Redes Sociais E Jornalismo

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1 Universidade de Humanidades e Tecnologias Licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura Jornalismo Ciberjornalismo SERÁ QUE AS REDES SOCIAIS INFLUENCIAM O JORNALISMO? Discente: Joana Gonçalves, nº. 20061361 3º ano, turma 3D2

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Universidade de Humanidades e Tecnologias

Licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura – Jornalismo

Ciberjornalismo

SERÁ QUE AS REDES SOCIAIS

INFLUENCIAM O JORNALISMO?

Discente: Joana Gonçalves, nº. 20061361

3º ano, turma 3D2

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Com o desenvolvimento da Internet e como efeito a crescente dependência de cada

um de nós a esta plataforma, a implementação das Redes Sociais virtuais na sociedade

foi uma das suas consequências mais recentes. Esta novidade surgiu com a Web 2.0

que ampliou as possibilidades de interacção entre as pessoas. Hoje sabemos quem são

os amigos dos nossos amigos, bem como os amigos que temos em comum, o que

torna a nossa Rede Social virtual cada dia mais ampla e diversificada. Com a Web 2.0, a

comunicação passou a ser bidireccional, ou seja, o utilizador deixa de ser um mero

receptor para passar a ser também emissor. Há a possibilidade das pessoas

comunicarem directamente umas com as outras. As suas preferências e opiniões

passam a ser tidas em conta. Começa a existir uma colaboração e distribuição de

informação e a partilha entre os utilizadores das Redes Sociais.

São muitas as Redes Sociais que estão ao nosso dispor, umas mais conhecidas, outras

nem tanto mas na maioria todas têm o mesmo objectivo – a possibilidade das pessoas

comunicarem entre si e a troca de informação entre os utilizadores. Com a emergência

das Redes Sociais, já são muitos os jornalistas que se renderam “às maravilhas” do

Twitter, por exemplo, e justificam a decisão com a necessidade de comunicar de forma

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rápida e eficaz. O jornalista Daniel Catalão, da RTP, definiu o Twitter como “uma das

invenções mais extraordinárias dos últimos tempos na Internet”.

Perante este cenário assiste-se a uma profunda revolução do jornalismo tanto ao nível

das práticas profissionais no novo contexto da expansão das tecnologias digitais como

a nível deontológico, torna-se importante perceber se a utilização das Redes Sociais

influenciam o jornalismo e de que forma.

Antes de mais, importa explicar o que são as Redes Sociais e como funcionam, quais

as suas vantagens e desvantagens.

Uma Rede Social define-se como uma forma de compartilhar ideias com outros grupos,

com vista a proporcionar discussão entre indivíduos. Com temas de interesse para

ambas as partes e com pontos de vista em comum, ou pelo contrário, com ideias

diferentes, o importante mesmo é proporcionar a discussão de assuntos de forma a

enriquecerem os seus conhecimentos acerca de determinado tema. Nas Redes Sociais,

todas as pessoas têm a oportunidade de discutirem assuntos pessoais e/ou

profissionais, exporem os seus pontos de vista, partilharem valores, sentimentos,

atitudes, comportamentos, partilhar conteúdos, páginas, links ou ficheiros multimédia,

como video e imagens. Alguns dos seus artigos poderão ganhar muita visibilidade,

estando isso dependente de vários factores, como o número de visitas.

Nos nossos dias, com as Redes Sociais cada vez mais centralizadas na Internet, há uma

maior expansão e divulgação das mensagens a um nível mais extenso, visto que de

qualquer parte do mundo podemos ter acesso a uma página pessoal e/ou profissional

de qualquer pessoa que a tenha publicado num espaço virtual, sem restrições,

disponível a todos os utentes da Internet. As distâncias tornam-se reduzidas e torna-se

mais fácil gerir os relacionamentos com amigos ou apenas conhecidos. Conectar-se

com as pessoas e comunicar com elas é a principal função das Redes Sociais.

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As Redes Sociais surgiram com a necessidade de se criarem espaços onde fosse

possível a discussão de assuntos quer pessoais, assim como profissionais, e ainda com

a necessidade de se obter orientação e informação com o fim de enriquecer os

conhecimentos relativamente a determinados assuntos do interesse de cada indivíduo.

Conhecer outras pessoas, ter acesso ao conhecimento de outras culturas, outros

costumes, comunicar com mais facilidade, que em outra situação acabaríamos por

perder o contacto, conhecermos o mundo em que vivemos e as pessoas que dele

fazem parte, são resumidamente os motivos que fizeram com que fosse necessário

criar Redes Sociais capazes de responder à crescente necessidade de socialização das

pessoas.

As vantagens das Redes Sociais a nível profissional são: a facilidade em divulgar o

currículo (quanto mais divulgação tiverem as suas competências, mais facilmente

encontrará quem as valorize); mais facilidade no acesso a referências pessoais; mais

oportunidades de emprego (à medida que mais gente e organizações integram as

Redes Sociais aumentam também as relações de proximidade geográfica e

consequentemente crescem as oportunidades de trabalho. Estar bem posicionado nas

Redes Sociais representa uma vantagem sobre quem não está); oportunidade de

encontrar velhos amigos e colegas; maior probabilidade de receber propostas de

negócios (em função do seu currículo, da sua capacidade de relacionamento com os

outros e da sua disponibilidade, torna-se mais fácil propor-lhe actividades);

oportunidade de aceder aos dados biográficos das pessoas de forma a melhor

conseguir seleccionar especialistas.

Estas são as vantagens mais visíveis no campo profissional. A nível pessoal as

vantagens centram-se na: possibilidade de poder comunicar e interagir com várias

pessoas independentemente da distância geográfica; a facilidade em encontrar velhos

amigos e manter contacto com eles; oportunidade de conhecer novas pessoas.

As desvantagens são em ambos os casos (pessoal e profissional) semelhantes. As

desvantagens de se estar exposto numa Rede Social começam por ser desde logo: a

exposição das pessoas; o acesso a informação falsa, pois como se sabe não é difícil

criar na Internet uma identidade completamente fictícia; a falta de privacidade,

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embora esta possa ser controlada mediante a informação que queremos ou não

colocar na rede; maior exposição à recepção de mensagens ou envio de ficheiros com

vírus.

Não se sabem ao certo quantas redes sociais existem, mas em Portugal o seu uso tem

se tornado cada vez mais frequente.

Algumas Redes Sociais:

Facebook é uma Rede Social de acesso gratuito e surgiu a 4 de Fevereiro de 2004. Os

utilizadores podem aderir a redes organizadas por cidade, trabalho, escola, região e

para falar e interagir com outras pessoas. As pessoas podem também adicionar amigos

e enviar-lhes mensagens, e actualizar os seus perfis pessoais.

O site foi fundado por Mark Zuckerberg ex-estudante de Harvard. A adesão ao website

foi inicialmente limitada aos estudantes de Harvard, mas foi expandido para outros

colégios na área de Boston. Mais tarde o Facebook passou a incluir qualquer estudante

universitário e, em seguida, estudantes, e, finalmente, qualquer pessoa com idade a

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partir dos 13 anos. O site tem actualmente mais de 200 milhões de utilizadores activos

em todo o mundo.

Em Portugal existem mais de 100.000 contas no Facebook.

É uma das Redes Sociais mais populares em Portugal. São raras as pessoas,

principalmente os jovens, que não tenham uma conta no hi5. Só no nosso país

existem 3,2 milhões de utilizadores. Esta Rede Social foi fundada por Ramu

Yalamanchi em Janeiro de 2003 e tem origem norte-americana. Tal como as outras

Redes Sociais, expandiu-se, e actualmente está presente em 30 países com mais de 80

milhões de utilizadores. Cada utilizador, maior de 13 anos, pode criar um perfil onde

pode colocar fotos, músicas e vídeos, falar sobre si, sobre o que mais gosta de fazer e

dar opinião sobre diversos assuntos. Tem uma característica interessante que é o facto

de ter um sistema de código HTML, que permite criar mais estilos e diversidades

dentro do site. O hi5 possui o sistema de grupos onde o utilizador pode aderir ou não,

consoante os interesses de cada grupo. Embora não tendo um serviço de chat, é

possível saber se cada utilizador está com a sua página aberta, ou seja online, e pode

falar com outros utilizadores através do sistema de Mensagens. Tem um sistema de

actualização permanente, e os utilizadores ficam a saber das novidades dos seus

amigos no mesmo instante. O utilizador tem como opção colocar o seu perfil privado,

ou seja, só a sua rede de amigos é que pode visualizar a sua página. A política de

privacidade do hi5 diz expressamente que “Qualquer visitante das Páginas da Internet

do hi5 pode visualizar as informações de perfil e as fotografias transferidas para a

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comunidade hi5 pelo utilizador. O utilizador pode controlar que partes das

informações de perfil e fotografias serão visíveis para os visitantes das Páginas da

Internet do hi5 e qual a rede de membros do hi5 que pode ver essas informações.”

Além destes e outros serviços inerentes ao hi5, este possui um blogue onde os

utilizadores podem saber as novidades e estar atentos sobre quaisquer condições de

serviços.

O MySpace, tal como o hi5 e o Facebook, é uma Rede Social para comunicar online

através de uma rede interactiva de fotos, blogs e perfis de utilizador. Foi criada em

2003 nos Estados Unidos e é a maior rede do mundo com mais de 110 milhões de

utilizadores. Inclui um sistema interno de e-mail, fóruns e grupos. Graças à sua

popularidade e pelo facto de ter a funcionalidade de MP3, várias bandas com sucesso

e cantores registaram-se neste site.

Em Portugal, tem 300 mil cibernautas registados e activos. Dos 300 mil perfis

portugueses, 50 mil são de bandas ou artistas musicais.

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Twitter é uma Rede Social que permite aos utilizadores enviarem e lerem as

actualizações pessoais de outros contactos (em textos de até 140 caracteres,

conhecidos como "tweets"), através da própria Web ou por SMS. O desafio é simples,

responder à pergunta “What are you doing?”

As actualizações são exibidas no perfil do utilizador em tempo real e também enviadas

a outros utilizadores que tenham assinado para recebê-las. Os utilizadores podem

receber actualizações de um perfil através do site oficial, RSS, SMS ou um programa

especializado. O serviço é grátis na Internet. Desde a sua criação em 2006 por Jack

Dorsey, o Twitter ganhou uma imensa notabilidade e popularidade em todo mundo. É

algumas vezes descrito como o "SMS da Internet".

A estimativa do número de utilizadores varia, pois a empresa não informa qual é o

número de contas activas. Jeremiah Owyang estima que o Twitter tenha entre 4 a 5

milhões de utilizadores.

Em Fevereiro de 2009, o número de utilizadores portugueses do Twitter era de 10

mil. Actualmente não se sabe ao certo quantos utilizadores existem.

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Crescimento do Twitter até Janeiro de 2009

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LinkedIn é uma rede de negócios que surgiu em Dezembro de 2002 e foi fundado por

Reid Hoffman, Allen Blue, Jean-Luc Vaillant, Eric Ly, and Konstantin Guericke. Foi

oficialmente lançada em Maio de 2003. É principalmente utilizada por profissionais. O

Linkedin tem 42 milhões de membros e está presente em 200 países no mundo e

representa 170 indústrias. O LinkedIn tem como objectivo aproximar pessoas e

profissionais. Qualquer um pode inscrever-se e definir o seu currículo e perfil de

interesses, começando, depois, a construir a sua rede a partir do envio de convites a

pessoas que conhece pessoal ou profissionalmente e que pode localizar com a ajuda

da própria aplicação Web. Quanto mais completo for o perfil, mais fácil será ser

"identificado" por contactos já existentes na lista. Basta ter trabalhado na mesma

empresa, ou estudado na mesma faculdade, para que lhe seja sugerida a ligação. Ou

pode simplesmente fazer uma pesquisa por nome. O serviço mantém critérios de

privacidade e pode definir quem vê o seu perfil profissional e pessoal e se quer

divulgar o endereço de e-mail.

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Delicious surgiu no final de 2003 e foi desenvolvido por Joshua Schachtere. O site

permite adicionar e pesquisar bookmarks sobre qualquer assunto. Mais do que um

mecanismo de procura para encontrar o que quiser na Web, é antes de mais uma

ferramenta para arquivar e organizar os favoritos. A vantagem é que como as

bookmarks não ficam gravadas no computador mas sim num site na Internet, pode-se

aceder a elas a partir de qualquer computador e em qualquer lugar.

Também tem a vantagem de poder compartilhar as bookmarks com os amigos e

visualizar os favoritos públicos de vários membros da comunidade.

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As redes sociais desde o seu inicio e tempos de menos visibilidade, que influenciam o

jornalismo. Um conceito simples e base de rede social são as listas de e-mail, estas criaram

comunidades especializadas e foram uma das primeiras formas de criação de comunidades

virtuais e de redes sociais. Estas listas de e-mail cedo foram utilizadas pelos jornalistas para

recolha de informação nomeadamente para recolha de informação e opinião especializada,

porque estas redes sempre foram especializadas em determinado tema.

João Simão, docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e investigador de

Ciências da Comunicação e director do projecto COMUNICAMOS.

Será que as Redes Sociais influenciam o jornalismo? Quais serão as vantagens para o

jornalismo? Será que é importante os jornalistas fazerem parte das Redes Sociais?

Com a utilização das Redes Sociais pelos jornalistas, as práticas profissionais da

profissão alteraram-se. Elas tornaram-se instrumentos de trabalho preciosos pelo

transporte que fazem da comunicação. O acompanhamento rápido de informação é

possível graças a plataformas como o Twitter, por exemplo. A possibilidade de

acompanhar a produção de informação em tempo real é uma mais-valia quer para os

media quer para as instituições que podem gerir a sua própria informação através

destes canais.

Segundo Raquel Recuero, professora de Comunicação Social, investigadora nas áreas

sobre redes sociais e comunidades virtuais na Internet e também jornalista brasileira,

“as redes sociais começam, cada vez mais, a funcionar como uma rede de informações

qualificada, que filtra, recomenda, discute e qualifica a informação que circula no

ciberespaço. As redes sociais parecem organizar-se como filtros, no sentido de auxiliar

na organização dessas informações, passando a eleger e actuar como gatekeepers.

Esses actores filtram as informações do ciberespaço e publicam-nas, para quem quiser

ouvir/ler. Através da escolha de seus próprios gatekeepers, os demais actores vão

construir uma leitura focada nas informações que lhes são importantes. Essa leitura é

assim, personalizada, através da escolha de suas próprias fontes informativas.”.

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Começa então a surgir, uma nova concepção do conceito de gatekeeper. Com as novas

tecnologias, os jornalistas deixaram de ser os únicos fornecedores de informação e o

público deixou de ser um sujeito passivo para passar a ser activo no processo de

elaboração das notícias. Com as Redes Sociais, o público passa a exercer a função de

gatekeeper, filtrando as informações importantes e funcionando como uma fonte.

O Twitter pode ser visto como uma fonte/ ferramenta de trabalho?

“É uma ferramenta de trabalho quer de recolha quer de divulgação. O ser uma moda

permite um grande número de utilizadores logo um grande número de fontes de

informação. Mas como digo fontes que devem ser sempre confirmadas em diferentes

canais. Alguns jornais já destacam jornalistas como correspondentes no Twitter de

forma a poderem usar informações vindas a público nesta rede. Há casos

paradigmáticos como a amaragem do avião em Nova Iorque ou casos de embuste

como acidentes do Liedson entre muitos outros que são falsos. Repito o Twitter pode

ser uma boa fontes de recolha de informação desde que usada com cuidado. O Twitter

pode ser um bom meio de divulgação para empresas, entidades, etc… mas também

para os jornais. Quase que deixei de usar agregadores de feeds por que os principais

meios que sigo estão no Twitter e passou a ser o meu leitor de feeds e de

actualizações.” Afirma João Simão, docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro e investigador de Ciências da Comunicação, em entrevista.

Helena Garrido professora na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e

jornalista do “Jornal de Negócios”, concorda que as Redes Sociais podem ser uma

óptima ferramenta de trabalho desde que utilizadas com cuidado.” Eu não posso usar

a informação do Twitter ou de outra rede social directamente, ou seja, eu não posso

copiar e passar para o órgão tradicional. Embora as redes sociais pratiquem muita

informação, entre aspas, não é informação jornalística temos que ter consciência disso.

Tem que ser sempre validada pelo jornalista.”

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Os jornalistas ao utilizarem as Redes Sociais também aumentam potencialmente a

quantidade de informações que circula no ciberespaço. Esse aumento pode

apresentar, para o jornalista novas fontes e novas informações. Embora não seja uma

informação confirmada, é um relato, um testemunho da experiência naquele

momento. Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso dos atentados em Bombaim.

Muitos jornalistas conseguiram saber o que se estava a passar dentro do hotel por via

de mensagens que as pessoas que lá estavam enviaram para o Twitter. As informações

do que acontecia na Índia estavam em constante actualização nesta Rede Social com

detalhes e fotografias tiradas pelas pessoas que testemunhavam o acontecimento.

Vários blogues também acompanharam o que se estava a passar nos atentados. A

partilha dessa experiência pode ser usada pelos jornalistas, como aliás foi feito. A BBC

fez um “Minuto a Minuto” dos ataques em Bombaim usando o Twitter como blogues,

e fotografias colocadas no Facebook.

As informações publicadas no caso do Twitter devem ser entendidas como um “alerta”

para o acontecimento. Posteriormente elas devem ser desenvolvidas em outras

formas de composição noticiosa, ou seja, as actualizações em tempo real pelo Twitter

não substituem outras formas de jornalismo, mas podem vir a complementá-las.

As Redes Sociais conferem ao jornalismo a agilidade da informação ser transmitida.

Contudo, acarreta o perigo da veracidade dos factos por causa do imediatismo. Além

disso, o facto de as pessoas também as utilizarem para interagir entre si, contribui para

que as informações se espalhem mais rapidamente entre os utilizadores. Os sites de

Redes Sociais também oferecem feedback. Uma matéria bem-feita pode gerar

comentários, discussões e ser difundida dentro dos grupos sociais de forma a

amplificar o seu impacto.

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Para o investigador de Ciências da Comunicação, as desvantagens da utilização de

Redes Sociais residem na “grande multiplicidade de fontes de informação que gera a

criação de ruído na mensagem.” A função do jornalista é de seleccionar o ruído. “No

entanto as informações verídicas e as falsas coexistem e muitas vezes ambas são

misturadas e até publicadas por jornalistas que se esquecem de uma regra de ouro do

jornalismo: confirmar sempre as informações junto de várias fontes.”

Como já foi dito, o jornalista tem que estar consciente que as informações das Redes

Sociais têm que ser validadas. Elas funcionam como outra qualquer fonte cuja

informação tem que ser pesquisada, verificada e confirmada pelos jornalistas. Helena

Garrido acrescenta que “o jornalista tem ainda mais futuro se assumir o seu papel

fundamental de validador da informação. Ou seja, quando é o jornalista a dizer é

porque é verdade.”

Para João Simão “Não é só importante como fundamental” que os jornalistas se

registem em Redes Sociais. Embora esteja a acontecer profundas alterações na

maneira de fazer jornalismo, o papel do jornalista está a mudar no sentido “em que se

deve acentuar o papel de polícia na pesquisa e confirmação de “estórias”. O jornalista

tem agora ao seu dispor um conjunto de “fontes” que publicam a informação e a

“estória” que presenciaram. As Redes Sociais são o local indicado para encontrar essa

“estória” e essas fontes.”

Um jornalista que esteja registado numa Rede Social, como por exemplo o hi5 ou o

Facebook, e faça parte de um grupo específico da comunidade (ex: os moradores da

sua rua ou o clube de futebol da sua zona) vai ter acesso aos acontecimentos, aos

comentários, problemas e insatisfações que afectam esse grupo mais rapidamente, do

que um jornalista que não faça parte dessa comunidade. Além de que interage muito

mais com o público ou com a organização jornalística.

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Contudo, existem precauções que o jornalista deve ter em conta ao utilizar as Redes

Sociais que se prendem com questões éticas e metodológicas. Craig Whitney, editor

assistente do “New York Times”, definiu uma série de regras para os jornalistas

saberem lidar com estas questões, de modo a proteger a imagem, credibilidade e

imparcialidade do jornal. Passo a citar o resumo das regras feito por Patricio Robles,

repórter de tecnologia:

Não especifiquem as vossas inclinações políticas. Isto inclui juntarem-se a

grupos online que as demonstrariam.

Não escrevam nada nos vossos perfis, blog ou comentários em conteúdos

partilhados, que não escreveriam no The Times.

Tenham cuidado com quem adicionam. Como este é um assunto complexo, o

The Times sugere aos jornalistas para “imaginar se a revelação de um amigo

pode se tornar num embaraço que possa lançar dúvidas sobre a nossa

imparcialidade.”

Usar moradas de e-mail encontradas em redes sociais para contactar indivíduos

é correcto, mas as regras básicas aplicam-se: tratem a pessoa de forma justa e

aberta e não “questionem inutilmente sobre a sua vida pessoal.”

O Editor de Padrões tem que ser contactado antes de qualquer contacto com

um menor.

Estas são algumas regras que todos os jornalistas, não só os do New York Times,

deveriam ter em conta. No primeiro ponto, o jornalista ao divulgar as suas opções

políticas online pode estar a pôr em causa a imparcialidade do conteúdo noticioso.

Ter atenção ao que se escreve e como se escreve, é outra das regras. O texto, imagens

ou vídeos podem serem mal interpretados ou distorcidos prejudicando a imagem e a

credibilidade do jornalista que as publica.

Outro problema prende-se com o facto de adicionar “amigos”. Podemos escrever

sobre alguém que é nosso “amigo”? A resposta depende se esse “amigo” é realmente

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um amigo pessoal. Caso contrário, pode gerar conflitos de interesse entre o repórter

ou o editor sobre essa pessoa. Temos que pensar se a divulgação pública da nossa rede

de amigos pode suscitar dúvidas sobre a nossa imparcialidade.

Para o investigador João Simão, a ética só poderá ser posta em causa dependendo dos

princípios que o jornalista tenha. “Se o jornalista tiver em conta os mesmos princípios

deontológicos, éticos e profissionais que sempre teve, a credibilidade e a ética

jornalísticas continuarão intactas”. E continua… “Um cidadão nunca poderá ser

jornalista, um cidadão sempre foi e sempre será uma fonte de informação. O que o

“jornalismo do cidadão” mostra é um conjunto de fontes que presenciaram

determinada “estória” e tiveram, usaram meios de publicação com capacidade de

atingir as massas. O papel do jornalista continua a ser o mesmo. Recolher informação

junto das fontes, confirmá-la, tratá-la e publicá-la. “

Para a jornalista Helena Garrido, a ética do jornalismo tradicional não é de todo posta

em causa, porque existe uma ética implícita nas Redes Sociais. “Funciona como que

uma regra que transita em torno das relações entre as pessoas que contactam através

das Redes Sociais e em relação ao que elas “dizem”/ escrevem. Existe uma ética e um

conjunto de regras mais flexíveis, menos disciplinadoras do que a ética e as regras que

são aplicadas aos meios de comunicação tradicionais. Não me parece que as Redes

Sociais ponham neste momento em causa a ética do jornalismo tradicional, nem os

jornalistas em regra que participam nas Redes Sociais, me parece que violem as regras

a que se submetem nos meios tradicionais. Essas regras e éticas dos meios tradicionais

são mais frequentemente transpostas por quem não é jornalista, exactamente porque

não tem interiorizado como os jornalistas têm que acusações e informações têm que

ser confirmadas.”

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Tal como João Simão e Helena Garrido, penso que as Redes Sociais influenciam o

jornalismo. Elas tornaram-se fontes, espaços onde o jornalista recolhe e difunde a

informação. Tornaram-se um fenómeno mundial e afectam vários sectores da

sociedade e o jornalismo é um deles. As Redes Sociais são mais um contributo para a

revolução que tem vindo a acontecer ao longo dos tempos nesta profissão.

Revolucionaram as técnicas que habitualmente se usam para fazer jornalismo, o

conteúdo noticioso e a forma de se relacionarem com o público, uma vez que com as

Redes Sociais, o jornalista tem um contacto mais próximo com os seus potenciais

leitores e toma conhecimento dos seus problemas e inquietações.

Através delas o jornalista tem à sua disposição uma infinidade de matéria que lhe pode

ser útil, de uma forma rápida, em tempo real e sem se deslocar aos locais do

acontecimento. Pode ter acesso a fotografias, vídeos, contactos e testemunhos a partir

de pessoas que estejam ligadas à sua rede de qualquer parte do mundo, compartilhá-

las e discuti-las.

Penso que os princípios básicos da ética jornalística mantêm-se. Para mim, esta só será

posta em causa, se o jornalista não tiver presente os princípios da profissão. No caso

de utilizar as “informações” das Redes Sociais para elaborar notícias, ele não se pode

esquecer dos procedimentos de validação e verificação da informação. Só depois de

cumprir estas etapas é que se pode dizer que a informação é verdadeira. Podemos

concluir que a ética e as regras que estão implícitas nas Redes Sociais são mais flexíveis

para aqueles que não são jornalistas, por exemplo o jornalista-cidadão. O cidadão não

tem que se reger por um Código deontológico como os jornalistas têm.

Num espaço tão ilimitado como é a Internet, a função do jornalista de validar e

verificar a informação acentuou-se. Ele tem que filtrar a grande quantidade de

informação que lhe chega, vinda de um simples cidadão ou de um especialista. Ele não

pode “pegar” na informação que recebe via Rede Social e copiá-la. Nenhuma

informação deve ser colocada, exposta ou transmitida sem antes ser validada. Só assim

o jornalista fala verdade e não viola os princípios éticos da profissão como está escrito

no ponto 1, do Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses, “O jornalista deve

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relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos

devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso”.

Uma das desvantagens é o perigo do jornalista perder-se no meio de tanta informação.

Ele tem que ter a capacidade de discernir se uma informação é falsa ou verdadeira

para isso, o jornalista tem que seleccionar e verificar a informação. Esta regra também

se aplica quando ele necessita de saber se está a falar verdadeiramente com a pessoa

que pensa. Como se sabe há páginas nas Redes Sociais que são fictícias, como por

exemplo, as duas páginas no Twitter que o Presidente da República tem. Como

sabemos qual delas é realmente do Presidente da República? Temos que recorrer a

fontes institucionais para validar a informação. Como ir ao site da presidência da

república ou ligar para o assessor de imprensa do Presidente.

Será que os jornalistas vão desaparecer? Esta é uma das perguntas que assalta, uma

vez que com as Redes Sociais, o público tem a possibilidade de ter acesso à informação

e fornecê-la. O papel do jornalista é radicalmente diferente hoje em dia do que era há

uns anos atrás. Antigamente o jornalista tinha um papel fulcral na sociedade. Ele era o

único que difundia informação. Hoje em dia, com a Web 2.0 /Redes Sociais a sociedade

sobrevive sem o jornalista porque tem toda a informação ao seu dispor. O jornalista

agora só serve para melhorar a informação, no sentido em que filtra o que é

verdadeiro do que é falso, do que é importante do que não é.

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Fontes

Redes Sociais

http://en.wikipedia.org

http://pauloquerido.pt/blogosfera/as-redes-sociais-e-as-suas-vantagens/

http://www.oje.pt/noticias/nacional/rede-social-twitter-conquista-politicos-

jornalistas-e-musicos-portugueses

http://blogs.journalism.co.uk/editors

http://pontomidia.com.br/raquel/

http://www.jornalistasdaweb.com.br

http://www.poynter.org

Facebook

http://facebook.com

http://pauloquerido.pt/tecnologia/redes-sociais-portugal-passa-fasquia-das-

100000-contas-no-facebook/

Twitter

http://aeiou.viagens.visao.pt/canal.aspx?channelid=946136B5-1E19-4ECF-

A63F-A7282DE20C8E&contentid=1AA1BE1F-7864-4072-9E39-CFFA2F3BCA51

http://twitterportugal.com/blog/um-exemplo-pratico-de-como-as-redes-

sociais-podem-ajudar-os-jornalistas-escritores-e-profissionais-de-marketing-a-

escreverem-melhores-titulos/

http://twitterportugal.com/blog/

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Linkedin

http://press.linkedin.com

Delicious

http://delicious.com

Hi5

http://hi5.com

MySpace

http://www.myspace.com/

Outros

http://www.wiredjournalists.com

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1042472

http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1139189

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1326487

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1366016

http://www.destak.pt/artigos.php?art=24854