tem peito.” (Gilberto Dimenstein, em Meninas da Noite) Síntese das Características Estruturais 1. Caracterização de uma pessoa, objeto, ambiente ou paisagem 2. Representa um retrato verbal, uma imagem do que descrito, através do uso de adjetivos 3. Na descrição de pessoas, há dois aspectos fundamentais:

• Características físicas (aparência externa) • Características psicológicas (modo de agir e de ser)

4. Toda descrição pode ser: subjetiva ou objetiva 5. Raramente o texto é exclusivamente descritivo, ocorrendo geralmente em narrações. Às vezes há passagens descritivas em dissertações. 2. NARRAÇÃO Na narração, há o relato de fatos ou acontecimentos reais ou fictícios, com a participação de personagens cuja ação é contada por um narrador. A depender dos fatos narrados, você pode dividir as narrativas em dois tipos:

• a narração objetiva - quando são narrados fatos reais. É o caso, por exemplo, de uma reportagem narrativa, do relato de um fato histórico. Neste caso, deve predominar a fidelidade aos fatos e a linguagem será direta, objetiva, simples meio de transmitir a informação;

• narração artística (a ficção) - quando os fatos narrados

são criados pelo narrador. Predomina, então, o caráter de subjetividade: através da criação de fatos, personagens, etc., o artista expressa a sua visão do homem e de seus sentimentos, a sua visão do mundo, da realidade sócio-político-econômico, etc. A linguagem, os fatos, os personagens passam a valer como símbolos. O artista não está sujeito à realidade concreta; não está obrigado a uma “fidelidade aos fatos concretos, reais”. Ele cria uma realidade nova, embora essa realidade criada expresse a sua postura à realidade humana e/ou social.

3. DISSERTAÇÃO Dissertar significa opinar criticamente sobre um determinado tema. Consiste em expor idéias, discuti-las, interpretá-las, defendendo-as ou rechaçando-as. A dissertação pode ser objetiva ou subjetiva. Exemplo:

BRINCANDO DE DEUS Certas notícias têm a estranha propriedade de ser o mesmo tempo, motivo para grande celebração e preocupação: é o caso da nova técnica de clonagem de ovelhas. Quando melhor desenvolvida, ela permitirá a criação de milhares de seres idênticos e com possibilidade de as células embrionárias serem geneticamente modificadas.

Além de obter animais de melhor qualidade, abre-se a perspectiva, por exemplo, de criar vacas que produzam leite com certas proteínas capazes de curar doenças humanas.

De outro lado porém, milhares de indivíduos idênticos são um potencial fator de destruição- por competição- com as espécies naturais, o que levaria à perda do patrimônio genético da natureza, com todas as terríveis conseqüências que isso pode trazer para própria humanidade.

Mais grave é o caso da ainda remota possibilidade de clonagem de homens. Poder-se-ia, por exemplo, criar um ser humano com o fim único de servir como um banco de transplantes. Pior é imaginar o pesadelo nazista da “raça perfeita” ou o “1984” de Orwell, que estaria agora adiado apenas algumas décadas.

Como é impossível ignorar tanto os benefícios, que a clonagem com a manipulação genética pode trazer a humanidade como seus riscos, toma-se urgente criar um código de ética internacional que regule esse tipo de pesquisa. É extremamente perigoso brincar com Deus. (Jornal “A Folha de São Paulo”) A Persuasão no Texto Dissertativo

O texto acima classificasse como dissertativo. Vamos tomá-lo como base para uma análise sobre a estrutura desse tipo de apresentação do discurso. O poder de persuasão começa exatamente no título: Brincando de Deus. Pela carga semântica do enunciado, o leitor é impelido à leitura, muitas vezes, sem se dar conta do caráter apelativo, impositivo do título. Diante desse chamado, seria possível deixar de ler a dissertação? O sujeito enunciador do discurso demonstra claramente que o seu objetivo: ao discutir a questão da clonagem de ovelhas, ele pretende conduzir o leitor, através da exposição dialética, a um posicionamento conclusivo face ao assunto: é necessário assegurar, mediante a formulação de novas leis, a ética no procedimento científico. É certo que o escritor defende uma verdade insofismável, pois, diante do avanço da ciência, no que tange as experiências ligadas à vida, os códigos de ética, tanto nacionais quanto internacionais, encontram-se defasados. Interessante é observar como essa conclusão é do emissor, mas o recebedor chega a ela sem pestanejar. Por que isso acontece? Será liberdade e, conseqüentemente, o avanço da ciência? Se é possível discordar das idéias do autor, então fica patente que a argumentação dialética apresentada no texto tinha um objetivo: fazer com que o leitor fosse levado a pensar como o escritor e o conseguiu. A Estrutura Dissertativa 1° parágrafo - Exposição do assunto 2° parágrafo - Tese 3° parágrafo - Antítese (negação da tese) 4° parágrafo - Intensificação da antítese 5° parágrafo - Síntese (conclusão) O primeiro parágrafo foi iniciado com uma afirmação que, embora genérica, já está ligada a intenção argumentativa do autor. Essa afirmação é a idéia principal a ser desenvolvida: “Certas notícias têm a estranha propriedade de ser, ao mesmo

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tempo, motivo para grande celebração e preocupação”. Depois dessa idéia principal vêm as idéias secundárias; a primeira delas surge sob a forma de oração apositiva, quando se define o tema sobre o qual se vai dissertar: “é o caso da nova técnica de clonagem de ovelhas”. Nesse processo expositivo argumentativo, o autor habilmente prepara o seu discurso, ampliando a idéia principal do parágrafo no sentido de estabelecer uma interlocução com o leitor. No segmento: “Quando melhor desenvolvida, ela permitirá a criação de milhares de seres idênticos e com possibilidade de as células embrionárias serem geneticamente modificadas”, o emissor informa brevemente o leitor sobre uma das possibilidades da ampliação da clonagem nos seres vivos. Até aqui, ele não define se a técnica é positiva ou se é negativa. O segmento transcrito acima, no texto, visa a situar o leitor da discussão e a prepará-lo para assumir uma postura face ao assunto.

Na tese, o escritor da idéia de que a clonagem pode ser benéfica, à

humanidade O terceiro parágrafo apresenta idéias que vão de encontro às expostas na tese. Nesse parágrafo, apresenta-se a antítese, através da argumentação de que a clonagem pode criar milhares de indivíduos idênticos, favorecendo a competição desigual; dessa luta, sairiam vencedores os elementos clonados que extinguiriam o patrimônio genético natural, colocando a humanidade em risco. Ao trabalhar com dialética, o escritor demonstra conhecimento do assunto, bipolariza a argumentação, mostrando que não é radical, tampouco defende idéias parciais. Esse tipo de argumentação é extremamente persuasório, pois o leitor é conduzido pelo raciocínio lógico da exposição e adere, naturalmente às idéias defendidas pelo emissor. Observe como as etapas vão se desenvolvendo, impelindo o receptor a concordar com a postura do autor e a concluir como ele concluiu. Há uma gradação, nesse processo dialético, culminado no quarto parágrafo. O apelo, aqui, é claro e incisivo, vez que os exemplos remetem o leitor ao universo de pânico da criação de humanos para mutilação, do holocausto nazista e da perspectiva de um mundo sem liberdade prevista por George Orwell. A carga ideológico-persuasiva é reforçada pelos exemplos escolhidos. A aquiescência do receptor com a defesa das idéias do emissor é inevitável. A síntese do texto é o resultado da discussão que se estabeleceu entre vantagens e desvantagens da técnica de clonagem em animais irracionais e homens. Como não se podem prever os resultados da clonagem, nem se pode barrar o avanço da ciência, é necessário criar um código de ética internacional que regule esse procedimento, pois o homem, sentindo-se Deus, com a onipotência dada pela ciência, pode colocar em risco a vida sobre a terra.

O TEXTO DISSERTATIVO NO VESTIBULAR

A maior parte dós vestibulares do país solicita aos candidatos a produção de um texto dissertativo. Apesar disso, quase sempre os temas propostos exigem a análise de um problema, o posicionamento do aluno a respeito dele e, eventualmente, a indicação de soluções. Por essa razão, o que se espera do aluno, no caso, é que ele produza um texto argumentativo ou dissertativo-argumentativo. Enquanto no texto dissertativo a principal finalidade é apresentar, expor determinadas idéias, no argumentativo a intenção é persuadir o feitor.

Características do texto dissertativo: • texto de natureza expositiva, que apresenta dados objetivos,

e não opiniões; pode desenvolver um conceito ou definir um objeto, seja ele abstrato, seja concreto;

• estrutura convencional: idéia principal, desenvolvimento e conclusão;

• linguagem clara, objetiva e impessoal; • predomínio do padrão culto formal da língua; • verbos predominantemente no presente do indicativo. Clonagem Reúnam dados sobre o que a ciência tem feito nesse campo, sucessos e fracassos, perspectivas, etc. Reflitam sobre questões como: a ciência deve continuar as pesquisas na área de clonagem? E justo que animais sejam sacrificados, muitos deles nascendo deformados, para atender aos interesses científicos do homem? Como controlar alguns cientistas aventureiros e irresponsáveis, que pouco se importam com as questões éticas relacionadas ao tema?

[...] ainda é cedo para dizer que a clonagem da Dolly deu certo - o que é “dar certo”? Ela tem uma duração de vida normal? Ela apresenta alguma predisposição para câncer? Ela se reproduz normalmente? Seus filhos são normais? E os filhos de seus filhos? Quantas gerações de seus descendentes teremos que observar até estarmos convencidos de que a experiência “deu certo”?

O argumento para mim definitivo contra a clonagem é o da preservação da integridade do genoma humano. Vamos a um pouco de ciência: as células do nosso organismo podem ser divididas em dois tipos: as células germinativas, os óvulos e os espermatozóides, células designadas à reprodução, à transmissão dos nossos genes à próxima geração; e as células somáticas, todas as outras células do nosso corpo, células que servem às mais diversas funções, menos à de reprodução. Como passarão a receita de se fazer um ser humano para a próxima geração, as células germinativas têm que manter a integridade desta receita, dos seus genes, com o maior cuidado. Já as células somáticas, como não transmitirão seus genes para a próxima geração, não têm um controle tão rígido desta integridade, e, de fato, sofrem ao longo do tempo uma série de agressões ao seu material genético, de alguma forma danificando-o. Assim, clonar como está sendo proposto, gerar um indivíduo a partir de uma célula somática, é uma temeridade, pois não podemos garantir a integridade dos genes desta célula e, assim, dos genes do clone. E a partir daí poderemos gerar “monstros”, ou pior, clones aparentemente normais, porém carregando em seus genes alguma alteração que só se manifestará a mais longo prazo – uma espécie de “bomba-relógio”. Ao procriarem com outros indivíduos da população, os clones estarão disseminando alterações genéticas pela população humana que podem vir a se manifestar somente depois de várias gerações, quando já estarão presentes em um número significativo de pessoas. E então será tarde demais, e o patrimônio genético humano já terá sido alterado de forma irreversível. Este é um preço altíssimo a se pagar – e principalmente, não justificado por qualquer benefício imediato que a clonagem possa gerar. E então, devemos parar com qualquer experiência, de clonagem? Não! Temos que separar o joio do trigo. [...] Isto é fantástico!!! Pensem no quanto podemos aprender com esta experiência!! Se pudermos entender e controlar este mecanismo, poderemos um dia regenerar órgãos e tecidos danificados. Afinal de contas, as células de um rim danificado ainda têm a receita de fizer outro rim - por que não a utilizam, como a lagartixa que regenera a ponta de seu rabo cortado? O inverso também pode ser estudado: por que é que algumas células de repente passam a não obedecer à programação original e começam a se proliferar de forma desorganizada, dando origem a cânceres? Ou ainda, por que é que gradativamente nossas células param

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de se renovar e funcionar, e envelhecemos? O conhecimento da energia nuclear nos permitiu tanto a construção da bomba atômica, quanto o desenvolvimento da tomografia computadorizada, da ressonância magnética, enfim, de uma série de tecnologias benéficas à humanidade. De forma semelhante, os mesmos conhecimentos que nos permitirão clonar um ser humano, podem ser aplicados em estudos que trarão reais benefícios à humanidade. Continuemos sim as pesquisas em clonagem, porém, em modelos animais e voltadas a aplicações científicas e terapêuticas! [...] (Dra. Lygia da Veiga Pereira, professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.) Resumo: Distinção entre Tema e Título Interpretação do tema Enquanto o tema compreende o assunto sugerido para discussão na proposta de redação, o título sintetiza o conteúdo discutido. Por isso, título não se confunde com tema. O título deve ser dado preferivelmente após a elaboração do texto. Assim, o título representa a “moldura” do texto e a delimitação dada ao tema. Observe os exemplos: Tema: “'Eu sou trezentos, sou trezentos e cinqüenta, mas um dia afinal eu toparei comigo mesmo...” (Mário de Andrade) Título: As máscaras do homem.

Tema: “Não concordo com uma palavra sequer do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-las.” (Voltaire) Título: Liberdade de opinião.

Geralmente os vestibulares oferecem o tema através de citações, poesias, fragmentos de prosa, painéis e outros. Nesse caso, você deve dar um titulo coerente com a proposta e com o texto, produzido. Portanto, só intitulo a redação depois de redigi-la e compará-la à proposta. Não sublinhe o título nem o destaque com aspas. Caso o vestibular forneça o título, você deva utilizá-lo na íntegra, centralizando-o e pulando uma linha para iniciar sua redação. Quando o vestibular propõe o titulo, devem-se extrair os possíveis conteúdos que ele sugere. Se houver um título como, por exemplo, A construção do saber, você deve deduzir o conteúdo que tematiza a discussão – o aprendizado existencial do homem, a instrução formal, as áreas do conhecimento e sua cientificidade – e abordá-lo com clareza e objetividade em seu texto. INTERPRETAÇÃO DO TEMA Quando o tema é metafórico – uma poesia, uma história em quadrinhos, uma ilustração, uma citação etc –, deve-se interpretar seu significado. A essência da interpretação leva ao assunto a ser discutido. Ao interpretar um tema, deve-se: 1°) lê-lo com atenção; 2°) fazer uma interpretação referenciai (o sentido real das palavras, seu aspecto denotativo); 3°) atentar para o fato de que, na maioria das vezes, o tema merece uma interpretação conotativa, pois apresenta-se em linguagem figurada, metafórica; 4°) tentar decodificar a situação metaforizada.

Por exemplo, dado o tema “Numa luta entra elefantes, o prejudicado é o capim”, a seqüência correta para melhor interpretá-lo seria: 1°) Há alguma palavra de sentido desconhecido? 2º) Denotativamente podemos concluir que o capim deve ficar bem estragado com o peso de dois elefantes em luta. Será que é só isso? 3°) Existe o plano da conotação subjacente ao significado primeiro. Qual a relação de significação entre elefante e capim? Conotativamente, elefante representa força, grandeza, poder. E capim? Representa pequenez, grande número, fragilidade. 4°) Que situação está aí representada? Perceba as associações: a) algo grandioso que fere o que é pequeno; b) o poder ou a autoridade que subjuga os indefesos; c) os governantes que oprimem os governados; d) as discórdias e disputas entre líderes trazendo conseqüências nefastas aos governados. A temática delimitada na letra d representa um dos assuntos pertinentes ao tema proposto. Outros assuntos, como desemprego, violência, inflação, baixos salários e até relações familiares ou patronais sugerem formas de opressão que comprovam dialeticamente a supremacia dos “grandes” (elefantes) sobre os “pequenos” (capim). Observe como o texto abaixo corresponde à interpretação do seguinte verso de Fernando Pessoa: “Tudo é ousado para quem a nada se atreve”. O MEDO – O MAIOR GIGANTE DA ALMA Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão de segurança e certeza. O medo, já dizia Mira Y Lopes, é o grade gigante da alma, é a mais forte e a mais atávica das nossas emoções. Somos educados para o medo, para o não-ousar e, no entanto, os grandes saltos que demos, no tempo e no espaço, na ciência e na arte, na vida e no amor, foram transgressões, e somente a coragem lúcida pode trazer o novo, e a paisagem vasta que se descortina além dos muros que erguemos dentro e fora de nós mesmos. E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias Prometido? E se Galileu Galilei tivesse se acovardado, diante das evidências que hoje aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos? “A mente apavora o que não é mesmo velho”, canta o poeta, expressando o choque do novo, o estranhamento do desconhecido. Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. (Prof. Fernando Teixeira de Andrade) Observe como a proposta da FUVEST foi interpretada e discutida por um aluno que recebeu nota 10 pelo seu texto nesse vestibular.

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FUVEST Há um conto de H. G. Wells, chamado “A Terra dos Cegos”, que narra, o esforço de um homem com visão normal para persuadir uma população cega de que ele possui um sentido do qual ela é destituída; fracassa, e afinal a população decide arrancar-lhe os olhos para curá-lo de sua ilusão. Discuta a idéia central do conto de Wells, comparando-a com a do ditado popular “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Em sua opinião essas idéias são antagônicas ou você vê um modo de conciliá-las? A Audácia de Enxergar à Frente A capacidade de estar à frente de seu tempo quase nunca confere ao seu possuidor alguma vantagem. A dureza das sociedades humanas em aceitar certas noções desmente, não raro, o ditado popular que diz que “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Exemplos, a História é pródiga em nos apresentar. Sócrates foi obrigado, pela sociedade ateniense, a tomar cicuta, em razão de suas idéias. Giordanno Bruno, que concebeu a Terra como um simples planeta, tal como sabemos hoje, foi chamado herege e queimado. Darwin debateu-se contra a incompreensão e condenação de suas idéias, mais tarde aceitas. Ainda hoje, temos exemplos de procedimentos similares. Oscar Arias, presidente da Costa Rica e prêmio Nobel da Paz, ainda há pouco tempo se debatia contra a sociedade de seu país, que teimava em colocar obstáculos à sua atuação. Em tempo: o mérito de Oscar Arias nem era o de estar à frente de seu tempo, mas simplesmente o de analisar os problemas do presente. Esse mal não será curado tão cedo. Isso porque as pessoas que conseguem enxergar à frente apresentam ao homem o que ele odeia desde os tempos imemoriais: a necessidade de rever as próprias convicções. Enquanto esse ódio – ou será medo? – não for superado, a humanidade continuará mandando outros “Giordanno Bruno”, para a fogueira da incompreensão e do isolamento. E, ignorando as pessoas de visão, continuará cega para o futuro e para si mesma. (Texto nota 1O – FUVEST) ESQUEMATIZANDO

Antes de tudo, convencer-se da necessidade de dizer o que se vai expor. Em primeiro lugar, anunciar o assunto. É a introdução; o seu papel é colocar o tema. Uma vez prometido, desenvolver o tema por partes. A reflexão inicial forneceu os aspectos principais e, ao se firmar neles, devem-se construir as partes da comunicação. Por último, que haja a preocupação em deixar alguma coisa de tudo o que se disse. Saber marcar. Resumir em poucas palavras, em um só traço. É a conclusão. Edvaldo Boaventura. Como ordenar as idéias. São Paulo: Ática, 1997.

COMO ELABORAR A INTRODUÇÃO

A introdução pode ser constituída por um ou mais parágrafos. Quando o texto é construído pelo método dedutivo (do geral para o particular), é nela que se lança a tese, isto é, a idéia principal do texto a ser desenvolvida. TREINANDO A INTRCDUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO Há várias formas de se começar um texto dissertativo. É claro que a escolha deverá ser guiada pelo tema e pelas idéias que temos sobre ele.

Uma boa forma de iniciar o processo de produção de texto é listar aleatoriamente as idéias que nos ocorrem acerca do tema. Em seguida, neste banco de dados, selecionar as melhores anotações, destacando algumas e desprezando outras.

Não se esqueça de que, qualquer que seja a forma de introdução ou desenvolvimento escolhida, sua redação deverá seguir um planejamento. Procure levar em consideração que o plano de texto deve ser elaborado por você e que não é uma imposição do professor, mas sim um conselho de quem, com experiência, aprendeu que, sem disciplina, não se garante um trabalho de qualidade. Atente a alguns passos importantes na construção do parágrafo de introdução. Nele você deverá:

• indicar o tema a ser desenvolvido • nomear o seu ponto de vista sobre o tema • ser breve o suficiente para não desenvolver o tema • não “gastar as melhores idéias”, pois o bom texto

deve suscitar um interesse crescente no leitor, deixe-as para o último desenvolvimento e para a conclusão

• evitar subjetividade, situando o leitor quanto ao assunto a ser discutido

• provocar curiosidade no leitor. Estão listadas, a seguir, algumas formas de iniciar a dissertação. Lembre-se, contudo, de que o conteúdo do seu texto é prioridade. Você pode começá-lo como quiser, desde que este parágrafo seja, realmente, o de introdução. Se pedimos para que ele não seja longo é somente porque, sendo a sua proposição sobre o tema – enunciação do assunto a ser discutido – não se justifica que nele você desenvolva idéias. Sinta-se, também, desobrigado de nomear, na introdução, na introdução, todos os argumentos que serão desenvolvidos depois. Esta é apenas uma das técnicas usadas para a dissertação, mas não é a melhor, no nível de maturidade que se espera do seu texto, tampouco a única. Procure evitar lugares comuns, seja verdadeiro, fique atento para não fugir ao tema proposto e... mãos é obra! 1. Uma declaração inicial Tema: Legalização da maconha É um grave erro a liberação da maconha no Brasil. Esse tipo de flexibilidade do Estado poderá levar a um imediato e violento consumo da droga, o que fragilizaria ainda mais o já precário controle que as autoridades exercem sobre o uso de psicotrópicos. 2. Definição: Tema: O mito O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, de estabelecer algumas verdades que só explicam parte dos fenômenos naturais, atribuindo-lhes as formas da ação humana. 3. Divisão: Tema: Exclusão Social Predominam ainda, no Brasil, duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser, enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências históricas têm demonstrado que o combate à marginalidade social só poderá ser minorado com os esforços do poder público e a ampla participação de iniciativa privada.

4. Oposição: Tema: A educação no Brasil De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de vídeo cassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

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5. Alusão histórica: Tema: Globalização Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

6. Citação Tema: Política humanitária “As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora”. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é uma bofetada no estado de displicência ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.

7. Seqüência de frases nominais (sem verbo) Tema: Impunidade no Brasil Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás. Muitos meses já se passaram e esses crimes continuam impunes.

8. Citação de forma indireta Tema: Religião Para Marx, a religião é o ópio do povo. Para alguns comunicados modernos, o ópio do povo é a televisão. Atentos a esta verdade, grupos evangélicos, há alguns anos, e a Igreja Católicas, mais recentemente, reuniram essas duas forças e criaram o Deus eletrônico, submetendo a população brasileira a uma verdadeira overdose.

9. Uma pergunta Tema: Saúde no Brasil Com o recolhimento de novos impostos, o sistema de saúde pública melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de sacrifícios sempre crescentes para pagar uma conta que parece ser tão grande quanto à ineficácia dos administradores deste setor no país. A cada, ano, os assalariados são instados a alimentar um sistema que só parece piorar.

10. Retomada de provérbio Tema: Mídia e tecnologia O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicas de hoje, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível. EXERCÍCIOS TREINAMENTO INTRODUÇÃO TEMA I (UFBA/94) “Que é o homem? Um animal acuado. Que é a vida humana? A tentativa de sair da armadilha (...). A vida de cada indivíduo e de todos os povos é isto: não perder a esperança, imaginar o jeito de sair do calabouço.” (Paulo Mendes Campos) Construa sua redação, a partir das considerações formuladas no trecho acima. Você pode concordar, ou não, com o autor. Considere, no seu texto, o homem brasileiro face às circunstâncias atuais do país. IDÉIA BÁSICA ___________________________________________________

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TEMA II A vida só é possível reinventada. (Cecília Meireles) a vida podia ser bem melhor e será mais isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita. (Gonzaguinha) É claro que a vida é boa (Vinícius de Moraes) Considere os trechos em destaque e escreva um texto sobre o tema por eles sugerido. IDÉIA BÁSICA ___________________________________________________

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TEMA III Chora a nossa Pátria mãe gentil, choram marias e clarices, no solo do Brasil. Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente. A esperança dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar... (João Bosco)

Isso aqui, ô, ô, é um pouquinho de Brasil Yá Yá desse Brasil que canta e é feliz, feliz. É também um pouco de uma raça que não tem medo de fumaça ai, ai, e não se entrega não... (Ary Barroso)

Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, e o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! (Joaquim Osório Duque Estrada)

Eu, brasileiro, confesso minha culpa, meu pecado, Meu sonho desesperado, meu bem guardado segredo, Minha aflição. ........................................ Aqui é o fim do mundo... Minha terra tem palmeiras onde sopra o vento forte Da fome, do medo e, muito principalmente, da morte. (Gilberto Gil)

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Escolha um dos temas (IV e V) e indique-o na folha de redação, antes de desenvolvê-lo.

TEMA IV (UFBA/98) “E de menino que se torce o pepino.” (Provérbio popular.)

*** “Eu acho divertido colar para tirar nota alta na prova de uma professora que diz que você não é capaz”. (J.S., 16 anos, aluno da 8ª série. FOLHA DE S. PAUL0, São Paulo., 2 jun.1997. Cad. 6. p. 5.)

*** “Por algum motivo, Galdino não se recolheu à pensão de dona Vera, onde estava hospedado. Em vez disso, esticou-se no banco do ponto de ônibus, a poucos metros dali, e, nesse momento, sofreu uma metamorfose. Virou um volume. Um pacote. (...) Os rapazes do Monza, que zanzavam pela noite em busca de alguma emoção forte, decidiram atear fogo àquele pacote de gente.” (TOLEDO, Roberto Pompeu de. Muitos carros contra nenhuma cama. Veja, São Paulo, n.17. p.126, 30 abr. 1997.)

*** “Existe um descontrole que corrompe e cresce Pode até ser, mas estou pronto p'ra mais uma que é que desvirtua e ensina? que é que fizemos de nossas próprias vidas?” (RUSSO, Renato. A montanha mágica. In.- Legião Urbana. Rio de Janeiro: Corações Perfeitos. Ed. Musicais, 1991.)

*** “O menino é pai do homem.” (MACHADO DE ASSIS. Obra completa. 3 ed. Rio de Janeiro: José Aguilar; 1971. v.1. p.526. Memórias póstumas de Brás Cubas.)

Analise o teor dos fragmentos acima. Considerando a importância dos valores éticos na atuação social do indivíduo, escreva um texto sobre: “A Pátria é no futuro: é o que restará do que fazemos.” CAMPOS, Paulo Mendes. Diário da Tarde. Rio de janeiro: Civ. Brasileira/São Paulo: Massao Ohno,1981. p. 52.)

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TEMA V “— Os donos desse conjunto dizem que os invasores têm que ir embora porque não têm direito aos apartamentos. — Eu não saio. É direito dele, mas nós precisamos.” (PEDREIRO fazia seu cantinho. Folha de S. Paulo, São Paulo. 22 maio 1997. Cad. 3. p. 5.)

*** “Salvador parou, ontem, por mais de quatro horas, em conseqüência de engarrafamentos em diversos locais da cidade. (...) Muitas pessoas ficaram presas no trânsito, chegando esbaforidas ao terminal e várias perderam o horário do ônibus. As reclamações foram generalizadas.” (ENGARRAFAMENTO causa confusão em muitas ruas. A Tarde, Salvador, 21 jun. 1997. Cad. 1, p. 1.)

*** “Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é um homem. E os outros homens cumprem o seu destino de passantes, que é o de passar. (...) Passam e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.” (SABINO, Fernando. Obra reunida. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. v. 1. p. 874. A mulher do vizinho.)

***

“O caso era de Sebastião Raimundo (como informou em três linhas, na manhã seguinte, o jornal), que trabalhava no sétimo andar e, descuidando-se, caiu ao solo. (...) Os comentários na calçada eram vagos, nem havia muita substância para eles. (...) E os olhos queriam ver, porque essa era a função dos olhos... a obra não podia ficar suspensa indefinidamente, e logo recomeçou, arrastada.” (ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 816-7. Morte na obra.)

Associe o conjunto das situações indicadas nos trechos acima à sua experiência pessoal e produza um texto sobre:

“O homem diminui à medida que a cidade cresce”. (CAMPOS, Paulo Mendes. Diário da Tarde. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira/São Paulo: Massao Ohno, 1981. p. 29.) IDÉIA BÁSICA ___________________________________________________

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TEMA VI “Agora, o que nenhum arranha-céu poderá ter, e as casas antigas tinham, é esse ar humano, esse modo comunicativo, essa expressão de gentileza que enchiam de Mensagens amáveis as ruas de outrora.

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......................................................................................... Afinal, tudo serão arranha-céus. (Ninguém mais quer ser como é: todos querem ser como os outros são.)” (MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. Rio de Janeiro: Record, s.d. p. 21 e 23. Casas amáveis.) “... o artesão destaca-se da engrenagem porque produz sob medida, individualiza, resiste à padronização. E na corrente do consuma as variantes do padrão médio devem ser ignoradas, em favor do trabalho em série. Para a indústria farmacêutica não há doentes: existem apenas doenças.” (PORTELLA, Eduardo. Vanguarda e cultura de massa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978. p. 46.) “A cultura e a civilização, Elas que se danem ou não. Somente me interessam Contanto que me deixem meu licor de jenipapo, O pão das noites de São João.” (GÓES, Fred de. Gilberto Gil: seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico... .São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 32, (Literatura comentada)) Considere o teor dos trechos acima e desenvolva o tema: A INDIVIDUALIDADE E A SOCIEDADE DE CONSUMO IDÉIA BÁSICA ___________________________________________________

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TEXTO PARA DISCUSSÃO 1. Seca eleva a mortalidade infantil A taxa de mortalidade infantil em Pernambuco, que segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está entre as cinco maiores do país, apresentou um crescimento de 33% no primeiro trimestre de 99 em relação ao mesmo período do ano passado. [...] De acordo com Zilda Arns, dois fatores foram determinantes para o aumento da taxa de mortalidade infantil em Pernambuco: a seca prolongada e o desemprego. (JC Cidades, 13/7/99.) MORTALIDADE INFANTIL Situação atual: a cada 1 000 nascimentos, 36 bebês morrem antes de completar 1 ano. Posição no ranking: 108° pior numa lista de 191 países que forneceram o dado. [O Brasil] Está empatado com Azerbaijão, China e Filipinas. Por quê?: os índices africanos existentes nas regiões Norte e Nordeste se explicam pela falta de infra-estrutura (água potável e saneamento básico) e pela ausência de acompanhamento pré-natal. Solução encontrada: programas realizados pelo governo e por ONGs têm tido sucesso em reduzir a mortalidade. Em dez anos, o índice, que era de 48 mortes por 1 000 nascimentos, caiu 25%. Quando resolveremos: ao ritmo em que o indicar dor se reduz, em 2037 empataremos com o índice atual do Chile (11 mortos por grupo de 1 000). DISTRIBUIÇAO DE RENDA Situação atual: os 40% mais pobres da população ganham o equivalente a 8% da renda nacional. Os 20%, mais ricos ganham 64%. Posição no ranking: penúltimo de uma lista com 96 países. Perde apenas para Serra Leoa, país africano que vive em guerra civil há quase dez anos, classificado pela ONU como o mais pobre do mundo. Por quê?: é um problema histórico. O governo brasileiro sempre deu prioridade a programas que envolvessem a classe média, deixando de lado ações de maior impacto social. Solução encontrada: o fim da inflação aumentou a renda dos mais pobres, mas também aumentou a renda dos mais ricos. A desigualdade diminuiu pouco. Quando resolveremos: ao ritmo em que a concentração de renda vem caindo, em 2051 estaremos com índices iguais aos da Austrália de hoje. (22/12/99.) Como você sabe, o texto dissertativo expõe um conjunto de informações ou idéias e desenvolve-as. Com base nos dados fornecidos ou em outros que você venha a pesquisar, produza ao menos um texto dissertativo a partir das propostas que seguem. Em todas elas você deve reunir os dados relacionados ao assunto, analisá-los, observar causas e conseqüências e comentá-los. Como é comum ao texto dissertativo, trabalhe com dados objetivos, evitando expressar opiniões. 1. Mortalidade infantil 2. Miséria e trabalho infantil 3. Criança e cidadania 4. Infância abandonada 5. Um país que cresce sobre marcas do subdesenvolvimento 2. O homem que quer ser Deus Era só uma questão de tempo. Desde que o embriologista Ian Wilmut apresentou ao mundo sua criação, a ovelha “Dolly”, esperava-se que, a qualquer momento, algum cientista desse o próximo passo: copiar um ser humano. O que ninguém

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imaginava é que isso ocorreria tão cedo. Na semana passada, o americano Richard Seed anunciou que, no prazo de noventa dias, pretende começar a usar a técnica aprimorada em Dolly para gerar um bebê-clone. Se o experimento der certo, será a primeira cópia genética fiel de outra pessoa obtida em laboratórios. Os preparativos incluem oito voluntários dispostos a servir de cobaia. Do grupo fazem parte quatro mulheres que serão usadas como mães de aluguel para os futuros clones. “Vou fazer pelo menos 500 clones por ano numa clínica em Chicago e, mais tarde, abrirei filiais nos Estados Unidos e em outros países”, avisou. “Se o governo americano, tentar me impedir, vou para o México ou qualquer outro país que esteja disposto a me aceitar.” (Veja, 14/1/98.) TRANSGÊNICOS Antes mesmo de a ciência dar o seu parecer definitivo sobre os efeitos dos transgênicos organismo humano, esses tipos de grãos, resultado de alterações genéticas, já vêm sendo comercializados, inclusive no Brasil. Como é que se faz a alteração genética dessas plantas? Que interesses econômicos, científicos, medicinais e nutricionais existem nessas experiências? Que riscos elas representam? Que diz a legislação vigente em nosso país e em outros países? Transgênicos em xeque Os organismos geneticamente modificados (OGMSD) são também chamados de transgênicos porque recebem pedaços de DNA de outras espécies. Esses genes alienígenas mandam o receptor produzir substâncias que nunca produziria na natureza. No caso do milho, é enxertado um gene da bactéria Bacillus thuringiensis (daí o termo “Bt”) contendo instruções para fabricar uma toxina que envenena insetos, mas não o homem. A própria planta se torna um inseticida. (Folha de S. Paulo, 23/5/99.) Liberação de soja transgênica no Brasil foi má decisão, diz britânico

O biotecnólogo Julian Kinderlerer, consultor para assuntos ambientais do governo britânico, disse que a autorização do governo brasileiro para o plantio comercial de soja transgênica no país foi “má decisão econômica”, embora correta do ponto de vista científico. O mercado europeu tem demonstrado grande resistência aos alimentos geneticamente modificados, e o Brasil poderia obter vantagens na exportação de soja convencional para a Europa se o plantio comercial da transgênica não fosse liberado, disse Kinderlerer. (Folha de São Paulo, 8/6/99.) 3. Menu de bebês Em busca do bebê perfeito

Cena real de uma clínica de reprodução artificial no Brasil: um casal recebe um cardápio de doadores do banco de sêmen e nele encontra ofertas variadas. Um professor de origem libanesa que adora surfar ou um escrivão de ascendência espanhola cujo hobby é estudar filosofia. A lista informa que o professor é católico e o escrivão, muçulmano. Descreve seus tipos sanguíneos e relaciona peso, altura e cor dos olhos. O casal estuda as opções, faz sua escolha e, pelo equivalente a 150 dólares, adquire a amostra que dará origem a seu futuro bebê. [...]

Perto disso tudo, a jogada de marketing do fotógrafo americano Ron Harris, que abriu na semana passada um leilão online de óvulos de três belas modelos, empalidece. Harris [...] pede um mínimo de 15 000 dólares por óvulo de suas beldades [...], é o primeiro a admitir abertamente ser apenas um intermediário e que os óvulos trocarão de útero mediante pagamento em dólares. (Veja, 3/11/99.)

Conseguimos quatro embriões e dois eram do sexo feminino. Os outros dois eram meninos e os exames mostraram que teriam síndrome de Down. Tive de optar. Eles foram descartados. (Cilene Lopes, 37 anos, funcionária pública.) 4. Embriões congelados Para a inseminação artificial de algumas mulheres, às vezes vários embriões são obtidos com sucesso mas apenas um é aproveitado. O que fazer com os outros embriões? No caso, pela lei vigente (resolução 1358/92 do Conselho Federal de Medicina - CFM), eles devem ser congelados. Mas o que fazer com eles depois de vários anos? Devem ser destruídos? Isso não seria Lima espécie de aborto? Há cerca de um ano o médico Edson Borges viveu uma de suas mais chocantes experiências profissionais. Ao comunicar a um casal de pacientes o sucesso de sua tentativa de fertilizar in vitro, esperava uma explosão de alegria diante dos três embriões saudáveis, do sexo feminino, prontos para ser transferidos para o útero da mulher. Mas, ao ouvir a notícia, o marido da paciente disse apenas: “Pode jogá-los fora”. Ele queria, sim, um bebê, desde que fosse menino. Borges ainda tentou convencê-lo a, ao menos, congelar os embriões, mas, enquanto falava ele já se retirava da clínica. Sua mulher o seguia em prantos. (Veja, 3/11/99.) Sem lei nem fiscalização, embriões são descartados Para o CFM, a redução embrionária - quando o médico retira do útero embriões para evitar uma gravidez múltipla - é um aborto. O profissional pode ter seu registro cassado caso se comprove uma denúncia. [...] Marisa (o nome é fictício), do Rio de janeiro, afirma que em 97 ficou grávida de trigêmeos ao se submeter a uma fertilização in vitro. Sem condições financeiras para criar as três crianças e com medo de alguma complicação no decorrer da gravidez, ela foi convencida a retirar dois embriões. Hoje, mãe de um garoto, ela afirma que tomou a melhor decisão. “Mas até hoje sinto uma dor no coração quando penso neles.” (Folha de S. Paulo, 3/10/99.)

[...] Em países como EUA, Reino Unido e França a destruição [dos embriões congelados] é permitida por lei após certo prazo. Noutro,como Itália e Áustria, encontrá-se proibida. Na Alemanha, o próprio congelamento é vedado. O debate costuma ser esterilizado por profundas paixões e convicções. À sociedade interessa distanciar-se do simplismo imperante nos extremos: tanto da concepção manipuladora e utilitária da pesquisa médica, mais absorvida numa concorrência feroz, quanto de considerações de fundo religioso e moral, cujos pontos de vista são irredutíveis entre si.

Eis uma das muitas perguntas que a reprodução assistida impõe à opinião pública: pode-se considerar “vida”, ou “gente”, uma dúzia de células indefinidamente suspensas e confinadas a um limbo enregelado?

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Há muitas respostas legítimas, porém excludentes, para a questão. É urgente encontrar um terreno comum para conciliação, sob pena de ver a ciência enveredar por um rumo sobre o qual não exista controle. (Folha de S. Pauto, 14/5/99.) 5. Testes de paternidade, doenças hereditárias, investigações policiais Pessoas famosas, como Pelé, Roberto Carlos e o jogador Edmundo já estiveram envolvidas em questões que envolviam dúvidas sobre a paternidade. As técnicas científicas de reconhecimento da paternidade melhoraram muito depois que foi introduzido o exame de DNA. Além disso, esses exames também conseguem detectar futuras doenças ou anomalias geneticamente transmissíveis e até mesmo comprovar a culpa ou a inocência de um acusado pela Justiça. Corno são feitos esses exames? Que tipo de informação eles fornecem? Quais as possibilidades de erro? Quais são as doenças e anomalias genéticas mais comuns? A ciência pode intervir rio código genético, alterando predisposição a doenças e anomalias? Para que servem os exames pré-natais. O embrião perfeito O teste do DNA e do cromossomo das células do embrião identifica, além do sexo, uma série de doenças. Veja o que já se detecta e o que será detectado em breve. Hoje Síndrome de Down Hemofilia Fibrose cística Distrofia muscular Doença de Huntington (degeneração mortal do cérebro) Síndrome do cromossomo X frágil (leva ao retardamento mental) No futuro Mal de Alzheimer Doenças congênitas do coração Câncer no seio, pele e pâncreas Diabetes Fontes: Mayana Zatz, Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, USP/Online Mendelian Inheritance in Man, Johns Hopkins University DNA desvenda crimes e muda sentenças

Em vez da tradicional “dedução”, técnica predileta de [Sherlock] Holmes, os investigadores americanos estão usando DNA – e não apenas para prender assassinos. Essa moderna arma tecnológica também serviu para libertar até agora 62 pessoas, condenadas há mais de uma década por crimes que não cometeram, e para provar que o terceiro presidente dos EUA [...] mentiu para a mulher. O DNA é a parte da célula que contém o código genético de uma pessoa. Obter uma amostra de DNA pode ser mais fácil que buscar impressões digitais e basta uma gota de sangue, uma minúscula quantidade de sêmen, um fio de cabelo com raiz ou lixo. Chicletes, guimbas de cigarros, latas de cerveja e copos de refrigerante contêm os restos de saliva necessários para serem analisados em laboratório. E o melhor: “Ninguém precisa de uma autorização judicial para recolher lixo e examiná-lo”, explica Keith Findley, um advogado que está montando um Projeto Inocência em Winsconsin. “Houve um caso de um policial que seguiu um suspeito, esperou apenas que ele cuspisse no chão para apanhar uma amostra de saliva e provar a sua culpa”. [...] (O Estado de São Paulo, 27/6/99.)

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