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| OS LIVROS POÉTICOS E PROFÉTICOS DO AT 10 | REFLEXÕES BÍBLICAS O LIVRO DE Segundo LaSor há dois tipos principais de escritos de sabedoria: - os da sabedoria proverbial - que constam de ditados curtos e vigorosos com observações sábias sobre a vida e o modo de proceder, sendo exemplo o livro de Provérbios; - os da sabedoria contemplativa ou especulativa - que constam de monólogos, diálogos, ensaios ou histórias que se aprofundam em problemas da existência huma- na como o sofrimento e o sentido da vida. São exemplos os livros de Jó e Eclesiastes. O livro de Jó, o primeiro livro poético a ser estudado, é um dos mais antigos do AT. O modo de apresentar a história de Jó tem paralelo com Gênesis. Veem-se na narra- ção as marcas da antiguidade: - não havia sacerdotes ou santuários pois o próprio Jó executava os sacrifícios (1.5); - as posses eram medidas por número de animais e servos (1.3); - sua terra estava sujeita ao ataque de tribos peregrinas (1.14-17). 1 O livro de Jó pode ser dividido de forma mais geral em duas partes. - 1ª Parte: a moldura, que é uma parte narrativa que consta dos capítulos 1 e 2 (prólogo) e do texto 42.7-17 (epílogo); - 2ª Parte: o corpo do livro, que é a parte poética, de 3.1 a 42.6. Esta tem palavras de Jó e de seus amigos, um cântico sobre a sabedoria e palavras de Deus com respos- tas de Jó. Enquanto na narrativa que constitui a moldura, Jó se mantém submisso e tranqui- lo, na parte poética Jó lamenta, acusa e se rebela. 2 _________________ 1. LASOR, William S. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999. pp. 486 e 514 2. SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. São Leopoldo: Ed. Sinodal, 1994. p. 315

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  • | o s L i v r o s p o t i c o s e p r o f t i c o s d o at

    10 | R E F L E X E S B B L I C A S

    O LIVRO DE J

    Segundo LaSor h dois tipos principais de escritos de sabedoria:

    - os da sabedoria proverbial - que constam de ditados curtos e vigorosos com observaes sbias sobre a vida e o modo de proceder, sendo exemplo o livro de Provrbios;

    - os da sabedoria contemplativa ou especulativa - que constam de monlogos, dilogos, ensaios ou histrias que se aprofundam em problemas da existncia huma-na como o sofrimento e o sentido da vida. So exemplos os livros de J e Eclesiastes.

    O livro de J, o primeiro livro potico a ser estudado, um dos mais antigos do AT. O modo de apresentar a histria de J tem paralelo com Gnesis. Veem-se na narra-o as marcas da antiguidade:

    - no havia sacerdotes ou santurios pois o prprio J executava os sacrifcios (1.5);

    - as posses eram medidas por nmero de animais e servos (1.3);

    - sua terra estava sujeita ao ataque de tribos peregrinas (1.14-17).1

    O livro de J pode ser dividido de forma mais geral em duas partes.

    - 1 Parte: a moldura, que uma parte narrativa que consta dos captulos 1 e 2 (prlogo) e do texto 42.7-17 (eplogo);

    - 2 Parte: o corpo do livro, que a parte potica, de 3.1 a 42.6. Esta tem palavras de J e de seus amigos, um cntico sobre a sabedoria e palavras de Deus com respos-tas de J.

    Enquanto na narrativa que constitui a moldura, J se mantm submisso e tranqui-lo, na parte potica J lamenta, acusa e se rebela.2

    _________________1. LASOR, William S. Introduo ao Antigo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 1999. pp. 486 e 5142. SCHMIDT, Werner H. Introduo ao Antigo Testamento. So Leopoldo: Ed. Sinodal, 1994. p. 315

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    ESTUDO 1

    J um hOmEm apROVaDO pOR DEus

    Introduo

    Este estudo se baseia na moldura do livro (1.1 a 2.13 e 42.7-17).

    O incio do livro (J 1.1-5) j caracte-riza o patriarca J como homem ntegro, justo, temente a Deus e que se desviava do mal, tendo muitos bens e famlia nu-merosa. Era o homem mais prspero de sua poca e lugar.

    1. A primeira provao de J e sua vi-tria - J 1.6-22

    Vemos a J sendo elogiado pelo pr-prio Deus, que o descreve como um ho-mem ntegro e que se desviava do mal, enfim, um homem que O honra.

    Aplicao a sua vida: O que Deus di-ria de voc, olhando o seu modo de ser e agir?

    Quando Deus elogia Seu servo J como correto e que se desviava do mal

    Leituras dirias:

    Segunda J1.1-5 Tera J 1.6-12 Quarta J 1.13-22 Quinta J 2.1-10 Sexta J 42.7-17 Sbado Salmo 1

    (v. 8), Satans argumenta que J tem mo-tivos para isso, j que de Deus tem rece-bido apenas coisas boas: sade, muitos bens, famlia numerosa e prspera (vs. 9-11).

    Este texto, com reunio das criaturas de Deus perante Ele, pode nos trazer di-ficuldade de compreenso, mas ele nos mostra a soberania e autoridade de Deus. At mesmo Satans nada pode fazer sem a Sua autorizao (vs. 11-12).

    Aplicao a sua vida: Satans ar-rogante. Diz que J tem motivos para ser fiel, j que s recebe coisas boas do Senhor. Voc poderia relacionar mo-tivos para louvar a Deus, mesmo no meio de provaes?

    Deus d ento a Satans autorizao para tocar nos bens e famlia de J (v. 12). Ao ser atingido por grandes perdas, en-

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    vergonharia J ao Senhor, atendendo s expectativas e desejo do grande inimigo de nossa alma?

    J perde tudo. Bens e famlia (vs. 13-19). Mas diante das perdas, ele bendiz ao Senhor, admitindo que como chegara a esta terra (desprovido de tudo), assim partiria (vs. 20-22). A atitude de J des-mente as argumentaes de Satans, mostrando-lhe que suas aes no eram interesseiras.

    Aplicao a sua vida:

    - Satans pode fazer algo que Deus, em Sua soberania, no permita?

    - Que motivos levam voc a servir ao Senhor?

    - Como voc v a afirmativa de al-gum que diz que se algum tem f, sempre recebe de Deus aquilo que de-seja?

    2. A segunda provao de J e sua vi-tria - J 2.1-10

    Num outro dia, as mesmas criaturas compareceram diante do Criador e So-berano sobre a vida de todas. Outra vez Satans estava entre elas. Este texto no-vamente proclama a soberania de Deus sob a qual todos se encontram.

    H toda uma linguagem humana a, como se Deus pudesse fazer algo contra a Sua vontade, instigado por Satans. uma linguagem chamada antropomrfi-ca e visa facilitar a compreenso humana a respeito das aes de Deus.

    Permitindo o sofrimento de J, Deus realiza Sua prpria vontade e o desejo de Satans. A diferena fundamental que os dois tm objetivos opostos. Satans quer que J rompa sua relao com Deus, tornando sua vida infeliz e sem sentido. Deus quer (e sabe que assim ser) que J saia mais forte, feliz e revigorado do seu sofrimento.

    Toda vez que uma circunstncia dif-cil nos atingir, lembremo-nos que Deus est ao nosso lado, para que saiamos vi-toriosos, felizes e crescidos da experin-cia. Satans, no entanto, estar lutando pela nossa derrota e infelicidade.

    Nesta segunda provao, o corpo de J atingido, com a permisso do Se-nhor (vs. 4-6). Satans sabe que nada nos desestabiliza tanto quanto uma dor fsi-ca intensa e permanente e a que ele ataca J (v. 7). Apesar disto, J se mante-ve fiel. No v.10 ele fala sua mulher que no por ter recebido de Deus coisas boas at a, que tem sido correto em sua vida.

    Glria a Deus porque muitos cora-es humanos se abrem graa divina e exercem uma fidelidade independente-mente das circunstncias. Tais pessoas, embora desejem as bnos de Deus, desejam mais que tudo, o Deus das bn-os, com Sua soberania sobre as suas vidas.

    Aplicao a sua vida: Como se ex-pressa a sua fidelidade a Deus em cir-cunstncias adversas?

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    3. A vitria final de J - J 42.10-17

    Aps toda a sua dolorosa experincia, J recebeu em dobro os bens materiais e uma famlia to numerosa quanto antes.

    Este texto final do livro de J nos transmite uma grande lio: que aqui-lo que podemos receber aps sermos provados e aprovados muito maior e mais sublime do que o que tnhamos antes. Quando passamos por um tem-po difcil, mas nos mantemos em co-munho com Deus, podemos chorar, colocando diante dEle as nossas quei-xas, temores e dvidas... Isto aconte-ceu com J como veremos no prximo estudo. No final, no entanto, seremos galardoados com muitas bnos.

    Concluso

    Muitas lies nos so transmitidas por esta parte do livro de J. Dentre elas:

    - Adoramos um Deus Soberano, diante de Quem todos devem se curvar.

    Satans no tem igual poder. um ser poderoso, mas s age dentro da sobera-nia de Deus.

    - A fidelidade ao Senhor sempre recompensada na nossa vida.

    - O servo de Deus, mesmo o mais fiel, no est isento de sofrimento.

    - O princpio da retribuio, embo-ra vlido como um princpio geral (o que faz o bem recebe o bem e o que pratica o mal recebe o mal), no vlido para to-das as situaes. Acima dele est a sobe-rania de Deus que age com liberdade em relao vida de todas as suas criaturas.

    Aplicao a sua vida: De que maneira voc demonstra que aceita a soberania de Deus em sua vida?

    No prximo estudo veremos as crises de J em seu sofrimento.