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Rede São Paulo de Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio São Paulo 2011

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  • Rede So Paulo de

    Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESP

    Ensino Fundamental II e Ensino Mdio

    So Paulo2011

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  • OrganizaoTextual

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  • sumrio tema ficha

    SumrioOrganizao Textual ......................................................................3

    1. Conexo em nvel de macro organizao textual .......................3

    1.1 marcadores de seqncia cronolgica de eventos ..................................4

    1.2 marcadores de organizao do discurso ................................................5

    1.3 marcadores que indicam o ponto de vista do autor sobre o que ele est escrevendo ..................................................................................................6

    2. Construo Composicional de um texto dissertativo .................9

    3. Detalhamento da Estrutura Problema-Soluo (HOEY, 1979) .... 12

    4. Construo composicional do Artigo Acadmico Cientfico ...13

    4.1 Caracterizao do gnero acadmico cientfico .................................. 13

    4.2 Organizao Especfica do Texto de Relato de Pesquisa ................... 14

    Bibliografia ............................................................................. 18

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    Organizao Textual

    1. Conexo em nvel de macro organizao textual (marcadores de sequncia cronolgica, de organizao do discurso e de pontos de vista do autor)

    Uma organizao textual bem realizada pode sinalizar as intenes do autor e concorrer para uma compreenso adequada do texto. Ter em mente as noes de coeso e coerncia, j abordadas no tema anterior importante para se analisar e compreender a organizao de um gnero textual.

    Conforme j abordado no tema 3 desta disciplina, a coerncia no algo detectvel no tex-to, ligado linearidade; ela est ligada possibilidade de o texto significar algo para um deter-minado leitor. Segundo Koch e Travaglia (1989,p.21), coerncia seria...como um princpio da interpretabilidade, ligada legibilidade do texto numa situao de comunicao e capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto. Isso explica a existncia de sequncias lingusticas coesas e no coerentes por motivos pragmticos (por no serem coerentes com o conhecimento de mundo que se tem, caso do exemplo do tema 3, em que j discutimos a dis-tino entre texto coeso e texto coerente), ou simplesmente no interpretveis para um deter-minado leitor (por falta de conhecimento da rea do texto, por exemplo, como o caso do texto de Semitica usado no tema 1, em que abordamos conscientizao sobre o processo de leitura).

    Por outro lado, como tambm j abordado no tema 3, a coeso algo que se detecta no nvel lingstico, um fenmeno de relao de sentidos entre as idias expostas em um texto, realizado por itens da lngua como pronomes e advrbios.

    No tema anterior, j abordamos a Coeso referencial, realizada por meio da Referncia. Nesta, vamos abordar a conexo realizada por advrbios sentenciais (tambm chamados advr-bios de texto) e outros conectivos (palavras,expresses) que estabelecem entre partes do texto, diversos tipos de relaes semnticas e/ou pragmticas. So os tradicionalmente conhecidos como marcadores do discurso que servem para marcar relaes entre diferentes partes do texto (muitas no prximas), entre idias apresentadas no texto, de uma maneira menos rgida que conjunes. Por exemplo, expresses como por causa disso ou por outro lado so impor-tantes para salientar relaes entre pargrafos, entre idias localizadas em pontos distantes do

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    texto.Vemos que a coeso realizada por esse tipo de conectivo concorre para a coerncia global do texto enquanto as conjunes concorrem para a coerncia local (de um determinada frase ou perodo).

    H trs tipos de marcadores: - a) de seqncia de eventos, - b) de organizao da argumen-tao e - c) os que indicam o ponto de vista do autor sobre o que est escrevendo.

    1.1 marcadores de seqncia cronolgica de eventos

    Estabelecem o tempo em que uma ao ou evento ocorreu; relaes de tempo entre eventos (de simultaneidade de ocorrncia; de anterioridade ou posterioridade de uma ao em relao a outra numa seqncia), pelo uso de:

    - tempo explcito: on sunday, in 1988, at three oclock, in the 8th century ..:

    Ex: The president arrived at three oclock. The game started at four...

    In 1500, Brazil was discovered.

    - palavras como: then, after, before, first,...

    Ex: The president arrived. Then, the game started. (primeiro o presidente chegou)

    The president arrived before the game started. (primeiro o presidente chegou)

    - tempos verbais

    Ex: The game started; the president had arrived. (primeiro o presidente chegou)

    The Orchestra was playing and the chorus was singing the Anthen.(simultaneidade)

    - oraes subordinadas temporais

    The game started [after the president had arrived.] (primeiro o presidente chegou)

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    - oraes coordenadas

    [The president arrived] and [the game started]. (primeiro o presidente chegou)

    - seqncia de frases

    The president arrived. The game started. (primeiro o presidente chegou)

    1.2 marcadores de organizao do discurso

    Mostram a maneira como o autor organiza seu texto, chamando a ateno para a funo das frases. Tornam possvel ao leitor prever a ao do autor, o que o autor vai fazer naquele ponto do texto (vai resumir, vai concluir, exemplificar, iniciar uma enumerao de itens? ..)

    indicar a ordem em que assuntos sero tratados: firstly, secondly, lets begin with.. ; first of all ; next, finally

    redefinir:that is to say; putting it in another way..; in other words; that is...

    referir-se a um autor: as Freire puts it;in Freires view; concerning this, Freire says...; following Freires concept...

    referir-se a um outro ponto do texto ou a outros textos: as I have mentioned in the introduc-tion; as I have referred to in section 2...; as I have made clear before; as I have men-tioned somewhere before

    manter-se na mesma linha de pensamento: on this same line......; similarly...;

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    resumir: to sum up...; summing up; summarizing; in short

    focalizar/ressaltar um ponto: lets pay attention to...; lets consider this; in this sec-tion, we will focus on; lets turn the focus (our attention) to

    exemplificar: for example..; such as...

    enumerar itens: the first; the second; the third; the last

    concluir: to conclude; in conclusion finally; last, but not least

    1.3 marcadores que indicam o ponto de vista do autor sobre o que ele est escrevendo

    Mostram a relao percebida pelo autor entre fatos e idias (se ele as considera imprevistas, semelhantes, diferentes,...). Tais marcadores podem ser divididos em:

    aditivos (introduzem fatos e idias adicionais que reforam outros j mencionados):

    . and; besides all of these; besides all these factors; in addition to; its worth mentio-ning - introduzem adies evidentes

    . similarly, the same as; following the same line of thought; - comparam um ponto novo com um anterior

    adversativos (introduzem uma informao contrria ao que j tiver sido dito)

    but; differently; instead of - corrigem algo do esperado para o no esperado ou apre-sentam uma expectativa negada

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    indeed; as a matter of fact- admitem o no esperado

    at the same time; on the one hand.on the other hand - apresentam contraste

    causais (mostram relaes de causa/ razo, de efeito/ resultado, de inteno/finalidade e de condio).

    O grupo pode ser subdividido em :

    causa/razo: for this reason; due to..; because of

    resultado: as a result of; then; consequently; therefore

    finalidade: having in mind; with the aim of

    condio: in this case; under these circunstances; if;, unless, ...

    Alm disso, h outros tipos de marcadores que tm tambm a funo de sinalizar a organi-zao das informaes no texto e que no so de natureza lingstica: os numerais, os pontos ou asteriscos, etc...que aparecem em enumeraes / a diviso em sees com subttulos / os destaques / os numerais referentes a ano / os algarismos romanos referentes a sculos / a or-dem das oraes coordenadas...)

    A seguir, um exemplo de texto jornalstico em que os marcadores textuais sinalizam a ar-gumentao do autor e possibilitam ao leitor fazer predies do que encontrar em partes do texto por eles introduzidas.

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    Marcadores em um texto jornalstico

    Global Warming

    Thursday, July 15, 2010

    Updated Aug. 16, 2010

    By ANDREW C. REVKIN

    Overview

    Global warming has become perhaps the most complicated issue facing world leaders.

    On the one hand, warnings from the scientific community are becoming louder, as an

    increasing body of science points to rising dangers from the ongoing buildup of human-

    -related greenhouse gases produced mainly by the burning of fossil fuels and forests. On

    the other, the technological, economic and political issues that have to be resolved be-

    fore a concerted worldwide effort to reduce emissions can begin have gotten no simpler,

    particularly in the face of a global economic slowdown.

    After years of preparation for climate talks taking place in Copenhagen through Dec.

    18, 2009, President Obama and other leaders announced on Nov. 15 what had already

    become evident that no formal treaty could be produced anytime soon. Instead, the

    leaders pledged to reach a placeholder accord that would call for reductions in emissions

    and increased aid to help developing nations adapt to a changing climate and get access

    to non-polluting energy options.

    This would in theory give the nations more time to work out the all-important details.

    Negotiators would then seek a binding global agreement in 2010, complete with firm emis-

    sion targets, enforcement mechanisms and specific dollar amounts to aid poorer nations.

    At the heart of the debate is a momentous tussle between rich and poor countries over

    who steps up first and who pays most for changed energy menus.

    Fonte: http://topics.nytimes.com/top/news/science/topics/globalwarming/index.html#

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    Observe nossa anlise:

    Os marcadores On the one hand e On the other sinalizam introduo de dois pontos de vista diferentes sobre o tema focalizado: Global Warming (Aquecimento global). Se o leitor tiver um pouco de conhecimento do tema, poder predizer os dois pontos de vista: algo como, de um lado as preocupaes com a ecologia e do outro com o desenvolvimento. O marcador After years of preparation sinaliza que o que se decidiu em Copenhagen 2009 demorou muito ( e se o leitor j tiver conhecimento do que foi decidido j nem precisar ler o que vem depois: que o que foi decidido que nenhum tratado formal poder ser definido a curto prazo). O marcador Instead sinaliza a alternativa que se props em Copenhagen. E then, sinaliza alguma conseqncia do que foi exposto no perodo anterior. Se o leitor entender o perodo anterior, poder predizer algo sobre o que o marcador then introduz.

    2. Construo Composicional de um texto dissertativo

    Qualquer texto bem organizado apresenta trs partes distintas: introduo, desenvolvimen-to e concluso. Segundo Koch (1989), um texto bem redigido, especialmente os dissertativos, em que o autor defende alguma idia, apresentando argumentos, geralmente organiza essas trs partes seguindo padres que tentamos esclarecer a seguir.

    Introduo (apresenta a idia central, o tema que ser discutido; apresenta a situao e/ou problema)

    Na introduo, da qual faz parte o ttulo e subttulos, o autor apresenta a idia que ser de-batida, a tese a ser defendida, a pergunta a ser respondida.

    Tipos de introduo:

    Introduo Roteiro (esclarece sobre a organizao do desenvolvimento, sobre a organizao do texto).

    Introduo Tese (declara uma idia que deseja defender)

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    Introduo Questionamento (com uma pergunta, que pode estar no ttulo, incita o leitor a pensar sobre uma questo relacionada ao tema)

    Introduo Exemplo (apresenta exemplo(s) da situao ou problema para atrair a ateno)

    Desenvolvimento (discute e refora a idia central, a situao ou o problema)

    No desenvolvimento, o autor apresenta argumentos prprios; recorre a idias de outros autores e/ou a exemplos para reforar sua tese ou para apontar uma situao, um problema. Na argumentao, far uso de recursos, destacando-se o papel importante dos conectivos para apresentar:

    Recursos de desenvolvimento

    Comparao por similaridade ou dissimilaridade: h textos cujo desenvolvimento se funda-menta no recurso da comparao (de pontos semelhantes ou pontos contrastantes entre duas culturas, duas teorias, dois autores, dois estilos arquitetnicos, etc...)

    Causa-conseqncia: h textos cujo desenvolvimento se estrutura em termos da apresentao de causas e consequncias (como , por exemplo, apresentao de causas e conseqncias do uso de drogas por adolescentes).H textos que apresentam at ilustrao resumindo causas e consequncias da adoo de uma certa atitude..

    Enumerao (de causas, de fatores, de resultados de uma pesquisa,...)

    Tempo-espao (sinalizando localidade e poca, comum em textos histricos) Exemplificao (apresentando exemplos, casos para ilustrar uma idia)

    Concluso (confirma ou refuta a tese, responde pergunta, apresenta soluo, avalia a soluo)

    Na concluso, o autor geralmente retoma o que props na introduo, seja confirmando ou re-futando a tese, respondendo aos questionamentos ou apresentando uma proposta de soluo para o problema. Dependendo de como se apresentou a introduo, a concluso pode ser de vrios tipos.

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    Tipos de concluses:

    Resumo (apresenta um resumo dos pontos principais apresentados)Proposta(s) de soluo e/ou Avaliao (apresenta sugestes para a soluo do problema e/ou

    faz avaliao crtica de propostas apresentadas)Surpresa (surge com algo inesperado para concluir o texto, algo cmico ou irnico)

    Devemos observar que a introduo e a concluso so as partes mais importantes a serem lidas em um texto quando desejamos o nvel da compreenso de pontos principais, uma vez que, conhecendo como o texto iniciado e como concludo, podemos inferir muito sobre seu desenvolvimento.

    Da mesma maneira em que o texto como um todo apresenta introduo, desenvolvimento e concluso, assim tambm o pargrafo bem estruturado apresenta introduo, desenvolvimen-to e concluso. Por isso, ns enfatizamos tanto a importncia de se ler a primeira e a ltima sentena de cada pargrafo para se obter uma compreenso muito boa dos pontos principais.

    Freqentemente, fcil classificarmos a introduo, o desenvolvimento e a concluso de um texto, uma vez que os autores, ao planejarem a organizao de seus textos, ou seja, a maneira de apresentar suas informaes, de distribu-las em diferentes sees, por exemplo, tentam tornar o gnero saliente para o leitor, mas pode acontecer (e ns diramos, at com certa freqncia) de uma introduo ou uma concluso se enquadrarem em mais de um tipo, serem mistas. O desenvolvimento tambm, mais freqentemente ainda pode ser misto. Por exemplo, um autor pode apresentar uma pergunta no ttulo e, em seguida, logo no primeiro pargrafo ou no subt-tulo (portanto ainda na introduo) enumerar os aspectos que abordar para tentar responder questo. Nesse caso, a introduo tambm do tipo questionamento e roteiro.

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    Esquema Organizacional de Textos Dissertativos INTRODUO (apresenta a idia central, o tema que ser discutido; apresenta a situao

    e/ou problema)Tipos: Roteiro (esclarece sobre a estrutura do desenvolvimento) Tese (declara uma idia que deseja defender) Questionamento (incita o leitor a pensar sobre uma questo relacionada ao tema) Exemplo (apresenta exemplo(s) da situao ou problema para atrair a ateno)

    DESENVOLVIMENTO (discute e refora a idia central, a situao ou o problema)Recursos: (papel importante dos conectivos) Comparao (similaridade ou dissimilaridade) Causa-conseqncia Enumerao (de causas, de fatores) Tempo-espao (narrao) Exemplificao

    CONCLUSO (confirma a tese, responde pergunta, prope soluo para o problema)Tipos: Resumo Proposta de soluo e/ou Avaliao Surpresa

    Importante atentar para a localizao dessas partes e/ou marcadores que as sinalizam

    3. Detalhamento da Estrutura Problema-Soluo (HOEY, 1979)

    Bem, queremos ressaltar que no tpico anterior em que resumimos os diferentes tipos de introduo, desenvolvimento e concluso, est includa a viso de que a grande maioria dos textos argumentativos apresenta uma organizao semntica, ou seja, um arranjo das informa-es, dos significados, que configura o que denominado estrutura problema-soluo. Vrios

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    lingistas fizeram meno a essa estrutura depois da dcada de 50 (BEARDSLEY, 1950; BECKER, 1965; RODGERS, 1966; BRADDOCK, 1974; STERN, 1977), mas ela s foi detalhada e desenvolvida como um aspecto central da Lingstica Textual, por Hoey (1979). A seguir, detalhamos a estrutura problema-soluo de Hoey (1979).

    Detalhamento da estrutura problema-soluo de Hoey (1979)

    (Os quatro aspectos da estrutura problema-soluo que podem ser identificados por meio da busca de respostas a perguntas especficas)

    Situao (Qual o situao social em que o problema observado?)Problema (Qual o problema focalizado?)Soluo (O autor prope uma soluo para o problema? Qual a proposta?)Avaliao (O autor avalia a viabilidade da proposta? Qual a avaliao?)

    Importante! Atentar para a seleo lexical (vocabulrio) que sinaliza cada um dos aspectos

    4. Construo composicional do Artigo Acadmico Cientfico

    O que a estrutura de Hoey sinaliza que h textos que se organizam fortemente em tor-no da apresentao de um problema e da proposta de uma soluo, principalmente o gnero acadmico-cientfico. Esse gnero, embora no seja utilizado nas prticas de sala de aula no ensino fundamental e mdio, ser focalizado a seguir, por considerarmos importante que vo-cs, cursistas, se familiarizem com a sua organizao, por necessitarem fazer leituras de artigos acadmico cientficos, indicados em nossas bibliografias, que podero fundamentar seus traba-lhos de concluso deste curso. Alm disso, a nossa anlise da organizao do gnero acadmico cientfico, que passaremos a realizar, a seguir, poder servir de exemplo para anlise de outros gneros.

    4.1 Caracterizao do gnero acadmico cientfico

    Quais so as caractersticas de um texto acadmico cientfico? Quais so as funes comu-nicativas, aes principais que um autor pretende realizar quando escreve e publica um texto

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    sobre um determinado assunto de uma rea especfica?

    Para caracterizarmos bem o texto acadmico-cientfico, podemos dizer que ele tem como funes comunicativas aumentar e distribuir conhecimento sobre o mundo real, tentando ex-plorar, ampliar ou esclarecer o conhecimento de um domnio especfico. E todas essas funes podem ser subcategorias da funo de informar. Mas, segundo Holmes (1983), no h texto ingnuo, que seja escrito apenas para informar. Principalmente o texto acadmico-cientfico, embora nem todo leitor se d conta, tem como inteno convencer o leitor sobre a viabilidade de uma idia.

    Os textos publicados em journals (peridicos de rea especfica), que tm como leitor alvo o indivduo que pertence a uma comunidade cientfica, pressupem pesquisa anterior, investigao terica com coleta de dados baseada na literatura ou investigao de campo com coleta de dados em contextos da vida real. O relato de pesquisa, que pode ser um artigo, uma dissertao ou uma tese, o texto cientfico por excelncia, pois apresenta, de maneira quase sempre muito explcita, todas as etapas do processo de pesquisa cientfica.

    Como bem coloca Swales (1981), o relato de pesquisa, um gnero textual que se tornou um clssico do ingls como lngua universal, uma vez que reconhecidamente, essa a lngua das comunicaes cientficas no mundo.

    , portanto, importante conhecermos a organizao desse gnero, porque esse conhecimen-to torna possvel prevermos informaes que os seus textos representativos traro, localizarmos informaes mais facilmente e, seletivamente, decidirmos o que importante lermos em deta-lhe e o que podemos ignorar, conforme nossos objetivos com a leitura. Por exemplo, se o nosso objetivo for apenas entendermos a metodologia utilizada por um autor, no nos deteremos na discusso terica do tema de sua pesquisa que pode no nos interessar, mas alocaremos ateno para a seo de Metodologia; se, o objetivo for entender um conceito terico, alocaremos aten-o para a Introduo ou para a seo de pressupostos tericos, partes em que mais comum encontrar o esclarecimento desejado.

    Vejamos, a seguir, a organizao especfica do relato de pesquisa.

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    4.2 Organizao Especfica do Texto de Relato de Pesquisa

    A maioria dos relatos de pesquisa apresentam a seguinte organizao que resulta nas se-guintes partes e/ou sees ou uma variao delas: introduo, reviso da literatura, metodolo-gia, resultados, discusso e/ou concluso, referncias.

    Swales prestou especial ateno estrutura das introdues dos artigos de relatos de pesqui-sa. E ele apresenta justificativa pedaggica para a sua ateno s introdues: ele aconselha o leitor a tentar perceber a organizao da introduo de um texto acadmico porque, na maioria dos casos, ela antecipa a organizao do texto como um todo.

    A introduo normalmente apresenta componentes como a rea, o(s) objetivo(s) geralmen-te relacionado(s) com um problema no resolvido da rea, a reviso da literatura. vezez, o autor comea declarando o objetivo da pesquisa e automaticamente fica implcita a rea. O desenvolvimento apresenta a Metodologia e seus componentes e na concluso comum ser apresentada uma proposta de soluo ou sugestes para minimizar o problema. Em alguns textos h ainda uma avaliao da aplicabilidade da proposta de soluo.

    Vejamos, a seguir, de forma esquemtica, a organizao do gnero acadmico cientfico.

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    Esquema Organizacional de Textos Acadmico Cientficos

    INTRODUO

    (incluindo ttulo) Situao (contexto de realizao da pesquisa em que se encontra o problema) Problema (que motivou a realizao da pesquisa)Reviso da literatura (para esclarecer a natureza do problema ou apresentar maneiras j pensadas de abordagem do problema)

    Objetivos da pesquisa (apresentar e/ou verificar uma hiptese de resoluo e/ou explicao do problema)

    DESENVOLVIMENTO

    Metodologia

    Universo da PesquisaLocaisSujeitosInstituies

    ProcedimentosTcnicas de coletaMateriais

    Anlise dos Dados (Resultados)

    (em que dados encontrados so apresentados

    e analisados isoladamente)

    Discusso dos Resultados (em que se resumem os resultados mais significativos e se apresenta uma anlise global)

    CONCLUSO

    REFERNCIAS

    (em que se prope uma soluo para o problema, respondendo s perguntas

    de pesquisa, cumprindo os objetivos, confirmando ou no a tese)

    (em que o autor pode ainda apresentar uma avaliao da aplicabilidade da

    proposta de soluo)

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    Marcadores Frequentes em Relatos de PesquisaMarcadores de apresentao da situao:

    numerais correspondentes a datas

    nomes prprios de localidades

    vocabulrio avaliativo (adjetivos)

    Marcadores de apresentao do objetivo:

    The aim (objective/purpose) of this (the present) paper (study/work/research/investiga-tion) is (was) to + verbo no infinitivo.

    This (the present) paper (study/work/research/investigation) was conducted to + verbo no infinitivo.

    Marcadores de apresentao do problema:

    o item lexical problem ou outros que sinalizam problema (war, conflict, poverty, hun-ger, violence, underdeveloped...)

    Marcadores de apresentao da metodologia:

    seo especial com subttulo e a palavra methodology

    outras palavras como: data collecting techniques/instruments...interviews, questio-naires..

    Marcadores de apresentao dos resultados:

    seo especial com subttulo e a palavra results

    expresses que sinalizam resultados encontrados como:

    the subjects (interviewees, informants, respondents) considered (said / thought)

    the results showed... / the findings showed (revealed)

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    Marcadores de concluso:

    seo especial com subttulo e a palavra conclusions

    expresses que sinalizam concluso como in conclusion, concluding

    Marcadores de sugesto, de proposta de soluo:

    o verbo suggest, o verbo recommend, o modal should

    itens lexicais que sinalizam soluo

    FINALIZANDO

    Finalizando este tema em que abordamos a Organizao Textual, focalizando os tipos de introduo, desenvolvimento e concluso de um texto, incluindo um detalhamento da or-ganizao problema-soluo to comum em diferentes gneros, no apenas no acadmico cientfico, assim como os principais marcadores, esperamos que voc tenha apreendido a idia de que conhecer como um gnero organizado pode ajudar o leitor na busca da informao que ele necessita, sem ter que ler o texto todo. Na leitura em lngua estrangeira, a conscincia dessa estratgia de apoio na organizao textual se torna mais facilitadora ainda. Cabe a voc, professor, chamar a ateno do seu aluno, apontando a ele os sinais que o texto traz, as pistas que o autor propositalmente deixa para facilitar a viagem do leitor sobre seu texto.Procure textos adequados que despertem a confiana de seu aluno na organizao sinalizada pelo autor. Empenhe-se, a Internet est repleta de textos de todo tipo para voc levar ao seu aluno. Boa Sorte!

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    Bibliografia

    BEAUGRANDE, R. A.; DRESSLER, W. Introduction to text linguistics. New York: Longman, 1981.

    GRELLET, F. Developing reading skills: a practical guide to reading comprehension exercises. Cambridge: Cambridge University, 1981.

    HOEY, M. Signalling in discourse: discourse analysis monograph n. 6. Birmingham (ENG): University of Birmingham, 1979.

    HOEY, M. Signalling in discourse: a functional analysis of a common discourse pattern. In: COULTHARD, M. (Ed.). Advances in written text analysis. London: Routledge, 1994.

    HOLMES, J. Ensinando professores a ler: o problema da compreenso de textos acad-micos. Cadernos PUC, So Paulo, n. 16. Cortez, 1983. (Lingustica).

    SWALES, John. Aspects of article introductions. Birmingham (ENG): University of As-ton, 1981. (Aston ESP Research reports, n.1).

    KOCH, I. V. A coeso textual. So Paulo: Contexto, 1989.

    KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerncia textual. So Paulo: Contexto, 1990.

    NORTE, Mariangela Braga. Experincia Docente: Leitura Instrumental em Lngua In-glesa e Termos Tcnicos da Cincia da Informao. Tese de Livre Docncia- Faculdade de Filosofia e Cincias da UNESP-Marlia. 2009

    VAN DIJK, T. The study of discourse. In: VAN DIJK, T. Discourse as structure and pro-cess. London: Sage, 1997. p. 01-34.

    Leitura Complementar Altamente Indicada SCHLATTER, Margarete. O ensino de leitura em lngua estrangeira na escola: uma pro-posta de letramento. Calidoscpio, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 11-23, jan./abr. 2009. Dispon-

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    sumrio tema ficha

    Dra. Maria Isabel Asperti Nardi

    Doutora em Lingstica Aplicada e Estudos da Linguagem (1999) pela Pontifcia Univer-sidade Catlica de So Paulo. Mestre em Lingstica Aplicada ao Ensino de Lnguas (1993) pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. Especializada em Estrutura e funciona-mento da Lngua Inglesa (1975) pela Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Marlia, S.P (Instituto isolado da USP). Graduada em Letras Vernculas e Ingls pela F.F.C.L. de Marlia, S.P. em (1974). Experincia de 20 anos no ensino de lngua inglesa no ensino funda-mental e mdio da Rede Pblica Estadual de S. Paulo. De 1993 a 2003, atuou como docente no Departamento de Cincia da Informao da UNESP- Marlia, responsvel pela Discipli-na Ingls Instrumental na graduao. Tambm ministrou aulas das disciplinas Metodologia da Pesquisa Cientfica, Leitura Crtica e Processo de Leitura para Anlise Documentria na graduao e Ps. Participa do Grupo de Pesquisa Anlise Documentria na UNESP e do GEIM-Grupo de Estudos da Indeterminao e da Metfora- na PUC-S.P.Tem significativa experincia em pesquisa na rea de Lingstica Aplicada, focalizando a compreenso da me-tfora em lngua materna e em lngua estrangeira, em diferentes tipos de textos, quer seja um texto acadmico, um texto informativo de revista de variedades, um poema de Drummond ou um conto de Joyce. Tem experincia de orientao em pesquisas que focalizam a observao do processo de leitura para diferentes fins. Suas pesquisas adotam metodologia introspectiva, com foco para a tcnica de coleta de dados denominada Protocolo Verbal individual e em grupo. defensora da abordagem de Leitura como evento social em sala de aula, uma modalidade de leitura colaborativa, que se insere no arcabouo terico do scio interacionismo da linha de Vygotsky e Bakhtin, que tem um grande potencial pedaggico.

    Nota: O planejamento e organizao da estrutura desta disciplina, no que concerne de-cises sobre os itens que deveriam ser nela abordados, foram desenvolvidos em conjunto com a Profa. Dra. Mariangela Braga Norte. Colaboradora da Disciplina e Coordenadora da rea de Lngua Inglesa.

    Ficha da Disciplina:

    http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4727965Y9
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    sumrio tema ficha

    Ementa:Conscientizao a respeito dos aspectos psicolingusticos e sociocognitivos envolvidos no

    processo de leitura em lngua materna e estrangeira: conhecimento de lngua, de mundo e de gneros textuais; metacognio; sociointerao. Vivncia do uso de estratgias eficazes na com-preenso de diferentes gneros textuais em ingls. Instruo sobre itens da lngua inglesa rele-vantes para a leitura. Familiarizao com a organizao textual do gnero acadmico cientfico.

    Estrutura da DisciplinaDISCIPLINA TEMAS TPICOS

    Leitura em lngua inglesa

    1. CONSCIENTI ZAO

    1.1 Pressupostos Tericos da Leitura

    1.2 Aspectos Psicolingsticos do Processo de Leitura: a teoria na prtica

    Bibliografia

    2. ESTRATGIASESPECFICAS

    DE VOCABULRIO

    2.1 O papel do vocabulrio na leitura em lngua estrangeira

    2.2 Estratgias de vocabulrio

    2.3 Consideraes sobre o papel do dicionrio e da leitura complementar

    2.4. A inferncia de vocabulrio e o uso do dicionrio na prtica

    Bibliografia

    3. ESTRUTURAS GRAMATICAIS

    3.1 Grupos Nominais e Estrutura da Sentena

    3.2 Coeso e Coerncia Referncia

    Bibliografia

    4. ORGANIZAO

    TEXTUAL

    4.1 Coeso e coerncia-conexo

    4.2 Estrutura Textual

    4.3 Detalhamento da Estrutura TextualProblema - Soluo de Hoey (1979)

    Bibliografia

  • Pr-Reitora de Ps-graduaoMarilza Vieira Cunha Rudge

    Equipe CoordenadoraAna Maria Martins da Costa Santos

    Coordenadora Pedaggica

    Cludio Jos de Frana e SilvaRogrio Luiz Buccelli

    Coordenadores dos CursosArte: Rejane Galvo Coutinho (IA/Unesp)

    Filosofia: Lcio Loureno Prado (FFC/Marlia)Geografia: Raul Borges Guimares (FCT/Presidente Prudente)

    Antnio Cezar Leal (FCT/Presidente Prudente) - sub-coordenador Ingls: Mariangela Braga Norte (FFC/Marlia)

    Qumica: Olga Maria Mascarenhas de Faria Oliveira (IQ Araraquara)

    Equipe Tcnica - Sistema de Controle AcadmicoAri Araldo Xavier de Camargo

    Valentim Aparecido ParisRosemar Rosa de Carvalho Brena

    Secretaria/AdministraoMrcio Antnio Teixeira de Carvalho

    NEaD Ncleo de Educao a Distncia(equipe Redefor)

    Klaus Schlnzen Junior Coordenador Geral

    Tecnologia e InfraestruturaPierre Archag Iskenderian

    Coordenador de Grupo

    Andr Lus Rodrigues FerreiraGuilherme de Andrade Lemeszenski

    Marcos Roberto GreinerPedro Cssio Bissetti

    Rodolfo Mac Kay Martinez Parente

    Produo, veiculao e Gesto de materialElisandra Andr Maranhe

    Joo Castro Barbosa de SouzaLia Tiemi Hiratomi

    Liliam Lungarezi de OliveiraMarcos Leonel de Souza

    Pamela GouveiaRafael Canoletti

    Valter Rodrigues da Silva

    Marcador 1Organizao Textual1. Conexo em nvel de macro organizao textual 1.1 marcadores de seqncia cronolgica de eventos1.2 marcadores de organizao do discurso1.3 marcadores que indicam o ponto de vista do autor sobre o que ele est escrevendo2. Construo Composicional de um texto dissertativo3. Detalhamento da Estrutura Problema-Soluo (HOEY, 1979) 4. Construo composicional do Artigo Acadmico Cientfico4.1 Caracterizao do gnero acadmico cientfico4.2 Organizao Especfica do Texto de Relato de Pesquisa Bibliografia Boto 2: Boto 3: Boto 6: Boto 7: Boto 46: Boto 47: Boto 36: Pgina 4: OffBoto 37: Pgina 4: OffBoto 38: Pgina 5: OffPgina 6: Pgina 7: Pgina 8: Pgina 9: Pgina 10: Pgina 11: Pgina 12: Pgina 13: Pgina 14: Pgina 15: Pgina 16: Pgina 17: Pgina 18: Pgina 19: Pgina 20: Pgina 21: Boto 39: Pgina 5: OffPgina 6: Pgina 7: Pgina 8: Pgina 9: Pgina 10: Pgina 11: Pgina 12: Pgina 13: Pgina 14: Pgina 15: Pgina 16: Pgina 17: Pgina 18: Pgina 19: Pgina 20: Pgina 21: Boto 44: Pgina 22: OffPgina 23: Boto 45: Pgina 22: OffPgina 23: Boto 4: