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Relaçãofamília-escola

FEVEREIRO/2016

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Participação e diálogo:superando o mito da omissão dos

pais das classes populares e o fracasso escolar de nossas crianças

Relação família-escola

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PENSANDO SEU CONTEXTO

• Parceria entre escola e família é um fenômeno natural ou requer planejamento?

• Como você, a equipe de gestores da escola e professoras planejaram cumprir o que apontam os documentos oficiais sobre a participação e o diálogo com a família no contexto da escola?

• Há algum projeto com este foco?• Que ações sistemáticas são desenvolvidas com esta

intencionalidade?• Em caso afirmativo, é uma iniciativa individual ou isolada, ou é

uma política da escola e da rede?

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• Como as famílias entram na instituição? Como elas não entram?

• Como são atendidas? Como não são atendidas?• Como é feito um levantamento de expectativas da família

em relação à instituição?• Como as expectativas da instituição em relação à família

são comunicadas?• Quais são as etapas de aproximação entre escola-família?• Há algum acolhimento especial para famílias de crianças

com deficiências?

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QUAL O CONVITE À REFLEXÃO NESTA FORMAÇÃO?

• Como o fenômeno participação no contexto escolar é compreendido por uma família de baixa renda?

• Como professoras compreendem a participação e o diálogo com a família no contexto da escola, conforme apontam os documentos oficiais?

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PRINCIPAIS CONCEITOS TEÓRICOS ORIENTADORES DESSA EXPOSIÇÃO DIALOGADA:

• Conceito de família

• Relação família-escola

• Diálogo família-escola

• Conceito de participação

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• FAMÍLIA COMO OBJETO DE ESTUDO: Psicologia, Sociologia, História;

A Sociologia: • encarou-a como um grupo social inconfundível face a outros

grupos sociais.

• A sociologia da família estuda fatos tão diferentes como o casamento, sua duração e estabilidade, a escolha do cônjuge, a dimensão da família, a procriação voluntária, os papéis feminino e masculino, as relações de casal, o papel central da criança, o novo estatuto de adolescente, ou as relações de parentesco alargado.

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Diferentes abordagens sociológicas: a institucional, a estrutural-funcionalista, a marxista e a interacionista.

• Abordagem institucional: a família como a instituição base de toda a sociedade e estuda-a nas funções que desempenha face às outras instituições sociais, políticas, econômicas e educativas dessa sociedade.

• Perspectiva dominante na sociologia clássica do século XIX e início do século XX. Hoje ultrapassada após as críticas sobre enfatizar os aspetos estáticos e assumir arbitrariamente um modelo familiar nuclear como universal.

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• Abordagem estrutural-funcionalista: ao contrário da anterior, aqui a família não deve ser encarada como uma "microsociedade" que incorpora em si as principais funções sociais.

• A família corresponde a um subsistema social com funções especializadas que são a resposta a um conjunto de expectativas socialmente condicionadas. Essas funções especializadas seriam basicamente a socialização primária dos filhos e a estabilização psicológica do adulto, indispensáveis para a perpetuação da sociedade.

• Esta abordagem define ainda os papéis dentro da família. Este modelo também foi objeto de muitas críticas.

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• Abordagem marxista: a família é sempre produto histórico de cada formação socioeconômica pois as suas formas de solidariedade interna derivam dos tipos de divisão social do trabalho.

• Assim, a família da sociedade capitalista seria um retrato em miniatura da sociedade de classes, com uma classe (os homens) oprimindo a outra classe (as mulheres) e o casamento seria uma forma de antagonismo de classes em que o bem-estar de uma deriva da repressão de outra.

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Abordagem interacionista:

interpreta a vida familiar a um nível microsociológico, chamando a atenção para as complexas inter-relações que ligam os seus elementos. Teóricos desta abordagem, como o sociólogo americano Ernest Burgess, propôs se estudar a família como uma unidade de pessoas em interação construindo continuamente as suas relações.

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Ariès: • sentimento de família desenvolveu-se no século XVII na

Europa, especialmente nas classes médias e superiores.

• Séc.XIX: incorporação do modelo de família nuclear burguesa pelas classes trabalhadoras, pela população do novo mundo.

• O modelo social da família foi imposto ao mundo ocidental.

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• Szymanski (2007), no seu estudo sobre o significado de família, afirma que as famílias que estudou mostraram-se como pessoas que assumem uma ligação duradoura entre si, marcada de cuidado entre os adultos, os idosos e as crianças que aparecerem nessa relação.

• Sarti (2007), com o objetivo de mostrar as diferentes concepções acerca do conceito de família, descreve sobre o que esse sentimento representa para os pobres e para os ricos.

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o sentimento de família para os pobres

• Segundo a autora, está vinculado àquela pessoa a quem se pode confiar, com quem se convive ou conviveu, sem que, necessariamente, essa pessoa pertença a um grupo genealógico, ou seja, são da família, aquelas pessoas com quem se pode contar em algum momento de dificuldade.

• A noção de família entre os pobres é definida em torno de um eixo moral, e suas fronteiras sociológicas são traçadas a partir de um princípio da obrigação moral que fundamenta a família e estruturam as suas relações.

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para as famílias ricas• Já, denominadas pela autora como grupos

dominantes, o sentimento de família está ligado ao uso do sobrenome, o qual é visto como status e poder conferido à família, o que nas famílias pobres, configura-se como um elemento pouco significativo.

• Em síntese, nas famílias pobres o que define a pertinência do grupo familiar são as obrigações morais, já nas famílias ricas, ao contrário, o sobrenome é que as definem enquanto grupo familiar.

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• https://youtu.be/HYn2I9O7E9g

MORTE E VIDA SEVERINAO meu nome é Severino,como não tenho outro da pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Maria.Como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.

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Mas isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor desta sesmaria.

Como então dizer quem faloora a Vossas Senhorias?Vejamos: é o Severinoda Maria do Zacarias,lá da Serra da Costela,limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:se ao menos mais cinco haviacom nome de Severinofilhos de tantas Mariasmulheres de outros tantosjá finados, Zacarias,vivendo na mesma serramagra e ossuda em que eu vivia.

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• Somos muitos Severinosiguais em tudo na vida,morremos de morte igual,mesma morte severina:que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia(de fraqueza e de doençaé que a morte severinaataca em qualquer idade,e até gente não nascida).

• De JOÃO CABRAL DE MELO NETO

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os diferentes arranjos familiares encontrados na sociedade contemporânea:

• Há famílias nucleares – constituída pelo pai, mãe e filhos.• Famílias monoparentais, em que o pai, ou, mais frequentemente, a

mãe, duplica suas responsabilidades – é provedora e cuidadora.• Famílias recompostas, em que o marido ou a mulher viveram

anteriormente outras experiências matrimoniais – nesse caso, a família pode ser constituída de um homem e de uma mulher, os filhos dos casamentos anteriores os nascidos da nova união.

• Há famílias em que são incorporados outros parentes: irmãs, irmãos, sobrinhos, avós.

• Existem ainda lares constituídos por pessoas do mesmo sexo (Paixão,2006).

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• É importante observar que diferentes modelos e organização de família coexistem, o que Szymanski (2007) chama de “família vivida”. Embora seja continuamente comparada com um modelo chamado de “família pensada”, é representada por um homem provedor e uma mulher que cuide dos filhos e da casa. A família vivida é aquela que se mostra no cotidiano.

• Nas camadas populares marcadas por dificuldades econômicas, desemprego e miséria, Szymanski (2007) observou, em seus estudos, a expressão de um sentimento de incompetência por não conseguirem viver dentro do contexto esperado, ou seja, a família pensada, atribuindo essa dificuldade às dificuldades materiais.

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família pensada e família vivida ou sobre o conceito de “família desestruturada”

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As famílias pobres brasileiras e as políticas públicas:• Segundo Carvalho (1995), a política social no Brasil tem se

apresentado de duas formas: 1. a primeira é elitista e privilegia uma minoria rica;2. a segunda é assistencialista e tutelar, direcionada para o

segmento empobrecido da população.

Dessa forma, a política social brasileira é marcada por autoritarismo, tutela e subalternidade, características que, segundo a autora, dificultam o combate e a aplicação de políticas que possam beneficiar as camadas empobrecidas e excluídas.

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• De acordo com o censo de 1991, as famílias chefiadas por mulheres representavam na região Nordeste 19,5% e na região sudeste 18,6%.

• Nos indicadores sociais do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005) consta que no Brasil, no ano de 2004, das 56,1 milhões de famílias, 29,4 dos domicílios eram chefiados por mulheres. Sendo que 29,3 destas estavam na região Nordeste, enquanto que na região Sudeste a representação de mulheres como chefe de família era de25,6%.

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• Carvalho (1995) destaca que nas residências das famílias pobres, além dos filhos, é comum a presença de agregados, como por exemplo, tios, parentes distantes, ou não parentes consanguíneos (compadres e amigos), os quais, juntos formam um aglomerado chamado por Mello (1992) de “aglomerado familiar” (p.124).

• No entanto, Carvalho (1995) aponta que esse modo de organização ocorre não só pela necessidade afetiva das pessoas, mas como parte das situações de pobreza e de discriminação vivida por elas. Dessa forma, as famílias pobres “vivem em comunidades cuja identidade é marcada pela carência, pela consanguinidade e pela terra natal”. (p.15).

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Relação família-escolaPara compreender essa complexa relação família-escola, Paixão (2006)propõe analisar os dois grupos distintamente. De um lado, o grupo dos professores, do outro o grupo das famílias populares.

1. Os primeiros são percebidos como pertencentes à classe média assalariada ou, em sua maioria, à pequena burguesia, muitas vezes moradora do próprio bairro onde se localiza a escola.

2. O segundo é representado pelas famílias populares desassistidas e dominadas no espaço social chamado escola.

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• A forma escolar é uma forma de relação social específica, no sentido de que ela é, primordialmente, uma relação pedagógica. O único sentido da relação é a educação, de modo que os adultos que rodeiam as crianças têm como únicas tarefas educá-las por intermédio de atividades que não têm outro fim senão a formação das mentes e dos corpos. A forma escolar inclui também os aprendizados separados da prática (p. 23).

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A assimetria de poderes entre pais e professores torna esse diálogo difícil (frágil) em determinada situação, em uma relação de força, pois tanto os pais quanto os professores são simultaneamente atores individuais e atores coletivos.

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• Segundo Montadon e Perrenoud (2001), para muitos professores a ideia dos pais ganharem espaço na escola é visto como algo ameaçador.

• Os autores concluem que por mais desigual que seja o diálogo entre a escola e a família ele existe e deverá ser sempre alimentado, construído e reconstruído. Como regra, ressaltam que o consenso, ainda que relativo, resulta da comunicação e da negociação. Dizendo, em outras palavras, o conflito também faz parte do diálogo.

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• há diferenças no modo de socialização das famílias populares em relação à escola, ou seja, a instituição escolar não considera o modelo de socialização e os saberes das camadas populares.

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https://www.youtube.com/watch?v=Bs87_NQTM0M

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PESQUISA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

Realizada no Brasil e patrocinada pelaorganização das nações unidas para a educação, a ciência e

a cultura (UNESCO, 2007) emparceria com o governo brasileiro e por intermédio do

Ministério da Educação/InstitutoNacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (MEC/INEP).

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• É justamente essa falta de participação dos pais (...) A gente tem uma necessidade enorme disso. Os pais não participam muito. As crianças não têm acompanhamento da família. Alguns têm, mas a maioria não. E esse é um ponto que influencia muito (p.192 – entrevista com professora do Mato Grosso).

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• foi solicitado que descrevessem alguns aspectos, positivos e negativos, em suas respectivas escolas. Das professoras ouvidas, duas apontaram que:

entrevistas com os professores da pesquisa:

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Uma outra professora do Rio Grande do Norte descreveu que: • (...) os pais não estão preparados, assim, para os filhos terem

aquela educação, aí colocam na escola como se nós, professores, fossemos responsáveis por tudo. Então quando eles chegam aqui na escola, os alunos, é esse o ponto negativo, é essa questão da aprendizagem, são as dificuldades que eles têm em aprender, de se comprometer, é tanta coisa! É como uma bola de que vai se levando até o sistema em si, né? O sistema em si vai fazendo tudo isso e chega a educação do jeito que está hoje (p.192).

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entrevistas com os professores da pesquisa:

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Entrevistas com grupos focais (UNESCO, 2007), os pais e as mães quando foram perguntados sobre como “participavam” na escola, revelaram que..

Em entrevista têm dificuldade de ajudar [os filhos]; com freqüência nem tempo dispõem quando voltam cansados do trabalho. Tampouco os domicílios oferecem tranqüilidade para tanto: muita gente convivendo, ruídos, TV ligada em alto volume, outras crianças brincando ruidosamente pela casa (p. 232).

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• 82,3% disseram positivamente que a professora os ajudava, contra 5,9% dos alunos que responderam negativamente e 10,9% desses relataram não pedir ajuda à professora.

“Entretanto, ao serem perguntados onde mais encontravam ajuda quando tinham problemas na escola”:• menos de um terço 27,6% disseram que encontravam apoio na

escola. Os outros 47,8% responderam que era em casa que encontravam mais ajuda, e 18,5 % responderam que costumavam encontrar mais apoio com os amigos.

uma questão abordada pela pesquisa (UNESCO, 2007, p. 171) e feita aos alunos participantes, quando os pesquisadores “de maneira bastante genérica”, lhes perguntaram onde eles encontravam ajuda quando tinham problemas escolares?

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• diante do exposto, entende-se que as dificuldades e os limites apresentados pelos pais e mães para participarem da vida escolar dos seus filhos não significa “omissão”, mas que a dinâmica da escola nem sempre corresponde ao modo de vida vivenciado por eles.

• Porém, apesar de suas dificuldades e limitações, as famílias acompanham e apoiam os seus filhos nos problemas (intelectuais e emocionais) vividos no ambiente escolar.

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Lahire (2004) afirma que a omissão parental é um mito. Assim definido pelo autor:

• ) Esse mito é produzido pelos professores, que, ignorando as lógicas das configurações familiares, deduzem, a partir dos comportamentos e dos desempenhos escolares dos alunos, que os pais não se incomodam com os filhos, deixando-os fazerem as coisas sem intervir. Nosso estudo revela claramente a profunda injustiça interpretativa que se comete quando evoca uma “omissão” ou uma “negligência” dos pais (p. 334).

• O autor reafirma a sua fala relatando que “quase todos [os pais] que investigamos, qualquer que seja a situação escolar da criança, têm um sentimento de que a escola é algo importante e manifestam a esperança de ver os filhos ‘sair-se’ melhor do que eles” (p. 334).

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• Essas relações escola-família são marcadas por contradições no processo de socialização dos educandos.

• As escolas estão organizadas em lógicas educativas que foram chamadas por Vincent; Lahire e Thin (2001) de forma escolar. Já a família popular tem como modelo de socialização a oralidade e os atos da vida cotidiana, as quais são estranhas ao espaço escolar.

• As diferenças são percebidas pelos próprios professores, mediante observação do comportamento, da atenção e desatenção, da adesão às regras da escola, o tipo de vestuário e os assuntos conversados na sala de aula pelos alunos.

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• o capital escolar das famílias das classes populares é medido pelos anos de escolaridade ou pelo diploma dos seus pais. Esses, muitas vezes, não frequentaram a escola, ou lá permaneceram por pouco tempo.

• A falta de capital escolar é um dos fatores que distancia as relações efetivas dos pais com a escola e a apropriação da escolaridade dos seus filhos.

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Obrigada!Nossos votos de um 2016 de fortes

vínculos familia-escola

Equipe Eixo Educação Infantil

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA• http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-

um-fenomeno-social.htm• http://www.infopedia.pt/$sociologia-da-familia• Electronic Document Format(ISO)• BOARINI, Maria Lúcia. Refletindo sobre a nova e velha família. Psicol.

estud. [online]. 2003, vol.8, n.spe [cited 2016-01-28], pp. 1-2 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000300001&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1807-0329. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722003000300001.

• Duarte, Laudeni Alves de Andrade. Participação da família na escola: como os protagonistas a compreendem . São Paulo. 2009 http://livros01.livrosgratis.com.br/cp115852.pdf.

• MELO NETO, João Cabral. Morte e Vida Severina e outros poemas para vozes. 4ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.