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REFOCALIZAÇÕES DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AVA A PARTIR DA POSIÇÃO SOCIAL E DISCURSIVA DO
PROFESSOR EM FORMAÇÃO CONTINUADA
Claudia Vivien Carvalho de Oliveira Soares1 (UESB)
Resumo: Este trabalho apresenta uma discussão acerca dos processos interativos
vivenciados no Moodle, com base nas interações construídas em uma disciplina de um Curso de Especialização em Língua Inglesa. Os dados apresentados foram coletados por meio de observação participante e questionários. Os resultados indicam que os processos interativos vivenciados no ambiente virtual, apresentam-se de forma muito significativa para os alunos e que o Fórum de Discussão distingue-se pela perspectiva de construção coletiva de conceitos e significados. Palavras-chave: Ambiente Virtual de Aprendizagem, Interação, Prática Pedagógica. Abstract: This paper presents a discussion about the interactive process that occurs at Moodle on a discipline of a specialization course. The data were collected by participant observation and questionnaires. The results shows that the process lived in the virtual environment are significant to students and that the Discussion Forum distinguishes from the other interfaces because of its perspective of conceptions and means collective
construction. Key-words: Virtual Learning Environment, Interaction, Pedagogical Practice.
Introdução
Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) representam a união das
tecnologias informáticas e suas aplicações com as telecomunicações e as diversas
formas de expressão e linguagem, envolvendo, não só um conjunto de interface
para socialização de informação e de conteúdos de ensino e aprendizagem, mas
também, interfaces de comunicação síncrona e assíncrona (SANTOS, 2010), com a
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possibilidade metodológica de constituição de saberes, diferente da proposta
convencional de uma sala de aula. É um espaço de interação em que os
participantes compartilham, por meio da leitura e escrita de textos, e se
comunicam em busca de significados que propiciem processos construtivos de
aprendizagem potencializando, dessa forma, o saber em uma perspectiva de
colaboração.
Um ambiente on-line de aprendizagem não é apenas um conjunto de interfaces e ferramentas tecnológicas e, sim, um organismo vivo que se auto-organiza a partir das relações estabelecidas entre os sujeitos que interagem produzindo conhecimentos a partir das mediações tecnológicas e simbólicas das tecnologias digitais (SANTOS, 2010, p. 124).
Os ambientes virtuais de aprendizagem vêm sendo amplamente utilizados por
instituições de ensino superior, em cursos de graduação e pós-graduação, não só
como apoio à educação a distância, como também a educação presencial. Nesse
último caso, esses espaços são utilizados como um suporte às atividades
desenvolvidas na sala de aula convencional como forma de ampliação, da noção de
sala de aula para além do espaço físico entre quatro paredes.
Este artigo focaliza as práticas pedagógicas desenvolvidas em uma disciplina
no ambiente Moodle, com base no entendimento de que atividades colaborativas
são construídas com o gerenciamento do professor, mas, sobretudo, com a
participação ativa dos alunos.
Ambientes virtuais como espaço de constituição de saberes
O conceito de ambientes virtuais é apresentado por Santos e Okada (2005)
como “[...] um espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos
técnicos interagem potencializando, assim, a construção de conhecimentos, logo a
aprendizagem”. Sua caracterização parte, então, de uma dimensão sociocognitiva
em que o propósito de aprender é significativo. Nesse sentido, tais ambientes
podem favorecer a criação de uma rede de interesses, fazendo com que estes
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possam ser considerados como comunidades virtuais, em que os participantes se
comunicam de forma tanto síncrona como assíncrona em busca de interesses
comuns. Marcuschi (2004, p. 21) conceitua a comunidade virtual como “[...] uma
espécie de agregação social que emerge da rede Internetiana para fins específicos.
Seriam pessoas com interesses comuns ou que agem com interesses comuns num
dado momento, formando uma rede de relações virtuais (ciberespaciais).” Nesse
contexto, Paiva (2006) evidencia que “[...] deixamos de ser seres humanos
isolados para nos transformarmos em uma rede humana comunicante e
conseguimos, através da mediação do computador, comunicar, ao mesmo tempo,
com muitas pessoas, sem limitações de tempo e espaço”.
Um ambiente virtual de aprendizagem caracteriza-se, então, como um
espaço de interação entre professores e alunos e representa uma possibilidade
metodológica de constituição de saberes, diferente da proposta convencional de
uma sala de aula, em que alunos e professores se comunicam essencialmente por
meio da fala, portanto, de interações face a face. Nessa perspectiva, a interação
pode representar um processo complexo de trocas e significações, por meio do qual
o sujeito modifica-se, constituindo uma nova realidade (BEHAR ET AL.,2005).
Segundo Braga (2007), a Internet afeta as práticas de ensino de três maneiras
distintas no momento em que possibilita a comunicação a distancia, propicia
ferramentas técnicas que dinamizam a produção de textos hipermídia e abre
acesso a um banco de informações potencialmente infinito.
É importante salientar que o uso de ambientes virtuais de aprendizagem no
meio educacional ainda é algo novo e, portanto, um processo em construção que
necessita de um pensar crítico e reflexivo no uso de suas interfaces. Segundo Levy
(2001), o suporte digital permite novos tipos de leitura e de escrita coletivas. Nessa
prática de ler e refletir sobre a escrita do outro para produzir o seu próprio texto é
que se manifesta a construção coletiva, que requer participação efetiva de todos
que, em uma dada situação, interagem.
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Em relação ao potencial dos ambientes virtuais de aprendizagem, em
contextos educacionais, Passareli (2007) adverte que:
o universo da cibercultura nos permitir transitar, simultaneamente, por diferentes instancias da realidade. A idéia de que comportamentos e emoções experimentadas na exploração de ambientes virtuais não são reais constitui-se em engano fatal. A vida contemporânea contempla, em todas as suas vertentes, os meios e as mediações propiciadas pela
tecnologia digital. Por operar na virtualidade, um portal, educacional ou não, propicia uma trama de vozes de inédita complexidade: são textos tradicionais (linguísticos), imagens, animações, vídeos, interações síncronas ou assíncronas. Podem-se ouvir as mais diferentes vozes, formuladas nos mais variados códigos (PASSARELI, 2007, p. 329).
Outra questão, que não se pode perder de vista, em contextos de ambientes
virtuais de aprendizagem e de práticas inseridas no contexto da educação formal,
diz respeito ao fato de que professores e alunos são cadastrados com base em suas
identidades no mundo real, e os protocolos e as regras que os regem constituem
extensão da escola, embora novas práticas e comportamentos também estejam
sendo forjados, pela utilização dessas mídias como extensão de atividades de
educação presencial (PASSARELI, 2009).
Práticas pedagógicas em AVA na perspectiva de construção coletiva
de significados
Com o advento da cibercultura, as práticas pedagógicas tendem a buscar um
diálogo mais profícuo com as práticas de letramento digital. Na perspectiva do
ensino de línguas é interessante levar em consideração a possibilidade de uso das
tecnologias digitais como forma de ampliação do saber. Crystal (2002) evidencia o
fato de que algumas atividades linguísticas tradicionais podem ser facilitadas pelo
meio eletrônico, enquanto que outras não seriam possíveis. O autor ainda afirma
que algumas atividades linguísticas, permitidas, pelo meio eletrônico, não seriam
possíveis de se desenvolverem em outro meio.
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Nesse contexto, os ambientes virtuais de aprendizagem surgem como uma
proposta metodológica que tem o potencial de integração de multissemioses em
uma perspectiva de construção coletiva de significados.
A inteligência, que teria antes uma dimensão voltada para o individual, pode
se transformar, pela participação do coletivo, numa dimensão "multindividual" na
qual, a construção do conhecimento por vários indivíduos apresenta alguns
elementos como marca de identidade, subjetividade e história individual, em que
cada um dos sujeitos participantes é valorizado. Na visão de Levy (1993, p. 135):
O pensamento se dá em rede na qual, neurônios, módulos cognitivos humanos, instruções de ensino, línguas, sistemas de escritas, livros e computadores se interconectam, transformam e traduzem as representações.
As situações de comunicação são essenciais na condução de um fazer
pedagógico que leve em consideração a efetiva participação coletiva no processo
de construção de conhecimentos para que a inteligência possa se caracterizar como
uma rede que se multiplica pelas relações humanas (SOARES, 2010).
Teles (2009) destaca três características, para salas de aula colaborativas
on-line, apontadas nos estudos de Warschauer (1997) e Harasim et al. (2005): a)
Comunicação de grupo (e não só de um a um), permitindo que cada participante se
comunique diretamente com outros colegas de sala de aula on-line; b)
Independência de lugar e tempo, permitindo que estudantes acessem a sala de aula
on-line de qualquer localidade com acesso à internet, a qualquer hora do dia,
dando-lhes assim, tempo necessário para desenvolver uma reflexão crítica e uma
análise dos temas postados na discussão; c)Interação via comunicação mediada por
computadores que requer que os estudantes organizem suas ideias e pensamentos
por meio da palavra escrita e compartilhem esses pensamentos e comentários em
um formato que os outros colegas possam facilmente ler, digerir, tecer
comentários e exercitar tarefas intelectuais.
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Metodologia
Esse estudo teve como base as interações ocorridas no percurso da
disciplina Aprendizagem de língua inglesa mediada por computador, no Curso de
Especialização em Língua Inglesa como Língua Estrangeira, oferecido na
modalidade presencial pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). A
referida disciplina foi oferecida na modalidade a distância com dois encontros
presenciais, sendo o primeiro, para ambientação do Moodle e o segundo, no final
da disciplina, para apresentação de trabalhos desenvolvidas com as ferramentas
disponibilizadas no ambiente. A disciplina foi organizada em quatro semanas como
mostra a figura 1.
Figura 1: Organização da disciplina no Moodle
Fonte: http://moodle.uesb.br/course/view.php?id=41
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Para cada semana utilizou-se um fórum para discussão de aspectos teóricos
relacionados a cada temática. Os fóruns foram desenvolvidos com base no formato
de Fórum Simples disponibilizado pelo ambiente, como demonstrado pela figura 2.
O fórum, assim organizado, permite um encadeamento de ideias, formando uma
cadeia de diálogos.
Os fóruns podem apresentar tipos textuais diversos, ou seja, argumentos,
contra-argumentos, relatos, contribuições, questionamentos, respostas aos
questionamentos, inferências, dentre outros.
Os materiais foram disponibilizados em textos (PDF), audios (podcasts) e
vídeos. As interfaces utilizadas foram o fórum de discussão, chat e Wiki.
Figura 2: Fórum ‘First Words’
Fonte: http://moodle.uesb.br/course/view.php?id=41
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Nesse estudo, foram utilizados questionários e observação participante. A
turma se constituiu de sete alunos, na maioria, professores de língua inglesa. Todos
responderam ao questionário. Para efeito das análises, as respostas dos alunos são
apresentadas, nesse texto, em forma de excertos, organizados em molduras.
Apresentação e discussão dos dados
Em relação a interação no ambiente, 71% dos alunos afirmam ser a primeira
experiência pedagógica em ambientes dessa natureza. Dos participantes que
responderam o questionário, 85% não apresentam dificuldade nas interações em
relação ao ambiente, como também na relação com os colegas e o professor. E 57%
dos respondentes afirmam que usaria o ambiente na educação básica.
Esses percentuais indicam um bom nível de receptividade de uso de
ambientes virtuais no contexto da educação, tanto no nível superior como no nível
básico.
A dinãmica dos fóruns de discussão favoreceu uma participação efetiva dos
alunos na construção de ideias e conceitos referentes às temáticas trabalhadas
durante o percurso da disciplina. Foram desenvolvidos três fóruns temáticos:
Tecnologias digitais na educação - 28 inserções; Jogos online nas aulas de língua
inglesa - 28 inserções; Possibilidades do podcast - 20 inserções
Em relação às interfaces disponibilizadas no ambiente para o
desenvolvimento das temáticas, a maioria dos alunos escolheu o Fórum de
discussão como o primeiro em ordem de prioridade/importância: Sobre isso um
aluno responde:
O fórum possibilita a iteração das pessoas, através de debates, perguntas e discussões entre o grupo diante do tema. Acho que ele seria mais do que uma sala de aula virtual, na verdade penso que seria um ambiente para troca e construção.
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Percebe-se que há um reconhecimento do fórum de discussão como um
cenário de sala de aula em que o professor não se estabelece como o detentor do
saber. Sobre isso um aluno afirma:
Opiniões diversas, vários pontos de vista construindo uma visão coletiva sobre determinados tópicos. Isto, basicamente, compõe um cenário ideal de sala de aula. Não há uma pessoa que detem soberanamente o conhecimento e sim um grupo que
compartilha e enriquece a discursão
Ainda no que diz respeito aos fóruns de discussão, os alunos salientam as
questões de tempo e espaço pertinentes ao ambiente virtual em oposição à sala de
aula convencional, como mostra o excerto abaixo:
Com certeza e uma sala de aula de boa qualidade porque temos que dar conta do material cobrado pelo professor - leitura, vídeos - e compartilhar a interpretação com todos os colegas, ao contrário da sala convencional que temos um horário a cumprir e não dá tempo de todos contribuírem e compartilhar o conteúdo
trabalhado.
Em relação aos materiais disponibilizados, a maioria dos alunos elegeu o
material em vídeo como o mais interativo. Sobre isso um aluno comenta:
O material em vídeo torna as tarefas mais simples e agradáveis. Sendo assim, os meios tecnológicos de comunicação, em especial os vídeo, em minha opinião devem ser sempre ser usados como recurso para educar, interagir e contribuir para
o aprendizado e o conhecimento.
Em relação à experiência de participar de uma disciplina na modalidade a
distância, com a mediação de um ambiente virtual, os alunos demonstram que,
apesar de terem um conhecimento bom em informática, as práticas pedagógicas
em ambientes, dessa natureza, constituem-se como novidade no cenário
educacional e como uma necessidade nos dias atuais. O excerto abaixo nos mostra
um indicativo de que o diálogo, entre os colegas, favorece o entendimento sobre o
impacto das tecnologias no meio escolar e os desafios a superar. Percebe-se que no
espaço dos ambientes virtuais de aprendizagem o processo de leitura se torna
essencial na construção de significações coletivas. Levy (2001, p. 36) afirma que
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“[...] o espaço do sentido não pré-existe à leitura. É ao percorrê-lo, ao cartografá-
lo que o fabricamos, que o atualizamos”. É preciso ler, interagir, produzir diálogos
consigo e com os outros na busca de sentidos, para que a escrita aconteça de forma
interacional.
O curso atende uma exigência quase que essencial para a formação do docente dos dias atuais. Aprendizagem no ambiente virtual, além de ser uma alternativa interessante e estimulante, complementa e, em alguns casos, pode substituir os métodos tradicionais de ensino. O curso [...] me apresentou um ambiente virtual (Moodle, ferramenta desconhecida por mim, apesar de considerar que possuo conhecimento muito bom em informática), forneceu material teórico e prático para me aprofundar no assunto e explorar essas possibilidades na minha prática em sala de aula e, de certo modo, tive uma noção de como colegas de profissão reagem e se posicionam frente à esses novos desafios através dos comentários dos colegas de classe.
A vivência no espaço do ambiente virtual de aprendizagem favoreceu a
quebra de preconceitos em relação a modalidades que se diferenciam da sala de
aula convencional, onde a interação acontece face a face. Um aspecto relevante
diz respeito ao grau de exigência em cursos a distância. A autonomia do aluno, no
cumprimento das atividades, solicitadas pelo professor, mostra-se como condição
para o sucesso no curso. O excerto abaixo indica que as trocas de experiências em
relação aos temas trabalhados favorecem o processo de aprendizagem. É
importante salientar que, no contexto dessa disciplina, não houve hierarquização
em termos das intervenções. Isso quer dizer que as intervenções feitas pelos alunos
representam a mesma significação daquelas elaboradas pelo professor.
Intervenção se caracteriza, na perspectiva educacional, como um ato que
pode constantemente marcar os processos que ocorrem com alunos em sua maneira de construir conhecimento. Na visão de Freire (1987), “somente o diálogo, que implica um pensar crítico,” é capaz de gerar uma ação comunicativa entre educador e educando. A intervenção em si é que estabelece se um conhecimento está sendo construído ou “transferido”, “repassado”. A dimensão do diálogo é explicitada por Freire como a essência da educação, pois, a partir deste, se estabelece uma interação entre educador e educando proporcionando-lhes a oportunidade de serem sujeitos do processo e, portanto, de crescerem juntos numa relação horizontal, não imposta (SOARES, 2010, p. 21).
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Nessa perspectiva, o pensar colaborativo, torna-se essencial na compreensão
de que o ambiente pode potencializar espaços de troca e, portanto, de interação,
entre os participantes.
(A disciplina) rompeu meu preconceito com relação ao uso de tecnologias, pois abriu minha mente para os benefícios que a tecnologia traz para educação de língua inglesa. As propostas foram claras, a utilização do ambiente foi fácil por causa da organização dos itens. O curso sendo a distância exigiu mais de nós com relação a nossa participação, as leituras e análises dos materiais que deveriam ser discutidos nos fóruns o que nos incitava a procurar outras fontes ou material para compartilharmos com o colega (desenvolvendo a autonomia), e isso fazia com que sentíamos a necessidade e vontade de entrar no ambiente para saber se algum colega postou algo novo. As trocas de experiências com relação a cada tema estabelecido foi muito proveitoso e quantas opiniões sobre uma mesma temática, pois aprendíamos pela interação e cooperação com o colega e professora.
Apesar do reconhecimento de que as Tecnologias da Informação e
Comunicação têm redimensionado as formas de pensar e agir na sociedade vigente,
as práticas educacionais ainda não se encontram conectadas com esse pensar,
como demonstrado no excerto abaixo.
Foi superinteressante, pois conheci ferramentas, as quais eu nem sabia que existiam, principalmente usá-las para um formato educativo. Foi enriquecedor interagir e compartilhar experiências, refletir sobre a teorias estudadas, opinar, analisar e aprender com as propostas postadas pelo professor e colegas.
Considerações Finais
Os eventos de letramentos digitais vivenciados pelos alunos, no ambiente
virtual, apresentam-se de forma positiva no contexto do curso, e nos trazem
algumas reflexões sobre as práticas pedagógicas no cenário atual. Há uma
percepção de que o uso de ambientes virtuais de aprendizagem revelam-se como
uma proposta metodológica viável para o contexto educacional. Nessa perspectiva,
as práticas em que a colaboração e a troca de siginificados estão presentes,
dinamizam o processo de aprendizagem. O ambiente virtual não se apresenta como
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uma forma de repositório de conteúdos temáticos e atividades dos alunos, mas se
constitui como um espaço em que o saber é construído com base nas interações
entre aluno-aluno, aluno-interface, aluno-objetos de estudo e aluno-professor.
O Fórum de Discussão distingue-se, das demais interfaces, pela perspectiva
de construção coletiva de conceitos e significados, representando, dessa forma,
uma interface singular no desenvolvimento de cursos, na modalidade a distância,
por entender que os processos de construção de sentidos partem de um coletivo
que pode ressiginificar o individual. A prática de leitura e produção escrita, nos
fóruns de discussão, nos mostra que é possível construir sentido de forma coletiva.
A tecnologia, utilizada pela plataforma virtual, favorece o desenvolvimento de uma
cadeia dialógica, em formato de arquivo, que proporciona, em qualquer tempo e
espaço, o direito de ser acessado, por qualquer dos participantes. Esse acesso
pode, a depender do objetivo de cada usuário, representar um diferencial na forma
de construir sentidos, significados, ideias e conceitos relacionados ao tema
estudado, discutido, debatido.
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1 Doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora do Departamento de
Estudos Linguísticos e Literários (DELL) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
http://www.veramenezes.com/textos.htmhttp://www.anped.org.br/26/trabalhos/edmeaoliveiradossantos.pdf