Reflexões sobre a Água da Vida - Trinity Church · no âmago de nosso corpo e alma. Juntos eles...

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Meditações para OS CINCO DOMINGOS DA QUARESMA E O DOMINGO DE RAMOS Textos escritos e compilados pelos Membros da Rede Ambiental da Comunhão Anglicana (RACA*) 2017 Reflexões sobre a Água da Vida:

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Meditações para OS CINCO DOMINGOS

DA QUARESMA E O DOMINGO DE RAMOS

Textos escritos e compilados pelos Membros da Rede Ambiental da Comunhão Anglicana (RACA*)

2017

Trinity ChurchWALL STREET

Reflexões sobre a Água da Vida:

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As reflexões sobre a água na Quaresma abordam uma crise global urgente. A crise em si está presente na ex-tensão e profundidade do planeta azul que chamamos de lar. Nós somos, de inúmeras maneiras e em vários

graus, uma grande parte do problema e podemos também ser uma parte da solução. E é exatamente por isso que elaboramos as reflexões preparadas especialmente para a Quaresma.

Os colaboradores originam-se de diversas regiões geográficas e de várias Províncias Eclesiásticas da Comunhão Anglicana. Temos a sorte de integrar uma igreja maravilhosamente diversa. Independente das diferentes cultu-ras e localidades, todos os colaboradores despertam, com sua voz distintamente cristã, algo profundo e sagrado no âmago de nosso corpo e alma. Juntos eles expressam nossos anseios espirituais, nossas lutas e nossos amores comuns, ou seja, nossa humanidade comum.

Nosso lar comum e nossa humanidade comum são importantes porque a chave da sobrevivência, para as pessoas de fé de todos os lugares, reside em encontrarmos, o mais rápido possível, uma fundação sustentável, justa e espiritual para nossa “vida juntos”. Nós não temos muito tempo! Mas o tempo que temos disponível pode ser vivido sabiamente, com o espírito de oração e nossa “mente desperta”, como disse uma vez C. S. Lewis.

Sendo assim, esperamos que você faça um bom uso das meditações da Quaresma que podem ser utilizadas em cenários individuais e de grupo para reflexão na Quaresma. Sugerimos que você explore os recursos recomenda-dos para aprofundamento e estudos adicionais.

Nossos sinceros agradecimentos aos seis colaboradores dessa série da Quaresma pelo trabalho genuíno e de coração, e ao Trinity Institute of Trinity Church na Wall Street (Diocese Episcopal de Nova York) por tornar esse projeto possível.

Reverendo Cônego Jeff Golliher, PhD, diretor de programas para o meio ambiente e comunidades sustentáveis,

Escritório da Comunhão Anglicana/Nova Yorke

Reverenda Terrie Robinson, diretora do programa Mulheres na Igreja e na Sociedade,

Escritório da Comunhão Anglicana/Londres

Introdução

Produzido em associação com Trinity Church Wall Street. Para obter mais recursos sobre justiça da água, por favor visite:TI2017.org • JustWater2017.org

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Primeiro Domingo da Quaresma

o oceano. Ao lado das montanhas tão altas que você não pode deixar de olhar para o topo, cascatas com torrentes de água se chocam nas profundezas abaixo. Como tal abundância pode acontecer lado a lado com a escassez? As muitas expressões e experiências relacionadas à água em Aotearoa Nova Zelândia me fazem lembrar os desafios enfrentados pelas irmãs e irmãos em toda a Comunhão Anglicana. Tanto a seca como a inundação causam um impacto devastador. Frequentemente os mais afetados são os mais carentes e menos capazes de obter ajuda, aca-bando esquecidos por um mundo assolado pela procrastinação e pela negação das mudanças climáticas.

Rodeado pela água em suas várias formas, e nas muitas conversas que mantenho com fazendeiros em minha Diocese onde a economia rural é fundamental, eu entendo totalmente a necessidade urgente da defesa da causa e de justiça que vão muito além do meu contexto imediato. A busca eterna do cervo por Deus é também a nossa busca, e não podemos esperar vislumbrar o divino sem valorizarmos e nos preocuparmos com o Reino de Deus e com todos aqueles que nele vivem.

Questões para reflexãoComo você pode perceber o trabalho de Deus na água ao seu redor? Basicamente, quais sentidos você usa?

Quando pensa na água, o que lhe vem em mente: a abundância ou a escassez?

Você já sentiu muita sede – uma verdadeira necessidade de beber água? Já vivenciou essa sensação por mais de algumas horas, ou mais de um dia? Se nunca passou por isso, você pode imaginar a sensação?

Fontes recomendadasUm curta metragem da Nova Zelândia, ‘Water’ (Água), dirigido por Chris Graham capta claramente os perigos da complacência com a água. Assista ao filme completo em:

https://www.nzonscreen.com/title/water-2004.

Uma Oração de Dedicação pelo Arcebispo Winston Halapua: https://youtu.be/IMl3hfe7IXc

Vivendo com a abundância e a escassez da águaReverendíssima Dra. Helen-Ann Hartley

Igreja Anglicana de Aotearoa, Nova Zelândia e Polinésia

“assim como o cervo brama pelas correntes das águas…” (Salmos 42:1)

Oração inicialSenhor Deus, os pássaros dão as boas-vindas ao novo dia,

o sol rompe as nuvens

e as pessoas começam a despertar,

a humanidade se agita, os espíritos vivem.

Inculque em nós os dons

da sabedoria e do discernimento

para que o fogo contínuo

do Espírito Santo resplandeça

como os raios do sol.

Louvado seja Cristo, o navegador

e o guia de nossa waka* da fé. Amém.

Oração escrita pelo Venerável Dr. Hone Kaa, 1941-2012

* A waka é uma canoa Māori que guia seu povo nas águas até chegar às novas terras.

Para os fazendeiros, a água é um tópico que apresenta um equilíbrio muito delicado. Quando em excesso, o solo se torna encharcado e improdutivo, quando escassa, o pasto não cresce e o gado passa fome. Eu apren-

di a pensar duas vezes antes de comentar sobre o clima. Em partes da Ilha Sul de Nova Zelândia, o nível médio de precipitação pode variar entre 9 metros na face oeste da cordilheira dos Alpes do Sul, e quase zero a poucas milhas de distância na face leste da área montanhosa. Eu moro perto do poderoso Rio Waikato, o rio mais longo do país (seu nome significa ‘grande volume de água corrente’ em māori), que serpenteia do planalto vulcânico na Ilha do Norte Central até o Mar da Tasmânia no nordeste. Ao norte, as irmãs e irmãos do Pacífico enfrentam a elevação dos níveis do mar, a perda de terra, do meio de vida e de suas moradias. Mais próximo de casa, debates políticos intensos questionam sobre quem tem o direito à água e ao seu controle. A presença da água é uma con-stante; nós não podemos fugir dela e ignorar sua força. O salmista compara a busca de Deus ao cervo que busca ansiosamente a água em uma região inóspita. É uma imagem poderosa em nossa jornada da Quaresma. Onde podemos vislumbrar as obras de Deus?

A viagem de ônibus a Milford Sound no Fjordland National Park na Ilha do Sul em Nova Zelândia (Aotearoa em māori) nos leva através de uma paisagem montanhosa com altos picos e topos cobertos de neve; abismos de rochas talhados pela água por milhares de anos criando uma textura que nos lembra um queijo; adiante, em di-reção ao próprio fiorde, que esculpido pelo movimento da geleira, cria uma enseada majestosa caminhando para

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Água da vida para as criaturas que têm sedeProfessor Dr. Matthew Koshy Punnackad

Igreja do Sul da Índia

“A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida” (Apocalipse 21:6)

Oração inicial Senhor, nos ajude a honrar o valor intrínseco da água, o seu propósito, a maneira em que se conecta com todas as coisas na natureza, e a ouvir a voz da água. Senhor, nos perdoe se negamos a benção divina da Água. Permita que a benção celeste – a Água da Vida – brote abundantemente para saciar a sede de todos. Amém.

O petróleo foi o motivo das muitas guerras do século XX. As guerras do século XXI acontecerão devido à luta pela água. Em 2016, 330 milhões de pessoas, mais de um quarto da população da Índia, foram atingidas

pela seca. Altas temperaturas flagelaram quase todas as áreas da Índia, com muitas mortes causadas por inso-lação. Nesse ano, a elevação das temperaturas foi registrada antes do normal, aumentando a preocupação com a taxa crescente de fatalidades. Devido à desertificação, que é um processo irreversível, toda a criação está implo-rando por água. A migração de povos carentes e de animais selvagens se tornou comum. O povo da Índia, que é vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, foi o que menos fez para causá-los. Como a mudança climática é um fenômeno global, pedimos aos países desenvolvidos que cessem o paradigma de desenvolvimento inadequa-do e moralmente errado que estão seguindo.

Nós pensamos globalmente e agimos localmente. Localmente, lutamos contra aqueles que destroçam as colinas, de-stroem os pântanos e desmatam as florestas, simplesmente ignorando a santidade das colinas, pântanos e florestas que são nossos reservatórios de água. Trabalhamos em parceria com outras ONGs que lutam contra atividades de desenvolvimento que perturbam o ritmo da natureza. Recentemente, declaramos nossa solidariedade ao grande de-scontentamento com a construção de um aeroporto em um terreno de 2,8 km2. Declaramos que não necessitamos um aeroporto que vai privar 80% dos moradores da região do direito básico à água. Devido à reação negativa em massa, o governo decidiu abandonar o ‘projeto de desenvolvimento’. Além disso, estamos promovendo a colheita da água da chuva em todas as nossas paróquias para preservar e enriquecer o nível do lençol freático. Estamos também propagando a Vetiver, uma planta maravilhosa que fornece um sistema eficaz de conservação do solo e da água, controle de sedimentos, estabilização e reabilitação do terreno e a fitorremediação.

A Santa Bíblia atribui características de divindade à água ao relacioná-la a Jeová, a Deus, ao céu e até ao próprio Jesus. Jesus Inocente, que foi perseguido e crucificado por pessoas investidas de interesses econômicos e políticos, disse: “Tenho sede”. O significado é simbólico, mas ao mesmo tempo é claro e direto. O inocente povo carente da Índia e outros seres vivos sofrem devido à escassez de água, que é um dos resultados diretos e terríveis da mu-dança climática. Assim como disse Jesus há dois mil anos, eles também dizem agora: “Temos sede”.

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba...” (João 7:37). As dádivas divinas se propagam para todas as criaturas da Terra, e todos os seres vivos têm direito ao acesso à dádiva celeste da água – com abundância. É por isso que o Apocalipse afirma que “a quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida” (não apenas aos seres humanos, mas para todas as criaturas que têm sede). A Igreja deve se opor a investimentos antiéticos em atividades humanas e em paradigmas de desenvolvimento injustos. Ambos vão contra o ritmo da natureza. Ao invés disso, devemos colaborar com Deus para a

redenção da natureza. Ao seguirmos com Cristo, lembremos que a água é uma dádiva divina que deve ser apreciada, compartilhada com todas as criaturas e protegida para as gerações futuras.

Questões para reflexãoO que você acha sobre a água como um motivo para a guerra? Você estaria disposto a compartilhar suprimentos limitados de água se uma comunidade vizinha necessitasse?

Um executivo de uma grande empresa multinacional disse que a água é um direito, mas não uma mercadoria grátis. O que ele quis dizer?

O mesmo princípio poderia ser aplicado ao ar que respiramos?

Fontes recomendadasPara leituras e estudos adicionais sobre casos de seca contínua e crises de água na Índia, assim como reações da igreja:

https://www.google.co.in/search?q=drought+in+india+2016&espv=2&biw=1600&bih=775&tb-m=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwiAy_Cyla_OAhVKtY8KHdF0BEwQsAQIGg

http://www.circleofblue.org/2016/world/indias-severe-drought-causing-havoc/

http://www.ndtv.com/topic/india-drought?browserpush=true

http://www.business-standard.com/article/opinion/india-facing-its-worst-water-crisis-ever-himanshu-thak-kar-116051400704_1.html

Earth Bible Sermons (Sermões da Bíblia sobre a Terra) (três volumes 2015, 2016) editados pelo Dr Mathew Koshy Punnackad, publicados pela CSI & ISPCK www.ispck.org.in

Water struggle (Luta pela água) (2007) editado por V J John, publicado pelo Bishop’s College, Calcutá/ISPCK www.ispck.org.in

Segundo domingo da Quaresma

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Terceiro domingo da Quaresma

O rio da vidaReverenda Dra. Rachel MashIgreja Anglicana da África Austral

“E saía um rio do Éden para regar o jardim” (Gênesis 2:10).

Oração inicialEspírito da água da vida

Que abriga todas as criaturas em seu útero

E nos dirige para a terra no nascimento.

Espírito das marés,

Faça-me lembrar dos movimentos de seus ritmos

Para que eu possa encontrá-los bem no íntimo do meu ser.

Espírito da vegetação verdejante,

Traga frescor e vigor para minha vida

Para que eu possa desfrutar da sensação de sua energia

Movendo-se em mim em direção ao mundo.

Dádivas da água se derramem sobre mim.

Que eu seja conduzido pelas águas do grande rio da vida.

Que eu descubra em mim uma fonte escondida, jorrando efusivamente.

Que eu seja levado até as margens do que é sagrado e renovado.

Christine Valters Paintner, Water, Wind, Earth, and Fire, the Christian Practice of Praying with the Elements, (Água, Vento, Terra e Fogo, a Prática Cristã de Orar com os Elementos) Sorin Books, 2010

No início, Deus colocou os seres humanos no Jardim de Éden para serem os guardiões da terra neste lindo planeta azul. A história bíblica do Éden surge primeiramente com uma imagem rural da água: “E saía um

rio do Éden para regar o jardim” (Gênesis 2:10).

Os rios são sinais de esperança, símbolos de vida. A Terra de Israel era uma terra seca, sem nenhum grande rio como no Egito ou Mesopotâmia. Porque seu único rio importante era o Jordão, o povo de Israel dependia da chuva para obter água. Como já tinha vivido tempos de seca e de fome, o povo conhecia a dor e a angústia dos dias de calamidade quando os riachos secavam.

Quanto, então, desse anseio bíblico por água e fontes no deserto pode ser identificado no coração da África? A agricultura da África caracteriza-se por uma alta porcentagem de pequenos agricultores (80 por cento) que culti-vam alimentos básicos com baixa produção e rentabilidade em pequenos lotes de terra. Essas granjas dependem da chuva. A falta de chuva traz com ela a seca e a pobreza.

Os paroquianos na parte norte da Diocese de Namíbia mostraram sua angústia no ano passado após uma seca devastadora. Segundo o governo, a única opção que teriam seria trazer o gado para ser abatido antes que morresse de fome. Para eles, o gado representava o futuro – a educação da família, o dinheiro para o casamento da filha. Tudo isso foi perdido quando a grande quantidade de carne do gado abatido inundou o mercado e o preço da carne registrou uma enorme queda. Quando não chove, os rios secam, e as famílias acabam vivendo um desastre a curto prazo e uma pobreza a longo prazo.

Na imagem bíblica da água, vemos um rio correndo pelo Éden. O rio traz a vida: não corre como uma corrente tempestuosa, destruindo o solo arável e carregando com ele casas nas inundações. Ao invés disso, fornece água, alimento, comércio e um local de recreação e alegria.

Hoje em dia, os rios se tornaram poluídos, ou então secaram completamente devido às mudanças climáticas, à con-strução de represas enormes, ao crescimento de espécies de plantas invasoras e ao desflorestamento. Os peixes estão morrendo e os pássaros desapareceram. A diarreia causada pela água contaminada mata 1.400 crianças diariamente. Essa é apenas uma parte das 4 milhões de mortes por doenças relacionadas à água e saneamento inadequado. Mais de 700 mil-hões de pessoas no mundo não têm acesso à água segura e acima de 2 bilhões não contam com saneamento adequado.

Em face dessa imagem deprimente, a Bíblia oferece uma visão urbana de um novo rio da vida, do Éden recuperado:

“E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações” Apocalipse 22:1-2.

Dirigindo para o trabalho em uma rodovia movimentada da Cidade do Cabo, eu passo ao lado de um rio poluído repleto de detritos e de lixo tóxico. Há poucos meses, o trânsito intenso se movia muito lentamente na mesma estrada. Primeiro, eu pensei que tivesse ocorrido um acidente, mas depois percebi que os carros haviam parado porque um bando de mais de cinquenta flamingos estava levantando voo do rio. Como uma nuvem reluzente cor de rosa e preta, batiam as asas voando em direção ao sol. As iniciativas de purificação do rio através da limpeza local e a proibição de que as fábricas despejassem produtos químicos restauraram a qualidade da água – e os flamingos voltaram!

Que os flamingos sejam um símbolo da renovação da criação – um sinal do rio da Água da Vida fluindo para levar vida e esperança. E oxalá que o gado possa engordar em milhares de colinas.

Questões para reflexãoO Batismo traz o elemento da água para nossa vida sacramental de maneira concreta e visível. A água do batismo representa os mares, os rios, os lagos, os pântanos, a neve, as nuvens, a névoa e os riachos de todo o nosso planeta. Sabemos em que rio Jesus foi batizado – o rio Jordão. Mas muitas vezes não sabemos em qual rio originou-se a água da pia batismal! Como nossa atitude e relação com o rio e sua preservação mudariam se pudéssemos desco-brir nosso rio batismal e nos lembrarmos desse lugar sagrado?

Oração FinalEnsine-nos a viver em ti assim como os peixes vivem na água.

Ensine-nos a sermos levados pelo Espírito assim como os pássaros são levados pelo vento.

(Ray Simpson, “Liturgia Batismal, The Celtic Prayer Book (Vol. 3) (O Livro das Orações Celtas), Healing the Land: natural seasons, sacraments, and special services” (Curando a Terra: estações naturais, sacramentos e serviços especiais). Kevin Mayhew Publishers, 2016

Fontes recomendadashttp://reports.weforum.org/africa-competitiveness-report-2015/chapter-2-1-transforming-africas-agricul-ture-to-improve-competitiveness/

http://www.oxfam.org.uk/what-we-do/issues-we-work-on/water

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Quarto domingo da Quaresma

Água: uma vista das margens Dr. Andrew Leake

Igreja Anglicana da América do Sul

“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (Ecclesiastes 11:1).

Oração inicialJesus, o Senhor é a Fonte da Água Viva, nosso Amigo e nossa Salvação. Oramos por todos aqueles que não têm água limpa para beber. Purifique, proteja e multiplique as fontes de água para que eles possam – sem medo de causar danos a si mesmos e aos filhos – encontrar nutrição e alimento. Amém.

Adaptada da “Prayer of the Day: Clean Water” (Oração do Dia: Água Limpa) por Web Editors of Sojourners.”

Nossa diocese está localizada na região árida do Chaco, ao norte da Argentina, que é coberta em sua maior parte de florestas tropicais secas. A maioria das 150 congregações largamente dispersas é composta de povos

indígenas nômades que vivem da caça, pesca e alimentos da floresta. O restante é composto de campesinos, con-hecidos localmente como criollos.

Conversando com os criollos de uma comunidade que vive nas profundezas da floresta, eu lhes perguntei quan-tos poços eles perfuraram em consequência de um recente projeto de água. “Não tenho ideia”, disse um homem. “Aprendemos a fazer poços”, continuou ele. “Uns foram ensinando os outros, e um ou dois cobraram algum dinheiro e foram cavar poços em outras comunidades. Então, nós não sabemos ao certo quantos poços foram cavados.”

Achei isso animador, porque não é sempre que você se depara com projetos de desenvolvimento bem-sucedidos na região. Meu entusiasmo diminuiu quando eu soube que a água da maioria dos poços é salgada ou biologicamente inadequada para o consumo humano. Existe “água doce” no Chaco, mas só pode ser acessada através de perfu-rações comerciais profundas, pelas quais as famílias carentes possivelmente não podem pagar.

O povo carente da região do Chaco tem que se contentar com qualquer água que consiga, mesmo quando seja de má qualidade. Para beber, eles coletam água da chuva e a armazenam em garrafas plásticas usadas. Usam a água salgada dos poços para o resto de suas necessidades, especialmente para o gado e para as cabras quando não há mais água nas lagoas abastecidas pela chuva. Em último caso, eles compram água daqueles que têm poços mais profundos.

Aos olhos do povo carente, uma água de má qualidade é melhor do que nada. Podemos dizer que eles se satisfazem com as migalhas que caem da mesa, mas como milhões de outros ao redor do globo, pagam por isso com sua saúde. Joseph Treaster, em um artigo da revista Harvard Review of Latin America (inverno de 2013), resumiu o problema em poucas palavras: “Pessoas que sofrem de doenças causadas pela água ocupam cerca da metade de todas as camas dos hospitais do mundo. E anualmente, as doenças provocadas pela água matam aproximadamente dois milhões de pessoas, a maioria delas crianças menores de cinco anos de idade”. Duvido que pessoas com água limpa e potável imaginem como vivem aqueles que não têm água.

É ttrágico saber que a situação desses campesinos do norte da Argentina, assim como a de milhões de pessoas carentes ao redor do mundo, provavelmente se tornará ainda pior. As precipitações se tornaram erráticas. O desmatamento realizado por fazendeiros comerciais causa a salinização dos lençóis freáticos. As mudanças na ocupação do solo provocam consequências imediatas fazendo com que a água da chuva não seja coletada nas lagoas que os campesinos utilizam para os animais. E a pouca água restante na superfície está sendo contamina-da por produtos agroquímicos.

Enquanto dirigia para casa pelas estradas secas e empoeiradas, refletindo sobre o que ouvi, duas ideias me vieram à mente. A primeira foi o fato de que um projeto malsucedido visando fornecer água limpa poderia, devido às terríveis circunstâncias, ainda ser útil para os campesinos. Segundo, é improvável que uma solução sustentável e a longo prazo possa ser encontrada em poços rasos. Mas um processo político destinado a garantir a integridade ecológica da paisagem do Chaco poderia conter a resposta necessária.

Eu fiquei imaginando, como faço às vezes, se a Igreja pode reagir realisticamente a esse tipo de desafio – tão grave e urgente. O autor do Livro de Eclesiastes nos incentiva a seguir em frente fazendo o que podemos, mas a complexi-dade crescente do problema exige que tenhamos a certeza de que o “pão” dado seja adequado às necessidades.

Questões para reflexãoVocê sabe de onde vem a água que usa e para onde vai a água usada?

Se você reduzisse o consumo de água limpa, quem se beneficiaria de suas ações?

Qual pode ser o significado do texto do Eclesiastes 11:1 referente a ajudar as pessoas que não têm acesso à agua potável?

Fontes recomendadasPara saber mais sobre a “água oculta” que usamos todos os dias, sem perceber, acesse http://environment.nationalgeographic.com/environment/freshwater/embedded-water/

A Rede da Pegada Hídrica ajuda a nos conscientizarmos do uso da água no consumo diário e oferece um bom ponto de partida para o compartilhamento de água fresca e limpa para o sustento de comunidades ao redor do mundo e de todas as criaturas de Deus.

http://waterfootprint.org/en/

https://sojo.net/articles/prayer-day-clean-water

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Quinto domingo da Quaresma

Quebrantamento, cura, totalidade do ser: a água conecta a todos nósMichael Schut

A Igreja Episcopal

“E a terra seca se tornará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas” (Isaías 35:7).

A palavra Lent (Quaresma em português) se deriva de lencten do inglês antigo, que significa “tempo de primave-ra”. É geralmente associada com renúncia – um tempo de jejum e de arrependimento. A época da primavera,

ao contrário, é a estação da abundância, renovação e esperança.

As imagens de Isaías transmitem um caminho cheio de esperança em direção a um tipo de primavera: o solo sedento e abrasa-dor transformado em lagos e fontes. Mas ao considerar os dados relativos ao uso da água, abundância e renovação não são as primeiras palavras que vêm em mente. Vamos compartilhar algumas vinhetas recentes dos Estados Unidos, que é onde eu moro.

O rio Colorado fornece água para 30 milhões de pessoas, percorrendo alguns dos estados mais áridos. É tão explo-rado para o uso agrícola, industrial e municipal que suas águas agora raramente chegam ao Golfo da Califórnia. As areias abrasadoras nem sempre se transformam em lagos da vida!

A cidade de Flint em Michigan abriga cerca de 100.000 pessoas, sendo que aproximadamente metade delas vive na pobreza. Mais da metade da população é negra. Para reduzir custos, a cidade transferiu sua fonte de abastecimento para o rio Flint – mas isso sem tratar adequadamente a água, o que resultou em níveis muito elevados de chumbo na água potável municipal, afetando a saúde e o desenvolvimento das crianças da região. As autoridades governa-mentais estão sendo investigadas e algumas delas foram incriminadas e consideradas responsáveis. É uma história única, mas também de alguma maneira familiar: as comunidades de baixa renda e marginalizadas continuam a ser mais impactadas negativamente pela degradação ambiental do que qualquer outra. Nesse caso, o solo e a população não têm sede de água, mas sim têm sede de água limpa.

Minha cidade natal é Seattle no estado de Washington, na região noroeste dos Estados Unidos. Somos conhecidos pelo tempo cinza e chuvoso, exceto nos três meses do verão quando chove muito pouco. Durante esses meses secos, nossa água origina-se da neve derretida das Cascade Mountains. A neve é a nossa segurança de água, como se fosse um enorme reservatório de água pendurado nos ombros prodigiosos das montanhas. Com a elevação das temperaturas, contudo, a acumulação anual da neve está se reduzindo entre 20 a 80 por cento desde 1955, dependendo de onde no estado.1 A umidade das montanhas continua – apenas se transforma em chuva mais frequentemente do que antes, causando mais inundações no inverno e um menor derretimento da neve no verão. A acumulação da massa de neve transforma nosso solo sedento em fontes de água, mas as fontes são seriamente ameaçadas pela mudança climática.

Entre todas as profundas interconexões surgem sinais de esperança. Em 2014, pela primeira vez em 16 anos, o rio Colorado chegou até o golfo da Califórnia. Um acordo político entre o México e os Estados Unidos (conhecido como Minute 319) é o responsável por reunir o rio e o mar. Quando se descobre uma transgressão, como em Flint, as autoridades governamentais podem ser responsabilizadas. E, no estado de Washington, uma das principais pri-oridades do governador aborda as mudanças climáticas.

O México e os Estados Unidos concordam com uma alteração da política, e um rio é parcialmente restaurado, um es-tuário reabastecido e inúmeras espécies têm esperança de sobreviver. As autoridades de Flint decidiram economizar, e bebês e crianças adoecem, podendo até morrer. Um governador de Washington busca estabelecer uma política climáti-ca sólida e todos os benefícios globais, pelo menos alguns poucos, obtidos pela redução das emissões de carbono.

No mundo ocidental nós tendemos a pensar no indivíduo como um ego envolto em um invólucro, uma pele. Os povos nativos pensam de outra maneira; seu senso da interconexão de todos os elementos é “facilmente demonstrável e cientificamente irrefutável”. A água dentro de nós se torna em vapor de água, chuva, árvore, sapos, peixes e oceano: todos interconectados em um ser novamente. A água evaporada de sua casa se transforma em vapor de água; que se transforma na chuva que cai no Oceano Pacífico; que se transforma em vapor novamente e cai como neve sobre as Montanhas Cascade; que se transforma em neve derretida, unindo-se à Bacia do rio Cedar que fornece água a Seattle; e, finalmente, a água de sua casa se torna a água na minha casa, ao meu lado, em um copo enquanto escrevo.

Encerramento: O que me ocorre é que o verso de Isaías pode também ser lido espiritualmente, afirmando que uma alma sedenta pode, na verdade, ser repleta novamente. Será que a transformação de nossa relação com a água, e na realidade com toda a criação de Deus, está intimamente conectada à cura de nossos corações áridos e sedentos?

A promessa das águas do batismo é nos tornar plenos e completos novamente. Talvez a humanidade esteja despertando para o fato que a totalidade, a restauração das relações, não é apenas com Deus ou com nosso vizinho humano, mas tam-bém com a criação, com as águas batismais.

OraçãoCriador, Sustento, Redentor,

Nós tomamos por certo o que sempre tivemos, sem nos darmos conta de sua preciosidade até o perder ou correr o risco de perdê-lo. Confessamos que nossos relacionamentos frequentemente refletem nosso espírito quebrantado: na maneira como tratamos o nosso vizinho, como amamos nossa família, como poluímos nossas águas, o ar e o solo.

Que nosso coração se abrande e se abra para que possamos amar tanto a beleza e a dádiva da vida que esse mesmo coração sofra com a fragilidade de um espírito quebrantado, se alegre com todos os sinais da cura, per-maneça resoluto na luta pela justiça, distribua a misericórdia para todos, inclusive a nós mesmos, e encontre em você a esperança e o amor que brota de seu coração para todas as criaturas. Em nome de Cristo, amém.

Questões para reflexãoVocê já sentiu ou percebeu que uma transformação em nosso relacionamento com a criação de Deus pode também curar parte do que cura nosso coração? Como assim? Quais palavras você usaria para descrever esse sentimento?

Na região onde você vive, quais são alguns dos sinais de esperança em termos de como tratamos a água?

Como você acha que a fé te chama para reagir às questões relacionadas à água, ou outras realidades “ambientais” ao seu redor?

Você acha que as comunidades de fé em geral, e a Comunhão Anglicana especificamente, desempenham um papel importante na crise da água? Como você descreveria esse papel e por que é importante?

Reflita sobre sua vida. Você já vivenciou uma experiência mística ou muito profunda relacionada com a água? Em caso afirmativo, e se sentir à vontade, compartilhe a história com seu grupo. O que isso lhe ensinou sobre você mesmo e sobre Deus?

Fontes recomendadasA organização Food & Water Watch (Vigilância dos Alimentos e da Água) http://www.foodandwaterwatch.org defende alimentos saudáveis e água limpa para todos.

A organização Children and Nature Network (Rede Criança e Natureza) www.childrenandnature.org lidera o movi-mento que conecta todas as crianças, famílias e comunidades à natureza através de ideias inovadoras, ferramentas e recursos baseados em evidências, colaboração ampla e apoio às lideranças dos movimentos de base.

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Domingo de Ramos

Com a morte Ele nos deu a Água da VidaReverendíssima Ellinah WamukoyaIgreja Anglicana da África Austral

“Então Pilatos, vendo que nada aproveitava,

antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos…” (Mateus 27:24)

Oração inicialPai Nosso, sua dádiva da água concede vida e frescor para a terra; purifica nossos pecados e nos dá a vida eterna. Lem-brai, Senhor, de suas misericórdias, e com sua proteção eterna santifique seus servos para os quais Cristo, seu Filho, ao derramar seu Sangue, criou o Mistério Pascal. Amém.

A água sempre desempenhou um papel proeminente na religião, na mitologia e nas artes. É considerada como um símbolo da vida para os homens e também para a natureza, e um meio de limpeza e de purificação (Êxodo

15:23-35). A água de Ngome em KwaZulu Natal oferece um exemplo bem próximo a nós, onde sete nascentes se unem e formam um reservatório. Um santuário foi erguido no local após a Irmã Reinolda ter tido uma visão de Maria, que prometeu que lá suas Graças jorrariam abundantemente. Muitos acreditam que a água é sagrada e tem poderes de cura. Como um elemento de purificação, a água no santuário destrói o mal.

Para os judeus, uma folha de palmeira simbolizava alegria e celebração. Na cultura romana, a folha de palmeira era também um símbolo de vitória. Por outro lado, a palmeira representava sobrevivência e vida porque era (e ainda é) uma das poucas árvores que crescem em paisagens áridas. A presença de palmeiras no deserto signifi-ca um oásis ou a existência de água sob a superfície. Em sua entrada triunfal em Jerusalém, Jesus é apresenta-do como um tipo diferente de “rei”, rejeitado nos discursos da elite local, mas bem aceito pelas multidões que confirmavam, sem saber, sua vitória. Jesus, o Rei Servo, entra em Jerusalém preparado para ser o cordeiro do sacrifício e, assim, trazer vida ao mundo. Ele chega como o Rei Messiânico humilde que veio restaurar a nação e a terra, conforme descrito em Zacarias (14:8):

“Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental...”.

As bênçãos divinas se estendem para leste e para oeste, jorrando continuamente e trazendo com elas a cura e a nova vida. O Rei, entrando em Jerusalém para ser imolado e nos purificar de nossos pecados, vem para nos redi-mir e redimir a natureza.

Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus... (Salmos 46:4).

Jerusalém, na verdade, não tinha nenhum rio mas tinha Deus que, como um rio, provinha e continua a prover sustento para a vida do povo. Os rios que correm pelas cidades sustentam a vida ao tornar a agricultura possível e facilitar o comér-cio com outras cidades. As águas correntes são o sinal da restauração da presença de Deus na terra.

No Evangelho segundo Mateus (27:24), Pilatos lava as mãos para demonstrar que não era responsável pela morte de Jesus; mas, ironicamente, ao negar sua responsabilidade, ele declara que o sistema judicial romano pactua com a elite religiosa que manipulou as multidões para atingir seu objetivo. Em defesa da justiça, a água revela a verdade (Carter: 527).

Depois o sangue de Jesus caiu sobre o povo e sobre seus filhos realizando o plano de redenção de Deus (Mateus 23:39).

Eis aqui o sangue da aliança... (Êxodo 24:8).

O prenúncio do sacrifício da morte na redenção de Jesus Cristo aconteceu quando Moisés aspergiu o sangue no povo, unindo novamente a humanidade com Deus. Sendo assim, a água e o sangue são os sinais da criação de que esse evento carrega a verdade e a esperança para toda a criação. O simbolismo da água é significativo. Ele veio pela água, pelo sangue e pelo Espírito, como testemunho de um só Deus (1ª de João 5:6-8). No batismo pela água, ele ordena que nós morramos com Ele e que ressurjamos e vivamos uma nova vida. Com a vida renovada, nós vemos toda a criação através dos olhos de Jesus (Romanos 6:4).

Em João 19:34, quando a lança do soldado perfura o corpo de Jesus, sangue e água brotam imediatamente. A água da vida jorrando do lado do corpo de Jesus está relacionada com João (7:37-39), que a descreve como a “água da vida”. No Livro do Apocalipse (22:1-3), o “rio da água da vida” traz a redenção e a cura para a humani-dade e também para a natureza. O fluxo de sangue e de água prefigura os Sacramentos da Eucaristia (sangue) e do Batismo (água), assim como o nascimento da Igreja. Como Deus criou Eva da costela de Adão, enquanto dormia profundamente, da mesma maneira Cristo deu o sangue e a água de seu próprio corpo para criar a Igreja depois de sua morte (John Chrysostom).

O agravamento da crise global de água, que de acordo com especialistas durará por muitas gerações, nos pro-porciona a oportunidade de refletir, como cristãos, no estado espiritual do mundo em que vivemos e compar-tilhamos. Enquanto os recursos físicos da água se reduzem cada vez mais, a água espiritual, representada pelo Domingo de Ramos, cresce cada vez mais para aqueles que dela bebem (João 7:38). A água espiritual nos chama a responder às necessidades daqueles que não têm água para beber.

Fontes recomendadasPara informações sobre as condições severas da seca no Reino da Suazilândia, um país sem saída para o mar, encravado na região sul do continente africano, e sobre iniciativas eficazes, acesse os seguintes sites:

https://thewaterproject.org/water-crisis/water-in-crisis-swaziland

https://www.thirstproject.org/swaziland/

http://adaptation-undp.org/projects/sccf-swaziland

http://reliefweb.int/report/swaziland/swaziland-humanitarian-needs-overview-2016

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Colaboradores

A Reverendíssima Dra. Helen-Ann Hartley é a Bispa de Waikato na Igreja Anglicana de Aotearoa, Nova Zelândia e Polinésia, uma posição na qual atua desde o começo de 2014. Ordenada inicialmente na Igreja da Inglaterra, a Bispa Helen-Ann foi cura de um grupo de paróquias rurais na Diocese de Oxford antes de iniciar sua educação em Teologia em Oxford e depois em St John’s College em Auckland, Nova Zelândia.

O professor Dr. Mathew Koshy Punnackad participa ativamente na campanha pelo Movimento Verde da Igreja (Green Church Movement) desde 1990. Como o diretor honorário do Departamento de Problemas Ecológicos da Igreja do Sul da Índia (CSI em inglês), o Dr. Punnackad criou a ideia dos sermões da Bíblia sobre a Terra (Earth Bible Sermons) e publicou três volumes. A CSI é a única Igreja na Índia com uma ala ecológica (operando desde 1992), que é um dos mandatos da missão da Igreja. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente premiou a CSI com um prêmio da ecologia em 2009.

O Dr. Andrew Leake é o representante da Rede Ambiental da Comunhão Anglicana (ACEN, sigla em inglês) para a Igreja Anglicana do Cone Sul da América e diretor da Terra para a Vida (Fundación REFUGIO), uma iniciativa cristã para a conservação no norte da Argentina. O Dr. Leake é diplomado em ciências ambientais e desenvolvimento rural.

A Reverenda Dra. Rachel Mash é a coordenadora da Rede Ambiental (Anglicanos Verdes) da Igreja Anglicana da África Austral. A Igreja abrange a África do Sul, Reino da Suazilândia, Lesoto, Namíbia, Moçambique e Angola. A Dra. Mash é membro do comitê de direção da Rede Ambiental da Comunhão Anglicana (ACEN). Está compro-metida em promover a inclusão da Estação da Criação em nossos calendários litúrgicos e as ações práticas e de apoio nas congregações locais. Ela acredita que a transformação não acontece quando indivíduos se transformam, mas sim quando “indivíduos interconectados em uma rede se transformam”.

Michael Schut é o ex-diretor de assuntos ambientais e econômicos para a Igreja Episcopal. Serviu anteriormente na equipe do Ministério da Terra. Mike trabalha atualmente para a Rede Crianças e Natureza. Entre seus livros estão Simpler Living, Compassionate Life: A Christian Perspective (Vida Mais Simples, Vida com Compaixão: Uma Perspecti-va Cristã) ; Food and Faith: Justice, Joy, and Daily Bread (Alimento e Fé: Justiça, Alegria e o Pão de Cada Dia); e Money and Faith: The Search for Enough (Dinheiro e Fé: A Busca pelo Suficiente). Para conhecer mais sobre seu trabalho acesse www.mikeschut.com.

A Reverendíssima Ellinah Wamukoya, Bispa de Suazilândia, tornou-se a primeira mulher bispa anglicana na África, em 2012. Possui dois mestrados: o primeiro em Planejamento Regional e de Cidades, e mais recentemente, em História e Política da Igreja. A tese de seu mestrado reflete sua paixão pelos tópicos ambientais: Uma exploração histórica da importância do meio ambiente na adoração eucarística: o contexto das liturgias autorizadas na Igreja Anglicana da África Austral de 1850 até o presente. Previamente atuou como capelã da Universidade de Suazilândia, e acredita firmemente no desenvolvimento do ministério leigo em toda a extensão da igreja. Em 2016, foi nomeada presidente da Rede Ambiental da Comunhão Anglicana. Nascida na Suazilândia, a Bispa Ellinah e Henry Wamu-koya, seu marido queniano, têm três filhos adultos.

* A Rede Ambiental da Comunhão Anglicana – RACA (pelas siglas em Inglês: ACEN – Anglican Communion Environmental Network)

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O Rev. Dr. William Lupfer, Rector | O Rev. Phillip A. Jackson, Vigário