Reiki Para Cristãos - Padre Patrick J Leonard

48

Transcript of Reiki Para Cristãos - Padre Patrick J Leonard

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 1

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Leonard, Patrick J.

Reiki para cristãos / Patrick J. Leonard. --

São Paulo : CCJ - Centro de Capacitação da Juventude, 2 009.

Bibliografia

ISBN 978-85-86785-36-8

1. Medicina alternativa 2. Reiki (Sistema de cura)

3. Saúde - Promoção 4. Sistemas terapêuticos

I. Título.

CDD-615.852

Índices para catálogo sistemático:

1. Reiki : Sistema de cura : Terapias alternativas 615.852

Autor:

PatrickJ. Leonard C.S.Sp.

Coordenação Editorial:

Joaquim Alberto Andrade Silva e Raquel Pulita

Projeto Gráfico e Diagramação:

Hernane Martinho Ferreira

Revisão:

Ana Cândida Costa, Irmã Maria de Lourdes Rodrigues, O.D.N., Maria Elisabete Reis, CSJ

Capa:

Diego Barreto Ivo

Equipe Pastoral CCJ:

Andréa Aparecida dos Santos, Felippe Horvath, Joaquim Alberto Andrade Silva, Jorge Boran, e Raquel Pulita.

Editora:

Subsídios para a Juventude, Edditoração e lmpressão

Tel./Fax: (11) 2917-1425

Centro de Capacitação da Juventude

Rua Bispo Eugênio Demazenod, 463 A

Vila Alpina - São Paulo/SP - CEP: 03206-040

www.ccj.org.br e-mail: [email protected]

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 2

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, Pai e Criador, doador da vida e de cada novo dia.

Agradeço a Jesus que nos deixou o exemplo e o incentivo para usar nossas mãos para a cura de todos os males.

Agradeço a Suzete Barreto que proporcionou minha primeira experiência do REIKI, me incentivou a escrever este livro e trabalhou incansavelmente para vê-lo publicado.

Agradeço aos meus Mestres, Philip Jones e Maria Rita Paixão Kupidlowski, aos organizadores dos cursos que administrei ao longo dos últimos dez anos e aos participantes, que com suas experiências, dúvidas e perguntas me ensinaram tanta coisa sobre o REIKI e a vida.

Agradeço aos autores de livros que providenciaram as respostas às dúvidas e perguntas (minhas e dos outros).

Agradeço aos que criticam e até falam mal do REIKI que me levaram a procurar e publicar respostas às suas críticas.

Agradeço a Dom Irineu, grande incentivador da cura pelas mãos, pelo seu encorajamento e pelo Prefácio tão singelo e sincero.

Finalmente, agradeço a você, leitor(a), porque sem ter quem leia, qual o valor de qualquer livro?

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 3

SUMÁRIO

Prefácio...................................................................................................................04

Significado da capa............................................................................................05

Introdução.............................................................................................................06

Capítulo 1

História da cura pela imposição das mãos..................................08

Capítulo 2

A história do Reiki..................................................................................11

Capítulo 3

Vocabulário do Reiki.............................................................................12

Iniciação......................................................................................................12

Símbolos.....................................................................................................12

Chacras........................................................................................................13

Energia.........................................................................................................13

Energia negativa......................................................................................16

Capítulo 4

Quem pode praticar Reiki?.................................................................17

Capítulo 5

As três etapas do Reiki.........................................................................18

Capítulo 6

Os benefícios do Reiki...........................................................................20

Por que a cura nem sempre acontece?..........................................21

Reações ao Reiki......................................................................................21

Capítulo 7

Os cinco princípios do Reiki...............................................................22

Comentários sobre os cinco princípios.........................................22

Capítulo 8

Recomendações para um tratamento de Reiki..........................24

Conclusões.............................................................................................................26

Oração das mãos.................................................................................................27

Uma História de Amor......................................................................................28

Algumas experiências pessoais com Reiki..............................................30

Bibliografia............................................................................................................32

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 4

PREFÁCIO

Desde criança conservo na memória, como algo muito precioso, a parábola que meu catequista, hoje Dom Antonio Possamai, me contou:

Durante a guerra, uma igreja foi muito danificada por um bombardeio. Até as mãos da imagem do Cristo Rei foram decepadas.

Terminada a guerra, a comunidade restaurou a Igreja que se tornou mais bonita do que antes. Apenas a imagem do Cristo voltou para seu lugar sem nenhuma restauração e sem as mãos.

Por que será? comentava o povo.

Na festa de Cristo Rei, o zeloso pároco deu uma boa resposta, escrita no pedestal da imagem: "Hoje Cristo não tem outras mãos, além das suas".

Como bispo, continuo motivando o povo a redescobrir o poder do amor que existe nas mãos. Já ordenei 134 novos sacerdotes e solenizo o ritual da unção das mãos, usando bastante óleo e, depois, caminho até o fundo da Igreja com o neo-sacerdote, que mostra ao povo suas mãos ungidas. Eu sempre me comovo e percebo que o povo também fica comovido.

Frequentes vezes pedi para Amélia Novaes que tirasse fotos das minhas mãos, com a máquina especial, foto Kirlian. Fico deslumbrado com o que contemplo.

E não se trata apenas das mãos do Bispo ou do Sacerdote, mas as de todas as pessoas.

Sigo cultivando o costume bíblico de impor as mãos sobre as pessoas e também sobre a natureza. Já aconteceu que, ao viajar de avião, abençoei as nuvens, e, depois, choveu água benta sobre o Brasil.

Solicitei várias vezes ao Pe. Patrick Leonard que impusesse as mãos sobre minha pessoa. Deito-me numa maca, ao som de músicas suaves. O resultado é divino. A gente se enche de paz, harmonia, equilíbrio e de diversas curas.

Faço isso também à distância, amorizando pessoas aflitas, raivosas. Fecho os olhos, imagino a pessoa presente, imponho as mãos e partilho as bênçãos que o próprio Deus me comunica.

Experimente você também.

Mas, antes, dê a você mesmo este presente: aprenda mais sobre esta atitude, tão presente na sabedoria dos povos e principalmente nas Sagradas Escrituras.

Não seria necessário apelar para nenhum monge budista, japonês (origem da palavra Reiki), se nós tivéssemos presente o testemunho de Jesus. Ele distribuiu, com as mãos cheias de forças, as graças, as energias, as curas, as bênçãos...

Só que, hoje, Ele não tem outras mãos além das suas.

Que tal emprestar tuas mãos!

Parabéns, Pe. Leonardo.

Alguns, com certeza, não irão concordar com tudo o que consta neste livro. Sugiro, então, que convide o Pe. Leonardo para proporcionar uma experiência e ore assim:

Bom Deus, ofereço minhas mãos para que as use como instrumento teu e que flua através delas o teu amor para curar, dar conforto e alegria. Amém.

Dom Irineu Danelon-SDB

Bispo de Lins Coordenador Nacional da Pastoral da Sobriedade

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 5

SIGNIFICADO DA CAPA

O desenho da capa expressa (em branco) o primeiro símbolo recebido por uma pessoa ao ser iniciada na terapia do REIKI. As linhas horizontais e verticais são estendidas para formar uma cruz (em laranja), montada num espiral que representa o sol, a energia, a luz. Lembra que Aquele que era "a luz do mundo" (Jo 8,12) e estendia as mãos para curar os doentes, estendeu suas mãos para morrer numa cruz. Para os romanos, a cruz significava a morte mais vergonhosa possível, reservada aos criminosos estrangeiros e escravos rebeldes. O cidadão romano (como São Paulo) teve o direito de ser executado pela espada. Os primeiros cristãos transformaram o símbolo da morte vergonhosa no símbolo do amor incondicional do Pai, que permitiu que seu Filho morresse numa cruz "para que todos tenham vida - vida eterna" 0o 10,10)

A atividade missionária do Cristianismo sempre floresceu onde a Igreja, em vez de condenar, acolheu e incorporou os elementos positivos da cultura dos povos convertidos. Podemos citar uma Carta que o Papa Paulo VI mandou em 1975: "A todos os fiéis do mundo inteiro":"O Reino proclamado pelo Evangelho é vivido por pessoas profundamente ligadas a uma cultura, e a construção do Reino não pode evitar emprestar elementos da cultura ou culturas. Mesmo sendo independente das culturas o Evangelho e a evangelização não são necessariamente incompatíveis com elas; pelo contrário, têm a capacidade de permear todas elas sem se tornarem sujeitos a qualquer uma delas". ("Sobre a Evangelização no Mundo Moderno"(número 20).

Neste contexto, Jesus Cristo é nosso modelo. A Palestina da época dele tinha absorvido elementos de muitas culturas: grega, persa, romana, oriental etc. Ele visitava países vizinhos. Dormia nas casas dos sírios e samaritanos (coisa proibida pelas leis judaicas), fez milagres em Gerasa, acolheu gregos, romanos e fenícios, mas nunca falou uma palavra de condenação em relação aos seus ritos, símbolos e crenças. As condenações dele se restringiram aos líderes de sua própria religião, tão dispostos a condenar os costumes dos "hereges" e "pagãos".

O uso do título: "REIKI para Cristãos" para esta publicação não implica que REIKI seja uma religião, nem que pertença necessariamente a alguma. É uma terapia reconhecida mundialmente e respeita as regras de todas as terapias holísticas. Como tal, pode ser praticada por adeptos de qualquer religião. A intenção desta publicação é de eliminar dúvidas sobre a origem do REIKI e tirar qualquer medo em relação ao seu uso por cristãos. Também queremos encorajar seu uso como uma terapia muito apropriada aos cristãos por causa da prática de Jesus e da missão de cura que ele nos deixou.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 6

INTRODUÇÃO

"Imporão as mãos sobre os doentes

e estes ficarão curados."

Mc 16, 18

Os cristãos que praticam a terapia de cura pela imposição das mãos podem apontar para o exemplo de Jesus que, frequentemente, impunha as mãos nas pessoas que desejava curar. Na sinagoga de Nazaré ele anunciou que um aspecto da sua missão era a cura dos doentes: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou para anunciar a Boa Notícia aos pobres, enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-19). Impondo as mãos, ele curou os cegos: "Algumas pessoas levaram um cego e pediram que Jesus tocasse nele. Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele e perguntou: "Você está vendo alguma coisa?" O homem levantou os olhos e disse:'Estou vendo homens; parecem árvores que andam'. Então Jesus pôs as mãos de novo sobre os olhos dele, que enxergou claramente. Ficou curado e ele enxergou todas as coisas com nitidez, mesmo de longe" (Mc 8, 22-25). "Cheio de compaixão, Jesus tocou os olhos de dois cegos e eles imediatamente começaram a ver" (Mt 20,34). Ele curou também um cego de nascença, colocando barro nos olhos dele e mandando-o lavar o rosto na piscina de Siloé (Jo 9, 1,6-7). Ele curou os surdos: "Levaram então a Jesus um homem surdo e que falava com dificuldade, pediram que Jesus pusesse a mão sobre ele. Jesus se afastou com o homem para longe da multidão, em seguida pôs os dedos no ouvido do homem, cuspiu e com a sua saliva tocou a língua dele. Depois olhou para o céu, suspirou e disse: "Efetá", que quer dizer: "Abre-se"! Imediatamente os ouvidos do homem se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade" (Mc 7, 32-35). Ele curou uma mulher paralisada, impondo as mãos sobre ela, mesmo no sábado, um gesto proibido pela lei: "Jesus estava ensinando numa sinagoga em dia de sábado. Havia ai uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. Vendo-a, Jesus dirigiu-se a ela e disse: "Mulher, você está livre de sua doença". Jesus colocou as mãos sobre ela e imediatamente a mulher se endireitou e começou a louvar a Deus" (Lc 13,10-13). Ele curava multidões: "Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes, atingidos por diversos males, os levavam a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava" (Lc 4, 40). Os evangelistas contam três momentos quando ele curou pessoas com lepra, estendendo a mão e tocando neles (um gesto também proibido pela lei). "Aconteceu que Jesus estava numa cidade e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, caiu a seus pés e pediu: "Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar". Jesus estendeu a mão, tocou nele de disse: "Eu quero, fique purificado". No mesmo instante a lepra o deixou" (Lc 5,12- 13). (Ver também Mc 1, 40-42; Mt 8,1-4). Seu poder de cura era tanto que simplesmente tocando no seu corpo ou em sua roupa, as pessoas ficavam curadas; (Mc 3,10, 5,27-33; Mt 9,20-22, 14, 34- 36; Lc 6,18-19, 8,43-47). As mães levaram suas crianças para que Jesus impusesse suas mãos sobre elas: (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15; Lc 18,15).

No momento solene de sua despedida dos discípulos e da terra, Jesus deixou com eles a missão de impor as mãos, para a cura dos doentes. São Marcos descreve a cena: "Finalmente, ele se manifestou aos Onze, quando estavam à mesa (...) e disse-lhes: "Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo; aquele que não crer será condenado. Estes são os sinais que acompanharão os que crerem: em meu nome imporão as mãos sobre os doentes e estes ficarão curados". Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Então, os

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 7

discípulos foram anunciar a Boa Nova por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua pregação pelos sinais que a acompanhavam" (Mc 16, 14-20).

A missão dos "Onze" era de proclamar as Boas Noticias do Reino (Mc 16, 15-16). A missão dos "crentes" seria de comprovar aquela pregação com vários milagres, o último dos quais seria a cura dos doentes pela imposição das mãos (Mc 16,17-18).

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 8

Capítulo 1

HISTÓRIA DA CURA PELA IMPOSIÇÃO DAS MÃOS

Mesmo se a maioria dos livros sobre REIKI insiste que esta terapia foi praticada na índia pelos budistas, muitos séculos antes da Era Cristã, eu não encontrei nenhuma evidência que apoia aquela declaração. Mas na Grécia, Hipócrates (460-377 a.C.), considerado o "Pai da Medicina", curava pessoas doentes usando este método. Ele mesmo escreveu: "Médicos com experiência acreditam que o calor que sai da mão, aplicado aos doentes, é salutar. Frequentemente parece, enquanto estou acalmando meus clientes, que há uma propriedade singular em minhas mãos, puxando e retirando dos membros atingidos, dores e diversas impurezas, pelo ato de impor minha mão no lugar, estendendo meus dedos na direção dele. Dessa maneira, fica reconhecido por alguns sábios que a saúde pode ser implantada nos doentes por certos gestos e pelo contato, assim como algumas moléstias podem ser passadas de uma pessoa à outra". (Fonte: The Centre for REIKI Training, www.reiki.org /r eikinews/hipocrates/3.htm ). Já vimos acima que Jesus usava muitas vezes a imposição das mãos na cura de pessoas. De onde ele teria herdado aquela prática? No Antigo Testamento o gesto de impor as mãos era usado no ato de consagrar uma pessoa para uma missão especial (por exemplo, para a realeza ou o profetismo); uma função religiosa (por exemplo, o sacerdócio), para dar uma bênção ou transferir os pecados do povo para um bode expiatório. Mas não existe nenhuma referência ao seu uso no contexto da cura. Sabemos que, durante os séculos que antecederam o nascimento de Jesus, a terra da Palestina era um grande cruzamento de comércio e de cultura entre o Norte e o Sul, entre o Oriente e o Ocidente. De 322 a.C. até 63 a.C., o país fazia parte do Império Grego. A Galileia, em particular, onde Jesus cresceu, ficou tão colonizada pela Grécia, que chegou a ser chamada: "Galileia, terra dos Gentios" (Mt 4,25). Portanto, é bem possível que a prática de impor as mãos para a cura, incentivada por Hipócrates, tenha sido introduzida na Palestina naquela época.

O Livro dos Atos dos Apóstolos testemunha que a imposição das mãos para a cura da doença foi praticada no início do cristianismo. Naturalmente o autor dá maior ênfase ao anúncio da "Boa Nova" pelos Apóstolos e à aceitação da fé em Cristo nas primícias da Igreja, mas descreve também como o recém-convertido Saulo foi curado da cegueira pela imposição das mãos de um leigo chamado Ananias: "Saulo levantou-se do chão e abriu os olhos, mas não conseguia ver nada. Então, tomaram-no pela mão e o fizeram entrar em Damasco. Saulo ficou três dias sem poder ver. E não comeu nem bebeu. Em Damasco, havia um discípulo de nome Ananias. O Senhor o chamou numa visão: "Ananias"! Ele respondeu: "Aqui estou, Senhor!" O Senhor lhe disse: "Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura, na casa de Judas, por um homem de Tarso, chamado Saulo. Ele está em oração, e acaba de ver, em visão, alguém que se chama Ananias entrar e impor-lhe as mãos para que recupere a vista." Então Ananias saiu, entrou na casa e impôs-lhe as mãos, dizendo: "Saulo, meu irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu quando vinhas pela estrada, mandou-me aqui para que tu recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo." Imediatamente caíram dos olhos de Saulo como que escamas, e ele recobrou a vista. Em seguida, levantou-se e foi batizado. Depois, alimentou-se e recuperou as forças" (At 9, 8-12; 17-19). "Deus operava pelas mãos de Paulo milagres extraordinários" (At 19,11), entre eles a cura do pai de Públio, quando Paulo sofreu naufrágio na Ilha de Malta: "Nos arredores daquele lugar ficava a propriedade do chefe da ilha, chamado Públio. Ele nos acolheu durante três dias, mostrando muita gentileza. O pai de Públio estava de cama, com febre e disenteria. Paulo entrou no quarto do doente, orou, impôs as mãos sobre ele e curou-o. Em vista disto, os demais doentes apresentaram-se a Paulo e foram curados" (At 28,7-9).

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 9

Lemos também sobre os "grandes prodígios e milagres realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos" (At 5,12). Acreditaram nas palavras que Jesus falou para Filipe: "Eu garanto a vocês: quem acredita em mim, fará as obras que faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai. O que vocês pedirem em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês pedirem qualquer coisa em meu nome, eu o farei" (Jo 14, 12-14). Se a imposição das mãos para a cura era tão frequente e tão importante na prática de Jesus e faz parte da missão que ele deixou com "aqueles que tiveram crido em seu nome" por meio da pregação dos Apóstolos, como deixou de ser usada na Igreja? Existem várias explicações. Uma, seria a progressiva clericalização da Igreja, que restringiu a celebração dos atos de culto e a administração dos sacramentos aos sacerdotes e bispos e resultou na codificação da maneira como cada um destes atos deve ser praticado. A prática de impor as mãos, como sinal de consagração ou de bênção ainda existe no ritual da Igreja, mas não para efetuar uma cura, a não ser na celebração renovada do sacramento da unção dos enfermos. Sendo a cura pela imposição das mãos praticada principalmente por leigos (os simples crentes), não foi codificada e caiu em esquecimento ou era condenada como "superstição".

Nos séculos XVII e XVIII, na Europa e na América do Norte, muitas "curandeiras" e "curandeiros" leigos foram queimados vivos ou afogados como bruxas. Até recentemente, a Igreja Católica do Brasil proibiu a prática e a procura das "benzedeiras" que tinham o poder da cura, mesmo sendo católicas praticantes. Sabemos que, em épocas de muitas e rápidas mudanças, certas práticas podem cair no esquecimento. Um exemplo recente é o costume de crianças brasileiras pedirem a bênção aos pais antes de sair de casa ou ao encontrar com parente, padrinho ou padre. Com a grande mudança da zona rural para as cidades nas últimas duas gerações, este costume bonito quase não existe. A Igreja já passou por muitos períodos de grandes mudanças culturais e religiosas, ao longo de sua história.

A atitude da Igreja em relação ao corpo tem passado também por diversas mudanças grandes. Nos primeiros séculos, o corpo humano era muito valorizado como templo do Espírito Santo e moradia de Deus. Jesus rezou: "Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa moradia" (Jo 14,23). São Paulo insiste que, como membros da Igreja, somos o corpo de Cristo, cada um representando uma parte diferente: "Ora, vocês são o corpo de Cristo e são membros dele, cada um no seu lugar" (1 Cor 12, 27). "Acaso não sabeis que sois o corpo de Cristo e que o Espírito de Cristo habita em vocês? (1 Cor 3,16). "Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo? Poderia eu fazer dos membros de Cristo membros de uma prostituta? De modo algum" (1 Cor 6,15). "Glorificai a Deus no vosso corpo" (1 Cor 6, 20). "Exatamente como o corpo de cada pessoa tem partes separadas e cada parte tem uma função diferente, assim todos nós, unidos com Cristo, formamos um corpo só, e como partes, pertencemos uns aos outros" (Rm 12, 4-5). "A Igreja é o corpo de Cristo e nós somos partes vivas dele" (Ef 5,29). Cristo é a cabeça na Igreja e nós os membros (Cl 1,18). Paulo teve sua introdução à doutrina da identidade dos Cristãos com Cristo na hora de sua conversão no caminho para Damasco quando Jesus falou-lhe: "Eu sou Jesus a quem você esta perseguindo" (At 9,4-5). Jesus, na sua humanidade, tinha morrido, mas continuava vivo no seu corpo místico, a Igreja. Perseguindo os cristãos, Saulo estava perseguindo o próprio Jesus Cristo.

A partir do século IV, uma doutrina chamada Maniqueísmo, mesmo sendo condenada como heresia, chegou a exercer uma influência muito grande na teologia e na antropologia da Igreja. Ela rejeita a ideia de que um mundo, no qual existe tanto mal e tanto sofrimento, possa ser a criação de uma divindade tão boa. Portanto, considera tudo que é espiritual ou nâo-material como bom e criação de Deus, enquanto tudo que é material é ruim e criação do "Espírito do Mal". O ser humano seria um espírito essencialmente bom, "condenado" a viver num corpo material essencialmente ruim, até ser liberado pela morte. Como resultado, a alma ganhou tanta importância que o corpo com suas emoções, imagens e desejos ficou relegado

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 10

ao segundo plano, quando não era encarado como fonte de todo pecado. Uma Igreja que no "Creio" professa fé na "Ressurreição da carne (corpo)", chegou a proclamar sua missão principal como sendo "A salvação das almas". Uma "boa morte" chegou a ser mais importante do que uma "boa vida". Os sofrimentos e a doença física devem ser aceitos como um dom de Deus, uma oportunidade de purificar a alma dos desejos carnais e ganhar méritos para si ou para as almas no Purgatório, quando não eram vistos como um castigo pelos pecados. Em francês o Vigário é "Monsieur le Curé", encarregado da "cura das almas" de sua paróquia. Num ambiente desses, a cura dos males do corpo pela imposição das mãos teria pouca ressonância. Finalmente, a revolução científica, que dominou o pensamento ocidental durante os últimos dois séculos, baseia-se na premissa de que somente o material existe. A prática da medicina que, desde a Antiguidade, sempre teve uma dimensão espiritual, ficou imbuída com aquela filosofia e chegou a ver seu papel como um tratamento mecânico da dimensão física (o corpo). Em contrapartida, as igrejas cristãs assumiram sempre mais o aspecto espiritual como área de atuação delas, deixando a "cura" do corpo nas mãos dos médicos, farmacêuticos e laboratórios. A nova ciência da psicologia, que surgiu no fim do século XIX, assumiu como seu papel o tratamento do espírito com sua emoção, memória, imaginação e desejos, criando uma divisão tríplice no ser humano e uma especialização sempre mais crescente em cada área.

Somente aos poucos, em grande parte sob a influência do pensamento Oriental, a Igreja está começando voltar a reconhecer o corpo humano como parte integral de um ser único, a pessoa humana, e que deve ser abordado como tal. HOLOS, a raiz grega da palavra holístico, quer dizer inteiro. É também a raiz das palavras Health (saúde) e Holy (santo) da língua inglesa. Neste contexto é interessante notar que Jesus nunca fez distinção entre corpo, alma e espírito, quando abordado por uma pessoa doente. Ele liberou pessoas de doenças físicas, emocionais e espirituais e proclamou uma missão holística que abraçava a totalidade da vida humana: "Eu vim para que todos tenham vida, vida em abundância" (Jo 10,10). Os praticantes do REIKI seguem a mesma orientação. A cura pela imposição das mãos foi redescoberta, e introduzida como terapia, no fim do século XIX, por um monge budista japonês, Mikao Usui, que lhe deu o nome REIKI. Hoje a terapia está sendo praticada sob várias formas: Toque de Cura; Jurei, Kahuma, etc. por milhares de pessoas, de muitas religiões diferentes, inclusive muitos cristãos, no mundo inteiro.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 11

Capítulo 2

A HISTÓRIA DO REIKI

MIKAO USUI (1865-1926) era um monge budista japonês. Como tal praticava diariamente a oração, a meditação, o jejum. Estudava a história, doutrinas e práticas de sua religião, inclusive as práticas relacionadas com a saúde. Sua história diz que nos antigos manuscritos budistas, na língua sânscrita, descobriu vários símbolos usados para ativar o fluxo da energia vital com seu poder de criar harmonia entre a natureza e os seres humanos, e queria descobrir um método simples de usá-los no tratamento da saúde. Fez um retiro, no topo da sagrada montanha Kuriyama, com aquele intuito. A resposta veio no vigésimo primeiro dia quando foi inspirado a usar os símbolos em conjunto com a imposição das mãos para a cura. Ele desceu do monte e mudou para uma favela da cidade de Kyoto, onde muitas pessoas, que sobreviviam pedindo esmolas, foram curadas pelo método, ao qual ele deu o nome REIKI: Kl que significa a energia de tudo que é material e REI, a energia divina, universal, vital, cósmica.

Uma pessoa contemplativa que faz uma descoberta inspirada, geralmente precisa de alguém ao seu lado para concretizar e organizar sua inspiração. No caso de Mikao, aquela pessoa era Chujiro Hayashi (1878-1941), oficial da marinha japonesa que se tornou seu discípulo, sistematizou o REIKI e fundou uma clínica para aplicá-lo. Ele estabeleceu um sistema de níveis para iniciar seus alunos no recebimento e uso dos símbolos. Pela sua experiência na favela, Mikao tinha chegado à conclusão de que deve haver uma troca de serviços pelo REIKI, porque o que se recebe de graça não é valorizado. Chujiro implantou aquela troca na sua clínica. Ele é honrado como a pessoa que estruturou o REIKI.

No ano 1935, uma havaiana chamada Hawayo Takata viajou para o Japão para realizar um ritual budista em homenagem ao seu falecido marido. Ela ficou muito doente e estava preparada para fazer uma cirurgia quando ouviu falar da clínica de REIKI de Chujiro Hayashi e internou-se nela. Aos poucos ela recuperou a saúde. Decidiu aprender a terapia e ficou na clínica durante dois anos. Em 1938, foi iniciada no grau de Mestra por Chujiro. Antes da morte de Mikao, em 1941, foi passada para ela a missão de continuar sua obra com a incumbência de guardar o REIKI na sua forma original e em sua essência pura e simples. Ela levou o REIKI para Havaí e, depois da guerra, para os Estados Unidos. Para superar os preconceitos dos americanos, ela deu um tom mais "cristão" à história do REIKI, uma versão que se acha nos livros mais antigos, posteriormente corrigida. Antes de sua morte, em 1980, ela treinou e iniciou vinte e dois Mestres e fundou a "Associação Internacional de REIKI". Ela é considerada a grande propagadora do REIKI no Ocidente.

O REIKI foi trazido ao Brasil na década 1980, e começou a ser divulgado por pessoas da linha Nova Era. Os primeiros livros sobre REIKI usam algumas palavras e expressões que têm sua origem naquela orientação e que, de início, assustam bons cristãos. Mas o REIKI, em si, não pertence a nenhuma religião e, aos poucos, está sendo assumido e praticado por pessoas de qualquer religião. Os Reikianos cristãos só precisam acreditar no desejo de Deus de libertar todas as pessoas de tudo que possa impedir a plena vida. Fica evidente que Jesus considerou a falta de saúde física, emocional ou espiritual, um grande obstáculo à "plena vida". A missão de pregar as "Boas Noticias" continua, e também a de "provar a veracidade da Palavra pelos que creem", inclusive pela cura dos enfermos impondo-lhes as mãos.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 12

Capítulo 3

VOCABULÁRIO DO REIKI

Certas palavras e práticas, usadas no contexto do REIKI, podem soar estranhos aos ouvidos dos cristãos, por exemplo: iniciação, símbolos, chacras, energia. Uma reação parecida aconteceu no começo da Renovação Carismática Católica na década de 1970. A Renovação teve sua origem no Pentecostalismo Protestante e por isso foi considerada "herética" por certos elementos da Igreja Católica. Usava expressões e práticas estranhas ao Catolicismo como: "Batismo no Espírito"; "Falar ou cantar em Línguas"; "Descansar no Espírito"; "Dom de profecia". Até o costume de rezar pela cura dos doentes: "impondo-lhes as mãos" não era bem visto e era proibido por algumas autoridades da Igreja. Quando veio um entendimento melhor do que se tratava em cada caso, aqueles termos e práticas chegaram a ser aceitas. Aliás, o "falar em línguas" é um dos "sinais" citados em Marcos 16,18 que também deixou de ser praticado na Igreja durante muitos séculos. (Ver: "Orientações pastorais sobre a Renovação Carismática Católica". CNBB, 1994).

Iniciação

As cerimônias de iniciação sempre tiveram um papel cultural importante na vida do indivíduo e na sociedade. Para os membros

da Igreja Católica, a primeira iniciação é o batismo que define sua inserção na família-igreja. O sacramento do crisma celebra sua passagem da condição de criança para a de adulto. O casamento ou a ordenação sacerdotal marca outra etapa importante na sua vida. A cerimônia da formatura celebra a entrada numa determinada profissão, como também a tomada de posse de um novo Presidente. Geralmente usa-se uma série de gestos, palavras e objetos simbólicos, como por exemplo, a água derramada no batismo, a troca de alianças no casamento, .a entrega de diploma na formatura, a vestimenta de paramentos na ordenação sacerdotal, a troca de faixa na tomada de posse do Presidente.

Para quem assume a missão de transmitir a energia divina para a cura de outras pessoas, pela imposição das mãos na terapia chamada REIKI, há uma cerimônia simples de iniciação em cada etapa.

Símbolos

O símbolo é um objeto, uma frase, um gesto de uso comum, mas que, em outro contexto, torna-se um meio de comunicação que significa mais do que o próprio objeto, frase ou gesto. "É a expressão inteligível do que não podemos expressar de outro modo, do inexprimível" (Dr. Egídio Vecchio). Por exemplo, uma rosa no quintal da casa pode ser admirada por sua beleza e perfume, mas ganha um significado especial quando oferecida à namorada no dia de seu aniversário. Comunica simbolicamente, de maneira muito compreensível e sem palavras, um amor muito especial. Os gritos: "aleluia", "hosana" e "Olé, olé" não significam nada no dicionário, mas na celebração da ressurreição de Cristo ou no dia da vitória de seu time comunicam uma alegria tão forte que as palavras comuns não conseguem expressar adequadamente. Estender a mão para ajudar uma pessoa idosa a levantar-se é um gesto comum, mas estender a mão em sinal de reconciliação ou acolhida tem um significado totalmente diferente. Os sinais do trânsito são símbolos que comunicam, de forma legível e rápida, o que os motoristas e pedestres devem fazer para evitar acidentes.

O significado de um símbolo pode mudar de uma época ou de um país para outro. Para João Batista o batismo na água simbolizava a limpeza dos pecados, mas para os cristãos significa a nova vida no Espírito. A mesma mensagem pode ser comunicada por gestos simbólicos

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 13

diversos em culturas e religiões diferentes. Para expressar reverência a Deus, os católicos fazem uma genuflexão, os orientais encurvam os ombros e a cabeça e os maometanos ajoelham-se, encurvando o corpo todo com a cabeça tocando no chão.

Os símbolos têm um papel muito importante nas celebrações religiosas, porque a linguagem comum não consegue expressar a profundidade e a dimensão sagrada das experiências do divino. A Igreja Católica usa muitos objetos e gestos como símbolos: pão e vinho; água; vela acesa; paramentos; sinal da cruz; imagens dos santos, abraço da paz, acompanhados de palavras (mantras) que, às vezes, não têm tradução (amém; aleluia; maranatha). Cada símbolo e mantra têm o poder de transmitir uma graça especial. É só pensar no poder do símbolo da cruz traçado pela mão direita (mudra) e acompanhado pela mantra: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".

"A cruz é um símbolo muito poderoso para qualquer cristão. Contém toda a essência do ensino, história, forma, dogma e sua origem. Traçada no ar acima de nossa cabeça se transforma numa benção que solta a potencialidade dentro de cada um de nós para nos tornarmos a consciência de Cristo. É uma proteção e uma purificação" (Traduzido do "Teach Yourself REIKI" de Sândi Leir Shuffrey p. 106).

O gesto simbólico de impor as mãos pela cura faz parte do rito renovado da Unção dos Enfermos, mas aquele sacramento só pode ser celebrado pelos sacerdotes.

Na iniciação do REIKI o candidato recebe vários símbolos acompanhados de mantras. São usados na cerimônia da iniciação de cada etapa e na terapia de cura. Durante muitos anos foram guardados como segredo, mas hoje podem ser vistos na maioria dos livros sobre REIKI. Quando Hipócrates diz que: "A saúde pode ser implantada nos doentes por certos gestos e pelo contato" (ver Capitulo 1, primeiro parágrafo), provavelmente está se referindo aos símbolos.

Chacras

A palavra "chacra" significa "roda" na língua sânscrita. São centros no corpo que emitem ou absorvem energia, segundo a necessidade desse. Eles "rodam", como se fossem redemoinhos, captando energia ou como vulcões, soltando-a. Seus vórtices giram no sentido horário ou anti-horário, dependendo do chacra e do sexo da pessoa. Seu papel na saúde e no tratamento das doenças foi reconhecido, no Oriente, milhares de anos antes da Era Cristã. São sete os chacras principais, mas existe um número muito grande de chacras secundários. As solas dos pés e as palmas das mãos têm chacras poderosos. Eles funcionam em sintonia com as glândulas endócrinas. São mencionados frequentemente nos livros sobre REIKI.

Energia

Os cientistas definem energia como "Todo agente capaz de produzir movimento" e dizem que toda energia é uma forma de luz. Existem três grandes sistemas de energia, cada um com sua própria frequência vibracional da luz.

O primeiro sistema se chama Kl em japonês (CHI em chinês). Manifesta-se em duas formas: matéria e onda. A matéria pode se transformar em ondas e estas, em matéria, que consiste em partículas de lenta vibração, enquanto as ondas são de rápida vibração.

A madeira é produzida pelas ondas da luz emitidas pelo sol e captadas pelas folhas da árvore e pode voltar a ser ondas de luz pela queimação. O petróleo, que também armazena a luz do sol, é transformado em ondas de energia cinética para movimentar os carros. O Kl é um sistema de energia física, finita e mensurável.

O segundo sistema é REI. É eterno e infinito, mas criado por Deus. É biomagnético (característica de seres vivos). Interpenetra e transmite vida e inteligência à criação. Não é mensurável. Não existe um kg de vida nem um litro de amor, nem um km de alegria. Não se

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 14

mede a inteligência em quilowatts, nem a vontade em volts, nem a espiritualidade em megabytes. Mas todos eles são manifestações de energia. A canção: "É o amor que faz rolar o mundo" contém uma dose de verdade. A ciência pode estudar os efeitos do REI, mas não o próprio REI. A alma humana é REI individualizado. É uma energia de altíssima vibração. O corpo humano é Kl, uma energia de baixíssima vibração ativada pela vibração mais alta do REI. Depois da morte, só fica, aqui na terra, o Ki, o corpo sem ânimo da pessoa.

O terceiro sistema é divino. "Deus é luz" (1 Jo 1,5) e "habita uma luz inacessível que nenhum homem viu nem pode ver" (Dn 6, 16; 1 Tm 6,15). Deus é! "Aquele que se chama "Eu Sou", te enviou" (Ex 3,14). A divindade é uma irradiação de energia ("Um agente capaz de produzir movimento") infinita, eterna, mas não criada. Manifesta-se através da criação, mas não é idêntica a ela. Mais uma vez, a ciência pode estudar seus efeitos (a "ação" de Deus), mas não o próprio Deus.

Todas as religiões e espiritualidades do mundo estão baseadas na mesma experiência humana de que existe "algo" ou "alguém" além do universo criado, além da nossa compreensão e entendimento, origem de tudo que existe.

Muitos cristãos sentem uma resistência em relação ao REIKI por causa da palavra "energia" que é muito usada no contexto da Nova Era e em livros sobre o assunto. A versão grega do Novo Testamento usa seis palavras diferentes para falar em energia. Na língua portuguesa, são usadas quatro: energia, força, valor e poder. No dicionário Aurélio, e na linguagem do povo, são equivalentes. Falamos: "A força caiu" quando a energia elétrica fica interrompida, e "Perdi o poder de meu braço", quando ele não tem energia. Nas traduções da Bíblia a palavra preferida é força: "Eu senti que uma força saiu de mim" (Lc 8,47), mas a tradução da Bíblia de Jerusalém de Cl 1,11 é: "Animados de eficaz energia segundo o poder de sua glória".

Todas as terapias naturais são formas de transmissão de energia. A cromoterapia transmite a energia das cores; aromaterapia, dos perfumes; hidroterapia, da água; geoterapia, da terra; helioterapia, do sol; fitoterapia, a energia curativa das plantas, e assim por diante. A própria oração está sendo sempre mais reconhecida, j pelos médicos e cientistas, como meio de transmissão de energia curativa. Uma pesquisa recente revela que 70% dos médicos dos Estados Unidos perguntam aos receptores se eles aceitam que o médico faça oração para eles.

Parece que o receio, não somente em relação ao REIKI, mas às outras terapias holísticas, como por exemplo, Yoga, vem da grande diferença entre as maneiras pelas quais as diversas religiões e espiritualidades encaram a "energia" que chamamos Deus. Muitas religiões orientais, e em particular o movimento chamado "Espiritualidade da Nova Era", ensinam que Deus se identifica com todas as formas da energia: material/ôndica (Kl), bioenergética (REI) e divina ("Luz inacessível"). Portanto, tudo que existe é Deus e Deus é tudo o que existe. São chamados PANTHEISTAS. (PAN em grego= tudo e THEOS = deus). Geralmente elas evitam usar a palavra Deus, que tem a conotação de um ser individual, distinto, preferindo falar em "O Todo" ou em "Energia Cósmica", "Energia Universal" etc. Por outro lado, as religiões conhecidas como "Ocidentais" são panteístas. Ensinam que Deus está EM tudo que existe, mas não se identifica com tudo. Como criador de tudo, Deus está presente em sua obra, como o pintor está em sua pintura, o músico em sua música, o autor em seu livro, os pais em seus filhos. Tudo, depois de criado, depende do poder Dele para continuar existindo. Mas, ele fica sempre distinto de suas obras. Deus criou a luz: "Haja luz, e houve luz" (Gn 1,3), mas a luz criada não era Deus. As religiões monoteístas (mono=único), que ensinam que existe um só Deus (Judaísmo, Cristianismo, Maometanismo) são PANENTEÍSTAS. O Cristianismo ensina também que este Deus j único é também trino, nas pessoas do Pai, do Filho feito homem, Jesus Cristo, e do Espírito Santo. Mesmo se nasceram no Oriente i Médio, são consideradas religiões do Ocidente. As religiões que têm sua origem no Oriente (Budismo, Hinduísmo, Shintoísmo j

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 15

etc.), são todas PANTHEISTAS, como também a maioria das j religiões indígenas da África e das Américas. Diversas formas de Espiritismo seguem a mesma orientação.

Outra causa de confusão na terminologia de alguns livros sobre REIKI são as diversas crenças sobre o destino da pessoa humana depois da morte. As religiões orientais em geral e o espiritismo acreditam na reencarnação: depois da morte, a alma ou espírito continua vivendo em outro corpo. Seus adeptos falam em "cura de vidas passadas", "prana", "karma" limpeza da dívida kármica, etc., que soa estranho nos ouvidos dos cristãos que acreditam na ressurreição, que ensina que vivemos somente uma vez neste mundo, mas que continuamos vivendo, corpo e alma na outra vida. Na oração do Credo professamos nossa fé "na ressurreição do corpo".

Esses fatos explicam, pelo menos em parte, porque muitos cristãos, inclusive alguns padres, experimentam receio em relação às terapias que têm sua origem no Oriente. As terapias e curas praticadas pelos nossos ancestrais, pagãos e cristãos, sempre tiveram conotações religiosas, porque acreditaram que quem cura mesmo é Deus, doador e dono da saúde e da vida. A separação entre religião e saúde é um fenômeno triste de nossa era cientifica e paganizada.

O evangelista Mateus, por meio da história dos Três Magos (que não eram "Reis") (Mt 2, 1-12) quis transmitir que a revelação e a salvação de Deus em Jesus Cristo, era para todas as pessoas de boa vontade e não somente para os judeus. Eles vieram do Oriente e praticavam astrologia: "O estudo da suposta influência dos astros no destino e comportamento dos homens" (Dicionário Aurélio), interpretavam sonhos e trouxeram presentes simbólicos (ouro, incenso e mirra)! O título "Mago" era dado a pessoas que tinham poderes mágicos. Seguiram uma inspiração e uma estrela e chegaram à procura de um REI que seria Deus. Perguntaram: "Onde está um neném que nasceu para ser o Rei dos Judeus. Vimos sua estrela no Oriente e chegamos para adorá-lo". Avisados por Deus em sonho eles voltaram ao seu país "por outro caminho" porque Herodes quis matar o novo rei. Nada indica que eles se "converteram" ao Cristianismo. A aceitação e incorporação dos elementos positivos das diferentes culturas é uma característica do Cristianismo, desde seu início.

Neste contexto da aceitação do diferente, seria interessante f aplicar às terapias holísticas as palavras sábias do documento da Conferência dos Bispos do Brasil em relação às diferenças entre as Igrejas: "Na verdade, muitos detalhes são às vezes postos em destaque para marcar diferenças entre as Igrejas, porque elas ainda não aprenderam a ser parceiras. Quando se desfizerem os I estranhamentos entre uma igreja e outra, certamente se perceberá melhor que o essencial nos une". ("Ler a Bíblia com a Igreja" I CNBB, 2005, pg. 45). Sejamos parceiras na procura "do essencial que nos une": melhor saúde para todos, e não opositores.

Já vimos, acima, a importância, na teologia de São Paulo, da presença de Jesus na pessoa de cada cristão. Uma conclusão surpreendente é que Jesus precisa de nós a toda hora para dar continuidade à missão de libertação que ele proclamou na sinagoga de Nazaré (Lc 4,18). Ele precisa de nossos olhos para ver com compaixão quem está sofrendo; de nossos ouvidos para escutar suas histórias; de nossos pés para ir ao seu encontro; de nossa língua para transmitir uma palavra de consolo ou encorajamento e de nossas mãos para repartir o pão e transmitir o amor dele, 1 para aqueles que nunca ou pouco experimentaram o poder do j toque carinhoso. Seria lamentável ver frustrado o desejo dele, de impor as mãos sobre os doentes para que sejam curados, por causa de um preconceito ou falta de entendimento de algumas palavras. Os Evangelistas descrevem quatro ocasiões que Jesus usou o gesto de "repartir o pão". (Mt 4,6; Lc 9.16; 22,19; 24,30), um gesto que repetimos sempre que alimentamos os famintos ou celebramos a Eucaristia. Ele usou o gesto de impor as mãos para a cura, inúmeras vezes. Não teria chegado a hora de os Cristãos recuperarem aquela prática bonita pela terapia do REIKI?

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 16

Energia Negativa

Este termo aparece frequentemente nos livros sobre REIKI. Tem sua origem no dualismo maniqueísta já mencionado, que considerava o material como uma coisa ruim, criada pelo demônio, e somente o espiritual, criado por Deus, como bom. Se acreditarmos que Deus é o criador de tudo que existe, o mal, em si, não pode existir, nem uma energia totalmente negativa. "Energia é energia. Não há energia má - somente energia bem dirigida ou mal dirigida". (A Cura pelas Mãos, de Richard Gordon, p. 22). Como qualquer outra criatura ou dom de Deus, a energia pode ser usada para o bem ou para o mal. A energia atômica pode iluminar nossas cidades ou destruí-las. A energia das mãos pode ser usada para curar ou matar. Pode existir, sim, energia excessiva ou estagnada nos órgãos do corpo, mas, em si, a energia é sempre uma coisa boa. O povo fala de certas pessoas que "projetam uma energia ruim", que de fato estão usando uma energia, em si boa, para fins negativos. Mais comum são pessoas, com um nível de energia tão baixo, que "chupam" a energia de outras pessoas, deixando-as fracas ou cansadas. São os chamados "vampiros de energia" e a melhor defesa contra elas é uma fuga rápida. Para os terapeutas e outros profissionais da saúde que precisam se expor a tais receptores, a auto-aplicação do REIKI providencia uma proteção valiosa.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 17

Capítulo 4

QUEM PODE PRATICAR REIKI?

Qualquer pessoa de boa vontade, que se disponha a ser canal da energia divina para a cura de si mesma, de outras pessoas, de animais e de plantas, do planeta terra os seus habitantes, e que tenha sido iniciada por um Mestre de REIKI qualificado. REIKI é um dom para toda a humanidade e não pertence a nenhuma religião ou povo. Portanto, não envolve doutrinas, crenças, estruturas institucionais. Pode haver "escolas" ou "associações" de praticantes do REIKI com a finalidade de aprofundar e aprimorar a terapia, mas as regras particulares destas aplicam-se somente aos seus membros. A linguagem, gestos e música recomendados nos cursos, livros e rituais de iniciação podem sofrer a influência da religião dos mestres ou dos praticantes.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 18

Capítulo 5

AS TRÊS ETAPAS DO REIKI

Tornar-se praticante do REIKI exige uma preparação séria, que é providenciada numa primeira etapa de dois dias, que inclui teoria e prática, e uma simples cerimônia de iniciação. Uma vez iniciado, o Reikiano (a Reikiana) tem tudo o que precisa para transmitir aquela energia curativa para si, para outras pessoas, animais e plantas, situações de conflito, tensão, estresse, ambiente de trabalho, etc. A prática do REIKI deixa o Reikiano com a sensação de estar mais perto de Deus e, portanto, com atitudes e comportamentos mais amorosos.

A segunda etapa, com sua cerimônia de iniciação, confere o poder de transmitir a energia divina à distância, atuando além das dimensões de espaço e de tempo. Jesus também curava à distância. Mc 7, 24-30 descreve a cura da filha da mulher pagã da Sirofenícia: "Ela voltou para a casa e encontrou sua filha deitada na cama. O demônio tinha saído dela". Mt 8,5-13 trata da cura do servo do Centurião. REIKI também cura feridas na memória, transforma situações desagradáveis em agradáveis, relacionamentos negativos em positivos, elimina a ansiedade em relação ao futuro, facilitando assim a tomada de decisões. Pode transformar, aos poucos, a sociedade por meio de uma mudança da consciência humana em relação à justiça que é a base da paz. "Venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu" (Mt 6,10).

O título de "Mestre" é dado a quem já completou a terceira etapa (em algumas Escolas, dividida em dois períodos). Confere o poder de iniciar outras pessoas no REIKI. Não indica qualquer superioridade ou autoridade em relação aos demais. Implica, sim, em uma responsabilidade maior na vivência deste dom e em relação à idoneidade, preparação, e posterior acompanhamento, de seus "iniciados" como praticantes dignos, capacitados e responsáveis do REIKI. Exige uma fidelidade ainda maior aos Cinco Princípios do REIKI: confiança, honestidade, paciência, gratidão e respeito para todo ser vivo. "Quem de vocês quiser ser grande, deverá se tornar o servo de todos" (Mc 10,44). "Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus disse: "Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; dizeis bem, porque eu sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós" (Jo 13,12-15).

No terceiro grau percebe-se melhor que somos um com o cosmo, mesmo sendo seres únicos e que temos uma responsabilidade pelo bem-estar do planeta terra. Reconhecemos que o ritmo do REIKI é parecido com o da natureza. Esta constatação nos liberta da pressa, da corrida em busca de resultados imediatos. Aprendemos a esperar tudo que é bom, mas não necessariamente hoje! "Criar bem-estar onde reina a doença exige esforço, compromisso, determinação e confiança. REIKI é o ponto de partida para que a mudança aconteça. O corpo pode ficar bem, as emoções calmas e a mente com clareza. A vitalidade volta com uma sensação de paz, felicidade e gosto pela vida. Somente pela mudança da consciência pode tornar-se permanente o conserto dos estragos do passado. Tratamento e auto-tratamento tornam-se práticas diárias para assegurar o estado de equilíbrio recém-adquirido. O conhecimento espiritual gradativamente infiltra- se em cada momento, em cada respiração". (Traduzido do livro: Teach Yourself REIKI, de Sandi Leir Shuffley, p. 165).

Os Reikianos são incentivados a fazer reciclagem em todos os graus, sempre que puderem. Ninguém é tão mestre de sua profissão que não possa aprender mais sobre ela. A reciclagem não precisa ser com o mesmo mestre, até pelo contrário. Os mestres não devem cobrar nada pela reciclagem a não ser uma pequena contribuição para despesas eventuais com hospedagem, aluguel, apostilas, etc.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 19

O REIKI não exige um grau especial de educação nem de santidade, mas os "Cinco Princípios" deixados pelo Mestre Usui deixam claro que a pessoa que se coloca a ser canal do poder divino aos outros deve ter uma vivência responsável, moral e amorosa. Lembremos que os 72 discípulos enviados por Jesus para anunciar a proximidade do Reino tiveram pouca preparação, mas quando eles voltaram contando, com alegria, que "até os demônios se submeteram a nós quando usamos seu nome" Ele "exultou de alegria" e louvou o Pai "Porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos" (Lc 10,9, 17,21). Afinal, é Deus quem cura, aproveitando-se de nossas mãos, nossa fé e boa vontade.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 20

Capítulo 6

OS BENEFÍCIOS DO REIKI

O REIKI é um método profundo de cura e relaxamento que vitaliza, dissolve barreiras e equilibra as energias em nível físico, emocional e espiritual-mental. A experiência

de quase cem anos, em tantos países, comprova sua eficácia nas

seguintes áreas:

1. Acelera a cicatrização de feridas, queimaduras, cirurgias, a recuperação de ossos quebrados, diminuindo a dor.

2. Afeta mudanças benéficas na composição química do corpo, ajudando-o a reconstruir músculos, nervos, estrutura esquelética e na regeneração de órgãos.

3. É eficaz até em distúrbios antagônicos: pressão alta ou baixa; intestino preso ou solto etc.

4. Melhora casos de diabetes, alergias, asma, febre, problemas respiratórios, cardíacos e intestinais.

5. Excelente para pré ou pós-cirurgia.

6. Dissolve tumores; cálculo vesicular ou renal; coágulos no sangue.

7. Elimina produtos tóxicos, resultado de má alimentação, tratamento alopático ou agressivo, poluição, anestesia, drogas, etc.

08. Promove um sentimento de bem-estar, de harmonia consigo, com os outros, com o universo e com o Criador.

09- Desenvolve a criatividade, a sabedoria, a memória, a imaginação.

10.Aumenta a sensibilidade, a apreciação da arte, da música, da beleza (ouvindo, vendo, tocando, cheirando, degustando).

11.Leva a paz a situações conflituosas de família, comunidade, trabalho.

12.Proporciona clareza na hora das decisões e força na execução delas.

13.Aumenta a auto-estima e autoconfiança.

14.Equilibra os chacras.

15.Da mesma maneira que um trauma emocional pode causar trauma físico, um relaxamento emocional pode resultar no relaxamento físico que facilita a cura.

16.Cura e beneficia animais e plantas.

17.As doenças estão sempre ligadas à nossa maneira de viver, pensar, sentir e agir. O REIKI busca trabalhar em primeiro lugar as raízes mais profundas de nosso mal-estar (estresse, ambição, competição, complexo de inferioridade, dependências, sentimento de culpa doentio, etc.). Portanto, a primeira cura é, geralmente, invisível, sendo emocional e espiritual. Obviamente, temos que fazer nossa parte no processo. A decisão de mudar velhos padrões de comportamento tem que ser nossa. Mas o REIKI pode proporcionar a coragem de assumir o risco e os sacrifícios implícitos em tais mudanças.

18.Não existe mudança maior do que a morte. Em casos realmente "terminais" o REIKI prepara a pessoa para aceitar com tranquilidade o inevitável e experimentar a bênção,

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 21

para si, para os parentes e os amigos, de morrer em paz. Afinal, a morte é a cura definitiva de todos os males.

Por que a cura nem sempre acontece?

Não é possível garantir a cura para todos os males porque o ser humano não é uma máquina a ser consertada. Cada pessoa é um ser único, diferente de todos os outros, muito complexo e em constante mudança; além de ter a inteligência que ajuda a discernir entre o bem e o mal, é dotada de livre-arbítrio que permite escolher o mais agradável no lugar do mais urgente ou importante. O inconsciente também exerce uma forte influência sobre nossas decisões. Conscientemente, uma pessoa pode querer ser curada de uma doença, mas inconscientemente preferir continuar doente por causa de alguma vantagem que tira da mesma. Por exemplo, uma criança pode descobrir que a única maneira cie ter a atenção da mãe seria de ficar doente. O primeiro filho que durante um bom tempo gozou de toda a atenção da mãe, perde-a com o nascimento de um irmãozinho. Se ficar febril, volta a ter a atenção perdida. Mais tarde, pode, por exemplo, desenvolver ataques de bronquite em momentos de sentir-se só ou em crise emocional. Quando reconhece a causa, geralmente fica curado. Muitas pessoas idosas ou morando sozinhas precisam de uma doença como desculpa para uma visita ao médico ou para passar um período em um hospital. Uma pessoa preguiçosa pode achar melhor ficar "encostada", recebendo benefício-doença, do que trabalhando. Não era à toa que Jesus perguntava a pessoas obviamente doentes: "Você quer ficar curado?" (Jo 5, 6) ou "O que vocês querem que eu faça por vocês?" (Mt 20,32). Ele sabia que uma pessoa, cega de nascença ou sofrendo de lepra, teria muita dificuldade em ganhar a vida trabalhando depois de tantos anos vivendo de esmola.

Outro impedimento à cura são as dúvidas que uma pessoa pode ter em relação à terapia ou ao terapeuta. Os médicos constatam que a confiança no médico e nos remédios facilita a recuperação dos doentes. Muitos católicos confiam na oração do padre, mas duvidam do ministério de cura pela imposição das mãos de um leigo - "Igualzinho a gente". Sabemos, por experiência, que as plantas e animais reagem mais rapidamente porque não resistem ao REIKI. Finalmente, temos que reconhecer que Deus não faz milagres quando um remédio está à disposição. Os sintomas transmitem uma mensagem importante em relação à saúde e à necessidade de tratamento. O REIKI pode aliviar uma dor de dente, mas a causa da dor deve ser tratada por um dentista.

Reações ao Reiki

Quando o corpo e seus órgãos começam a ser estimulados pela energia do REIKI, pode acontecer uma crise de cura, isto é, o estado geral do doente parece piorar, porque está em andamento um processo de eliminação chamado desintoxicação, que deve ser considerado normal, sobretudo no caso de usuários de drogas farmacêuticas ou ilícitas. Os sintomas variam de pessoa para pessoa.

Alguma doença ou alergia, das quais os sintomas foram reprimidos pela medicina alopática, podem voltar, para ser curada totalmente. Memórias traumáticas e sentimentos muito tempo reprimidos como raiva, culpa, medo, podem surgir. O aparecimento de qualquer um desses sintomas, durante ou após um tratamento com Reiki ou numa iniciação, não deve causar preocupação. Deve- se avisar ao receptor, entretanto, para não se formar uma ideia negativa da terapia.

Por outro lado, não deve ser surpresa se não aparecer nenhum destes sintomas numa pessoa que está com um estilo de vida saudável. Regra geral, nas terapias holísticas, as doenças que levam muito tempo para estabelecer-se (por exemplo, artrite, pressão alta ou baixa etc.) levam mais tempo para serem curadas, enquanto as doenças agudas são curadas mais rapidamente.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 22

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 23

Capítulo 7

OS CINCO PRINCÍPIOS DO REIKI

Só por hoje, eu confiarei.

Só por hoje, eu farei meu trabalho honestamente.

Só por hoje, eu ficarei paciente.

Só por hoje, eu mostrarei amor e respeito para todo ser vivo.

Só por hoje, eu viverei a atitude de gratidão.

Comentário sobre os cinco princípios

Os cinco princípios foram elaborados pelo Imperador Meji do Japão (1886-1912) e adotados por Mikao Usui como os "cinco mandamentos" do REIKI. A cura mais importante da pessoa que pede REIKI ou quer se tornar Reikiano nem sempre é o que ele deseja. A cura mais importante é uma mudança de vida pela qual ela assume a responsabilidade com sua saúde e com as situações e acontecimentos de sua vida. Quando Mikao Usui propôs aos seus seguidores a meditação diária dos 5 princípios, ele baseou-se na sabedoria que diz: "O que você deseja ser é o que você será". Cada Reikiano compromete-se a viver estes princípios da melhor maneira possível.

Quando repetimos: "Só por hoje" ou "Somente hoje", isto não quer dizer que amanhã não precisa. Muito pelo contrário, o compromisso é assumido para toda a vida. Mas só existe hoje: amanhã não existe ainda. Reconhece que, para muitas pessoas, é difícil encarar uma vida inteira sem suas compulsões e compensações. É, pelo mesmo motivo, que os grupos anônimos de dependentes propõem a abstinência somente durante "as próximas 24 horas".

Cada livro sobre REIKI apresenta os 5 princípios em ordem diferente. Não tem importância, já que eles formam um círculo, em fluxo contínuo, cada um dependendo dos outros e dando sua contribuição ã integração holística do ser humano. Podem ser comparados com as oito bem-aventuranças do Evangelho (Mt 5,1- 11), que, no seu conjunto, definem a vida da pessoa santa.

Princípio 1 - "Só por hoje> eu confiarei".

Preocupar-se com o passado é fútil. O passado já morreu; não existe mais. Só resta aprender e viver as lições de nossos sucessos e fracassos e perdoar nossos erros e os erros dos outros. Preocupar- se com o futuro também é inútil. A tentação de controlar o futuro é forte e gastamos muita energia tentando prever todas as alternativas quando só pode acontecer uma delas ou algo totalmente inesperado. "A vida é o que acontece enquanto estamos planejando outra coisa".

Princípio 2 - "Só por hoje, eu farei meu trabalho honestamente

Ser honesto consigo mesmo implica enfrentar a verdade com coragem. Cada pessoa tem uma imagem falsa de si, que é a origem das máscaras que apresentamos ao mundo. Quando tiramos as máscaras, descobrimos que as pessoas importantes de nossa vida continuam nos amando como somos, e não como gostaríamos de ser. E nossa transparência encoraja-as a revelarem-se honestamente também. Sendo honestos na comunicação de como somos, vamos ser honestos em tudo que fazemos.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 24

Princípio 3 - "Só por hoje> eu ficarei paciente

O sentimento da raiva faz parte do sistema de autoproteção de quase todos os animais, inclusive do ser humano. Portanto, pode ser considerado um dom de Deus. Mas freqüentemente sai do controle e pode ser muito destrutivo quando usado para humilhar ou machucar outras pessoas. Somos convidados a controlá-lo, limitando-o aos casos onde não existe outra maneira adequada de proteção de si ou das pessoas amadas.

Para controlar um movimento de raiva, o primeiro passo é identificá-la como tal e reconhecer sua força. Em seguida tomamos consciência de sua fonte. A raiva é sempre um sentimento secundário; quer dizer, sempre tem um outro sentimento como fundo, por exemplo, humilhação, frustração, medo, ciúme, abandono, etc. E sempre tem uma ação, uma palavra ou omissão causando aquela emoção. O próximo passo é expressá-la, e a melhor maneira de fazer isto é comunicando verbalmente seus sentimentos para a pessoa que deixou você com raiva, descrevendo, sem julgamento, o comportamento dela que desagradou a você e o sentimento primário. Por exemplo, sua esposa pode falar-lhe: "Meu bem, quando você insiste em dirigir a 120 km por hora nesta estrada ruim, eu fico com muita raiva de você porque tenho tanto medo de um acidente". Isto pode ser escutado muito melhor do que: "Está querendo nos matar, dirigindo assim"? Continuar negando ou reprimindo a irritação porque nos ensinaram que "raiva é uma coisa feia", ou "raiva é pecado" fatalmente leva a uma doença física ou à depressão.

Existe uma diferença entre paciência e calma. Ficar calmo pode ser uma maneira de reprimir a raiva, mas ficar paciente é saber trabalhá-la adequadamente.

Princípio 4 - "Só por hoje, eu mostrarei amor e respeito para todo ser vivo."

Quando deixo de respeitar qualquer ser vivo, desrespeito não somente o Criador, mas a mim mesmo, porque eu faço parte de tudo o que existe no universo. A natureza nos é confiada para ser protegida e não explorada. No Livro de Gênesis lemos; "Deus tomou o homem e a mulher e os colocou no jardim para o cultivar e guardar" (Gn 2,15). Uma má interpretação da palavra "dominai", usada em outra versão da história da criação (Gn 1,28), é uma das causas da depredação da natureza que estamos presenciando hoje. A má divisão dos bens da natureza não respeita o fato de que somos todos filhos de Deus e seus herdeiros e que merecemos nossa parte.

O Reikiano respeita também quem pratica outras terapias, e se oferece para complementar e não^para substituir outras modalidades de cura. Na gentileza, na cortesia, a pessoa humana irradia o que há de mais bonito no amor de Deus.

Princípio 5 - "Só por hoje, eu viverei a atitude de gratidão."

As pessoas que vivem reclamando do que elas não têm, estão vivendo o negativo, e o negativo só pode gerar resultados negativos, sobretudo em relação à saúde. Quem vive dando graças pelas bênçãos recebidas, está gerando uma energia que produz saúde e abre oportunidades para receber ainda mais bênçãos. A felicidade produz em nosso corpo uma série de hormônios que reforçam nosso sistema imunológico enquanto a tristeza mina nossas defesas naturais.

A maneira mais adequada de expressar nossa gratidão pelo dom da vida e de nossos talentos é usando-os para melhorar a qualidade de vida de todos nossos irmãos e irmãs, participando da luta pacífica pela justiça das grandes figuras de nossa época, como Mahatma Ghandi, Nelson Mandela, Helder Câmara, continuando assim a missão de Jesus Cristo, que veio "Para que todos tenham vida, vida em plenitude". (Jo 10,10). É a grande missão de cada Reikiano.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 25

Capitulo 8

RECOMENDAÇÕES PARA UM TRATAMENTO DE REIKI

1. Lave as mãos e antebraços, antes e após o tratamento.

2. Retire anéis, relógios e outros objetos de metal, tantos os seus como os do receptor.

3. Desligue o telefone, a luz acima do receptor ou qualquer outra coisa que possa atrapalhar um relaxamento profundo.

4. Usar música suave e incenso, de comum acordo, ajuda a relaxar.

5. Pode-se perguntar ao receptor os motivos que o levaram a procurar o REIKI, mas esta informação não é necessária para que funcione. Ser escutado é sempre o primeiro passo no processo de cura.

6. Faça um momento de oração, de encontro com Deus que é quem vai curar.

7. Sempre que possível, faça um tratamento completo, dedicando de 3 a 5 minutos a cada posição. Caso isto não seja possível, dirija-se aos chacras principais ou aos pontos indicados pela sua intuição.

8. É importante que ambos estejam confortáveis, num ambiente seguro e agradável. O praticante pode ficar sentado ou em pé. O REIKI pode ser aplicado numa cadeira, embora numa maca seja o ideal. Pergunte ao receptor se quer algo mais - um cobertor, uma almofada sob a cabeça ou os joelhos, etc.

9. Conversar somente se for necessário.

10.Tomar cuidado para não suspirar sobre o rosto do receptor.

11.Na aplicação, mantenha as mãos em concha, com os dedos juntos. Encoste suas mãos com suavidade, sem pressão.

12.No caso de queimaduras, feridas ou infecções, mantenha as mãos a certa distância da área afetada. Se houver gesso, coloque as mãos sobre ele.

13.O REIKI não é uma "ciência exata". Não se prenda demais às posições, número de minutos em cada posição, etc. Sua intuição é mais importante do que as regras.

14.Normalmente o tratamento começa pela cabeça. Depois de descer, não volte mais à posição anterior.

15.Não deve tirar ambas as mãos, de uma vez, do corpo do receptor, para não perder o contato físico.

16.A aplicação do REIKI não depende da concentração de quem o aplica. O resultado não depende dele. Sua intenção de ser canal da energia divina é tudo de que precisa.

17.No fim da aplicação, deixe o receptor relaxando. Se estiver caído no sono, pode usar uma técnica suave de relaxamento para acordá-lo. Não ascenda a luz nem abra cortinas abruptamente. Ajude-o a levantar-se e a ficar sentado à beira da maca enquanto você lava as mãos e prepara um copo de água com algumas gotas de limão para ambos.

18.Agradeça a Deus e ao receptor pela confiança depositada no REIKI e em você.

19.Avisar ao receptor sobre a possibilidade de sintomas de desintoxicação durante os dias seguintes e esclarecer qualquer dúvida que ainda tenha em relação ao REIKI.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 26

20.Mantenha sigilo absoluto em relação a qualquer comunicação verbal ou não verbal que você captou durante a sessão.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 27

CONCLUSÕES

O REIKI é uma terapia muito simples com poucas regras além daquelas aplicáveis a qualquer terapia (ética, cortesia, sigilo, etc.). São somente duas as "regras" deixadas por Mikao Usui: o receptor precisa aceitar recebê-lo e deve haver uma troca, não pela energia, mas pelo tempo gasto na sua aplicação. Na família ou na comunidade, a troca de serviços acontece normalmente.

Na prática do REIKI, não é necessário tirar a roupa, apenas os sapatos, óculos e relógio. As mãos do terapeuta são colocadas levemente em várias partes do corpo. A cura depende somente de Deus e não da força da fé nem da concentração do Reikiano. Basta a intenção de dar e receber. Deve reconhecer a diferença enorme entre esperança e expectativa para evitar a tentação de criar ilusões em si e no receptor. "Deixe o receptor em paz e seu ego de lado. Afaste qualquer ideia de fazer algo a não ser a colocação das mãos com a intenção de passar REIKI. É dentro do processo de "não fazer nada" que as mudanças acontecem". (Traduzido do livro "Teach Yourself REIKI", de Sandi Leir Shuffrey, p. 87).

Algumas pessoas mais sensitivas podem reconhecer pontos no corpo com falta ou excesso de energia, mas fazer um diagnóstico não é o papel do Reikiano.

A transmissão à distância pode ser feita para várias pessoas em qualquer parte do mundo ao mesmo tempo, sempre com sua aceitação. A energia divina é infinita e sem limites de tempo e de espaço. Se aumentar o número de pessoas, deve-se fazer uma lista com o nome de cada uma a ser lida antes de começar. O nome faz parte da identidade da pessoa e forma um vínculo forte entre quem transmite e quem recebe. O receptor não precisa saber da hora exata da transmissão.

O Reiki pode ser transmitido em situações de conflito, desastres, epidemias e para a cura do planeta Terra. Uma sessão de REIKI geralmente dura mais ou menos uma hora; à distância, meia hora. Em situações de emergência, por exemplo, no caso de um acidente de trânsito, um receptor na UTI, etc. fazer o tempo que for possível.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 28

ORAÇÃO DAS MÃOS

Bom Deus, faze que minhas mãos,

Sejam sempre mãos que curam.

Que através delas, tua vida possa propagar-se,

Para diminuir a dor, para aumentar a paz,

E para curar, sempre que necessário.

Bom Deus, faze que por meio das minhas mãos,

Passe alguma essência do teu amor, fluindo através delas,

Para dar conforto e alegria.

Bom Deus,

Ofereço minhas mãos para que as use, Como teus instrumentos de cura. Amém!

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 29

UMA HISTÓRIA DE AMOR

Para explicar minha paixão pelo REIKI, preciso contar um pouco a história da minha vida. Sou padre da Igreja Católica, membro da Congregação Missionária do Espírito Santo, nascido na Irlanda em 1925, terceiro filho de pequenos agricultores. Entrei na Congregação em 1945 e fui ordenado padre em 1956. Passei dez anos num Colégio da Congregação, na Irlanda, lecionando ciências e participando da vida da comunidade e dos 500 alunos internos. Depois de muito pedir, em 1966, fui enviado em missão ao Brasil. A primeira paróquia onde trabalhei era em Pacaembu, na Diocese de Marília, SP (Alta Paulista), onde passei quatro anos. Em seguida, trabalhei sete anos no Instituto Pastoral de Adamantina (IPA) uma obra da Congregação dedicada à formação de líderes de comunidades rurais e urbanas da mesma diocese. Em 1982 aceitei um convite para trabalhar na equipe de formação de liderança da Conferência dos Religiosos (CRB) que representava os 50.000 religiosos e religiosas do Brasil. Cada curso teve quatro meses de duração com 50 participantes. Um elemento importante do curso era uma experiência individual de orientação espiritual, mas sempre faltavam orientadores qualificados. Terminando meu contrato de três anos, resolvi passar um ano em Boston (EUA), aprofundando a teoria e prática da orientação espiritual. Uma das Irmãs no curso estava muito interessada no "body work" (trabalho com o corpo): uso de massagem e exercícios físicos em retiros, como acréscimo ã orientação espiritual. Voltei ao Brasil em 1987 e durante sete anos ministrei cursos de treinamento na orientação espiritual, em três etapas, nas vinte e duas Regionais da CRB.

Uma conclusão a qual cheguei na orientação espiritual de religiosos (as) era que pouco adiantava trabalhar somente a dimensão espiritual se o indivíduo não estava tratando bem seu corpo: trabalhando demais, se alimentando mal, dormindo pouco, sem tirar férias e, pelo desejo de passar a imagem de "religioso(a) perfeito(a)", reprimindo suas emoções. A Irmã Maria do Carmo Costa, da Congregação da Providência de Gap, com quem trabalhei no CETESP e em vários retiros, tinha chegado à mesma convicção. Decidimos unir as forças para fundar o Instituto Educacional na Saúde de Itajubá (IESAI) no ano de 1991. O Instituto era dedicado ao aprofundamento da espiritualidade num abordagem holística da saúde, usando meios e terapias alternativas, descobrindo o valor curativo da água, da terra, do ar e da luz, das plantas e de animais, na promoção da saúde. Os receptores seriam principalmente religiosos e leigos, engajados na Pastoral da Igreja, precisando de um período de descanso e recuperação, com um propósito educativo, que daria resultados no seu trabalho com os pobres. Foi comprado como sede o Sítio São Francisco em Piranguinho - MG; em maio de 1994 eu mudei definitivamente para lá.

No IESAI trabalhei com uma terapeuta holística chamada Suzete Barreto. Ela é iridóloga, mas aplicava também massagem e REIKI. Durante cinco anos colaborei com ela na produção da revista: "Saúde Integral", da qual ela era redatora e editora. Um dia, estava com muita dor na base da coluna, e ela me aplicou uma massagem, mas a dor persistiu. Ela sugeriu uma sessão de REIKI. Sem muito entusiasmo, aceitei, mas, com meia hora de tratamento, a dor sumiu. Fiquei impressionado. Pouco tempo depois, de férias na Irlanda, conversando com uma Irmã que trabalha com crianças muito excepcionais, ela contou que, quando aplica REIKI nas crianças agitadas, estas acalmam. Pedi o telefone de seu Mestre de REIKI e entrei em contato com ele. No dia 28 de agosto de 1998, fui iniciado por ele no primeiro grau. No dia 5 de dezembro, de volta ao IESAI, fui iniciado no segundo grau por Maria Rita Paixão Kupidlowski, de Belo Horizonte - MG. No dia 12 de outubro de 1999, a mesma iniciou-me no grau de Mestre. Fiz várias reciclagens com outros Mestres.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 30

No início do ano 2000, mudei para o Centro de Saúde, NATURIVIDA, na cidade de Guaimbé, Diocese de Lins, SP, a pedido do Bispo, Dom Irineu Danilon, para exercer a função de diretor espiritual e terapeuta. Na Semana Santa daquele ano iniciei quinze pessoas no primeiro grau de REIKI na capela do Centro. A partir daí, dei cursos de REIKI em Presidente Prudente, Itajubá, São Lourenço, Caxambu, Pacaembu, Recreio dos Bandeirantes, e no Centro NATURIVIDA. Em março de 2002, aceitei o convite de Irmã Maria de Lurdes Rodrigues, Assessora da Regional RJ da CRB, para orientar uma série de cursos de REIKI I, II e III, promovidos pela Regional. A maioria das centenas de participantes eram religiosas e religiosos, com bom número de leigos.

No mês de março de 2003, terminou meu contrato com o Bispo de Lins e cheguei à Paróquia Cristo Libertador, Angra dos Reis, RJ, com o encargo de formar e treinar uma Equipe Pastoral de Saúde Holística. Os doze membros da equipe têm grau I e II do REIKI e oferecem tratamento mediante uma contribuição simbólica, num plantão nos segundos e quartos sábados de cada mês no novo Centro Comunitário, "Saúde e Vida", no bairro de Belém. Eu mesmo atendia no Centro Paroquial. O problema maior da equipe é a falta de procura pelo povo, ainda viciado nos remédios alopáticos, distribuídos de graça nos Postos de Saúde. Estes eliminam rapidamente os sintomas, mas não a raiz profunda da doença, enquanto os remédios holísticos tratam da causa bem mais devagar. Para o povo, o REIKI é lento e barato demais. Também as pessoas acham difícil assumir as mudanças de hábitos alimentares e de vida, aconselhados pelos membros da Equipe.

Qual a importância do REIKI na minha vida? Tenho muita dificuldade em dizer "não" a qualquer pedido de ajuda e quando digo "sim" é para valer. Portanto, sempre fico com uma lista de coisas a fazer. Uma sessão de REIKI me faz parar. Durante aquela hora, não faço nada. Simplesmente deixo Deus ser Deus, sem nutrir expectativas em relação aos resultados. Qualquer cura que acontece ou não acontece está nas mãos de Deus, a quem estou emprestando minhas mãos. No tempo que passo transmitindo REIKI para alguém ou enviando-o a distância, relaxo, rezo, penso na vida ou durmo. Acredito que Deus está agindo no corpo, na alma e no espírito da pessoa por meio do REIKI, mas o resultado não depende de mim. Naquela hora, Deus parece estar muito perto de mim e volto a ser como criança deitada no colo da mãe, sem preocupação nenhuma. Também fico mais perto da natureza, que é tão paciente e faz tanta coisa bem feita sem nossa interferência. O semeador joga a semente, mas não precisa ficar ajudando-a a germinar. A natureza segue seu ritmo: a noite segue ao dia, a primavera ao inverno, o calor vem depois do frio, a chuva depois da seca; num ritmo de nascimento, crescimento, morte e novo nascimento. Aprendi com o REIKI a não ter expectativas em relação aos resultados do meu trabalho, mas somente esperança.

Tenho outros motivos para gostar do REIKI. Eu sabia, por experiência, que tinha o poder de cura nas mãos, mas hesitei em propô-lo ou usá-lo por medo de ganhar a fama de "Curandeiro". Se o povo achar que era eu quem curava, como "Padre Milagreiro" eu teria que ser "muito santo". Finalmente, não posso ser considerado um charlatão, já que estou praticando uma terapia mundialmente reconhecida.

Entra também o fator idade. Aos 83 anos não tenho mais a energia que tinha aos 40, mas o REIKI não exige esforço. Muito pelo contrário, é um tempo de repouso, relaxamento e cura para mim também. Geralmente fico sentado durante grande parte da sessão de REIKI. Por causa disso, alem do REIKI à distância que aplico todos os dias (deitado), eu gosto de tratar pelo menos um receptor por dia.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 31

ALGUMAS EXPERIÊNCIAS PESSOAIS COM REIKISeis meses depois da minha chegada em Angra dos Reis, uma senhora veio pedir-me um tratamento para sua filha, de mais ou menos trinta anos, que tinha perdido a voz, fazia alguns meses. Os exames médicos não acusaram qualquer problema nas cordas vocais, e seu médico estava pensando em mandá-la para um especialista em São Paulo. Aceitei aplicar REIKI nela durante meia hora entre dois receptores com hora marcada. Ela levantou-se da maca, conversando e continua falando até hoje. Algum tempo depois descobri que durante uma enchente, que matou 39 pessoas na cidade, seis meses antes, ela teve que ficar em pé, na casa dela, com água até os ombros, com um filho nos braços. Passado três meses ela perdeu a voz, provavelmente por causa do choque retardado. Uma sessão de REIKI a restaurou.

Durante minhas férias na Irlanda em 2006, de visita à casa da minha sobrinha mais velha, o gato dela estava doente e desnutrido porque não estava conseguindo engolir nada. Minha sobrinha estava muito preocupada porque a mãe dele tinha morrido do mesmo jeito. Apliquei REIKI nele durante cinco minutos, quando voltei no dia seguinte, minha sobrinha contou que depois do Reiki, ele foi deitar embaixo de uma cerca viva e ficou como morto durante uma hora. Depois levantou e começou a comer. Três dias mais tarde visitei outro parente. Ela estava fora da casa, junto com seu cachorrinho que não estava com força para subir os dois degraus até a porta. Apliquei REIKI nele durante alguns minutos a uma certa distância, porque ele não aceitava que uma pessoa estranha tocasse nele. Ele começou a girar no sentido relógio embaixo das minhas mãos e depois em sentido contra-relógio. Logo entramos na casa e ele entrou conosco, pulando. Ambos estavam bem um ano depois. Os animais e as crianças reagem com mais facilidade ao REIKI, do que as pessoas adultas, porque não oferecem nenhuma resistência. Todos os dias aplico REIKI nas minhas flores. Parece que as roseiras têm um amor especial por ele. Em qualquer emergência chamo o REIKI que me ajuda de forma direta ou indireta: chave ou documento perdido, motor do carro que não dá partida, computador que não quer fazer o que quero (quando não funciona, lembro-me do preceito da paciência). Recentemente, ia passar uns dias numa casa de repouso da Congregação. Coloquei o carro na garagem, tirei minha bagagem e fechei o portão do quintal. Mas quando tentei abrir o portão da casa, a chave não funcionou. O que fazer? Voltar dez quilômetros até a casa de um colega para pegar outra chave? Telefonar para ver se ele estava em casa? Mas o telefone público estava quebrado. Voltando para o portão, lembrei de "colocá-lo no REIKI". Logo me veio uma ideia: que tal introduzir a chave do outro lado da fechadura? (O portão era tipo grade). Experimentei e funcionou!

Mas a minha experiência é só minha. Se você quer saber mais sobre REIKI, procure um Reikiano qualificado, experimente uma sessão. Deixe que o próprio REIKI fale para você. Peço, sobretudo, que não critique o REIKI sem conhecê-lo ou porque alguma "autoridade" falou mal dele. Não seja como os doutores da lei e os fariseus condenados por Jesus: "Vocês não entram e fecham as portas para não deixar entrar quem quer entrar" (Mt 23,14). Querendo ir mais para frente, pesquise bem até achar um Mestre qualificado. Na minha opinião, cada etapa deve durar mais ou menos 15 horas e deve ter pelo menos seis meses de prática entre REIKI I e REIKI II. Cuidado com Mestres que complicam as coisas, acrescentando elementos de outras terapias ou religiões. O REIKI é pura simplicidade. Evite quem faz propaganda anunciando REIKI I e II num fim de semana.

Como acontece com todas as profissões, terapias e religiões, não faltam exploradores que aproveitam do REIKI por motivos de lucro, fama ou poder. Os próprios apóstolos foram abordados por um mágico chamado Simeão querendo comprar deles o poder de cura. (At 8, 9 -24).

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 32

Uma vez iniciado, pratique, pratique sempre, em si, na sua família e amigos, nas plantas e animais, nas situações de conflito, sofrimento e estresse e em nosso querido, mas ferido, planeta Terra.

Nota: As citações bíblicas são da Bíblia Ave Maria.

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 33

BIBLIOGRAFIA

Baginski e Sharamon. REIKI Universal Life Energy. Life Rythm. Califórnia. 1988

Cardoso, Joel. REIKI Harmonia Universal. Tipo Editora, S.R 2001

De Carli, Johnny. REIKI Amor, Cura e Transformação. Madras. S.P.

De Carli, Johnny. REIKI A Terapia do 3o Milênio. Madras, S.P.

De Carli, Johnny. REIKI Universal. (13a Edição). Madras, S.P. 2007

Horan, Paula. Reiki, uma Habilitação para a Cura. Madras, S.P.

Palotta, Cinira A. REIKI A Cura Natural. DPL Editora, S.P. 1999

Petter, Frank Arjava. O Fogo do Reiki. Pensamento, S.P. 1977

Rowland, Amy Z. Reiki Tradicional para o Mundo Moderno. Pensamento, S.P. 2000

Stein, Diane. Reiki Essencial. Pensamento, S.P. 1995

Shuffli, Sândi Leir. Teach Yourself Reiki. Hodder Headline, London, England. 2000

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 34

O Padre Leonardo é irlandês, membro da Congregação do Espírito Santo, com 43 anos de experiência no Brasil e 10 anos trabalhando com REIKI.

Está morando no Sítio dos Anjos, Rua Maria Evani dos Santos, 890, Estrada da Adutora Ouro Fino Paulista, CEP 09444-005, Ribeirão Pires/SP. Tel. (11) 4822-1758 – [email protected]

Pe. Patrick J. Leonard – Reiki para Cristãos 35