RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A...

16
RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA (OU: POR UMA PSICOSSOCIOLINGUSTICA) Margot Levi-Mattoso 0 tftulo deste trabalho sugere urn consideravel namero de questees basicas, tais como intentar definir o que se entende por Lingtifstica (L), Psicolingtifstica (PL) e Sociolingtifstica (SL) face as teorias mais atuais. Tambem parece necessario definir Lingiifstica Aplicada (LA), ja que ndo a equacionamos apenas corn o ensino de linguas, ao qual esta relacionada, mas se constilui tambem num ramo importante desta: a LA näo pode, entretanto, jamais ser separada da•Lingiiistica TeOrica. Desta forma a LA é cada vez mais intcrdisciplinar por excelencia, corn tendencia a uma orientacio polivalente. Atualmente parece dificil discutir qualquer aspecto da L sem fazer referencia ao seu desenvolvimento histOrico. Ha mais ou menos 30 anos, quando iniciamos o estudo da L, a situacao era bem diversa da que cncontramos hoje, como alias ocorreu corn todas as ciencias. Vejamos: durante as duas acacias compreendidas entre 1920-40 tanto os linguistas e filesofos ocidentais quanto os sovieticos ja es- tudavam as questees da inter-relacao da linguagcm corn o pensamen- to. Naqueles tempos alguns lingiiistas supunham, por exemplo, que a construcáo ergativa (pre-nominativa) da clausula, no ato da expressio, correspondia a um tipo de pcnsamento primitivo da imagem. A mudanca da ordem ergativa pela nominativa fazia supor cambios qualitativos na estrutura do pensamento. Em pouco tempo se viu que a correlacäo entre o pensamento e a linguagem (entre o pensamento e sua expressdo verbal) ndo se processava de maneira linear, pois estruturas lingiifsticas diferentes podem expressar ideias iguais. Aqui ja se pode falar de dois aspectos fundamentals referentes ao use da lingua(gem): sua complexidadc e atitudes em relacao a mesma.

Transcript of RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A...

Page 1: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA ESOCIOLINGUISTICA

(OU: POR UMA PSICOSSOCIOLINGUSTICA)

Margot Levi-Mattoso

0 tftulo deste trabalho sugere urn consideravel namero dequestees basicas, tais como intentar definir o que se entende porLingtifstica (L), Psicolingtifstica (PL) e Sociolingtifstica (SL) face asteorias mais atuais.

Tambem parece necessario definir Lingiifstica Aplicada (LA), jaque ndo a equacionamos apenas corn o ensino de linguas, ao qual estarelacionada, mas se constilui tambem num ramo importante desta: aLA näo pode, entretanto, jamais ser separada da•Lingiiistica TeOrica.Desta forma a LA é cada vez mais intcrdisciplinar por excelencia, corntendencia a uma orientacio polivalente.

Atualmente parece dificil discutir qualquer aspecto da L semfazer referencia ao seu desenvolvimento histOrico. Ha mais ou menos30 anos, quando iniciamos o estudo da L, a situacao era bem diversada que cncontramos hoje, como alias ocorreu corn todas as ciencias.

Vejamos: durante as duas acacias compreendidas entre 1920-40tanto os linguistas e filesofos ocidentais quanto os sovieticos ja es-tudavam as questees da inter-relacao da linguagcm corn o pensamen-to. Naqueles tempos alguns lingiiistas supunham, por exemplo, que aconstrucáo ergativa (pre-nominativa) da clausula, no ato da expressio,correspondia a um tipo de pcnsamento primitivo da imagem. Amudanca da ordem ergativa pela nominativa fazia supor cambiosqualitativos na estrutura do pensamento. Em pouco tempo se viu que acorrelacäo entre o pensamento e a linguagem (entre o pensamento esua expressdo verbal) ndo se processava de maneira linear, poisestruturas lingiifsticas diferentes podem expressar ideias iguais.

Aqui ja se pode falar de dois aspectos fundamentals referentes aouse da lingua(gem): sua complexidadc e atitudes em relacao a mesma.

Page 2: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

152 Ilha do Desterro

Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas nasua organizacao ou sistematizacio (seus niveis fonol6gicos, sintaticos esemanticos), mas tamb6m na realizacao variavel destes elemcntos.Variantes, portanto, aparecem nas diferentes comunidades da fala,podem ocorrer dentro de tuna mesma comunidade e mesmo entreindividuos. Assim, essas variantes nao permitem uma resposta univocasobre o use da lingua portuguesa (ou de outra qualquer), emboratodos os falantes sempre tenham uma resposta idiossincratica elimitada sobre esta questa°, conforme adiante veremos.

Atitudes — Mesmo os falantes da lingua materna mais sensfveis ascomplexidades lingiiisticas, nio sao confiaveis porque cada urn tem oscu ponto de vista sobre "como" os outros deveriam falar. Sett jul-gamento 6 em grande parte baseado em esteretotipo(s), em vez de con-ccntrar-se no desempenho real, ou na finalidade do ato da fala: se foiou nao alcancada. Toda atitude 6 composta de polo menos tres com-ponentes: 1) cognitivo; 2) afetivo e 3) conativo. Portanto, todaobservagao depende de nossa atitude (afetivo), de nossa crenca (cog-nitivo) e Ka° (conativo).

Historicamente, ha apenas 15 anos iniciou-se o estudo da'conversacao natural' (natural talk). Muitos fingtiistas brasileiros foramtreinados no funcionalismo e estruturalismo pragmatic° desde Sans-sure, Bloomfield e Fries e, posteriormente, no comportamentalismoneurofisiolOgico de Lambert e Osgood. Na d6cada de '50 a palavra eraa unidade metodol6gica, seja no estudo da associacao e similaridadeou sinonimia, seja no estabelccimento dc regras de freqiiencia ou novalor emocional da percepeao. Faziam-se levantamentos via atlaslingilisticos, estudava-se a diferenciagao semantica da palavra. Portan-to o comportamento lingiiistico era visto atraves de palavras (verJakobovitz e Miron, 1967). Na d6cada de '60 chegou-se a conclusao dequo as leis do comportamento lingiiistico poderiam ser pesquisadasal6m desta unidade. Muito se deve a metodologia etnografica e ainfluOncia da Escola Britanica, quanto as descobertas e a metodologiada conversagao natural.

Na Inglaterra, Halliday (1972, 73, 75) dcmonstrou que o discursoe a fala operam atraves de convenciies etno-semanticas e, assim, asunidades de comportamento lingiiistico tcriam que ser relacionadas aocontexto social da skunk,. Nos Estados Unidos, Goffman, Garfinkel

Page 3: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 153

e Sacks estudaram o comportamento lingiiistico como urn knOmenosOcio-psicolOgico, embora a produgao do discurso fosse consideradascomo fentmeno biol4co natural.

Alguns destes te6ricos vinham da area da Psico outros daSociolingiiistica. Neste contexto nrto se pode deixar de sitar Labov eDell Hymes de um lado e Brown e Miller do outro, assim como Slama-Cazacu e Prucha.

A disciplina PL existe desde 1953; antes havia a Psicologia daLinguagem, campo ndo bem delimitado (ver Delacroix et all, 1933),onde se alternam escudos absolutamente dissimiles entre si, tratandode uma grande variedade de temas. 0 mesmo aconteceu naSociolingUistica, que foi estabelecida em 1960 e urn dos poucos livrosque tratavam de assuntos correlatos foi Pour une Sociologie duLangage de Marcel Cohen (Paris, 1956) c o de K. R. Megrelidze(1938) Problernas Fundamentals da Sociologia do Pensamento, emboraE. Dtirkheim tivesse lido o indicador das regras metodolOgicas naSociologia (1918).

0 seculo XIX se caracterizou pelos esforcos em imitar as ciénciasnaturals que, apoiados no metodo experimental-empirico, conseguemimportantes avancos dentro da L; essa influencia 6 especialmentenotada na assim chamada 'Escola dos Neogramaticos'. Na segundametade deste s6culo, tamb6m a sociologia se deixa influenciar pelosmetodos das ciéncias naturais, abandonando o metodo especulativoiniciado por Weber. Em 1897, Wundt funda o primeiro laboratOrio dapsicologia experimental na Universidade de Leipzig.

0 comeco do seculo XX marca uma notbria mudanga de rumo.Por um lado a L explicitamente estabelece seu objeto, por outro,demarca seus limiter onde importa, em primeiro lugar, a lingua em si,urn sistema de relagiies entre os elementos que a integram.

Enquanto isso, nos EUA, John Watson, reagindo contra osmetodos experimentais de Wundt e outros, funda o `behaviorismo'. 0objeto dessa nova Psicologia ja nâo säo os processos mentais, mas ocomportamento observado friamente pelo investigador e assim foi queWatson centralizou o estudo da psicologia na conduta como atividadee reacao dos organismos.

Page 4: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

154 Ilha do Desterro

Desta linha de investigacao saira uma corrente muito frutifcra epoderosa que culminou corn a publicacao do livro de Skinner (1957)Verbal Behavior.

Em 1953, Osgood e Sebeok convocavam um simp6sio na Univer-sidade de Indiana corn a finalidade de tentar unificar alguns criterios econceitos da Psicologia e da Lingiiistica. Deste encontro surgiu a livro— hoje urn classic° (1954) — porem o nome definitivo da disciplinaPL (Psicolingtifstica) havia surgido num Seminario de Vertlo anterior(1951), na Universidade de Cornell. Os conceitos te6ricos desta PLnasccnte foram a lingiiistica estrutural, o bchaviorismo e a teoria deinformagio. Peronnard (1976:29) disse: "Naquela epoca o objetivoparecia factivel. A lingiffstica estrutural, a teoria da informacio e apsicologia behaviorists tinham conseguido isolar seu objeto de estudode tal forma que o ser humano nao perturbasse as relacdes invaridveisde estfmulo e resposta, distribuicionais e probabilisticas". Tratava-sede compatibilizar os marcos tc6ricos empiricos-indutivos e verte-losem terminologia da teoria da informagfio.

E intercssante observar que uma das primeiras definicties da PLamericana indicou como seu objetivo principal a relacdo entre amensagem e as reacdes que a mama provoca na psique do indivlduo(cf. Osgood c Scbcok, 1954:4). Jit as definicOes subseqiientes naolevavam em consideragão as relacOes emissor-receptor, principal-mente a corrente gerativista-transformacional (cf. Carrol, 1970) e porisso 6 tida como segunda geracdo de psicolingiiistas.

Para George Miller (1964), a tarefa principal da "nova ciencia"seria descobrir os processos psicolOgicos que ocorrem quando as pes-soas utilizam oracties. 0 que a PL devera explicar agora 6 aprodutividade, ou seja, o quo acontece quando as pessoas empregamoracOes, e como se explica a escolha; como as utilizam quandoproduzem e/ou procuram entenda-las (decodifica-las). Esta producaopodia ser mail facilmente observada e testada ainda ao nfvel de pala-was isoladas, no entanto, tornava-se crucial na analise de oracOes e dodiscurso.

0 ponto de vista exposto por Miller se adequa perfeitamente asbases tearicas apresentadas por Chomsky em 1965. Miller propts titspassos fundamentais para o processo de compreensao (de um enun-ciado): o fonolOgico, o sintatico e o semantic°. Dos tits dedica

Page 5: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 155

atencdo especial ao sintatico, seguindo a tradicional iddia chomskianasobre a centralidade da sintaxe na grarnatica de uma lingua e propon-do, igualmente, como meramente interpretativos os componentesfonolOgico e semantic°.

No estado atual da ciencia (como veremos mail adiante), ji sedescartou parcialmente a preponderancia da sintaxe, relevando-se ocomponente semantic°. Seria muito dificil imaginar um processo quecaptasse primciramente a cstrutura sintatica e, se) depois, conferisseuma interpretagao semantica. 0 pr6prio Chomsky (1972) afirma quesituar em primciro ou segundo lugar o componente semantic° nao 6assunto decisivo, ja que as evidencias empiricas decidirao por si sobrea ordem na qual devem aparecer. Se este 6 urn conceito valid° a nivelde teoria geral da gramatica, deixa de se-lo ao passar a PL, umaci6ncia eminentemente cmpirica, onde 6 preciso dar rcspostas deforma urgente e concisa. Na verdadc, ate meados da decada de '60 aPL tinha abandonado, em grande parte, os esquemas da psicologia be-haviorista e se achava comprometida corn as teses inatistas eracionalistas derivadas de Chomsky c seus discipulos.

A PL se preocupa atualmente corn fatos lingufsticos, tais como osatos da fala e estuda a relacao entre a lingua como codigo (sistema) eas mensagcns como apresentadas no desempenho individual do ato dacomunicagao. Tambem as hipOteses sobre aquisigao da linguagempropostas por Chomsky torn tido scus opositores. Urn dos melhorestrabalhos criticos encontra-se em Campbell e Wales (1970). ParaChomsky a doutrina das iddias inatas 6 basica em relagao a aquisicaode uma lingua e significaria o process() pelo qual a crianga consegueadquirir Nada e controle de sua lingua materna. Sugere Chomskyque a crianga nasce corn urn conhecimento dos principios formais quedeterminam toda estrutura gramatical (LAD ou DAL = Dispositivoda Aquisigao da Linguagem), sendo que cstes principios sic), suposta-mente, universais. Esta entiko seria uma hipOtese racionalista, opostaas hipOteses empiricistas que, em sua forma extrema, afirmam quetodo o conhecimento 6 adquirido atravds da experiencia.

Campbell e Wales, ao criticarem o posicionamento de Chomsky,dizem que todos os psicOlogos intluenciados por de falharam, porquenao deram importancia a fatores ambientais que influcm decisiva-mente no desenvolvimento da competencia comunicativa. Outro

Page 6: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

156 11Ita do Desteno

aspecto pouco desenvolvido na teoria chomskiana 6 o que se refere asmudancas no sistcma lingtifstico e o papel na aquisicao de valoresseminticos e gramaticais. E cada vez mais evidente que modelos ade-quados ao processo de comunicagao nao podem basear-se apenas emcaracteristicas individuais do falante, i.e., conforme a interpretacao dapsicologia individualista. 0 ser human emprega a linguagem emsituagOes concretas, especificas: portanto, a interioriza de acordo comaspectos•sOcio-cdturais, sociais e contextuais.

Vamos tentar estabelecer aqui a diferenca metodolOgica entrecompetencia lingufsdca, competencia comunicativa e a dinamica con-textual.

De acordo com Chomsky competencia lingiiistica "6 o conhecimento que um falante ideal tem da sua lingua e do sistema deregras internalizadas" e por isso estaria capacitado a rejeitar frasescomo

""Peixe comeu de Joao' como sendo 'nao gramatical' e`Paulo e Maria casaram ontem' como sendo ambigua.

De acordo corn o mesmo autor, o linguista deseja determinar, apartir dos dados do desempenho, o sistema de regras subjacentes quetanto o falante quanto o ouvinte tenham intcriorizado. Por isto a teoriaGT 6 considerada mentalista e a 'competencia' seria urn sistema men-talista subjacente. Observe-se que tanto Saussure quanto Chomskyeram `mentalistas'. Ao avaliarem uma gramatica particular perguntamse a informacao que cla nos (IA sobre a lingua 6 correta, i.e., sedescreve corretamente a intuicao lingiifstica do utente (Fodor e Katz,1964).

A ‘intuicao lingilfstica do utente' aqui 6 igual a conscience dessujets parlants a para ambos, portanto, seria o teste de adequacidadede uma descriclo lingaistica. Compreende-se, entao, que a principaldistincao entre competEncia e dcsempenho estaria na intuicao dofalante. Caso este nao tenha a capacidade de distinguir, por exemplo,se uma frase 6 ambfgua ou nao, este problema seria visto como falta decompetencia. No entanto muitos outros fatores podem influenciar essaincompetOncia, tais como lapsos de memOria, distracio e, principal-mente, falta de experiencia/vivencia. Todos estes aspectos sao impor-tantes a serem considerados quando se deseja estabelecer estrategiasperceptuais de acordo corn a producao verbal.

Page 7: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 157

Em varias partes do mundo, lingiiistas nao satisfeitos corn oslimites determinados pela psicologia individual, desenvolveram teoriasmais abrangcntes, incorporando fatores sociais e culturais aos estudosdo uso e funcionamento de uma lingua e tambem aos da aquisicio dalinguagem. Foi R. Brown (1971) que utilizou o termo Social Psychologyof Language pela primeira vez nos EUA e desde entio foi interpretadopor muitos como um ramo da psicologia social e por outros comosendo sociologia da comunicacao em vez da Psicolingfristica "strictosensu". Embora Dell Hymes desde 1967 ja falasse em Compete/zetaComunicativa (CC), apenas a partir de 1972, baseado no excelente ar-tigo "On Communicative Competence", esta ideia foi retomada eampliada — e muitas vezes mal interpretada — pela comunidade delingilistas.

Urn dos temas fundamentals do artigo, nas palavras do seu autos,o que "problemas teOricos e praticos convergem" (1972, p.269). A CCbasicamente refere-se ao conhecimento que o falante tem a respeitodas regras sociais que determinam o uso da lingua, a qual se constituinum conjunto sistOmico de regras de internao sOcio-lingiiistica. Estaideia . foi crucial para o ensino, ja que se viu que nao basta ensinarapenas as fonnas da lingua, mas tambem o uso sociahnente apropriadoa cada situacao. Assim a CC se interrelaciona a lingua e pensamento,lingua e sociedade, lingua e cultura, incluindo-se os aspectos dacompreensao, producao e percepcio.

A PL se distingue da SL aparentemente pelo fato de que aprimeira se preocupa basicamente corn as relacOes eventualmente e-xistentes entre a mente humana e a linguagem humana, enquanto asegunda tern na relacao entre a sociedade humana e a linguagem seuponto de partida. Observe-se o que J.A. Fishman disse, em 1970:

... a Sociolingiiistica procura descobrir as leis sociais ou asnormas que expliquem o comportamento de uma dadalingua c (tambem) o comportamento do falante em relagio alingua usada dentro da comunidade.

Ha muitos anos tenho-me feito a pergunta: por que naorelacionar claramente a PL a SL, pois, como ja vimos, o ponto de vistafuncional de Halliday relaciona a linguagem ao contexto de situndo

Page 8: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

158 11Ita do Desierro

sem no entanto desenvolver a iddia do contexto cultural, embora en-fatizasse (1978):

Uma crianca, no ato de aprender a lingua, esti aprenden-do tambdm cultura atravis desta lingua. Q sistemasemintico que esti construindo se torna o primeiro melo detransmissio da cultura.

E prcciso aqui definir o que se entende por cultura, ji que 6uma palavra polissémica corn varias conotacoes. Firth e mais tardeHalliday utilizaram a palavra Redc (net): "uma redo do valores,atitudes e crengas que dio a uma sociedade, ou parte dela, uma idea-tidade reconhecivel". .16 o grande antropilogo britanico do SiculoXIX, Sir Edward Taylor disse que "cultura 6 conhecimento, crencas,art; moral, lei, costumes e qualquer outra capacidade ou hibito ad-quiridos pclo homem como membro de uma sociedade". Do ponto devista da lingiiistica sobre a interrelagio entre cultura e lingua, o maisimportante aspecto 6 o que se refere as capacidades e lutbitos ad-quiridos pelo homem como membro de uma sociedade...

Mais modernamente se poderao interpretar os autores acimamencionados atravds do scguinte esquema:

CULTURA

Hereditariedade Meio ambicnte(input genetico) (input social)

moral(organizacao politica

dos povos)

comunicacio(verbal e extralingtiistica)

Por este esquema se ye nä° apenas a necessidade, mas quase urn im-perativo, para uma metodologia Psicossociolingilistica.

A lingiiista romena Tatiana Slama-Cazacu apresentou em 1972urn ponto de vista que a situa, de certo modo, entre os psicolingilistas

Page 9: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 159

adeptos do enfoque bchaviorista e aqueles que surgiram do transfor-macionalismo chomskiano. Para ela, a psicolingufstica necessita umabase teOrica mais ampla, baseada em uma visa° mais completa deaprendizagem (humana) enquanto processo de integragdo no qual apessoa, em sua totalidade, esteja inserida. De acordo com Slama-Cazacu, a PL nao deve pesquisar apenas a reagao do ouvinte, mastambOm a do falante no momento da produgao, ja que a linguagemusada primordialmcnte como meio de comunicagao. Desta mancira sepodcriam explicar certos problemas advindos de situaglies especificas.Slama-Cazacu considera o homem em sua totalidade, dotado de pen-samento e de consciência; leva em conta as inter-relaciies dos proces-sos psiquicos e filosOficos; pensa que nao 6 possfvel discutir os aspec-tos psiquicos sem levar em conta o determinismo social, dizendo que ohomem 6 o que 6 gragas as suas relaciies com outros homens e, nestecontato (processo), desenvolve o pensamcnto, adquire a lingua erecebe os conhccimentos transmitidos pela sociedade; e, finalmente,considera o homem urn ser ativo e dinamico em constante mudanga,portanto, agindo sobre si mcsmo, sobre a natureza e sobre os outroshomens.

Quanto a teoria linguistica basica, toma parlido pelo estruturalis-mo, mas referindo-se a ele como contextual e

Se ha diferenga no enfoque metodolOgico dos estudospsicolingiiisticos, sociolingaisticos e da analise funcional, existem, con-tudo, varios pontos de contato. Acredita-se que a interrelacao destastit's disciplinas pode resultar cm uma teoria integrada que trate tantodo comportamcnto comunicativo individual quanto dente compor-tamento como sendo parte do comportamento da sociedade emquesta°. Esta hipOtese se inscre no contexto de uma operaciosin6rgica* de dois mecanismos psfquicos: a experiOncia e aconceitualizagio. VO-se, daf, que para uma teoriapsicossociolingiiistica 6 preciso considerar tambem as formas nao ver-bais do comportamento humano (as cinesicas e paralingilisticas) eaveriguar a dependéncia destas formas de comunicactio corn os fatorespsicossociais.

Expiiem-se, a seguir, dois pontos de vista sobre aPsicossociolingilistica:

Page 10: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

160 Ilha do Desterro

11) - o ponto de vista de Jan Prucha (1972):

Segundo o autor, a PL e a SL tem varios objetivos em comum.Apesar disso, o desenvolvimento metodol6gico de cada uma delas vemsendo realizado diferentemente. Assim, para Prucha, um processo deintegracio a necessario, de modo a formar uma ciência polidiseiplinar:a Vicio-psicolingaistica, que visa a solucionar varios problemas quepodem ser resumidos na seguinte pergunta: "Que fatores concorrempara que o falante expresse suas ideias numa determinada oracao"? —Segundo Prucha, uma resposta adequada s6 sera encontrada se houveruma interacao das dual disciplinas, de modo que sews m6todos epesquisas possam convergir para um objetivo comum. Ainda, segundoo autor, o estudo da nova ciOncia contem tras componentes fundamen-tals: a) as manifestacties da lingua; 2) o comportamento individual e c)o contexto sOcio-cultural dos atos de comunicacao. Portanto, qualquerpesquisa sobre a linguagem, para ser completa, deverfi levar em contaesses tres elementos.

0 autor acima cita ainda no seu trabalho os pontos de insercao daPL e SL: o conceito de competencia comunicativa — sendo que otermo competencia, no caso, deve ser empregado num sentido bemmail amplo do que o chomskiano, significando urn conhecimento dasnormas sociais da comunicacao de um determinado c6digo, verbal ounao. A aquisicao dessa competencia, por6m, deve ser considerada sobo prisma da nova ciencia inter-disciplinar — s6cio-psicolingiiistica — etambem pcla estilistica funcional, a teoria lingtifstica que trabalha comtextos que se modificam conforme a comunicacao pretendida.

- o ponto de vista de Tatiana Slama-Cazacu (1973):

A autora tem urn enfoque diverso de J.P. Segundo ela, o contextosocial a uma condicao "necessaria e mesmo essencial" para a prOpriasobrevivéncia da PL, pois o enfoque transformacional nao chegou aatingir sous objetivos, uma vez que trabalhava corn termos muitoabstratos. Slama-Cazacu diz que cientificamente a impossivelraciocinar ern termos de "individuo ideal", ainda quo as pessoas naosejam influenciadas por determinantes sociais. Assim, todos os es-

Page 11: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 161

tudos e pesquisas cm PL sac, implicitamente sociais e o termo secio-psicolingiiistica — ou psico-sociolingilistica — tornar-se-ia redun-dante. Para a autora acima citada, o que outros lingiiistas denominamatraves de um desses termos 6 na realidade PL tous court, pois con-sidera esta Ultima como ja tendo se emancipado de sua Ease inicial ese preocupa agora com a situacäo real da comunicacio e com osdetenninantes na acao (dinatnica contextual) que niio podem seromitidos em qualquer analise de urn ato de fala, a menos que sequeira correr o risco de trabalhar sobre o vazio, corn dados nâoconfifiveis e insuficientes.

Entrementes, sabe-se que a SL necessita tambem levar em contaos determinantes psiquicos da mensagem verbal. Temos al, entfio,pontos de conlluencia entre as duas disciplinas, o que nao significauma identificacäo total dos metodos utilizados, ou dos objetivos aserem atingidos por cada uma das duas ciencias inter-disciplinares.

Esta perspectiva ribs ja defendemos em nossa tese de LivreDocéncia intitulada 'A Linguagem no Contexto Psicossocial' (1976),onde afirmfivamos que "uma teoria do comportamento lingilistico nä°pode ser estabelccida sem levar em conta o SER (o homem social)como comunicador porque o cstudo deste comunicador nä° pode serefetivado isolando-o do contexto comunicativo no sentido amplo, queabrange o seu passado e o seu presente sOcio-cultural" (p.69). Nasnossas pesquisas sobre o Bilingilismo isso se tornou evidente. I nestaspesquisas que ficou claro que 6 preciso partir da teoria lingiiistica daanalise funcional que trata da tipologia do discurso ou do texto doponto de vista das modificaclies e diferencas estilisticas presentes emtoda comunicacdo humana. Portanto, o contexto social e cultural 6 taoessencial para a comunicaciio verbal c,omo o pr6prio processo verbal.Assim, o individuo constitui a unidade funcional lingiiisticamente, masele tambem rclaciona dinamicamente os elementos da sua vivencia,conceitualizando individualmente estas experiencias. Desta mancira,cada pessoa cria formas novas de pensar e de expressar-se. Por outrolado, se o pr6prio individuo 6 agente de caracteristicaspsicossociofiosiolOgicas da unidade funcional, mesmo que sejam, decerta maneira, impostas pelo pr6prio sistema lingiiistico.

Admite-se a real capacidade do indivfduo de induzir aorganizagdo estrutural da lingua ao mesmo tempo que utiliza o sistema

Page 12: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

162 Ilha do Desten-o

gramatico-semantico para criar novas estruturas nao antes ouvidas.Desta maneira, a hip6tese integrativa se sobrepOe aos limites dahip6tese comportantentat

Todo o processo de aquisicao da competencia lingiiistica serealiza atraves de tres estagios (vcr Titone, 1971):

pela associacio das unidades linglifsticas elementares;pela inducio e interacio; c

3) pela deduclio e aplicacao.Inducdo aqui significa que o falante 6 exposto a lingua e gradual-

mente induz as regularidaes morfossintaticas pela repeticao, analogiae generalizacao. Assim, induz a organizacao estrutural de uma lingua,usa-a criativamente e aplica-a dedutivamcnte. Este 6 urn processo cog-nitivo, conforme as leis gerais do aprendizado (humano), e nao con-forme a teoria do mecanismo inato da aquisicao lingafstica, ate omomento ainda nao devidamcnte definido. Portanto, toda aiatividadelingaistica pressupee experiencia lingUistica, a qual, por sua vez, e oresultado de capacidades cognitivas combinatórias. Aqui eu diria cornSlama-Cazacu que o dinamismo de aquisicao da lingua materna 6 oresultado de interaaio do dement° soda!. 0 element° individual-psicolOgico surge quando a crianga seleciona e induz (a partir da falados adultos) o model° gramatical subjaccnte, o qual ela entao aplicadedutivamente via codificacao individual das mcnsagens. Quer dizerque, enquanto a criana adota urn modelo sintatico-semantico, elatambem adota os modelos psicossociais correspondentes. Devemos,portanto, tambem examinar as diferencas sociais e psicolegicas advin-das do use e do efeito que podem cxercer os diferentes meios decomunicagao — sejam as comunicagees de massa, as atividades es-colares e extra-escolares, os tipos de contato e a freqaencia dos mes-mos (estes aspectos desenvolvemos detalhadamente em outro artigo).Nao vemos a lingua como um objeto autOnomo, nem o seu desenvol-vimento apenas baseado em fundamentos biolOgicos mas desenvolven-do-se via estagios maturacionais, portanto concomitante a todoprocesso evolutivo.

Esta alternativa 6 um complemento da teoria cognitiva — naocontrario a cla — pois consideramos o sistema semi6tico como partedo sistema social. Reconhece-se que o process° evolutivo da aquisicaoda linguagem se inicia na mente do individuo, mas sempre 6 depen-

Page 13: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 163

dente do contexto da internal) social. Assim, o aprendizado da linguamaterna assume a forma de troca continua de signiticados entre o sere os outros, tornando-se um `ato de significar' ou urn ato socialmentedeterminado. Ao mesmo tempo isso nä° significa que scremosprisioneiros de determinada cultura porque todos podem aprendere/ou acrescentar outros valores culturais.

Por isso, acredita-se que a relacdo entre o ato verbal, o ambientee a sauna() onde se concretiza estA subentendida na cultura, na suaestrutura e na interaciio destas, se bem que possamos libertar-nos,progressivamente, dessa dependencia.

Se revirmos ludo o que foi dito ate agora, parece cada vez maisdificil estabelecer ur..a distincäo entre o que 6 social e o que epsicolOgico, ao analisar-se urn ato de comunicagao. Se urn mesmoenunciado pode transmitir mensagens diferentes de acordo corn"qucm diz o qua, cm quo circunstancia, para quern, onde, quando,como e porque" (adaptacOes de Fishmann, 1971), parece-nos que oambicnte social, a situacdo contextual, o comportamento individual esocial, alem das associacOes individuais estdo intimamente ligados,pois que uma palavra tern urn sentido associativo tanto quantoprivativo para cada indivfduo quo faz uso dela.

Se tanto a PL quanto a SL ainda sao, por muitos, consideradoscampos ndo totalmente explorados, muito mais isto 6 verdade emrelagao a Psicossociolingiiistica. Por csta razdo, a investigac5o, a coletade dados e sua explicitagäo — mesmo em parcelas aparcntemente in-significantes, serEto benvindas. Desta forma, se bem que lentamente,saberemos cada vez mais sobrc o funcionamento e o uso que se fazdesse maravilhoso instrumento, quo se chama Linguagem e que per-mite aos sores humanos se comunicarem e se entendcrem.

* Sinergia (Synergia): ato ou esforgo simultáneo na realizacdo de umafuncdo.

BIBLIOGRAFIA

AKMANOVA, Olga. Oplimitation of Natural Communication Systems.The Hague: Mouton, 1977.ALLEN, Donald E. e GUY, Rehm F. Conversation Analysis: TheSociology of Talk. Janua Linguarum, The Hague: Mouton, 1974.

Page 14: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

164 Ilha do Desterro

AMMON, Ulrich. Probleme der Soziolingulstik. Tubingen: MaxNiemeier Verlag, 1973.ADAMS, Parveen (ed.). Language in Thinking. Harmondsworth,England: Penguin Books, 1972.AUSTIN, J.L. How to do Things with Words. London: Oxford UniversityPress, 1962.BATES, Elisabeth. Language and Context (The Acquisition ofPragmatics). New York: Academic Press, 1976.BAILEY, Charles-James N. Variation and Linguistic Theory. Arlington,Va: Center for Applied Linguistic, 1973. "Contributions of the Study of Variation to the Framework ofthe New Linguistics". LinguLstische Berichte, Braunschweig: Vieweg, 29,1974.BIAGGIO, Angela M. Brasil. Psicologia do descnvolvimento. Petr6polis:Vozes, 1975.BLOOM, L.K. One Word at a Time: The Use of Single Word UterancesBefore Syntax. Mouton: The Hague, 1973.BROWN, Roger. Social Psychology. New York: Macmillan, 1977.

. Psycho linguistics. New York: Free Press, 1972.CAMPBELL, R. c WALES, R. "0 estudo da Aquisicao da Linguagem".LYONS, John (org.). Novos ► lorizontes em Lingufslica Sao Paulo:Editora Cultritc/USP, 1976.CAMICHAEL, Leonard. "The Early Growth of Language Capacity in theIndividual". In: New Directions in the Study of Language.Cambridge/Mass.: MIT Press, 1973.CARROL, J.B. Towards a Third Generation of Psycholinguistics. Xeroxcopy, 1970. . 0 estudo da linguagem. PetrOpolis: Vozes, 1974.COHEN, Marcel. Pour une sociologic du language. Paris: Ed. AlbinMichel, 1956.CIIOMSKY, Carol. The Acquisition ur Syntax in Children from 5 to 10.Cambridge/Mass.: MIT Press, 1969.CIIOMSKY, Noam. Language and Mind. Enlarged Edition. New York:I larcourt Brace Jovanovich, 1972. . Rellexions on Language. Ncw York: Random House, 1975.CLARK, ILI I. Associaciles de Palavras e Teoria Lingfifstica in. LYONS,J. (org.). Novos Horizontes cm LingUistica. Op. cit.DANES, Frantisek. "One Instance of Prague School Methodology:Functional Analysis of Utterance and Text". in GARVIN, L Paul (org.)Method and Theory in Linguistics. The I laguc: Mouton, 1970.DEESE, James. Psicolingilistica. Rio de Janeiro: Vozes, 1976.DELACROIX, H. Le Language et la pewee. Paris: Alcan, 1930.

ERVIN-TRIPP, S. "An Analysis of the Interaction of Language, Topicand Listener".in FISIIMAN, J.A. (org.) The Sociology of Language. TheVague: Mouton, 1972.FIRTH, J.R. Papers in Linguistics - 11934-19511. London: Oxford Univ.Press, 1958.

Page 15: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

Margot Levi-Mattoso 165

FISIIMAN, J.A. (1971) "The Relationship BetweenMicro-and-Macriosociolinguistics in the Study of who Speaks whatLanguage to Whom and When". RIDE, 3.13. & HOLMES, J. (orgs.).Sociolinguistics. Harmondsworth: Penguin Books, 1972:15-32.FLUGEL, I leinz. Sprache und Kommunikation (Kurzfassung). S.1,S.ed. s.d. Xerox.GARVIN, Paul L. (ed). Method and Theory in Linguistics. The Hague:Mouton, 1970.

GARVIN, P.L. & SUAREZ, Y. Lastra de. Antologia de estudos deetnolingiiistica y sociolingiiistica. Ciudad de Mexico: UniversidadeNacional AutOnoma de Mexico, 1974.GREENE, Judith. Thinking and Language. London: Methuen, 1975.GUMPERZ, J.J. "Types of Linguistic Communities". Anthropologicallinguistics. Bloomington, 4(1), 1962. (COpia xerox), sem pagina0o.

"The Communicative Competence of Bilinguals: SomeThToTheses and Suggestions for Research". Language In Society. v.1, (1).Cambridge: Cambridge University Press, April 1972.I IALLIDAY, M.A.K. "The Users and Uses of Language". in FISHMAN,J.A. (org.) Readings in the Sociology of Language. Parts: Mouton, 1972. . Explorations in the Functions of Language. Londres: EdwardArnold, 1973.

. Learning How to Mean: Explorations In the Development ofnguage. Londres: Edward Arnold, 1975. "System and function in language". GUNTER Kress (org.)Selected Papers. Londres: Oxford University Press, 1976.IIARTIG, M. Das VerhültnIs von grammatischen Regeln undSprachlichem Verhallen. Heidelberg, IRAL - Sonderhand, 1974.IIYMES, Dell. "On communicative competence" (1967, ms).inPRIDE,J.B. & HOMES, J. (orgs.) Sociolinguistics. I larmondsworth,Penguin Books, 1972, pp.267-293. . "Language in Education: Elhnolinguistic Essays". Languageand Etnography Series. Washington, DC., Center for Applied Linguistics,1980.JACOBOVITS, Leon A. & BARBARA, Y. Gordon. AppliedPsycholinguistics in Social Psychology. Honolulu, SAD, 1978. COpiaxerox.JACOBOVITZ, L.A. & MIRON, M.S. (orgs.) Readings in thePsychology of Language. Englewood Cliffs, N.Y.: Prentice }loll, 1967.(COpia xerox)

LABOV, M. "The Study of Language in its Social Context".in PRIDE, J.B.& HOMES, J. (orgs.), 1972.LABOV, M. "Where Do Grammars Stop?" in SI IUY, R.W. (org.)Monograph Series on Language and Linguistics, 25. Washington,D.C.:Georgetown University Press, 1973.

LEONTEV, A.A. "Speech Norm as Social Norm". IJP InternationalJournal of Psycholinguistics, 2:49-53, 1973.LAMBERT, W.E. "A Social Psychology of Bilingualism". Journal ofSocial Issues, 23 (1967):91.109.LEVI-MATFOSO, Margot. Rumos da Lingiiistica. Rio de Janeiro:Vozes c 1EL/RS, 1978.

Page 16: RELACAO ENTRE PSICOLINGUISTICA E SOCIOLINGUISTICA … · 152 Ilha do Desterro Complexidade — A linguagem humana 6 complexa nio apenas na sua organizacao ou sistematizacio (seus

166 Ilha do Destoro

. A Linguagem no contexto psicossocial: Viso TeOrica e Pratica.4ese de Livre Docdncia, Porto Alegre. Universidade Federal do RioGrande do Sul, 1976.

MAIA, Eleonora de Mota (atualmente Albano). "Gramaticatransformational e psicologia cognitiva". Revista BrastleIra deLingiiistlea, 2, 1975.

MILLER, George A. "The Psycholinguists: On the Ncw Scientists ofLanguage". Encounter, 23(1), julho 1964.

OSGOOD, C. & SEBEOIC, T.A. Psycholinguistics: A Survey of Theoryand Research Problems. Baltimore: Waverly Press, 1954.PAUILSTON, Christina B. " Linguistics and CommunicativeCompetence". Tesol Quarterly, 8(4) Dcc. 1974.PIKE, Kenneth L. "Hacia una teoria de la structura del comportamentohuman". Antologla de estudios de elnolingistica. Paul L. Garvin yYolanda Lastra de Suarez (ow. e trads.). M6xico: Univ. NacionalAuttnoma de Mdkico, 1974.PRUCHA, Jan. "Psycholinguistics and Sociolinguistics: Separated orIntegrated?" Internacional Journal of Psycholinginsties, 1:9-23, 1972.

"Psycholinguistic Study of Child Language Acquisition".OHNLSOG, K. (org.) Proceedings of the First International Symposiumof Paedolinguistics. The Hague: Mouton, 1974.SI IUY, B.W. & FASOLD, R.11 (orgs.) Language Attitudes: CurrentTrends and prospects. Washington, D.C.: Georgetown University Press,1973.SLAMA-CAZACU."Is a Socio-Psycholinguistics Necessaty?fiInternational Journal of Psycholinguistics, 21(93-103), 1973. "Diedynamisch Kontextuellc Methods in der

Sprachsoziologic". KJOLSETII, R. & SACK, F. (orgs.) Zur Soziologieder Sprache. Sonderheft Kolner Ztschr. fiir Soziologic u.Sozialpsychologie, (73-86), nov./dez. 1971. . Introduction to Psycholinguistics. Mouton: The Hague, 1973. . Psicolingiiistica Aplicada. (Trod. Lconor Scliar-Cabral). SZioPaulo: Pioneira, 1977.

. "Applied Psycholinguistics: Its Objects and Goals". In:Proceedings of the Fourth International Congress of AppliedLinguistics.Gerhard Nickel (org.) Stuttgart, AILA e I lochschulverlag, 1976.T1TONE, R. Psicolinguistica Applicata. Roma: A. Armando, 1971.VYGOTSKY, L.S. Thought and Language. New York, MIT: John Wiley,1962.ZIEGERSAR, D.V. "Sprachfunktionen uynd Sprechakte infremd-Sprachenunterricht." Linguistische Berichte. Braunschweig:Vieweg, April 1975.