REFLEXIVIDADE, COMUNICABILIDADE E COTIDIANO é · idade de eneontraml0S os \'úrios caminhos e suas...
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REFLEXIVIDADE COMUNICABILIDADE E COTIDIANO
Ciacutentia San Martin FERNANDES
Resumo O o~jetivo deste trabalho eacute apresentar um olhar hennen0utico sobre
a trama socioloacutegica contemporacircnea O trabalho divide-se em quatro momentos
no primeiro momento apresentamos o cotidiano como ferramenta para a
compreensatildeo socioloacutegila num segundo momento desemohemos o argumento
de que o viver comunitaacuterio enraizado na vida cotidiana sustenta-se devido agrave
potencialidade comunicativa da comunidade num terceiro momento discutimos
atn1ts de conceitos como retlexiidade e comunidade a possibilidade de
olharmos com mais atenccedilatildeo para () mundo cotidiano e nele compreender
hermencuticamente os significados compartilhados que satildeo as comliccedilotildees de
existecircncia do noacutes (todo social) e finalmente num uacuteltimo momento
apresentamos a ideacuteia de que esse noacutes que esse ser-cm-comum tem seu igor
no que denominamos de pulsaccedilatildeo cotidiana onde a imagem e arte aparecem
como siacutembolos deste eall
Palan3s-chans retlexividade comunicabilidade cotidiano
rtxto originalmente apresentado no coloacutequio Le JOllrneacutees dll CEAQ La Socialik
p()SJnodernemiddot dirigido pelo Professor Doutor Michel Matlesoli emiunho ~003 Sorhonne Paris V Franccedila
Doutora em Sociologia Poliacutetica pela li FSC Universidade Federal de Santa Catarina em
~()05 Bolsista CAPES com estaacutegio de doutorado na Renneacute Decm1es Paris V Sorbonne
em ~003 tendo como orientador o Prof Dr M ichel Matlesoli
IlIll 21105 39
--------------------~ - shy
o Cotidiano como Possibilidade
o conjunto de indiviacuteduos que se encontram em busca de algo
comum de algo em que se identitiquem acabam por serem representados
enquanto comunidades Comunidades no sentido natildeo de retorno ao passado
idiacutelico em que todos viviacuteamos em paz uns com os outros mas C0l110 a
possihilidade de relacionamento direto com o real com o que pel1ence ao diashy
a-dia do indiviacuteduo (Paiva 1998 122)
Estamos nos referindo agraves histoacuterias reais do cotidiano onde os
indiviacuteduos vivem suas amhiguumlidades suas contingecircncias suas uumlagmentaccedilotildees entre
tantas outras coisas I neste vivercol11unitaacuterio que apoiamos nossa perspectiva
de que em bora a modernidade tenha construiacutedo todo um projeto dehruccedilado no
indiidualismo e na perspectiva de que o indidduo orientado pela rdlexagraveo
instrumental eacute o nuacutecleo fundamental da sociedade Na poacutes-modernidade
deparamos-nos com o indiviacuteduo orientado nagraveo apenas por esta mas que se
deixa conduzir pela atetividade pelo sentimento de pel1encer a Deparamo-nos
com o reencantamento da comunidade o desejo de estarjunto
( esse reencantamento o que nos une o que nos movimenta o que
t11Z com que estejamos frente um ao outro sem nos agredirmos demasiadamente
ou freneticamente O que nos leva a compreender o sentido da accedilatildeo do outro
ou dI um grupo O que nos faz sentir prazer fiacutesico sensitivo visual Ou seja huacute
jogos sociais que nos atraem e que nos seduzem o hastante para nos entreter
por dias meses deacutecadas nos ligando ao outro
O que 111Z com que eu indiviacuteduo s~ia ligado desligado religado
uacutes pruacuteticas slciais compartilhadas dentro de um grupo a uma determinada
manifestaccedilatildeo cultural eacute muito mais do que o respeito ltIs leis instrumentais Eacute a
busca para suprir o desejo de estar e ser reconhecido e de se identi ticar com
projetos comuns onde natildeo soacute a racionalidade mas tambeacutem a afetividade se faz
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presente
As teorias ahrangentes que nos ensinaram a pensar os prohlemas
sociais a partir de grandes conceitos de grandes categorias e de macroanaacutelises
natilde( I nos deixam de a ler () que quercmos apontar eacute que estas deixam escapar
a diwrsidack presente no icr social O iCr social se nos apresenta num diashy
a-dia cheio de amhiguidades amhiaI0ncias contingecircncias ditCren~as repleto
de Illoimcntosjustapostos intrapostos entrepostos superpostos que podem
ser lineares ()u ondulares intensos ou SlWCS e que estagraveo Lscondidos
suhtertugiados no que podemos chamar de -spa~os de rclaccedil()es primaacuterias
Desta forma () cotidiano se apres-nta ((Imo uma grande ferramenta
de trahalho para a soci(llogia ~-ste sentido poder rclletir a partir de categorias
pnsentes nas estCras mais primaacuterias da sociedade se torna um desalio para ()
pesquisador Desalio por romper com a tradiccedilatildeo de se pensar a sociedade alr~10s
da relaccedilatildeo simhiuacutetica entre superestrutura e estrutura Este olhar nos apresenta a
pl)Ssihi 1idade de eneontraml0S os uacuterios caminhos e suas tri lhas replews de ()L1ln IS
c1111 i11t( ) C h i111 SUlC i aI1lLntc I
uhIres C()1l111 lichel lartsol i ( 19R7 199~ 19972()() 1 ) gnes
Ileller ( 1998) De Ccrtau ( 19(4) e nu caso hrasi lein) Ios0 dl St llla lar ins
(2000 l c(lnduze-nos LI pensar () co id iano natildeo C0l110 () l11undo da l11eSI11 ice L LII
hanltl Iidade Illa-- COll1l) UI11 1l111l1d( l (mde huacute 111 ( 1 111 CI1( )S de ilum inaccediliiacuteo e de criaccedilJ( I
I a laquo()Iliepo i~iacute e~l~i preellte nu tuJ) finomnoluacutegilo dsue AlfreLl Shul
F~l1oll1~m)l()gia Dei 1undo Social Ilntrodullioacuten a la Sociologia COll1prenIacutea) Irad I duardo J Pitro PaiJuacutes Ruelloi ir 1972
~sk caso nos aproilllariamo da alirll1lccedil)o de 1a eber d~ qu~ a r~alidad~ oeial eacute
ll()tica inlinitarn~nt~ di era e complca L que nenhuma ci~llcia t~ria o podcr de c(llhec~shyla lO eu todo nl)o lnrna-e larfa Jo cientista )cial qahlec~r a ()rdnaccedil~io comprelluer ) ntido das accedilks ociacuteai a partir d um mduo racional que s alha UI um
rcort prLei() da realidadL
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onde reside a transllmaccedilagraveo do impossiacutevel em possiacuteCr Para lmins mesmo
na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e
criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo
conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)
Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele
illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca
de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim
(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o
outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na
ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo
sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se
alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir
de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll
l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as
culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras
de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo
ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn
a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)
Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll
cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo
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poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando
consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue
ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma
tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo
o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa
Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola
no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos
semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte
de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que
Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila
cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e
atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo
o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens
Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli
I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e
concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera
Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio
do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a
emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo
permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar
dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)
o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido
na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a
partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une
o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos
subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos
denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees
sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e
fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas
O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a
diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo
influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender
de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam
A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro
lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos
comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo
ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin
1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)
Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com
outros (Canclini 2000 18 19)
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o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
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sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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61
o Cotidiano como Possibilidade
o conjunto de indiviacuteduos que se encontram em busca de algo
comum de algo em que se identitiquem acabam por serem representados
enquanto comunidades Comunidades no sentido natildeo de retorno ao passado
idiacutelico em que todos viviacuteamos em paz uns com os outros mas C0l110 a
possihilidade de relacionamento direto com o real com o que pel1ence ao diashy
a-dia do indiviacuteduo (Paiva 1998 122)
Estamos nos referindo agraves histoacuterias reais do cotidiano onde os
indiviacuteduos vivem suas amhiguumlidades suas contingecircncias suas uumlagmentaccedilotildees entre
tantas outras coisas I neste vivercol11unitaacuterio que apoiamos nossa perspectiva
de que em bora a modernidade tenha construiacutedo todo um projeto dehruccedilado no
indiidualismo e na perspectiva de que o indidduo orientado pela rdlexagraveo
instrumental eacute o nuacutecleo fundamental da sociedade Na poacutes-modernidade
deparamos-nos com o indiviacuteduo orientado nagraveo apenas por esta mas que se
deixa conduzir pela atetividade pelo sentimento de pel1encer a Deparamo-nos
com o reencantamento da comunidade o desejo de estarjunto
( esse reencantamento o que nos une o que nos movimenta o que
t11Z com que estejamos frente um ao outro sem nos agredirmos demasiadamente
ou freneticamente O que nos leva a compreender o sentido da accedilatildeo do outro
ou dI um grupo O que nos faz sentir prazer fiacutesico sensitivo visual Ou seja huacute
jogos sociais que nos atraem e que nos seduzem o hastante para nos entreter
por dias meses deacutecadas nos ligando ao outro
O que 111Z com que eu indiviacuteduo s~ia ligado desligado religado
uacutes pruacuteticas slciais compartilhadas dentro de um grupo a uma determinada
manifestaccedilatildeo cultural eacute muito mais do que o respeito ltIs leis instrumentais Eacute a
busca para suprir o desejo de estar e ser reconhecido e de se identi ticar com
projetos comuns onde natildeo soacute a racionalidade mas tambeacutem a afetividade se faz
40
presente
As teorias ahrangentes que nos ensinaram a pensar os prohlemas
sociais a partir de grandes conceitos de grandes categorias e de macroanaacutelises
natilde( I nos deixam de a ler () que quercmos apontar eacute que estas deixam escapar
a diwrsidack presente no icr social O iCr social se nos apresenta num diashy
a-dia cheio de amhiguidades amhiaI0ncias contingecircncias ditCren~as repleto
de Illoimcntosjustapostos intrapostos entrepostos superpostos que podem
ser lineares ()u ondulares intensos ou SlWCS e que estagraveo Lscondidos
suhtertugiados no que podemos chamar de -spa~os de rclaccedil()es primaacuterias
Desta forma () cotidiano se apres-nta ((Imo uma grande ferramenta
de trahalho para a soci(llogia ~-ste sentido poder rclletir a partir de categorias
pnsentes nas estCras mais primaacuterias da sociedade se torna um desalio para ()
pesquisador Desalio por romper com a tradiccedilatildeo de se pensar a sociedade alr~10s
da relaccedilatildeo simhiuacutetica entre superestrutura e estrutura Este olhar nos apresenta a
pl)Ssihi 1idade de eneontraml0S os uacuterios caminhos e suas tri lhas replews de ()L1ln IS
c1111 i11t( ) C h i111 SUlC i aI1lLntc I
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hanltl Iidade Illa-- COll1l) UI11 1l111l1d( l (mde huacute 111 ( 1 111 CI1( )S de ilum inaccediliiacuteo e de criaccedilJ( I
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~sk caso nos aproilllariamo da alirll1lccedil)o de 1a eber d~ qu~ a r~alidad~ oeial eacute
ll()tica inlinitarn~nt~ di era e complca L que nenhuma ci~llcia t~ria o podcr de c(llhec~shyla lO eu todo nl)o lnrna-e larfa Jo cientista )cial qahlec~r a ()rdnaccedil~io comprelluer ) ntido das accedilks ociacuteai a partir d um mduo racional que s alha UI um
rcort prLei() da realidadL
+1
onde reside a transllmaccedilagraveo do impossiacutevel em possiacuteCr Para lmins mesmo
na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e
criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo
conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)
Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele
illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca
de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim
(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o
outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na
ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo
sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se
alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir
de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll
l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as
culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras
de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo
ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn
a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)
Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll
cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo
42
poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando
consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue
ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma
tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo
o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa
Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola
no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos
semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte
de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que
Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila
cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e
atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo
o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens
Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli
I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e
concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera
Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio
do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a
emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo
permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar
dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)
o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido
na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a
partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une
o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos
subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos
denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees
sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e
fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas
O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a
diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo
influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender
de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam
A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro
lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos
comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo
ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin
1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)
Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com
outros (Canclini 2000 18 19)
44
o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
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presente
As teorias ahrangentes que nos ensinaram a pensar os prohlemas
sociais a partir de grandes conceitos de grandes categorias e de macroanaacutelises
natilde( I nos deixam de a ler () que quercmos apontar eacute que estas deixam escapar
a diwrsidack presente no icr social O iCr social se nos apresenta num diashy
a-dia cheio de amhiguidades amhiaI0ncias contingecircncias ditCren~as repleto
de Illoimcntosjustapostos intrapostos entrepostos superpostos que podem
ser lineares ()u ondulares intensos ou SlWCS e que estagraveo Lscondidos
suhtertugiados no que podemos chamar de -spa~os de rclaccedil()es primaacuterias
Desta forma () cotidiano se apres-nta ((Imo uma grande ferramenta
de trahalho para a soci(llogia ~-ste sentido poder rclletir a partir de categorias
pnsentes nas estCras mais primaacuterias da sociedade se torna um desalio para ()
pesquisador Desalio por romper com a tradiccedilatildeo de se pensar a sociedade alr~10s
da relaccedilatildeo simhiuacutetica entre superestrutura e estrutura Este olhar nos apresenta a
pl)Ssihi 1idade de eneontraml0S os uacuterios caminhos e suas tri lhas replews de ()L1ln IS
c1111 i11t( ) C h i111 SUlC i aI1lLntc I
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hanltl Iidade Illa-- COll1l) UI11 1l111l1d( l (mde huacute 111 ( 1 111 CI1( )S de ilum inaccediliiacuteo e de criaccedilJ( I
I a laquo()Iliepo i~iacute e~l~i preellte nu tuJ) finomnoluacutegilo dsue AlfreLl Shul
F~l1oll1~m)l()gia Dei 1undo Social Ilntrodullioacuten a la Sociologia COll1prenIacutea) Irad I duardo J Pitro PaiJuacutes Ruelloi ir 1972
~sk caso nos aproilllariamo da alirll1lccedil)o de 1a eber d~ qu~ a r~alidad~ oeial eacute
ll()tica inlinitarn~nt~ di era e complca L que nenhuma ci~llcia t~ria o podcr de c(llhec~shyla lO eu todo nl)o lnrna-e larfa Jo cientista )cial qahlec~r a ()rdnaccedil~io comprelluer ) ntido das accedilks ociacuteai a partir d um mduo racional que s alha UI um
rcort prLei() da realidadL
+1
onde reside a transllmaccedilagraveo do impossiacutevel em possiacuteCr Para lmins mesmo
na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e
criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo
conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)
Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele
illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca
de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim
(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o
outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na
ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo
sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se
alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir
de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll
l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as
culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras
de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo
ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn
a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)
Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll
cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo
42
poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando
consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue
ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma
tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo
o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa
Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola
no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos
semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte
de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que
Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila
cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e
atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo
o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens
Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli
I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e
concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera
Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio
do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a
emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo
permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar
dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)
o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido
na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a
partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une
o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos
subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos
denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees
sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e
fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas
O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a
diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo
influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender
de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam
A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro
lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos
comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo
ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin
1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)
Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com
outros (Canclini 2000 18 19)
44
o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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na rotina alienadora da tYlbrica e da produccedilatildeo huacute momentos de iluminaccedilatildeo e
criaccedilatildeo di invasatildeo do cotidiano i do senso comum pda nalidade e pelo
conhecimento que reolucionam o cotidiano (Mm1ins 2000(2)
Nestes termos o indiiacuteduo ao qual nos rdcrimos nagraveo eacute mais aquele
illtliYiacuteJUl) da modernidade (que surge no e atras do contrato social cm busca
de perpetuar sua tixaccedilagraveo num espaccedilo e tempo racionalmente definidos) mas sim
(l indiiacuteduo que se constitui atran-s di muacuteltiplas situaccedilotildees e relaccedilotildees com o
outro i com o mundo Ou seja o indiiacuteduo que forma o seu ser nagraveo na
ahstratiidade racional mas na ida social no cotidiano numa busca nagraveo pelo
sonho da lixaccedilagrave(llllaS sim pelo desejo de algo que esta aleacutem () indiIacuteduo que se
alnscma tk li lrtl1eacutel alll bialentc e c))ltingente ()ue estahbe seu lugar li partir
de sua relaccedilatildeo com ()~ campos aos quais perlLnce socialmcntc e culturalmenll
l 111 indi iacuteduo que ie num tcmpo em LjU llS contrlrins se aliam llllk as
culturas se interpenetram e suas diersas temporal idllks contaminam as maneiras
de ser c de pensar (1aksoli 1995 1Hn l 111 indiiacuteduo lJu Iacuten num mundo
ilhl il)tidiana ~egllndn fklkr representa ii ida de tndo dia a ida dlllHgtl11em inleacuteirn
a ida heterngnea ( nela que adquirimos habi I idades e que as desel1 ohemn~ atra 0 dl) difertntoacute grupll~ d(ls quais participal1l()s f a ida lotidiana que tlttuacute lU uacutentro dn aClllleacutecilllcntu histllrico pllis a histoacuteria 0 feita da cotidianidadc ( eacute neqe plano da ida lPtilklll1 llle () i Illliacute idup eacute selllpre UIll ser particular e UIll ser 1Lneacuterico onde ii unidade p()siacute LI enlrL ~l partkularidade e gentriacutecidade 0 mera ltl1d0ncia Illlra possihilidade ilnde gt quc illllera 0 a cpontaneidade e o pragmatismo onde e instala a tranSI(lrIllaccedil~l() d(l impoiL1 em pl)iel (Helkr 19(8)
Segundo 1artins () senso comum 0 comum natilden porque seja hanal ou melgt L ettrilll
cllnlllc i J1Hnto las porq ue 0 conhec i ll1entn cnmparti I hado entre lIS ui ei to de lima re laccediliill ~ocial da ) ltignilicado a precedI pois ~ clH1diccedilagraven dI seu estabdecimenhgt c ocorr0nlia Scm igni1icadn c)mpartiacutelhadu natildeo huacute interaccedilatildeo Ieacutem diss1 n10 hl pnihilidade de que n participantes da interaccediluumlo se imponham significadosjuacute que () ignificado eacute reCiplllCltllllenle c-pcrilllentadu pelu sujeitos i signilicaccedilagraveu da accedilltl eacute de Icr1gt modo
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poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando
consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue
ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma
tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo
o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa
Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola
no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos
semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte
de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que
Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila
cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e
atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo
o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens
Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli
I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e
concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera
Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio
do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a
emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo
permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar
dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)
o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido
na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a
partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une
o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos
subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos
denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees
sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e
fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas
O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a
diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo
influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender
de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam
A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro
lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos
comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo
ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin
1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)
Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com
outros (Canclini 2000 18 19)
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o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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poacutes-moderno- E que nesse viver vai se re-conhecendo e se re-encontrando
consigo mesmo e com os outros num movimento motor-continuo E assim segue
ora se indentiticando com um grupo ora com outro Ora tagravezendo parte de uma
tribo ora de outra Seria entatildeo a tribalizaccedilatilde08 do mundo
o her Comunitaacuterio e a Potencialidade Comunicativa
Algum dia nagraveo fizemos parte de uma tribo S~iacutea na tiJmiacutelia na escola
no grupo do bairro nos bares que adotamos nos centros culturais que visitamos
semanalmente nos programas que assistimos nas roupas que vestimos no corte
de cahelo na pintura corporaL nos pingentes que usamos na livraria que
Irequentamos nos cales em que nos encontramos no jogo de damas na praccedila
cotidianamente estamos nos re-encontrando e nos re-afinnando com o nutro e
atraveacutes dele O sentido buscado nesses lugares pode nagraveo ser claro para o indiviacuteduo
o ternpo todo poreacutem ele se relaciona todo tempo COI11 essas imagens
Flamo aqui 1I1iliandn n clnceitn dI poacutes-modernidade apnslntado por latTesnli
I qq l considerando Iste momento Clllno tlndo por parI iccedilularidade a pnssi ri idade dI reencantamlnto do mundo onde o imaginaacuterio o ~imboacutel ico o oniacuterico o festi o satildeo alguns dos paragravemetros que I11llhor o exprimlm Trata-se de uma eacutepoca em que se com i e
concomitantemente com o arcaiacutesmo c o desellohimel1to tecnoloacutegico E essa sinergia de aliar os contraacuterio~ eacute que duacute (1 seu tom longe da linearidade da ideacuteia de progresso da modernidade e cada ez mais proacutexima da ideacuteia de uma colcha de retalhos onde o sincretismo impera
Este termo IrihafilIlo foi utilizado por M Maffesoli em seu estudo a respeito do decliacutenio
do indiidualismo nas sociedades de massas neste fim de seacuteculo Este estudo apontou a
emergecircncia de miacutecrogrupos que dcnol1linou tribos Para o autor a metaacutefora da tribo
permite dar conta do processo de desindiidualizaccedilatildeo da saturaccedilatildeo da funccedilatildeo que lhe eacute inerente c da nloriaccedilo do papel que cada pessoa (jienolu) eacute chamada a represlntar
dentro dela Claro e~tuacute que como as massas em permanente agitaccedilatildeo as tribos que nelas se cristalizam tampouco s10 estuacute eis As pessoas que compotildeem essas tribos podem eoluir de uma para outra (M Maffesoli 1987 9)
o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido
na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a
partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une
o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos
subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos
denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees
sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e
fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas
O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a
diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo
influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender
de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam
A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro
lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos
comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo
ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin
1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)
Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com
outros (Canclini 2000 18 19)
44
o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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o importante eacute sabeml0s que se ele se relaciona eacute porque vecirc sentido
na coisa Atribui significado ao seu comportamento Constroacutei com o outro e a
partir do outro um devir cotidiano O comum entre eu e o outro o que nos une
o que nos aproxima em interesses muacuteltiplos (racionais emocionais objetivos
subjetivos) eacute o que daacute sentido agrave nossa existecircncia social eacute o que podemos
denomi nar de cultura Entendemos por cultura o conjunto das praacuteticas e relaccedilotildees
sociais e simboacutelicas de uma detemlinada sociedade Ela eacute dinacircmica hiacutebrida e
fluiacuteda o que significa que natildeo existem culturas puras intocadas e isoladas
O que nos interessa neste ponto eacute justamente a hibridez9 e a
diversidade cultural Tentar compreender o quanto esta diversidade e hibridismo
influenciam na possibilidade de transfoacutemlaccedilagraveo da vida cotidiana Compreender
de que ttml1a se datildeo as fusotildees culturais e no que resultam
A hipoacutetese eacute a de que para hiwer a fusatildeo eacute preciso em primeiro
lugar ocorrer comunicaccedilatildeo Neste caso aludimos ao fato de que nos
comunicamos com nossa proacutepria cultura e com diversas culturas numa relaccedilatildeo
ddcnsi a e oICnsiva atraveacutes de redes sociais e redes de inftmnaccedilatildeo (lorin
1995 Castells 2000 fmiddotvlelucci 1(99)
Canclini nos apresenta algumas hipoacuteteses em seu trabalho que nos conduzem a refletir sobre as mesmas em nossa realidade social brasileira Uma hipoacutelecircse eacute a de que a incerteza 1111 rdaccedilj() ao ~Intid(l e eacutell1 alor da modernidade deriva nagraveo apena do qUI separa naccedilotildees etnia~ e c1altses mas tamh~m dos cru7amentos socioculturais 1111 que o tradicional I n nwderno e misturam Outra hipoacutetese importante para nosso trabalho eacute a de que os estudos transdiscipliacutenares nos auxiliam no entendimento sobre os circuitos hiacutebridos onde a explicaccedilagraveo de porque coexistem culturas eacutetnicas e novas tecnologias formas de produccedilagraveo artesanal e industrial pode iluminar processos poliacuteticos por exemplo as razotildees pelas quais tanto as camadas populares quanto as elites combinam a demoeracia moderna com relaccedilocirces arcaicas de p)der Encontramos no estudo da heterogeneidade culturalumltl das ias para explicar os poderes obliacutequos que misturam instituiccedilotildees liberais e haacutebitos autoritaacuterios 1110 imentos sociais democraacuteticos e regimes paternalistas e as transaccedilocirces dI uns com
outros (Canclini 2000 18 19)
44
o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria
Pioneira 1967
61
o indiviacuteduo ou o gmpo movimenta-se atraveacutes de uma teia repleta
de significados e significantes atraveacutes de uma rede lo que pode conectaacute-lo a
outros indiviacuteduos e grupos E assim nagraveo somente o grupo mas o individuo
pode construir sua proacutepria trajetoacuteria sua proacutepria trilha social e cultural tendo agrave
sua imiddotente um tecido social repleto de possibilidades que estagraveo para aleacutem da
cultura sistemica II Mas o quecirc nos move dentro desta rede
11 A ideacuteia de rede implica em admitir a complexidade do social composto de etores e de
grupos heterogeacuteneos de uma multiplicidade de interesses e contradiccedilotildees de discursos e culturas plurais em que opera natildeo apenas a loacutegica do contlito como uacutenica possibilidade de intenenccedilagraveo criacuteticn mas em que cada t~z mais se descobre a neeessidade da cooperaccedilatildeo da solidariedade e da alteridade
II Aqui estamos nos remetendo agrave teoria discursiva deselwohida por J lIabermas (1992
1984 1(87) Ilabermas introduz sua concepccedilatildeo de estera puumlblica trabalhando com duas
dimensotildees existentes na sociedade moderna a dimensatildeo sisteacutemica e o mundo da vida O mundo sistecircmico eacute conformado por uma esfera privada representada pelo mercado ou seja e~fera da economia e uma esl(ra puumlblica representada pelo Estado ou seja eslcra da poliacutetica O mundo da ida ou a esfera da interaccedilagraveo cOl11unicati a nltada para o entendimento ( inrmada t~lmh0m pnr um~l esra pri ada representada pela famiacutel ia e por uma esfera puacutehlica rlpresenuda pllas associaccedilotildees e institui(lci que garantcm a reproduccedil~ln cultural Je uma smiedadc Segundo Habermas para esta opiniuumlo puacuteblica existir ela nece~sita ser 11rimeiramente estruturada e por ii mesma reprodll7ida iI parte do mundo dns sistemas Essa autonomia soacute pode ser alcanccedilada atras da liberdade de reuniagraveo e de opiniatildeo Para isso ocorrer o autor dikrencia os grupos que conl()JJllam a eskra puacuteblica e aluam na
reproduccedilatildeo de suas estruturas dos grupos que a utilizam enquanto arena capaz de disseminar iJcologias e loacutegicas imperati as do mundo dos ~btemas Assim a teoria Jis(llrsi a Ji lenncia a presenccedila Je grupos q ue apenas lIIi I izam da potencial idade comunicativa da esfera puacuteblica dos grupos que I~lzem uso deste com a finalidade de engajar minorias ou grupos marginais com a intenccedilatildeo de ampliar os possibilidade puacutehlicas de comullIacutelaccedilatildeo existentes O autor assume como premissa o poder da I i nguagt 111 e da comunicaccedilatildeo na formaccedilatildeo de uma esfera puacuteblica participativa Para Habermas li interaccedilatildeo comunicativa voltada para o tlltendimento tstaacute pnsente no mundo da ida e para que se d~ esta interaccedilatildeo eacute necessuacuterio que os ind iuacuteduos abram matildeo de alguns pressupostos iniciais que fazem parte de sua ida priada para introduzir demandas no espaccedilo da discussagraveo Segundo Habermas esta abertura natildeo acontece no mundo do sistema tcnnocircmico e poliacutetico pois estes nuumlo abriragraveo magraveo de seus pressupostos iniciais para a conquista de um fim social
11I1l ~IIIacuteI 45
A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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A pulsatildeo eacute o que nos move Como um hater do coraccedilagraveo que a cada segundo tuumlz com que o sangue jorre em nossas veias re-alimentando-nos reshyacoagulando-nos re-Iirnpando-nos re-ligando-nos agrave vida re-ligamo-nos ao
nosso lugar agrave nossa comunidade atraveacutes das imagens presentes e apresentadas
nela Jecessitamos dos signos e dos siacutemholos para nos posicionar e agir dentro de nossa comunidade Desta forma podemos falar que existem diversas
comunidades dentro da sociedade E que cada umucompartilha nagraveo somente
dos siacutemholos e signiticados da cultura sistecircmica pois negocia com da como cria os seus proacuteprios siacutemholos e significados culturais diversos daqueles Ou
seja haacute um movimento intenso haacute uma relaccedilatildeo quase que freneacutetica entre representaccedilotildees culturais sistecircmicas e vida cotidiana
Concordamos com Martins no momento em que nos afinna que
mais do que uma coleccedilagraveo de significados compartilhados o senso comum
decorre da partilha entre atons de um mesmo meacutetodo dc produccedil50 de signilicados POl1anto os significados satildeo re-inventados continuamente em vez de serem continuamente copiados As situaccedilotildees de anomia e desordem
sagraveo resolidas pelo proacuteprio homem comum justamente porque ele dispotildee de um meio para interpretar situaccedilotildees (e accedilotildees) sem sentido podendo em questatildeo
de segundos remendar as tIaturas da situaccedilatildeo social (Mat1ins 200061 )
A taret~ tanto do grupo como do indiviacuteduo eacute estahelecer o seu
recoll hec imcnto e encontrar suas representaccedilotildees ~Uuml udando tam heacutem a constru iacuteshy
las no dia-a-dia dentro desta sociedade que conteacutem diersas comunidades E
esta integraccedilatildeo esta relaccedilatildeo simhioacutetica entre o indiviacuteduo e as representaccedilotildees
culturais se estaheleceraacute num primeiro momento atrans da imagem e das expressotildees artiacutesticas impressas no corpo social cotidiano
tese de doutorado lIacutesiacutecu niacuteIlC(L illlll1LllcIacuteu du oacircu de Alberto keda ( 19(5)
apr6enta-nos argumentos forleacute nete sentido Ao estudar a muacutesiGI dentro do campo das artes ele nos mostra que esta se apresenta em praticamentt todos os grupos humanos - do trihal agrave sociedade tecnoloacutegica como elemento de mediaccedilatildeo das relaccedilotildees internas e externas das sociedadts como tltmento que pode se reestiacuter por si de caraacutett1 politico onde dialelicamellle natildeo seriacute sempre questionadora visando resultados reolucinniacuteriacuteos ou rel)rl1li~tas Ila~ ~ociedades podendo mesmo ir a senil como forma de preservaccedilatildeo da
ordem estanelecida ou apenas como procedimento cataacutertico
Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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Assim a comunidade pode pulsar com maior ou menor intensidade
Pode de quando em quando se deparar com uma arteacuteria entupida e criar
mecanismos de escape procurando outros cam inhos novas altelllativas novas
foacuternlas de caminhar e de se revigorar E para que haja um movimento do grupo
eacute necessaacuterio que exista um mecanismo de comunicaccedilatildeo dos membros entre si
Como em nosso organismo onde uma veia se comunica com outra que se
comunica com arteacuterias que se comunicam com veias como uma tiai1o interna
de um sistema e1etronIacutelo a comunidade se comunica em rede e por rede i
Mas como se daacute esta comunicaccedilatildeo sendo que as redes
apresentam noacutedulos (que representam sem i-centros) e ramificaccedilotildees
Ou seja o que nos interessa eacute como na di versidade das sociedades
poacutes-modernas (plurais) onde a ret1exividade se constroacutei individualmente para
ckpois ser socialmente construiacuteda organiza-se um agir comunicativo que eacute
coldivo Como e de que lixma mesmo diante da hderogeneidade e atomizaccedilatildeo
societuacuteria construiacutemos um viver comunitaacuterio onde a perspectiva do ser-emshy
comum respeitando a di(~rsidadc eacute a tocircnica desta relaccedilatildeo Pode a arte de nll0
possibilitar a construccedilagraveo de uma nova socialidade De que 1110do A rede social
e teacutecnica satildeo fundamentais para a consolidaccedilatildeo dessa socialidade
F 0iustamente no dia-a-dia nos espaccedilos puacuteblicos primuacuterius ll C0l110
a praccedila () campo a rua o parque o haile que nos distanciamos do mundo
radonal instrumentaL cnllstruindo e rcconstlUindo as regras morais culturais e
I Estamos utilizando o tonceito de rede como um tipo de relaccedilatildeo social O que parece
interessante eacute obscn anHOS como se desem ohe e se entra nos espaccedilos de c0111unitaccedilagraveo intra-rede Como se organiza uma nova rede de comunicaccedilatildeo (natildeo essencialmente atrelada 1 teacutecnica e a caracidacJe ~illlh()lica de cada grupo de cada Illoviment() de cada nrganinccedilatildeo social dentro da sociedade
Por espaccedilos puacuteblicos primaacuterios entende-se aqueles espaccedilos do encontro puacuteblico COIllO a rua a praccedila a t)gueira os bares etc de uma comunidade De acordo com Costa ( 1997a l haacute quatro campos constitutios dos espaccedilos puacuteblicos locais os meios de comunicaccedilatildeo de massa a esl~ra estatal-parlamentar os espaccedilos puacuteblicos inculados aos grupos organiladls e os epaus comunicati os primuacuterios
-1-7
sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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sociais mais proacuteximas de nossa realidade Nestes espaccedilos eacute que podemos
comparti lhar histoacuterias de vida gestos sentimentos haacutebitos comp0l1amentos e
accedilotildees Satildeo nestes espaccedilos que nos olhamos de frente muitas vezes de forma
nebulosa pois o outro tambeacutem possui suas incertezas incongruecircncias suas
perwrsidades E eacute justamente nesses espaccedilos do cotidiano que podemos
encontrar as riquezas dos tios que tecem e tramam o tecido social Nestes espaccedilos
pOUl1110S encontrar as expressividades mais sublimes dos individuos onde
inclusIacutel este pode exercer uma comunicaccedilatildeo I i Te de qualquer igilacircnlia das
estruturas de poder (remetemo-nos aqui agraves estruturas de poder apresentadas
por Foucault) onde os conteuacutedos comunicativos satildeo produzidos a partir de seu
exerciacutecio reflexivo cotidiano
Reflexividade e Comunidade
Seraacute a partir da relaccedilatildeo com o grupo que () indiviacuteduo constituiraacute
aquilo que autores comoAnthony Giddens e llrich Beck 1 denominaram de
nllexiidade Poreacutem a reflexividade a que nos referimos se distancia um pouco
desses autores Natildeo 0algo que estaacute dado a priori ou algo que possua um alor
cUl11ulati() ~gt que se desemohe num I1lmimento de indiidualizaccedilatildeo lllas sim
algo que se constroacutei no dia-a-dia e que natildeo necessariamente possui um caruacuteter
eoJutiO indiidual Algo que existe porque os indiiacuteduos pensam sentem agem
e estahelecem trocas concretas e simhoacutelicas COI11 o grupo cotidianamente
Fste dLhate tambeacutem esluacute presente na Teoria Social Brasileira Autores COIllO Joseacute
[)omiacutel1tlIe~ Iesseacute de Soua Seacutertin Costa e Leonardo A rier ~m refletindo gtohre a modLrniJade e a possibilidade de estarmos enquanto paiacutes imluiacutedos ou nagraveo neste projeto ]0 erne d) debate enontramos a qucstagraveo da retle-i idadL da democracia racial da di ersidadc cultuml entre oulrllS temas e conceitos relacionados agrave rcllcagraveo sobre os d i lemas da modernidade (ver Iltc Scherer- Warren Seacutergio Costa e I-Icctor Lcis (org) Ii Idlrllidade
( mllil eacute Ilidemdildc Aaiacuteltc Florianoacutepolis Cidade Futura ~OO I I
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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61
Natildeo somente o conhecimento (reflexividade cognitiva) flui pelas
estruturas de infonnaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como tambeacutem os signos as imagens
os sons etc Esta outra estrutura se caracteriza por siacutembolos mimeacuteticos e podemos
denom inaacute-la seguindo Scott Lash de retlexividade esteacutetica onde os sIacutem bolos
conceituais os fluxos de informaccedilatildeo atraveacutes das estruturas de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo cCl1amente tomam dois atalhos Por um lado representam um
novo tuacuterum para a dominaccedilatildeo capitalista Neste caso o poder estaacute mais
fundamentalmente localizado no capital como meio de produccedilatildeo material (00)
Lstuacute baseado no complexo poderconhecimento (00) do modo da infoacutermaccedilatildeo
Por outro lado (00) estes fluxos e acumulaccedilotildees dos siacutembolos conceituais
constituem condiccedilotildees de reflexividade O mesmo acontece em relaccedilatildeo aos
siacutembolos middotmimeacuteticosmiddot agraves imagens sons e nan-ativas que compotildeem o outro lado
da organizaccedilatildeo de sinais (00) Eles abrem espaccedilos virtuais e reais para a
popularizaccedilatildeo da criacutetica esteacutetica desse mesmo complexo poderconhecimento
(1lt1sh1997 1(4)
Podemos atribuir a reflexividade esteacutetica agrave defesa de que a cultura
popular pode servir natildeo uacute dominaccedilatildeo mas a uma cultura de resistecircncia assim
estariacuteamos superando os impasses de Adorno a respeito da incapacidade da
cultura popular ser uma cultura criacutetica capal de produzir para aleacutem das estruturas
de poder conhecimento do sistema
Como pode a esteacutetica um momento esteacutetico ou uma fonte esteacutetica
de pcr si ser rc1lexiogt Pode haver reflexividade tanto nos mundos sociais e
psiacutequicos naturais da ida cotidiana como no sistema
Podemos afirmar que haacute dois niacuteveis de retlexiidade que se
interpotildeem na vida cotidiana cognitiva e esteacutetica (Lash 1997 1(4) A reflexividade
esteacutetica ocon-e atraveacutes de um modo de mediaccedilatildeo natildeo conceituaI mas mimeacutetico
O que natildeo deixa de ser tatildeo ou menos importante que a rdlexividade cognitiva A
reflexividade esteacutetica nos conduz agrave possihilidade de compreendermos a
comunidade em questatildeo o seu momento a sua loacutegica local o seu viver cotidiano
I 111l ~(III 49
Lash nos aponta que para se ter aeesso ao noacutes agrave eomunidade
nagraveo devemos desconstruir mas hermeneuticamente interpretar e assim
abandonar as categorias de accedilatildeo e estrutura sujeito e objeto controle versus
contingecircncia e conceituai versus mimeacutetico Este tipo de interpretaccedilatildeo vai dar
acesso aos fundamentos ontoloacutegicos em sitten em haacutebitos em praacuteticas assentadas
de individualismo cognitivo e esteacutetico Isso ao mesmo tempo vai nos
proporcionar algum entendimento das significaccedilotildees compartilhadas da
comunidade (Lash 1997 175)
O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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O que devemos eacute olhar com mais atenccedilatildeo para o mundo cotidiano
e nele compreender hermenecircuticamente os signilicados compaJ1ilhados que satildeo
as condiccedilotildees de existecircncia do noacutes
leste sentido nossa proposta eacute a de uma rctlexividade hell11enecircutica
cm contraposiccedilatildeo uacutes teses da rcllexividadc cxclusiamente esteacutetica ou
espccialmente cognitia lestes termos nos aproximamos do conceito de
ol1111Ilidadc nlkxia de Scott Lasb onde huacute trecircs rOI1hs muito importantes
para o sdfcontemporuacuteneo que satildeo analiticamente separuumlveis como momentos
Iogniacutetivo esteacutetico e hermenecircutico-comunitaacuterio Momentos que existcm em
nuacutes de uma maneira jjcqucntemcnte contraditoacuteria e incol1liliaacutevcl onde os
indiiacuteduos nacgam entre suas singularidades e os latos de pertencimento
c)l1lunIacutetuacuterios
Imagem e Arte como Siacutembolo da Pulsatildeo Cotidiann
() prohlema eacute que a modem idade nos apresentou a imagem como
uma corruptora das almas O discurso a respeito da runtatildeo penersa da imagem
na ida sOlial se tornou quase que unacircnime nos discursos das ciecirclK ias sociais
Tatildeo presente e tatildeo bem estruturado foi este dislurso ao longo do seacuteculo XX
que o senso comum passou a se apropriar dde tomando-se tema de encontros
casums
50
AtinaI de contas para que nos serve a imagem Qual eacute o feiticcedilo que
causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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causa nas pessoas Porque natildeo a aceitamos como uma representaccedilatildeo de nossos
tempos Devemos nos lembrar que a imagem natildeo eacute una eacute muacuteltipla e tagravecetada
Ela nagraveo eacute refeacutem de uma classe social de um credo de apenas um grupo Ela
estaacute presente em tudo e em todos Noacutes somos tambeacutem imagem Noacutes somos
responsaacuteveis pela construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos sentidos das imagens que
estatildeo aiacute presentes na vida social Atraveacutes delas eacute que nos apresentamos nos
comunicamos nos reconhecemos nos tribalizamos
Nos gestos nas cores nas roupas em todos os siacutembolos que
administramos cotidianamente a imagem eacute oque nos apresenta ao mundo Entatildeo
em vez de temecirc-Ia devemos observaacute-Ia e tentar compreendecirc-la
A modernidade construiu um discurso em que a imagem poderia
ser a responsaacutevel pela homogeneizaccedilagraveo da sociedade Ora nagraveo seria o projeto
moderno homogeneizador da vida social A ambivalecircncia e a contingecircncia f()ram
esquecidas pelos projetos modernos Houve uma tentativa de ruptura com tudo
o que natildeo se enquadrasse na chamada vida modema O utagravenismo poliacutetico em
nome da construccedilatildeo do cidadatildeo apresentou a possibilidade de apenas um uacutenico
projeto poliacutetico-social e cultural O aniquilamento da vida comunitaacuteria em nome
da construccedilatildeo de uma sociedade de indiviacuteduos livres negou a muitos a
possibilidade de tagravezerem parte deste projeto ou deste processo civilizador
A imagem tora utilizada pelos executores do prqjeto modernidade
poreacutem os indiviacuteduos que a receberam e a aplaudiram visionaram este mundo
como representante das suas expectativas de vida social mais ainda essas pessoas
foram tambeacutem responsaacuteveis pelas imagens Nelas se viam davam sentido e
signiticado para que continuassem existindo
Com isso podemos afirmar que outras imagens natildeo co-existiram
com a imagem do projeto da modernidade Natildeo Eacute soacute olharmos para o tecido
social que encontramos a resposta Eacute justamente na vida cotidiana que
AocircSl altsslAraccedilatuba 3113 p 39 oacutel jUl1 2(0) 51
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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61
observamos rupturas que observamos o quanto haacute a necessidade de natildeo
reproduccedilatildeo da fuga da mesmice que observamos momentos de transgressatildeo
de ousadia de atrevimento de descobertas e de invenccedilotildees Eacute na vida cotidiana
que podemos observar a emergecircncia de novas alternativas culturais
Nestes tennos gostariacuteamos de tratar da imagem natildeo como a louca
da casa mas assim como nos aponta Maftesoli (1995) como religante
Religante por me unir ao mundo que me cerca por me unir aos outros que me
rodeiam Para o autor a imagem nagraveo eacute simplesmente um suplemento da alma
dispensaacuteveL algo na melhor das hipoacuteteses na pior primitivo ou anacrocircnico mas
ao contraacuterio ela estaacute no proacuteprio acircmago da criaccedilatildeo ela eacute verdadeiramente uma
fornla fonnante certamente do indiviacuteduo a imagem de si mas igualmente de
todo o cOl1junto social que se estrutura graccedilas e pelas imagens que ele se daacute e
que deve rememorar regulannente Mesmo que isso natildeo seja fonnulado dessa
maneira um e outro iratildeo viver arqueacutetipos fundadores e sua vitalidade seraacute medida
pela fidelidade a esses arqueacutetipos E quando estes perdem sua forccedila o corpo
social ou o corpo individual tende a enfraquecer agraves vezes ateacute mesmo a
desaparecer ateacute que outras imagens venham renegar o corpo em questatildeo
(Matlesoli 1995 115)
Desta torma a imagem o imaginaacuterio o simboacutelico suscitam essa
confianccedila miacutenima que pennite o reconhecimento de si a partir do reconhecimento
do outro seja qual for o estatuto do outro (indiviacuteduo espaccedilo olieto ideacuteia
etc) ou seja a imagem nos religa ao mundo e aos elementos deste mundo de
maneira especiacutefica como por exemplo atraveacutes da religiatildeo e da moda Podemos
atirmar entatildeo que a imagem liga os grupos de pessoas que compartilham do
mesmo significado frente agrave vida E ao ligar estas pessoas atraveacutes de uma razatildeo
que pode ser tanto emocional como objetiva como espiritual como esteacutetica
ela cumpre um papel de me religar a vida em sociedade de dinamizar o estarshy
junto
Avesso avesso Araccedilatuha n3 p 39 61 Jun 2005
~-___---------------shy
Contonne Mat1esoli eacute nesse sentido que a imagem eacute cultura pois
a imagem faz cultura ela vai em suma nomear tanto a divindade do lar rural
como o santo local da cidade ela vai constituir a memoacuteria urbana e tambeacutem as
raiacutezes da casa rural e essa religaccedilatildeo de que se tagravela detelll1 ina os comportamentos
humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
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dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
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pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
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humanos em funccedilatildeo de um dado meio e ao mesmo tempo modela esse meio
em funccedilatildeo dos comportamentos humanos (MafIesoli 1995 117) Ou seja a
imagem transmiteconstroacutei conceitos culturais de uma eacutepoca histoacuterica
De certa tom1a eacute na imagem que encontraremos a nossa reterecircncia
individual e social eacute ela que me remete ao passado e ao futuro Eacute atraveacutes dela
que tocamos no presente e na vida cotidiana a imagem eacute tempo esleinizado
que se contrai Nesse sentido o amor pelo distante pela cidade ou ida porvir
ou seja o poliacutetico transfoacuterma-se em amor pelo proacuteximo pelo que estuacute aiacute por
aquilo que se vecirc (imagem) por aquilo que se toca (o ohjeto o outro) isto eacute
pdo domeacutestico L~ essa ilwersatildeo essa transfiguraccedilatildeo que florece os diversos
apegos ao territoacuterio aos ohjetos agraves relaccedilotildees proacuteximas e vicinais agraves diversas
aldeias ou trihos das quais somos memhros por mais de um motivo em todos
os domiacutenios I~ isso mesmo que engendra a religiosidade o simholismo de que eacute
ft)jada a ida social e que tagravez com que esta nagraveo mais ohedeccedila agraves injunccedilotildees
racionalistas com predominacircncia poliacutetico-econocircmica (Maftesoli 1995 133)
Essa transfiguraccedilagraveo do poliacutetico essa aproximaccedilatildeo do poliacutetico uacutes
vidas das pessoas esse estiacutemulo agrave atetividade eacute o que as possihilitam utilizaremshy
se das imagens das m1es como uma t()I1te de expressatildeo da diversidade cultural
do paiacutes Os movimentos culturais que emergiram em nosso paiacutes principalmente
a partir da deacutecada de 80 ecircm nos demonstrar como vivemos uma realidade
complexa carregada de coacutedigos culturais din~rsos e repleta de sinais que nos
levam a concluir que a m1e pode estar se constituindo numa fClTamenta do tazer
poliacutetica natildeo a poliacutetica representativa-racionalista da democracia que convivemos
desde o seacuteculo XVIII mas numa poliacutetica que tem seus peacutes fincados no cotidiano
Os movimentos como hip-hop e mangue beat e projetos nos morros da
Mangueira e da Rocinha no Rio e do Candial em Salvador nos servem como
exemplo disto
bull IUI 2oo~ 53
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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Referecircncias Bibliograacuteficas
ADORNO T W e Horkheimer M A induacutestria Cultural o esclarecimento
como mitificaccedilatildeo das massas A dialeacutetica do Esclarecimento RJ Zahar 1985
A induacutestria cultural in Cohn Gabriel (org) Comunicaccedilatildeo e
Induacutestria Cutural SP CIA NacionaL 1978
_____ Conceito de Iluminismo CoI Os pensadores SP Nova
Cultural 1996
ARENDT Hannah A Condiccedilatildeo Humana RJForense Universitaacuteria 1993
_~___ ~_~ Entre o Passado e o Futuro SP Perspectiva 1972
AVRITZERL Diaacutelogo y Reflexividad acerca de la relacioacuten entre esfera
puacutehlica y medios de comunicacioacuten in Metapoliacutetica voU no 9 1999
BASTIDE Roger Arte e Sociedade Satildeo Paulo EDUSP 1971
BARBERO JM Dos Meios agraves Mediaccedilotildees comunicaccedilatildeo cultura e
hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1997
Latin America cultures in the communication media Journal of
Communication v43 112 1993
BAlJDRJLLARD Jean Tela Total mito-ironias da era do vil1ual e da imagem
Porto AlegreSulina 1997
BECK Ulrich O que eacuteGlobalizaccedilatildeo Satildeo Paulo Paz e Terra 1999
CANCLINL Neacutestor G Culturas Hiacutebridas Satildeo Paulo EDUSP 2000
CERTAU Michel de A Invenccedilatildeo do Cotidiano artes de fazer
PetroacutepolisVozes 1994
56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005
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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira
ln Tlse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org) Modernidade
Criacutetica e Modernidade Acriacutetica Florianoacutepolis Cidade Futura 2001
A Democracia e a Dinacircmica da Esfera Puacuteblica Satildeo Paulo
Lua Nova ndeg36 1995
_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos
Estudos Satildeo Paulo CEBRAP no47 1997a
Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo
movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais
Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b
Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees
raciais no Brasil XXI Encontro daANPOCS Caxambu 1997c
CASTELLS M A Sociedade em Rede Satildeo Paulo Paz c Terra 1999
____o Materiais ()r na exploratory theor) ofthe network society The
British Journal ofSociolo~ 5 L nl IanuaryMarch p5-24 2000
DE FLEUR ML e Ball Rokeanch Teorias da Comunicaccedilatildeo de Massa
Rio de JaneiroZahar 1989
[)(JIlINGUES Joseacute M Criatividade Social Subjetividade Coletiva e a
modernidade brasileira contemporacircnea Rio de Janeiro Contra Capa
Livraria 1999
____ e Leonardo AvrIacutetzer (org) Teoria Social no Brasil Belo
Horizonte [d UFMCi 2000
ELIAS N Mozart Sociologia de um Gecircnio Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed
1995
57
FERNANDES Ciacutentia S Teoria Criacutetica ou Esfera Puacuteblica Discursiva a
dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de
mestrado Sociologia Poliacutetica-UFSC Florianoacutepolis 1998
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(ilDDENS Antony Para Aleacutem da Direita e da Esquerda Satildeo Paulo
EdUNESP1996
~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP
1991
GUIMARAES M E Do Samba ao Rap a muacutesica negra no Brasil Tese de
doutorado IFCH-UNICAMP Campinas 1998
HABERV1AS J Modernidad un proyecto incompleto Punto de Vista
no 11984
__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso
do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp
199
___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984
Teoria de la Accioacuten Comunicativa Barcelona Peniacutensula 1987
______ Cma Conversa Sobre Questotildees da Teoria Poliacutetica Traduccedilatildeo
de rvlarcos Nobre e Seacutergio Costa Novos Estudos Satildeo Paulo CEBRAP 11047
1997
58
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_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos
Estudos 11026 1990
Trecircs Modelos Normativos de Democracia Satildeo Paulo Lua
Nova nO36 1995
HALL S A Identidade Cultural na Poacutes-Modernidade Rio de Janeiro
DPampA lOOO
HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro
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Teoria de las Necessidades en Marx BarcelonaPeninsula
1978
______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991
IKEDAA I Muacutesica Poliacutetica Imanecircncia do Social Tese de doutorado ECAshy
USP Satildeo Paulo 1995
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(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo
e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo
t TNESP 1997
MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio
de Janeiro Record 200 I
_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto
Alegre Sulina 1997
~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995
________ O poder dos espaccedilos de representaccedilatildeo Rcista Tempo
Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994
59
_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria
1987
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2000
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redes ektrocircnicas no contexto da cultura de massa e das organizaccedilotildees
internacionais Dissertaccedilatildeo de Mestrado fFCII-USICAMP Campinas 2000
MARX K e ENGELS F O Manifesto Comunista in LASKL H O Manitesto
Comunista de Marx e Engels Rio de Janeior Zahar 1978
--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968
MEU TCCI A Esfera Puacuteblica Y Democracia en La Era de La Informacioacuten
in Jletapoliacutetica 013 no 9 pg57-67 1999
10RIN F e KERN R Terra-Paacutetria Porto Alegre Sulina 1995
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PetroacutepolisVozes 1998
Rl BIM AC O Olhar Esteacutetico na Comunicaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes 2000
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1997
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Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972
SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e
experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998
60
SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e
Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)
lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001
TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico
Fondo de Cultura Econoacutemica 1993
TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica
na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995
WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria
Pioneira 1967
61
Estes movimentos atiIacutestiacutecos possuem aquilo que Elias ( 1995) ao
nos apresentar a sociologia de Mozart denominou de dar reacutedea livres agraves
tantalias as fantasias sociais e natildeo privatizadas Estes movimentos conseguiram
desprivatizar as fantasias De acordo com Elias parece simples mas toda a
dificuldade da criaccedilatildeo artiacutestica se revela quando algueacutem tenta cruzar esta ponte
a ponte da desprivatizaccedilatildeo Tambeacutem pode ser chamada de ponte de sublimaccedilatildeo
Para tal passo as pessoas precisam ser capazes de subordinar o poder da tantasia
expresso em seus sonhos e devaneios agraves regularidades intriacutensecas do materiaL
de modo que seus produtos estejam livres de todos os resiacuteduos relacionados agrave
experiecircncia egoacuteic3 Em outras palavras aleacutem de sua relevacircncia para o eu elas
devem dar a suas fantasias relevacircncia para o tu o ele o ela o noacutes e o eles Eacute
para satisfazer tal exigecircncia que as fantasias estagraveo subordinadas a um material
seja de pedra de cores de palavras de sons ou qualquer outro (Elias 199561 )
Entatildeo que este seja o nosso papel (dos cientistas sociais) o de
desvendadores das Jantas ias impressas nas cores palaHas sons gestos ou
seja nos coacutedigos e siacutembolos cotidianos estando sempre alertas para os espaccedilos
dos possiacuteveis das transfomlaccedilotildees diaacuterias e dos momentos cataacuterticos dos homens
simples
Esses momentos cataacuterticos satildeo expressivos de uma tda poacutes-modema
em que nos obsenamos e nos reconhecemos diariamente onde o tradicional se
enlaccedila com o modemo gerando o contemporacircneo de maneira sutil esboccedilandoshy
se nas tendecircncias sociais e culturais (compoliamento esteacutetica nomlas) da vida
cotidiana em que o indiviacuteduo ret1exivo emaranhado na teia da diversidade soeial
e culturlL participa nW11 movimento ambiacutehUo pois ele tanto constroacutei reflexivamente
suas retcrecircncias e posiccedilotildees situando-se dentro desta rede como vive momentos
de Iacutence11ezas e ateacute de possiacuteveis (e passiacuteveis) crises no momento cm que se
relaciona concomitantemente com sua comunidade e a sociedade
54
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
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nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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puacutehlica y medios de comunicacioacuten in Metapoliacutetica voU no 9 1999
BASTIDE Roger Arte e Sociedade Satildeo Paulo EDUSP 1971
BARBERO JM Dos Meios agraves Mediaccedilotildees comunicaccedilatildeo cultura e
hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1997
Latin America cultures in the communication media Journal of
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Porto AlegreSulina 1997
BECK Ulrich O que eacuteGlobalizaccedilatildeo Satildeo Paulo Paz e Terra 1999
CANCLINL Neacutestor G Culturas Hiacutebridas Satildeo Paulo EDUSP 2000
CERTAU Michel de A Invenccedilatildeo do Cotidiano artes de fazer
PetroacutepolisVozes 1994
56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005
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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira
ln Tlse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org) Modernidade
Criacutetica e Modernidade Acriacutetica Florianoacutepolis Cidade Futura 2001
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Lua Nova ndeg36 1995
_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos
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Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo
movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais
Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b
Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees
raciais no Brasil XXI Encontro daANPOCS Caxambu 1997c
CASTELLS M A Sociedade em Rede Satildeo Paulo Paz c Terra 1999
____o Materiais ()r na exploratory theor) ofthe network society The
British Journal ofSociolo~ 5 L nl IanuaryMarch p5-24 2000
DE FLEUR ML e Ball Rokeanch Teorias da Comunicaccedilatildeo de Massa
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modernidade brasileira contemporacircnea Rio de Janeiro Contra Capa
Livraria 1999
____ e Leonardo AvrIacutetzer (org) Teoria Social no Brasil Belo
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57
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dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de
mestrado Sociologia Poliacutetica-UFSC Florianoacutepolis 1998
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en la sociedad yen la cultura contemporacircneas Madrid Siglo XXI 1989
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no 11984
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do Direito e do Estado Constitucional Democruacutetico Frankfurt MSuhrkamp
199
___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984
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______ Cma Conversa Sobre Questotildees da Teoria Poliacutetica Traduccedilatildeo
de rvlarcos Nobre e Seacutergio Costa Novos Estudos Satildeo Paulo CEBRAP 11047
1997
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_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos
Estudos 11026 1990
Trecircs Modelos Normativos de Democracia Satildeo Paulo Lua
Nova nO36 1995
HALL S A Identidade Cultural na Poacutes-Modernidade Rio de Janeiro
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HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro
Ciilizaccedilatildeo Brasileira 1998
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1978
______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991
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USP Satildeo Paulo 1995
ISll S A Rellexiidade e seus duplos estrutura esteacutetica cOl11uniuade ln A
(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo
e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo
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MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio
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_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto
Alegre Sulina 1997
~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995
________ O poder dos espaccedilos de representaccedilatildeo Rcista Tempo
Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994
59
_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria
1987
MARTINS JSouza A sociabilidade do Homem Simples Satildeo Paulo Hucitec
2000
MARZOCHI Samira O Sentido da Comunicaccedilatildeo o significado de ongs em
redes ektrocircnicas no contexto da cultura de massa e das organizaccedilotildees
internacionais Dissertaccedilatildeo de Mestrado fFCII-USICAMP Campinas 2000
MARX K e ENGELS F O Manifesto Comunista in LASKL H O Manitesto
Comunista de Marx e Engels Rio de Janeior Zahar 1978
--- O Capital Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo 1968
MEU TCCI A Esfera Puacuteblica Y Democracia en La Era de La Informacioacuten
in Jletapoliacutetica 013 no 9 pg57-67 1999
10RIN F e KERN R Terra-Paacutetria Porto Alegre Sulina 1995
PAIVA Raquel O Espiacuterito Comum comunidade miacutedia e globalismo
PetroacutepolisVozes 1998
Rl BIM AC O Olhar Esteacutetico na Comunicaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes 2000
SARLO Beatriz Cenas da Vida Poacutes-Moderna Rio de Janeiro Fd l TRJ
1997
SI IFfZ Alfred Fenomenologia Dei Mundo Social (Introduccioacuten a la
Sociologia Compreensiva) trad Eduardo 1 Pietro Buenos Aires Paidoacutes 1972
SILVA Joseacute C 0 Rap na Cidade de Satildeo Paulo muacutesica etnicidade e
experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998
60
SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e
Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)
lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001
TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico
Fondo de Cultura Econoacutemica 1993
TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica
na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995
WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria
Pioneira 1967
61
Portanto natildeo devemos temer as crises pois como vimos acima
seratildeo elas as responsaacuteveis pelos movimentos dos indiviacuteduos no cotidiano e pelas
transformaccedilotildees impressas tanto nas esferas mais simples como nas mais
complexas de nossa sociedade O que importa eacute estaml0S atentos e abertos
para compreender esses movimentos considerando que as relaccedilotildees entre os
indiviacuteduos natildeo satildeo apenas racionais como tambeacutem aiacuteetivas e esteacuteticas E que a
comunicaccedilatildeo a existecircncia de novas tecnologias agrave disposiccedilatildeo de diferentes
grupos aumenta a possibilidade de visibilidade dos conteuacutedos culturais
destes Ampliando assim a possibilidade infinita de identiiacuteicaccedilotildees do individuo
frente ao mundo
FERNANDES Ciacutentia San Martin Retlexibility communicability and daiacutel) lite
Avesso do Avesso Revista Educaccedilatildeo e Cultura Araccedilatuba v3 n3 p 39 shy
6 L Juno 2005
Abstract The objective ofthis work is to present a henneneutic glance on the
contemporar) sociological plot The vork is split into four moments the tirst
moment we present the daily lite as a toaI for the sociological comprehension in
a second moment we develop an argument that lhe community life rooted in
dai I) lite is sustained due to the communicative potential it) ofthe community in a
third moment we discussed debating concepts such as retlexibi I it) and commushy
nity the possibility ofregarding the dai Iy world more closely and hermeneutical1y
understand in it the shared meaning which are the conditions ofexistence of
we (social totality) ando at last in a last moment we present the idea ofthis
we that this communitv interest has its strength vhich ve denominate dai I- ~
pulsation and image and art appear as symbols ofthis eacutelcln
Key words ref1exibility communicability daily lite
SSO iISSO Araptuoa 3 l 3 P 39 61 lun 2005 55
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Referecircncias Bibliograacuteficas
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56 ieSSO aWS50 Araccedilalllna 3 n 3_ p 39 1 Jun 2005
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COSTA Seacutergio Sociedade Mundial Reiacutelexividade e a Globalizaccedilatildeo Brasileira
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Lua Nova ndeg36 1995
_____ Contextos da Construccedilatildeo do Espaccedilo Puacuteblico no BrasiL Novos
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Entre o espetaacuteculo e o convencimento argumentativo
movimentos sociais democratizaccedilatildeo e a construccedilatildeo de esferas puacuteblicas locais
Florianoacutepolis papel Iacuteneacutedito1997b
Reconhecer as diferenccedilas liberais comunitaristas e as relaccedilotildees
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58
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~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP
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_____ Soberania Popular como Procedimento Satildeo Paulo Novos
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Nova nO36 1995
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HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro
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1978
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MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio
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~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995
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experiecircncia urbana Tese de doutorado IFCH-l1NICAMP Campinas 1998
60
SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e
Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)
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TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico
Fondo de Cultura Econoacutemica 1993
TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica
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WEBER M A (tica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo SP LiTaria
Pioneira 1967
61
FERNANDES Ciacutentia S Teoria Criacutetica ou Esfera Puacuteblica Discursiva a
dinacircmica dos meios de comunicaccedilatildeo de massa em F1oriacuteanoacutepolis dissertaccedilatildeo de
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en la sociedad yen la cultura contemporacircneas Madrid Siglo XXI 1989
FRFJTAG B A Teoria Criacutetica Ontem e Hoje Satildeo Paulo Brasiliense 1990
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~___~_~_ As Consequecircncias da Modernidade Satildeo Paulo EdUNESP
1991
GUIMARAES M E Do Samba ao Rap a muacutesica negra no Brasil Tese de
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no 11984
__~_ Facticidade e Validade Contribuiccedilotildees a uma Teoria do Discurso
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___~~ ___ Mudanccedila Estrutural da Esfera Puacuteblica Rio de Janeiro 1984
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HELLER A FEHEacuteR F A Condiccedilatildeo Poliacutetica PoacutesmiddotModerna Rio de Janeiro
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1978
______ Sociologiacutea de la Vida Cotidiana Barcelona Peniacutensula 1991
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(iiddensl Ikck S Lash (orgs) Modernizaccedilatildeo reflexiva poliacutetica tradiccedilatildeo
e esteacutetica na ordem social moderna Traduccedilatildeo de Magda Lopes Satildeo Paulo
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MAFFESOLI M Sobre o Nomadismo vagahundagens poacutes-modernas Rio
de Janeiro Record 200 I
_____ A Transfiguraccedilatildeo do Poliacutetico a tribalizaccedilatildeo do mundo Porto
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~_~______ A Contemplaccedilatildeo do Mundo Porto Alegre Ot1cios 1995
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Brasileiro 116 59iacute70 Rio de Janeiro Trimestral 1994
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_____o Tempo das tribos Rio de Janeiro Forense-Universitaacuteria
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MARTINS JSouza A sociabilidade do Homem Simples Satildeo Paulo Hucitec
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MARZOCHI Samira O Sentido da Comunicaccedilatildeo o significado de ongs em
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MARX K e ENGELS F O Manifesto Comunista in LASKL H O Manitesto
Comunista de Marx e Engels Rio de Janeior Zahar 1978
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MEU TCCI A Esfera Puacuteblica Y Democracia en La Era de La Informacioacuten
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1997
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60
SOUZA Jesseacute Processo Ciyilizador na Periferia Segregaccedilatildeo Social e
Unidade Cultural ln llse Scherer-Warren Seacutergio Costa e Hector Leis (org)
lodemidade Cliacutetica e Modemidade Aclitica FIOJianoacutepolis Cidade Futura 2001
TAYLOR C El Multiculturalismo y la Politica dei Reconocimiento Meacutexico
Fondo de Cultura Econoacutemica 1993
TIIOl1PSON John 13 Ideologia e Cultura Moderna horiltl social criacutetica
na era dos meios de eomunicaccedilatildeo de massa Petroacutepolis Vozes 1995
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61
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1987
MARTINS JSouza A sociabilidade do Homem Simples Satildeo Paulo Hucitec
2000
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PAIVA Raquel O Espiacuterito Comum comunidade miacutedia e globalismo
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