REFORMA Antes sem-terra, -...
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Antes sem-terra,"
agora sem-lei
Florianópolis, Maio-Junho de 1988
REFORMA AGRÁRIA:
Na Central
Relatório: Hospital
'Rodolfo de
prometeu Risco:
na Diga 33,
entrada sua
e mentiu consulta-
o
na saída terminou!
Páginas 2 e 4 Págína-S
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
MelhorPeça Gráfica
I SetUniversitário
Maio 88
ZEBOJornal Laboratóriodo Curso de Comunicação Social daUniversidade Federa de Santa Catarina.Texto: Analü Zidko,Arley Machado, Clâudia Carvalho. ClâudíaFinardi, Dauro Veras,Elaine, Ewaldo W. Neto, Fernando Croco
mo, Heloisa Dallanhol,Ilka Goldschmidt, Ismail Ahmad Ismail, Jaques Mick, Ligia Gastaldi.Mârcla CarvalhoMarcos Cardoso, M&:.rio Otâvío Vaz', Mar ílaine Sulzbach, MartaMoritz, Monique Vandresen, Rafael Masseli, Rubens Vargas, Ruchelle Zandavalle, Sabrina Franzoni, SílviaZamboni, Taciana
Varnning Xavier,
Diagramação: AnalüZidko, Clâudia Carvalho, Ilka Goldschmidt,Ivan Santos, Rute Enriconi, Sabrina Franzoni.Arte: Paulo Caruso,Milton Alves,Fotografia: SabrinaFranzoni, Philippe>Arruda, Ilka Goldschmidt, Fernando Crocomo"
Laboratório Fotogdfico: Carlos Locztelli, 'Marques IndioCasara, Philippe Arruda, Pedro Mello,Edição, coordenaçãoe supervisão: Professores Eduardo Meditsch, Luiz AlbertoScotto, Ricardo Barreto,
Ediçã� Gráfica: Ricardo BarretoTelefone: (0482)33-9215Telex: (0482) 240 BR
Correspondência:Caixa Postal 472, Departamento de Comunicação e Expressão,Curso de Jornalismo,F1orian6polislSCAcabamento e Im
pressão: Fundação daProdutividade, fones2'b7756 e 22-6312,Porta Alegre, RS.Distribuição GratuitaCirculação Dirigida
QUÉREMOS MAIS•
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... ,
Jacques Mick
"Gaúcho s6 vem pra SantaCatarina pra chamar a PolíciaMilitar de Brigada', pescar tainha'com anzol e xingar os catarina".Foi assim que reagiu uma repõrter quando perguntada sobre a
"invasão" de jornalistas do RioGrande do Sul no mercado deSanta Catarina. Apesar do bom
humor, a resposta carrega um quêde reserva, um certo pessimismoquanto ao futuro dos profissíonais de comunicação, vítimas do
terrorismo do "mercado de reser
va" e, em conseqüência, dos baixos salários, da falta de opçõese, até, de seus pr6prios preconceítos,
Das 66 instituições de ensi
no que oferecem cursos de Co
municação Social no Brasil, seteestão no Rio Grande do Sul.Cinco delas (PUC, UFRGS, ICPel, UNiSINOS e UFSM) têmhabilitação em Jornalismo, o que
garante, a cada final do ano,um grande contingente de novos.
profissionais para invadir as rádios, televisões e jornais à cata
de empregos. Isso quando já não
O ex-reitor Rodolfo Pinto da Luz despe- Pelo.contrário, foi durante a última ges-diu-se do cargo onerando os cofres da Uni- tão na Reitoria que o Curso de Jornalismo
versidade com um caro e bem impresso "Re- da UFSC deixou de freqüentar a lista dos
latório de Atividades". A utilidade do citado melhores do país, onde chegou a figurar em
"Relatório" para as atividades de Ensino, -sétimo lugar, de acordo com a Revista Play
Pesquisa e Extensão que justificam o dinheiro lfoy. En: gra,!de parte, esta queda, 4eveu-seque a sociedade investe em nossa instituição a deterioração de nossos labo�atorzos, que
poderia ser argumentada sobre seu-testemu- nunc.a cp,:taram c£?m .ma�utençao a.d�CJ.uada,nho como registro histórico, não fosse ele junclOna,:zo.s f!.speczalzzCfdos ou possibilidades
, um documento mentiroso. O ex-reitor "rela- de substituição de equipamentos obsoletos.
ta", por exemplo, ter expandido o espaçoNo presen!e mome'!to,. quando. se inicia
flsico do Curso de Jornalismo, o que não uma n,0�a gestao na Re!to!za, este Jornal-lafez jamais. Nosso espaço não aumentou se-
boratorzo recebe o premzo de melhor peça
quer um centfmetro quadrado durante a ges- gráfica no "1 �Set Univer�itário", promovidotão de Rodolfo Pinto da Luz: pela RBS e PUC do Rio Grande do Sul,
Saláriosbaixos,
,... .
concorrencia
desleal, etc ....
Apesar de 20% das escolas
de Comunicação Social do Brasilestarem na Região Sul, o merca
do de trabalho é escasso, sendo
ocupado muitas vezes por traba
lhadores sem regulamentação para atuarem como jornalistas. Emconseqüência, surge um grandenâmero de desempregados que
busca, de todas as formas, espaçopara exercer a profissão, Dianteda realidade, são forçados a abdicar do sonho da "grande imprensa" e a assumirem meios de "co
municação institucional" que, namaioria das vezes, não são bemvistos pelos demais companheirosde profissão, Isso freqüentementeprovoca rivalidades regionais, e
o surgimento de preconceitoscom relação às diversas faces doJornalismo.
Jornalismoexíge apromessa'concorrendo com jornais universitârios de todo o sul do país. É uma prova de que, dadasas condições, sabemos trabalhar. O dinheiropúblico investido aqui' tem tido retorno, éum bom investimento. Não se pode dizer o
,
mesmo de algunsfolhetos de propaganda pes-,soai impressos a 'cores.
Quando as instituições nacionais entramem crise; quando a sociedade perde suas re
ferências, quando o futuro parece nebuloso,o bom jornalismo é' um produto de primeiraqualidade iNão se acha um caminho sem a
verdade. E nisso que jogamos o nosso tra
balho.
Mercado escasso e, convulsionado
)Gorbatchevaté na tvbrasileira.Reagan?Ora ...
O jornalismo custa pra darcaras na televisão brasileira.
":obrindo a reunião de cúpulaem Moscou, Luís Carlos Azenha, rep6rter da TV Manchete,descrevia a arquitetura da Praça,Vermelha, quando viu passar o
presidente Gorbatchev com suacomitiva. O que podia não passarde mais uma pauta para encherlingüiça nos noticiários se transformou numa, entrevista inédita.Era a primeira vez que o lídersoviético falava a, um repõrterda América Latina. /
O caso gerou tanta repercussão que até a Rede Globo trans-:mitiu a matéria. Aos gritos de
/ "Mr. Gorbatchev!", de repente,o rep6rter interpelava a comitivae conseguia, sem 'muito esforço,falar com o presidente atravésde um intérprete. Gorbatchevmostrou interesse em visitar a
América Latina e evitou fa:larna questão da dívida dos paísesdo Terceiro Mundo. Para ele,também, ,é um assunto muitocomplicado ...
estão trabalhando há mais tempo,irregularmente, sem o registroprofissional e nem diploma.
Essa espécie de problemaocorre em todo o País. Em Santa
Catarina, além das demissões queenxugam o mercado de vagas,o Sindicato dos Jornalistas luta
para diminuir o número de proflssionais em situação irregulare que não têm o registro mas
assim mesmo exercem a função.O acordo salarial realizado em
fins de maio trouxe diversas con
quistas, acompanhadas de um rea-
Os Cursos de Comunicação Social do sul do,país, participaram no mêsde maio do I Set Universitário, promovido pela Famecos (Faculdade dosMeios de ComunicaçãoSocial da PUC de PortoAlegre). O coucurso en
volveu laboratórios de áudio, cinema, fotografia,peças gráficas, redação evídeo.
'
Com exceção da'UFSC que ganhou o pre- A Edição premiadamio de melhor peça grãfi-ca com o "ZERO" e dedois outros prêmios con-
quistados pela UF'RGS, a
promotora do evento foia "estrela" do concurso.Em áudio, tanto na partede jornalismo como publí-
juste de 405,7% sobre o pisode maio de 87.
ALTERNATIVAS
Aa faculdades "preparam o
aluno para a grande imprensa",no dizer de Henrique Finco, professor da UFSC, que alerta paraa necessidade profissional valorizar mais os veículos alternativos,ou a "comunicação institucional".Em São Paulo, por exemplo, um \
diagramador ganha menos na
"Folha de São Paulo", do quereceberia trabalhando num dosmuitos jornais de bairro da cida-
de. "Ele recebe o status", analisaFinco. Assim, trabalhar num
grande jornal consiste na realiza
ção profissional de muitos es
tudantes.Diante disso, as Assessorias
de-Imprensa de indústrias, empresas, sindicatos ou organizaçõespolíticas se constituem numa alternativa de mercado, No entan
to, elas ainda são rnal vistas, porcausa da fama de "cabides de
emprego" que adquiriram nesses
muitos anos de uso indíscriminado da "comunicação institucional". Quadro que vem mudando,com a afirmação de revistas bem- .
elaboradas, como a "Via Cintura
to", da Pirelli, a "{caro", da Va
rig -ou à "Apoio Sindical", doSindicato dos Metalúrgicos deSão Paulo. De qualquer maneira,há sempre o inconveníente . deser a "voz do dono", mas essa
realidade ainda está muito distante de ser modificada.
Códigoficou sem
três artigos.Leia e
-,
pense
Por um lamentável erro de
cálculo, na diagramação, o texto
-da edição passada que reprodu--zia o Código de �tica do Jorna-lista, foi publicado íncompleto.>sem três os artigos finais do capítulo III, "da responsabilidadeprofissional do jornalista". Assim, publicamos agora os referidos artigos, reparando nossa falha:
Art. 15 - O jornalista deve
permitir o direito de resposta àspessoa'> envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficardemonstrada a existência de equf-vocos ou incorreções.
'
,
Art. 16 - O jornalista devepuguar pelo exercício da soberania nacional, em seus aspectospolítico, econômico e social, e
pela prevalência da vontade damaioria da sociedade, respeitadosos direitos das minorias.
Art. 17'- O 'jomalista devepreservar a língua e a 'culturanacional.
Zero e vídeo premiam'O Curso e sua
®
combatividade-�- cidade e categoria Iivre,
a PUC tirou o primeiro lugar, o mesmo acontecendo em documentário cinematográfico, fotografia e
redação. Em peça gráfica,a PUC ficou apenas com
a parte da publicidade,deixaudo a de jornalismocom o Zero, da UFSC. Osmelhores vídeos jornalísticos e publicitários foramda PUC, mas em catego-'ria livre a UFRGS saiu ganhando. Os estudantes deTelejornalismo 1, daUFSC, ganharam com o
vídeo "Bom dia presidente", uma menção honrosa.
Ilka Goldschmidt
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
HOSPITAL DE RISCO
OS' fantasmas andam de brancotam na falta de estoque do bancode sangue. Mas o diretor acredita queo banco, que fica sob a chefia docauteloso dr, GiImar Pacheco é extre
mamente bem organizado e "até cede
'saague para outras instituições que ne
'cessitam", Para ele o üníco problema'é'novamente com o espaço' físico, "eledeve ser ampliado o quanto antes para
que os acadêmicos possam passar a
trabalhar lá dentro".Mas quem resolve essa "repen
tina", falta de sangue no HU ,por exem
plo, é uma comissão de Sindicância,"que s6 serve para amedrontar, nuncapara apurar os fatos", conta um funcionário. Ele já participou de uma dessascomissões e afirma que antes de qualquer coisa as pessoas são chamadase alertadas de que nada deve ser desco
berto, pois o objetivo "é s6 meter
medo". Esse "incidente" do dia 5 já'foi entregue para a comissão qúe pro'meteu estudar o caso. Até agora nadafoi apurado, mas é que os diretoresdo hospital andam bastante preocupados com outros eventos importantes.A "Gincana" do dia 22 de maio, porexemplo, revirou o hospital duranteuma semana inteira.
Os médicos doHU
" -
so sao
encontradosno pagamento
Enquanto o diretor do HospitalUniversitário se preocupa em arranjarverbas para acabar as obras e contratar
mais funcionários, os médicos já des
cobriram uma maneira mais fácfl paraconseguir dinheiro, É s6 sumir do
hospital e esperar pelo salãrío no finllldo mês. Pareceque está dando resulta
do. Ali tem médico com mais de cinco
empregos, enfermeiros descuidados,médicos com meia hora de expediente,banco de sangue sem sangue, conselho
que não é conselho. Ali tem muitas
coisas que o diretor geral desconhece.
Tem sempre gente na fila paramarcar Consultas mas nunca ninguémpara atender. Isso já virou rotina no
Hospital Universitário. Os pacientesmais corajosos ainda' conseguem esperar quinze, às vezes vinte dias porum atendimento, os outros desistem
ou procuram outros hospitais. Isso
porque o HU conta com 900 funcioná
rios, entre eles 120 médicos que deve
riam cumprir vinte horas semanais.Mas isso não acontece já que o número mãxímo para cada médico é de
dez pacientes por dia e que algunsdeles pomo o dr, Renato da Rosa,que tem um consultório na rua Jerônimo Coelho, trabalha no Centro Médico do Estreito e no Hospital ColôniaSantana, reservam para o Hospital
,
Universitário apenas' sens horários de
folga.
CAUfELOSA E DESCUIDADA
Outros casos -de negligência en
volvem a chefe de enfermagem, mas
os funcionários preferem não' falar,"porque se a gente fala não conseguemais emprego nem aqui nem em canto
nenhum". Alguns 'ainda arriscam a
contar algo e é assim que as históriasaparecem. No verão do ano passado,o HU fez um convênio com o Corpode Bombeiros onde alugaram um heli
c6ptero para serem executados os sal-.vamentos, Os contatos eram feitosatravés do telefone, assim quando o
helicóptero estivesse pr6ximo do hos
pital se comunicaria com o motoristada ambulância para que o processode salvamento fosse acelerado. Numdesses salvamentos, a comunicação nãoteriasido processada e quando o helí
c6ptero chegou ao HU a ambulânciaestava se dirigindo para o local de
pouso; ,Na tentativa de salvar maisrapidamente 'a vida da paciente, um
tenente do Corpo de Bombeiros teria-alevado no colo até a emergência ondea enfermeira Paula se, recusou a daratendimento porque a moça não haviachego na ambulância. "Foi uma cena
horrível, o tenente com a pacienteno colo e a Paula aos berros gritandoque não atendia", conta o funcionárioque assistiu a tudo: Depois de muitadiscussão a paciente teria sido atendidae tudo voltava ao normal. Ao "normal" do HU.
Para o diretor do hospital o problema da emergência é o espaço físico."Ela não tem capacidade para atender120 pacientes por dia como está aten
dendo. É muita gente para n6s selecio-,narmos o que-é realmente urgente".Apesar de "improvísada", ele acha quea emergência do HU está dentro dospadrões da saúde brasileira.
,
Assim. funciona o HU. Com pacientes perdidos pelos corredores' sematendimento e sem atenção. Enquantoisso 120 médicos, 120 leitos. Os pacientes estão no hospital, e os médicos?
SEM RAIO-X
Talvez sejaessa má administraçãoo "calo" do HU. O 'setor de radiografias é um dos locais onde nunca tem
ninguém. Principalmente ã noite as
salas ficam completamente vazias. Os
responsáveis pelo setor aparecem, marcam presença- e depois de alguns minutos, tudo deserto novamente. Enquantoisso tem pacientes esperando na filacom radiografias marcadas até parao dia 28 de julhÇl.
to setores que· estão parados", diz.Mas a situação é bem mais grave
e chega a tal ponte que alguns médicostrabalham somente um dia na semana.
É o caso do hematologista dr, Gilmar
Pacheco" que além de consult6rios na
Rua Osmar Cunha e no Ceisa Center,deixa livre para o HU as terças-feirasde manhã, quando não atende maisdo que seus dez pacientes; "Ele nunca
tem hora certa para sair. Chega aquiàs ,7:30 e quando a gente vê já se
foi", conta a moça das consultas. Mui
tos problemas também acontecem na
ortopedia. Médicos como o dr, DaniloFerreira Rodrigues são desconhecidos
mesmo pelos funcionários com mais
tempo na casa. "Acho que esse médico
já não trabalha mais aqui", diz um
deles.
que o sistema de saúde no Brasil émuito caótico e que a área de saúdeé muito complexa", tenta explicar o
diretor do hospital. Ele acha o atendimento do HU muito bom e os médicosmuito cautelosos, "sõ não está melhor
porque não recebemos maiores aten
ções das autofidades competentes",-
E é assim que anda o HospitalUniversítãrio, A cada dia uma surpre'sa. No último dia 5 de maio mais
um caso sem explicação. Segundo um
funcionário a emergência do hospitalrecebeu' um paciente perdendo muito
sangue. O que _ aconteceu ninguém sa
be mas o paciente não recebeu o san
gue que precisava e acabou morrendo.
Alguns culpam a cautelosa enfermeira
chefe Paula Stela Leite, "que não
providenciou o sangue", outros apos-
� �Sistema desaúde no Brasil
é caótico"
"O dr, Renato aparece segunda,terça e sexta às 14 horas, quase nunca
fica até as seis", diz a D. Eulinada marcação.de consultas. Já o ortopedista dr, -Abel do Rosário pode ser
encontrado no HU das 8 às 9 horas
da manhã, depois disso "ninguém sabe,ninguém viu". O Chefe do Depto,Pessoal da UFSC, Nilto Parma diznão ter maiores conhecimentos sobreos horários de trabalho no hospital,..os contratos são feitos para os médicos trabalharem quatro horas por dia.E o proprio hospital que nos fornecea lista de freqüência no final do mêse n6s 56 encaminhamos os pagamentos".
"O que temos que entender é
"Este doutor.é picareta"o professor Henrique
Finco, do Curso de Jornalismo da UFSC, ficou duassemanas internado no HU
após um acidente automobílístico. A ,imperícia de um
dos médicos que o ateudeu
poderia tê-lo aleijado. Aqui,o seu depoimento:
"Fiquei hospitalizadodurante 14 dias no nu, com
fraturas múltiplas e um pulmão perfurado. Só após dozedesses dias é qUi! fui encami- _
nhado à Ortopedia, aos cuidados do Dr. Abel do Rosário. Este cidadão engessoumeu braço direito e minha
perna direita, recomendando
que voltasse dali a um mês,-
1lO dia 10 de março. Tudobem. Fiquei tranqüilo. Algunsdias depois, quando me sentia
menos pior, fui levado a Porto soas será que esse "doutor"Alegre. Como o gesso da per- está / aleijando? Este pensana havia quebrado, procurei menta é deprimente. Muitasum médico para refazer o tra- pessoas que passam ali são sebalho. Ele bateu novas radio- - gurados do Inamps, sem recur
grafias e constatou a necessi- sos para reagir a tamanha indade de uma cirurgia de ur- competência e irresponsabiligência no pé direito, sob pena dade, E o pior é quepagam ca
de perder um ou dois dedos. ro por esse "tratamento": 8%Um terceiro médico confirmou de seu.salãrio, a cada mês.o diagnóstico, dizendo literalmente que "este doutor quete atesdeu lá em Florianópolisé um picareta. Merece ser
processado". Perguntei se elesustentaria este parecer, no
caso de um processo. A res
posta foi afirmativa. Não irei. processá-lo, pois -exigtrta existem médicos assim".muito de mim ç ainda estou
me recuperando de toda essa
confusão. Mas isso não impede de imaginar: quantas peso,
E para quem quer marcar consulta com o pneumologista dr, Paulo
Roberto Zeni, são muitas as opções.Ou pode receber atendimento no seu
consult6rio particular no centro, na
Eletrosul ou ainda numa Clínica de
Reabilitação na Agronômica onde eleexerce a função de "chefe". E no
HU? Lá ele aparece às 8 horas da
manhã, se não tem paciente, vai embora, se a agenda estiver "lotada", antesdas 9:30 horas está tudo terminado.
"Minha sorte, por outrolado, foi poder contar com o
trabalho do Doutor J. J. Car
doso, Pneumologista. Estemédico foi além da simples eficiência, ele prestou um aten
dimento dedicado. Bom que
- Mas o diretor geral do HU, Alberto Chterspeski, acha que a conclusão das obras e a contratação de mais
pessoal são fundamentais para o bom
an�ento do hospital. "Faz vinte e
cinco anos que as, obras começarame ainda não conseguimos construir tudo aqui dentro. Precisamos tambémde um número bem maior de funcionários para coloreamos em funcionamen-
Henrique Finco
Professor e JornalistaCláudia Carvalho
JUN-88'
ZERO I, -, / P�3, ..... �. " ,
L
-
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Corredores são salas de aula
Em 79, quando o Curso-de Comunicação foi ciiado e instalado no
prédio da Imprensa Universitãria,eram duas salas de aula, coordenadoriae secretária, Hoje, nove anos depois,as condições do curso continuam, totalmente precárias. Um corredor com um
banheiro no fundo, é nisso que se
resume o espaço ffsico do curso.
São vinte e um professores amontoados em quatro salas, junto de todoo material fotográfico, arquivos defotos, laudas, além do míerocomputador que, por sinal, deveria ser instalado numa sala com ar condicionado,Nem os professores têm condições depreparar suas aulas no curso, nem os
materiais são devidamente instalados.AIMs, refrigeração é luxo para
quem tem que aprender num laboratório de fotografia com sete ampliadorese apenas um funciona perfeitamente.Ou num Iaborat6rio de ntdio que ficaao lado da sala de vídeo e quando
Jornalismo:sem espaçofísico e, sem
equipamento
Quando o Conselho Departamen-1111 do Centro de Ciências Humanas(CCH) convocou uma Assembléia Geral )lara decidir qual seria o processoutilizado para a eleição da nova diretoria, não imaginava que isso resultarianuma experiência-inédita no campus.Inédita e democrática: foi escolhidaa votação universal, onde os valoresde voto são os mesmos para todasas categorias, professores, al_unos e
servidores, Apesar da escolha ter sidoquase unânime, as polêmicas dentro90 proprio CCH j� apareceram: servidores se negando, a votar na chapadn,ica e professores se sentindo amea
çados pelas avaliações a serem feitas."Essa sed uma forma de se parar
de discutir a nível de categorias parase discutir as propostas a nível de
> universidade", declara, o professor depsicologia e candidato à vice-direçãoCCH, Marcos Ribeiro Ferreira. Provavelmente são essas discussões que
os alunos estão vendo algum filme,é impossível fazer qualquer gravaçãopor causa do barulho. Além disso,o calor na sala de rãdio estraga cons
tantemente a aparelhagem.Carregar mãquínas de escrever de'
um lado para o outro do curso jãé comum. Como há apenas uma salade redação, sempre que um professorestã dando aula s6 é possível datilografar algum trabalho se houver outrasala disponível, se não o jeito ,é irtrabalhar nó corredor mesmo. Isso émuito comum 9,uando há aula de redação m, redaçao V e edição simultaneamente e todos os alunos precisamtrabalhar. Quando sobram niáquinas,a disputa é grande para conseguir umaboa, pois se não é a fita que estãgasta, pode ser uma tecla faltando.Peça Iara é uma salinha que fica em
baixo da escada. Lugar reservado,quem for um pouquinho alto não en-
-
tra, Nessa "sala" junto de muita poeira, pode-se ver os slides que irãoformar os audiovisuais.
Em outra sala de vinte metros
quadrados funcionam as secretarias dodepartamento e do curso, onde trabalham cinco funcionãrios, Nessa salaficam os documentos e os únicos doistelefones, .um faz ligações s6 para dentro e outro para fora. Esperar na mado telefone também é rotina no curso.
Promessas da Reitoria para resolver o problema do espaço ffsico dojornalismo não faltaram. Durante qua-
levam os servidores a, pensar que aca
barão perdendo espaço. "Eles têm uma
visão corporativista", completa M�cos.
Outros Centros j� estão utilizando o CCH como exemplo para uma
discussão sobre uma democratizaçãodo ensino e dos espaços das categorias.Isso, não se deve, no entanto, a uma
divulgação através da imprensa. M�cos Ribeiro conta que procurou o Jornal Uníversítãrío para divulgar as no
vidades do CCH, mas nada foi publicado "por falta de espaço". O professor acredita que a Reitoria receie a
generalização do voto universal, o quemodificaria totalmente a estrutura política dentro da Universidade. Ele achaque é um processo legítimo, que nãopode ser considerado uma solução, e
sim uma maneira de viabilizar novos
avanços,A chapa ãníca que concorre às
eleições do CCH tem como candidata
KAMPUS
tro anos o ex-reitor Rodolfo Pintoda Luz ficou prometendo o espaçoocupado pela Psicologia. Até uma
planta baixa foi mandada para o Cursode Jornalismo para que se estudassecomo funcionariam as ínstalacões depois da desocupação da área. Uma forma da Reitoria enrolar e ganhar tempo.
No ano passado, Rodolfo Pintoveio até o curso fazer novas premessas, Ele prometeu que assim que o
prédio do CCH (Centro de CiênciasHumanas) ficasse pronto a Psicologiase mudaria. Mas quando o Reitor fezo balanço de sua gestão num folhetocolorido, saiu-uma foto de ufn professor do jornalismo dando aula com
a seguinte legenda: "Jornalismo, maisespaço". Ao contrãrio, nessa épocao jornalismo perdeu espaço, pois o"laborat6rio de ratos" da Psicologiafoi desocupado e logo depois ali foiinstalada uma biblioteca setorial docurso de letras. A idéia era ocuparo espaço com um, auditório, jã queo CCE é o único centro que nãopossui um.
Arley Machado
ã direção a professora de Antropologia, Ana Maria Beck, e foi compostaem Assembléia GeraI. A base das propostas é a produção de conhecimentoatravés da pesquisa: "As universidadestendem a se transformar em um 3:grau", afirma Ribeiro. Ele não acredita que possa haver um ensino acadêmico enquanto os professores e os alunosfiquem restritos às salas de aula ao
invés de dinamizar e aprofundar os
estudos através da pesquisa. E suas
f!:0postas não excluem os servidores:Na produção do conhecimento, o ser
vidor deve participar". Para comprovar essa tese, Marcos cita como exem
plo, duas pesquisas suas, j� publicadas, que têm servidores como co-au
tores.
Taciana Xavier
Baixa Sociedade'_
Um dos proprietários da LojaBeco, do calçadão da Deodoro, abriu a cabeça de um defíciente mental no dia dois passado. Ainda não sabemos o
que ele procurava. Segundopopulares que tentaram linchar o agressor, suas férias na
condicional devem acabar.e
Elliot Ness quer saber o destino dos envolvidos na apreensão de nove quilos de pó pelaPolícia Federal de Itajaí,
•
Zero recebeu denúncia de que. a Polícia Federal de Florianópolis estaria usando como se
de social a fazenda de JucaGaleano, o maior traficante dosul do país. Tem mais
A Penitenciária Estadual deFlorianópolis passou a exigirdas mulheres dos hóspedes,além da roupa de cama, artigos de uso pessoal, no "sexyapple" a que têm direito. Odocumento não cita a camisinha.
•
Ignorante: "João", bêbadonum bar do continente, se babava. Pela PM, no 4 � Distritoele chegou. Não conheceu um
hospital .•• ali mesmo ele morreu.
�.O chá-dançante promovido na
cadeia pública de Floríanôpolis vai entrar para a história:alguns presos "dançaram",
pelos mais diversos motivos,levando uma sova de man
gueira e toalha molhada, dada,pela gentil carceragem daquele estabelecimento corretivo.Foram servidos alguns aperitivos e salgadinhos (água e pãode sal). Estava di-vi-no!l!
•
Rodinha, -1 � de junho. De cue
cas, Buzunga condecoradopor duas rajadas de INA daPM carioca. Se não morresse,dos tiros, morreria pelo modocomo foi carregado.
Elliot Ness
Gatti lança livro sobrefilme de Glauber Rocha
O fim das' taxas e dos Jetonsda UFSC, estã sendo proposta parao segundo semestre deste ano peloDCE. Segundo Rejane Gomes, presidente da entidade, "se a Reitoria nãoprecisasse pagar jetons, não teria porque cobrar as taxas dos alunos". Sócom o pagamento de Jetons, a UFSCgastou, em 1987, a quantia de Cz$512.733,24, o que equivale, hoje, a
30.160 passagens da linha beira-mar.Os jetons são uma espécie de bonificação pàga aos membros dos ConselhosCentrais - Universitãrio, de Ensino,e de Curadores - da UFSC. Parareceber 65 por cento do salmo mÚlimo de referência, por reunião, bastaassinar a Iista de presença.
"Isto é um absurdo", protesta Re:.jane, "a maioria dos conselheiros j�recebe salmos da UFSC, e as reu
niões estão incluídas na carga horária", diz ela. A composição de cadaum dos conselhos inclui o reitor, os
\
prõ-reítores, o vice-reitor anterior, o'
ex-reitor mais antigo, os diretores decentro, representantes das federaçõespatronais, professores, servidores e
1/5 de estudantes. A exceção dos estudantes, que doam bonificações parao DCE - é com essa grana que a
entidade sobrevive -, os demais conse
lheiros "embolsam" esta quantia.
A possibilidade do DCE perderSua maior fonte de arrecadação nãopreocupa Rejane Gomes, "nós não podemos é permitir que tal despesa absurda continue a existir". Mas ela lembra que sem preciso o apoio de todos
Com lançamento pela,Editora da UFSC na noite dodia três de junho no auditóriodo Centro de Convivência daUniversidade Federal, foiapresentado ao público o livro"Barravento: a estréia deGlauber", do professor JoséGatti, do Curso de Comunicação Social.
Os presentes foram re
cepcionados 'pela professoraGilka Girardello, em razão doautor encontrar-se em NovaYork completando curso dedoutorado.
A obra é resultado da tese de mestrado de Gatti, e
analisa a posição de Glauberno trabalho frente às realidades místicas dos costumes e
crendices africanos impregnados na cultura do povo baiano. A preocupação com as ca
racterísticas técnicas da fitaemerge intensamente do texto
pelo prisma crítico de um dos
inspiradores da CinematecaCatarinense.
os estudantes, afinal, diz ela "o DCE
passam a viver de suas próprias pernas". Não se conhece ainda a posiçãooficial das associações de professorese de servidores da UFSC, mas a ex
pectativa do DCE é que elas tambémap6iem esta luta.
Quem jã garantiu, caso a matériavã para o Conselho Uníversítãrío, seuvoto a favor, foi a diretora do Centro
Tecnológico, Helena Sterner. Ela, a
exemplo de Rejane, também considera"um absurdo alguém receber para participar de reuniões". Outro que também estaria disposto a apoiar a proposta dos estudantes é o diretor do Centrode Saúde, Jorge Polidoro, mas, o seu
voto "dependeria da proposta apresentada pelo relator do processo".
Esta não sed a primeira vez queo DCE apresentam uma proposta referente ào pagamento dos Jetons. Embora, seja a primeira em termos de "cancelamento". Ano passado, foi apresentada uma proposta segundo a qualtodos os conselheiros doariam seus beneffcios para a construção da moradiaestudantil. Mas, ela nao foi aceita
pela maioria dos membros do Conselho Uníversitãrio,
Categorias têm o mesmo
peso na eleição do CC"
7 '
_P,4 _ ZERO''
,.i,,,,,_JUN-88,
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Carlos Eduardo Caê
B�.a estréia de I'" m.
, gal.Jber
ioSégaUi
O professor Mauro Pommer, especialista na área e o
cineasta catarinense Zeca Pires, colega de Gatti na Cinemateca, enalteceram o estudo _
contido na obra, sendo exibido em seguida o filme deGlauber Rocha, um dos mar
cos iniciais de sua carreira,
Sérgio Machado
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
EI.ES DECIDEM
Era uma vez a tal da tesouraA Constituintefazconto-de-fadascoma
comunicação1988. Ano da abolição à
censura da informação jornalística. Desta vez não foi a princesaIsabel a responsável pelo grito deliberdade e sim a rainha da
política atual: A Constituinte. A
informação se livrou enfim daschibatadas e as portas das senzalasforam abertas para que o pensamento seja livre ... Será???
.
o capítulo da Comunica
ção foi votado dia 24 de maio e os
443 votos aprovaram o textoelaborado pelas lideranças partidárias. A rainha resolveu mesmo
acabar com os tiranos de seu reinoe proibiu o monopólio dos meiosde comunicação... Burocracia éoutra palavra proibida. Agorarevistas e jornais não precisam de
licença para serem publicados.Brasileiríssima, a rainha disse queas empresas jornalísticas e deradiodifusão deverão pertencer a
brasileiros natos ou naturalizadoshá mais de 10 anos (como o Mr.Victor Civita e o Mr. SenorAbravanel).
Os súditos do poder executivo serão encarregados de outor
gar e renovar as concessões dasemissoras que terão um prazo de.10 anos para rádio e 15 anos paraTV. Um mensageiro do paláciochamou a atenção do povo para as
exigências reais: Toda programa-
A Constituinte aprovou o
capítulo referente à Educação,estabelecendo que a "educação édireito de todos e dever do estado, eda família", nos estabelecimentos
públicos "o ensino será gratuito",todos terão "igualdade de condiçõespara acesso ao ensino público", as
universidades gozarão de "autonomiadídãtíco-cíentffíco, administrativa e
de gestão financeira", e que ogoverno federal "aplicará anualmente18 por cento dos impostos na
educação". Na realidade, "segundeafirmou o pró-reitor da UFSC
- Gilberto Ãngelo, "pouca coisa mu
I,;A:::':::B:::'rux=:::a:::M=a:::lv:::a:::d=e:::za=j;::o:::g:::o"'õ';=se":".ll:::"'e-n-c-a-n":"t-o:':a:::q:::u:::i=========::::::"::"'::"":":::::::::":"::::""=::::::"::"'::":::::::::"':::::::::"':::::::::"'::::::::.J dou em relação ao Que se tinha".
ção de emissoras de rádio e 1Vdeverá ter preferências por fínalidades educativas, informativas e
culturais, promover a culturanacional é regional e respeitar osvalores éticos e sociais da pessoa e
da família (como por exemplo os
educativos enlatados americanose a ética de um filme em queRonald Reagan massacra os índios do oeste).
Não à censura
artistas poderão finalmente mos
trar os trabalhos que tantas vezes
foram destruidos pela maldosasenhora que os impedia dedenunciar através da arte. Uma leifederal, vai instituir horários e a
censura etária para que os concei-tos morais da instituição chamkdafamília não sejam afetados.
-
nenhum desses vícios. O objetivodo conselheiro é proteger as
crianças dós comerciais que en
grandecem '0 fumo, as bebidasalcoólicas e os medicamentos.
A rainha concedeu urna
entrevista coletiva à imprensa e
disse que pretende arquivar os
textos aprovados. Ela vai tirarumas férias e onde estiver terá a
certeza de que tudo estaráacontecendo conforme as leisreais, e seremos felizes parasempre ...
Sua majestade ainda anun
ciou a proposta de um dosconselheiros, o deputados JoséElias Murad; os fumantes, os
adeptos do halterocopismo e os
hípocondrfacos .
vão assistir àspropagandas de seus produtosprediletos, acompanhada de uma
_
contrapropaganda que mostra os
males que o produto causa, isto se
o dono da emissora não tiver
A Sra. Censura, uma dascostureiras do palácio, perdeu a
tesoura e não poderá mais cortaras diversas manifestações dopovo. Os paletós e as calças jeansvão se encontrar nos microfonespara expor suas idéias (os paletósfalam primeiro, é claro), Os
Márcia Carvalbo
Fenaj faz concurso fotográfico para(
jornalistas de todo o país (
Estão abertas até o dia 10 de
junho as inscrições para o prêmioKodak-Fenaj de Fotojomalismo 88.Esse concurso é aberto à fotógrafosportadores de registro profissional efiliados à algum Sindicato de Jornalistas Estadual. Podem concorrer
fotos em cores e preto e branco,publicadas ou não, que tenham sidorealizadas no período de 21/6/87 a
10/7 /88.Os trabalhos podem ser inscri
tos nas categorias reportagem, polícia, esportes, seqüência geral e ensaiofotogéãfico (reportagem fotográfica),sendo \
que cada profissional pode,inscrever até três trabalhos porcategoria. As fotos, sem moldura,devem conter no verso o nome do
autor, endereço e telefone além do local e data em que foram realizadas.
O vencedor do concurso vaireceber 100 OTNs, diploma e
medalha, e os primeiros e segundolugares nas demais categorias serão
premiados com filmes fotográficos.Além disso, os autores selecionados
receberão seus direitos autorais em
forma de premiação. Todas as
fotografias premiadas não vão ser
devolvidas aos autores.
Um representante da Kodak,um editor e um crítico de fotografiae um' membro da comissão deRepresentantes Fotográficos de SãoPaulo julgarão os trabalhos.
As fotografias acompanhadosde fichas de inscrição deverão .�serremetidos aos Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de SãoPaulo, rua Rego Freitas, .530 -
Sobreloja, C�P 01220, Vila Buarque- SP. Outras informações e o
regulamento do concurso podem ser
conseguidos também nesse endereço.
Arley Macbado
Uma das principais reivindicações dos estudantes e professores,"verbas públicas apenas para as
escolas públicas", não foi aprovada.Pela nova lei as escolas privadas "quenão apresentam fins lucrativos",poderão receber verbas do governo;A presidente do DCE, Rejane Gomes,consídera a aprovação deste itemcomo "prejudicial para a educação".Ela, acredita em grandes mudançaspara o ensino público, pois, segundoela "a onda de privatização do ensinovai continuar".
A líder estudantil destaca quenão basta apenas aprovar um itemque obrigue o estado a dar 18 porcento para a educação. "f. precisosaber como esse dinheiro seráaplicado". Entre os estabelecimentosq�e .c0!l�inuaram a rec;e_?er ver�aê>doMínistérió da Educaçao, estao as
escolas militares. E, apesar doaumento do percentual de verbas, é:bem provãvel que o dinheiro para a
construção de moradias estudantis e
para a manutenção dos Restaurantes,Univesitários continue bloqueado.Rejane afirma que "nem mesmo a
suplementação de verbas 'para a
UFSC, neste semestre, está garantida",
A dirigente estudantíl fazquestão de ressaltar que "apesar denão conseguirmos tudo o quepretendíamos, obtivemos uma importante vitória ao derrotarmos a
proposta do, centrão". A propostainicial daquele grupo de parlamentares, apontava o fim do ensino públicono Brasil. Rejane não concorda com a
afirmação de que tal "vitória"deveu-se ao acordo de cúpulas.
Na sua opinião, "foi fundamental a manifestação realizada pelosestudantes no plenário da Constituinte". Na semana que ocorreu a
votação do item "educação", o
Congresso Nacional foi invadido porestudantes de. diversos estados, quevisitavam os parlamentares em buscade apoio para sua proposta. De SantaCatarina foram 39 alunos, levadospelo DCE;UFSC, e mesmo sem saberinformar o número total de acadêmicos .presentes em Brasilia, Rejaneafirma ter sido esta "a maior.manífestação acontecida na Constituinte".
Carlos Eduardo Caê
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Ambiente, sempre ameaçado
Partido Verde·é contrao acordo nuclear
Lagoa de
Potecas
pode poluirrio Imaruí
Exatamente durante a
Semana do Meio Ambiente,'comemorada nacionalmenteentre os dias 1 � e 7 de junho,a Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente(FATMA) aprovou um projetode saneamento que ignora os
requisitos mais básicos de
proteção ao ecossistema local.Através de um acordo de ca
valheiros, a Fundação isentoua Companhia Catarinense de
Águas e Saneamento (CA...
SAN) ; da obrigação de medir
previamente as conseqüênciasque suas obras vão ter sobretoda a flora' e fauna do RioImaruí. O sistema de esgotosimilar realizado em Camboriúindica que a falta de planejamento ambiental, pode alteraras características dos rios,transformando-os em focos de
proliferação de mosquitos e
fontes de mau cheiro.No dia 28 de maio, um
ex-funcionário da CASAN denunciou irregularidades sobrea lagoa de estabilização que
Organizado em mais de 48 muni- -
cípíos do Estado, o Partido Verde
já está em condições de participardas eleições de movembro, Em Santa
Caterina o PV é mais representativono Vale do Itajaí, grande Florian6-
polis e no sul do Estado. No seu
programa, o partido afirma ser de militantes e não de burocratas, já quenão permite que seus membros ocupemmais de um cargo nos diretórios, municipal e estadual.
O rompimento com o FMI 'e a
denúncia do acordo nuclear brasileiro,responsável por 8% da dívida externa
brasileira, são algumas propostas políticas do PV. E um dos seus-princípaisartículadores no Estado é RogérioPortanova, formado em Direito e pósgraduado em Direito Ambiental, ele
afirma que a política do partido nãoé meramente conservacionista e citao acidente de Goiânia como um alerta
para o perigo da radiação nuclear.Para estas eleições, o PV vai
participar da Frente Popular, poisacredita que só com a união dos partidos de esquerda será possível uma
vitória contra os grandes partidos.Além do PV a Frente Popular é formada pelo PCB, PC do B, PDT e PSB.
MARGINAIS SOCIAIS
Aposentados, menores, mulheres,homossexuais e negros. Rogério-Portanova propõe uma maior reflexão sobre
os direitos e desejos destes grupos,ao denominá-los marginais sociais.
está sendo implantada em Potecas, município de São José.A obra teria sido iniciada no
princípio do mês, sem passarpor um teste obrigatório: a
, apresentação do Relatório deImpacto no Meio Ambiente(RIMA) à FATMA, responsável pela concessão de licençaspara construções deste tipo.A primeira reação dos engenheiros do órgão foi anunciar
que provavelmente a obra se
ria embargada. No dia seguinte, o Superintendente paraAssuntos Técnicos, MárcioRezende Francalaccí , anun
.ciava o perdão à empresa infratora.
INCONFORMISMO
"A Casan provou queseu projeto foi aprovado em1977, quando ainda não haviaa exigência do RIMA", justi-ficou o superintendente perante um grupo de ecologistasinconfonnados com a com
plascência da FATMA. Os
próprios engenheiros do órgãolamentaram a decisão. Gustavo Masenes Carmona foi umdeles, argumentando que a re
solução n � 1 do Conselho Nacional do Meio Ambiente,baixada em 1986, decreta a
necessidade da realização doRIMA antes da implantaçãode sistemas de saneamento.
"Os homossexuais sofrem hoje um terrível preconceito por causa da AIDS,o que é uma injustiça pois no Brasil,com a .falta de critérios nos bancos
, de sangue, o número de casos da doen
ça em hemofilicos supera o dos homos
sexuais", afirma,O líder ecologista cita o protesto
'dos aposentados do Sul do Estado,em fevereiro deste ano,' como um
exemplo da força dos movimentos so-
,ciais no Brasil. Veiculada em jornaisnacionais e da América Latina, a ma
nifestação dos aposentados parou a
BR-I0l, dando impulso a outros movimentos do gênero no País. Além disso, lembra Portanova, busca-se. ummaior espaço político para as mulheres. "Encarar a mUlher como mão-de:obra produtiva e não apenas em sua
especificidade sexual", conclui Rogério.
ECODESENVOLVIMENfO
A política de ecodesenvolvimentocoloca em xeque os problemas da so
ciedade industrial. Surgida na Europa,a idéia de um desenvolvimento quepreserve o meio ambiente tomou popular as duas principais bandeiras dos.,verdes. Uma delas é o desarmamentoe a outra é a produção zero, ondeos ecologistas do Primeiro Mundoprotestam contra um ilusório progresso. Eles afirmam que Q custo socialdeste progresso é maior dó que se
oferece em beneficios aos que .produ-
INCERTEZAS
"O último parágrafo dispõeque todas as disposições em
contrário estariam revogadasa partir daquele momento
(86)" , completa Carmona.Embora o RIMA só tenha virado exigência a nível nacional neste ano, datam de 1980a leis estaduais que prevêema obrigatoriedade de sua reali
zação para obras que envolvam recursos. naturais.
O grande perigo de uma
lagoa destinada ao processamento de esgoto é sua tendência a gerar uma quantidade ex.cessiva de algas, ainda mais
quando ela comporta um volume de água considerável, como os 18 milhões de litros quevão inundar Potecas. Todo o
material orgânico da lagoa se
rá despejado no Rio Imaruí ,numa afronta perigosa à so
brevivência da fauna e flora
aquática. "Os moradores daPonte do Imaruí estão com
muito medo que a lagoa prejudique a pesca de mariscos e
,
berbigões", relata o pescadorPedro Antônio Silveira. Até
agora esta comunidade só re
cebeu a garantia de que a
FATMA vai esta aberta a re
clamações futuras, que serãoencaminhadas à CASAN paraas devidas providências.
ALTOS CUSTOS
"Não podemos inviabili-
zem, Na Áustria, por exemplo, umacomunidade preferiu desaquecer um
pouco suas casas, para economizar no
número de megawats que provêm da
energia nuclear.
"Dívergindo das posturas socia
Jistas clássicas, a política de ecodesenvolvunento não visa apenas a distribui
ção da renda, mas o perfeito equilíbriodo homem na Terra", afirma Portano
va mostrando-se com isso contrário à
instalação de indústrias na Ilha, afirmando que com a agricultura a cidade
pode tomar-se auto-sustentável em ali. mento: "Precisamos refazer o cinturão
verde que Florianópolis tinha há um
tempo atrás, isto não é uma volta ao
passado mas sim um pulo para o futuro,já que tudo poderia ser feito com o uso
de computadores".
USINA DE LIXO
Portanova critica a prefeitura de
Florianópolis pelo descaso com quetrata as causas ecológicas, comJ por
exemplo na questão do lixo: "O PV
solidarizou-se com a 'comunidade do
Itacorubi, pedindo o fechamento do
lixão. O mesmo aconteceu coma co
munidade Sambaqui, onde os ecolo
gistas apoiaram o protesto dos moradores pela não instalação da usina delixo no local", afirmou Portanova es
çlarecendo que não estavam sendoobedecidas as exigências do Conselho
Nacional do Meio Ambiente. O Co.:
zar uma obra de saneamento
que vai beneficiar 99 mil habitantes com a execução do RIMA, que exige o desembolsode Cz$ 80 milhões e mais trêsmeses do projeto parado",alega Grover Alvarado, da Divisão de Projetos da CASAN.Os técnicos da FATMA informam que não são necessáriosmais que 30 dias para que o
estudo seja feito. Com relaçãoaos custos, eles variam de
0,1% a 5% do orçamento totalda obra.
"Pesquisas feitas por institutos americanos revelamque em casos em que ó levantamento ambiental não é observado, as empresas acabamtendo que dispender posteriormente cerca de 20% docurso inicial para corngireventuais complicações no
ambiente", é a ressalva do en
genheiro Carmona. Quandoem maio próximo a lagoa deestabilização de Potecas for
posta em funcionamento, serágeraI a expectativa - ou a
apreensão - sobre o quanto a
imprudência da Casan vai custar, não para seus cofres, maspara o ecossistema da grandeFlorianópolis.
lIeloisa Dallanhol
NAMA exigia a apresentação de trêslocais disponíveis para a construçãoda usina, mas quando a Prefetura ela
borou o Relatório de Impacto do MeioAmbiente (RIMA),já definiu o local".Numa atitude arbitrária do Prefeito",protestou.
Portanova afirma que o PV ata-,caria o problema de maneira efetiva:a solução seria a construção de pequenas usinas em algumas localidades com
custos menores para os cofres públicos. "No caso do lixo recolhido no
centro da cidade, poderia se pensar'na construção de. uma usina fora da
ilha", disse,Outro descaso da prefeitura, para
Portanova, foi o projeto Naturinha."Foi no mínimo uma atitude hip6crita", se referindo ao patrocínio da Souza Cruz ao projeto. Coin a intençãode educar ecologicamente as crianças,o 'Narurinha visitava as escolas e as
praças da cidade, mostrando corno se
deve preservar o meio ambiente". Maspor trás da boa intenção da prefeitura,estava .a propaganda de uma empresaaltamente poluidora". Para ele isto demonstra "o quanto as autoridades nãoencaram os problemas ecológicos de
frente", concluíu..
Ewaldo W. Neto
Rubens Vargas
"Essa gente que você não vê faza televisão que vê". Essa é uma dasfrases conhecidas que são usadas parahomenagear os profissionais de televisão - no caso desta, os da Rede Globo.Porém; existem aqueles que você não
vê, mas ouve, como é o caso de MarlaAlice Barreto, ex-rádio-atriz e dubladora, que estreou aos 14 anos na prí- I
meíra rádio-novela de Santa Catarina.
Florianopolitana, simpática e fu
mante inveterada, Maria Alice iniciou
sua carreira em 1949, na Rádio Guaru
já, com a rádio-novela "Nuvem Negraem Céu Azul", de Gustavo Neves
Filho; que também era o galã do programa, atuando no papel principal.Atuou em rádio-novelas até 1954, paralelamente com um emprego de cantora-craner no Lira Tênis Clube, indopara o Rio de Janeiro em 1955. Lá,a passeio, fez teste para a Rádio Nacional e acabou.ficando até 1965. Seu
primeiro trabalho na capital carioca
foi "Há sempre outra mulher", de Roberto Faissal, onde interpretava a "outra".
Em 1958 pass0l! a fazer dubla
gens para a companhia cinematográfica Atlântida, ccA BeÍa Adormecida",de Walt Disney, foi sua primeira du
blagem, onde fazia o papel-título. Em1959 foi dublar em televisão, na com
panha Herbert Richers, fazendo vozes
variadas no seriado "Bat Masterson".Daí para frente sua voz foi gravadapara vários. filmes e desenhos animados (que são sua especialidade) como;As prisioneiras (filme), Escola de He
róis (desenho animado), Sissy (seriadode TV, fazendo o papel-título), Dallas'(seriado de TV, onde dublava a voz
�de Afton - uma das amantes do milio-nário do petróleo IR) e outros.
Virginiana, fã de livros que con
tam sagas de família, Érico Veríssimoe João Ubaldo Ribeiro, vidrada em
doces, voltou à Florianópolis em 78.
Segundo ela, há duas formas de dublagem: por teJa, que o filme passa em
tela de cinema para ser dublado, assimmais fácil e por VT, onde as fitasdo filme ou desenho são vividos entre
três ou quatro monitores de vídeo.
Hoje com uma filha, e uma neta
de 11 meses, divide seu tempo como
síndica do prédio .onde mora e com
um "bico" na Rádio Guaraujá, em
Florianópolis. Diariamente, grava 45
minutos no programa "Tarde Milioná
ria", de Mário Silva, onde faz a voz
do menino Floripinha, na hora dos
sorteios. Porem, cada vez que volta
ao Rio de Janeiro, faz pequenos servi
ços de dublagem. Apesar de trabalhar
em rádio AM, Maria Alice apreciaum bom rock nas FMs, detesta Alcione, assiste os noticiários de TV e
lê o jornal "O Globo" do Rio, ondegostaria de voltar a morar e trabalhar
erndublagem,
Marcos Cardoso
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
PERSEGUIDOS
OLPacusa Israel de terrorismo,
/'
Estado judeu foi o problema
Anistia defende o Homem em todo o planeta
Palestino diz crianças pnrticipam, S6 que é uma
revolta em que usa-se apenas pause pedras contra as armas mais so
fisticadas que existem fornecidas
pelo impertalisrno norte-americano.Eu acho que com este levante o
lim da ocupação está mais próximo.A solidariedade internacional estámaior e a própria con scíência mun
dial reconhece cada vez mais a cau-'
sa pales�ina. Agora, está, claro que'quem pratica o terrorismo é Israel.Aquela idéia que a grande imprensamundial tenta vender de que os ârabes são terroristas está acabando.Eles praticam o terror, nós' a lutapela liberdade. Nós somos libertadores.Zero - Falando na grande imprensa,sabe-se que o sionismo exerce grandedominação na imprensa mundial. Poristo, muitas vezes, a questão palestinafica de fora dos grandes noticiários.Agora, noticia-se pela grandiosidadedo levante e da repressão. A O LP
pretende fazer alguma coisa para minimizar esta dominação dos meios de
Comunicação pelos sionistas?Fawzi - Ninguém pode tapar o solcom a peneira. De fato, eles cons-
que revolta é
contra opressãoO Vice-Representante da Organi
zação para a.Libertação da Palestina
no Brasil, Fawzi El Mashni, proferiuuma palestra no audit6rio da Reitoriada Universidade Federal de Santa Ca
tarina. Antes, porém, concedeu entre
vista' exclusiva para o Zero. Na con
versa; Fawzi fala do atual levante
palestino nos territ6rios ocupados da
atuação da imprensa mundial,dos planos da O LP para o futuro e do suposto 6dio recfproco entre árabes e judeus. Durante toda a entrevista Fawzímostrou-se tranqüilo, mas 'podia notarse uma ponta de saudade e tristeza
quando ele fala da péssima situaçãoque estão vivendo os- palestinos.Zeru- Como está a situação nos territ6rios ocupados atualmente?Fawzi - A partir de !J de dezembrode 87, começou um levante palestino contra a ocupação israelense.Este levante teve por motivos imediatos, o atropelamento propositalde 'operârios palestinos por um ca
minhão do exército de Israel. ,Quatro pessoas morreram e nove fica-
,/ ram feridas. A partir dar, os protestos eclodiram na Faixa de Gazae Cisiordâníà estendenda-se por todo o terrítõríe ocupado. Até hoje,as manifestações, os protestos,greves gerais, etc. ••• continuam'e provocaram uma violenta repressão por parte de Israel. Praticarama política da mão-de- ferro, quebra-ossos, enterraram pessoas vi,vas, jogaram gente de helicópteros,fecharam escolas e hospitaís. Da
quéla data até hoje, já morreram
345 pessoas, oito mil ficaram feridas e vinte mil foram presas incomunicáveis em prisões e campos de
concentrações onde nem a CruzVermelha pode entrar. Mas o motivo principal da revolta é mesmo
a ocupação. Foram 20 anos fermentando e a revolta acabou explodindo agora.Zero, - Este é um movimento queveio de baixo, da pr6pria população.que sentiu na came estes 40 anos
de perda parcial da terra e 20 'anosde perda total. Por isso, o senhoracha que há condições do levante alcançar seus objetivos maiores?Fawzi - Esta é uma revolução popillar. Homens, mulheres, velhos e
No dia 14 de maio, Israel comemorou os 40 anos de sua criação.São 40 anos de intranqüilidade e guerras. Tudo começou com uma resoluçãoda ONU que resolveu dividir a Palestina, criando o chamado Lar Nacionaldos Judeus. Esqueceu-se porém, quenaquele territ6rio havia um povo queo habitava desde 3000 -antes de Cristo.Subestimou-se o direito deste povo.Era mais de um milhão de pessoas,não era portanto --ú'ma terra sem povopara um povo sem terra", como proclamaram os judeus na época. Ali existia.uma população que produzia as melhores frutas cítricas do mundo, que linhauma cultura, uma tradição, língua, religião, costumes. Dividiram a terradeste povo deixando-lhes apenas 44%de seu territ6rio inicial. Não conten-
_ tes, tomaram os outros 56% e começaram a expulsar os palestinos -de sua
terra. Hoje, eles estão espalhadospelomundo, Mas, mesmo assim, ainda sãomais de um milhão e meio que habitama outrora Palestina.
Agora, resolveram dar um basta
Quem foi preso por suas convic
ções, cor, sexo, origem éfnica, idiomaou religião, pode acalentar uma espe
rança. É que a qualquer momento a
Anistia ,Internacional pode ,resolverseu caso. A Anistia Internacional é
um movimento mundial que independede qualquer governo, interesse políticoe econômico, ou/ grupos religiosos,e que atua na defesa de pessoas quetenham sido presas sem acusação for
mal ou julgamento. No Brasil há três
representações da Anistia Internacio
nal nas -cidades de São Paulo,' Riode Janeiro e Porto Alegre,
O movimento conta com mais de
500 mil membros e simpatizantes espalhados em 150 países e territórios' do
mundo. Para preservar sua imparcialidade e independência a Anistia Inter"
guiram enganar a opmrao públicanestes 40 anos. Mas, com o levanteos meios de comunicação têm mos
trado para o mundo as atrocidadesdo governo israelense e demonstroua tenacidade do, povo palestino. A
a esta situação e foram para as ruas
armados de paus e pedras para lutaremcontra os que os expulsaram de suas
terras. Foram 40 anos fermentandouma revolta interior. A população ára-,be dos territórios ocupados está fazendo uma revolução. Sem' armas com
que lutar, eles parecem ter perdidoo medo. Enfrentam o quarto melhorexército do mundo de peito aberto.São crianças de dez, doze anos, mulhe
res, jovens, homens, velhos.. Estãodeterminados e pelas imagens que 'o
documentário a-"Revolta das Pedras"rios mostra eles não vão parar mais.A bandeira palestina não está maisguardada, o Hatar (sfmbolo de luta \
do povo árabe) também não.Nesta revolta, quase 400 palesti
nos já morreram. Apenas uma judia.Isto porque um grupo de adolescentesde um movimento religioso intranacionalista judeu, resolveu invadir a aldeia
palestina de Beita, escoltado por soldados armados com metralhadoras Uzi,para "mostrar aos árabes quem é quemanda na região", confirmou" depois
nacional controla rigorosamente a
aceitação de fundos, mas para manter
se e conseguir seus objetivos, ela é
financiada por seus membros, atravésde contribuições individuais ou doa
ções.
Os "prisioneiros de consciência",a quem a Ari'istia Internacional têm
como alvo estão na metade dos 154
'países membros das Nações Unidas.
O quê preocupa e torna mais difícil
sua ação, é que em mais de 50 paísesas pessoas podem ser presas sem acusa
ção ou julgamento, e em mais de
cem a pena de morte está em vigor,até mesmo por ofensas políticas.
Em Londres fica o "quartel general" da Anistia Internacional. É na
capital inglesa que trabalham cerca
de,200 funcionários responsáveis pela
imagem de que Israel era um estado
democrático caiu por terra. Mesmo
assim, a censura continua enorme.
Zero - Golda Meier declarou certa'vez, que "s6 vai haver paz no OrienteMédio quando os árabes amarem seus
filhos tanto quanto odeiam os judeus".Qual sua opin ião sobre -esta frase?Fawzi - Certa vez, eu ouvi' umcamponês palestinó dizer a repórteres norte-americanos que "nósnão temos ódio- nem do povo nem
da religião judia. E nós não queremos que nossos filhos que nasceram
sobre ocupação tenham este ódio".Realmente, são os israelenses queestão criando este rancor no cora
ção dos palestinos. Sempre ouvimosGolda Meier, Sharon, Menachem
Begin, falar em paz. Mas sempreforam os primeiros a fazer a guerra. Os massacres, desde Deir Yassim até Sabra e Chatila, o recente
ataque <!e Tunfs e as matanças de
agora. E esta a paz que eles ,proclamam,Zero - Israel tem feito ataques a
quase todos os países árabes. Não seria
agora a hora de integralização destes
países?
uma das componentes do grupo. Oconflito foi inevitável, morreram dois'palestinos e a jovem judiaTirza Porat, de 15 anos. O ministro da justiça
.
exigiu que a aldeia fosse varrida do
mapa. 13 casas foram explodidas -
sendo que uma delas era de um árabeque prestou socorro aos judeus e agoravai ser indenizado - todo rnundo foicolocado sobre toque de recolher.Quatro dias depois o chefe do EstadoMaior das Forças de Defesa de Israel,general Dan Shomrom, veio de público dizer que- Tirza foi morta por' umabala disparada por uma das armas dossoldados. A ultradireita reagiu e pediua renúncia do general, que não aconte
ceu, e ainda manteve suas conclusões,
Devido a aberrações como esta,é que a "Revolta das Pedras" estánas ruas. O que acontecerá daqui paraa frente, ninguém sabe. Enquanto isto,muitos palestinos ainda morrerão, judeus também. E a tão propalada painão surgirá sem que seja dada uma
solução para o povo palestino.
pesquisa. Estas pessoas recolhem e
apuram informações obtidas de fontes
diversas, como jornais, boletins governamentais, relat6rios de advogados e
organizações humanitárias. Há equipesdo movimento que são reunidas parafazer pesquisa em diversos países, como também acompanhar julgamentos.
Quando li Anistia Internacionaldescobre-um preso de consciência, como são conhecidos seus presos, elaenvia cartas aos governos, embaixadas,principais jornais e familiares do preso. Além disso, recolhem assinaturas
para petições internacionais, e 'ajudamas famíliasdos presos com roupas, me
dicamentos e agasalhos.
Se você quiser fazer parte da
Anistia Internacional, pode agir devários modos. Pode enviar cartas pres-
Fuwzi - Eu acho da maior importâncía a unificação do mundo árabe. Lamentavelinente, existemmuitos interesses internos na re
gíâo, O imperialismo procura divi-dir para enfraquecer. Mas unidadeé a força e nós queremos a força.Assim, Israel não poderá ser tãoarrogante e agressivo como agora.Se houvesse união, o sionismo pensaria ] O vezes antes de atacar um
país árabe, pois enfrentaria uma
forte resistência.Zero' - E a religião tem atrapalhado'?Fawzi - Felizmente na Palestina,viviam tranqüilamente cristãos,muçulmanos e ateus sem problemas. Judeus também. São muitosos judeus que têm defendido a causa
palestina. Nós sempre fomos contrao fanatismo religioso e os estadossectários.Zero- Dentro da própria OLP existem dirigentes de outras religiões, nãoé?Fawzi - Os padres Hilário Capuccí,Ibrahim Mayade. Nas outras facções temos George Habasehe e muitos outros.
Zero - A O LP tem recebido apoiodos outros povos? Tem se mostradosolidário com outros povos em lutaz-;E as relações com o Brasil?Fawzi - Nós acreditamos que a so
lidariedade é o Bálsamo dos povos.A questão da paz, da justiça e daliberdade não tem fronteiras. Coma solidariedade internacional nossa
luta fica mais forte, temos maisânimo para vencer. Da mesma for-
./ma que recebemos, damos solidariedade aos outros povos em luta.Sempre que atacam um povo quebusca sua 'autodeterminação estãonos atacando também. Quanto ao
povo e o governo brasileiro, já demonstraram inúmeras vezes o seu
apoio ao povo palestino.
Zero � O que pretende ser feito daquipara a frente?Fawzi - A luta continua. Agora,pretendemos uma Conferência Internacíonal da Paz sobre a direção,da ONU. Queremos uma-conferência onde estejam os membros do
,Col]sélho de Segurança da O� e
que a OLP entre em pé de igualdadenas discussões. A ONU já foi responsável pela tragédia do povo palestino. Agora é a vez de repararo erro.
Entrevista e textoIsmail Ahmad Ismail
sionando os governos onde haja presosde consciência, juntar-se a grupos lo
cais, tornar-se membro-contribuinte ou
também comprar publicações que rela.tam casos concretos de violação dosdireitos humanos.
Os membros da Anistia Internacional lutam pela sua pr6pria dissolu
ção. Mas, segundo eles, isso s6 vaiacontecer quando as discriminações,as violações dos direitos humanos, a
pena de morte e a prática da tortura
forem extintas. Porém, o mundo ainda
está muito distante disto.
I
Mário Vaz
'.'Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Eleitores sem direito à terraArmas e coação:Polícia desaloja
I
33Jamílias
"Fizeram todo-mundo.le
vantar na ponta do rifle, levaram alguns pra delegacia e atémulher grávida de sete meses
perdeu criança por causa do
susto". É o que conta Learcino Roberto Gonçalves, morador de um barraco na continuidade da rua Almirante Ta
mandaré, em Coqueiros, e quejunto com 33 famílias estásendo despejado de sua casa.
A polícia, depois de invadir as casas, levou algumaspessoas ao 4: Distrito. A
maioria analfabetas, lá foram
"convidadas" a depor, e mes-
mo não _ sabendo ler tiveram
que "assinar" (impressão di
gital), sem a presença de um
advogado, o papel onde esta-
<vam suas "declarações". ()que assinaram não sabem •. A
polícia civil, ao ser questíonada pela invasão das casas,
alegou estar fazendo busca de
"drogas e ladrões". Segundoos moradores.os carros que os
policiais usavam eram particulares e eles estavam armados
de fuzis e metralhadoras.
Depois deste episódio, a
polícia ficou um mês fazendo
vigilância permanente, impedindo que os assentados con
sertassem seus barracos mes
mo durante as fortes chuvas,quando muitas famílias com
crianças não tiveram onde fi-.car.
A propriedade onde as
famílias se encontram é de
Seu Sebastião Gonçalves e seus
sete filhos correm o risco de a qualquer momento serem despejados, Sebastião é agricultor e veio de Lagespara Florianópolis em busca de vidamelhor. Que vida a deste Sebastião
Ele . trabalhou durante dois anos
e meio numa fazenda em Lages, cuidando do gado e plantando, Ganhavao equivalente a l mil cruzados hoje.Mas Sebastião não podiaaiar galinhas,pois a esposa do patrão disse queatrapalhavam as suas. Ele acabou coloeando sua ãníca galinha na panela.
"Eu plantei uma roça de um al
queire e pouco lavrado, da terça parteeu ia ganhar uma, mas quando chegouna colheita ele vendeu ·tudo· e nãome deu nada".
JUSTIÇA Q�ANDO?
Norma Giácomo, que diz queos assentados poderiam continuar no local, se não fossemas constantes reclamações quevem recebendo dos moradoresda área nobre residencial quefica proxima aos casebres.•Norma Giãcomo entrou com i
urn processo de despejo na
justiça.A Comissão do Solo Ur
bano (movimento popular) e
o Caprom (Centro de Apoioe Promoção do Migrante), aosaberem da precária situaçãoem que se encontram as famí
lias, começaram a organizar opessoal, a partir da conscíen
tização sobre seus direitos bá
sicos, como a moradia. Atual":mente estão localizando um
terreno para começarem a
pressionar a AdministraçãoMunicipal.
A prefeitura vem segui-
Mas seu Sebastião não desistiu,o patrão prometeu que ao completardois anos e meio de trabalho, irialhe dar uma casa prontinha, não iria
precisar colocar um prego do seu bolso. Mas quandó completou o tempo,o dono da fazenda negou a casá.
"Quando eu quis ir embora, fuicobrar meti salmo, ele disse que tinhaque fazer a conta na ponta do lápis.Daí cobrou o leite que eu gastava,·sabão que eu fazia, lenha que eu usava
e ·00 final me sobrou onze contos,·que não deu nem pra; passagem".
"Eu resolvi vir pra cidade, na
casa do meu irmão. Comecei a procurar emprego em tudo que era fazenda.Conversei com o Dr. Vilson, desem-
damente prometendo para 16das famílias (estas estão sobre
o terreno de D. Norma, as outras 17 famflias estão em ter-
bargador, ele tem 15 milhões de terra,s6 terra boa, ele aceitou um' acordode cinco meses".
"Mas é muito diffcil se manter
o 1: ano sozinho; eu pedi ajuda, mas
o dono do terreno não quis ajudar.Eu tive que deixar tudo lá, terra plantada, Í1Z um açude Com pá. Mas faltouo "Borô" (dinheiro), nao podia ficarlá, minha família ia morrer de fome.O dono ficou com a plantação, comodesconto da minha conta".
"Resolvi vir pra esse lugar, aquiem Coqueiros, montei minha casa,
comprei minhas duas vacas e agoraquerem me tirar daqui, porque essa
granfínagem não quer os barracos na
frente da casa deles. Pra onde eu
levo a minha família agora?".
renas do DNER e da Celesc),seu assentamento em outra
área, mas até o momento nãoexiste nada de concreto. Outro órgão envolvido é o Mirad(Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário), quese interessou ao saber que al
gumas famílias-tinham vonta
de de trabalhar no campo.Foi somente há uma se
mana que se conseguiu fazerurn acordo com dois advogados da proprietária do terreno
e com o juiz, para garantir a
permanência dos moradores
por 120 dias. Enquanto isso,a Prefeitura, o Mirad e a Cohab tentam chegar a urna "solução". As famílias, se forem
despejadás, não têm para ondeir.
Sabrina Franzoni
Suborno paga conta de jantar
Sebastião: "Pra onde levo minha família?"
O que você faria se recebesse
de UD!ll pessoa, um envelope contendo
10 mil cruzados, sabendo que este
dinheiro estava sendo utilizado parasubom&-la? Gastaria? Rasgaria? De
vo�? Se quiser uma sugestão, a
Associaçio de clubes da Primeira Di
visão pode lhe dar. a isso mesmo.
Essa entidade, ao saber da tentativa
de suborno que o 4rbitro Antônio.Rogério os6rio, sofrera do funcio
nmo do Brusque, Nilo Debrassi, se
reuniu para debater o assunto. Ap6sdiscutir o caso, foi realizado um jantarde confraternização, onde a conta foi
,paga com os 10 mil cruzados do suposto suborno.
O jogo realizado na cidade de
Brusque, entre o time da casa e o
Avar, vilidÕ pela dltima rodada do
returno da Taça Salim Mussi Miguel,teve um fato lamentável: tentativa de
suborno. O resultado do jogo interes
-Sava diretamente ao Brusque, que lutava com o Figueirense, por uma vaga
no Hexagonal FinaI do campeonatocatarinense.
O supervisor do Brusque foi acusado pelo m-bitro da partida de tentar
subornã-lo, Antônio Rogério disse queNilo Debrassí fez a tentativa the oba-
I
mando na entrada do estãdío, Não
houve acordo e o dirigente do Brusquedeixou no vestimio, um pacote de
toalhas contendo um envelope com
10 mil cruzados.
Ap6s o jogo, o dinheiro foi en
tregue ao presidente da FCF (Federação Catarinense de Futebol), Delfimde Pãdua Peixoto. Curiosamente, s6
18 dias mais tarde é que a FCF levou
o assunto a püblico, Segundo Delfim,"a Federação não divulgou anterior
mente o caso' porque julgou-se mais.
adequado aguardar a volta de Ciro
Roza". O presidente do Brusque estava
�no Mato Grosso, e s6 retornou no
dia 17 de maio.
No dia seguinte, a ASSociaçãode Clubes se reuniu e decidiu sugerirao Brusque o afastamento do dirigenteNilo Debrassi do cargo de supervisor,caso se confirme a tentativa de subor
no. Este funcionãríc j� esteve envolvi
do em episódio semelhante, anos atrás,em Tubarão.
Entretanto, Nilo Debrassi conti
nua trabalhando normalmente nOBrusque, contrariando a sugestão da Asso
ciação de clubes que decidiu encerrar
o caso com o seu afastamento do fute
bol. Segundo Debrassí, "estranho não
é o m-bitro acusar de suborno, mas
sim falar que isso teria ocorrido dois
dias depois, e não anotar nada na
sâmula", Debrassi resolveu, então,convocar uma nova reunião da Asso
ciação de clubes para apurar a verdade
dos fatos. "Cometeram uma grandeinjustiça contra mim e eu vou reverter
esta situação", desabafou o dirigente".
ORIGENS
A demora da Federação de levar.
o C3l!O a pãblíco - 18 dias mais tarde- dificultou a ação do Figueirensede parar o campeonato, por se sentir
prejudicado. No dia 20 de maio, a
direção do clube da capital entrou
com dois requerimentos junto à FCF,como providência de ordem cautelar.
Um foi destinado ao TJD (Tribunalde Justiça Desportiva) solicitando que
seja esclarecido o caso e que o Brus
que seja excluído, dando ao Figueirense" como terceiro interessado no
processo, o direito de participar do
Hexagonal Final.,
A tentativa do Figueirense foi
em vão. Segundo Delfim, "o clube
da capital tem todo direito de sabel'
a verdade do caso, mas não tirar a
. vaga de ninguéin". Além disso, o
Brusque alega que a atitude de tentar
subornar o juiz partiu de um funcio�mo e não de um diretor", Baseadonestes fundamentos, o Figueirense so
freu vlfrias derrotas nos tribunais, e
o campeonato segue com a partícípação do Brusque.
O julgamento de Nilo Debrassitent sua .primeira sessão nos próximosdias. Mais uma vez o futebol catari
'nense estã envolvido nos tribunais,Parece que esta voltando às suas ori
gens.
Rafael Masseli
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
CADERNO Z ESPECIAL
A geração que disse nãorias: homossexuaís, negros (MartinLuther King, líder negro norte-ame
rlcano, foi assassinado em quatro de
abril de 68 e sua morte provocouuma onda de violência racial em todo
os Estados Unidos), judeus, gritavam"amor'Scom tanta energia quanto ou
tros na Hist6ria gritaram "ôdio",Entre 67 e 69 o consumo do
LSD (Diatilamida de Ácido Lisérgico)quadruplicou. Afinal, viajar de ãcídoera uma maneira de sair da real, portanto rejeitar o sistema, cair fora, emoposição ao cenãrio repressivo da épo-
'
\
qt.
mismo - provocava a miséria de uma
grande maioria desencadeando violência e guerra. Suas famílias burguesas
.
e moralistas se tornavam frustrados(Freud talvez diria que eles agiamsob a influência do instinto de morte- destruir para destruir-se), e esse senti
meato de frustração os inclinava àviolência.
Na verdade esses estudantes esta
vam influenciados pelo movimento
hippieque jã tinha ganhado o mando,Se nem todos os jovens dessa épocaeram hippies; pelo menos viviam de
alguma forma o "hippie-way-of-life".Acreditavam no "faça amor, não façaguerra" e fumavam seus baseados escutando o som de seus ídolos: Beatles,Rolling' Stones, Janis Joplin, Jimmy !!)Hendrix, Bob Dylan, Joan Baez, Raul ....
Seixas, Os Baianos, os Mutantes.....
O...O'"
Ao imobilismo,a todas as
formas de poderOs muros de Berkeley deram o
recado ao mundos "Não se pode con
fiar em ninguém com mais de trinta
anos". O governo da Bélgica fechavaa maior universidade cat6lica do mun
do•. 0 dia 22 de março era o marco
de que a revolta estudantil se iniciarana França com a invasão da Universidade de Nanterre.
O auge dessa revolução foi maiode 68. No dia seis, em Paris, dez
mil estudantes. protestaram contra o
fechamento da Sorbonne, E no seguinte, já eram vinte mil em choque com.a polícia; Dez milhões de trabalha
dores franceses cruzaram seus braçosem solídarledade a eles.
Por todo os Estados Unidos, Europa (inclusive a Tchecoslovãquia),Brasil e demais países da América
Latina, estudantes saíam às ruas em
_ passeatas de protesto, invadiam reitorias, quebravam mesas; e, até mesmo,
caíam no pau com professores.A revolução de 68 foi um dos
mais importantes acontecimentos con
temporâneos, Estudantes de classe mé-
Alguns psícõlogos diziàm que o
hippie era uma criança em busca de
identidade, e que tinha medo de ser
posto à. prova no trabalho, na socieda-.
de, por isso preferia viver à margemdela, não participar da Hist6ria, viverapenas o momento.
Em 1988, o ex-hippies j;t estãocom mais de trinta anos. (Sed quese pode confiar neles?) Alguns acaba
ram sendo engolidos pelo esquema,casaram, têm filhos e são capítalistas,Outros continuam lutando de algumaforma por seus ideais e participamde movimentos de preservação da na
tureza, protestam contra armas e usinas
nucleares, acham que o terceiro mundo
tem que se libertar do imperialismoda Trilateral, e esperam a Era de
Aquãrío, Outros decidiram se isolardo mundo, da sociedade e foram viver
de uma forma alternativa.
Os jovens dos anos sessenta eram
o oposto da turma d�s cinqüenta -
que buscavam o prazer pelo consumo
'desenfreado. Os jovens dos sessenta
foram educados na sociedade do "ter",.
onde' o "ser" significava pouco. Porisso que alguns tornaram-se hippiese buscaram uma forma alternativa de
viver. Fundaram comunidades e manifestavam seu repúdio contra a guerra- garotos norte-americanos juraramnão servir no Vietnã, outros queimavam suas cédulas de convocação e
fugiam para o Canadá.Cbm roupasexõticasvos hippie!l,
mostraram o "power-flower". A IDa-.
neira de se vestirem era suá lingua.gem, Apenas sua Presença j;t mostravaque não estavam de acordo com o
mundo. Sentados indiferentes pelas
Avida estancou de repente, ou foi omundo que-cresceu\
.
\ -
i
Até vir o pacifismo, muita pedra rolou
ruas, às vezes pediam uma mordida
do sanduíche de quem passava, outras. davam um beijo, um abraço. O sloganera: "Beije, não mate". Havia outros:
_"Jesus .era um beatnik", "Deus estã
consumir, na verdade, uma sublimaçãodo' prazer, segundo a psícanãlíse freu
diana.A revolução sexual, iniciada pé
las feministas que queimaram seus su
tiãs em praça pública, pelos casais
nus em Woodstock, e a paula anticon
cepcional, atingia seu auge. O casa
mento estava falido, era careta tam
bém, Legal, era ninguém ser de nin
guém, transar com quem estivesse a
Inn. E isso contínuou valendo até bem
morto".
Eles dançavam de maneira estra
Dha ("Hair", a peça estreou, na Broad
way em 30 de abril de 68), faziamdia e alta, na maioria, estavam desgos- os "love-in", festas com a comunídade,
Buscavam a liberdade total, inclusivetosos com o ensino arcaico; professores autorítãrios; dogmas não questionados, A sociedade industrial - levava
Mas, e o sonho acabou?do prazer
_amoroso, do prazer do cor
po. Xô à repressão, que era coisados pais preocupados com o produzir-
pouc9 tempo. Com o aparecimentoda'Aids a liberação sexual retrocedeu.
Os hippies defendiam as mino"
Ivan Santosalguns ao aburguesamento e consu-
Janeiro }- Montand, no Cine Alasca, no Rio,sob protesto da Associação Brasileirade Cinemas de Arte.
Tchecoslovãquía suicida-se em Praga.18 A primeira bomba do ano explodeno prédio do consulado dos EUAem São Paulo.21 Alunos da Faculdade de Filosofiada uss e da Fundação Getúlio Vargas (SP), em greve por mais vagasnas escolas, invadem a sala da Congregação da USP, quebram mesas e trocam socos com professores.22 Invasão da Universidade de Nanterre, na periferÍa de Paris, marca
o início da revolta estudantil na Fran-ça. r
24 O Conselho de Segurança' daONU condena os ataques de Israelà Jor<IfuJia.'
-.
28 No choque entre estudantes e-aPM carioca durante protesto contrao fechamento do restaurante uníversitãrío do Calabouço, no Rio, é baIeadoe morto o estudante secundaristaÉdson Luís de Lima Souto, de 16 anos.30 Em protesto contra a morte de '
Édson Luís, ocorrem manifestações es
tudantis em vãríos Estados, as. maisviolentas, com enfrentamento e choques violentos em São Paulo, Rio"Salvador, Belo Horizonte e Porto Ale-gre. '
A Assembléia Nacional tchecaelege o general Ludvik Svoboda paraa Presidência,
A poltcia alemã dissolve passeata de 4 mil estudantes em P,erlim Ocidental.23 Estudantes ocupam a Universidade de Columbia, em Nova York.29 A Universidade Federal de Minas Gerais' é fechada. A PoltciaMilitar invade o campus da Universidade de Brasflia..(U.nB), espanca estudantes. Congressistas protestam.30 Estréia na Broadway o musical"Hair".
Morre em São' Paulo, aos 76anos, o empresário Francisco de AssisChateaubriand Bandeira de Mello, ouAssis Chateaubriand, propríetãrío dos"Díãrios Associados", um império decomunicações que reunia. 32 jornais,18 estações de TV, 24 estações derádio, quatro revistas e uma agênciade notícias.
5 Conflitos raCIaIS em Washington,'Nova York, Boston e F16rida.
No Brasfl; O ministro da Justí- ,
ça, Luiz Antônio da Gama e Silva,baixa a portaria 177, proibindo,sob pena de prisão, qualquer manifestação da Frente Ampla sob aforma de comícios, reuniões e passeatas.
Choques entre manifestantes e
policiais IJa saída da missa pelamorte de Edson Luis, no Rio.
Três mil estudantes e operãrios realizam passeatas de protesto contra a proscrição da FrenteAmpla em Santo André, no ABCpaulista.7.Baltimore é ocupada por tropasfederais apôs conflitos raciais.8 O novo pr ímeiro-ministro daTchecoslovâqu ia, Oldrick Cermik,anuncia a formação de seu gabi-nete.
-
9 Chega a 37 o número de mortosem conflitos raciais nos EUA desde a morte de Luther I\i'ng, com1.500 feridos, 10 mil prisões e 62cidades em estado de emergênciaem dez Estados.
..0 Ministério de Justiça liberapara maiores de 21 anos a peça"Cordélia Brasil", de Antônio Bívar, depois de cortar 6 dos 43palavrões do texto e suprimir uma
cena (em que uma prostituta lêuma bula de barbitúrico).14 O primeiro-rninistro francês,Georges Pompidou, anuncia que os
presos politicos serão anistiados. /
.
5 Antonin Novotny é substituído !!ªSecretaria Geral do PC da Tchecoslo
�Ula por Alexander Dubcek,
10 O governo espanhol fecha a Faculdade- de Ciências Econômicas da Universidade de Madri para conter manifestações . estudantis contrârías ao regi-me franquista. <,
15 Um- comando norte-vietnamitabombardeia a base aérea norte-americana de Da Nang, no Vietuã do Sul,destruindo aviões, horas depois de os
EUA anuaciarem a disposição de nãorespeitar a trégua de 36 horas previstaspara a entrada do ano novo lunarTet.
16 Estréia no Teatro Princesa Isabel,no Rio, a peça "Roda Víva", de ChicoBuarque de Hollanda, com direção deJosé Celso Martinez Corrêa.
17 No palco .do Teatro Record, emSão Paulo, Roberto Carlos apresenta,o último programa "Jovem Guarda",que existia desde setembro de 1965e vinha perdendo audiência progressivamente.
18 Portaria .do ministro do Trabalho,Jarbas Passarinho, determina que ne
nhum sindicato de traballiadores poderá receber empréstimo ou auxílio financeiro do exterior sem autorizaçãoespecial do Ministério do Trabalho,
19 Relatório oficial norte-americanofixa em 120 mil as baixas dos EUAdesde o início da Guerra do Vietnã.
I. 20 O governo da Bélgica fecha a
maior universidade católica do mundo,Louvain, apôs uma semana de conflitos com os estudantes;'-
22 A Censura Federal proíbe sessão
eseecial do filme "Adorável Pecado-.
ra • com Marilyn Monroe e Yves
Fevereiro
1: Forças do Vietnã invadem províncías do Vietnã do Sul no delta dono MeKong, infiltram-se em Saigone instalam em Hué um governo revo
lucíonãrío,11 Greve de protesto contra a Censuraparalisa os teatros do Rio de Janeiro.12 Lançado nos Estaos Unidos o livro"Soul on Ice" do "pantera negra" El-dridge Cleaver. .
14 A Universidade de São Domingosé cercada por tropas do Exército apôsprotestos estudantis.15 A primeira passeata estudantil de1968 no Rio de Janeiro, por melhorescondições de ensino, reúne menos decinqüenta participantes.17 O Vietnã .ínicía violenta ofensivacontra Saigon e outras 21 cidades sulvietnamitas,24 Tropas norte-americanas e sul-vietnamitas retomam a provfncía de Hué,ap6s violentos combates com as forçasnorte-vietnamitas.28 Nova passeata estudantil no Riode Janeiro reúne mais de 500 participantes.
Maio1 : CGT e estudantes enfrentam-senas ruas de Paris durante passeatado Dia do Trabalho.3 Governo francês fecha a Sorboune.6 Em Paris, dez 'mil estudantesprotestam nas ruas contra o fechamento da Sorbonne; nos choquescom policiais, mais de cem pessoasficam feridas.7 Estudantes realizam comícios relâmpago em vârías âreas do centrodó Rio de Janeiro, enquanto a PMocupa a Cinelând ia,
.
Em Paris, vinte mil manifestantes entram em choque com a
polícia durante cerca de cinco horas; sete policiais são feridos eo prédio do jornal "Le Figaro"é apedrejado. _
8 Dez mil estudantes iniciam a
"reconquista pacifica" da Sorbonne.9 O ministro da Educação da França; Alan Peyref'itte," anuncia quea Sorbonne permanecerâ fechada.10 "Noite das Barrtcadas'Yvintemil estudantes enfrentam a policiaem manifestações em Paris, 367são feridos e 468 são presos.11 O presidente Charles De Gaulleanuncia a reabertura da Sorbonne,
Abrll
t Março 1: Durante todo o dia, são registradosvãrios choques entre estudantes e policiais no Rio de Janeiro. As 20h, o
Comando da PM pede ajuda de tropasfederais, alegando ao governador Negrão de Lima que não detém maiso controle sobre a cidade. ,
4' O líder negro Martin Luther KingJr. é assassinado com um tiro no pescoço em Memphis, no Estado do Tennesse, A violência racial explode em
vãrías cidades dos EUA.
1: Israel anexa a Cisjordânia, área:conquistada à Jordânia durante a
"Guerra dos Seis Dias" em junho de1967.Choques entre policiais e estudantesem Roma e. outras cidades italianas.8 Estudantes entram em choque com
a polícia em Varsóvia e outras cidadesda Polônia. '
'14 O vice-ministro da Defesa. da
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
68-88
Em68,estudantes era vanguarda\
e representatividade do movimento de-formando as entidades estudantis e
transformando-se em meros apêndicesdo Ministério da Educação.
No entanto, os estudantes se or
ganizaram e -fizeram ressurgir novas
chamas de rebeldia conseguindo revo
gar a lei. Suplicy de Lacerda declara:'''0 que aéonteceu em alguns casos isolados foi a vit6ria de minorias ativistasdemocratas".
INfERVENÇÃOAMERICANA
Apesar da ideologia americana jáestar embrionária em 1947, "o quenão se mantinha pelas armas manter
se-ia pela persuasão e pela ideologiaresultante da educação", parece se con
solidar com os acordos feitos' entreMEC e USAID, que vai policiar as
universidades do Brasil. Em parte, es-. ses acordos resultaram do golpe militar".
de 64 que assumiu responsabilidadedireta, te6rica e prática do sistemaeducacional brasileiro, dispondo de
um país cobaia para seus experimentos.
Em caráter sigiloso. foram assinados os acordos que institucionalizaram
a intervenção norte-americana no ensino brasileiro. O mais famoso delesfoi o anteprojeto de "Concentração.da política norte-americana na América "Latina na organização universitáriae sua integração econômica", recomendando como deveria se processar a
interferência: "desenvolver uma filo
sofia educacional para. o conti
nente (•••), a transformação da universidade estatal numa fundação privada(•••), eliminação da interfer�ncia' estudantil na admínlstração, tanto colegiada como gremial (�••), colocação doensino superior em bases rentáveis,cobrando matrículas crescentes durante
E foram presos,mortos. Masveio a desuníão
Um dos maiores instrumentos de
lutas políticas e reivindicat6rias no
período de forte repressão do país, "
foi o movimento estudaatíl, A UniãoNacional dos Estudantes, criada em
1937, abraçou as questões específicasde ensino, além da defesa da democracia e dos direitos humanos, com moti
vações políticas explícitas lutando con
tra a ditadura.A verdade é que as elites conser
vadoras empenhadas na agitação deum golpe de Estado, não vacilaramem apontar a UNE como uma dassete cabeças do "dragão comunista"no país. Em abril de 64, a repressãofoi suficiente para paralisar por algumtempo a luta dos estudantes. Em 1968o mundo experimenta uma avalanchede manifestações estudantis que atin
giu cidades distantes quanto Paris,México ou Praga. No Brasil, o movimento retoma impulso e toma' a vanguarda nas mobilizações de protestoe manifestações de descontentamentosocial frente ao governo.
Já em 65 os estudantes conseguiram através de um plebiscito repudiarenergicamente um decreto baixado pelo ministro da Educação, Flávio Suplícy de Lacerda, tentando extinguir a
UNE e substituí-la por um Diret6rioNaciona1 de Estudantes, atrelado às autoridades do regime, Em de 9 de no
vembro de 65, Castelo Branco institu
cionalizou a Lei Suplicy Lacerda, visando acabar com a participação polítíca dos estudantes, destruir a autonomia
um período de 10 anos ..•••"
L porar vai .�••
Nas passeatas, as reivindicaçõesespecfficas da área de ensino, como
a defesa da UNE, do ensino gratuito,da autonomia universitária, da não
vinculação da Universidade a 6rgãosnorte-americanos, se misturaram com
denúncias polftícas de ordem geral.O movimento funcionou como um
porta-voz do descontentamento da so
ciedade frente ao regime militar.MORTE PARA:ESTUDANfES
Enquanto escolas se agitavamcom o problema das verbas, em algumas manifestações localizadas da re
pressão, no início um fato no Rio. viria mudar qualitativamente o caráterdas mobilizações e do pr6prio movi
mento estudantil, -com grandes repressões na vida política brasileira, No
dia 28 de março de 68, foi morto
no Rio, o estudante secundarista Ed
son Luís Lima Souto, de 16 anos,
pela polfcia, que reprimiu com violên
cia uma manifestação pacífica em defe
sa do restaurante universitário "Cala
bouço", em vias de ser fechado. O
corpo de Edson foi carregado peloscolegas até a Assembléia Legislativa,na .Cinelândia, e todas as tentativas
da polícia e das autoridades para tomá
lo dos estudantes foram inúteis.
na temperatura, tendo o Rio como
centro nervoso.
. DISS,OLUÇÃO DA UNEOs incidentes da "sexta-feira san
grenta" de protesto em todo o país,foram marcados por choques, com re
pressão policial se repetindo em todos
os Estados. No dia 25 de junho, noRio, uma passeata reuniu cem mil pessoas, que protestavam contra o brutalassassinato de Edson Luís e repudiara política econômica imposta desde64 e as inúmeras medidas restritivas
da liberdade de manifestação. A situa
ção se agravava marcando que se esgotavam as possibilidades de conquistara democracia por meios pacíficos, Estaargumentação começa a tomar força.Grupos se lançaram na luta armada
que recrutou seus militantes especialmente no-meio tmíversitãrió, A UNE·
chegou a um ponto crítico, no períodoanterior ao congresso de 68, com várias organizações e tendências dentro
do movimento estudantil somando cerca de 43 grupos ou organizações di
ferentes.
hum local como a CRUSP é apenasum dos aspectos da questão. Apesardisso, o movimento estudantil aindateve ânimo e força para se recompor:um conselho da UNE foi realizado
em São Paulo em novembro, optandopela realização de reuniões estudantis
para cumprir a eleição da nova diretoria'.
, Com a publicação do Ato Institucional n: 5, em 13 de dezembro de
1968, a radicalização do quadro político se acelera. A ditadura se impõe.De 1969 em diante, se registra desarti
culação e uma nítida regressão nas
manifestações estudantis, em beneffciodo crescimento das ações clandestinas
e das operações armadas. O movimento estudantil s6 vai sair desse tor
por que viveu' no perfodo Médio de
pois de 74.,
No rastro desses anos de repressão; muitos estudantes foram presos,torturados e mortos pelos õrgãos de
repressão. Um deles, Honestino Mon
teiro Guimarães, último presidente da
UNE, antes de sua desarticulação em
76, foi preso e continua desaparecido.Vladimir Palmeira, presidente da
extinta União Metropolitana dos Estu
dantes, preso durante 46 dias, no Rio,em 1968,·considera o movimento estu
dantil incapaz de derrubar o poder."O movimento estudantil vai estudando e vai vendo que os grandes problemas da Universidade estão ligados àestrutura social. Então sabe que a Univesidade pela qual luta - gratuita, pública, livre, democrática - s6 'podeser conseguida em outro sistema".
DISSOLUÇÃONovas diferenças iriam aparecer
nas discussões sobre a forma de se
realizar o trigésimo �ongres� daUNE. No dia 11 de outubro em Ibiú
na, São Paulo, onde estavam reunidos700 estudantes, o congresso foi abertofaltando ainda muita gente, inclusiveLuiz Travassos, presidente da UNE.
Quase 800 estudantes foram detidose levados numa.longa viagem de voltaà São Paulo em ônibus fretado pelarepressão para o Presídio Tiradentes.
Mils o erro político de se tentarrealizar clandestinamente um congresso de entidades e massa, quando haviaainda condições concretas de f�lo
Em todo o país o movimento estu
dantil lutava. Durante uma semana os
estudantes ganharam as ruas e foram
violentamente reprimidos. Em Goiás, a
polícia abriu fogo contra os estudantes
que se protegiam na catedral de Goiâ
nia, ferindo três. Grandes passeatasem Belo Horizonte, São Paulo e no'
Nordeste, com muitas prisões e feri
dos. Em junho o ambiente subiriaMarílaíne Sulzbach
A gente quer ter voz .atíva e no nosso destino mandaralém do Teatro Odeon, a Óperade Paris e a Ópera Cômica.22 Aprovada no Brasil a lei quepermite o enquadramento de meno
res de 18 anos na Lei de SegurançaNacional.
Jâ são 8 milhões os trabalhadores em greve em toda a França.As "três maiores centrais sindicaisfrancesas CGT, comunista,CFDT, cristã, e FO, socialista -
propõem imediata abertura de negociações com o governo.
90 Ilder estudantil DanielCohn-Bendít, de nacionalidade ale
mã, é impedido de retornar à Fran
ça apôs uma curta viagem à Bélgica e Holanda.
Em Nova York, choques entre
policiais e estudantes' que tentam
reocupar a Universidade de Colúmbia deixam saldo de 60 feridos.
. 23 No Quartier Latin, em Paris....seis mil' estudantes entram em cho
que com a polfcia,:24 Intensa luta entre policiais e
estudantes no Quartier Latin. A
polfcia dispersa manifestação de20 mil pessoas na praça da Bastilha. Estudantes e operârios (estesdesobedecendo determinação da
CGT), espalham-se pela cidade.Um grupo estimado em sete milmanifestantes invade e incendeiaa Bolsa de Valores de ParisoComosaldo, dois mortos e mil feridos.25 O primeiro-ministro GeorgesPompidou inicia negociações com
as centrais sindicais francesas. Jâsão mais de dez milhões os trabalhadores em greve em todo o pats.28 Daniel Cohn-Bendít entra clandestinamente na França e reaparece discursando em Sorbonne.
O ministro da Educação da
França, Alan Peyrefitte, renunciaao. cargo, que passa a ser acumu
lado pelo primeiro-ministro. Georges Pompidou.
Em Nova York, o artista plâs- .
tico Andy Warhol, uma das maisimportantes estrelas 'da arte pop,é baleado pela atriz Valerie- Solanis, que trabalhou em vârios deseus filmes.
O governo brasileiro classífíca como "âreas de segurança nacional" 68 municípios que deixarão de ter eleições diretas paraprefeitura.5 Candidato à Presidência dosEUA pelo Partido Democrata, o
senador Robert Kennedy é baleadodurante uma festa do Hotel Ambassador, em Los Angeles, onde comemorava a vit6ria nas eleições primâr ias de Dakota do Sul e Calif6rnia. Morre 25 horas depois.11 Polícia francesa tenta retomara Sorbonne, Os estudantes mantêmocupação em sete outras escolas,12 Estudantes alemães entram em
greve, Ocorrem enfrentamentos entre policiais e estudantes na Argentina, Uruguai e Colômb ia,
O governo francês dissolve 11organizações estudantis e profbemanifestações de rua durante a
campanha eleitoral. _
Estudantes decretam greve ge-nil na Argentina.
-
16 Polfcia retorna a Sobornne, naFrança.18 Manifestações estudantis no
México, Chile, Turquia, Venezuela, Equador e Espanha,19 A "Marcha dos Pobres" sobreWashington retine cem mil pessoas, lideradas pela víãva de Mattin Luther King, Coretta.24 A policia de Washington fechaa "Cidade da Rer.surreição", acampamento organizado pelos Iíderesda "Marcha dos Pobres"; o prefeito da cidade é o jovem reverendoJesse Jackson, de 26 anos.26 A "Passeata dos Cem Mil" reãne milhares de pessoas nas ruas
centrais do Rio de Janeiro.
29 O cineasta franco-sufço JeanLuc Godard filma as barricadasno Quartier Latin, em Paris, ap6sa interrupção 'do 'Festival de Cannes de 1968; à noite participacom Louis Aragon e Elsa Trioletda passeata de trabalhadores or
ganzada pela CCG pelas ruas deParis.
Enquanto o presidente Charles De Gaulle reúne-se com seu
gabinete sob a ameaça de renun-i
ciar, uma manifestação convocadapela CGT retine 200 mil pessoaspelas ruas de Paris, entre estudantes, trabalhadores, intelectuais e
73 deputados comunistas. Durantehoras os manifestantes dão"adeus" a De Gaulle.30 De Gaulle dissolve o Parlamen-
-
to francês com o apoio do'Exército e convoca eleições gerais.31 Centenas de milhares de trabalhadores começam a retornar ao
trabalho.
VA CGT francesa,' que reúnecerca de 10 milhões de trabalhadores, anuncia greve geral de 24horas em solidariedade 'aos estudantes.
12 Em Curitiba (PR), choque decinco horas entre 500 uníveraítãrios e cerca de 1.300 soldados daPM paranaense.13 No décimo aníversârío da voltade De Gaulle ao poder, meio milhão de trabalhadores e estudantesfranceses desfilam pelas ruas deParis, durante nove horas, cantando "A Internacional" e agitandobandeiras da guerrilha vietcong.
Estudantes franceses ocupamtodas as universidades. Greve ge-ral de 24 horas, ,
14 Dois mil estudantes invademe depredam a reitoria na Universidade Federal, do Paranâ, em Curitiba.
Estudantes interrompem uma
apresentação no Teatro Nacionalda Odeon, em Paris, dirigido peloator Jean Louis Barrault, e declaram-no "fechado ao pãblico bur
guês".15 Em São Paulo, estudantes daUSP invadem e ocupam o Bloco
C, inacabado, do Conjunto Residencial da Universidade, ,CRUSP.
Em Nantes, dois mil operâriosda Sud Aviation, estatal, ocupama fãbrica e mantêm presos seus
diretores.Três milhões de trabalhadores
entràm em greve no Reino Unido.16 O governo espanhol fecha a
Faculdade de Filosofia e Letrasde Madri, ap6s manífestações estu
dantis.17.500 operâríos entram em
greve nas fâbricas francesas da Renault" em' Le Mans, Flins, Creone Havre, ocupando as unidades e
mantendo presos seus diretores.Centenas de! estudantes de i-
xam a Sorbonne em direção a
Billancourt, subúrbio parisiense,para prestar solidariedade' aosoperãr íos grevistas da Renault.
Greve-surpresa deixa Parissem jornais.17 Greves afetam a operação doAeroporto de Orly e da Râdio e
Televisão da França. 60 mil' policiais fortemente armados vigiamas ruas de Paris.
18 JIi são 50 as fâbricas ocupadaspor grevistas em toda a França.
Um grupo de diretores, ato
res, técnicos e produtores de cinema invade a sala de projeção doFestival de Cannes,. obrigando a
direção a suspender a mostra e
transformã-la em local de comício'permanente de apoio ao movimento estudantil e operâr io, O cineasta franco-suíço Jean-Luc Godardlidera o protesto, subindo na cor
tina que protege a tela para impedir que seja aberta, e é esmurradopor espectadores contrâríos à·sus-·pensão da mostra. Os cineastasLouis Malle, François Truffaut,Roman Polanski, Alain Resnais e
Milos Formam retiram seus filmesda competição oficial.
Violentos choques entre estudantes de esquerda e direita na
Universidade de Pránkfurt, Alemanha Ocidental.
Em Berkeley, Calif6rnia, 866uuíversítârios prestam juramentosolene de não servir o Exércitodos EUA enquanto durar a Guerrado Vietnã.20 Paris amanhece sem serviçosde metrô, ônibus, tâxís, telefones,correios, pão e jornais.
Hâ racionamento de gasolinae de gêneros de primeira neces
sidade.Seis milhões de trabalhadores
ocupam 300 fâbricas em toda a
França. Os estudantes.ocupam,
Depois de ocupar a CidadeUnivers ítâr ia de Roma, milharesde estudantes italianos marchamaté o Palãcío . Parnese, sede daapresentação diplomâtica da França, em solidariedade aos estudaotes franceses. À noite, erguem barricadas, viram e encendeiam car
ros.Policia espanhola reprime
violentamente estudantes e operãrios que tentavam ocupar a Uníversidade de Madri.
Junho1: 'Ferroviârfos é servidores püblícos voltam ao trabalho na França.Mantêm-se em greve os setores me
talúrgicos, siderúrgico, de mineração e indústria automobtlística,4 Estudantes entram em greve geral no Rio e em Florian6polis (SC).
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
68·88 '"""""II
Homem pisou na Lua. E .daí?
Monge budista se imola contra a guerra
Os efeitos do napolns contra civis vietnamitas- �
Fumar maconha? Hámuito tempo isso deixou deser um forte símbolo de con
testação. Fazer viagens com
LSD já saiu de moda; a ondaagora é cheirar cocaína. Amorlivre? É visto com temor,depois que pintou a AIDS. Comisso, o hábito da monogamiadeixou de ser careta, transformando-se em um inteligenterecurso de sobrevivência.Sim, estamos nos anos 80,vinte.anos depois daquela década de reviravoltas.
Os jeans, as flores e os
cabelos compridos foram perfeitamente assimilados pelaindústria cultural, mastigados, transformados e retransformados. E tudo isso rendeumuita grana. Por que comprarum jeans -novo e esperar queele desbote, se as roupas stone-washesd já estão prontinhas na vitrina?
Os poucos remanescen
tes hippies são hoje considerados por muita gente como
vagabundos que usam essebom pretexto para assumir o
fato de não fazerem nada,Aliás, boa parte dos antigoshippies já descobriu outroscaminhos de "mudar o mun
do":. começan-do por juntar o
próprio pé-de-meia. Artesanato virou produção em série,imprensa alternativa virouempresa, pé na estrada crioubolhas e resolveu subir em
quatro rodas, (de preferência
uma' camioneta F-1000, com
cabine dupla, ar condicionadoe toca-fitas). Viver sem lençoe sem documento nao dá maisstatus como antes - nem mes
mo entre os próprios jovens,Mil novas tribos foram
surgindo pelo caminho.Punks, darks, skin - heads,yuppies, neo-pôs-porra-nenhuma ••• No meio disso tudo,um fenômeno curioso: a nos
talgia (às vezes cuidadosamente escondida). dos jovensdos anos 80 por uma épocana qual não viveram. Nostalgia estranha esta, umamisturade admiração com negação ao
psicodelismo, à geração paz &amor.
"O passado não existe,nosso presente é sem perspectivas, o futuro ••• não sei sevamos chegar lá". A frase, dita por um jovem de 20 anos,dá no que pensar. Talvez ajude a sintetizar a crise de uma
geração que viu. o idealismodel seu país ser vencido pelosistema. Hoje, como há 20anos, o perigo nuclear aindaé constante, as guerras e a fome continuam matando àspencas. O homem já pisou na
lua mas "e daí?, grande mer
da!"- LÓgico, houve avanços.
-A organização dos movimen-tos sociais tomou bastante impulso. Luther King foi mortoé virou feriado, mulheres cau
saram indignação e risos ao
"queimarem sutiãs em praçaspúblicas, o pacifismo ingênuoevoluiu para formas de lutasmais elaboradas. O própriomovimento hippie- originoumodos alternativos de conviver com a sociedade existentesem precisar renegá-Ia, e aomesmo tempo, escapando domero consumismo robotizado.
Até hoje ainda há gentetentando interpretar com exa
tidão o que Jolin .
Lennon quisdizer com sua famosa frase"the dream is over" (o sonhoacabou), proferida na épocaem que os Beatles se separaram. Entre as traduções livres, há: "Xii, queimou o"'�_ovo!", "Dormi de mau jeito","Ah, vira o disco ..•
"
e "Pô,gente, assim de cabelo grandenós vamos deixar os barbeirosdesempregados". Pois é; quedia é hoje mesmo? Como disseJohn Cage, "é simplesmenteirritante pensar que podería..mos estar em qualquer outrolugar. Estamos aqui, agora".Nostalgias ou futurismos àparte, seria bom começar a
perceber isso e passar a desli
gar o videogame com mais freqüência. Quem sabe, talvez os
jovens dos anos 90 olhem pradécada de 80 com uma pontinha de inveja
Dauro Veras
"Mas eis, chega a RodaViva e carrega o destinopra ·lá"Julhon Operação de "guerra" em S�oPaulo: Dops, SNI e PF caçam o
Hder terrorista Carlos Marighella.2 O presidente Costa e Silva assinadecreto de constituição da comissão de estudos para a reforma universitliria no Brasil.S O governo Costa e Silva profbepasseatas em todo o territ6rio nacional•.23 A URSS anuncia manobras militares na fronteira com a Tchecoslovâquia,
Agosto2 O pres idente da proscrita UniãoMetropolitana dos Estudantes(UMES) da Guanabara, VladimirPalmeira, é preso.6 Exército ocupa as ruas do Riode Janeiro e frustra bma passeataestudantil em protesto contra a
prisão de Palmeira.18 Tropas do Vietnã do Norte realizam violento ataque contra trêsâãsquatro zonasniílitares do Vietnã do Sul.20 Fim� da "Primavera de Praga":a Tchecoslovâquia é invadida portropas da URSS,�Alemanha Ocidental, Polônia, Húngria e Bulgâr ía,23 A URSS .obstrui pelo veto, na
ONU, a votação da resoluç_ão quecondenaria a invasão da Tchecos-Iovâquia,
.
24 A França explode no Pacíficos1!a primeira bomba de hídrogê-nw.
. ,
28 Hubert H. Humphrey é indica-
do pelo Partido Democrata como
candidato à Presidência dos EUA.•29 Policia militar ocupa a Universidade de Brasília (UnB).
Setembro3 Na sessão "pínga-fogo" da Câmara dos Deputados, em Brasflia, o
deputado federal Mârcio MoreiraAlves (MDB daGuanabara) afirmaque as Forças Armadas estão se'transformando em "vacalhouto detorturadores" conclama a população a não comparecer às paradasmilitares de 7 de Setembro. Imediatamente transmitido às chefiasdas Forças Armadas, o discursoseria o estopim da ,crise que culminou na edição do Ato Institucional .
n:' 5, em dezembro.'
11 As tropas do Pacto de Vars6viainiciam a retirada de Praga, ap6snegociações mantidas em Moscoupelo novo premíê tcheco, OldrickCerník, '
12 A Assembléia Nacional daTchecoslovliquia restabelece, por275 votos contra 2, a censura e
outras medidas restritivas:18 O Exército mexicano ocupa a
Universidade Nacional apôs setesemanas de agitações estudantis.26 Marcelo Caetano é o novo pri--meiro-ministro .de Portugal, em
substituição a Antônio de OljveiraSalazar. /
·Outubro3 Choque entre estudantes de es-
querda, entrincheirados na Faculdade de Filosofia da USP, e dedireita, da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Morre o: estu«dante José Guimarães com um tiro.6 Passeatas de protesto no' Rioe em São Paulo pela morte de JoséGuimarães. Sete baleados no Rioe um em São Paulo. •9 �O prêmio Nobel da Paz é conce
dido ao jurista francês René Cassin, principal autor da Declaraçãodos Direitos do Homem, de 1948.10 Por 441 votos a zero, a Assembléia Nacional francesa aprovadrâsticas reformas no sistema educacional do pats.12' A ,PM paulista' prende 1.240estudantes durante o clandestino30� Congresso da UNE, em Ibiúna(SP).31 Forças norte-vietnamitas bombardeiam Saigon.
O presidente Lindon Johnsondetermína a suspensão dos bombardeios aéreos, navais e de artilharia sobre o Vietnã do Norte.
.Novembro4 O Supremo Tribunal Federal pede licença à Câmara para processar o depu'tado Mârcío MoreiraAlves por ofensa às Forças Armadas como conseqüência do discurso proferido a 3 de setembro.S O republicano Richard Nixoné eleito 37� presidente dos EUA.Os democratas mantêmmaioria no
Senado ti na Câmara,6 Em Brastílava, na Tchecoslovãquia, milhares de estudantes participam de manifestação de protesto /
queimando bandeiras soviéticasnas ruas •
21 O governo federal cria õ Conselho Superior de Cultura.
O presidente Costa e Silvasanciona nova Lei de Censura parafilmes e peças teatrais.22 Chega às lojas nos EUA o "Álbum Branco" dos Beatles.28 A Arena substitui nove de seus
representantes na Comissão deJustiça da Câmara, contrlirios àlicença para processar Mârcío Mo-.'reira Alves, para garantir a aprovação do pedido do Supremo Tribunal Federal.
Dezembro
11 A Comissão de Justiça da Câ.!mara dos Deputados aprova o pedido de licença para o processocontra Mlircio M. Alves, por 19votos a 12.12 Por 216 votos contra 141 edoze abstenções; o Congresso Nacional nega o pedido- de licença,formulado pelo Supremo TribunalFederal, a pedido da Presidênciada República, para processar o
deputado Mârcio Alves.13 Costa e Silva assina o Ato Institucional n: 5 (AI-5) e Ato Complementar n � 38, colocando o Congresso em recesso por tempo indeterminado. São presas em todo o paispessoas ligadas à
OPOSi,ãO.Ou
tras, como o deputado M reio M.Alves, buscam asilo em em aixadas.e posteriormente partem para o
exílío,Em cadeia nacional de râdío
"e televisão, às 20h30min, o ministro da Justiça, Luiz 'Antônio daGama e Silva, anuncia a resposta.do &overno à se.ssão do Congresso ..Nacional do dia antenor: passa
'
a vigorar por tempo indeterminadoo AI-5, que possibilita ao governo,entre outras medidas, decretar o
recesso parlamentar, intervir nos
Estados sem as limitações previstas na constltuíção, cassar mandatos e suspendet direitos políticos.30 O governo brasileiro divulgaa primeira lista de cassações combase no AI-5, encabeçada por Mârcio Moreira Alves, Renato Archere Hermano Alves. Carlos Lacerdateve seus direitos políticos sus
pensos.31 Em cadeia nacional de râdíoe TV,' o presidente Costa e Silvaafirma que o AI-5 era a ãníca solução para combater ;a "ansiada restauração da aliança entre corrupção e subversão".
Jl'�-88-
ZER()"
- P 15" ,
, !
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
a política de .abertura de Gorbatchev.Martin Luther King teve um sonhonos Estados Unidos e possivelmenteJesse Jackson está dando o balançodas conquistas negras ao -Iongo da
campanha eleitoral. E os corpos dosestudantes mexicanos massacrados na
cidade do México talvez sejam lembrados discretamente, nesse momentoem que estudantes sul-coreanos se preparam para protestar contra o governo,numa olimpíada como a de 20 anos
atrás.As comemorações dos 20 anos
de 68 atingem o Brasil num momentomuito especial de sua história. Momento de desencanto, com muita genteabandonando o país, inflação galopante, corrupção no governo, abismoentre· políticos profissionais e o povo.Mais do que qualquer outro país, o
Brasil está sem sonhos, sem projetopara o futuro. Sonhos não são políticas mas podem se articular earn elas.O movimento social estã acuado tentando defender o poder aquisitivo dossalmos e o nível de emprego.
Os grandes e fundamentais ternaslevantados em 68 que colocavam na'ordem do dia as reformas de basee a modernização da sociedade continuam de pé. Como não houve respostapoI!tica as propostas poI!ticas da época, o Brasil será obrigado a convivercom o fantasma de 68. Resta desejarque os fantasmas movam a históriamais adequadamente com um respeitoã democracia, um senso de coligaçãode forças e uma grande abertura paraos temas novos que se fortaleceram"nos anos 80.
Continuamos querendo. Só queo impacto de duas décadas nos ensinoua estreita linha por onde caminhar:nem a miopia dos políticos que investem apenas no poder do Estado, nema solidão dos movimentos sociais quese recusam a usar a máquina adrninistrativa; nem o isolamento do indivíduoque não consegue ver além dos seus
interesses imediatos, nem a íntransígência do trabalho coletivo que passapor cima da plenitude individual.
Não deixa de ser um programamínimo para evitar que nos encontre
mos daqui há 20 'anos, repetindo as
mesmas coisas de sempre. Como dizo filósofo tcheco Karel Kosik a hist&ria é indispensável se quisermos querecomece sempre do zero. No Brasilas transformações sociais foram tãodiscretas que às vezes temos essa ilu-
'
são de que nada mudou. Em 68, porexemplo, o movimento estudantil no
Rio e São Paulo pressionava o governo e o movimento operário realizavaas greves de Osasco (SP) e Contagem(MG). A espinha dorsal da oposiçãoeram os universitários; hoje o movimento operãrío ganhou uma outra dimensão e a partir de núcleos de trabalhadores especializados formou-se o
PT.Está tudo em constante mutação,
embora a gente tenha a suspeita fundada, em certos momentos, que as mu
danças são para pior. É preciso combater a idéia daquele soldado do Vietnãde que está tudo parado, muito calmo.As coisas estão caminhando para trás.Amanhã, quem sabe ••• Depende denós.·
UMA REFLEXÃO
Mudar, dependeUmaanálise
dos avanços e
retrocessos
Vamos enterrar 68? Essa sur
preendente pergunta na capa da revistafrancesa "Globe" não é apenas a lembrança de que 20 anos se passaram.Na esteira das. comemorações da mfdia, dos programas de dois minutosanalisando, em profundidade, um mo
vimento mundial, surgia uma centelhade crítica. Lá dentro, como todos os
analistas bem comportados, "Globe"limitava-se a separar o trigo do joio,e a ensinar o que se devia reter o
que enterrar, de uma década tão emo-. cionante,
O que os jornalistas não chegaram a perceber é exatamente que 68só tem vida na medida em' que écriticado e todos os seus mitos sãopassados no liquidificador. Quando se
começa a usar medalhas no peito e
se desfilar nas paradas cívicas entãoé porque, realmente somos todos can
didatos ã múmia.Nesse processo mundial de exu
mação de 68, há críticas fundamentais Onão apenas ao que aconteceu, mas ...à maneira como a década foi represen- �tada pelo os que viveram mais profun-·damente, Nada mais indefensável, porexemplo, do que essa teoria do bigbang da história, Um momento em
que "tudo começou", momento quecontinua lançando sua luz ao longodas décadas, como uma estrela morta.
Pessoalmente, temo ter contribuí-do para esse mito. Costumava contar,em minhas conferências, a história deum jovem negro que deserdou na
guerra do Vietnã e vivia em Estocolmo. Nas noites geladas de inverno,olhando para a imensidão branca, eleque nâeu em Nova York e sobreviveu a várias emboscadas no Vietnã,dizia:
- Isto aqui está muito calmo.Muito calmo.
Comparando com os anos queviriam depois, o de 68 foi, realmente,carregado de acontecimentos, na Europa e na América, nos países capitalistas e no socialismo real. Mas a
insistência nessa tecla pode estimularum tipo de nostalgia defensiva, algoque o sociólogo Fred Davis chamoude ponte sobre identidades cambiantes.
E que o mundo muda, a pessoamuda, e no domínio da fantasia, a
saudade serve para fixar algo no permanente fluxo de mutação. Desamparados nos anos 80, muitos se voltam
para trás em busca de tempos quenão podem mais ser vividos. A cele
bração do passado torn�e oposiçãoao presente e; nesse sentido, a nostalgia pode desempenhar um papel conservador. Num belo artigo intitulado
, "Os Usos da Nostalgia", Todd Gitlinsintetizou bem claramente o que énecessãrio 'no momento. Segundo ele"não precisamos das colagens da mídia,os inevitáveis programas do gênero68 foi assim. Nem precisamos de uma
nostalgia pura. O que se precisa é�o "retorno do historicamente reprimido".
É urn conceito superelástico quese tomou emprestado da psicanálisemas não deve ser descartado. Gitlinnão teve tempo de devolvê-lo nem
de explicar com clareza. o que é quefoi reprimido historicamente e por
,,
enos
Apesar dessas limitações, é urna
trilha que se pode seguir. Um caminho para 20 anos depois dizer algumacoisa no meio .de um turbilhão de
lembranças, registros históricos seeun- .
dários e conflitos' de subjetividades.Quando escolhermos o slogan da
campanha eleitoral de 86, estávamos,de alguma maneira, tentando resolvero problema. Era preciso dar nosso,
- ir direto ã essência do que precisaser .preservado em .68, daquilo quepoderia servir como ponte entre as
, décadas."É só querer". Essa fórmula bem
sintética tentava resgatar a herança de68 e falar naquilo que tinha sido reprimido ao longo dos anos que se sucederam: li vontade, um projeto coletivo.
Diffcil dizer quem reprimiu. Averdade é que nos países europeus,o pós-68 foi marcado, por uma ascen
são do liberalismo. A intervenção estatal era criticada em vários níveis, sobretudo porque inibia o único meca
nismo efetivo para controlar o movimento no conjunto: o mercado,
Os apóstolos da mão invisíveldeslocaram com grande facilidade o
mesmo tipo de raciocínio para a história no conjunto. Partindo de uma crítica justificada às grandes idéias detransformação, muitas delas resultandoem massacres sangrentos; questionarama idéia mesma de intervir no processohistórico. A partir de agora, estavadecretada a morte dos intelectuais que{alavam sobretudo e opinavam sobreo rumo do País; a partir de agoragrandes ideais para mudar o mundopassariam a ser vistos com suspeição.A própria' capacidade do político demudar alguma coisa era questionada,Não se estimulava mais a organizaçãopara mudar o sentido da ação do Estado. Era preciso, .no máximo, organizaro indivíduo pará se defender dos ata
ques do Estado. Era preciso não tornaro poder mas se defender dele neutralizando-o progressivamente.
,
Essas idéias prosperaram não ape-_nas porque expressavam mudanças po-
líticas inas também atingiam questõesreais. Uma delas, na crítica ãs grandesidéias, era a constatação de que a
história não estava previamente escrita, que a história não tinha um sentidoinexorável como se fesse uma espéciede divindade.
Abriu-se o campo para a reflexãodemocrática, para a compreensão de
que não havendo nenhum sentido profundo na trajetória humana era nossa
tarefa comunicar nesse sentido a história no entrechoque cotidiano dasidéias.
Outro aspecto que acabou sendomuito generoso também no pós-68 foia revelação dos micropoderes, dasteias de dominação que se armam na
sociedade, cadeia, hospitais psiquiátricos, etc., enfim toda a teoria quefoi celebrizada pelos trabalhos de Mi-chel Foucault.
.
Smgiram movimentos no interiordos presídios, os seres humanos consíderados loucos se organizaram paradefender seus direitos, inúmeros aspectos da prática social, que não eram
examinados sob a 6tica política, passaram a ser indicadores do processo de
dominação.Uma coisa é dizer que a história
não tem sentido e que devemos abandonar qualquer pretensão de encontrálo. Outra coisa é dizer que a história
- não tem seritido mas que é precisoprocurá-lo coletivamente, que sem um
projeto e uma ação comum, o futuroestá bloqueado.
das morais sem compreender· o querepresente na expressão do avanço dasforças materiais e de ampliação da
própria liberdade.Dificilmente os anos 80 poderão
reproduzir movimentos como o dos
hippies 011 mesmo o dós punks. Acredito que a idéia das pessoas se vesti�·.rem da mesma maneira, pertencerama tribos urbanas, falarein a mesma
linguagem, talvez esteja superada nesse momento da história. Deixar-seaprisionar debaixo do mesmo rótulode "juventude" por exempló é darchance aos políticos de encerrarem nu
ma mesma palavra uma diversidade.de situações. E esquecer também queos movimentos de transformações hojepassam por gerações irmanadas num
mesmo desejo. '
O êxito do SOS Racismo na
França, no meu entender, deve-se àcompreensão dos anos 80 e dos 60.O slogan "Touche pas mon pote" (Nãotoque no meu chapa") é um apeloaos indivíduos brancos que se indignam com a discriminação que árabes,negros e asiáticos estão sofrendo.
E a primeira tentativa que dáuma volta no impulso moral clássicoque diz que o indivíduo deve se sacrificar pelo coletivo. Ele assume o indívidualismo desejoso de romper com
sua solidão, sem se negar enquantoindividualismo.
Talvez seja maneira de rompero impasse, de costurar as outras pontasque ficaram soltas, daquela época paracá. O movimento das mulheres, dosnegros, das minorias sexuais, das asso
ciações de bairro, enfim os movimentos nascidos de preocupações com a
própria sorte, acabaram sendo sociaissem negar o indivíduo.
Considerações tão gerais podemdar a impressão de que 68 foi um
ano absolutamente idêntico para todosos países, independente da singularídade de seu momento histórico. Masnão foi bem assim. O que se discutehoje na Tchecoslovãquia é a serne
lhança da Primavera de Praga com
Esse legado de 68 não poderiaatravessar os anos se não se invé1tigassem também as causas que fizeram68 apodrecer. Uma delas é não ter
compreendido os perigos da fantasiapolítica, sobretudo daquela que substitui a vontade da maioria pela açãode pequenos grupos predestinados a
fazer história.O avanço do individualismo é
um dos temas que mereciam uma dasmais tranqüilas reflexões. Muitos que
. .rem se livrar dele com rápidas.pincela-
Fernando GabeiraEscritor e jornalista
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina