REGENERAÇÃO - O ESTANDARTE DE...

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REGENERAÇÃO

OU DECISIONISMO?

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Transcrição feita a partir das legendas do vídeo,

Regeneração vs Decisionismo (Youtu.be/eyh2VbUBbBs)

Por: Paul Washer © HeartCry Missionary Society | http://hcmissions.com

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Transcrição feita, com a devida permissão, a partir do Canal de vídeos do You Tube,

Voltemos Ao Evangelho (Youtube.com/VoltemosAoEvangelho)

Transcrição por Josué Sakurai

Revisão, Edição e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Março de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta transcrição são da versão Almeida

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Regeneração ou Decisionismo? Por Paul David Washer

Eu vou começar com uma espécie de palestra, e nos primeiros minutos uma parte será lida.

Eu só não quero perder nada do que escrevi aqui. Eu sinto que isto deve ser dito. Eu vou

falar sobre o “chamado evangelístico”, o “convite evangelístico”. Antes de tudo, vamos ao

Senhor em oração:

Pai, venho diante de Ti no nome do Teu Filho. Eu O louvo, eu O adoro. Senhor, eu sei

que é por graça que Tu conheces todas as coisas, e que se não fosse pela graça,

Senhor, quem poderia estar diante de Ti? Oh Deus, oro para que Tu recebas a glória

para Ti mesmo, glória para o Teu Cristo, e benefícios para Tua igreja. Ajuda-nos,

Senhor, a compreender e aplicar, no nome de Jesus, amém.

Primeiro, quero falar com vocês sobre isto. Quando olhamos para Romanos 1:16, e enten-

demos que Paulo não estava envergonhado do Evangelho, isto pode parecer algo incomum

para nós: que ele tenha feito esta declaração, sendo um apóstolo, o principal portador do

Evangelho de Jesus Cristo. Mas, quero te dizer que, na carne, Paulo teria muitas razões

para estar envergonhado do Evangelho, porque o Evangelho que ele pregava contradizia

tudo que se cria ser verdade, e tudo que se cria ser sagrado em sua cultura. Agora, rapida-

mente, quero dizer isto: Paulo não tinha nenhum intento de ser relevante à sua cultura. Ele

não tinha nenhum intento de fazer um acordo com ela, adaptar sua mensagem a ela, por

um embrulho na sua mensagem ou qualquer outro tipo de absurdo que se tem tornado tão

proeminente na comunidade evangélica de hoje. Para o judeu, o Evangelho — o Evangelho

de Paulo — era o pior tipo de blasfêmia, porque declarava que o Nazareno, que morreu

naquela cruz amaldiçoada, era o Messias e o Filho de Deus. Para o grego, era o pior tipo

de absurdo, porque declarava que este judeu de um lugar distante era na verdade, Deus

em carne. Por isso, Paulo sabia que, quando abrisse sua boca para proclamar o Evangelho,

ele iria ser completamente rejeitado e ridicularizado com desprezo, a menos que o Espírito

Santo interviesse e movesse sobre os corações e mentes dos que escutavam. Isto é o que

ela sabia. Isto é o que vocês devem saber. Se você está pregando o Evangelho de maneira

correta, será um escândalo e, se você diminui o escândalo, não está mais pregando o

Evangelho.

Quero citar alguns contemporâneos do Cristianismo primitivo. Plínio, o jovem, depois de

examinar as crenças de duas meninas escravas Cristãs sob tortura, escreveu: “Eu descobri

nada mais do que uma superstição perversa e extravagante”. Minucius Félix, no diálogo

“Octavius”, descreve os Cristãos, dizendo: “Suas cerimônias se concentram em um homem

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executado por seu crime, sob o fatal madeiro da cruz”. E diz ainda: “Os Cristãos apresentam

delírios doentios, uma superstição louca e sem sentido que leva à destruição de toda

religião verdadeira”. Sei que posso ofender muitos com isto, mas a maioria das estratégias

modernas para “crescimento de igrejas” usadas nas igrejas evangélicas focam-se principal-

mente em difundir as mesmas coisas que acabo de ler. Um oráculo de Apolo, preservado

nos escritos de Agostinho — em resposta à pergunta de um homem sobre o que poderia

fazer para livrar a sua esposa da fé Cristã — disso isto: “Deixe que ela continue como

queira, persistindo em seus delírios vãos e lamentando com cânticos a um deus que morreu

em delírios, que foi condenado por juízes, cujo veredito foi justo, e foi executado no princípio

de sua vida pela pior das mortes, uma morte atada com ferro”.

Lucian — que era basicamente o Voltaire da Antiguidade — zomba dos Cristãos em sua

obra “De Morte Peregrini”, descrevendo-os como: “Pobres diabos que negam os deuses

gregos, e, em lugar deles, honram a esse sofista crucificado e vivem de acordo com Suas

leis”. Na obra “Contra Celsius”, de Orígenes, Celsius declara: “Que mulher velha e bêbada,

contando histórias para dormir a um menino, não se envergonharia de resmungar coisas

tão absurdas?”. Ora, em nossos dias, o Evangelho primitivo não é menos ofensivo, pois

continua contradizendo cada dogma ou cada “ismo” presente em nossa cultura: relativismo,

pluralismo e humanismo.

Vamos analisar isso por um momento. Nós vivemos em uma era de Relativismo, um siste-

ma de crença que se baseia na certeza absoluta de que não existem certezas absolutas.

Nós hipocritamente aplaudimos os homens por buscarem a verdade, mas pedimos a execu-

ção pública de qualquer homem que acredite tê-la encontrado. Nós vivemos em uma era

de Obscurantismo auto-imposto. Por quê? As razões são claras. O homem natural é uma

criatura caída, é moralmente corrupto e está empenhado em ter autonomia, isto é, em

governar-se a si mesmo. Ele odeia a Deus porque Deus é justo ele odeia as leis de Deus,

pois ela o censuram, e restringem a sua malignidade. Ele odeia a verdade, pois ela expõe

quem ele é, e aflige o que lhe restou de consciência. Portanto, o homem caído busca empur-

rar a verdade — especialmente a verdade sobre Deus — para o mais longe possível dele,

para eliminá-la. Ele irá a qualquer extremo para suprimir a verdade, até mesmo ao ponto

de entender que a verdade é algo que não existe; ou, se na verdade existe, não pode ser

conhecida, ou não tem relevância alguma em nossas vidas. Perceba isto com respeito ao

Evangelho: nunca é o caso de um Deus escondido, mas sim do homem que se esconde. O

problema nunca é o intelecto, mas a vontade. Eu não creio que a Bíblia dê algum espaço

para o ateísmo. Há homens mentirosos e inimigos de Deus que empurram a verdade para

fora de suas mentes, mas não há tal coisa como ateus. “Porquanto, tendo conhecido a

Deus” [Romanos 1:21]. Você vê? Assim como um homem que esconde a sua própria

cabeça na areia para evitar um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade do Deus

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justo e de moral absoluta, com a esperança de silenciar a sua própria consciência e arrancar

da sua mente o juízo que sabe que deve vir.

O Evangelho Cristão é um escândalo para o homem envolvido com o Relativismo e para a

sua cultura, porque o Evangelho Cristão faz exatamente o que o homem mais deseja evitar:

desperta-o do adormecimento auto-imposto para a realidade de sua natureza caída e

rebelde, e o chama a rejeitar a autonomia e o autogoverno e se submeter a Deus através

do arrependimento e fé em Jesus Cristo. Também vivemos em uma época de Pluralismo,

um sistema de crença que põe fim à verdade, declarando que tudo é verdade. Compreen-

dem o que estou dizendo? Quando tudo é verdade, isto é, quando declarações contradito-

rias e diametralmente opostas são ambas etiquetadas como verdades, o resultado é a

morte da verdade.

O que eu vou dizer pode ser difícil de entender para os Cristãos contemporâneos: os Cris-

tãos que viveram nos primeiros séculos da fé Cristã foram marcados e perseguidos como

ateus, e você também será perseguido. Se um avivamento não se manifestar neste país,

essa será uma das razões pelas quais você irá para a prisão. A cultura que rodeava o Cris-

tianismo estava mergulhada em teísmo. O mundo estava cheio de imagens de divindades

e a religião era um negócio crescente. Os homens não só toleravam as divindades dos

outros, mas também as trocavam e as compartilhavam como se fossem cartões de beise-

bol. O mundo religioso inteiro estava funcionando muito bem, até que os Cristãos apare-

ceram e declararam que os deuses feitos por mãos humanas não eram deuses de verdade.

Eles se negavam a dar aos Césares as honras que lhes eram exigidas, recusavam-se a

dobrar os joelhos diante dos outros supostos deuses e confessavam somente a Jesus como

Senhor de tudo e, portanto, foram rotulados de ateus. O mundo inteiro via essa arrogância

assombrosa e reagia com fúria contra os Cristãos por sua intolerância contra a tolerância.

Agora quero que vejam algo, vejam estas palavras: “arrogância assombrosa”. O mesmo

cenário abunda em nosso mundo hoje. Contra toda a lógica, estão dizendo a nós que todos

os pontos de vista com respeito a religião e moralidade são verdades sem importar quão

radicalmente diferentes sejam ou quão contraditórios possam ser. O aspecto mais esma-

gador de tudo isto é que através dos esforços incansáveis dos meios de comunicação e do

mundo acadêmico isso rapidamente está se tornando a opinião da maioria. Todavia, o

Pluralismo não resolve o problema, nem cura a doença. Ele somente anestesia o paciente

para que não seja mais capaz de pensar ou sentir. O Evangelho é um escândalo porque

desperta o homem de sua sonolência e se nega a deixá-lo repousar sobre um fundamento

tão ilógico. Ele o obriga a chegar a uma conclusão. “Até quando coxeareis entre dois pen-

samentos? Se o Senhor é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe

respondeu” (1 Reis 18:21).

O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo. Nunca pensei que teria de dizer isso em

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frente a um grupo de evangélicos. Nunca pensei que chegaria um dia no qual teria que

dizer isto a evangélicos: que o Evangelho é radicalmente exclusivo. Nunca pensei que iria-

mos começar a perder Cristo como o único caminho. Agora, escutem: O verdadeiro Evan-

gelho é radicalmente exclusivo, Jesus não é um caminho, mas sim O caminho, e os demais

caminhos não são caminhos, na verdade.

Escutem isto com cuidado, porque isto é o que está acontecendo hoje: se o Cristianismo

simplesmente se movesse um pequeno passo rumo a um ecumenismo mais tolerante e

alterasse o artigo definido “O” em “O Salvador” pelo artigo indefinido “um”, em “um salva-

dor”, o escândalo seria removido e o mundo e o Cristianismo poderiam tornar-se amigos.

Você percebe isso? Se simplesmente disséssemos que Jeová é “um deus”, já não teriamos

mais perseguição sobre nós. Se simplesmente disséssemos que Jesus é “um salvador,

convidar-me-iam até para o programa da Oprah Winfrey. Vocês percebem isso? Todo o

escândalo seria removido, se somente disséssemos: “Ele é o nosso salvador”. Vocês têm

o de vocês, nós temos o nosso. Nós não vamos impor nada a vocês. Nós não vamos discutir

nem dialogar nada. Se esse é o seu caminho, siga-o, e eu seguirei o meu. Se somente

disséssemos isso, nunca seríamos perseguidos. Mas, se fizermos isso, o Cristianismo

deixa de ser Cristianismo, nós deixaremos de ser Cristãos, Cristo é negado, e o mundo fica

sem um Salvador.

Vivemos numa época humanista. Durante as últimas décadas, o homem tem lutado para

tirar Deus de sua consciência e de sua cultura. Tem derrubado cada um dos altares visíveis

do único Deus verdadeiro e tem construído monumentos dedicados a si mesmo com o zelo

de um fanático religioso. Isto não é uma luta entre o secularismo e o pensamento religioso.

Não pense isso, porque o secularista tem uma religião, e algumas vezes ele é muito mais

fanático em sua religião do qualquer Cristão jamais fingiu ser. O homem tem conseguido

fazer de si mesmo a medida central e o fim de todas as coisas. Ele louva o seu próprio valor

inerente, exige homenagens à sua autoestima, e promove o cumprimento de suas ambi-

ções e de suas autorrealizações, como a coisa mais importante a se alcançar. E se você

não crê que isso se tem alastrado dentro do Cristianismo, então você não leu o livro “Sua

Melhor Vida Agora” [de Joel Osteen], porque é exatamente disso que se trata. Ele menos-

preza o remorso de sua consciência. Ele não pode removê-la, ela está ali para ficar. Ele

menospreza o remorso de sua consciência como remanescente de uma religião antiquada

de culpa: o Cristianismo. E ele livra a si mesmo de qualquer responsabilidade do caos moral

que o rodeia, culpando a sociedade ou, pelo menos, essa parte da sociedade que não tem

alcançado a sua “iluminação”. Qualquer sugestão de que sua consciência pudesse estar

correta em seu testemunho contra ele mesmo, ou de que ele poderia ser responsável pela

quase infinita variedade de maldade no mundo, é impensável para esse homem.

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Por esta razão, o Evangelho é um escândalo para o homem caído, porque expõe suas

ilusões sobre si mesmo, e o convence de sua queda e de sua culpa. Este é o primeiro e o

principal trabalho do Evangelho, e está é a razão pela qual o mundo detesta tanto a prega-

ção do verdadeiro Evangelho: porque o verdadeiro Evangelho arruína a festa do homem,

faz cair chuva sobre a sua celebração, expõe suas falsas crenças, e faz ver que “o

imperador está nu”. As Escrituras reconhecem que o Evangelho de Jesus Cristo é uma

pedra de tropeço e uma loucura para todos os homens de todas as eras. E vou dizer isto

mais adiante: Não apenas é um escândalo, mas deve ser um escândalo. Foi um dos

reavivalistas do passado que disse: “Como é possível que o mundo não tenha ido bem com

o Homem mais santo que andou sobre a terra, mas pode viver bem conosco?” Nós deve-

ríamos ser um escândalo. Agora, nós não temos que viver como um bando de fanáticos.

Não temos que fazer um monte de loucuras para sermos um escândalo. Basta ser fiel a

esta única proclamação: Jesus é o Senhor de tudo. Tentar remover o escândalo dessa

mensagem é anular a cruz de Cristo e seu poder salvador. Devemos compreender que o

Evangelho não é somente escandaloso; ele deve sê-lo. Através da loucura do Evangelho,

Deus decretou destruir a sabedoria dos sábios, frustrar a inteligência das mentes mais

brilhantes e humilhar o orgulho de todos os homens, com o fim de que nenhuma carne se

glorie em Sua presença, assim como está escrito: “Aquele que se gloria glorie-se no

Senhor” [1 Coríntios 1:31].

O Evangelho de Paulo não apenas contradizia a filosofia religiosa e a cultura de seus dias,

como também declarava guerra contra elas. Não uma guerra política. Não uma guerra mili-

tar. Mas uma guerra espiritual pela verdade. Recusava a trégua ou fazer tratados com o

mundo e não se conformava com nada menos do que a redenção absoluta da cultura ao

Senhorio de Jesus Cristo, até que cada um de nossos pensamentos fosse levado cativo a

Cristo. Faríamos bem em seguir o exemplo de Paulo. Devemos ser cuidadosos a fim de

rejeitarmos qualquer tentação em conformar nosso Evangelho à moda do momento ou ao

desejo dos homens carnais.

Uma coisa sobre missões. Existe todo tipo de missões neste mundo. Não necessitamos de

mais missões. Mas a maioria delas não é bíblica. Deixe-me compartilhar algo com alguns

de vocês que são novos missionários. As missões devem ser definidas pelo exegeta e pelo

teólogo, isto é, pelo estudioso das Escrituras, não pelo antropólogo ou o sociólogo nem

pelos “experts” em novas tendências culturais. Fazemos missões e evangelismo de acordo

com as Palavras Sagradas da Escritura e não precisamos da ajuda de Wall Street.

Não temos o direito de diluir a afronta do Evangelho ou civilizar suas exigências radicais,

com o objetivo de fazê-lo mais atrativo a um mundo caído ou a membros carnais da igreja.

Nossas igrejas estão cheias de estratégias para fazê-las mais “amigáveis”, “desembrulhan-

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do” o Evangelho, removendo a pedra de tropeço e retirando o fio da navalha para que ele

seja mais aceitável aos homens carnais. Nós devemos buscar ser “agradáveis”, mas deve-

mos nos dar conta de que importa agradar somente a Um, e esse é Deus. Se nós estamos

nos esforçando para tornar a nossa igreja e a nossa mensagem “adaptáveis”, então, deve-

mos adaptá-las a Ele. Se estamos nos esforçando para edificar nossa igreja e nosso minis-

tério, então, devemos edificá-los sobre uma paixão de glorificar a Deus e um desejo de não

ofender a Sua Majestade. Não importa o que o mundo pensa de nós. Não estamos aqui

para buscar as honras desta terra, mas sim as honras dos céus.

Outra coisa que quero mencionar antes de irmos para a pregação. Nossa mensagem não

é apenas escandalosa, ela é inacreditável. Eu quero que saibam disso. É uma mensagem

inacreditável. Como eu havia dito antes, Paulo, na carne, teria todas as razões para se en-

vergonhar do Evangelho que ele pregava. E havia ainda outro motivo para ter vergonha

carnal: o Evangelho é uma mensagem absolutamente inacreditável, um aviso absurdo para

os sábios deste mundo. Como Cristãos, nós às vezes falhamos em perceber o quão assom-

broso é quando alguém crê em nossa mensagem. Em um sentido, o Evangelho é tão

inverossímil que a sua propagação pelo Império Romano é prova da sua natureza sobrena-

tural.

O que jamais poderia atrair algum gentio, completamente ignorante quanto às Escrituras

do Antigo Testamento e arraigado na filosofia grega ou em superstições pagãs, para que

viesse a acreditar nessa tal mensagem sobre um homem chamado Jesus? Ele nasceu sob

circunstâncias questionáveis, numa família pobre, em uma das regiões mais depreciadas

do Império Romano e, ainda assim, o Evangelho reivindicou que Ele era o eterno Filho de

Deus, concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem. Foi um carpinteiro de

profissão, um mestre religioso itinerante sem qualquer instrução formal e, ainda assim, o

Evangelho reivindica que Ele ultrapassada toda a sabedoria do filósofo grego e dos sábios

romanos da Antiguidade. Foi pobre e não tinha onde repousar sua cabeça e, ainda assim,

o Evangelho reivindica que, por três anos, Ele alimentou milhares pela Palavra; curou todo

tipo de enfermidade entre os homens e até ressuscitou os mortos. Foi crucificado fora de

Jerusalém como um blasfemador e um inimigo do Estado, e, ainda assim, o Evangelho

reivindica que Sua morte foi o evento fundamental em toda a história da humanidade, e o

único meio para a salvação do pecador e a reconciliação com Deus. Foi colocado em uma

tumba emprestada e, ainda assim, o Evangelho reivindica que ao terceiro dia Ele ressusci-

tou dentre os mortos, apareceu a muitos de Seus seguidores e em quarenta dias ascendeu

aos céus, assentando-se à direita da Majestade nas alturas. Assim, o Evangelho reivindica

que um carpinteiro judeu e pobre, o qual foi rejeitado como um lunático e blasfemador pelo

Seu próprio povo, e crucificado pelo Estado, é agora o Salvador do mundo, o Senhor dos

senhores, o Rei dos reis, e, ao Seu nome, todo joelho se dobrará, incluindo os Césares.

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Você tem alguma ideia de como é impossível para qualquer um, nos tempos de Paulo, crer

nesta mensagem? É impossível! Quem jamais poderia ter crido em tal mensagem, senão

pelo poder de Deus? Não há outra explicação. O Evangelho nunca poderia ter sido levado

para fora de Jerusalém, muito menos ao Império Romano, e a toda nação deste mundo, a

menos de que Deus tenha estabelecido que assim fosse. A mensagem teria morrido desde

o momento de sua concepção, se tivesse dependido de habilidade organizacionais, elo-

quência, ou poderes apologéticos de seus pregadores. Todas as estratégias missionárias

do mundo e todas as artimanhas astutas do mercado de Wall Street nunca poderiam ter

feito avançar o Evangelho, o tropeço e a loucura do Evangelho. Martin Hengel escreve so-

bre o velho escândalo da cruz: “Crer que o único Filho pré-existente do único Deus verda-

deiro, o Mediador na criação e o Redentor do mundo, tenha aparecido em tempos recentes,

num lugar afastado da Galiléia, como um membro da obscura nação dos judeus, e, ainda

pior, que tenha morrido a morte de um criminoso comum em uma cruz, somente poderia

ser considerado como um sinal evidente de insanidade mental...”.

Essa verdade traz, ao mesmo tempo, um encorajamento e uma advertência para os que

pregam o Evangelho. Primeiro, é um encorajamento saber que a simples proclamação fiel

do Evangelho assegurará o seu avanço contínuo no mundo. Segundo, é uma advertência

para que nós não sucumbamos à mentira de que podemos fazer avançar o Evangelho

através de habilidades, eloquência ou engenhosas estratégias de crescimento de igrejas.

Tais coisas não têm poder para produzir a impossível conversão dos homens. Nós deve-

mos nos lançar, com desespero esperançoso, aos únicos meios bíblicos para fazer avan-

çar o Evangelho: a ousada e clara proclamação de uma mensagem da qual não apenas

nós não temos vergonha, mas na qual nós cremos e nos gloriamos, porque é o poder de

Deus para a salvação de qualquer um que crer.

Concluirei dizendo isto: Nós vivemos em uma época incrédula e cética. Nossa fé é ridicula-

rizada como um mito sem esperança, e somos vistos seja como fanáticos de mente fecha-

da, seja como homens de mente fraca, vítimas de um engano religioso. Tal forma de ataque

frequentemente nos coloca na defensiva e tentamos contra-atacar, e provar a nossa

posição e a nossa relevância com a Apologética. Quero dizer isto: eu estou de acordo com

a Apologética, mas, ainda que algumas formas dessa disciplina sejam muito úteis e neces-

sárias, devemos nos entender que o poder ainda está na proclamação do Evangelho. Não

podemos convencer um homem a crer mais do que podemos levantar os mortos. Tais

coisas são a obra do Espírito de Deus. Os homens são atraídos à fé somente através da

obra sobrenatural de Deus e Ele tem prometido trabalhar, não através da sabedoria huma-

na, nem através de habilidades intelectuais, mas através da pregação de Cristo crucificado

e ressuscitado de dentre os mortos. Devemos encarar o fato de que nosso Evangelho é

uma mensagem inacreditável. Não deveríamos esperar que alguém nos dará atenção,

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muito menos que crerá, sem uma obra graciosa e poderosa do Espírito de Deus. Quão

desesperançosa é nossa pregação quando separada do poder de Deus! Quão dependente

de Deus é o pregador! Todo nosso evangelismo é nada mais que uma incumbência de

tolos, a menos que Deus toque nos corações dos homens. Não obstante, Ele tem prometido

fazer justamente isso, se nós fielmente pregarmos o Evangelho.

Agora, quero ir a Ezequiel 37:1-10:

1 Veio sobre mim a mão do SENHOR, e ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me

pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. 2 E me fez passar em volta deles;

e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos. 3 E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor

DEUS, tu o sabes. 4 Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos

secos, ouvi a palavra do SENHOR. 5 Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis

que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. 6 E porei nervos sobre vós e farei crescer

carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e

sabereis que eu sou o SENHOR. 7 Então profetizei como se me deu ordem. E houve

um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achega-

ram, cada osso ao seu osso. 8 E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu

a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. 9 E

ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito:

Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes

mortos, para que vivam. 10 E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou

neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.

Eu acabei de descrever a conversão dos homens.

Quando vamos pregar, como lemos no texto, sempre somos como um Ezequiel, e sempre

estamos parados em um vale de ossos secos. E, observem, eles estão muito secos. Ora,

certamente, nos tempos de Ezequiel não havia nenhuma técnica para trazer vida a ossos

sem vida. A medula estava completamente seca, fora dos esqueletos. Não era mais do que

poeira! Não havia nenhuma técnica, não havia persuasão, não havia poder, não havia nada,

humanamente falando, que se pudesse fazer para trazer esses ossos à vida. Isso é

evangelismo, e você faria bem em aprendê-lo agora.

Isso é evangelismo. Os homens estão mortos em seus delitos e pecados. Eles não so-

mente estão mortos, mas estão na escravidão do pecado. A vida que eles têm é uma vida

apenas para seguir ao príncipe deste mundo. Aborrecem a Deus; são inimigos de Deus;

estão cegos. Fazem tudo em seu poder para restringir e limitar cada traço de conhecimento

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que têm sobre Deus. Trabalham com todas as suas forças para endurecer sua consciência

para que ela não lhes fale. Preferem sofrer no inferno do diabo por toda a eternidade a

dobrar os seus joelhos e se arrepender e crer em seu Deus. Vá e tente aprender alguma

técnica evangelística para trazê-los à vida; faça intermináveis chamadas ao altar para que

eles repitam uma oração; conte todo tipo de histórias sentimentais; manipule suas paixões,

suas emoções e a única coisa que vocês vão obter é um grupo de pessoas que são duas

vezes mais filhas do inferno.

Para que os homens sejam salvos há somente uma forma, e é que um homem como Eze-

quiel pare no meio desse vale, e pregue a única mensagem que Deus prometeu abençoar:

o Evangelho de Jesus Cristo! Quando estamos procurando missionários, ou quando esta-

mos entrevistando candidatos, só queremos uma coisa: um homem que saiba que o minis-

tério é uma impossibilidade; que os homens não podem ser convertidos mais do que os

mortos podem ser ressuscitados, ou mais do que mundos podem ser trazidos à existência

do nada. Um homem que entende que tem apenas algumas poucas armas de guerra, mas

que são poderosas: a pregação do Evangelho, oração intercessora, e amor sacrificial e ab-

negado. Dê-me homens e mulheres como estes, e veremos o Evangelho avançar neste

mundo. Porém, quanto mais você depender de armas carnais, quanto mais as igrejas tenta-

rem crescer, não sendo igrejas bíblicas, mas sim encontrando a última moda com que

possam atrair o maior número de pessoas, enquanto fizermos isso, nunca veremos o poder

de Deus. E a igreja, em seu desejo de ser relevante, torna-se ridícula perante os seus

inimigos.

A igreja na América hoje se parece com um parque de diversões de Jesus, porque se você

atrai pessoas usando métodos carnais, terá que manter essas pessoas usando métodos

carnais.

Eu quero tomar o resto do tempo que temos, e ir ao convite básico para os homens virem

a Cristo que é mais proeminente na América hoje, um convite contemporâneo padrão:

“Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua vida”. “Você sabe que é um pecador?”,

“Você quer ir para o céu?”, “Você quer orar e pedir para que Jesus entre em seu coração?”,

“Ele entrou em seu coração quando você orou?”, “Você foi sincero?”, “Agora você é um

Cristão. Bem-vindo à família de Deus!”. Isso é como um bezerro sagrado, um bezerro de

ouro, e, na comunidade evangélica de hoje, eu sou mais atacado por isso do que por qual-

quer outra coisa. Mas, eu lhes asseguro: isso não é linguagem bíblica e não se encontra na

maior parte da história Cristã. Este método sem o qual não conseguimos evangelizar não

é nem bíblico nem histórico, e tem exatamente nos conduzido àquilo de que tanto nos quei-

xamos.

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A maior parte dos Estados Unidos da América se declara “nascida de novo” e não o é. O

maior campo de evangelismo atualmente encontra-se nos edifícios da igreja. Não quero

dizer que se encontra nas igrejas — porque todos na igreja são verdadeiramente converti-

dos — mas nos edifícios das igrejas. Você diz: “Oh, nós temos muitas igrejas, irmão Paul”.

Não! Nós temos um grupo enorme de lindos edifícios de tijolos com belos jardins, mas a

glória de Deus se tem apartado deles e o nome “Icabode” será escrito na fachada de suas

portas.

Vejamos este convite: “Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua vida”. Muitas

vezes, isso vem acompanhado por uma explicação de tudo o que Jesus pode fazer pela

pessoa. Consertar sua vida, seu matrimônio, suas finanças, sua autoestima. Mas, considere

tudo o que nós conhecemos sobre o pecador: é egocêntrico, independente, quer fazer sua

própria vontade, quer realizar seus próprios sonhos, e está apaixonado por si mesmo. En-

tão, você chega até este homem e diz: “Deus te ama e tem um plano maravilhoso para sua

vida”. E ele diz: “O quê? Deus me ama?! Isso é fantástico! Eu também me amo! Que bom,

isso é maravilhoso! E você ainda está dizendo que Ele me ama mais do que eu me amo?

Bem, isso soa impossível. Como pode ser quer alguém tenha um amor tão grande assim?

E Deus tem um plano maravilhoso para minha vida!? Oh! Eu também tenho um plano

maravilhoso para minha vida também! E você está me dizendo que, se eu aceitar esse

Jesus, Ele vai me ajudar com todos os meus planos maravilhosos e eu posso ter ‘Minha

Melhor Vida Agora’”?! “Sim!”. “Bem, então eu aceitarei a um deus assim! Você tem mais

dois desses?”. Você enxerga isso?

Eles dizem: “Irmão Paul, não é isso o que queremos dizer”. Mas é assim que se entende.

Dizem-me: “Paul, você é muito duro. Cheio de sarcasmo”. Sim, eu sou. Mas, veja, todos

estão lamentando o fato de que este país crê que é salvo quando não é mais salvo do que...

Ele está perdido — como dizem no Alabama — como uma bola em grama alta. Mas, nin-

guém quer dizer qual é o problema, e o problema é que, ainda que preguemos o Evangelho

corretamente, usamos este método de convidar os homens que não é nem bíblico e nem

histórico! Fazemos com que pulem alguns degraus evangélicos, e digam “Sim” às pergun-

tas apropriadas, e, logo de forma papal, os declaramos salvos! E, quando creem nessa

mentira religiosa, dada por uma autoridade religiosa, se alguém vem depois e tenta pregar

o Evangelho a eles — porque estão vivendo no mundo —, eles não escutarão, porque a

mentira religiosa tem muito poder.

Então, a pergunta seguinte: “Você sabe que é um pecador?”. E, muitas vezes, essa per-

gunta não é feita com muita seriedade. É mais ou menos como: “Ouça, você sabe que to-

dos nós somos pecadores, não é?”. E se a pessoa diz: “Sim, eu sei que sou um pecador”.

A pergunta seguinte é: “Você quer ir para o céu?”, “Sim, sim eu quero!”. “Então, gostaria de

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orar e pedir a Jesus que entre em seu coração? Só levará 5 minutos”. “Somente 5 minu-

tos?”, “Sim”. Porque a Bíblia diz: “mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de

serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” [João 1:12]. “Se com a tua boca

confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os

mortos, serás salvo” [Romanos 10:9]. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a

minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” [Apocalipse

3:20]. “Então, você gostaria de receber a Jesus? Porque é isso o que diz a Bíblia”. “Só vai

levar 5 minutos?” — Só 5 minutos, claro! Então, em seguida, geralmente depois que uma

pessoa ora ou é guiada em uma oração pelo evangelista, lhe é assegurado que, se foi

sincera, Jesus entrou definitivamente em seu coração, porque Ele prometeu que o faria e,

se não entrou, Ele é um mentiroso, já que ela foi sincera.

Quantas pessoas que você conhece, creem que vão para o céu, não porque confiam muito

em Cristo, mas sim no grau de sinceridade que tiveram na decisão que tomaram há muito

tempo? Muitas vezes, depois de uns poucos minutos de aconselhamento, eles são imedia-

tamente apresentados diante da igreja, e receberam as boas vindas dentro da família de

Deus — Estou equivocado? — Vão à frente, já vi isto muitas vezes, são levados a um con-

selheiro que foi treinado em uma forma de aconselhamento compacto, falam com eles de

5 a 10 minutos enquanto seguem com o apelo, e são imediatamente apresentados diante

da igreja: “nosso novo irmão ou irmã em Cristo”. E essa é a última vez que a maioria deles

vai receber aconselhamento sobre sua conversão em toda sua vida.

E depois, o que acontece? Se eles nunca cresceram, ou se eles duvidarem de sua salva-

ção, são levados outras vezes àquele dia no qual oraram e são indagados acerca da since-

ridade da sua decisão. Se, em algum momento, eles vão de novo ao pastor duvidando de

sua salvação, ele os levará de novo àquele dia e lhe dirá: “Bem, alguma vez você orou e

pediu para Jesus entrar no teu coração?”, “Sim”. “Você foi sincero?”, “Creio que sim”,

“Então, é só o Diabo que está tentando-o”. Se eles nunca crescerem nas coisas de Deus,

a falta de crescimento é atribuída à falta de discipulado ou à doutrina do cristão carnal.

Uma convenção que conheço chegou à conclusão de que 60% de todos os seus conver-

tidos nunca frequentaram a igreja. E a sua resposta a enfermidade foi: “Temos que fazer

um melhor trabalho no discipulado”. Não! As ovelhas de Jesus ouvem a sua voz e elas O

seguem, quer você as discipule, quer não! [João 10:3] Nós devemos discipular? Sim, deve-

mos discipular. Meu amigo, nos anos 70, o discipulado, o discipulado pessoal, começou a

ser importante. “Nós temos a mesma quantidade de gente saindo pela porta traseira da

igreja, como de gente entrando pela porta principal, porque não estamos fazendo discipu-

lado pessoa”. Não! É porque não estamos pregando o Evangelho corretamente e porque

estamos declarando as pessoas convertidas, sem na verdade serem, e “Saíram de nós,

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mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se

manifestasse que não são todos de nós” [1 João 2:19].

Você precisa entender isto. Nós lidamos 5 minutos com uma pessoa em sua conversão e

então gastamos 50 anos discipulando um bode tentando torná-lo uma ovelha! Não estou

dizendo isso porque eu sou uma pessoa nervosa. Estou dizendo isso porque estou nervoso,

porque inúmeras pessoas estão sendo enganadas. O problema não são os políticos libe-

rais, mas sim os pregadores evangélicos. Se as pessoas são alguma vez desafiadas quanto

à sua conversão, por sua falta de fruto, ou por sua carnalidade excessiva, elas defendem

sua esperança de salvação, mais uma vez! afirmando a sinceridade da sua oração e a

confirmação de seus líderes religiosos. Se algum aconselhamento é feito, a pessoa é geral-

mente admoestada a abandonar a sua apostasia e começar a servir o Senhor novamente.

Contudo, a validade da sua conversão nunca é examinada ou mesmo questionada.

Tantas pessoas enganadas! Por exemplo: evangelismo de crianças. Não deixaria o meu

filho ir a 98% das escolas bíblicas de férias neste país e direi por quê. Um grupo de crianças

entra e contam-lhes lindas histórias sobre Jesus, e então: “Quantos de vocês amam a

Jesus?”. Digo, exceto pelo menino de jaqueta de couro com símbolos satânicos desenha-

dos nas suas costas, todas as demais crianças na sala vão levantar-se e dizer: “Eu amo a

Jesus!”. “Bem, quantos de vocês querem ir para o céu?”, “Oh, eu quero!” “Quantos de vocês

querem fazer esta oração?”, “Eu vou!”. E logo marcham rumo ao Batismo, e muitas vezes

o batistério está decorado como se fosse uma festa feliz, como desenhos, para que elas

realmente o desfrutem. Então, quando elas são suficientemente grandes para serem rebel-

des aos seus pais, elas se rebelam e passam a viver em grande imoralidade e pecado.

Depois, quando têm 25 a 30 anos, depois da faculdade, elas decidem que necessitam

consertar as coisas, porque a moralidade é realmente um caminho melhor a seguir, então

elas “re-dedicam” suas vidas, e continuam frequentando os cultos uma vez por semana,

tendo apenas uma moralidade suficiente para anuviar suas consciências e para mandá-los

direto para o inferno. Isso é o que está acontecendo.

E quando o Joãozinho começa a sair do caminho, dormir com sua namorada, usar drogas,

vender drogas, e tudo o mais, sua mãe, seu pai e seu pastor vão até ele e dizem: “Você é

um Cristão, tem que deixar de viver desse jeito”. Em vez de dizerem isso: “Você fez uma

profissão de fé em Cristo, foi batizado em Seu nome, e por um tempo pareceu que você

caminhava com Ele, mas agora você está desviado da fé, e tem demonstrado que

provavelmente nunca O conheceu e que está reprovado desde o princípio. Arrependa-se e

creia no Evangelho! Fuja da ira vindoura!”. Essa é a diferença! — [Ouvintes aplaudem...] —

Oh, tenho que conseguir um grupo diferente, antes eles jogavam pedras em mim. Estou

começando a me preocupar.

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Quero lhes dar a alternativa bíblica. “Deus ama você e tem um plano maravilhoso para sua

vida” Que tal, em vez disso, esse mantra moderno ser substituído pela proclamação de

quem é Deus? Ele é o Criador, o Sustentador e o Senhor de todas as coisas, e Ele é digno

de sua honra e sua obediência.

Quero que escutem isto. No livro de Êxodo, a proclamação de Deus: “O Senhor, o Senhor

Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade. Que

guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado;

que ao culpado não tem por inocente” [Êxodo 34:6-7]. Essa é uma das revelações mais

grandiosas de Deus no Velho Testamento, todos sabem. Moisés se esconde na fenda de

uma rocha, e Deus proclama Sua glória a Moisés. Agora, vejam a resposta de Moisés: “E

Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, adorou” [Êxodo 34:8]. Então, em vez de

dizer: “Deus ama você e tem um plano maravilhoso para sua vida”, diga a eles quem Deus

é. Porque se você lhes dê um deus feito à sua própria imagem, garanto que eles irão aceitá-

lo, mas não será o Deus que salva. Diga a eles quem Deus é, exalte a Deus diante deles e

diga-lhes que tudo em suas vidas tem que inclinar-se ante a Sua vontade. Ele não é como

vocês. Arrependa-se e creia. A nossa apresentação do Evangelho estimula os homens por

aquilo que Deus pode fazer por eles aqui na terra, ou por quem Deus é?

Vamos às perguntas. “Você sabe que é um pecador?”. Meus queridos amigos, a pergunta

não é se vocês sabem se são pecadores. A pergunta é esta: Enquanto você me ouve pregar

o Evangelho, Deus tem trabalhado de tal maneira em sua vida que o pecado que você antes

amava agora odeia? Vão até o Diabo e perguntem se ele sabe que é um pecador. Ele vai

dizer: “Sim, sim eu sou e, de fato, sou um pecador muito bom”. Alguém diz: “Sim, eu sou

pecador”. Eles sabem o que isso significa? É como quando alguém diz: “Eu aceitei a Deus”,

porém, quando você começa a escutar a sua definição do deus que ele aceitou, você perce-

be que não é o Deus da Bíblia! Da mesma maneira, quando uma pessoa diz: “Eu sou um

pecador”, isso pode significar qualquer coisa! Por exemplo: “Eu não tenho suficiente amor

por mim mesmo”. Você deve usar as Escrituras para ensinar-lhes — o Espírito Santo, usan-

do a espada, para penetrar em seus corações e demonstrar-lhes o que isso realmente

significa.

Eu estava pregando anos atrás e havia um grupo de conselheiros preparando e tudo o

mais, e havia uma mulher que dirigia o grupo de aconselhamento, e ela não gostava mui-

to de mim. Então, uma noite, eu estava pregando e começou a haver um mover de Deus;

as pessoas do lado esquerdo começaram a chorar, e começaram a atravessar o auditório.

As pessoas estavam chorando, algumas quase em convulsão. Eu não tinha sequer termi-

nado o sermão e uma garota correu e ficou deitada, atravessada nos degraus, e depois

outra pessoa, e começaram a chorar. Eu levantei a vista para onde estavam os conselhei-

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ros e a líder me olhou assim como se não soubesse o que fazer, e eu sinalizei que não

fizesse nada. Eu continuei pregando e, quando finalmente terminei de pregar, ela deu um

passo adiante e me dei conta de que ela iria interferir, então desci até ela e parei ao seu

lado, e ela queria que eu agisse. E eu sinalizei que não. Então, finalmente, ela me olhou e

deu um passo adiante, mas eu pus minha mão sobre seu ombro e lhe disse: “Irmã, não

toque na arca de Deus. É o Deus de Israel que está ferindo estas pessoas com respeito

aos seus pecados! Não conforte a alma que Deus está quebrantando! Deixei-os a sós com

Deus!”. Como você pode ver, a pergunta não é simplesmente: “Você sabe que é um peca-

dor?”, mas é: “Meu querido amigo, você sabe o que isso significa?” e “Deus tem começado

a trabalhar em seu coração de tal maneira que você está começando a ver o pecado como

Deus o vê?”, “Há sementes de uma atitude, de uma atitude divina de odiar o pecado como

Deus o odeia?”, “O orgulho que você tinha do pecado tem agora se convertido em ver-

gonha?”, “Deus está fazendo algo?”.

Outra pergunta feita é: “Você quer ir para o Céu?”. Essa deveria ser a pergunta. “Você quer

ir para o Céu?”. Alguma vez você escutou alguém dizer: “Bem, não. Eu prefiro ir para o in-

ferno”. Algumas pessoas dizem isso, mas a maioria diz: “Bem, sim, eu gostaria de ir para o

céu!”. Meus queridos amigos, entendam isto: “todos querem ir para o céu, eles simplesmen-

te não querem que Deus esteja lá quando eles chegarem. A pergunta não é: “Você quer ir

para o céu?”. A pergunta é: “Você quer a Deus?”. Teoria política: esta próxima eleição, é

tudo sobre uma utopia! É tudo sobre criar um lugar maravilhoso para os homens viverem.

Até mesmo os homens ímpios querem um lugar onde podem ter tudo o que querem! Mas

a pergunta para o pecador a quem você está testemunhando é: “Deus tem feito algo em

sua vida?” “Existe alguma estima por Cristo?”, “Você se envergonha da maneira que, no

curso de sua vida, você O ignorou, O odiou, permaneceu apático diante dEle?”, “Há em

você um novo desejo de segui-lO, buscá-lO, conhecê-lO, deleitar-se nEle?”.

Agora vamos ver alguns textos, porque, se alguém responde “Sim” a todas as perguntas,

então lhes é perguntado: “Você quer orar e pedir a Jesus que entre em seu coração?”.

Todos nós já fizemos isso. Incomoda a alguém que essa fórmula, essa linguagem, não se

encontra no Novo Testamento? Quero dizer, não temos no livro de Marcos, Capítulo 1,

Jesus chegando a Israel e dizendo: “O tempo se cumpriu. O reino de Deus é chegado.

Quem gostaria de me aceitar em seu coração”? Nós não vemos isto no dia de Pentecostes:

“Ok! Vejo uma mão levantada. Vejo outra mão levantada. Quantos de vocês querem vir à

frente? Tragam-no aqui. Todos estão vendo vocês, não podem mais voltar aonde estavam

sentados. Agora, repitam esta oração comigo”. Você diz: “Irmão Paul, você está zomban-

do”. Sim, estou, eu estou. Não sei outra forma de dizer isso. Você diz: “Mas, eu fui salvo

dessa forma!”. Você foi salvo “apesar” dessa forma, não “por causa” dessa forma.

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“Mas irmão Paul, temos todos estes textos maravilhosos!” Ok, então vamos vê-los. “Mas a

todos os que o receberam...” [João 1:12]. Honestamente, você acredita que isso significa a

“oração do pecador”? Honestamente, você acredita que isso significa: “Se você se sente

incomodado orando, repita o que eu disser”? É isso que significa? Digo, olhe para o texto.

De onde saiu isso? Um evangelista disse a um cara que não queria nem mesmo segui-lo

em uma oração: “Ok, façamos isto. Eu direi as palavras e se é o que você quer dizer a

Deus, aperte minha mão”. “Contemplem o poder de Deus”. “Recebê-lO”. Eu creio que esta

passagem deve ser interpretada no contexto da teologia de João. Significa abrir a própria

vida a um companheirismo ou uma comunhão contínua com o Cristo ressurreto, como em

João 17:3. Significa receber a Cristo ou alimentar-se dEle como o sustento de sua vida,

como em João 6:53: “Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu

sangue...”. Você vê? Um homem é salvo somente pela fé, somente pela fé, crendo no que

Deus disse acerca de Deus e acerca dEle mesmo, sobre a obra propiciatória de Cristo,

sobre a pessoa de Cristo. Assim são salvos. Mas, nesse momento de salvação, de crer,

eles estão abrindo as suas vidas à pessoa de Jesus! Somente o fato de terem feito uma

oração com certo grau de sinceridade não é uma evidência verdadeira, porque o coração

é enganoso e corrupto. Como você pode definir o grau de sinceridade do seu próprio

coração? Como você pode ver, a evidência através do Novo Testamento é esta: você crê

para salvação, e a evidência de que você realmente creu é esta: você é salvo somente pela

fé em Cristo, mas, se você crê em Cristo verdadeiramente, sua vida estará mais e mais

aberta à comunhão e companheirismo com Ele. Não é assim, o convite do Evangelho não

aceita a “mentalidade de vacina contra gripe”. Chamamos os homens ao arrependimento e

a crer. E se, nesse momento, se arrependem e creem verdadeiramente, nesse momento

são salvos, nesse momento! Mas a evidência é mais do que somente sinceridade de uma

oração! É a continuação da obra de Deus em sua vida através da santificação.

Vejamos Romanos 10:9-10: “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e

em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que

com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”. Pri-

meiro, devemos dizer algo sobre o coração. Ele representa o centro, a essência do que é

um homem. É a sede de seu intelecto, mente, emoções e vontade. Portanto, é absurdo

pensar que um homem pode crer em Cristo com seu coração e que isso não tenha um

efeito radical sobre o resto de sua vida.

Vamos analisar a linguagem: “Você gostaria de receber a Jesus em seu coração?”. O que

significa isso? Alguma vez você pensou sobre isso? A Bíblia diz: “Crer em seu coração”.

Mas nós transformamos em: “Você gostaria de pedir que Ele entre em seu coração?”. Crer

com o coração significa crer com o núcleo, com a verdadeira essência de quem você é.

Não quer dizer que você vai abrir uma câmara secreta e pedir que Ele entre. O testemunho

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da Escritura e a interpretação de todos os eruditos evangélicos afirma que somos salvos

somente pela fé; então, porque Paulo parece abraçar a confissão como um requisito para

a conversão genuína? Vamos ler o texto novamente. “Se com a tua boca confessares ao

Senhor Jesus, e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás

salvo”. Paulo, através de todo o livro de Romanos, escreveu: “Salvação é somente pela fé”.

Então porque agora está acrescentando a confissão? Paulo não está contradizendo a dou-

trina da salvação somente pela fé, mas está ensinando que nossa confissão pública do

Senhorio de Jesus Cristo é a evidência de crer no coração. Se alguém é verdadeiramente

convertido, ele confessará publicamente a Cristo em palavras e em obras. Isso não significa

o mesmo que apresentar-se diante da igreja na noite de sua suposta conversão. Se alguém

realmente é convertido, vai confessar publicamente a Cristo em palavras e em obras. Por-

que eu acrescento “em palavras e em obras”? Porque Mateus 7:21 diz: “Nem todo o que

me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus” “Nem todo que me confessa como

Senhor, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. Ora, eu não estou

dizendo que somos salvos pela fé nas obras; de maneira nenhuma. Eu sou um pregador

da Graça. O que estou dizendo é que a salvação envolve uma doutrina perdida chamada

“Regeneração”. E que, quando um Deus salva um homem, Ele está regenerando seu cora-

ção, convertendo-o em uma nova criatura, e a evidência é esta: você viverá como uma nova

criatura. E ele confessará a Cristo, isto é, o homem que verdadeiramente tem crido em seu

coração, terá sua vida marcada pela confissão bíblica de Cristo em palavras e em obras.

Você poderá ver, escutar de sua boca e ver na sua vida, que sua fé é uma genuína fé

salvadora.

Agora, vejamos isso de uma perspectiva cultural. Digamos que somos uma igreja de 20

pessoas, século I, no Império Romano. Você sabe, pela Epístola aos Romanos, que estão

matando a alguns desses Cristãos. Estão morrendo como ovelhas. Agora bem, digamos

que existem 20 de nós e estamos trabalhando em uma construção. Estamos trabalhando

em uma espécie de edifício em Roma, uma construção. Tudo está calmo, nenhum proble-

ma está acontecendo. Um dia bonito, é a hora do almoço, estamos descansando, é pri-

mavera, estamos deitados na grama, passando muito bem, descansando... E de repente

escutamos isto [barulho de passos]. Escutamos tambores, levantamos à vista e vemos

soldados chegando e estão carregando um pequeno altar, e sobre esse altar há uma

pequena vasilha com incenso e um pequeno fogo em cima, e nós ficamos aterrorizados.

Enquanto todos os homens da construção se põem de pé, a maioria deles não crentes —

e ali estamos, uma pequena igreja no meio deles — os soldados nos reúnem e nos dizem:

“Aproximem-se. Deem honra a César”. Então o primeiro homem, um não crente, se

aproxima, toma um pouco de incenso, joga-o no fogo e diz: “César é Senhor”. Ele se retira

feliz como sempre, e em seguida outro, e em seguida outro, e finalmente ele vem ao

primeiro de nós, os Cristãos. Um de nós se aproxima, o soldado o cutuca com a lança: “Dê

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honras a César”. “lesous estin kyrios”. “Jesus é Senhor”, e morre. E o próximo dos nossos:

“Jesus é Senhor”, e morre. E o próximo dos nossos.

E nós temos levado a verdade que Paulo nos está ensinando aqui, de que se você verda-

deiramente crê, vai confessar a Cristo mesmo que custe a sua vida, nós temos tomado es-

sa linda verdade e a temos reduzido a isto: se você repete uma oração em frente a um mon-

te de gente em uma igreja na América, isso garante que você é salvo, se você acha que foi

sincero. Isso não é o que ele está dizendo! Outra vez, no momento em que uma pessoa

invoca o Senhor com fé, ela é salva. Mas, a evidência de salvação não é que uma vez na

vida dela ela foi sincera em fazer uma oração. A evidência de sua salvação é: existe um

arrependimento genuíno? Existe fé? Além disso, essas duas graças evangélicas continuam

em sua vida e estão crescendo? Em outras palavras, a evidência da justificação pela fé é a

obra contínua de santificação pelo Espírito Santo.

Agora, vejamos Apocalipse 3:20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha

voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele, comigo”. Em primeiro lugar,

esse texto não nos é dado no contexto de um convite evangelístico. Você percebe isso?

Cristo não está batendo à porta do coração do pecador. Em nenhum lugar isso é dito. Mas

Ele está batendo à porta de uma igreja equivocada. Esse é o contexto. Isto nos deve

levantar alguns sinais de advertência. Uma vez, disse isso a um evangelista e ele disse:

“Sim, eu sei, irmão Paul, mas funciona”. Segundo, eu acho interessante que utilizemos este

texto para dar a pecadores a certeza de que, se abrem seus corações, Jesus entrará, embo-

ra este texto não seja específica ou principalmente dirigido à conversão ou à abertura de

um coração. Por outro lado, nós não usamos Atos 16:14, que especifica e primordialmente

fala sobre conversão e sobre a abertura do coração. “Certa mulher, chamada Lídia, da

cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; e o Senhor lhe

abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia”. Porque nunca usamos esse texto?

Terceiro, em vez de meramente convidar o pecador a abrir a sua vida, não seria também

apropriado ajudar amorosamente o pecador a examinar a si mesmo para avaliar o que o

Senhor talvez esteja fazendo até esse momento? “Você tem alguma percepção de que

Deus está trabalhando em seu coração esta noite?”, “O seu entendimento do Evangelho e

das coisas de Deus tem aumentado?”, “Você tem estado mais e mais aberto à pessoa de

Cristo, à verdade da Escritura e às exigências do discipulado?”, “Você tem o desejo de

responder às coisas que escutou e deixar para trás a confiança em si mesmo e a sua vida

de pecado e confiar somente em Cristo?”. Quarto, se tomamos este texto, mesmo se o

tomamos e o usamos para evangelismo, se abriu a porta de sua vida a Cristo, notem isso,

a evidência estará de novo na comunhão contínua, porque Ele disse: “Se eu entrar, eu

entrarei para cear com ele”. A evidência de que uma pessoa verdadeiramente abriu sua

vida para Cristo é uma comunhão contínua com Cristo. Mas, não é verdade — e não me

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digam que não o é — que milhões de pessoas, por causa de nossas pregações, caminham

por aí sem ter comunhão com Cristo, sem desejar santidade, sem buscar a Deus, mas

acreditam serem convertidas, porque, uma vez, em nossas igrejas, elas oraram e pediram

a Jesus que entrasse? Isso é verdade!

Deixe-me compartilhar algo com vocês. Eu ainda tenho 45 segundos. Um dos momentos

mais grandiosos da minha vida foi há pouco tempo no sul do Alasca. Alguns de vocês talvez

já tenham escutado esta história. Mas um homem, tão logo eu cheguei ao púlpito — havia

cerca de 25 pessoas —, um homem entrou, um gigante, o ser humano mais triste que vi

em minha vida, chegou e se sentou na fileira da frente. Eu parei imediatamente e comecei

a pregar o Evangelho. Depois que terminei, fui até ele e disse: “Senhor, o que está errado

com você? O que está errado?”. Ele pegou um envelope pardo, me mostrou e me disse:

“Eu acabo de vir do médico. Vou morrer em 3 semanas”. Continuou: “Tenho vivido no cam-

po, trabalhando em um rancho de gado toda minha vida. Só se chega lá cavalgando pelas

montanhas, ou pegando um hidroavião ou algo do tipo”. Ele disse: “Eu nunca estive em

uma igreja em toda a minha vida. Nunca li uma Bíblia. Uma vez escutei alguém falar sobre

um cara chamado Jesus, e eu acredito que existe um Deus. Nunca tive medo em toda

minha vida, e agora tenho medo, porque vou morrer e não sei o que fazer”. Eu lhe disse:

“Senhor, nos últimos 45 minutos, eu preguei o Evangelho a você. As boas novas do que

Deus fez pelos pecadores em Jesus Cristo. Você entendeu? Ele disse: “Sim”. O que a maio-

ria dos evangelistas teria feito naquele momento? “Gostaria de fazer uma oração e pedir

que Jesus entre em seu coração?”. Mas isto é o que ele disse: “Irmão Paul, eu entendi.

Quero dizer, qualquer um podia ter entendido! Mas, isso é tudo? Isso é tudo? Eu entendo,

faço uma oração, e isso é tudo?”. E comecei a explicar-lhe o arrependimento e a fé. Depois

de vários minutos, ele me olhou e disse: “Eu simplesmente não entendo”. Eu disse: “Olhe,

você tem 3 semanas de vida. Tenho que ir embora amanhã de manhã. Vou cancelar minha

passagem de avião e ficarei com você 3 semanas até você morrer, quer você seja salvo,

quer você morra e vá para o inferno. Então vamos começar”.

Escutem-me. Se vocês estão pensando em serem evangelistas, não pensem que vão pre-

gar a um grupo de pessoas e, quando elas forem à frente, você vão entregá-las a qualquer

um para lhe aconselhar, para que vocês possam ir comer no Denny's e, depois, se gloriar

em todas as decisões, cuja maioria é somente decisões, e nenhum se converteu, porque a

maioria dessas pessoas não assistirá ao culto no próximo domingo. Agora vocês entendem

porque, como Leonard Ravenhill costumava dizer: “Agora, vocês entendem porque prego

em muitas igrejas somente uma vez”.

Mas, eu olhei para esse homem e disse: “Senhor, a fé vem pelo ouvir; vamos às Escrituras”.

Nós fomos às Escrituras por mais de uma hora. Cada promessa, Antigo Testamento, Novo

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Testamento, e de novo, e de novo, apenas trabalhando até que Cristo fosse formado. Ora-

mos um pouco mais, lemos um pouco mais, outra hora passou e estava ficando tarde. Eu

disse: “Nós vamos ficar por aqui. Este homem está morrendo!”. E depois, não sei depois de

quanto tempo, voltamos a um de meus versículos favoritos na Bíblia: João 3:16. E eu lhe

disse: “Senhor”, nunca vou esquecer, porque ele estava com a Bíblia no colo, minha Bíblia

em suas mãos enormes, e eu lhe disse: “Senhor, vamos apenas ler isto de novo”. Ele disse:

“Mas já a lemos muito”. E eu lhe disse: “Senhor, sua vida depende disto”. E então ele olhou

para baixo, esse velho homem grande, e disse: “Ok”. “Porque Deus... amou... o mundo de

tal maneira... que deu... Oh... Oh... Estou salvo! Estou salvo! Todos os meus pecados se

foram! Tenho... minhas mãos estão limpas! Tenho vida eterna! Oh, eu a tenho! Eu vou para

o céu!”. Eu disse: “Senhor, como você sabe?”. Ele disse: “Você nunca leu este versículo

antes?!”. Vocês veem a diferença!?

As pessoas perguntam: “Você é contra o evangelismo?”. Eu digo: “Sim e não”. Eu sou

contra o seu tipo de evangelismo! Eu o odeio! Correm ao homem, fazem-no agarrar um

pequeno ticket, como se estivesse esperando em um escritório do governo para renovar

sua licença. “Pegue um ticket. Vá para o Céu”. Nós seremos responsabilizados! Nós temos

um chamado! Quando prego em conferencias, isto é o que eu faço. Não faço chamadas ao

altar ou coisas deste tipo. Eu digo: “Olhem, Já acabou. Se Deus falou ao seu coração, você

vem até mim. Sentaremos juntos aqui a noite toda”. E se alguém professa fé em Cristo,

então, o que eu faço? Eu não digo: “Oh, você está salvo, está salvo”. Eu lhes digo isto:

“Escute. Se está noite você verdadeiramente se arrependeu e creu em Jesus Cristo, você

se tornou um filho de Deus, mas esta vai ser a evidência: se verdadeiramente se arrepen-

deu para salvação, você vai continuar se arrependendo para salvação, e crescendo em

arrependimento! E se você verdadeiramente tem crido, você vai continuar crendo! Nada de

coisas do tipo: “vacina contra gripe”! Eu não quero quer alguém chegue a essa pessoa 10

anos depois, ela esteja vivendo uma vida ímpia, e, quando alguém testemunhe a ela, ela

responda: “Oh, não se preocupe comigo. Eu já fiz isso”. Porque isso é o que a maioria das

pessoas do Sul fazem, não é? “Não te preocupes comigo, pregador. Eu já fiz isso”. “Você

fez o quê?”, “Eu recebi minha ‘vacina contra gripe’”. “Sim, mas você não recebeu Jesus”.

Trabalhem com eles. Deixe que todos os outros saiam para comer. Você trabalha. Você

ora. Você os aconselha com muitas promessas do Evangelho e muitas advertências do

Evangelho.

Eu declarei guerra. É mais como um carrapato batendo a cabeça contra um mundo de

granito, mas eu não me importo. Estou doente e cansado de ver as pessoas serem guia-

das a uma decisão com muito pouco conhecimento do Evangelho, confiando em uma de-

cisão em vez de contemplarem a Cristo. Vivendo em impiedade e crendo que são salvas,

porque alguma autoridade religiosa da comunidade evangélica disse-lhes que eram salvas,

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e elas agora estão quase completamente surdas para o verdadeiro Evangelho.

Parem com isso. Parem com isso.

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos

Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.