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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 15 de Dezembro de 2014| ed. 257 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 03 40º Congresso da APAVT Sustentabilidade no turismo debatida em Évora 40º Congresso da APAVT Sustentabilidade no turismo debatida em Évora Crowd- Recycling arranca em Évora PÁG.07 «A página web Crowd- Re- cycling é lançada públicamente com a ediçao deste jornal. É feita pela in- vestigadora do CIDEHUS (Univ. de Évora) e doutorada pela Univ. Com- plutense de Madrid, Maria Zozaya. Crowd- Recycling, propõe difundir a reutilização de objectos, e dá mui- ta importância às “acções de cada dia” que contribuem para a mudan- ça de habitos. É claro como a água que abraça Sines… PÁG.04 …que as titubeantes “tomadas de decisão” pró, e as assumidas posições contra, ou pouco favoráveis à ligação ferroviária Évo- ra - Caia, apresentam saldo positivo para estas últimas. Têm, e é lamentável que assim seja, quaisquer que sejam os argumentos keynesia- nos, políticos ou outros que se esgrimam para atenuar os efeitos positivos de tal ligação, um efeito de entorpecimento que mais acentua o nosso tão peculiar alheamento das coisas gran- des que julgamos não nos interessarem. Monsaraz com presépio de rua PÁG.14 A vila medieval de Monsa- raz apresenta pela décima quinta vez consecutiva o presépio de rua com figuras em tamanho real. Na inaugu- ração, que se realizou no passado do- mingo, dia 7 ouviu-se o Cante Alente- jano, classificado recentemente como Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, através das vozes dos can- tadores do Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz. Gestão - Aulas abertas na UÉvora PÁG.10 Realizou-se mais uma aula aberta de Gestão na Universidade de Évora. Lem- bro que se trata de uma iniciativa do De- partamento de Gestão da Escola de Ciências Sociais que consiste na realização de con- ferências com personalidades convidadas para apresentação do seu testemunho de vida profissional, abertas à participação da comunidade, com o objectivo de promover a qualidade da formação em GESTÃO dos alunos da Universidade de Évora. D.R. PUB

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Edição 257 do Semanário Registo

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SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 15 de Dezembro de 2014| ed. 257 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

0340º Congresso da APAVTSustentabilidade no turismo debatida em Évora40º Congresso da APAVTSustentabilidade no turismo debatida em Évora

Crowd- Recycling arranca em ÉvoraPÁG.07 «A página web Crowd- Re-cycling é lançada públicamente com a ediçao deste jornal. É feita pela in-vestigadora do CIDEHUS (Univ. de Évora) e doutorada pela Univ. Com-plutense de Madrid, Maria Zozaya. Crowd- Recycling, propõe difundir a reutilização de objectos, e dá mui-ta importância às “acções de cada dia” que contribuem para a mudan-ça de habitos.

É claro como a água que abraça Sines…PÁG.04 …que as titubeantes “tomadas de decisão” pró, e as assumidas posições contra, ou pouco favoráveis à ligação ferroviária Évo-ra - Caia, apresentam saldo positivo para estas últimas. Têm, e é lamentável que assim seja, quaisquer que sejam os argumentos keynesia-nos, políticos ou outros que se esgrimam para atenuar os efeitos positivos de tal ligação, um efeito de entorpecimento que mais acentua o nosso tão peculiar alheamento das coisas gran-des que julgamos não nos interessarem.

Monsaraz com presépio de rua PÁG.14 A vila medieval de Monsa-raz apresenta pela décima quinta vez consecutiva o presépio de rua com figuras em tamanho real. Na inaugu-ração, que se realizou no passado do-mingo, dia 7 ouviu-se o Cante Alente-jano, classificado recentemente como Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, através das vozes dos can-tadores do Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz.

Gestão - Aulas abertas na UÉvoraPÁG.10 Realizou-se mais uma aula aberta de Gestão na Universidade de Évora. Lem-bro que se trata de uma iniciativa do De-partamento de Gestão da Escola de Ciências Sociais que consiste na realização de con-ferências com personalidades convidadas para apresentação do seu testemunho de vida profissional, abertas à participação da comunidade, com o objectivo de promover a qualidade da formação em GESTÃO dos alunos da Universidade de Évora.

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Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected])

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 750 140 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento

Comercial [email protected] Redacção Pedro Galego, Rute Marques Fotografia Luís Pardal (editor), Rute Bandeira Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Colaboradores António

Serrano; Miguel Sampaio; Luís Pedro Dargent: Carlos Sezões; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A.

| www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional Periodicidade Semanal/Quinta-

Feira Nº.Depósito Legal 291523/09 Distribuição PUBLICREATIVE

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

A Abrir

Silva Peneda deu uma conferência. Pelo meio de af irmações de independência e de ter um estatuto que lhe permite não cair na tentação de agradar a qualquer plateia foi debitando aquilo que toda a gente sabe, pela leitura de indicadores estatísticos publicados.

Falou sobre o dramático problema do desemprego, referiu a desesperança como sendo o factor mais preocupante a registar af irmando que “quando se per-de a conf iança em nós próprios já não há mais nada a perder”.

Registou com preocupação a eleva-díssima percentagem de pobres e teceu considerações sobre a importância das políticas públicas e do escrutínio per-manente por par te dos poderes públicos sobre a actividade da economia para que se evitem situações como a que aconte-ceu com o BES.

Até aqui tudo parecer mais ou menos óbvio e cer teiro.

No entanto o presidente do Conselho Económico e Social arriscou uma af ir-mação que deveria ter merecido da sua par te um outro aprofundamento.

Tudo baralhadoEDUARDO LUCIANO

O surgimento de d iversos casos ju r í-d ico-mediát icos nos ú lt imos 3 anos, cujo expoente máximo é assumido pe-los act uais processos de José Sócrates e do Banco Espí r ito Santo, veio t razer a Just iça para o topo da d iscussão pú-bl ica em Por t ugal.

Tal é per feit amente compreensível. Durante décadas, v iveu-se uma sen-sação social de “brandos cost umes”, da pouca impor tância das nor mas e da consequente impunidade de quem as não cumpre.

Is to obviamente, condimentado com a nossa “lat in idade” e suas caracte -r ís t icas cult u rais , de que se destacam uma excessiva reverência pelas h ie -ra rquias (i .e., a par t i r de cer to st a-t us , obtém-se a imunidade), um cer-to sent ido colect iv ist a (no sent ido de protecção daqueles que são “do nosso g r upo”) e de um cer to “à vontade” na infor mal idade, no cl ientel ismo e na gestão das inf luências.

Is to era ev idente em qualquer d i-mensão da nossa v ida social: a “cunha” para o pr imei ro emprego, a faci l it ação de uma adjudicação ou cont rato de for necimento, a promoção de um gestor pela conf iança / amiza-de pessoal em det r imento do mér ito.

Sociedade da TransparênciaCARLOS SEZÕESGestor

Nat uralmente que a f rontei ra ent re a ét ica e a lei era (e é) faci lmente cr u-zada e pequenos favores rapidamente se tor naram casos de cor r upção, pe-culato ou simila res.

Da pequena d imensão, aparente -mente tolerável e menosprezável , fa-ci lmente t ambém se chega à g rande escala . E , pelo que temos assist ido nos ú lt imos anos, protagonistas dos meios pol ít icos , empresar iais e f inan-cei ros (uns já condenados, out ras a in-

da presumivelmente inocentes), não resist i ram em t razer maus hábitos só -cio -cult u rais para lugares nos quais as respect ivas consequências são ca-t ast róf icas: custam milhares de mi-lhões de eu ros, a r r u ínam milhares de postos de t rabalho ou então (algo que não tem preço) dest roem a conf iança dos cidadãos nas instâncias pol ít icas que deviam esta r acima qualquer sus-peit a .

A sociedade por t uguesa está , cont u-

do, a mudar. Nas mental idades e nas for mas e poder de escr ut ín io. Por um lado, já não é socialmente cor recto apregoar o supremo egoísmo de quem foge aos impostos ou se aproveit a dos bens públ icos.

Por out ro lado, a era de infor ma-ção e do conhecimento per mite hoje uma t ransparência substancialmente maior de todos os actos prat icados, com fer ramentas in imagináveis há 20 anos at rás (inter net , blogs, redes so -ciais e af ins).

Nesta sociedade de elevada t rans-parência , em que o cr ime já mais d i-f ici lmente se mantêm oculto, a Jus-t iça tem um desaf io f undamental. Pr imei ro, (com)provar o seu pr incípio da equidade, most rando que n inguém está acima da lei . Fel izmente, nos ú l-t imos meses, tem dado sinais de que neste ponto está no bom caminho. Depois , t ambém impor tante, pugnar pelo respeito pelas l iberdades, d i rei-tos e garant ias de todos os envolv i-dos – e, em par t icula r, da sua pr iva-cidade e dos meios essenciais para a sua defesa . Em suma, novos tempos de t ransparência , que t razem novos e enor mes desaf ios para a v ida em De-mocracia!

Afirmou: “em todo este processo, é preciso perceber que não foi o mercado que falhou, o que falhou foi o sistema político que não foi capaz de prever, f iscalizar e disciplinar o funcionamento dos sistemas f inanceiros”.

E porque será que falhou o sistema político? O conferencista não disse e percebe-se porquê.

Teria que dizer que falhou porque se encontra capturado pelos sistemas f i-nanceiros, pelo tal mercado sem rosto que supostamente, na opinião de Silva Peneda, deveria f iscalizar e disciplinar.

Falhou porque a agenda ideológica dos governos está longe dessa opção de f iscalização do sistema f inanceiro, preferindo que o casino funcione livre-

mente garantindo que os prémios saiam à casa.

Tivesse Silva Peneda aprofundado as razões do tal falhanço e ainda se arris-cava a concluir que, apesar das aparên-cias, o sistema político só falhou porque está ao serviço do mercado e condicio-nado por ele.

Quando o poder político se encontra a reboque do poder económico e os eleito-res são levados a crer que a alternativa é entre duas opções para o mesmo f im, garantir que o mercado funcione em to-tal liberdade, af irmar que não cumpriu a sua função é como af irmar que os es-colhidos pelo mercado não cumpriram a função de o f iscalizar.

O presidente do Conselho Económico e Social sabe que é assim e irá a par tir de Janeiro funcionar em Bruxelas como consultor do Presidente da Comissão Europeia que, como se sabe, é um acér-rimo defensor da f iscalização do sis-tema f inanceiro, como demonstrou no exercício do cargo de primeiro-ministro do Luxemburgo.

“Isto era evidente em qualquer dimensão da nossa vida social: a “cunha” para o primeiro emprego, a facilitação de uma adjudicação ou contrato de fornecimento, a promoção de um gestor pela confiança/ amizade pessoal em detrimento do mérito. ”

“Teria que dizer que falhou porque se encontra capturado pelos sistemas financeiros, pelo tal mercado sem rosto que supostamente, na opinião de Silva Peneda, deveria fiscalizar e disciplinar.”

Advogado

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Exclusivo

Do ponto de vista da indústria do turismo, tem também de colocar-se a “responsabilidade num mundo finito”.

Congresso da APAVTSustentabilidade no turismo debatida em ÉvoraRute Marques | Texto

Para haver sustentabilidade o primeiro passo passa pelo objetivo de desenvolver “melhores locais”, expôs Nikki White, es-pecialista em Destinos e Sustentabilidade da britânica ABTA, durante o 40º Congres-so da associação portuguesa das agências de viagens e turismo, APAVT, que teve lu-gar de 5 a 8 de Dezembro, em Évora.

Na sessão sobre “sustentabilidade no turismo: desafios e responsabilidades”, e para falar do muito que se pode mudar, se, ao ao mesmo tempo que se criam me-lhores lugares turísticos, for tida em conta “a população que aí vive”, Nikki White re-feriu que sustentabilidade “não é um tipo de produto”, pois “cada produto (turístico) que se vende deve considerar o impacto que tem no destino”. A especialista da ABTA (a mais representativa associação britânica de operadores e agências de tu-rismo), disse ainda que já existe o caso dos destinos que se desenvolvem bem, “no sentido de que são lugares onde as pessoas querem viver, mas que o visitan-te também quer ver”.

Do ponto de vista da indústria do turis-mo, tem também de colocar-se a “respon-sabilidade num mundo finito”. Quanto a isso, a especialista da ABTA referiu o exemplo da água, dado que o “sector do turismo é sedento” e, em muitos países, é um “verdadeiro desafio tornarmo-nos res-ponsáveis” por estes diferentes recursos, a par de “saber como protegê-los no futuro”.

O programa de certificação internacio-nal para associações e empresas para a implementação e monitorização da sus-tentabilidade “Travelife” foi apresentado por Naut Kusters, que se ocupa da área dos operadores turísticos e agentes de via-gem. Composto por 3 etapas, o Travelife certifica para um standard internacional de sustentabilidade pelo “global sustai-nable tourism council”. Como desde os últimos 3 anos está presente no Brasil, as ferramentas de implementação do “Tra-velife” estão já traduzidas para português.

Neste sentido, Naut Kusters, conta que es-tão a ser dados passos com a APAVT para que o programa passe a estar disponível em Portugal no próximo ano.

Perante a eventual questão de Portugal poder ser excluído nas opções dos visitan-tes, por não ter suficientes produtos (tu-rísticos) certificados como sustentáveis, o especialista do Travelife referiu “não existir nenhum problema de imagem no que toca à sustentabilidade”, e que ao nível do marketing se deveria falar das “qualidades que estão por detrás da sus-

bral. Com o objetivo de afirmar o sudoes-te do país como destino internacional de turismo e natureza, há 12 anos foi criada a associação Casas Branca, “rede de traba-lho constituída por micro-empresas com critérios de sustentabilidade e identidade da região”, explicou a coordenadora. Esse foi o objetivo, a “ideia de rota vicentina surgiu em 2008”, e evoluiu para “a rede de parcerias com entidades públicas”, com projecto depois implementado por re-curso a financiamento público do último quadro comunitário.

tentabilidade“. Do mesmo modo, Nikki White verifica que os consumidores “não estão a escolher um destino com base no factor da sustentabilidade, mas antes na experiência de cada destino específico ”, explicando que “ninguém irá realmente excluir Portugal”.

Caso português da rota vicentinaO caso português da “rota vicentina”, rota pedestre de 340 km integrada no mapa europeu de grandes rotas, foi descrito pela coordenadora do projeto, Marta Ca-

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Actual

“O Alentejo tem obrigação de dar pública voz a esta necessidade de Sines ficar um pouco mais ao serviço da região”.

É claro como a água que abraça Sines……que as titubeantes “tomadas de deci-são” pró, e as assumidas posições contra, ou pouco favoráveis à ligação ferroviária Évora - Caia, apresentam saldo positivo para estas últimas. Têm, e é lamentável que assim seja, quaisquer que sejam os argumentos keynesianos, políticos ou outros que se esgrimam para atenuar os efeitos positivos de tal ligação, um efeito de entorpecimento que mais acentua o nosso tão peculiar alheamento das coisas grandes que julgamos não nos interessa-rem.

Tomado apenas do ponto de vista de uma infraestrutura de comunicação e transporte, que servirá “tão só” para desen-cravar o porto que mais cresceu no mun-do em 2013, 68% na carga contentorizada, que atingiu o milhão de TEU (na prática um contentor com 12,036m x 2.311m x 2.697m, com uma capacidade de 26.510 Kg) em Outubro deste ano, que tem obras em curso de ampliação do cais de acosta-gem no Terminal XXI para satisfazer a sua procura crescente, o que já não seria pou-co, temos contudo a obrigação de olhar e ver um pouco mais além da espuma dos dias e perceber o que, embora pouco aca-rinhado pelos analistas económicos, tem potencial suficiente para se afirmar na próxima década como uma aposta a ga-nhar também nesses domínios.

É bom a este propósito lembrar o per-curso histórico do Complexo Urbano--Industrial de Sines, que numa década evoluiu de timorato e escalavrado ele-fante branco para um majestático e pos-sante elefante, capitaneando uma frente logística atlântica que é hoje referência obrigatória em revistas de especialidade e uma âncora para vários centros mun-diais onde a logística do transporte e o comércio internacional se desenham, tendo em vista os próximos anos, e esse desenho tem o um dos seus pontos focais em Sines. É bom saber.

Se nos detivermos na história da roma-nização da península, ou mesmo depois com a chegada dos árabes, e até mesmo antes deles, as vias de comunicação ou Eixos de penetração como lhes queira-mos chamar, foram sempre um elemento de primeira grandeza nas estratégias de ocupação e de ordenamento dos territó-rios, e um instrumento de governação tido como absolutamente fundamental para a aplicação das medidas de política, emanadas das Administrações desses im-périos. De todos os impérios do mundo.

Mas é com Roma que se torna funda-mental que não se perca tempo e que as vias constituam de facto uma recta ligan-do dois pontos, permitindo o mais rápido e cómodo trânsito de pessoas e produtos ,

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e em que a malha pré-existente de aglo-merados urbanos e de mercados e santuá-rios condicionou em grande medida o lançamento das estradas, levando a que estas sejam um compromisso entre o tra-jecto mais curto e as infra-estruturas de apoio(1).

As vias de comunicação têm esta ca-pacidade intrínseca de exercer forte poder de atracção proporcionado pelas dinâmicas implementadas pelas infra--estruturas, nomeadamente de atracção populacional e empresarial que buscarão na deslocalização melhores factores de competitividade. E com novas pessoas, viajam novos produtos e novos hábitos, novas ideias e novas culturas(2).

É plausível aceitar que a dinâmica as-sociada a uma via férrea com forte ca-pacidade indutora de desenvolvimento regional, muito para além do seu territó-rio natural, possa ter efeitos positivos em vários cenários sociais e económicos, no-meadamente no tecido empresarial e na componente demográfica regional, e em outros que sendo aflorados como negati-vos sejam perfeitamente dissipados pelo facto de se construir a infraestrutura, dado que as premissas que os alimentam, serão recondicionados pela praxis.

A construção da ligação em falta é algo que conhece neste quadro comunitário cessante um momento único para se con-cretizar. A RTE-T disponibiliza até finais de 2015 verbas consideráveis para finan-

ciamento de obras na infraestrutura ferro-viária com cofinanciamentos de até 90%.

Não se trata de uma miragem nem de um investimento em betão para as mos-cas. Trata-se de desencravar uma infra--estrutura ímpar no território nacional e virá-la de vez para o seu hinterland ibéri-co. A costa atlântica mais perto do interior e do sul de Espanha é a costa Alentejana e isso é uma vantagem competitiva de Si-nes que apesar de todas as obras feitas na fachada mediterrânica espanhola, quer nos portos quer na ferrovia, não é fácil ul-trapassar, mesmo com as actuais 8 horas de viagem que leva um comboio de Sines a chegar a Madrid.

O Alentejo tem obrigação de dar pública voz a esta necessidade de Sines ficar um pouco mais ao serviço da região e não ser-vir “apenas” de entreposto comercial que recebe e translada para navios mercado-rias que não deixam na região nenhum valor acrescentado a não ser os salários pagos a quem lá trabalha, o que sendo bom é manifestamente pouco para as po-tencialidades instaladas.

Há pessoas singulares com o estatuto necessário para catalizar uma opinião pública regional em prol deste investi-mento, mas também há instituições e órgãos regionais que têm não apenas o dever, mas a obrigação de cavalgar essa onda, e de não o fazerem apenas no si-lêncio dos gabinetes, mas de tornarem audíveis as vozes, que muitas vezes terão

que ser incómodas de ouvir a quem tem o dever de decidir e o não faz.

A imprensa regional, tendo igualmente a obrigação de informar, deve ela própria procurar informação e fazer o seu traba-lho de casa, inquirindo, indagando, de-sinquietado consciências, estremunhar adormecimentos, confrontar regionalis-mos, enfim, numa palavra, ajudar a agi-tar as águas para que a ondulação atinja a dimensão do maremoto que a região necessita para acordar do turpor que a percorre.

O Alqueva levou 40 anos a concretizar--se, Sines outros 40, a ocupação filipina outros tantos, Salazar igual bitola, de Democracia, já lá vão 40. Será que temos alguma maldição com este número? Será cabala da História? Não me parece, acho mais que seja uma qualquer idiossincra-sia que nos conforma, e à qual ainda não demos a devida atenção.

Construam-me....., que Sines merece, o Alentejo também, e os que hão-de vir de-pois de nós, no-lo agradecerão.

(1) Itinerários Romanos do Alentejo uma releitura de “As grandes Vias da Lusitâ-nia – O Itinerário de Antonino Pio” de Mário de Saa, cinquanta anos depois,

André Carneiro, CCDR Alentejo(2) Idem

Francisco SabinoSociólogo

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Actual

Este é um importante passo numa área estratégica como a Saúde.

Se em 2013 a Dieta Mediterrânica foi consi-derada Património Imaterial da Humanidade e mais recentemente também o Cante Alente-jano, merecidamente, recebeu a mesma dis-tinção, porque não, considerar a cozinha tra-dicional destas terras num lugar de destaque equivalente? Venha a ser decidido favoravel-mente ou não, o Alentejo é rico e não apenas neste tipo de tradições, sendo a cozinha tra-dicional inspiração da Dieta Mediterrânica.

O reconhecimento e distinção da dieta me-diterrânica como Património Imaterial da Humanidade revela não só a sua importância na questão de dieta alimentar saudável, mas principalmente a sua importância enquanto saberes transmitidos oralmente, que se pre-tendem preservar e reavivar com a apresen-tação de receitas muito tradicionais de um Alentejo rico nos ingredientes desta dieta. A dieta mediterrânica é rica em alimentos com elevadas concentrações de hidratos de carbo-no complexos, fibras, vitaminas e minerais e numerosos antioxidantes que protegem a saú-

de do coração. Caracteriza-se também pelo baixo consumo de alimentos ricos em gordu-ra saturada e de grande valor calórico, o que é fundamental para ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares.

Refletindo os princípios de uma alimenta-ção saudável, enraizados na dieta mediterrâ-nica, a cozinha tradicional alentejana, integra um padrão alimentar oriundo da Creta e de muitas outras regiões da Grécia e Sul de Itá-lia, que desde as décadas de 50 e 60 do século XX, é identificado como estando associado a uma esperança média de vida dos adultos das mais elevadas da Europa. Nesta regiões pre-serva-se também uma menor taxa de doenças coronárias e de certos tipos de cancro. Para além disso, a tradição gastronómica alente-jana revela a criatividade de um povo, que em tempos de adversidade e escassez, soube reinventar e conjugar ervas aromáticas com outros ingredientes, raiz de outras culturas que outrora por aqui passaram.

A cozinha tradicional alentejana representa

a pura tradição, reflexo da vivência da vida no campo, dos recursos disponíveis e da sa-bedoria de um povo que se baseava nos re-sultados: na força que conseguiam obter dos alimentos, na saúde ou cura que os alimentos proporcionavam e na conjugação de poucos ingredientes em sabores bastante distintos e agradáveis ao paladar. Sem canudos em nu-trição, desde há muito que a máxima de Hipó-crates tem sido seguida “Que o teu alimento seja o teu medicamento, e o teu medicamento seja o teu alimento”. É neste âmbito que sur-ge o Projecto europeu FoodMed, Meu medi-camento, meu alimento, que envolve várias universidades, incluindo o Departamento de Gestão da Universidade de Évora.

FoodMed incide sobre várias temáticas sendo explorado de várias formas por outras universidades. No caso português, foram abordadas três vertentes da alimentação sau-dável julgadas fundamentais e elucidativas da história, riqueza e sabedoria ancestrais: Cozinhar de forma saudável…com cozinha

tradicional Alentejana, Como permanecer saudável com os remédios da avó e, Jardins comestíveis: cultive as suas próprias ervas aromáticas. A importância de recuperar este património é vital, num mundo, num país em que os índices de obesidade infantil crescem de forma alarmante, as doenças coronárias assaltam grande parte da população e em que o paladar apurado se perde com uma alimen-tação que há muito perdeu as raízes da sua história.

Apesar do conhecimento científico exis-tente uma boa gestão da nossa alimentação e dos nossos recursos deve ser feita, tirando partido dos sabores e aromas únicos da planí-cie alentejana em preservação do legado rico que nos foi deixado.

Aguardar a resposta a uma candidatura não reduz a possibilidade de pensar numa outra: porque não a da gastronomia tradicional alen-tejana?

Informação sobre o projecto em www.food-med.eu

Porque não a elevar a Gastronomia Alentejana a Património Imaterial da Humanidade?

SÍLVIA BISCAIA LIMAColaboradora do Projecto FoodMed e Aluna do Mestrado em Gestão da Qualidade e Marketing Agro-alimentar

Dinâmicas da Gestão

Universidade de Évora integra consórcio que visa promover Vida Saudável e Envelhecimento AtivoFoi aprovada no dia 09 de dezembro a candidatura apresentada pelo consór-cio InnoLife, da qual a Universidade de Évora é parceira, a nova Comunidade de Conhecimento e Inovação (KIC – Know-ledge Innovation Community) na área da Saúde, com o objetivo de promoção da “Vida Saudável e do Envelhecimento Ativo”.

O InnoLife, um consórcio constituído por 140 parceiros, compreendendo em-presas, centros de investigação e univer-sidades de países europeus, foi seleciona-do pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) como Comunidade de Conhecimento e Inovação para a Saúde (EIT HEALTH). Com um orçamento total que ultrapassa os dois mil milhões de eu-ros, é uma das maiores iniciativas na área da Saúde com financiamento público em todo o mundo.

O grande objetivo do consórcio é pro-mover o empreendedorismo e fomentar a inovação na área da “vida saudável e do envelhecimento ativo”, através de uma eficaz transmissão de Conhecimento dos centros de investigação e universidades para os restantes setores da sociedade, do-tando assim a Europa de novas oportu-nidades e recursos. Tal será feito através da apresentação de produtos, serviços e desenvolvimento de conceitos que visem melhorar a qualidade de vida e contri-buir para a sustentabilidade dos cuidados de saúde em toda a Europa. Prevê-se que em 2018, se atinja o objetivo, entre outros, da criação de 70 start-ups por ano.

Este é um importante passo numa área estratégica como a Saúde, respondendo de forma exemplar aos desafios da espe-cialização inteligente que orienta o in-vestimento comunitário na Investigação e Desenvolvimento.

Localizada numa região de baixa den-

sidade demográfica e com um elevado índice de população idosa, a Universi-dade de Évora orgulha-se de integrar o consórcio Innolife, prevendo-se, neste âmbito, um estímulo da criação de redes, o surgimento de novos projetos ao nível das diversas áreas científicas e empresas e produtos que visem a longo prazo col-

matar as dificuldades das populações, no que diz respeito ao acesso aos cuidados de saúde e à promoção da qualidade de vida.

Para iniciar e coordenar os vários proje-tos integrantes, os parceiros do consórcio vão criar uma nova empresa, com sede em Munique, Alemanha. As atividades regionais serão organizadas pela localiza-

ção partilhada em centros de Heidelberg (Alemanha / Suíça), Barcelona (Espanha), Londres (Inglaterra), Paris (França), Ro-terdão (Holanda / Bélgica) e Estocolmo (Suécia / Dinamarca). Uma parte inte-grante da EIT Saúde é o conceito “InnoS-tars” que visa ampliar a participação de parceiros na Hungria, Polónia, Eslové-nia, Croácia, Portugal e País de Gales. As regiões dos países “InnoStars” vão coope-rar ativamente entre si e com os centros co-localizados, com vista à inovação em Saúde.

Sobre o EITO EIT é um órgão independente da União Europeia, criado em 2008 para estimu-lar a inovação e empreendedorismo em toda a Europa, com o objetivo de superar alguns dos seus maiores desafios. O ins-tituto reúne as principais instituições de ensino superior, laboratórios de inves-tigação e empresas para formar parcei-ras transfronteiriças - Comunidades de Conhecimento e Inovação, KIC’s - que desenvolvem produtos e serviços inova-dores, iniciar novas empresas, e treinar uma nova geração de empresários

Sobre a KICParceria de grande autonomia das ins-tituições de topo do ensino superior, or-ganizações de investigação, empresas e outras partes interessadas no processo de inovação, que aborda os desafios sociais através do desenvolvimento de produ-tos, serviços e processos, e também para apoiar empreendedores inovadores. Uma KIC liga centros de inovação orientados por excelência aos centros de co-localiza-ção, com vista a tornarem-se importantes centros de excelência para competir e co-laborar com outros centros de inovação em todo o mundo.

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Destaque

Legionella, ou doença do legionário, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada.

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Sines sem LegionellaAs análises realizadas a semana passada à presença de colónias de legionella na torre de arrefecimento de uma unidade fabril em Sines deram resultados negati-vos, e a empresa pode retomar a activi-dade, foi oficialmente anunciado neste sábado.

Em comunicado conjunto, a câmara de Sines e a Autoridade de Saúde do Alen-tejo Litoral, referem ainda que “não há casos de doença a registar”.

“As várias análises de controlo efec-tuadas no dia 12 de Dezembro de 2014 [sexta-feira] à água da torre de refrigera-ção da fábrica Euroresinas, após a para-gem da laboração e a implementação de medidas correctoras, deram como prova-da a inexistência de legionella pneumo-phila”, lê-se no comunicado conjunto.

Também a empresa, em comunicado, anunciou este sábado, que foram reali-zadas na sexta-feira “novas análises à presença de colónias de legionella spp na torre de arrefecimento da unidade fa-bril em Sines, e que esses resultados são negativos”.

“As amostras recolhidas foram remeti-das para laboratórios de referência, entre os quais o Instituto Ricardo Jorge. Tendo em consideração os resultados favorá-

veis e as reforçadas operações de limpe-za e desinfeção à torre, a Euroresinas, em conformidade com as orientações da Au-

toridade de Saúde do Alentejo, informa que irá retomar a laboração ainda hoje”, lê-se no comunicado da empresa.

No comunicado conjunto da câmara e da autoridade sanitária afirma-se que “a Euroresinas pode reiniciar a laboração”, e salienta-se que a Autoridade de Saúde do Alentejo Litoral e a Câmara Munici-pal de Sines vão “monitorizar a situação” e estarão “em permanente articulação com a empresa, o médico do trabalho, o Hospital do Litoral Alentejano e a Direc-ção-Geral de Saúde”,

Na quinta-feira, um comunicado da câmara e da Autoridade de Saúde do Alentejo Litoral dava conta que no dia 27 de Novembro colónias da bactéria que provoca a doença legionella foram encontradas na torre de refrigeração da fábrica em Sines, que foi informada na quarta-feira e adoptou de imediato “me-didas correctivas”, não se tendo registado casos da doença. Contudo, no dia seguin-te, a CDU local mostrou-se preocupada, bem como o presidente da Câmara de Santiago do Cacém.

A legionella, ou doença do legionário, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) pela bactéria, de dimensões tão peque-nas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

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Destaque

Escola Manuel Ferreira Patrício e Universidade de Évora desenvolvem projeto na comunidade.

Projeto de reciclagem comunitárioRute Marques | Texto

«A página web Crowd- Recycling é lançada públicamente com a ediçao deste jornal. É feita pela investigadora do CIDEHUS (Univ. de Évora) e doutorada pela Univ. Complu-tense de Madrid, Maria Zozaya. Crowd- Re-cycling, propõe difundir a reutilização de objectos, e dá muita importância às “acções de cada dia” que contribuem para a mudan-ça de habitos e a um “processo acumulativo que pode ver-se, ao longo do tempo, na larga duração; e, no espaço, na difusão ou multi-plicação social”, expôs Maria Zozaya. A ideia para o projeto crowdreciclyng.wordpress.com surge para ser desenvolvido com a Es-cola Manuel Ferreira Patrício.

Quando surge a Necessidade de criar esta página?Crowd-Recycling é o culminar de um projecto que se foi forjando ao longo de muitos anos. Entristece-me olhar o des-perdício de materiais que podem ser reu-tilizados. Impulsionou-me muito obser-var pequenas ações em múltiplos lugares. Ações de pessoas que reutilizam porque não têm outros recursos ou porque consi-deram que é a melhor opção. Ver como se recicla até a última garrafa de plástico na China; ou reutilizar garrafas em África; os cabazes tecidos com sacos de plástico dos prisioneiros do Monte Camarões.

Como concretizou a ideia para desen-volver na antiga Escola da Malagueira (EMFP)?Inicialmente denominei a ideia de “Ofi-cina Recycla”, mais gestões diversas não permitiram que se concretizasse. Casual-mente conheci a Maria João Silva, mag-nífica professora da Malagueira (EMFP), que viu o meu porta moedas de Tetra--Brick e perguntou se tinha mais coisas semelhantes e se queria desenvolver o projeto na Escola MFP. Então, começá-mos a preparar o projecto entendendo-o como projecto de educação para a cida-dania. Fui concretizando muitas ideias que tinha dispersas. Ao mesmo tempo, considerei que o melhor modo de reunir as ações deste projeto era fazer uma web. Uma web que acompanhasse e reunisse os meus objetivos, que qualquer pessoa pudesse ver e reproduzir em qualquer parte do mundo, e que hoje vem à luz pú-blica: crowdreciclyng.wordpress.com.

Tem mais ações vinculadas a crowdreci-clyng.wordpress.com a desenvolver em Évora? Sim, queremos fazer o mesmo com outros PIEF`s de outras escolas e noutros espaços. Gostaria imenso de começar a difundi--lo com os meus magníficos alunos PIEF s da Escola MFP, com alguns professores da Escola e especialmente com a fantástica energia que nos “empresta” Silvino Alhi-nho e equipa PIEF do Agrupamento. Para mim, o ideal será que os próprios PIEF s da MFP comecem a ensinar comigo a fazer es-tas reutilizações e, por sua vez, aqueles que aprenderem mostrem a outros... e assim espalharmos esta semente da reutilização. Esse é também o papel da web: fornecer um pequeno guia gratuito para quem se quiser informar e unir a este movimento.

Este é um processo de consciência in-dividual de reciclagem versus cultura do desperdício, olhando por exemplo

aos apelos ao consumo permanente no mundo ocidental? Isto é um apelo para olhar as mudanças do mundo que nos rodeia. O paradigma do consumismo já se começou a questio-nar radicalmente. Com a crise económica e a crise do Estado de bem-estar, mudaram muitos conceitos e a sustentabilidade reve-lou-se essencial. Há que modificar necessa-riamente o conceito do resíduo e de desper-dício. Há muitas coisas que se atiram ao lixo e que se podem reutilizar; podem ter outra vida -divertida e dependente do engenho e da habilidade- antes de ser convertidas definitivamente em lixo. Quando se vêm desastres ecológicos como a existência da “Ilha dos Plásticos”, só podemos querer reu-tilizar todos os materiais possíveis...

A página foi criada com “o objetivo de di-fundir a filosofia da reciclagem e da reuti-

lização de materiais e objetos. Isto “redu-ziria consideravelmente” o conjunto de desperdícios e promove correto uso dos resíduos. Poderá adiantar-nos qual a im-portância que se deve dar a estas “ações quotidianas” no mundo atual?Acho que é importantíssimo. Fazer peque-nas ações cada dia implica duas mudan-ças. Primeiro, uma mudança quantitati-va, quando uma pessoa reutiliza e recicla os 365 dias do ano, todos os anos da sua vida. O mesmo acontece com a poupança de água ou energia, tudo faz a diferença. O resultado dessas ações de cada dia é um processo cumulativo que pode notar-se, ao longo do tempo, na longa duração e no espaço, na difusão ou multiplicação social. Isto é, o que faz uma pessoa começa a ser efetivo quando se espalha entre a sua famí-lia, na sua rua ou no seu bairro, ou entre os milhares de cidadãos de um país. O nome

deste projeto implica todos esses objetivos: Crowd-Recycling pretende que a reutiliza-ção se torne uma aposta da multidão.

Segundo, implica uma mudança quali-tativa que a meu ver é crucial: a mudança de hábitos e a mudança na mentalidade das pessoas. Penso que, se todos os cidadãos reciclassem, reutilizassem e poupassem energia, também iriam mudar a sua ati-tude perante os fatores que contaminam. Então, não permitiriam que fábricas con-tinuassem a contaminar roubando a água potável aos seus filhos; as “marchas verdes” não consistiriam em passear pelo centro de uma cidade mas iriam ter como destino ir a exigir à porta das fábricas que cumprissem os requisitos de sustentabilidade.

Podia enumerar 2 ou 3 ações de reutili-zação de materiais, conforme tem vários exemplos na página, ou são todas estas ações igualmente importantes? Em “Crowd-Recycling” difundimos prin-cipalmente três ações. Primeiro, plantar plantas em objetos que normalmente se deitam fora, como garrafas de plástico (para consciencializar sobre a necessi-dade de que as pessoas multipliquem as plantas). Segundo, embalagens “Tetra-bri-ck” de sumo ou de leite para fazer porta--moedas ou sacos. Terceiro, as latas de be-bidas, para transformá-las em candeeiros ou cinzeiros.

Estes materiais abundam na cidade de Évora, um destino de turistas e estudan-tes, onde é normal que se consumam muitos pacotes de bebidas. Em cada lugar ter-se-ia que reciclar os objetos deitados fora mais abundantes. Na página web recolho muitos outros exemplos de reuti-lização que se espalham pela Internet. E os que eu tenho visto pelo mundo e que se vendem por preços mínimos e que são amostras magníficas de artesanato. Pen-so que o artesanato que vai predominar no terceiro milénio vai ser aquele que é com materiais reutilizados que habitual-mente se deitavam fora.

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8 15 Dezembro ‘14

Destaque

Segundo o líder do CDS-PP, os portugueses “precisam de saber o que é o futuro”.

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CDS-PP reune em Elvas entre o “programa” e o “contributo”O presidente do CDS-PP considerou este sábado “possível” vencer o PS nas legis-lativas de 2015 e recordou que foram os socialistas que conduziram Portugal ao resgate financeiro e que este Governo é que acabou com a etapa da “excepciona-lidade”.

“Os portugueses sabem que foi o PS que trouxe Portugal à bancarrota, ao memorando, à troika e à dose de austeri-dade que se seguiu e também à recessão”, realçou Paulo Portas, em declarações aos jornalistas no final do conselho na-cional do partido, em Elvas, ao final da noite de sábado.

Mas, segundo o líder do CDS-PP, os por-tugueses “precisam de saber algo mais do que o passado, precisam de saber o que é o futuro”, até porque o país, graças ao actual Governo de coligação com o PSD, “venceu a etapa da excepcionalida-de”.

“Às vezes é preciso fazer esta home-nagem à memória, que havia quem de-fendesse o segundo resgate, o segundo empréstimo, o segundo memorando e a segunda troika”, disse.

O CDS, frisou, “foi sempre muito claro contra essa posição”, pois, “um só resga-te, um só memorando, uma só troika já chegou e bastou, aprendemos as lições”.

Neste conselho nacional realizado na cidade alentejana, que esteve “completa-mente cheio”, segundo o líder centrista, foi dado o “pontapé de saída na constru-ção das ideias para o futuro” por parte do partido, ou seja, para os próximos quatro

anos.“Vivemos nesta legislatura um tempo

de excepcionalidade”, mas “o país ven-ceu essa excepcionalidade” e “caminha agora para uma situação de maior nor-malidade”.

E, por isso, “é preciso que o CDS faça o seu trabalho de casa” para “seleccionar aquelas que são ideias consistentes so-bre os principais problemas de futuro do país e construir o seu programa para a próxima legislatura e o próximo manda-to”, afirmou.

Uma próxima legislatura e mandato que, de acordo com o líder do CDS-PP, vão ser marcados “não pela recessão, mas por crescimento económico” e em que, se não forem cometidos “erros”, “haverá criação de emprego”, o que permitirá “ir reduzindo aquele é o maior problema social no país, que é a questão do desem-prego”.

Daí que o CDS-PP esteja apostado em “construir um programa para o futuro”, insistiu o líder do partido, considerando ser “possível” vencer o PS.

“Vencer o PS não apenas no argumen-to do passado, que é muito pesado e é por isso que as pessoas têm bastante receio”, pois, “ PS significa repetição dos erros”, mas também vencer os socialistas “do ponto de vista da competição por boas ideias e boas propostas para o futuro”.

E isso, argumentou, “pode ser feito autonomamente”, com um programa próprio do CDS-PP, ou “pode ser feito em aliança”, com o “contributo” do partido.

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10 15 Dezembro ‘14

Radar

Fernando Ulrich, começou por aconselhar os estudantes de Gestão a não fazer o que ele próprio fez.

Gestão -Aulas abertas na Universidade de ÉvoraProfessor Carlos Marques | Texto

Realizou-se mais uma aula aberta de Gestão na Universidade de Évora. Lembro que se trata de uma iniciativa do Depar-tamento de Gestão da Escola de Ciências Sociais que consiste na realização de con-ferências com personalidades convida-das para apresentação do seu testemunho de vida profissional, abertas à participa-ção da comunidade, com o objectivo de promover a qualidade da formação em GESTÃO dos alunos da Universidade de Évora e da sua ligação à comunidade aca-démica e social. Este ano, o convidado das aulas abertas de gestão foi Fernando Ulrich, presidente da comissão executiva do BPI.

Fernando Ulrich, na conferência da aula aberta de Gestão que fez, começou por aconselhar os estudantes de Gestão a não fazer o que ele próprio fez. Conside-rou até não se tratar de um bom convida-do face ao seu exemplo de estudante. Fez a escola primária e o liceu num colégio e foi aluno do ISEF (Instituto Superior de Economia e Finanças) da Universidade Técnica de Lisboa. Os tempos da revolu-ção de 1974, com as RGA (reuniões gerais de alunos), as passagens administrativas, as interrupções das aulas por períodos de duração indeterminada, acabaram por fa-zer com que começasse a trabalhar, ainda enquanto estudante, e que se interessas-se e envolvesse no seu primeiro trabalho, na equipa que Francisco Pinto Balsemão constitui para lançar o jornal Expresso, pelo que nunca chegou a acabar o curso.

Assegurou, no entanto, que fazer o mes-mo nos nossos dias não faz de todo sentido pois considerou que a sua geração benefi-ciou de factores que os estudantes não de-vem pensar que são repetíveis. Por exem-plo, com a revolução uma grande parte de gestores e quadros públicos e privados foram afastados, na designação da altura saneados, o que permitiu à sua geração ter oportunidades e ascender a postos de direcção com idades relativamente mais jovens.

Depois do expresso foi trabalhar para Paris como assessor do embaixador por-tuguês junto da OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econó-mica). Teve a oportunidade de conhecer figuras mundiais da área económica e financeira, de as ouvir em reuniões espe-cializadas, de conhecer as suas opiniões e de ler os seus relatórios. Considerou que essa experiência foi o seu curso pois constituiu um período de investimento e formação prática de grande importância e que lhe alargou os horizontes.

De regresso a Portugal foi chefe de ga-binete dos ministros das Finanças e do Plano de Morais Leitão e de João Salgueiro nos governos de Pinto Balsemão.

Sempre quis ser banqueiro. Muito pela influência familiar do Avô paterno na família, que não conheceu, de quem re-cebeu o mesmo nome, Fernando Enes Ulrich, que podia ler na sua assinatura como administrador do Banco de Portu-gal nas notas que, recorda, a Mãe às vezes lhe dava.

A oportunidade surgiu quando, depois de regressar de novo ao Expresso, rece-

beu o convite para abrir em Lisboa um escritório da Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI), presidida por Artur Santos Silva. Não mais saiu do BPI, por transformação da SPI, de que hoje presi-de à Comissão Executiva do Conselho de Administração.

Aos estudantes da Universidade de Évo-ra deixou várias mensagens que considera importantes em termos profissionais em geral e em termos da actividade bancária.

Salientou, em primeiro lugar, a impor-tância de trabalhar muito e bem. Os me-lhores nas organizações são os que traba-lham mais. O talento é importante mas o trabalho é a principal fonte dos resultados. Acrescentaria o ditado que expressa essa ideia de que “mais vale quem quer do que quem pode”.

Outro das qualidades que mais aprecia e valoriza nos profissionais que traba-lham consigo é o exercício do contradi-tório. Estar disponível e envolver-se na discussão de opções alternativas com agressividade intelectual e capacidade de argumentação das questões é muito importante. Perguntar por menos apro-priadas e adequadas sejam as questões é fundamental pois constitui a forma de progredir e de escolher caminhos. Consi-dera mesmo que a exposição pessoal em debates e sessões de brainstorming é im-portante para os jovens profissionais se darem a conhecer.

Ao contrário, a tomada de decisão com rigor, baseada numa avaliação de quali-dade, e a determinação na acção depois de decidida a opção a tomar e na sua execu-ção, são, nessas fases, fundamentais.

Outro aspecto que considera crucial para a organização é o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipa. Nada se faz sozinho e isoladamente numa

organização. A cultura e sucesso das orga-nizações dependem do trabalho em equi-pa, da comunicação, da cultura organiza-cional e dos valores que são partilhados por todos.

Capacidade de “ler o mundo” e de o en-tender também constitui uma qualidade que considera fundamental nos nossos dias. Ter uma leitura prospectiva e apti-dões conceptuais para perceber as suas características e motivações.

Para além das capacidades técnicas de-monstradas pelo curso e universidade, ou seja, a formação profissional, considera que o conjunto de actividades extrapro-fissionais, de prática de desporto, de vo-luntariado, de associativismo e cidadania, entre muitas outras são um excelente indi-cador das capacidades de relacionamento, da motivação, do autocontrolo do stress e pressão que temos permanentemente, do empenho que pomos nas nossas activida-des, no fundo da capacidade profissional no seu todo e não apenas na componente técnica.

Para concluir, Fernando Ulrich referiu ainda algumas características dos gestores necessárias para a área bancária. Embora o mais simpático seja dizer sim quando nos pedem um empréstimo e oferecer-mos uma taxa de juro mais baixa possível e melhores condições de pagamento aos clientes mas quando é necessário também é preciso saber dizer não.

Outro aspecto essencial é saber lidar com o dinheiro, ou seja, ter com ele uma relação de valorização apropriada. É bom ganharmos mais em vez de menos, mas dinheiro não é tudo na vida. Mas, quem gostar de dinheiro por dinheiro e quiser enriquecer deve ser empresário e dedicar--se aos negócios. Num banco empresta-se o dinheiro dos depositantes para esses ne-

gócios. Contou que quando se iniciou na banca um amigo lhe disse para não ir tra-balhar com Artur Santos Silva argumen-tando que ele não gostava de dinheiro.

Na parte de debate e em resposta a perguntas salientam-se dois pontos. O primeiro é o de que o sector bancário vai continuar a ajustar-se em termos de efectivos não apenas por questões tecnológicas mas também devido às ac-tuais taxas de juro europeias próximas de zero e ao baixo crescimento econó-mico europeu. É mais fácil para os ban-cos fazerem dinheiro em períodos de ta-xas de juro mais elevadas. A instalação de serviços internacionais de alguns bancos em Portugal como é o caso de pelo menos dois bancos, um francês e outro espanhol, pode ajudar no aspecto de emprego no sector.

Quanto à questão do BES e do Novo Banco referiu que face à lei os contribuin-tes só poderão ser chamados a pagar indi-rectamente através da Caixa Geral de De-pósitos, na percentagem que lhe couber, no eventual cenário de o banco de tran-sição em venda não render o suficiente para pagar o valor de cerca de 4,5 mil mi-lhões de euros de capitalização empresta-do pelo estado. Nesse caso, o BPI também terá que suportar na cota parte com que participa no fundo de resolução.

Finalmente, referiu-se a passagem da supervisão bancária da esfera nacional do Banco de Portugal para a esfera europeia do Banco Central Europeu. Referiu que “são gente bem preparada e capaz” e que percebendo a forma profissional de traba-lhar do BPI, como já sucedeu em experiên-cias de acompanhamento anteriores de natureza excepcional, tudo correrá bem. Considera que constitui um passo funda-mental e na direcção certa.

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Linces libertadosDepois de anos de esforços e de avan-ços e recuos, os primeiros linces ibéri-cos criados em cativeiro a serem rein-troduzidos em Portugal deverão serão libertados esta semana, no concelho de Mértola. É o primeiro passo de um plano para soltar oito animais em ter-ritório nacional, de onde o lince tinha praticamente desaparecido ao longo do século XX.

A espécie Lynx pardinus é endémica da Península Ibérica – ou seja, só existe em Portugal e Espanha e em mais lugar nenhum do mundo. Mas a sua popula-ção foi minguando até restarem pouco mais de uma centena em Espanha e quase nenhum em Portugal no princí-pio década passada. É um animal con-siderado em “perigo crítico” de extinção, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza.

Nos últimos anos, vários linces cria-dos em cativeiro em Espanha e Portu-gal foram libertados em território espa-nhol. Agora é a vez de Portugal, que pela primeira vez o fará em solo nacional. Se tudo correr como o previsto, no próxi-mo dia 16 de Dezembro, terça-feira, dois linces serão alvo de uma “soltura bran-da”, ou seja, serão libertados numa zona cercada, com cerca de dois hectares.

Aí permanecerão durante algumas semanas, para se adaptarem à vida sel-vagem. Quando os técnicos que os irão monitorizar estiverem seguros de que os animais estão prontos para uma vida completamente independente, então serão por fim soltos na natureza.

O principal elemento necessário para o sucesso da reintrodução do lince é o coelho bravo, o seu principal alimento. Uma variante da doença hemorrágica viral, que afecta ciclicamente os coe-lhos, provocou drástica redução da sua população nos últimos anos. Sem coe-lhos, não há hipótese de os linces se fi-xarem em território nacional.

O Ministério do Ambiente sempre garantiu que os linces só seriam liber-tados quando a situação dos coelhos fosse comprovadamente favorável. O PÚBLICO solicitou mais detalhes, mas o ministério remeteu quaisquer esclare-cimentos para um momento mais pró-ximo do dia da libertação, argumentan-do que a data poderia ser alterada.

Em Mértola, porém, há sinais de que a situação melhorou. “A percepção que

temos é a de que houve uma ligeira re-cuperação em relação ao ano passado”, afirma António Paula Soares, presiden-te da Associação Nacional de Proprietá-rios Rurais, Gestão Cinegética e Biodi-versidade, que representa os donos de zonas de caça.

Quercus pede “justificação técnica”Em 2013, praticamente não houve caça ao coelho na região. A doença hemor-rágica viral dizimou os animais. Mas este ano tem havido uma maior acti-vidade cinegética, embora a popula-ção de coelho bravo esteja ainda longe dos números de há dois anos. António Soares acredita que “as coisas estão bem encaminhadas”.

A associação ambientalista Quercus estranha que a libertação ocorra ago-ra. “Gostaríamos de conhecer a justi-ficação técnica”, afirma Paulo Lucas, dirigente da Quercus. “Estava prevista para Janeiro ou Fevereiro, estranha-mos a pressa”, completa.

O que mais preocupa a Quercus é haver poucos incentivos para que os proprietários melhorarem o habitat do lince. Os prémios anuais de 10 a 100 euros por hectare, conforme o ta-manho da propriedade, não são atrac-tivos, segundo a associação. “A liber-tação em si do lince é um fogacho. A reintrodução de uma espécie é uma corrida de longo prazo”, diz Paulo Lu-cas.

Outras associações têm manifes-tado preocupações quanto à liberta-ção dos linces. Em Julho, a Federação Portuguesa de Caça e a Confederação Nacional de Caçadores Portugueses criticaram vários aspectos do pro-cesso, manifestando o temor de que haja uma espécie de competição com o lince pelo coelho bravo e maior in-gerência do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em matérias de gestão que estão hoje na esfera dos gestores cinegéticos.

O período de caça ao coelho termi-

na no final do ano. O Ministério do Ambiente, segundo António Soares, comprometeu-se a avançar com a li-bertação dos linces apenas após o fim do período das montarias, que se estende até Fevereiro. Isto significa que os primeiros linces deverão per-manecer dois meses na área cercada, que fica numa zona de caça turística de Mértola.

A Secretaria de Estado do Ordena-mento do Território e da Conservação da Natureza garantiu dois mil hec-tares de terrenos favoráveis para os linces, através de contratos com pro-prietários da região. Foi também lan-çado um “pacto” para a preservação da espécie, envolvendo gestores de caça, investigadores, organizações não-go-vernamentais, representantes da agri-cultura e instituições oficiais, no qual diz-se que “a presença do lince ibérico não implicará a criação de limitações ou proibições” nos sectores cinegético, agrícola e florestal.

Nos últimos anos, vários linces criados em cativeiro em Espanha e Portugal foram libertados em território espanhol.

Radar

D.R.

Combater o aquecimento globalOs países participantes na Cimeira do Clima, no Perú, decidiram este fim de semana que todos terão de apro-var medidas para combater o aque-cimento global, mas deixou muitas frentes de debate em aberto.

De acordo com o documento final da cimeira aprovado , em Lima, inti-tulado “A chamada à ação de Lima”, todos os países terão de apresentar à Organização das Nações Unidas (ONU), antes de 1 de outubro de 2015, compromissos “quantificáveis”, “am-biciosos” e “ justos” de redução de ga-ses de efeito de estufa.

Também ficou decidido que terão

de apresentar informação detalhada das ações para conseguir que essa di-minuição se cumpra efetivamente.

Outro grande avanço do acordo de Lima, após a apresentação destes compromissos, é que a Secretaria da Convenção da Mudança Climática irá analisar o impacto dessas contribui-ções nacionais para verificar se são suficientes para que a temperatura do planeta não aumente mais do que dois graus no final deste século.

No sábado à noite as negociações chegaram a estar paralisadas, e fo-ram feitos apelos por parte de alguns participantes, nomeadamente dos

Estados Unidos, no sentido da obten-ção de um acordo global em defesa da Terra.

O encontro em Lima deveria ter terminado na sexta-feira, com os re-presentantes dos 190 países presentes na cimeira a desenharem um esboço para um novo acordo, que irá substi-tuir o Protocolo de Quioto.

No entanto, a falta de consenso obrigou a que os trabalhos fossem prolongados, numa tentativa de acertar os termos do esboço para um novo acordo que deverá ser celebra-do em 2015, em Paris.

O acordo de Paris deve entrar em

vigor em 2020, mas até lá os países devem começar a atuar para reduzir as emissões de gases de efeito de es-tufa e adaptar-se às alterações climá-ticas.

Os países desenvolvidos compro-meteram-se a reduzir as emissões e a contribuir com 100 mil milhões de dólares de ajuda anual aos países do Sul, até 2020.

Os representantes estiveram reu-nidos em Lima desde o dia 01 de de-zembro para desenhar a fórmula que será usada pelos países durante 25 anos para proteger a Terra do aqueci-mento global.

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Radar

“Construção duma nova civilização de paz e de amor”

D. António Vitalino aponta caminho de “tradição e renovação”

O bispo de Beja destacou a “tradição e renovação” pedida à sociedade euro-peia pelo Papa subjacente aos valores na pessoa da sua fundação e ao Alen-tejo com a distinção atribuída ao Cante Alentejano.

Na nota semanal enviada hoje à Agência ECCLESIA, D. António Vitalino assinala a distinção atribuída ao Can-te Alentejano de Património Imaterial da Humanidade e saúda as pessoas do Alentejo que souberam “conservar viva a sua cultura musical” que é expressão “profunda e bela” do seu modo de comu-nicar e conviver em sociedade.

O prelado destaca que com esta atri-buição a “alma alentejana” sobrepôs--se ao “poder comercial e mediático” de cantores internacionais mas manifes-tou preocupação que a “crise demográ-fica” relegue o Cante Alentejano para “ambientes museológicos” retirando-o das igrejas, das festas populares, da rua e das tabernas.

Por isso, a distinção atribuída no dia 27 de novembro pela UNESCO trouxe “compromissos” para que este patrimó-nio seja preservado e D. António Vitali-no alerta que é necessário estudar esta expressão cultural, torná-la presente nas escolas básicas e superiores, “para que não degenere”.

“Da nossa parte tudo faremos para que o cante na sua versão religiosa continue a ecoar nas nossas igrejas e procissões”, adiantou o bispo de Beja sobre o Cante Alentejano que “encanta, junta, une e fraterniza as pessoas e os ambientes”.

Outro acontecimento inserido no con-texto da “tradição e renovação” foi a vi-sita do Papa Francisco ao Conselho da Europa e ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.

Nos discursos, comenta o prelado, o Papa “desafiou” as duas instituições a construírem uma Europa de “paz e pro-gresso” onde a dignidade da pessoa hu-mana, “nas suas relações multipolares e

transversais”, seja o centro das decisões.Por isso, destaca que a Doutrina So-

cial da Igreja sobre o qual os fundadores da Europa quiseram construir uma Eu-ropa que resolve os seus conflitos e di-vergências pelo encontro das pessoas e dos povos através do diálogo e não pela violência das armas, pelo consenso e entreajuda

“A visão bíblica e cristã do mundo contem potencialidades benéficas para a construção duma nova civilização de paz e de amor”, desenvolve o prelado que destacou o património da Doutrina So-cial da Igreja sobre o qual “os fundadores da Europa quiseram construir a Europa” que resolve os conflitos e divergências pelo “encontro das pessoas e dos povos” no diálogo, consenso e entreajuda.

O segundo tópico a que D. António Vitalino dedicou a sua reflexão sema-nal - “Olhando para os obreiros de um mundo novo” - explicou que no “alvoro-ço” de notícias, comentários e opiniões podem ser esquecidas as “pessoas con-cretas” que transformam o mundo num local “mais justo, solidário e humano”.

Neste contexto, e do Ano da Vida Con-sagra, realçou algumas pessoas e insti-tuições que são o “testemunho fiel” de vidas dedicadas ao “serviço de Deus e dos outros” na diocese como os 60 anos da fundação do Carmelo de Beja.

“No meio da instabilidade dos tempos que correm, estas pessoas e instituições são um património precioso, que nos ajudou a chegar até aqui e que precisa de ser continuado”, desenvolveu.

O bispo de Beja recordou ainda a co-munidade das Irmãs do Bom Pastor que saiu da diocese no verão ou a saída das Irmãs Doroteias, “durante a próxima se-mana”.

No sentido inverso destacou a ordena-ção de três diáconos, esta segunda-feira solenidade da Imaculada Conceição, e a chegada de uma comunidade brasileira dos Servos de Maria do Coração de Jesus.

D.R.

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O presépio de rua com figuras em tamanho real é um projeto artístico da escultora Teresa Martins.

Radar

Monsaraz com presépio de rua A v i l a me d ie v a l de Mon s a r a z ap r e s e nt a p e l a dé c i m a qu i nt a v e z c on s e c ut iv a o p r e s ép io de r u a c om f ig u r a s e m t a m a n ho r e a l . Na i n aug u r aç ã o, que s e r e a l i z ou no p a s s ado dom i ng o, d i a 7 ouv iu - s e o C a nte A le nte j a no, c l a s s i f ic a-do r e c e nte me nte c omo Pat r i mó -n io I m ate r i a l d a Hu m a n id ade d a UNE S C O, at r av é s d a s v o z e s do s c a nt ador e s do G r up o Cor a l d a F r e -g ue s i a de Mon s a r a z .

O p r e s ép io de r u a c om f ig u r a s e m t a m a n ho r e a l é u m p r o j e to a r t í s t ic o d a e s c u ltor a Te r e s a Ma r-t i n s e i nte g r a 4 6 f ig u r a s r ep r e s e n -t at iv a s d a n at iv id ade . A s f ig u r a s f or a m c on s t r u í d a s a p a r t i r de g r a nde s e s t r ut u r a s de f e r r o e r e de r e c ob e r t a s p or p a no s i mp e r me a-b i l i z ado s de c or c r u a e e s t ã o p i n-t ad a s e m ton s p a s te l , r o s a v e l ho s e l i l a s e s , e c om a s c a r a s e a s m ã o s f e it a s e m c e r â m ic a .

Mon s a r a z v a i te r a n i m aç ã o du -r a nte a qu ad r a n at a l í c i a . O s v i -s it a nte s que s e de s lo que m à v i l a me d ie v a l e nt r e 5 de de z e mb r o e 6 de j a ne i r o te r ã o a p o s s i b i l id ade de e f e t u a r u m p e r c u r s o d i f e r e n -

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te do h ab it u a l p e l a s r u a s d a v i l a , “ac omp a n h ado s ” p or f ig u r a s r e -p r e s e nt at iv a s do Nat a l , c omo o s Re i s Mag o s , o p a s tor , o s g u a r d a s do c a s te lo, o a l mo c r e v e, a l av a-de i r a ou a f i ade i r a .

A s f ig u r a s v ã o e s t a r i lu m i n a-d a s e d i s p e r s a s p e l a s r u a s até ao L a r g o do C a s te lo, lo c a l onde s e e nc ont r a o c onj u nto p r i nc ip a l do p r e s ép io, c on s t it u í do p e l a s e s c u l-t u r a s d a V i r g e m Ma r i a , S . J o s é e o Me n i no J e s u s . E m c ad a a no h á f ig u r a s que s ã o c olo c ad a s e m d i -f e r e nte s lo c a i s de Mon s a r a z , at r i -b u i ndo -l he s out r o s ig n i f ic ado.

Com e s te p r e s ép io de r u a , o Mu -n ic í p io de Re g ue ng o s de Mon s a-r a z p r e te nde a n i m a r a v i l a me -d ie v a l , tor n a ndo a s s u a s r u a s h i s tór ic a s c omo e s p aço p r iv i le -g i ado p a r a a f ig u r aç ã o d a Nat iv i -d ade . No d i a 2 0 de de z e mb r o, à s 21h , h av e r á “ C a nte ao Me n i no ” n a Ig r e j a de No s s a S e n hor a d a L ag o a , p e lo G r up o Cor a l d a F r e g ue s i a de Mon s a r a z , que f a r á t a mb é m o c onc e r to “ C a nte de Re i s ”, no d i a 5 de j a ne i r o, à s 19 h30 , j u nto ao p r e -s ép io de r u a .

D.R.

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SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 750 140 Email [email protected]

Ângela Caeiro, presidente da JSD do distrito de Évora e José Benjamim e André Ventura (das secções de Évora e Vila Vi-çosa, respectivamente) foram eleitos membros dos órgãos nacionais no Congresso que terminou ontem em Braga.A actual líder distrital foi elei-ta para a Comissão Politica Na-cional e os restantes membros para o Conselho Nacional da organização.Esta equipa resulta das elei-ções para os novos Órgãos Distritais da JSD de Évora cuja mesa é agora presidida por Maria Dias Correia e que ocorreram no passado mês de Novembro, tendo cessado fun-ções Luís Correia (Gui) na foto à direita de Ângela Caeiro.A nova equipa da JSD Distrital tem como prioridades a reac-

tivação de Concelhias da JSD pelo distrito, a formação políti-ca de excelência e o empreen-dedorismo jovem. No XXIII Congresso Nacional da JSD apresentaram uma proposta política sectorial de-nominada: “Por um Alentejo mais articulado e de futuro”, que também demonstra as li-nhas orientadoras desta equi-pa.

Crato criticado no Con-gresso da JSD“Senhor primeiro-ministro, não podemos continuar a pre-parar o ano lectivo em Agosto.” A frase do novo líder da JSD, Si-mão Ribeiro, dirigida directa-mente a Pedro Passos Coelho, que estava presente na sessão de encerramento do congres-so daquela estrutura, foi dita

em tom inflamado. A crítica à forma como decorreu o início deste ano lectivo nas escolas, com atrasos e erros na coloca-ção dos professores, marcou o discurso do também deputado social-democrata.Nuno Crato e o Ministério da Educação e Ciência (MEC) fo-ram alvos de Ribeiro no pri-meiro discurso como presiden-te da “jota” social-democrata. “Não podemos continuar a dei-xar os professores como deixá-mos este ano”, acrescentou, pro-metendo o apoio da JSD para melhorar o sistema de coloca-ção de professores, a sua auto-nomia e a forma como acedem e progridem na carreira.A Educação foi o tema central da intervenção de Simão Ri-beiro, presidente da JSD para os próximos dois anos.

Saúde

Legionella em Castro VerdeA Sociedade Mineira de Neves-Corvo (Somin-cor), em Castro Verde, encerrou os acessos a alguns dos seus balneá-rios por ter sido detetada a presença de colónias de Legionella naqueles espaços, revelou neste sábado a empresa. “No decorrer de análises realizadas à qualidade das águas nos balneá-rios e nas torres de refrigeração na área industrial de Neves--Corvo foi detetada a presença de colónias de Legionella nas amostras colhidas nos balneários junto à lavaria de zinco”, refere o comunicado da sociedade mineira enviado para a agência Lusa.O resultado das análises foi conhecido na sexta--feira à tarde, tendo a empresa decidido encer-rar o acesso àqueles balneários. A empresa informou “de imediato” a autoridade regional de saúde e “tem vindo a in-formar pessoalmente os utilizadores [dos balneá-rios] a cada passagem de turno”.

Política

D.R.

O preço dos combustíveis volta a descer esta semana, acompanhan-do a evolução das cotações dos produtos petrolíferos nos mercados internacionais, diz à Lusa fonte do setor.O litro da gasolina deverá baixar quatro cêntimos e o do gasóleo três cêntimos a partir de segunda-feira, o que representa uma diferença de cerca de 20 cêntimos face ao preço médio praticado há um ano. De acordo com os dados da Dire-ção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), relativos a 2656 postos de abastecimento, o preço médio do gasóleo na quinta-feira era de 1,176 euros por litro, enquanto o preço médio da gasolina estava fixado nos 1,368 euros por litro, que com-para com 1,389 euros e 1,549 euros na mesma semana de dezembro de 2013.A procura global de petróleo deve-rá crescer a um ritmo mais lento em 2015 do que anteriormente es-perado, apesar da queda dos preços do petróleo, considerou esta sexta--feira a Agência Internacional de Energia (AIE). No relatório mensal, divulgado em Paris, a AIE diz que futuras quedas dos preços aumen-tarão o risco de instabilidade social nalguns dos países produtores.

Preço dos combustíveis volta a baixar

Economia

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“Jotas” de Évora eleitos para Órgãos Nacionais