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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS
MESTRADO EM ENGENHARIA BIOMDICA
DESENVOLVIMENTO DE IMUNOSSENSOR ELETROQUMICO
EMPREGANDO NANOHBRIDO PIRROL NANOTUBOS DE
HALOISITA PARA DETECO DA TROPONINA T CARDACA
HUMANA
VICENTE DE PAULO DOS ANJOS LANDIM
Recife, PE.
2014
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VICENTE DE PAULO DOS ANJOS LANDIM
DESENVOLVIMENTO DE IMUNOSSENSOR ELETROQUMICO
EMPREGANDO NANOHBRIDO PIRROL NANOTUBOS DE
HALOISITA PARA DETECO DA TROPONINA T CARDACA
HUMANA
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
Graduao Stricto sensu de Engenharia Biomdica,
da Universidade Federal de Pernambuco, como parte
dos requisitos exigidos para obteno do ttulo de
Mestre em Engenharia Biomdica.
Orientadora: Prof a.
Dra.
Rosa Amalia Fireman Dutra
Recife, PE.
2014
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Catalogao na fonte
Bibliotecria Margareth Malta, CRB-4 / 1198
L257d Landim, Vicente de Paulo dos Anjos. Desenvolvimento de imunossensor eletroqumico empregando nanohbrido
Pirrol nanotubos de haloisita para deteco da troponina T cardaca humana / Vicente de Paulo dos Anjos Landim. - Recife: O Autor, 2014.
69 folhas, il., grfs., tabs.
Orientadora: Profa. Dra. Rosa Amalia Fireman Dutra.
Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Biomdica, 2014.
Inclui Referncias e Apndice.
1. Engenharia Biomdica. 2. Pirrol-2-carboxlico. 3. Nanotubos de
haloisita. 4. Imunossensor eletroqumico. 5. Troponina T cardaca humana.
6. Infarto agudo do miocrdio. I. Dutra, Rosa Amalia Fireman.
(Orientadora). II. Ttulo.
UFPE
610.28 CDD (22. ed.) BCTG/2014-161
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VICENTE DE PAULO DOS ANJOS LANDIM
DESENVOLVIMENTO DE IMUNOSSENSOR ELETROQUMICO
EMPREGANDO NANOHBRIDO PIRROL NANOTUBOS DE
HALOISITA PARA DETECO DA TROPONINA T CARDACA
HUMANA
AVALIADORES:
____________________________________________
Profa. Dr
a. Rosa Amalia Fireman Dutra
(Depto. Engenharia Biomdica, Universidade Federal de Pernambuco) - Orientadora
____________________________________________
Profa. Dr
a. Adriana Fontes
(Depto. Biofsica, Universidade Federal de Pernambuco) 1 Examinadora
____________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Yara
(Depto. Engenharia Biomdica, Universidade Federal de Pernambuco) - 2 Examinador:
____________________________________________
Dra. Alessandra Batista de Mattos,
(Centro de Tecnologias Estratgicas do Nordeste)- 3 Examinadora
Recife, PE.
2014
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Dedico este trabalho a meu pai Antnio Landim (in
memrian) e a minha me Suelita que lutaram, sonharam e me
apoiaram de todas as formas para que eu estivesse alcanando
cada objetivo. A tia Chiquinha, que dedicou sua vida a cuidar de
mim, me abraando como filho e acreditando nos meus sonhos.
Aos meus irmos pelo apoio em todos os momentos. Aos meus
sobrinhos, por fazerem de mim o tio mais feliz do mundo.
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AGRADECIMENTOS
Em especial a Deus por estar me dando a chance de desfrutar de todos os meus
sonhos, por me iluminar a cada dia para seguir nessa caminhada, por me fortalecer e
amparar sempre em seus braos de amor.
professora e orientadora Rosa Fireman Dutra, pela orientao, amizade,
pacincia nesta fase de aprendizado, dedicao e principalmente pela oportunidade que
tem me dado de conhecer esse novo mundo chamado nanotecnologia e por ter me
acolhido to bem em seu laboratrio.
minha co-orientadora, colega de trabalho e amiga Brbara Virgnia, pela
dedicao, amizade, pacincia, momentos de descontrao tornando o laboratrio um
ambiente ainda melhor e acima de tudo por aceitar esse desafio de estar comigo nesse
projeto. No tenho como agradecer tamanho apoio e dedicao. Muito Obrigado!
Aos meus pais, Antnio Landim e Suelita Landim, pelo carinho, amor,
dedicao e por estarem sempre comigo lutando e acreditando nos meus sonhos,
obrigado pelas oportunidades a mim oferecidas, para minha formao pessoal e
profissional. De um modo especial quero agradecer a minha me por abrir mo da
convivncia diria comigo para que eu estivesse hoje aqui realizando um dos meus
sonhos e aprender que amar tambm abrir mo de quem amamos.
A minha tia Chiquinha da Glria, por ser sempre uma segunda me, me
acolhendo, amando e investindo em minha educao. Te amo!
Aos meus irmos Yskara, Antnio Filho e Luciano pelo amor, suporte, apoio e
fortaleza.
Aos meus sobrinhos Antnio Neto, Isabelly e Ana Jlia por me fazerem me
sentir o tio mais amado e feliz do mundo. Amo vocs!
Aos familiares de um modo geral, tios, primos, cunhados e av pelos momentos
bons e ate mesmo por aqueles que na dor me fizeram aprender que nada acontece por
acaso e que famlia isso.
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Ao amigo Bruno Nunes, no tenho como esquecer tanto que fizestes por mim, o
apoio incondicional, a amizade, os ensinamentos nessa nova vida de muitas mudanas e
principalmente por acreditar que tudo iria dar certo, te amo amigo!
Aos amigos de Recife, Heberth Macedo, Micaias Jnior, Henrique Costa,
Rosana Marinho, Eri Dias, Diego Leonardo, Fernanda e Edgard Santos por terem me
dado todo apoio no s profissional quanto pessoal, pelos momentos de descontrao e
amizade e por me tornarem no s amigo, mas parte da famlia de vocs. Muito
Obrigado!
Aos amigos do Cear, representados por Vivi, Tatiana, Mariana e Tbada pelo
apoio desde os tempos da graduao e por continuarem comigo nessa jornada.
Aos amigos Rogrio, Carol Dias, Tatianny Freitas, Erika Lima, Alessandra
Mattos, Igor Teixeira e Luciana Melo, pela amizade, momentos de descontrao,
apoio e pela contribuio para a realizao deste trabalho.
senhora Maria Helena por ter cedido carinhosamente o perclorato de ltio
utilizado nos experimentos, muito obrigado!
Aos amigos do LAPED, com os quais foram divididos os ltimos anos de
aprendizado, pela contribuio no decorrer desta trajetria e pelos muitos momentos de
descontrao tornando o laboratrio um ambiente mais prazeroso.
Aos professores e funcionrios do Programa de Ps-Graduao em
Engenharia Biomdica que contriburam para a formao do meu carter e conduta
cientfica.
Aos colegas de turma Natlia Onofre, Cayo Leal e Rodrigo Gomes, por termos
alcanado o que desejamos e conseguido vencer cada obstculo.
Fundao de Amparo a Cincia e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE) pelo
apoio financeiro.
Muito Obrigado!
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No fundo, apenas os pensamentos prprios so verdadeiros e tm vida, pois somente
eles so entendidos de modo autntico e completo. Pensamentos alheios, lidos, so
como sobras da refeio de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hspede
na casa.
Schopenhauer
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RESUMO
Diversos imunoensaios vem sendo empregados na rotina laboratorial para dosagem das
troponinas cardacas, devido a sua alta sensibilidade e especificidade no diagnstico do
infarto agudo do miocrdio. Entretanto, estes mtodos apresentam significativas
limitaes para diagnstico beira do leito de pacientes infartados de modo prtico,
rpido e seguro. Dessa forma, os imunossensores eletroqumicos surgem como uma
importante ferramenta analtica. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um
imunossensor eletroqumico baseado em um filme nanoestruturado de pirrol-2-
carboxlico e nanotubos de haloisita para deteco de nveis clnicos da troponina T
cardaca humana. O eletrodo de carbono vtreo foi submetido eletropolimerizao do
pirrol-2-carboxlico (0,01 M). Os grupos carboxlicos derivados do filme de pirrol na
superfcie sensora foram ativados e em seguida incubados com uma soluo de
nanotubos de haloisita funcionalizados com grupos amina (5 mg/mL). Para
imobilizao dos anticorpos anti-troponina T, o eletrodo de carbono foi previamente
incubado com uma soluo de glutaraldedo (5%). Os stios ativos remanescentes do
eletrodo foram bloqueados com uma soluo de glicina. A caracterizao do
imunossensor foi realizada usando as tcnicas de voltametria cclica e de pulso
diferencial. A eletrossntese do pirrol-2-carboxlico foi otimizada utilizando o perclorato
de ltio como contra-on na eletrossntese do polmero, sob a velocidade de
polimerizao de 20 mV/s. O filme nanoestruturado de pirrol-2-carboxlico (0,01 M) e
nanotubos de haloisita (5 mg/mL) apresentou uma estabilidade cinco vezes maior
quando comparado ao estudo controle (sem pirrol-2-carboxlico). Ensaios para
padronizao da concentrao do anticorpo anti-troponina T imobilizado e tempo de
interao antgeno-anticorpo foram realizados e otimizados na concentrao de 5 g/mL
e 60 min, respectivamente. Uma curva de calibrao foi obtida para as diferentes
concentraes de cTnT utilizando a tcnica de voltametria de onda quadrada. O
imunossensor proposto apresentou uma boa linearidade com r=0,996 (p
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ABSTRACT
Several immunoassays have been employed in laboratorial routine for measurement of
the cardiac troponins due to their high sensitivity and specificity in the diagnosis of
acute myocardial infarction. However, these methods have significant limitations for
diagnosis at bedside of infarcted patients of a practical, rapid and secure way. Thus,
electrochemical immunosensors emerge as an important analytical tool. The aim of this
work was to develop an electrochemical immunosensor based on a nanostructured film
of pyrrole-2-carboxylic acid and halloysite nanotubes for detection of clinical levels of
human cardiac troponin T. Glassy carbon electrode was submitted to
electropolymerization of pyrrole-2-carboxilic acid (0.01M). The carboxylic groups
derivate of the pyrrole film on the sensor surface were activated and then incubated with
a solution of halloysite nanotubes functionalized with amine groups (5 mg/mL). To
immobilization of anti-troponin T antibodies, the carbon electrode was previously
incubated with a solution of glutaraldehyde (5%). The remaining active sites of the
electrode were blocked with a solution of glycine. The characterization of the
immunosensor was performed using the cyclic voltammetry and differential pulse
techniques. The electrosynthesis of pyrrole-2-carboxilic acid was optimized using
lithium perchlorate as counter-ion in the electrosynthesis of the polymer, at scan rate of
20 mV/s. The nanostructured film of pyrrole-2-carboxilic acid (0.01 M) and halloysite
nanotubes (5 mg/mL) showed a five-fold greater stability when compared to control
study (without pyrrole-2-carboxylic acid). Assays for standardization of concentration
of immobilized anti-troponin T antibody and antigen-antibody interaction time were
carried out and optimized at the concentration of 5 g/mL and 60 min, respectively. A
calibration curve was obtained to different concentrations of cTnT using square wave
voltammetry technique. The proposed immunosensor showed a good linearity with
r=0,996 (p
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 Esquema do processo fisiolgico, que levam ao IAM, nas artrias coronarianas. .................... 16
Figura 2 Complexo troponina composto pelas subunidades T, C e I. ..................................................... 20
Figura 3 Representao esquemtica de um biossensor. ......................................................................... 22
Figura 4 Sistema eletroqumico constitudo por trs eletrodos: um eletrodo de trabalho, um eletrodo de referncia (Ag/AgCl) e um eletrodo auxiliar (fio de platina). ........................................................... 25
Figura 5 Representao grfica da tcnica de VC: (a) variao linear do potencial vs. tempo e (b) voltamograma cclico. ....................................................................................................................... 27
Figura 6 Estrutura qumica do (a) monmero de Pi-2-COOH, (b) dmero e (c) oligmeros com 16 anis conjugados aps a eletropolimerizao do Pi-2-COOH.................................................................... 30
Figura 7 Representaes esquemticas da (A) estrutura cristalina da haloisita (10 ) e da (B) estrutura de um NTH. ...................................................................................................................................... 31
Figura 8 Potenciostato modelo Ivium Compact Stat acoplado ao microcomputador. ............................. 35
Figura 9 Etapas de construo do imunossensor. .................................................................................... 37
Figura 10 Influncia dos contra-ons empregados no processo de eletropolimerizao do Pi-2-COOH: (a) ECV limpo, (b) ECV eletropolimerizado em H2SO4 (0,5 M), (c) ECV eletropolimerizado em
KCl (0,1 M) e (d) ECV eletropolimerizado em LiClO4 (0,1 M). VCs obtidos em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparado em KCl (0,1 M) a velocidade de varredura de 100 mV/s. ....... 41
Figura 11 Influncia da taxa de velocidade de varredura no processo de eletropolimerizao e construo do filme de Pi-2-COOH: (a) ECV limpo, (b) ECV eletropolimerizado a 10 mV/s, (c)
ECV eletropolimerizado a 20 mV/s, (d) ECV eletropolimerizado a 40 mV/s, (e) ECV
eletropolimerizado a 80 mV/s e (f) ECV eletropolimerizado a 100 mV/s. Inset: Relao entre os
valores de Ep e velocidade de varredura de eletropolimerizao. VCs realizados em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparado em KCl (0,1 M), sob velocidade de varredura de 100 mV/s. ... 42
Figura 12 Perfil eletroqumico do processo de eletropolimerizao do Pi-2-COOH (0,01 M) durante 20 ciclos voltamtricos em soluo de 0,1 M de LiClO4 preparada em ACN, sob velocidade de
varredura de 20 mV/s. ....................................................................................................................... 43
Figura 13 VCs do ECVs modificado com diferentes concentraes de Pi-2-COOH: (a) ECV limpo, (b) ECV/Pi-2-COOH 0,001 M, (c) ECV/Pi-2-COOH 0,01 M, (d) ECV/Pi-2-COOH 0,02 M e (e)
ECV/Pi-2-COOH 0,03 M. VCs realizados em soluo de K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M)
preparada em KCl (0,1 M), sob velocidade de varredura de 100 mV/s. ........................................... 44
Figura 14 VCs da influncia do filme de NTHs-NH2 em clorofrmio sobre o perfil eletroqumico do ECV: (a) ECV limpo, (b) ECV modificado com clorofrmio e (c) ECV modificado um filme de
NTH-NH2 (5 mg/mL) preparado em clorofrmio. Medidas realizadas em soluo de 0,005 M de
K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de KCl. ........................................................................ 45
Figura 15 Influncia das diferentes concentraes de NTHs-NH2 sobre ECV previamente eletropolimerizado com o Pi-2-COOH: (a) 1 mg/mL, (b) 2,5 mg/mL; (c) 5 mg/mL, (d) 7,5 mg/mL e
(e) 10 mg/mL. Medidas realizadas em soluo de 0,005 M de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em
0,1 M de KCl. ................................................................................................................................... 46
Figura 16 Estabilidade eletroqumica do ECV modificado com (a) NTHs-NH2 e (b) Pi-2-COOH/NTHs-NH2 quando submetidos a 20 sucessivos ciclos voltamtricos. Medidas realizadas em soluo de
0,005 M de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de KCl...................................................... 47
Figura 17 VCs do ECV/Pi-2-COOH/HNT-NH2 sob diferentes velocidades de varredura (a h: 10, 25, 50, 75, 100, 125, 150, 175, 200, 225, 250, 275 e 300 mV/s). VCs realizados em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparado em KCl (0,1 M). ...................................................................... 49
Figura 18 (I) VCs e (II) VPD das etapas de construo da plataforma sensora: (a) ECV limpo, (b) ECV/Pi-2-COOH; (c) ECV/Pi-2-COOH/NTH-NH2; (d) ECV/Pi-2-COOH/NTH-NH2/GLUT; (e)
ECV/Pi-2-COOH/NTH-NH2/GLUT/anti-cTnT e (f) ECV/Pi-2-COOH/NTH-NH2/GLUT/Anti-
-
cTnT/Glicina. Medidas realizadas em soluo de 0,005 M de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em
0,1 M de KCl. ................................................................................................................................... 50
Figura 19 Influncia das diferentes concentraes de anti-cTnT imobilizado sobre o ECV/Pi-2-COOH/NTHs-NH2/GLUT. Medidas obtidas atravs de anlises por VC em soluo de 0,005 M de
K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de KCl. ........................................................................ 51
Figura 20 Influncia do tempo de imunorreao para cTnT (0,05 ng/mL) em relao ao ECV/Pi-2-COOH/NTHs-NH2/GLUT/Anti-cTnT/Glicina. Medidas obtidas atravs de anlises por VC em
soluo de 0,005 M de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de KCl. ................................... 52
Figura 21 Curva de calibrao do imunossensor, obtida atravs da variao das concentraes de cTnT. Varreduras realizadas em soluo de 0,005 M de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de
KCl. ................................................................................................................................................... 53
-
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS
ACN
CK
-
-
Acetonitrila
Chreatine kinase- Creatinoquinase
CK-MB - Chreatine kinase-myocardial band Isoforma crdica da
creatinoquinase
cTnI - Troponina I cardaca humana
cTnT - Troponina T cardaca humana
E - Potencial
ECV - Eletrodo de carbono vtreo
EDC - N-etil-N-(3-dimetilaminopropil) carbodiimida
EGC - Eletrocardiograma
EUA - Estados Unidos da Amrica
HRP - Enzima peroxidase
I - Corrente
IAM - Infarto Agudo do Miocrdio
IL - Lquidos inicos
Ipa - Corrente de pico andico
Ipc - Corrente de pico catdico
IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry- Unio
Internacional de Qumica Pura e Aplicada
NTHs - Nanotubos de Haloisita
NHS - N-hidroxi succinimida
NTC - Nanotubos de Carbono
OMS - Organizao Mundial de Sade
PBS - Tampo fosfato salino
VC - Voltametria Cclica
VPD - Voltametria de Pulso Diferencial
v1/2
- Raiz quadrada da velocidade de varredura
vs. - Versus
I - Variaes de corrente de pico
-
SUMRIO
1. INTRODUO ........................................................................................................ 14
2. REVISO DA LITERATURA ............................................................................... 16
2.1 INFARTO AGUDO DO MIOCRDIO (IAM) ............................................................... 16
2.1.1 Marcadores cardacos ................................................................................... 17
2.1.2 Troponinas ..................................................................................................... 19
2.2 BIOSSENSORES ....................................................................................................... 21
2.2.1 Imunossensores .............................................................................................. 23
2.3 TRANSDUTORES ..................................................................................................... 24
2.3.1 Transdutores Eletroqumicos ........................................................................ 24
2.3.2 Tcnicas Eletroqumicas................................................................................ 26
2.3.3 Voltametria Cclica ....................................................................................... 26
2.4 MODIFICAO ELETRDICA .................................................................................. 27
2.4.1 Polmeros ....................................................................................................... 28
2.4.1 Polipirrol ....................................................................................................... 29
2.4.2 Nanotubos de Haloisita ................................................................................. 30
3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 33
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 33
3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ......................................................................................... 33
4. MATERIAIS E MTODOS .................................................................................... 34
4.1 REAGENTES ........................................................................................................... 34
4.2 EQUIPAMENTOS ..................................................................................................... 34
4.3 PREPARAO DO ELETRODO DE TRABALHO ........................................................... 35
4.4 ELETROPOLIMERIZAO DO PI-2-COOH .............................................................. 35
4.5 CONSTRUO DO FILME NANOHBRIDO DE PI-2-COOH/ NTHS-NH2 .................... 36
4.6 IMOBILIZAO DOS ANTICORPOS ANTI-CTNT ........................................................ 36
4.7 IMUNOENSAIO ELETROQUMICO ............................................................................. 37
4.8 OTIMIZAO DOS PARMETROS EXPERIMENTAIS ................................................... 38
4.8.1 Influncia da velocidade de varredura na eletropolimerizao do Pi-2-
COOH ..................................................................................................................... 38
4.8.2 Estudo de estabilidade do filme de Pi-2-COOH/NTH .................................. 38
4.8.3 Influncia da velocidade de varredura .......................................................... 38
4.8.4 Influncia da concentrao de anticorpo e tempo de imunorreao ............ 39
4.8.5 Curva de calibrao ...................................................................................... 39
5. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................. 40
5.1 CARACTERIZAO DA ELETROPOLIMERIZAO DO PI-2-COOH ........................... 40
5.2 CONSTRUO DO FILME NANOHBRIDO DE PI-2-COOH/NTH-NH2 ....................... 44
5.3 CARACTERIZAO ELETROQUMICA DO IMUNOSSENSOR ....................................... 49
5.4 OTIMIZAO DAS CONDIES EXPERIMENTAIS ...................................................... 51
5.5 CURVA DE CALIBRAO PARA CTNT ..................................................................... 52
6. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 54
-
7. REFERNCIAS ...................................................................................................... 55
-
14
1. INTRODUO
A nanotecnologia um campo da cincia em rpida progresso, com grande
impacto nas reas de materiais, eletrnica e medicina (ZHANG et al., 2009).
Particularmente, a utilizao de nanomateriais, obtidos em escala de 1100 nm, tem
despertado grande interesse nos ltimos anos no desenvolvimento de nanossensores e
imunossensores (JIANRONG et al., 2004). Esses nanomateriais permitem o aumento da
rea reativa e da transferncia de eltrons na interface sensora, contribuindo,
consequentemente, para uma maior estabilidade do elemento biolgico e quantidade de
molculas imobilizadas (JUBETE et al., 2009; LUO, MORRIN & KILLARD, 2006).
Diversos tipos de nanomateriais tm sido utilizados para o aperfeioamento dos
imunossensores, incluindo nanotubos de carbono, nanopartculas metlicas e
polimricas (LEE et al., 2007; LIU & LIN, 2007). Neste trabalho, nanomateriais
derivados de minerais, tais como nanotubos de haloisita, foram empregados para
construo da plataforma sensora, a haloisita um argilo mineral semicondutor que tem
sido amplamente utilizado em biossensores, podem ser facilmente funcionalizados com
grupos carboxlicos, aumentam a resposta cataltica (PRICE & GABER; PRICE et al.,
2001).
Um dos grandes desafios na construo dos imunossensores consiste na fixao
dos nanomateriais na interface sensora. Assim, filmes polimricos funcionalizados tm
sido uma alternativa para construo de plataformas mais estveis e reprodutveis, o que
ainda tem sido um fator limitante no desenvolvimento de imunossensores. Devido
fcil sntese de preparao e reatividade redox, o polmero polipirrol tem recebido
grande ateno, principalmente quando funcionalizado, permitindo a utilizao de
grupos reativos estratgicos na modificao da interface sensora (GRIESHABER, 2008;
AHUJA et al., 2007). Em meio aos derivados do pirrol funcionalizado, o pirrol-2-cido
carboxlico vem se destacando como material eletroativo para utilizao em
imunossensores.
O desenvolvimento de imunossensores para o diagnstico de doenas
cardiovasculares, tais como o infarto agudo do miocrdio (IAM), tem despertado o
interesse de pesquisadores. Dados da Organizao Mundial de Sade (OMS) indicam
que at 2020 o IAM pode se tornar a principal causa de morte nos pases em
desenvolvimento (OMS, 2013). O diagnstico rpido e prtico do infarto considerado
-
15
um fator fundamental para a reduo da mortalidade e das possveis sequelas para o
paciente (MANSUR et al., 2006). A demora na sua confirmao pode aumentar os
riscos de complicaes associadas condio e o atraso para descartar o infarto pode
contribuir para superlotao das emergncias hospitalares, resultando em maiores custos
para os sistemas de sade (MENDIS et al., 2011). Dentre os marcadores cardacos para
identificao do IAM, as troponinas cardacas so consideradas padro-ouro na
prtica clnica, devido a sua alta sensibilidade e cardioespecificidade (ACHAR,
KUNDU & NORCROSS, 2005).
Neste trabalho, um imunossensor empregando filme nanohbrido de pirrol-2-
carboxlico (Pi-2-COOH) e nanotubos de haloisita funcionalizados com grupamentos
amina (HNTs-NH2) foi desenvolvido para deteco eletroqumica da troponina T
cardaca humana, visando contribuir no diagnstico do IAM.
-
16
2. REVISO DA LITERATURA
2.1 Infarto Agudo do Miocrdio (IAM)
Sndrome coronariana aguda (SCA) o termo designado a um amplo espectro de
manifestaes clnicas causadas pela isquemia do msculo cardaco (BERTON &
PALATINI, 2003). Entre as diversas manifestaes clnicas que compreendem estas
sndromes, o IAM tem se destacado como principal causa de hospitalizao e
atendimento em emergncias cardiolgicas (ALPERT et al., 2000).
O IAM tambm pode ser provocado por uma ruptura sbita de uma placa
aterosclertica ou pela formao de um trombo arterial (Figura 1) (DAVIES, 2000). O
IAM ocorre focalmente em regies inespecficas do corao, porm existe uma maior
incidncia no ventrculo esquerdo e no septo interventricular (LOPES, 2006). Tambm
ocorre quando h morte do msculo cardaco, resultante da oferta inadequada de
oxignio para o corao. Geralmente isso decorre da interrupo abrupta do fluxo
sanguneo nas artrias coronrias, que so vasos sanguneos que transportam sangue
para o msculo cardaco (BASSAN et al., 2002).
Figura 1 Esquema do processo fisiolgico, que levam ao IAM, nas artrias coronarianas.
(Fonte: THYGESEN, 2012)
-
17
O sintoma mais importante e tpico do IAM a dor precordial ou desconforto
intenso retroesternal que muitas vezes referida como aperto, opresso, peso ou
queimao, podendo irradiar-se para pescoo, mandbula, membros superiores e dorso.
Frequentemente, esse sintoma vem acompanhado por nusea, vmito, sudorese, palidez
e sensao de morte iminente (PESARO, SERRANO JR. & NICOLAU, 2004).
O IAM tem seu desenvolvimento acelerado pelos chamados fatores de risco
cardiovasculares. Entre eles, os mais importantes so a idade (homens a partir dos 55
anos, mulheres aps os 60 anos), diabetes, tabagismo, hipertenso arterial, altos nveis
sanguneos de colesterol, histrico familiar, obesidade e sedentarismo (ANTMAN et al.,
2008).
O eletrocardiograma (ECG) um mtodo diagnstico bastante utilizado na
avaliao inicial de paciente com IAM. Uma anlise criteriosa do segmento ST e da
onda T, no traado eletrocardiogrfico, representa um caminho para a tomada de
deciso sobre como conduzir o raciocnio clnico. Adicionalmente o ECG, tambm
prove informaes relevantes para a melhor opo teraputica e a estratificao
prognstica do paciente (HOLMVANG & LUSCHER, 1998).
Para o diagnstico do IAM, os pacientes precisam apresentar pelo menos duas
das trs condies estabelecidas pela OMS: dor precordial forte, alteraes no registro
eletrocardiogrfico e elevao dos marcadores cardacos (YANG & ZHOU, 2006).
Embora a investigao do ECG tem sido mais usual para diagnstico do IAM,
crescente o percentual de pacientes infartados que no apresentam alteraes no traado
eletrocardiogrfico (SUPRUN et al., 2010; MENDIS et al., 2011). Tcnicas de imagem,
como a angiotomografia computadorizada, tambm vem sendo utilizadas para
diagnstico do IAM, porm encontram-se disponveis apenas em poucos os rgos
pblicos devido ao seu alto custo, dificultando, assim, o acesso da populao.
Atualmente, marcadores cardacos so considerados importantes indicadores do IAM,
pois possuem especificidade e sensibilidade para deteco de leses no miocrdio
(THYGESEN, 2012).
2.1.1 Marcadores cardacos
Marcadores cardacos so descritos como elementos proteicos da estrutura
celular que so detectados na circulao sangunea quando ocorrem leses no miocrdio
(ALPERT et al., 2000; APPLE & MURAKAMI, 2005). Quando combinados a outros
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18
mtodos diagnsticos, como o ECG, os marcadores cardacos podem resultar na efetiva
determinao e triagem de pacientes infartados (ALPERT et al., 2000).
A concentrao plasmtica do marcador biolgico de injria cardaca pode variar
dependendo da cintica de sua liberao, tempo transcorrido desde o incio do processo
isqumico e do mtodo analtico utilizado para sua deteco (RAMASAMY, 2011).
Esses fatores justificam, assim, a medio seriada do marcador de necrose miocrdica
que pode variar de uma dosagem para outra, sendo negativo na primeira e,
posteriormente, ter um resultado positivo (SANTALO,GUINDO & ORDONEZ, 2003).
Os marcadores cardacos mais utilizados na clnica mdica incluem a
mioglobina, a frao miocrdica da isoenzima creatinoquinase (chreatine kinase
mioglobin- CK-MB) e as troponinas cardacas, com cardioespecificidade varivel entre
elas (ACHAR, KUNDU & NORCROS, 2005). Contudo, o uso de alguns desses
biomarcadores cardacos tem sido discutido, j que podem ser encontrados em outros
tecidos e estarem elevados em respostas a determinadas doenas ou condies,
consequentemente comprometendo a sua especificidade para o diagnstico do IAM
(GODOY et al., 2007).
A determinao da mioglobina no soro possui um elevado valor preditivo
negativo sendo til para descartar o diagnstico do IAM, devido seu baixo peso
molecular e distribuio citoplasmtica. A mioglobina liberada para a circulao
rapidamente aps leso isqumica da fibra miocrdica. Concentraes elevadas so
observadas 1 a 2 horas aps o incio da dor precordial, atingindo o pico em 12 horas e,
em geral, normalizando em 24 horas (ALPERT et al., 2000; MORROW et al., 2007).
A isoenzima CK-MB possui elevadas sensibilidade e especificidade para o
diagnstico de leso do msculo cardaco (ALPERT et al., 2000). Em geral, na rotina
clnica so realizadas trs dosagens seriadas da CK-MB num perodo de 9 a 12 horas
aps admisso do paciente infartado. Se as trs dosagens estiverem dentro dos
intervalos de referncia, o diagnstico de IAM pode ser excludo. Preferencialmente,
deve-se realizar a dosagem da massa de protena correspondente isoenzima (CK-MB
massa) e no da atividade enzimtica. A concentrao da CK-MB se eleva de 3 a 8
horas aps o processo lesivo, atinge um pico em 24 horas e normaliza em 72 a 96 horas
(KARRAS & KANE, 2001). O intervalo de referncia para confirmao do infarto
atravs da dosagem da CK-MB de at 5,0 ng mL-1
(ANTMAN et al., 2008).
Com a redefinio de IAM proposta por um comit formado em 2000 pela
European Society of Cardiology e pelo American College of Cardiology, as troponinas
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cardacas T (cTnT) e I (cTnI), tem sido recomendadas como marcadores padro ouro
para o diagnstico de IAM (ALPERT et al., 2000).
As troponinas cardacas permitem cobrir uma parte importante das necessidades
clnicas para avaliao diagnstica e estratificao do risco de IAM em relao aos
demais marcadores cardacos. Visto que, na ausncia de necrose miocrdica aguda ou
subaguda, as concentraes das troponinas cardacas no plasma so indetectveis.
Consequentemente, sua medida absolutamente cardio-especfica, permitindo
reconhecer a necrose miocrdica de tamanho reduzido e a existncia de IAM at mesmo
em pacientes com angina instvel, que no seriam reconhecidos utilizando-se outros
marcadores (PLEBANI & ZANINOTTO, 1999; HERKNER et al., 2001).
2.1.2 Troponinas
As troponinas so um complexo de protenas regulatrias que agem no processo
de contrao muscular por meio da interao clcio-dependente da miosina com a
actina. So constitudas de trs diferentes subunidades protecas (troponina C, T e I)
existentes no msculo esqueltico e cardaco, sendo codificadas por diferentes genes
(Figura 2). A troponina C (TnC) co-expressa nas fibras musculares esquelticas de
contrao lenta e no considerada como um marcador especfico cardaco (NICOLAU
et al., 2007).
As cTnT e cTnI apresentam sequncias de aminocidos individuais e especficos
ao tecido cardaco (COLLINSON & GAZE, 2005), permitindo a confeco de ensaios
imunolgicos por meio de anticorpos monoclonais para deteco de necrose do msculo
cardaco com alta especificidade (ALPERT et al., 2000; ACHAR, KUNDU &
NORCROSS, 2005; CAMERON et al., 2007).
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20
Figura 2 Complexo troponina composto pelas subunidades T, C e I.
(Fonte: http://www.icb.ufmg.br/labs/lbcd/prodabi4/grupos/grupo1/outras.htm)
Estruturalmente, as troponinas cardacas encontram-se vinculadas ao aparato
contrtil miofibrilar, entretanto, aproximadamente 7% da cTnT e 3 a 5% da cTnI esto
livres no citoplasma (WU & FENG, 1998). Aps o dano e rompimento da membrana
celular dos cardiomicitos em eventos de necrose, h um aumento bifsico das
concentraes de troponinas no soro que correspondem liberao inicial das protenas
livres no citoplasma, seguido da gradual disperso das troponinas ligadas ao complexo
miofribilar. Assim, de acordo com a cintica de liberao, os nveis sricos das cTnT e
cTnI podem ser mensurados aps 2 a 4 horas do incio dos sintomas clnicos do infarto e
manter-se elevados por cerca de 4 a 7 dias para a cTnI, e 10 a 14 dias para a cTnT
(JAFFE, BABUIN & APPLE, 2006; MORROW et al., 2007).
Alguns autores atribuem cTnI e cTnT a mesma especificidade e importncia na
avaliao dos danos cardacos (PENTTIL et al., 1999; PLEBANI & ZANINOTTO,
1999). Entretanto, para avaliar a extenso da leso e tamanho do infarto, os valores de
cTnT, quando quantificados entre 72 e 92 horas aps o evento isqumico, fornecem
informaes mais fidedignas do que a cTnI (LICKA et al., 2002; STEEN et al., 2006).
A cTnT uma protena de baixo peso molecular, aproximadamente 36 kDa, e
produzida pelo gene TNNT2 (26875 bp). A sequncia produzida por esse gene
compreende 288 aminocidos contendo regies ricas em resduos de cido glutmico e
lisina (LWBER, 2007).
Diversos imunoensaios tm sido atualmente disponibilizados no mercado para
dosagem da cTnT, utilizando anticorpos monoclonais dirigidos contra stios antignicos
especficos. Imunoensaios enzimticos (ELISA, do ingls, Enzyme-Linked
Immunosorbent Assay), tipo "sanduche", foram inicialmente descritos por KATUS e
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colaboradores (1989) para deteco da cTnT, o Cardiac T Enzymun- Test (Boehringer
Mannheim GmbH, Alemanha). Anticorpos monoclonais anti-cTnT conjugados enzima
peroxidase so utilizados nestes ensaios para deteco quantitativa da interao
antgeno-anticorpo. Outros imunoensaios empregam reaes de
eletroquimioluminescncia (ECLIA, do ingls, Electrochemiluminescence Immunossay)
para dosagem da cTnT, como o teste Elecsys Troponin T STAT (Roche Diagnostics
Mannheim, Alemanha). O princpio da tcnica consiste na determinao de
imunocomplexos, atravs da luminescncia produzida por anticorpos monoclonais anti-
cTnT conjugados ao rutnio, composto fotomultiplicador, quando aplicada uma
determinada voltagem (TATE & PANTEGHINI, 2008). Estes mtodos convencionais
para diagnstico da cTnT envolvem procedimentos complicados, diversas etapas
bioqumicas e equipamentos relativamente caros (GILL, BEAVEN & COOK, 2006).
Sistemas mais prticos e portteis, baseados no princpio dos testes
imunocromatogrficos, para determinao da cTnT tem sido aplicados na prtica
clnica, tais como o Cardiac Reader (Roche Diagnostics Mannheim, Alemanha). Este
mtodo baseia-se na interao da cTnT circulante na amostra do paciente com
anticorpos anti-cTnT conjugados a partculas de ouro coloidal em uma membrana de
nitrocelulose (CHRISTENSON & AZZAZY, 2009). Entretanto, os ensaios
imunocromatogrficos apresentam apenas informaes qualitativas, impossibilitando
inferir sobre o dano e a extenso da leso cardaca. Portanto, faz-se necessrio o
incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias mais praticas e rpidas para o
diagnstico do IAM, com o objetivo de diminuir o tempo de execuo e os custos do
ensaio, sem perda da especificidade e sensibilidade dos mtodos convencionais.
Diferentes molculas biolgicas podem ser empregadas como elementos de
biorreconhecimento em biossensor, tais como enzimas, receptores celulares, cidos
nuclicos e micro-organismos para reconhecer diferentes analitos em suas respectivas
amostras (GRIESHABER et al., 2008).
2.2 Biossensores
Biossensores, por definio, so dispositivos que tm a propriedade de detectar
uma espcie qumica ou biolgica (analito), qualitativamente ou quantitativamente
(ROSATTO et al., 2001), sendo composto por um elemento biolgico e um transdutor
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(Figura 3). O elemento biolgico tem a propriedade de reconhecer seletivamente e
interagir com o analito. A resposta bioqumica desta interao, ento, convertida pelo
transdutor num sinal eltrico passvel de ser quantificado (LOUZADA, LUCCAS &
MAGALHES, 2004; FERREIRA & YAMANAKA, 2006).
Figura 3 Representao esquemtica de um biossensor.
CLARK & LYONS (1962) demonstraram o primeiro biossensor desenvolvido
para determinao da glicose. A tecnologia desse trabalho foi transferida e
industrializada pela Yelow Spring Instrument Company levando ao lanamento
comercial do primeiro biossensor de glicose em 1975. A partir da, diversas formas de
biossensores para glicose foram desenvolvidas (RICCI & PALLESCHI, 2005), assim
como muitas outras tecnologias de dispositivos (ARYA, DATTA & MALHOTRA,
2008).
Os biossensores continuam se destacando como uma rea atrativa e bastante
promissora no mercado. Investimentos de aproximadamente 13 bilhes de dlares
foram contabilizados em 2009, e at 2016 os investimentos esto projetados para
ultrapassarem os 14 bilhes de dlares (TANG, 2010; THUSU, 2010). Na rea
acadmica, em 2009, as publicaes envolvendo biossensores ultrapassaram os 6.000
artigos. As previses at 2016 sugerem que esta tendncia de crescimento ir continuar
com destaque para os biossensores do tipo pronto-atendimento (point-of-care) (THUSU,
2010). A tecnologia dos biossensores vem sendo desenvolvida para deteco de
importantes biomolculas com o objetivo de transmitir informaes rpidas e precisas
sobre amostras de interesse no campo da medicina, agricultura, segurana alimentar,
bioprocessamento, monitoramento industrial e ambiental. A classificao dos
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biossensores pode variar de acordo com o elemento biolgico de reconhecimento e o
tipo de transdutor empregado (LUONG, MALE & GLENNON, 2008). De acordo com
o princpio de energia envolvida na transduo, os transdutores podem ser classificados
em: eletroqumicos (amperomtricos, condutimtricos, potenciomtricos e
impedimtricos) (WU, YAN & JU, 2007), eletromagnticos (acsticos ou piezoeltricos
- microbalana de cristal de quartzo, QCM, do ingls Quartz Crystal Microbalance)
(PAVEY, HUNTER & PAUL, 2003), pticos (por fluorescncia ou luminescncia
ressonncia de plsmon de superfcie, SPR, do ingls Surface Plasmon Resonance)
(TANG et. al., 2006) e os calorimtricos (CHAUBEY & MALHOTRA, 2002) (Figura
3). O transdutor a ser utilizado juntamente com o material biolgico, deve detectar
apenas um reagente ou produto especfico, no respondendo a outras substncias
presentes na amostra a ser analisada. A escolha de um determinado transdutor no
depende apenas do tipo elemento de reconhecimento selecionado, j que este determina
quais variaes das propriedades fsico- qumicas ocorreriam em funo da interao,
mas depende tambm de outros fatores como tempo de resposta, seletividade e
sensibilidade (RICCARDI, COSTA & YAMANAKA, 2002).
2.2.1 Imunossensores
Os biossensores so denominados imunossensores quando anticorpos ou antgenos
so utilizados como elementos de bioreconhecimento para seus analitos especficos
(CONROY et al., 2009). Os imunossensores podem monitorar as reaes imunolgicas
na superfcie sensora com alta confiabilidade devido especificidade e seletividade da
interao anticorpo-antgeno, sendo uma importante ferramenta analtica (CHEN et al.,
2009).
De acordo com o envolvimento de marcadores conjugados aos imunorreagentes,
os imunossensores podem ser classificados como marcados e no-marcados (label-free).
A maioria dos imunossensores marcados, descritos na literatura, exploram o princpio
dos imunoensaios tipo competitivo e sanduche utilizando enzimas, fluorforos e
nanopartculas metlicas e magnticas como marcadores. Apesar de seletivos, os
imunossensores marcados implicam em elevados custos operacionais, incluindo
aumento das etapas de processamento da amostra. J nos ensaios no marcados, a
resposta do imunossensor obtida diretamente aps o evento de biorreconhecimento
(RAPP, GRUHL & LNGE, 2010; QIU et al., 2009; ZHANG et al., 2009). Para
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construo do imunossensor, essencial a incorporao estvel do elemento de
reconhecimento biolgico. Anticorpos ou antgenos, quando imobilizados, precisam
reter a maior parte de sua atividade biolgica, para que o imunossensor possa apresentar
sensibilidade significativa para o analito alvo (CHEN & DONG, 2003). Uma
caracterstica desejvel do mtodo de imobilizao escolhido que ele resulte em um
anticorpo imobilizado orientadamente, ou seja, com o mnimo de impedimento estreo,
para interagir favoravelmente com seu antgeno alvo. Evidentemente, esta caracterstica
tem uma influncia direta sobre o nvel de sensibilidade do imunossensor (FOWLER et
al., 2008). Vrias substncias tm sido utilizadas como materiais para matriz de
imobilizao, tais como: polmeros, sol-gel, nanopartculas e nanotubos (SHI et al.,
2007).
2.3 Transdutores em imunossensores
De acordo com o princpio de energia envolvida na transduo, os transdutores
em imunossensores podem ser classificados em: eletroqumicos (amperomtricos,
condutimtricos, potenciomtricos e impedimtricos) (WU, YAN & JU, 2007),
eletromagnticos (microbalana de cristal de quartzo, QCM, do ingls Quartz Crystal
Microbalance) (PAVEY, HUNTER & PAUL, 2003) e pticos (ressonncia de plasmon
de superfcie, SPR, do ingls Surface Plasmon Resonance) (TANG et. al. 2006)
(CHAUBEY & MALHOTRA, 2002). O transdutor a ser utilizado, juntamente com o
material biolgico, deve detectar apenas um analito ou produto especfico, no
respondendo a outras substncias presentes na amostra a ser analisada. A escolha de um
determinado transdutor no depende apenas do elemento de reconhecimento
selecionado, j que este determina quais variaes das propriedades fsico-qumicas
ocorreriam em funo da interao, mas tambm de outros fatores como tempo de
resposta, seletividade e sensibilidade (RICCARDI, COSTA & YAMANAKA, 2002).
2.3.1 Transdutores Eletroqumicos
Recentemente, os imunossensores eletroqumicos vm ganhando crescente
ateno, uma vez que combinam a alta especificidade dos tradicionais mtodos de
imunoensaio, com os limites de deteco baixos e custo reduzido do sistema de medio
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eletroqumica (HE et al., 2009). Os transdutores eletroqumicos oferecerem vantagens
como: simplicidade, rapidez na resposta, menor custo, alta sensibilidade e
compatibilidade com as tecnologias de micro fabricao de sensores portteis (JIN et
al., 2006).
Os imunossensores eletroqumicos tm como princpio bsico a deteco de
espcies eletroativas consumidas e/ou geradas durante o processo de interao do
elemento biolgico com seu substrato especfico (MEHRVAR & ABDI, 2004). Esses
sensores so projetados atravs do acoplamento de molculas biolgicas superfcie
eletrdica (por exemplo, eletrodos de platina, ouro, prata, base de carbono, grafite ou
outros materiais condutores), que respondem ao aplicar impulsos eltricos (SADIK,
ALUOCH & ZHOU, 2009).
Em geral, os sistemas eletroqumicos so constitudos por um eletrodo de
referncia, um eletrodo auxiliar e um eletrodo de trabalho (Figura 4). Esses eletrodos
so conectados a um potenciostato e imersos em uma clula contendo a soluo da
espcie eletroativa de interesse com um excesso de um eletrlito inerte (eletrlito
suporte), responsvel por garantir o controle difusional das espcies (GANDRA et al.,
2004). O eletrodo de referncia, normalmente de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl),
mantm o potencial de trabalho estvel. O eletrodo de trabalho funciona como elemento
transdutor da reao bioqumica, enquanto o eletrodo auxiliar estabelece uma conexo
com a soluo eletroltica (GRIESHABER et al., 2008).
Figura 4 Sistema eletroqumico constitudo por trs eletrodos: um eletrodo de trabalho, um eletrodo de
referncia (Ag/AgCl) e um eletrodo auxiliar (fio de platina).
(Fonte: http://web.mit.edu/kjhuang/www/Literature/Templates/PAA/NonJournal%20References/cell-
types.pdf)
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2.3.2 Tcnicas Eletroqumicas
A eletroqumica refere-se a fenmenos qumicos associados transferncia de
eltrons, que podem ocorrer homogeneamente em soluo, ou heterogeneamente na
superfcie do eletrodo. A eletroqumica pode favorecer opes viveis para mediar
problemas na construo de novos mtodos para o diagnstico clnico. Uma das vantagens
a no utilizao de grandes quantidades de reagentes nas anlises eletroqumicas, alm do
fcil controle de variveis que combinadas de formas diversas levam a tcnicas
eletroqumicas particulares, tais como: voltametria cclica (VC), voltametria de onda
quadrada (SWV), voltametria de pulso diferencial (VPD) (BRETT et al., 1996). Dentre
estas, a voltametria cclica teve destaque neste trabalho.
2.3.3 Voltametria Cclica
A VC um grupo de mtodos eletroanalticos nos quais as informaes sobre o
analito so mensuradas atravs de variaes de corrente resultantes de reaes de
reduo e oxidao durante a aplicao de uma diferena de potencial sobre o eletrodo
de trabalho. Nesse processo, uma corrente capacitiva gerada, relacionada a alteraes
na dupla camada do eletrodo aps aplicao do potencial, que decai rapidamente.
Adicionalmente, correntes fardicas podem ser mensuradas atravs da transferncia de
carga de reaes redox de espcies eletroativas (BARD & FAULKNER, 2006; BRETT
& BRETT, 1993). Este processo obedece lei de Faraday, a qual determina que a
quantidade de reagentes formados ou consumidos na interface do eletrodo
proporcional corrente (LOWINSOHN & BERTOTTI, 2006).
A VC uma das tcnicas mais utilizadas para adquirir informaes qualitativas
sobre processos eletroqumicos. A resposta em corrente, neste mtodo, pode ser obtida
quando o eletrodo de trabalho submetido a uma onda triangular de potencial, no qual o
mesmo linearmente variado com o tempo, partindo de um valor inicial at um final.
Como resultado, gerado um grfico de corrente em funo da variao do potencial,
denominado voltamograma cclico (Figura 5). Os principais parmetros analisados no
voltamograma cclico so: os potenciais de pico catdico (Epc) e andico (Epa), e as
correntes de pico catdico (Ipc) e andico (Ipa) (HOLLER, SKOOG & CROUCH,
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2009). Esses dados oferecem informaes importantes quanto reversibilidade da
transferncia de eltrons. Para uma reao reversvel, as Ipa e Ipc so aproximadamente
iguais em valor absoluto, a diferena entre os Ep aproximadamente 59 mV e Ep
independente da velocidade de varredura. J nos sistemas irreversveis observa-se uma
completa ausncia de picos de oxidao e reduo reversos e deslocamentos do Ep em
relao velocidade de varredura (BRETT & BRETT, 1993; BARD & FAULKNER,
2006).
A VC pode ser utilizada para caracterizao de estudos de modificao da
superfcie sensora, detalhando importantes informaes do sistema, tais como potencial
de oxidao e reduo da espcie, nmero de eltrons transferidos, reversibilidade da
reao, coeficiente de difuso, etc (BRETT & BRETT, 1993).
Figura 5 Representao grfica da tcnica de VC: (a) variao linear do potencial vs. tempo e (b)
voltamograma cclico.
(Fonte: BRETT & BRETT, 1993; BARD & FAULKNER, 2006)
2.4 Modificao Eletrdica
O desenvolvimento de tcnicas de modificao da superfcie eletrdica tem sido
importante por aumentar a estabilidade e reprodutibilidade do imunossensor (FREIRE,
DURAN & KUBOTA, 2001; WANG et al., 2002). As modificaes superficiais de
eletrodos visam pr-estabelecer e controlar a reatividade da interface para imobilizao
de antgenos ou anticorpos, originando frequentemente respostas mais confiveis do que
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na ausncia do modificador (VENDRAME, 2004). Na modificao eletrdica, a
superfcie do eletrodo pode ser propositadamente alterada por adsoro irreversvel
direta, por ligao covalente a stios especficos da superfcie do eletrodo, por
recobrimento com filmes polimricos e nanomateriais (PEREIRA, SANTOS &
KUBOTA, 2002).
2.4.1 Polmeros
Polmeros so compostos que possuem alta massa molar formado pela repetio
de muitas unidades qumicas. Os polmeros podem ser orgnicos ou inorgnicos, mas os
mais estudados e importantes comercialmente so os orgnicos. Existe uma diferena
entre macromolcula e polmero que consiste no fato de que a alta molaridade dos
polmeros devido repetio de unidades estruturais simples (poli muitos, meros
partes) e na macromolcula consequncia da complexidade molecular, como as
macromolculas presentes nos organismos vivos. Os monmeros so substncias que
do origem aos polmeros por meio de reao qumica (AKCELRUD, 2007).
Os polmeros tem atrado muito interesse como matriz para imobilizao de
biomolculas. Estes podem servir como intermedirios na interao entre o bioreceptor
e o eletrodo, bem como auxiliar na transduo do sinal eltrico com o objetivo de
melhorar o tempo de resposta, a sensibilidade e o limite de deteco de biossensores em
diversas reas, desde o diagnstico de doenas at determinao de contaminantes em
gua. Dessa forma, muitas revises j foram publicadas sobre o uso de polmeros na
construo de biossensores (GERARD, 2002; VIDAL, 2003; BOROLE, 2006;
ARREDONDO, 2012; PAROLO, 2013).
Alm disso, os grupos funcionalizados dos polmeros permitem que essa
imobilizao seja feita de forma simples e especfica na superfcie do eletrodo
(COSNIER, 2003). Dessa forma, possvel controlar a distribuio espacial das
espcies imobilizadas, assim como a espessura do filme, pela modificao nas
propriedades do polmero (GERARD, 2002; DEEPSHIKHA, 2011). Portanto, o
desenvolvimento de tecnologias nesse campo de conhecimento depende da
compreenso das interaes a nvel molecular entre a matriz polimrica e a espcie
biolgica (OLIVEIRA, 2013).
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2.4.1 Polipirrol
Sintetizado pela primeira vez por A. ANGELI e L. ALESSANDRO (1996), o
polipirrol (PPi) foi fruto da oxidao qumica do pirrol (Pi). Porm, o primeiro artigo
publicado que descreveu sua sntese e as propriedades condutoras desse polmero foi no
ano de 1968. O PPi um dos polmeros mais conhecidos, alm de ser tema de diversos
estudos, devido sua alta condutividade eltrica, boa estabilidade qumica, devido ao seu
baixo potencial de oxidao e versatilidade de sntese. Adicionalmente o PPI um dos
polmeros mais utilizados em aplicaes industriais devido sua longa estabilidade e sua
condutividade, e a possibilidade de formao de compsitos com propriedades
mecnicas excelentes (SAUNDERS, 1995).
O PPi pode ser obtido em soluo pelo uso de um oxidante qumico, atravs da
polimerizao qumica, ou por oxidao em um substrato condutor, na polimerizao
eletroqumica (NALWA, 1997). Na sntese eletroqumica, conhecida tambm como
eletropolimerizao, pode se ter um maior controle dos parmetros de produo dos
polmeros, podendo depositar filmes finos com espessuras na faixa entre 5 a 5000 nm.
Nessa tcnica, ocorre inicialmente oxidao do monmero Pi, o que leva a formao
de um intermedirio ction-radical, pela aplicao de uma diferena de potencial. Nesta
etapa, contra-ons so incorporados ao ction-radical para neutralizar a carga do sistema
(GUIMARD, 2007; SADKI, 2000). Em seguida, ocorre o acoplamento de dois ctions-
radicais, e atravs de uma transferncia de carga, acontece eliminao de dois prtons
com a formao de um dmero neutro. Essa propagao ocorre na mesma sequencia:
oxidao, acoplamento e liberao de prtons (WALLACE, 1985). Desse modo, as
cadeias de oligmeros vo sendo formadas e posteriormente as cadeias polimricas, de
forma que estas cheguem ao ponto de se tornarem pesadas demais e insolveis no
meio do eletrlito, precipitando sobre a superfcie do eletrodo (SADKI, 2000).
Muitos autores buscam funcionalizar a estrutura do anel heterocclico do pirrol,
usando seus derivados e copolmeros, na inteno de usar esses grupos qumicos na
imobilizao do biorreceptor na matriz polimrica. Em meio aos derivados do Pi
funcionalizados, encontra-se o Pi-2-cido carboxlico (Pi-2-COOH) que vem se
destacando como material eletroativo com interessantes propriedades para utilizao em
biossensores (Figura 6). FOSCHINI e colaboradores (2013), desenvolveram estudos
demonstrando experimentalmente a influncia do solvente empregado na soluo dos
monmeros de Pi-2-COOH, sobre as propriedades dos filmes produzidos por
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30
voltametria cclica. Entretanto, temas como o mecanismo de eletropolimerizao,
propriedades eletrnicas e estruturais, graus de conjugao de espcies intermedirias
formadas aps a oxidao do Pi-2-COOH at esse momento, no foram abordadas.
Figura 6 Estrutura qumica do (a) monmero de Pi-2-COOH, (b) dmero e (c) oligmeros com 16 anis
conjugados aps a eletropolimerizao do Pi-2-COOH.
(Fonte: FOSCHINI et al., 2013)
2.4.2 Nanotubos de Haloisita
Nanomateriais diversos, tais como nanopartculas, nanofios, nanotubos, e
nanoesferas, tm sido utilizados para confeco de biossensores e imunossensores. Os
dispositivos baseados em nanomateriais apresentam bom desempenho, pois podem
oferecer uma nova oportunidade para amplificar o sinal da interao antgeno-anticorpo
em imunossensores, mediante incorporao de molculas imunorreativas aos
nanomateriais (FENG et al., 2003).
Um ramo da nanotecnologia que se encontra em desenvolvimento
principalmente focada em nanomateriais base de carbono e inorgnicos, como
nanotubos de carbono, grafeno e nanofios de metal (IIJIMA, 1991; TENNE et al.,
1992;. ENDO et al., 1996;. DRESSELHAUS et al. , 2001). Porm, outros sistemas que
nanoestruturados derivados de aluminossilicatos esto sendo investigados. Essas
estruturas tem ganhado destaque na literatura e surgem como um campo emergente na
pesquisa, podendo ser usadas como nanorreator de catalisadores seletivos, adsorvente,
encapsulamento, condutor inico e suporte para imobilizao (NAKAGAKI &
WYPYCH, 2007; KUC & HEINE, 2009).
Haloisita (halloysite), um argilomineral do grupo da caulinita, um
nanomaterial economicamente vivel, que ocorre amplamente em solos de regies
tropicais e subtropicais e rochas desgastadas, sendo formado pelo intemperismo de
muitos tipos de rochas. As partculas de haloisita podem adotar uma variedade de
-
31
morfologias (ex.: tubular, esfrica, pseudo-esfrica, prismtica, etc.), conforme as
condies de cristalizao e ocorrncias geolgicas, dentre as quais a forma tubular
denominada de nanotubo de haloisita (halloysite nanotube NTH) a mais encontrada
(NAKAGAKI & WYPYCH, 2007; LVOV et al., 2008; SANTOS et al., 2009). Apenas
se conhece a ocorrncia natural dos NTHs, sendo que este nanomaterial ainda no foi
sintetizado em laboratrio (WHITE et al., 2012). Atualmente, o maior pas exportador
de NTH a Nova Zelndia, mas existem depsitos expressivos tambm em outros
pases, como por exemplo: Austrlia, Frana, Marrocos, Filipinas, Coria do Sul, China,
Japo, USA, Guiana, Mxico e Brasil (JOUSSEIN et al., 2005; COELHO et al., 2007).
Os NTHs apresentam na configurao de folha octadrica gibsite (Al(OH)3),
modificado por grupos siloxano na superfcie externa. Os tubos de haloisita possuem
tamanho que varia de 500-1000 nm de comprimento, e dimetro interno de 15-100 nm
dependendo do substrato. Os NTHs possuem duas faces diferentes, sendo uma
composta por uma superfcie de silicato tetradrico Si-O-Si, enquanto a outra superfcie
tem uma camada octadrica gibsite Al(OH)3 (Figura 7). As cargas que os NTHs
possuem dentro e fora, esto relacionadas com sua estrutura e propriedades de adsoro
(GUIMARES et al., 2010), sendo a carga da parede interna do tubo carregada
positivamente, enquanto que a superfcie exterior tem uma carga negativa (LVOV et al.,
2008).
Figura 7 Representaes esquemticas da (A) estrutura cristalina da haloisita (10 ) e da (B) estrutura
de um NTH.
(Fonte: YUAN et al., 2008)
-
32
Em virtude do expressivo progresso alcanado atravs da nanotecnologia, os
NTHS, recentemente, tm recebido ateno de pesquisadores, sendo investigados como
materiais promissores para aplicaes em diversas reas, tais como na formao de
nanocompsitos com matrizes polimricas (YANG et al., 2010), imobilizao de
enzimas (SUN et al., 2010; ZHANG et al., 2011) e complexos metlicos (NAKAGAKI
e WYPYCH, 2007), liberao controlada de frmacos (LVOV et al., 2008), remoo de
metais (WANG et al., 2010), suporte para nanopartculas metlicas (LIU e ZHAO,
2009;) e construo de sensores e biossensores (SUN et al., 2010; ZHANG et al., 2011).
-
33
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Desenvolver uma plataforma sensora nanoestruturada empregando pirrol carboxlico
e nanotubos de haloista para deteco de nveis clnicos da cTnT, um importante
marcador do IAM.
3.2 Objetivos especficos
- Caracterizar e otimizar o mtodo de eletropolimerizao eletroqumica do Pi-2-
COOH;
- Desenvolver uma plataforma sensora empregando Pi-2-COOH e NTHs-NH2,
visando a aplicao em imunoensaios eletroqumicos;
- Realizar testes de imobilizao dos anticorpos anti-cTnT, para a avaliao da
funcionalidade do filme formado;
- Estabelecer as respostas do imunossensor para determinao eletroqumica da
cTnT, empregando as tcnicas de voltametria cclica e voltametria de onda quadrada ;
- Caracterizar o imunossensor proposto para cTnT quanto sensibilidade,
especificidade, reprodutibilidade e estabilidade operacional;
-
34
4. MATERIAIS E MTODOS
4.1 Reagentes
Troponina cardaca humana (cTnT) e anticorpos monoclonais anti-troponina T
cardaca humana (anti-cTnT) foram adquiridos da Calbiochem (EUA). Ferricianeto de
potssio (K3[Fe(CN)6]), ferrocianeto de potssio (K4[Fe(CN)6]), acetonitrilina (ACN),
glutaraldedo (50 % v/v) (Glut), N-hidroxi succinimida (NHS), N-etil-N-(3-
dimetilaminopropil) carbodiimida (EDC) e glicina foram adquiridos da Sigma-Aldrich
(EUA). Pirrol-2-cido carboxlico (Pi-2-COOH) e nanotubos de haloisita (NTHs-NH2)
modificados com aminopropiltrietoxisilano (0,5-5% wt) e octadecilamina (15-35% wt)
tambm foram adquiridos da Sigma-Aldrich (EUA). Perclorato de ltio (LiClO4) e
clorofrmio foram obtidos da VETEC (Brasil).
O tampo fosfato salino (PBS) (0,01 M; pH 7,4) foi utilizado em todos os
experimentos para diluio das amostras biolgicas. Este foi preparado dissolvendo-se
0,2 g de cloreto de potssio (KCl), 8 g de cloreto de sdio (NaCl), 0,24 g de fosfato de
potssio monobsico anidro (KH2PO4) e 1,44 g de fosfato de sdio dibsico anidro
(Na2HPO4), todos obtidos da VETEC (Brasil), em 1000 mL de gua deionizada.
Todas as solues foram preparadas utilizando gua deionizada ultra pura obtida
atravs de sistema Millipore Milli-Q (EUA) com resistividade maior que 18 M/cm.
Os reagentes qumicos utilizados em todos os experimentos foram de grau analtico.
4.2 Equipamentos
As anlises eletroqumicas foram realizadas em um potenciostato modelo Ivium
Compact Stat (Ivium Technologies, Holanda) conectado a um microcomputador
utilizando o software Ivium Soft, para controle de potencial, aquisio e tratamento de
dados (Figura 8). Para tais experimentos, foi empregada uma clula eletroqumica
convencional de vidro, sem compartimento divisrio, com capacidade de 20 mL e
tampa de policloreto de vinila. O sistema eletroqumico foi composto por: um eletrodo
de carbono vtreo (ECV) com rea de 0,7 mm2
como eletrodo de trabalho; um eletrodo
helicoidal de fio de platina como auxiliar e um eletrodo de Ag/AgCl, com soluo
-
35
interna de KCl saturado (3,0 M) como referncia, sendo todos adquiridos da
Microqumica (Brasil).
Figura 8 Potenciostato modelo Ivium Compact Stat acoplado ao microcomputador.
4.3 Preparao do eletrodo de trabalho
Previamente a sua utilizao em ensaios eletroqumicos, o ECV foi submetido a um
procedimento mecnico de limpeza. Esta etapa consistiu no polimento da superfcie do
ECV com um tecido aveludado embebido em alumina de granulometria de 0,5 m
durante 3 minutos. Para remoo de partculas de alumina e outros contaminantes, o
ECV foi submetido a duas agitaes, em banho ultrassnico por 1 minuto, em gua
ultrapura e etanol. Anlises por VC em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparado
em KCl (0,1M) foram realizadas aps o procedimento de polimento do ECV para
caracterizao do perfil dos picos redox do eletrodo. Esses voltamogramas foram ento
utilizados como linha de base para as leituras subsequentes, verificando assim as
modificaes da interface sensora atravs das variaes das correntes de oxidao e
reduo.
4.4 Eletropolimerizao do Pi-2-COOH
Para eletropolimerizao do Pi-2-COOH a tcnica de VC foi selecionada. Em
uma clula eletroqumica contendo a soluo de monmeros de Pi-2-COOH, o ECV
-
36
previamente limpo, foi submetido a 20 ciclos voltamtricos na faixa de potencial de -0,1
a 1,0 V vs. Ag/AgCl (KCl Sat.), sob velocidade de varredura de 20 mV/s para eletrossntese
do polmero. A soluo monomrica de Pi-2-COOH (0,01M) foi preparada em ACN
contendo 0,1 M de LiClO4.
Outras metodologias de eletropolimerizao tambm foram realizadas:
a) Eletropolimerizao do Pi-2-COOH (0,01 M) em uma soluo aquosa de H2SO4
(0,5 M) durante 20 ciclos voltamtricos na faixa de potencial de 0 a 1 V vs.
Ag/AgCl (KCl Sat.), a taxa de varredura de 20 mV/s (JANMANEE, 2012);
b) Eletropolimerizao do Pi-2-COOH (0,01 M) em uma soluo aquosa de KCl (0,1
M) durante 20 ciclos voltamtricos na faixa de potencial de -0,8 a 0,8 V vs.
Ag/AgCl (KCl Sat.) a velocidade de varredura de 20 mV/s (TRUONG, 2011).
4.5 Construo do filme de Pi-2-COOH/ NTHs-NH2
O ECV eletropolimerizado com PPi-2-COOH foi modificado com filme de
NTHs-NH2 preparado em clorofrmio. Os grupamentos carboxlicos terminais do filme
de Pi-2-COOH foram previamente ativados com uma soluo de EDC (0,002 M) e NHS
(0,005 M) preparada em gua deionizada durante 60 minutos a temperatura ambiente.
Aps este procedimento, 3L da soluo de NTHs- NH2 em clorofrmio foi depositado
sobre o ECV. O eletrodo foi mantido por 10 minutos em uma estufa ajustada para
temperatura de 40C para evaporao do solvente. Curvas de concentrao do Pi-2-
COOH e de NTHs-NH2 foram obtidas para otimizao da plataforma sensora.
4.6 Imobilizao dos anticorpos anti-cTnT
Para imobilizao do anti-cTnT a superfcie do ECV modificada com o Pi-2-COOH/
NTHs-NH2 foi incubada com uma soluo aquosa de GLUT (5 %) durante 60 minutos.
Em seguida, uma alquota de 5 L da soluo de anticorpos anti-cTnT foi pipetada
sobre o ECV e mantida durante 60 minutos em cmera mida temperatura ambiente.
Os stios livres no-especficos do anti-cTnT foram bloqueados utilizando uma soluo
de glicina (0,005M) durante 30 minutos. Aps esta etapa, os ECVs foram incubados
com solues de diferentes concentraes de cTnT diludas em PBS (pH 7,4; 0,01 M)
-
37
(Figura 9). Entre as etapas do imunoensaio a superfcie eletrdica foi lavada
cuidadosamente com tampo PBS (pH 7,4; 0,01 M).
Figura 9 Etapas de construo do imunossensor.
4.7 Imunoensaio eletroqumico
Para caracterizao das etapas de modificao do ECV anlises por VC foram
realizadas em K3[Fe(CN)6]/K4[Fe(CN)6] (5 mM) preparado em KCl (100 mM). Os
voltamogramas do ECV foram obtidos na faixa de potencial de -0,2 a 0,7 V vs.
Ag/AgCl (KCl Sat.), a velocidade de varredura de 100 mV/s. A interao antgeno-
anticorpo na superfcie do eletrodo foi monitorada em tempo real, utilizando a tcnica
eletroqumica de voltametria de onda quadrada (SWV). O pulso diferencial foram
registrados de 0 V a 0,6 V vs. Ag/AgCl (KCl Sat.), com amplitude de pulso de 10 mV,
largura de 10 ms e potencial de 100 mV/s. A resposta analtica para cTnT foi obtida
pela diferena entre a altura dos picos de corrente (I) da VPD do ECV com a cTnT em
relao ao branco, ou seja, antes da incubao cTnT.
-
38
4.8 Otimizao dos parmetros experimentais
4.8.1 Influncia da velocidade de varredura na eletropolimerizao do Pi-2-COOH
A taxa de varredura do processo de eletropolimerizao do Pi-2-COOH foi
investigada para otimizar as condies de formao do filme polimrico em relao ao
consumo de monmeros na interface. O ECV limpo foi submetido a diferentes taxas de
eletropolimerizao e o perfil voltamtrico em K3[Fe(CN)6]/K4[Fe(CN)6] (0,005 M)
preparado em KCl (0,1M) foi subsequentemente registrado para avaliao da
polimerizao do Pi-2-COOH.
4.8.2 Estudo de estabilidade do filme de Pi-2-COOH/NTH
A estabilidade do filme de Pi-2-COOH e NTHs-NH2 foi estudada, realizando-se
20 sucessivas varreduras do mesmo eletrodo, na janela de potencial -0,2 a 0,7 V vs.
Ag/AgCl (KCl Sat.), sob velocidade de varredura de 100 mV/s, em soluo de
K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 (0,005 M) preparada em KCl (0,1 M). A estabilidade do Pi-2-
COOH/NTH no ECV foi avaliado a partir do conhecimento do coeficiente de variao
(CV) obtido entre os experimentos. Como controle, foram usados ECV apenas com o
filme de NHT;.
4.8.3 Influncia da velocidade de varredura
Para investigar os mecanismos eletroqumicos envolvidos na resposta analtica
do imunossensor, o ECV/Pi-2-COOH/ NTHs-NH2 foi submetido anlises por VC a
diferentes velocidades de varredura (10; 25; 50; 75; 100; 125; 150; 175 e 200 mV/s), em
soluo de K3[Fe(CN)6]/K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparada em KCl (0,1M). O
comportamento eletroqumico do filme nanoestruturado foi avaliado atravs da relao
dos Ipa e Ipc vs. a raiz quadrada da velocidade de varredura (v1/2
).
-
39
4.8.4 Influncia da concentrao de anticorpo e tempo de imunorreao
A influncia da concentrao dos anticorpos anti-cTnT sobre o desempenho do
imunossensor foi investigado. Neste estudo, o ECV/Pi-2-COOH/ NTHs-NH2/GLUT foi
incubados durante 60 minutos com anticorpos anti-cTnT a diferentes concentraes
(0,1; 0,5; 1; 2,5; 5, 7,5 e 10 g/mL). Os VCs foram registrados na mesma faixa de
potencial dos estudos anteriores e conduzido em K3[Fe(CN)6]/K4[Fe(CN)6] (0,005 M)
preparado em KCl (0,1 M). Para analisar o efeito do tempo de interao antgeno-
anticorpo na interface sensora, o ECV/Pi-2-COOH/NTHs-NH2/Glut/Glicina foi
incubado com 0,5 ng/mL da cTnT durante 10, 20, 30, 40, 50, 60 min. Em seguida, os
eletrodos foram submetidos a anlises por VC.
4.8.5 Curva de calibrao
A curva de calibrao do imunossensor proposto para as diferentes
concentraes de cTnT foi verificada utilizando a tcnica de voltametria de onda
quadrada (SWV). Para tais experimentos, sucessivas adies de amostras de cTnT,
preparadas em tampo PBS (0,01M, pH 7,4), foram pipetadas sobre a superfcie do
ECV/Pi-2-COOH/ NTHs-NH2/GLUT/Glicina e mantidas durante o tempo timo de
incubao. As medidas de corrente do ECV/Pi-2-COOH/NTHs-NH2/GLUT/Glicina
foram consideradas como controle no estudo.
-
40
5. RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 Caracterizao da eletropolimerizao do Pi-2-COOH
As propriedades dos filmes de Pi e seus derivados so dependentes de sua
microestrutura, as quais esto relacionadas ao grau de ordenao da cadeia. Estudos
desenvolvidos por LAKHDAR & MAYR (2011) sobre a sntese eletroqumica do PPi
demonstraram que a organizao da cadeia polimrica determinada principalmente
pela escolha do contra-on e condies de sntese. O contra-on atua para manter a
neutralidade de carga do sistema. No caso do Pi, cuja eletrossntese iniciada com a
oxidao dos monmeros gerando um composto catinico. necessrio a incorporao
de um contra-on aninico, equilibrando as cargas para o desencadeamento da
polimerizao (SADKI et al., 2000). De maneira geral, os contra-ons mais
estabelecidos na literatura para a sntese do Pi so os sais com anins fluoratos,
percloratos, sulfonatos e cloretos (TAMM et al., 2002). Entretanto, poucos estudos tm
investigado a ao destes contra-ons no processo de eletropolimerizao de derivados
do Pi.
Com o objetivo de padronizar o mtodo de eletropolimerizao do Pi-2-COOH,
diferentes metodologias de eletropolimerizao foram investigadas, nas quais os contra-
ons H2SO4, KCl e LiClO4 foram utilizados em condies experimentais especficas. O
grfico comparativo dos VCs em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) do ECV limpo e
eletropolimerizado com as diferentes metodologias pode ser analisado na Figura 10.
Na metodologia empregando o H2SO4 como contra-on, observa-se uma
irreversibilidade dos picos redox com a formao de um filme isolante (Figura 10 (b)).
O ECV quando eletropolimerizado em KCl apresentou um suave deslocamento de
potencial e uma reduo das correntes andica e catdica em relao ao eletrodo no
modificado (Figura 10 (c)). Estes dados provavelmente indicam a formao de um
filme fino de Pi-2-COOH, devido ao pouco consumo de monmeros durante a
polimerizao na interface sensora. O VC do estudo empregando o LiClO4 como
contra-on apresentou uma reduo maior dos valores de corrente quando comparado ao
contra-on KCl, exibindo picos redox definidos e reversveis (Figura 10 (d)). O perfil
eletroqumico obtido demonstra que o contra-on LiClO4 influenciou na resposta do
sensor, contribuindo para a formao de um filme isolante mais uniforme.
-
41
A influncia da velocidade de varredura sobre a eletropolimerizao do Pi-2-
COOH no ECV foi analisada para padronizao da construo do filme polimrico.
Para estes ensaios, o ECV limpo foi imerso em uma soluo de 0,01 M de Pi-2-COOH e
0,1 M de LiClO4, ambas preparadas em ACN, e submetido a 20 ciclos voltamtricos
sob diferentes velocidades de varredura (10, 20, 40, 80 e 100 mV/s). O perfil
eletroqumico dos Ipa e Ipc do ECV eletropolimerizado em relao s velocidades de
varredura de eletropolimerizao pode ser observado na Figura 11.
As variaes de corrente nos resultados obtidos demonstram que a quantidade de
Pi-2-COOH eletropolimerizado na superfcie do ECV foi inversamente proporcional
velocidade de varredura, ou seja, com o aumento da velocidade de varredura h uma
diminuio da taxa de eletropolimerizao do monmero. Esta relao pode ser
evidenciada comparando os voltamogramas do ECV limpo e eletropolimerizado sob os
Figura 10 Influncia dos contra-ons empregados no processo de eletropolimerizao do Pi-2-
COOH: (a) ECV limpo, (b) ECV eletropolimerizado em H2SO4 (0,5 M), (c) ECV eletropolimerizado
em KCl (0,1 M) e (d) ECV eletropolimerizado em LiClO4 (0,1 M). Voltamogramas obtidos em
K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparado em KCl (0,1 M) a velocidade de varredura de 100
mV/s.
-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8
-30
-20
-10
0
10
20
30
I (
E (V) vs Ag/AgCl (KCl sat)
(a)
(b)
(c)
(d)
-
42
maiores valores de velocidade, nos quais houve pouca variao de corrente do eletrodo
eletropolimerizado em relao ao eletrodo no modificado. Reduzindo a taxa de
velocidade de varredura observa-se a formao de um filme eletroinativo, ou seja,
caracterstico de um polmero isolante sobre a superfcie do eletrodo. Assim, os
resultados indicam que o processo de eletropolimerizao do Pi-2-COOH controlado
pela difuso de eltrons durante o consumo de monmeros na interface sensora.
A diferena entre Epa e Epc oferece informaes importantes sobre a formao
do filme polimrico na superfcie sensora. Os valores de Ep (Ep= Epa - Epc)
geralmente aumentam com a quantidade de polmero eletropolimerizado, uma vez que,
nestas condies, h uma tendncia reduo da transferncia de eltrons, exibindo
uma maior separao dos picos andicos e catdicos (RIBEIRO et al., 2006). Os ECVs
apresentaram um valor mximo de E quando a taxa de varredura de
eletropolimerizao do Pi-2-COOH de 20 mV/s foi empregada (Figura 11, inset).
Figura 11 Influncia da taxa de velocidade de varredura no processo de eletropolimerizao e
construo do filme de Pi-2-COOH: (a) ECV limpo, (b) ECV eletropolimerizado a 10 mV/s, (c) ECV
eletropolimerizado a 20 mV/s, (d) ECV eletropolimerizado a 40 mV/s, (e) ECV eletropolimerizado a 80
mV/s e (f) ECV eletropolimerizado a 100 mV/s. Inset: Relao entre os valores de Ep e velocidade de
varredura de eletropolimerizao. VCs realizados em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M) preparado em
KCl (0,1 M), sob velocidade de varredura de 100 mV/s.
-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
-200
-100
0
100
200
0 20 40 60 80 1000.10
0.15
0.20
0.25
0.30
E
(V
)
Velocidade de varredura (mV/s)
(e)(d)
(b)
I (
A)
E (V) vs. Ag/AgCl (KCl sat)
(a)(f)
(c)
-
43
Os VCs na Figura 12 apresentam o perfil eletroqumico da eletropolimerizao
do Pi-2-COOH (0,01 M) em perclorato de ltio (0,1M) preparado em ACN durante 20
ciclos, sob velocidade de varredura de 20 mV/s. Durante as sucessivas varreduras
observa-se uma reduo dos valores de corrente dos voltamogramas do ECV, indicando
uma queda na concentrao do Pi-2-COOH devido ao consumo de monmeros na
interface sensora e formao de dmeros e espcies oligomricas at atingirem um
tamanho crtico.
Aps a caracterizao eletroqumica da eletropolimerizao do filme de Pi-2-
COOH, um estudo de concentrao do monmero foi realizado. Diferentes solues de
Pi-2-COOH nas concentraes de 0,001, 0,01, 0,02 e 0,03 M foram eletropolimerizadas
sobre o ECV limpo. Os VCs dos ECVs nas concentraes especficas dos monmeros
em relao ao eletrodo limpo podem ser visualizados na Figura 13. Os valores em Ipa e
Ipc exibiram uma resposta mxima na concentrao de 0,01 M. O eletrodo
eletropolimerizado em concentraes acima de 0,01 M apresentou uma reduo da taxa
Figura 12 Perfil eletroqumico do processo de eletropolimerizao do Pi-2-COOH (0,01 M) durante
20 ciclos voltamtricos em soluo de 0,1 M de LiClO4 preparada em ACN, sob velocidade de
varredura de 20 mV/s.
-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
20
I (
E (V) vs. Ag/AgCl(KCl sat)
1
-
44
de monmero eletropolimerizado, indicando uma saturao do sistema para formao
do filme de Pi-2-COOH. Assim, a concentrao de 0,01 M foi adotada como tima para
os estudos subsequentes.
5.2 Construo do filme de Pi-2-COOH/NTH-NH2
Os nanomateriais derivados da haloisita podem ser facilmente intercalados em
sua estrutura cristalina com molculas de gua, bem como outros compostos orgnicos e
inorgnicos, tais como formamida, etilenoglicol, dentre outros (DEEPAK &
AGRAWAL, 2012). Estudos desenvolvidos por HAROOSH e colaboradores (2011)
demonstram que a intercalao desses solventes pode influenciar no espaamento entre
os tubos, no dimetro do nanomineral e na condutividade do mesmo. Neste trabalho, o
clorofrmio foi escolhido para disperso do NTH-NH2 e obteno de filmes
Figura 13 VCs do ECVs modificado com diferentes concentraes de Pi-2-COOH: (a) ECV limpo,
(b) ECV/Pi-2-COOH 0,001 M, (c) ECV/Pi-2-COOH 0,01 M, (d) ECV/Pi-2-COOH 0,02 M e (e)
ECV/Pi-2-COOH 0,03 M. VCs realizados em soluo de K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6] (0,005 M)
preparada em KCl (0,1 M), sob velocidade de varredura de 100 mV/s.
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
-200
-100
0
100
200
I (
A)
E (V) vs. Ag/AgCl (KCl sat)
(a)
(b)
(c)(d)
(e)
-
45
nanoestruturados sobre a superfcie de ECVs. O perfil eletroqumico do estudo de
preparo da haloisita em funo do seu dispersante pode ser observado na Figura 14. Os
VCs do ECV limpo (Figura 14 (a)) e modificado apenas com clorofrmio (Figura 14
(b)) foram utilizados como controles para analisar a influncia do filme de NTHs-NH2
sobre o ECV.
A influncia do filme de NTHs-NH2 em clorofrmio (5 mg/mL) sobre a resposta
eletroqumica do ECV (Figura 14 (c)) revelou uma reduo acentuada dos valores dos
picos redox quando comparada aos voltamogramas anteriores. Estes dados esto
relacionados formao de um filme resistivo na interface sensora associado natureza
semicondutora do nanomaterial, como descrito por CAO et al. (2012) no
desenvolvimento de nanocompsitos de NTH conjugados a nanopartculas metlicas.
Assim, o solvente escolhido como dispersante dos NTHs-NH2 para o preparo do filme
teve pouca interferncia na obteno do perfil eletroqumico caracterstico do
nanomaterial.
Figura 14 VCs da influncia do filme de NTHs-NH2 em clorofrmio sobre o perfil eletroqumico do
ECV: (a) ECV limpo, (b) ECV modificado com clorofrmio e (c) ECV modificado um filme de NTH-
NH2 (5 mg/mL) preparado em clorofrmio. Medidas realizadas em soluo de 0,005 M de
K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de KCl.
-0.50 -0.25 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00-150
-100
-50
0
50
100
150
I (
A)
E (V) vs. Ag/AgCl(KCl sat)
(a)(b)
(c)
-
46
Para otimizao da construo da plataforma sensora, a concentrao dos NTHs-
NH2 em relao ao filme de Pi-2-COOH foi avaliada. Neste ensaio, o ECV previamente
eletropolimerizado com Pi-2-COOH (0,01 M) e ativado com EDC/NHS foi incubado
durante 10 minutos com diferentes concentraes dos nanotubos (1 a 10 mg/mL). Os
valores de Ipa do ECV modificado com concentraes especficas dos NTHs-NH2
podem ser visualizados na Figura 15. Os dados obtidos exibiram uma resposta mxima
de corrente na concentrao de 5 mg/mL de NHT-NH2, indicando assim, que nesta
concentrao h uma proporcionalidade entre a quantidade dos grupos do reativos do
polmero e do nanotubo na interface sensora.
Figura 15 Influncia das diferentes concentraes de NTHs-NH2 sobre ECV previamente
eletropolimerizado com o Pi-2-COOH: (a) 1 mg/mL, (b) 2,5 mg/mL; (c) 5 mg/mL, (d) 7,5 mg/mL e (e)
10 mg/mL. Medidas realizadas em soluo de 0,005 M de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de
KCl.
0 2 4 6 8 10
40
50
60
70
80
90
100
110
I (
)
HNT-NH2 (mg/mL)
Posteriormente, a estabilidade do filme de Pi-2-COOH/NTHs-NH2 foi
investigada submetendo o ECV modificado a 20 sucessivos ciclos voltamtricos em
uma soluo de K3[Fe(CN)6]/K4[Fe(CN)6] (0,005 M). Paralelamente, um estudo
controle foi realizado adsorvendo os NTHs-NH2 diretamente sobre a superfcie do ECV
limpo com objetivo de comparar a estabilidade da interao do Pi-2-COOH com a
haloisita. Os VCs do ECV modificado apenas com HNTs-NH2 (5 mg/mL) na Figura 16
(a) apresentaram um CV de 3,2% e 2,9% para os valores de Ipa e Ipc, respectivamente.
-
47
Comparando com os VCs do eletrodo com Pi-2-COOH e NTH-NH2, Figura 16 (b), as
sucessivas voltametrias exibiram uma maior estabilidade e um decrscimo significativo
das variaes de corrente. O CV calculado para as correntes de Ipa e Ipc do ECV/Pi-2-
COOH /NTH-NH2 foram de 0,61% e 0,44%, respectivamente. Os dados obtidos
demonstam um aumento de cinco vezes da estabilidade do filme. Os grupos
carboxlicos ativados com EDC/NHS do Pi-2-COOH eletropolimerizado reage com os
grupamentos amina da haloisita possibilitando uma maior estabilidade do filme, em
relao ao seu estudo controle. O EDC/NHS viabiliza a converso dos grupos
carboxlicos em steres NHS amino-reativos (PEI et al., 2010). Estes grupos so
susceptveis ao ataque nucleoflico a partir de grupamentos amina da HNT
funcionalizada, resultando na formao de um ligao covalente e estvel entre os
materiais.
Figura 16 Estabilidade eletroqumica do ECV modificado com (a) NTHs-NH2 e (b) Pi-2-COOH/NTHs-
NH2 quando submetidos a 20 sucessivos ciclos voltamtricos. Medidas realizadas em soluo de 0,005 M
de K3Fe(CN)6/K4Fe(CN)6 preparada em 0,1 M de KCl.
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
I (
A)
E (V) vs. Ag/AgCl (KCl sat)
(a)
-
48
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
I (
A)
E (V) vs. Ag/AgCl (KCl sat)
(b)
A transferncia de eltrons na interface sensora modificada com o filme de Pi-2-
COOH/NTHs-NH2 foi avaliada submetendo o ECV a leituras em diferentes velocidades
de varredura (10 a 200 mV/s). De acordo com os VCs obtidos na Figura 17, os
potenciais dos Ipa e Ipc no variaram em funo da velocidade de varredura selecionada
para o estudo. Estes resultados demonstram que o filme apresentou uma boa
reversibilidade eletroqumica. Os valores em corrente dos picos redox em relao raiz
quadrada das velocidades de varredura, apresentados no inset da Figura 17, variaram
proporcionalmente, sugerindo um processo controlado por difuso (BARD &
FAULKNER, 2006).
-
49
Figura 17 VCs do ECV/Pi-2-COOH/HNT-NH2 sob diferentes velocidades de varredura (a h: 10, 25,
50, 75, 100, 125, 150, 175, 200, 225, 250, 275 e 300 mV/s). VCs realizados em K3[Fe(CN)6 /K4[Fe(CN)6]
(0,005 M) preparado em KCl (0,1 M).
-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
2 4 6 8 10 12 14 16 18-150
-100
-50
0
50
100
150
Ipa
Ipc
I (
A)
Velovidade de varredura1/2
(mV/s)
I (
E (V) vs. Ag/AgCl (KCl sat)
(a)
(h)
5.3 Caracterizao eletroqumica do imunossensor
A caracterizao eletroqumica da imobilizao dos anticorpos anti-cTnT na
superfcie do eletrodo foi realizada utilizando as tcnicas de VC e VPD, Figura 18,
respectivamente. Comparando os voltamogramas do estudo, observa-se uma reduo
proporcional dos picos redox do ECV/Pi-2-COOH (Figura 18 (b)) e ECV/Pi-2-
COOH/NTHs-NH2 (Figura 18 (c)) em relao ao ECV limpo (Figura 18 (a)). Esse
perfil demonstra a contribuio resistiva do filme de Pi-2-COOH e haloisita. As pores
terminais aldedo do GLUT foram empregadas para imobilizao covalente dos
anticorpos anti-cTnT na superfcie sensora (Figura 18 (d)). Os grupos dialdedos
reagem com as aminas livres tanto da haloisita como do anticorpo, resultando na
formao de uma ligao c