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1 Redes e o Turismo: Um Estudo de Caso Na Cidade de Ouro Preto Autoria: Raoni de Oliveira Inácio, Thiago Reis Xavier, Maurinice Daniela Rodrigues, Sicelo Alexandre de Oliveira Inácio RESUMO Redes de interações estão presentes no nosso dia-a-dia, nas mais variadas formas e contextos. Desde as redes sociais, compostas por nossos amigos e familiares, até as redes metabólicas formadas pelas proteínas em nossas células; a Internet, com seu imenso número de páginas e conexões, e também as redes de predação existentes em nichos ecológicos, nosso mundo se articula em redes. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que essas redes eram constituídas de forma específica, não havendo uma proposição teórica que as descrevessem em seu conjunto. Esse cenário muda bastante nos últimos anos. É hoje cada vez mais claro que os diversos tipos de redes podem ser enquadrados num número bastante reduzido de classes. O estudo das propriedades de cada classe pode, assim, ser feito por modelos significativamente simples. Este artigo tem como objetivo aplicar um modelo de redes à estrutura e as interações dos atores de turismo da cidade de Ouro Preto. O estudo teve como ponto de partida as interações entre esses atores, em que buscou-se determinar os graus de conectividade presentes e quais são os elementos de maior peso nessa rede, denominados hubs. A sua fundamentação teórica fora baseada em análises de autores que referenciam as redes, redes complexas e sua possível aplicação no setor de turismo Esta pesquisa pode ter aplicações no estudo de fluxos internos, da fragilidade do sistema e de técnicas para otimização interna no sistema. O presente trabalho é fundamentado técnicamente sobre os dados da pesquisa de modelização topológica da rede de turismo da cidade de Ouro Preto durante os anos de 2008 e 2009. Para isso, o método de levantamento, com o colhimento dos dados partir da aplicação de 600 questionários, fora utilizado para obtenção das informações e, para sua análise, utilizou-se da técnica quantitativa de estatística inferencial. A tabulação e análise dos dados, também fora desenvolvida por meio dos programas Excel e XMGRACE. Através da aplicação de questionários montou-se a estrutura de interação dos atores da rede turística, o que possibilitou identificar os atores dessa rede e compreender sua interação. O exame dos dados sugeriu a necessidade de se efetuar o desmembramento da rede de atores em duas redes de naturezas diferentes: rede de fluxo e rede de indicação. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se um modelo computacional que possua as mesmas características estatísticas das redes que obtidas através da aplicação dos questionários. Este modelo tivera que ser capaz de reproduzir estas duas diferentes redes do turismo.

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Redes e o Turismo: Um Estudo de Caso Na Cidade de Ouro Preto

Autoria: Raoni de Oliveira Inácio, Thiago Reis Xavier, Maurinice Daniela Rodrigues, Sicelo Alexandre de Oliveira Inácio

RESUMO Redes de interações estão presentes no nosso dia-a-dia, nas mais variadas formas e contextos. Desde as redes sociais, compostas por nossos amigos e familiares, até as redes metabólicas formadas pelas proteínas em nossas células; a Internet, com seu imenso número de páginas e conexões, e também as redes de predação existentes em nichos ecológicos, nosso mundo se articula em redes. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que essas redes eram constituídas de forma específica, não havendo uma proposição teórica que as descrevessem em seu conjunto. Esse cenário muda bastante nos últimos anos. É hoje cada vez mais claro que os diversos tipos de redes podem ser enquadrados num número bastante reduzido de classes. O estudo das propriedades de cada classe pode, assim, ser feito por modelos significativamente simples. Este artigo tem como objetivo aplicar um modelo de redes à estrutura e as interações dos atores de turismo da cidade de Ouro Preto. O estudo teve como ponto de partida as interações entre esses atores, em que buscou-se determinar os graus de conectividade presentes e quais são os elementos de maior peso nessa rede, denominados hubs. A sua fundamentação teórica fora baseada em análises de autores que referenciam as redes, redes complexas e sua possível aplicação no setor de turismo Esta pesquisa pode ter aplicações no estudo de fluxos internos, da fragilidade do sistema e de técnicas para otimização interna no sistema. O presente trabalho é fundamentado técnicamente sobre os dados da pesquisa de modelização topológica da rede de turismo da cidade de Ouro Preto durante os anos de 2008 e 2009. Para isso, o método de levantamento, com o colhimento dos dados partir da aplicação de 600 questionários, fora utilizado para obtenção das informações e, para sua análise, utilizou-se da técnica quantitativa de estatística inferencial. A tabulação e análise dos dados, também fora desenvolvida por meio dos programas Excel e XMGRACE. Através da aplicação de questionários montou-se a estrutura de interação dos atores da rede turística, o que possibilitou identificar os atores dessa rede e compreender sua interação. O exame dos dados sugeriu a necessidade de se efetuar o desmembramento da rede de atores em duas redes de naturezas diferentes: rede de fluxo e rede de indicação. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se um modelo computacional que possua as mesmas características estatísticas das redes que obtidas através da aplicação dos questionários. Este modelo tivera que ser capaz de reproduzir estas duas diferentes redes do turismo.

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Introdução A globalização e as novas tecnologias demonstram que a concorrência não se resume ao local. As redes sociais constituem uma das estratégias subjacentes utilizadas pela sociedade para o compartilhamento da informação e do conhecimento, mediante as relações entre atores que as integram Tal fato pode ser confirmado quando se observa o atual cenário economico mundial, em que Castells (2003) destaca que é baseado em redes. A aplicação de modelos de redes em problemas de economia, tecnologia e sociologia tem tido especial destaque na ciência contemporânea. Saliente-se aqui o estudo sobre a dinâmica de formação de opiniões em processo eleitorais e o papel dos sistemas de inovação tecnológica na diferenciação entre países. Tais modelos permitiram a compreensão de processos que até então não eram relacionadas com dinâmicas de sistemas complexos (BERNARDES et al, 2002; ALVES et al, 2002; BERNARDES et al, 2005). Ainda se tem muitas duvidas quanto à compreensão das estruturas e propriedades das redes. Essas dúvidas podem estar diante das defesas dos sistemas em rede. O sistema pode sofrer um ataque direcionado ou não, e gerar conseqüências para o sistema inteiro. Ou ainda, essas dúvidas podem advir da cooperação que pode ser positiva ou negativa de acordo com o interesse de cada membro na rede. Outro ponto a ser evidenciado foi o impacto das novas tecnologias e a globalização. Este fenômeno interferiu de maneira efetiva na estrutura produtiva existente nos países e regiões do globo, mudando assim as relações econômicas e tecnológicas. Tal fato se deu diante da facilidade de obtenção de informações e serviços, o que acirrou também a concorrência entre as regiões, e conseqüentemente empresas turísticas. Diante destas transformações econômicas assumem um papel de destaque aquelas regiões cujo sistema produtivo se encontra articulado internamente e apoiado por uma série de fatores externos, tais como o conhecimento e inovação. Entretanto, o caráter global de competição não elimina a importância da base, a partir do qual os produtos são lançados no mercado e ai é que a utilização das redes se apresenta como uma alternativa estratégica. No caso do turismo não é diferente as decisões e planejamentos de cidades turísticas, como é o caso de Ouro Preto. Com base em agrupamentos pode-se gerar uma vantagem competitiva, tanto para as empresas turísticas presentes na cidade como para a cidade, uma vez que na existência de um fluxo mais eficiente de informação, tecnologia e conhecimento entre as cidades agrupadas, há um compartilhamento de decisões, o que minimiza os erros e reforça as ações. As possíveis estratégias fomentadas em rede com todos os participantes envolvidos e com base em uma excelência gerencial, também fortalecem a qualidade do serviço a ser prestado por determinado agrupamento, pois permite a geração de inovações, e pode potencializar as ações já existentes, além de sua importância para possibilitar o usufruto da imagem de um lugar. É importante ressaltar ainda que a constituição de aglomerados turísticos é uma ação que deve partir de todos os envolvidos econômica, social e culturalmente em determinada região. Para o

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estudo de adoção de políticas baseadas em redes existentes em uma determinada região turística, deve ser levada em consideração não só as características da demanda (o turista) e da oferta (agências de viagens, museus, hotéis, guias, etc.), mas também a realidade de cada localidade. O empenho de todos fortalece as relações e estabelece uma maior seguridade ao sistema instaurado, quanto a comportamentos oportunistas e insegurança. . Assim sendo este artigo pretende, através de uma aplicação dinâmica, demonstrar as interações promovidas pelos turistas entre os atores de turismo da cidade de Ouro Preto durante o ano de 2009, e também através de uma aplicação estática procurou-se efetuar estudos teóricos sobre o tema.

O presente artigo está organizado em quatro partes. Primeiramente, apresenta-se uma base conceitual contextualizando o tema, especificamente sobre redes, modelos de e redes e o turismo. No segundo item são apontados os procedimentos metodológicos, em seguida demonstra-se a apresentação de análise dos resultados. E finalmente, são expostas as considerações finais. Redes Castells (2003) defende que as redes são estruturas abertas, ou seja, qualquer um pode se conectar a rede desde que sustente uma ligação, mantendo fluxos de informações, produtos ou serviços. Cada ciência utiliza uma terminologia diferente para o mesmo tema. Alguns estudiosos afirmam que o que é importante é que onde houver nós e algum tipo de interação, existe uma rede. A matemática utiliza a “Teoria dos grafos”. Nas ciências sociais recebe várias denominações tais como: clusters, aglomerações, APL (Arranjos Produtivos Locais), agrupamentos, etc. Nas redes sociais os nós passam a ter a denominação de agente, ou atores devido às relações produzidas pelas pessoas. E para a administração a aplicabilidade das redes é vista entre um conjunto entre empresas com seus respectivos laços (GUERVÓS, 2008; LAZZARINI, 2008). De acordo com Costa e Martinho (2003) as redes agregam em si, ainda, pré-requisitos como princípios democráticos, inclusivos e emancipatórios, ou seja, princípios deliberados pela liberdade na forma de pensar e cooperar. Então, sua estrutura se formará a partir de uma conectividade entre seus pontos ou nós, baseada não em noções primárias de disposição geográfica e quantidade, mas sim na capacidade e dinâmica produzida por esse modelo de sistema, que são: não linearidade; laço de realimentação; capacidade de regular a si mesma; multiplicação de ações; dinâmica do relacionamento horizontal e; interdisciplinaridade, assegurada no pensamento sistêmico e nas teorias da complexidade. Outro principio das redes é a voluntariedade. A voluntariedade, a autonomia e o objetivo em comum, delineado pela rede ou não (rede formal ou informal), são preceitos básicos de operacionalização do sistema, pois os recursos oferecidos por cada nó têm o propósito de uma participação ativa em prol da eficácia da rede. É importante pontuar que essa característica é gerada sem prejudicar a interdependência de cada nó. Diante do modelo de redes livre de escala, Barabási e Albert fizeram uma proposição que

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consiste na adição de novos nós através do mecanismo de atração preferencial, denominado modelo BA (BARABÁSI e ALBERT, 2002). Em uma rede pode-se supor que existam relações mais fracas ou relações mais fortes. Como o modelo BA não demonstra como as interações se dispõem na rede, fora desenvolvido um modelo posterior. A inovação teórica considera mecanismos que abordam as relações presentes na rede, relevam também o peso e associam a força de cada nó. Tal modelo é conhecido como BBV (BARRAT, BARTHÉLEMY e VESPIGNANI, 2004). Já Wang et al (2005) apresentaram um modelo que representa as dinâmicas contidas em uma rede, como a adição de novos nós e a sua relação para com os nós já existentes. Dessa maneira, demonstra-se que o estudo das redes está em constante evolução. O setor de turismo pode ter, através da aplicabilidade da teoria de redes complexas, uma importante contribuição para seu estudo. Através das redes podem-se analisar fatores como as interligações e dependência dos diferentes agentes, e ainda, quais são as características de uma possível rede turística. Modelo de redes Na década de 1990 do século passado, devido ao avanço da ciência, tornou-se possível mapear e classificar grandes redes presentes na realidade, e com isso refutar ou não a teoria das redes aleatórias. Ao analisarem a rede mundial WWW (World Wide Web) (com nós equivalentes aos documentos e links), cientistas descobriram que esse tipo de rede, assim como a Internet, as redes sociais, as redes biológicas etc., apresentam uma distribuição de conectividade dada por uma lei de potência (LADA e HUBERMAN, 1999, p.131-401; BARABÁSI et al, 2003, p. 52). O mesmo ocorre para a Internet (PIETRONERO et al, 2000) a rede de colaboração em trabalhos científicos (NEWMAN, 2001), citações de trabalhos científicos (REDNER, 1998, p. 4) e inúmeras outras redes. Essas redes são chamadas Redes Invariantes por Escala (RIE) ou simplesmente redes sem escala, pelo fato de não apresentarem um tamanho ou uma conectividade característicos (como é o caso das redes aleatórias). As características do algoritmo de criação de uma RIE podem, então, serem descritas por um crescimento de um número mínimo de n nós totalmente conectados e a cada passo um novo nó adicionado à rede é conectado a nós já existentes; e a conexão preferencial, que ao escolher os nós ao qual o novo nó se conecta, assume-se que a probabilidade com que o nó i seja escolhido depende de sua conectividade ki. Já para uma rede aleatória as características de seus algoritmos quanto ao crescimento se baseiam na existência de um número fixo de nós, e na conexão cada nó é adicionado a outro com uma probabilidade p. A Teoria dos Grafos, particularmente surgiu com o trabalho de Leonhard Euler em 1736 (RODRIGUES, 2007). Euler iniciou seu trabalho diante da resolução do problema das Sete Pontes de Konigsberg (Prússia século XVIII) (BARABASI e ALBERT, 2002). Os habitantes da cidade comentavam se era possível atravessar um complexo existente de sete pontes na cidade, de modo que, ninguém repetisse nenhuma ponte, conforme a figura (1). Euler modelou o problema matematicamente, e provou que era impossível atravessar aquela ponte através do percurso descrito. O conjunto de idéias matemáticas que ele utilizou deu início à Teoria dos Grafos. Teoria

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que tem sua sustentação na aplicação matricial (matriz adjunta) e obedece os formalismos matemáticos (JUNIOR, 2008). A matriz adjunta A é uma matriz NxN que tem nas linhas e nas colunas os N nós que definem a rede. O elemento A (i,j) ≠ 0 se o nó i não tem relação com o nó j e A(i,j) ≠ 0 caso contrário. Assim a matriz A define totalmente a rede ou grafo (ver tabela 1). Estes grafos são definidos matematicamente como estruturas compostas por conjunto de vértices (nós) e por um conjunto de pares destes vértices (arestas); as arestas freqüentemente são usadas para indicar alguma espécie relação entre os nós que ligam, em conformidade com o modelo (Angelis, 2005). Essa teoria é a base dos pensamentos atuais que envolvem as questões de redes (BARABÁSI e ALBERT, 2002). Essa teoria pode ser importante, uma vez que através dela, pode-se estudar as relações e fluxos (com seus respectivos direcionamentos) do turismo em Ouro Preto. Outro ponto fundamental que pode ser analisado através da Teoria dos Grafos e por conseqüência matricialmente é determinar qual ligação é mais importante, betweenness de uma rede, que é a medida de centralidade de ligação. Tabela 1: Matriz Adjunta A (4,4) das pontes de Konigsberg, adaptado Euler:

Dados primários, 2009.

Figura 1: Modelo das sete pontes de Konigsberg. Teoria dos Grafos

Fonte: Rosa et al., 2007

As redes podem ser modeladas pela adição de ligações aleatórias aos nós das redes. Esse modelo de rede é estruturado a partir de um conjunto de N vértices totalmente desconectados com uma probabilidade fixa p, como demonstrado na figura (2) abaixo:

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Figura 2: Modelo das redes aleatórias de Erdos e Renyi

Da esquerda para a direita tem-se p=0; p=0,1 e p=0,2

Fonte: Rosa et al., 2007 Portanto, todas as ligações têm a mesma probabilidade de ocorrerem. As redes aleatórias, uma parte da distribuição seguirá uma curva em forma de sino, tabela (2), tendo a maioria dos nós aproximadamente o mesmo número de ligações. Uma característica interessante neste tipo de rede é que ela é imune a ataques direcionados, devido seu sistema crescer e ser estabelecido aleatoriamente. Porém também é vulnerável a ataques aleatórios. Dentre algumas propriedades que o modelo das redes aleatórias possibilita esclarecer é a função de distribuição das ligações pelos nós, pois ele segue uma distribuição binomial (distribuição próximo a da Gaussiana) (ROSA et al, 2007). Tabela 2: Distribuição da conectividade dos nós em uma rede aleatória

Fonte: Rosa et al, 2007. A malha viária de Ouro Preto, devido às limitações físicas e geográficas, forma uma rede aleatória. Conseqüentemente, há indícios que tal fato influencia diretamente a rede de visitação dos pontos turísticos da cidade. Keller (2005) esclarece que uma importante previsão a respeito da teoria das redes aleatórias, é que apesar do posicionamento aleatório dos links, o sistema resultante será extremamente democrático, ou seja, a maioria dos nós terá aproximadamente o mesmo número de ligações, além de ser extremamente raro encontrar nós que tenham significativamente mais ou menos conexões que a média das ligações. Redes aleatórias também são chamadas de redes exponenciais, porque a probabilidade de um nó está ligado a outros diminui exponencialmente

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(na curva de sino-gráfico de uma rede aleatória- posterior ao “pico” de ligação a curva cai exponencialmente). Ao desenvolver o modelo, Érdos e Rényi supunham que tinham o inventário completo dos nós, antes de inserirem mais links. Entretanto , o número de documentos da Web, é algo variável constantemente. Em 1990, a Web tinha apenas uma página, agora ela tem mais de três bilhões, a maioria das redes se expandiram de forma similar. Hollywood tinha apenas um punhado de atores em 1890, mas como mais pessoas aderiram ao no comércio, a rede cresceu para incluir mais de meio milhão de pessoas, conectando assim os novatos aos veteranos atores. Além disso, todos os nós não são iguais, ao decidir por qual página da Web acessar, as pessoas podem decidir a partir de alguns bilhões, porém alguns nós estão familiarizados com uma ínfima parte da totalidade da Web, ou seja, estão tendenciosos a se relacionarem com os sites mais fáceis de encontrar, logo as pessoas entram em um processo de conexão preferencial (KELLER, 2005). Isso pode explicar a escolha de turistas por determinados estabelecimentos que estejam mais próximos do seu roteiro. Em 1999 dois cientistas, Albert László Barabási e Réka Albert cientistas da Universidade de Notre Dame decidiram investigar se o fenômeno small world (mundo pequeno) estava presente na WWW(KELLER, 2005). Ao mapear topologicamente a WWW, confirmaram a existência do efeito mundo pequeno, e também observaram que a sua distribuição não era aleatória, mas sim livre de escala. Conforme demonstrado na tabela (3). Diferentemente, as redes sem escala contêm hubs, nós com um número muito grande de links. Nessas redes sem escala a distribuição segue a lei de potência, que reflete a invariância de escala, os vértices mais conectados tendem a receber ainda mais conexões. Assim, observa-se que uma maioria de nós tem poucos links e poucos nós tem muitos links podendo-se fazer uma analogia com “os ricos cada vez mais ricos”. Em uma visualização gráfica dessa distribuição, ao se colocar em uma escala logarítmica, ele se apresenta como uma linha reta. O histograma demonstra o número de nós que possui uma dada conectividade em função desta conectividade.

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Tabela 3: Distribuição da conectividade dos nós em uma rede livre de escala

Dados primários, 2009. Granovetter (1973) defende que as ligações fracas entre os atores de uma rede é que permitem a ampliação das redes, já que, essas estabelecem conexões entre agentes desconectados.

Portanto, o questionamento a ser feito é como medir a força de uma ligação em uma dada rede? Para o turismo, tal questionamento pode ser importante diante do favorecimento de ações que promovam e articulem os destinos e/ou empresas turísticas. Como modelo BA não demonstra como as interações se dispõem na rede, Barrat, Barthélemy e Vespignani (2004) propuseram um novo modelo onde considera mecanismos que abordam as relações presentes na rede, relevam também o peso e associam a força de cada nó. Tal modelo é conhecido como BBV. Em 2005, Wang, Wang, Hu, Yan e Ou apresentaram um modelo que representa as dinâmicas contidas em uma rede (adição de novos nós e a sua relação para com os nós já existentes).

Redes e o Turismo Existe uma grande controvérsia quanto a conceituação de turismo (PAGE, 2001). Essa dificuldade de conceituação é devido a aspectos multidimensionais e suas interações com outras atividades (GOELDNER et al., 2002). Porém, é aceito que combina uma ampla gama de atividades econômicas e serviços (PAGE, 2001). Goeldner et al. (2002) relata que para definir turismo deve-se levar em consideração diferentes grupos que interagem com o setor, tais como: a) Turistas; b) Empresas prestadoras de bens e serviços; c) O governo da área e d) A comunidade anfitriã. Os mesmos autores afirmam que a partir disso o turismo pode ser caracterizado como uma soma de fenômenos e relações originárias das interações desses grupos.

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Para a OMT (2001) “o turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou outros”. Goeldner et al (2002) expõe ainda que o turismo seja resultado da soma de todo o setor mundial de viagens, hotéis, transportes e todos os outros componentes que são direcionados aos visitantes. Toda essa atividade produzida tem por objetivo a experiência de viagens (COOPER et al, 2001). O turismo e seu desenvolvimento em diversos países é feito através de parcerias, a fim de obter um melhor resultado social e econômicas para a sociedade, e muitas dessas parcerias são formalizadas através do conceito de redes (NOVELLI et al, 2007). Na rede do turismo os atores mantêm uma relação intensa de dependência, fomentando assim uma interligação de todos os seus componentes, resultando assim em um grupo denominado de rede turística (CHON, 2003). A formação das redes de cooperação representa um papel muito importante na identidade regional, pois significa que os habitantes de um lugar procuram incorporar ao seu próprio sistema cultural, os símbolos, valores e aspirações mais profundas da sua região. (BERNARDES et al, 2006), contribuindo para o fomento de uma atividade turística planejada. Relata Nordin (2003, p.16)

Em um típico cluster do turismo, a qualidade de uma experiência do visitante depende não só do apelo da principal atração, mas também sobre a qualidade e a eficiência das empresas complementares, tais como hotéis, restaurantes, lojas, instalações e transporte. Porque os membros do cluster são mutuamente dependentes, por um bom desempenho pode impulsionar o sucesso dos outros. Complementaridades vêm em muitas formas. A mais óbvia é quando os produtos complementam uma outra reunião em necessidades dos clientes, como o turismo exemplo ilustra.

Whitaker (2006) assegura que as redes têm se evidenciado nas ultimas décadas como mais uma significativa inovação humana no campo da organização social. Ele enfatiza, que as organizações do terceiro setor têm sido pioneiras na criação e manutenção das redes, que operam desde o nível local até o nível internacional, seja para a troca de informações, articulações políticas ou para implementação de ações conjuntas. Para se estudar redes no turismo é importante compreender o significado de oferta turística. Essa abrange os meios de hospedagem, alimentação, entretenimento, agenciamento, informações e outros serviços voltados para o atendimento aos turistas, conforme mostrado na figura (4). A oferta turística subdivide-se em equipamentos e serviços turísticos e infra-estrutura de apoio turístico. A infra-estrutura de apoio turístico compreende o sistema de comunicações, transportes e serviços urbanos (OLIVEIRA, 2000). Já os atrativos turísticos podem ser subdivididos em culturais (arquitetura, culinária, monumentos, museus, etc.), naturais (paisagem, parques, montanhas, etc.), eventos (festivais, eventos esportivos ou comunitários, feiras comerciais, etc.), lazer (passeios, trilhas, ciclismo, etc.) e entretenimento (parques temáticos, cinemas, comércio, etc.) (GOELDNER et al, 2002). Pelas características apresentadas, percebe-se um sistema em rede, identificando a existência da participação ativa de todos os seus elementos, conforme também ilustra a figura (2).

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Apesar deste estreito inter-relacionamento, não se conhece totalmente os mecanismos responsáveis pelo mesmo. No entanto, através de um número reduzido de “nós” é que acontecem as maiores interações na rede, ou seja, um pequeno número de atores responde pela maior parte do fluxo de informações, que é necessário em uma rede turística. Estas informações infelizmente muitas vezes não são adequadamente otimizadas, isto é, não há compromisso nas redes de desenvolver práticas eficientes de uma gestão de informação.

Figura 2: Rede de atores do turismo, adaptado de Chon

Fonte: NUPETUR, 2006.

Braun e Hollick (2005) ressaltam que o turismo é formado por PME’s (Pequenas e Médias Empresas). Outra característica das redes de empresas turísticas é a concentração em determinados locais, apresentando com isso um potencial para gerar resultados positivos através de agrupamentos econômicos (ROBERTS, 2000). Sabe-se que é através de um número reduzido de “nós” que acontecem as maiores interações na rede, ou seja, um pequeno número de atores responde pela maior parte do fluxo de informações na rede, e, estas informações infelizmente muitas vezes não são adequadamente registradas, isto é, não há compromisso nas redes de desenvolver práticas eficientes de gestão da informação (VILLAFUERTE e FLECHA, 2006). Bernardes et al (2006) afirma que a aplicação da abordagem de redes para o gerenciamento de destinos pode vir a ser um excelente instrumento de inovação. Porém, essas aplicações, não podem apenas ser mais uma "abordagem parcial e limitada", envolvendo somente a substituição de uma terminologia da moda, que contenha suposições implícitas e implicações explícitas que

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mereçam mais atenção do que vêm recebendo, e sim uma ferramenta de análise e planejamento que se vale de um corpo considerável de conhecimento formal, que é a teoria dos grafos, que coleciona vários campos de aplicação prática. Para o PRT (2003)- Programa de Regionalização do Turismo - as redes no setor de turismo representam uma iniciativa de desenvolvimento e associativismo entre atores que tenham interesses iguais (indivíduos, empresas, instituições, formas de associações, etc); esses indivíduos – físico ou jurídico – que integram uma rede conseguem reduzir custos, dividir riscos, conquistar novos mercados, qualificar produtos e serviços e ter acesso a novas tecnologias. Metodologia O presente trabalho utiliza-se de pesquisa quantitativa uma vez que se utilizou o procedimento de estatística inferencial quando se estimara a rede de atores do turismo de Ouro Preto. A pesquisa tem um caráter descritivo, pois há a descrição dos dados referentes ao perfil da amostra colhida, e exploratório, quando se utilizam bibliografias para analisar e confrontar os dados. Para tanto, o presente estudo se enquadra na técnica de amostra não probabilística de amostragem estratificada, pois fora o plano estatístico mais indicado, já que o universo da população (turistas/excursionistas) não tem a mesma probabilidade de serem entrevistados, devido aos pontos estabelecidos para a abordagem. A coleta de dados foi através da aplicação de 600 questionários. O questionário fora elaborado de forma específica para essa pesquisa e teve como base as pesquisas anteriores a respeito da rede de atores de turismo na cidade de Ouro Preto nos anos de 2005/2006 e 2007/2008. Para a tabulação dos dados utilizou-se o programa Excel e para construir a rede de forma computacional utilizou-se o programa XMGRACE. Como o objetivo de tal pesquisa era a abordagem somente de turistas e/ou excursionistas foi implementado no início do questionário três filtros: a diferenciação dos moradores e de turistas; a finalidade da visita e; a não redundância quanto a um individuo ser entrevistado mais de uma vez. Apresentação e Análise dos Resultados De acordo com a estrutura do questionário aplicado a turistas na cidade de Ouro Preto, pôde-se identificar, e montar novamente duas redes diferentes. A primeira rede identificada consiste na rede de fluxo. O turista é o ator que possibilita a ligação e as interações contidas entre os nós (pontos turísticos) da cidade. De acordo com a figura (3), se um turista qualquer fora em determinados pontos A, B, C e D, há a possibilidade de formar interações entre esses nós, apresentando na rede as ligações: A-B, A-C, A-D, B-C, B-C, B-D, D-C. Nesta figura foi possível verificar ainda que os nós menos conectados se encontram perifericamente, enquanto os mais conectados se agrupam no centro. Estas ligações e interações são possíveis na medida em que se observa a dinâmica proporcionada pelo turista ao visitar tais atrativos. Outro fator a se considerar é a potência das ligações, ou seja, a medida de fluxo desta rede, que é calculada pela maior intensidade de ligações entre os atores.

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Com a presente pesquisa, percebeu-se que o Museu da Inconfidência é o nó mais conectado, seguido pela Praça Tiradentes e Igreja São Francisco de Assis. A outra rede encontrada, que é a rede de indicação, fora montada entre os mesmo indivíduos da rede de fluxo e foi possível o seu mapeamento, através da relação entre “quem” ou “o que” indicou o turista/visitante aos nós da rede, como pode ser visualizado na figura (4). Nessa rede fora identificado 734 ligações referentes a escolhas individuais.

Figura 3: Rede de Fluxo

Dados primários, 2009.

Figura 4: Rede de Indicação

Dados primários, 2009.

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A rede de fluxo encontrada de acordo com a tabela (4) demonstra no eixo das ordenadas [P(k)] a frequência dos pontos da rede. Decaindo esta frequência, observa-se no eixo das coordenadas k, um aumento do grau de conectividade dos agentes na rede. Pode-se inferir, através da pesquisa, que esta rede de fluxo sofre influencia de fatores como a indicação, fatores geográficos etc. que são determinantes no processo de escolha do fluxo de turistas na cidade. Nota-se que o hub da rede de fluxo é o Museu da Inconfidência, com 303 links. Pode-se ainda afirmar que tal rede não é uma rede livre de escala e nem aleatória, devido a sua distribuição de conectividade.

Tabela 4: Rede de Fluxo

Dados primários, 2009. Através da rede de fluxo identificou-se que a Rua Direita, o Museu da Inconfidência, a Feira de Pedra Sabão e a Igreja de São Francisco de Assis, é o percurso que mais concentra fluxo turístico na cidade consequentemente localização dos principais hubs. Percebeu-se ainda que nessa rede o Museu da Inconfidência é o nó com o maior número de chegada de visitantes, com 303 links e que a Rua Direita é o nó com maior número de saída de visitantes, com 181 links comprovando assim que também que 10% das ligações da rede se encontram unidirecionalmente da Rua Direita para o Museu da Inconfidência. A rede de indicação, conforme demonstrada na tabela (5) se comportou como uma rede sem escala onde os nós mais indicados aparecem com menor frequência, enquanto nós com pouca conectividade aparecem com maior frequência na rede. Através de uma lei de potência, observa-se que não há uma conectividade média e sim alguns nós altamente freqüentados e outros fracamente conectados.

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Tabela 5: Indicação e indicado

Dados primários, 2009. Conclusões A pesquisa permitiu afirmar que há interações na rede fluxo e indicação. Essas interações se apresentam através dos fluxos e da rede de indicação. Na rede pode-se identificar ainda como cada nó interage um para com o outro e qual a intensidade desta relação, tais análises podem ser feita extraindo um nó específico e analisando suas características. Percebe-se ainda que diante do turismo nenhuma nação e certamente nenhuma região podem ser excelentes na produção de todo e qualquer produto ou serviço. Assim, lugares prósperos desenvolvem forças e foco em capacidades inovadoras em certos tipos de indústrias, ou agrupamentos. Os agrupamentos proporcionam às empresas maior acesso à provedores e serviços de apoio especializados, experiências e serviços de suporte qualificados e o vazamento inevitável de conhecimento que ocorrem quando as pessoas se encontram e falam sobre negócio. As vantagens de lugar não só atraem empreendimentos similares, mas também complementares e, como resultados, agrupamentos se tornam um terreno fértil a formação de novos agrupamentos. Especificamente no estudo de redes do turismo, a própria competitividade existente entre as localidades, demonstra-se como uma justificativa para o compartilhamento em prol do desenvolvimento de ações específicas para o setor. A busca pela aplicabilidade da metodologia de redes para o setor de turismo foi propositalmente discutida, a fim de explorar novos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do setor. Assim, a pesquisa de redes pode incentivar ações decisivas no setor de turismo, tanto para o poder público, diante do fomento de políticas públicas, como a criação de uma linha de transporte exclusiva para turistas/visitantes, implementação de sinalizações turísticas, o que influência diretamente a rede de fluxo, quanto para o poder privado, através da disseminação de informações, o que pode acarretar em desenvolvimento de estratégias de atendimento ao turista/visitante, para com isso, melhor explorar a atividade.

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O cálculo da conectividade de um nó é a primeira abordagem para se calcular o seu peso na rede e pode-se comprovar que a Rua direita é o nó que mais emite visitantes e o Museu da Inconfidência o que mais recebe, além de descobrir que outros dois hubs são muito fortes, como a Igreja de São Francisco (181 pessoas) e a Feira de Pedra sabão (149 pessoas chegando e 11 saindo). Tais dados possibilitaram a conclusão de que esse percurso é o principal da rede turística da cidade e que esses nós detém o maior peso da rede, e que nesse espaço geográfico há uma maior disseminação de informações. A pesquisa utilizada pode contribuir de maneira efetiva para a gestão da cidade, já que abordou seu fluxo turístico e sua rede de indicação, propiciando aos gestores maiores informações quanto ao planejamento do turismo na cidade. Através da identificação dos seus nós, de quais pontos turísticos são menos visitados, e as interações com maior fluxo entre os agentes de turismo, pode-se adotar métodos que gerem manutenção do sistema, fortalecendo e potencializando suas relações. Notou-se também com o presente estudo, que as interações da rede de turismo de Ouro Preto são geradas exclusivamente pelo turista, sem qualquer indício de cooperação e/ou interações entre os nós – unidirecional e não bidirecional. A cooperação entre os nós poderia otimizar o sistema, como exemplo possivelmente uma interligação entre os museus, pois influenciaria diretamente na rede de indicação (sub-redes de museus), e, por conseguinte na rede de fluxo como demonstrado nos resultados desta pesquisa. Finalmente, as implicações deste estudo das redes em Ouro Preto e seus desdobramentos, comprovam que esse fenômeno não ocorre unicamente nessa cidade, necessitando de uma política de coesão entre seus agentes, e não de políticas isoladas como a divulgação isolada de um ator. Percebe-se que quando as pessoas se sentem beneficiadas elas tendem a se unir, e as estratégias de fortalecimento das interações em conjunto, como a promoção, através do poder público e do poder privado de eventos como feiras e festivais gastronômicos, são ações que permitem uma política de coesão. Bibliografia

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