Registo ed222

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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 13 de Setembro de 2012 | ed. 222 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 PUB “Este pode ser o nosso último espetáculo” 08 Qualidade da Água e Ambiente Pág.05 A Conferência Internacional TEMPRIV 2012, dedicada à Eco-Hidrologia e Qualidade Ecológica de Rios Temporários, irá realizar-se na Universidade de Évora nos próximos dias 12 a 14 de setembro. Realiza- se pela primeira vez em Portugal, e contará com a presença dos melhores investigado- res sobre o tema a nível internacional; serão apresentados mais de 50 trabalhos realiza- dos na Europa, EUA e Austrália. João Oliveira “Governo favorece capital” Pág.04 O PCP afirmou ontem que três meses depois “confirma-se a justeza” da moção de censura que apresentou e ape- lou “a uma luta sem tréguas” de todos os portugueses, sublinhando que agora “a censura ao Governo está nas ruas”. “O úni- co e verdadeiro objetivo do pacto de agres- são [o programa de assistência financeira] é satisfazer os interesses do capital agra- vando a exploração de quem trabalha.” Colecção B apresenta-se no Brasil Pág.11 A convite da UNESP, a Colecção B, Associação Cultural participa em Três po- éticas Dissonantes - Escultura Portuguesa Contemporânea uma exposição dedicada a 3 artistas plásticos com trabalho na área da cerâmica contemporânea: Noémia Cruz, Ricardo Casimiro e Virgínia Fróis. Esta ex- posição, a decorrer de 10 de Setembro a 8 de Outubro de 2012, na Galeria do Instituto de Artes da UNESP em São Paulo, Brasil. Alentejo de Excelência com novo site Pág.10 Alentejo de Excelência lan- çou, no passado dia 7 de Setembro, o seu novo website institucional – acessível, no endereço de sempre, em www.alen- tejodeexcelencia.com. Num evento rea- lizado na esplanada Páteo, em Évora, em parceria com o jornal Registo, e peran- te algumas dezenas de convidados, foi apresentada a nova imagem da associa- ção na internet. Figueira Cid

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Edição 222 do Semanário Registo

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www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 13 de Setembro de 2012 | ed. 222 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

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“Este pode ser o nosso último espetáculo” 08

Qualidade da Água e AmbientePág.05 A Conferência Internacional TEMPRIV 2012, dedicada à Eco-Hidrologia e Qualidade Ecológica de Rios Temporários, irá realizar-se na Universidade de Évora nos próximos dias 12 a 14 de setembro. Realiza-se pela primeira vez em Portugal, e contará com a presença dos melhores investigado-res sobre o tema a nível internacional; serão apresentados mais de 50 trabalhos realiza-dos na Europa, EUA e Austrália.

João Oliveira“Governo favorece capital”Pág.04 O PCP afirmou ontem que três meses depois “confirma-se a justeza” da moção de censura que apresentou e ape-lou “a uma luta sem tréguas” de todos os portugueses, sublinhando que agora “a censura ao Governo está nas ruas”. “O úni-co e verdadeiro objetivo do pacto de agres-são [o programa de assistência financeira] é satisfazer os interesses do capital agra-vando a exploração de quem trabalha.”

Colecção B apresenta-se no BrasilPág.11 A convite da UNESP, a Colecção B, Associação Cultural participa em Três po-éticas Dissonantes - Escultura Portuguesa Contemporânea uma exposição dedicada a 3 artistas plásticos com trabalho na área da cerâmica contemporânea: Noémia Cruz, Ricardo Casimiro e Virgínia Fróis. Esta ex-posição, a decorrer de 10 de Setembro a 8 de Outubro de 2012, na Galeria do Instituto de Artes da UNESP em São Paulo, Brasil.

Alentejo de Excelência com novo sitePág.10 Alentejo de Excelência lan-çou, no passado dia 7 de Setembro, o seu novo website institucional – acessível, no endereço de sempre, em www.alen-tejodeexcelencia.com. Num evento rea-lizado na esplanada Páteo, em Évora, em parceria com o jornal Registo, e peran-te algumas dezenas de convidados, foi apresentada a nova imagem da associa-ção na internet.

Figueira Cid

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Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected])

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 751 179 fax 266 751 179 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento Comercial [email protected] Redacção Luís Godinho; Pedro Galego Fotografia Luís Pardal (editor) Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Colaboradores António Serrano; Miguel Sampaio; Luís Pedro Dargent: Carlos Sezões; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 ERC.ICS 125430 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional Periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.Depósito Legal 291523/09 Distribuição PUBLICREATIVE

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

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ordpress.comPedro H

enriques | Cartoonista

“O perdão da Troika”

A Abrir

Quando os Portugueses mais precisavam de um Governo forte, competente, conhe-cedor da realidade, eis que mês após mês se confirma a incapacidade deste Governo em apresentar um caminho, uma luz ao fundo do túnel que amenize os efeitos da política de austeridade.

A semana que passou foi paradigmática da desorientação de Passos Coelho. Após meses a recusar juntar-se a colegas seus na Europa e a António José Seguro que defendiam a inter-venção do BCE na compra de dívida soberana nos mercados secundários, aplaudiu a decisão do BCE avançar com esta medida estrutural de combate à especulação sobre a dívida dos Estados. Onde andava Passos Coelho, com quem andava Passos Coelho? Durante a 5ª Avaliação da Troika, antecipando o fim da avaliação, resolveu apresentar ao país mais

austeridade, desta vez castigando não apenas os funcionários públicos e pensionistas mas todos os trabalhadores do setor privado.

A fórmula encontrada foi aumentar os im-postos, passando a contribuição para a segu-rança social de todos os trabalhadores e fun-cionários de 11% para 18%. Em simultâneo reduz a contribuição patronal de 23,75% para 18% transferindo rendimento dos particula-res para as empresas, com o argumento de que assim se promove o emprego. Ou seja, na cabeça de Passos Coelho e do Governo está a ideia de que com esta redução de encargos nas empresas elas vão aumentar o investimento e criar emprego. Que falácia, que engano!

No momento que a procura interna é ne-gativa, as pessoas reduzem o consumo por-que não têm dinheiro para comprar bens e serviços às empresas e o Governo vai tirar-

lhes ainda mais dinheiro em cada mês para elas reduzirem ainda mais o consumo? Isto faz algum sentido? No momento em que as nossas exportações estão em queda face à redução da procura externa o Governo quer convencer-nos que reduzindo os encargos so-ciais estas empresas vão criar empregos? Em que planeta está o Governo a viver? Com esta medida, o Governo vai engordar os lucros das grandes empresas: dos Bancos, da GALP, da PT da EDP, da Distribuição, etc.. e as peque-nas empresas, aquelas onde marido, mulher e filhos estão empregados, irão à falência pois, nestes casos os encargos totais com a Segu-rança Social passam de 34,75 para 36%.

Um erro grave do Governo, que marcará de forma definitiva a mudança de opinião dos Portugueses sobre Passos Coelho, pois acaba de perder numa semana a credibilidade que e

a confiança que nele havia sido depositada. Ele próprio sabe que a partir daquela noi-

te, em que nos deu mais esta prenda, a sua máscara caiu. Neste discurso, algo titube-ante e nervoso, Passos Coelho, mostrando uma profunda insensibilidade, apresentou-se como um Primeiro-ministro sem rasgo, sem ideias, sem capacidade de concretizar a redução da despesa e das famosas gorduras do Estado.

A receita é a de sempre: um assalto ao bolso dos Portugueses. Onde está o Passos Coelho que contra Sócrates vociferava contra o au-mento de impostos e que não aceitaria que se deixasse o País a Pão e Laranjas? Por este andar e com as medidas adicionais que irão constar no Orçamento de Estado para 2013, diria que iremos ficar sem o Pão nem com as Laranjas!

Um Governo à deriva, o Pão e as LaranjasAntónio SerrAnoDeputado

Sou social-democrata convicta, acredito na géne-se do partido no qual milito há muitos anos, um partido dialogante, aberto à pluralidade de opini-ões e defensor da moderação e da convivência pa-cífica entre homens de credos e raças diferentes, um partido que, apostando na eficácia, valoriza o humanismo, bem como os grandes princípios da justiça, da liberdade e da solidariedade; um par-tido interclassista, vocacionado para representar as diversas categorias da população portugue-sa, e apostado na defesa da cooperação entre as classes sociais como a via mais adequada para a obtenção do bem comum e do progresso cole-tivo; um partido que aposta no reconhecimento do mérito e na capacidade de afirmação pessoal e social, cada vez mais necessárias na constru-ção de uma sociedade melhor, onde se valorize o individuo como ser individual e onde importa distinguir as capacidades pessoais.

Tendo como ponto de partida o meu agru-pamento, sinto-me muito defraudada e apre-ensiva, acredito que pessoas motivadas, com-petentes e felizes no desenvolvimento do seu trabalho certamente irão contribuir para a construção de gerações mais capazes de criar uma sociedade mais equilibrada e justa.

A questão que se coloca é como será pos-sível a obtenção de resultados de qualidade, pugnar pelo rigor e pela excelência sem recur-sos humanos motivados?

A acentuada concentração de recursos hu-manos (professores com horário zero) com uma enorme diversificação de formação, dan-do origem a que um mesmo docente lecione diferentes disciplinas e em diferentes ciclos de ensino conduzirá a melhores resultados e sem que para isso se tenham mudado progra-mas, currículos, ou regime de monodocência?

Como se combaterá o insucesso se os do-

centes que tinham horário nas escolas viram aumentadas as suas horas letivas, o número de alunos por turma e por uma norma que neste momento já não faz sentido (no mesmo grupo não pode haver mais do que um horário insuficiente) estão assoberbados com turmas, alunos, trabalhos e obrigações e outros cole-gas não lhe é permitido ter turmas para que não haja horários insuficientes? Professores cujos olhos anseiam por ter turmas, alunos, ensinar, que mostraram através do seu de-sempenho serem ótimos professores !!

No crescimento do número de alunos por turma e de turmas por professor é preocupante um aluno passar a ser um rosto entre muitos rostos, por vezes indefinido, e onde até o nome, porque muitos, será difícil memorizar !!!

Como podemos falar em ensino individua-lizado, não passarão a haver receitas aplica-das de prescrição única?

Que respostas estamos a dar às famílias? Que sucesso estamos a promover? Que apren-dizagens iremos conseguir transmitir? Que cidadãos estaremos a preparar?

Estar hoje na escola é sofrer silenciosamente, porque ninguém nos ouve, a nós que temos tanto para dar, para dizer, para mudar, para construir..

A educação é demasiado importante para que não haja um pacto de concertação entre os vários partidos políticos e a sociedade (pais, empresas, professores, educadores, in-telectuais e demais pensantes).

Todos somos importantes na construção de uma melhor escola, de um melhor ensino, ouçam-nos, a escola não pode continuar a ser alvo de contínuas mudanças, tem que ser pa-cificada, pensada, avaliada calmamente, dei-xando assimilar primeiro cada nova mudança.

Até quando?

Um novo paradigmaMAriA De lurDeS britoProfessora

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Actual“A censura ao Governo está nas ruas e deve mobilizar forças e vontades para a derrota do pacto de agressão”.

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“É imperioso libertar o país do Pacto da troika”

O PCP afirmou ontem que três meses de-pois “confirma-se a justeza” da moção de censura que apresentou e apelou “a uma luta sem tréguas” de todos os portugue-ses, sublinhando que agora “a censura ao Governo está nas ruas”.

“Menos de três meses depois da discus-são da moção de censura apresentada pelo PCP multiplicam-se os elementos que confirmam com clareza que o único e verdadeiro objetivo do pacto de agressão [o programa de assistência financeira] é satisfazer os interesses do capital agra-vando a exploração de quem trabalha e empobrecendo de forma generalizada os portugueses”, afirmou o deputado João Oliveira, durante uma declaração política no Parlamento, que hoje reuniu a sua co-missão permanente.

Destacando os dados relativos ao de-semprego, à recessão económica, à “po-breza e à exclusão social”, ao défice das contas públicas e à dívida, o deputado considerou que “o pacto e a política do Go-verno falham em toda a linha”, ao mesmo tempo que “menosprezam os problemas centrais do país”, sublinhando a “justeza” da moção contra o Governo apresentada antes do verão pela bancada do PCP no parlamento.

João Oliveira sublinhou que à “falência do pacto de agressão” juntou-se nos últi-mos dias o “roubo” e o “saque” de salários dos trabalhadores para serem “transferi-dos” para “os cofres das empresas”.

“Sem criar postos de trabalho mas au-mentando diretamente os lucros e divi-dendos”, sublinhou, considerando que o pacote de medidas apresentado na terça-

Comunistas consideram a troika e o governo como palco de defesa do capital

feira pelo ministro das Finanças são “en-vergonhadas e tímidas medidas” no que toca À tributação dos rendimentos do ca-pital” e que “apenas perpetuam a injusti-ça fiscal e confirmam o cunho de classe das políticas do Governo PSD/CDS”.

Para o PCP é “cada vez mais evidente que o pacto de agressão das ‘troikas’ na-cional e estrangeira, ao invés de resolver os problemas nacionais, é um pacto de salvação do capital que pretende impor em Portugal um retrocesso social de dé-cadas, impondo o agravamento da explo-ração por via do desespero e do medo”.

Assim, sublinhou o deputado, “o desa-fio que hoje os trabalhadores e o povo”

enfrentam é o de “derrotar o pacto de agressão antes que o pacto derrote o país”.

“O apelo que o PCP faz ultrapassa por isso as paredes desta assembleia. É um apelo dirigido a todos os portugueses atingidos nos seus direitos para que en-grossem as fileiras de uma luta sem tré-guas contra o pacto de agressão e o Gover-no”, acrescentou João Oliveira.

“A censura ao Governo está nas ruas e deve mobilizar forças e vontades para a derrota do pacto de agressão e para a construção de uma política alternativa”, acrescentou, referindo que isso passa pela “prioridade imediata” de “renegociação da dívida”.

O CDS-PP cancelou a sua festa de ren-trée política marcada para sexta-feira e sábado no Porto e trocou-a pelas reu-niões dos dois órgãos de orientação po-lítica: a comissão política nacional e o Conselho Nacional, o mais importante órgão entre congressos.

O anúncio desta troca de eventos, que não esconde o momento de crise na co-ligação governamental, está a ser feito desde ontem aos militantes, através de carta assinada pelo secretário-geral do partido, António Carlos Monteiro. E acon-tece mesmo depois do almoço de ontem, entre o líder do CDS-PP, Paulo Portas, e o primeiro-ministro, Passos Coelho.

“A circunstância de ter terminado a 5ª avaliação da missão externa – FMI, CE e BCE – representa um momento po-lítico muito relevante. Não só porque a notação favorável da missão externa sobre Portugal é importante, como também porque há consequências, na vida dos Portugueses, dessa avaliação que requerem uma reflexão do Parti-do, como é próprio de uma instituição democrática”, escreve este dirigente.

Lembrando que Paulo Portas solici-tou a reunião dos dois órgãos do par-tido, António Carlos Monteiro acres-centa que estas têm, “naturalmente, prioridade, do ponto de vista da res-ponsabilidade política, sobre qualquer outro evento”. Mas foi mantido o ca-lendário e o local: os dois órgãos reú-nem sábado no Porto.

Centristas trocam rentrée

Política

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Actual

“existem dívidas públicas para serem pagas e a esquerda finge que tal não existe”

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Nunca me considerei um fundamentalista em termos de posicionamento e ideologia política e acho que todas a áreas de pensamento têm contributos válidos para o nosso progresso social.

Pessoalmente, acredito numa sociedade cujos consensos sejam gerados numa demo-cracia representativa e em que os princípios da responsabilidade, liberdade individual, mérito e igualdade de oportunidades sejam os pilares da nossa vida comum. Prefiro, convic-tamente, a liberdade à “igualdade forçada”.

Nunca gostei de ver o Estado, com a sua sobranceria e omnipresença ineficiente, subs-tituir as decisões e espaço de liberdade da so-ciedade civil. Mas sempre defendi a garantia de uma rede de apoio de serviços públicos globais (da defesa, à segurança, passando pela justiça, educação e saúde) e mecanismos de apoio excepcionais para quem, por moti-vos vários, ficou sem as condições para uma vida condigna. Provavelmente, poderão cata-logar-me algures no centro-direita… e posso assumir isso com toda a naturalidade.

Feita a minha declaração de interesses, não consigo deixar de expressar a profun-da desilusão com o estado da Esquerda, em

Portugal, na Europa e no Mundo. Desde há 20 anos, que se assiste a um afastamento da esquerda da realidade e a uma cristalização de ideias e preconceitos, sem grande aderên-cia aos problemas das sociedades actuais. Se a queda do muro de Berlim e das ditaduras marxistas-leninistas foram o toque de fina-dos do comunismo, esperava-se que o socia-lismo democrático acrescentasse algum valor aos processos de debate e decisão política. Nada de mais errado.

Continua-se com o paradigma da velha divisão de classes, entre trabalhadores e pa-trões, defende-se um modelo social insus-tentável, com muitas regalias e quase sem deveres, faz-se a demonização dos mais ricos e clama-se por riqueza para distribuir – não pensando que, primeiro, ela tem de ser criada pela economia. Defende-se um mercado de trabalho rígido e estagnado, em que ninguém pode ser despedido. Defende-se um Estado intocável, em que se valoriza mais as enor-mes estruturas criadas do que o real valor que é produzido para a sociedade. Pede-se inves-timento público apenas “porque sim”, sem ter em conta para que servirá.

Existem dívidas públicas para serem pagas

O vazio da EsquerdaCArloS SeZÕeSGestor

e a esquerda finge que tal não existe - talvez por má consciência de como essa enorme dí-vida foi gerada. Se a crise financeira de 2008 parecia, à primeira vista, uma oportunidade legítima de renascimento da esquerda, tal desvaneceu-se rapidamente.

Na actualidade, a crítica radical e vazia contra os “mercados” é a grande marca da esquerda europeia. Os políticos socialistas pouco ou nada dizem sobre a alternativa à economia e sociedades actuais. De Portugal à

Espanha, da França à Itália, é a ausência com-pleta de ideias.

Pede-se “crescimento” com a mesma inge-nuidade com que uma tribo primitiva clama pela chuva. Os partidos de esquerda, com a sua rede de interesses (clientelas, sindicatos, pseudo-elites culturais) são os “novos con-servadores” – apenas pedem que nada mude ou que o mundo que conheceram há décadas atrás seja resgatado.

Acontece que o mundo mudou, quer goste-mos ou não: as novas tecnologias, a inovação, a globalização, a (legítima) ascensão da qua-lidade de vida do terceiro mundo, a secunda-rização do papel da Europa, os desafios am-bientais, as aspirações sociais de mobilidade tornaram-nos um mundo mais incerto mas também mais desafiante – e que não pode ser enfrentado com as premissas e as receitas do passado.

Votos de que as várias “esquerdas”, glo-balmente, se possam transformar e ser nova-mente actores positivos e válidos - abraçando novas causas (ex. a solidariedade, a sustenta-bilidade ambiental, a inovação social) e tra-zendo as alternativas que todas as sociedades saudáveis precisam.

“Nunca gostei de ver o Estado, com a sua sobranceria e omnipresença ineficiente, substituir as decisões e espaço de liberdade da sociedade civil”.

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Actual

A Conferência internacional teMPriV 2012, irá realizar-se na universidade de Évora nos próximos dias 12 a 14.

Um dia nas vindimas da Herdade do Esporão

O Enoturismo da Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, criou o “Programa das Vindimas”, proporcio-nando aos visitantes a experiência na produção dos seus vinhos, nas suas vá-rias dimensões.

Ao longo de um dia inteiro, os visitan-tes irão participar na vindima, receber uma explicação detalhada de todo o pro-cesso de vinificação e conhecer o túnel de barricas e caves de estágio. Depois desta experiência será chegado o momento da prova de quatro vinhos: Esporão Reserva Branco e Tinto e Esporão Private Selec-tion Branco e Tinto.

O programa culminará com a gastrono-mia alentejana, com um almoço no res-taurante da Herdade do Esporão, onde o Chef Miguel Vaz renova os sabores do anti-

Acompanhar as vindimas e produção da Herdade do es-porão, em programa de um dia, sob a promessa de um dia bem passado

gamente, através da utilização de produtos vindos directamente da horta da Herdade. O almoço será acompanhado dos vinhos Verdelho 2011, Esporão Reserva Branco 2010, 4 Castas 2012 e Late Harvest 2011.

O custo da visita é de 85€ por pessoa,

sujeita a reservas, realizada com 48h de antecedência. O número mínimo de par-ticipantes aconselhado é de duas pesso-as e o máximo de oito. O programa está aberto todos os dias da semana, excepto ao Domingo.

Secas, Cheias, Qualidade da Água e Ambiente

A Conferência Internacional TEMPRIV 2012, dedicada à Eco-Hidrologia e Quali-dade Ecológica de Rios Temporários, irá realizar-se na Universidade de Évora nos próximos dias 12 a 14 de setembro. Re-aliza-se pela primeira vez em Portugal, e contará com a presença dos melhores investigadores sobre o tema a nível in-ternacional; serão apresentados mais de 50 trabalhos realizados na Europa, EUA e Austrália.

As ribeiras em que a água quase de-saparece durante o verão são muito fre-quentes no nosso país. Não são motivo de grande preocupação para quem vive nas cidades, mas nas zonas rurais, em que a água dos ribeiros é essencial para regar os campos ou dar de beber aos animais, a re-novação dos caudais na época das chuvas é aguardada com expectativa.

O que talvez não saiba é que, nas regiões de clima mediterrânico (como o centro e sul de Portugal), para além de fornecerem água a nível local os rios temporários são fundamentais para a “saúde” de toda a rede de água pois são as principais fontes de abastecimento dos grandes rios.

Com as primeiras chuvas, a água dos ribeiros temporários virá suja e turva, transportando tudo aquilo que se acu-mulou durante o período seco. Só depois de algum tempo, se a quantidade de água for suficiente para arrastar a poluição e os detritos acumulados, voltará a correr lim-pa e transparente.

No contexto atual de alterações climá-ticas e crescimento populacional, este ce-nário poderá ser cada vez mais difícil de atingir. É previsível que o número de rios temporários aumente, assim como a pres-

rios temporários em Con-ferência internacional

são sobre estes cursos de água que tornará cada vez mais difícil a sua recuperação.

Por um lado, prevê-se que o cresci-mento da população aumente utilização de água e a sua poluição (resultantes da agricultura, indústria, urbanização e des-florestação); por outro lado, as condições meteorológicas mais extremas resultan-tes das alterações climáticas, poderão agravar as variações dos rios temporá-rios ao longo do ano ou mesmo de vários anos. Nestas condições a recuperação destes cursos de água poderá ser mais di-fícil, com graves consequências para as populações humanas e para o ambiente

(cheias ou secas extremas; diminuição da quantidade e qualidade da água disponí-vel; degradação ambiental e diminuição da biodiversidade).

No contexto das atuais alterações glo-bais (climáticas, demográficas e paisagís-ticas) e no âmbito da Diretiva Quadro da Água, o conhecimento aprofundado da ecologia, estrutura e funcionamento dos rios temporários é essencial para uma boa gestão e conservação da água, recurso essencial para a sobrevivência da vida na Terra – estes são os temas que estarão em debate nos próximos dias na Conferência Internacional TEMPRIV 2012.

Desde o início da campanha, em Janei-ro de 2012, e até ao momento, o BACF de Évora recolheu 87.540 Kg de papel, cor-respondendo a 8.754 euros em produtos alimentares.

Referentes ao primeiro trimestre, rece-beu 2500 litros de leite e 600 litros de azei-te; estes alimentos serão um importante complemento para os cabazes mensais que o Banco distribui a pessoas compro-vadamente carenciadas do distrito.

Os excelentes resultados obtidos devem-se ao pequeno grande gesto de muitos particulares e instituições que vêm separando e entregando ao BACF de Évora todo o papel de que já não ne-cessitam e que se torna assim valioso.

Os resultados da campanha têm me-lhorado trimestre a trimestre e são de-monstrativos do espírito solidário e eco-lógico dos habitantes do nosso distrito.

O sucesso desta campanha deve-se ainda ao trabalho árduo de um grupo de voluntários que continuamente se-param, após a chegada ao Banco Ali-mentar, retirando os detritos e outros materiais que são entregues mistura-dos com o papel e empacotando-o, de modo a poder ser recolhido pela empre-sa de reciclagem. Graças ao esforço con-junto de todos podemos ajudar os mais carenciados!

Banco Alimentar

Évora

Tem início no dia 23 de Setembro, em Honolulu, Hawaii, esta importante competição, uma das 2 mais importan-tes a nível mundial, no Rugby de Ve-teranos, a par do Golden Oldies Rugby, que se realiza em Fukuoka, Japão, no início do mês de Novembro.

O Clube de Rugby de Juromenha é um dos dois representantes do conti-nente europeu, juntamente com os Mo-ravian Eagles, da República Checa, nes-te evento que se realiza em Honolulu, Hawaii, entre 23 e 30 de Setembro.

Já está definido o calendário do Fes-tival, que se se disputa no Queen Ka-piolani Park, junto a Diamond Head e à praia de Waikiki.

O Clube de Rugby de Juromenha de-fronta no primeiro dia, a equipa THE OUTSIDERS, de Brisbane, Austrália. No segundo dia de jogos jogará com CAN-TERBURY BAA BAAS, da Nova Zelân-dia e tem a honra de encerrar o Festival, no último dia de jogos, defrontando a equipa local, HAWAII HOBOS.

Rugby de Juromenha no Hawaii

Desporto

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Actual

ert coordena o projecto de Dinamização e Promoção turística dos Parques temáticos do Alentejo.

Monte Selvagem integra parques temáticos do Alentejo

O Monte Selvagem – parque animal in-tegra agora mais um projecto de dinami-zação e promoção turística para captar mais visitantes, juntamente com outros parceiros: o Fluviário de Mora, o Badoca Park, a Amieira Marina e o Centro de In-terpretação da Batalha de Atoleiros.

Sob a coordenação da Turismo do Alen-tejo, Entidade Regional de Turismo (ERT), o projecto de Dinamização e Promoção Turística dos Parques Temáticos do Alen-tejo visa desenvolver um plano integra-do, a partir da estruturação de ofertas cruzadas, que atraia mais visitantes aos parques e consequentemente contribua para o crescimento turístico da região.

O plano promocional inclui uma forte aposta comunicacional na internet, a rea-lização de campanhas dirigidas às escolas e a criação de parcerias com clubes de fu-tebol, entre outras acções. A estratégia in-tegra ainda uma componente de relações públicas e de estímulo à comercialização,

iniciativa do turismo do Alentejo, entidade regional de turismo (ert)

a ser desenvolvido nos parques e destina-da aos operadores.

O Monte Selvagem, os restantes par-ques temáticos parceiros e a região Alen-tejo continuam na linha da frente do Tu-rismo e acreditam que o fortalecimento das sinergias entre agentes privados e entidades públicas é fundamental para

projectar e dignificar um destino.Sedeado em Montemor-o-Novo, fregue-

sia do Lavre, o Monte Selvagem é um dos mais característicos espaços nacionais de alojamento e protecção da Natureza e da vida animal, albergando actualmente, em 20 ha, mais de 400 animais de 75 es-pécies.

Portalegre adere à Semana Europeia da Mobilidade, que decorre entre 16 e 22 de Setembro, e ao Dia Europeu Sem Carros, celebrado a 22 de Setembro.

Durante esta semana pretende-se sensi-bilizar a população para que utilizem cada vez menos os carros e consequentemen-te haja uma diminuição significativa da poluição, disponibilizando gratuitamen-te neste período os autocarros elétricos a todos os passageiros. Dia 22 de Setembro, para assinalar da melhor forma possível o Dia Europeu Sem Carros, Portalegre colo-ca à disposição todos os transportes públi-cos dos SMAT de forma gratuita.

Para Ana Manteiga, Vereadora com o Pelouro do Ambiente “O Município aderiu a esta iniciativa com o objetivo de alertar toda a população para a qua-lidade do ar da cidade, deixando um desafio a todos os habitantes: nesta se-mana propomos que deixem os carros em casa, andem mais a pé, fazendo ao mesmo tempo exercício físico, enquanto aproveitam para economizar na gasoli-na, nesta altura de crise. Esperamos que todos os munícipes adiram, e que seja uma prática que se torne cada vez mais comum na cidade de Portalegre.”

Semana Europeia da Mobilidade

Portalegre

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ExclusivoSerá desta que a indignação e a raiva se transforma em movimento? Já não são só os mesmos de sempre.

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Esta deveria ser uma crónica sobre a realida-de política local, pelo menos era essa a minha intenção, para alertar para a imensa lixeira em que a nossa cidade se está a tornar, para lembrar mais um Verão onde a animação do espaço público promovida pela autarquia lo-cal foi inexistente.

Deveria ser uma crónica onde abordaria o atoleiro financeiro onde o município está enterrado e a suposta intenção de aderir ao chamado Plano de Apoio à Economia Local que terá consequências devastadoras para a sua autonomia política e para os munícipes, que irão ser sujeitos a aumentos brutais de taxas e tarifas.

Quando tudo estava alinhadinho para que tal acontecesse eis que o primeiro ministro resolve anunciar mais um conjunto de medi-das de austeridade que são de tal forma gra-vosas para trabalhadores, reformados e pen-sionistas e deixaram toda a gente estupefacta.

Nem os mais desconfiados (ou lúcidos) re-

lativamente a estas políticas esperavam que as medidas fossem tão descaradamente diri-gidas aos mesmos de sempre.

A transferência directa de rendimentos do trabalho para o capital, através do aumento da Taxa Social Única a pagar pelos trabalha-dores e da redução da contribuição das em-presas é tão despudorada, tem uma carga de injustiça tão visível, que até representantes do patronato vieram a público descolar-se da medida.

Cada pacote de medidas é mais agressivo e gravoso que o anterior. A arrogância é de tal ordem que até descuram os planos de co-municação, normalmente tão afinados e efi-cazes, dando-se ao luxo de um certo laxismo comunicacional que deixa os seus apoiantes de cabelos em pé.

Como se tal não bastasse, aquele senhor que fala como se tivéssemos todos um pro-fundo deficit de compreensão veio explicar as medidas anunciadas pelo chefe e conseguiu

Coitadas das senhoraseDuArDo luCiAnoAdvogado

tornar ainda mais negro o cenário.A frieza das palavras misturadas com nú-

meros e o profundo desprezo pelos que o ou-vem, conseguiram que a “explicação” tivesse o condão de transformar a incredulidade em palavras que não posso aqui reproduzir.

Nunca tinha ouvido tantas referências à

mãe de ninguém e tanta desvalorização de uma actividade tão velha que alguns conside-ram até ser a mais antiga profissão.

Nunca tinha ouvido tantas palavras de in-dignação na boca de gente que eu até pensava que era insensível a essas coisas.

Já não são só os mesmos de sempre. Somos todos.

Será desta que a indignação e a raiva se transforma em movimento? Será desta que vamos ver nas manifestações, a aderir às gre-ves, a agir de forma organizada para por fim a isto, aqueles que, apesar de já nada ter, ainda acharem que são “classe média”?

Caramba… se não for agora será quando? Quando a indigência atingir a generalidade dos trabalhadores? Quando a própria liberda-de de expressão estiver em causa? Quando a ditadura económica e social em que vivemos se transformar em ditadura política?

Vamos lá fazer o que está nas nossas mãos e por fim a isto.

“Nunca tinha ouvido tantas palavras de indignação na boca de gente que eu até pensava que era insensível a essas coisas”.

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não se pode ter 150 mil euros, que é o dinheiro que a autarquia tem este ano para distribuir pelos

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”Se não houver uma mudança de política autárquica este pode ser o nosso último espetáculo“

Falta de financiamento autárquico ameaça futuro de a Bruxa Teatro

Luís Godinho

Porquê a escolha deste monólogo para assinalar os 10 anos de A Bruxa Teatro?

Este texto, tal como outros que fizemos durante este biénio, integra-se no tema paixão e política. Enquadrado nessa es-colha, este texto tem a ver com a relação entre um pai e um filho muito especial pelo qual o pai tem um grande, grande orgulho e um grande amor. É a primeira vez que é representado em Portugal.

O Tarantino?Não, o Tarantino tem sido representa-

do em Lisboa pelos Artistas Unidos mas este texto é representado pela primeira vez em Portugal. Estreou em Lisboa, em julho, e agora fazemos a carreira aqui em Évora até final deste mês.

Tratando-se de um monólogo, e de um texto de António Tarantino, é um traba-lho muito exigente para o ator?

Não é por ser monólogo … os monólo-gos são sempre difíceis, apesar de tudo. A verdade é que este texto não é exatamen-te uma comédia embora tenha momen-tos de alguma comicidade, o espetador eventualmente há de encontrar algum motivo para sorrir.

Mesmo sendo um trabalho sobre a morte?

Mesmo sendo sobre a morte de um fi-lho muito amado, que é homossexual e que se suicida sujeito às pressões e a uma série de constrangimentos de natu-

reza social. Aquele pai encaminha-o, ou ensina-o, a atravessar o rio para a outra margem. O texto está cheio de referências mitológicas que permitirão ao espetador identificá-las e perceber o que é a moeda que se dá ao barqueiro para a deixar pas-sar ou o que são as pedras do rio.

Ainda assim há momentos de sorriso!Há porque a evocação das memórias

que ele tem com o filho são propícias a esse sorriso … que bonita esta relação do pai com o filho, contrariamente à mãe que detesta o filho e com quem tem uma relação muito violenta e desagradável.

É por essa complexidade que dizes ser uma personagem exigente?

Esta personagem do pai não só evoca conversas que o filho terá tido mas evoca também conversas da mãe, de outras pes-soas que fazem parte deste pequeno uni-verso e isso resulta num espetáculo difícil para quem o faz. É uma peça para pessoas que gostam de teatro e que querem ver coisas que as tocam.

Não conheço o texto em pormenor mas achas que haverá aqui algum desejo de provocação ao intitular associar a Vir-gem Santíssima, nome da peça, a uma história de homossexualidade, suicídio e relação difícil com a mãe?

Os textos do Tarantino, todos eles, re-fletem uma sociedade de homens e mu-lheres que é a sociedade dos marginaliza-dos, dos que se encontram à margem do sistema. São textos muito duros, muito

violentos, embora este esteja escrito como se fosse um poema. Todos os textos do Ta-rantino têm a ver com esta postura para com a sociedade e para com os que mais sofrem, os que mais marginalizados são.

Ou seja, um enquadramento perfeito naquilo que a Bruxa Teatro tem andado a fazer nestes dez anos?

Nada, nada. Não foi com esse âmbito que o fizemos mas passado este tempo da estreia e tão próximo que estamos do fim do ano, é curioso como este texto fala da morte e de repente estamos também a falar da morte de alguma coisa. É quase uma metáfora. À morte do filho parece que há quase uma outra morte anuncia-da que é o de a Bruxa Teatro que se encon-tra numa situação profundamente dra-mática, à semelhança de outros projetos em Évora. Uma situação perfeitamente dramática, desgastada, revoltada. Não é forçosa esta leitura mas é uma ilação que retiro.

E da qual se conclui que os dez anos não são propriamente uma data que apeteça festejar?

Não é, de todo, um tempo que apetece festejar.

O futuro de a Bruxa está ameaçado?Completamente. Inauguramos no sá-

bado a exposição dos dez anos no Grupo Pro Évora e a verdade é que quem tem grandes responsabilidades pela cultura na cidade não apareceu … para já não falar noutro tipo de pessoas cuja prática

em comemorações pelos seus 10 Anos, a bruxa teatro apresenta “Vésperas da Virgem Santíssima”, texto de Antonio tarantino e tradução de tereza bento. Com Figueira Cid, direcção de José neves, assistência de encenação de Mirró Pereira, sonoplastia de Pedro Costa, desenho de luz de Feliciano branco, cenografia e figurino de Pedro Fazenda.A peça estreia dia 13. Mas pode ser a última de a bruxa teatro. em entrevista ao registo, Figueira Cid diz que o futuro da companhia está ameaçado por falta de financiamento.

não corresponde à doutrina, antes pelo contrário. Não apareceu ninguém da au-tarquia, ninguém. Se somarmos isso às dí-vidas em atraso desde 2009 – 2010 não pa-gam nada apesar dos investimentos que toda a gente fez, 2011 não foi pago ainda, 2012 está a chegar ao fim – e aos resulta-dos da proposta do júri [para atribuição de subsídio municipal] que saiu agora e é absolutamente escandalosa …

Face a isso?Por muito otimismo que se tenha o fu-

turo de a Bruxa – e de outras companhias – está ameaçado, corremos o risco de en-cerrar. Por falta de financiamento este ano, que não permitiu que o segundo e o terceiro espetáculo que tínhamos previs-to fossem feitos. Houve anos em que fize-mos cinco trabalhos. As coisas estão tão difíceis, tão estranhas, que não consegui-mos cumprir o que estava acordado com a Direção Geral das Artes, que era pelo me-nos mais um espetáculo. Além disso, não havendo financiamento real por parte do município, a Direção Geral das Artes dirá que não nos pode financiar a 100 por cen-to, como é óbvio.

Restará o quê?Manter a porta aberta não para produ-

zir coisas novas, coisas nossas, mas para aqui acolher quem aqui quiser fazer es-petáculos o que, de resto, tem acontecido sempre ao longo dos anos.

E com que sentimento, numa cidade que se diz de cultura?

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agentes culturais, e fazê-lo por 30 agentes culturais metendo tudo no mesmo saco ... não pode!

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Mirró Pereira *

É um filho que morre e um pai que lida com a sua morte. É um filho que chama pelo pai e um pai que corre sempre em seu socorro, como fazem os pais. É assim que tem de ser, não é? Mesmo além da morte.Em “Vésperas da Virgem Santíssima” há um jogo “quase-cómico-nunca-sempre-trágico-cómico”, num monólogo em volátil estado, no qual o pai discorre histórias familiares – estreitamente re-lacionadas com o filho, um travesti de rua - perdido nos tempos, repetindo ver-bos, falando no passado como se presen-te fosse, falando de um futuro (talvez ele seja ainda possível?), remetendo para

hoje as acções de ontem. Entre vícios, manias, insanidades, as várias vozes destes episódios – do filho, da insupor-tável mãe – saem em catadupa da boca única do pai, com a urgência de quem tem tanto para dizer ao filho. E já não há tempo. Por isso, uma linguagem intensamen-te oral cria imagens sucessivas, caixas dentro de caixas e é preciso não perder o fio à meada, como acontece nos pen-samentos. Crime, prostituição, doença, suicídio, contas para pagar. E amor, in-condicional, tolerância, muita. Cabe tudo. Cabe a memória enfiada numa espera que parece não ter fim.

* Assistente de encenação

Quase sinopse de uma conversa interior

Se desaparecer não creio que as pessoas vão protestar junto da autarquia, se aca-bar acaba.

Em todo o caso o fim de uma compa-nhia, por estas razões, é algo que, e assumo eu as palavras, deveria enver-gonhar quem tem responsabilidade de gestão na autarquia.

Claro que deveria, sem dúvida. Uma coisa é não ter dinheiro, outra é não o ter e o pouco que existe sem mal distribuído. Não se pode ter 150 mil euros, que é o di-nheiro que a autarquia tem este ano para distribuir pelos agentes culturais, e fazê-lo por 30 agentes culturais metendo tudo no mesmo saco ... não pode! A verdade é que dando 6 mil à Bruxa Teatro estão a acabar connosco, de forma deliberada.

Haveria que definir prioridades?Primeiro deveria ser garantida a sus-

tentabilidade daqueles que vivem do te-atro, da música … dos profissionais do se-tor. Ou seja, cabimentar uma verba para os profissionais e outra para as restantes associações, que respeito e admiro. Ou seja, separar o trigo do joio.

Já para aí vi uma lista e até há alguns que nem conheço.

Também não conheço algumas coisas mas acredito que existam e façam um bom trabalho, seja como for não quero pôr isso em causa.

A Câmara de Évora demitiu-se de ter uma política cultural?

Demitiu e não foi agora. Para dar um exemplo dessa demissão, do disparate, da incapacidade e da incompetência … este espaço que temos aqui, que é um barra-cão, foi valorizado pela autarquia em 7 euros por metro quadrado o que equivale a cerca de 15 mil euros por ano. Este valor por metro quadrado é exatamente o mes-mo que é atribuído ao Garcia de Resende ou a outros espaços da cidade, como o Convento dos Remédios. Por proposta do júri foi-nos atribuído este ano 6 mil euros, mais os 15 mil euros relativos ao espaço. É humilhante!

E houve investimento de a Bruxa neste espaço, neste barracão como dizes?

Foram muitos milhares de euros ao lon-go dos anos, do meu bolso, que a Câmara nem quer saber. Valorizar este espaço ao mesmo nível de outros é completamente inqualificável. E dizer que isso faz parte de um apoio é indigno, não faz sentido … que fizesse parte do apoio mas não o retirasse. Dantes não era assim. Até 2009 tínhamos o apoio de 25 mil euros e o es-paço. Isto não tem nada a ver com a crise nem com a falta de dinheiro, não é razoá-vel que as associações possam ser vítimas dessa forma de apoio.

Se não houver uma inflexão, uma mu-dança da política autárquica, e pelos vistos não vai haver, a cidade corre o risco de este ser o último espetáculo de a Bruxa?

Corre. Infelizmente é verdade, pode ser mesmo o nosso último espetáculo.

Diz-se? É um sentimento de revolta, de angústia, não faz sentido! É pena que de-pois de este tempo todo as coisas tenham de chegar a este ponto e não foi por má gestão, isso posso afiançar que não foi. Não foi por razões estéticas, de escolha de repertório, pois temos bastante público que gosta do que propomos …

O problema foram os compromissos assumidos e não foram cumpridos?

Isso mais a falta de estratégia político-cultural … não vamos atribuir culpa a ninguém, a culpa é nossa porque nos me-temos nesta aventura de criar uma estru-tura diferente, sui generis, em Évora, sem entrar em concorrência com ninguém, sem entrar em conflitos institucionais ou de financiamento, proporcionar ao público outras formas de ver teatro, ou-tros textos, outra forma estética de o fazer. Évora terá ganho alguma coisa com isto.

D.R

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exposição - “A brincar também se aprende”, organizada pelo Agrupamento de escolas e o Município de Avis.

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Novo website da Alentejo de Excelência já lançado

A Alentejo de Excelência lançou, no pas-sado dia 7 de Setembro, o seu novo websi-te institucional – acessível, no endereço de sempre, em www.alentejodeexcelen-cia.com. Num evento realizado na espla-nada Páteo, em Évora, em parceria com o jornal Registo, e perante algumas de-zenas de convidados, foi apresentada a nova imagem da associação na internet.

Tendo em conta a antiguidade da an-terior plataforma, decidiu-se pela per-tinência de uma página web, que evi-denciasse a visão global da associação e o seu leque de actividades. Desde as conferências Fórum Alentejo, às acções de promoção do empreendedorismo e da empregabilidade (EmpreendAlentejo) e aos projectos solidários (DAR Alentejo), os vários modelos de actuação regional estão aqui descritos.

Segundo Carlos Sezões, presidente da Associação Alentejo de Excelência, “numa nova fase da vida da associação,

Sezões refere que este é o tempo de uma nova fase da Associação

pretende-se uma maior capacidade de interacção com todos os alentejanos e alentejanas, partilhando o debate e o

conhecimento gerado pelas nossas acti-vidades”.

Encontra-se a decorrer, até ao próximo dia 14 de Setembro, na Biblioteca Mu-nicipal de Avis, a Exposição “A brincar também se aprende”, organizada pelo Agrupamento Vertical de Escolas do Concelho de Avis com o apoio do Mu-nicípio de Avis.

A mostra, da autoria dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico, inaugurada no passado mês de Junho, na EB 2,3 Mestre de Avis, apresenta-se agora, em versão itinerante, naquele espaço cultural, reunindo ali um conjunto de “brinquedos” provenientes de diferen-tes inspirações, formas de expressão plástica e materiais utilizados.

De madeira, de cortiça, de esferovite, passando pela corda, pelo alumínio ou pelo plástico, a representação destas pe-ças, resgatadas da tradição e imaginadas para reinventar a utilização de materiais recicláveis, cumpre o objetivo de de-monstrar quão importante é a “brinca-deira” no contexto da aprendizagem, do conhecimento, do fazer e, sobretudo, do ser, do estímulo à curiosidade, à autocon-fiança e à autonomia, assim como ao de-senvolvimento da linguagem, do pensa-mento e da concentração dos indivíduos.

“A brincar também se aprende”

Avis

D.R.

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Radarno brasil José Alberto Ferreira da Colecção b fala numa conferência sobre o Festival escrita na Paisagem.

Xª Edição do Portalegre JazzFest repleta de novidades

Portalegre apresenta a Xª Edição do Fes-tival Internacional de Jazz de Portalegre (Portalegre JazzFest) de 27 a 29 de Setem-bro. Para comemorar uma década de existência o Festival oferece algumas novidades como a descentralização do espaço, decorrendo concertos no Centro de Artes do Espetáculo de Portalegre (CAEP), na Praça da Republica e no Jar-dim do Tarro.

A Edição deste ano do Portalegre Ja-zzFest pretende ir de encontro ao modelo do primeiro ano (2003), levando música a diversos locais da cidade. A grande novi-dade para este ano são as gravações dos concertos realizados no Grande Auditó-rio do CAEP, para posterior edição e ven-da a nível mundial pela editora Clean Feed, parceira neste evento.

No dia de abertura do Festival In-ternacional de Jazz de Portalegre pode ouvir-se no Grande Auditório do CAEP os Lama, projeto português que contará com um convidado especial, Chris Spe-ed, saxofonista e clarinetista norte-ame-ricano. No espaço do café-concerto, o “afterhours” será dedicado à Clean Feed

Concertos ao ar livre e ed-ição em CD tornam este evento ainda mais único

DJ Party.No dia 28 de Setembro, sobe ao palco

do CAEP Carlos Bica, no contrabaixo, acompanhado de João Paulo ao piano. Para encerrar o ciclo de concertos no Grande Auditório, no sábado atua Harris

Eisenstadt September trio, projeto de Ei-senstadt com o saxofonista tenor Ellery Eskelin e a pianista Angelica Sanchez.

Os espetáculos “afterhours” cabem a Jonas Kullhammar, acompanhado por Aspen Aalberg e Torbjorn Zetterberg, nos

Colecção B apresenta-se no Brasil

A convite da UNESP, a Colecção B, Asso-ciação Cultural participa em Três poéticas Dissonantes - Escultura Portuguesa Con-temporânea uma exposição dedicada a 3 artistas plásticos com trabalho na área da cerâmica contemporânea: Noémia Cruz, Ricardo Casimiro e Virgínia Fróis. Esta ex-posição, a decorrer de 10 de Setembro a 8 de Outubro de 2012, na Galeria do Institu-to de Artes da UNESP, sob a curadoria da Prof. Doutora Lalada Dalglish (UNESP; São Paulo, Brasil), integra os eventos em Comemoração ao Ano de Portugal no Brasil 2012, que ocorrerão paralelamente à 30ª Bienal de Artes de São Paulo.

Para os três artistas, trata-se de encon-trar um contexto a partir do qual têm a oportunidade de interpelar realidades mais abrangentes e ser desafiados por novos públicos, mesmo quando a criação encontra raízes nas especificidades do local. Aliando tradição e modernidade e empreendendo vários planos de diálogo entre realidades culturais distintas (as contaminações entre os fazeres tradicio-

três poéticas Dissonantes - escultura Portuguesa Con-temporânea, com noémia Cruz, ricardo Casimiro e Virgínia Frois

nais e as leituras informadas por estéti-cas e questionamentos contemporâneos, a exposição promove uma leitura pro-funda da diversidade de vias da criação portuguesa contemporânea em escultura cerâmica, potenciando diálogos e permi-tindo estabelecer pontes entre realidades aparentemente distantes.

É o caso da criação plástica de Noémia Cruz, produzida no âmbito do Festival Escrita na Paisagem, e reflectindo que a criação contemporânea mergulha as suas raízes nas tradições, sem com isso perder a dimensão universal que lhe garante legi-bilidade na cena global. Concebida em di-álogo com a tradição e inscrevendo nelas plenamente a sua modernidade, as obras de Noémia Cruz reunidas sob o título ‘os meus bonecos’ interpelam fortemente re-

alidades contemporâneas (género e iden-tidade, corpo e sexualidade, análise de papéis sociais e a representação da mu-lher, etc.) servidas por uma gramática si-multaneamente tradicional e disruptiva.

Com as devidas alterações, o mesmo pode dizer-se da obra de Ricardo Casimi-ro, cuja materialidade plástica convoca o espectador para um universo de trans-gressão e derisão, marcado por referências transversais à alteridade do monstruoso e à sedução das figuras, dos materiais e das texturas.

Por fim, a escultura de Virgínia Fróis cruza ainda um território distinto, já que se desdobra pelas práticas de ensino e que a criação a apresentar se declina no sis-tema mais caro às aprendizagens artísti-cas, o convívio e a troca de experiências e

pontos de vista entre artistas no estúdio, sistema em que as peças de Virgínia Fróis a exibir serão criadas.

Seminário Internacional .A Escultu-ra Portuguesa. Sentido e Significação na Arte de Portugal.

Ainda no âmbito das comemorações do Ano de Portugal no Brasil, o Curso de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Artes da UNESP - Universidade Estadual Pau-lista/SP/Brasil,realiza Seminário Interna-cional .A Escultura Portuguesa. Sentido e Significação na Arte de Portugal. Este en-contro que conta com o apoio do Conse-lho de Curso de Artes Visuais e Programa de Pós- Graduação em Artes do Instituto de Artes da UNESP/SP em parceria com a Faculdade de Belas Artes da Universi-dade de Lisboa, Portugal e com a coorde-nação Geral da Prof. Dra. Lalada Dalglish, objetiva mostrar, no Brasil, a escultura contemporânea produzida em Portugal, a pesquisa em arte proveniente de univer-sidades portuguesas, assim como a crítica de arte resultante destas pesquisas.

No próximo dia 13 de Setembro, pelas 9:15h, José Alberto Ferreira, director do Festival Escrita na Paisagem, irá minis-trar a palestra Escrita na paisagem, pai-sagens descritas: a escultura no território, num encontro protagonizado pela troca de experiências entre alunos da UNESP e investigadores da área.

dois concertos que decorrem nos dias 28 e 29 na Praça da Republica e no Jardim da Avenida da Liberdade, respetivamen-te.

Nesta edição do Portalegre JazzFest, e seguindo a aposta do ano passado, serão oferecidos CD’s de Jazz da editora Clean Feed, à escolha do espectador na compra de entradas para o festival: 1 CD por cada entrada e 3 CD’s a quem comprar um Li-vre Transito.

Este ano comemorativo conta ainda com as tradicionais Feiras do Disco e a Mostra de produtos regionais no Foyer do CAEP.

Para Adelaide Teixeira, Presidente da Câmara de Portalegre, “Esta é mais uma edição surpreendente, cheia de novida-des e de artistas de renome deste género musical. A cidade conta já com 10 anos do Portalegre JazzFest e procura a cada ano investir ainda mais na qualidade dos concertos que apresenta ao público. Estamos todos de parabéns, quer as pes-soas que trabalham arduamente para fa-zer acontecer este Festival, como o públi-co em geral, pois só com a presença deles é que conseguimos dar nome ao evento e recebermos o reconhecimento a nível mundial que temos tido.

Temos a certeza que vai ser mais um ano de sucesso.”

D.R.

D.R.

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12 13 Setembro ‘12

Fundação comemora o Vi Dia robinson e o i Ano da abertura do núcleo da igreja do Convento de S. Francisco.

Radar

A Bíblia menciona a existência dum po-deroso monstro que é um dos sete prínci-pes do Inferno, que designa como “Levia-tã”. Por sua vez, no século XVII, o filósofo inglês Thomas Hobbes fez da imagem do Leviatã o símbolo do poder absoluto do Estado sobre (e contra) a sociedade.

O seu livro exprimia a nova relação entre Estado e “sociedade civil” com o absolutismo, e serviu de cartilha filosó-fica para a afirmação do Estado Moder-no. Este novo tipo de Estado é, segundo Hobbes, semelhante a um monstro que, embora nascido na sociedade, a ela se impõe do exterior.

O longo e incerto processo que conduz das monarquias absolutas às democra-cias contemporâneas assiste, a partir de 1917, à formação dum novo tipo de Esta-do, “socialista” e soviético.

Neste, enquanto as instituições pre-tendem suprimir a contradição principal característica do sistema capitalista (que opõe o Trabalho e o Capital), surge uma realidade na qual, sendo o Estado o úni-co capitalista em nome dos trabalhado-res e da sociedade em geral, se cria uma nova classe social, a burocracia socialis-ta, a “Nomenklatura”.

Esta é detentora, não dos “meios de produção”, que são propriedade do Es-tado, mas do poder efectivo sobre esses meios. O poder económico que detém é total e exclusivo e associado a um poder político igualmente absoluto.

É a esta nova forma de organização po-lítica que o sociólogo francês Pierre Na-ville identificará como o “novo Leviatã”. A classe burguesa exercia a sua domina-ção económica por ser possuidora do ca-pital, mas tinha sido forçada a aceitar a mediação das instituições democráticas.

O Leviatã de Hobbes, estava agrilhoa-do pela democracia, por mais imperfeita que esta fosse. Naville mostra que pode surgir um novo rosto do monstro que retira o seu poder maléfico da concen-tração da propriedade do Capital no Es-tado e da formação duma classe política – a burocracia “socialista soviética” que açambarca todo o poder e retira radical-mente a autonomia à sociedade civil.

Assistimos agora à emergência dum fenómeno análogo no seio do sistema capitalista: uma classe política “extracti-va” que enriquece graças ao controlo das instituições estatais.

José Rodrigues dos SantosAntropólogo, Academia Militar e CIDEHUS,

Universidade de Évora09 de Setembro 2012

[email protected]

Um olhar antropológico

O antigo e o novo Leviatã - 1

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JoSÉ roDriGueS DoS SAntoS*Antropólogo

Portalegre Comemora Dia da Fundação Robinson

A Fundação Robinson comemora a 17 de Setembro o VI Dia Robinson e o I Ano da abertura do Núcleo da Igreja do Convento de São Francisco do Mu-seu Robinson, com atividades culturais gratuitas destinadas à população: Ex-posições, Conferências e um Concerto da Orquestra do Norte, dirigida pelo Maestro António Vitorino d’Almeida.

O Dia Robinson assinala a data do nascimento do conhecido industrial corticeiro, George Wheelhouse Robin-son (1857-1932) que administrou duran-te mais de 30 anos a Fábrica Robinson e impulsionou o mercado da cortiça na região e no mundo.

Para iniciar as comemorações será inaugurada às 15h00, no Núcleo da Igreja do Convento São Francisco, a Ex-posição “Gigantes Enterrados”, de Fran-cisco Ladeira, centrada na poesia de José Régio.

Este verão, a Fundação Robinson lan-çou o desafio de se olhar o Espaço Ro-binson a partir de realidades distintas e enquanto espaço de criação artística contemporânea. Neste sentido, será feita a apresentação pública do Projeto Conviver na Arte | Campo de Estudo de Fotografia, pelas 16h00, no Centro de Arte e Espetáculos de Portalegre. No âmbito deste trabalho seguir-se-á a Conferência “Lisboa mudou muito. A construção da memória da cidade através das imagens” por Carlos Vargas,

exposições, Conferências e um Concerto pela orques-tra do norte, dirigida pelo Maestro António Vitorino d’Almeida.

VIII Bienal de Artes Plásticas (Pintura e Escultura)Esta iniciativa, que vai estar patente ao público de 22 Setembro até 21 de Outubro, no átrio da Câmara Municipal, no Posto de Turismo, no Centro Multifacetado, no salão Junta de Freguesia e na antiga Esco-la Profissional Fialho de Almeida, conta com a participação de mais de 100 artistas nacionais e internacionais (Argentina, Brasil, Espanha e Japão) e cerca de 270 obras a concurso.

A VIII Bienal de Artes Plásticas de Vi-digueira pretende promover a atividade artística e tem o apoio da Junta de Fregue-sia de Vidigueira e o patrocínio do Crédito Agrícola e do Jornal Correio da Manhã.

Os temas e técnicas de execução são livres e cada artista pode apresentar, no máximo, dois trabalhos executados re-centemente (datados a partir de 2010) e não premiados noutros concursos. Serão atribuídos quatro prémios nas categorias de pintura e/ou escultura. Esta edição apresenta como novidade o prémio “Sa-lão das Artes” e o prémio especial para o trabalho mais arrojado e inovador.

atual Diretor do Teatro Nacional D. Ma-ria II.

Posteriormente, será exibida a versão final do documentário “A ideia nunca abala” do Antropólogo e Realizador Jor-ge Murteira, no Grande Auditório do Centro de Artes e Espetáculo.

Para terminar este dia de uma for-ma especial, terá lugar, no âmbito do Festival Grande Orquestra de Verão, o Concerto da Orquestra do Norte, pe-las 21h30, no espaço requalificado das Abóbadas, no recinto da antiga Fábrica de cortiça.

Para Adelaide Teixeira, Presidente da Câmara Municipal de Portalegre e Pre-

sidente do Conselho de Curadores, “O Dia Robinson é um dia muito especial para Portalegre, e este ano é duplamen-te comemorado com o I ano do Núcleo da Igreja de São Francisco. É uma hon-ra para a cidade ter tido uma Fábrica Corticeira que levou o nosso nome aos quatro cantos do mundo e atualmente podermos ter um espaço capaz de gerir o património arquitetónico e industrial da mesma, e que se está a transformar num espaço cultural de renome.”

A Fundação Robinson convida toda a população a estar presente nas co-memorações deste dia tão significativo para a nossa cidade.”

D.R.

D.R.

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Amieira Marina recebeu no passado Domingo, dia 9, mais uma prova de natação de águas abertas.

Radar

Depois de encerrado o Torneio de Fu-tebol Taça Amizade, prova que se dis-tingue por ser a primeira modalidade a integrar os programas da iniciativa Se-tembro é Desporto, levada a cabo pela autarquia portelense, este ano a vitória do Grupo Desportivo de Monte do Tri-go, foi a vez de se dar destaque a outra modalidade. Desta feita a natação foi rainha e o local escolhido foi a Amiei-ra Marina

A Amieira Marina, local bem aco-lhedor e de uma arquitectura bem integrada junto à margem do Grande Lado de Alqueva, recebeu no passado Domingo, dia 9, mais uma prova de na-tação de águas abertas. Pela 6ª vez con-secutiva, a Prova de Natação de Águas Abertas de Alqueva integrou a agenda da iniciativa da Câmara Municipal de Portel, “Setembro é Desporto, com a colaboração organizativa por parte da Associação de Natação do Alentejo (Analentejo).

Marina de Amieira recebeu VI Prova de águas abertas do grande lago de alquevaPortel aposta forte no des-porto com a iniciativa Se-tembro é Desporto

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Esta prova marca já o calendário dos atletas da modalidade, sobretudo do sul do país e nesta edição os inscritos ultra-

passaram os 160 participantes, o que ilus-tra bem a importância e sobretudo o nível competitivo que esta prova representa

no panorama nacional, mas não só, uma vez que este ano contaram com uma forte participação de atletas oriundos da vizi-nha Espanha.

A natação em águas abertas ganha de ano para ano mais adeptos da modalida-de e o local e as condições que a Amiei-ra Marina proporcionam, são factores que ajudam a que a autarquia de Portel desenvolva vários esforços no sentido de incentivar a prática de desportos náuticos nesta área do concelho.

Desde os mais novos aos mais idosos, entre femininos e masculinos, as provas decorreram nas categorias de 400m, 1500 e 5000m e distinguiram-se os seguintes atletas:Francisco Garcia Diaz – 5000m Geral MistaIvo André Lopes – 1500m Federados Mas-culinosMaria Clara Marques – 1500m Federados FemininosBruno Matos Ruas - 1500m Não Federados MasculinosAna Sara Oliveira - 1500m Não Federados FemininosJoão Silvério Duarte – 400m MasculinosAna Filipa Costa – 400m Femininos

D.R.

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14 13 Setembro ‘12 Anuncie no seu jornal REGISTOtodos os anuncios classificados de venda, compra, trespasse, arrendamento ou emprego, serão publicados gratuitamente nesta página

(à excepção dos módulos). basta enviar uma mensagem com o seu classificado para o Mail.: [email protected]ÁRIO

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alugo quarto duplo – a estudante em vivenda no Bacelo, 250€ com despe-sas incluídas. ContaCto: 960041500

alugo sotão 80m2 – vi-venda no Bacelo com 1 quar-to,1 sala, casa de banho e ser-ventia de cozinha. ContaCto: 960041500

arrenda-se – Armazéns com áreas a partir de 80m2 até 300m2 com escritórios, wc’s e vestuários. Estrada do Bacelo para os Canaviais ContaCto: 964052871

trespassa-se Café Res-taurante, com 40 lugares sentados, remodelado re-centemente, a funcionar com refeições e petiscos varia-dos, Bom preço, ContaCto 915188755.

arrenda-se um estudio/ apartamento t0 no centro, mobilado com um frigorífico,

micro-ondas, placa para co-zinhar, lava-louça, Roupeiro, Cabine de Duche “Hidromas-sagem”, WC, cama simples individual, 1 mesa, 2 cadeiras, localizado no Centro Renda 175,--/mês. Caução: duas ren-das. Reguengos de Monsaraz tm 96 01 222 66 ou e-mail: [email protected]

Vendo andar, T3, boas áreas, Horta das Figueiras em Évora, bem localizado, gás naturas, 105.000€. tm 964426509 ou [email protected]

aluga-se armazém no cen-tro histórico, 50 m2 em rua c/ circulação automovel. A 100 m da Praça do Giraldo, e Mer-cado 1º de Maio. ContaCto: 965805596

Vende-se t2 horta das figuei-ras, Cozinha equipada com gás natural, sala com recuperador de calor, AC, quartos amplos corticite, perto Supermerca-dos, Hospital, Praça do Giraldo, Escola Primária, Creche. Con-taCto 963689494

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Page 16: Registo ed222

SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 751 179 Fax 266 751 179Email [email protected]

A exposição de pintura “Pop up & Déjà vu”, do artista holandês Eric de Bruijn, está patente até ao dia 28 de outubro na Igreja de San-tiago, na vila medieval de Mon-saraz. A mostra está integrada no ciclo de exposições Monsaraz Museu Aberto e pode ser aprecia-da todos os dias entre as 10h e as 12h30 e das 14h às 18h.

O trabalho de Eric de Bruijn pode ser descrito como lírico, abstrato e figurativo. O artista já expôs na Black Gallery Amsterdam (Holanda), Mu-seum Heidelberg (Alemanha), Ar-titude (Espanha) e Miami Art Fair (Estados Unidos da América). Em Portugal regista-se a sua presença numa mostra em Almancil e agora em Monsaraz.

Eric de Bruijn trabalhou como pin-tor, designer e artista plástico, tendo partilhado estúdios com vários pin-tores, entre os quais Saad Ali, Baldin, Denny Jacobs e Quintijn van Eijk. O

artista participou também em proje-tos ligados ao teatro e colaborou na edição de livros de poesia com can-tores famosos holandeses, tais como Frank Broeijen e Stef Bos.

Eric de Bruijn apresenta em Mon-saraz a exposição “Pop up & Déjà vu”. Para o pintor, “Pop up” é “uma apa-rente indefinição, vulgar momento, um cheiro, uma cor, um breve encontro que se observa numa in-teligência subconsciente. Imagens de sedução, emoção, memória e ex-petativa capturadas num esboço”. Eric de Bruijn descreve “Déjà vu” como “incontáveis são os olhos que já dececionei e usei. Eu estava lá por ti no vazio da paisagem sob o azul da noite. Ali, ao longo da estrada, eu era o teu marco, o teu guia. Dei-te a orientação e a esperança, aparente-mente infinita. A minha expetativa transformou-se em essência, em matéria. O ciclo está completo, um novo começo”.

Inspiração:Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.O ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo.Os assuntos que julgámos mais profundos, mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis, trans-formam-se devagar em tempo.Por si só, o tempo não é nada.A idade de nada é nada.A eternidade não existe.No entanto, a eternidade existe.

Os instantes dos teus olhos para-dos sobre mim eram eternos.Os instantes do teu sorriso eram eternos.Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.Foste eterna até ao fim.

José Luís Peixoto

Évora

Conferência “Reflexos do MundoA faiança portuguesa no século XVII”, na Galeria da Casa de BurgosNa próxima quarta-feira, dia 19 de setembro, às 18h00, terá lugar na Galeria da Casa de Burgos, em Évora, a conferência “Reflexos do Mundo. A faiança portu-guesa no século XVII”, pro-ferida pelo Dr. Alexandre Pais, Técnico Superior do Museu Nacional do Azule-jo, especialista em faiança portuguesa. Organizada pela Direção Regional de Cultura do Alentejo, a conferência realiza-se no âmbito da exposição “A Azul e Branco – Cerâmica Seiscentista Portuguesa da Coleção do Museu de Évora”, que apresenta o núcleo de faiança seis-centista representativo da tendência oriental da cerâmica realizada nas oficinas de Lisboa, parte do qual integrava a coleção do arcebispo de Évora, D. Frei Manuel do Cenáculo. A exposição poderá ser visitada até ao dia em que se realiza a conferência, 19 de setembro.

Pintor holandês Eric de Bruijn apresenta exposição “Pop up & Déjà vu” na vila medieval de Monsaraz

Cultura

D.R.

A mostra está integrada no ciclo de exposições Monsaraz Museu Aberto

Chega setembro e com ele a cen-tenária Feira D’Aires, organizada pela Câmara Municipal de Viana do Alentejo em parceria com a Junta de Freguesia local.De 21 a 24 de setembro Viana do Alentejo recebe mais uma edição do certame que comemora 261 anos. Com o passar dos anos, para além da feira franca o certame ganhou uma mostra económica e muita animação, sem nunca perder o caráter religioso que lhe deu origem.Nesta edição participam ex-positores de diversos sectores de atividade – artesanato, serviços, decoração, entre outros. Ao lado do pavilhão dedicado às ativi-dades económicas, fica a tenda da gastronomia que inclui res-taurantes, tasquinhas e venda de produtos tradicionais como os enchidos, queijos e doçaria.Em termos musicais, pela tenda dos espetáculos vão passar nomes como os de João Seilá & Mariana Domingues, dia 21, Freddy Locks, dia 22, às 21h30 e, Carminho, dia 24, às 22h00. No domingo, o de-staque vai para o III Festival de Folclore Feira D’Aires, às 18h00. Haverá ainda Cante da Terra e Cante Vizinho, Tunas, dança, Cor-rida de Touros e garraiada.

Feira D’Aires 2012

Viana do Alentejo

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