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257 GUIA DE LEITURA DE REINAÇÕES DE NARIZINHO Maria Augusta H. W. RIBEIRO 1 Daniel Marcelo Dias ENTORNO 2 Augustinho Aparecido MARTINS 3 Resumo: O presente texto descreve a experiência na elaboração de um guia de leitura para a obra de Lobato, Reinações de Narizinho. O guia contempla as histórias referenciadas por Lobato nesta obra, além de dispor uma variedade de versões e ilustrações dessas obras. Como referencial teórico, foi utilizada a intertextualidade na acepção de Jenny (1979), a questão da experiência comentada por Benjamin (1985) e da leitura, na concepção de Larrosa (2002). Este material, fruto da pesquisa, realizada foi disponibilizado no formato eletrônico em razão das características desta mídia como hyperlinks, facilidade de atualização, maior suporte de informações que no meio impresso e baixo custo de duplicação. Palavras-chave: Reinações de Narizinho; intertextualidade; leitura; hipertexto; Internet. INTRODUÇÃO A importância da escrita até o século XX é irrefutável. No começo, ela era para poucos, por causa da difícil e demorada reprodução, pois toda obra era manuscrita. Na Renascença, a invenção de Gutenberg agilizou a reprodução e popularizou a imprensa, resgata uma série de obras e gêneros literários: Antes do advento da eletricidade, a imprensa não conhecia rival, no que toca quer à expansão quer à intensidade, no seu poder de recuperar o passado e de servir de memória coletiva. Não só faz reviver a Antiguidade, outrora reduzida, ao pequeno caudal dos manuscritos, como inebria os letrados de escolástica e de aforismos sentenciosos. A mecânica rápida da imprensa põe ao alcance de todos as iluminuras dos livros de horas. Estas “leituras para todos” formam um público novo e dão origem a um florescimento de gênero novos. Cervantes e Rabelais discernem na evolução do público letrado o efeito duma mistura de gêneros numa escala colossal. Cervantes apresenta um D. Quixote enlouquecido pela leitura dos romances recuperados por Gutenberg, Rabelais mostra o mundo sob a forma dum Jacó gargantuesco de que se nutrem os apetites insaciáveis dos homens. (JENNY, 1979, p. 9) Se no Renascimento a imprensa foi a causadora de uma revolução, no final do século XIX a invenção do rádio e, na primeira metade do século XX, a da televisão – os chamados meio de comunicação de massa – geraram uma crise no meio impresso: Há uma constatação irrefutável: o uso dos meios impressos de comunicação é hoje reduzido, em todo mundo. Tanto o acesso quanto o tempo dedicado pelo público ao rádio e à televisão são maiores que aqueles destinados ao livro, ao jornal e à revista. (MELO, 1999, p. 61) 1 Coordenadora do Projeto: Guia de leitura de Reinações de Narizinho – Processo 901/03 – PROGRAD/UNESP/Reitoria – Núcleo de Ensino do Campus de Rio Claro. Professora assistente doutora do Departamento de Educação do Instituto de Biociências. 2 Bolsista do Projeto – Aluno de graduação em Ecologia. 3 Bolsista do Projeto – Aluno de graduação em Pedagogia.

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GUIA DE LEITURA DE REINAÇÕES DE NARIZINHO

Maria Augusta H. W. RIBEIRO1 Daniel Marcelo Dias ENTORNO2

Augustinho Aparecido MARTINS3

Resumo: O presente texto descreve a experiência na elaboração de um guia de leitura para a obra de Lobato, Reinações de Narizinho. O guia contempla as histórias referenciadas por Lobato nesta obra, além de dispor uma variedade de versões e ilustrações dessas obras. Como referencial teórico, foi utilizada a intertextualidade na acepção de Jenny (1979), a questão da experiência comentada por Benjamin (1985) e da leitura, na concepção de Larrosa (2002). Este material, fruto da pesquisa, realizada foi disponibilizado no formato eletrônico em razão das características desta mídia como hyperlinks, facilidade de atualização, maior suporte de informações que no meio impresso e baixo custo de duplicação.

Palavras-chave: Reinações de Narizinho; intertextualidade; leitura; hipertexto; Internet.

INTRODUÇÃO

A importância da escrita até o século XX é irrefutável. No começo, ela era para

poucos, por causa da difícil e demorada reprodução, pois toda obra era manuscrita. Na

Renascença, a invenção de Gutenberg agilizou a reprodução e popularizou a imprensa, resgata

uma série de obras e gêneros literários:

Antes do advento da eletricidade, a imprensa não conhecia rival, no que toca quer à expansão quer à intensidade, no seu poder de recuperar o passado e de servir de memória coletiva. Não só faz reviver a Antiguidade, outrora reduzida, ao pequeno caudal dos manuscritos, como inebria os letrados de escolástica e de aforismos sentenciosos. A mecânica rápida da imprensa põe ao alcance de todos as iluminuras dos livros de horas. Estas “leituras para todos” formam um público novo e dão origem a um florescimento de gênero novos. Cervantes e Rabelais discernem na evolução do público letrado o efeito duma mistura de gêneros numa escala colossal. Cervantes apresenta um D. Quixote enlouquecido pela leitura dos romances recuperados por Gutenberg, Rabelais mostra o mundo sob a forma dum Jacó gargantuesco de que se nutrem os apetites insaciáveis dos homens. (JENNY, 1979, p. 9)

Se no Renascimento a imprensa foi a causadora de uma revolução, no final do

século XIX a invenção do rádio e, na primeira metade do século XX, a da televisão – os

chamados meio de comunicação de massa – geraram uma crise no meio impresso:

Há uma constatação irrefutável: o uso dos meios impressos de comunicação é hoje reduzido, em todo mundo. Tanto o acesso quanto o tempo dedicado pelo público ao rádio e à televisão são maiores que aqueles destinados ao livro, ao jornal e à revista. (MELO, 1999, p. 61)

1 Coordenadora do Projeto: Guia de leitura de Reinações de Narizinho – Processo 901/03 – PROGRAD/UNESP/Reitoria – Núcleo de Ensino do Campus de Rio Claro. Professora assistente doutora do Departamento de Educação do Instituto de Biociências. 2 Bolsista do Projeto – Aluno de graduação em Ecologia. 3 Bolsista do Projeto – Aluno de graduação em Pedagogia.

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No Brasil, essa transformação ocorrida com o advento da imprensa se dá

tardiamente, devido à política colonialista portuguesa que impedia a impressão de obras em

território brasileiro. Só na primeira metade do século XIX, com a chegada da Família Real

portuguesa ao Brasil, é liberada a produção literária. Mas, efetivamente, a referida revolução

começa a acontecer quando Monteiro Lobato, em 1918, ensaia seus primeiros passos como

editor e, logo em seguida, investe todo seu dinheiro e prestígio em sua editora, com isso

popularizando o livro e, especialmente, os autores por ele lançados. Entre muitos, citamos

alguns: Oswaldo de Andrade, Menotti Del Picchia, Paulo Setúbal, Graça Aranha. Mas isso só

acontece pela sua estratégia de venda, transformando o livro em uma mercadoria como outra

qualquer, levando-o aos mais distantes lugares do país. É uma das muitas avançadas

concepções do escritor com relação ao objeto livro e à própria maneira de enfocar a leitura.

A obra infantil de Monteiro Lobato, iniciada no começo do século XX, foi

moldando-se a esses diversos meios de comunicação. Inicialmente impressa, a saga lobatiana

foi adaptada ao rádio e à televisão. Podemos dizer que hoje o referencial que a criança

brasileira tem de sua obra é por meio da televisão. Seguindo essa história é que propomos um

guia de leitura eletrônico de sua obra, uma vez que estamos no “reinado” do computador.

No final do século XX, entram em cena as múltiplas possibilidades

proporcionadas pelo advento da informática; entre estas, a interligação de computadores com a

conseqüente formação de redes, que nos vislumbra um novo tipo de comunicação, e portanto

um outro tipo de leitura e de escrita. Uma vez que o rádio e a televisão já tomavam o tempo

dedicado à leitura tradicional, as novas tecnologias virtuais, entre elas a própria Web e os CD-

ROM apresentam propostas de reformulação das práticas de leitura e pesquisa. Esta

readequação do processo de leitura pode ser observada pela constatação de que a maioria dos

usuários da rede simplesmente não lê seus respectivos conteúdos de imediato. Segundo

Nielsen (1997), eles vasculham as páginas buscando algo que chame sua atenção. E como a

Internet apresenta uma grande variedade de informações, este tipo de procedimento de

“triagem“ favorece o surgimento de um leitor “raso”, com pouco vínculo com os textos pela falta

de hábito em interpretar os mesmos, mas com uma visão geral do tema.

Notamos, desta forma, que a velocidade em captar pontos-chave, um scan é

uma tendência do novo leitor. Nielsen diz que esta tendência é comum, pois normalmente o

leitor está com pressa e sabe que não precisa ler tudo para obter o que necessita. Observamos

então que na transição das mídias, o leitor foi se tornando um “explorador de tópicos”. A falta de

tempo para o aproveitamento integral do texto pode justificar a sucessão de mídias.

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A aventura impar possibilitada pela leitura dos textos infantis de Monteiro Lobato

permitiu às crianças do início do século passado uma globalização cultural. Os seus escritos

funcionaram como hoje funciona o hipertexto4: ele concentrou personagens de todas as mídias

existentes na época. Notamos a presença de figuras relacionadas à mitologia (Hércules,

Medusa, Perseu, etc), aos contos (Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Simbad, Barba

Azul, Patinho Feio, etc), ao teatro (O pássaro Azul e O fantasma da ópera), ao cinema (Tom Mix

e Gato Felix), aos personagens bíblicos (São Pedro, São João, Judas, Caim e Jonas), aos

personagens extraídos da oralidade (Saci e Pedro Malasarte), aos personagens da História

(Platão, Marquesa de Santos e Hipócrates), às personalidades brasileiras (Cornélio Pires, o

palhaço Eduardo das Neves e Lampião), ao mundo das fábulas (Cigarra e a Formiga, Os

animais e a peste, O lobo e o cordeiro, Os dois pombos, A menina do leite). Notamos, também,

citações de obras infantis (Alice no país das maravilhas, Pinóquio, Peter Pan e As Aventuras do

Barão de Münchhausen), e de um brinquedo (a boneca Raggedy Ann), que talvez possa ter

inspirado a criação da personagem Emília.

Para os contemporâneos do lançamento das obras de Monteiro Lobato, esse

caldeirão de histórias fazia sentido, e era captado de prontidão. A mensagem da obra, que

continua sendo um sucesso entre os leitores de todas as faixas etárias, porém, com o tempo,

perdeu um pouco do sentido original em virtude das próprias mudanças da sociedade e o

aparecimento de outras mídias. Assim nos parece, que o resultado da leitura de Reinações de

Narizinho seja hoje, bem diferente do daquela época. Que criança conhece, hoje, Tom Mix,

Ahmed, Raggedy Ann ou, ainda, As Aventuras do Barão de Münchhausen?

Para facilitar o resgate de parte das intenções de Lobato ao enxertar tal número

e diversidade de personagens na obra Reinações de Narizinho, além de ressaltar a amplitude

de sua contribuição para a formação de várias gerações de crianças, foi elaborado o projeto

“Guia de leitura de Reinações de Narizinho”, no formato eletrônico a ser disponibilizado para o

público escolar tanto no formato CD-Rom quanto via Internet.

4 Hipertexto - Formato de arquivo no qual o texto tem ligações não lineares, inclusive para fora do conteúdo principal, podendo ser lido de forma não seqüencial. Este tipo de arquivo é possibilitado pela presença de hiperlinks.

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1- METODOLOGIA

Iniciamos nosso trabalho realizando uma atenta releitura de Reinações de

Narizinho, focando nossos olhares para toda variedade de personagens e vultos trazidos por

Monteiro lobato para participar junto com sua turma das aventuras do Sítio do Picapau Amarelo.

Listamos todos estes personagens contidos na obra e passamos a realizar uma ampla pesquisa

bibliográfica informatizada.

Para a aquisição e confecção de textos e imagens, executamos buscas na

internet (utilizando mecanismos de busca como o Google e o Altavista). Esta ferramenta se

mostrou muito eficiente, pois foi possível ter acesso a diferentes versões de imagens e textos,

apresentando informações desconhecidas até então pela equipe. Um exemplo disso é a fábula

da Menina do Leite. Neste caso, foram encontradas sete versões da história; sendo quatro pela

Internet. Em outros, a busca por material foi precedida pela necessidade de descobrir o nome

original da obra para dar início às buscas. Feito isso sempre o grupo foi surpreendido com

valiosos achados, o que só veio a enriquecer o produto final do CD.

Foi também realizada uma saída de campo para à Biblioteca Monteiro Lobato,

na capital.

A partir da constatação da importância que estas histórias tiveram na vida dos

leitores de Reinações de Narizinho, bem como de toda a obra infantil do escritor, a pesquisa

bibliográfica possibilitou uma maior compreensão de personagens como Ahmed, Aladim,

Alfaiate Valente, Ali Babá, Alice, Andersen, Barão de Münchhausen, Barba Azul, Bela

Adormecida, Branca de Neve, Bucéfalo, Caim, Capinha Vermelha, Capitão Gancho, Cavalo de

Tróia, Cavalo Encantado, Cigarra e a Formiga, Cinderela, Codadad, Cornélio Pires, Cristóvão

Colombo, Eduardo das Neves, Esopo, Fantasma da ópera, Fauno, Gato de botas, Gato Felix,

Górgona, Hansel e Gretel, Hipócrates, Irmãos Grimm, Jonas, Judas, La Fontaine, Lampião,

Lobo e o Cordeiro, Marquesa de Santos, Matusalém, Medusa, Mefistófeles, Menina do Leite, Mil

e uma noites, Minotáuro, Morgiana, Ninfas, O Banquete, Os dois pombos, Pássaro Azul,

Pássaro Roca, Patinho Feio, Pedro Malasarte, Pégaso, Pequeno Polegar, Peter Pan, Pescador

e o Gênio, Perseu, Pinóquio, Platão, Raposa e o Corvo, Rousseau, Saci, São João, São Pedro,

Sherlock Holmes, Simbad, Sininho, Soldadinho de Chumbo, Teseu, Tom Mix, Wendy,

Xeerazade, além de lugares, episódios históricos entre outros.

Com o tempo estruturamos como as informações seriam apresentadas no CD.

Graças a quantidade de dados coletados, a viabilidade da utilização do formato eletrônico para

este trabalho ficou cada vez mais clara. Em virtude da grande quantidade de figuras

referenciadas (principalmente as infantis), e para a melhor visualização, dividimos os

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personagens encontrados em grupos, de acordo com o gênero literário ou outro tipo de

característica, percebemos que três grupos tiveram uma maior quantidade de referências, por

esse motivo dedicamos-lhe uma atenção maior: mitologia, contos, fábulas.

Ao depararmos com tamanho número de material, também foi reafirmada a

importância dos mesmos para os professores e leitores em geral dessa obra lobatiana, o que

provocou, em seqüência, uma extensa pesquisa bibliográfica, principalmente para identificar a

importância de Monteiro Lobato para literatura infantil do Brasil, já que este é considerado o

iniciador deste gênero literário em nosso país.

É bom deixar claro que, como suporte para essas pesquisas bibliográficas,

utilizamos os pensamentos de Jenny (1979), para podermos entender a intertextualidade dos

textos, os escritos de Benjamin (1985) sobre a pobreza das experiências da humanidade em

certos momentos históricos e por fim a concepção de leitura formulada pelo filósofo espanhol,

Jorge Larrosa (2002).

A adequação do material escrito para o formato eletrônico foi feita em três partes:

treinamento na utilização de ferramentas eletrônicas (HTML e os programas Microsoft

FrontPage e Macromedia Fireworks), desenho de mapa de links e layout e correções finais.

Na elaboração dos textos foram priorizados formatos concisos e claros. A busca

por um alto grau de usabilidade envolveu a identificação dos assuntos por cores, a confecção

de mapas de imagens, o estabelecimento de feedback nas páginas (por meio da cor da página

e pelo título da mesma), e botões de retorno.

Ao mesmo tempo começamos a criar formatos de pesquisa de conteúdo. Várias

idéias surgiram e serão discutidas adiante, todas utilizando tecnologias e recursos do

hipertexto, interfaces amigáveis, possibilidade de o conteúdo ser exposto na Web entre outras.

Isto tudo possibilitou a apresentação do conteúdo de forma atraente, retendo a atenção do

usuário. Confeccionamos páginas eletrônicas para cada grupo de assuntos, e, a partir desta,

cada personagem ou item apresenta seu conteúdo principal; e, em alguns casos, diferentes

versões.

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2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

2.1. O Guia Eletrônico de Leitura de Reinações de Narizinho

Com este formato eletrônico, o guia, em futuras atualizações poderá ter o suporte

de recursos como sons e vídeos. Em um primeiro estágio, com a presença de hiperlinks5, o

usuário poderá desfrutar de formas de leitura não-linear, inerentes ao hipertexto, aumentando a

interatividade do usuário com o conteúdo, e permitindo, talvez, uma imersão do leitor nas

narrativas, independente de sua idade.

Para professores e demais leitores, o guia servirá de auxílio para a compreensão

das narrativas, via resenha das obras referenciadas e descrição de eventos e personagens e,

quando possível, informações complementares no formato de imagens, sons e vídeos. Sua

estrutura de hipertexto oferece ao usuário uma leitura personalizada, permitindo, assim, acessar

apenas os tópicos de seu interesse e, portanto, uma assimilação mais prazerosa do texto.

A razão de construirmos um guia eletrônico centra-se nas propriedades do

hipertexto. Ao contrário do texto comum linear, o hipertexto nos possibilita formas de leitura

não-linear, pois o usuário-leitor é quem define a seqüência que irá seguir de acordo com seus

interesses. Para que isso se torne mais claro podemos associar o hiperlink às notas de rodapé

de um livro no qual o leitor pode buscar maiores informações sobre um assunto mais restrito.

No formato eletrônico podemos “ligar” um trecho do texto com outra informação, seja textual ou

não, como sons, imagens estáticas ou não (vídeos e modelos animados).

Existem muitas ferramentas que podem auxiliar os alunos no processo de

aprender a aprender, e o uso do computador nesse caso é uma delas, servindo como um

grande aliado, como um amplificador de capacidades, e na concepção de Barreto (1999),

favorecendo a desenvolver a capacidade de aprender a aprender, como nos referimos acima, e

personalizando a transmissão de conhecimentos no processo contínuo de aprendizado.

O texto eletrônico pode nos conduzir à fragmentação e a conseqüentes

“remontagens” de uma obra. Isto é possibilitado pelo hiperlink. Esta capacidade de transformar

uma palavra em um objeto tanto auto-explicativo quanto associador de idéias nos permite ler a

obra de forma mais objetiva e de acordo com as nossas necessidades, ou seja, como um

tutorial ou um guia deve ser, possibilitando diferentes versões de um mesmo texto e interações

texto/leitor. No formato eletrônico o usuário terá acesso ao conhecimento, e para utilizá-lo

desenvolverá hábitos, habilidades e atitudes bastante atuais relativas ao estudo e à

compreensão da obra. Este formato, graças a sua capacidade de reunir recursos como sons,

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imagens, vídeos e hiperlinks, possibilitará formas de leitura não-linear, aumentando a

interatividade do usuário com o conteúdo e permitirá, talvez, uma imersão do mesmo naquele

mundo, independente de sua idade.

Um dos objetivos buscados nesse guia, diz respeito a uma necessidade de

ensino voltado não exclusivamente ao conteúdo do mesmo, mas sim para as necessidades do

indivíduo que está fazendo a leitura (no caso a obra de Lobato).(CHAVES, 1999).

Essa flexibilidade de assimilar o conteúdo é maximizada pelos recursos de

tecnologias simples como a linguagem de marcação de hipertextos (HTML). Uma vez que com

o hiperlink podemos associar uma palavra ou pergunta a uma resposta seja ela um texto, um

som, uma imagem ou outro recurso disponível no formato eletrônico, podemos dar várias

opções de caminho para que o leitor construa sua visão da obra.

2.2- Monteiro Lobato e a Literatura Infantil

Com a edição de Narizinho arrebitado, em 1920, podemos afirmar que inaugura-

se a Literatura Infantil no Brasil.

Capa do livro Narizinho arrebitado (1920)

Anteriormente, tínhamos as coletâneas de contos de origem européia de Alberto

Pimentel lançadas no final do século dezenove. Entres estas encontramos Contos da

Carochinha (1896), primeira obra de Literatura Infantil produzida no Brasil. Segundo Nelly N.

Coelho, o escritor valeu-se de textos portugueses e originais franceses, reunindo neste primeiro

volume:

“61 contos populares, morais e proveitosos de vários países, traduzidos e recolhidos diretamente da tradição local”, - como é dito na abertura. Nessa coleção há contos de Perrault, Grimm e Andersen; fábulas; apólogos; alegorias; contos exemplares; lendas;

5 Hiperlink ou link - Nome que se dá às imagens ou palavras que dão acesso a outros conteúdos em um documento hipertexto. O hiperlink pode levar a outra parte do mesmo documento ou a outros documentos.

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parábolas; provérbios; contos jocosos; etc. É curioso notar que nenhum deles tem início com o clássico “Era Uma vez...”; e também dão grande ênfase ao elemento oriental. Por exemplo, A Bela Adormecida no Bosque, nesta tradução/adaptação de F.P., passa-se no Oriente... É de se notar que a coletânea AS MIL E UMA NOITES havia sido traduzida, no Brasil, em 1882, por Carlos Jansen, e fazia grande sucesso... daí talvez o prestígio do maravilhoso “oriental”.(COELHO, 1984, p. 260).

Já nas primeiras décadas do século passado houve severas críticas, pelos

intelectuais da época, à produção literária destinada a crianças, como podemos notar no artigo

publicado por José Veríssimo, em 1906, em A Educação Nacional, na qual o autor pedia

reformas urgente: que o livro “seja mais brasileiro (...) pelos assuntos, pelo espírito, pelos

autores transladados, pelos poetas reproduzidos e pelo sentimento nacional que os anime”

(SCHWARTZMAN, 1984, p 33). O próprio Monteiro Lobato constata a pobreza de Literatura

Infantil em sua correspondência dirigida a Godofredo Rangel:

Que é que nossas crianças podem ler? Não vejo nada... É de tal pobreza e tão besta a nossa literatura infantil, que nada acho para a iniciação de meus filhos... (LOBATO,1946, p. 276)

E promove, então, uma revolução na maneira de escrever para crianças. Essas

mudanças, no entanto, serão absorvidas somente pelos escritores infantis, na segunda metade

do século passado.

Uma das mudanças realizadas por Monteiro Lobato é que ele passa a escrever

seus textos pensando na criança. Essa preocupação com seus leitores é tão grande que chega

a trocar cartas ou mesmo realiza encontros com seu público. Muitas dessas reuniões foram

feitas na primeira biblioteca infantil de São Paulo, que hoje o tem como patrono (Biblioteca

Infantil Monteiro Lobato). Outra constatação da importância dada a esses pequenos leitores é

que o escritor quebra a fronteira da realidade e fantasia fazendo que alguns desses leitores

visitem o sítio. Verificamos isso em algumas passagens de outras obras do autor – Reforma da

natureza, Picapau amarelo e Memórias de Emília – em que as crianças visitam o Sítio.

Podemos citar alguns desses leitores personagens: Raymundo Araújo, Helio Sarmento, Gilberto

Hime, Nice Viegas, David Appleby e Hilda Velela, além dos netos Rodrigo e Joyce. Destacamos

aqui a Senhora Hilda Vilela entrevistada por nós para esse trabalho. Ela nos contou seu

relacionamento com Monteiro Lobato; primeiro, como leitora de seus livros; e depois, como

amiga da família. Nos falou do carinho que Lobato tinha por seus pequenos leitores, das rodas

de conversa feitas por ele na biblioteca que hoje tem seu nome, no centro da cidade de São

Paulo, com crianças leitoras de sua obra. Esta biblioteca também foi visitada por nós, tal como

nos referimos anteriormente, onde tivemos acesso à seção de livros raros e pudemos pesquisar

as primeiras edições da obra de Monteiro Lobato. Lá também assistimos a uma peça de teatro

produzida pelos funcionários da biblioteca na qual se conta um pouco da história do escritor.

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Senhora Hilda e Dra. Maria Augusta

Biblioteca Infantil Monteiro Lobato

Outro diferencial dos escritos infantis de Monteiro Lobato é o rompimento das

fronteiras do real e do maravilhoso. Mas o que realmente marca esta característica é a busca

de personagens tradicionais, do mundo fantástico, para protagonizar junto com os personagens

criados por ele as aventuras do Sítio do Pica-pau Amarelo. Entre as muitas figuras que

aparecem na narrativa, destacamos algumas: Branca de Neve, Capinha Vermelha, Cinderela,

os personagens do livro As mil e uma noites ou mesmo Peter Pan e Pinóquio que são

personagens contemporâneos ao escritos de Lobato. Nossa pesquisa mostra que a primeira

tradução de Pinóquio foi realizada por Lobato, esse personagem italiano foi apresentado à

criança brasileira em Reinações de Narizinho. Quando o autor lança mão dessa fórmula, esses

personagens acabam por viver suas aventuras no mundo cotidiano, portanto, um mundo

conhecido das crianças brasileiras de sua época.

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Capa do livro Reinações de Narizinho, editado com exclusividade pela editora Brasiliense.

2.3- Releitura de Reinações de Narizinho

Com palavras, simples e serenas, Monteiro Lobato inicia sua obra infantil, cuja

dimensão é tão ampla, que hoje, mais de oitenta anos depois, ainda não está totalmente

avaliada.

Numa casinha branca, lá no Sítio do Picapau Amarelo, mora uma velha de mais de sessenta anos. Chama-se Dona Benta. Quem passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando: _ Que tristeza viver assim, tão sozinha nesse deserto... (LOBATO, 1993, p 3)6

O primeiro capítulo, Narizinho arrebitado, da obra Reinações de Narizinho foi

publicado como livro independente em 1920, pela Monteiro Lobato & Cia. Nele o autor

introduziu a maioria dos personagens fixos do Sítio do Pica-pau Amarelo. Citamos na ordem de

aparecimento estes personagens: Dona Benta; Lúcia, a menina do nariz arrebitado; Tia

Nastácia (Anastácia, na primeira versão); Emília e Pedrinho. Ao longo da década de 1920, o

autor produz uma série de livros infantis, passando – em razão de problemas internos do país

naquela ocasião, e ao envolvimento do autor em assuntos polêmicos para sua época, o que

levou à falência de sua editora – a publicar seus livros na Editora Nacional. Nestes livros, foram

aparecendo os outros personagens lobatiano: Marquês de Rabicó, Visconde de Sabugosa e o

Burro Falante, o único personagem fixo que não aparece em Reinações de Narizinho é

Quindim. Por fim, Monteiro Lobato, já na década de 1940, passa a editar seus livros pela

Editora Brasiliense, que até os dias atuais detém os direitos de publicação de sua obra.

6 Na primeira edição, 1920, o texto é o seguinte: Naquela casinha branca, - lá muito longe, mora uma triste velha, de mais de setenta anos. Coitada! Bem no fim da vida que está, e tremula, e catacega, sem um só dente na boca – jururú... Todo mundo tem dó d’ela: - Que tristeza viver sozinha no meio do mato...(LOBATO, 1920, p.3)

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Os livros infantis: Narizinho Arrebitado, O Sítio do Picapau Amarelo, O Marquês

de Rabicó, o casamento de Narizinho, As aventuras do príncipe, O Gato Felix, Cara de coruja,

O irmão de Pinóquio, O circo de escavalinho, Pena de papagaio e O pó de pirlimpimpim,

produzidos por Monteiro Lobato, entre 1920 e 1931, foram reunidos em uma só obra,

Reinações de Narizinho, passando assim cada livro a ser seções (capítulos) dessa obra.

A escolha, realizada por Lobato, dos personagens para integrar Reinações de

Narizinho, possibilita ao seu leitor um encontro com o que melhor a humanidade já produziu,

que foi guardado na mente dos contadores de histórias, ou presentes na mitologia grega e

romana, e ainda mais com a própria produção cultural moderna, protagonizando, assim, uma

viagem na qual encontramos o passado e o presente. Esse mosaico de histórias e personagens

levou o leitor a um despertar, cujo objetivo era levar o ser humano a outras dimensões por meio

da criatividade e da crítica. Essa experiência de leitura pode levar o leitor a partilhar o presente,

atualizando-o de forma a respeitar os princípios universais da liberdade, igualdade, admitindo a

solidariedade humana como básica à convivência social, portanto livrando o homem de uma

experiência empobrecida. Walter Benjamin (1892-1940), contemporâneo de Monteiro Lobato,

em seu texto Experiência e Pobreza, de 1933, se preocupa com esse patrimônio cultural e

como os indivíduos da sociedade vão recebê-lo, afirmando que o afastamento do patrimônio

cultural da humanidade gera um empobrecimento cultural da sociedade de um modo geral. Isto

fica claro em seu questionamento: “Pois qual o valor de todo o patrimônio cultural, se a

experiência não mais o vincula a nós?” (BENJAMIN, 1985, p. 115) O filósofo espanhol Jorge

Larrosa, atualmente, também nos aponta a experiência de leitura transformando o leitor,

formando-o. A experiência da leitura é enriquecedora da cultura, para uma formação mais

ampla do homem, para uma valorização do conhecimento.

Monteiro Lobato ao propiciar que seus pequenos leitores tenham contato com

estas narrativas universais, está enriquecendo, porque vincula, ao momento presente da leitura,

o patrimônio histórico cultural da humanidade.

Assim, o que Lobato faz em sua obra Reinações de Narizinho é um resgate

desse patrimônio cultural, enriquecendo a experiência de leitura dos pequenos, como notamos

no seguinte relato:

Aquelas leituras ratificaram certas atitudes e crenças minhas. Influenciaram o meu gosto pela Grécia. Li muitas vezes Os 12 Trabalhos de Hércules. Lobato foi meu precursor para Platão, Aristóteles, etc. Ele foi, sem dúvida, meu precursor no interesse pela filosofia. (PENTEADO, 1997, p. 236).

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Localizamos a origem e possíveis variantes de vários personagens, como é o

caso das fábulas, especificamente a da Menina do Leite, na qual nossa pesquisa nos levou até

a Índia, séculos passados; passamos pela Grécia de Esopo; por Portugal de Gil Vicente, pela

França de La Fontaine, chegando em Monteiro Lobato em Reinações de Narizinho. Alguns

personagens eram bem referenciados e relativamente fáceis de encontrar, outras já deram um

maior trabalho, como os casos da peça de teatro O Pássaro Azul e o da boneca Raggedy Ann,

um personagem infantil tradicional e muito popular nos Estados Unidos da América.

Monteiro Lobato nos mostra toda sua genialidade e seu diferencial como escritor,

quando consegue acomodar em Reinações de Narizinho todos os personagens citados

anteriormente sem deixar seu texto confuso. A intertextualidade lobatiana é tão ampla que seus

escritos dialogam não só com personagens da literatura, mas também com os de outras mídias,

como o teatro, cinema, rádio; e além desses fictícios, busca outros na própria história. Jenny

(1979) define muito bem essa relação entre textos:

A intertextualidade designa não uma soma confusa e misteriosa de

influências, mas o trabalho de transformação e assimilação de vários textos,

operado por um texto centralizador, que detém o comando do sentido.

(JENNY, 1979, p.14).

2.4. Montagem do CD

O material encontrado foi estruturado inter-relacionando palavras-chave contidas

nos textos e ligando-as por meio de hiperlinks. Utilizando um editor de HTML, o FrontPage, foi

possível que elaborássemos as páginas que viriam a compor o CD. Para que o mesmo seja

utilizado basta que tenhamos em mãos um Browser (navegador) como o Internet Explorer e um

leitor de CD (CD-ROM).

O trabalho foi elaborado como se fosse um site, e foram organizadas (por cores)

as seguintes classes de páginas:

♣ Página inicial ♣ Página das instruções ♣ Página do mapa ♣ Página das referências ♣ Página de mitologia (cor A) ♣ Página de contos estrangeiros (cor B) ♣ Páginas de eventos históricos (cor C) ♣ Páginas de contos infanto-juvenis estrangeiros (cor D) ♣ Páginas de personagens ilustres (cor E) ♣ Páginas de escritores estrangeiros (cor F) ♣ Páginas da obra de Lobato (cor G)

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Para a realização das buscas optou-se pela utilização de três mecanismos de

consulta: a lista de termos, o Mapa e a página das classes de referências.

A lista de termos consiste na relação de palavras que possam trazer alguma

ligação com outra história. Ex: Ao pensar em Fábulas podemos pensar em A menina do leite, A

raposa e o corvo, O leão e o ratinho, A cigarra e a formiga, etc...

Este modo de busca se faz necessário devido a freqüente falta de intimidade dos

atuais leitores com as obras referenciadas.

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A Página do Mapa, por sua vez, permite ao usuário descobrir países (passando o

mouse pelos mesmos), que contribuíram para a elaboração da obra.

A relação de referências, por sua vez, é uma ferramenta que apresenta todo o

conteúdo do CD, além de oferecer as páginas onde o personagem ou fato se encontra na

última edição da obra.

A separação das referências por países foi uma forma alternativa do conteúdo

ser explorado pelo usuário, além de conter informações sobre as localidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ficou evidente que o mundo conhecido pelas crianças das décadas de 1920 e

1930 não é mais o mesmo de hoje. Mas por outro lado é inadmissível dizer que a obra de

Lobato envelheceu, uma vez que estes personagens ainda se mantêm em evidencia em seus

países de origem, na maioria europeus, onde há um esforço para preservar estes tesouros

culturais. Com isso, a nosso ver, o que causa o não-reconhecimento da obra de Lobato é a

releitura ofertada pelos meios de comunicação de massa que ofereceram uma experiência

empobrecida de leitura,como foi o caso do aparecimento do personagem “Pássaro Azul”. Esse

personagem que se constituiu em uma das pesquisas mais difíceis do projeto foi apresentado

no referido programa como irmão do Louro José, personagem do programa de Ana Maria

Braga.Quando assistimos a essas representações entendemos melhor o texto de Benjamin.

Nosso trabalho tenta recompor esse mundo perdido, durante esse

empobrecimento. Utilizando, sim, ferramentas modernas e expondo o conteúdo no formato

eletrônico (seja na Web ou CD-ROM), mas proporcionando uma relação entre leitor e material

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pesquisado de maneira rápida e flexível, características que estão potencialmente presente nos

dias atuais devido aos últimos avanços tecnológicos, como o ensino à distância. O nosso

trabalho permite ao leitor um reconhecimento da estrutura utilizada por Monteiro Lobato ao

escrever Reinações de Narizinho, com a vantagem do uso de uma tecnologia de ponta onde o

conteúdo pode ser distribuído e constantemente atualizado a um preço mínimo, cumprindo

assim o papel de possibilitar que jovens leitores passem a explorar todo um mundo criado por

Lobato.

Como qualquer obra que aspira a ser considerada de referência ou consulta, esta

primeira edição do Guia estará sujeita a algumas modificações e adaptações para que

consigamos atingir o seu objetivo: facilitar a leitura e maximizar a compreensão da obra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COELHO, N.N. Dicionário crítico de literatura infantil/juvenil brasileira –1882-1982. São Paulo/Brasília: Quiron/INL, 1984, 2. ed.

JENNY, L. A estratégia da forma. In: Intertextualidades (Poétique: revista de teoria e análise literárias). Coimbra: Almedina, 1979.

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LARROSA, J. Literatura, experiência e formação. In: COSTA, M.V. (Org) Caminhos investigativos – novos olhares na pesquisa em educação. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002

MELO, J.M. Os meios de comunicação de massa e o hábito de leitura. In: Barzotto, V.H. (Org). Estado de Leitura. Campinas: Marcado das Letras/ALB, 1999.

MONTEIRO, L. A barca de Gleyre.São Paulo: Brasiliense, 1946, 2º tomo.

_____. A menina do narizinho arrebitado. Fac-símile da 1ª edição de Monteiro Lobato & Cia. De 1920. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.

_____.Reinações de Narizinho. 48ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.

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PENTEADO, J. R. W. Os filhos de Lobato. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya, 1997.

SWARTZMAN, S. Tempos de Capanema. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1984.