Reflexões Sobre o Autorretrato, Diego Ferreira

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Estudo sobre a noção de Autorretrato

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UERJINSTITUTO DE LETRASPROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO-SENSU EM LETRAS

Diego Pereira Ferreira

Ttulo: Reflexes sobre o autorretrato

Curso: A tcnica, a imaginao e o erotismoProfessora: Maria Conceio Monteiro

Reflexes sobre o Autorretrato

A mancha no espelho

Dieter Appelt, Der fleck auf dem spiegel, den der atemhauch schafft, 1977(A mancha no espelho, feita pela respirao)

Diante do espelho, a imagem fabricada de si, um Outro em superfcie. A imagem do espelho no nos revela a experincia totalizante de uma vida, assim como o rosto, delineado por tantos ossos, nervos, msculos, no est para a totalidade do corpo: se mantm em sua superfcie, onde encontra sua potncia.A fotografia que introduz o trabalho de Dieter Appelt, artista visual alemo. Nascido em 1935, na cidade de Niemegk, iniciou seus estudos fotogrficos no perodo de ps-guerra, precisamente em 1959, mantendo em paralelo uma carreira dedicada ao canto lrico - foi membro do Coro da pera de Berlim. Fotgrafo, pintor e escultor, comeou a se estabelecer nas artes visuais em suas primeiras exposies individuais, no ano de 1974. Com influncia do trabalho de seu compatriota, o artista Joseph Beuys, trouxe para sua fotografia a fora da performance. Durante uma viagem para a ilha italiana de Monte Isola, em 1976, iniciou uma srie de autorretratos, utilizando-se, portanto, como modelo de suas prprias fotografias. No entanto, usou diversos materiais, como gesso ou argila em sua pele, envoltas em gaze, esculpindo-se como uma criatura amorfa. Pontuando essa srie de apresentaes est sua famosa imagem que se torna aqui objeto de estudo: Der fleck auf dem spiegel, den der atemhauch schafft (A mancha no espelho, feita pela respirao).

As marcas do trauma do ps-guerra se confundem em seu trabalho com a memria dos corpos de soldados em decomposio encontrados no terreno da fazenda de sua famlia, durante sua infncia. Essa decomposio, a transitoriedade do corpo, aparece como tema de suas fotografias, que traduzem uma crise que situa sua extremidade na morte, na decomposio, na efemeridade da matria. Estamos diante de sua fotografia junto ao espelho, um espelho que, segundo antes do clique na mquina fotogrfica, antes da marca feita pela sua respirao, refletia o rosto de Appelt. nesse momento circunstancial da fotografia que me debruo por ora para o estudo do autorretrato, e suas possveis analogias com a confeco de um autorretrato na literatura. Para tanto, preciso me aprofundar na ideia de corpo como matria do tempo, bem como seu imbricamento na confeco de uma imagem de si, na potncia de um autorretrato.Em um primeiro momento me surge a ideia de um corpo efmero, sujeito s mais diversas aes do tempo: um corpo que no se situa em lugar rgido, que quer e age a todo tempo na abertura de suas "janelas", na sua recusa a se estabelecer em um "sistema fechado". H, no entanto, muitas nuances dessas aberturas, que se realizam nas imagens de abjetos, ou na ao da abjeo: suar, sangrar, urinar, digerir, menstruar, ejacular... respirar. a ao do corpo que o dessitia, que o coloca no lugar de eterna passagem, de tantas incorporaes e aleijamentos. Ou como quer Jean-Luc Nancy:

O corpo uma lixeira e uma rede de fontes, um poo, um buraco, um pntano, uma maquinaria de bombas, turbinas e comportas cujo conjunto mantm a vida no mido, ou seja, na passagem, na permeabilidade, no deslizamento, na flutuao, no nado e no banho. Herclito no s no se banha duas vezes nas guas do mesmo rio, tampouco o faz no mesmo corpo. Nunca o mesmo sem estar empapado de estranheza, manando novas umidades. (NANCY, p. 21, 2014)

Me referindo ainda s imagens da abjeo, me atenho aqui respirao por duas circunstncias essenciais: (a) nos faz refletir sobre um corpo em estado gasoso, encontrando uma potente imagem do corpo como passagem; (b) a respirao de Dieter Appelt refletida no espelho, na circunstncia da fotografia, que desabrocha uma perturbao das linhas que definem a imagem de seu rosto. Na obra de Dieter Appelt, notamos a mancha da respirao dividindo lugar com seu rosto. interesse reforar: trata-se de um autorretrato; no entanto, um autorretrato que insere a ao do tempo (no difcil imaginar que o espelho volte a seu estado inicial, segundo depois) e uma certa recusa a estabelecer a fisionomia do fotgrafo como a mxima expresso do que ele seria, por ventura, em uma associao to repetida na histria dos autorretratos nas artes plsticas. A busca da perfeio e do realismo nas artes plsticas, principalmente antes do advento da fotografia, nos faz pensar sobre a importncia dada fabricao das imagens de algum, do rosto desse algum, em compromisso com sua aparncia "real". Inevitvel: algo se quer fazer reconhecer. Nesse sentido, o autorretrato de Appelt nos aponta uma direo contrria: possvel fabricar minha aparncia sem o compromisso do realismo dos traos e do reconhecimento da forma?

Assim pois, o retrato no consiste simplesmente em revelar uma identidade ou um "eu". Isto sempre, sem dvida, o que busca: que a imitao tenha primeiramente seu fim em uma revelao (em um desvelamento que faria sair eu do quadro; ou seja, em um "destelamento"...). mas isto s possvel fazer - se o pode, este poder e essa possibilidade so o que est precisamente em jogo - a condio de poder descobrir a estrutura do sujeito: sua sub-jetividade, seu ser-sob-si, seu ser-dentro de si, por consequncia fora, atrs ou adiante. Ou seja, sua exposio. O "desvelamento" de um "eu" no pode ter uma lugar seno pondo essa exposio em obra e em ato: pintar ou figurar j no ento reproduzir, e tampouco revelar, seno produzir o exposto-sujeito. Pro-duzir: conduzi-lo adiante, sac-lo fora. (NANCY, p. 15, 2006)

Segundo Giorgio Agamben, o significado de Genius se traduz, para alm da sexualidade, no princpio que gere e exprime sua existncia inteira. Para o filsofo, a expresso corporal de Genius consagra-se na fronte. Isso talvez explique a compulso dos retratistas pelo rosto do Outro, embora a palavra encontre outras nuances de significado na modernidade. Ainda segundo Agamben:

Esse deus muito ntimo e pessoal tambm o que h de mais impessoal em ns, a personificao do que, em ns, nos supera e excede. "Genius a nossa vida, enquanto no foi por ns originada, mas nos deu origem". Se ele parece identificar-se conosco, s para desvelar-se, logo depois, como algo mais que ns mesmos, para nos mostrar que ns mesmos somos mais e menos do que ns mesmos. Compreender a concepo do homem implcita em Genius equivale a compreender que o homem no apenas Eu e conscincia individual, mas que, desde o nascimento at morte, ele convive com um elemento impessoal e pr-individual. O homem , pois, um nico ser com duas fases, que deriva da complicada dialtica entre uma parte (ainda) no identificada e vivida, e uma parte j marcada pela sorte e pela experincia individual. (AGAMBEN, p.16, 2007)

Seria possvel ento entender a transfigurao do rosto e do corpo no autorretrato na fotografia (como em Appelt), em equivalncia ao autorretrato na literatura, na medida em que ambos so potncia de recusa a uma fixidez de si - seja do corpo ou histrica? No seria a encenao de si uma face fabricada a partir desse lugar pr-individual? Esculpir um novo corpo no seria, para alm da encenao, manter aberta a passagem entre o individual e impessoal?Atendo-me novamente fotografia de Appelt, em consonncia eventual possibilidade de fabricao de corpos, notamos o ar impulsionado pela sua boca que s nos visvel pelo espelho: o espelho o aparato, o anteparo que torna possvel a "imagem do vento". Como mencionado acima, o espelho traz tona a ideia de um corpo gasoso, de um estado gasoso do corpo. importante refletir sobre o fato de que as partculas de vento se movimentam em grande velocidade, que empresta a esse corpo uma ideia de deformidade, um aspecto amorfo, que no se cristaliza, enquanto a aparente solidez dos tecidos, da carne e dos ossos, nos faz reconhecer, dia aps dia, o rosto de um parente.

O corpo to fluido e gasoso como slido. gasoso no intercambio rtmico da respirao, das narinas aos brnquios, um incessante intercambio do impalpvel com o impalpvel,a infraleve suspenso no mais voltil estado da substncia (a natureza, a coisa, o real). No corao desse intercambio, fluido, flui veias e artrias, circula por todos os lados, impregna e embebe a carne, os tecidos. (NANCY, p. 21, 2014)

A parte gasosa do corpo estaria relacionada, pelo motivo supracitado, a uma parte no reconhecvel do Outro, mas to distante que: Outro. Em se tratando da respirao, h ainda um aspecto do "de dentro para fora", sem reduzir a questo a uma dualidade: torna-se Outro pelo caminho de Si. H um personagem em ao, D-i-e-t-e-r A-p-p-e-l-t, assim to desfigurado. Esse ar que vaza, e que tocou as paredes de seus pulmes, faz pensar na frase de Nietzsche: Escreva com sangue (NIETZSCHE, p. 96, 2011), mas o que nos diria escrever com sangue dentro do contexto do retrato, afinal? imitar os movimentos dos corpos, externalizar: outro. Assim se suspende a obra, a realizao de um autorretrato, a um espao de transfigurao de si, no sentido de esculpir um corpo que parte de um silncio histrico, de um afeto. A parte de um Genius impessoal que se torna assim: outro. Volto agora ao fato de que Appelt tambm cantor. Sua boca aberta em forma de "O", os msculos dos lbios se abrindo para fora da boca, podem sugerir que Appelt estaria cantando, emitindo uma nota inaudvel na fotografia, que no ressoa na imagem fotografada, em seu aspecto acabado. No quero me apressar e sugerir com isso uma relao direta entre esse dado de sua vida (de que Appelt cantor) e sua fotografia; no entanto, em se tratando de um autorretrato, surge como um elemento interpretativo interessante para o decorrer da reflexo. Fosse uma nota, fosse um canto, seria possvel entender o autorretrato de uma maneira ainda mais vasta: possvel encontrar a potncia de um autorretrato em uma nota musical? Que seja em uma cano inteira: Self-portrait in Three Colors, de Charles Mingus. Fato curioso: se no possvel escutar a cano numa fotografia, que trs cores estariam a presentes na msica instrumental de Mingus? Algo no se revela, resiste ao fechamento. No entanto a pose est feita, a melodia composta, ambas fabricadas com a pretenso de um autorretratista.

Quando o retrato d preeminncia ao estado civil, quando se faz referencial e individualizador (retrato para o reconhecimento - em todos os sentidos do termo - da posteridade, o povo, a famlia e at a polcia, como ocorreu mais de uma vez), a identidade da pessoa se encontra fora dele e a identidade pictrica se perde ao ajustar-se outra. (NANCY, p. 24, 2006)

Outro elemento to destacado em seu autorretrato, o espelho, nos indica novos paradigmas para a anlise do objeto. Se o espelho nos devolve, por assim dizer, uma virtualizao de uma imagem "duplicada", por outro lado no deixa de esconder os rudos persistentes no aparato fsico espelho: ranhuras do tempo, porosidade, ndice de refrao, angulao: a imagem devolvida nunca ser uma reproduo fidedigna do "real". Desses tantos rudos que nos devolve o espelho, uma caracterstica se destaca na abordagem sugerida: o carter da ficcionalizao. A fsica pertinente ao espelho - a cada espelho - nica, produz imagens com seus prprios rudos, embora num imaginrio coletivo esteja associada a uma limpidez e uma perfeio que no encontram lugar - talvez sequer no que chamamos de real.A partir desse ponto, entendemos o espelho como um objeto que no nos poderia relevar a identidade do ser-a refletido. Os rudos do espelho, mesmo os fabricados por Appelt com seu hlito, evocam o sentimento de um resto, em um sentido lacaniano: sintomas de que um discurso no se completa. Mas h de se ressaltar que o resto no significa o indizvel, nem portanto anula a fabricao de uma imagem, ao contrrio, ele participa do dito, da imagem, deslocando-a consigo, ou seja, recusando o seu fechamento num sentido qualquer. Da conclumos que ficcionalizao de si na confeco de um autorretrato, guarda uma potncia, em seus rudos, de uma existncia que jamais se concretizar na palavra ou imagem.Por outro lado, mesmo que saiba o artista que embora a angstia da morte participe to decisivamente do seu processo artstico, h de se ressaltar a possibilidade de esculpir semelhanas como elemento presente na autoralidade. No seu fazer artstico, j o sabe, no interessa revelar, mas se posicionar, fabricando a imagem de um retrato que s carrega esse nome pela possibilidade de atribuir-lhe semelhanas.

Seria factvel analisar com mincia todas as variaes possveis desses enunciados identificatrios, que vo desde a exterioridade de um ttulo inserido fora do quadro at a incluso de uma autorreferencia da pintura: em ltimo caso, sempre se trata, no de uma remisso do quadro que ele representa (em todo caso, no somente), mas de uma forma geral de relao a si, forma de nome prprio e sua no-significncia ou da pintura postulando-se como verdade. dito de outro modo, a identidade referencial e a identidade pictrica (autnoma ou autorreferencial) se identificam assintoticamente uma com a outra; ao menos que o retrato proceda antes de tudo de sua identidade inicial. (NANCY, p. 23, 2006)

No entanto, a relao de atribuio de semelhanas parte de um pressuposto essencial a qualquer relao, se relaciona a si (ou ao objeto de onde se busca semelhana) como um si no entanto outro. E esse si no nos remete exclusivamente fisionomia e aparncia do corpo (corpo como o lugar de existncia), mas suas relaes afetivas com o mundo e toda a complexidade que envolve o ser.

A "interioridade", como se h dito, tem lugar no mesmo espao da "exterioridade", e em nenhuma outra parte. A "exposio" essa posta em espao e esse ter lugar nem "interior" nem "exterior", mas em abordagem ou em relao. Se poderia dizer: o retrato pinta a exposio. Ou seja, que a pe em obra. Mas a "obra", aqui, no a coisa ou o objeto "quadro". A obra o quadro em relao. Neste sentido, o sujeito a obra do retrato, e nesta obra onde ele se encontra ou se perde. (NANCY, p. 34, 2006)

...

Diante de si, em si, para si. No entanto, no to esttico, no to situvel, no to si. A provao de uma angstia intra-animal, a aberrao. Uma existncia de mltiplos lugares, mas nunca fixa, nunca estvel. Sempre deslizando, desmoronando, sempre incontornvel. possvel tocar no peito e dizer: este sou eu. possvel dizer, afinal, no sem que este "eu" seja sempre outro, sempre deslocado, lanado ao paradoxo. Da qualquer coisa que se diga, nunca se escapa de um duelo, um encontro de corpos: a palavra e "eu" (este sendo, sempre sendo).A angstia se apresenta nesse esfacelamento. Onde se quer eu sou, encontra-se somente um sopro, um hlito, que se desprende das paredes dos pulmes e encontra um espao que nunca o retm. Um sopro que espalha suas partculas no vento, que embaa os espelhos, e que desenha uma figura animada, perdendo-se novamente na cadeia de inalaes e exalaes, no tempo de um rio, de ventilaes.O autorretrato moderno surge desse impasse esttico: da rarefao de si a uma inquietude que direcionaria o retratista a um lugar de reconstruo. J o sabe, no se revela no corpo, no se revela na imagem. J o sabe no estar diante, portanto, de um enigma existencial, mas de uma fabricao esttica, a fecundao de um novo corpo, por assim dizer, um autorretrato que se esculpe em um conjunto de encenaes. A encenao de si surge dessa inquietude, mas provoca tantas outras. O autor que se sabe encenado, para alm de sua obra, nas remisses de seu prprio estar no mundo. Aqui no est em jogo uma exposio de si, uma apoteose de si, mas a converso de seu drama, de sua precariedade, em movimento: inventar-se atravs da angstia, tornar a vida uma constante fabricao de autorretratos. Em sua implicao com o objeto espelho, nota-se o reflexo de seu corpo, seu rosto pervertido pelo rudo do encontro do hlito com a superfcie do espelho: o vento que sai de seus pulmes se revela na subverso de sua prpria imagem espelhada. As implicaes com o objeto espelho, o seu confronto com a presena no artista mimetiza os movimentos da confeco do autorretrato: transfigura o objeto, sua massa modelvel, transfigura o autor.Deste modo, o autorretrato se distingue do autobiogrfico, na medida em que se lana para alm das linhas histricas e referenciais a obra, a uma vida apotetica. A tenso do artista na confeco de seu autorretrato aponta para a sua transfigurao, para sua reinveno. No est tampouco em jogo a revelao de uma vida subjetiva, mas um posicionamento, a criao de um modo de subjetivao, um corpo. possvel dizer que parte da angstia do autor, das inquietaes das mos vacilantes do artista (sem esse, o autorretrato seria impossvel), mas guarda uma espcie de solido, na medida em que no se ancora em representaes. Aqui a obra um corpo-sim, lana o seu prprio olhar, encara o autor, o perturba, o desloca. O autorretrato se sintomatiza portanto no confronto provocado pela potncia da encenao de si, na potncia da fabricao de tantas outras relaes estticas com o mundo.

Dieter Appelt,Erinnerungsspur(Memory's Trace), 1978-1979

BibliografiaAGAMBEN, Giorgio. Profanaes. So Paulo: Boi Tempo, 2007.BATAILLE, Georges. La conjuracin sagrada. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora, 2008.BATAILLE, Georges. La experincia interior. Madrid: Taurus Ediciones, 1973.______. O erotismo. Porto Alegre: L&PM, 1987.BLANCHOT, Maurice. A parte do fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.______. O espao literrio. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.BRANDO, Raul. Hmus. Lisboa: BBC, 2003.CORTZAR, Julio. Las armas secretas. Buenos Aires: Alfaguara, 2009.DERRIDA, Jacques. O Animal que logo sou. So Paulo: UNESP, 1999.FOUCAULT, Michel. Isto no um cachimbo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.NANCY, Jean-Luc. Corpus. Lisboa: Vega, 2000.______. El Intruso. Buenos Aires: Amorrortu. 2006.______. Embriaguez. Buenos Aires: Amorrortu. 2006.______. La mirada del retrato. Lans: Ediciones La Cebra. 2014.NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo, como algum se torna o que . So Paulo: Companhia das Letras, 1995.______. Assim falou Zaratustra. So Paulo: Companhia das Letras, 2011.______. A vontade de poder. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.______. Alm do bem e do mal. So Paulo: Companhia de Bolso, 1992.______. Aurora. So Paulo: Editora Escala, 2007.SLOTERDIJK, Peter. Esferas I. Madrid: Siruela, 2009.