RELAÇÃO ENTRE IMAGEM CORPORAL E FATORES … · Aos meus pais e irmão pelo apoio incondicional e...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
THÁBYTA SILVA DE ARAÚJO
RELAÇÃO ENTRE IMAGEM CORPORAL E FATORES BIOLÓGICOS, SOCIAIS E
COMPORTAMENTAIS - ESTUDO COM ADOLESCENTES DE ESCOLA S DE
TEMPO INTEGRAL EM FORTALEZA-CE
FORTALEZA
2016
THÁBYTA SILVA DE ARAÚJO
RELAÇÃO ENTRE IMAGEM CORPORAL E FATORES BIOLÓGICOS, SOCIAIS E
COMPORTAMENTAIS - ESTUDO COM ADOLESCENTES DE ESCOLA S DE
TEMPO INTEGRAL EM FORTALEZA-CE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Enfermagem na Promoção da Saúde. Orientadora: Profª. Drª. Neiva Francenely Cunha Vieira.
FORTALEZA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde
A692r Araújo, Thábyta Silva de.
Relação entre imagem corporal e fatores biológicos, sociais e comportamentais : estudo com adolescentes de escolas de tempo integral em Fortaleza-CE / Thábyta Silva de Araújo. – 2016.
67 f. : il. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologia
e Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Mestrado em Enfermagem, Fortaleza, 2016.
Área de Concentração: Enfermagem na Promoção da Saúde. Orientação: Profa. Dra. Neiva Francenely Cunha Vieira. 1. Imagem Corporal. 2. Adolescente. 3. Saúde Escolar. 4. Promoção da Saúde. 5. Estudos
transversais. 6. Enfermagem. I. Título. CDD 610.734
THÁBYTA SILVA DE ARAÚJO
RELAÇÃO ENTRE IMAGEM CORPORAL E FATORES BIOLÓGICOS, SOCIAIS E
COMPORTAMENTAIS - ESTUDO COM ADOLESCENTES DE ESCOLA S DE
TEMPO INTEGRAL EM FORTALEZA-CE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Enfermagem na Promoção da Saúde.
Aprovada em: 29 / 01 / 2016.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª. Neiva Francenely Cunha Vieira (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Profª. Drª. Mariana Cavalcante Martins
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Prof. Dr. Paulo César de Almeida
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Profª. Drª. Fabiane do Amaral Gubert
Universidade Federal do Ceará (UFC)
A Deus.
A minha família, Antonio, Fatima e Yuri.
Ao meu noivo, Thiego.
AGRADECIMENTOS
A Deus por mais essa conquista, por guiar e iluminar meus passos nessa caminhada,
por colocar pessoas maravilhosas na minha vida durante o percurso do Mestrado. A Ele meus
eternos agradecimentos!
Aos meus pais e irmão pelo apoio incondicional e por me incentivarem a sempre
buscar a minha realização profissional e pessoal. Obrigada, amo vocês!
Ao meu amado noivo Thiego, pelo carinho, compreensão e apoio na concretização
desse momento! Amo você!
A minha querida orientadora Neiva Francenely, pela confiança, atenção, paciência e
companheirismo na missão de construirmos juntas este trabalho. Pela generosidade em
dedicar seu tempo a me ensinar o verdadeiro valor do trabalho científico. Pelo incentivo para
que eu esteja sempre crescendo na profissão e na vida pessoal. Muito obrigada por tudo!
A professora Fabiane, por contribuir na concretização desse trabalho através da sua
paciência, sabedoria e experiência! Pela disponibilidade e bom humor de sempre,
encorajando-me a crescer pessoal e profissionalmente. Obrigada!
Ao Valter, por permitir utilizar os dados de base primária do projeto de pesquisa
“Fortaleça sua saúde: um programa de intervenção interdisciplinar para a promoção de um
estilo de vida ativo e saudável em escolares” e pelo companheirismo e amizade durante todas
as fases da coleta de dados. Obrigada!
Ao professor Paulo César, por ser um profissional excelente na análise estatística, por
aceitar participar da banca e pela paciência e generosidade em ensinar e ajudar nas minhas
dúvidas. Obrigada!
A professora Mariana, por aceitar participar da banca e pelas contribuições
fundamentais no trabalho. Obrigada!
As minhas amigas maravilhosas e companheiras, Ana Cristina e Queliane, que Deus
colocou na minha vida acadêmica e que se tornaram amigas de uma vida toda. Obrigada pelos
conselhos, pelos incentivos, pela troca de experiência, pela amizade e pelo companheirismo!
A Ana Larissa, que esteve sempre disponível em ajudar e trocar experiência!
Aos colegas de turma do Mestrado pelos dois anos intensos de aulas, trabalhos,
seminários, lanches e muitas risadas!
A Secretaria e Coordenação da Pós-Graduação pela disposição em ajudar!
Aos professores do Mestrado que compartilharam seus conhecimentos e aprendizados
durante a caminhada nesses dois anos! Obrigada a todos!
RESUMO
Os primeiros estudos sobre a imagem corporal a definem como uma percepção da aparência
que o indivíduo tem do corpo no que se refere ao tamanho, imagem e forma. O estudo teve
como objetivo verificar associação entre percepção da imagem corporal e fatores biológicos,
sociais e comportamentais. Estudo transversal, de abordagem quantitativa. A pesquisa foi
realizada em 2014 nas escolas de tempo integral da rede pública municipal de Fortaleza-CE
com adolescentes de ambos os sexos com faixa etária entre 11 e 17 anos, cursando 7º, 8º e 9º
anos. A coleta de dados envolveu a aplicação de um questionário contendo questões sobre
fatores biológicos, sociais e comportamentais, escala de Silhuetas e medidas antropométricas.
A escala permite identificar a percepção corporal e a satisfação com a imagem do corpo entre
os adolescentes por meio de nove silhuetas. Analisou-se os dados através dos testes Qui-
Quadrado de tendência para proporções, Qui-Quadrado e correlação linear de Spearman,
considerando estatisticamente significantes as análises com p<0,05. O estudo foi aprovado
sob Parecer Consubstanciado nº 301.456. Dos 1181 adolescentes, 51,5% era do sexo
masculino e 48,5%, sexo feminino, prevalecendo adolescentes na faixa etária da adolescência
inicial, de 11 a 14 anos. Na prática de atividade física, 58,0% foi considerado
insuficientemente ativo. No último ano, 78,7% referiu não ter tido relação sexual e dos
sexualmente ativos, 40,5% às vezes fazia uso do preservativo. Em relação à percepção da
imagem corporal, evidenciou-se predomínio de insatisfação entre os adolescentes escolares.
Na percepção das imagens que representariam um corpo saudável e o que gostaria de ter
(ideal) pela escala de silhuetas, houve diferença significativa entre os gêneros (p<0,0001).
Evidenciou-se ainda que a percepção da imagem corporal tem influencia significativa dos
fatores série escolar (p=0,005), percepção de qualidade de vida e saúde (p<0,0001) e IMC
(p<0,0001), não tendo influencia de nenhum fator comportamental. Mesmo assim, o estudo
apontou para o uso irregular do preservativo masculino nos adolescentes sexualmente ativos
no último ano, principalmente na adolescência inicial (42,3% às vezes usa e 30,5% nunca
usa). Conclui-se que mais de 75% dos adolescentes das escolas de tempo integral de
Fortaleza-CE referiu insatisfação na percepção da imagem corporal, caracterizado pelo desejo
de aumentar a silhueta. Dessa forma, faz-se necessário que o profissional enfermeiro trabalhe
a temática com foco na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Palavras-chave: Imagem Corporal. Adolescente. Saúde Escolar. Promoção da Saúde.
Estudos transversais. Enfermagem.
ABSTRACT
The first studies on the body image as a set perception of the appearance that the individual
has body in relation to the size and shape image. The study aimed to assess the association
between the perceptions of body image and biological, social and behavioral factors. Cross-
sectional study with a quantitative approach. The survey was conducted in 2014 with
adolescents in all-day schools of the municipal network of Fortaleza-CE of both sexes, aged
between 11 and 17 years, attending 7th, 8th and 9th grades. The data collection involved the
application of a questionnaire containing questions about biological, social and behavioral
factors, the silhouettes of scale and anthropometric measurements. The scale allows to
identify the body perception and satisfaction with body image among adolescents through
nine silhouettes. We analyzed the data using the chi-square tests for trend proportions, chi-
square and linear correlation of Spearman, considering statistically significant analysis with p
<0.05. The study was approved under Embodied Opinion No. 301,456. Of 1181 teenagers,
51.5% were male and 48.5% female, prevailing teenagers in the age group of early
adolescence, 11-14 years. In the practice of physical activity, 58.0% was considered
insufficiently active. In the past year, 78.7% reported not having had sexual intercourse and of
sexually active, 40.5% sometimes made use of condoms. Regarding the perception of body
image, it was showed a predominance of dissatisfaction among adolescent students. In the
perception of body image that represent a healthy body and would like to have (ideal), there
was a significant difference between genders (p <0.0001). It was showed that the perception
of body image has significant influence factors of school grade (p = 0.005), perception of
quality of life and health (p <0.0001) and BMI (p <0.0001), with no influence from any
behavioral factor. Even so, the study pointed to the irregular use of condoms by sexually
active teenagers in the last year, especially in early adolescence (42.3% sometimes uses and
30.5% never use). It was concluded that more than 75% of adolescent students in all-day
schools of the municipal network of Fortaleza-CE reported dissatisfaction in the perception of
body image, characterized by the desire to increase silhouette. Thus, it is necessary that the
nurse work the theme focusing on health promotion and disease prevention.
Keywords: Body image. Adolescent. School Health. Health Promotion. Cross-Sectional
Studies. Nursing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Fluxograma das etapas de coleta de dados. Fortaleza, CE, Brasil, 2014 ......... 25
Figura 2 - Escala de Silhuetas ........................................................................................... 30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fatores biológicos, sociais e comportamentais dos adolescentes escolares.
Fortaleza-CE, 2014 ............................................................................................ 33
Tabela 2 - Percepção da Imagem Corporal entre adolescentes escolares em relação à
aparência física atual (real). Fortaleza-CE, 2014 ............................................... 34
Tabela 3 - Percepção da Imagem Corporal entre adolescentes escolares em relação à
imagem de um corpo saudável. Fortaleza-CE, 2014 ......................................... 35
Tabela 4 - Percepção da Imagem Corporal entre adolescentes escolares em relação à
imagem que gostaria de ter (ideal). Fortaleza-CE, 2014 ................................... 36
Tabela 5 - Satisfação com a Imagem Corporal entre adolescentes escolares. Fortaleza-
CE, 2014 ............................................................................................................ 36
Tabela 6 - Imagem corporal relacionada a fatores biológicos, sociais e
comportamentais. Fortaleza-CE, 2014 ............................................................... 37
Tabela 7 - Uso do preservativo masculino na adolescência. Fortaleza-CE, 2014 ............ 39
Tabela 8 - Correlação linear entre imagem corporal, idade e IMC em ambos os
gêneros. Fortaleza-CE, 2014 .............................................................................. 39
Tabela 9 - Correlação linear entre imagem corporal, idade e IMC entre os gêneros.
Fortaleza-CE, 2014 ............................................................................................ 40
SUMÁRIO
1 INTROD UÇÃO ................................................................................................... 10
2 OBJETIVO S ........................................................................................................ 15
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 16
3.1 Políticas Públicas ................................................................................................. 16
3.2 Percepção, Imagem corporal e Fatores associados à saúde do adolescente ... 19
4 MÉTODO ………………...………………………………………..………….... 23
4.1 Tipo de estudo ………………………………………………………………...... 23
4.2 Local do estudo ……………………………………………………………….... 23
4.3 População/amostra .............................................................................................. 24
4.4 Coleta de dados .................................................................................................... 24
4.4.1 Instrumento de coleta de dados ............................................................................ 26
4.5 Descrição e Análise dos dados ............................................................................ 30
4.6 Aspectos éticos ...................................................................................................... 31
5 RESULTADOS………………………………………………………………..... 32
5.1 Fatores biológicos, sociais e comportamentais dos adolescentes escolares ..... 32
5.2 Imagem corporal entre os adolescentes escolares ............................................. 34
5.3 Associação da imagem com fatores biológicos, sociais e comportamentais ... 36
6 DISCUSSÃO ...…………………………………………………………………. 41
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 49
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO ..................................................................................................
59
APÊNDICE B - TERMO DE ANUÊNCIA ....................................................... 61
ANEXO A - QUESTIONÁRIO .......................................................................... 62
ANEXO B - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ............................. 66
10
1 INTRODUÇÃO
Os primeiros estudos sobre a imagem corporal a definem como uma percepção da
aparência que o indivíduo tem do corpo no que se refere ao tamanho, imagem e forma, e as
sensações em referência a esses atributos. É a melhor percepção de si, é “uma representação
mental perdida do corpo perfeito, em forma e tamanho”, influenciada por variáveis históricas,
culturais e sociais, e por fatores individuais e biológicos, em diferentes intervalos de tempo
(SLADE, 1988; SLADE, 1994).
É um conceito multidimensional e dinâmico em que o indivíduo forma imagens
ou ideias do próprio corpo através da experiência, do conceito e do comportamento que
apresenta de seus atributos físicos durante o decorrer da sua vida, que pode ser observada
como a relação entre o corpo e os processos cognitivos, como crenças, valores e atitudes
individuais e/ou sociais (TAVARES, 2003; PETROSKI; PELEGRINI; GLANER, 2012).
Além disso, o conceito de imagem corporal é utilizado na literatura como um
constructo relevante, ao mesmo tempo em que configura um elemento real e variável, capaz
de se progredir e ser susceptível às consequências negativas da sociedade (PALUDO et al.,
2011).
Diante desse contexto, o indivíduo mais vulnerável e influenciado pelas
mudanças, principalmente à modulação de sentimentos e comportamentos relativos ao corpo e
à percepção da imagem corporal diante de amigos, familiares e da própria sociedade é o
adolescente (MARTINS et al., 2010; SCHERER et al., 2010; MIRANDA et al., 2011).
O período da adolescência é assinalado por diversas transformações iniciadas na
puberdade, no qual o adolescente procura vivenciar experiências únicas, em que ocorre a
afloração da sexualidade, a interação entre pares e a busca pela própria identidade. É um
momento de mudanças físicas, psicológicas e comportamentais, acompanhado por situações
de conflito, geralmente normais e temporários (JESUS et al., 2011; JUNG et al., 2013). O
estudo de Schimmenti et al. (2014) enfatiza a importância da imagem corporal na construção
da identidade e no estreitamento das relações dos adolescentes.
Essas modificações na adolescência podem ter relação com um padrão midiático
de beleza desenvolvido pela sociedade, em que a falta e o excesso de peso, por exemplo,
podem influenciar na insatisfação e nas distorções em relação à forma como o corpo é
observado (IBGE, 2013). Essa insatisfação com a imagem corporal pode estar interligada a
uma cultura de valorização exagerada por padrões de beleza que incluem fortemente a
11
magreza como o corpo ideal, principalmente na cultura ocidental (ADAMI et al., 2008;
ALVES et al., 2009).
Reforçando essa cultura, Pereira et al. (2009); Ribeiro e Oliveira (2011)
identificaram em seus estudos que o conceito de corpo bonito tem se modificado ao longo dos
anos, em que os padrões de beleza, induzidos pela mídia, tem estabelecido um culto
exagerado a um padrão corporal “adequado e ideal” (belo, magro, musculoso e saudável) cada
vez mais magro para o sexo feminino e mais forte para o sexo masculino. Por isso, os jovens
estão constantemente preocupados com o peso, a procura de um corpo ideal, e a não aceitação
desse corpo pode leva-los a sentirem-se excluídos do convívio social (FIDELIX et al., 2011).
Dessa forma, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE 2012 realizou
um estudo com aproximadamente 83% dos alunos que frequentavam o 9º ano do ensino
fundamental acerca da percepção da imagem corporal com base nas categorias: magro, muito
magro, normal, gordo, muito gordo. Observou-se que 61,9% dos estudantes relataram peso
normal; 22%, magro ou muito magro; 16,2%, gordo ou muito gordo. O mais intrigante desse
estudo é que 19,1% das alunas se achavam gordas ou muito gordas, enquanto que apenas
13,1% dos estudantes do sexo masculino se encaixavam nessa categoria (IBGE, 2013).
Ademais, outros estudos tem revelado um aumento na prevalência da insatisfação
com a imagem corporal, principalmente no sexo feminino (KOSTANSKI; GULLONE, 1998;
ALVES et al., 2008; CORSEUIL et al., 2009; CASTRO et al., 2010; MOUSA et al., 2010).
Diante dessa crescente insatisfação com a imagem corporal entre os adolescentes,
muitos estudos tem pesquisado os possíveis fatores que podem estar associados a essa
apreciação negativa da imagem do corpo dessa população. Tanto estudos internacionais
quanto nacionais tem mostrado que fatores biológicos, sociais, psicológicos, econômicos,
nutricionais, comportamentais e meios de comunicação podem interferir na percepção da
imagem corporal (ALIPOOR et al., 2009; COSTA; VASCONCELOS, 2010; MARTINS et
al., 2010; MOUSA et al., 2010; PEREIRA et al., 2011; FERRARI; PETROSKI; SILVA,
2013; SANTANA et al., 2013). Alguns destes estudos foram realizados no Brasil, sendo a
maioria na região Sul do país.
Nesse sentido, o estudo de Cortês (2012) observou que o fator econômico
interfere na percepção da imagem corporal, em que adolescentes do sexo feminino com
posição socioeconômica desfavorável, com menores oportunidades de recursos educacionais e
culturais e com acesso limitado a serviços de saúde de qualidade, tiveram maior dificuldade
em lidar com a imagem do corpo.
12
Langoni et al. (2012) constatou a influência do estado nutricional sobre a imagem
corporal: adolescentes com sobrepeso/obesidade foram os mais insatisfeitos. Além disso,
identificou principalmente em jovens do sexo feminino que a baixa autoestima motiva a
insatisfação pela imagem do corpo, levando-as a situações de vulnerabilidade, como o uso de
tabaco, aumentando o risco de depressão e o planejamento de suicídio.
A temática da imagem corporal no contexto da Enfermagem é um conceito
importante, principalmente nos cuidados e no acolhimento do profissional para com o cliente
e para a promoção de estratégias relacionadas ao cuidar, e por ser um constructo incluído na
Taxonomia Diagnóstica da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)
através da construção de um diagnóstico denominado “Distúrbio na Imagem Corporal”
(BITTENCOURT et al., 2009).
A imagem corporal incorporada nos diagnósticos de enfermagem da NANDA
proporciona ao enfermeiro, no exercício da profissão, o desenvolvimento de um plano de
cuidado, com diagnósticos, resultados esperados e prescrições de enfermagem de estratégias
voltadas à autonomia do adolescente em relação a sua própria percepção de corpo (TOLEDO;
RAMOS; WOPEREIS, 2011).
Dessa forma, é essencial que o profissional de enfermagem em sua prática diária
observe a saúde do adolescente numa perspectiva integral, ponderando tanto as mudanças
físicas quanto os medos, os temores e os desafios durante o período de puberdade e
adolescência, que podem de alguma maneira interferir na percepção da imagem corporal
desses jovens, como problemas relacionados à própria imagem e à insatisfação pessoal.
A imagem corporal estando intimamente relacionada ao processo de formação da
identidade de um indivíduo e da consciência da própria existência durante a adolescência, o
enfermeiro deve estar sensibilizado a essas questões e fatores que norteiam e influenciam na
satisfação com o corpo e com a autoestima (OLIVEIRA et al., 2010).
O enfermeiro ao cuidar da saúde do adolescente em relação à percepção de sua
própria imagem corporal deve respeitar sua individualidade e planejar ações baseadas no
conhecimento da realidade e do contexto do indivíduo, no qual as dimensões biopsicossociais
e espirituais não podem ser desconsideradas durante o atendimento a esse público
(VALENÇA; GERMANO, 2009).
Diante do exposto, o enfermeiro deve observar integralmente o adolescente para
que tanto a linguagem verbal quanto a não verbal tornem-se explícitas e que os possíveis
13
fatores associados à percepção da imagem corporal sejam identificados para que se
desenvolvam ações direcionadas a sensibilizar o indivíduo a ser o promotor da própria saúde.
Em estudo de revisão narrativa conduzida por Bittencourt et al. (2009) acerca da
temática imagem corporal na produção cientifica nacional da Enfermagem, a maioria dos
trabalhos analisados buscou associar a percepção da imagem do corpo dos indivíduos às
consequências físicas e psicológicas oriundas do câncer, como a mastectomia. O que se
evidencia com essa pesquisa é a lacuna de pouca produção cientifica relativa aos efeitos da
imagem corporal na adolescência com a finalidade de se descobrir os possíveis fatores que
essa avaliação da imagem do corpo possa ocasionar na transição para a fase adulta.
A importância de estudos sobre a imagem corporal em outras áreas da
Enfermagem é demonstrada pelo papel significativo de cuidador, principalmente nas questões
psicossociais que podem influenciar negativamente a percepção da imagem corporal em
clientes com alteração da aparência física, tornando-os estigmatizados, como indivíduos
mastectomizados, com queimaduras, amputação de membros e enxertos (MOSTARDEIRO;
PEDRO, 2011; MONIZ; FERNANDES; OLIVEIRA, 2011; CARVALHO; PAIVA;
APARÍCIO, 2013).
Outro aspecto relevante de se estudar a percepção da imagem corporal é que
reforça as diretrizes presentes no Programa Saúde na Escola (PSE), no qual advoga nos seus
componentes ações de prevenção, promoção e atenção à saúde, reorientando um cuidado
integral aos adolescentes, tendo como objetivo diminuir a distância entre escola e saúde,
criando um espaço de discussão intersetorial que aproxime a realidade de cada educando e
que possibilite o indivíduo a ser um participante ativo do processo saúde-doença,
proporcionando o protagonismo juvenil (BRASIL, 2009; BRASIL, 2012a).
Assim, a promoção da saúde consiste em um conjunto de estratégias com foco
principal em uma melhor qualidade de vida no âmbito individual e coletivo. Para
potencializar as ações de promoção é fundamental a articulação de diversos setores da saúde e
de outros setores com o intuito de promover a efetividade e sustentabilidade dessas atividades
durante um longo período, aprimorando as condições de saúde (BRASIL, 2012b).
Dessa forma, as políticas de saúde identifica o ambiente escolar como um espaço
excepcional para práticas que promovam a saúde, a prevenção e a educação para a saúde
(BRASIL, 2009). Cumpre ressaltar que órgãos internacionais também consideram a escola um
espaço importante pela constituição das relações ali existentes e pelas oportunidades para o
14
desdobramento de políticas públicas, que englobem intervenções na promoção de hábitos
saudáveis na adolescência (CDC, 2011).
Na promoção à saúde do adolescente no ambiente escolar, o enfermeiro tem a
capacidade de agregar-se a escola para integrar educação e saúde, tendo o objetivo de
sensibilizar o indivíduo para o exercício da autonomia, tornando-os questionadores dos riscos
a que se expõem para o alcance de uma melhor qualidade de vida e um adolescer saudável
(BRASIL, 2010; BESERRA; SOUSA; ALVES, 2014). Além disso, tem o papel de construir
projetos de trabalho em conjunto com profissionais da educação, professores, direção e
orientação escolar, baseados em debates sobre o tema “saúde na escola”, buscando a
promoção da saúde dos escolares (RASCHE; SANTOS, 2013).
Dessa forma, a Educação Integral proporciona mudanças no modelo pedagógico
das escolas públicas, inovando o currículo e ampliando a jornada escolar, das 07h30min até às
16h00min, o que proporciona à escola melhorias para o cumprimento, enriquecimento e
diversificação das abordagens pedagógicas do currículo, aperfeiçoamento na formação dos
profissionais, elaboração de metodologias e estratégias de ensino, avaliação e recuperação do
aprendizado dos alunos (LECLERC; MOLL, 2012).
Aos estudantes, a escola de tempo integral possibilita a construção reflexiva do
seu Projeto de Vida, além de ações que estimulam e direcionam a formação da autonomia,
solidariedade e competência do indivíduo através das experiências proporcionadas pelo
Protagonismo Juvenil e Projetos Interdisciplinares (PMF, 2015).
Assim posto, a percepção da imagem corporal pelos adolescentes das escolas de
tempo integral constitui-se objeto do presente estudo associado aos fatores biológicos, sociais
e comportamentais, o que se enquadra nas propostas promotoras de atenção integral à saúde
do adolescente. A averiguação da imagem corporal por esses sujeitos elucidará a identificação
de subgrupos populacionais de jovens que deverão ser focados pela atuação do profissional
enfermeiro, permitindo que a promoção de satisfação com a vida e o bem-estar individual
sejam melhor alcançados com ações direcionadas aos grupos mais insatisfeitos. Além de
contribuir com programas de mudança de comportamentos que busquem promover a
satisfação individual em jovens, focado na saúde geral.
15
2 OBJETIVOS
Geral
- Verificar associação entre percepção da imagem corporal e fatores biológicos, sociais e
comportamentais.
Específicos
- Descrever os fatores biológicos, sociais e comportamentais dos adolescentes das escolas de
tempo integral de Fortaleza-CE;
- Analisar a percepção da imagem corporal (percepção de corpo atual, corpo saudável e corpo
ideal) em adolescentes escolares;
- Identificar a prevalência de adolescentes satisfeitos e insatisfeitos com a imagem corporal.
16
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Políticas Públicas
O termo saúde por anos esteve vinculado ao controle de morbidade e mortalidade,
contudo com o avanço científico e uma compreensão ampliada da saúde, incluindo os
determinantes sociais voltados para estudos na área da saúde, constatou-se que estar saudável
envolve prevenir, proteger e promover a saúde, que são essenciais na busca por uma melhor
qualidade de vida (LIMA et al., 2014).
A promoção da saúde surge como um movimento de busca para operacionalizar a
perspectiva positiva da saúde através da articulação dicotômica de saberes técnicos e
populares, institucionais e comunitários, públicos e privados, interferindo nos determinantes
de saúde e na qualidade de vida, englobando questões econômicas, políticas e sociais do
cotidiano individual e coletivo do ser humano (ARANTES et al., 2008).
O termo “promoção da saúde” aparece inicialmente em 1920 em um contexto de
final de primeira guerra mundial e fortalecimento das organizações dos trabalhadores.
Posteriormente, esse termo é reforçado no Informe Lalonde, em 1974, no Canadá, em resposta
a crescente assistência médica (FERREIRA NETO et al., 2007; TRAVERSO-YÉPEZ, 2007).
Ao longo de mais de 20 anos, as Conferências Mundiais de Promoção da Saúde
referiram a promoção da saúde como um conjunto de estratégias com foco principal em uma
melhor qualidade de vida no âmbito individual e coletivo. Em relação ao adolescente,
direcionar a promoção da saúde envolve torná-lo ativo no ambiente de convívio e na própria
sociedade e a fazê-lo exercer a cidadania em vez de serem mais um usuário em programas
governamentais e sociais (BRASIL, 2010).
A maior contribuição da promoção da saúde está na diversidade de possibilidades
para elevar o potencial individual e social no momento da escolha por estilos de vida mais
saudáveis, destaque para duas direções: integralidade do cuidado e construção de políticas
públicas favoráveis à vida, mediante articulação intersetorial (GOMES; HORTA, 2010).
Nesse sentindo, no Brasil, em consonância aos preceitos da Constituição Federal
de 1988 de que a saúde é um direito de todos, organizações não governamentais (ONGs) e
movimentos civis buscaram, a partir da década de 80, mobilizar e sensibilizar sociedade e
governo para direcionar ações de políticas públicas a adolescentes e jovens e desmitificar o
vínculo de violência e criminalização associado a essa população (JAGER et al., 2014).
17
No Brasil, entre os anos de 1999 e 2002, houve crescente número significativo de
políticas voltadas aos adolescentes e jovens no âmbito federal, comparando às décadas
anteriores a 1990. Contudo, isso não constituiu um novo marco nos temas relacionados à
saúde dessa população devido a qualidade dos projetos apresentados não sinalizarem para a
consolidação de políticas públicas de saúde para os adolescentes e jovens (HORTA; SENA,
2010).
No longo processo de implementação de políticas públicas direcionadas ao
adolescente no Brasil, alguns fatos foram levadas em consideração: o número significativo de
adolescentes e jovens na sociedade e a não participação e influencia deles no ambiente social.
Isso ocorreu principalmente por não reconhecerem a importância do jovem na construção de
uma sociedade menos estereotipada pelo senso comum de que eles são uma ameaça ao
contexto sociocultural (HORTA; SENA, 2010).
O Programa Saúde do Adolescente (PROSAD) foi a primeira política pública em
saúde voltada ao adolescente, contudo teve foco principal na desconstrução da imagem social
associada a problemas sociais e delinquências dessa população. Todavia, reformulações e
reorientações no percurso histórico das políticas públicas de saúde em adolescentes,
evidenciou-se uma preocupação na capacidade de transformação positiva e autonomia deles
nas decisões políticas (JAGER et al., 2014).
A Política Nacional de Atenção à Saúde Integral de Adolescentes e Jovens,
documento que reconhece as vulnerabilidades dos jovens e enfoca na garantia de acesso
universal e igualitário aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, contem
diretrizes direcionadas a sensibilização de gestores para um olhar integral e sistemático do
indivíduo, apontando estratégias na busca pelo desenvolvimento de comportamentos
saudáveis e a responsabilização da sociedade e das famílias pela construção das decisões e
escolhas dos adolescentes (BRASIL, 2010).
O avanço ao cuidado à saúde dos adolescentes se amplia a partir do momento que
engloba o cotidiano desses indivíduos, valorizando suas interações, crenças, valores, culturas
e seu próprio imaginário, sem esquecer de observar as diversidade do contexto no qual o
jovem está inserido (NÓBREGA et al., 2013).
A inserção da imagem corporal nas políticas públicas direcionadas aos
adolescentes é evidenciada na iniciativa de estratégias de promoção da saúde que proporciona
vê-los e escutá-los como sujeitos plenos de direitos, como a participação juvenil, momento no
qual os adolescentes e jovens manifestam o desejo de serem escutados e reconhecidos por
18
suas capacidades, o que favorece a autonomia e a autoestima deles na construção do projeto
de vida (BRASIL, 2010).
Isso configura a garantia de um futuro melhor através da junção do fortalecimento
da identidade pessoal e da autoestima do adolescente com a conscientização de
responsabilidade em conquistar melhorias e oportunidades para alcançar o objetivo primordial
de desenvolver comportamentos saudáveis, favorecendo um amanhã promissor (BRASIL,
2010).
O Programa Saúde na Escola (PSE) instituído em 2007 teve a finalidade de
colaborar com a formação integral dos estudantes da rede pública de ensino através de ações
de promoção, prevenção e atenção à saúde. É uma estratégia de integrar e articular educação e
saúde, com a participação da comunidade escolar para o aperfeiçoamento da cidadania e da
qualificação das políticas públicas. Além de promover atividades de atuação compartilhada e
fortalecida em conjunto com a comunidade, com a escola e a unidade de saúde como
instituições promotoras dessas ações (BRASIL, 2007).
Esse programa, o PSE, é constituído por cinco grandes áreas temáticas de ações
através dos componentes: I - Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescentes e
jovens que estão na escola pública; II - Ações de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças
e Agravos; III - Educação Permanente e Capacitação de Profissionais da Educação e da Saúde
e de Jovens; IV - Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes e V - Monitoramento e
Avaliação do Programa (BRASIL, 2009).
As ações da parceria entre educação e saúde estão articuladas em dois
componentes que integram atividades de avaliação da saúde de crianças e adolescentes e de
educação em saúde com o projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), que está integrado
ao PSE. A realização de atividades educativas que trabalham temáticas direcionadas a
educação para a saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das DST/aids, prevenção ao uso
de álcool, tabaco, crack e outras drogas influenciam diretamente a valorização da imagem
corporal dos indivíduos por proporcionar o protagonismo juvenil dentro do ambiente escolar
(BRASIL, 2012a).
Com o objetivo de proporcionar maior visibilidade ao adolescente nos serviços de
saúde na atenção integral à saúde, desenvolveu-se a Caderneta de Saúde do Adolescente,
versão menino e menina, com informações relacionadas à prevenção de doenças, mudanças
no corpo, saúde sexual e reprodutiva, saúde bucal, imunização e alimentação (BRASIL,
2009a). Essa ferramenta proporciona padronização das informações e se torna mais um
19
artefato de apoio ao adolescente em seus questionamentos e na sistematização do atendimento
do enfermeiro a essa população.
Além disso, essas cadernetas se tornam oportunas tanto na consulta de
enfermagem quanto no desenvolvimento das atividades educativas individuais e/ou coletivas
a abordagem de temáticas que podem influenciar a percepção da imagem corporal dos
adolescentes assim como trabalhar diretamente esse tema nas discussões em grupo e no
próprio projeto de vida, que é informado na caderneta.
Observa-se, dessa forma, que a atenção à saúde do adolescente e do jovem ainda é
um importante desafio para a organização dos serviços de saúde e para a própria sociedade.
Os serviços de saúde ainda não conseguem a captação precoce dos adolescentes, poucos deles
procuram o serviço de saúde para receberem orientações sobre saúde (CARVALHO et al.,
2009). Contudo, as políticas públicas que foram desenvolvidas, mesmo com dificuldades de
integração e desenvolvimento de todas as propostas, proporcionaram uma aproximação entre
o que se planeja e o que é possível executar em um ambiente escolar ou até mesmo junto a
comunidade.
3.2 Percepção, Imagem corporal e Fatores associados à saúde do adolescente
O estudo da percepção da imagem corporal torna-se importante na saúde do
adolescente para que as ações educativas desenvolvidas, principalmente no ambiente escolar,
sejam direcionadas em prol da promoção da saúde e prevenção de doenças que possam estar
relacionada com a satisfação ou insatisfação da aparência do corpo.
A percepção é um desenvolvimento mental dos sujeitos com o meio em que vive,
acontecendo mediante mecanismos perceptivos e cognitivos pelos estímulos sensoriais
externos, os cinco sentidos (DEL RIO, 1999).
Segundo Idrus et al. (2010), a percepção compreende o que está acontecendo,
quem está ao redor de si, o que os outros indivíduos estão realizando, quais sentimentos estão
sendo transmitidas, e se podem ou não ser detectados.
Sob a ótima da psicologia, a percepção é o delineamento pelo qual a estimulação
dos sentidos é transformada em experiência, visível a nossa experimentação, estando
relacionada a diversas vivências de ordem concreta, como reflexão, lembrança e imaginação
(SANTOS; SOUZA, 2015).
20
Assim posto, a imagem corporal é um fenômeno modificável, que revela os
desejos, as atitudes emocionais e a interação entre pares. É a figura do próprio corpo que o
indivíduo formula na mente (SMOLAK, 2004). Está interiormente interligada ao conceito de
si e é influenciada pelas dinâmicas relacionais entre o indivíduo e o ambiente em que vive.
Além disso, a construção e o desenvolvimento da imagem corporal tem associação com as
percepções de cultura e sociedade (ALVES et al., 2009).
Segundo as contribuições de Seymour Fisher, o funcionamento da imagem
corporal é baseada na estabilidade de um eixo central, que fortalece a noção contínua da
identidade do corpo e a adaptação às transformações durante a vida para que permita ao
indivíduo expressar novamente suas vivências (RIBEIRO; TAVARES, 2011).
A imagem corporal também pode ser construída pelos sentidos, principalmente
pela visão. Contudo, o tato e a audição são fundamentais nesse processo, sobretudo em
pessoas com deficiências visuais, em que o toque e a descrição de si pelo outro são os
principais alicerces na construção e percepção da sua própria imagem (BARBOSA et al.,
2013).
Sendo assim, a imagem corporal é uma percepção que engloba fatores
relacionadas ao desenvolvimento físico, emocional e mental (SECCHI et al., 2009).
Estudos mostram que diversos fatores podem influenciar a imagem corporal tanto
positiva e negativamente, podendo proporcionar consequências de cunho patológico, como os
transtornos alimentares. A população brasileira, principalmente o sexo feminino, valoriza o
corpo em conformidade com um padrão estético midiático de beleza (GOLDENBERG, 2010).
A imagem corporal está intimamente ligada às percepções que o indivíduo tem
dos reais atributos físicos e dos que ele gostaria de possuir. No Brasil, nas últimas três
décadas, essa questão tem sido evidenciada pelas mudanças nos contextos sociopolítico,
cultural e epidemiológico (LAUS et al., 2014).
O estudo de Caccavale, Farhat e Iannotti (2012) evidenciou que o fator idade não
influencia na construção da imagem corporal, contudo o adolescente do sexo masculino
apresenta maior satisfação com o corpo que o sexo feminino. Outro dado relevante dessa
pesquisa foi o engajamento social ser um fator protetor que pode influenciar positivamente na
insatisfação da imagem do corpo. Dessa forma, observou-se uma associação entre ter um bom
engajamento social (conversar e interagir com amigos de ambos o sexo) e a imagem corporal
satisfatória.
21
O desenvolvimento de uma patologia associado a um procedimento cirúrgico em
adolescentes também pode influenciar na construção da imagem corporal e da autoestima.
Com isso, percebe-se que o cuidado com o adolescente deve ser muito além do que as
características peculiares do período, sendo importante observar o indivíduo integralmente, na
dimensão biopsicossocial.
Assim, um estudo com adolescentes que apresentavam cardiopatia congênita após
cirurgia mostrou que as meninas apresentam menor percepção da imagem corporal por conta
da aparência física alterada por cicatrizes se comparado a um grupo controle de adolescentes
sem a patologia, contudo não houve diferença entre os grupos na questão da autoestima (PIKE
et al., 2014).
As adolescentes sofrem mais influencia/pressão dos pais em relação aos hábitos
alimentares para manter um corpo definido do que os meninos, devido ao fato dos pais dessas
meninas demonstrarem maior preocupação para que a filha não se torne uma obesa na fase
adulta. Dessa forma, o sexo feminino apresenta maior preocupação com o excesso de peso
que o sexo masculino, que por sua vez se avaliou com uma aparência mais positiva (REINA
et al., 2013).
A associação entre estado nutricional e a imagem corporal é observada no estudo
de crianças e adolescentes de escolas do meio rural da cidade de Santa Maria/RS, em que
crianças e adolescentes do meio rural apresentaram alta prevalência de insatisfação corporal e,
esta é diretamente proporcional ao índice de massa corporal (IMC), a circunferência da
cintura e o percentual de gordura (SANTINI; KIRSTEN, 2012).
A influência do peso corporal e o comportamento sedentário no adolescente
podem refletir na percepção da imagem corporal. O estudo de Farhat, Iannotti e Caccavale
(2014) demostrou que os adolescentes tem uma insatisfação corporal quando se associa
sobrepeso/obesidade e um comportamento sedentário. Já as adolescentes que apresentaram
obesidade relataram o uso de tabaco. Assim, quando os adolescentes, ambos os sexos,
referiram prática de atividade física, baixo comportamento sedentário e peso adequado para a
idade, a imagem corporal mostrou-se positiva, o que leva a uma autoestima elevada.
O uso de tabaco e bebidas alcoólicas remete a um comportamento de risco, muito
comum no período da adolescência. O uso do álcool pode ser interpretado como um fator
negativo ao cuidado com o corpo, influenciando na imagem corporal. Com isso, os indivíduos
propensos a comportamentos não saudáveis tendem a insatisfação com o corpo e sua imagem
(LAMIS et al., 2010).
22
Em estudo realizado na África, constatou-se associação significativa entre
depressão, uso de bebidas alcoólicas e comportamento sexual de risco, principalmente por ser
um país com números elevados de casos de aids. Contudo, evidenciou-se também que
melhorar o estado depressivo dos indivíduos, pode, teoricamente, contribuir para a diminuição
de práticas sexuais desprotegidas (LUNDBERG et al., 2011).
Mulheres africanas com múltiplos parceiros sexuais e com sofrimento psíquico
apresenta tendência a comportamento sexual de risco. Dessa forma, observa-se que o sexo
feminino pode apresentar inferioridade em relação à percepção da imagem corporal,
evidenciando baixa autoestima (LUNDBERG et al., 2011).
Esse estudo mostrou que há relação significativa entre comportamento de risco,
uso de álcool e múltiplos parceiros, situações facilmente encontradas na fase da adolescência
e que, se não dialogadas, discutidas e refletidas juntamente aos adolescentes pode influenciar
na satisfação da imagem do corpo e, consequentemente, a situações de desconstrução da
identidade pessoal.
A soropositividade é outro fator que pode ocasionar consequências marcantes na
IC ou pelo zelo ou pelo descaso na percepção da sua imagem corporal. Isso ocorre em
mulheres grávidas portadoras de HIV/aids, que se inquietam com as mudanças sofridas no
corpo em decorrência da gravidez em confronto com as da patologia (MATTOS et al., 2014).
Essas pesquisas enfatizam e corroboram com a importância do estudo da temática
imagem corporal pela enfermagem para fortalecer a prática do enfermeiro no cuidado a saúde
do adolescente e as políticas públicas direcionadas a esse público. Além de contribuir para a
observação dos fatores que podem influenciar na satisfação e/ou insatisfação da percepção da
imagem corporal, o que facilitará no desenvolvimento de ações educativas direcionadas.
23
4 MÉTODO
4.1 Tipo de estudo
Estudo transversal, de abordagem quantitativa. O estudo transversal tem por
características apresentar as medições em uma única ocasião ou durante um curto período de
tempo, são úteis quando se quer descrever variáveis e seus padrões de distribuição, também
podem examinar associações entre variáveis preditoras e de desfecho. Contudo, elas são
definidas apenas com base nas hipóteses de causa-efeito do investigador, e não do
delineamento do estudo (HULLEY et al., 2015).
Esse tipo de estudo geralmente fornece informações importantes como a
prevalência de um desfecho, isto é, a proporção que tem uma condição clínica em um
determinado momento. Um ponto forte dos estudos transversais é que não é necessário
esperar pela ocorrência do desfecho, fazendo com que esses estudos sejam rápidos, de baixo
custo e evita o problema das perdas no seguimento (HULLEY et al., 2015).
Para esta pesquisa, foi realizada análise secundária do banco de dados de um
projeto de pesquisa integrado sob o título “Fortaleça sua saúde: um programa de intervenção
interdisciplinar para a promoção de um estilo de vida ativo e saudável em escolares”, parceria
da Universidade Federal do Ceará com a Universidade Federal de Santa Catarina. Esse
projeto principal é caracterizado como uma intervenção randomizada e controlada,
envolvendo ações educacionais, mudanças ambientais e capacitação de professores em
escolas da rede pública municipal de Fortaleza, não sendo enfatizadas no presente estudo.
4.2 Local do estudo
A pesquisa foi realizada em escolas da rede pública municipal de Fortaleza – CE
devido a grande concentração de jovens, cerca de 80% dos escolares (equivalente a 185.968
alunos) matriculados nessas instituições (INEP, 2013), e a integração dessas escolas com o
PSE, o que facilita a comunicação com profissionais acerca do desenvolvimento de atividades
de intervenção.
Em 2014, 165 escolas municipais se comprometeram com as diretrizes do PSE;
40 delas possuem turmas de ensino fundamental (6º ao 9º ano), e destas apenas seis (15%)
tornaram-se escolas de Ensino de Tempo Integral (ETI), uma por cada Secretaria Executiva
24
Regional (SER), pois, em termos administrativos, o município de Fortaleza está dividido em
seis SER, que funcionam como executoras das políticas públicas municipais. Essas seis
escolas foram selecionadas para este estudo.
Todas as seis ETI de Fortaleza - CE foram convidadas a participar do estudo. Elas
atenderam aos seguintes critérios de inclusão:
� Pertencer a rede municipal;
� Ter turmas de 7º a 9º ano;
� Estar incluída no PSE.
4.3 População/amostra
A população foi composta por adolescentes de ambos os sexos, faixa etária entre
11 e 17 anos, devidamente matriculados nos 7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental nas ETI
da rede pública municipal de Fortaleza – CE. Ressalta-se que esses estudantes estiveram
envolvidos na avaliação de linha de base do projeto de pesquisa integrado “Fortaleça sua
saúde: um programa de intervenção interdisciplinar para a promoção de um estilo de vida
ativo e saudável em escolares”.
Essa faixa etária é compreendida pelas subfases do período da adolescência:
adolescência inicial (dos 11 a 14 anos) e adolescência média (15 a 17 anos), em que o
indivíduo apresenta-se preocupado com as rápidas mudanças corporais, esforçando-se
progressivamente pela independência dos pais e dos comportamentos infantis
(HOCKENBERRY; WIULSON, 2011; SANTROCK, 2014). Além disso, considerou-se o
mínimo de escolarização necessário para responder ao questionário e também pela
proximidade da faixa etária de referência preconizada pela WHO, que é de 13 a 15 anos
(IBGE, 2013).
Nas seis ETI, dos 1272 estudantes elegíveis, 1182 preencheram as medidas basais
(mais de 90% de alunos elegíveis das escolas), compondo a amostra final. A principal razão
para a não participação do estudo foi a ausência do aluno na escola durante os dias da coleta
de dados, conforme mostrado no artigo de métodos do projeto de pesquisa “Fortaleça sua
saúde: um programa de intervenção interdisciplinar para a promoção de um estilo de vida
ativo e saudável em escolares” (BARBOSA FILHO et al., 2015).
4.4 Coleta de dados
25
A coleta de dados ocorreu em cinco fases, como descrito na Figura 1.
Figura 1 – Fluxograma das etapas de coleta de dados. Fortaleza, CE, Brasil, 2014.
Fonte: Autoria Própria (2014).
A fase 1 corresponde ao contato realizado com a Secretaria Municipal da
Educação (SME) de Fortaleza bem como a aproximação com diretores e professores das
escolas escolhidas para explanação do objetivo da pesquisa.
Na fase 2, os treinamentos dos avaliadores com explicações teóricas foram
realizados mediante acompanhamento de um manual com instruções acerca da logística da
coleta de dados da pesquisa com o objetivo de padronizar a aplicação do instrumento e a
aferição das medidas antropométricas. Foi um momento para a retirada de eventuais dúvidas
sobre o seguimento da coleta.
O momento seguinte, a fase 3, foi a realização de simulação prática (teste piloto)
por avaliadores previamente treinados em explicações teóricas. O teste piloto foi realizado em
duas escolas da rede pública de Fortaleza – CE que não são ETI, selecionada por
conveniência, situadas na SER I. A amostra foi composta por 314 alunos matriculados nas
séries de 7º a 9º ano, com idades entre 11 e 18 anos, de ambos os sexos, em três diferentes
turmas. Essa coleta ocorreu em maio de 2014 com o intuito de verificar a logística de
aplicação do questionário assim como a acessibilidade da linguagem do questionário.
Coleta de dados
Fase 1 – Aproximação com as escolas (contato com diretores e professores)
Fase 2 – Treinamento dos avaliadores que acompanharam a aplicação do questionário para eventuais dúvidas
Fase 5 – Aplicação do questionário e da escala com os adolescentes escolares. Avaliação antropométrica
Fase 3 – Teste piloto do questionário
Fase 4 – Preparação dos adolescentes escolares acerca do questionário e da aplicação da escala de silhuetas de Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1983)
26
A fase 4 corresponde a preparação dos adolescentes escolares acerca do
questionário e da aplicação da escala de silhuetas de Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1983)
(ANEXO A), em que os facilitadores da aplicação do questionário se apresentaram e
informaram a relevância e o objetivo da pesquisa, além de assegurá-los da sigilosidade das
respostas bem como reforçar a importância da veracidade nas respostas dos questionamentos.
Nesta fase, foram entregues os termos de consentimento aos escolares para autorização à
participação no estudo pelos pais/responsáveis.
A fase 5 ocorreu durante o mês de julho de 2014, turnos manhã e/ou tarde.
Ressalta-se que nesse período os alunos estavam em período letivo devido a greves que
ocorreram anteriormente. Essa fase envolveu a aplicação do questionário, da escala de
silhuetas e da avaliação antropométrica com os adolescentes escolares, em que se fez a leitura
das questões do questionário, esclarecendo algumas dúvidas quanto a alguns conceitos, como
“indivíduo fisicamente ativo”, e enfatizando alguns enunciados, como explicar aos alunos o
que significa concordar (achar que a afirmação está CORRETA) e discordar (achar que a
afirmação está ERRADA). É importante ressaltar que, em meio a aplicação das questões
envolvendo especificamente a escala de silhuetas, ocorreram comentários insinuantes e
provocantes, principalmente, a colegas com forma física fora do preconizado pelos padrões
midiáticos, como no comentário de um adolescente:
“Você é a figura 9, porque é gorda!” [riso geral] (ADOLESCENTE A).
4.4.1 Instrumento de coleta de dados
As questões utilizadas para o presente estudo foram extraídas do instrumento do
programa “Fortaleça sua saúde: um programa de intervenção interdisciplinar para a promoção
de um estilo de vida ativo e saudável em escolares”, que foi baseado em questionários
prévios, devidamente validados e aplicados com adolescentes brasileiros, contendo fatores
biológicos, sociais e comportamentais. A confiabilidade dessas questões para a população de
Fortaleza - CE foi apresentada em uma publicação (BARBOSA FILHO et al., 2015).
O questionário do estudo contém questões objetivas relacionadas aos fatores
biológicos (sexo e idade), sociais (série, escolaridade dos pais, bens materiais, qualidade de
vida e percepção de saúde) e comportamentais (prática de atividade física, relação sexual e
uso do preservativo, comportamentos alimentares, uso de tabaco e álcool), avaliação
27
antropométrica (peso, altura, classificação do IMC). Ainda no mesmo questionário, tem-se a
escala de silhuetas (ANEXO A).
No que concerne os aspectos biológicos, identificam-se o sexo, masculino e
feminino, e a idade em anos. No item fatores sociais, tem-se a série, a escolaridade dos pais,
que foi avaliada de acordo com a pontuação da Associação Brasileira das Empresas de
Pesquisa (ABEP, 2012):
Em continuidade ainda nos itens sociais, identificou-se os bens materiais dos
indivíduos participantes quanto à classe econômica (A1: 42-46 pontos; A2: 35-41 pontos; B1:
29-34 pontos; B2: 23-28 pontos; C1: 18-22 pontos; C2: 14-17 pontos; D: 8-13 pontos; E: 0-7
pontos), baseando-se na pontuação relativa à quantidade de bens (televisão em cores, rádio,
banheiro, automóvel, empregada mensalista, máquina de lavar, vídeo cassete e/ou DVD,
geladeira, freezer) na casa e à escolaridade do chefe da família de cada adolescente (ABEP,
2012). Nos resultados, a classificação foi agrupada em classes B, C, D/E devido as respostas
dos adolescentes, em que houve prevalência dessas classes, sendo necessário a junção das
classes D e E devido o percentual de ambos serem significativamente pequenos.
E por fim, a qualidade de vida e a percepção de saúde dos adolescentes foram
baseados nos conceitos preconizados pela World Health Organization (WHO). A qualidade
de vida reflete a percepção dos indivíduos acerca da satisfação das suas necessidades e das
oportunidades para o alcance da felicidade e bem-estar, que não estejam sendo lhe negadas,
independente do estado de saúde físico ou das condições sociais e econômicas (WHO, 1998).
A percepção de saúde é considerada um recurso que permite as pessoas a levar
uma vida individual, social e economicamente produtiva, é um recurso para a vida e não um
objeto de viver. É um conceito positivo que engloba recursos sociais e pessoais, e capacidades
físicas (WHO, 1998).
Escolaridade dos pais Pontuação Analfabeto / Fundamental 1 Incompleto 0 Fundamental 1 Completo / Fundamental 2 Incompleto 1 Fundamental 2 Completo / Médio Incompleto 2 Médio Completo / Superior Incompleto 4 Superior completo 8
28
A qualidade de vida e a percepção de saúde foram mensuradas através de dois
itens do instrumento de avaliação da qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde
(WHOQOL-100) (FLECK et al., 1999).
Em relação ao fator comportamental, identificou-se a atividade física praticada
mediante o preenchimento de uma lista com 25 atividades físicas habitualmente realizadas por
adolescentes brasileiros, os quais reportaram também a frequência semanal e a duração diária
das atividades, considerando uma semana habitual. Para a determinação do nível de atividade
física, somou-se o produto do tempo da realização da atividade física pelas respectivas
frequências de prática, classificando os adolescentes em suficientemente ativo, com prática de
atividade física igual ou superior a 300 min por semana, e insuficientemente ativos, os abaixo
de 300min/sem (FARIAS JÚNIOR et al., 2012).
O questionamento acerca do uso do preservativo masculino nas relações sexuais
nos últimos 12 meses foi baseada nas perguntas acerca da saúde sexual e reprodutiva do
PeNSE 2012. Fez-se necessário pela relevância dos indicadores epidemiológicos que tem
demonstrado uma prevalência de casos de DST/HIV em adolescentes e jovens (UNICEF,
2011), e por, aproximadamente, um em cada três adolescentes apresentam comportamento de
risco para a saúde, como expor-se a infecção pelo HIV (CAMPO-ARIAS; CEBALLO;
HERAZO, 2010). Outro aspecto importante é a falta de comunicação entre pais e filhas acerca
das DST/aids, o que pode vir a interferir no uso de camisinha, já que o dialogo entre eles
quando relacionados a temáticas da sexualidade restringe-se apenas a gravidez (GUBERT et
al., 2013).
Em continuidade, os comportamentos alimentares foram avaliados utilizando-se
três itens relacionados a alimentos saudáveis (suco de frutas, frutas e legumes) e três
alimentos não saudáveis (refrigerantes, alimentos salgados e doces) em uma semana habitual
(MALTA et al., 2009; GUEDES; LOPES, 2010; IBGE, 2013). Os seis itens relacionados a
alimentos saudáveis e não saudáveis foram agrupados em duas categorias de acordo com o
guia alimentar para a população brasileira (BRASIL, 2014):
• Alimentos in natura ou minimamente processados (alimento saudável): obtidos
diretamente de plantas ou animais, que não tenha sofrido nenhuma alteração, ou que tenham
submetidos a alterações mínimas. Exemplo: legumes, verduras, frutas, sucos de frutas.
• Alimentos ultraprocessados (alimento não saudável): formulações industriais
fabricadas em diversas etapas e técnicas de processamento, como extrusão, moldagem, e pré-
29
processamento por fritura ou cozimento. Exemplo: refrigerantes, salgadinhos, biscoitos,
bolos.
Em cada uma dessas categorias, houve a seguinte classificação: - nenhum dos 3
alimentos (não ingere nenhum alimento saudável ou não saudável); - ao menos 1 dos 3
alimentos/dia (ingere pelo menos 1 alimento saudável ou não saudável).
O uso de álcool e tabaco foi avaliado através das questões acerca da frequência da
ingestão de uma dose de bebida alcoólica e do uso de cigarros nos 30 dias precedentes à
pesquisa, do Youth Risk Behavior Survey (YRBS) versão 2007 traduzida (GUEDES; LOPES,
2010).
A avaliação antropométrica incluiu a medição do peso (kg) e da altura (cm), e o
cálculo do índice de massa corporal (IMC) (peso [kg] / estatura2 [m2]), sendo considerada a
classificação proposta pela ABESO (2009):
Após abordagem dos fatores, fez-se a avaliação da escala de silhuetas (ANEXO
A) proposta por Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1983) que permite identificar a percepção
corporal e a satisfação com a imagem do corpo entre os adolescentes por meio de nove
silhuetas. O conjunto de silhuetas será mostrado aos adolescentes e estes responderão a três
perguntas: Qual é o número que melhor representa a sua aparência física atualmente (real)?
Qual o número que considera uma imagem de corpo saudável? Qual o número que você
gostaria de ter (ideal)?
Quando a variação entre a silhueta real e ideal for igual a zero, os escolares serão
classificados como satisfeitos; e se diferente de zero, insatisfeitos. Caso a diferença seja
positiva (real – ideal), caracterizará como uma insatisfação pelo desejo de reduzir a silhueta,
e, quando negativa, uma insatisfação pelo desejo de aumentar (FIDELIX et al., 2011;
FIDELIX et al., 2013).
Classificação IMC (kg/m 2) Baixo peso < 18,5
Peso saudável 18,5 - 24,9 Sobrepeso 25 - 29,9 Obesidade ≥ 30
30
Figura 2. Escalas de Silhuetas
Fonte: STUNKARD; SORENSEN; SCHULSINGER, 1983.
4.5 Descrição e Análise dos dados
Os dados foram digitalizados usando o software SPHYNX® (Sphynx Software
Solutions Inc., Washington, USA), com correção de erros e/ou inconsistência. Posteriormente,
todos os dados foram convertidos para uma base de dados do Excel.
Em seguida, foram exportados e processados no software estatístico IBM SPS ®
Statistics versão 20.0, licença nº 10101131007, cuja aplicação exigiu a conversão das
respostas em valores numéricos.
Os resultados foram apresentados em tabelas, com as frequências absolutas e
percentuais. Calculou-se a medida estatística (média) das variáveis: sexo, série, faixa etária,
escolaridade dos pais, qualidade de vida, percepção de saúde, bens materiais, prática de
atividade física, uso do preservativo, uso de tabaco e álcool e IMC.
A associação entre a imagem corporal, segundo o gênero, foi realizada por meio
do teste Qui-Quadrado de tendência para proporções. Analisou-se a correlação linear entre a
escala de silhuetas (percepção da imagem corporal) referentes à aparência atual (real), à
imagem de corpo saudável e à imagem que gostaria de ter (ideal) com as variáveis idade e
IMC por meio do coeficiente de correlação linear rs de Spearman.
As associações entre percepção da imagem corporal e fatores biológicos, sociais e
comportamentais foram analisadas por meio do teste Qui-Quadrado. Foram consideradas
como estatisticamente significantes as análises com p<0,05.
Meninos
Meninas
31
4.6 Aspectos éticos
Este estudo seguiu os princípios éticos da pesquisa que envolve seres humanos,
Resolução CSN nº 466, de 12 de dezembro de 2012 nos termos do Decreto de Delegação de
Competência de 12 de novembro de 1991, que se baseia em quatro princípios básicos da
bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça.
Os princípios da bioética citados anteriormente tem como objetivo assegurar
direitos e deveres dos sujeitos da pesquisa e dos pesquisadores do estudo, além de garantir ao
sujeito o direito de escolher participar ou não do estudo.
A participação dos escolares envolvidos será autorizada pelos pais/responsáveis,
mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A)
(BRASIL, 2013).
Para as escolas sorteadas para participar da pesquisa, será solicitado a autorização
da Secretaria Municipal de Educação (APÊNDICE B) e da direção de cada escola. O presente
projeto de pesquisa foi submetido ao Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP) e
aprovado sob Parecer Consubstanciado Número 301.456 (ANEXO B).
32
5 RESULTADOS
Nessa sessão, os resultados do estudo foram organizados em três momentos:
fatores biológicos, sociais e comportamentais; imagem corporal entre os adolescentes
escolares; relação da imagem corporal com fatores biológicos, sociais e comportamentais.
5.1 Fatores biológicos, sociais e comportamentais dos adolescentes escolares
Os dados acerca dos fatores biológicos, sociais e comportamentais foram descritos
na Tabela 1. Quanto aos fatores biológicos, 608 (51,5%) dos adolescentes eram do sexo
masculino e 572 (48,5%) do sexo feminino. A faixa etária predominante foi a adolescência
inicial (n: 921; 78,2%), que compreende as idades entre 11 e 14 anos.
Em relação aos dados sociais, houve prevalência de alunos cursando o 7º ano (n:
493, 41,7%) e 8º ano (n: 424, 35,9%), provavelmente em decorrência do maior número de
turmas em comparação ao 9º ano. Quanto à escolaridade dos pais dos adolescentes, existiu
semelhança entre pai (n: 459, 40,3%) e mãe (n: 480, 40,9%) com anos de estudo classificados
na categoria Fundamental 1 completo/Fundamental 2 incompleto. A maioria dos pesquisados
foram classificados, de acordo com os critérios da Associação Brasileira das Empresas de
Pesquisa (ABEP, 2012), na Classe C (n: 685, 64,9%), com renda média mensal variando de
R$ 1.277,00 a R$ 1.865,00.
Observou-se que 577 (48,9%) adolescentes atribuiu uma boa percepção na sua
qualidade de vida, seguida de muito boa (n: 305, 25,8%). Em relação à saúde, a maioria (n:
599, 50,9%) referiu boa, contudo um percentual menor (n: 295, 25,1%) teve uma percepção
regular de sua saúde.
Dentre os fatores comportamentais, quanto ao nível de atividade física, através de
uma lista de opções com frequência e duração semanal, mais da metade foi considerado
insuficientemente ativo (n: 685, 58,0%).
Observou-se uma prevalência significativa de não inicial da atividade sexual entre
os adolescentes das escolas (n: 929, 78,7%) no último ano. Entre os que referiram ter tido
relação sexual (n: 252), 102 (40,5%) às vezes faz uso do preservativo; 83 (32,9%) sempre
usam; 67 (26,6%) nunca usam.
Acerca dos comportamentos alimentares de uma semana habitual, 758 (64,5%)
adolescentes referiram não ingerir nenhum alimento in natura ou minimamente processado e
33
418 (35,5%), relataram ingerir pelo menos 1 dos 3 alimentos saudáveis questionados. Quanto
aos alimentos ultraprocessados, 623 (53,3%) adolescentes não consumiram nenhum desses
alimentos, porém um percentual considerável (n: 545, 46,7%) citou ter consumido pelo menos
1 dos 3 alimentos considerados não saudáveis.
Os adolescentes ao serem questionados se no último mês haviam ingerido pelo
menos uma dose de bebida alcoólica, 910 (77,0%) disseram nenhum dia, seguido de 1 a 5 dias
(n: 230, 19,5%). Quanto aos dias que fumou cigarro, quase a totalidade (n: 1104, 93,6%)
referiu nenhum dia.
Após análise das medidas antropométricas, os adolescentes foram classificados
quanto ao IMC, em que menos da metade apresentou peso saudável (n: 566, 48,1%), seguido
de baixo peso (n: 471; 40,1%).
Tabela 1 - Fatores biológicos, sociais e comportamentais dos adolescentes escolares. Fortaleza-CE, 2014. Fatores n % Sexo Masculino 608 51,5 Feminino 572 48,5 Faixa etária Adolescência inicial 921 78,2 Adolescência média 256 21,8 Série 7º ano 493 41,7 8º ano 424 35,9 9º ano 264 22,4 Escolaridade Pai Analfabeto/Fundamental 1 Incompleto 115 10,1 Fundamental 1 Completo/Fundamental 2 Incompleto 459 40,3 Fundamental 2 Completo/Médio Incompleto 325 28,6 Médio Completo/Superior Incompleto 194 17,0 Superior Completo 45 4,0 Escolaridade Mãe Analfabeto/Fundamental 1 Incompleto 101 8,6 Fundamental 1 Completo/Fundamental 2 Incompleto 480 40,9 Fundamental 2 Completo/Médio Incompleto 352 30,0 Médio Completo/Superior Incompleto 203 17,3 Superior Completo 37 3,1 Classe Econômica C 685 64,9 B 267 25,3 D/E 104 9,8
Qualidade de vida Muito boa 305 25,8 Boa 577 48,9 Regular 266 22,5 Ruim 33 2,8
34
Percepção de Saúde Muito boa 253 21,5 Boa 599 50,9 Regular 295 25,1 Ruim 30 2,5 Nível de Atividade Física Insuficientemente ativo 685 58,0 Suficientemente ativo 496 42,0
Relação Sexual Não teve relação sexual 929 78,7 Teve relação sexual 252 21,3 Uso do preservativo Nunca usei 67 26,6 Ás vezes 102 40,5 Sempre 83 32,9 Comportamentos alimentares
Alimentos in natura ou minimamente processados Nenhum dos 3 alimentos 758 64,5 Ao menos 1 dos 3 alimentos/dia 418 35,5
Alimentos ultraprocessados Nenhum dos 3 alimentos 623 53,3 Ao menos 1 dos 3 alimentos/dia 545 46,7
Nº de dias de ingestão de bebida alcoólica nos últimos 30 dias Nenhum 910 77,0 1 a 5 230 19,5 6 ou mais 41 3,5 Nº de cigarros/dia nos últimos 30 dias Nenhum 1104 93,6 1 a 5 63 5,3 6 ou mais 13 1,1 IMC Classificação Baixo peso 471 40,1 Peso saudável 566 48,1 Sobrepeso 104 8,8 Obesidade 35 3,0
Fonte: Elaboração própria (2014).
5.2 Imagem corporal entre os adolescentes escolares
Ao observar a tabela 2, percebeu-se que a maior parcela dos adolescentes do
gênero masculino e feminino escolheu a silhueta 3 como a aparência física atual (real),
respectivamente, 24,7% e 29,9%. Não houve diferença entre os sexos na percepção do corpo
atual (p=0,060).
Tabela 2. Percepção da Imagem Corporal entre adolescentes escolares em relação à aparência física atual (real). Fortaleza-CE, 2014.
35
*Teste de Qui-quadrado de tendência linear para proporções
Entretanto na percepção do que seria considerado um corpo saudável, a tabela 3
revelou que a maior parte dos adolescentes do sexo masculino tiveram tendência linear para
escolher uma silhueta maior, imagem 4 (45,8%), enquanto o sexo feminino apresentou
tendência para identificação com a silhueta igual a da silhueta atual, imagem 3 (41,2%).
Houve diferença significativa da distribuição real entre as nove figuras de silhuetas na
percepção do corpo saudável entre os gêneros masculino e feminino (p<0,0001).
Tabela 3. Percepção da Imagem Corporal entre adolescentes escolares em relação à imagem de um corpo saudável. Fortaleza-CE, 2014.
*Teste de Qui-quadrado de tendência linear para proporções
Da mesma forma que na tabela anterior, verificou-se diferença significativa na
imagem de corpo ideal (Tabela 4) entre os gêneros masculino e feminino (p<0,0001), em que
a maior parte do sexo masculino teve tendência linear para a escolha de uma silhueta maior,
Imagem
(figuras)
Aparência física atual (real)
Masculino Feminino
n % n %
1 23 3,8 24 4,2 2 139 22,9 145 25,3 3 150 24,7 171 29,9 4 142 23,4 131 22,9 5 80 13,2 63 11,0 6 38 6,3 23 4,0 7 23 3,8 11 1,9 8 8 1,3 3 0,5 9 4 0,7 1 0,2
Valor p* 0,060
Imagem
(figuras)
Imagem de corpo saudável
Masculino Feminino
n % n %
1 11 1,8 18 3,2 2 54 8,9 60 10,5 3 138 22,7 235 41,2 4 278 45,8 210 36,8 5 101 16,6 29 5,1 6 13 2,1 9 1,6 7 3 0,5 3 0,5 8 2 0,3 2 0,4 9 7 1,2 5 0,9
Valor p* <0,0001
36
imagem 4 (45,0%) e o sexo feminino, permanecendo na imagem 3 (46,0%), como a imagem
que gostaria de ter (ideal).
Tabela 4. Percepção da Imagem Corporal entre adolescentes escolares em relação à imagem que gostaria de ter (ideal). Fortaleza-CE, 2014.
*Teste de Qui-quadrado de tendência linear para proporções
Na tabela 5, observou-se predominância dos adolescentes escolares tanto do sexo
masculino quanto do feminino (n: 467, 77,1% e n: 443, 77,4%, respectivamente) de
insatisfação com a percepção da imagem corporal. Em relação à diferença entre os gêneros
pelo desejo de aumentar ou reduzir a silhueta, ambos tiveram prevalência por aumentar a
silhueta, no entanto houve uma tendência maior do sexo masculino ao desejo de aumentar
(45,2%) enquanto que o sexo feminino em reduzir a silhueta (37,8%), conforme observado
nas tabelas anteriores.
Tabela 5. Satisfação com a Imagem Corporal entre adolescentes escolares. Fortaleza-CE, 2014.
Satisfação com Imagem Corporal Masculino Feminino
n % n % Sim 139 22,9 129 22,6 Não 467 77,1 443 77,4
Insatisfação pelo desejo de aumentar a silhueta 274 45,2 227 39,7 Insatisfação pelo desejo de reduzir a silhueta 193 31,8 216 37,8
Fonte: Elaboração própria (2014).
5.3 Associação da imagem com fatores biológicos, sociais e comportamentais
Imagem
(figuras)
Imagem gostaria de ter (ideal)
Masculino Feminino
n % n %
1 11 1,8 18 3,1 2 58 9,6 67 11,7 3 141 23,2 263 46,0 4 273 45,0 188 32,9 5 99 16,3 25 4,4 6 12 2,0 3 0,5 7 6 1,0 3 0,5 8 0 0,0 0 0,0 9 7 1,2 5 0,9
Valor p* <0,0001
37
Na tabela 6, os resultados evidenciaram associação significativa entre os fatores
série escolar (p=0,005), qualidade de vida (p<0,0001), percepção de saúde (p<0,0001), IMC
(p<0,0001) e a satisfação ou insatisfação pela imagem corporal.
Os adolescentes que cursam o 7º e 9º anos apresentaram insatisfação com sua
imagem corporal, desejando aumentar a silhueta (41,4% e 50,0%, respectivamente), enquanto
que os alunos do 8º ano de diminuir a silhueta (40,5%).
Percebeu-se que os indivíduos que referiram qualidade de vida e percepção de
saúde ruim apresentaram o desejo de diminuir sua silhueta (66,7% e 56,7%, respectivamente),
demostrando insatisfação com sua imagem corporal.
Em relação ao IMC, evidenciou-se um resultado esperado, pois os adolescentes
que estavam insatisfeitos com a percepção da imagem corporal apresentaram os seguintes
resultados: os com baixo peso desejavam aumentar a silhueta (70,7%) e os com sobrepeso e
obesidade almejavam diminuir a silhueta (95,1% e 91,4%, respectivamente).
Tabela 6. Imagem corporal relacionada a fatores biológicos, sociais e comportamentais. Fortaleza-CE, 2014. Imagem Corporal
Valor p(1)
Fatores Satisfeito
Insatisfeito pelo desejo de aumentar a
silhueta
Insatisfeito pelo desejo de
diminuir a silhueta
n % n % n % Sexo Masculino 139 22,9 274 45,2 193 31,8
0,078 Feminino 129 22,6 227 39,7 216 37,8 Escola por SER SER I 45 21,7 88 42,5 74 35,7
0,639
SER II 23 20,9 47 42,7 40 36,4 SER III 41 21,6 79 41,6 70 36,8 SER IV 42 22,5 74 39,6 71 38,0 SER V 81 27,1 123 41,1 95 31,8 SER VI 36 19,4 90 48,4 60 32,3 Faixa etária Adolescência inicial 212 23,1 378 41,1 329 35,8
0,203 Adolescência média 55 21,5 121 47,3 80 31,2 Série 7º 122 24,7 204 41,4 167 33,9
0,005 8º 86 20,4 165 39,1 171 40,5 9º 60 22,7 132 50,0 72 27,3 Escolaridade Pai Analfabeto/Fundamental 1 Incompleto 23 20,0 58 50,4 34 29,6
0,646 Fundamental 1 Completo/ Fundamental 2 Incompleto
105 22,9 199 43,4 155 33,8
Fundamental 2 Completo/Médio Incompleto 74 22,9 133 41,2 116 35,9 Médio Completo/Superior Incompleto 43 22,2 75 38,7 76 39,2
38
Superior Completo 12 26,7 20 44,4 13 28,9 Escolaridade Mãe Analfabeto/Fundamental 1 Incompleto 27 26,7 41 40,6 33 32,7
0,273
Fundamental 1 Completo/ Fundamental 2 Incompleto
93 19,4 220 45,8 167 34,8
Fundamental 2 Completo/Médio Incompleto 84 23,9 147 41,9 120 34,2 Médio Completo/Superior Incompleto 51 25,2 74 36,6 77 38,1 Superior Completo 12 32,4 15 40,5 10 27,0 Classe Econômica D/E 24 23,3 53 51,5 26 25,2
0,289 C 152 22,2 291 42,5 241 35,2 B 66 24,7 112 41,9 89 33,3
Qualidade de vida Muito boa 91 29,8 122 40,0 92 30,2
<0,0001 Boa 121 21,0 259 45,0 196 34,0 Regular 51 19,2 114 43,0 100 37,7 Ruim 5 15,2 6 18,2 22 66,7 Percepção de Saúde Muito boa 83 32,8 100 39,5 70 27,7
<0,0001 Boa 135 22,5 272 45,4 192 32,1 Regular 47 16,0 117 39,9 129 44,0 Ruim 1 3,3 12 40,0 17 56,7 Nível de Atividade Física Suficientemente ativo 123 24,8 216 43,6 156 31,5
0,103 Insuficientemente ativo 145 21,2 285 41,7 254 37,1
Relação Sexual Não teve relação sexual 212 22,9 385 41,5 330 35,6
0,401 Teve relação sexual 56 22,2 116 46,0 80 31,7 Uso do preservativo Nunca usei 14 20,9 34 50,7 19 28,4
0,793 Ás vezes 21 20,6 45 44,1 36 35,3 Sempre 21 25,3 37 44,6 25 30,1
Comportamentos alimentares Alimentos in natura ou minimamente processados
Nenhum dos 3 alimentos 161 21,3 331 43,7 265 35,0 0,185
Ao menos 1 dos 3 alimentos/dia 107 25,7 165 39,6 145 34,8 Alimentos ultraprocessados
Nenhum dos 3 alimentos 138 22,2 256 41,2 228 36,7 0,403
Ao menos 1 dos 3 alimentos/dia 126 23,2 239 43,9 179 32,9 Nº de dias de ingestão de bebida alcoólica nos últimos 30 dias Nenhum 213 23,5 396 43,6 299 32,9
0,173 1 a 5 46 20,0 91 39,6 93 40,4 6 ou mais 9 22,0 14 34,1 18 43,9 Nº de cigarros/dia nos últimos 30 dias Nenhum 256 23,2 470 42,6 376 34,1
0,114 1 a 5 9 14,3 23 36,5 31 49,2 6 ou mais 3 23,1 7 53,8 3 23,1 IMC Classificação Baixo peso 100 21,2 333 70,7 38 8,1
<0,0001 Peso saudável 163 28,8 162 28,7 240 42,5 Sobrepeso 1 1,0 4 3,9 98 95,1 Obesidade 3 8,6 0 0,0 32 91,4
39
(1) Teste Qui-quadrado de Pearson (X²)
O uso do preservativo masculino quando relacionado a faixa etária do período da
adolescência não foi estatisticamente significante (p=0,063). Entretanto, observou-se uma
tendência na utilização sempre do preservativo nas relações sexuais na adolescência média (n:
40; 40,8%) e às vezes para a adolescência inicial (n: 64; 42,3%), conforme a tabela 7. Com
isso, evidenciou-se uma preocupação na faixa etária de iniciação sexual, adolescência
precoce, de que haja o uso descontínuo do preservativo masculino.
Tabela 7. Uso do preservativo masculino na adolescência. Fortaleza-CE, 2014.
* Teste Qui-quadrado de Pearson (X²)
Ao observar a tabela 8, em relação a variável idade, verificou-se correlação
positiva e significativa, porém fraca na percepção da imagem de um corpo ideal (rs=0,109;
p<0,0001), ou seja, as variáveis são diretamente proporcionais, pois quando a idade do
adolescente aumenta, maior é a silhueta que o adolescente escolheria para representar a
imagem que gostaria de ter.
Quanto a variável IMC, houve correlação positiva e significativa na percepção da
aparência física atual (rs=0,641; p<0,0001), ou seja, as variáveis são diretamente
proporcionais, se o IMC aumenta, maior a silhueta que o adolescente escolheria para
representar uma imagem real.
Tabela 8. Correlação linear entre imagem corporal, idade e IMC em ambos os gêneros. Fortaleza-CE, 2014.
Imagem corporal Idade (11 – 17 anos) IMC (kg/m²)
r s* p r s* p Aparência física atual (real) -0,007 0,823 0,641 < 0,0001 Imagem de corpo saudável 0,016 0,590 -0,061 0,037 Imagem gostaria de ter (ideal) 0,109 < 0,0001 -0,079 0,007
* rs de Spearman
Na tabela 9, quanto a variável idade, houve correlação linear positiva e
significativa, porém fraca somente no gênero feminino para a imagem ideal (rs=0,129;
Uso do preservativo Faixa etária
Valor p*
Adolescência inicial Adolescência média n % n %
Nunca usei 46 30,5 21 21,4 0,063 Às vezes 64 42,3 37 37,8
Sempre 41 27,2 40 40,8
40
p=0,002), significando que as variáveis são diretamente proporcionais, se a idade aumenta,
maior a silhueta que o adolescente escolheria para representar uma imagem que gostaria de
ter.
Para o IMC, em ambos os gêneros, houve correlação positiva, forte e significativa
para a aparência física atual (rs=0,610; p<0,0001, rs=0,709; p<0,0001, respectivamente), ou
seja, as variáveis são diretamente proporcionais, se o IMC aumenta, maior a silhueta que os
adolescentes escolheriam para representar uma imagem real.
Tabela 9. Correlação linear entre imagem corporal, idade e IMC entre os gêneros. Fortaleza-CE, 2014.
Gênero Imagem corporal Idade (11 – 17 anos) IMC (kg/m²)
r s* p r s* p
Masculino Aparência física atual (real) -0,048 0,240 0,610 < 0,0001 Imagem de corpo saudável -0,006 0,876 -0,033 0,417 Imagem gostaria de ter (ideal) 0,052 0,205 -0,064 0,116
Feminino Aparência física atual (real) 0,020 0,627 0,709 < 0,0001 Imagem de corpo saudável -0,005 0,903 -0,057 0,176 Imagem gostaria de ter (ideal) 0,129 0,002 -0,043 0,305
* rs de Spearman
41
6 DISCUSSÃO
Entre os adolescentes participantes desse estudo, houve pequena predominância
do sexo masculino (n: 608, 51,5%), resultado semelhante ao estudo de HYUN et al. (2014)
junto a 2117 adolescentes coreanos acerca dos fatores associados a imagem corporal.
Entretanto, alguns estudos relacionados a essa temática com adolescentes prevalece o sexo
feminino (PETROSKI; PELEGRINI; GLANER, 2012; SPURR; BERRY; WALKER, 2013;
BIBILONI et al., 2013).
A faixa etária predominante foi a adolescência inicial, idade entre 11 e 14 anos, o
que correspondente ao final do ensino fundamental e às mudanças puberais (HONG et al.,
2015; MARTINS et al., 2010). Contudo, alguns estudos tem faixa etária prevalente nos
períodos da adolescência média (15 a 17 anos) e tardia (18 e 20 anos) (DI BLASI et al., 2015;
PIKE et al., 2012).
Observou que houve prevalência dos adolescentes cursando o 7º (41,7%) e 8º
(35,9%) ano, possivelmente devido o maior número de turmas se comparado ao 9º ano. Em
outras pesquisas, verificou-se referência apenas ao ensino fundamental, sem especificação da
escolaridade em séries, como evidenciado no estudo de Fidelix et al. (2013), em que 85,4%
dos escolares participantes estavam nas séries pertencente ao ensino fundamental. Isso pode
estar relacionado ao fato dos estudos procurar identificar possíveis alterações da imagem
corporal no início das fases da adolescência para evitar possíveis complicações futuras.
Algumas pesquisas referem que um maior nível de escolaridade dos pais pode
contribuir para a discussão e orientação de diversos assuntos relacionados ao período da
adolescência, além de influenciar para a redução no processo de propagação da desigualdade
de renda entre gerações (ALMEIDA; CENTA, 2009; BAGGIO et al., 2009; REIS; RAMOS,
2011).
A escolaridade contribui para a comunicação entre pais e filhos, que se favorável
ao diálogo pode influenciar na obtenção de informações corretas e em uma relação de
confiabilidade com o filho adolescente (BRÊTAS et al., 2011). Assim, entende-se que esse
determinante social para os adolescentes do estudo encontra-se desfavorável, haja visto que a
escolaridade dos pais situou-se em uma média de cinco anos de estudos (Fundamental 1
completo/Fundamental 2 incompleto).
O nível econômico dos adolescentes desse estudo inseriu-se na classe C (64,9%),
corroborando com o estudo realizado em Gravataí, Rio Grande do Sul, em que 51,5% também
42
estavam nesta categoria de acordo com a classificação da ABEP (AERTS et al., 2011). Esse
dado reflete o que se vem observando na economia brasileira desde 2009, em que o país
experimentou a ascensão social das classes A e B (12,8%), seguida da classe C (11,1%)
(SCALON; SALATA, 2012; PORTAL BRASIL, 2014).
Os adolescentes possuem uma percepção positiva em relação a sua qualidade de
vida e saúde. Essa percepção pode estar relacionada a alguns elementos que o adolescente
associam, como ter uma prática alimentar saudável, realizar atividade física, não usar
substâncias lícitas e ilícitas, estar bem e ter qualidade de vida (SILVA et al., 2015; SILVA et
al., 2014; GARBIN et al., 2009). O mesmo se deu com adolescentes imigrantes da Espanha e
de Portugal que apresentaram percepções satisfatórias em relação à qualidade de vida e saúde
(HERNANDO et al., 2013; FARIAS JÚNIOR et al., 2012). Entretanto, Lima-Serrano, Lemos
e Nunes (2013) evidenciaram que adolescentes espanhóis se percebiam melhor em relação à
qualidade de vida quando comparados aos portugueses.
De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention a não prática da
atividade física é um importante fator indicador de comportamento de risco na adolescência
(SILVA et al., 2015) e está entre os quatros fatores de risco para mortalidade global (WHO,
2010). Ser insuficientemente ativo predominou entre os adolescentes desse estudo, o que os
expõem a situações vulneráveis em relação à saúde. O mesmo também prevaleceu no estudo
de Iepsen e Silva (2014).
Quanto ao comportamento sexual nos últimos 12 meses, somente 21,3% dos
adolescentes haviam iniciado a vida sexual, percentual inferior ao encontrado nos dados do
PeNSE 2009 e 2012, que revelaram que 30,5% e 28,7% dos escolares, respectivamente, já
tinham iniciado sua atividade sexual no último ano (IBGE, 2009; IBGE, 2013). Da mesma
forma, foi revelado no estudo de Costa et al. (2013) que 44,1% dos adolescentes afirmaram já
ter iniciado a atividade sexual. Essa diferença pode ser atribuída de que nesse estudo
predominou os adolescentes da faixa etária entre 11 e 14 anos.
Dentre os adolescentes que iniciaram a vida sexual, 40,5% referiram fazer uso “às
vezes” do preservativo masculino. Esse fato demonstra a necessidade de ações educativas na
escola para promover o uso regular do preservativo desde o início da vida sexual. Esse tipo de
comportamento tem elevado os dados estatísticos de infecção por DST/HIV e gravidez não
planejada durante a adolescência (UNAIDS, 2014; TRONCO; DELL'AGLIO, 2012). Mesmo
aqueles que se iniciam sexualmente com o uso da camisinha, tendem a abandoná-la em
43
virtude do estabelecimento de confiança com o parceiro, expondo-se também a situações de
riscos (COSTA et al., 2013; COSTA et al., 2015).
A literatura é enfática ao ressaltar a importância do adolescente em optar pelo uso
constante do preservativo em todas as relações. Isso reforça a sensibilização em adotar
comportamentos de prevenção e a compreensão deles em relação aos decorrentes índices de
infecção por DST/HIV em jovens, noticiados frequentemente pela mídia (BERTONI et al.,
2009; MARQUES JÚNIOR; GOMES; NASCIMENTO, 2012).
No presente estudo, dentre os comportamentos alimentares dos adolescentes foi
prevalente a não ingestão ou consumo de alimentos in natura (n: 758, 64,5%) e de alimentos
ultraprocessados (n: 623, 53,3%) durante uma semana habitual. Entretanto, deste último,
46,7% referiram ter ingerido pelo menos 1 dos 3 alimentos ultraprocessados, percentual
elevado quando comparado as conclusões do PeNSE 2012, em que os adolescentes, em cinco
ou mais dias na semana, relataram o consumo de guloseimas (41,3%), de biscoitos salgados
(35,1%) e de refrigerantes (33,2%), o que foi considerado um padrão regular e elevado de
uma alimentação não saudável por parcela significativa dos adolescentes brasileiros (IBGE,
2013).
Em estudo de Silva, Teixeira e Ferreira (2012), a maioria dos adolescentes
associou alimentação saudável com mudanças no estilo de vida e prevenção de doenças.
Apesar disso, outros estudos observaram uma diversificação de comportamentos alimentares,
que são constantemente modificados provavelmente pelos modismos alimentares ou pela
crescente divulgação de diversas dietas pelas mídias, como dietas tradicionais regidas pela
negação plena do ato de comer, com restrição total de alguns alimentos até a tentativa de uma
dieta que resgate o prazer em comer na busca pela eliminação do sofrimento de não poder
comer todo tipo de alimentos (LEONIDAS; SANTOS, 2013; SANTOS, 2010).
Essa diversificação ocorre, pois a adolescência é um período susceptível no que se
refere a comportamentos alimentares, que demanda maior necessidade de nutrientes devido ao
aumento do crescimento e desenvolvimento corporal, à mudança no estilo de vida e aos
hábitos alimentares, muitas vezes, inadequados (SOUZA et al., 2012).
Diante do exposto, verifica-se a necessidade de reorientação alimentar no grupo
de adolescentes estudados. Fato que se torna mais relevante pelos adolescentes estarem em
escolas de tempo integral, que preconiza três refeições baseadas em uma alimentação
saudável. Embora a maioria tenha apresentado IMC classificado como peso saudável, não
necessariamente implica que tenha sido com uma alimentação adequada. Isso corrobora com
44
o estudo de Silva, Teixeira e Ferreira (2014), em que na avaliação do adolescente existe uma
associação entre peso corporal e o tipo de alimentação de uma pessoa saudável.
O estudo observou que a maioria dos adolescentes não ingeriram bebidas
alcoólicas e nem fumaram cigarros no período de 30 dias. Resultado contrário ao apresentado
em estudo comparativo entre adolescentes portugueses e espanhóis, em que o álcool, seguido
do tabaco foram as substâncias lícitas mais usadas nos dois países europeus (LIMA-
SERRANO; LEMOS; NUNES, 2013).
Nesse estudo, houve prevalência de adolescentes escolares apresentarem peso
saudável (48,1%), seguido de baixo peso (40,1%). O mesmo ocorreu no estudo de Iepsen e
Silva (2014), em que 82,9% dos adolescentes escolares participantes foram classificados com
IMC na categoria da normalidade. Esses dados contrapõem-se a uma preocupação relevante
que se tem com sobrepeso e obesidade em escolares jovens (GUEDES et al., 2010; SILVA
JÚNIOR et al., 2012).
Na relação entre as imagens de um corpo saudável e ideal e o gênero houve uma
tendência do sexo masculino em querer um corpo mais forte e volumoso e o sexo feminino
em permanecer desejando um corpo magro. Isso pode ser explicado pelo avanço das
mudanças puberais pertinentes da adolescência, em que o sexo masculino está mais satisfeito
com o corpo, possivelmente por causa do aumento da massa muscular e o sexo feminino
geralmente está insatisfeita, provavelmente devido ao aumento da gordura corporal
(MARKEY, 2010; YUAN, 2010; LOPES et al., 2012).
A insatisfação com a imagem corporal foi evidente nos adolescentes escolares.
Essa característica é um marco atual da adolescência, que pode estar relacionado com as
mudanças puberais do período inicial e médio da adolescência e ter como causa a influência
da imposição da sociedade para que as mulheres sejam magras e os homens fortes (DEL
CIAMPO; DEL CIAMPO, 2010; MÄKINEN et al.,2015).
Resultados similares em relação à insatisfação foram evidenciados em estudos
com adolescentes coreanos (HONG et al., 2015; HYUN et al., 2014) e adolescentes
brasileiros (FIDELIX et al., 2013).
Entretanto, na pesquisa realizada com adolescentes escolares no Rio Grande do
Sul, mais de 90,0% do sexo masculino e 76,5% do sexo feminino estavam satisfeitos com sua
imagem corporal (IEPSEN; SILVA, 2014). Esse resultado difere do encontrado neste estudo
possivelmente pela variável “insatisfação com a imagem corporal” tenha sido verificada por
45
meio do Body Shape Questionnarie (BSQ-34), que consiste em um questionário autoaplicável
com 34 perguntas, medido por uma escala Likert.
Neste estudo, dentre os escolares insatisfeitos, 84,9% desejavam aumentar a
silhueta corporal e 69,6% desejavam ter uma silhueta menor. Estudo realizado com população
semelhante indicou percentuais inferiores, em que 46,6% queriam aumentar a silhueta e
apenas 28,1%, diminuir (FIDELIX et al., 2013).
Em estudo realizado com adolescentes de 13 a 21 anos, os resultados foram
semelhantes, embora a faixa etária não seja a mesma desse estudo, revelando insatisfação dos
homens pela magreza, ou seja, desejam aumentar a silhueta (38%) e insatisfação das mulheres
pelo excesso de peso, significando o desejo por reduzir a silhueta (52,4%) (FELDEN et al.,
2015).
Os adolescentes que cursam o 7º e 9º anos apresentaram insatisfação com sua
imagem corporal, desejando aumentar a silhueta (41,4% e 50,0%, respectivamente), enquanto
que os alunos do 8º ano de diminuir a silhueta (40,5%).
Observou-se nesse estudo relação significativa entre séries dos adolescentes e a
imagem corporal, particularmente nas séries 7º e 9º, o desejo de aumentar a silhueta e os do 8º
em diminuir a silhueta. Fato que chamou atenção, pois não houve relação significativa quanto
a faixa etária. No caso dos adolescentes do 7º ano, esse desejo pode estar atribuído as etapas
iniciais da mudança corporal e os do 9º podem estar relacionadas a estética do corpo
(ABBOT; BARBER, 2010).
Foi identificado associação entre insatisfação com a imagem corporal, desejo de
diminuir a silhueta, e a qualidade de vida ruim. Isso pode estar relacionado ao
desencadeamento de sentimentos e pensamentos negativos gerados na aparência pela a
insatisfação com o próprio corpo, intervindo na provável percepção da sua qualidade de vida
(DEL CIAMPO; DEL CIAMPO, 2010). Em contrapartida ao encontrado nesse estudo, Santos
et al. (2015) observou em sua pesquisa que a insatisfação corporal não se relacionou
significativamente com a qualidade de vida dos adolescentes.
O mesmo se observou quanto à percepção de saúde e a imagem corporal, pois
56,7% dos adolescentes que consideraram sua saúde ruim apresentaram insatisfação com o
corpo, desejando diminuir a silhueta. Isto pode ter relação com a compreensão limitada de
saúde pelo adolescente como oposição a doença ou enfermidade e ao desconhecimento das
mudanças biopsicossociais da adolescência, que pode desencadear uma compreensão
equivocada sobre boa saúde (BORGES; MATOS; DINIZ, 2011).
46
Evidenciou-se que o IMC é um fator que influencia significativamente na
insatisfação da imagem corporal entre adolescentes, principalmente nos que foram
classificados com excesso de magreza e excesso de peso, corroborando com o estudo de
Calzo et al. (2012), em que os adolescentes do sexo masculino com baixo peso, sobrepeso e
obesidade apresentaram risco de insatisfação com a imagem do corpo.
Na pesquisa de Finato et al. (2013), foi encontrado relação estatística significante
entre excesso de peso e insatisfação com a imagem corporal em indivíduos na adolescência
precoce, em que os adolescentes classificados com excesso de peso (IMC: sobrepeso e
obesidade) apresentaram mais chances de estarem insatisfeitos com a percepção do seu corpo
que os sem excesso de peso (IMC: peso saudável e baixo peso).
Quanto ao uso do preservativo masculino em relação a faixa etária, verificou-se
uma tendência, na adolescência média, em usar sempre o preservativo nas relações sexuais
(40,8%), o que corrobora com o estudo de Assis, Gomes e Pires (2014) realizado com
adolescente entre 15 e 17 anos que tinham comportamento heterossexual e homo/bissexual,
apresentando percentuais elevados da utilização da camisinha na atividade sexual (74,2%,
heterossexual e 48,6%, homo/bissexual).
Esse estudo também aponta para o uso irregular do preservativo nos adolescentes
sexualmente ativos no último ano. Isso se torna preocupante devido este fato está ocorrendo
principalmente na adolescência inicial (42,3% às vezes usa e 30,5% nunca usa), corroborando
com o estudo de Kann et al. (2014) de que os adolescentes latinos iniciam a atividade sexual
antes dos 13 anos e evitam o uso de camisinha nessa primeira relação sexual.
Diferentemente, pesquisa realizada na Europa e América do Norte (CURRIE et
al., 2012) quanto a idade média do início das primeiras experiências sexuais, apontou que
26% dos escolares tinham iniciado por volta dos 15 anos assim como no estudo de
adolescentes brasileiros (HUGO et al., 2011).
O estudo revelou que quanto maior a idade do adolescente, maior o desejo por
escolher uma silhueta que represente uma imagem que gostaria de ter (ideal). Diferentemente,
no estudo de Fidelix et al. (2011), todos os adolescentes participantes estavam expostos a
insatisfação com a imagem corporal, independentemente da idade.
Da mesma forma, quanto maior o IMC do adolescente, maior a silhueta que o
adolescente escolheria para representar uma imagem real. Isso também é significativo quando
fixado o gênero, tendo-se correlação positiva para ambos os sexos. Esta correlação é
compatível com o relatado em estudo realizado com indivíduos na faixa etária entre 18 e 59
47
anos, em que foi demonstrada uma correlação positiva entre a imagem real e o IMC (r =
0,62), porém utilizando-se o coeficiente de Pearson e a escala de silhuetas proposta por
Kakeshita e Almeida (2009) (ZENITH et al., 2012). Com isso, observa-se que tanto em
adolescentes quanto adultos, o IMC se correlaciona com a imagem corporal.
A relevância dos resultados desse estudo acerca da percepção da imagem corporal
em adolescentes escolares associados aos fatores biológicos, sociais e comportamentais
ilustram a importância das ações de promoção e educação em saúde no ambiente escolar.
48
7 CONCLUSÃO
Em relação à caracterização dos adolescentes segundo fatores biológicos, sociais e
comportamentais, evidenciou-se particularidades similares a estudos nacionais e
internacionais que abordaram a temática da percepção da imagem corporal. Em tempo, o
estudo revelou que a percepção da imagem corporal tem influencia significativa dos fatores
IMC, série escolar, percepção de qualidade de vida e saúde, não tendo influencia de nenhum
fator comportamental.
Os adolescentes apresentaram comportamento alimentar inadequado, devido a
ingestão de alimentos ultraprocessados ter sido maior que os alimentos in natura. Detectou-se
predomínio dos adolescentes em serem insuficientemente ativos em relação à prática de
atividade física.
O uso do preservativo foi um dado preocupante pela utilização irregular nas
relações sexuais de adolescentes na faixa etária da adolescência inicial.
O presente estudo identificou que mais de 75% dos adolescentes das escolas de
tempo integral de Fortaleza-CE refere insatisfação na percepção da imagem corporal, sendo
caracterizado pelo desejo de aumentar a silhueta.
Observou-se diferenças entre os gêneros no que se refere ao tamanho da silhueta,
visto que o sexo feminino referiu desejo de diminuir e o masculino, aumentar. Essa diferença
pode ser compreendida pelos próprios padrões que a sociedade atual impõem de um corpo
saudável, o que pode estar influenciando na insatisfação da imagem corporal dos
adolescentes.
Evidenciou-se também correlações positivas entre idade e IMC e as percepções da
imagem corporal referente a escala de silhuetas (percepção de corpo atual, corpo saudável e
corpo ideal).
Isso fortalece a visão holística que o enfermeiro deve priorizar no cuidado integral
do adolescente, sensibilizando-os a buscar a autonomia pela melhoria da sua saúde.
Para tanto, a partir da realidade exposta nesse estudo de que a maioria dos
adolescentes escolares participantes mostrou-se insatisfeitos com seu corpo, evidencia-se a
necessidade do profissional enfermeiro, enquanto membro da equipe de saúde, trabalhar a
temática com foco na promoção da saúde e prevenção de doenças, tendo o PSE como
ferramenta essencial na articulação da saúde com a escola, proporcionando acompanhar o
crescimento e desenvolvimento do adolescente frente as peculiaridades desse período.
49
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APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARE CIDO
Título do projeto: “Fortaleça sua Saúde”: um programa de intervenção multicomponente focado na promoção de um estilo de vida ativo e saudável entre escolares. Pesquisadores responsáveis: Adair da Silva Lopes e Valter Cordeiro Barbosa Filho. O seu filho(a), que está matriculado em uma escola pública do município de Fortaleza, está sendo convidado a participar do estudo “ “Fortaleça sua Saúde”: um programa de intervenção multicomponente focado na promoção de um estilo de vida ativo e saudável entre escolares”, realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade Federal do Ceará. A participação do seu escolar é fundamental, pois é através das pesquisas que ocorrem os avanços importantes em todas as áreas. Este projeto tem o objetivo de realizar um programa de intervenção com mudanças no ambiente e na estrutura escolar e avaliar a sua efetividade na promoção de um estilo ativo e saudável (através do aumento da prática de atividade física, redução do tempo sentado e melhoria da qualidade de vida) entre escolares da rede pública de ensino de Fortaleza, Ceará. Para tanto o escolar deverá responder a um questionário com itens relacionados à atividade física praticadas no cotidiano (esportes, atividades físicas de lazer e no transporte, jogar bola, nadar, entre outras), ao tempo em atividades sedentárias (assistindo TV e usando computador/videogames) e outros hábitos do estilo de vida (hábitos alimentares como consumo de frutas e refrigerantes, uso de cigarros e álcool, entre outros). O escolar deverá responder outras questões sobre os fatores que o motivam e que o impedem de realizar atividades físicas e atividades sedentárias (avaliação individual de riscos e benefícios, apoio familiar e social, disponibilidade, acesso e qualidade de locais para estas atividades). Também será necessário que o escolar avalie o estágio de maturação sexual, faça alguns testes físicos para conhecermos sua capacidade muscular (força no abdômen e nas pernas) e cardiorrespiratória (o funcionamento do corpo e do coração/pulmão durante uma atividade física de longa duração). Por fim, também será necessário que o escolar permita que um (a) avaliador (a), do mesmo sexo do escolar, faça algumas medidas do seu corpo (peso, estatura e circunferência do abdômen) e que o escolar utilize dois pequenos aparelhos portáteis, denominados acelerômetro e pedômetro, por sete dias consecutivos (uma semana), visando a medida mais precisa do que o escolares faz de atividade física. Todos os questionários, testes e medidas serão realizados três vezes durante o estudo: uma no início do segundo semestre (julho), uma no fim do segundo semestre (novembro) e outra no primeiro semestre do ano seguinte (maio). No intervalo entre as duas primeiras avaliações, que terá uma duração de 04 meses, o escolar deverá participar frequentemente das atividades que ocorrerão dentro da escola e serão orientadas pelo próprio professor de Educação Física, os professores de outras disciplinas e professores de Educação Física, Enfermagem e Pedagogos convidados da Universidade Federal do Ceará. Estas atividades farão parte da nova estrutura escolar e foram aprovadas pela direção da escola e pela Secretaria Municipal de Educação. As atividades que serão realizadas por eles incluem: aplicação de questionários, avaliação das medidas do corpo e as atividades propostas e supervisionadas pelo professor de Educação Física e profissionais da saúde que serão realizadas nas dependências da escola, antes, durante ou após do período de
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aula. A equipe responsável por este projeto repassará aos escolares os resultados de sua avaliação (nível de atividade física, consumo alimentar, capacidade aeróbia, força, circunferência da cintura, peso e estatura). Durante o período do estudo, os mesmos professores estarão a disposição para eventuais dúvidas. Após ler e receber explicações sobre a pesquisa, o meu filho(a) tem o direito a: 1. Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados à pesquisa; 2. Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; 3. Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações relacionadas à privacidade; 4. Não ter custos ou recompensa financeira por participar do estudo. Todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa (balança, fita métrica, questionários, etc.) serão financiadas pelos pesquisadores. Caso você tenha qualquer dúvida ou perguntas relativas ao estudo, no que diz respeito a participação do seu filho(a), você poderá contatar o professor Antônio Barroso Lima no telefone: 3366-9535 e o pesquisador Valter Barbosa Filho no telefone: 9663-3408 ou nas dependências da escola. Declaro estar ciente do exposto e desejar que ________________________________ participe da pesquisa. Nome do responsável: _________________________________________________________ _______________________________ _______________________________
Assinatura do responsável Assinatura do escolar Fortaleza, _____de_____________ de ______ .
Nós, Adair da Silva Lopes e Valter Cordeiro Barbosa Filho, declaramos que fornecemos todas as informações referentes ao projeto ao participante e/ou responsável.
Adair da Silva Lopes Valter Cordeiro Barbosa Filho Coordenador do Projeto Responsável pelo Projeto
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APÊNDICE B - TERMO DE ANUÊNCIA
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ANEXO A – QUESTIONÁRIO
PROGRAMA FORTALEÇA SUA SAÚDE
ORIENTAÇÕES E INSTRUÇÕES PARA O PREENCHIMENTO:
OLÁ!
- Este questionário é sobre o que você faz, conhece ou sente. - Ninguém irá saber o que você respondeu, por isso, seja bastante sincero nas suas respostas. - Por favor, leia com atenção todas as questões! - Procure responder às informações solicitadas pree nchendo os espaços no questionário.
SSEERR IIII -- EETTII AAnnttoonniieettaa CCaallss
SSEERR VV -- EETTII DDoomm LLuussttoossaa
SSEERR VVII -- EETTII JJoosséé CCaarrvvaallhhoo
SSEERR II -- EETTII AAllddeemmiirr MMaarrttiinnss
SSEERR IIIIII -- EETTII MMaarriiaa ddoo SSooccoorrrroo
SSEERR IIVV -- EETTII FFiillgguueeiirraass LLiimmaa
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FATORES BIOLÓGICOS 1. Qual o seu sexo? Masculino Feminino
2. Qual a sua idade em anos? Menos de 11 12 14 16 11 13 15 17 ou mais
FATORES SOCIAIS 3. Em que serie (ano) você está?
7º ano 8º ano 9º ano
4. Marque até que série seu pai e sua mãe estudaram.
Fundamental Médio Universidade Pai 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 Incompleta
Completa Mãe 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 Incompleta
Completa 5. Assinale os itens e as quantidades que você tem em sua casa:
Televisão em cores não tem 1 2 3 4 ou +
Rádio não tem 1 2 3 4 ou +
Banheiro não tem 1 2 3 4 ou +
Automóvel (carro ou moto) não tem 1 2 3 4 ou +
Empregada mensalista não tem 1 2 3 4 ou +
Máquina de lavar não tem 1 2 3 4 ou +
Vídeo cassete e/ou DVD não tem 1 2 3 4 ou +
Geladeira não tem 1 2 3 4 ou +
Freezer (aparelho independe ou parte da geladeira duplex)
não tem 1 2 3 4 ou +
6. Em geral, você diria que sua QUALIDADE DE VIDA é: Muito boa Boa Regular Ruim
7. Em geral, você diria que a sua SAÚDE é: Muito boa Boa Regular Ruim
FATORES COMPORTAMENTAIS 8. Para cada uma das atividades físicas listadas abaixo, você deverá responder quantos dias por semana e quanto tempo por dia, em média, você praticou na SEMANA PASSADA.
Vezes por semana Duração por dia (minutos) Exemplo: 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Dança
1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Futebol campo Futebol praia Futsal
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Handebol Basquetebol Patins, skate Atletismo Natação Ginástica olímpica Judô, karatê,... Jazz, balê,... Correr, trotar Andar de bicicleta Caminhar* Caminhar** Voleibol (quadra) Vôlei de praia Queimado, pular Surfe, bodyboard Musculação
Exercícios força... Tênis de campo Passeio com cão Ginástica aeróbica Outras atividades Não pratico AF *Caminhar como meio de fazer exercício **Caminhar como meio de transporte (para ir a escola, trabalho)
9. Durante os últimos 12 meses, COM QUE FREQUÊNCIA você utilizou/utiliza preservativo (CAMISINHA) nas relações sexuais? Não tive relações sexuais Nunca usei Às vezes Quase sempre Sempre
10. As questões seguintes referem-se à frequência de consumo de alimentos em UMA SEMANA TÍPICA (HABITUAL). Pense em todas as refeições e lanches que você habitualmente realiza. Inclua o que você comeu em casa, na escola, em restaurantes ou em qualquer outro lugar.
todos os dias/3 ou mais vezes por dia ------------------------ todos os dias/2 vezes por dia -------------------------
todos os dias/1 vez por dia ------------------------------ 4 a 6 vezes por semana ------------------------------
1 a 3 vezes por semana ------------------------------- Nenhuma vez ---------------------------
11. Quantas vezes você toma suco de frutas natural? (não inclua refresco ou bebidas artificiais)
12. Quantas vezes você come frutas (não incluindo suco de frutas)?
13. Quantas vezes você come legumes (cenoura, vagem, abóbora, couve-flor, etc.)?
14. Quantas vezes você toma refrigerantes?
15. Quantas vezes você come salgadinhos fritos (batata frita, chips, coxinhas, pastéis
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17. Durante os últimos 30 dias, em QUANTOS DIAS você tomou pelo menos uma dose de bebida alcoólica? Atenção � bebidas alcoólicas incluem: cerveja, vinho, cachaça, rum, gim, vodca, uísque ou qualquer outra bebida destilada ou fermentada contendo álcool.
Nenhum dia 6 a 9 dias Todos os 30 dias 1 ou 2 dias 10 a 19 dias 3 ou 5 dias 20 a 29 dias
18. Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você fumou cigarros ?
Nenhum dia 6 a 9 dias Todos os 30 dias 1 ou 2 dias 10 a 19 dias 3 ou 5 dias 20 a 29 dias
ESCALAS DE SILHUETAS
Meninos
Meninas
19. Qual é o número que melhor representa A SUA APARÊNCIA FÍSICA ATUALMENTE ?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
20. Qual o número que considera uma IMAGEM DE CORPO SAUDÁVEL ?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
21. Qual o número que VOCÊ GOSTARIA DE TER?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Fonte: Adaptado do instrumento do Programa “Fortaleça sua Saúde”
e outros)? 16. Quantas vezes você come docinhos, tortas, chocolate, biscoitos, bolachas ou balas?
CCllaassssii ff iiccaaççããoo IIMMCC ((kkgg//mm²²))
BBaaiixxoo ppeessoo < 18,5
PPeessoo ssaauuddáávveell 18,5 - 24,9
SSoobbrreeppeessoo 25 - 29,9
OObbeessiiddaaddee ≥ 30
PPeessoo ccoorrppoorraall ((kkgg)) AAll ttuurraa ((ccmm))
66
ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
67