REFLEXÃO E PARTILHA EM GRUPOS INTRODUÇÃO · A riqueza e o êxito de qualquer Semana Teológica...

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158 REFLEXÃO E PARTILHA EM GRUPOS INTRODUÇÃO Como já foi notado na publicação das Actas das Semanas Teológicas precedentes, fazer a síntese de um trabalho de grupos em que participaram pelo menos 60 pessoas é uma tarefa árdua e às vezes complicada. A primeira dificuldade surge do facto que algumas respostas ultrapassam amplamente o âmbito da correspondente pergunta ou do tema proposto, ou simplesmente se situam fora dele. Outra dificuldade surge dos diferentes estilos literários e dos critérios de selecção, utilizados pelos/as respectivos/as secretários/as de grupo na elaboração dos seus relatórios. Na elaboração da presente síntese final, tentamos levar em conta estes factos afim de apresentar um trabalho que, permanecendo fiel às contribuições dos diferentes grupos e pessoas, oferece uma certa unidade lógica e literária. Somos conscientes de que este objectivo nem sempre foi atingido adequadamente. Ao tentar respeitar as contribuições originais, algumas ideias e propostas aparecem repetidas, em diferentes contextos, com diferentes vestidos e cores. Tratando-se de trabalho e de opiniões de pessoas particulares pode mesmo haver aparentes contradições!

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REFLEXÃO E PARTILHA EM GRUPOS

INTRODUÇÃO

Como já foi notado na publicação das Actas dasSemanas Teológicas precedentes, fazer a síntese de umtrabalho de grupos em que participaram pelo menos 60pessoas é uma tarefa árdua e às vezes complicada.

A primeira dificuldade surge do facto que algumasrespostas ultrapassam amplamente o âmbito dacorrespondente pergunta ou do tema proposto, ousimplesmente se situam fora dele.

Outra dificuldade surge dos diferentes estilos literários edos critérios de selecção, utilizados pelos/asrespectivos/as secretários/as de grupo na elaboração dosseus relatórios.

Na elaboração da presente síntese final, tentamos levarem conta estes factos afim de apresentar um trabalhoque, permanecendo fiel às contribuições dos diferentesgrupos e pessoas, oferece uma certa unidade lógica eliterária.

Somos conscientes de que este objectivo nem sempre foiatingido adequadamente. Ao tentar respeitar ascontribuições originais, algumas ideias e propostasaparecem repetidas, em diferentes contextos, comdiferentes vestidos e cores. Tratando-se de trabalho e deopiniões de pessoas particulares pode mesmo haveraparentes contradições!

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A riqueza e o êxito de qualquer Semana Teológicadepende, em grande parte, dos/as participantesmesmos/as. Por isso, gostaríamos de concluir a presenteintrodução com umas palavras de sincero agradecimentoa todos/as os/as participantes e, em especial, aos/àssecretários/as, que, graças ao seu árduo trabalho,competência e generosidade, tornaram possível apresente publicação do trabalho de grupos.

23 de Junho à tarde

Orientador: Dr. Pedro Laice, UPM

Tema: Fazer da Política um Instrumento deReconciliação, de Justiça e Paz

1. Primeira Pergunta.

Em que momento a Política une e separa umasociedade?

Respostas

1.1. A Política une Quando trata todos os cidadãos por igual, como

sujeitos dos mesmos direitos e deveres. Quando trabalha para o bem de todos, com uma

distribuição equitativa dos bens, no respeito daliberdade de cada pessoa, incluindo a liberdade deexpressão.

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Quando promove a democracia, o verdadeirodesenvolvimento integral e o bem estar de todos.

Quando a política é assumida como um serviçopara o bem comum.

A política responde às aspirações do povo quandoo povo é escutado e as suas necessidades sãoatendidas.

Quando a Constituição é dada a conhecer a todosos moçambicanos e é implementada.

Quando sabe gerir realmente os conflitos queocorrem no âmbito de uma sociedade e leva emconta os interesses de todos no seu modo deresolver os conflitos.

Quando os líderes não têm medo das críticas,sabem aceitar outras ideias e propostas e as sabemgerir.

Quando há um objectivo comum. De facto, apolítica uniu fortemente os moçambicanos com oobjectivo comum de conseguir a Independência.

Quando não faz distinção entre as elites e o povocomum, e sabe usar as melhores estratégias nosacordos políticos.

Quando sabe distinguir as entre as competências doGoverno, do Estado e do Partido.

Quando a política é entendida e praticada como aarte de governar (quando há uma boa governação),com um governo participativo.

Quando existem bons líderes.

1.2. A Política separa quando: Privilegia a um só grupo partidário, a uma tribo ou

a uma classe social.

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Não tem objectivo comum e, portanto, o bemcomum é instrumentalizado.

Mantém uma ideologia imposta sobre todos por umpartido único.

Cada um dos partidos puxa tudo para o seu lado,praticando o partidarismo, colocando os interessesdos partidos acima dos da nação.

Se torna um meio para a ditadura e a manipulação. Quando pratica o favoritismo e luta pelo poder,

mesmo à custa de fraudes, violando a lei e ordem. Há manipulação dos políticos em favor de grupos

selectos, isto é, quando a política implementa umsistema de governação que tem como resultadodesunir ou separar as pessoas.

As eleições não são transparentes, justas e livres. Há violação dos direitos humanos, como violação

do direito de livre expressão. Os líderes procuram o seu próprio interesse por

todos os meios, incluindo a mentira e fraudesistemática.

Quando o centro da política é outro que o respeito ea promoção da pessoa humana.

2. Segunda Pergunta

Qual deve ser o papel da Política nodesenvolvimento de Moçambique?

Respostas

O papel da política no desenvolvimento deMoçambique é o de:

Garantir uma boa governação, criando infra-estruturas, promovendo a segurança e a justiça.

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Ajudar o povo a tomar boas opções. Criação do património comum. Ajudar a tomar consciência de sua capacidade de

desenvolver, promovendo a auto estima, o trabalhoprodutivo e os autênticos valores humanos.

Incentivar a encarar o trabalho como um valor maisdo que como uma necessidade ou uma obrigação.

Controlar a aplicação das ajudas externas para quesejam bem utilizadas.

Envolver todos os moçambicanos na construção doPaís, aplicando a verdadeira democracia,reconciliação, justiça e paz.

Dar a liberdade de expressão a todo moçambicano:«Moçambique para os moçambicanos» (MDM).

Repudiar a corrupção e punir os promotores damesma.

Respeitar a voz do povo no processo eleitoralfazendo com que as eleições sejam livres, justas etransparentes.

Consciencializar o povo sobre o dever de votar, poramor à Pátria, para acabar com a indiferença e aapatia quando os destinos do País e do própriopovo moçambicano estão em jogo.

Ser um meio ou instrumento que facilita odesenvolvimento e a participação dos cidadãos, istoé, possibilitar um governo do povo para o povo.Mais concretamente: Promover a liberdade do povo. Criar o sentido de Nação e pertença. Aumentar a sua auto estima. Implementar projectos de auto sustentabilidade. Formar uma sociedade participativa, baseada

no ser e estar com o povo.

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Ser elo de união, eliminando as assimetrias para odesenvolvimento harmónico.

Ser arte de governar para encaminhar os cidadãosna direcção dos mesmos objectivos.

Iluminar o povo e não obscurecê-lo e confundi-lo. Aceitar e criar o maior número de alternativas

possíveis, sem discriminação. Trabalhar para o bem comum, desligando a política

do partidarismo, respeitando a constituição, epromovendo o respeito pelos direitos humanos epela justiça.

Ajudar o povo a ter uma vida digna. Saber distinguir entre o partido e o governo, isto é,

o governo deve ser livre de governar sem ter apressão ou levar em conta apenas os interesses dopartido.

Promover a mudança de mentalidades através daeducação cívica e de uma boa prestação de contas.Moçambique precisa de mais técnicos nativos e demais pessoas com boa formação política.

Fazer com que o povo não seja chamado só parabater palmas. Quando existe diálogo e se deixa aopovo falar, este mostra e desenvolve as suascapacidades.

Saber valorizar mais as línguas e culturas locais. Deixar as pessoas livres de exercerem as suas

profissões sem constrangimentos.

3. Terceira Pergunta

Tendo em conta que o sistema de Apartheid,implementado na África do Sul, foi um dos sistemasque criou ódios e separação da Sociedade, o queexplica que os sul-africanos tenham feito uma

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Reconciliação Pacífica e vivam juntos em «harmonia»até hoje?

Respostas

Foi possível a reconciliação pacífica entre os sul-africanos porque: Foi despertada a consciência de igualdade no seio do

povo sul-africano. Foi promovida a capacidade de diálogo,

reconciliação e amor à Pátria. Houve a intervenção activa das Igrejas na resolução

de conflitos. Homens como Nelson Mandela e BispoDesmond Tutu comportaram-se como verdadeiroscrentes.

Às Igrejas, sobretudo alguns lideres religiosos comoDesmond Tutu, que contribuíram grandemente noprocesso de verdade e reconciliação.

Boa governação de Nelson Mandela, como ponto dereferência de unidade nacional. Ele foi capaz desacrificar a própria esposa por causa disso.

O método usado foi o da «revolução pacífica». Olíder principal (Nelson Mandela), com seus dons,valores e carisma foi capaz de uma boa governação,comportando-se como um líder que soube ouvir aopovo. Pois, muito foi devido à personalidade e aocomportamento de Nelson Mandela.

À liderança carismática de Nelson Mandela, comgrande ênfase no respeito e na promoção de valoreshumanos. Mandela foi um grande líder, um grandeHomem que conseguiu derreter os corações maisendurecidos.

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Houve trabalho conjunto da Igreja e do Governo comobjectivos comuns, como o de trazer a verdade e aunidade dos sul-africanos.

Houve a opção do povo sul-africano pela justiça,reconciliação e paz. Pois, a maioria optou pela não-violência.

Porque combateram o único inimigo comum: oApartheid

Houve tomada de consciência e reconhecimento doserros, assim como da igualdade de todos.

A criação duma Comissão para promover a Justiça, aVerdade e a Reconciliação ajudou a assumir eultrapassar tensões e conflitos latentes.

Mas também há quem pense que na Africa do Sulexiste uma certa pacificação, mas não umaverdadeira reconciliação. Houve só uma troca depapéis.

Reconciliaram a diversidade de raças (o arco-íris). O povo começou a saborear o bem comum. Houve desenvolvimento nas infra-estruturas: mais

emprego, liberdade de expressão e promoção dosvalores e dos direitos humanos.

24 de Junho de manhã

Orientador: Dr. Ibraimo Hassane Mussagy, UCM,Beira.

Tema: A Economia ao serviço da Reconciliação, daJustiça e da Paz.

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Primeira Pergunta

Que meios de Produção usar Para Reduzir a Pobreza?

Respostas

Para reduzir a pobreza devemos: Mecanizar os meios de produção para aumentar a

produtividade e rendimentos para a posteriorcomercialização.

Criar cooperativas, construir celeiros paraposteriormente vender os produtos à população abaixo custo.

Mentalizar os cidadãos: Formando-os para serem mais criativos na

utilização de meios adequados para a agricultura,como o uso de adubos, dos excrementos dosanimais.

Evitando as queimadas, que empobrecem ossolos, e introduzindo culturas variadas, queajudam à sua recuperação.

Incentivando a criação de animais para a melhordieta das famílias.

Educar as pessoas a saberem planificar e usar osmeios que têm para melhorarem as suas condições devida e a vida das populações. Por exemplo, oadministrador de Maringue incentiva a população aconstruir casas melhoradas com chapas.

Investir mais na formação da mulher que é a primeirae principal gestora dos recursos económicos dafamília.

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Trata-se sobretudo de educar e formar oscamponeses, incentivando a vontade de trabalhar e“ensinando a pescar, mais do que dando o peixe!”

Criar a cultura de produzir para sustentar a família,de guardar para o tempo da secura e da fome, decomercializar os produtos.

Organizar o povo em grupos, associações,envolvendo em particular as mulheres.

Uso de mão-de-obra intensiva e instrumentos paramelhorar a produção.

Incentivar o sector agro-pecuário desenvolvendo umaagricultura auto-sustentável.

Criar meios de irrigação e fertilização com métodosnaturais.

Incentivar os camponeses para o trabalho em grupose motivá-los para o uso de tecnologias disponíveis,tais como a tracção animal, tractor e outros.

Promover e ajudar a criar cooperativas e associaçõesentre agricultores.

Nós, enquanto Igreja, devemos incentivar com ideiase acções as cooperativas para os camponeses, usandorecursos próprios e forças locais, tais como o arado.

Criar meios mais adequados em cada sector. Porexemplo, no sector da pesca, criar meios para aconservação do peixe.

Criação de cooperativas e centros de artes e ofícios,com metodologias adequadas.

Conseguir tecnologias próprias e baratas como bois,burros, cavalos para não depender tanto detecnologias importadas de fora.

Criar infra-estruturas, grandes ou pequenas, para terágua potável e para a irrigação.

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Apoiar as pequenas empresas domésticas paraconservar e comercializar os seus produtos.

O governo deve implementar um programa de ajudapara o camponês conservar o alimento que produz.

Investir na formação de técnicos e de novos métodosde agricultura.

Racionalizar a tecnologia para criar mais emprego,promovendo o desenvolvimento socio-económico doPaís.

Preparar o povo para assumir o seu própriodesenvolvimento.

Investir mais na construção de barragens parafomentar a produção agrícola.

Incentivar a economia local e mundial numa visãoglobal, levando em conta o contexto político e osoutros factores internos e externos, que condicionama transformação económica do País.

Segunda Pergunta

Como fazer para que a Redistribuição de Rendimentoseja equitativa?

Respostas

Para que a redistribuição do rendimento seja equitativa épreciso: Eliminar a corrupção. Formar e educar as pessoas na administração dos

bens públicos e que haja uma supervisão dosmesmos.

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Formar o povo nos direitos humanos para poderemexigi-los e reclamá-los, quando eles não sãorespeitados.

Distribuir os rendimentos para o melhoramento dasescolas, hospitais e outras estruturas, apetrechando-ascom meios necessários tanto nas zonas rurais comonas zonas urbanas.

Fazer uma política económica equitativa com planosbem concretos para o fomento de umdesenvolvimento integral e solidário.

Deslizar os recursos disponíveis do partido. Criar órgãos de tutela nos Distritos, optando pelo

bem comum, e não pelos interesses privados. Formar adequadamente as pessoas na função pública

para que desempenhem melhor as suasresponsabilidades, acabando com o nepotismo, opaternalismo e outros males semelhantes queassolam o país.

Ajudar o povo a reconhecer os seus próprios direitosviolados.

Incentivar os jovens suficientemente formados paraque procurem ser mais empregadores do queempregados.

Criar infra-estruturas adequadas para o escoamentode produtos.

Ajudar na consciencialização das pessoas para aresponsabilidade pelo trabalho.

Incentivar os camponeses a guardarem parte da suaprodução colhida para o seu auto sustento.

Ajudar as pessoas a mudarem de mentalidade,passando do paternalismo para a autoresponsabilidade e não esperando receber tudo dogoverno, das instituições religiosas e das ONGs.

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Consciencialização da responsabilidade dos pais paracom os seus filhos.

Consciencializar o povo no que diz respeito aos seusdireitos e deveres para que seja um povo organizadocapaz de fazer pressão. «A economia deve assentarna ética» (Bento XVI).

Portanto, questionamos as pessoas formadaseticamente pelas nossas universidades. Que tipo de conteúdos são dados? Como são assimilados? Quais os valores já assimilados nas famílias?

O Governo Central deve aumentar os impostos paraos ricos e assim ter os meios necessários paraoferecer melhores serviços às classes menosfavorecidas, seguindo o exemplo de OBAMA.

Promover a autonomia das províncias para geriremos seus recursos e orçamentos segundo asnecessidades da realidade que a população vive.

Devemos perguntarmo-nos se nós, enquanto Igreja,vivemos de forma igual e justa, levando em conta arealidade do lugar onde vivemos. Quanto gastamospor mês para nós mesmos? E quanto gastamos paraos nossos trabalhadores?

Seria bom promover parcerias de conhecimentos e derecursos com os nossos funcionários, como fazemem Jécua (Província de Manica) com o projecto depintainhos e o do empréstimo de milho.

Criação de estruturas, por parte do governo, para oescoamento, armazenagem e conservação dosprodutos internos.

Criar cooperativas para gerar capital de giro naprópria comunidade e consciencializar a populaçãono sentido que é possível fazer um orçamento para oauto sustento e que, ao mesmo tempo, também é

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possível acumular capital para o lançamento denovos empreendimentos.

Terceira Pergunta

Como reduzir as Assimetrias entre as Regiões?

Respostas

Deve-se: Criar infra-estruturas próprias nas zonas rurais tais

como escolas, hospitais e vias de acesso para ajudar aescoar os produtos.

Descentralizar a administração e o desenvolvimento.Os tão propalados sete (7) milhões, destinados paracada distrito, devem chegar aos verdadeirosdestinatários e os rendimentos dos mesmos devemfavorecer a todos.

Mudar a política em termos de descentralização dospoderes e maior autonomia das províncias.

Ao nível do governo, descentralizar a gestão derecursos e conseguir que os investimentos sejamapartidários.

Saber canalizar os bens públicos e exigir contas eresponsabilidades quando estes não são bem geridos edistribuídos. Por exemplo, os produtos destinados àsvítimas das calamidades em Nampula não chegaramaos seus destinatários. Mas depois de alguns dias, osmesmos produtos foram vendidos nos mercados.

Promover a verdadeira justiça a todos os níveis,insistindo sobre tudo na distribuição da riqueza deforma equitativa.

Desenvolver as províncias sem olhar para a corpartidária.

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Acabar com paternalismo, nepotismo e regionalismo. Fazer intercâmbios a partir dos estudos e das

experiências já existentes nas diferentes regiões, comoé feito nas Semanas Teológicas.

Melhorar as estradas e os meios de transportes para ointercâmbio de produtos.

Fazer com que esta questão não fique simplesmentecomo um tema de estudo, mas que se torne também apreocupação dos governos distritais.

Realizar uma mudança na política do ensino no país.Que através do ensino se realize uma educaçãoefectiva, de qualidade. O progresso no ensino nãopode medir-se apenas em termos de quantidade dematriculados\as nas diferentes instituições de ensino.

Que se dê um lugar importante à educação cívica emoral a todos os níveis do ensino.

È necessário mudar as mentalidades a todos os níveis:seja dos que têm o poder nas mãos; seja do povo quedeve ser formado à responsabilidade e respeito mútuo.

Atendendo que os grandes «areópagos» são hoje osmeios de comunicação social, lamentamos que aIgreja perca oportunidades! Que fazer?

Dar liberdade de acção àqueles que têm bonsprojectos e ideias, que elevam o bem estar dasociedade.

Um trabalho de consciencialização deve ser feito peloGoverno e pela Igreja. O objectivo principal da talconsciencialização é convencer os que saem do paíspara serem formados fora que retornem e que ponhamos seus conhecimentos e experiências ao serviço dobem estar do seu povo.

Identificar e classificar as regiões segundo aspotencialidades e as necessidades de cada região.

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Encorajar o fomento de actividades a nível regionalassim como a colaboração e o intercâmbio entre asregiões.

Ultrapassar o medo para libertar-se da mentalidademágica e desenvolver a iniciativa e a criatividadepessoal.

É necessária uma nova filosofia para África, comrealizações concretas, como, por exemplo, o governopropor um celeiro (reservas) comum para osmomentos de carestia alimentar.

Ensinar ao povo a gerir os seus próprios recursos coma intervenção subsidiária de outras instituições.

24 de Junho, à tarde

Orientador: Pe. Hilário Francisco Mancandja.

Tema: As diferentes Religiões ao Serviço daReconciliação, da Justiça e da Paz.

Perguntas.

No caminho da reconciliação

1. Quais as experiências da sociedade que podemosacolher?

Respostas A maneira tradicional de resolver os conflitos,

segundo a qual primeiro o conflito é tratado no seioda família, com os anciãos envolvendo os régulos,antes de levar o problema a instâncias superiores,como a polícia (esquadra).

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No caminho da paz, a sociedade procura resolver osconflitos locais com o Nfumo. Esta resolução dosconflitos permite a participação activa e inclusiva jáque todos podem usar da palavra e assim chegarem aum acordo pacífico. Só num segundo momentorecorrem à polícia que nem sempre responde às suasexpectativas.

Há tribunais comunitários que ajudam a resolver osconflitos locais, incluindo os conflitos familiares.

Em vez de usar o termo resolução de conflitos, seriamelhor utilizar a terminologia de «transformação doconflito», transformação esta que exige umamudança profunda de mentalidade. Trata-se de umatransformação, que leva à reconciliação e que une aspessoas capacitando-as para recomeçarem a sua vidacom uma nova perspectiva.

Depois de guerra não houve vingança, mas aceitaçãomútua e actos de reencontro de famílias e entrefamílias. É graças a este tipo de acontecimentos queo povo cada vez fala menos da guerra.

A intervenção internacional pode jogar um papelimportante na reconciliação, como aconteceu no fimde guerra e no pós-guera em Moçambique

Convivência pacífica das pessoas no âmbito daemigração interna.

Um exemplo concreto é o do Administrador deMangunde, que foi ao encontro do pai de um réguloexcluído, que era do partido da oposição.

Outro tipo de experiências são os ritos, momentos esituações de diálogo e reconciliação entre osmembros da família, vizinhos, grupos étnicos e opovo da aldeia com o seu régulo.

Os ritos de iniciação com toda a sua bagagem devalores tradicionais.

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A reconciliação a partir do diálogo eaconselhamento, que acontece entre pais e filhos.

As equipas de justiça e paz, bem como outrasequipas semelhantes, que fizeram importantestrabalhos de reintegração, de educação, de paz, dareconciliação logo após guerra.

Os acordos que levaram ao fim da guerra colonialassim como da guerra civil em Moçambique.

No sofrimento das guerras, muita gente descobriu osentido e o valor da paz, assim como a alegria deviver em paz com os outros.

As manifestações da sociedade civil marchando parapedir a paz entre 1989 e 1990.

As primeiras eleições multipartidárias no País em1994 e a presença de diversos partidos noparlamento.

Respeito pelos direitos humanos, como a liberdadede ir e vir sem Guia de Marcha ou outras restrições.

A escola como instituição social que recebe pessoasde diferentes etnias, raças e religiões.

Pelo contrário, existem outras experiências erealidades que devem ser rejeitadas e ultrapassadas,como são: a desigualdade social; o desemprego; asaúde deficiente; a corrupção; os conflitos entregrupos étnicos pelo poder; o uso indiscriminado eexacerbado de bebidas e drogas lícitas e ilícitas; umsistema educacional que não condiz com a realidadede Moçambique. A educação não deve ser usadacomo punição para professores conflituosos (ida parao interior). Todos estes são exemplos de realidades ecomportamentos que fecham o caminho para aefectivação da Paz.

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2. Quais as experiências das Religiões?

Respostas

Notamos que há várias experiências positivas que vale apena citar: A Igreja, através das Comissões de Justiça e Paz e

Caritas, ajudou o povo a chegar a uma reconciliaçãocom os programas dos integradores sociais com oobjectivo de unir as pessoas e voltar a viverem comoirmãos reconciliados uns com os outros.

Celebrações conjuntas das festas religiosas,principalmente entre muçulmanos e cristãos, assimcomo os casamentos mistos.

Orações ecuménicas e vontade de rezar, emdeterminadas circunstâncias, com adeptos de outrasconfissões cristãs, como fazem muitos protestantes,que facilmente rezam na Igreja Católica, quando ogrupo religioso a que pertencem não se encontra naregião onde vivem.

O respeito pela liberdade religiosa, principalmentenos funerais, e a convivência pacífica das diferentesreligiões.

Ajudar os fiéis a conhecerem melhor as outrasIgrejas (o que são, o que fazem e como fazem) parafacilitar o diálogo e a reconciliação.

A Igreja Católica ajudou grandemente no processo detransição e na assinatura do Acordo Geral de Paz,sobretudo graças à mediação e à intervenção dealguns dos seus líderes.

Colaboração e trabalho em conjunto nascalamidades, nos projectos e nas orações.

As várias comissões de diálogo inter-religiosopresentes nas dioceses.

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Acolhimento de pessoas, sejam elas alunos ouprofessores de diferentes religiões, em particularmuçulmanos, nas nossas instituições educativas e nasoutras. A este respeito, é de notar que há maistolerância e abertura da parte cristã que dosmuçulmanos.

Nas escolas rurais, fundadas pela Igreja Católica,recebe-se a todos, independente de credo queprofessam. O mesmo pode dizer-se das universidades(UCM) e Institutos, tanto a nível de discentes comode docentes.

Nos internatos regidos por instituições católicasrecebem-se jovens de diferentes credos.

Durante a guerra e depois da assinatura do AcordoGeral de Paz, houve experiências muito positivas,como orações ecuménicas para pedir a paz,celebrações e marchas ecuménicas.

As experiências das religiões tradicionais nalgunscasos são ambíguas. Alguns servem-se da religiãopara “fazer justiça” e algumas vezes dividem asfamílias.

Participação em projectos comuns, como a lutacontra o SIDA, a promoção da mulher, iniciativas dedesenvolvimento, ajuda humanitária nascalamidades. Assim, as diferentes religiõescolaboram para diminuir o sofrimento do povo.

A Igreja Católica, orientada por Dom Jaime, e outrasIgrejas, sobretudo Igrejas membros do ConselhoCristão de Moçambique, que colaboraram naconstrução da Paz em Moçambique.

A Comunidade de Santo Egídio, que foi um exemplode acolhimento, de dinamização e de apoiofinanceiro na procura de reconciliação e perdãomútuo.

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2. Para trabalhar pela reconciliação: Queinterpelações?

Respostas Ajudar os fiéis a conhecerem as outras Igrejas com

quem convivem, através de um ensinamentosistemático, que poderá ser a nível das comunidadese paróquias.

Formar os cristãos para conhecerem melhor as outrasreligiões.

Formar os membros das comissões de diálogo inter-religioso e ecumenismo para melhor exercerem o seuministério e ajudarem os fiéis a uma melhorconvivência com as diferentes religiões.

Formar de maneira constante nos valores deconvivência e tolerância entre etnias e religiõesdiferentes.

Ajudar as pessoas a assumir a história recente desofrimento do nosso povo, para que não volte àviolência.

Ajudar os políticos a não aproveitar das nossasdiferenças étnicas através de manipulações políticas.

Investir e acreditar na evangelização de base,centrada na pessoa de Jesus Cristo, e procurarintegrá-lo com os valores culturais existentes nacultura moçambicana.

Incentivar a procura do consenso a todos os níveis enão simplesmente da maioria e ainda menos davitória.

Formar e motivar as pessoas para agirem de acordocom a sua própria consciência e não seguindointeresses egoísticos ou partidários.

Conhecer melhor, valorizar e respeitar mais osvalores tradicionais, que, iluminados pela luz do

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Evangelho, podem contribuir significativamente paraa promoção do bem comum, da Justiça e Paz,

Ajudar a compreender que a Paz é um bem precioso,um dos maiores valores individuais e sociais.

Reconhecer o passado glorioso da Igreja naconstrução da paz, mas não ficar no saudosismo.

Voltar aos Acordos de Paz para ver até que pontoeles estão a ser implementados na sua integralidade.

Para vivermos reconciliados e em paz, é necessáriorevitalizarmos sempre o espírito de reconciliação ede Paz. Não haverá paz social se não há espírito depaz nos cidadãos.

Aceitar a diversidade como um bem e uma riqueza. Dar uma formação sócio política adequada, de

acordo com a Doutrina Social da Igreja, aos cristãosque trabalham nas instituições públicas.

Colocar o Compêndio da Doutrina Social da Igreja adisposição dos leigos.

25 de Junho, de manhã

Orientador: Pe. Inácio Mole

Tema: A Reconciliação, a Justiça e a Paz noensinamento da Igreja Católica Moçambicana.

Perguntas.

1. Quais são os momentos mais marcantes doEnsinamento da Igreja Católica em Moçambique(Bispos), ao longo destes últimos trinta anos, sobrea Reconciliação, a Justiça e a Paz?

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Respostas As cartas pastorais dos Bispos moçambicanos no

período das nacionalizações (1976) que animaram osmissionários e os fiéis a serem mais corajosos paraenfrentarem as circunstâncias de então.

A Carta de 1976 (Viver a Fé no Moçambique deHoje), ajudou aos fiéis a guardarem e viverem a suafé num momento em que a Igreja estava sendoperseguida e combatida (proibição de expressar a fé,de celebrar a Eucaristia, de organizar a catequese eoutras manifestações de fé).

A Carta de 1991 (A Paz está a Chegar). A intervenção dos Bispos no processo da

reconciliação e da paz, e todas as cartas pastoraisdireccionadas nesta linha ajudaram os fiéis e o povoem geral a assumir a responsabilidade pessoal pelofuturo do País.

Em resumo, todas as cartas que, durante os últimostrinta anos, denunciaram as violações contra osdireitos humanos e animaram os cristãos a viveremcom responsabilidade na sua fé e a assumir o Paíscomo seu.

A visita do Papa João Paulo II à Moçambique em1988.

A grande contribuição da Igreja para o Acordo Geralde paz.

Os escritos e a publicação das Cartas e Exortaçõespastorais dos Bispos sobre a Reconciliação, Justiça ePaz através dos quais os Bispos souberam respondersabiamente à situação do povo, levando em conta assuas necessidades. Eles foram verdadeiramente osporta-vozes dos sem voz, vivendo a realidade dopovo; escutando o seu clamor; ficando à par de todasas circunstâncias que o povo vive; fornecendo

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material, nas suas cartas pastorais e exortações, atodos os fiéis, aos sacerdotes e a todos os homens emulheres de boa vontade para descobrirem aurgência da reconciliação, da justiça e da paz.

Concordamos que todos os documentos publicadospela Igreja Católica contribuíram e contribuem àreconciliação, à justiça e à paz.

Outros momentos e acontecimentos importantesforam: A preparação e a realização da Assembleia

Pastoral entre 1976-1977. O período entre 1988 (visita do Papa) e 1992

(assinatura do Acordo Geral de Paz). A publicação da nova constituição de 1990. A chegada da Paz em 1992 (Acordo Geral de

Paz).

2. Acham que valeu a pena a Igreja em Moçambique(Bispos) ter seguido o caminho do ensino atravésdas Cartas Pastorais, das exortações pastorais etc.na contribuição para a reconciliação, a justiça e apaz? Porquê?

Respostas

Valeu a pena, porque ajudou ao povo a manter a fé,a comunhão, a uma consciencialização da realidadeem que o País estava e está atravessando e aentender a posição dos nossos Bispos. Tudo istoajudou a orientar e a reorientar a vida do povocristão em Moçambique.

Sim valeu a pena, porque os Bispos como pastores,foram e são a voz do povo e para o povo.

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Sim, porque através deles a Igreja desempenhou oseu papel de ensinar e sensibilizar o povomoçambicano.

Para uma melhor compreensão dos documentos,seria necessário traduzi-los nas línguas locais e comlinguagem mais simples de modo que a mensagematinja às camadas mais simples do povo de Deus elhes ajude a estar e a sentir-se em comunhão comtoda a Igreja.

Para esta tradução propomos que se forme umaequipa composta principalmente de leigos\as.

Os Bispos deram prova da presença da Igreja,mestra na promoção da paz, frente a situaçõesconflituais, como aconteceu na preparação doAcordo Geral de Paz em Roma.Os Bispos foram luz do mundo e sal da terra nosdiferentes momentos históricos, nas angústias e nasesperanças do povo moçambicano.

Os escritos e publicações pastorais sempreapontavam para o diálogo, mostravam a realidadeconcreta e apontavam para um futuro possível,esperançoso de Paz. Assim, a Igreja tornou-se luz esinal de esperança para o povo.

Os Bispos mostraram a sua preocupação para comtodo o seu rebanho sem excepção, procurando obem comum, respondendo às necessidades do povoe alertando as autoridades competentes paratomarem consciência da situação que o povo vive emudarem de atitude. Pode dizer-se com toda averdade que a Igreja, representada pelos Bispos eseus pastores, procurou conduzir o seu rebanho pelocaminho da reconciliação e da paz. Foi, assim, queela cumpriu a sua missão de ser luz do mundo e salda terra.

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As cartas, documentos, exortações foram oinstrumento que os Bispos encontraram para falarpara o povo, assim como Paulo fez com as primeirascomunidades cristãs.

A dimensão profética das cartas não foi abafadapelos que estavam no poder: «a mão protectora deDeus está com o povo sofredor e oprimido».

Sendo cartas proféticas, as cartas pastorais eram avoz dos sem voz e mexeram com os grandes, poisdenunciavam o mal e anunciavam o caminho aseguir.

As cartas ajudaram a reflectir, iluminando osproblemas à luz do Evangelho, propondo caminhos(as vezes novos).

3. Para o futuro, o que esperam da Igreja Católica emMoçambique (Bispos), no que diz respeito àReconciliação, à Justiça e à Paz?

Respostas

Esperamos que os Bispos e todos nós, como Igreja,continuemos a fortalecer e orientar o povo de Deusque nos foi confiado.

Um desafio importante nos nossos dias é continuar atrabalhar no diálogo inter-religioso.

Precisamos de mais cartas para mentalizar o povosobre a necessidade, o dever e a importância devotar, como sinal do amor à Pátria. Assim,poderemos preparar um futuro melhor para o País epara o povo moçambicano, e trazer o tipo demudanças que o povo espera.

Continuar a educar o povo para saber acolher erespeitar as diferenças partidárias, porque todos

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somos irmãos, independentemente das nossasescolhas e tendências políticas.

Ter coragem de recusar quando é pedido à Igrejapara fazer oração nos comícios ou outros encontrospartidários.

Ter coragem de denunciar casos concretos deinjustiça como é o caso da obrigação de ter cartão deum partido político para despertar a consciência dopovo.

Temos de trabalhar para que o povo moçambicanotenha a liberdade de dizer o que pensa e dizer o queele é.

Continuar (os Bispos) a escreverem cartas para ler eencaminhar a história deste povo à luz do Evangelho.

Criar uma equipe de tradução dos documentos anível local.

Que os intermediários (párocos) façam chegar aosdestinatários, de maneira acessível, os escritos epublicações da CEM (Conferência Episcopal deMoçambique).

Ler as Cartas pastorais dos Bispos nas missasdominicais e arquivá-las.

Reflectir sobre as Cartas para traçar linhas de acção eprioridades para o povo.

Utilizar mais frequentemente e eficazmente os meiosde comunicação para divulgar o pensamento, sobretudo a Doutrina Social da Igreja.

Continuar a trabalhar nos nossos dias e nas nossassituações concretas na linha da reconciliação,formando agentes de informação e integradoressociais.

Ser sinais e testemunhas de reconciliação entre asdiferentes etnias.

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Bispos, Padres e cristãos sejam agentes de integraçãonas comunidades, paróquias e dioceses.

Valorizar a Comissão de Justiça e Paz a nívelnacional, diocesano e paroquial.

Que todos nós, como Igreja, sejamos mais proféticose testemunhas reais dos valores do Evangelho.

Que o local da Igreja não se torne um local paraavisos políticos ou para propagandas partidárias.

Esperamos uma Igreja toda ela mais profética, numexercício contínuo de testemunha, de tal maneira queseja sempre sal da terra e luz do mundo.

Para realizar este objectivo tem de haver maisempenho de consciencialização dos nossos cristãos,nossos sacerdotes e leigos, de maneira que aevangelização se torne mais difundida em todas aspartes do mundo.

Para o futuro e também para o presente, é necessárioum empenho contínuo no trabalho de consolidaçãoda paz. Que a ausência de vingança e o ser sal daterra e luz do mundo sejam realidades vivas,concretizadas e materializadas no quotidiano dasnossas vidas. Não podemos simplesmente denunciarpor denunciar. Nem lavar as mãos como Pilatos.

Que haja reconciliação dentro da IgrejaMoçambicana, o que implica: Conhecer a história real de Moçambique. Procurar assumir e ultrapassar o que aconteceu. Todos juntos caminharmos para a paz e a

justiça. Ir para frente sempre em união com o Episcopado e o

Episcopado no meio do povo.

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25 de Junho à Tarde

Orientador: Sua Excelência Dom Francisco JoãoSilota

Tema: A Reconciliação, a Justiça e a Paz nosLineamenta da IIª Assembleia Especial paraÁfrica do Sínodo dos Bispos.

Perguntas.

1. Parece que as Zonas ricas em recursos petrolíferoso mineiros tornam-se facilmente em focos deconflitos e até mesmo de guerras. Como fazer paraque essas potencialidades de riquezas se tornem emfontes de uma vida de harmonia e de paz duradoiraem África?

Respostas No momento e nas actuais circunstâncias é

apostarmos nos nossos jovens, consciencializa-losnos valores africanos, no sentido do bem comum, noamor à Nação, no sentimento de identidade africana.

Rever a nossa maneira de evangelizar nossos fiéis,através dos encontros e da catequese nas escolascristãs.

Criar um governo forte que delineie um plano socio-económico, que regulariza os recursos naturais e quetoma em conta os direitos dos cidadãos.

Despertar a vontade governamental de valorizar ospróprios recursos naturais e criar condiçõesadequadas para parar com o abuso do poder.

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Legalizar e fiscalizar as empresas de exploração demaneira que os recursos naturais sejam exploradospara o benefício de todos.

Lutar contra a corrupção, que é uma das causasprincipais da falta de estabilidade e de justiça emmuitos países africanos, consciencializando o povonos direitos humanos, para que este não se deixemanipular e explorar.

Reciclar parte dos benefícios em favor das povoaçõesonde se centram os recursos naturais.

Pagar um salário justo as pessoas empregadas. Capacitar quadros competentes e funcionários locais. O País deveria investir em recursos técnicos e

humanos para a exploração mineral e outrasactividades semelhantes, evitando assim a entradadesnecessária de estrangeiros.

O povo deveria ser consciencializado para defender epromover seus recursos naturais.

As pessoas com capacidade para isso, como oslíderes religiosos, intelectuais (escritores), políticosde renome internacional, deveriam denunciar assituações de dominação e exploração injusta dasriquezas naturais.

É necessário consolidar uma verdadeira democracia.Uma tal democracia exige que: Os líderes e todos os cidadãos possam ser livres

para exercer plenamente os seus direitos decidadania.

Os líderes possam exercer a sua responsabilidadede serem servidores do seu povo e não o povo aservir as autoridades no âmbito político.

Valorizar as riquezas naturais e utilizar os meios deprodução em benefício da maioria, de maneira quehaja maior igualdade na distribuição dos bens.

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Não deixar-se manipular pelas multinacionais, mascriar condições para que haja justiça socialinternacional.

Formação da consciência crítica. Investir na indústria pesada e sobretudo na indústria

de transformação dos recursos locais. Nota-se que os recursos favorecem a uns poucos (aos

grandes) e aos agentes exploradores. Para evitar isso,as autoridades locais dêem a conhecer os recursosexistentes na região e façam com que a suaexploração e rendimento seja de proveito de todos(distribuição equitativa).

Que haja uma fiscalização eficaz de maneira que osrecursos naturais não sejam utilizados em favor denenhum partido. Em Moçambique, um bom caso deestudo seria a venda de madeira à China.

2. Até que ponto é que os Mass Media, sobretudo aTelevisão, poderão ser causas de destruição devalores culturais de um povo e, consequentemente,provocar desequilíbrio e insegurança social? E quefazer para inverter o Cenário?

Respostas Os Mass Media não são causa de destruição de

valores. Pelo contrário, foram inventados parapromovê-los ao serviço do homem. O queprecisamos é ter o sentido crítico necessário paradiscernir e analisar os produtos que os Mass Medianos oferecem.

É sobretudo competência e dever das escolas, dasfamílias, das Igrejas educar seus fiéis, filhos,cidadãos neste sentido crítico.

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Acreditamos que a entrada de programas estrangeirosde baixa qualidade é de responsabilidade do governo,pois ele é quem compra e permite a veiculação deprogramas estrangeiros.

O País deve preparar profissionais paraimplementarem programas que condizem com arealidade moçambicana.

As telenovelas brasileiras influenciam negativamenteos valores do nosso povo e cultura.

Mas como sair dessa situação? Despertar a consciência critica nas famílias e no

povo Criar redes de colaboração entre os meios de

comunicação católicos existentes, como, porexemplo, entre as rádios locais.

Formar pessoas que trabalham com competênciae com consciência profissional.

Investir e potenciar os meios de comunicação, eusa-los como «novos areópagos» para apropagação dos valores humanos e evangélicos.

Libertar-se do medo da comunicação social,para utilizar os espaços disponíveis nos MassMedia.

Enviar pessoas para serem formadas naFaculdade de Comunicação da UCM-Nampula.

Quando os Mass Media não estão preparados paraproduzir e apresentar programas locais, entãoimportam programas dos outros países.

E também, quando o povo não está preparado ouformado para uma consciência crítica diante dosmeios de comunicação social, então o que fazer? Motivar as pessoas para fazer os seus próprios

programas, valorizando o que é nosso. E nós

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evangelizadores, somos chamados a sermos osmotivadores para isto.

Denunciar certos programas não compatíveiscom a nossa cultura e realidade.

Fazer análises críticas dos programas detelevisão, dos filmes e outros com os grupos comos quais estamos a trabalhar, como, por exemplo,adolescentes, jovens, catequistas, líderes degrupos e estudantes.

Nós, na nossa evangelização, devemos usar filmes eoutros recursos áudio-visuais educativos.

É uma parte importante da missão da Igreja ajudar osjovens a superarem as suas inquietações, oferecendoprogramas que podem despertar e nutrir osverdadeiros valores. A Igreja já está a tentar, atravésda formação dos jovens nas boas maneiras e nosretiros de iniciação, para todos os que o desejam.

Apoio da Igreja aos profissionais sérios, oferecendopossibilidades de formação em ética profissional.

Os programas pornográficos ou de violênciadestroem a cultura. Por isso, o governo deveriaintervir para defender a moralidade pública.

Para cumprir a sua missão nos tempos modernos, aIgreja precisa de pessoal formado em meios decomunicação, capaz de aproveitar o espaço dos MassMédia para transmitir os valores humanos, culturais ecristãos.

A nível das comunidades, seria necessário que hajacasais maduros como conselheiros de casais jovens ede seus filhos, incluindo os mais jovens e as crianças.

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3. O etnicismo ou tribalismo, o regionalismo e outrasformas de discriminação são uma realidade, tantona sociedade em geral como na Igreja emParticular, e não raramente são causas de tensões ede conflitos vários. Será que Moçambique fazexcepção? Se sim, como? Se não, que fazer paracombater tal estado de coisas?

Respostas Moçambique não é excepção. Por isso, aqui também

é necessário combater as várias discriminaçõesdesenvolvendo nas pessoas o espírito católicouniversal. Para combater tendências ecomportamentos discriminatórios devemos sertestemunhas e elo de união.

O etnicismo ou tribalismo, o regionalismo e outrasformas de discriminação são uma realidade, tanto nasociedade em geral como na Igreja em particular, enão raro são causas de tensões e de conflitos vários.

Para combater tal estado de coisas é necessário: Valorizar e respeitar as diversidades étnicas, sem

discriminação. Criar condições para que uma etnia não se sinta

superior ou inferior a outra. Não deixar que os políticos manipulem as

diversidades étnicas no interior da Igreja parafomentar divisões.

A partir de duas experiências partilhadas,pensamos que as experiências positivas nestaárea deveriam ser apresentadas como exemplos ecomo pontos de partida para outras experiênciasem condições semelhantes.

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Neste sentido dever-se-ia: Procurar harmonizar as nossas liturgias com a

participação de todas as etnias, e suas línguas,presentes numa província ou região.

Fazer com que em cada paróquia seja usadaapenas a língua local e que os fiéis que sedeslocam de um sítio para outro, se integremno novo ambiente em que se encontram,tentando também apreender a língua local.

O perigo de abusos existe principalmente nosmomentos de campanha eleitoral, quando algunspolíticos procuram apoio nos mais débeis e tentamservir-se deles utilizando afinidades étnicas.

Mas por outro lado, a Igreja, através das suasexortações e cartas pastorais, desperta a consciênciado povo para um melhor conhecimento dasmanipulações dos políticos que criam e se servemdesses conflitos para os seus próprios fins. Já existemgrupos preparados para analisar o que é a realidadedos nossos líderes, de um modo particular daquelesque estão no poder e procuram sobretudo interessespartidários. Agora uma parte do povo já sabedescobrir quem é que engana e como reagir,seguindo as suas próprias convicções e interesses.

Temos de ser muito prudentes sabendo que podemosser manipulados.

É muito importante promover e manter a unidade nadiversidade na Igreja, respeitando as diferenças, demaneira que todos se sintam donos da comunidade eque todos se possam exprimir.

Seguindo a tradição africana, temos de educar o povopara valorizar o respeito pelos hóspedes.

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Podemos dizer que existe o regionalismo emMoçambique: A nível Social e Político: Muitas pessoas votam para um\a

determinado\a candidadto\a simplesmenteporque é da sua região.

Os postos de trabalhos são dados às pessoasde uma certa região ou da mesma região,como acontece com muitos directivos deempresas.

A nível Religioso: Nota-se separação ou discriminação com o

surgimento de certos movimentos, como odos Xaverianos, formados por pessoas daZambézia, e Chikwata, que é constituído nasua maioria por ndaus.

Mas também há esforços laudáveis paraincluir pessoas de outras regiões nascelebrações litúrgicas, introduzindo cânticosem línguas diferentes.

Também são frequentes casamentos entrepessoas de diferentes regiões, ultrapassandobarreiras étnicas.

26 de Junho de 2009

Orientadora: Irmã Fátima das Dores Fernandes

Tema: A Reconciliação, a Justiça e a Paz noPrograma Nacional de Pastoral e no Sínodo daBeira

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1. Pergunta

Como agentes de Pastoral, qual é o nosso empenhoconcreto nas nossas paróquias em prol daReconciliação, da Justiça e da Paz?

Respostas Devemos sensibilizar e fazer trabalhar sobretudo os

leigos em prol da reconciliação, da justiça e da paz. Deve ser feito um trabalho de consciencialização em

relação à dignidade da pessoa humana em geral. É necessário começarmos com a formação das

pessoas, na dimensão humana e religiosa. Uma área importante nesta formação é a da auto-

aceitação e da integração das pessoas, excluídasdevido ao HIV/SIDA, através da pastoral da família.

Nas nossas reflexões e trabalhos, é importante termospresentes os temas da reconciliação, da justiça e dapaz insistindo na formação e vivência destes grandesvalores.

Fazer uma autoavaliação tentando descobrir como éque nós mesmos vivemos a reconciliação nas nossascomunidades religiosas e paróquias.

Temos de parar com a competitividade nas paróquiase comunidades cristãs, como meio para promover areconciliação.

Preparar com responsabilidade as homilias paramelhor transmitir a mensagem de Cristo e nãotransferir os nossos próprios preconceitos esentimentos para os fiéis.

É necessária a presença de mediadores\as nasfamílias e nas comunidades para que os conflitosfiquem entre nós: “roupa suja lava-se em casa”.

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Deveria haver um acompanhamento dos casosjudiciais que surgem na comunidade cristã.

Formação de grupos de auto-consciência, como, porexemplo, grupos de promoção dos direitos dasmulheres.

Desenvolvimento da pastoral universitária compalestras de sensibilização sobre temas como aviolência doméstica, a corrupção, a paz, etc.

Propor sessões sobre a prática da cidadania,escolhendo como programa anual a prática dareconciliação, da justiça e da paz.

Promover projectos sociais, como a ampliação dosespaços disponíveis nas cadeias, que estãofrequentemente superlotadas, com grandes númerosde prisioneiros vivendo em condições infrahumanas.

Fomentar encontros de formação de líderes nestetema com presença e actuação da Comissão deJustiça e Paz. Tais encontros ajudam as pessoas atomar consciência da responsabilidade de todos napromoção e na vivência da reconciliação, da justiça eda paz.

Em algumas comunidades há grupos de pessoas(activistas) que se reúnem na primeira e na últimasemana do mês para a preparação de teatros sóciodramáticos, assim como para a. formação dascomunidades por agentes da Comissão Diocesana deJustiça e Paz.

Incentivar a intervenção da comissão de mediadoresnos conflitos familiares, de trabalho e sociais.

Formação para uma vivência harmoniosa nasfamílias e nas pequenas comunidades.

Realizar actividades com e em favor das viúvas,procurando a promoção da mulher e dos órfãos.

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Ajudar, em parceria com a Caritas, aosZimbabueanos que se deslocaram a Moçambique emcondições precárias.

2. Pergunta

Que impacto tem nos nossos fiéis o Programa Nacionalde Pastoral da reconciliação, da justiça e da paz e oPrimeiro Sínodo Diocesano da Beira?

Respostas Sentimos que o referido programa é pouco conhecido

a nível dos fiéis e das paróquias e que, portanto, odesafio é de fazê-lo conhecer. Ainda estamos àespera dos resultados e confirmações no que dizrespeito ao Sínodo da Beira.

O impacto é positivo no que tange os aspectos quesão trabalhados e desenhados no programa e onde acomissão exerce e actua. As pessoas começam aconhecer e a confiar na acção da Comissão da justiçae Paz.

Os fiéis se sentem mais seguros quando sãoconscientes de que o que procuram e pedem são osseus direitos e não simples favores.

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3. Pergunta

Que desafios nos impõem os tempos actuais na nossapastoral a respeito da Reconciliação, da Justiça e daPaz?

RespostasOs principais desafios são: Como conciliar os ministérios ordenados com a

pertença partidária. Enfrentar e resolver situações conflituais familiares e

tribais. Fomentar o conhecimento dos direitos humanos e sua

implementação. Trabalhar em prol da consolidação da democracia e

da sua implementação. Criar condições nas nossas comunidades para o

desenvolvimento dos pilares da convivência, que sãoa reconciliação, a justiça e paz.

Elaboração de uma legislação mais justa. Implementação dos ensinamentos da Igreja e das leis

do Estado na praxis diária. Maior compromisso para levar à prática toda a

formação que as lideranças recebem. Termos coragem de denunciar as injustiças que

acontecem em nossa volta. Criar e reforçar as equipas e comissões para a

promoção e a defesa dos direitos humanos. Lutar e ser a voz profética do povo para que se torne

realmente independente, capaz de satisfazer as suasnecessidades e não só de receber esmola.

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Oferecer à população esclarecimentos sobre as reaisintenções e os compromissos dos acordos de paz. Istoé necessário sobretudo em áreas rurais onde apopulação não está familiarizada com este tipo deassuntos.

Conhecer melhor a tradição e procurar evangelizarno seu contexto.

Formar pessoas capazes de ultrapassar o medo e deagir segundo as próprias convicções.

Comunhão entre as pessoas evangelizadas demaneira que sejam exemplos viventes para os outros.