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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA Relação entre Composição Corporal e Cárie Dentária e o Impacto na Qualidade de Vida de Escolares de 8 a 10 anos de Idade TÁSSIA CRISTINA DE ALMEIDA PINTO SARMENTO Orientadora: Profa. Dra. Michele Baffi Diniz Co-Orientadora: Profa. Dra. Ana Flávia Granville-Garcia Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia. SÃO PAULO 2015

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ODONTOLOGIA

Relação entre Composição Corporal e Cárie Dentária e o

Impacto na Qualidade de Vida de Escolares de 8 a 10 anos

de Idade

TÁSSIA CRISTINA DE ALMEIDA PINTO SARMENTO

Orientadora: Profa. Dra. Michele Baffi Diniz

Co-Orientadora: Profa. Dra. Ana Flávia Granville-Garcia

Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia.

SÃO PAULO

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

S255r

Sarmento, Tássia Cristina de Almeida Pinto. Relação entre composição corporal e cárie dentária e o impacto

na qualidade de vida de escolares de 8 a 10 anos de idade / Tássia Cristina de Almeida Pinto Sarmento. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.

122 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Michele Baffi Diniz. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em

Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Cárie dentária 2. Qualidade de vida – Patos (PB) 3.

Composição corporal – Criança 4. Odontopediatria. I. Diniz, Michele Baffi. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.

CDU: 616.314-002(043.2)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Relação entre Composição Corporal e Cárie Dentária e o

Impacto na Qualidade de Vida de Escolares de 8 a 10 anos

de Idade

Tássia Cristina de Almeida Pinto Sarmento

Tese de doutorado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 24/04/2015.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Michele Baffi Diniz

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Profa. Dra. Renata de Oliveira Guaré

Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Dra. Renata Gorjão

Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Dra. Mariane Emi Sanabe

Universidade Camilo Castelo Branco

Profa. Dra. Tatiane Fernandes de Novaes

São Leopoldo Mandic

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Dedico este trabalho à minha família que sempre esteve

ao meu lado, compartilhando comigo todas as dúvidas,

angústias, alegrias e emoções... Essa conquista também

é de vocês!!!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus que possibilitou mais essa conquista, que me deu a força de

seguir nesta jornada e que está sempre à minha frente, iluminando e abençoando o meu caminho. Ele

é o Senhor de todas as coisas e quando a gente entrega a nossa vida em Suas mãos, sente o conforto

e amparo de um Pai.

Agradeço enormemente...

... à minha orientadora, Prof. Dra. Michele Baffi Diniz, que com sua imensa sabedoria e paciência

caminhou sempre ao meu lado, me orientando, me ensinando, ajudando para que o nosso trabalho

crescesse cada vez mais. Obrigada professora pela dedicação e confiança, a senhora é um Exemplo!

... aos meus pais, Carlos Alberto e Ana Emília, por todo apoio, incentivo e dedicação e por serem os

alicerces da minha vida! Agradeço, em especial, ao meu Pai que com toda a sua disposição

acompanhou de perto essa luta, e esteve comigo a cada momento! Tudo o que sou devo a vocês, meus

pais, Muito Obrigada!

... ao meu esposo, Dmitry Sarmento, por ser quem me acalma quando estou nervosa, quem me faz

sorrir quando quero chorar, por acreditar em mim mesmo nos momentos mais difíceis. Agradeço, por

todo amor, carinho, compreensão, por me completar e fazer de mim sempre uma pessoa melhor!

... à minha irmã, Ana Karla, por todo conhecimento compartilhado, por toda ajuda oferecida, por

todo carinho e companheirismo e por ser acima de tudo uma grande amiga!

... à Prof. Dra. Renata Gorjão e ao seu aluno César Momeso, que com muita solicitude e

competência me treinaram na obtenção das dobras cutâneas. Vocês me mostraram a beleza da área

de atuação de vocês e com muita paciência me ensinaram como fazer esta etapa do trabalho. Muito

obrigada!

... à minha co-orientadora, Prof. Dra. Ana Flávia Granville-Garcia, que esteve ao meu lado solícita

e competente sempre que precisei. Obrigada pela força, pela conhecimento compartilhado que será

eterno!

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... às Professoras Dras. Renata de Oliveira Guaré e Mariane Emi Sanabe, que estiveram em minha

banca de qualificação, e com muita sabedoria fizeram comentários valiosos, que contribuíram

enormemente para o crescimento deste trabalho. Vocês são maravilhosas!

... aos queridos alunos, Jamesson Andrade e Luana Balduíno, que estiveram ao meu lado nessa

jornada. Agradeço pela disponibilidade, dedicação, e compromisso. Vocês foram fundamentais nessa

conquista!

... aos demais Professores do Programa de Pós-graduação em Odontopediatria da UNICSUL, que

com muita estima e competência compartilharam conosco seus conhecimentos, nos tornando

profissionais melhores e mais apaixonados pela profissão.

... aos funcionários da Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL (Campus - Liberdade), que com

todo o trabalho tornaram possível o desenvolvimento das nossas atividades.

... aos meus amigos de curso e viagens, que vivenciaram toda essa jornada junto à mim, que sempre

me passaram palavras de apoio e sabedoria. Compartilhamos juntos muitos momentos de alegria, que

serão para sempre lembrados com muito carinho.

... a todas as diretoras das escolas onde esse trabalho foi desenvolvido, que possibilitaram a

realização desse estudo e que com toda a disponibilidade contribuíram grandiosamente para o

desenvolvimento da ciência!

... a todas as crianças que participaram deste trabalho, que com muita humildade, gentileza e

presteza se disponibilizaram a contribuir com o crescimento da ciência. Sem a participação de nada

disso seria possível.

... ao Coordenador do Curso de Pós Graduação em Odontologia da Universidade Cruzeiro do Sul ,

Prof. Dr. Michel Nicolau Youssef e ao Prof. Dr. Danilo Duarte por suas colaborações e empenho

em coordenar esse curso, que permitem que o mesmo seja destaque pela competência.

... à Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL, na presença de sua Magnífica Reitora Profª. Dra.

Sueli Cristina Marquesie, Pró-Reitora de Graduação Profa. Dra. Janice Valia de los Santos e Pró-

Reitora de Pós Graduação Profa. Dra. Tania Cristina Pithon Curi, por exercerem com excelência

suas atividades de gestão, fazendo com que cada dia tenhamos mais orgulho da nossa Instituição.

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Enfim, agradeço a todos que tornaram este sonho possível e que estiveram ao meu lado a

todo o momento, a presença de cada um de vocês foi fundamental na realização deste sonho!

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SARMENTO, T. C. A. P. Relação entre composição corporal e cárie dentária e o impacto na qualidade de vida de escolares de 8 a 10 anos de idade. 2015. 122 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

RESUMO

O estudo objetivou avaliar a influência da composição corporal, sobre a cárie

dentária e o seu impacto sobre a qualidade de vida de escolares municipais de 8 a

10 anos de idade, na cidade de Patos-PB. A amostra foi composta por 384 crianças

de 8 a 10 anos de idade, sendo a coleta dos dados realizada nas próprias escolas,

por um pesquisador calibrado (Kappa=0,84), que realizou exame clínico (com

registro de cárie pelo International Caries Detection and Assessment System –

ICDAS), exame antropométrico, a partir da avaliação do índice de Massa Corpórea

(IMC) e das medidas das dobras cutâneas tricipital e subescapular, e aplicação do

Child Perceptions Questionnaire (CPQ8-10). Os dados foram processados pelo

software SPSS e para análise foram realizados os testes t-student, ANOVA,

Bonferroni, Qui-quadrado e regressão de Poisson. Observou-se prevalência de

89,6% de cárie dentária (considerando a presença das lesões iniciais), sendo os

molares inferiores decíduos (51,1%) e permanentes (50,7%) os dentes mais

afetados, e a face oclusal a mais acometida (dentição decídua, 31,4% e

permanente, 60,3%). As lesões mais frequentes foram as de escore 6 (43,7%,

dentição decídua) e escore 2 (51,2%, dentição permanente). Não houve diferença

estatisticamente significativa para a associação entre as médias de ceo-d/ceo-s e

CPO-D/CPO-S com o sexo das crianças. Entretanto, as médias de c2eo2-s, c3eo3-s,

c2eo2-d e c3eo3-d mostraram-se mais elevadas quanto menor a idade da criança

(p<0,001). Na dentição permanente, as médias de C2PO2-S, C3PO3-S, C2PO2-D e

C3PO3-D apresentaram-se maior com o avanço da idade (p<0,001, p=0,010,

p<0,001, p=0,004, respectivamente). Na análise bivariada constatou-se associação

significativa entre a ocorrência de cárie e a composição corporal pelo IMC (p=0,004),

bem como com as dobras cutâneas (p=0,004) e com a presença de impacto na

qualidade de vida (p=0,036). Ao se analisar o impacto da doença na qualidade de

vida das crianças, observou-se que esta esteve associada ao domínio “bem-estar

social” (p=0,011). Na análise de regressão multivariada de Poisson, verificou-se que

a cárie é significativamente mais prevalente em crianças do sexo feminino (p=0,021)

e desnutridas/eutróficas (p=0,033) ou com sobrepeso (p=0,029). Pode-se concluir

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que a experiência de cárie nas crianças de 8-10 anos de idade de Patos-PB ainda é

bastante elevada, que a composição corporal exerceu influência sobre a cárie

dentária, e que não houve influência da doença na qualidade de vida das crianças.

Palavras-chave: Cárie dentária, Crianças, Qualidade de vida, Composição corporal.

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SARMENTO, T. C. A. P. Relationship between body composition and dental caries and the impact on the quality of life of schoolchildren aged 8-10 years. 2015. 122 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

The study aimed to evaluate the influence of body composition on tooth decay and its

impact on the quality of life of local schoolchildren aged 8 to 10 years old in the city of

Patos-PB. The sample consisted of 384 children 8-10 years of age, with data

collection conducted in the schools, by a calibrated researcher (kappa = 0.84), who

conducted a clinical examination (with caries registration by the International Caries

Detection and Assessment System - ICDAS), anthropometric examination from the

assessment of Body Mass Index (BMI) and measures of triceps and subscapular

skinfolds, and implementation of the Child Perceptions Questionnaire (CPQ8-10).

The data were processed by SPSS software and analysis were carried out the

Student’s t test, ANOVA, Bonferroni and Chi-square tests and Poisson regression. It

was observed prevalence of 89.6% of dental caries (considering the presence of

initial lesions), and the deciduous molars (51.1%) and permanent (50.7%) the most

affected teeth, and the occlusal surface most affected (primary dentition, 31.4% and

permanent, 60.3%). The most frequent injuries were the score 6 (43.7%, primary

dentition) and score 2 (51.2%, permanent dentition). There was no statistically

significant difference in the association between the mean dmf-s / dmf-t and DMF-S /

DMF-T with the gender of the children. However, the d2mf2-s, d3mf3-t, d2mf2-s and

d3mt3-d means were higher as the child's age diminished (p <0.001). In the

permanent dentition, the D2MF2-S, D3MF3-S, D2MF2-T and D3MF3-T means were

higher with increasing age (p<0.001, p=0.010, p<0.001, p=0.004, respectively). In the

bivariate analysis it was found a significant association between the occurrence of

caries and body composition by BMI (p = 0.004), as well as skin folds (p = 0.004) and

the presence of impact on quality of life (p = 0.036 ). When analyzing the impact of

disease on quality of life of children, it was observed that this was associated with the

domain "social welfare" (p = 0.011). In the multivariate Poisson regression, it could

be observed that dental caries was significantly more prevalent in female (p=0.021)

and malnourished/normal weight (p=0.033) or overweight children (p=0.029). It can

be concluded that caries experience in schoolchildren aged 8-10 years in Patos-PB is

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still quite high, the body composition influenced on dental caries, and there is no

influence of dental caries on the quality of life of children.

Keywords: Dental caries, Child, Quality of life, Body composition.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Localização geográfica do Estado de Paraíba e da Cidade de

Patos. .................................................................................................. 44

Figura 2 – Escovas dentais doadas na pesquisa .............................................. 53

Figura 3 – Compressa de gaze esterelizada ...................................................... 53

Figura 4 – Espelho bucal e sonda OMS esterelizados ...................................... 54

Figura 5 – Lanterna de cabeça (TIKKINA) utilizada na pesquisa ..................... 54

Figura 6 – Adipômetro Cescorf ........................................................................... 55

Figura 7 – Medição das dobras tricipital (A) e subescapular (B) ..................... 55

Figura 8 – Modo de pinçar e medir a dobra cutânea ......................................... 56

Figura 9 – Balança digital Tanita UM-061 ........................................................... 57

Figura 10 – Plano de Frankfurt.............................................................................. 59

Figura 11 – Posicionamento para aferição da estatura da criança .................... 59

Figura 12 – Exame clínico. Patos-PB, 2014 ......................................................... 61

Figura 13 – Aplicação do CPQ8-10. Patos-PB, 2014 .............................................. 61

Figura 14 – Medição da dobra cutânea tricipital. Patos-PB, 2014 ...................... 61

Figura 15 – Medição da dobra cutânea subescapular. Patos-PB, 2014 ............ 61

Figura 16 – Medição da altura no estadiômetro. Patos-PB, 2014 ...................... 61

Figura 17 – Medição do peso na balança. Patos-PB, 2014 ................................. 61

Figura 18 – Distribuição das restaurações na dentição decídua, em frequência

absoluta. Patos-PB, 2014 ................................................................... 72

Figura 19 – Distribuição das restaurações na dentição permanente, em

frequência absoluta. Patos-PB, 2014 ................................................ 72

Figura 20 – Dentes decíduos perdidos, pelo registro do critério ICDAS, em

frequência absoluta. Patos-PB, 2014 ................................................ 73

Figura 21 – Dentes permanentes perdidos, pelo registro do critério ICDAS, em

frequência absoluta. Patos-PB, 2014 ................................................ 74

Quadro 1 – Códigos do ICDAS referentes à condição dentária ......................... 50

Quadro 2 – Códigos do ICDAS referentes à extensão da lesão de cárie .......... 51

Quadro 3 – Categorização das variáveis independentes ................................... 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização da amostra (n=384). Patos-PB, 2014 ...................... 64

Tabela 2 – Análise da composição corporal das crianças pelo IMC e dobras

cutâneas. Patos-PB, 2014 .................................................................. 65

Tabela 3 – Avaliação dos domínios da qualidade de vida (CPQ8-10). Patos-PB,

2014 ..................................................................................................... 66

Tabela 4 – Distribuição das crianças analisadas segundo os dados

relacionados com a cárie dentária, de acordo com o critério

ICDAS. Patos-PB, 2014 ...................................................................... 67

Tabela 5 – Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo

com as faces e os dentes decíduos mais acometidos. Patos-PB,

2014 ..................................................................................................... 68

Tabela 6 – Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo

com os códigos das lesões mais prevalentes e os dentes decíduos

mais acometidos. Patos-PB, 2014 .................................................... 69

Tabela 7 – Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo

com as faces e os dentes permanentes mais acometidos. Patos-

PB, 2014 .............................................................................................. 70

Tabela 8 – Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo

com os códigos das lesões mais prevalentes e os dentes

permanentes mais acometidos. Patos-PB, 2014 ............................. 71

Tabela 9 – Média e desvio padrão dos componentes cariado, extraído e

obturado por superfície (ceo-s) e por dente (ceo-d) na dentição

decídua. Patos-PB, 2014 .................................................................... 74

Tabela 10 – Média e desvio padrão dos componentes cariado, extraído e

obturado por superfície (CPO-S) e por dente (CPO-D) na dentição

permanente. Patos-PB, 2014 ............................................................. 75

Tabela 11 – Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

extraído e obturado por dente (ceo-d) e por superfície (ceo-s) de

acordo com o sexo dos escolares, para a dentição decídua. Patos-

PB, 2014 .............................................................................................. 75

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Tabela 12 – Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

perdido e obturado por dente (CPO-D) e por superfície (CPO-S) de

acordo com o sexo dos escolares, para a dentição permanente.

Patos-PB, 2014 ................................................................................... 76

Tabela 13 – Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

extraído e obturado por dente (ceo-d) e por superfície (ceo-s) de

acordo com a idade dos escolares, para a dentição decídua.

Patos-PB, 2014 ................................................................................... 76

Tabela 14 – Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

perdido e obturado por dente (CPO-D) e por superfície (CPO-S) de

acordo com a idade dos escolares, para a dentição permanente.

Patos-PB, 2014 ................................................................................... 77

Tabela 15 – Avaliação da presença de cárie dentária segundo a idade, sexo,

composição corporal e presença de impacto na qualidade de vida.

Patos-PB, 2014 ................................................................................... 78

Tabela 16 – Associação dos domínios da qualidade de vida segundo a

presença ou ausência de cárie dentária. Patos-PB, 2014 ............... 79

Tabela 17 – Avaliação da presença de dentes cavitados segundo a idade,

sexo, composição corporal e presença de incapacidade na

qualidade de vida. Patos-PB, 2014 ................................................... 80

Tabela 18 – Associação dos domínios da qualidade de vida segundo a

presença ou ausência de dentes cavitados. Patos-PB, 2014 ......... 81

Tabela 19 – Resultados da regressão de Poisson multivariada para o

percentual de crianças com cárie dentária. Patos-PB, 2014 .......... 82

Tabela 20 – Resultados da regressão de Poisson multivariada para o

percentual de dentes cavitados. Patos-PB, 2014 ............................ 83

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADA American Dental Association

C2 Dente permanente cariado, considerando as lesões iniciais

c2 Dente decíduo cariado, considerando as lesões iniciais

c2eo2-d Dentes decíduos cariados, extraídos e obturados, considerando as

lesões de cárie iniciais

c2eo2-s Superfícies de dentes decíduos cariados, extraídos e obturados,

considerando as lesões de cárie iniciais

C2PO2-D Dentes permanentes cariados, perdidos e obturados, considerando as

lesões de cárie iniciais

C2PO2-S Superfícies de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados,

considerando as lesões de cárie iniciais

C3 Dente permanente cariado, considerando apenas as lesões em

dentina

c3 Dente decíduo cariado, considerando apenas as lesões em dentina

c3eo3-d Dentes decíduos cariados, extraídos e obturados, considerando

apenas as lesões em dentina

c3eo3-s Superfícies de dentes decíduos cariados, extraídos e obturados,

considerando apenas as lesões em dentina

C3PO3-D Dentes permanentes cariados, perdidos e obturados, considerando

apenas as lesões em dentina

C3PO3-D Superfícies de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados,

considerando apenas as lesões em dentina

CARS Cárie Associada a Restaurações e Selantes

ceo-d Dentes decíduos cariados, extraídos e obturados

ceo-s Superfícies de dentes decíduos cariadas, extraídas e obturadas

CNS Conselho Nacional de Saúde

COHQoL Child Oral Health Quality of Life

CPO-D Dentes permanentes cariados, perdidos e obturados

CPO-S Superfícies de dentes permanents cariadas, perdidas e obturadas

CPQ Child Perceptions Questionnaire

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DC Dobras cutâneas

dcs Dobra cutânea subescapular

dct Dobra cutânea tricipital

DF Distrito Federal

e Dente decíduo extraído

ESFs Estratégias de Saúde da Família

FIS Family Impact Scale

GC Gordura corporal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICC Intraclass Correlation Coefficient

ICDAS International Caries Detection and Assessment System

IMC Índice de massa corpórea

MG Estado de Minas Gerais

o2 Dente decíduo obturado, considerando as lesões iniciais

O2 Dente permanente obturado, considerando as lesões iniciais

O3 Dente permanente obturado, considerando apenas as lesões em

dentina

o3 Dente decíduo obturado, considerando apenas as lesões em dentina

OMS Organização Mundial da Saúde

P Dente permanente perdido

PB Estado da Paraíba

P-CPQ Parental-Caregiver Perceptions Questionnaire

PE Estado de Pernambuco

QVRSB Qualidade de vida relacionada à saúde bucal

SIGN Scottish Intercollegiate Guidelines Network

SP Estado de São Paulo

SPSS Statistical Package for Social Sciences

TDA Texas Dental Association

WHO World Health Association

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LISTA DE SÍMBOLOS

et al. Colaboradores

% Por cento

> Maior ou igual

p Valor de p (valor do teste estatístico)

< Menor

+ Mais

> Maior ou igual

+ Aproximadamente

= Igual

> Maior

kg/m2 Kilograma por metro quadrado

OR Odds Rratio

R Valor estatístico do Coeficiente de correlação de Spearman

Km2 Kilômetro quadrado

n Valor da amostra

α Nível de significância

d Erro admissível

k Valor do teste de Kappa

Po Porcentagem de concordância esperada

Pe Porcentagem de dentes nos quais houve concordância diagnóstica

g/mm2 Grama por milímetro quadrado

∑ Somatória

mm Milímetros

Kg Quilogramas

RP Razão de prevalência

IC Intervalo de confiança

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 21

CAPÍTULO 2

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 23

2.1 Considerações gerais sobre a cárie dentária ...................................... 23

2.1.1 International Caries Detection and Assessment System

(ICDAS) .................................................................................................... 24

2.1.2 Prevalência da doença cárie, segundo levantamentos

realizados com o critério ICDAS .......................................................... 26

2.2 Composição corporal ............................................................................. 29

2.2.1 Desnutrição ............................................................................................. 30

2.2.2 Desnutrição e cárie dentária ................................................................. 31

2.2.3 Sobrepeso/Obesidade ............................................................................ 33

2.2.4 Sobrepeso/Obesidade e cárie dentária ................................................ 34

2.3 Qualidade de vida ................................................................................... 36

2.3.1 Questionários para avaliar Qualidade de Vida Relacionada

à Saúde Bucal (QVRSB) ......................................................................... 38

2.3.2 Child Perceptions Questionnaire (CPQ) ............................................... 38

2.3.3 Qualidade de vida e saúde bucal .......................................................... 40

2.3.4 Qualidade de vida e cárie dentária ........................................................ 41

CAPÍTULO 3

3 OBJETIVOS ............................................................................................. 42

3.1 Objetivo geral.......................................................................................... 42

3.2 Objetivos específicos ............................................................................. 42

CAPÍTULO 4

4 SUJEITOS, MATERIAIS E MÉTODOS .................................................... 43

4.1 Princípios éticos ..................................................................................... 43

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4.1.1 Consentimento da Secretaria Municipal de Educação ....................... 43

4.1.2 Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ............................................ 43

4.1.3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................... 43

4.2 Caracterização da área de estudo ......................................................... 43

4.3 Tipo de estudo ........................................................................................ 44

4.4 População de estudo ............................................................................. 45

4.5 Grupo de estudo e processo de seleção .............................................. 45

4.5.1 Cálculo amostral ..................................................................................... 45

4.5.2 Critérios de inclusão .............................................................................. 45

4.5.3 Critérios de exclusão ............................................................................. 46

4.5.4 Critérios de seleção amostral ............................................................... 46

4.6 Calibração ............................................................................................... 46

4.6.1 Cárie Dentária ......................................................................................... 46

4.6.2 Gordura Corporal ................................................................................... 48

4.7 Estudo Piloto...........................................................................................49

4.8 Fluxograma ............................................................................................. 49

4.9 Elenco de variáveis ................................................................................ 50

4.9.1 Variável dependente .............................................................................. 50

4.9.2 Variáveis independentes ...................................................................... 51

4.10 Coleta dos dados .................................................................................... 52

4.11 Instrumentos de coleta dos dados ....................................................... 52

4.11.1 Ficha clínica ............................................................................................ 53

4.11.1.1 Registro de lesões de cárie ................................................................... 53

4.11.1.2 Análise dos dados antropométricos ..................................................... 54

4.11.1.2.1 Dobras cutâneas ..................................................................................... 54

4.11.1.2.2 Peso ......................................................................................................... 57

4.11.1.2.3 Estatura ................................................................................................... 58

4.11.1.2.4 Padrão de referência .............................................................................. 49

4.11.2 Questionário sobre qualidade de vida (CPQ8-10) .................................. 60

4.12 Processamento e análise dos dados .................................................... 62

CAPÍTULO 5

5 RESULTADOS ......................................................................................... 64

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CAPÍTULO 6

6 DISCUSSÃO ............................................................................................ 84

CAPÍTULO 7

7 CONCLUSÕES ...................................................................................... 98

REFERÊNCIAS .......................................................................................................100

APÊNDICES ...........................................................................................................111

ANEXOS ...............................................................................................................115

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21

1 - INTRODUÇÃO

A cárie dentária é uma doença de etiologia multifatorial, resultante da

desarmonia entre os processos de desmineralização e remineralização do esmalte,

com predominância da ocorrência de perda sucessiva de minerais. Não consiste

num processo único, mas numa sucessão de eventos em determinado período de

tempo (FEATHERSTONE, 2004).

Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas de saúde e

nutrição na população infantil está relacionada ao consumo alimentar inadequado e

infecções repetitivas, sendo essas duas condições intimamente relacionadas ao

padrão de vida, que inclui o acesso à alimentação, moradia e assistência à saúde

(SIGULEM; DEVINCENZI; LESSA, 2000).

Dessa forma, então, a avaliação do crescimento infantil é também uma

medida indireta da qualidade de vida da população (SIGULEM; DEVINCENZI;

LESSA, 2000), uma vez que tanto o excesso de peso, quanto a deficiência

nutricional podem acarretar em problemas de saúde bucal, como o desenvolvimento

da cárie dentária (PERES et al., 2005).

Através da antropometria é possível diagnosticar o excesso de peso, a

obesidade e a desnutrição dos indivíduos, permitindo avaliar as dimensões corporais

nas diferentes idades (SILVA et al., 2003). Uma vez monitorado, o estado nutricional

das crianças pode avaliar as condições de saúde da população infantil e a qualidade

de vida da população em geral (CUERVO; AERTS; HALPERN, 2005).

Como uma sequência de acontecimentos, a doença cárie, se não tratada

inicialmente, pode levar a uma condição de dor, podendo interferir tanto na

qualidade como na quantidade da alimentação, podendo assim acometer a saúde

em outros aspectos como, fonação, deglutição e mastigação (CHAVES; FREITAS;

COLARES, 2001).

Para a avaliação da cárie dentária métodos de detecção das lesões baseados

na inspeção visual ou visual-tátil têm sido extensivamente utilizados (BADER;

SHUGARS; BONITO, 2002). A Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs que

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22

em pesquisas epidemiológicas, a detecção da cárie dentária deve ser realizada no

nível de cavitação, como interpreta o índice ceo-d/CPO-D (WHO, 1997).

Entretanto, a introdução de um modelo de detecção da doença cárie que

inclua lesões não cavitadas se faz necessário, com a finalidade de melhorar a

sensibilidade da epidemiologia (ASSAF et al., 2006). Para tal, o International Caries

Detection and Assessment System (ICDAS) mostra-se viável para uso em pesquisas

epidemiológicas e na detecção de lesões de cárie cavitadas e não-cavitadas com

aceitável confiabilidade (PITTS, 2004; ASSAF et al., 2006; ISMAIL et al., 2007).

As crianças de 8 a 10 anos de idade estão em uma fase fundamental de

desenvolvimento corporal, uma vez que apresentam dentição mista e estão

próximos de atingir a maturidade sexual. Desta maneira, se torna indispensável se

conhecer a condição de saúde bucal, no que diz respeito à cárie dentária, através da

identificação oportuna do estabelecimento da doença a partir das manchas brancas;

bem como a composição corporal destas crianças, que uma vez estando

inadequada poderá acarretar em sério impacto na qualidade de vida.

A evolução na área biomédica tem modificado o modo de tratamento da

maioria das doenças crônicas. Desta maneira, essas mudanças redirecionaram o

pensamento tecnicista antigamente vigente para os aspectos relacionados com a

qualidade de vida do paciente (MENEZES et al., 2009).

Tendo em vista que ainda não existe na literatura estudos voltados para a

avaliação da doença cárie, com a inclusão das lesões iniciais pelo critério ICDAS

para essa população alvo na Paraíba, este estudo objetiva avaliar a relação da

composição corporal com cárie dentária e o impacto na qualidade de vida de

crianças de 8 a 10 anos de idade, da rede municipal de ensino, na cidade de Patos-

PB.

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23

2 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Considerações gerais sobre a cárie dentária

A cárie dentária é uma doença de etiologia multifatorial da cavidade bucal,

que tem início com a desmineralização submicroscópica do esmalte podendo chegar

à perda de substância dentária com formação de cavidade até a destruição total do

dente (MALTZ et al., 2002).

A doença cárie apresenta elevada prevalência a nível mundial, sendo origem

de desconforto físico, psicológico e social (CAMPAIN et al., 2003). No Brasil, no ano

de 2003 o país apresentou uma prevalência da doença de 64,68% nas crianças de 5

anos de idade e de 74,43% nas crianças de 12 anos (BRASIL, 2003). Já no

levantamento epidemiológico nacional de 2010, o país inteiro mostrou declínio do

CPO-D, sendo observada prevalência de cárie de 53,4% para as crianças de 5 anos

de idade e de 56,5% para as de 12 anos de idade (BRASIL, 2010), sendo esse

declínio verificado em todas as regiões do país.

Evidencia-se a importância do estudo de doenças orais, uma vez que elas

podem estar associadas a patologias sistêmicas, atendimentos de emergência,

internações, utilização de medicamentos, até mesmo o óbito. Além disso, podem

aumentar os encargos pessoais, sociais e financeiros, contribuindo para o crescente

aumento dos custos públicos com a saúde (TDA, 2008).

No passado, a lesão de cárie era detectada no estágio de cavitação, ou seja,

no estágio em que se estende até a dentina (WHO, 1997), sendo este o ponto em

que a maior parte dos cirurgiões-dentistas concordava com a necessidade de

restauração. Entretanto, a doença está presente, é diagnosticável e reversível em

um momento bem anterior a necessidade de tratamento restaurador (SHOAIB et al.,

2009).

A inclusão de lesões de cárie tanto não cavitadas quanto cavitadas no

sistema de detecção da doença visa aprimorar a sensibilidade dos estudos,

principalmente em populações com baixa experiência de cárie, em que as lesões

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24

apresentam baixa taxa de progressão e são verificadas em sua maioria, nos

estágios mais iniciais de desenvolvimento (ASSAF et al., 2006).

O exame e a avaliação das lesões de cárie limitadas aos critérios físicos,

como tamanho, profundidade, ou presença/ausência de cavitação, tem sido objeto

de questionamento, surgindo a necessidade de se implementar essa detecção com

uma condição que avalie também outros fatores, como a atividade da lesão. Essas

condições associadas são essenciais para se finalizar o diagnóstico da doença cárie

e possibilitar a tomada de decisão de tratamento clínico apropriado (NYVAD, 2004).

2.1.1 International Caries Detection and Assessment System (ICDAS)

De acordo com Pitts (2004), o aspecto clínico inicial da cárie dentária se

manifesta como lesões brancas, não cavitadas e reversíveis. Assim, a inclusão

desse tipo de lesão é necessária, pois pode fornecer dados úteis para a abordagem

preventiva, culminando com a redução dos custos de reparação e tratamento.

Segundo SIGN (2005), a detecção de lesões durante a fase inicial da doença

cárie, ainda sem cavitação, consiste em um importante desafio no processo de

diagnóstico. Devido à natureza dinâmica da cárie dentária, é possível parar e

controlar a progressão da doença por meio da remineralização de lesões antes da

sua evolução para uma cavidade.

Desse modo, para Assaf et al. (2006), a detecção a partir da lesão cavitada

não informa ao epidemiologista e aos gestores de saúde sobre que

lesões/indivíduos necessitam de tratamento preventivo e não invasivo. Portanto,

depara-se ainda com a visão antiga da doença sendo tratada em serviços públicos

apenas através de sua sequela, a cavidade, em detrimento do entendimento da

cárie dentária como doença multifatorial, com sinais clinicamente evidentes através

da desmineralização em esmalte, com o surgimento da lesão branca. Deste modo, a

adoção de critérios de detecção de cárie dentária mais sensíveis é viável, originando

um retrato mais fiel da condição de saúde bucal de determinada população.

Assim, segundo Ismail et al. (2007), estratégias preventivas podem ser

aplicadas de acordo com um novo critério de detecção que inclui as lesões não

cavitadas, como o International Caries Detection and Assessment System (ICDAS).

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25

Este índice foi desenvolvido em 2002 por um grupo de cariologistas e

epidemiologistas, posteriormente à realização de uma revisão em ensaios clínicos

de cárie dentária, na qual se verificou grande variação entre as avaliações dos

critérios clínicos contemporâneos de detecção de cárie. No ano de 2003, foi

concebido o ICDAS-I com base no princípio que o exame visual deve ser realizado

em dentes limpos, livres de biofilme, com secagem cuidadosa da superfície com o

intuito de identificar as lesões iniciais. De acordo com esse sistema, a substituição

do uso da sonda exploradora pela sonda OMS evitaria defeitos traumáticos e

iatrogênicos em lesões incipientes.

Posteriormente, em 2005, esse critério foi modificado, sendo desenvolvido o

ICDAS-II. Este sistema agora inclui uma associação de códigos, mediante a análise

da atividade de cárie, para assegurar que o índice reflita de maneira real a

severidade da doença (ISMAIL et al., 2007). A principal diferença entre esses dois

critérios (ICDAS-I e ICDAS-II) é a sequência de escores, uma vez que o ICDAS-II

considera lesões em dentina com área sombreada em esmalte uma condição mais

severa do que as lesões com microtrincas em esmalte, contrário ao adotado no

ICDAS-I (EKSTRAND et al., 2007).

Segundo Ismail et al. (2007), o ICDAS foi desenvolvido para proporcionar um

sistema baseado em evidências que permite a detecção padronizada da lesão de

cárie em diferentes situações e distintos ambientes, e foi dividido em seções,

abrangendo cárie coronária (fóssulas e fissuras, mesial-distal e vestíbulo-lingual),

cárie radicular e cárie associada a restaurações e selantes (CARS). Para tal, utiliza-

se o registro da detecção da lesão de cárie em um processo de dois dígitos, no qual

primeiramente se registra a condição da coroa dentária quanto aos seguintes

critérios: hígida, com selante, restaurada, com coroa protética ou ausente.

Posteriormente, registra-se a presença/ausência e extensão da lesão cariosa,

através do sistema de sete códigos.

De acordo com Ricketts e Pitts (2009), a utilização do sistema de sete códigos

(0-6) do ICDAS fornece informações valiosas sobre a patologia da cárie em estágios

sequenciais do processo da doença. A Associação Dentária Americana (ADA) em

2008 sugeriu os seguintes códigos para o ICDAS: código 0, que representa

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26

nenhuma doença; códigos 1 e 2, uma lesão inicial; os códigos 3 e 4, uma lesão

moderada; e códigos 5 e 6, uma lesão extensa.

Os critérios estabelecidos pelo ICDAS permitem um registro mais preciso da

gravidade das lesões de cárie, através de estágios não cavitados até franca

cavitação, e têm sido utilizados para aumentar o nível de detecção da lesão de cárie

em relação aos métodos tradicionalmente utilizados (KÜHNISCH et al., 2008).

Entretanto, nos levantamentos epidemiológicos, é possível verificar a dificuldade de

se estabelecer um escore de ponto de corte, a partir do qual seja possível uma

comparação de achados mais precisa.

Segundo Braga et al. (2009), a utilização do ICDAS em pesquisas

epidemiológicas com crianças é viável. Adotando o código 3 como ponto de corte,

esse sistema fornece dados comparáveis com os critérios adotados pela OMS, no

entanto, maior tempo de exame pode ser um fator limitante no uso do ICDAS em

inquéritos de cárie dentária.

Para Honkala et al. (2011), as lesões de cárie podem ser detectadas pelo

ICDAS em todas as superfícies do dente permanente, decíduo e na dentição mista.

As lesões podem ser mensuradas de acordo com os tipos de dentes (incisivos,

caninos, pré-molares e molares) ou de acordo com as superfícies (oclusal, proximal

e as superfícies lisas). A fase de dentição mista normalmente inclui a faixa etária de

6 a 12 anos, quando os dentes permanentes estão em fase de irrupção e os dentes

decíduos em fase de rizólise.

2.1.2 Prevalência da doença cárie, segundo levantamentos realizados com o

critério ICDAS

Diante da importância do tema, Cook et al. (2008) realizaram um estudo

transversal com 208 crianças e adolescentes de dois a 18 anos de idade em cinco

comunidades rurais no México. Os autores obtiveram como resultado uma elevada

prevalência da doença, que variou de 65,6-100% (presença de ao menos uma lesão

com código > 1). Houve associação positiva entre o incremento da doença de

acordo com a idade dos participantes (p<0,05). Foi possível concluir que esta

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27

população do México possui grande experiência de cárie em todas as comunidades

rurais analisadas.

A fim de estudar a detecção de cárie oclusal em molares permanentes,

Kühnisch et al. (2008) realizaram um estudo com 311 crianças alemãs de 8 a 12

anos de idade. Os autores avaliaram a cárie dentária através do critério ICDAS,

CPO-D e pela fluorescência do laser (DIAGNOdent), a fim de comparar a

capacidade de detecção de tais métodos. Deste modo, foi possível observar que

apenas 15% das crianças apresentaram-se livres de cárie pelos três métodos.

Avaliando os dados obtidos pelo ICDAS, 46,7% das lesões verificadas pertenciam

ao código 2 e apenas 0,8% ao código 6. Comparando os critérios de detecção,

proporcionalmente, as crianças apresentaram 23 vezes mais lesões de cárie pelo

critério ICDAS e 19,3 vezes mais pelo DIAGNOdent. Assim, os autores puderam

concluir que o ICDAS é um potencial critério de detecção de cárie, principalmente,

por incluir as lesões não cavitadas.

Dando continuidade com as investigações nesta linha de pesquisa, Díaz-

Cárdenas e González-Martínez (2010) avaliaram a prevalência de cárie e os fatores

familiares associados em 243 escolares de 4 a 13 anos de idade na Colômbia, a

partir da realização de um estudo transversal. Deste modo, os autores observaram

prevalência da doença de 51%, sendo maior entre as crianças de oito e nove anos

de idade (32%, p=0,04). De acordo com os critérios de severidade do ICDAS, a

lesão mais frequentemente encontrada foi a três (2% da amostra). A superfície

dentária mais acometida pela doença foi a oclusal (40%), seguida da vestibular

(38%), e em relação ao sexo, a prevalência de cárie foi maior entre as crianças do

sexo feminino (56% da amostra, p=0,02). Os autores advogaram que apesar das

atividades de promoção e prevenção em saúde bucal, ainda se encontram elevadas

as prevalências de cárie na população em estudo.

Investigando a cárie dentária em dentição mista, Guido et al. (2011)

realizaram um estudo com 162 crianças de dois a 13 anos de idade, moradoras em

comunidades rurais no estado de Hidalgo (México). A detecção de cárie foi realizada

pelo critério ICDAS e os autores verificaram que a prevalência de cárie variou de

94,7-100,0% considerando ao menos uma lesão de cárie em dente permanente ou

decíduo. A presença de lesões cavitadas (escores 4-6) variou de 58-75%. A média

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28

de CPO-D+ceo-d (considerando escores > 1) variou de 15,4 + 11,1 à 26,6 + 15,2.

Observou-se ainda que a média de ceo-s foi decrescente com a idade (p<0,05)

enquanto que a de CPO-S foi crescente (p<0,05). Os autores concluíram que é

importante detectar o risco de cárie em cada população específica para que medidas

possam ser adotadas para aquelas mais necessitadas.

Seguindo esta linha de pesquisa, Honkala et al. (2011) realizaram um estudo

com 485 crianças de sete e oito anos de idade na Estônia a fim de investiga a

ocorrência de cárie na dentição mista usando o critério ICDAS. Assim, foi observado

que houve maior ocorrência das lesões menos severas (1-3) nos molares

permanentes, enquanto que as mais severas (4-6) foram mais prevalentes nos

molares decíduos. O código ICDAS mais prevalente foi o 2 (66,8%), que ocorreu na

face oclusal (17%), seguido do código 5 (47,8%). Não foi verificada associação

estatística entre a ocorrência de cárie e a idade do pesquisado (p=0,220-0,785). Os

autores concluíram que o ICDAS possibilita a obtenção de informação muito mais

relevante do que o CPO-D, devido à observação das lesões em esmalte.

Em 2012, Amorim et al. realizaram um estudo com 835 crianças de seis a

sete anos de idade em Paranoá – DF, no qual observaram a ocorrência de cárie

dentária, por meio do critério ICDAS. A prevalência de cárie na dentadura decídua

foi de 95,6% e na permanente de 63,7%. As lesões de cárie em esmalte

predominaram tanto na dentadura decídua quanto na dentadura permanente. As

crianças de sete anos apresentaram significantemente mais lesões de cáries em

esmalte e dentina do que as crianças de seis anos de idade. Os autores relataram

que a utilização do ICDAS na detecção da cárie dentária superestima a severidade

da doença.

Através da realização de uma revisão sistemática de 2002 a 2012, Clara,

Bourgeois e Muller-Bolla (2012) identificaram os critérios do ICDAS utilizados na

literatura que podem ser comparados com o componente cariado “C” do índice CPO-

D. Para tal eles avaliaram 14 estudos da literatura que contemplavam todos os

critérios de inclusão. Assim, foi possível observar que dez estudos consideravam as

lesões de códigos 3 a 6 comparáveis ao componente cariado do índice CPO-D,

enquanto que quatro estudos consideraram as lesões de códigos 4 a 6 e apenas

três estudos, as lesões de códigos 5 e 6. Sete estudos consideraram como

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componente “C”, corresponde a lesões cavitadas e, a outra metade dos estudos

considera as lesões em dentina. Diante dos achados, os autores concluíram que há

desacordo entre os critérios do ICDAS para designar o componente cariado do CPO-

D.

Com o propósito de avaliar a experiência de cárie na dentadura mista, Runnel

et al. (2013) avaliaram 485 crianças de primeira (média de 7,8 anos de idade) e

segunda série (média de 8,8 anos de idade) no sudeste da Estônia, utilizando o

ICDAS. Foi considerada a presença de cárie dentária o registro de lesões cariosas

com códigos entre 4-6. Assim, a prevalência de cárie dentária foi de 36,2% e 48,3%

nas crianças de primeira e segunda série, respectivamente. Não se observou

diferença estatística entre o sexo e a ocorrência da doença cárie. Os molares

superiores (10,9%) e os molares inferiores (21,0%) foram os dentes que

apresentaram a maior quantidade de restaurações. Os primeiros molares foram os

dentes mais acometidos pela doença. Diante dos achados, os autores afirmaram

que a prevalência de cárie no sudeste da Estônia foi elevada e que realização de

programas preventivos consiste em uma necessidade urgente.

Em estudo na Espanha, Almerich-Silla et al. (2014) avaliaram a ocorrência de

cárie dentária pelo ICDAS através do exame de 1373 alunos, de 6, 12 e 15 anos de

idade, em 70 escolas. Foi observado que a prevalência de cárie (lesões com escores

entre 4-6) foi de 30% na dentição decídua, 37,7% e 43,6%, nas idades de 12 e 15

anos, respectivamente. A média de ceo-d foi de 1,43 e o CPO-D variou de 1,27-1,64.

Não se verificou nenhum dente perdido na dentição decídua. Assim foi possível

concluir que o ICDAS permite uma nova perspectiva da doença cárie, desde

estágios iniciais até a cavitação, apontando para a necessidade de um novo

protocolo de tratamento, priorizando as medidas preventivas.

2.2 Composição corporal

De acordo com Popkin e Bisgrove (1998), na segunda metade do século XX,

o crescimento acelerado das populações urbanas, especialmente em países em

desenvolvimento, determinou mudanças sociais, econômicas, nutricionais,

ambientais e de saúde, uma vez que um número cada vez maior de populações

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urbanas passou a viver em favelas e cortiços, com acesso limitado a infraestrutura

básica que lhes permita existência produtiva e saudável.

Segundo Popkin (2001), essas transformações significativas que têm ocorrido

nos padrões dietéticos e nutricionais das populações vêm sendo analisadas como

parte de um processo designado de transição nutricional. No Brasil esse processo

de transição se caracteriza fundamentalmente por redução nas prevalências dos

déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade. Esse

processo, embora atingindo o conjunto da população, diferencia-se em momentos e

em intensidade, conforme o segmento socioeconômico considerado.

2.2.1 Desnutrição

Para Monte (2000), a desnutrição infantil se constitui um dos problemas mais

importantes de saúde pública no mundo, devido a sua magnitude e graves

consequências para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência das crianças,

relacionando-se com cerca de 50% das mortes infantis mundiais.

Segundo Desai (2000), a desnutrição se configura como uma condição clínica

que inclui várias síndromes de sobreposição, como falha no crescimento das

crianças e perda muscular nos adultos. Essa condição pode ser o resultado, primário

ou secundário, de uma oferta insuficiente de energia e/ou nutrientes essenciais em

relação às necessidades do corpo.

Miranda et al. (2007) avaliaram crianças de ambos os sexos de sete a dez

anos de idade de uma comunidade carente de São Paulo, sendo 27 eutróficas, 31

desnutridas pregressas e 15 desnutridas crônicas. Observou-se que a desnutrição

crônica foi relacionada a prejuízo de linguagem expressiva, memória operacional

vísuo-espacial e maior ansiedade. Não houve prejuízo de nível intelectual, funções

executivas, memória de longo prazo e função vísuo-construtiva. A preservação da

maioria das funções cognitivas pode ser atribuída à ausência de desnutrição intra-

uterina, e/ou ao fato de que, as crianças vivem em adequado ambiente

socioeconômico.

De acordo com Ramachandran e Golapan (2009), crianças escolares

correspondem a um segmento da população nutricionalmente vulnerável, também

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31

muito suscetíveis a morbidade devido a infecções. A desnutrição está associada

com a disfunção imunitária e consequente aumento da suscetibilidade às infecções,

que por outro lado agravam o estado de desnutrição, de modo a formar um círculo

vicioso, extremamente complexo que pode culminar com o óbito da criança.

Para Monteiro (2009), nos últimos anos, o Brasil apresentou uma das quedas

mais evidentes da desnutrição infantil em todo o mundo em desenvolvimento. De

acordo com uma comparação das estimativas de demografia e saúde, as formas

graves de desnutrição foram praticamente eliminados de todo o país, incluindo a

região Nordeste, onde anteriormente ainda havia uma relevante prevalência dessa

patologia (reduziu de 22,2% para 5,9%). Essa melhora na condição nutricional

infantil deve-se à melhoria da escolaridade materna, especialmente pelo dobro da

proporção de mães que concluiu o ensino fundamental; ao aumento do poder de

compra entre as famílias mais pobres do Brasil, como refletido na mudança

substancial da classe E para classes socioeconômicas D e C; à expansão dos

cuidados de saúde primários para mães e crianças; e ao crescimento da cobertura

dos serviços de saneamento.

2.2.2 Desnutrição e cárie dentária

Para Rugg-Gun; Al-Mohammaki e Butler (1998) acredita-se que a desnutrição

na infância predispõe as crianças a desenvolverem problemas de saúde bucal como,

cárie dentária, defeitos de desenvolvimento do esmalte, hipoplasias e gengivite.

Alguns fatores podem explicar como a desnutrição interfere na estrutura

dentária. De acordo com Freire (2004), a nutrição e a dieta podem promover efeitos

pré-eruptivos (durante o seu período de formação) e pós-eruptivos (após a irrupção

dentária), por meio de um efeito local direto podendo resultar em defeitos na

estrutura dentária (pré-eruptivo), erosão dos dentes (pós-eruptivo) e cárie dentária

(efeito pré e pós-eruptivo).

Em 2007, Chaves, Rosenblatt e Oliveira, ao analisar as consequências da

desnutrição para a saúde oral, verificaram a associação da desnutrição com o

aumento da prevalência de cárie dentária, bem como de malformações dentárias e

lesões de tecidos moles.

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32

De acordo com Gordon (2007), as consequências das doenças bucais podem

ser progressivas e, se não tratadas, promovem dor, infecções e até a perda dentária.

Essas consequências podem ter impacto sobre a capacidade de uma criança se

alimentar corretamente, comprometendo assim ainda mais a sua saúde bucal e

sistêmica.

Mesmo diante da extrema importância do déficit nutricional infantil, e a

repercussão desta condição na saúde bucal das crianças, poucos são os trabalhos

verificados na literatura que se propõem a analisar esta possível associação, como

observado a seguir:

Estudando a desnutrição crônica e a relação com a cárie dentária em crianças

peruanas, Heredia e Alva (2005) observaram prevalência de déficit nutricional em

11,6% da amostra, não sendo, entretanto, observada relação estatística entre esta

variável e a presença de cárie (p>0,05). A prevalência de cárie dentária entre as

crianças com desnutrição crônica foi de 90,63%, enquanto que entre aqueles com

estado nutricional normal foi de 91,61%. Os autores constataram que a prevalência

da doença cárie foi elevada, mas que não se pode afirmar que a doença está

relacionada com o déficit nutricional das crianças.

Três anos após, na cidade de Diadema-SP, Oliveira, Sheiham e Bonecker

(2008) verificaram associação significativa entre o estado nutricional das crianças e

a experiência de cárie, com um aumento no risco desta doença na presença de

redução importante nos seguintes indicadores: IMC (Índice de Massa Corpórea) para

a idade (50% nas crianças com escore-z<-2; p=0,01), peso para a altura (55,6% nas

crianças com escore-z<-2) e peso para a idade (46,7% nas crianças com escore-z<-

2). De modo que, crianças com baixo peso para a idade apresentaram maior

probabilidade de desenvolver cárie precoce severa da infância (33,3%). Os autores

sugeriram que crianças com desnutrição apresentam maior chance de

desenvolverem a doença cárie.

Na Suécia, Norberg et al. (2012) avaliaram a relação entre o IMC e a cárie

dentária em 920 crianças de cinco anos de idade. Neste estudo observou-se média

de IMC de 16,1 (não havendo diferença estatística entre os sexos). A prevalência de

sobrepeso foi de 19,2%, e de obesidade 5,1%, entretanto essas condições não

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33

mostraram associação significativa em relação à cárie dentária. De modo contrário,

crianças com baixos valores de IMC, apresentaram significantemente maiores

valores de ceo-d, quando comparadas com crianças de peso normal. Deste modo,

os autores concluíram que crianças com IMC baixo possivelmente apresentam risco

de desenvolver cárie dentária.

2.2.3 Sobrepeso/Obesidade

A obesidade caracteriza-se pelo excesso de gordura corporal relacionado à

massa magra, e o sobrepeso por uma proporção relativa de peso maior que a

desejável para a altura (MARGAREY et al., 2001). A explicação mais simples

proposta para a obesidade é o desequilíbrio de energia, onde aquela ingerida supera

o gasto energético do indivíduo (BACHMAN; BARANOWSKI; NICKLAS, 2006). A

condição, no entanto, reflete uma complexa interação de fatores genéticos,

metabólicos, dietéticos, culturais, ambientais, socioeconômicos e comportamentais

(MALIK; SCHULZE; HU, 2006; HUDSON, 2008).

Em 2001, Styne relatou que a prevalência mundial da obesidade infantil vem

revelando um rápido aumento nas últimas décadas, sendo caracterizada como uma

verdadeira epidemia mundial. Este fato requer bastante cuidado, uma vez que a

associação da obesidade com alterações metabólicas e doenças cardiovasculares

até alguns anos atrás, eram mais evidentes em adultos; no entanto, hoje já podem

ser observadas frequentemente na faixa etária mais jovem.

Segundo o World Health Organization (2003), são considerados com

sobrepeso aqueles indivíduos adultos com Índice de Massa Corpórea (IMC) superior

ou igual a 30 kg/m2, e os obesos são os que, além de estarem com sobrepeso,

apresentam tanto a dobra cutânea subescapular quanto a triciptal com valores iguais

ou superiores ao percentil 90 para sua idade e sexo.

Para Willershausen et al. (2004) a condição de sobrepeso e obesidade na

população infantil associa-se a fatores de risco metabólicos e cardiovasculares e

tende a perpetuar sua ocorrência na idade adulta.

Segundo Barreto, Brasil e Maranhão (2007), o aumento do sedentarismo

proporcionado pelo lazer ocioso do uso constante da televisão, computador e

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34

videogame; a substituição do aleitamento materno pelos formulados alimentos

infantis; e a preferência por alimentos industrializados de maior densidade

energética e melhor sabor em detrimento aos alimentos processados

domesticamente são fatores que colaboram para o progresso da obesidade infantil.

De acordo com Hudson (2008), fatores relacionados à obesidade em

escolares apresentam aspecto comportamental e incluem dieta, atividades físicas,

cultura, ambiente e percepção dos pais.

Considerando a medida das dobras cutâneas para avaliar sobrepeso e

obesidade, Coward, Parkinson e Murgatroyd (1988) relataram que, embora não se

tenha confirmação direta, presume-se que a gordura subcutânea seja proporcional à

gordura corporal total, e que a medida das dobras cutâneas em locais específicos

seja representativa da média da espessura das dobras por toda a superfície do

corpo.

Para Tyrrel et al. (2001), a medida das dobras cutâneas a fim de avaliar a

ocorrência da obesidade dos indivíduos é um método barato, inócuo e

rotineiramente empregado na avaliação nutricional de crianças, assim como medidas

de peso e altura, entretanto o método exige treinamento para viabilizar a sua

execução.

2.2.4 Sobrepeso/Obesidade e cárie dentária

Uma revisão sistemática da literatura realizada por Kantovitz et al. (2006)

avaliou a relação entre obesidade na infância, adolescência e/ou vida adulta com a

prevalência de cárie dentária em artigo publicados entre 1984 e 2004. Foram

identificados apenas três trabalhos com altos níveis de evidência científica e apenas

um estudo mostrou uma associação direta entre a obesidade e a cárie dentária.

Assim, sugere-se que estudos clínicos randomizados sejam realizados para avaliar

melhor essa relação.

De acordo com Oliveira, Sheiham e Bönecker (2008), a cárie dentária e a

obesidade compartilham fatores de risco comuns, principalmente hábitos dietéticos e

status socioeconômico. Maus hábitos alimentares colaboram para a progressão mais

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35

rápida da obesidade do que da cárie dentária, daí sendo considerado um preditor

para o desenvolvimento e progressão desta doença.

A importância do tema despertou a atenção de Granville-Garcia et al. (2008)

que realizaram um estudo com pré-escolares de um a cinco anos de idade da cidade

do Recife-PE. A partir do exame de 2.651 crianças em tal faixa etária os autores

puderam verificar prevalência de cárie de 19%. Em relação ao estado nutricional das

crianças, observou-se prevalência de obesidade de 9%, sendo a ocorrência dessa

condição mais frequente entre as crianças de escolas privadas (13,6%), quando

comparadas com aquelas das escolas públicas (4,6%). Os autores revelaram que

não houve relação entre cárie dentária e obesidade (p>0,05) e que políticas

adequadas de saúde devem ser adotadas de forma a minimizar a elevada

prevalência de cárie nesta população.

Investigando a associação entre obesidade e sobrepeso com a presença da

cárie dentária, Carvalho et al. (2009) realizaram um estudo em 476 escolares na

faixa etária de quatro a 18 anos, no município de Juiz de Fora-MG. Assim, os

autores observaram que a maior prevalência de obesidade isolada se deu aos

quatro anos de idade (aproximadamente, 33%), e que foi maior a ocorrência de

sobrepeso e obesidade no sexo feminino (2,1%, 6,3%, respectivamente). Não foi

observada associação entre o excesso de peso e a presença de cárie (p=0,92), de

modo que o valor do ceo-d nas crianças eutróficas foi de 1,37 e nas crianças com

sobrepeso/obesidade foi de 1,107. Foi possível observar que não houve influência

da qualidade/quantidade da merenda escolar sobre a ocorrência da cárie dentária e

obesidade.

Continuando os estudos na mesma linha de pesquisa, D’Mello et al. (2011)

investigaram a cárie dentária e a obesidade em crianças de três a oito anos de idade

e verificaram que a prevalência de crianças com ceo-d igual ou superior a 8,0 foi de

35,4% entre as crianças eutróficas, 37,5% entre aquelas com sobrepeso, e de 24%

entre as crianças obesas, entretanto a relação entre a cárie dentária e o estado

nutricional não apresentou dados estatisticamente significativos (p=0,41). Os autores

deduziram que a cárie dentária e a obesidade apresentam fatores de risco em

comum que persistem até a idade adulta, e que o desenvolvimento de estratégias de

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36

saúde que reduzirão os impactos desses fatores pode proporcionar redução da

prevalência dessas duas condições.

Com o propósito de avaliar a relação entre a cárie dentária em crianças e

adolescentes e o IMC, Hooley et al. (2012) realizaram uma revisão sistemática sobre

o tema com 48 estudos publicados de 2004 a 2011. Deste modo verificou-se que

dos 48 estudos, 23 não constataram associação entre o IMC e a cárie dentária, 17

encontraram associação positiva, e nove verificaram associação negativa entre

essas variáveis. Ainda foi possível perceber nesta revisão sistemática que a cárie

dentária esteve associada tanto ao alto quanto baixo IMC. Os autores concluíram

que uma associação não-linear entre o IMC e a cárie dentária pode prover

resultados inconsistentes, de modo que eles recomendam futuras investigações

acerca do tema, explorando alguns fatores relacionados, como a condição

socioeconômica.

2.3 Qualidade de vida

Para Wallander, Schmitt e Koot (2001), a qualidade de vida é um constructo

relevante e utilizado da medicina à saúde pública, da sociologia à economia e da

política à psicologia.

Segundo Nelson, Laurendeau e Chamberland (2001), a qualidade de vida e

bem-estar possuem um referencial superior do que a ausência de maus tratos e

déficits, implica, também, força e qualidades positivas no contexto social e na família

da criança. São utilizados diversos indicadores para avaliar o bem-estar na criança,

principalmente, o desenvolvimento do comportamento social e cognitivo.

De acordo com Higginson e Carr (2001), a utilização das informações

adquiridas a partir do estudo da qualidade de vida dos indivíduos reflete um

crescente reconhecimento da importância de como os pacientes sentem-se de modo

geral e quão satisfeitos estão com o tratamento, em vez de apenas focar os

resultados da doença. Nesse sentido, as medidas de qualidade de vida buscam

capturar as perspectivas do paciente sobre sua doença e o tratamento adotado, sua

percepção da necessidade de cuidados e suas preferências por tratamentos e

resultados.

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37

Em 2003, Franzi e Silva relataram que os indicadores de qualidade de vida

também importam, para decisões em saúde pública, na alocação de recursos e

delineamento de programas adequados de intervenção, possibilitando modificar

variáveis que possam interferir de forma negativa no indivíduo. Assim sendo, o

entendimento das necessidades sociais, por meio dos estudos de qualidade de vida,

permite o melhor direcionamento de recursos e programas de saúde, propiciando

uma melhoria da qualidade do sistema de saúde.

Ferreira, Loureiro e Araújo (2004) observaram que uma vez a doença

instalada, já se sabe que tratar apenas os sinais e sintomas não promove a saúde

integral do indivíduo. A doença pode ter significante impacto nos aspectos sociais e

psicológicos da vida do sujeito.

Para Freire (2004), a qualidade de vida pode ser definida como a percepção

do indivíduo no que diz respeito à sua condição física, psicológica, social, bem como

uma sensação de bem-estar.

Segundo Caldera e Hart (2004), as percepções de crianças e adolescentes

sofrem influência de diversos fatores, como características da própria criança e da

família, a condição socioeconômica, estilo e estresse parental, e estilo de vida.

Desfavorecimento socioeconômico, isolamento social, condições de vida precárias,

famílias monoparentais, violência e conflitos interpessoais entre membros da família,

psicopatologia dos pais, elevados níveis de estresse e falta de suporte social estão

geralmente associados a problemas de comportamento na criança.

De acordo com Matza et al. (2004), uma estratégia para abordar as diferentes

fases de desenvolvimento da criança é criar múltiplas formas de um mesmo

instrumento para crianças, cada uma desenhada para diferentes faixas etárias. Esta

maneira é vantajosa por levar em consideração os diferentes estágios de

desenvolvimento do indivíduo, incluindo sua concepção de doença, assim como sua

causa e impacto.

Para Tesch, Oliveira e Leão (2007), a percepção de saúde e de doença varia

conforme a capacidade cognitiva da criança, a qual se modifica de acordo com a

idade, em decorrência dos diferentes estágios de desenvolvimento emocional, social

e de linguagem.

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38

2.3.1 Questionários para avaliar Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal

(QVRSB)

De acordo com Cohen e Jago (1976), os questionários que se destinam a

avaliar o impacto dos problemas bucais sobre a qualidade de vida são instrumentos

específicos denominados genericamente de indicadores sóciodentais.

Segundo Robinson et al. (2003), há menos de 20 anos, não existiam métodos

de determinação do impacto dos problemas orofaciais na vida diária dos indivíduos.

A necessidade de se determinar as repercussões das anormalidades orais propiciou

o desenvolvimento de instrumentos de aferição do impacto da saúde oral na

qualidade de vida, os quais têm sido cada vez mais frequentemente utilizados em

estudos da área odontológica.

Para John et al. (2006), uma série de questionários para avaliar a correlação

entre saúde bucal e qualidade de vida foram desenvolvidos e estão sendo

adaptados culturalmente e administrados em estudos realizados em diferentes

países. No entanto, a maioria destes é voltada para a população adulta.

De acordo com Buczynski, Castro e Sousa (2008), os pesquisadores devem

avaliar a estrutura apropriada do instrumento, de acordo com a idade do pesquisado,

incluindo o vocabulário, instruções, estrutura das frases, conteúdo e opções de

resposta, preocupando-se com as limitações de desenvolvimento de cada etapa da

vida.

Segundo Barbosa et al. (2010), a importância de se conhecer a repercussão

integral de alterações presentes no sistema estomatognático induziu o

desenvolvimento dos instrumentos de avaliação da qualidade de vida relacionada à

saúde bucal, que são utilizados com frequência cada vez maior em pesquisas

odontológicas.

2.3.2 Child Perceptions Questionnaire (CPQ)

Em 2002, Jokovic et al. desenvolveram o Child Perceptions Questionnaire

(CPQ11-14), que é um instrumento específico que avalia a percepção do impacto das

desordens orais no bem-estar físico e psicossocial, e inclui aspectos genéricos e

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específicos relativos às doenças bucais. Esse instrumento foi aplicado em 123

crianças de 11 a 14 anos de idade, e os autores avaliaram sua validade e

confiabilidade. Houve associações significativas entre os escores do CPQ11-14 e a

classificação global de saúde bucal (p<0,05) e bem estar-geral (p<0,01). Os

coeficientes alfa de Cronbach e de correlação intraclasse foram 0,91 e 0,90,

respectivamente, sugerindo que o CPQ11-14 é um instrumento válido e confiável para

ser aplicado em crianças de 11 a 14 anos de idade.

Jokovic et al. (2004) desenvolveram o Child Oral Health Quality of Life

(COHQoL), bem como um conjunto de questionários que visam mensurar o impacto

das alterações da saúde bucal na qualidade de vida das crianças entre seis e 14

anos de idade (Child Perceptions Questionnaire - CPQ) bem como as suas famílias

(Family Impact Scale - FIS) e a percepção dos pais/cuidadores sobre a saúde bucal

de seus filhos (Parental-Caregiver Perceptions Questionnaire - P-CPQ). Estes

instrumentos abrangem as seguintes sub-escalas: sintomas orais, limitações

funcionais, bem-estar emocional e social. Eles também incluem sub-escalas que

abordam atividades de interação escola e de recreação. Estes questionários foram

desenvolvidos e validados no Canadá, no idioma Inglês e suas propriedades

psicométricas foram consideradas satisfatórias, indicando a sua validade.

Em 2004, Jokovic et al. desenvolveram o Child Perceptions Questionnaire

(CPQ8-10) para ser aplicado em crianças de oito a dez anos de idade. O instrumento

foi avaliado quanto à validade e confiabilidade em 68 e 33 crianças,

respectivamente. Houve uma correlação positiva moderada entre os escores do

CPQ8-10 e a classificação de bem-estar geral (R=0,45). Os coeficientes alfa de

Cronbach e de correlação intraclasse foram 0,89 e 0,75, respectivamente. Os

resultados sugeriram uma boa validade de construto, consistência interna e

confiabilidade teste-reteste do instrumento.

De acordo com Goursand et al. (2008), o CPQ possui questões referentes à

frequência de eventos ocorridos nos últimos três meses. É estruturalmente composto

de 37 questões divididas em 4 domínios: sintomas bucais (6 questões), limitações

funcionais (10 questões), bem-estar emocional (9 questões) e bem-estar social (12

questões). Com as seguintes opções: nunca = 0; uma /duas vezes = 1; às vezes = 2;

frequentemente = 3; e todo dia ou quase todo dia = 4. Os resultados do CPQ são

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computados somando-se os valores de cada questão. Como são 37 questões, os

valores podem variar de 0 a 148, e um valor total alto indica maior impacto da

condição bucal na qualidade de vida da criança. Os autores também desenvolveram

duas perguntas que questionaram como a criança avalia sua saúde bucal e até que

ponto essa saúde afeta seu bem-estar geral. Para a questão avaliando a

autopercepção da saúde bucal da criança, os valores dessa resposta variam de 0-5

sendo eles: excelente = 0; boa = 1; regular = 2 e ruim = 3. Os valores da questão

sobre até que ponto a saúde bucal afeta a condição social da criança, são: de jeito

nenhum = 0; bem pouco = 1; muito = 2.

2.3.3 Qualidade de vida e saúde bucal

Segundo Locker et al. (2002), a condição de saúde bucal costumava ser

mensurada por indicadores clínicos sensíveis à condição física do indivíduo, tais

como doença periodontal, tumores e cárie dentária.

Para Petersen (2003), a saúde bucal consiste em uma condição

complementar à saúde geral e é essencial para a qualidade de vida. Todos os

indivíduos devem dispor de uma condição de saúde bucal que lhes permita falar,

mastigar, reconhecer o sabor dos alimentos, sorrir, viver livre de dor e desconforto, e

se relacionar com outras pessoas sem constrangimento.

De acordo com McGrath e Bedi (2004), as pessoas percebem a importância

da saúde bucal para a qualidade de vida sob uma variedade de formas nos domínios

físico, social e psicológico, sendo que a capacidade de se alimentar e a presença de

dor e desconforto costumam ser considerados, respectivamente, os aspectos

positivo e negativo mais relevantes para a qualidade de vida.

Patel, Tootla e Inglehart (2007) relataram que o interesse pela qualidade de

vida e saúde bucal em crianças e adolescentes vem aumentando, pois as desordens

orais provavelmente apresentam efeito negativo na qualidade de vida das mesmas,

uma vez que podem interferir na alimentação, no sono, na fala, na comunicação e

interação social e na auto-estima.

Para Menezes et al. (2009), a condição dental é medida pelo número de

dentes cariados, perdidos e obturados. Além disso, outros índices são utilizados

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para descrever a prevalência de doenças, refletindo somente no estágio final da

patologia, sem apresentar o impacto que o processo saúde/doença possui sobre o

bem-estar funcional ou psicossocial da pessoa.

2.3.4 Qualidade de vida e cárie dentária

Diante da relevância do tema, Menezes et al. (2009) realizaram um estudo

com 50 crianças de seis a 12 anos de idade, atendidas na clínica escola da

Faculdade São Lucas - SP, no qual foi avaliado o impacto da doença cárie na

qualidade de vida destas crianças. Foi possível observar que 50% das crianças

relataram apresentar saúde bucal regular e apenas 4% excelente saúde bucal, 46%

responderam que a saúde bucal não afeta de jeito nenhum a qualidade de vida e

14% disse que afeta. Analisando a história da doença cárie em comparação com

escores, não houve diferença estatisticamente significante. Desta maneira, os

autores puderam concluir que as crianças não apresentaram impacto em sua

qualidade de vida em relação à experiência de cárie.

Em 2012, Krisdappong et al. (2012) realizaram uma pesquisa a fim de avaliar

a associação entre as doenças orais (cárie, doença periodontal e fluorose dentária)

e a qualidade de vida relacionada à saúde, com 1063 crianças Tailandesas de 12

anos de idade. Em relação à cárie dentária, verificou-se prevalência de 58,8%, com

média de CPO-D e desvio padrão de 1,6 + 2,1. A condição patológica que

proporcionou um maior impacto na qualidade de vida foi a cárie dentária (47,7%),

sendo observado associação estatística (p<0,001) entre o impacto na qualidade de

vida e a presença de dentes cariados e não tratados. Deste modo, foi possível

concluir que a avaliação do impacto da condição oral na qualidade de vida das

crianças se faz extremamente importante a fim de se promover a saúde geral da

mesma, como um todo.

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3 - OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar a influência da composição corporal sobre a cárie dentária e o impacto

na qualidade de vida de escolares de 8 a 10 anos de idade, da rede municipal de

ensino, na cidade de Patos-PB.

3.2 Objetivos específicos

Observar o perfil epidemiológico da cárie dentária em escolares de 8 a 10

anos de idade, da rede municipal de ensino, na cidade de Patos-PB, pelo

critério ICDAS;

Avaliar a composição corporal dos escolares através do exame

antropométrico (medidas de Índice de Massa Corpórea e dobras cutâneas);

Averiguar a influência da composição corporal sobre a ocorrência da doença

cárie;

Investigar o impacto da cárie dentária na qualidade de vida dos escolares.

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4 - SUJEITOS, MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Princípios éticos

4.1.1Consentimento da Secretaria Municipal de Educação

Após a definição dos instrumentos de pesquisa e elaboração do projeto, o

mesmo foi encaminhado à Secretaria Municipal de Educação (APÊNDICE A) para

análise e obtenção do consentimento, a fim de possibilitar a realização da pesquisa

nas escolas municipais na cidade de Patos-PB.

4.1.2 Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

De acordo com a resolução do Conselho Nacional de Saúde (466/12-CNS), o

projeto de pesquisa foi submetido à análise e aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, via o sistema online da Plataforma

Brasil (ANEXO A).

4.1.3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Diante do estabelecido pela resolução 466/12 (CNS) foi enviado um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) a todos os responsáveis pelas

crianças participantes do estudo. Este termo teve a finalidade de apresentar os

objetivos do trabalho, com a presença de riscos e danos mínimos aos participantes

(desvio de suas atividades escolares por, aproximadamente, 30 minutos); e de obter

a autorização dos mesmos para a participação na pesquisa.

4.2 Caracterização da área de estudo

Patos é um município brasileiro pertencente ao estado da Paraíba, com

aproximadamente 473,056 Km2 de extensão. A cidade localiza-se na mesorregião

do Sertão Paraibano e possui uma população de aproximadamente 105.531

pessoas (IBGE, 2014).

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O município de Patos é considerado a 3ª cidade polo do estado da Paraíba,

devido a sua importância socioeconômica. A sua posição geográfica, próxima ao

centro do estado da Paraíba e a proximidade com os estados do Pernambuco e Rio

Grande do Norte, lhe concede condições para centralizar as atividades econômicas

de produção e de comercialização (IBGE, 2014).

De acordo com o IBGE (2014), em 2009 Patos continha 74 estabelecimentos

de saúde, sendo a 4ª cidade da Paraíba por número de estabelecimentos e a 3ª por

número de estabelecimentos públicos. Neste contexto, o município apresenta 37

Estratégias de Saúde da Família (ESFs).

O município de Patos-PB sedia a 6ª região de ensino da Paraíba e apresenta

aproximadamente 30 escolas públicas municipais de ensino Fundamental (IBGE,

2014).

Figura 1- Localização geográfica do Estado de Paraíba e da Cidade de Patos

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patos

4.3 Tipo de estudo

Consiste em um estudo do tipo transversal e analítico, com amostra aleatória

e representativa, no qual foi avaliada a influência da composição corporal sobre a

cárie dentária e o impacto desta patologia sobre a qualidade de vida de escolares da

rede municipal de ensino, de 8 a 10 anos de idade na cidade de Patos-PB.

Os estudos transversais são importantes, pois permitem analisar a

distribuição de um agravo em determinada população, além de serem úteis como

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base para o planejamento e determinação de necessidades coletivas de tratamento.

Apresentam, entre outras vantagens, baixo custo e objetividade dos dados

(PEREIRA, 1995; PINTO, 2000).

4.4 População de estudo

Participaram do estudo crianças de 8 a 10 anos de idade matriculadas em

escolas públicas municipais da cidade de Patos-PB. O município apresenta 30

escolas municipais, perfazendo um total de 2.656 crianças de acordo com o

levantamento estatístico da Secretaria de Educação em 2013.

4.5 Grupo de estudo e processo de seleção

4.5.1 Cálculo amostral

Nesta pesquisa o cálculo amostral foi realizado por meio de procedimento

estratificado por conglomerados (escolas). Em cada escola foi selecionado uma

amostra aleatória proporcional ao número total de alunos da faixa etária pesquisada.

A amostra foi obtida através do cálculo de estimativa de proporção, de acordo

com Kirkwood (1996):

Para a referida fórmula, α - nível de significância, p - prevalência do agravo, d

- erro admissível. Deste modo, tem-se que: α corresponde a 95%, para o valor de p

foi considerada a prevalência do agravo de 50% e o valor de d foi de 5%. Assim

sendo, o valor obtido neste cálculo amostral é de 384 crianças.

4.5.2 Critérios de inclusão

Para a participação dos escolares nessa pesquisa foram considerados como

critérios de inclusão:

n = (Z 1-α)² p (1-p)

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46

Crianças de 8 a 10 anos de idade regularmente matriculadas em escolas da

rede pública municipal de ensino de Patos-PB e presentes no momento da

coleta dos dados.

O retorno dos questionários e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

devidamente assinado, no dia determinado para entrega.

4.5.3 Critérios de exclusão

Não foram incluídas na pesquisa as crianças que apresentaram uma ou mais

das seguintes características:

Apresentar deficiências neuropsicomotoras, ou seja, desvios de normalidade

de ordem mental, física, sensorial e comportamental, necessitando, por isso,

de educação e de atenção especial, referendado pelos professores

(SCHMIDT, 1998).

Crianças que tiveram o exame vetado pelos pais ou que se recusarem.

Crianças que apresentaram comportamento que impossibilitou a realização

do exame.

4.5.4 Critérios de seleção amostral

Para a seleção das crianças foi realizado previamente um sorteio das escolas

participantes do estudo, de modo que foi sorteado ao menos uma escola para cada

um dos bairros da cidade, para que a amostra possuísse uma equivalência com a

população.

Posteriormente, em cada escola foi sorteado, a partir da lista de frequência

das turmas, uma determinada quantidade de alunos, proporcional a quantidade total

de alunos na faixa-etária de estudo desta escola na população. Se o aluno sorteado

não estivesse presente no dia do exame, o mesmo era substituído pelo

imediatamente posterior, e assim sucessivamente.

4.6 Calibração

4.6.1 Cárie Dentária

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47

Para o processo de calibração do examinador foi sorteado uma escola

municipal de Patos-PB, onde foram sorteadas 40 crianças participantes de 8-10

anos de idade. A calibração seguiu a metodologia proposta por Peres, Traebert e

Marcenes (2001), sendo dividida em quatro etapas:

Primeira Etapa: consistiu em um momento teórico (aula expositiva de 60

minutos) no qual foram apresentados os critérios ICDAS. Posteriormente, imagens

das condições a serem observadas no exame foram projetadas por um minuto,

sendo solicitado ao examinador que detectasse as alterações. Para tal também foi

realizado um treinamento online no website do ICDAS (www.icdas.org). Foi, então,

realizado o estudo da ficha clínica e da rotina a ser seguida no exame clínico.

Segunda Etapa: foram realizados exames clínicos, pelo examinador e pelo

examinador de referência (S.M.P.), em 40 crianças de uma escola. Posteriormente,

o examinador de referência realizou a seleção de 50% das crianças de acordo com a

variação dos critérios para que o examinador fizesse o re-exame clínico. Com os

resultados das fichas clínicas foram montadas matrizes para comparação dos

diagnósticos e o coeficiente Cohens´s kappa. Os resultados demostraram a

concordância interexaminador. Essas crianças não participaram posteriormente do

estudo principal da pesquisa.

Terceira Etapa: foram realizados novos exames pelo examinador nas

mesmas crianças selecionadas anteriormente. Os resultados foram utilizados para

medir a calibração intra-examinador. Novamente foram montadas as matrizes e o

teste Cohens´s kappa foi realizado.

Quarta etapa: discussão final dos resultados.

Durante a realização da coleta dos dados, ocorreu uma constante calibração

intraexaminador, de modo que a cada 10 crianças examinadas, uma era

reexaminada após 24 horas (PINTO, 2000). A consistência dos diagnósticos foi

medida através do coeficiente Cohens´s kappa para a obtenção dos valores de

concordância, e esses, numericamente, representam (BULMAN; OSBORN, 1989):

k igual a zero: denota baixíssima confiabilidade.

k maior que 0 e menor que 0,40: denota baixa confiabilidade.

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k entre 0,41 e 0,60: denota moderada confiabilidade.

k entre 0,61 e 0,80: denota substancial confiabilidade.

k acima de 0,81: denota boa confiabilidade.

Sendo esse cálculo realizado através da seguinte fórmula:

Po - Pe K = 100 – Pe Onde:

Po significa a porcentagem de dentes nos quais houve concordância

diagnóstica.

Pe significa a porcentagem de concordância esperada.

Assim, diante da metodologia exposta os dados obtidos pelo teste de Kappa

na calibração interexaminador foi de 0,84 e na calibração intraexaminador de 0,91,

representando boa confiabilidade.

4.6.2 Gordura Corporal

A gordura corporal foi avaliada de maneira indireta, através da obtenção dos

valores das pregas cutâneas tricipital e subescapular nas crianças (COCETTI;

CASTILHO; BARROS FILHO, 2009). Para a calibração do pesquisador na obtenção

destes dados, inicialmente foi realizado um treinamento com um Educador Físico

examinador de referência (C.M.) do Instituto de Ciências da Atividade Física e

Esporte (ICAFE) da Universidade Cruzeiro do Sul na demarcação e medição das

dobras cutâneas, a fim de se conhecer adequadamente os instrumentos de coleta

dos dados. Essa prática foi repetida até que os valores obtidos apresentassem uma

variação mínima. Para a medição das dobras cutâneas, era realizada a prática de

delimitar a área a ser medida, fazer o pinçamento com o adipômetro, seguido da

leitura do equipamento e posterior soltura da região avaliada.

Em um momento posterior, o pesquisador realizou essas medições em 40

crianças (10% da amostra), na faixa etária do estudo. Essas medidas foram obtidas

em triplicata, sendo utilizada a média das três tomadas. Após sete dias o

pesquisador realizou o reexame em 20 daquelas crianças, novamente em triplicata,

para que os dados pudessem ser comparados pelo coeficiente de correlação

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intraclasse (ICC), sendo obtido um valor de 0,810. Nessa fase houve a participação

de um Educador Físico do munícipio de Patos-PB.

4.7 Estudo-piloto

O estudo-piloto foi realizado com a finalidade de avaliar os instrumentos de

pesquisa e a dinâmica da coleta dos dados. Para a realização desse tipo de estudo

foi sorteada uma escola, na qual foram sorteados 40 participantes (10% da amostra)

na faixa etária de estudo. As crianças inseridas no estudo-piloto não foram incluídas

no estudo-principal.

4.8 Fluxograma

Segue abaixo o fluxograma de atividades desenvolvidas no estudo.

Agendamento e ida às escolas selecionadas para a obtenção

do termo de consentimento assinado pelos pais

Análise estatística

Divulgação dos Resultados

Estudo Piloto

Exames Clínico e antropométrico

Contato com a Secretaria de Educação

Listagem das escolas e número de alunos

Calibração

Procedimento Amostral

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4.9 Elenco de variáveis

4.9.1 Variável dependente

Foi considerada variável dependente a presença ou ausência de cárie

dentária, que foi avaliada a partir do critério ICDAS – International Caries Detection

and Assessment System. Optou-se por utilizar o ICDAS uma vez que ele inclui a

avaliação de lesões cavitadas e não cavitadas, sendo assim ferramenta útil na

detecção da doença, de modo a viabilizar estratégias preventivas. Este índice utiliza

o registro de dois dígitos, o primeiro retrata a condição dentária (Quadro 1) e o

segundo diz respeito à presença e extensão da lesão de cárie (Quadro 2).

Códigos Descrição (ISMAIL et al., 2007)

0 Ausência de restauração ou selante

1 Selante parcial

2 Selante total

3 Restauração de resina ou cimento de ionômero de vidro

4 Restauração de amálgama

5 Coroa metálica

6 Coroa em porcelana, ouro, metalocerâmica ou veneer

7 Restauração perdida ou quebrada

8 Restauração temporária

9 Ausência dentária ou situações especiais

9-6 A superfície não pode ser examinada devido a dificuldade de

acesso na visualização

9-7 Dente perdido por cárie

9-8 Dente perdido por outra razões, que não a cárie dentária

9-9 Dente ainda não erupcionado

Quadro 1 - Códigos do ICDAS referentes à condição dentária.

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Códigos Descrição (ISMAIL et al., 2007)

0 Sadio, imediatamente após secagem com ar (5s); sem cárie,

manchamento, hipoplasia, desgaste, erosão e outros fenômenos

não cariosos

1 Imediatamente após secagem com ar, primeira alteração visível

no esmalte ou alterações na coloração limitada às áreas de

fóssulas e fissuras

2 Observação sem secagem, alteração visual distinguível, branca

ou colorida, numa extensão que vai além as fóssulas e fissuras

3 Ruptura localizada do esmalte, sem dentina visível,

descontinuidade na superfície do esmalte. Confirmada com

sonda OMS

4 Sombra escura subjacente desde a dentina, com ou sem ruptura

localizada do esmalte

5 Cavidade com dentina exposta na base da cavidade

6 Cavidade extensa, visível, em dentina, na base e nas paredes

(mais de metade da superfície)

Quadro 2 - Códigos do ICDAS referentes à extensão da lesão de cárie.

Em função da natureza epidemiológica desse estudo, e da dificuldade de se

fazer a secagem, em campo, das superfícies dentárias com a seringa tríplice, os

códigos 1 e 2 foram unidos em uma mesma classificação (CADAVID; LINCE;

JARAMILO, 2010).

4.9.2 Variáveis independentes

As variáveis independentes associadas à presença de cárie dentária são

categorizadas no Quadro 3.

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Variáveis Independentes Categorização

Faixa etária

(Anos completos no momento do

exame)

0. 8 anos

1. 9 anos

2. 10 anos

Sexo 0. Feminino

1. Masculino

Composição corporal (IMC)

(WHO, 2009)

0. Desnutrição Severa/Desnutrição.

1. Eutrófico.

2. Sobrepeso

3.Obesidade/Obesidade severa

Composição corporal (Dobras

cutâneas)

0. Obeso

1. Não obeso

Impacto na qualidade de vida 0. Sem impacto

1. Com impacto

Quadro 3 - Categorização das variáveis independentes.

4.10 Coleta dos dados

A coleta dos dados foi realizada nas instituições selecionadas para o estudo,

sendo executada por uma examinadora calibrada e os dados foram anotados por

assistentes devidamente treinados. Os exames foram realizados no período de

março a junho de 2014, nas próprias escolas, no período matutino e vespertino,

respeitando a rotina das atividades escolares.

Para a coleta de dados, após o recebimento do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido devidamente assinado pelos pais/responsáveis, inicialmente era

realizada a aplicação do questionário de qualidade de vida com o escolar; e em um

segundo momento eram realizados os exames clínico e antropométrico.

4.11 Instrumentos de coleta dos dados

Para a coleta dos dados dessa pesquisa foram utilizados como instrumentos:

Uma ficha clínica para registro dos dados do ICDAS (APÊNDICE C);

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Uma ficha clínica, previamente elaborada pelos pesquisadores desse

estudo para registro dos dados antropométricos (APÊNDICE D);

Questionário CPQ8-10 (ANEXO B).

4.11.1 Ficha clínica

4.11.1.1Registro de lesões de cárie

Previamente à realização do exame bucal as crianças recebiam escovas

dentais (Figura 2) e faziam a escovação supervisionada. Posteriormente, as

superfícies dentárias eram secas com compressas de gazes esterilizadas (Figura 3),

a fim de facilitar a observação das lesões de cárie. Para a avaliação da cárie

dentária foi realizado exame físico intrabucal, com a utilização do espelho bucal e da

sonda OMS (Figura 4), para remoção de alguns detritos que possam ter ficado após

a secagem das superfícies dentárias com gaze. A utilização do instrumental seguiu

todos os preceitos de biossegurança.

As crianças ficaram sentadas em cadeiras escolares em uma sala da própria

escola. Para o exame clínico (Figura 4) o examinador usava equipamentos de

proteção individual, sendo as luvas trocadas a cada exame e o gorro e a máscara a

cada turno de exames. Também era utilizada a lanterna de cabeça (Tikkina, Petzl)

para facilitar a visualização das lesões de cárie e padronizar a iluminação utilizada

em cada escola visitada (Figura 5).

Figura 2 - Escovas dentais doadas na pesquisa.

Fonte: Registro do pesquisador. Figura 3 - Compressa de gaze esterilizada.

Fonte: Registro do pesquisador.

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54

Durante os exames nenhum procedimento terapêutico foi executado,

entretanto a condição bucal, em relação à ocorrência da cárie dentária e a

necessidade de tratamento restaurador ou preventivo, foi repassada aos

pais/responsáveis, a fim de despertar a atenção de procurar atendimento com o

cirurgião-dentista para a criança.

Para a mensuração da cárie dentária foi utilizado o instrumento ICDAS, com

os códigos e critérios mencionados anteriormente (APÊNDICE C).

4.11.1.2 Análise dos dados antropométricos

Todos os dados antropométricos coletados das crianças foram registrados em

uma ficha clínica previamente preparada pelos pesquisadores deste estudo

(APÊNDICE D).

4.11.1.2.1 Dobras Cutâneas

A determinação da gordura corporal através do método das dobras cutâneas

é uma das técnicas de campo mais utilizadas devido ao seu baixo custo (WILMORE;

COSTILL, 2001). A medição das dobras cutâneas é obtida através da utilização de

um compasso, chamado de adipômetro, o qual tem um formato de pinça. Os mais

utilizados são os do tipo Lange e Harpenden, e também o nacional do tipo Cescorf

(QUEIROGA; FERREIRA; ROMANZINI, 2005).

Para a mensuração das dobras, foi utilizado o Adipômetro (Cescorf) com

precisão de 0,5mm (Figura 6). A adiposidade, em todas as idades e em ambos os

Figura 5 - Lanterna de cabeça (TIKKINA)

utilizada na pesquisa.

Fonte: www.territorioonline.com.br

Figura 4 - Espelho bucal e Sonda OMS

esterilizados.

Fonte: Registro do pesquisador.

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sexos, foi verificada pelo somatório das dobras cutâneas tricipital e subescapular, de

acordo com a metodologia proposta por Lohman, Roche e Martorell (1986), que

realizam a avaliação de adiposidade em crianças de sete a 18 anos de idade.

Figura 6 - Adipômetro Cescorf

Fonte: Registro do pesquisador.

Tanto a dobra cutânea tricipital como a subescapular foram medidas com os

escolares em posição ereta e os braços pendentes naturalmente. As duas dobras

foram medidas no lado direito da criança, em triplicata, para o cálculo da média, a

fim de se obter um resultado mais fidedigno.

A dobra tricipital (dct) foi medida no ponto médio do braço entre o ponto

acromial da escápula e o olécrano da ulna. Já a dobra subescapular (dcs) foi medida

num ponto localizado imediatamente abaixo do ângulo inferior da escápula direita,

conforme protocolo Petroski (2001) (Figura 7).

Figura 7- Medição das dobras tricipital (A) e subescapular (B). Fonte: Anchieta et al. (2012)

A B

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A dobra cutânea foi aferida pinçando-se, com o dedo indicador e o polegar a

pele e a gordura subcutânea, separando-a do músculo. A medida era feita com o

compasso de dobras através da distância entre as suas extremidades, que por sua

vez exerce uma pressão de 10g/mm2 na dobra (Figura 8). A medida deve ser tomada

dois segundos após a colocação do compasso (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001).

Figura 8 - Modo de pinçar e medir a dobra cutânea. Fonte: http://www.gymjp.com/skinfold-measurements.html

Para o cálculo do percentual de gordura corporal (%GC) pela medida da

espessura das dobras cutâneas, os valores obtidos foram aplicados às equações de

regressão propostas por Slaughter et al. (1988), conforme o valor da soma das

dobras (∑DC) fossem, respectivamente < ou > 35mm:

Para ∑DC > 35mm:

Meninos (todas as idades): %GC=0,783 x (∑DC) + 1,6

Meninas (todas as idades): %GC= 0,546 x (∑DC) + 9,7

Para ∑DC < 35mm:

Meninos (todas as idades): %GC=1,21 x (∑DC)2 – 0,008 x (∑DC) + idade

Meninas (todas as idades): %GC= 1,33 x (∑DC)2 – 0,013 x (∑DC) – 2,5

O critério de referência do percentual de gordura sugerido por Williams et al.

(1992), >25% para os meninos e >30% para as meninas, foi utilizado como ponto de

corte para classificação de obesidade nos indivíduos do presente estudo. Este

critério foi escolhido por ser um preditor de doenças cardiovasculares (WILLIAMS et

al., 1992).

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57

4.11.1.2.2 Peso

O instrumento utilizado para a aferição do peso foi a balança digital portátil

Tanita UM-061 (Figura 9), a qual foi cuidadosamente colocada em chão que não

houvesse carpete ou tapete. O instrumento era colocado numa posição que

permitisse a leitura do mostrador, mesmo depois que a criança tivesse subido nela.

A criança era pesada em pé, na posição ereta, de forma a sentir que o peso estava

distribuído em ambos os pés, descalços, braços soltos lateralmente, com o mínimo

de vestuário (bolsos vazios, sem boné e possíveis acessórios que possam aumentar

o peso). Antes que a criança subisse na balança o mostrador era ajustado, até que o

mesmo exibisse “0,0” quilos. Sempre era certificado de que a criança não estivesse,

no momento da medição, segurando em algo para apoiar-se. O peso da roupa não

foi subtraído do peso observado. Esta medida foi realizada apenas uma vez e

sempre com o mesmo instrumento.

Figura 9 - Balança digital Tanita UM-061. Fonte: http://www.espacoquallys.com.br/balanca-e-monitor-de-gordura-e-agua-tanita-um-061.html

Para uma avaliação mais segura, a balança foi calibrada diariamente ou

quando era realizado o transporte da mesma de uma escola para outra. Para o

procedimento de calibração seguia-se os seguintes passos, de acordo com as

instruções do fabricante:

Limpeza na superfície da balança com pano úmido.

Pressão no botão “CAL”

Colocação de um peso de 2 Kg por cinco segundos.

Pressão da tecla de calibragem para ajustar o peso da escala, até que ele

coincida com o peso real.

Pressão da tecla de calibragem para travar o peso já conhecido.

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Desligar a balança e religar após 30 segundos.

4.11.1.2.3 Estatura

O equipamento utilizado para a aferição da estatura é o estadiômetro.

Inicialmente era feita a escolha de um lugar onde o piso fosse duro, firme, plano e

onde não houvesse carpete ou tapete, para que o estadiômetro ficasse bem

posicionado. A criança era posicionada de costas para o suporte, em pé, na posição

ereta, pés descalços e unidos, os braços soltos do lado do corpo com as palmas das

mãos posicionadas para o mesmo, olhando para frente, com o plano de Frankfurt

paralelo ao solo (plano horizontal de Frankfurt, ver Figura 10). Ainda, a parte

posterior da cabeça, dos ombros, das nádegas, da panturrilha e do calcanhar, ficava

em contato com o suporte em cinco pontos (Figura 11). Mesmo não sendo possível

o contato dos cinco pontos, a medida era realizada quando havia contato pelo

menos das nádegas e do calcanhar ou da cabeça. O pesquisador era posicionado

em pé, ao lado direito da criança. Quando a criança estava corretamente

posicionada, o pesquisador deslizava o estadiômetro, ao longo do suporte, até a

parte superior da cabeça no final de uma inspiração normal, efetuando pressão

necessária para comprimir o cabelo e realizar a medição. A leitura era registrada no

milímetro mais próximo. A medição foi realizada duas vezes e caso houvesse

diferenças entre os valores, realizava-se uma terceira. O valor utilizado para a

análise antropométrica foi a média obtida das referidas mensurações.

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Figura 10 - Plano de Frankfurt

Fonte: GORDON; CHUMLEA; ROCHE, 1988

Figura 11 - Posicionamento para aferição da estatura da criança. Fonte: GORDON; CHUMLEA; ROCHE, 1988

4.11.1.2.4 Padrão de referência

Neste estudo foi utilizado o software WHO AnthroPlus, o qual é considerado

um aplicativo de uso mundial, sendo indicado pela Organização Mundial de Saúde

desde 2007 para monitorar o crescimento de crianças e adolescentes (WHO, 2009).

Para cada indicador, há tabelas e gráficos separados para meninos e meninas, o

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usuário pode escolher entre um z-escore e um sistema de classificação percentil

para interpretar os resultados. Neste estudo, foram utilizados os seguintes escores

(seus percentis correspondentes) para compreensão dos dados antropométricos

(WHO, 2009):

- Desnutrição severa: escore -3 (percentil 3rd)

- Desnutrição: escore -2 (percentil 15th)

- Eutrófico: escore -1 (percentil 50th)

- Sobrepeso: escore +1 (percentil 85th)

- Obesidade: escore +2 (percentil 97th)

- Obesidade severa: escore +3 (percentil acima de 97th)

Após informarmos os dados de peso, altura e data de nascimento do

examinado, o programa fornece a idade em meses. A partir dessa idade é

identificado na tabela padrão, de acordo com o sexo, o valor aproximado do IMC, o

qual será um dos z-escores (-3SD, -2SD, -1SD, +1SD, +2SD, +3SD), sendo assim

determinado o estado de composição corporal.

4.11.2 Questionário sobre qualidade de vida (CPQ8-10)

O CPQ8-10 é um questionário auto-preenchível com 29 questões de múltipla

escolha sobre os impactos das doenças bucais na qualidade de vida das crianças de

8 a 10 anos de idade (JOKOVIC et al., 2004). O questionário abrange quatro

domínios: sintomas orais (questões 5 a 9), limitações funcionais (questões 10 a 14),

bem-estar emocional (questões 15 a 19) e bem-estar social (questões 20 a 29). As

questões 1 e 2 se referem ao gênero e idade da criança, respectivamente. As

questões 3 e 4 dizem respeito à percepção global da saúde bucal e bem-estar geral

(ANEXO B). O instrumento foi aplicado às crianças por uma única pesquisadora

devidamente treinada.

As respostas das questões de 3 a 29 são medidas a partir de escores

(BARBOSA; VICENTIN; GAVIÃO, 2011): 0-nunca; 1- uma ou duas vezes; 2-

algumas vezes; 3- várias vezes; 4- todos os dias ou quase todos os dias.

Diante do exposto, a pontuação total referente ao impacto das alterações

bucais sobre a qualidade de vida das crianças é obtida pela soma dos escores de

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Figura 16 - Medição do peso na balança.

Patos-PB, 2014.

todas as questões. Quanto maior a pontuação, maior o impacto (BARBOSA;

VICENTIN; GAVIÃO, 2011).

A sequência da coleta dos dados está ilustrada nas Figuras 12 a 17.

Figura 14 - Medição da dobra cutânea

tricipital. Patos-PB, 2014. Figura 15 - Medição da dobra cutânea

subescapular. Patos-PB, 2014.

Figura 13 - Aplicação do CPQ8-10. Patos-20PB,

2014.

Figura 12- Exame clínico. Patos-PB, 2014.

Figura 17 - Medição da altura no

estadiômetro. Patos-PB, 2014.

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4.12 Processamento e análise dos dados

As informações referentes aos indicadores antropométricos foram calculadas

no WHO Anthroplus, um software que avalia o crescimento de crianças e

adolescentes no mundo. Os softwares estatísticos utilizados para obtenção dos

cálculos estatísticos foram o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na

versão 21 e o STATA na versão 11.0.

Para maior detalhamento da análise de cárie, os códigos obtidos pelo critério

ICDAS foram convertidos em componentes do índice ceo-s (cariado, extraído e

obturado por superfície para a dentição decídua) e CPO-S (cariado, perdido e

obturado por superfície para a dentição permanente) com o objetivo de caracterizar

a experiência de cárie nas seguintes formas, de acordo com o trabalho de Amorim et

al. (2012):

O componente “c” / “C” (cariado) consistiu em uma subdivisão “c2” / “C2”

(superfícies cariadas com códigos 1 a 6) e “c3” / “C3” (superfícies cariadas

com códigos 4 a 6).

O componente “o” / “O” (obturado) consistiu em uma subdivisão “o2” / “O2”

(superfícies restauradas e superfícies restauradas associadas a cárie em

esmalte ou dentina) e “o3” / “O3” (superfícies restauradas e superfícies

restauradas associadas a cárie em dentina).

O componente “e” / “P” consistiu em superfícies de dentes perdidos por cárie

ou por outras razoes.

Os códigos obtidos pelo critério ICDAS também foram convertidos em

componentes do índice ceo-d (cariado, extraído e obturado por dente para a

dentição decídua) e CPO-D (cariado, perdido e obturado por dente para a dentição

decídua) nas seguintes formas:

O componente “c2” / “C2” (cariado) da contagem c2eo2-d / C2PO2-D consistiu

em um dente com lesão de cárie (código 2 a 6).

O componente “c3” / “C3” (cariado) da contagem c3eo3-d / C3PO3-D consistiu

em dentes com códigos de 4 a 6 para lesão de cárie.

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O componente “o2” / “O2” (obturado) da contagem c2eo2-d / C2PO2-D consistiu

em dentes com restauração sem lesão de cárie ou com cárie (código 2 a 6).

O componente “o3” / “O3” (obturado) da contagem c3eo3-d / C3PO3-D consistiu

em dentes com restauração sem lesão de cárie ou com cárie (código 4 a 6).

O componente “e” / “P” consistiu em dentes extraídos por cárie ou por outras

razões.

Os dados apresentaram distribuição normal pelo teste de Kolmogorov-

Smirnov e foram analisados descritivamente através de percentuais para as

variáveis categóricas e das medidas: média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e

valor máximo para as variáveis numéricas. Para realizar a comparação das médias

dos componentes do ceo-d/ceo-s e CPO-D/CPO-S foram utilizados os testes t-

student e o ANOVA, e como pós-teste: Bonferroni.

Para avaliar a associação entre variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-

quadrado de Pearson e para avaliar a força da associação nos cruzamentos das

variáveis categóricas foi obtido o valor da razão entre prevalências com respectivo

intervalo de confiança.

Com objetivo de verificar a influência das variáveis dependentes ou resposta

na ocorrência de cárie e de presença de dentes com lesões cavitadas foi ajustado

um modelo de regressão de Poisson multivariada para cada variável resposta com

as variáveis que apresentaram significância inferior a 20% (p<0,20) no estudo

bivariado. Do modelo foram obtidos os valores da razão de prevalência com

respectivos intervalos de confiança, valores da significância das variáveis e das

categorias em relação à categoria base e o teste sobre o ajuste do modelo.

A margem de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos foi de 5% e

os intervalos foram obtidos com 95% de confiança.

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5 - RESULTADOS

Os dados apresentados a seguir correspondem aos achados da coleta de

dados de 384 escolares entre 8 a 10 anos de idade regularmente matriculados em

escolas municipais de Patos-PB.

Na caracterização amostral observa-se ligeira predominância de escolares de

oito anos de idade (41,4%, n=159) e do sexo masculino (52,9%, n=181). Em relação

à composição corporal, observado a partir dos dados do IMC, constatou-se que a

maioria das crianças era eutrófica (56,5%, n=217), e a partir das medidas obtidas

das dobras cutâneas tricipital e subescapular constata-se que apenas 14,8% (n=57)

das crianças são consideradas obesas. Observou-se que a maioria das crianças

apresentava algum tipo de impacto das lesões orais na qualidade de vida (96,6%,

n=371) (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização da amostra (n=384). Patos-PB, 2014. Variável n %

TOTAL

384 100,0

Idade

8 159 41,4 9 133 34,6 10 92 24,0

Sexo Masculino 203 52,9 Feminino 181 47,1

Composição corporal pelo IMC Desnutrição severa 3 0,8 Desnutrição 46 12,0 Eutrofia 217 56,5 Sobrepeso 72 18,8 Obesidade 34 8,9 Obesidade severa 12 3,1

Composição corporal pelo percentual das dobras Não obeso 327 85,2 Obeso 57 14,8

Presença de impacto na qualidade de vida Sim 371 96,6 Não 13 3,4

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A Tabela 2 apresenta os dados detalhados da avaliação da composição

corporal dos escolares de oito a dez anos de idade participantes do estudo. Observa-

se média de IMC de 17,55 ± 3,36, média das medidas das dobras cutâneas tricipital

de 11,60 ± 5,66, média das medidas das dobras cutâneas subescapular de 9,06 ±

5,66 e média do percentual de gordura corporal de 18,56 ± 7,94.

Tabela 2. Análise da composição corporal das crianças pelo IMC e dobras

cutâneas. Patos-PB, 2014.

Variável Média ± DP Mediana Mínimo Máximo

Peso 30,36 ± 8,15 28,20 17,80 72,90

Altura 1,31 ± 0,08 1,31 1,10 1,59

IMC 17,55 ± 3,36 16,56 12,43 32,33

Dobra cutânea tricipital 11,60 ± 5,66 10,00 5,00 34,00

Dobra cutânea subescapular 9,06 ± 5,66 6,66 3,00 34,00

Percentual das dobras cutâneas 20,66 ± 11,03 16,66 8,00 64,33

Percentual de gordura corporal 18,56 ± 7,94 16,14 7,46 44,82

As médias dos quatro domínios específicos do índice de avaliação do impacto

das doenças orais na qualidade de vida (CPQ8-10) são apresentadas na Tabela 3, na

qual se observa que os domínios “sintomas orais” e “bem estar social” apresentam os

valores mais elevados (4,18 ± 3,19 e 4,19 ± 4,99, respectivamente). A média da

somatória de todos os domínios foi de 14,49 ± 11,78.

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Tabela 3. Avaliação dos domínios da qualidade de vida (CPQ8-10). Patos-PB,

2014.

Variável Média ± DP Mediana Mínimo Máximo

Sintomas orais 4,18 ± 3,19 4,00 0,00 15,00

Limitação funcional 2,74 ± 3,13 2,00 0,00 15,00

Bem estar emocional 3,38 ± 3,50 2,00 0,00 16,00

Bem estar social 4,19 ± 4,99 2,00 0,00 25,00

Soma de todos os domínios 14,49 ± 11,78 12,00 0,00 59,00

A Tabela 4 revela que a experiência de cárie, a partir do critério ICDAS, foi de

89,6% (n=344). Ao se analisar indivíduos acometidos por lesões cariosas pôde-se

observar que 37,2% (n=128) possuem de quatro a seis dentes cariados, sendo 52,3%

da amostra (n=180) com dez ou mais faces cariadas. De uma maneira geral as

crianças que possuem cárie apresentam até 3 dentes cariados.

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67

Tabela 4. Distribuição das crianças analisadas segundo os dados relacionados

com a cárie dentária, de acordo com o critério ICDAS. Patos-PB, 2014.

Variável n %

Presença de cárie

Sim 344 89,6 Não 40 10,4

Número de dentes cariados Até 3 76 22,1 4 a 6 128 37,2 7 a 9 77 22,4 10 ou mais 63 18,3

Número de faces cariadas Até 4 67 19,5 5 a 9 97 28,2 10 ou mais 180 52,3

Número de dentes cavitados* Nenhum 50 14,5 Até 3 173 50,3 4 a 6 86 25,0 7 ou mais 35 10,2

Número de dentes não cavitados Nenhum 29 8,4 Até 3 170 49,4 4 a 6 130 37,8 7 ou mais 15 4,4

*Dentes cavitados correspondem aqueles que possuem ao menos 1 lesão de número 3.

Os dentes decíduos mais acometidos pelas lesões de cárie foram os molares

inferiores (51,1%, n=1496), seguidos dos molares superiores, com 40,4% das lesões

(n=1182). As faces dos dentes decíduos mais acometidas foram a oclusal (31,4%,

n=920), seguida da face lingual/palatina (19,6%, n=573) (Tabela 5). Já no que diz

respeito ao tipo de lesões de cárie, observou-se na dentição decídua que as lesões

mais severas (ICDAS 5 e 6) foram as mais prevalentes, correspondendo a 32,1%

(n=941) e 43,7% (n=1280), respectivamente (Tabela 6).

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Tabela 5. Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo com

as faces e os dentes decíduos mais acometidos. Patos-PB, 2014.

Variáveis

Mesial Oclusal Distal Vestibular Lingual/

Palatina TOTAL

n % n % n % n % n % n %

Molares

superiores 179 6,1 421 14,4 182 6,2 154 5,3 246 8,4 1182 40,4

Molares

Inferiores 218 7,4 499 17,0 262 8,9 251 8,6 266 9,1 1496 51,1

Caninos

superiores 7 0,2 - - 30 1,0 61 2,1 38 1,3 136 4,6

Caninos

inferiores 7 0,2 - - 12 0,4 41 1,4 12 0,4 72 2,4

Incisivos

superiores 13 0,4 - - 5 0,2 12 0,4 11 0,4 41 1,4

Incisivos

inferiores 0 0,0 - - 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

TOTAL 424 14,5 920 31,4 491 16,8 519 17,7 573 19,6 2927 100,0

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Tabela 6. Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo com

os códigos das lesões mais prevalentes e os dentes decíduos mais

acometidos. Patos-PB, 2014.

Variáveis

1 e 2 3 4 5 6 TOTAL

n % n % n % n % n % n %

Molares

superiores 161 5,5 61 2,1 74 2,5 372 12,7 514 17,6 1182 40,4

Molares

Inferiores 218 7,4 59 2,0 44 1,5 467 15,9 708 24,2 1496 51,1

Caninos

superiores 25 0,8 13 0,4 22 0,7 52 1,8 24 0,8 136 4,6

Caninos

inferiores 10 0,3 10 0,3 3 0,1 28 0,9 21 0,7 72 2,4

Incisivos

superiores 6 0,2 0 0,0 0 0,0 22 0,7 13 0,4 41 1,4

Incisivos

inferiores 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

TOTAL 420 14,3 143 4,9 143 4,9 941 32,1 1280 43,7 2927 100,0

A distribuição das lesões de cárie na dentição permanente se mostrou bem

semelhantes à decídua, de modo que a face mais acometida foi a oclusal, sendo

observada em 60,3% de todas as lesões (n=854), e os dentes mais acometidos

foram os molares inferiores (50,7%, n=718), sendo seguidos dos molares superiores

(40,4%, n=573) (Tabela 7). Já no que diz respeito ao tipo de lesão, na dentição

permanente, as mais prevalentes foram as de menor severidade (ICDAS 2 e 3),

sendo verificadas num total de 51,2% (n=726) e 20% (n=283) das lesões,

respectivamente (Tabela 8).

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70

Tabela 7. Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo com

as faces e os dentes permanentes mais acometidos. Patos-PB, 2014.

Variáveis

Mesial Oclusal Distal Vestibular Lingual/Pala

tina TOTAL

n % n % n % n % n % n %

Molares

superiores 16 1,1 348 24,5 20 1,4 41 2,9 148 10,4 573 40,4

Molares

Inferiores 66 4,6 438 30,9 39 2,7 111 7,8 64 4,5 718 50,7

Pré-molares

superiores 3 0,2 49 3,4 3 0,2 3 0,2 2 0,1 60 4,2

Pré-molares

inferiores 0 0,0 19 1,3 0 0,0 1 0,1 2 0,1 22 1,5

Caninos

superiores 0 0,0 - - 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Caninos

inferiores 0 0,0 - - 0 0,0 1 0,1 0 0,0 1 0,1

Incisivos

superiores 14 1,0 - - 3 0,2 14 1,0 8 0,6 39 2,7

Incisivos

inferiores 1 0,1 - - 0 0,0 3 0,2 0 0,0 4 0,3

TOTAL 100 7,0 854 60,3 65 4,6 174 12,3 224 15,8 1417 100,0

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71

Tabela 8. Distribuição das lesões de cárie, pelo critério ICDAS, de acordo com

os códigos das lesões mais prevalentes e os dentes permanentes mais

acometidos. Patos-PB, 2014.

Variáveis

1 e 2 3 4 5 6 TOTAL

n % n % n % n % n % n %

Molares

superiores 334 23,6 111 7,8 14 0,1 67 4,7 47 3,3 573 40,4

Molares

Inferiores 313 22,1 149 10,5 25 1,8 93 6,6 138 9,7 718 50,7

Pré-molares

superiores 36 2,5 16 1,1 0 0,0 6 0,4 2 0,1 60 4,2

Pré-molares

inferiores 16 1,1 5 0,3 0 0,0 1 0,1 0 0,0 22 1,5

Caninos

superiores 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Caninos

inferiores 0 0,0 1 0,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1

Incisivos

superiores 24 1,7 1 0,1 2 0,1 8 0,6 4 0,3 39 2,7

Incisivos

inferiores 3 0,2 0 0,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 4 0,3

TOTAL 726 51,2 283 20,0 41 2,9 176 12,4 191 13,5 1417 100,0

O critério ICDAS, a partir do seu 1º dígito, permite o registro da condição de

tratamento do elemento dentário. Assim, os dados deste estudo revelaram que na

dentição decídua, de uma maneira geral, os dentes posteriores foram os únicos que

apresentaram a presença de tratamento restaurador, sendo mais prevalente as

restaurações de amálgama (10 ocorrências) e as de resina (6 ocorrências) no dente

75, sendo o dente 74 o que apresentou a segunda maior quantidade de

restaurações (8 ocorrências) (Figura 18).

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72

Figura 18. Distribuição das restaurações na dentição decídua, em frequência

absoluta. Patos-PB, 2014.

A Figura 19 revela que a ocorrência das restaurações na dentição

permanente também foi mais concentrada nos molares, observando-se que os

inferiores foram os que apresentaram as maiores quantidades de lesões de cárie

tratadas. O molar inferior esquerdo apresentou 16 restaurações em amálgama, oito

em resina, três selantes (sendo um total e outro parcial) e uma restauração ausente;

sendo seguido pelo dente 46, que apresentou um total de 24 restaurações.

Figura 19. Distribuição das restaurações na dentição permanente, em

frequência absoluta. Patos-PB, 2014.

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73

Ainda analisando-se os registros do critério ICDAS foi possível analisar a

perda dentária nas dentições decídua e permanente. A Figura 20 mostra que a

maior parte dos dentes decíduos que foram perdidos, aconteceu por cárie, sendo os

molares inferiores os mais acometidos (vinte e um dentes 75 e dezesseis dentes 74)

e apenas um dente 53 perdido por outras razões (traumatismo dentário).

Figura 20. Dentes decíduos perdidos, pelo registro do critério ICDAS, em

frequência absoluta. Patos-PB, 2014.

Em relação à perda dentária para a dentição permanente os achados foram

bem parecidos com a dentição decídua, uma vez que os dentes mais acometidos

foram os molares inferiores, porém em menor quantidade. Observou-se perda por

cárie de quatro dentes 36 e dois dentes 46 e apenas um dente 21 perdido por outra

razão (traumatismo dentário) (Figura 21).

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74

Figura 21. Dentes permanentes perdidos, pelo registro do critério ICDAS, em

frequência absoluta. Patos-PB, 2014.

Foi realizada a conversão dos registros das ocorrências das lesões cariosas

pelo critério ICDAS para o índice ceo (dentição decídua) e CPO (dentição

permanente). A Tabela 9 apresenta os valores médios para os componentes do ceo-

s e ceo-d, considerando separadamente as lesões em esmalte e dentina (c2eo2) e

apenas em dentina (c3eo3). Desta maneira é possível perceber que o componente

“c” (cariado) foi o mais prevalente tanto por dente quanto por superfície, seguido do

componente “e” (extraído) e “o” (obturado). É importante observar também que as

médias de ceo-s e ceo-d, considerando as lesões em esmalte, foram c2eo2-s = 9,15

± 9,58 e c2eo2-d = 3,59 ± 2,99, mostrando-se mais elevadas quando comparadas às

lesões apenas em dentina, c3eo3-s = 8,04 ± 9,15 e c3eo3-d = 2,79 ± 2,71.

Tabela 9. Média e desvio padrão dos componentes cariado, extraído e

obturado por superfície (ceo-s) e por dente (ceo-d) na dentição decídua. Patos-

PB, 2014.

ceo-s Média ± desvio padrão ceo-d Média ± desvio padrão

c2-s 7,65 + 8,24 c2-d 3,08 + 2,68

c3-s 6,57 + 7,74 c3-d 2,42 + 2,41

e-s 1,3 + 3,63 e-d 0,26 + 0,74

o2-s 0,2 + 0,82 o2-d 0,14 + 0,54

o3-s 0,17 + 0,78 o3-d 0,11 + 0,47

c2eo2-s 9,15 + 9,58 c2eo2-d 3,59 + 2,99

c3eo3-s 8,04 + 9,15 c3eo3-d 2,79 + 2,71

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75

A Tabela 10 apresenta os valores médios dos componentes do CPO-D e

CPO-S para os escolares de oito a dez anos de idade do estudo. Observou-se os

valores mais elevados para os componentes “C” cariados, seguido do componente

“O” obturados e do componente “P” perdido, tanto por superfície quanto por dente

para todas as categorias. Deve-se notar que os valores médios de CPO-S e CPO-D

foram mais elevados ao se considerar as lesões em esmalte, C2PO2-S = 3,93 + 3,82

e C2PO2-D = 2,59 ± 1,92.

Tabela 10. Média e desvio padrão dos componentes cariado, extraído e

obturado por superfície (CPO-S) e por dente (CPO-D) na dentição permanente.

Patos-PB, 2014.

CPO-S Média + desvio padrão CPO-D Média + desvio padrão

C2-S 3,7 + 3,64 C2-D 2,44 + 1,85

C3-S 1,82 + 2,77 C3-D 1,21 + 1,38

P-S 0,08 + 0,74 P-D 0,01 + 0,15

O2-S 0,14 + 0,56 O2-D 0,13 + 0,47

O3-S 0,13 + 0,54 O3-D 0,10 + 0,42

C2PO2-S 3,93 + 3,82 C2PO2-D 2,59 + 1,92

C3PO3-S 2,03 + 2,95 C3PO3-D 1,33 + 1,45

A Tabela 11 apresenta a comparação dos valores médios de ceo-d e ceo-s de

acordo com o sexo dos escolares, para a dentição decídua. Observa-se que não

houve diferença estatisticamente significativa para nenhuma das análises, seja em

dente ou superfície, ou considerando lesões unicamente em dentina ou em esmalte

e dentina.

Tabela 11. Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

extraído e obturado por dente (ceo-d) e por superfície (ceo-s) de acordo com o

sexo dos escolares, para a dentição decídua. Patos-PB, 2014.

ceo Média ± desvio padrão

Valor de p Masculino Feminino

c2eo2-s 9,75 ± 10,17 8,49 ± 8,86 0,196

c3eo3-s 8,79 ± 9,71 7,22 ± 8,44 0,093

c2eo2-d 3,52 ± 3,09 3,46 ± 2,87 0,850

c3eo3-d 2,96 ± 2,87 2,60 ± 2,51 0,193

*Diferença estatisticamente significante; teste t-Student (p<0,05)

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76

Análise semelhante foi realizada para a dentição permanente, comparando-se

a média dos componentes cariados, perdidos e obturados por dente (CPO-D) e por

superfície (CPO-S) de acordo com o sexo dos escolares, na qual também não foi

observada diferença estatisticamente significativa para as comparações (Tabela 12).

Tabela 12. Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

perdido e obturado por dente (CPO-D) e por superfície (CPO-S) de acordo com

o sexo dos escolares, para a dentição permanente. Patos-PB, 2014.

CPO Média ± desvio padrão

Valor de p Masculino Feminino

C2PO2-S 3,76 ± 3,29 4,22 ± 4,33 0,167

C3PO3-S 1,87 ± 2,60 2,21 ± 3,29 0,256

C2PO2-D 2,49 ± 1,77 2,70 ± 2,08 0,293

C3PO3-D 1,35 ± 1,43 1,37 ± 1,49 0,648

*Diferença estatisticamente significante; teste t-Student (p<0,05)

Ao comparar-se as médias dos componentes ceo-d e ceo-s de acordo com a

idade dos escolares, para a dentição decídua, observa-se diferença estatisticamente

significante em todas as análises. Assim sendo, quanto menor a idade maior a

quantidade de dentes cariados e de superfícies acometidas pela doença (Tabela

13).

Tabela 13. Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

extraído e obturado por dente (ceo-d) e por superfície (ceo-s) de acordo com a

idade dos escolares, para a dentição decídua. Patos-PB, 2014.

ceo Média ± desvio padrão

Valor de p 8 anos 9 anos 10 anos

c2eo2-s 11,98 ± 10,41a 8,50 ± 8,97b 5,21 ± 7,14c <0,001*

c3eo3-s 10,67 ± 10,13a 7,27 ± 8,37b 4,61 ± 6,88b,c <0,001*

c2eo2-d 4,47 ± 3,03a 3,34 ± 2,99b 2,01 ± 2,17c <0,001*

c3eo3-d 3,62 ± 2,84a 2,59 ± 2,67b 1,64 ± 1,97c <0,001*

*Diferença estatisticamente significante; teste ANOVA (p<0,05) Letras minúsculas diferentes superescritas indicam diferença estatisticamente significante análise Post-Hoc de Bonferroni (p<0,05)

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77

A mesma análise foi feita para a dentição permanente (Tabela 14), sendo

possível observar também diferença estatisticamente significativa em todas as

análises realizadas. Ou seja, ao se comparar as médias do CPO-D e CPO-S com a

idade das crianças, nota-se que a quantidade de dentes e superfícies acometidas

pelas lesões de cárie é diretamente proporcional a idade.

Tabela 14. Comparação da média e desvio padrão dos componentes cariado,

perdido e obturado por dente (CPO-D) e por superfície (CPO-S) de acordo com

a idade dos escolares, para a dentição permanente. Patos-PB, 2014.

CPO Média + desvio padrão

Valor de p 8 anos 9 anos 10 anos

C2PO2-S 3,16 ± 3,05a 3,85 ± 3,61a 5,38 ± 4,82b <0,001*

C3PO3-S 1,55 ± 2,34a 2,15 ± 2,95a,c 2,70 ± 3,69b,c 0,010*

C2PO2-D 2,20 ± 1,67a 2,47 ± 1,79a 3,45 ± 2,25b <0,001*

C3PO3-D 1,08 ± 1,28a 1,36 ± 1,36a,b 1,71 ± 1,77b 0,004*

*Diferença estatisticamente significante; teste ANOVA (p<0,05) Letras minúsculas diferentes superescritas indicam diferença estatisticamente significante análise Post-Hoc de Bonferroni (p<0,05)

A Tabela 15 mostra a associação entre a presença de cárie dentária com as

variáveis idade, sexo, composição corporal pelo IMC, composição corporal pela

medida das dobras cutâneas e presença de impacto na qualidade de vida. Desta

tabela verifica-se associação significativa da presença de cárie com cada uma das

variáveis: composição corporal pelo IMC (p=0,004; RP=1,19; IC: 1,01 a 1,39),

composição corporal pela medida das dobras cutâneas (p=0,004; RP=1,16; IC: 1,01

a 1,33) e presença de impacto na qualidade de vida (p=0,036; RP=1,30; IC: 0,91 a

1,88). Destaca-se que a prevalência de crianças com cárie foi mais elevada se a

mesma era desnutrida ou eutrófica (92,9%), seguida das que tinham sobrepeso

(84,7%); mais elevada se a criança era não obesa (91,4%) segundo a medida das

dobras cutâneas; mais elevada se a criança foi classificada com a presença do que

com a ausência de impacto na qualidade de vida (90,3% x 69,2%).

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Tabela 15. Avaliação da presença de cárie dentária segundo a idade, sexo,

composição corporal e presença de impacto na qualidade de vida. Patos-PB,

2014.

Presença de cárie dentária

Variável Sim Não TOTAL Valor de p

Razão de Prevalência (Intervalo de

Confiança a 95%) n % n % n %

Grupo Total

344 89,6 40 10,4 384 100,0

Idade

8 148 93,1 11 6,9 159 100,0 p(1)

= 0,168 1,07 (0,98 a 1,17) 9 116 87,2 17 12,8 133 100,0 1,00 (0,91 a 1,11) 10 80 87,0 12 13,0 92 100,0 1,00

Sexo Masculino 176 86,7 27 13,3 203 100,0 p

(1) = 0,050 1,00

Feminino 168 92,8 13 7,2 181 100,0 1,85 (0,99 a 3,48)

Composição corporal (IMC)

Desnutrição até eutrofia 247 92,9 19 7,1 266 100,0 p(1)

= 0,004* 1,19 (1,01 a 1,39) Sobrepeso 61 84,7 11 15,3 72 100,0 1,08 (0,90 a 1,30) Obesidade/ Obesidade severa

36 78,3 10 21,7 46 100,0 1,00

Composição corporal

(dobras cutâneas)

Obeso 45 78,9 12 21,1 57 100,0 p(1)

= 0,004* 1,00 Não obeso 299 91,4 28 8,6 327 100,0 1,16 (1,01 a 1,33)

Presença de impacto na qualidade de vida

Sim 335 90,3 36 9,7 371 100,0 p(2)

= 0,036* 1,30 (0,91 a 1,88) Não 9 69,2 4 30,8 13 100,0 1,00

(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste Qui-quadrado de Pearson. (2): Através do teste Exato de Pearson.

Analisando-se a associação da presença de cárie dentária com os domínios

abordados pelo CPQ8-10, observa-se nos resultados contidos na Tabela 16, que o

domínio “bem estar social” foi o único com diferença significativa (p=0,011) entre os

que tinham ou não presença de cárie dentária. Para o referido domínio é possível

verificar que a média foi mais elevada entre as crianças que apresentavam cárie do

que entre as que não apresentavam (4,38 x 2,50).

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Tabela 16. Associação dos domínios da qualidade de vida segundo a presença

ou ausência de cárie dentária. Patos-PB, 2014.

Presença de cárie dentária

Domínios Sim Não Valor de p

Média ± DP (Mediana) Média ± DP (Mediana)

Sintomas orais 4,21 ± 3,20 (4,00) 3,95 ± 3,15 (3,00) p

(1) = 0,608

Limitação funcional 2,78 ± 3,15 (2,00) 2,35 ± 2,93 (1,50) p

(1) = 0,350

Bem estar emocional 3,48 ± 3,53 (2,00) 2,53 ± 3,12 (1,00) p

(1) = 0,072

Bem estar social 4,38 ± 5,10 (3,00) 2,50 ± 3,54 (0,00) p

(1) = 0,011*

Soma de todos os domínios 14,85 ± 11,92 (12,00) 11,33 ± 10,04 (9,00) p

(1) = 0,062

(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste Mann-Whitney.

No estudo da associação entre a presença de dentes cavitados (lesões de

cárie com ICDAS 4-6) com as variáveis idade, sexo, composição corporal pelo IMC,

composição corporal pela medida das dobras cutâneas e presença de impacto na

qualidade de vida (Tabela 17), verifica-se que com exceção do sexo da criança,

houve associação significativa da presença de cárie com cada uma das outras

variáveis (p<0,05). Destaca-se a prevalência de crianças com dente cavitado, que

diminuiu com a idade, sendo 89,9% entre os que tinham oito anos e 81,2% com nove

anos; foi mais elevada se ela era desnutrida ou eutrófica (88,0%); mais elevada se a

criança era não obesa (85,3%); mais elevada se a criança foi classificada com a

presença de impacto na qualidade de vida (84,1%).

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Tabela 17. Avaliação da presença de dentes cavitados segundo a idade, sexo,

composição corporal e presença de incapacidade na qualidade de vida. Patos-

PB, 2014.

Presença de dentes cavitados

Variável Sim Não TOTAL Valor de p

Razão de Prevalência (Intervalo de Confiança a

95%) n % n % n %

Grupo Total

320 83,3 64 16,7 384 100,0

Idade

8 143 89,9 16 10,1 159 100,0 p(1)

= 0,007* 1,20 (1,05 a 1,36) 9 108 81,2 25 18,8 133 100,0 1,08 (0,94 a 1,25) 10 69 75,0 23 25,0 92 100,0 1,00

Sexo Masculino 164 80,8 39 19,2 203 100,0 p

(1) = 0,156 1,00

Feminino 156 86,2 25 13,8 181 100,0 1,07 (0,98 a 1,17)

Composição corporal (IMC)

Desnutrição / Eutrofia

234 88,0 32 12,0 266 100,0 p(1)

= 0,001* 1,19 (0,97 a 1,45)

Sobrepeso 52 72,2 20 27,8 72 100,0 0,98 (0,78 a 1,22) Obesidade/ Obesidade severa 34 73,9 12 26,1 46 100,0 1,00

Composição corporal (dobras cutâneas)

Obeso 41 71,9 16 28,1 57 100,0 p(1)

= 0,012* 1,00 Não obeso 279 85,3 48 14,7 327 100,0 1,19 (1,00 a 1,40)

Presença de impacto na qualidade de vida

Sim 312 84,1 59 15,9 371 100,0 p(2)

= 0,048* 1,00 Não 8 61,5 5 38,5 13 100,0 1,37 (0,89 a 2,11)

(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste Qui-quadrado de Pearson. (2): Através do teste Exato de Fisher.

É possível observar na Tabela 18 que o domínio “bem estar social” foi o único

que apresentou diferença estatisticamente significativa (p=0,031) entre os que

tinham ou não presença de dentes cavitados, sendo assim possível verificar que a

média do domínio foi mais elevada entre as crianças que apresentavam dentes com

lesões cavitadas (4,33 x 3,48).

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Tabela 18. Associação dos domínios da qualidade de vida segundo a presença

ou ausência de dentes cavitados. Patos-PB, 2014.

Presença de dentes cavitados

Domínios Sim Não Valor de p

Média ± DP (Mediana) Média ± DP (Mediana)

Sintomas orais 4,21 ± 3,24 (4,00) 4,03 ± 2,99 (3,00) p

(1) = 0,810

Limitação funcional 2,73 ± 3,08 (2,00) 2,81 ± 3,37 (2,00) p

(1) = 0,854

Bem estar emocional 3,39 ± 3,43 (2,00) 3,30 ± 3,84 (2,00) p

(1) = 0,482

Bem estar social 4,33 ± 4,95 (3,00) 3,48 ± 5,18 (0,50) p

(1) = 0,031*

Soma de todos os domínios 14,66 ± 11,57 (12,00) 13,63 ± 12,83 (10,00) p

(1) = 0,262

(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste Mann-Whitney.

Nas Tabelas 19 e 20 se apresentam os resultados de regressões de Poisson

multivariadas para as prevalências respectivas de crianças com cárie dentária e com

dentes com lesões de cárie cavitadas de acordo as variáveis independentes.

Na Tabela 19 foram incluídas no modelo as variáveis que apresentaram p<0,2

no estudo bivariado: idade, sexo, composição corporal pelo IMC e impacto na

qualidade de vida. Destas foram significativas a 5,0% (p<0,05) as variáveis sexo

(p=0,021) e composição corporal pelo IMC (p=0,033 e p=0,029). Ressalta-se a não

inclusão da variável composição corporal pela medida das dobras cutâneas devido à

alta correlação com a composição corporal pelo IMC.

Para as variáveis significativas, estima-se através da razão de prevalência

(RP) que a chance de uma criança apresentar cárie dentária é mais elevadoa se a

criança for do sexo feminino (RP=1,08; IC: 1,01-1,15) e se ela for

desnutrida/eutrófica (RP=1,19; IC: 1,02-1,39) ou se tiver sobrepeso (RP=1,09; IC:

0,92-1,31) em relação às obesas. O modelo é aceito (p=1,000 pelo teste de bondade

de ajuste).

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Tabela 19. Resultados da regressão de Poisson multivariada para o percentual

de crianças com cárie dentária. Patos-PB, 2014.

Resultados da bivariada Resultados do ajuste

multivariado

Variável RP (IC 95%) Valor p RP (IC 95%) Valor p

Idade

0,168

8 1,07 (0,98 a 1,17) 1.05 (0,96 a 1,15) 0,358 9 1,00 (0,91 a 1,11) 1,00 (0,91 a 1,11) 0,316 10 1,00 1.00 0,981

Sexo 0,050

0,021* Masculino 1,00 1,00

Feminino 1,85 (0,99 a 3,48) 1,08 (1,01 a 1,15)

Composição corporal (IMC)

0,004*

0,033* De desnutrição grave até eutrofia 1,19 (1,01 a 1,38) 1,19 (1,02 a 1,39) 0,029* Sobrepeso 1,08 (0,90 a 1,30) 1,09 (0,92 a 1,31) 0,322 Obesidade/ Obesidade severa 1,00 1,00

Presença de impacto na qualidade de vida

0,036*

0,142 Sim 1,30 (0,91 a 1,88) 1,30 (0,92 a 1,85) Não 1,00 1,00

(*): Significativo a 5,0%.

Na Tabela 20 se apresentam os resultados da regressão de Poisson

multivariada para o percentual (prevalência) de crianças com dentes com lesões

cavitadas de cárie de acordo as variáveis independentes. Foram incluídas no modelo

as variáveis que apresentaram p<0,2 no estudo bivariado: idade, sexo, composição

corporal pelo IMC e impacto na qualidade de vida. Destas foram significativas a

5,0% (p<0,05) as variáveis idade (p=0,032 e p=0,017, para oito e nove anos,

respectivamente) e composição corporal pelo IMC (p=0,015). Ressalta-se a não

inclusão da variável composição corporal pela medida das dobras cutâneas pelo

mesmo motivo já discutido previamente.

Para as variáveis significativas, estima-se através da razão de prevalência

(RP) que o risco de uma criança apresentar cárie dentária é mais elevado se a

criança tiver oito anos (RP=1,17; IC:1,03-1,32) ou nove anos (RP=1,08; IC:0,94-

1,24) e se ela for desnutrida/eutrófica (RP=1,18; IC:0,99-1,41) em relação às

obesas. O modelo é aceito (p=1,000 pelo teste de bondade de ajuste).

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Tabela 20. Resultados da regressão de Poisson multivariada para o percentual

de dentes cavitados. Patos-PB, 2014.

Resultados da bivariada Resultados do ajuste

multivariado

Variável RP (IC 95%) Valor p RP (IC 95%) Valor p

Idade

0,007*

0,032* 8 1,20 (1,05 a 1,36) 1.17 (1,03 a 1,32) 0,017* 9 1,08 (0,94 a 1,25) 1,08 (0,94 a 1,24) 0,281 10 1,00 1.00

Sexo 0,156

0,088 Masculino 1,00 1,00

Feminino 1,07 (0,98 a 1,17) 1,08 (1,00 a 1,17)

Composição corporal (IMC)

0,001*

0,015* De desnutrição grave até eutrofia 1,19 (1,00 a 1,42) 1,18 (0,99 a 1,41) 0,069 Sobrepeso 0,98 (0,78 a 1,22) 0,98 (0,79 a 1,23) 0,890 Obesidade/ Obesidade severa 1,00 1,00

Presença de impacto na qualidade de vida

0,048*

0,172 Sim 1,00 1,00 Não 1,37 (0,89 a 2,11) 1,34 (0,88 a 2,03)

(*): Significativo a 5,0%.

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6 - DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo avaliar a relação entre a composição corporal

com a cárie dentária e o impacto na qualidade de vida em crianças de oito a dez

anos de idade, estudantes de escolas municipais no município de Patos-PB.

Ressalta-se que na literatura, até o presente momento, não há relatos de estudos

que avaliem a manifestação da doença cárie nesta população, nem mesmo no

estado da Paraíba envolvendo esta faixa etária, conferindo, ao mesmo tempo,

ineditismo do estudo e certa limitação na discussão dos dados.

O município de Patos-PB não apresenta água de abastecimento público

fluoretada e de acordo com Antunes e Narvai (2010) os níveis de cárie são mais

elevados em cidades com água não fluoretada quando comparados com cidades

providas deste benefício, devido ao poder remineralizante da estrutura inorgânica do

elemento dentário.

Devido à necessidade imperiosa de se detectar a lesão cariosa em seus

estágios mais iniciais de desenvolvimento, visando a adoção de medidas preventivas

e não apenas terapêuticas, no presente estudo o critério utilizado para a detecção

da cárie, foi o ICDAS, uma vez que este índice ao detectar essas lesões iniciais

auxilia no planejamento individual do paciente para controlar e monitorar a doença

(ISMAIL et al., 2007; EKSTRAND et al., 2007). Este critério pode ser também

utilizado em levantamentos epidemiológicos, uma vez que considera tanto as lesões

não cavitadas quanto as cavitadas (KÜHNISCH et al., 2008; BRAGA et al., 2009,

AGUSTSDOTTIR et al., 2010; CADAVID; LINCE; JARAMILLO, 2010; MENDES et

al., 2010; HONKALA et al., 2011; AMORIM et al., 2012; PIEPER et al., 2013;

JABLONSKI-MOMENI et al., 2013; RUNNEL et al., 2013).

É importante ressaltar que de acordo com uma revisão sistemática da

literatura, não existe guidelines sobre como analisar os dados obtidos do ICDAS em

estudos epidemiológicos e nem como converter os códigos em componentes do

índice da OMS (CLARA; BOURGEOIS; MULLER-BOLLA, 2012). Este fato limita as

discussões e dificulta o planejamento em Saúde Pública, comprometendo a

implantação de políticas de saúde bucal na população (AMORIM et al., 2012).

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Entretanto, alguns autores de estudos epidemiológicos utilizaram o critério ICDAS

para avaliar a experiência de cárie dentária e combinaram alguns códigos para

facilitar a interpretação dos resultados (SOHN et al., 2007; ISMAIL et al., 2008).

No presente estudo, a conversão dos dados obtidos pelo ICDAS em

componentes do ceo-d/CPO-D e ceo-s/CPO-S foi baseada no estudo prévio de

Amorim et al. (2012). Essa conversão requereu bastante tempo, demonstrando uma

deficiência do critério, que não pode ser avaliado e relatado imediatamente após a

coleta dos dados de uma maneira fácil, prática e compreensível, fato este também

mencionado por outros estudos (AMORIM et al., 2012; CLARA; BOURGEOIS;

MULLER-BOLLA, 2012).

A prevalência de cárie detectada pelo ICDAS foi bastante elevada neste

estudo (89,6%), sendo este dado também verificado em outros trabalhos

epidemiológicos (COOK et al., 2008; KÜHNISCH et al., 2008; GUIDO et al., 2011;

AMORIM et al., 2012). Entretanto, foi divergente do estudo de Díaz-Cárdenas e

González-Martínez (2010) realizado com crianças de quatro a 13 anos de idade, no

qual a prevalência de cárie foi de 51%. Este achado de elevada prevalência da

doença pode ser justificado pelo caráter multifatorial da doença, podendo

apresentar-se relacionado aos hábitos dietéticos, com a condição socioeconômica

da população estudada, pela não fluoretação da água de abastecimento público,

bem como pelo fato de o ICDAS detectar a presença também das lesões em seus

estágios mais iniciais, sendo assim importante destacar o papel deste critério no

planejamento de medidas de atenção básica à saúde.

A ocorrência de lesões cavitadas, ou seja, aquelas que já apresentam perda

de estrutura dentária (escores 3-6 do ICDAS) foi de 85,5%, sendo este dado mais

elevado do que o verificado nos estudos de Runnel et al. (2013) e Almerich-Silla et

al. (2014), uma vez que estes trabalhos ressaltam na apresentação de seus

resultados apenas os dados referentes à lesão de cárie em esmalte (escores 1-3 do

ICDAS) ou em dentina (escores 4-6 do ICDAS), justificando a variação da

divergência nos achados.

Diante dos dados obtidos foi observado que os dentes mais acometidos por

lesões de cárie na dentição decídua foram os molares inferiores, seguido dos

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molares superiores, sendo a superfície dentária mais afeta a oclusal, seguida da

lingual/palatina. Esses achados foram semelhantes aos verificados por Ueda et al.

(2004) e Simratvir et al. (2009) que constataram maior acometimento da cárie

dentária nos segundos molares decíduos inferiores de crianças pré-escolares. Díaz-

Cárdenas e González-Martínez (2010) também verificaram maior ocorrência da

doença na face oclusal, o que foi justificado pelo maior acúmulo de biofilme nesta

região.

De maneira semelhante ocorreu na dentição permanente, com maior

prevalência de cárie nos molares inferiores e superiores e face oclusal, o que

corrobora com Runnel et al. (2013), que verificaram maior prevalência de cárie nos

primeiros molares. Sabe-se que o maior acometimento dos dentes molares pela

cárie dentária é uma condição inerente à sua anatomia, uma vez que a maior

presença de sulcos e fissuras na face oclusal facilita o acúmulo de detritos e

proliferação microbiana, além da dificuldade de higienização devido a sua

localização (RIGO; SOUZA; CALDAS JÚNIOR, 2009).

Outro aspecto que parece relacionar-se com a elevada ocorrência de lesão de

cárie nos dentes molares e que deve ser ressaltado é o fato de sua irrupção ocorrer

por volta dos seis anos de idade, estando os mesmos há mais tempo na cavidade

oral e sujeitos à exposição da dieta. De acordo com Pine, Pitts e Nugent (1997) os

primeiros molares permanentes, devido a sua irrupção mais precoce, podem ser

facilmente confundidos com dentes decíduos, recebendo erroneamente menor

atenção quanto à higiene bucal.

O ICDAS apresenta sete escores para a detecção das lesões de cárie. Em

estudos epidemiológicos geralmente não se utiliza o escore 1 devido à

impossibilidade de secagem dos dentes com ar comprimido. Já os escores cinco e

seis correspondem à presença de cavidade atingindo a dentina, conferindo à doença

o seu estágio mais severo (CADAVID; LINCE; JARAMILO, 2010). Devido a essa

dificuldade de secagem da superfície dentária com ar comprimido em trabalhos de

campo, neste estudo optou-se por considerar as lesões em esmalte 1 e 2 agrupadas

numa mesma categoria, a fim de evitar resultados não condizentes com a realidade.

Essa fusão de escores não traz nenhum prejuízo na obtenção dos dados do estudo,

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uma vez que clinicamente para o paciente não vai haver diferença, já que a lesão de

mancha branca não deixa de ser verificada.

No tocante ao tipo de lesão de cárie mais prevalente, foi constatado que do

total de lesões, na dentição decídua, os escores 5 e 6 foram os mais

representativos, enquanto que na dentição permanente foram os escores 2 e 3.

Esses dados estão de acordo com os verificados em outros estudos da literatura

(DÍAZ-CÁRDENAS; GONZÁLEZ-MARTÍNEZ, 2010; CADAVID; LINCE; JARAMILO,

2010; HONKALA et al., 2011).

É importante ressaltar que estas crianças que apresentaram lesões de cárie

com escores 1 e/ou 2 merecem atenção especial, uma vez que estes tipos de lesões

incipientes são passíveis de reversibilidade. Ainda se reforça o importante papel do

Sistema de Atenção Básica, em conscientizar essa população da necessidade de

tratamento preventivo, a fim de minimizar os danos ocorridos pela doença.

O critério ICDAS consiste em o registro da cárie dentária com dois dígitos,

sendo o primeiro dígito usado para classificar cada superfície dentária no que diz

respeito à sua condição de tratamento, ou seja, se está sadia, selada, restaurada,

possui coroa ou está perdida (ISMAIL et al., 2007). Os autores deste estudo

consideram esse registro da condição de tratamento de todos os dentes examinados

de imensa valia, uma vez que este apontamento permite revelar o acesso que essa

população está tendo aos serviços de saúde bucal, o cuidado dos pais com a

dentição das crianças e se as lesões de cárie presentes estão sendo tratadas, ou se

estão seguindo o seu próprio curso. Assim sendo, neste estudo epidemiológico

verificou-se, tanto na dentição decídua, quanto na permanente, que os dentes

posteriores foram os únicos que apresentaram a condição de dente restaurado,

sendo mais frequentes as restaurações em amálgama de prata.

No que diz respeito aos dentes perdidos, em ambas as dentições, os molares

inferiores foram os mais acometidos. Este achado apresenta-se em concordância

com o estudo de Runnel et al. (2013). Deve-se ressaltar que provavelmente estes

dentes foram os mais restaurados, bem como os mais perdidos por motivo de cárie,

por serem eles os que participam efetivamente do processo da mastigação, e os que

apresentam condição anatômica coronária mais vulnerável ao acometimento da

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lesão cariosa. O amálgama apresenta destaque como material restaurador nestas

crianças uma vez que no serviço público o mesmo é o mais utilizado, sendo um

material duradouro, de baixo custo e sem prejuízo estético quando utilizado em

dentes posteriores (FORMOLO et al., 2003).

Os dados obtidos neste estudo foram convertidos para dados dos índices

ceo-d e CPO-D, baseado na conversão realizada no estudo de Amorim et al. (2012).

Essa conversão tomou um longo tempo, demonstrando uma deficiência do critério, a

fim de possibilitar a comparação com os dados obtidos em outros estudos (AMORIM

et al., 2012; CLARA, BOURGEOIS, MULLER-BOLLA, 2012). Além disso, é

importante enfatizar que a aplicação do critério ICDAS já desprende um tempo

clínico superior de análise, por necessitar do registro de dois códigos de cada

superfície. De acordo com Braga et al. (2009), o tempo clínico para o exame com o

ICDAS demora cerca de duas vezes mais que o exame com o índice da OMS.

É importante destacar que de acordo com os dados do SB Brasil (2010), a

média do índice ceo-d em crianças de 5 anos de idade (dentição decídua) foi de

2,89, enquanto que a média do índice CPO-D em crianças de 12 anos de idade

(dentição permanente) foi de 2,63 na região Nordeste. Para a capital da Paraíba

(João Pessoa), as médias dos índices ceo-d e CPO-D para as dentições decídua e

permanente foram de 2,61 e 2,78, respectivamente.

Neste estudo também foi possível observar elevada ocorrência de cárie

dentária na população investigada, sendo constatada prevalência de cárie de 89,6%

considerando a presença de lesões em esmalte e dentina e de 83,3% considerando-

se apenas a ocorrência de lesões de cárie em dentina. Observando essa

experiência de cárie pelo índice preconizado pela OMS constatou-se média de c2eo2-

d de 3,59, de c3eo3-d de 2,79, de C2PO2-D de 2,59 e de C3PO3-D de 1,33, revelando

dados semelhantes aos achados do levantamento epidemiológico nacional para o

estado da Paraíba (SB Brasil, 2010) para a dentição decídua, porém uma menor

ocorrência de cárie na dentição permanente.

Essa elevada ocorrência de cárie nas crianças de oito a dez anos de idade do

município estudado pode estar relacionada à dieta neste município, rica em

carboidratos, e muitas vezes ao limitado grau de escolaridade por parte dos pais e

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89

responsáveis pelas crianças, dificultando assim a correta compreensão dos

melhores cuidados a serem adotados a fim de evitar a ocorrência da doença. A

presença maior de lesões de cárie na dentição decídua quando comparada à

dentição permanente ocorre devido aos dentes decíduos nestas crianças estarem

presentes por mais tempo na cavidade oral, uma vez que as crianças encontram-se

numa etapa dentição mista, ou seja, esfoliação dos dentes decíduos e irrompimento

dos permanentes.

Estes achados referentes à experiência de cárie dentária na dentição mista

apresentam-se bastante divergentes na literatura, uma vez que os dados verificados

neste estudo estão em concordância com a pesquisa de Almerich-Silla et al. (2014),

entretanto apresentam-se menores do que os verificados por Guido et al. (2011) e

superiores ao encontrados por Runnel et al. (2013). Essa variação se dá

principalmente devido à variação da faixa etária estudada, bem como pode ocorrer

devido aos hábitos e costumes divergentes de cada população investigada, no que

diz respeito aos hábitos alimentares, acesso aos cuidados odontológicos, condição

socioeconômica familiar e grau de instrução dos pais.

Ao se analisar a ocorrência de crianças livres de cáries, observou-se neste

levantamento epidemiológico que de acordo com o ICDAS, 10,4% de todos os

examinados não possuíam nenhuma lesão de cárie, nem em esmalte ou em dentina.

Enfatiza-se que a porcentagem de crianças com ausência de cárie na dentição

decídua foi de 22,4%, considerando a ausência de lesões em esmalte e dentina, e

de 26,6%, considerando a ausência das lesões inicias. Já na dentição permanente

observa-se que a ocorrência de crianças livres de cárie foi bem maior se considerar

a presença de lesões apenas em dentina (40,6%), diferentemente se considerarmos

a ocorrência das lesões iniciais (21,1%).

Ao se comparar os resultados obtidos com os achados do levantamento

epidemiológico nacional SB Brasil (2010) verifica-se valores mais baixos para a

dentição decídua e mais elevados para a dentição permanente, uma vez que a

porcentagem de crianças livres de cárie aos cinco e 12 anos de idade na cidade de

João Pessoa-PB foi, respectivamente, 39,9% e 29,6%. Entretanto, é importante

enfatizar que essas diferenças de resultados podem estar relacionadas a diferenças

metodológicas, uma vez que a faixa etária de estudo é bem diferente. Neste

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trabalho, as crianças possuíam dentição mista, com apenas alguns dentes

permanentes e sem alguns dentes decíduos. Cook et al. (2008) ressaltam que essa

elevada prevalência de cárie em crianças apontaria a necessidade de uma política

abrangente de programas educativos e de saúde bucal sobre os riscos à cárie.

Assim, destaca-se a importância de desenvolvimento de estudos como este que

retratam a realidade de uma população, a fim de que programas voltados à

prevenção e aos cuidados com a saúde bucal possam ser instituídos, bem como é

possível suscitar a necessidade de se levar o cirurgião-dentista para dentro das

escolas, melhorando assim o controle da cárie dentária e o acesso dessas crianças

ao atendimento odontológico.

É importante observar as médias dos componentes isolados do ceo-d/CPO-D

para que seja possível detectar a ocorrência da lesão de cárie atual e passada, bem

como o acesso aos serviços de saúde, a partir da verificação de dentes extraídos e

superfícies dentárias restauradas. Assim, neste estudo verificou-se uma média

bastante elevada do componente “c”, quando comparados com a média do

componente “e” do componente “o”. Quadro semelhante se observa na dentição

permanente, com média de componente “C” mais elevado, seguido do componente

“P” e componente “O”.

Estes dados obtidos apresentam-se divergentes dos observados no estudo de

Amorim et al. (2012), no qual foi verificado maior média do componente “o3” quando

comparado ao “o2”, a média do componente “e” foi inferior e os componentes “c2” e

“c3” mostraram-se superiores do que os verificados neste estudo. Entretanto, as

médias de dentes obturados apresentaram-se semelhantes. Os dados deste

levantamento epidemiológico também divergem dos verificados no estudo de

Almerich-Silla et al. (2014), com crianças de 6, 12 e 15 anos de idade, no qual não

foi observado nenhum dente extraído. O estudo de Runnel et al. (2013) com

crianças entre sete e oito anos de idade, também apresentaram dados diversos,

revelando uma menor média dos componentes cariados e maior média dos

componentes obturados, o que parece estar relacionado à realidade diferente da

região sudeste da Estônia, revelando esta apresentar uma maior condição de dentes

tratados, diferentemente do observado no município de Patos-PB.

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91

Diante deste achado pode-se inferir que o acesso aos serviços de saúde por

essa população investigada está sendo menor do que a necessidade existente, o

que pode ser explicado pela pouca procura por parte das famílias, que não

valorizam a ocorrência da cárie dentária, principalmente na dentição decídua. As

pessoas, em geral, possuem uma tendência de apenas buscarem atendimento em

casos mais severos onde já há o quadro de dor envolvido; ou devido à dificuldade na

disponibilidade do cirurgião-dentista no serviço público de atenção à saúde bucal,

revelando assim achados diferentes devido às diferentes realidades.

A fim de se conhecer a distribuição da cárie dentária entre as crianças

pesquisadas foi analisada a relação entre a média de ceo-d/CPO-D e o sexo e idade

das crianças. Deste modo, em relação ao sexo não se verificou associação

estatística entre as variáveis, nem para a dentição decídua, nem para a dentição

permanente. Já em relação à idade, verificou-se associação estatisticamente

significante entre as ocorrências, de modo que na dentição decídua, tanto a média

de c2eo2-d quanto de c3eo3-d diminuíram com idade. Isso ocorre devido ao fato de

crianças de oito anos de idade terem mais dentes decíduos, que estão há bastante

tempo na cavidade bucal, do que as crianças de dez anos de idade, as quais estão

na fase de esfoliação dos dentes decíduos e irrompimento dos dentes permanentes.

Para a dentição permanente também ocorreu significância estatística, entretanto as

médias de C2PO2-D e C3PO3-D apresentaram-se maiores com o avançar da idade,

sendo este fato justificado pelo mesmo motivo. À medida que a criança cresce, os

dentes permanentes recém-irrompidos passam mais tempo na cavidade oral,

estando assim mais sujeitos aos efeitos da dieta, do tempo, e da higiene bucal

deficiente.

De acordo com Honkala et al. (2011), quanto maior o tempo de exposição dos

dentes aos fatores de risco à cárie dentária na boca, maior o acometimento da

doença. Esses achados encontram-se em concordância com outros estudos

(BÖNECKER; MARCENES; SHEIHAM, 2002; MELLO; ANTUNES; WALDMAN,

2008; REISINE et al., 2008; GUIDO et al., 2011; RUNNEL et al., 2013).

Diante do exposto, torna-se importante ressaltar algumas das possíveis

explicações para a elevada prevalência de cárie, como o acúmulo de riscos

sóciobiológicos, cujo aparecimento agrava-se com o avançar da idade; e os

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fenômenos relacionados à cárie dentária infantil serem basicamente mais tardios,

observando ser um agravo, um evento com grande influência social, nutricional e

dietética (PERES et al., 2003). Essa visão é corroborada pelo estudo realizado por

Holmen et al. (1985). Neste contexto, verifica-se que o risco de uma criança ser

acometida pela cárie precocemente, a partir da irrupção dos primeiros dentes,

aumenta substancialmente a probabilidade de desenvolver cárie subsequente nas

dentições (BRASIL, 2003).

Com o propósito de se avaliar a associação de algumas variáveis, como sexo,

idade, composição corporal e qualidade de vida com a experiência de cárie dentária

nas crianças participantes deste estudo epidemiológico foi realizada análise

estatística bivariada e, posteriormente, para aquelas relações que apresentavam

valor de p>0,20, foi aplicado um modelo de regressão logística. Destaca-se a

importância dessa análise para que seja possível observar algumas condições que

podem influenciar a ocorrência da cárie dentária, para que a partir deste

conhecimento medidas educativas e preventivas possam ser adotadas visando

minimizar a ocorrência da doença na parcela da população mais vulnerável.

A avaliação da composição corporal nas crianças consiste em uma prática

fundamental, para que se possa verificar se o seu crescimento está ou não próximo

ao padrão esperado, seja com a presença ou ausência de influência de doença e/ou

condições sociais desfavoráveis (MELLO, 2002). Existem diversos métodos para a

avaliação da composição corporal. Entretanto, sabe-se que não existe um método

sem desvantagens, tanto no que diz respeito a crianças saudáveis quanto às

portadoras de doença crônica. Devem-se utilizar aqueles que melhor detectem o

problema nutricional da população em estudo e/ou aqueles para os quais os

pesquisadores tenham maior treinamento técnico (HEYWARD; STOLARCZYK,

2000).

Com o intuito de se verificar a composição corporal das crianças de oito a dez

anos de idade participantes desse estudo, optou-se por utilizar a técnica de

obtenção do IMC e a medição das dobras cutâneas tricipital e subescapular para se

verificar com mais precisão a presença de adiposidade nas crianças. Neste sentido,

o cálculo do IMC, apesar de não identificar os diferentes componentes da

composição corporal (NEOVIOUS et al., 2004), é um método comumente utilizado

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como indicador de obesidade (VIEIRA et al., 2006), especialmente em estudos

epidemiológicos, devido à sua fácil aplicação e baixo custo operacional (SIGULEM;

DEVINCENZI; LESSA, 2000). Por outro lado, o percentual de gordura, estimado

especificamente por meio da técnica de espessura de dobras cutâneas, apresenta-

se como um método de grande aceitação entre os pesquisadores da área, por não

apresentar diferença importante em relação a outros instrumentos de medida

considerados como padrão ouro de referência (JACKSON; POLLOCK; WARD,

1980).

Assim, na análise bivariada observou-se associação estatisticamente

significante da presença de cárie dentária com a composição corporal, tanto quando

foi analisado a partir do IMC, quanto na análise das dobras cutâneas, bem como

com o impacto na qualidade de vida. De modo que crianças que se apresentavam

desnutridas/eutróficas possuíam 1,19 vezes mais chances de desenvolver a cárie

dentária, bem como aquelas que não eram obesas possuíam 1,16 vezes mais

chance. No tocante à qualidade de vida, a presença da cárie dentária mostrou-se

1,30 vezes mais nas crianças que possuíam impacto desta doença na sua qualidade

de vida. Entretanto, ao se analisar essas variáveis no modelo de regressão logística

observou-se que a composição corporal (crianças desnutridas, eutróficas ou com

sobrepeso apresentam maior experiência de cárie) e o sexo (maior ocorrência da

doença entre as meninas) foram as variáveis associadas estatisticamente à

presença da cárie dentária.

Estes achados relacionados à composição corporal apresentam-se em

concordância com o estudo de Oliveira, Sheiham e Bonecker (2008), entretanto,

revelam dados divergentes quando comparados a outros estudos (HEREDIA; ALVA,

2005; NORBERG et al., 2012). A relação entre alimentação, composição corporal e

a condição bucal ainda não está bem esclarecida, revelando, muitas vezes, achados

controversos e conhecimento limitado. Há relativa congruência em que a

composição corporal e a condição bucal estão inter-relacionados, contudo, há dados

limitados disponibilizados na literatura para confirmar esta afirmação e para

estabelecer qual seria a natureza de qualquer relação possível (SHEIHAM; STEELE,

2001). Neste contexto, a cárie dentária relacionar-se com a composição corporal de

desnutrição ou eutrofia, pode estar relacionado a duas condições: (1) ocorrência de

desnutrição no período de desenvolvimento dos dentes, tornando-os mais

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vulneráveis a esta condição posteriormente ao nascimento (BATISTA; MOREIRA;

CORSO, 2007); ou (2) deficiência na função das glândulas salivares diante de um

quadro de desnutrição, diminuindo assim as propriedades protetoras da saliva sobre

a superfície dentária (FAGUNDES; LEITE, 2000).

Diante dessa urgente necessidade de se verificar a influência da composição

corporal, bem como a associação da dieta das crianças à ocorrência e progressão

da cárie dentária, Silva-Sanigorski et al. (2011) desenvolveram um estudo de coorte

com 500 crianças do nascimento até os quatro anos de idade numa comunidade

desfavorecida da Austrália, a fim de observar a influência da fluoretação da água e

da escolha dos alimentos pelos pais para as crianças no estabelecimento da sua

composição corporal e ocorrência de cárie dentária. Para avaliação corporal foi

utilizado o IMC e para o registro das lesões de cárie o critério ICDAS, corroborando

com o presente estudo.

Essa diversidade de achados na literatura também é observada na revisão

sistemática realizada por Hooley et al. (2012), na qual os autores ao analisarem

artigos de 2004 a 2011 com crianças de 0 a 18 anos de idade, constataram que a

cárie dentária esteve associada significativamente tanto ao baixo quanto ao excesso

de peso. Sendo desta forma recomendado pelos autores o desenvolvimento de mais

estudos a fim de buscar confirmar essa associação.

No tocante à maior ocorrência de cárie dentária entre as crianças do sexo

feminino, este achado encontra-se em conformidade com os achados dos estudos

de Díaz-Cárdenas e González-Martínez (2010) e Cook et al. (2008), os quais

também verificaram associação estatística entre a ocorrência de cárie dentária em

crianças do sexo feminino. Entretanto Runnel et al. (2013) não constataram

nenhuma associação entre essas duas variáveis. Como observado, a literatura é

controversa no que diz respeito à relação entre a doença cárie e o sexo das

crianças. De acordo com Heredia e Alva (2005), a maior experiência de cárie

dentária entre as crianças do sexo feminino pode ser explicada pelo tempo de

irrupção dentária ser mais precoce nas mulheres, possibilitando exposição dos

dentes ao meio bucal por um período maior, aumentando o risco de

desenvolvimento da doença.

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A associação entre a presença da cárie dentária e o impacto desta doença na

qualidade de vida das crianças pesquisadas foi observada na análise bivariada,

entretanto a associação perdeu força no modelo de regressão logística deixando de

apresentar significância estatística. Estes achados estão em concordância com os

dados obtidos no trabalho de Menezes et al. (2009) e Barbosa, Tureli e Gavião

(2009). Entretanto diferem dos dados encontrados por Krisdappong et al. (2012) e

Jokovic et al. (2004), com estudo realizado no Canadá que apontaram para a

confirmação da hipótese de que crianças com cárie apresentam escores do CPQ8-10

mais elevados do que as crianças livres de cárie.

É importante ressaltar que o impacto da cárie dentária na qualidade de vida

possa ser mediado por uma variedade de fatores como a característica das lesões

de cárie, o estágio de progressão da doença cárie em dentes decíduos e

permanentes, assim como pode sofrer influência de variáveis ambientais e

psicossociais (MENEZES et al., 2009). Outro fator a ser considerado diz respeito a

essas crianças de oito a dez anos de idade estar na fase de dentição mista, ou seja,

em alguns momentos possa ser que o desconforto relatado pudesse estar associado

ao dente em estágio de esfoliação ou irrupção, confundindo assim a criança na

resposta às questões.

Foi realizado neste estudo uma análise estatística da associação dos

domínios do CPQ8-10 com a presença da cárie dentária, sendo possível constatar

que o único domínio que apresentou uma relação significantemente estatística foi o

“bem-estar social”. Estes dados diferem relativamente dos achados no estudo de

Araújo, Santos e Duarte (2009), no qual todos os domínios apresentaram diferença

estatisticamente significante entre os grupos de crianças com cárie e sem cárie.

Uma vez que a experiência de cárie dentária influencia a qualidade de vida

das crianças, observa-se que este impacto não diz respeito apenas à presença da

dor ou desconforto físico, mas a qualidade de vida mostra-se fortemente relacionada

aos aspectos sociais da criança, a influência na estética e como este escolar irá

interagir na sociedade na qual está inserido. Assim, pode ser justificado nessa

população pesquisada apenas o domínio “bem-estar social” ter-se revelado

associado à presença da cárie. De acordo com Mcgrath, Broder e Wilson-Genderson

(2004) o conceito de qualidade de vida, além de compreender uma representação

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subjetiva da sensação de bem-estar, é multidimensional e inclui tanto dimensões

positivas quanto negativas.

Achados semelhantes, verificando-se associação estatisticamente significante

com o domínio “bem-estar social”, foi constatado nos estudos realizados por

Shepherd, Nadanovsky e Sheiham (1999), Barreto, Ferreira e Pordeus (2005),

Feitosa, Colares e Pinkham (2005) e Nuttal et al. (2006).

A qualidade de vida relacionada à saúde é um importante componente que

auxilia os indicadores clínicos na avaliação da saúde do paciente. Ressalta-se a sua

relevância em pacientes infantis e com doenças bucais, que determinam um impacto

significativo em sua qualidade de vida. Assim, instrumentos que auxiliem o cirurgião-

dentista e demais profissionais responsáveis por estas crianças e adolescentes são

cada vez mais úteis para avaliar não apenas a presença da doença bucal, como

também a qualidade de vida desses pacientes (BARBOSA et al., 2010).

Optou-se por realizar uma análise bivariada e multivariada buscando

conhecer as variáveis associadas não apenas com a presença de cárie, mas com a

presença de dentes com lesões em dentina (escores 4-6 do ICDAS), que são

aquelas mais severas, que promovem a ocorrência de mais limitações. Assim, foi

possível constatar que na análise bivariada as variáveis que apresentaram

associação estatisticamente significativa com a presença desses dentes com lesões

em dentina foram: a idade (prevalência maior em crianças de oito anos de idade), a

composição corporal pelo IMC (predominância das crianças

desnutridas/eutróficas/com sobrepeso), a composição corporal pelas dobras

cutâneas (maior ocorrência entre as crianças não obesas) e o impacto na qualidade

de vida (maior prevalência de ausência de impacto).

Ao se aplicar o modelo de regressão logística observou-se que as únicas

variáveis que permaneceram com força de associação estatisticamente significativa

foram: a idade, de modo que crianças de oito anos possuem 1,17 vezes mais

chance de desenvolver cárie dentária com lesões em dentina, bem como as de nove

anos apresentam 1,08 vezes mais chance; e a composição corporal pelo IMC, uma

vez que crianças com quadros de desnutrição grave até a eutrofia tem 1,18 vezes

mais chance de apresentar lesões cariosas em dentina. De maneira semelhante à

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presença da doença cárie, ao se analisar estatisticamente a associação dos

domínios do CPQ8-10 com a presença de lesões em dentina, o único que apresentou

essa associação com significância estatística foi o “bem-estar social”, confirmando

mais uma vez a importância da condição bucal no convívio social das crianças.

Neste contexto, os estudos epidemiológicos sobre a cárie dentária têm

importantes implicações para a saúde pública, uma vez que averiguam a experiência

da doença, como ela se comporta nas diferentes idades e investigam acerca dos

seus principais fatores etiológicos. O conhecimento destas variáveis contribui para o

controle da ocorrência da doença e, consequente, melhoria na qualidade de vida da

população, além de orientar na implantação de programas de saúde pública.

A detecção das lesões de cárie não cavitadas em pesquisas epidemiológicas,

com o objetivo de se elaborar ações programáticas de saúde bucal, relacionadas às

unidades assistenciais locais (Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da

Família) é possível e benéfica. Essa atitude possibilita identificar uma maior

quantidade de crianças com risco de ter experiência da doença, e assim propicia o

planejamento de medidas preventivas adequadas, possibilitando um gasto financeiro

reduzido voltado para a terapêutica odontológica (CORTELLAZZI et al., 2009, MELO

et al., 2011).

Ressalta-se a importância de investigação acerca da composição corporal

nos escolares, haja vista o incremento do descontrole nutricional entre estas

crianças. Sabendo-se que estas condições são fatores de risco comuns para

diversas doenças (diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia) necessita-se de uma

política de saúde direcionada para esta população, uma vez que é na infância que

se adquire os hábitos da vida adulta.

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7 - CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos a partir da avaliação da influência da

composição corporal sobre a cárie dentária e o impacto na qualidade de vida dos

escolares de oito a dez anos de idade do município de Patos-PB, foi possível

concluir que:

A prevalência de cárie apresenta-se bastante elevada na população

pesquisada, sendo as crianças de oito anos e do sexo feminino as mais

acometidas;

Os dentes mais afetados pelas lesões de cárie na dentição decídua foram os

molares inferiores, tendo a face oclusal como a mais comprometida.

Observou-se nesta dentição que as lesões de escore 6 foram as mais

ocorrentes;

Na dentição permanente, os dentes mais afetados pelas lesões de cárie

também foram os molares inferiores, com a face oclusal sendo a mais

atingida e as lesões de escore 1 e 2 as mais predominantes;

A maioria das crianças participantes do estudo apresentou a condição

corporal de eutrofia (pelo cálculo do IMC), sendo consideradas não obesas

(pela medição das dobras cutâneas);

Não se verificou associação estatística entre as médias de ceo-d/ceo-s e

CPO-D/CPO-S com o sexo das crianças, entretanto essa associação foi

confirmada em relação à idade. Deste modo, na dentição decídua quanto

maior a idade menor a experiência de cárie. Já na dentição permanente, a

experiência de cárie apresentou-se diretamente proporcional à idade das

crianças;

Após análise multivariada, observou-se que a cárie dentária apresentou

associação estatisticamente significativa com a idade das crianças e com a

composição corporal (analisada pelo IMC);

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Após análise multivariada, não foi constatada associação estatisticamente

significativa da ocorrência de cárie com o impacto na qualidade de vida das

crianças.

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APÊNDICE A - Consentimento da Secretaria Municipal de Educação

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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado (a) Senhor (a), responsável, pedimos o favor de dedicar alguns minutos do seu

tempo para ler este comunicado.

Estamos realizando uma pesquisa que tem como título: “Influência do estado nutricional sobre a cárie dentária e o impacto desta patologia sobre a qualidade de vida de escolares de 8 a 10 anos de idade” com o objetivo de avaliar a condição nutricional, a ocorrência da cárie dentária e a sua repercussão na qualidade de vida em crianças de 8 a 10 anos de idade. Esta pesquisa tem finalidade acadêmica (Tese de doutorado). Será realizada mediante exame clínico e exame físico da criança (que apresentam baixo risco ou desconforto e apenas será realizado se ela permitir), a fim de avaliar a ocorrência da cárie dentária e o estado nutricional, respectivamente. Também será aplicado um questionário para avaliar a qualidade de vida destas crianças, sendo que este questionário não apresenta quaisquer tipos de risco ou desconforto, exceto o tempo gasto para responder as questões (cerca de 30 minutos). Salienta-se que todas as informações obtidas serão guardadas e resguardadas, não sendo revelada sob qualquer pretexto a identificação das crianças. Deixamos claro, desde já, que não haverá nenhuma forma de benefício financeiro ou pessoal, e que esta declaração de consentimento de participação de seu(ua) filho(a) no estudo poderá ser retirada a qualquer época, não acarretando em danos. A sua colaboração, autorizando no quadro abaixo a realização do exame e da entrevista é importante para avaliar a necessidade de realização de programas de prevenção à cárie dentária e à obesidade. Esclarecemos que a participação de seu(ua) filho(a) é decorrente de sua livre decisão após receber todas as informações que julgarem necessárias. Você, nem seu(ua) filho(a) não serão prejudicados de qualquer forma caso sua vontade seja de não colaborar. Se quiser informações sobre nosso trabalho, por favor, ligue para Tássia Cristina de Almeida Pinto Sarmento responsável pela pesquisa no telefone 3511-3045, ou então, fale com ela pessoalmente na Av. dos Universitários, s/n, Rodovia Patos/Teixeira, Km1, Bairro Jatobá. Patos-PB, no horário comercial de 2ª a 6ª feiras. Esperamos contar com o seu apoio, desde já agradecemos.

_____________________________________________________________________

Tássia Cristina de Almeida Pinto Sarmento (Pesquisadora Responsável)

AUTORIZAÇÃO

Após ter sido informado sobre as características da pesquisa: “Influência do estado

nutricional sobre a cárie dentária e o impacto desta patologia sobre a qualidade de vida de

escolares de 8 a 10 anos de idade”, autorizo a realização do exame clínico e entrevista no

meu filho _______________________________________________em:

Patos,___ de __________2013

Responsável_______________________RG______________CPF__________

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APÊNDICE C - Ficha clínica de cárie dentária Nome:_____________________________________________________________________________Ficha:________________Idade:____________

Data:______________

Arcada superior

Permanente 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27

Decíduo 55 54 53 52 51 61 62 63 64 65

Dígitos ICDAS 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º

Critério ICDAS

Vestibular

Mesial

Oclusal

Distal

Palatina

Arcada inferior

Permanente 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37

Decíduo 85 84 83 82 81 71 72 73 74 75

Dígitos ICDAS 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º

Critério ICDAS

Vestibular

Mesial

Oclusal

Distal

Lingual

CÓDIGOS DE RESTAURAÇÕES E SELANTES

0= Sadio (face não restaurada ou não selada) 1= Selante parcial 2= Selamento integral 3= Restauração de resina ou CIV 4= Restauração de amálgama 5= Coroa metálica 6= Coroa de porcelana, ouro, metalocerâmica ou veneer 7= Restauração ausente ou partida 8= Restauração provisória

CÓDIGOS DE LESÃO DE CÁRIE 0= Sadio 1= Primeira mudança visual no esmalte 2= Mudança visual distinta no esmalte 3= Microcavidade no esmalte sem dentina visível 4= Sombreamento da dentina com ou sem microcavidade 5= Cavitação com dentina visível 6= Cavidade extensa com dentina visível

CÓDIGOS DE DENTES AUSENTES 90= Implante por motivos que não cárie 91= Implante devido à cárie 92= Pôntico por outros motivos que não cárie 93= Pôntico devido á cárie 96= Superfície dental não pode ser examinada 97= Dente ausente devido á cárie (extraído) 98= Dente ausente por outros motivos que não cárie 99= Não erupcionado

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APÊNDICE D - Ficha dos dados antropométricos

01. Peso: _______ kg

02. Estatura:

________: medida 1

________: medida 2

________: medida 3

Média da medida: _________ m

06. Estado nutricional da criança:

( ) Desnutrição severa: escore -3 (percentil 3rd)

( ) Desnutrição: escore -2 (percentil 15th)

( ) Eutrófico: escore -1 (percentil 50th)

( ) Sobrepeso: escore +1 (percentil 85th)

( ) Obesidade: escore +2 (percentil 97th)

( ) Obesidade severa: escore +3 (percentil acima de 97th)

07. Dobra cutânea tricipital:

________: medida 1

________: medida 2

________: medida 3

Média da medida: _________ cm

08. Dobra cutânea subescapular:

________: medida 1

________: medida 2

________: medida 3

Média da medida: _________ cm

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ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO B - Questionário de Qualidade de Vida – CPQ8-10

Olá!

Obrigada por nos ajudar com nosso estudo! Estamos fazendo este estudo para entender melhor as coisas que podem acontecer com as crianças por causa de seus dentes e sua boca.

POR FAVOR, LEMBRE-SE:

1. Não escreva seu nome no questionário.

2. Isto não é uma prova e não existem respostas certas ou erradas.

3. Responda o mais honestamente possível.

4. Não converse com ninguém sobre as perguntas enquanto as estiver respondendo.

5. Ninguém que você conhece verá suas respostas.

6. Leia cada pergunta cuidadosamente e pense sobre as coisas que aconteceram com você nas últimas 4 semanas (01 mês).

7. Antes de responder, pergunte a você mesmo: “Isto acontece comigo por causa dos mesus dentes ou da minha boca?”

8. Coloque um X dentro do [ ] á frente da resposta que for melhor para você.

PRIMEIRO, RESPONDA ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE VOCÊ:

1. Você é um menino ou uma menina? Menino [ ] [ ] Menina

2. Quando você nasceu?

3. Quando você pensa em seus dentes ou boca, você acha que eles são:

Muito bons [ ] Bons [ ] Mais ou menos [ ] Ruins [ ]

4. Quando seus dentes ou boca lhe incomodam no dia-a-dia?

Nem um pouco [ ] Só um pouquinho [ ] Mais ou menos [ ] Muito [ ]

AGORA RESPONDA ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE O QUE ACONTECEU COM OS SEUS DENTES E SUA BOCA NAS ÚLTIMAS 4 SEMANAS

5. Você teve dor em seus dentes ou em sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

6. Você teve locais doloridos em sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

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7. Você teve dor em seus dentes quando tomou bebidas geladas ou comeu alimentos quentes?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

8. Você sentiu alimento grudado em seus dentes?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

9. Você teve mau hálito?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

10. Você precisou de mais tempo que os outros para comer seus alimentos devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

11. Você teve dificuldade para morder ou mastigar alimentos duros, como maçã, milho verde na espiga ou bife devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

12. Você teve dificuldade para comer o que gostaria devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

13. Você teve dificuldade para dizer algumas palavras devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

14. Você teve problemas enquanto dormia devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

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Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

AGORA RESPONDA ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE O QUE ACONTECEU COM SEUS SENTIMENTOS NAS ÚLTIMAS 4 SEMANAS 01 MÊS)

15. Você ficou triste devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

16. Você se sentiu aborrecido devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

17. Você ficou tímido devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

18. Você ficou preocupado com o que as outras pessoas pensam sobre seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

19. Você ficou preocupado porque você não é tão bonito quanto os outros por causa de seus dentes ou sua boca nas últimas 4 semanas?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

RESPONDA ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE O QUE ACONTECEU NA SUA ESCOLA NAS ÚLTIMAS 4 SEMANAS (01 MÊS)

20. Você faltou à escola devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

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21. Você teve dificuldade para fazer sua lição de casa devido a problemas com seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

22. Você teve dificuldade para prestar atenção na aula devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

23. Você não quis falar ou ler em voz alta na aula devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

RESPONDA ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE VOCÊ JUNTO COM OUTRAS PESSOAS QUE ACONTECERAM NAS ÚLTIMAS 4 SEMANAS

24. Você não quis sorrir ou rir quando estava com outras crianças devido a problemas nos seus dentes ou na sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

25. Você não quis conversar com outras crianças devido aos problemas com seus dentes ou boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

26. Você não quis ficar perto de outras crianças devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

27. Você não quis participar de esportes e ir ao parque devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

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Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

28. Outras crianças tiraram sarro de você ou lhe apelidaram devido aos seus dentes ou sua boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]

29. Outras crianças fizeram perguntas sobre seus dentes ou boca?

Nunca [ ] Uma ou duas vezes [ ] Algumas vezes [ ] Várias vezes [ ]

Todos os dias ou quase todos os dias [ ]