REFLEXIVIDADE, COMUNICABILIDADE E COTIDIANO é · idade de eneontraml0S os \'úrios caminhos e suas...

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REFLEXIVIDADE, COMUNICABILIDADE E COTIDIANO ' Cíntia San Martin FERNANDES:' Resumo: O deste trabalho é apresentar um olhar hennen0utico sobre a trama sociológica contemporânea. O trabalho divide-se em quatro momentos: no primeiro momento. apresentamos o cotidiano como ferramenta para a compreensão sociológil.:a: num segundo momento. desemoh'emos o argumento de que o viver comunitário. enraizado na vida cotidiana. sustenta-se devido à potencialidade comunicativa da comunidade: num terceiro momento. discutimos atn1\'t:s de conceitos, como retlexi\'idade e comunidade. a possibilidade de olharmos com mais atenção para () mundo cotidiano. e nele compreender hermencuticamente os significados compartilhados que são as comlições de existência do "nós" (todo social): e, finalmente. num último momento. apresentamos a idéia de que esse "nós", que esse ser-cm-comum tem seu \igor no que denominamos de pulsação cotidiana onde a imagem e arte aparecem como símbolos deste e!all. Palan3s-chans: retlexividade. comunicabilidade. cotidiano. rt:xto originalmente apresentado no colóquio "Le JOllrnées dll CEAQ La Socialik p()SJnoderne'·. dirigido pelo Professor Doutor Michel Matlesoli. emiunho Sorhonne Paris V. França, , Doutora em Sociologia Política pela li FSC. Universidade Federal de Santa Catarina. em Bolsista CAPES com estágio de doutorado na Renné Decm1es. Paris V Sorbonne. em tendo como orientador o Prof. Dr, M ichel Matlesoli. . IlIll 21105 39 ....... - -

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REFLEXIVIDADE COMUNICABILIDADE E COTIDIANO

Ciacutentia San Martin FERNANDES

Resumo O o~jetivo deste trabalho eacute apresentar um olhar hennen0utico sobre

a trama socioloacutegica contemporacircnea O trabalho divide-se em quatro momentos

no primeiro momento apresentamos o cotidiano como ferramenta para a

compreensatildeo socioloacutegila num segundo momento desemohemos o argumento

de que o viver comunitaacuterio enraizado na vida cotidiana sustenta-se devido agrave

potencialidade comunicativa da comunidade num terceiro momento discutimos

atn1ts de conceitos como retlexiidade e comunidade a possibilidade de

olharmos com mais atenccedilatildeo para () mundo cotidiano e nele compreender

hermencuticamente os significados compartilhados que satildeo as comliccedilotildees de

existecircncia do noacutes (todo social) e finalmente num uacuteltimo momento

apresentamos a ideacuteia de que esse noacutes que esse ser-cm-comum tem seu igor

no que denominamos de pulsaccedilatildeo cotidiana onde a imagem e arte aparecem

como siacutembolos deste eall

Palan3s-chans retlexividade comunicabilidade cotidiano

rtxto originalmente apresentado no coloacutequio Le JOllrneacutees dll CEAQ La Socialik

p()SJnodernemiddot dirigido pelo Professor Doutor Michel Matlesoli emiunho ~003 Sorhonne Paris V Franccedila

Doutora em Sociologia Poliacutetica pela li FSC Universidade Federal de Santa Catarina em

~()05 Bolsista CAPES com estaacutegio de doutorado na Renneacute Decm1es Paris V Sorbonne

em ~003 tendo como orientador o Prof Dr M ichel Matlesoli

IlIll 21105 39

--------------------~ - shy

o Cotidiano como Possibilidade

o conjunto de indiviacuteduos que se encontram em busca de algo

comum de algo em que se identitiquem acabam por serem representados

enquanto comunidades Comunidades no sentido natildeo de retorno ao passado

idiacutelico em que todos viviacuteamos em paz uns com os outros mas C0l110 a

possihilidade de relacionamento direto com o real com o que pel1ence ao diashy

a-dia do indiviacuteduo (Paiva 1998 122)

Estamos nos referindo agraves histoacuterias reais do cotidiano onde os

indiviacuteduos vivem suas amhiguumlidades suas contingecircncias suas uumlagmentaccedilotildees entre

tantas outras coisas I neste vivercol11unitaacuterio que apoiamos nossa perspectiva

de que em bora a modernidade tenha construiacutedo todo um projeto dehruccedilado no

indiidualismo e na perspectiva de que o indidduo orientado pela rdlexagraveo

instrumental eacute o nuacutecleo fundamental da sociedade Na poacutes-modernidade

deparamos-nos com o indiviacuteduo orientado nagraveo apenas por esta mas que se

deixa conduzir pela atetividade pelo sentimento de pel1encer a Deparamo-nos

com o reencantamento da comunidade o desejo de estarjunto

( esse reencantamento o que nos une o que nos movimenta o que

t11Z com que estejamos frente um ao outro sem nos agredirmos demasiadamente

ou freneticamente O que nos leva a compreender o sentido da accedilatildeo do outro

ou dI um grupo O que nos faz sentir prazer fiacutesico sensitivo visual Ou seja huacute

jogos sociais que nos atraem e que nos seduzem o hastante para nos entreter

por dias meses deacutecadas nos ligando ao outro

O que 111Z com que eu indiviacuteduo s~ia ligado desligado religado

uacutes pruacuteticas slciais compartilhadas dentro de um grupo a uma determinada

manifestaccedilatildeo cultural eacute muito mais do que o respeito ltIs leis instrumentais Eacute a

busca para suprir o desejo de estar e ser reconhecido e de se identi ticar com

projetos comuns onde natildeo soacute a racionalidade mas tambeacutem a afetividade se faz

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presente

As teorias ahrangentes que nos ensinaram a pensar os prohlemas

sociais a partir de grandes conceitos de grandes categorias e de macroanaacutelises

natilde( I nos deixam de a ler () que quercmos apontar eacute que estas deixam escapar

a diwrsidack presente no icr social O iCr social se nos apresenta num diashy

a-dia cheio de amhiguidades amhiaI0ncias contingecircncias ditCren~as repleto

de Illoimcntosjustapostos intrapostos entrepostos superpostos que podem

ser lineares ()u ondulares intensos ou SlWCS e que estagraveo Lscondidos

suhtertugiados no que podemos chamar de -spa~os de rclaccedil()es primaacuterias

Desta forma () cotidiano se apres-nta ((Imo uma grande ferramenta

de trahalho para a soci(llogia ~-ste sentido poder rclletir a partir de categorias

pnsentes nas estCras mais primaacuterias da sociedade se torna um desalio para ()

pesquisador Desalio por romper com a tradiccedilatildeo de se pensar a sociedade alr~10s

da relaccedilatildeo simhiuacutetica entre superestrutura e estrutura Este olhar nos apresenta a

pl)Ssihi 1idade de eneontraml0S os uacuterios caminhos e suas tri lhas replews de ()L1ln IS

c1111 i11t( ) C h i111 SUlC i aI1lLntc I

uhIres C()1l111 lichel lartsol i ( 19R7 199~ 19972()() 1 ) gnes

Ileller ( 1998) De Ccrtau ( 19(4) e nu caso hrasi lein) Ios0 dl St llla lar ins

(2000 l c(lnduze-nos LI pensar () co id iano natildeo C0l110 () l11undo da l11eSI11 ice L LII

hanltl Iidade Illa-- COll1l) UI11 1l111l1d( l (mde huacute 111 ( 1 111 CI1( )S de ilum inaccediliiacuteo e de criaccedilJ( I

I a laquo()Iliepo i~iacute e~l~i preellte nu tuJ) finomnoluacutegilo dsue AlfreLl Shul

F~l1oll1~m)l()gia Dei 1undo Social Ilntrodullioacuten a la Sociologia COll1prenIacutea) Irad I duardo J Pitro PaiJuacutes Ruelloi ir 1972

~sk caso nos aproilllariamo da alirll1lccedil)o de 1a eber d~ qu~ a r~alidad~ oeial eacute

ll()tica inlinitarn~nt~ di era e complca L que nenhuma ci~llcia t~ria o podcr de c(llhec~shyla lO eu todo nl)o lnrna-e larfa Jo cientista )cial qahlec~r a ()rdnaccedil~io comprelluer ) ntido das accedilks ociacuteai a partir d um mduo racional que s alha UI um

rcort prLei() da realidadL

+1

onde reside a transllmaccedilagraveo do impossiacutevel em possiacuteCr Para lmins mesmo

na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e

criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo

conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)

Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele

illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca

de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim

(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o

outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na

ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo

sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se

alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir

de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll

l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as

culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras

de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo

ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn

a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)

Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll

cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo

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poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando

consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue

ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma

tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo

o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa

Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola

no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos

semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte

de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que

Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila

cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e

atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo

o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens

Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli

I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e

concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera

Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio

do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a

emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo

permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar

dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)

o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido

na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a

partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une

o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos

subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos

denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees

sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e

fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas

O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a

diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo

influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender

de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam

A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro

lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos

comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo

ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin

1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)

Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com

outros (Canclini 2000 18 19)

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o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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61

o Cotidiano como Possibilidade

o conjunto de indiviacuteduos que se encontram em busca de algo

comum de algo em que se identitiquem acabam por serem representados

enquanto comunidades Comunidades no sentido natildeo de retorno ao passado

idiacutelico em que todos viviacuteamos em paz uns com os outros mas C0l110 a

possihilidade de relacionamento direto com o real com o que pel1ence ao diashy

a-dia do indiviacuteduo (Paiva 1998 122)

Estamos nos referindo agraves histoacuterias reais do cotidiano onde os

indiviacuteduos vivem suas amhiguumlidades suas contingecircncias suas uumlagmentaccedilotildees entre

tantas outras coisas I neste vivercol11unitaacuterio que apoiamos nossa perspectiva

de que em bora a modernidade tenha construiacutedo todo um projeto dehruccedilado no

indiidualismo e na perspectiva de que o indidduo orientado pela rdlexagraveo

instrumental eacute o nuacutecleo fundamental da sociedade Na poacutes-modernidade

deparamos-nos com o indiviacuteduo orientado nagraveo apenas por esta mas que se

deixa conduzir pela atetividade pelo sentimento de pel1encer a Deparamo-nos

com o reencantamento da comunidade o desejo de estarjunto

( esse reencantamento o que nos une o que nos movimenta o que

t11Z com que estejamos frente um ao outro sem nos agredirmos demasiadamente

ou freneticamente O que nos leva a compreender o sentido da accedilatildeo do outro

ou dI um grupo O que nos faz sentir prazer fiacutesico sensitivo visual Ou seja huacute

jogos sociais que nos atraem e que nos seduzem o hastante para nos entreter

por dias meses deacutecadas nos ligando ao outro

O que 111Z com que eu indiviacuteduo s~ia ligado desligado religado

uacutes pruacuteticas slciais compartilhadas dentro de um grupo a uma determinada

manifestaccedilatildeo cultural eacute muito mais do que o respeito ltIs leis instrumentais Eacute a

busca para suprir o desejo de estar e ser reconhecido e de se identi ticar com

projetos comuns onde natildeo soacute a racionalidade mas tambeacutem a afetividade se faz

40

presente

As teorias ahrangentes que nos ensinaram a pensar os prohlemas

sociais a partir de grandes conceitos de grandes categorias e de macroanaacutelises

natilde( I nos deixam de a ler () que quercmos apontar eacute que estas deixam escapar

a diwrsidack presente no icr social O iCr social se nos apresenta num diashy

a-dia cheio de amhiguidades amhiaI0ncias contingecircncias ditCren~as repleto

de Illoimcntosjustapostos intrapostos entrepostos superpostos que podem

ser lineares ()u ondulares intensos ou SlWCS e que estagraveo Lscondidos

suhtertugiados no que podemos chamar de -spa~os de rclaccedil()es primaacuterias

Desta forma () cotidiano se apres-nta ((Imo uma grande ferramenta

de trahalho para a soci(llogia ~-ste sentido poder rclletir a partir de categorias

pnsentes nas estCras mais primaacuterias da sociedade se torna um desalio para ()

pesquisador Desalio por romper com a tradiccedilatildeo de se pensar a sociedade alr~10s

da relaccedilatildeo simhiuacutetica entre superestrutura e estrutura Este olhar nos apresenta a

pl)Ssihi 1idade de eneontraml0S os uacuterios caminhos e suas tri lhas replews de ()L1ln IS

c1111 i11t( ) C h i111 SUlC i aI1lLntc I

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hanltl Iidade Illa-- COll1l) UI11 1l111l1d( l (mde huacute 111 ( 1 111 CI1( )S de ilum inaccediliiacuteo e de criaccedilJ( I

I a laquo()Iliepo i~iacute e~l~i preellte nu tuJ) finomnoluacutegilo dsue AlfreLl Shul

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ll()tica inlinitarn~nt~ di era e complca L que nenhuma ci~llcia t~ria o podcr de c(llhec~shyla lO eu todo nl)o lnrna-e larfa Jo cientista )cial qahlec~r a ()rdnaccedil~io comprelluer ) ntido das accedilks ociacuteai a partir d um mduo racional que s alha UI um

rcort prLei() da realidadL

+1

onde reside a transllmaccedilagraveo do impossiacutevel em possiacuteCr Para lmins mesmo

na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e

criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo

conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)

Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele

illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca

de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim

(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o

outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na

ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo

sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se

alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir

de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll

l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as

culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras

de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo

ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn

a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)

Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll

cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo

42

poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando

consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue

ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma

tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo

o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa

Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola

no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos

semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte

de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que

Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila

cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e

atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo

o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens

Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli

I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e

concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera

Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio

do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a

emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo

permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar

dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)

o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido

na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a

partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une

o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos

subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos

denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees

sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e

fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas

O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a

diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo

influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender

de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam

A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro

lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos

comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo

ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin

1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)

Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com

outros (Canclini 2000 18 19)

44

o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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61

presente

As teorias ahrangentes que nos ensinaram a pensar os prohlemas

sociais a partir de grandes conceitos de grandes categorias e de macroanaacutelises

natilde( I nos deixam de a ler () que quercmos apontar eacute que estas deixam escapar

a diwrsidack presente no icr social O iCr social se nos apresenta num diashy

a-dia cheio de amhiguidades amhiaI0ncias contingecircncias ditCren~as repleto

de Illoimcntosjustapostos intrapostos entrepostos superpostos que podem

ser lineares ()u ondulares intensos ou SlWCS e que estagraveo Lscondidos

suhtertugiados no que podemos chamar de -spa~os de rclaccedil()es primaacuterias

Desta forma () cotidiano se apres-nta ((Imo uma grande ferramenta

de trahalho para a soci(llogia ~-ste sentido poder rclletir a partir de categorias

pnsentes nas estCras mais primaacuterias da sociedade se torna um desalio para ()

pesquisador Desalio por romper com a tradiccedilatildeo de se pensar a sociedade alr~10s

da relaccedilatildeo simhiuacutetica entre superestrutura e estrutura Este olhar nos apresenta a

pl)Ssihi 1idade de eneontraml0S os uacuterios caminhos e suas tri lhas replews de ()L1ln IS

c1111 i11t( ) C h i111 SUlC i aI1lLntc I

uhIres C()1l111 lichel lartsol i ( 19R7 199~ 19972()() 1 ) gnes

Ileller ( 1998) De Ccrtau ( 19(4) e nu caso hrasi lein) Ios0 dl St llla lar ins

(2000 l c(lnduze-nos LI pensar () co id iano natildeo C0l110 () l11undo da l11eSI11 ice L LII

hanltl Iidade Illa-- COll1l) UI11 1l111l1d( l (mde huacute 111 ( 1 111 CI1( )S de ilum inaccediliiacuteo e de criaccedilJ( I

I a laquo()Iliepo i~iacute e~l~i preellte nu tuJ) finomnoluacutegilo dsue AlfreLl Shul

F~l1oll1~m)l()gia Dei 1undo Social Ilntrodullioacuten a la Sociologia COll1prenIacutea) Irad I duardo J Pitro PaiJuacutes Ruelloi ir 1972

~sk caso nos aproilllariamo da alirll1lccedil)o de 1a eber d~ qu~ a r~alidad~ oeial eacute

ll()tica inlinitarn~nt~ di era e complca L que nenhuma ci~llcia t~ria o podcr de c(llhec~shyla lO eu todo nl)o lnrna-e larfa Jo cientista )cial qahlec~r a ()rdnaccedil~io comprelluer ) ntido das accedilks ociacuteai a partir d um mduo racional que s alha UI um

rcort prLei() da realidadL

+1

onde reside a transllmaccedilagraveo do impossiacutevel em possiacuteCr Para lmins mesmo

na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e

criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo

conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)

Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele

illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca

de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim

(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o

outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na

ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo

sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se

alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir

de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll

l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as

culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras

de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo

ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn

a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)

Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll

cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo

42

poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando

consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue

ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma

tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo

o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa

Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola

no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos

semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte

de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que

Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila

cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e

atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo

o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens

Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli

I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e

concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera

Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio

do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a

emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo

permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar

dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)

o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido

na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a

partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une

o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos

subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos

denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees

sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e

fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas

O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a

diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo

influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender

de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam

A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro

lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos

comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo

ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin

1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)

Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com

outros (Canclini 2000 18 19)

44

o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e

criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo

conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)

Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele

illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca

de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim

(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o

outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na

ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo

sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se

alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir

de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll

l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as

culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras

de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo

ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn

a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)

Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll

cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo

42

poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando

consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue

ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma

tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo

o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa

Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola

no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos

semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte

de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que

Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila

cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e

atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo

o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens

Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli

I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e

concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera

Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio

do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a

emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo

permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar

dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)

o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido

na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a

partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une

o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos

subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos

denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees

sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e

fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas

O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a

diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo

influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender

de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam

A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro

lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos

comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo

ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin

1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)

Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com

outros (Canclini 2000 18 19)

44

o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando

consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue

ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma

tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo

o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa

Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola

no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos

semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte

de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que

Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila

cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e

atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo

o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens

Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli

I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e

concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera

Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio

do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a

emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo

permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar

dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)

o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido

na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a

partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une

o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos

subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos

denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees

sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e

fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas

O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a

diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo

influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender

de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam

A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro

lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos

comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo

ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin

1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)

Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com

outros (Canclini 2000 18 19)

44

o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido

na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a

partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une

o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos

subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos

denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees

sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e

fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas

O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a

diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo

influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender

de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam

A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro

lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos

comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo

ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin

1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)

Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com

outros (Canclini 2000 18 19)

44

o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta

de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a

outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo

pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave

sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da

cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede

11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de

grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade

II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992

1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas

dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na

reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social

11I1l ~IIIacuteI 45

A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao

nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas

nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas

comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente

dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou

seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana

Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que

mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum

decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem

sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo

de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )

A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu

recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy

las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E

esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees

culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano

tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)

apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da

ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

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61

Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade

Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar

mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas

foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo

eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si

Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se

comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna

de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i

Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes

apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees

Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades

poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para

ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute

coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo

societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy

comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0

possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social

e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade

F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110

a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo

radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e

I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece

interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade

Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios

-1-7

sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

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sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos

comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e

accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma

nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas

perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos

encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos

pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde

inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das

estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas

por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu

exerciacutecio reflexivo cotidiano

Reflexividade e Comunidade

Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute

aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de

nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco

desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor

cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim

algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter

eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem

e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente

Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute

[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade

( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I

Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

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Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas

estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens

os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos

denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos

conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um

novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais

fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)

Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo

Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais

constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos

siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado

da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a

popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento

(1lt1sh1997 1(4)

Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura

popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim

estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da

cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas

de poder conhecimento do sistema

Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica

de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e

psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema

Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se

interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade

esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico

O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A

reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a

comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano

I 111l ~(III 49

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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SI IFfZ Alfred Fenomenologia Dei Mundo Social (Introduccioacuten a la

Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972

SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e

experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico

Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica

na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade

nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim

abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus

contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar

acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas

de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos

proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da

comunidade (Lash 1997 175)

O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano

e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo

as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes

leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica

cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou

espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de

ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes

para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos

Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em

nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os

indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento

c)l1lunIacutetuacuterios

Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann

() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como

uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem

na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais

Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX

que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros

casums

50

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico

Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica

na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que

causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos

tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada

Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela

estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos

responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que

estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos

comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos

Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que

administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo

em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la

A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia

ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto

moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram

esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo

o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em

nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico

projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome

da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a

possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador

A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade

poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo

como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas

foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e

signiticado para que continuassem existindo

Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram

com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido

social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que

AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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Referecircncias Bibliograacuteficas

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56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005

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_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos

Estudos Satildeo Paulo CEBRAP no47 1997a

Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais

Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b

Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

raciais no Brasil XXI Encontro daANPOCS Caxambu 1997c

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57

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no 11984

__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso

do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp

199

___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984

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58

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WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo

reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo

de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana

que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais

Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca

da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante

Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me

rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma

dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas

ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma

fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de

todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e

que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa

maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida

pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo

social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a

desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo

(Matlesoli 1995 115)

Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa

confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento

do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia

etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de

maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos

atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do

mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo

que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica

ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy

junto

Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005

~-___---------------shy

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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Induacutestria Cutural SP CIA NacionaL 1978

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BARBERO JM Dos Meios agraves Mediaccedilotildees comunicaccedilatildeo cultura e

hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1997

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Communication v43 112 1993

BAlJDRJLLARD Jean Tela Total mito-ironias da era do vil1ual e da imagem

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Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais

Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b

Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

raciais no Brasil XXI Encontro daANPOCS Caxambu 1997c

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57

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PetroacutepolisVozes 1998

Rl BIM AC O Olhar Esteacutetico na Comunicaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes 2000

SARLO Beatriz Cenas da Vida Poacutes-Moderna Rio de Janeiro Fd l TRJ

1997

SI IFfZ Alfred Fenomenologia Dei Mundo Social (Introduccioacuten a la

Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972

SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e

experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico

Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica

na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois

a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural

como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as

raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos

humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio

em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a

imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica

De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia

individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela

que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado

que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir

ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por

aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute

pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos

apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas

aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos

os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute

ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees

racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)

Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes

vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy

se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural

do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente

a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade

complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos

levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer

poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos

desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano

Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da

Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como

exemplo disto

bull IUI 2oo~ 53

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

----

Referecircncias Bibliograacuteficas

ADORNO T W e Horkheimer M A induacutestria Cultural o esclarecimento

como mitificaccedilatildeo das massas A dialeacutetica do Esclarecimento RJ Zahar 1985

A induacutestria cultural in Cohn Gabriel (org) Comunicaccedilatildeo e

Induacutestria Cutural SP CIA NacionaL 1978

_____ Conceito de Iluminismo CoI Os pensadores SP Nova

Cultural 1996

ARENDT Hannah A Condiccedilatildeo Humana RJForense Universitaacuteria 1993

_~___ ~_~ Entre o Passado e o Futuro SP Perspectiva 1972

AVRITZERL Diaacutelogo y Reflexividad acerca de la relacioacuten entre esfera

puacutehlica y medios de comunicacioacuten in Metapoliacutetica voU no 9 1999

BASTIDE Roger Arte e Sociedade Satildeo Paulo EDUSP 1971

BARBERO JM Dos Meios agraves Mediaccedilotildees comunicaccedilatildeo cultura e

hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1997

Latin America cultures in the communication media Journal of

Communication v43 112 1993

BAlJDRJLLARD Jean Tela Total mito-ironias da era do vil1ual e da imagem

Porto AlegreSulina 1997

BECK Ulrich O que eacuteGlobalizaccedilatildeo Satildeo Paulo Paz e Terra 1999

CANCLINL Neacutestor G Culturas Hiacutebridas Satildeo Paulo EDUSP 2000

CERTAU Michel de A Invenccedilatildeo do Cotidiano artes de fazer

PetroacutepolisVozes 1994

56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005

-----

-----

---

COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira

ln Tlse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org) Modernidade

Criacutetica e Modernidade Acriacutetica Florianoacutepolis Cidade Futura 2001

A Democracia e a Dinacircmica da Esfera Puacuteblica Satildeo Paulo

Lua Nova ndeg36 1995

_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos

Estudos Satildeo Paulo CEBRAP no47 1997a

Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais

Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b

Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

raciais no Brasil XXI Encontro daANPOCS Caxambu 1997c

CASTELLS M A Sociedade em Rede Satildeo Paulo Paz c Terra 1999

____o Materiais ()r na exploratory theor) ofthe network society The

British Journal ofSociolo~ 5 L nl IanuaryMarch p5-24 2000

DE FLEUR ML e Ball Rokeanch Teorias da Comunicaccedilatildeo de Massa

Rio de JaneiroZahar 1989

[)(JIlINGUES Joseacute M Criatividade Social Subjetividade Coletiva e a

modernidade brasileira contemporacircnea Rio de Janeiro Contra Capa

Livraria 1999

____ e Leonardo AvrIacutetzer (org) Teoria Social no Brasil Belo

Horizonte [d UFMCi 2000

ELIAS N Mozart Sociologia de um Gecircnio Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed

1995

57

FERNANDES Ciacutentia S Teoria Criacutetica ou Esfera Puacuteblica Discursiva a

dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de

mestrado Sociologia Poliacutetica-UFSC Florianoacutepolis 1998

FERNAacute NDES R RataeL Medios de Comunicacioacuten de Massas su inl1uencia

en la sociedad yen la cultura contemporacircneas Madrid Siglo XXI 1989

FRFJTAG B A Teoria Criacutetica Ontem e Hoje Satildeo Paulo Brasiliense 1990

(ilDDENS Antony Para Aleacutem da Direita e da Esquerda Satildeo Paulo

EdUNESP1996

~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP

1991

GUIMARAES M E Do Samba ao Rap a muacutesica negra no Brasil Tese de

doutorado IFCH-UNICAMP Campinas 1998

HABERV1AS J Modernidad un proyecto incompleto Punto de Vista

no 11984

__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso

do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp

199

___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984

Teoria de la Accioacuten Comunicativa Barcelona Peniacutensula 1987

______ Cma Conversa Sobre Questotildees da Teoria Poliacutetica Traduccedilatildeo

de rvlarcos Nobre e Seacutergio Costa Novos Estudos Satildeo Paulo CEBRAP 11047

1997

58

-----

-----

_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos

Estudos 11026 1990

Trecircs Modelos Normativos de Democracia Satildeo Paulo Lua

Nova nO36 1995

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DPampA lOOO

HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro

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Teoria de las Necessidades en Marx BarcelonaPeninsula

1978

______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991

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USP Satildeo Paulo 1995

ISll S A Rellexiidade e seus duplos estrutura esteacutetica cOl11uniuade ln A

(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo

e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo

t TNESP 1997

MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio

de Janeiro Record 200 I

_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto

Alegre Sulina 1997

~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995

________ O poder dos espaccedilos de representaccedilatildeo Rcista Tempo

Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994

59

_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria

1987

MARTINS JSouza A sociabilidade do Homem Simples Satildeo Paulo Hucitec

2000

MARZOCHI Samira O Sentido da Comunicaccedilatildeo o significado de ongs em

redes ektrocircnicas no contexto da cultura de massa e das organizaccedilotildees

internacionais Dissertaccedilatildeo de Mestrado fFCII-USICAMP Campinas 2000

MARX K e ENGELS F O Manifesto Comunista in LASKL H O Manitesto

Comunista de Marx e Engels Rio de Janeior Zahar 1978

--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968

MEU TCCI A Esfera Puacuteblica Y Democracia en La Era de La Informacioacuten

in Jletapoliacutetica 013 no 9 pg57-67 1999

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PetroacutepolisVozes 1998

Rl BIM AC O Olhar Esteacutetico na Comunicaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes 2000

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1997

SI IFfZ Alfred Fenomenologia Dei Mundo Social (Introduccioacuten a la

Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972

SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e

experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

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TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico

Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica

na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao

nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves

tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram

desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a

dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte

a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo

Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia

expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL

de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave

experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas

devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute

para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material

seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )

Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de

desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou

seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos

dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens

simples

Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema

em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se

enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy

se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida

cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial

e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente

suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos

de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se

relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade

54

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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Referecircncias Bibliograacuteficas

ADORNO T W e Horkheimer M A induacutestria Cultural o esclarecimento

como mitificaccedilatildeo das massas A dialeacutetica do Esclarecimento RJ Zahar 1985

A induacutestria cultural in Cohn Gabriel (org) Comunicaccedilatildeo e

Induacutestria Cutural SP CIA NacionaL 1978

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Cultural 1996

ARENDT Hannah A Condiccedilatildeo Humana RJForense Universitaacuteria 1993

_~___ ~_~ Entre o Passado e o Futuro SP Perspectiva 1972

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puacutehlica y medios de comunicacioacuten in Metapoliacutetica voU no 9 1999

BASTIDE Roger Arte e Sociedade Satildeo Paulo EDUSP 1971

BARBERO JM Dos Meios agraves Mediaccedilotildees comunicaccedilatildeo cultura e

hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1997

Latin America cultures in the communication media Journal of

Communication v43 112 1993

BAlJDRJLLARD Jean Tela Total mito-ironias da era do vil1ual e da imagem

Porto AlegreSulina 1997

BECK Ulrich O que eacuteGlobalizaccedilatildeo Satildeo Paulo Paz e Terra 1999

CANCLINL Neacutestor G Culturas Hiacutebridas Satildeo Paulo EDUSP 2000

CERTAU Michel de A Invenccedilatildeo do Cotidiano artes de fazer

PetroacutepolisVozes 1994

56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005

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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira

ln Tlse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org) Modernidade

Criacutetica e Modernidade Acriacutetica Florianoacutepolis Cidade Futura 2001

A Democracia e a Dinacircmica da Esfera Puacuteblica Satildeo Paulo

Lua Nova ndeg36 1995

_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos

Estudos Satildeo Paulo CEBRAP no47 1997a

Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais

Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b

Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

raciais no Brasil XXI Encontro daANPOCS Caxambu 1997c

CASTELLS M A Sociedade em Rede Satildeo Paulo Paz c Terra 1999

____o Materiais ()r na exploratory theor) ofthe network society The

British Journal ofSociolo~ 5 L nl IanuaryMarch p5-24 2000

DE FLEUR ML e Ball Rokeanch Teorias da Comunicaccedilatildeo de Massa

Rio de JaneiroZahar 1989

[)(JIlINGUES Joseacute M Criatividade Social Subjetividade Coletiva e a

modernidade brasileira contemporacircnea Rio de Janeiro Contra Capa

Livraria 1999

____ e Leonardo AvrIacutetzer (org) Teoria Social no Brasil Belo

Horizonte [d UFMCi 2000

ELIAS N Mozart Sociologia de um Gecircnio Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed

1995

57

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dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de

mestrado Sociologia Poliacutetica-UFSC Florianoacutepolis 1998

FERNAacute NDES R RataeL Medios de Comunicacioacuten de Massas su inl1uencia

en la sociedad yen la cultura contemporacircneas Madrid Siglo XXI 1989

FRFJTAG B A Teoria Criacutetica Ontem e Hoje Satildeo Paulo Brasiliense 1990

(ilDDENS Antony Para Aleacutem da Direita e da Esquerda Satildeo Paulo

EdUNESP1996

~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP

1991

GUIMARAES M E Do Samba ao Rap a muacutesica negra no Brasil Tese de

doutorado IFCH-UNICAMP Campinas 1998

HABERV1AS J Modernidad un proyecto incompleto Punto de Vista

no 11984

__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso

do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp

199

___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984

Teoria de la Accioacuten Comunicativa Barcelona Peniacutensula 1987

______ Cma Conversa Sobre Questotildees da Teoria Poliacutetica Traduccedilatildeo

de rvlarcos Nobre e Seacutergio Costa Novos Estudos Satildeo Paulo CEBRAP 11047

1997

58

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_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos

Estudos 11026 1990

Trecircs Modelos Normativos de Democracia Satildeo Paulo Lua

Nova nO36 1995

HALL S A Identidade Cultural na Poacutes-Modernidade Rio de Janeiro

DPampA lOOO

HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro

Ciilizaccedilatildeo Brasileira 1998

Teoria de las Necessidades en Marx BarcelonaPeninsula

1978

______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991

IKEDAA I Muacutesica Poliacutetica Imanecircncia do Social Tese de doutorado ECAshy

USP Satildeo Paulo 1995

ISll S A Rellexiidade e seus duplos estrutura esteacutetica cOl11uniuade ln A

(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo

e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo

t TNESP 1997

MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio

de Janeiro Record 200 I

_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto

Alegre Sulina 1997

~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995

________ O poder dos espaccedilos de representaccedilatildeo Rcista Tempo

Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994

59

_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria

1987

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2000

MARZOCHI Samira O Sentido da Comunicaccedilatildeo o significado de ongs em

redes ektrocircnicas no contexto da cultura de massa e das organizaccedilotildees

internacionais Dissertaccedilatildeo de Mestrado fFCII-USICAMP Campinas 2000

MARX K e ENGELS F O Manifesto Comunista in LASKL H O Manitesto

Comunista de Marx e Engels Rio de Janeior Zahar 1978

--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968

MEU TCCI A Esfera Puacuteblica Y Democracia en La Era de La Informacioacuten

in Jletapoliacutetica 013 no 9 pg57-67 1999

10RIN F e KERN R Terra-Paacutetria Porto Alegre Sulina 1995

PAIVA Raquel O Espiacuterito Comum comunidade miacutedia e globalismo

PetroacutepolisVozes 1998

Rl BIM AC O Olhar Esteacutetico na Comunicaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes 2000

SARLO Beatriz Cenas da Vida Poacutes-Moderna Rio de Janeiro Fd l TRJ

1997

SI IFfZ Alfred Fenomenologia Dei Mundo Social (Introduccioacuten a la

Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972

SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e

experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico

Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica

na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima

seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas

transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais

complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos

para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os

indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a

comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes

grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais

destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo

frente ao mundo

FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite

Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy

6 L Juno 2005

Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the

contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst

moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in

a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in

dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a

third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy

nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y

understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of

we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis

we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~

pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln

Key words ref1exibility communicability daily lite

SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55

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Referecircncias Bibliograacuteficas

ADORNO T W e Horkheimer M A induacutestria Cultural o esclarecimento

como mitificaccedilatildeo das massas A dialeacutetica do Esclarecimento RJ Zahar 1985

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PetroacutepolisVozes 1994

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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira

ln Tlse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org) Modernidade

Criacutetica e Modernidade Acriacutetica Florianoacutepolis Cidade Futura 2001

A Democracia e a Dinacircmica da Esfera Puacuteblica Satildeo Paulo

Lua Nova ndeg36 1995

_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos

Estudos Satildeo Paulo CEBRAP no47 1997a

Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais

Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b

Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

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1995

57

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no 11984

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199

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1997

58

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-----

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t TNESP 1997

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_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto

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~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995

________ O poder dos espaccedilos de representaccedilatildeo Rcista Tempo

Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994

59

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1987

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SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e

experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

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_~___ ~_~ Entre o Passado e o Futuro SP Perspectiva 1972

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puacutehlica y medios de comunicacioacuten in Metapoliacutetica voU no 9 1999

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hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1997

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Communication v43 112 1993

BAlJDRJLLARD Jean Tela Total mito-ironias da era do vil1ual e da imagem

Porto AlegreSulina 1997

BECK Ulrich O que eacuteGlobalizaccedilatildeo Satildeo Paulo Paz e Terra 1999

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CERTAU Michel de A Invenccedilatildeo do Cotidiano artes de fazer

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56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005

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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira

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Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

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Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

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modernidade brasileira contemporacircnea Rio de Janeiro Contra Capa

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1995

57

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dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de

mestrado Sociologia Poliacutetica-UFSC Florianoacutepolis 1998

FERNAacute NDES R RataeL Medios de Comunicacioacuten de Massas su inl1uencia

en la sociedad yen la cultura contemporacircneas Madrid Siglo XXI 1989

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HABERV1AS J Modernidad un proyecto incompleto Punto de Vista

no 11984

__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso

do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp

199

___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984

Teoria de la Accioacuten Comunicativa Barcelona Peniacutensula 1987

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1997

58

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_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos

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Trecircs Modelos Normativos de Democracia Satildeo Paulo Lua

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DPampA lOOO

HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro

Ciilizaccedilatildeo Brasileira 1998

Teoria de las Necessidades en Marx BarcelonaPeninsula

1978

______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991

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USP Satildeo Paulo 1995

ISll S A Rellexiidade e seus duplos estrutura esteacutetica cOl11uniuade ln A

(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo

e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo

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Alegre Sulina 1997

~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995

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Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994

59

_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria

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MARZOCHI Samira O Sentido da Comunicaccedilatildeo o significado de ongs em

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--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968

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experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

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Pioneira 1967

61

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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira

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Criacutetica e Modernidade Acriacutetica Florianoacutepolis Cidade Futura 2001

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Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo

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Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b

Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees

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[)(JIlINGUES Joseacute M Criatividade Social Subjetividade Coletiva e a

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1995

57

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FERNAacute NDES R RataeL Medios de Comunicacioacuten de Massas su inl1uencia

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~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP

1991

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no 11984

__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso

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199

___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984

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58

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1978

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lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

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Pioneira 1967

61

FERNANDES Ciacutentia S Teoria Criacutetica ou Esfera Puacuteblica Discursiva a

dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de

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~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP

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GUIMARAES M E Do Samba ao Rap a muacutesica negra no Brasil Tese de

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HABERV1AS J Modernidad un proyecto incompleto Punto de Vista

no 11984

__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso

do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp

199

___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984

Teoria de la Accioacuten Comunicativa Barcelona Peniacutensula 1987

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de rvlarcos Nobre e Seacutergio Costa Novos Estudos Satildeo Paulo CEBRAP 11047

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58

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de Janeiro Record 200 I

_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto

Alegre Sulina 1997

~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995

________ O poder dos espaccedilos de representaccedilatildeo Rcista Tempo

Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994

59

_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria

1987

MARTINS JSouza A sociabilidade do Homem Simples Satildeo Paulo Hucitec

2000

MARZOCHI Samira O Sentido da Comunicaccedilatildeo o significado de ongs em

redes ektrocircnicas no contexto da cultura de massa e das organizaccedilotildees

internacionais Dissertaccedilatildeo de Mestrado fFCII-USICAMP Campinas 2000

MARX K e ENGELS F O Manifesto Comunista in LASKL H O Manitesto

Comunista de Marx e Engels Rio de Janeior Zahar 1978

--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968

MEU TCCI A Esfera Puacuteblica Y Democracia en La Era de La Informacioacuten

in Jletapoliacutetica 013 no 9 pg57-67 1999

10RIN F e KERN R Terra-Paacutetria Porto Alegre Sulina 1995

PAIVA Raquel O Espiacuterito Comum comunidade miacutedia e globalismo

PetroacutepolisVozes 1998

Rl BIM AC O Olhar Esteacutetico na Comunicaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes 2000

SARLO Beatriz Cenas da Vida Poacutes-Moderna Rio de Janeiro Fd l TRJ

1997

SI IFfZ Alfred Fenomenologia Dei Mundo Social (Introduccioacuten a la

Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972

SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e

experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998

60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)

lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico

Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica

na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria

Pioneira 1967

61

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_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos

Estudos 11026 1990

Trecircs Modelos Normativos de Democracia Satildeo Paulo Lua

Nova nO36 1995

HALL S A Identidade Cultural na Poacutes-Modernidade Rio de Janeiro

DPampA lOOO

HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro

Ciilizaccedilatildeo Brasileira 1998

Teoria de las Necessidades en Marx BarcelonaPeninsula

1978

______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991

IKEDAA I Muacutesica Poliacutetica Imanecircncia do Social Tese de doutorado ECAshy

USP Satildeo Paulo 1995

ISll S A Rellexiidade e seus duplos estrutura esteacutetica cOl11uniuade ln A

(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo

e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo

t TNESP 1997

MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio

de Janeiro Record 200 I

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Alegre Sulina 1997

~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995

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Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994

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1987

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2000

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--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968

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PetroacutepolisVozes 1998

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1997

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Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972

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60

SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e

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lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001

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Fondo de Cultura Econoacutemica 1993

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na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995

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Pioneira 1967

61

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1987

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2000

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Pioneira 1967

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