Redes Sociais de Informação em Organizações

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Redes Sociais de Informação em Organizações num contexto da sociedade contemporânea Julho, 2012 Gonçalo Costa Ferreira PPGCI - ECA - USP Bolsa CAPES Orientador: Marcos Mucheroni

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Apresentação à banca de mestrado em Ciência de Informação na ECA/USP de Gonçalo Costa Ferreira

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Page 1: Redes Sociais de Informação em Organizações

Redes Sociais de Informação em

Organizações num contexto da sociedade

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O contexto da pesquisa é a ciência na atualidade e a

sociedade complexa em rede e do conhecimento;

Os objetos da pesquisa são a informação e as redes

sociais;

O locus de pesquisa são as organizações

contemporâneas;

A metodologia de análise e visualização é a ARS, no

caso a Análise de Redes Sociais de Informação

(ARSI);

Aplicação prática de ARSI em organizações na

editora Cidade Nova.

Page 3: Redes Sociais de Informação em Organizações

modelo de racionalidade

positivismo

dualidade

método

predição causalidade mecanicismo

determinismo

reducionismo

sistemas fechados

estabilidade auto-organização

dinamismo da relação entre as partes

não-linearidade

não-

dualidade

teorias da complexidade

ciência pós-moderna

instabilidade

sistemas abertos

criatividade

autopoiese

fluxo

linearidade

ciência moderna

Diferentes e complementares

dissociação sujeito/objeto

ordem

imprevisibilidade

adaptabilidade���

perspectivas epistemológicas

Ciência

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Sociedade

Sistema complexo: 1) dinâmico, adaptativo, não-linear, imprevisível, emergentes, autopoiético; 2) produz mais hipóteses para a reiteração do que pode realizar num dado momento; 3) evolui quando desvia do planejado, quando não reage da mesma forma, quando não se repete. Rede: 1) forma básica da organização da vida, de sociedades de diversas espécies, tal como a humana; 2) ‘nova’ infraestrutura social de comunicações permite que as relações institucionais, tipicamente hierárquicas, sejam também em rede. Conhecimento: 1) centra-se no sujeito cognoscente e no conhecimento tácito que reside nas pessoas e suas interações em rede; 2) ação da informação e do conhecimento sobre os próprios processos de geração de informação e conhecimento como principal fonte de produtividade.

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Informação Polissemia do conceito: 1) ‘o que é informação?’, o conceito é definido de diversas formas, dependendo do momento histórico, contexto social e uso que se pretende dar ao conceito; 2) perspectiva ontológica-fenomenológica sustenta que à informação não cabe uma definição restrita e única, que se situa na relação do ser com o alter e que in-forma, dá forma ao ser.

Cultura e sociedade: 1) valor (econômico) de uso e troca dos objetos; valor (cultural) de signo e símbolo dos objetos. Valor relacional dos objetos econômicos e culturais; 2) tanto a base material como a base cultural da sociedade humana assentam no valor vínculo, no dom-reciprocidade, na dimensão relacional; 3) a informação pode ser entendida enquanto objeto relacional que flui em redes sociais caracterizado pela reciprocidade: dar, receber e retribuir.

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Sistemas complexos Informação em Redes Sociais No contexto desta dissertação, procede-se a um recorte epistemológico do conceito;

Entende-se Informação como um processo de troca permanente, como fluxo de elementos de conhecimento materiais e simbólicos, explícitos ou tácitos, em âmbito social que in-formam o espirito do ator.

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Redes Sociais Definição: 1) estrutura social composta por indivíduos, organizações, associações, empresas, sistemas de informação ou outras entidades sociais que estão conectadas por um ou vários tipos de relações que podem ser de amizade, familiares, comerciais, etc.; 2) não são necessariamente redes eletrônicas! 3 Modelos: 1) Erdös/Rényi – Redes aleatórias; 2) Watts/Strogatz - As redes reais não são aleatórias; 3) Barabási/Albert – Crescimento e ligação preferencial. 3 Conceitos: 1) Small World / Mundo Pequeno; 2) A Força dos Laços Fracos; 3) Buracos Estruturais / Brokers

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Redes Sociais de Informação No contexto desta dissertação, procede-se a um recorte do conceito;

Entende-se Rede Social de Informação (RSI) como um conjunto de pessoas, com algum padrão de contatos ou i n t e ra ç õ e s, e n t re a s q u a i s s e estabelecem diversos tipos de relações por meio das quais circulam diversos fluxos de informação.

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Configurações estruturais (Mintzberg, 1979) no enquadramento das diversas eras de desenvolvimento socioeconômico. 1950 1750 Tempo 1850

Burocracia profissional

Estrutura artesanal

Burocracia mecanicista

Estrutura divisionalizad

ada

Estrutura simples

Configurações Estruturais de

Mintzberg

Mod

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Era Pré-Industrial Era Industrial Era da Informação e do Conhecimento

Adhocracia

Estrutura em rede

Nova Configuração

Estrutural

?

Organizações

Page 10: Redes Sociais de Informação em Organizações

Organizações Organizações no futuro: 1) fuelled up by the net & digital generation; 2) não são todas iguais; 3) diferentes estruturas e dinâmicas organizacionais servem diferentes propósitos; 4) sistemas complexos, adaptativos e autopoéticos que não tendem para equilíbrios estáveis e que se caracterizam pela contínua aprendizagem, transformação, emergência e auto-organização; 5) crescente importância da interdependência, colaboração, reciprocidade e netweaving; 6) importância dos lideres individuais revela-se mais nas suas capacidades de alterar e fazer evoluir contextos de atuação do grupo do que no direcionamento dos subordinados; 7) os grupos de trabalho, ‘fracamente acoplados’, cruzam constantemente as fronteiras institucionais juridicamente estabelecidas e transformam as fronteiras organizacionais em membranas difusas, pouco claras, indefinidas e permeáveis; 8) crowdfunding e crowdsourcing; 9) processo de de-jobbing, com base no qual os indivíduos deverão ser impelidos ao desenvolvimento de portfólios de habilidades e competências a serem acionadas e geridas em rede.

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Análise de Redes Sociais - ARS

ARS: 1) ferramenta metodológica de origem na sociologia, psicologia,

antropologia e matemática que possibilita o delineamento e estudo das

relações e posições dos atores e da estrutura de grupos sociais através

de matrizes e/ou de imagens gráficas; 2) em vez de focar nos atributos

das unidades individuais foca nos relacionamentos.

Terminologia base e ferramentas analíticas: 1) atores; 2) alteres; 3)

canal de comunicação; 4) relação; 5) fluxo; 6) centralidade de grau

(degree); 7) centralidade de proximidade (closeness); 8) centralidade

de intermediação (betweeness); 9) clique; 10) conjunto lambda (λ); 11)

laços fracos de Granovetter.

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Parte 1 – Como avalia a informação

ARSI na editora Cidade Nova IDENTIFICAÇÃONome e sobrenomeOrganizaçãoDepartamento/área

Como avalia a informação na Empresa onde trabalha? (Assinale com "X") 1. T

ot. d

isco

rdân

cia

2. 3. 4. 5. T

ot. c

onco

rdân

cia

1. A informação na empresaA informação faz parte do negócio da sua empresa.A informação é insumo do negócio da sua empresa.A informação é produto ou serviço do negócio da sua empresa.A informação faz parte do processo de negócio da sua empresa.

2. Abertura ao processo de informaçãoOs nossos conhecimentos e decisões de negócio se baseiam fundamentalmente na intuição e não em informação.Os dirigentes pensam que há pouca necessidade de adquirir novas informação de mercado.Os colaboradores pensam que há pouca necessidade de adquirir novas informações de mercado.A empresa adquire e recolhe toda a informação necessária à gestão do seu negócio.

3. Interpretação e consciência interna de informaçãoNossa empresa analisa e interpreta cuidadosamente a informação que recolhe.Os dirigente são capazes de encontrar significado na informação que se recolhe.Os colaboradores são capazes de encontrar significado na informação que se recolhe.Acho que a empresa possui bastante capacidade de gerar internamente novas informações e conhecimento.

4. Partilha e difusão interna de informaçãoOs dirigentes partilham, de forma rotineira, informação acerca do negócio com todos os níveis da empresa.Não é freqüente a partilha de informação entre departamentos.A difusão de informação não acontece dos subordinados para os níveis hierárquicos superiores.

5. Uso e geração da informaçãoA empresa utiliza Informações externas para tomar melhores decisões.A empresa gera internamente novas informações.A gestão da empresa baseia-se, em grande medida, em informações e conhecimento gerado internamente.Em meu departamento, as decisões são significativamente influenciadas por informação e não por intuição.

6. Comunicação e atualização da informaçãoA empresa tem acesso e gere informação em quantidade adequada às suas necessidades.A informação que usamos é desatualizada e obsoleta.A informação a que tenho acesso é muito útil para o meu trabalho.A qualidade da informação na nossa empresa deve melhorar substancialmente.

7. Abertura e reciprocidade na empresaAcho que esta empresa é extremamente aberta.Seguimos muito a hierarquia da empresa.Considero que a nossa empresa é muito democrática.Somos uma empresa adaptável e em contínua mutação.

Parte 2 – Redes Sociais de Informação Q1. “as pessoas com quem você mais interage no dia-a-dia de trabalho”, Q2. “as pessoas de quem procura/recebe informação no seu dia-a-dia de trabalho”, Q3. “as pessoas de quem procura/recebe informações essenciais ao seu trabalho”, Q4. “as pessoas a quem recorre para obter conselhos antes de tomar decisões importantes no seu trabalho”, Q5. “as pessoas, os sistemas de informação, bases de dados e os documentos dos quais procura/recebe informação no seu dia-a-dia”, Q6. “as pessoas, os sistemas de informação, bases de dados e os documentos dos quais procura/recebe informações essenciais ao seu trabalho”, Q7. “as pessoas, os sistemas de informação, bases de dados e os documentos aos quais você fornece informação”.

Total Entre Atores %

Total de Fluxos 875 516 59%

Entre Atores %

Total de Relações 421 198 47%

Entre Atores %

Total de Canais 315 128 41%

Implicam ...

Manifestam-se em ...

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ARSI na editora Cidade Nova Resultados Parte 1 – Como avalia a informação 1) informação faz parte do negócio da empresa e é, concomitantemente, insumo, produto e parte do processo de negócio; 2) as decisões de negócio têm por base um balanço entre a intuição e a informação; 3) há espaço para que a organização melhore seus processos de coleta, análise e interpretação de informação externa; 4) importante espaço de melhoria na partilha e difusão de informação tanto top-down, quanto entre departamentos e bottom-up; 5) tem acesso e gere informação em quantidade aceitável e suficiente para as suas necessidades 6) níveis de obsolescência de informação diminutos ou desprezíveis; 7) empresa bastante aberta mas com possibilidades de maior abertura tal como para diminuir a dependência da hierarquia formal e procurar aumentar seus níveis de adaptabilidade às continuas mudanças do entorno.

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ARSI na editora Cidade Nova Resultados Parte 2 – Redes Sociais de Informação

Degree Closeness Betweeness

Cliques

Laços fortes e fracos

Conjunto lambda (λ) Topologia função de atributos Rede completa e sub-redes

Conjunto λ da rede completa Rede sem sistemas de informação

Atributos

Top alteres Centralidade de alteres

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ARSI na editora Cidade Nova Resultados Parte 2 – Redes Sociais de Informação 1) Baixa densidade da rede de canais de comunicação (22%); 2) Papeis e posições dos atores (densidade, degree, closeness e betweeness): a RSI é pouco densa, razoavelmente distribuída do ponto de vista topológico, mas onde os atores de níveis hierárquicos mais elevados surgem como os mais proeminentes nas medidas de centralidade, ‘clusterizando’ no topo da pirâmide organizacional o poder, prestigio e influencia; 3) Estrutura da RSI: (cliques, conjunto λ, força laços fracos): Os gerentes de Alfa e Bravo, A5 e A9 são os atores que detêm a maior capacidade de transito entre diferentes grupos, com a inerente possibilidade de exercer um importante papel de broker de informação; se removida, a ponte presidente (A23), gerente de Foxtrot (A26) e analista de Eco (A27) é a que provoca maior desconexão nos fluxos de informação; os colaboradores de 2º nível de Foxtrot A10 e A18, e o colaborador de 2º nível de Charlie A12 são os atores que podem contribuir de forma importante para que a organização tenha acesso ao novo e a informações diferentes;

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1) Vivemos numa sociedade em rede e do conhecimento;

2) O pensamento complexo, por oposição ao pensamento simplificador, tipicamente redutor,

disjuntivo, unidimensional e que desintegra e mutila a complexidade do real;

3) A informação, ao mesmo tempo em que carrega consigo centenas de definições, escapa-se

por entre todas elas, como areia por entre as mãos, refutando ser definida claramente;

4) As redes são tão ocultas quanto prevalecentes em todo e qualquer elemento da natureza e

fazem-se presentes na vida das sociedades humanas desde os primórdios das suas

articulações grupais;

5) As topologias e dinâmicas de funcionamento das organizações modernas são tão passíveis

de mutação quanto todos os demais elementos constitutivos da ‘modernidade líquida’ em que

vivemos;

6) A ARS é uma útil e poderosa ferramenta de pesquisa cientifica neste contexto;

7) Os atores sociais, pontos entre linhas na ARS, podem ser pensados como ‘pontos de vista’

da informação, pontos num espaço cognitivo de onde se tem ‘vistas para a informação’, ao

mesmo tempo em que ‘in-formam’ os demais pontos da rede.

Considerações finais

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Referencial teórico Ciência (contexto) Santos, B.; Morin, E.; Castells, M.; Touraine, A.; Giddens, A.; Garcia Canclini, N.; Prahalad e Krishnan; Barreto, A. ; Crete l la Junior; Carvalho Ferreira et al.; Thuan, T.; Burke, P.; Hall, S.; Dortier, J.; Simmons, J.; Damásio, A.; Bruni e Zamagni; Capurro, R.; Anderson, P.; Capra, F.; Soares, M.L.; Anderson, C.; Johnson, N.; Shirky, C.; Yunnus, M.; Bauman, Z.; Brown e Duguid; Kirshbaum, D.; Palazzo, L.; Howe, J.;

ARS (metodologia) Guarnieri, F; Lemieux e Oimet; Hanneman, R.; Marsden, P.; Adamic e Adar; Granovetter, M.; Wasserman e Faust;

Informação (objeto) Capurro, e Hjorland; Chalmers, A.; Wiener, N.; Derqui, P.; Ingwersen, P.; Brown e Duguid; Bush, V.; Braman, S.; Buckland, M.; Le Coadic, J-F.; Saracevic, T.; Davenport e Prusak; Miranda, R.; Burke, P.; Marteleto, R.; Barreto, A.; Mucheroni e Gonçalves; Belkin, N.; Bourdieu, P.; Hall, S.; Dortier, J.; Bauman, Z.; Martins, P.H.; Morin, E.; Bruni e Zamagni; Little, L.; To m a é l , M . I . ; M a r t e l e t o, R . ; Radomsky e Schneider;

Redes (objeto) Castells, M.; Capra, F.; Tomaél, M.I.; Newman, M.; Shirky, C.; Marteleto, R.; Barabasi, A-L.; Wasserman e Faust; Freeman, L; Milgram, S.; Hayes, B.; Granovetter, M.; Lemieux e Oimet; Cross e Parker; Schultz-Jones, B.; Johnson, N.; Watts e Strogatz; Park et al.; Elias, N.; Lévy, P.; Almendral et al.; Hanneman, R.; Emirbayer e Goodwin; Fontes, B.; Luhmann, N.; Dunbar, R.; Guarnieri, F.; Otte e Rousseau; Flap et al.; Allen et al.; Tsai, W.; etc.

Organizações (lócus) Bauman, Z.; Hampton,D.; Castells, M.; Mintzberg, H.; Hamel, G.; Hall, S.; Coase, R.; Peppers e Rogers; Prahalad e Krishnan; Shirky, C.; Howe, J.; Rosseti e Morales; Nonaka e Ta ke u ch i ; S ch u m p e t e r, J. ; Magalhães e Tribolet; Garcia-Lorenzo et al.; Franco, A.; Flat et al.; Bruni e Zamagni ; Tapscott e Williams; Francisco e Santos;

Sociedade (contexto) Carvalho Ferreira et al.; Maquiavel, N.; Giddens, A.; Hall, S.; Capra, F.; Anderson, P.; Shirky, C.; Morin, E.; Stockinger, G.; Luhmann, N.; Mathis, A.; Bateson, G.; Capurro, e Hjorland; Bush, V.; Saracevic, T.; Johnson, N.; Braman, S.; Garcia Canclini, N.; Castells, M.; Maturana, H.; Collera, V.; Franco, A.; Burke, P.; Choo, C.; Nonaka, I . ; Brown e Duguid; Alvarenga Neto et al.; Barreto, A.;