RELAÇÕES DA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO COM DOSES E … Jorge Carneiro Amado 1985.pdf · REIAc;t)ES...
Transcript of RELAÇÕES DA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO COM DOSES E … Jorge Carneiro Amado 1985.pdf · REIAc;t)ES...
RELAÇÕES DA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO COM DOSES E
FORMAS DE MANEJO DO RESÍDUO CULTURAL DE SOJA
Telmo Jorge Carneiro Amado
REIAc;t)ES DE EROSiIo HIDRICA 00 SOID CXJM DOSES E FORMAS DE M1\NEJO 00
RESfiloo CULTURAL DE SOJA.
TELMO JORGE CARNEIRO AMADO
Engenheiro Agronomo (UFSM)
DISSERTACAO
Submetida como parte dos requisitos
para obtencao do grau de
MESTRE EM AGRONOMIA CURSO DE POS-GRADUACAO EM AGRONOMIA
FACULDADE DE AGRONOMIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PORTO ALEGRE (RS), BRASIL
Aprovada em: 28.05.1985
Banca Examinadora:
r / • NEroLI~ Q;i?'
Professor Orientador
.~ .. 'C;/ '.Jo1\o~ ofesSor UFRGS '
-
e:5t~ ..... ", :':'. • J, .,'
M.Sc. Jost srAMMEL " . Professor UFRGS ' " .. " ,"'~' l ' ,
'''.1
Homologada em: 12.06.1985
Por,
,O:,~ t! /J IL. <~
M.Sc. EMA'~ IEIDUI'E , Coordenador dq Curso de Pes-~adua~o em Agroncmia-UFRGS
',";
Dr.
Diretor da Faculdade de Agronania
UFRGS
AGRADEClMENTOS
Ao Professor Neroli Pedro Cogo, pela orienta
~ao, dedica~ao e amizade dispensadas notranscorrer do curso
e na realiza~ao deste trabalho.
Aos demais professores do Departamento de S9
los da Faculdade de Agronomia da UFRGS, pelos ensinamentos
transmitidos.
A Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuaria
S.A. (EMPASC), pela bolsa de pesquisa concedida.
A UFRGS e FINEP pelo apoio financeiro.
A Equipe de Conserva~ao de Solos do IPRNR-SA/
RS, especialmente ao Eng9.Agr9 Renato Levien, pela colabo
ra~ao prestada.
Aos cole gas e funcionarios do Departamento de
Solos da UFRGS que, de alguma forma, contribuiram para a
elabora~ao deste trabalho.
A Esta~ao Experimental Agronomica da UFRGS,pe
la cessao de equipamentos e outras facilidades.
Aos meus familiares, pela compreensao e incen
tivo permanentes.
iii
RELAÇÕES DA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO COM DOSES E FOR-
MAS DE MANEJO DO RESÍDUO CULTURAL DE SOJA
Autor: Teimo Jorge Carneiro Amado Orientador: Prof. Neroli Pedro Cogo
RESUMO
A eficiência relativa de doses e formas de manejo doresíduo de soja; na redução da erosão e parâmetros relacio-nados, foi investigada em condições de chuva simulada na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, Guaíba-RS, em um solo franco-arenoso (Podzólico Vermelho Amarelo distrófico abrúptico petroférrico) com declividade média de 7,5%. As doses do resíduo cultural foram de 0, 500, 1.000, 2.000, 4.000,6.000, 8.000 e 10.000 kg/ha, uniformemente distribuídos sobresuperfície recentemente trabalhada, com rugosidade minima, e semi-incorporados ao solo por uma gradagem, com rugosidadeorientada no sentido do declive. As chuvas foram aplicadas com o aparelho simulador de chuva de braços rotativos, com duração de 60 minutos e intensidade constante de 64,0 mm/h.
Independentemente da forma de manejo, o aumento na cobertura do solo pelo resíduo cultural reduziu a velocida-de do escoamento superficial, concentração e tamanho de sedimentos na enxurrada e, conseqüentemente, promoveu um eficáz controle das perdas de solo. As perdas de água foram pouco afetadas. Contudo, a semi-incorporação da resteva ocasionou uma redução na percentagem de cobertura do solo e a for mação de sulcos proeminentes e praticamente descobertos, orientados no sentido do declive, refletindo - se em aumentodas perdas de solo por erosão quando comparada com a reste-va uniformemente distribuída sobre a superfície.
-/Dissertação de Mestrado em Agronomia (Solos)-Faculdade deAgronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (104p.) - Maio de 1985.
iv
SOIL EROSION AS AFFECTED BY VARIOUS RATES AND METHODS
OF MANAGEMENT OF SOYBEAN CROP RESIDUE/
Author: Teimo Jorge Carneiro Amado Adviser: Prof. Neroli Pedro Cogo
SUMMARY
The relative effectiveness of various rates and two methods of management of soybean crop residue on both erosion reduction and erosion-related parameters, was investigated under field conditions using simulated rainfall at the Agronomic Experimental Station of the UFRGS, in Guaíba, RS, Brazil. Residue rates ranged from 0 to 10000 kg/ha, which yielded 0 to 100% of soil coverage by mulch. Methods of residue manegement consisted of i) residue evenly spread over the surface immediately after tilling the soil with conventional tillage and leveling the land by hand (smooth surface with no pre-formed rills) and ii) residue partially incorporated into the soil by one-pass disking operation (rough surface with pre--formed, tillage induced rills up-and-down the slope). Simulated rainfall was applied with a rotating-boom rainfall simulator, at a constant rate of 64,0 mm/h for 1-hr duration. A sandy loam soil (Plinthic Paleudult) with 7,5% slope was used in the study.
Regardless of the method of residue manegement, increasing mulch rates resulted in an increased percentage of soil cover by mulch which, in turn, decreased runoff velocity, sediment concentration in the runoff, size of eroded sediments and, consequently,amounts and rates of soil loss. Runoff amountswere not appreciably affected. However, surface-applied mulch was relatively more effective in reducing erosion than mulch partially incorporated into the soil.
SUM1i.RIO
Pagina
1. Introdu<;;ao 1
2. Revisao Bibliografica •.•.•.••.•.....•....••.•.. 4 2.1. Revisao dos mecanismos de erosao hidrica do
so 10 •••••..•.....•••..•••.....•.••••..•.•• 4 2.1.1. Erosao entressulcos e erosao em sul-
co 5 •••••••••••••••••••••••••••••••• 5 2.1.2. Desagrega<;;ao e transporte de solo na
erosao entressulcos ..•......•...... 6 2.1.3. Desagrega<;;ao e transporte de solo na
erosao em sulcos ................... 7 2.2. Formas de manejo dos residuos culturais ••. 8 2.3. Influencia dos residuos culturais nos meca-
nismos de erosao hidrica do solo .••••..... 9 2.3.1. Influencia sobre as condi<;;oes fisi-
cas da superficie do solo .••....••• 9 2.3.2. Influencia sobre a erosao entressul-
cos ou laminar •.•..........•..••••. 12 2.3.3. Influencia sobre a erosao em sulcos. 13
2.4. Eficacia dos residuos culturais na redu<;;ao da erosao hidrica do solo ...••••..•••....• 15 2.4.1. Efeito sobre a perda de agua ....••• 15 2.4.2. Efei to sobre a velocidade do escoa-
mento superficial.................. 17 2.4.3. Efeito sobre a perda de solo .•••••• 19 2.4.4. Efeito sobre a distribui<;;ao de tama
nho dos sedimentos transportados na enxurrada •.•••..•..•.........•••••• 23
2.4.5. Efeito da intera<;;ao rugosidade-cober tura sobre a perda de solo ..•••••• ~ 25
2.5. Variabilidade nos resultados da eficiencia relativa dos residuos culturais na redu<;;ao da erosao •••..•...•••.....•...•...••••.••• 25
3. Material e Metodos •...•....•............•.....• 27 3.1. Localiza<;;ao e caracteristicas gerais da a-
rea exper imental ••••••.......•....•...•.•• 27 3.2. Solo utilizado ••••••.•••...••••••....••.•• 28 3.3. Unidade experimental. ... ...............••. 29 3.4. Natureza da pesquisa •..•.•.•...•....•.•..• 29
3.4.1. Aparelho simulador de chuva .•...... 29 3.4.2. Coletores da enxurrada •.•..••••.•.. 30
vi
Pagina
3.5. Historico da area experimental............ 30 3.6. Tratamentos .......... ..................... 32 3.7. Series de chuva simulada e esquema operacio
nal ..•................................... :- 33 3.8. Determina(;oes ............................. 33
3.8.1. A campo, antes da aplica(;ao da chuva 33 3.8.1.1. Umidade atual ............. 33 3.8.1.2. Cobertura do Solo ......... 34
3.8.2. A campo, durante a aplica(;ao da chu va. . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 34 3.8.2.1. Tempo de inicio e termino
da enxurrada .............. 34 3.8.2.2. Taxa instantanea da enxurra
da e amostragens para deter mina(;ao da concentra(;ao de sedimentos ................ 35
3.8.2.3. Velocidade do escoamento su perficial ................ :- 35
3.8.2.4. Verificagao da varia(;ao nas intensidades das chuvas a-plicadas .................. 36
3.8.2.5. Distribuigao de tamanho dos sedimentos na enxurrada nas classes de 2,00 a 0,250mm. 36
3.8.3. Em laboratorio, apos os testes de campo .............................. 37 3.8.3.1. Volume total da chuva apli-
cada ...................... 37 3.8.3.2. Volume total da enxurrada. 37 3.8.3.3. Taxa constante e volume to
tal de infiltra(;ao ....... :- 37 3.8.3.4. Concentra(;ao instantanea de
sedimentos na enxurrada .•. 38 3.8.3.5. Taxa instantanea e quantida
de total de perda de solo :- 39 3.8.3.6. Distribui(;ao do tamanho de
sedimentos erodidos nas clas ses de 0,250 a 0,037 mm .. :- 39
3.8.3.7. Deriva(;ao do fator cobertu-ra vegetal ................ 40
3.8.3.8. Determinagao do indice D50. 3.9. Ajuste de resultados ............•......... 41 3.10. Analise estatistica dos dados ............ 42
4. Resultados e Discussao ......................... 43 4.1. Rela(;ao entre quantidades e formas de mane-
jo do residuo cultural de soja com a percen tagem de cobertura do solo ............... :- 44
4.2. Tempo de inicio, pico e fim da enxurrada.. 51
vii
Pagina
4.3. Volume total e taxa constante de infil tra-Cao de agua no solo ....................... 54
4.4. Volume total e taxa constante da enxurrada. 57 4.5. Velocidade da enxurrada ................... 59 4.6. Concentracao de sedimentos na enxurrada ... 62 4.7. Perda total de solo .....................•. 65 4.8. Fator cobertura vegetal................... 71 4.9. Caracterizacao fisica dos sedimentos erodi-
do s ..........•....•....................... 77 4.9.1. Distribuicao de tamanho dos sedimen
tos transportados na enxurrada .... ~ 77 4.9.2. fndice D50 ......................... 81
5. Conclusoes ..................................... 85
6. Bibliografia Citada ............................ 88
7. Apendices ...................................... 93
viii
RELACAO DAS TABELAS
1. Reducao da percentagem de cobertura do solo pela semi-incorporacao do residuo cultural de soja por
Pagina
gradagem, nas diversas doses investigadas ..... 50
2. Efeito da cio, pico manejo e
cobertura do solo sobre 0 tempo de ini e fim da enxurrada nas duas formas de doses do residuo cultural estudado
3. Efeito da cobertura do solo sobre a infiltracao de agua no solo, nas duas formas de manejo e do-
52
ses do residuo cultural estudado ..........•..• 55
4. Efeito da cobertura do solo sobre a enxurrada nas duas forrnas de manejo e doses do residuo cultu-ral estudado ..•.........................•.•.... 58
5. Relacao do fator cobertura vegetal determinado corn base na perda de solo ocorrida durante 0 periodo de chuva corn enxurrada constante e uma da da massa de residuo cultural de soja nas formas de manejo investigadas (A = uniformemente distribuido sobre a superficie corn rugosidade minima; B = uniformemente distribuido sobre a superficie corn rugosidade orientada; C = semi-incorporado ao solol ..........•.......................•.....•. 76
ix
RELACAO DAS FIGURAS
Pagina
1a. Diferencia9ao qualitativa entre formas de manejo e doses do residuo cultural de soja (0 a 2.000 kg/hal com a percentagem de cobertura do solo.. 45
1b. Diferencia9ao qualitativa entre formas de manejo e doses do residuo cultural de soja (4.000 a 10.000 kg/hal com a percentagem de cobertura do solo ........................................... 46
2. Relac;;ao da percentagem de cobertura do solo com doses e formas de manejo do residuo cultural de soja (A = uniformemente distribuido sobre superfi cie com rugosidade minima; B = uniformemente dis trubuido sobre superficie com rugosidade orienta da; C = semi- incorpor ado ao so 10) .••.•.•.••••• -:- 48
3. Rela9ao da velocidade da enxurrada medida aos 50 minutos de decorrencia de chuva com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uni formemente distribuido sobre superficie com ruga sidade minima; B = uniformemente distribuido so= bre superficie com rugosidade orientada; C=semi--incorporado ao solo) ......................•... 60
4. Re la9ao da concentra9ao media de sedimentos na enxurrada baseada em 60 minutos de dura9ao da chu va com a percentagem de cobertura do solo por r~ siduo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A =uniformemente distribuido sobre a superficie com rugosidade minima; C = semi - incor porado ao solo) ............................... -:- 63
5. Rela9ao da concentra9ao media de sedimentos na enxurrada baseada no periodo de chuva com enxurrada constante com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade minima; C= semi-incorporado ao solo) ...................... 64
x
6. Relacao da perda de solo ocorrida em 60 minutos de duracao de chuva com a percentagem de cobertu ra do solo por residuo cultural de soja, nas for mas de manejo investigadas (A = uniformemente dis tribuido sobre superficie com rugosidade minima; B = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade orientada; C = semi-incorporado ao so
pagina
10) ••.•••.••••••.•.•...•.•.••••..•••••••.....•• 67
7. Relacao da perda de solo baseada no periodo de chuva com enxurrada constante com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = unifor memente distribuido sobre superficie com rugosI dade minima; B = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade orientada; C = semi - in corporado ao solo) ............................ : 69
8. Relacao do fator cobertura vegetal baseado nos dados de perda de solo obtidos em 60 minutos de chuva com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade minima; B = uniformemen te distribuido sobre superficie com rugosidade 0 rientada; C = semi-incorporado ao solo) ........ : 72
9. Relacao do fator cobertura vegetal baseado nos dados de perda de solo verificados no periodo de chuva com enxurrada constante com a percentagem de cobertura do solo por residua cultural de soj a, nas formas de manejo investigadas (A = unifor memente distribuido sobre superficie com rugosI dade minima; B = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade orientada; C = semi-in corporado ao solo) ............................. 74
10. Relacao entre a distribuicao do tamanho dos sed~ mentos erodidos na enxurrada aos 50 minutos de de correncia da chuva simulada com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja uniformemente distribuido sobre superficie com ru gosidade minima ............................... : 79
xi
11.
12.
Rela9ao entre a distribui9ao de tamanho dos sedi mentos erodidos na enxurrada aos 50 minutos de decorrencia da chuva simulada corn a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja semi-incorporado ao solo •...................
Rela9ao do indice D50 determinado aos 50 minutos de decorrencia de CDuva simulada corn a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uni formemente distribuido sobre superficie corn rug£ sidade minima; C = semi-incorporado ao solo)
xii
Pagina
80
83
1. INTRODUCAo
No Rio Grande do SuI, a area explorada com culturas
de verao e de "aproximadamente 6.487.044 hectares, enquanto
no inverno sao cultivados apenas 902.152 hectares, perman~
cendo,assim, 5.548.892 hectares em pousio (FERREIRA, 1984).
Dessa forma, constata-se que, durante 0 inverno, uma grande
area permanece com escassa cobertura de solo e, portanto, ex
posta diretamente a acao erosiva das chuvas. Alem disso, os
problemas de erosao sao agravados quando do preparo do solo para
as culturas, que normalmente e feito atraves do sistema con
vencional. Este sistema ocasiona a incorporacao dos residuos
das culturas anteriores, desagregacao superficial do solo
pela excessiva intensidade de preparo, pequena rugosidade
superficial e possibilidade de formacao de camadas compact~
das na subsuperficie pela intensa operacao de maquinas e impl~
mentos sobre a superficie em epocas em que a umidade do so
lo e excessiva. A coincidencia de chuvas de alta erosivida
de com a epoca de preparo do solo e estabelecimento das cuI
turas de verao, aliada a degradacao fisica dos solos agric£
las, refletem-se em elevadas taxas de erosao. No Estado, e~
tima-se que a sucessao trigo-soja em preparo convencional,
sofra perdas medias de solo entre 20 a 50 t/ha/ano, 0 que
esta bern acima dos limites toleraveis. Esta situacao verifi
ca-se tambem nos demais Estados brasileiros. CORR~A (1984)
2
estima que no Brasil as perdas anuais de solo nas areas de
cultivo situam-se na faixa de 1,25 a 1,50 bilhoes de tone
ladas.
Recentemente, levantamentos tern sido efetuados com 0
objetivo de quantificar os reflexos economicos da erosao do
solo. GIANLUPPI et alii (1979), baseados em urn periodo con
secutivo de 15 dias de chuvas intensas ocorridas em novembro
de 1978, em uma area de 2.578.100 hectares nas lavouras de
soja do planalto rio-grandense, as quais estavam preparadas
ou recentemente semeadas, estimaram urn prejuizo economico
pela erosao de Cr$ 166 bilhoes de cruzeiros (US$ 33.425.000).
Este total foi atualizado para os valores cambiais de maio
de 1985. Nessa estimativa, foram incluidos somente os cus
tos de perdas de nutrientes, corretivos, sementes e gastos
com 0 replantio. Porem, devem ainda ser considerados os pr~
juizos ocasionados pelo replantio fora da epoca recomendada,
falhas na lavoura, diminuicao da eficiencia de fertilizan
tes e corretivos, dificuldade de transito e operacao de ma
quinas agricolas, aumento dos custos de producao, estagna
cao da produtividade e depreciacao da propriedade agricola.
Alem destes aspectos agronomicos, atualmente chama-se aten
cao para 0 potencial de poluiCao dos sedimentos agricolas.
Infelizmente, ainda nao se dispoe de dados nacionais a esse
respeito, mas nos E.U.A. estima-se que a concentracao de s~
dimentos nos rios americanos esteja entre 200 a 50.000 ppm,
de tal modo que os sedimentos, em termos de volume,sao con
sider ados os maiores poluentes da agua naquele pais
3
(WISCHMEIER, 1976). A deposi~ao dos sedimentos po de ocorrer
em canais, escoadouros, a~udes, barragens, estuarios e por
tos, ocasionando a redu~ao da capacidade dessas estruturas
e elevados custos para sua remo~ao. Deve-se tambem conside
rar a possibilidade dos sedimentos transportarem residuos de
pesticidas adsorvidos, representando com isso um serio pro
blema de polui~ao.
Os reflexos sociais da erosao talvez sejam os mais
alarmantes. Culturas basicas da lavoura gaucha como soja,m~
lho e trigo, vem apresentando rendimentos medios proporcio
nais a area de cultivo decrescente. A estagna~ao da produt~
vidade agricola pode incrementar 0 exodo rural e os proble
mas de deficiencia alimentar. Nas duas ultimas decadas, a
produ~ao de alimentos tem side percentualmente inferior ao
crescimento populacional. Atualmente, estima-se que cerca de
dois ter~os da popula~ao brasileira nao ingerem a quantida
de minima de calorias necessarias a sUbsistencia.
A obten~ao de uma agricultura conservacionista esta
vel, com reduzidas perdas por erosao, deve ser meta priori
taria em nosso pais. Neste particular, 0 manejo dos residuos
culturais destaca-se como uma pratica simples, economic a e
eficiente de se controlar as perdas de solo. Com 0 objetivo
especifico de fornecer subsidios para orientar 0 manejo do
residuo cultural de soja na redu~ao da erosao, foi conduzi
da a presente pesquisa.
2. REVISAo BIBLIOGRAFICA
2.1. Revisao dos mecanismos de erosao hldrica do so
10
Os processos de erosao hldrica do solo tern sido abor
dados com detalhcs por varios autorcs. No entanto, com a f~
nalidade de enfatizar os mecanismos fundamentais envolvidos
no processo erosivo, e assim facilitar a compreensao do as
sunto pelo leitor, optou-se por fazer urn breve relato sobre
o mesmo.
As tres fases basicas do processo de erosao hldrica
do solo sao a desagregac;ao, transporte e deposi<;;ao. A desa
gregacao consiste no desalojamento ou separacao inicial das
partlculas de solo (primarias ou agregados) da massa do so
lo. 0 transporte diz respeito ao movimento ou remocao dessas
partlculas de seu local original. A deposicao, ultima fase
do processo erosivo, e 0 fim do transporte ou parada do ma
terial desagregado e transportado; ocorre quando a carga de
sed.imentos na enxurrada excede sua capacidade de transporte
(MEYER et alii, 1975a; FOSTER e MEYER, 1972; MEYER et alii,
1975b). Para que estas tres fases ocorram, e necessaria a
presenca de energia proveniente dos agentes erosivos, quais
sejam, 0 impacto das gotas da chuva e 0 escoamento superfi
cial da agua ou enxurrada. Praticas conservacionistas que
atenuam 0 impacto das gotas da chuva e a enxurrada,
nuem acentuadamente a erosao hidrica do solo.
5
dimi-
2.1.1. Erosao entressulcos e erosao em sulcos
Com 0 objetivo de facilitar a compreensao do proce~
so erosivo, divide-se 0 mesmo em erosao entressulcos e ero
sao em sulcos, de acordo com as caracteristicas hidrologi
cas do processo (MEYER et alii, 1975a). Sobre a superficie
de urn terreno preparado para 0 cultivo, normalmente existem
areas relativamente lisas (com minima rugosidade) e areas
com sulcos definidos originados das marcas do preparo do so
10, microtopografia natural do terreno ou erosao anterior.
Sobre as areas lisas, 0 escoamento da agua ocorre de manei
ra uniforme, em forma de urn fluxo laminar delgado, percor
rendo curtas distancias sobre 0 terreno, caracterizando 0
fluxo entressulcos ou laminar. Sobre as areas dos sulcos, 0
escoamento ocorre em forma concentrada nestes pequenos e d~
finidos canais, que normalmente sao em grande numero e dis
tribuidos irregularmente sobre a superficie do terreno, ca-
racterizando 0 fluxo em sulcos ou concentrado. A erosao en
tressulcos independe da erosao em sulcos, porem esta ultima
depende dos sedimentos fornecidos pela erosao entressulcos
(FOSTER, 1971; MEYER et alii, 1975b).
r ,
6
2.1.2. Desagregacao e transporte de solo na erosao
entressulcos
A desagregacao do solo na erosao entressulcos e es
sencialmente ocasionada pelo impacto das gotas da chuva. 0
caracter explosivo do impacto das gotas da chuva sobre urn
solo descoberto desagrega as particulas da massa de solo, Ian
cando-as em todas as direcoes, originando a erosao de salpl
camento ou de impacto das gotas da chuva (STALLINGS, 1957).
As gotas da chuva podem chegar a muitos milhoes por metro
quadrado, e alem de desagregar as particulas da massa de so
10, podem ainda fracionar os agregados por impactos subse-
quentes, facilitando 0 transporte dos mesmos. Em adicao, 0
impacto das gotas cria turbulencia no fluxo entressulcos,a~
mentando grandemente sua capacidade de transporte (MEYER et
alii, 1975b; ALBERTS et alii, 1980).
As particulas de solo desagregadas pelo impacto das
gotas da chuva sao transportadas lateralmente ate os sulcos
atraves do fluxo entressulcos e diretamente pelo impacto das
gotas da chuva. MEYER et alii (1975b), investigando estes me
canismos, sugerem que somente uma pequena percentagem do mo
vimento total de solo ate os sulcos e realizada diretamente
pelo impacto das gotas da chuva. Conseqfientemente, 0 trans-
porte de sedimentos na erosao entressulcos ocorre principa!
mente atraves da acao combinada do impacto das gotas da chu
va e do fluxo entressulcos. Assim, 0 impacto das gotas da
chuva cria turbulencia no fluxo laminar, aumentando
7
grandemente sua capacidade de transporte. Na ausencia das
gotas da chuva, 0 fluxo laminar delgado tern uma capacidade
de transporte de sedimentos muito pequena.
2.1.3. Desagregacao e transporte de solo na erosao
em sulcos
A desagregacao e 0 transporte de solo na erosao em
sulcos sao ptimariamente uma funcao das caracteristicas hi
draulicas da enxurrada, da suscetibilidade do solo a desa
gregacao ocasionada pelo fluxo de agua e da transportabili
dade dos sedimentos desagregados. As caracteristicas do flu
xo de agua, como velocidade e volume total, sao influencia
das pelo comprimento e grau do declive e suscetibilidade do
solo a formacao de sulcos (FOSTER, 1982).
A desagregacao de solo na erosao em sulcos e ocasio
nada pelo efeito abrasivo do escoamento de agua sobre a su
perficie do sulco. ELLISON (1948) relata que, quando 0 flu
xo em sulcos possue uma determinada carga de sedimentos em
suspensao, a capacidade de desagregacao do fluxo e grande
mente aumentada. 0 impacto das gotas da chuva nao desagrega
diretamente 0 solo abaixo do fluxo em sulcos. No entanto,
ele ocasiona turbulencia no fluxo aumentando sua capacidade
de desagregacao e transporte (MEYER et alii, 1975b).
o fluxo em sulcos transporta a grande maioria das
particulas de solo desagregadas no processo erosivo. De uma
maneira geral, sua capacidade de transporte e uma funcao
8
das caracteristicas hidraulicas do fluxo e da transportabi
lidade dos sedimentos. Se a quantidade de sedimentos desa
greg ados na enxurrada excede a capacidade de transporte do
fluxo em sulcos, ocorre a deposicao, caso contrario, ocorre
transporte. Duas formas de transporte podem ser destacadas,
a de arraste de sedimentos sobre 0 leito do sulco e a de
suspensao de sedimentos no fluxo. a transporte por arraste
no leito do sulco ocorre com as particulas de maior tamanho
e densidade, e quando a capacidade de transporte diminui, a
deposicao ocorre rapidamente. as sedimentos transportados
por suspensao tern distribuicao uniforme no fluxo, e sua de
posiCao ocorre muito mais lentamente, especialmente a das
particulas menores. ConseqUentemente, 0 transporte por sus
pensao no fluxo superficial geralmente move as particulas a
distancias maiores do que 0 transporte por arraste no leito
do sulco (FOSTER, 1982).
2.2. Formas de manejo dos residuos culturais
a manejo dos residuos culturais tern importante in
fluencia nas perdas de solo. VAN DOREN e ALLMARAS (1978) clas
sificam 0 manejo dos residuos, segundo a distribuicao hori
zontal e vertical dos residuos no solo, em:
a) residuos mantidos acima da superficie (exemplo seria 0
sistema de plantio direto) ;
b) residuos semi-incorporados ao solo a uma profundidade de
5 - 10 cm, com uma consideravel percentagem de residuos
9
visiveis (exemplo poderia ser uma opera~ao com grade de
disco ou com urn escarificador) ;
c) residuos incorporados dentro de uma camada de preparo do
solo que exceda a 10 cm (exemplo seria a opera~ao de urn
arado de disco ou de aiveca); e
d) residuos completamente removidos (exemplos seriam a fena
~ao, silagem, aproveitamento para energia, ou mesmo, ~
do os residuos sao queimados).
A incorpora~ao dos residuos ocasiona uma redu~ao na
percentagem de cobertura do solo, expondo uma maior area de
solo a a~ao erosiva das chuvas. Portanto, dentre os manejos
de residuos citados, a manuten~ao dos residuos na superfi
cie e 0 de maior eficacia no controle da erosao hidrica. No
entanto, a incorpora~ao dos residuos e mais eficientedo que
a remo~ao, pois os residuos quando incorporados aumentam a
infiltra~ao de agua e representam uma importante adi~ao de
material organico ao solo, favorecendo a agrega~ao domesmo.
2.3. Influencia dos residuos culturais nos mecanis
mos de erosao hidrica do solo
2.3.1. Influencia sobre as condi~oes fisicas da su
perficie do solo
As condi~oes fisicas da superficie do solo devempeE
mitir uma rapida infiltra~ao de agua, de maneira que a pre
cipita~ao pluviometrica seja armazenada e a erosao hidrica
10
reduzida. 0 preparo do solo altera as condicoes fisicas da
superficie. No entanto, estas alteracoes dependem de uma se
rie de fatores, entre eles 0 tipo e 0 numero de operacoesde
preparo, orientacao do preparo, caracteristicas do solo, u
midade do solo, quantidade e distribuicao dos residuos
(BURWELL et alii, 1966). Entre as condicoes fisicas de su
perficie, 0 espaco poroso total da camada arada e a rugos~
dade superficial sao grandemente influenciados pelo preparo
do solo. Assim, as operacoes de preparo primario como a ar~
cao pod ern aumentar grandemente a rugosidade superficial e
o espaco poroso, enquanto que as operacoes de preparo secun
dario como a gradagem podem reduzi-las. Do ponto de vista
de conservacao do solo, e interessante que a superficie do
solo possua uma alta porosidade associada a uma elevada ru
gosidade, porque isto representara uma grande capacidade de
infiltracao e armazenamento de agua no solo, corn diminuicao
da enxurrada (BURWELL et alii, 1968; COGO, 1981).
As pesquisas corn simulador de chuva revelam que 0
impacto das gotas modifica as condicoes da superficie do so
10, reduzindo a rugosidade superficial e a porosidade total
da camada arada. Acredita-se que estas reducoes ocorrarn pri~
cipalmente no periodo que antecede ao escoamento superfici-
al. 0 mecanismo e a magnitude destas mudancas estruturais
sao complexas, e ainda nao bern compreendidas. Assim, ern s£
los descobertos, as condicoes fisicas de superficie induzi
das pelo preparo do solo tern efeito apenas temporario
(BURWELL et alii, 1968; COGO, 1981). Os solos diretamente
1 1
expostos ao irnpacto das gotas da chuva, especialrnente aque
las de alta erosividade, sofrern urn colapso estrutural dos a
gregados superficiais, originando a formacao de crostas
(ELLISON & SLATER, 1945). Pesquisas mais especIficas a res
peito da formacao de crostas indicam que trata~se de urn pr£
cesso continuo, no qual inicialmente ocorre urn rapido umed~
cimento da superfIcie, ocasionando uma baixa coesao, corn 0
material fino acumulando-se nos poros da superfIcie, redu
zindo assim a porosidade. Apos 0 colapso dos agregados, 0
impacto das gotas da chuva causa compactacao da superfIcie,
produzindo urn "selo" superficial de expessura media de 1,0
rnrn (MCINTYRE, 1958). A formacao de crostas tern como conse
qnencia uma grande reducao na capacidade de infiltracao de
agua no solo, favorecendo 0 escoamento superficial. Ainda,
algumas crostas quando secas adquirem apreciavel coesao, p£
dendo reduzir de forma efetiva a emergencia de plantulas
(HILLEL, 1964; CABEDA, 1984).
Entre os fatores que influem na alteracao das condi
coes fIsicas da superfIcie pelo impacto das gotas da chuva,
destaca-se 0 tipo de solo, percentagem de cobertura por re
sIduos culturais, orientacao do preparo do solo, grau e corn
primento do declive. A cobertura do solo e muito eficiente
ern manter as condicoes fIsicas da superfIcie pouco altera
das, e ern previnir a formacao de crostas, pois ela dissipa
a energia de impacto das gotas da chuva. COGO (1981) relata
que corn 0 aumento da percentagem de cobertura do solo foram
verificadas somente pequenas alteracoes na porosidade total
12
e rugosidade superficial do solo.
Pelo exposto, verifica-se que 0 preparo do solo po
de induzir condi90es fisicas de superficie favoraveis a in-
filtra9ao e ao armazenamento de agua no solo. No entanto,
quando 0 solo encontra-se descoberto, este efei to e apenas
temporario. A utiliza9ao de residuos culturais cobrindo a
superficie do solo pode prolongar 0 efeito destas condi90es
fisicas de superficie favoraveis a conserva9ao do solo e
da agua.
2.3.2. Influencia sobre a erosao entressulcos ou la
minar
A cobertura do solo por residuos culturais dissipa
a energia de impacto das gotas da chuva, ocasionando com is
to uma grande redu9ao na desagrega9ao das particulas de so
lo. Tambem, diminui acentuadamente a velocidade do fluxo la
minar, pois os residuos culturais representam urn obstaculo
fisico ao livre escoamento superficial, aumentando a tortuo
sidade do fluxo. Na ausencia do impacto das gotas da chuva,
o fluxo laminar tern muito pequena capacidade de desagrega9ao
e transporte de sedimentos.
As quantidades de residuos culturais mantidos na su
perficie do solo influenciam acentuadamente a erosao entres
sulcos. LATTANZI et alii (1974) observaram que pequenas do
ses de residuos (0,5 t/ha) foram muito eficientes em redu
zir 0 movimento de solo por salpicamento (reduzindo
13
aproximadamente 90%), enquanto que doses mais elevadas (8,0
t/ha) praticamente eliminaram a presenca de solo no salpic~
mento, e ainda ocasionaram acentuada reducao no volume
da enxurrada. Esta pesquisa evidencia que, para obter-se urn
eficiente controle da erosao entressulcos, a resteva deve
ser mantida cobrindo a superficie do solo. A incorporacao
dos residuos tambem influe na erosao entressulcos. Assim, a
incorporacao dos residuos durante varios anos favorece a es
truturacao do solo, contribuindo para reducao da erosao. No
entanto, deve-se considerar que a incorporacao da resteva ex
poe uma maior area de solo ao impacto das gotas da chuva,
sendo portanto menos eficiente do que a manutencao dos resi
duos na superficie (FOSTER, 1982).
2.3.3. Influencia sobre a erosao em sulcos
a escoamento de agua concentrado em sulcos tern cap~
cidade de desagregar as particulas de solo, bern como de
transportar os sedimentos. A cobertura uniforme do solo pr~
vine a concentracao do escoamento, reduzindo tanto a forca
de desagregacao exercida pelo fluxo de agua no sulco quanta
a capacidade de transporte (FOSTER e MEYER, 1972; GRAFF,
1971) .
Em urn experimento com chuva simulada de intensidade
de 128 mm/h, MEYER et alii (1975a) investigaram a efeito da
cobertura do solo no processo de erosao em sulcos, relatan
do que a cobertura do sulco com uma tela reduziu em mais de
14
50% a erosao, quando comparada ao sulco descoberto. Os aut~
res explicam os resultados baseados no efeito da cobertura
do solo em reduzir a turbulencia, 0 volume e a capacidade
de desagregaGao da enxurrada. A reduGao da turbulencia e vo
lume da enxurrada pode ser atribuida ao efeito da cobertura
em dissipar a energia cinetica das gotas da chuva e, conse
qftentemente, em prevenir 0 selamento superficial, mantendo
assim uma alta taxa de infiltraGao. A elevada intensidade
da chuva simulada aplicada,provavelmente ressaltou este efei
to da cobertura. A capacidade de desagregaGao foi reduzida
basicamente pela diminuiGao do volume total da enxurrada e
ausencia de turbulencia no fluxo.
Os residuos mantidos na superficie sao eficientes
em reduzir a velocidade do fluxo em sulcos. FOSTER (1982),
pesquisando 0 efeito de doses de residuos, salienta que,
com 0 aumento das quantidades de residuos, houve uma acen
tuada diminuiGao na velocidade do fluxo em sulcos. Camisto,
a forGa de desagregaGao do fluxo na superficie do solo foi
reduzida, assim como sua capacidade de transporte. ~ inte
ressante observar que, neste experimento, a infiltraGao de
agua nao foi Significativamente aumentada com a variaGiio dos
niveis de cobertura do solo.
Os residuos quando completamente incorporados ao s£
10 tern pequeno efeito na velocidade do fluxo em sulcos, mas
com a evoluGao do processo de erosao os residuos podem nov~
mente ficarem expostos na superficie. Neste caso, reduzem e
fet'ivamente a velocidade do fluxo e sua capacidade de
15
desagregacao (FOSTER, 1982).
Verifica-se, pois, que a cobertura do solo e muito
eficiente em reduzir a erosao em sulcos e a erosao entres
sulcos. COGO (1981) encontrou uma relacao linear entre a
percentagem de cobertura do solo e a erosao entressulcos.
Com isto, observa-se que 0 aumento da percentagem de cober
tura representa uma diminuicao da area de solo diretamente
exposta ao impacto das gotas da chuva, refletindo-se em uma
diminuicao proporcional da erosao entressulcos. Para perce~
tagem de cobertura do solo e erosao em sulcos, COGO (1981)
observou uma relacao exponencial, sugerindo que, para as mes
mas condicoes, a cobertura do solo e mais eficiente em redu
zir a erosao em sulcos do que a erosao entressulcos.
2.4. Eficacia dos residuos culturais na reducao da
erosao hidrica do solo
2.4.1. Efeito sobre a perda de agua
A eficacia dos residuos culturais em manter altas
taxas de infiltracao, reduzindo as perdas de agua, esta al
tamente relacionada com a percentagem de cobertura do solo.
Assim, os residuos na superficie do solo interceptam as g£
tas da chuva, prevenindo a formacao de crostas superficiais.
Os experimentos com chuva natural tern evidenciado a
eficiencia dos residuos culturais em manter as taxas de in
filtraciio. ELTZ et alii (1984), com base em cinco anos de
16
experimentacao, revelam que 0 solo descoberto e em preparo
convencional perdeu 20% da chuva total precipitada, enquan
to que nos sistemas de preparo que mantiveram os residuos
cobrindo 0 solo (preparo minimo e plantio direto) as perdas
de agua foram de apenas 4%.
o efeito dos residuos culturais em reduzir a enxur
rada e influenciado pelo grau de declive LATTANZI et alii
(1974), em experimento com chuva simulada de 64mm/h, relatam
que em declives acentuados somente as doses elevadas de re
siduos
da.
> 8,0 t/ha) reduziram significativamente a enxurra
o manejo dos residuos tambem influe acentuadamente
nas perdas de agua. MANNERING e MEYER (1961), conduzindo urn
experimento com chuva simulada de 63,5 mm/h, em urn solo com
5% de declividade, relatam que a uniforme distribuicao dos
residuos foi mais eficiente em reduzir a enxurrada do que 0
tratamento no qual os mesmos foram mantidos como sao deixa
dos apos a colheita pela automotriz, argumentando que a un~
forme distribuicao dos residuos ocasiona uma maior superfi
cie de detencao da enxurrada. Observaram ainda que a semi
-incorporacao dos residuos aumentou significativamente a i~
filtracao, sendo a mudanca das condicoes fisicas da superfi
cie (como a eliminacao de crosta) pela operaCao de gradagem
apontada como a principal causa. Este efeito depende das con
dicoes fisicas do perfil do solo. Assim, se 0 solo e perme~
vel atraves de todo 0 perfil, 0 rompimento de crostas super
ficiais favorece grandemente a infiltracao. No entanto,
17
quando existe a presenca de urn horizonte B ou qualquer cam~
da menos permeavel, estes iraQ restringir 0 movimento de
agua, e a operacao de gradagem apresentara pequeno efeito
na infiltracao.
Experimentos com chuva simulada nao tern evidenciado
a eficiencia que se esperaria de doses de residuos na redu
cao da enxurrada. W1SCHME1ER (1973) em condicoes de chuva
simulada de 64 mm/h encontrou que as pequenas quantidades
de residuos culturais ( < 4,95 t/ha) nao reduziram signifi
cativamente a enxurrada, e que quantidades maiores somente
ligeiramente. Outros pesquisadores como COGO (1981) eLOPES
(1984) encontraram resultados semelhantes, salientando que
a enxurrada total parece ser mais influenciada pelo preparo
do solo do que pela cobertura com residuo cultural. 1sso
possivelmente devido a natureza da pesquisa com chuva simu
lada, onde no inicio dos experimentos as condicoes fisicas
modificadas com 0 preparo superam as modificadas pela co
bertura. Com 0 passar do tempo, no entanto, a cobertura au
menta sua importancia relativa de atuacao no processo erosi
vo.
2.4.2. Efeito sobre a velocidade do escoamento su
perficial
A velocidade do escoamento superficial influe acen
tuadamente no processo erosivo. A quantidade e 0 tamanho de
sedimentos transportados sao, de ummodo geral, proporcionais
18
a velocidade do escoarnento. Assirn, reduzir a velocidade do
escoarnento significa reduzir a capacidade de desagrega~ao e
de transporte da enxurrada.
o aurnento na percentagern de cobertura do solo por
residuo cultural dirninui acentuadarnente a velocidade do es
coamento superficial, sendo este efeito independente do ti
po de residuo (LOPES, 1984). Outros pesquisadores amo ~
e MEYER (1969), MEYER et alii (1970) e COGO (1981)obtiveram
resultados semelhantes, argumentando que 0 residuo cultural
em contato direto com a superficie do solo age como uma baE
reira fisica ao livre escoamento superficial, aumentando a
tortuosidade do fluxo. 0 efeito mais pronunciado da cobert~
ra do solo na diminui~ao da velocidade do escoamento ocorre
ate 50% de cobertura do solo, diminuindo posteriormente
(COGO, 1 981 ) •
Em urn experimento conduzido em laboratorio, com 0
objetivo de urn rigoroso controle das variaveis envolvidas e
utilizando uma intensidade de chuva simulada de 38,1 rnm / h,
KRAMER e MEYER (1969) constataram que a cobertura do solo
teve eficiencia semelhante em reduzir a velocidade da enxur
rada em esferas de tamanho das fra~6es silte e areia. Este
fato e interessante, uma vez que as esferas do tamanho de
areia fina sao muito mais erodiveis, e pode sugerir que os
residuos sao eficientes em reduzir a velocidade do escoamen
to independentemente do tipo de solo.
Apesar da acentuada eficiencia de pequenas taxas de
residuos em reduzir a velocidade do escoamento, os resultados
19
de pesquisa de KRAMER e MEYER (1969) e MEYER et alii (1970)
indicam que, quando aumentam 0 comprimento e 0 grau de de
clive, maiores quantidades de residuos sao necessarias para
diminuir a velocidade da enxurrada.
2.4.3. Efeito sobre a perda de solo
A cobertura do solo e 0 fator isolado de maior im
portancia no controle da erosao hidrica sobre as terras agr!
colas. A utilizacao dos residuos culturais como cobertura
do solo e uma das maneiras mais eficientes, simples e econ~
mica de se controlar as perdas de solo. Segundo COGO (1981),
a eficiencia dos residuos culturais depende de varios fato
res: quantidade, percentagem de cobertura do solo, tipo, for
rna de manejo e estagio de decomposicao dos residuos.
Tanto os experimentos corn chuva natural como os corn
chuva simulada, tern evidenciado a eficiencia dos residuos
culturais em reduzir a erosao. ELTZ et alii (1984), ern urn
experimento corn chuva natural,observaram que os sistemas de
preparo do solo que mantiveram os residuos protegendo a su
perficie (plantio direto e preparo minimo) reduziram a ero
sao ern aproximadamente 95% quando comparados ao solo desco
berto. Os experimentos com chuva simulada tern mostrado que
pequenas quantidades de residuos, quando mantidos na super
ficie, reduzem grandemente a erosao, e que quantidades ele
vadas de residuos podem praticamente elimina-las (MANNERING
e MEYER, 1963; MEYER et alii, 1970; LAL, 1978; COGO, 1981;
20
LOPES, 1984). A reducao da erosao ocasionada por pequenas
quantidades de residuos geralmente deve-se a diminuicao da
velocidade da enxurrada e da concentracao de sedimentos. As
grandes quantidades de residuos ocasionam pequenas reduc6es
adicionais na velocidade da enxurrada; no entanto, aumentam
acentuadamente a percentagem de cobertura do solo, preveni~
do desta maneira a desagregacao pelo impacto das gotas da
chuva. Ainda a respeito da eficiencia de pequenas quantida
des de residuos no controle da erosao, cabe salientarque e~
te efeito depende do grau e comprimento do declive e da er~
dibilidade do solo. Assim, nos declives acentuados e longos,
bern como em solos facilmente erodiveis, maiores quantidades
de residuos sao necessarios para obter-se 0 mesmo exito
(KRAMER e MEYER, 1969).
A relacao entre quantidades de residuos de trigo,
milho e soja com a percentagem de cobertura do solo foi in
vestigada por LOPES (1984).0 autor relata que 0 incremen-
to na quantidade de residuos uniformemente distribuidos ao
solo induziu urn aumento na percentagem de cobertura, espe-
cialmente ate 0 nivel de 4.000 kg/ha, onde pouca sobreposi
cao dos residuos foi verificada. A comparacao en"tre os ti
pos de residuos revela que, para uma mesma quantidade, a
resteva de trigo foi mais eficiente em cobrir 0 solo do que
a resteva de milho, e a esta mais do que a de soja. No en
tanto, as diferencas foram pequenas, e provavelmente devam
-se as particularidades na forma e densidade de cada tipo
de residuo.
21
Uma mesma quantidade de residuo pode prover acen
tuada diferen~a na percentagem de cobertura, dependendo do
metoda de prepar~ do solo. Portanto, a escolha dos impleme~
tos e muito importante na quantidade de residuos remanescen
tes na superficie. Assim, uma ara~ao que incorpore os resi
duos ao solo, pode reduzir a cobertura em 95%, enquanto que
uma opera~ao de gradagem reduz aproximadamente 60 a 70%
(COLVIN et alii, 1980).0 conhecimento da percentagem de co
bertura do solo remanescente apos a opera~ao de cada imple
mento e fundamental na sele~ao de sistemas de preparo do s~
10. Sob 0 prisma de conserva~ao do solo, as mudan~as no sis
tema de prepar~ podem ser menos trabalhosas e tambem menos
dispendiosas do que praticas convencionais de controle a e
rosao como 0 terraceamento (SLONEKER e MOLDENHAUER, 1977).
o manejo dos residuos culturais e outro fator que
influi na redu~ao da erosao. MANNERING e MEYER (1961) desta
cam a importancia da distribui~ao uniforme dos residuos so
bre a superficie. Segundo os autores, este tratamento apre
sentou perdas de solo inferior a 50% das perdas verificadas
no tratamento em que os residuos foram mantidos como saodei
xados pela automotriz. Os autores observaramainda que a se
mi-incorpora~ao dos residuos de milho aumentou a perda de
solo quando comparada aos residuos uniformemente distribui
dos sobre a superficie. Estes resultados concordam com os
de SWANSON et alii (1965), os quais investigando 0 efeito
de diferentes manejos das restevas de trigo e azevem, rela
tam que a maior erosao ocorreu quando os residuos foram
22
semi-incorporados por uma gradagem no sentidodo declive. Urn
valor intermediario de controle a erosao foi registrado ~
do a resteva foi semi-incorporada transversalmente ao senti
do do declive, enquanto 0 maior controle de erosao foi veri
ficado quando os residuos foram mantidos na superficie.
o tamanho, forma to e densidade dos residuos influem
no controle da erosao hidrica do solo. Pesquisas conduzidas
por COGO (1981) eLOPES (1984) evidenciam que residuos de
trigo e milho tern eficiencia semelhante, porem superior aos
residuos de soja. Os pesquisadores argumentam que os resi
duos constituidos de pecas de maior tamanho e densidade for
mam uma melhor barre ira fisica ao livre escoamento da agua,
sendo com isto mais eficientes em reter sedimentos, reduzir
a velocidade do escoamento e aumentar a profundidade do fl~
xo. Alem disso, estes residuos sao de dificil remocao pela
enxurrada, e isto e importante porque se houver transporte
da cobertura do solo 0 processo erosivo sera grandemente a~
mentado. Outros fatores que influem na remocao da cobertu
ra sao a taxa da enxurrada, grau e comprimento do declive e
metodo de manejo da resteva (WISCHMEIER, 1973; COGO, 1981).
Quantidades semelhantes de resteva de soja e milho,
dependendo do estagio de decomposicao dos residuos, podem
apresentar percentagem de cobertura e controle da erosaocom
pletamente diferentes. COGO (1981) salienta que residuos de
soja e milho sujeitos a decomposicao do inverno apresenta
ram, 50 e 32% a mais de perda de solo do que residuos nao
decompostos.
23
Pelo exposto, observa-se que OS residuos culturais
sao muito eficientes na reducao da erosao hidrica do solo.
No entanto, a eficiencia dos mesmos e influenciada por uma
serie de fatores, os quais devem ser devidamente reconheci
dos e pesquisados.
2.4.4. Efeito sobre a distribuicao de tamanho dos
sedimentos transportados na enxurrada
o tamanho dos sedimentos transportados na enxurrada
e influenciado pelo tipo do processo erosivo (erosao entre~
sulcos ou em sulcos), tipo de solo, cobertura do solo, con
dicoes de superficie, grau e comprimento do declive, inten
sidade e duracao da chuva (COGO, 1981; LOPES, 1984).
Com 0 aumento da percentagem de cobertura do solo ,
verifica-se um decrescimo na percentagem do material gros
seiro transportado na enxurrada, e um acrescimo da percent~
gem de sedimentos de menor tamanho (YOUNG, 1980; LOPES,
1984). COGO (1981)observou que a percentagem de sedimentos
maiores que 0,05 mm transportados na enxurrada diminuiu ex
ponencialmente com 0 aumento da percentagem de cobertura do
solo por residuos culturais. Esse pesquisador destaca que 0
aumento da percentagem de cobertura diminuiu a velocidade e
turbulencia do fluxo, com isto reduzindo acentuadamente a
capacidade de desagregacao e transporte. Ainda, os residuos
represent am uma barreira fisica ao livre escoamento, indu
zindo a deposicao dos sedimentos mais grosseiros. 0 efeito
24
do tipo de residuo na distribuicao do tamanho de sedimentos
foi investigado por LOPES (1984), 0 qual encontrou urn efei
to semelhante de residuos de soja, milho e trigo na reducao
do tamanho de sedimentos transportados.
As condicoes de superficie tambem influem signific~
tivamente na distribuicao de tamanho dos sedimentos erodi
dos. Para condicoes de solo descoberto, COGO (1981)observou
que 0 aumento da rugosidade induzida pelo prepar~ do solo
reduziu 0 tamanho de sedimentos transportados na enxurrada,
enquanto que em condicoes de superficie lisa (pequena rugo
sidade) foi registrado 0 maior tamanho de sedimentos trans
portados.
Em condicoes de exploracao agricola com culturas a
nuais, a distribuicao de tamanho dos sedimentos e influen
ciada pela presenca de residuos de culturas anteriores e
condicoes de superficie induzidas pelo preparo do solo.
COGO (1981) pesquisou 0 efeito da interacao rugosidade-co
bertura do solo, destacando que em superficies lisas a co
bertura e relativamente mais eficiente em reduzir 0 tamanho
dos sedimentos erodidos, enquanto que em superficies rugosas
o efeito da cobertura do solo e reduzido. Como 0 efeito da
rugosidade do solo e temporario, uma vez que a acao das chu
vas modi fica as condicoes de superficie, a influencia da co
bertura do solo no tamanho dos sedimentos transportados e
ressaltada com 0 passar do tempo.
25
2.4.5. Efeito da interacao rugosidade-cobertura so
bre a perda de solo
A perda de solo diminui acentuadamente com 0 aumen
to da percentagem de cobertura e da rugosidade superficial,
mas 0 efeito destas variaveis nao e independente, havendo
uma importante interacao entre os mesmos. Assim, como na di~
tribuicao do tamanho de sedimentos na enxurrada, em superfi
cies lisas os residuos culturais foram relativamente mais ef:!:.
cientes em reduzir a erosao do que em superficies rugosas, sen
do portanto 0 efeito da cobertura do solo dependente das con
dicoes de superficies, especialmente para as pequenas per
centagens de cobertura (COGO et alii, 1984). Dessa maneira,
apesar da cobertura do solo explicar isoladamente uma sign~
ficativa porcao da variabilidade dos dados de perda de solo,
a inclusao de outros parametros que avaliem as condicoes fi
sicas de superficie melhorariam a estimativa de perdas, de
maneira a justificar a sua inclusao nas equacoes de pred!
cao de perdas de solo.
2.5. Variabilidade dos resultados da eficiencia re
lativa dos residuos culturais na reducao da e
rosao
A eficiencia relativa dos residuos culturais na re
ducao da erosao pode ser avaliada pelo fator cobertura veg~
tal, 0 qual expressa a relaCao entre a perda de solo sob
26
dada percentagem de cobertura corn a perda de solo observada
sob zero porcento de cobertura. A equa~ao que relaciona es
-b.CS sas variaveis e a seguinte: FCV = e ,onde FCV = fator co
bertura vegetal, e = base do logaritmo natural, b = constan-
te da equaGao de regressao, e CS = percentagem de cobertura
do solo (COGO, 1981). Como anteriormente referido, os resu~
tados de pesquisas conduzidas corn a finalidade de avaliar a
eficacia dos residuos culturais na redu~ao da erosao sao a-
lentadores. No entanto, observa-se uma grande variabilidade
no valor do coeficiente b da equaGao do fator cobertura ve-
getal, havendo necessidade de se identificar mais precisa-
mente as causas desta variaGao, a fim de que estes parametros
possam ser utilizados corn mais seguranGa nos planejamentos
conservacionistas. Portanto, sugere-se a intensificaGao de
pesquisas que avaliem 0 efeito dos residuos culturais nas
mais variadas condi~oes de tipo de solo, grau e comprimento
do declive, condiGoes de superficie induzidas pelo preparo,
rugosidade superficial, manejo e tipo de residuos cuI tu -
rais.
3. MATERIAL E M~TODOS
3.1. Localizacao e caracteristicas gerais da area
experimental
Esta pesquisa foi conduzida na Estacao Experimental
Agronomica da Universidade Federal do Rio Grande do SuI, 1£
calizada no km 51 da rodovia BR - 290, municipio de Guaiba,
Estado do Rio Grande do SuI.
A area experimental situa-se na regiao fisiografica
da Depressao Central, caracterizando-se por urn relevo com
amplas planicies aluviais e coxilhas sedimentaresonduladas,
possuindo declives em dezenas de metros. 0 clima da regiao
e do tipo "cfa" sub-tropical (virginiano) umido, sem estia
gem, conforme a classificacao de KBppen. A precipitacao me
dia anual e proxima a 1.400 mm, com 0 periodo de chuvas de
maior erosividade compreendido entre os meses de novembro a
marco (ELTZ, 1977; SARAIVA, 1978; COGO et alii, 1978). ~
importante ressaltar que este periodo coincide com a epoca
de preparo do solo e estabelecimento das culturas de verao.
Quanto a exploracao agricola, predomina na regiao pastagem
nativa, com recente aumento da area de lavouras, especial
mente a da soja, sendo ainda cultivado milho, sorgo e trigo.
(BRASIL, 1973).
28
3.2. Solo utilizado
A area experimental esta localizada sobre a unidade
de mapeamento Sao Jeronimo, que representa aproximadamente
0,5% da area total do Estado. Sao solos originados de gran~
tos, geralmente bern drenados, profundos, cascalhentos, de
coloracao avermelhada, com declives medios variando de 5 a
10% e lancantes com 50 a 200 m.
VIEIRA (1977) descreveu urn perfil de solo dentro da
area experimental, encontrando algumas variacoes em relacao
ao perfil modal, principalmente quanta a profundidade, que
e inferior a 80 cm. Nesta profundidade, surge urn composto
de concrecoes de ferro e manganes, com presenca de feldspa
tos e quartzo, que perfaz uma camada compacta e praticamen
te impermeavel. A seqtl.encia de horizontes com a profundid~
de e respectiva textura e a seguinte: horizonte A1 , de 0-
18 cm, com textura franco arenosa; horizonte A3 , de 18 - 37/
50 cm, com textura franco argilo arenosa; horizonte B2 , de
37/50 - 75 cm, com textura argilo arenosa; e horizonte Ccn,
com profundidade superior a 75 cm. A cota que se en contra
este perfil (35 m), bern como a sua profundidade, sugerem que
este solo possa ser uma transicao para a unidade de mapea
mento Arroio dos Ratos, uma vez que a unidade de mapeamento
Sao Jeronimo possui aproximadamente 100 a 250 metros de al
titude e profundidade superior a 200 cm. LOPES (1984), com
os dados disponiveis do perfil descrito, classificoueste so
10 como urn Podzolico Vermelho Amarelo distrofico abruptico
29
petroferrico.
3.3. Unidade experimental
A unidade experimental constituiu-se de uma parcela
com dimensoes de 11,0 m de compr imento por 3,5 m de largura,
perfazendo uma area util de 38,5 m2 , seguindo as recomenda
coes do 19 Encontro Nacional Sobre Pesquisa de Erosao com
Simuladores de Chuva (1APAR - EMBRAPA, 1975). A unidade exp~
rimental ou parcela foi delimitada por chapas galvanizadas
com 25,0 cm de altura, sendo cravadas no solo a uma profun
didade de aproximadamente 10,0 cm. Foram utilizadas oito u
nidades experimentais, sem repeticao, com declividade media
de 7,5% e variacao do declive de 6,2 a 8,2% (Apendice 1).
3.4. Natureza da pesquisa
Esta pesquisa foi conduzida sob condicoes de chuva
simulada.
3.4.1. Aparelho simulador de chuva
Foi utilizado 0 simulador de chuva de bra cos rot at!
vos, que cobre simultaneamente duas unidades experimentais
distanciadas entre si de 3,5 m.
30
3.4.2. Coletores da enxurrada
Na parte inferior de cada unidade experimental foi
instalado urn sistema de calha coletora do material erodido,
sendo acoplado a esta calha uma conexao tubular com decliv!
dade suficiente para permitir urn livre escoamento ate uma
trincheira localizada poucos metros abaixo, onde eram cole
tadas intermitentemente amostras da enxurrada.
3.5. Historico da area experimental
A area experimental foi explorada com pastagem nati
va ate 1974. A partir deste ano, VIEIRA (1977) iniciou uma
pesquisa com 0 objetivo de avaliar as perdas por erosao sob
diferentes sistemas de preparo do solo para a cultura da s~
ja. De setembro de 1977 a abril de 1979, a area foi utiliza
da com experimentos em condicoes de chuva simulada, com 0
objetivo de determinacao da erodibilidade do solo e quanti
ficacao da erosao em sistemas de preparo do solo para as cuI
turas de trigo e soja.
A partir desta data, a area permaneceu em pousio,
tendo sido ocupada por vegetacao expontanea constituida de
ervas daninhas e gramineas. Em julho de 1982, LOPES (1984)
iniciou urn experimento visando determinar as relacoes da e
rosao .com tipos e quantidades de residuos culturais espalh~
dos uniformemente sobre superficie de solo com rugosidade 0
rientada, concluindo os testes de campo em abril de 1983. A
31
area permaneceu novamente em pousio ate outubro de 1983, i
niciando-se entao a adequa9ao da mesma para a presente pes
quisa, a qual constou de uma lavra9ao com arado de discos
(profundidade de 20 cm) e de uma gradagem no sentido trans
versal ao declive. Durante 0 mes de novembro de 1983, com 0
objetivo de eliminar as ervas daninhas, foram feitas duas 0
pera90es de gradagens. No mes de dezembro do mesmo ano, foi
instalado urn experimento visando avaliar 0 efei to de dife
rentes sistemas e intensidades de preparo do solo nas per
das por erosao. Nos meses seguintes, janeiro e fevereiro de
1984, foram feitas gradagens periedicas nas areas entre-paE
celas, enquanto que na area util das mesmas optou-se por c~
pina manual. Desta maneira, 0 excessivo trans ito de maqui
nas e implementos agricolas sobre as unidades experimentais
foi evitado.
Em mar90 de 1984, com a finalidade de romper a cros
ta superficial e tornar 0 solo bastante trabalhado, foram
realizadas duas gradagens em cada parcela, seguindo 0 senti
do do declive. Na oportunidade, as parcelas foram delimita
das por chapas galvanizadas. 0 preparo do solo imediatamen
te antes da aplica9ao da chuva simulada constou de uma gra
dagem (profundidade 8- 10 cm) no sentido do declive, confoE
me filosofia de obten9ao do fator f da Equa9ao Universal de
Perdas do Solo. Nesta opera9ao, utilizou-se uma grade pequ~
na tipo "off set" para acoplamento em microtrator,constitui
da de seis discos recortados na parte frontal e seis discos
lisos na parte traseira. Apes realizada a gradagem,
32
eliminou-se manualmente com ancinho os sulcos induzidos pe-
10 preparo do solo, deixando-se a superficie com rugosid~
de minima e destorroada. Imediatamente apos foram aplicados
os tratamentos e as chuvas simuladas descritas a seguir.
3.6. Tratamentos
Os tratamentos estudados consistiram de doses e
formas de manejo do residuo cultural de soja. A resteva foi
colhida em abril de 1983, exposta ao sol para secagem, sen
do apos picada, pesada e identificada em suas doses corres
pondentes, e posteriormente armazenada em galpao ate a rea
lizacao das series de chuva simulada. As doses de residuos
utilizados foram 0, 500, 1.000, 2.000, 4.000, 6.000, 8.000,
e 10.000 kg/ha. Instantes antes da realizacao da primeira
serie de chuva, estas doses foram uniformemente distribui
dos sobre as unidades experimentais, as quais apresentavam
uma superficie de solo com rugosidade minima, destorroada e
sem qualquer vegetacao. A segunda serie de chuva simulada foi
aplicada transcorrido urn intervalo de cinco dias da realiza
cao da primeira serie. Este intervalo teve como objetivo e
liminar 0 excesso de umidade das parcelas. Antes da aplic~
cao da segunda serie de chuva, as mesrnas doses de residuo
foram semi-incorporados ao solo a uma profundidade media de
8 cm, por uma pequena grade de disco como a anteriormente
descrita. Nessas condicoes de residuo parcialmente incorpo
rado e na presenca de sulcos orientados no sentido do
33
declive, foi entao aplicada a segunda serie de chuva.
3.7. Series de chuva simulada e esquema operacional
o simulador de chuva foi colocado entre duas unida
des experimentais, de modo que as cobrisse simultaneamente.
A chuva simulada foi aplicada na intensidade constante de
64 rnrn/h e corn duracao de 60 minutos, seguindo a ordem cres
cente de doses do residuo. Na primeira serie de chuva, 0
residuo foi distribuido uniformemente sobre a superficie do
solo corn rugosidade minima. Passados cinco dias, foi aplic~
da a segunda serie de chuva sin,ulada, ern condicoes de resi
duo semi-incorporado e orientado segundo a operacao de gra
dagem, corn a presenca de rugosidade superficial direcionada
no sentido do declive.
3.8. Determinacoes
3.8.1. A campo, antes da aplicacao da chuva
3.8.1.1. Umidade atual
Imediatamente antes da aplicacao de cada serie de
chuva simulada, foram realizadas amostragens de solo nas pr,£
fundidades de 0 -10 cm e 10 - 20 cm, corn a finalidade de de
terminacao da umidade atual. As amostras foram colocadas ern
latas de aluminio, vedadas, identificadas e levadas a estufa
34
a 10SoC ate peso con stante . A umidade gravimetrica foi cal
culada dividindo-se a massa de agua pela massa de particu
las, expressando-se os resultados em percentagem (FORSYTHE,
197 S) .
3.8.1.2. Cobertura do solo
A percentagem de cobertura do solo por residuos de
soja (uniformemente d.istribuido e semi-incorporado) foi de
terminada atraves do metodo fotografico descrito por
MANNERING (LOPES, 1984). Para tal, utilizou-se urn quadro de
madeira possuindo dimensoes internas de 60,0 x 40,0 cm, e
com uma camara fotografica foram tornados dois "slides" por
nivel de residuo. Em laboratorio, os "slides" foram projet~
dos em urn quadro especial reticulado, para determinacao da
percentagem de cobertura do solo. Os resultados finais fo
ram baseados na media de tres contagens por "slide", sendo
expressos em percentagem.
3.8.2. A campo, durante a aplicacao da chuva
3.8.2.1. Tempo de inicio e termino da enxurrada
Foram registrados 0 tempo transcorrido entre 0 ini
cio da aplicacao da chuva e 0 inicio do escoamento, bern co
mo 0 tempo do termino da enxurrada, sendo expressos em minu
tos.
35
3.8.2.2. Taxa instantanea da enxurrada e amostragem
para determinacao da concentracao de sedi
mentos
Uma vez iniciado 0 escoamento superficial, foram
feitas medicoes da taxa instantanea da enxurrada em interva
los regulares de 3 minutos. Para isso, utilizou-se inicial
mente uma proveta graduada de 2.000 ml, a qual era colocada
durante 15 a 30 segundos sob 0 fluxo da enxurrada, sendo re
gistrados 0 volume e 0 tempo de coleta. Posteriormente, com
o aumento do volume da enxurrada, substituiu-se a proveta por
urn balde graduado de 0, 5 em 0 ,5 1 i tro e =m capacidacle de 42 litros.
Imediatamente apos a medicao da taxa instantanea da enxurra
da, colocava-se sob 0 fluxo da enxurrada urn pote pliisti= can
capacidade de 1 li tro, com 0 objetivo de coletar-se amostras
para a posterior determinacao da concentracao de sedimentos
na enxurrada. Atraves da interpolacao linear das taxas da
enxurrada medidas a cada tres minutos, foram obtidas as ta
xas instantaneas para cada minuto do per:lodo do escoamento
superficial, expressas em lIs ou mm/h.
3.8.2.3. Velocidade do escoamento superficial
A velocidade do escoamento superficial foi medida
aos 50 minutos de decorrencia da chuva simulada. Para tan
to, utilizou-se urn corante a base de azul de metileno, na
concentracao de 2,5%. Inicialmente, foi demarcado com
36
estacas sobre as parcelas urn segmento corn 5,0 rn de compri
mento, situado 3,0 m abaixo da cabeceira e 3,0 m acima da
parte terminal da parcela. No momenta da determinacao, a so
lucao com corante era jogada na parte superior do segmento,
no sentido transversal a parcela, sendo registrado 0 tempo
gasto para que 0 fluxo corn corante atingisse a parte infer!
or. Posteriormente, dividindo-se 0 tempo gasto no percurso
pela distancia percorrida obteve-se a velocidade do escoa
mento superficial, expressa em cm/s.
3.8.2.4. Verificacao da variacao nas intensidades
das chuvas aplicadas
A verificacao da variacao nas intensidades das chu
vas aplicadas foi feita atraves da colocacao de 23 pluviom~
tros distribuidos sob a area de aplicacao das chuvas simul~
das. Vma vez determinado 0 volume medio coletado e a area
de captacao dos pluviometros, calculou-se a intensidade me
dia da chuva simulada para a duracao correspondente (60 mi
nutos).
3.8.2.5. Distribuicao do tamanho de sedimentos na
enxurrada nas classes de 2,00 a 0,250 rom
Transcorridos 50 minutos do inicio da aplicacao da
chuva simulada, urn conjunto de quatro peneiras com malhas
de 2,00; 1,00; 0,50 e 0,250 rom, colocado nesta ordem sobre
37
um balde plastico de 2,5 litros, foi posicionado sob 0 flu
xo da enxurrada ate 0 enchimento do balde. posteriormente,
os sedimentos retidos em cada peneira foram transferidos
com 0 auxilio de uma bisnaga contendo agua, para potes pla~
ticos identificados e com capacidade de 0,8 kg. 0 material
que passou na peneira com malha de 0,250 rom e ficou armaze
nado no balde foi levado para laboratorio com 0 objetivo de
novo fracionamento.
3.8.3. Em laboratorio, apos os testes de campo
3.8.3.1. Volume total da chuva aplicada
o volume total da chuva aplicada foi obtido multi
plicando-se a intensidade media da chuva pela sua duracao ,
sendo expresso em rom.
3.8.3.2. Volume total da enxurrada
o volume total da enxurrada foi calculado atraves
do somatorio das taxas instantaneas da enxurrada, sendo ex
pres so em rom ou % da chuva aplicada.
3.8.3.3. Taxa constante e volume total de infiltra
cao
A taxa constante deinfiltracao foi determinada pela
38
diferen.;a entre a intensidade da chuva aplicada e a taxa
constante da enxurrada observada, expressa em mm / h. 0 volu
me de infiltra.;ao total foi determinado pela diferen.;a en-
tre 0 volume total da chuva aplicada e 0 volume total da en
xurrada observada, expresso em mm ou % da chuva aplicada.
3.8.3.4. Concentra.;ao instantanea de sedimentos na
enxurrada
As amostras coletadas no campo com a finalidade de
determina.;ao da concentra.;ao de sedimentos na enxurrada (item
3.8.2.2.), foram levadas ao laboraterio. Apes pesadas, a ca
da amostra adicionou-se 1,0 ml de uma solu.;ao saturada de
alumen de potassio, visando precipitar os sedimentos em sus
pensao. Passados 24 a 48 horas, quando os sedimentos estavam
decantados, o sobrenadante foi succionado atraves de uma
bomba de suc.;ao. Os potes plasticos com sedimentos foram en
tao levados a estufa com circula.;ao de ar for.;ado, permane-
o cendo durante 48 horas a uma temperatura de 60 C. Apes p~
sados, procedeu-se 0 calculo da concentra.;ao de sedimentos
na enxurrada, dividindo-se 0 peso de sedimentos secos pelo
peso da enxurrada, expressando - se 0 resultado em percent~
gem. Atraves de interpola.;ao linear das concentra.;oes de s~
dimentos amostradas em intervalos de 3 em 3 minutos, calcu-
lou-se a concentra.;ao instantanea de sedimentos para cada
minuto do periodo de aplica.;ao da chuva, sendo expressa em
percentagem.
39
3.8.3.5. Taxa instantanea e quantidade total de peE
da de solo
A taxa instantanea de perda de solo foi calculada
multiplicando-se a taxa instantanea da enxurrada pela con
centra~ao instantanea de sedimentos. A erosao total foi ob-
tida pela integra~ao das taxas instantaneas de perda de so-
10. Os resultados obtidos com base na area da unidade expe
rimental foram extrapolados para toneladas/hectare/hora.
3.8.3.6. Distribui~ao do tamanho de sedimentos na
enxurrada nas classes de 0,250 a 0,037 rom
Os sedimentos que passaram na peneira de 0,250 rom e
que haviam sido armazenados em baldes plasticos(item3.8.2.6),
foram agitados com bastao de vidro para que os sedimentos
ficassem em suspensao, sendo entao passados atraves de urn
conjunto de peneiras com malhas de 0,105; 0,053 e 0,037 rom,
que foi acoplado a urn balde plastico. Os sedimentos retidos
em cada peneira foram transferidos, com 0 auxilio de uma
bisnaga con tendo agua, para latas de aluminio que foram le-
f 0 -vadas para estu a a 105 C, ate peso constante. Ao material
que pas sou na peneira de 0,037 rom e foi armazenadoem urn bal
de plastico, adicionou-se 1,0 ml de solu~ao saturada de alu
men de potassio, permanecendo em repouso por 24 horas para
decanta~ao. Posteriormente, 0 sobrenadante foi succionado e
o material solido transferido para latas de aluminio que
40
foram levados a estufa a 1050 e, seguindo 0 mesmo procedime~
to anterior. Portanto, a caracteriza~ao da distribui~ao de
tamanho dos sedimentos transportados na enxurrada constou
das seguintes classes >2,00; 2,00-1,00; 1,00 - 0,50; 0,50
- 0,25; 0,25 - 0,105; 0,105 - 0,053; 0,053 - 0,037 e<0,037
mm. Dividindo-se 0 peso seco de sedimentos de cada classe de
tamanho pelo somat6rio dos pesos secos de todas as classes
obteve-se a fra~ao de sedimentos em cada classe, a qual foi
expressa em percentagem.
3.8.3.7. Deriva~ao do fator cobertura vegetal
o fator cobertura vegetal foi calculado dividindo
-se a perda de solo sob dada percentagem de cobertura pela
perda de solo verificada sob zero porcento de cobertura do
solo. Esse fator expressa pois, a eficiencia relativa na re
du~ao da erosao pela cobertura vegetal morta.
A deriva~ao do fator cobertura vegetal foi feita p~
ra cada forma de manejo, utilizando-se os dados de perda de
solo obtidos durante toda a chuva (60 minutos) enos ulti
mos 15 a 30 minutos de chuva simulada. Esta ultima deriva
~ao teve como objetivo a obten~ao de urn valor mais confia
vel da redu~ao da erosao pela cobertura do solo, pois qua~
do a taxa da enxurrada esta con stante (15 a 30 minutos fi
nais de chuva em nosso caso), pode-se assumir que 0 efeito
de outras variaveis como umidade antecedente e rugosidade su
perficial tenham uniformizado suas intensidades de a~ao
41
sobre 0 processo erosivo.
3.8.3.8. Oeterminacao do indice 050
o indice 050 expressa um determinado tamanho de se
dimentos no qual 50% dos sedimentos transportados na enxur
rada possuem tamanho superior e 50% tamanho inferior. 0 in
dice 050 foi determinado aos 50 minutos de decorrencia de
chuva simulada, atraves da construcao de um grafico como 0
apresentado no Apendice 11. Inicialmente, tracou-se uma li
nha partindo do 50% de sedimentos (na ordenada) ate 0 ponto
de interseccao com a curva correspondente a cada dose de
residuo de soja, e deste ponto tracou-se uma linha vertical
ate as classes de tamanho de sedimentos (na abcissa), obten
do-se assim 0 indice 050'
3.9. Ajuste de resultados
Oevido a existencia de variacao na intensidade e du
racao das chuvas aplicadas (Apendice 3), os resultados de en
xurrada total, infiltracao total e perda total de solo foram
ajustados para intensidade e duracao da chuva planejada,
quais sejam, 64 rom / h e 60 minutos de duracao.
A enxurrada total ajustada foi calculada subtraindo
-se 0 volume total de infiltracao observada do volume total
da chuva planejada. A infiltracao total ajustada foi obtida
subtraindo-se 0 volume total da enxurrada ajustada do volume
42
total da chuva planejada (COGO, 19811.
o ajuste da perda total de solo para a intensidade olos ... ,,~ d '"
de chuva 1'],aR83aea foi efetuado dividindo-se a intensidade cJA",~\",J"L
de chuva d'6s AJSh ada pela intensidade da chuva planejada, el~
vando-se este valor ao quadrado e multiplicando-se 0 resul
tado obtido pela perda de solo observada. A perda total de
solo foi ainda corrigida para uma declividade media de 7,5%,
devido a varia9ao existente na declividade das unidades ex-
perimentais (Apendice 1). 0 ajuste para declive foi efetua
do multiplicando-se a perda de solo corrigida para intensi
dade pelo produto da divisao do valor S de urn declive medio
de 7,5% pelo valor S do declive da unidade experimental, on 2
de S • 0,065 + 4,56. sen e + 65,41 (sen e) e e • angulo do
declive (WISCHMEIER & SMITH, 1978).
3.10. Analise estatistica dos dados
Foram feitas analises de regressao linear simples,
apos terem sido linearizadas as expressoes potenciais e ex--
ponenciais em expressoes logaritmicas. Foram tambem calcul~
dos os coeficientes de determina9ao (r2) e testada sua sig
nificancia pelo teste F.
4. RESULTADOS E DISCUssAo
Este experimento faz parte de uma linha de pesquisa
desenvolvida pelo Departamento de Solos da Faculdade de A
gronomia da UFRGS e 0 Instituto de Pesquisa de Recursos Na
turais Renovaveis (IPRNR), da Secretaria da Agricultura do
RS, a respeito da eficiencia relativa de doses e formas de
manejo de residuos culturais no controle da erosao hidrica
do solo. As pesquisas foram iniciadas em 1983, com 0 exper!
mento de LOPES (1984),0 qual investigou 0 efeito de doses
de residuos culturais de soja, milho e trigo, espalhados uni
formemente sobre a superficie de solo recentemente gradeada
no sentido do declive. Portanto, no referido experimento,~
via a presenca de rugosidade superficial media direcionada,
abaixo da cobertura, ocasionada pelos discos da grade. No
ano seguinte, as pesquisas tiveram continuidade com 0 pre
sente experimento, 0 qual constou de doses e formas de rna
nejo do residuo cultural de soja. Inicialmente, os diversos
niveis de residuo foram tambem distribuidos uniformemente
sobre superficie de solo recentemente gradeado, porem com
rugosidade minima nao orientada, ou seja, superficie prat!
camente lisa (os sulcos induzidos pela gradagem foram elimi
nados manualmente com ancinho). Posteriormente, as mesmas
doses do residuo foram semi-incorporados ao solo atravesde
uma gradagem, no sentido do declive. Essa operaCao de
44
preparo induziu a forma~ao de sulcos direcionados, bern como
orientou a cobertura, resultando ern uma superficie de solo
corn a presen~a de areas corn sulcos praticarnente descobertos
e de ireas entressulcos parcialmente cobertas por residuos
semi-incorporados. A seguir, serao apresentados e discutidos
os resultados obtidos no presente experimento, pr~ando-se
relacioni-los, quando conveniente, cern os resultados obtidos por lOPES
(1984) .
4.1. Rela~io entre quantidades e formas de manejo
do residuo cultural de soja corn a percentagem
de cobertura do solo
A percentagem de cobertura do solo por residuos cu!
turais e influenciada pela quantidade, tipo, manejo, esti
gio de decomposi~ao e mane ira como os mesmos sao distribui
dos sobre a superficie do solo (COGO, 1981). Dentre Esses
fatores, no presente experimento foram investigados os efel
tos de quantidades e forrnas de manejo do residuo cultural de
soja. Os resultados obtidos sao apresentados qualitativame~
te nas Figuras 1a e 1b, e quantitativamente na Figura 2. Nes
sa ultima figura, sao tambem apresentados os resultados ob
tidos por LOPES (1984). Para evitar urn excessivo numero de
pontos sobre 0 grifico, os resultados obtidos por LOPES
(1984) serao apresentados somente atraves da curva obtida
pela equa~ao de regressao. Esse procedimento tarnbem sera a
dotado nas compara~oes posteriores.
Analisando as Figuras 1a, 1b e 2, constata-se que,
Unifo:rnerente
distrilluido
na superficie
% de oobertura
Semi-inoorporado
ao
solo
% de oobertura
a
a
a
Quantidade de residuo cultural ( kg/ha )
500
11
~'. :.~ r,_ -I: ,. .... ;_'A') . -, ~
:1;, - .. ~~ ., II
3
1 ,000
31
_ .. .3, ;'r -r . - ifi' t .5'.,- '", r ,4/ . .. ...- . i 'r 1-.,... ..•. ~.r
./ .. - -' -, .". -' f>' " • .. '" .• .-> ..
11
2.000
51
28
FIGURA 1a. Diferenciacao qualitativa entre formas de manejo e niveis do residuo cultural de soja (0 a 2.000 kg/hal com a percentagem de cobertura do solo.
A
'"
Uniforrremente
distribuido
na superf!cie
% de oobe.rtura
5eni-incx:>rporado
ao
solo
% de oobertura
4.000
65
45
Quantidade de residuo cultural ( kg/ha )
6 . 000
' . ........ .' "\.-~
. -' ~ , -'-:\t-._ • .---:.",. '~.
<. ' ........ :..' " •. ,""r.
Y- ,"t" ~ "_ "-'~-~/ "\.
-... • c.' .
. '- ~ '~ v"" OJ _ •
'~ .. ~.' o
90
46
6 . 000
• f 'P .:,,' ~. ""i';:~"""'··~ ··.~':'·.'i'" -"J:- 1 ' "'., ' ' .,' ,-. .' . _.' ... r: ,\' .... -"t.~o.~ ",~.f.;1 \',
f\, ~,\. ",(: \ f -.. i:: ",~f';:~':' :~f::- ~~ .. --:
., ::"0'( .... \'
92
'- t \.<::.,' • '. ... ~. -----1.-. ~ , .' '
~o • • -k • ". .....' • <-"-.-<.:t> <,r
'I ,: ~'o'1 ,)., 1"'(" .y 1, .; , , " -rf. So(" • • '" I _ ."
.... "r-" .... ~\ _ <" ... -;. ..... " .... ~r
50
10.000
96
) .. {''''',';' w" 0': -' " -" ; '.' "1
. '~ .... -".' .. " !~' "', '.
- --' ': ... , ~ ~ ',- \- ... ',# -", -...... '; I '" . ~\"". , .' o.<l-....-:.} . \ ,,, -, . .-.' .
69
FIGURA 1b. Diferenciacao qualitativa entre formas de manejo e n!veis do residuo cultural de soja (4.000 a 10.000 kg/hal com a percentagem de cobertura do solo.
.. co
47
independentemente da forma de manejo, 0 aumento na quant~
dade de residuo cultural representou urn grande acrescimo na
percentagem de cobertura do solo. No entanto, para os man~
jos em que 0 residuo foi distribuido uniformemente sobre a
superficie (manejos A e B), 0 acrescimo na percentagem dec~
bertura do solo ocorreu em maior proporcao ate as doses de
4.000 a 5.000 kg/ha (Figura 2). Esses resultados podem ser
explicados pelo efeito de sobreposicao das pecas do residuo
durante sua distribuicao sobre 0 solo, 0 qual ocorreu nas
doses mais elevadas. Para 0 residuo semi-incorporado (ma
nejo C), a operacao de gradagem ocasionou uma incorporacao
parcial do mesmo ao solo, fazendo com que 0 efeito de sobre
posiCao nas doses mais elevadas fosse mascarado, originan
do uma curva com declividade mais uniforme.
Comparando os resultados de percentagem de cobertu
ra do solo por residuo cultural de soja distribuido unifor
memente sobre a superficie obtidos por LOPES (1984) com os
do presente experimento (Figura 2),-constata-se que 0 compoE
tamento das curvas foi bastante semelhante. No entanto, o~
serva-se uma tendencia de diferentes percentagens de cober
tura do solo para uma mesma quantidade de residuo, ao longo
de toda a curva. Esses resultados podem ser explicados p~r
varias hipoteses. Entre estas, detacam-se as diferencas no
grau de umidade dos residuos, proporcao de ramos e folhas
coletados e distribuicao dos mesmos sobre a superficie do s~
10. A analise dos resultados apresentados na Figura 2 rev~
la ainda que a operacao de gradagem reduziu acentuadamente
mo·~---------------------------------------,
• • --
.. --oro / .-.-g .g
/ /
I /
I
/
I 0 I
/ /' / /
/
I
/ /
I I
/
/
/
/
/ /
0
/ /
/' /
Monejos:
----B'
o-·-·_·oC
----- o 0/
;'
./
/'
;'
cs= lOOt l_e-o.ooo370r.f1}, r2=o.97**
CS=lOO( 1- e -O.OOO252MRI. r2:o.96** ( Lapes.1964)
CS= 1OO( 1- e -O.OOOlOSMR); r2 = 0.9401.
O'~-r-T----r-------~--------~--------~------~ o 500 '(XX) 2000 4000 6000 ecoo lOOOO
Quantidade de residua cultural, MR(KgIt'Q) FIGURA 2. Rela~ao da percentagem de cobertura do solo
com doses e formas de manejo doresiduo cuI tural de soja (A = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade minima; B = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade orientada; C = semi-incorpor~ do ao solo).
48
49
a percentagem de cobertura do solo, indicando que uma mesma
dose de residuo pode apresentar percentagem de cobertura
completamente diferente, dependendo do sistema de preparo
do solo. COLVIN et alii (1980) salientarn que uma operaCao corn
grade de discos pode reduzir, ern media, 60 a 70% da cobertu
ra do solo, sendo esse efeito, no entanto, influenciado pe
la quantidade de residuo. Os resultados obtidos no prese!!
te trabalho confirmam isto. Observando a Tabela 1, verifi
ca-se que, para pequenas quantidades de residuo (ate 1.000
kg/ha), a reducao relativa situou-se ern uma faixa de' 60 a
75%, enquanto que para quantidades mais elevadas a reducao
foi de 30 a 50%.
A eficacia dos residuos culturais no controle da e
rosao hidrica depende de varios fatores. Entre eles,o mais
importante e a percentagem de cobertura de solo (SLONEKER e
MOLDENHAUER, 1977). Portanto, ern urn planejamento conserva
cionista, e necessario 0 conhecimento da reducao na percen
tagem de cobertura ch solo ocasionada pela operacao de impl~
mentos de preparo do solo. Uma vez estimada a quantidade
de residuo obtida apos a colheita, bern como a quantidade m!,
nima necessaria para urn eficiente controle da erosao, pode
-se fazer uma selecao de sistemas de preparo do solo corn b~
se ern urn nivel minimo de residuo a ser mantido na superfi
cie do solo.
50
TABELA 1. Reducao da percentagem de cobertura do solo pela semi-incorporacao do residuo cultural de soja por gradagem, nas diversas doses investigadas.
Quantidade de residue cultural (kg / hal
o 500
1.000
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
Cobertura do Solo
Unifo:memente distribuido na
superficie
o 11
31
51
85
90
92
98
Semi-in=rporado
ao solo
o 3
11
28
45
48
50
69
%
Reduciio na Ccbertura
Absoluta
o 8
20
23
40
42
42
29
Relativa
o 73
65
45
47
47
46
30
51
4.2. Tempo de inicio, pico e fim da enxurrada
o tempo de inicio, pico e fim da enxurrada, para as
doses e formas de manejo do residuo cultural de soja utili
zado,sao apresentados na Tabela 2, juntamente com os dados
de umidade atual do solo. Analisando os resultadosobtidos,
constata-se que 0 tempo de inicio, pico e fim da enxurrada
tenderam a ser mais influenciados pela cobertura do solo p~
ra 0 residuo uniformemente distribuido sobre a superficie (
manejo A). Para 0 residuo semi-incorporado ao solo (manejo
C), os resultados apresentaram pequena varia~ao, nao permi
tindo estabelecer tendencias. Esse fato provavelmente est~
ja relacionado com a maior varia~ao no conteudo de umidade
gravimetrica das unidades experimentais, nessa forma de ma
nejo, mascarando 0 efeito da cobertura do solo, uma vez que
o tempo de inicio e pico da enxurrada sao grandemente infl~
enciados pela umidade atual do solo. t interessante regis
trar que, para 0 residuo semi-incorporado, as maiores peE
centagens de cobertura foram mais eficientes em manter e
levada a umidade do solo, ocasionada pela aplica~ao das chu
vas anteriores durante os testes com 0 residuo distribuido
uniformemente sobre a superficie. Isso se deve ao efeito
da cobertura em reduzir a temperatura media do solo e a taxa
52
TABELA 2. Efeito da cobertura do solo sobre 0 tempo de inicio, pico e fim da enxurrada nas duas formas de manejo e doses do residuo cultural estudado.
Unidade TeIIFJ apCis 0
Cobertura atual do solo TeIIFJ de Terrpodo tennino da do ( % ) inicio da pico da chuva em que
solo enxurrada enxurrada ocorreu 0 fim ( % ) 0- lOan 10 - 20an da enxurrada
-- - - - - - - ( min ------
Uniformemente distribuido sobre a superficie
0 5,1 11 , 1 17 36 3
1 1 6,4 11 , 1 18 30 3
31 5,2 11 ,2 14 30 5
51 4,9 11 ,5 14 33 5
85 -Y 21 42 13
90 34 51 8
92 5,9 12,9 24 54 9
98 5,3 13,3 25 39 10
Semi-incorporado ao solo
0 7,4 12,5 13 21 5
3 8,6 13,0 13 21 5
11 8,5 12,4 14 24 7
28 9,5 14 ,2 14 24 7
45 8,9 13,6 14 24 5
48 11 ,9 14,3 14 24 5
50 12,7 14,6 12 21 11
69 14,2 15,4 11 21 11
1/ -- Nao se dispoe do dado.
53
de evaporacao.
Para 0 residuo uniformemente distribuido sobre a su
perficie com rugosidade minima, observa-se que 0 aumento na
percentagem de cobertura do solo tendeu a ocasionar urn re-
tardamento no tempo de inicio, pico e fim da enxurrada. Re
sultados semelhantes foram encontrados p~r COGO (1981) e
LOPES (1984), e podem ser explicados pelo efeito da cobertu
ra do solo em dissipar a energia cinetica das gotas da chu
va, prevenindo 0 selamento superficial e mantendo mais elev~
da a taxa de infiltracao, retardando assim 0 tempo de . . ~n~-
cio da enxurrada. Alem disso, os residuos representam urna
barreira fisica ao livre escoamento da agua, aumentando a
tortuosidade do fluxo e diminuindo a velocidade do escoamen
to superficial.
Comparando os resultados em conjunto para as duas
formas de manejo do residuo de soja, observa-se que a dis-
tribuicao uniforme do residuo sobre a superficie com rugos!
dade minima ocasionou urn maior tempo de inicio e pico da en
xurrada do que a semi-incorporacao. Na interpretacao des-
ses resultados, alem do efeito da variacao na umidade atual
do solo, deve-se ainda considerar a influencia da variacao
das condicoes fisicas da superficie. Assim, para 0 manejo
de residuo semi-incorporado existia a presenca de sulcos di
recionados no sentido do declive, 0 que certamente favore-
ceu a enxurrada.
54
4.3. Volume total e taxa constante de infiltracao
de agua no solo
Os resultados da infiltracao total de agua no 'solo
ocorrida ate 0 inicio e 0 pico da enxurrada, bern como ate 0
final da chuva, juntamente com a taxa con stante de infiltra
- -cao, sao apresentados na Tabela 3. Os dados obtidos para 0
residuo uniformemente distribuido na superficie mostram uma
ligeira influencia da percentagem de cobertura no aumento
da infiltracao total de agua no solo e taxa constante de in
filtracao. No entanto, para 0 residuo semi-incorporado ao
solo, a variacao dos resultados nao evidenciou claramente 0
efeito da cobertura do solo. A variacao na umidade atual
das parcelas, apresentada da Tabela 2.e discutida no item
4.2., influenciou a infiltracao de agua no solo, prejudica~
do uma melhor interpretacao do efeito das diferentes perce~
tagens de cobertura do solo sobre tal processo fisico.
Para 0 residuo distribuido uniformemente sobre a su
perficie, observa-se que 0 acrescimo na porcentagem de co
bertura ocasionou urn aumento na infiltracao total de agua
no solo, especialmente para percentagens de cobertura do so
10 superiores a 50%. Essa mesma tendencia foi verificada
para a taxa con stante de infiltracao, concordando com os re
sultados obtidos por MANNERING e MEYER (1961), MANNERING
e MEYER (1963), MEYER et alii (1970), LATTANZI et alii (1974)e
ELTZ (1977). A cobertura do solo evita 0 impacto direto
das gotas da chuva sobre a superficie do solo, prevenindo a
55
TABELA 3. Efeito da cobertura do solo sobre a infiltrac;:ao de agua no solo, nas duas forrnas de rnanejo e doses do residuo cultural estudado.
Cobertura do
solo ( % )
Infiltrac;:ao total de agua no solo
Ate 0 inicio da enxurrada
Ate 0 pico da enxurrada
k> final da chuva
1/ - - - - - - - - - - -( % da chuva )-
Taxa con stante de infiltrac;:ao
( rrm/h )
Uniforrnernente distribuido sobre a superficie
o 1 1
31
51
85
90
92
98
o 3
11
28
45
48
50
69
27,5
29,2
23,3
23,3
35,0
56,7
40,0
41,7
56,5
47,6
47,4
52,8
67,8
82,8
86,0
61,7
Serni-incorporado ao solo
21 ,7
22,1
23,3
23,3
23,3
23,3
19,2
18,3
31 ,5
31 ,8
36,4
35,4
36,4
36,5
29,2
29,7
83,0
78,7
77,4
80,7
83,4
94,2
93,5
76,3
57,2
58,5
55,8
41 ,2
55,8
58,0
40,9
41,0
Y Chuva sirnulada de 64 nrn/h cern durac;:ao de 60 minutos.
28,3
26,3
25,9
27,8
19,8
35,1
35,3
17,5
18,6
18,8
14,0
4,7
13,3 •
18,3
8,9
9,1
56
desagrega~ao superficial e man tendo a taxa de infiltra~ao.
Em adi~ao, a cobertura do solo reduz a velocidade da enxur
rada, aumentando 0 tempo de contato da agua com 0 solo, fa
vorecendo a infiltra~ao.
Embora os resultados obtidos tenham sido influencia
dos pela umidade atual do solo, os mesmos indicam que a di~
tribui~ao uniforme do residuo sobre a superficie com rugos~
dade minima apresentou uma maior infiltra~ao de agua do so
lo do que a semi-incorpora~ao. No entanto, deve-se cons ide
rar que, para 0 manejo de residuo semi-incorporado, a op~
ra~ao de gradagem induziu a forma~ao de sulcos direcionados
no sentido do declive, favorecendo 0 aumento da velocidade
da enxurrada e, conseqnentemente, diminuindo a infiltra~ao
de agua no solo. Cabe ainda relatar que outros pesquisado
res (MANNERING e MEYER, 1961; COGO, 1981) encontraram resul
tados nos quais a semi-incorpora~ao do residuo ocasionou
acentuado aumento no volume total de infiltracao de agua no
no solo. Esses autores argumentam que a principal razao p~
ra 0 aumento na infiltra~ao foi a mudan~a nas condi~oes fi
sicas da superficie, quais sejam, rompimento da crosta su
perficial e aumento da porosidade total pela opera~ao degr~
dagem. No presente experimento, em ambos os manejos do re
siduo estudado,a superficie do solo encontrava-se recente
mente preparada e, para essas condi~6es,a manuten~ao do re
siduo uniformemente distribuido sobre a superficie com rug£
sidade minima mostrou-se mais eficiente em manter elevada a
taxa de infiltra~ao.
57
4.4. Volume total e taxa constante da enxurrada
Os resultados de enxurrada total ao final da chuva
e taxa constante da enxurrada, em rela9ao as percentagensde
cobertura do solo com residuo cultural de soja, sao aprese~
tados na Tabela 4. Como era esperado, a tendencia dosresul
tados foi 0 inverso daquela verificada para a infiltra9ao
de agua no solo. Para 0 residuo uniformemente distribuido
sobre a superficie, houve uma ligeira tendencia do aumento
da percentagem de cobertura do solo ocasionaruma redu9ao no
volume total e taxa constante da enxurrada. Esses resulta
dos podem ser explicados pelo efeito da cobertura em ocasio
nar aumento da infiltra9ao de agua no solo (Tabela 3), com
conseqfiente diminui9ao da enxurrada. Para 0 residuo semi
-incorporado ao solo, essa tendencia nao foi verificada,po~
sivelmente porque a varia9ao do conteudo de umidade atual
do solo das unidades experimentais tenha prejudicado 0 efei
to da cobertura sobre a enxurrada.
A compara9ao entre os manejos do residuo cultural in
vestigado sugere que a distribui9ao uniforme do mesmo sobre
a superficie seja mais eficiente em reduzir a enxurrada do
que a semi-incorpora9ao. A uniforme distribui9ao do resi
duo ocasiona urn aumento no volume de agua de intercepta9ao
pela resteva e deten9ao superficial (MANNERING e MEYER,
1961). Alem disso, para 0 residuo semi-incorporado ao solo,
.-
58
TABELA 4. Efeito da cobertura do solo sobre a enxurra da nas duas formas de manejo e doses do re siduo cultural estudado.
Cobertura do
solo ( % )
0
1 1
31
51
85
90
92
98
0
3
11
28
45
48
50
69
Enxurrada total ao final da chuva
( % da chuva )_Y
Taxa constante da enxurrada
( mm/h )
Uniformerrente distribuido sobre a superficie
17,0 40,0
21 ,3 42,0
22,6 44,2
19,3 42,3
16,6 45,4
5,8 30,1
6,5 29.,4
23,7 47,2
Semi-incorporado ao solo
42,8 50,5
41,5 50,3
44,2 52,3
55,8 61 ,6
44,2 56,7
42,0 51,8
59,1 58,4
59,0 58,2
-YChuva simulada de 64 mm/h com duracao de 60 minu-tos.
59
a presenCa de sulcos praticamente descobertos no sentido do
declive favoreceu a enxurrada, justificando assim os resul
tados obtidos. Outros pesquisadores como WISCHMEIER (1973), CO GO
(1981) eLOPES (1984) encontraram resultados semelhantes,
nos quais as doses de residuo tiveram pequena influencia na
reducao da enxurrada. Esses pesquisadores argumentam que a
enxurrada total parece ser mais influenciada pelo preparo do
solo do que pela cobertura com residuo cultural, especial
mente quando 0 solo e recentemente trabalhado.
4.5. Velocidade da enxurrada
o efeito da percentagem de cobertura do solo por r~
siduo cultural de soja nas duas formas de manejo investiga
das, juntamente com os resultados obtidos por LOPES (1984),
sao apresentados na Figura 3. Observa-se que, independent~
mente do manejo do residuo cultural estudado, 0 aumento na
percentagem de cobertura do solo diminuiu acentuadamente a
velocidade da enxurrada, concordando com os resultados obti
dos por KRAMER e MEYER (1969), MEYER et alii (1970), COGO
et alii (1983) eLOPES (1984). A reducao da velocidade da
enxurrada pela cobertura vegetal pode ser explicada pela bar
reira fisica que os residuos representam ao livre escoamen
to da agua, aumentando a rugosidade hidraulica. A reducao
da velocidade do escoamento superficial e muito importante
-~ E 21
~Q
> d
"'0 ~15 ~
:::::J >< c: Q) 12
Monejos' • ~, V= 13.8 e- O,0197CS; ,2=091**
\ ----6' \
\ 0-------«:' \
-" -"
\ \
•
\ \
\ \
"
V =24,6e -0,0175CS; ,2 =0,99** (Lapel, 1984)
V= 13,7 e-O,0145CS; ,2 =0,94**
-• -'- . -. ---"-.-.- .
• • •
0~0---------r--------~------~~------~------~100~ 20 40 60 SO
Cobertura do solo, CS (ero) FIGURA 3. Relacao da velocidade da enxurrada medida
aos 50 minutos de decorrencia de chuva com a percentagem de cobertura do solo por re siduo cultural de soja, nas formas de mane jo investigadas (A = uniformemente distribu~ do sobre superficie com rugosidade minima; B = uniformemente distribuido sobre superfi cie com rugosidade orientada; C = semi - in corporada ao solo).
60
61
no controle da erosao hidrica do solo, pois representa uma
diminuicao da capacidade de desagregacao e transporte de se
dimentos pela enxurrada.
Comparando as formas de manejo investigadas no pre
sente experimento com a estudada por LOPES (1984), constata
-se que 0 comportamento das curvas foi semelhante. Tambem,
pode-se verificar que 0 efeito mais pronunciado na reducao
da velocidade da enxurrada ocorreu ate 50% de cobertura do
solo. Resultados semelhantes foram obtidos px COGO (1981).
Entre os manejo estudados, 0 mais eficiente em reduzir a v£
locidade da enxurrada foi a distribuicao uniforme do resi
duo sobre superficie de solo com rugosidade minima (manejo
A). A semi-incorporacao do residuo (manejo C) apresentou
eficiencia intermediaria, sendo a distribuicao uniforme do
residuo sobre superficie com rugosidade direcionada (manejo
B) 0 menDs eficiente. Na interpretacao desses resultados,d£
ve-se considerar 0 efeito da interacao rugosidade-cobertura
do solo. Assim, no manejo A a superficie do solo encontra
va-se praticamente lisa, fazendo com que 0 escoamento da ~
gua ocorresse de forma uniforme sobre a superficie, caract£
rizando 0 fluxo laminar. Nos manejos B e C, a presenca de
sulcos induzidos pela gradagem, direcionados no sentido do
declive,originou urn fluxo concentrado nos sulcos, com maior
velocidade do que 0 fluxo laminar. 0 manejo B foi 0 menos
eficiente em reduzir a velocidade da enxurrada, pXEndo esse
resultado ser explicado pelo maior volume da enxurrada veri
ficado nesse tratamento, 0 que provavelmente contribuiupara
62
o aumento da velocidade do escoamento superficial.
4.6. Concentracao de sedimentos da enxurrada
A influencia da percentagem de cobertura do solo na
concentracao media de sedimentos na enxurrada, determinada
com base em 60 minutos de duracao da chuva e durante 0 pe
riodo de chuva com enxurrada constante, pode ser vista nas
Figuras 4 e 5, respectivamente. Nessas figuras sao aprese~
tados somente os dados obtidos no presente experimento, uma
vez que LOPES (1984) nao apresentou essa relacao. Observa
-se que, para ambos os manejos do residuo estudado, 0 aume~
to na percentagem de cobertura do solo reduziu acentuadamen
te a concentracao de sedimentos na enxurrada. Resultados se
melhantes foram apresentados por MANNERING e MEYER (1961),
MANNERING e MEYER (1963), LAFLEN et alii (1981), LAL (1978)
e COGO (1981). Os residuos culturais cobrindo a superficie
do solo dissipam a energia cinetica do impacto das gotas da
chuva, diminuindo a desagregacao superficial. Alem disso,
eles formam uma barre ira fisica ao livre escoamentoda agua,
retendo sedimentos e reduzindo a velocidade da enxurrada
Com isto, as capacidades de desagregacao e transporte dos
agentes erosivos sao grandemente diminuidas, explicando os
resultados obtidos. A analise do comportamento das curvas
evidencia que 0 efeito da cobertura vegetal na reducao da
concentracao de sedimentos foi mais pronunciado para as me-
nores percentagens de cobertura do solo. Isso deve - se a
-~7 -W
~ -§6
Jo;;;..
~ >< c: CD
C c: (/)
~ c: ~
=0 ~ -a 2
18 0 E 0+-
~ u
80 0
\
\
0\ \
\ 0
\ \
I
,
Mane'jos' I lA' CSE = 5.0.-0.0311 CS;,2= 0.91**
o-·_·--oC' CSE=6.4 .-0.0230C\,2=0.92**
\ \
\
I
o
"
"
o '. '. .....
--- .
20 40 60 80
Cobertura do solo, CS (CJ'o)
-, I
I I I
FIGURA 4 _ Re la cao da concentra cao media de sedimentos na enxurrada base ada em 60 minutos de dura cao de chuva com a percentaqem de cobertu= ra do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uni formemente distribuido sobre superficie com rugosidade minima; C = semi-incorporado ao solo) .
63
~15,r----------.
1 ~12
E ~9 C
\~
is ~ 18 .g
\
o
Manejos:
• ,A:
'0. ,
"
CSE = 12.1 e -0.0370CS. r2= 0.91** •
CSE= 10.8.-0,0282CS,r2 =O,93ot*
. ...p ...... a
~ -.-Ooi---~~'--~----~--~~~~
o 20 40 60 80 no
Cooertura do so I 0, cs (cro) FIGURA 5. Rela<;ao da concentra<;ao media de sedimentos
na enxurrada base ada no periodo de chuva com enxurrada constante com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investiqadas (A = unifor memente distribuido sobre superficie com ru= gosidade minima; C = semi-incorporado ao solo) .
64
65
maior influencia da cobertura sobre a velocidade da enxurra
da nesses niveis.
A comparacao das duas formas de manejo do residuo
investigado evidencia que a distribuicao uniforme do residuo
sobre a superficie foi mais eficiente na reducao da concen
tracao media de sedimentos na enxurrada, determinada com ba
se em 60 minutos de duracao da chuva, do que a semi-incorp£
racao do residuo ao solo (Figura 4). No entanto, 0 compor
tamento das curvas da concentracao media de sedimentos obti
das no periodo de chuva com enxurrada constante mostra que
essas diferencas foram menores (Figura 5). A semi-incorpor~
cao do residuo pela gradagem ocasionou uma alteracao no ar
ranjo da cobertura vegetal, induzindo tambem a formacao de
sulcos praticamente descobertos e direcionados no sentido do
declive. Possivelmente, a concentracao da enxurrada em su!
cos tenha aumentado a capacidade de desagregacao e transpoE
te de sedimentos, justificando assim as diferencas obtidas
entre as duas formas de manejo investigadas.
4.7. Perda total de solo
o efeito da percentagem de cobertura do solo por r~
siduo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas
no presente experimento e na estudada p~r LOPES (1984),50-
bre as perdas de solo,e mostrado nas Figuras 6 e 7. Na Fig~
ra 6 a curva de perda de solo foi obtida com base em 60 mi
nutos de duracao da chuva, enquanto que na Figura 7
66
utilizou-se os dados de perda de solo obtida no periodo de
chuva com enxurrada constante. Em ambas as figuras verifi
ca-se que, independentemente do manejo do residuo, 0 acres
cimo na percentagem de cobertura do solo ocasionou uma acen
tuada redu9ao na perda de solo. Resultados semelhantes sao
apresentados por MANNERING e MEYER (1961), MANNERING e MEYER
(1963), SWANSON et alii (1965), KRAMER e MEYER (1969), CO GO
(1981) eLOPES (1984). A redu9ao na perda de solo pela co
bertura vegetal pode ser explicada com base nos resultados
e considera90es anteriormente apresentados. A cobertura do
solo evita 0 impacto dire to das gotas da chuva sobre a su
perficie do solo, diminuindo a desagrega9ao das particulas
de solo e, conseqftentemente, a concentra9ao de sedilrentos na
enxurrada. Alem disso, a cobertura vegetal representa urn
obstaculo ao livre escoamento superficial da agua, ocasio
nando uma diminui9ao na velocidade da enxurrada, 0 que se
reflete em uma acentuada redu9ao da capacidade de desagreg~
9ao e transporte de sedimentos pela enxurrada. A analise do
comportamento das curvas revela que 0 efeito mais pronunci~
do de redu9ao na perda de solo ocorreu ate 40 a 50% de co-
bertura do solo. Esse fato e justificavel, pois a mesma
tendencia foi tambem verificada no relacionamento entre ve
locidade do escoamento superficial e concentra9ao de sedi
mentos na enxurrada com a percentagem de cobertura do solo
(Figuras 3 e 4, respectivamente). vlISCHMEIER (1973) argume!!
ta que as perdas de solo podem ser controladas tanto pela
redu9ao da desagrega9ao de particulas do solo como pela
-..c. ....... 0 ..c.
.......
27'r---------------------------------------------~
\
\ \
\
21 0 \
Monejos: I lA' PS= 15,8 .-O,0390CS.,2 =0,90**
o --- - B' PS= 15,1 .-0,0269 CS;' 2 =0,96 .... (Lopes,I984)
\ o-·--oc' PS= 26,8 .-0,0243CS",2=0,92** \
\
\ \
\
_15 \
" -(f) a..
~ Q) ~
~
, , , ,
9 • •
3
, '.
o
, '0
0" , .....
"
--- ---O+-----~~----~-------r--~==~~~~· ° 20 40 60 80 100
Cobertura do solo, CS (ero) FIGURA 6. Rela~ao da perda de solo ocorrida em 60 minu
tos de dura~ao de chuva com a percentagem de cobertura do solo por resIduo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A=uni formemente distribuIdo sobre superfIcie com rugosidade mInima; B = uniformemente distribuIdo sobre superfIcie com rugosidade orientada; C = semi-incorporado ao solo).
67
68
limita~ao da capacidade de transporte de sedimentos. Assim,
as coberturas parciais do solo reduzem consideravelmente a
velocidade do escoamento superficial, limitando a capacid~
de de transporte pela enxurrada, enquanto que as percenta
gens mais elevadas de cobertura reduzem ambas, a desagreg~
~ao do solo e a capacidade de transporte. ComoconseqUencia,
as perdas de solo sao muito pequenas.
A compara~ao entre as formas de manejo investigadas
mostra que 0 comportamento geral das curvas foi semelhante.
No entanto, 0 residuo uniformemente distribuido sobre a su
perficie corn rugosidade minima (manejo A) foi 0 mais eficien
te ern reduzir a perda de solo (Figura 6). 0 residuo unifor
memente distribuido sobre a superficie corn rugosidade dire
cionada (manejo B) apresentou eficiencia intermediaria, en
quanto que a semi-incorpora~ao do residuo do solo (rnanejo C)
foi 0 menos eficiente. Na interpreta~ao desses resultados,
deve-se tambem considerar 0 efeito da intera~ao rugosidade
cobertura do solo. No manejo C, a opera~ao da grade de dis
co orientou a cobertura do solo, bern como induziu a forma
~ao de sulcos praticamente descobertos e direcionados no
sentido do declive, favorecendo 0 aurnento da velocidade da
enxurrada. Ern adi~ao, 0 impacto das gotas da chuva cria tur
bulencia no fluxo ern sulcos, aumentando grandemente sua ca
pacidade de desagrega~ao e trans porte de sedimentos. No rna
nejo B, 0 residuo foi distribuido uniformemente sobre su
perficie corn presen~a de sulcos direcionados no sentido do
declive, diferindo portanto do manejo C por possuir
54T--------------------------------------------,
45 -.c.
" .E '36 ... --~ cS7
-~ ~18 C
~9
\ \
\
\ \
\
\
a
\
\ \
\ . \
\ , , '\
Monejos! • IA:
---- B'
PS= 43.0.- 0 .0376 CS,r 2 =0.91**
PS= 31.8 .-00299 CS;r2 = O.94 **(L:!>es.198'I)
0-.-. -<I C' PS= 51.6 .-0.0284 CS ,,2 =0.94**
\
\ \
\
'\
"-'\
'\
\.
"-
~.
" "
'\
" "
.- .-. -. "'--- -.-.-.
O!-----------~----------~--------_,------====~-~-~-::~~--:-~~ o 20 40 60 80 100
Cobertura do solo, CS (ere) FIGURA 7. Relacao da perda de solo baseada no periodo
de chuva com enxurrada constante com a percentagem de cobertura do solo por residuo cuI tural de soja, nas formas de manejo investi= gadas (A = uniformemente distribuido sobre su perficie com rugosidade minima; B = uniforme mente distribuido sobre superficie com rugo sidade orientada; C = semi-incorporado ao so= 10) .
69
70
distribui9ao uniforme do residuo sobre a superficie e p~r
apresentar sulcos parcialmente cobertos. Corn isto, houve
urna acentuada redu9ao do impacto das gotas da chuva sobre 0
fluxo ern sulcos, diminuindo a turbulencia do mesmo e ocasio
nando uma menor capacidade de cesagrega~ao e transporte, e~
plicando, desse modo, as diferen9as na eficiencia de c~ntro
Ie da erosao entre esses dois manejos. No manejo A, 0 resi
duo foi uniformemente distribuido sobre superficie corn rug~
sidade minima, fazendo corn que, nesse caso, 0 processo ero
sivo predominante fosse 0 da erosao entressulcos, 0 qual re
conhecidamente possui menor capacidade de desagrega9ao e
transporte de sedimentos do que a erosao ern sulcos verifica
da nos manejos B e C, justificando os resultados obtidos.
COGO et alii (1984) encontraram resultados semelhantes, sa
lientando que a cobertura do solo p~r residuos e relativa
mente mais eficiente ern reduzir a perda de solo ern condi-
90es de superficie lisa do que ern condi90es de superficie ru
gosa, exatamente devido a a9ao da rugosidade nesse ultimo
caso.
Sugere-se que ern pesquisas futuras 0 efeito da inte
ra9ao rugosidade-cobertura do solo seja mais detalhadamente
investigado, especificamente corn a avalia9ao de parametros
de superficie do solo como grau de pulveriza9ao ocasionado
pela opera9ao de implementos, altera90es na rugosidade su
perficial e outras variaveis que possam influir no processo
erosivo.
71
4.8. Fator cobertura vegetal
o fator cobertura vegetal foi derivado individual
mente para cada forma de manejo investigada, dividindo-se a
perda de solo sob uma dada percentagem de cobertura do solo
pela perda de solo sob zero porcento de cobertura. Os re
sultados do fator cobertura vegetal derivado com base na
perda de solo verificada em 60 minutos de chuva e durante 0
periodo de chuva com enxurrada con stante sao apresentados
nas Figuras 8 e 9, respectivamente, juntamente com os dados
obtidos por LOPES (1984).
Uma analise do comportamento das curvas evidencia
que, independentemente das formas de manejo do residuo in
vestigado, 0 fator cobertura vegetal decresce exponencialm~
te com 0 aumento da cobertura vegetal, sendo que 0 efeito
mais pronunciado de redu~ao na erosao ocorreu ate aproxima
damente 50% de cobertura do solo. De acordo com COGO (1981),
o controle da erosao hidrica por residuos culturais cobrin
do a superficie do solo pode ser explicada por tres motivos
principais. Primeiro, a cobertura vegetal previne 0 impac
to direto das gotas da chuva sobre a superficie do solo na
propor~ao direta da percentagem de cobertura, diminuindo a
desagregacao inicial das particulas da massa do solo. Segu~
do, os residuos diminuem acentuadamente a velocidade do es
coamento superficial, diminuindo a capacidade de desagrega
cao e transporte das particulas de solo pela enxurrada. Ter
ceiro, as pecas dos residuos criam pequenas barreiras
Monejos:
A· -- . FCV' .-O,0384CS. ,2, 0.91* ... ,
----8'
-·-·-C'
- ---O+-------_,--------~------_,--------,_------~ o 20 40 60 BO
Cobertura do solo, cs (cro) FIGURA 8. Relacao do fator cobertura vegetal baseado
nos dados de perda de solo obtidos ern 60 mi nutos de chuva corn a percentagem de cobertu ra do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uniformemente distribuido sobre superficie corn rugo sidade minima; B = uniformemente distribuido na superficie corn rugosidade orientada; C = semi-incorporado ao solo).
72
73
fisicas nas quais ocorre a reten~ao das particulas desagre
gadas, aumentando a deposi~ao de sedimentos.
A compara~ao entre os manejos do residuo investiga
do evidencia que a manuten~ao do residuo distribuido unifor
memente sobre superficie com rugosidade minima (manejo A)
foi relativamente 0 mais eficiente em controlar as perdas
de solo, tanto com base em 60 minutos de dura~ao da chuva
(Figura 8) quanto no periodo de chuva com enxurrada cons tan
te (Figura 9). A distribui~ao uniforme do residuo sobre a
superficie com a presen~a de rugosidade direcionada no sen
tido do declive (manejo B) apresentou eficiencia intermedi~
ria, sendo a semi-incorpora~ao do residuo ao solo(manejo C)
a que mostrou menor eficiencia relativa no controle da ero
sao. De qualquer forma, todas as formas de manejo for am a~
tamente eficientes no controle da erosao hidrica do solo.
Observando as equa~6es de regressao para os diferentes mane
jos do residuo, constata-se que os valores do expoente bsao
mais pr6ximos para 0 fator cobertura vegetal dete~ com
base na perda de solo durante a enxurrada constante (Figura
9). Esses resultados provavelmente expressam com maior pr~
cisao 0 efeito da cobertura do solo em reduzir a erosao, uma
vez que, durante 0 periodo de chuva com enxurradaconstante,
a influencia de outras variaveis como umidade do solo e micro
relevo sobre 0 processo erosivo e minimizada.
Os dados da Tabela 5 mostram a eficiencia relativa
de uma mesma massa de residuo, em fun~ao das diferentes fo~
mas de manejo investigadas, no controle da erosao hidrica
.g & CD >0.6
e :::J -~OA U ~
o -U:o.
Monejos:
--A'
---- B
FCV= .-0.0374CS ; r 2 =O,92**
FCV=.-o.0304CS; r2 =O,94..*(LDpes.1984)
FCV= .-00283CS; r2'= 0.94**
-'-0~--~----~--~--~~==3 ° 20 40 60 Ell 100
Cobertura do solo, CS (cro) FIGURA 9. Rela(;ao do fator cobertura vegetal baseaclo nos
dados de perda de solo verificados no periodo de chuva com enxurrada con stante com a percen tagem de cobertura do solo por residuo cultu= ral de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uniformemente distribuido sobre super ficie com rugosidade minima; B = uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade 0
rientada; C = semi-incorporado ao solo).
74
75
do solo. Essa estimativa foi baseada no rendimento
da cultura da soja no Rio Grande do SuI, no ano de 1983, que
foi de aproximadamente 1.548 kg/ha (ALVES & SCHELL, 1984),
e utilizando uma relacao palha/grao para a cultura da soja
de 1,5 (LARSON et alii, 1978). Com isto, estimou-se que a
massa de residuo nas lavouras de soja seria de aproximada
mente 2.300 kg/ha. Os resultados obtidos na presente esti
mativa necessitam ser~. confirmados por experimentos seme
Ihantes, porem conduzidos em diferentes tipos de solo, resi
duos, comprimento e grau de declive. No entanto, para as
condic6es desta pesquisa, de acordo com a Tabela 5, consta
ta-se que a distribuicao uniforme do residuo sobre superfi
cie com rugosidade minima reduziria a perda de solo p~r er£
sao em 89%, quando comparado ao solo descoberto. o manejo
do residuo uniformemente distribuido sobre superficie com
rugosidade direcionada no sentido do declive reduziria a
erosao em 75%, enquanto que a semi-incorporacao do residuo,
reduziria em apenas 41%.
A predicao das perdas de solo e fundamental no pl~
nejamento conservacionista. Esta estimativa pode ser feita
com base na Equacao Universal de Perda de Solo, a qual int~
gra seis fatores, entre eles 0 fator C (cobertura e manejo).
Esse fator apresenta grande complexidade em sua determina
cao, devido ao elevado numero de variaveis e combinac6es en
tre elas. Com a finalidade de simplificar a obtencao do fa
tor C, para os preparos conservacionistas, quando da utili
zacao continua do solo com culturas anuais em fileiras,
e assim possibilitar uma utilizacao mais amp]a da
76
TABELA 5. Rela9ao do fator cobertura vegetal determinado corn base na perda de solo ocorrida du rante 0 periodo de chuva corn enxurrada cons tante e uma dada massa de residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas (A = uniformemente distribuido sobre a super ficie corn rugosidade minima; B = uniformemen te distribuido sobre a superficie corn rugo= sidade orientada; C = semi-incorporado ao so 10) .
Massa de Formas de Cobertura Fator residuo manejo do do solo cobertura (kg/ha) residuo (%) vegetal
2.300 A 58 0,11
2.300 B .Y 45 0,25
2.300 C 22 0,59
l/Manejo de residuo investigado por LOPES (1984)
77
Equa<;:ao Universal de Perda de Solo, LAFLEN et alii (1981)
propuseram que, para esses preparos, 0 fator C fosse compu
tado multiplicando-se 0 fat or C do prepar~ convencional p~
10 valor do fator cobertura vegetal. Os autores consideram
que, apos 0 preparo secundario, as condicoes fisicas de su
perficie ficam praticamente semelhantes, independentemente
do tipo de implemento utilizado no preparo primario, ressal
tando a importancia da cobertura por residuo cultural no
controle da erosao. No entanto a validade dessa simplific~
cacao na obtencao do fator C deve ser suportada por result~
des de pesquisa que comprovem a eficiencia dos residuos na
reducao das perdas de solo nag mais variadas condicoes. Des
sa forma, sugere-se que as pesquisas nessa area sejam inten
sificadas.
4.9. Caracterizacao fisica dos sedimentos erodidos
4.9.1. Distribuicao de tamanho dos sedimentos trans
portados na enxurrada
o conhecimento da distribui<;:ao de tamanho dos sedi
mentos erodidos na enxurrada e de grande importancia no es
tudo da erosao, pois permite estabelecer predicoes a respe!
to do processo de sedimentacao e das perdas de nutrientes .
Deve-se destacar que 0 sedimento e composto de particulas
primarias (argila, silte e areia) e particulas secundarias
(agregados) . No presente experimento, 0 solo utilizado
78
encontrava-se degradado fisicamente, em funcao dos varios
experimentos conduzidos anteriormente. Devido a isso, os
sedimentos constituiram-se predominantemente de particulas
primarias.
A distribuicao de tamanho dos sedimentos transport~
dos na enxurrada foi investigada em oito classes de tamanho,
variando de > 2,00 rom ate < 0,037 rom, com base na amostra
gem de enxurrada feita aos 50 minutos de decorrencia da chu
va simulada. As curvas de distribuicao da percentagem acu~
mulada dos sedimentos erodidos nas diferentes classes de ta
manho, em relacao a percentagem de cobertura do solo com re
siduo de soja distribuido uniformemente sobre superficie com
rugosidade minima e semi-incorporado ao solo, sao apresent~
dos nas Figuras 10 e 11, respectivamente. De urn modo geral,
observa-se que, para ambos os manejos estudados, 0 acre sci
mo na percentagem de cobertura do solo aumentou a percent~
gem dos sedimentos de menor tamanho e diminuiu a percenta
gem dos sedimentos maiores. Esta mesma tendencia foi encon
trada p~r YOUNG (1980), COGO (1981) eLOPES (1984). Os re
sultados podem ser explicados em termos de capacidade de de
sagregaCao e transporte de sedimentos pela enxurrada. Como
foi anteriormente apresentado, 0 aumento na percentagem de
cobertura do solo reduz a velocidade da enxurrada. Com is
to, a capacidade de transporte de sedimentos e acentuadamen
te diminuida, podendo inclusive a quantidade de sedimentos
desagregados exceder a capacidade de trans porte da enxurra
da, ocasionando a deposiCao seletiva dos mesmos. Assim, as
l00r-------------------------------------------~
E ceo CD E -0
CD (/)60
CD -0
o -0 o ::J E ::J (.) o ~20
0/0 CS
o l<---..... 11
0-----0 31 .... ---(] 51
>-----,z 85 'f----y 90
5----6 92
..... -~ 98
__ N-....----
.,....--
/ /
---/
/ /
/
/0('
_JI ____ -x----w-------x-
/
I /
/ /
/ /
/
/ /
/ /
/
/
/'" /
/ /
/
O,+-~----~------~------r_----~------~----~ «J.037 0.053 0.05 0.250 0.500 1,000 2.000
Tamanho de sedimentos (mm) FIGURA 10. Rela~ao entre a distribui~ao de tamanho dos
sedimentos erodidos na enxurrada aos 50 minu tos de decorrencia da chuva simulada com a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja uniformemente distribuido sobre superficie com rugosidade minima.
79
l00r----------------------------------------------. 0/0 CS
0
*"--~ 3 C>-----<l 11 0----0 28 ~ 45 '(----'( 48 s--s 50 N----N 69
.-y----
/
/ /
-" / -
5
v------y .-- ./
_/ /.
?---/ l ,/'" - /' .- " __ Q_--~z _
0---- ~ __ .,.,. -X---.-_-- _-x---
O+-~------~----~------~------~------~----~ <0.037 0053 0.105 0250 0,500 1.000
Tamanho de sedimentos (mm) FIGURA 11. Relacao entre a distribuicao de tamanho dos
sedimentos erodidos na enxurrada aos 50 minutos de decorrencia da chuva simulada com a percentagem de cobertura do solo por resi duo cultural de soja semi-incorporado ao so 10.
80
81
particulas de maior tamanho e densidade depositam-se prime~
ro, permanecendo em suspensao as particulas menores. Alem
disso, os residuos agem como uma barre ira fisica ao livre
escoamento superficial, retendo os sedimentos de maior tama
nho. LAFLEN e COLVIN (1981) salientam que a distribuicao de
tamanho dos sedimentos transportados na enxurrada varia de
acordo com a textura do solo. Isto sugere que a influencia
dos residuos na distribuicao de tamanho do material erodido
tambem varie de solo para solo. Assim, em solos arenosos e
de pequena declividade, uma maior quantidade de sedimentos
seria depositada nas pecas dos residuos.
A distribuicao de tamanho dos sedimentos transport~
dos na enxurrada e ainda influenciada por outros fatores
tais como, 0 grau de pulverizacao do solo, grau e comprime~
to do declive e rugosidade da superficie. 0 efeito da inte
racao rugosidade-cobertura do solo e de relevante importan
cia na distribuicao de tamanho dos sedimentos naenxurrada,
e sera abordado no topico seguinte.
4.9.2. fndice DSO
Para simplificar a caracterizacao de tamanho dos se
dimentos erodidos na enxurrada, ultimamente tern sido reco
mendada a utilizacao do Indice DSO
' oqual expressa 0 tama
nho de sedimentos em que SO% destes sao maiores e SO% meno
res do que tal tamanho.
A relacao entre 0 Indice DSO ' determinado aos SO
82
minutos de decorrencia de chuva simulada, com a percentagem
de cobertura do solo por residuo cultural de soja nas duas
formas de manejo investigadas,pode ser vista na Figura 12.
Em ambos os manejos estudados, 0 aumento na percentagem de
cobertura diminuiu acentuadamente 0 valor do indice D SO'
principalmente ate niveis de cobertura de aproximadamente
40%. Esse indice e uma conseqfiencia da distribuicao de ta
manho dos sedimentos erodidos. Assim, quanto menor 0 tama
nho de sedimentos transportados menor tambem sera 0 valor
do indice DSO. Os resultados obtidos por LOPES (1984) apre
sentaram a mesma tendencia, porem esta nao foi 0 suficiente-
mente clara para estabelecer-se 0 tipo de relacao (linear
ou curvilinear). Por esse motivo, os resultados obtidos por
aquele autor nao constaram na Figura 12.
A comparacao entre os manejos do residuo investiga
do revela que 0 indice DSO para 0 residuo semi-incorporado
ao solo tendeu a ser maior do que 0 indice DSO para 0 resi
duo uniformemente distribuido sobre a superficie com rugos!
dade minima. No entanto, a partir de 60% de cobertura do
solo os valores do indice DSO foram bastante semelhantes p~
ra ambos os manejos, concordando com os resultados obtidos
por COGO et alii (1983). Na analise dos dados,deve-se con
siderar 0 efeito da interacao rugosidade-cobertura do solo.
ALBERTS et alii (1980)salientam acentuadas diferencas no ta
manho dos sedimentos transportados no fluxo em sulcos quan
do comparado ao fluxo entressulcos. A semi-incorporacao do
residuo pela gradagem ocasionou a formacao de sulcos
1,500 I
....- i
E I
E I
lZ)O 0'. - I
Maneja. ' I lA' 050=1.ce4-0,190 In CS ; r2.~0,90**
0 L{) \
0 \
0)0. 0
\ 0
\ 0
\ .-~ ,.5
, , , I ...
I ... ... , "'.
o
O+---------~--------_T--------~r_--------r_------~· o 20 40 60 eo 100
Cobertura do solo. CS (cro) FIGURA 12. Relacao do indice D50 determinado aos 50 minu
tos de decorn3ncia de chuva simulada = a per centagem de cobertura do solo por residuo cuI tural de soja, nas formas de manejo investiga das (A = uniformemente distribuido sobre super ficie com ruqosidade minima; C = semi - incorp£ rado ao solo).
83
84
direcionados no sentido do declive, induzindo urn fluxo em
sulco ou concentrado. Para 0 rnanejo de residuo uniformemente
distribuido sobre a superficie com a rugosidade minima (pr~
ticamente lisa), predominou 0 tipo de fluxo entressulcos ou
laminar. 0 fluxo em sulcos adquire maior velocidade de es
coamento e, portanto, maior capacidade de desagrega~ao e
transporte de sedimentos do que 0 fluxo entressulcos. Essas
diferen~as nas caracteristicas hidraulicas do fluxo expli
cam 0 maior valor do indice DSO para 0 manejo de residuo se
mi-incorporado. Esta tendencia foi verificada especialmen
te para as baixas percentagens de cobertura do solo, onde 0
efeito da rugosidade superficial e mais pronunciado.
Baseado nos resultados obtidos, verifica-se a impoE
tancia de manter a superficie do solo coberta para assegu
rar a permanencia dos agregados de solo de maior tamanho, 0
que resultara em uma maior capacidade de infiltracao
gua no solo e, conseqUentemente, uma menor erosao.
de a
5. CONCLUStJES
Com base nos resultados obtidos, e para as condi
coes em que foi realizado 0 presente experimento, po de - se
chegar as seguintes conclusoes:
a) 0 aumento na quantidade de massa do residuo cultural de
soja representou um grande acrescimo na percentagem dec£
bertura do solo, em ambos os manejos investigados; no en
tanto, para uma mesma massa do residuo cultural, a semi
-incorporaCao da resteva por gradagem reduziu considera
velmente a percentagem de cobertura do solo em relacao a
resteva uniformemente distribuida sobre a superficie;
b) para 0 residuo uniformemente distribuido sobre a superfi
cie com rugosidade minima, 0 aumento na percentagem de
cobertura do solo tendeu a ocasionar urn retardamento no
tempo de inicio, pico e fim da enxurrada; no entanto, es
ta tendencia nao foi nitida para a resteva semi - incorp£
rada ao solo;
c) para 0 residuo uniformemente distribuido sobre a superfi
cie com rugosidade minima, a enxurrada total apresentou
uma ligeira tendencia a diminuir e a infiltracao total a
aumentar com 0 acrescimo na percentagem de cobertura do
solo; no entanto, esta tendencia nao foi claramente ob
servada para a resteva semi-incorporada ao solo;
86
d) em ambos os manejos estudados, 0 aumento na percentagem
de cobertura do solo pelo resIduo cultural reduziu acen
tuadamente a velocidade do escoamento superficial, con
centracao e tamanho dos sedimentos erodidos na enxurrada
e, conseqfientemente, as perdas de solo foram grandemente
reduzidas; no entanto, esses efeitos foram mais pronun
ciados para a resteva uniformemente distribuIda sobre a
superfIcie com rugosidade mInima do que para a resteva
semi-incorporada;
e) as perdas de agua foram pouco influenciadas pelas doses
e formas de manejo do resIduo cultural investigado;
f) para obter-se uma reduc;:ao de aproximadamente 50 % nas
perdas de solo, em relac;:ao ao solo descoberto, seria ne
cessaria, para resIduos uniformemente distribuIdo sobre
a superfIcie, uma quantidade em torno de 0,7 t / ha, que
representaria 20% de cobertura do solo, enquanto que pa
ra resIduos semi-incorporados ao solo seriam necessarias
3,2 t/ha, 0 que representaria 29% de cobertura do solo;
g) apesar da resteva uniformemente distribuIda sobre a su
perfIcie com rugosidade mInima ter side mais eficiente
no controle da erosao hIdrica do solo do que a semi-
-incorporac;:ao da mesma ao solo, salienta-se que qualquer
forma de manejo da resteva que resulte em alguma cober
tura do solo sera mais eficiente no controle da erosaodo
que deixar a superfIcie do solo totalmente descoberta; e
h) sugere-se a continuacao dessa linha de pesquisa, utili
zando-se diferentes tipos de resteva, solo, comprimentos
87
e graus do declive.
6. BIBLIOGRAFIA CITADA
ALBERTS, E.E.; MOLDENHAUER, W.C.; FOSTER, G.R. 1980. Soil aggregates and primary particles transported in rill and interrill flow. So~1 Sc~ence Soc~ety on Ame~~ca Jou~nal, Madison, 44(3):590-5.
ALVES, C.S. & SCHELL, L. 1984. 0 dificil caminho da produtividade. T~~go e Soja, Porto Alegre, (74) :27-31.
BRASIL. Ministerio da Agricultura. Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuaria. Divisao de Pesquisas Pedo16gicas. 1973. Levantamento de ~econhec~mento doa aoloa do R~o G~ande do SuI. Recife. 431p. (Boletim Tecnico, 30).
BURWELL, R.E.; ALLMARAS, R.R.; SLONEKER, L.L. 1966. Structural alteration of soil surfaces by tillage and rainfall. Jou~nal on Sa~1 and Wate~ Conae~vat~on, Ankeny, ZI:61-3.
CABEDA, M.S.V. 1984. Degrada9ao fisica e erosao do solo. In: SIMP6sIO DE MANEJO DO SOLO E PLANTIO DIRETO NO SUL DO BRASIL, 19&5IMP6SIO DE CONSERVACAo DE SOLOS DO PLANALTO, 39, Pas so Fundo, 27 - 29 setembro de 1983. Anais ... p.28-33.
COGO, N.P. 1981. Ennect 06 ~ea~due cove~, t~llage ~nduced ~oughneaa, and alope Ienght on e~oa~on and ~eIated pa~amete~~. 346p. Thesis (Ph.D. - Soil Science) Purdue University, West Lafayette, Indiana, 1981.
COGO, N.P.; DREWS, C.R.; GIANELLO, C. 1978. fndice de erosividade das chuvas dos municipios de Guaiba, Ijui, e Passo Fundo, no Estado do Rio Grande do SuI. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA SOBRE CONSERVACAO DO SOLO, 29, Passo Fundo, 24-28 abril de 1978. Anais ... Passo Fundo, CNPTrigo. p.145-52.
COGO, N.P.; MOLDENHAUER, W.C.; FOSTER, G.R. 1983. Effect of crop residue, tillage - induced roughness, and runoff velocity on size distribution of eroded soil aggregates. So~1 Sc~ence Soc~ety 06 Ame~~ca Jou~nal, Madison, 47(5): 1005-8.
89
COGO, N.P.; MOLDENHAUER, W.C.; FOSTER, G.R. 1984. Soil loss reductions from conservation tillage practices. So~t Science Society 06 Ame~ica Jou~nai, Madison, 48(2): 368-73.
COLVIN, T.S.; LAFLEN, J.M.; ERBACH, D.C. 1980. A review of residue reduction by individual tillage implements. In: CROP p~oduction with conlle~vation in the 80'll. St. Joseph, American Society Agricultural Engineering. p. 102-10.
CORR~A, A.A.M. brasileiro.
1984. A continua degrada~ao do territorio T~igo e Soja, Porto Alegre, (74) :24-6.
ELLISON, W.O. 1947. Soil erosion studies. Ag~icuitu~ai Enginee~ing, St. Joseph, 28:145-7, 197-201.
ELLISON, W.O. & SLATER, C.S. 1945. Factors that affect surface sealing and infiltration of exposed soil surfaces. Ag~icuitu~ai Enginee~~ng, St. Joseph, 26(4) :156-7.
ELTZ, F.L.F. 1977. Pe~dall po~ e~OllaO llob p~ecipitacao natu~ai em di6e~entell manejoll de lloio e cobe~tu~all vegetaill. r. Soia da unidade de mapeamento Sao Je~onimo - P~imei~a Etapa Expe~imentai. 97p. Tese (Mestr. Agron. - Solos) Fac. Agron., UFRGS, Porto Alegre, 1977.
ELT?, F.L.F.; CASSOL, E.A.; SCOPEL, I.; GUERRA, M. 1984. Perdas de solo e agua por erosao ern diferentes sistemas de manejo e coberturas vegetais ern solo Lateritico Bruno Avermelhado distrofico (Sao Jeronimo) sob chuva natural. Revillta B~alliie~~a de Cienc~a do Soia, Campinas, 8(1): 117-25.
FERREIRA, L.A.B. 1984. Uma visao ecologica das enchentes. T~igo e Soja, Porto Alegre, (74) :24-6.
FORYSTHE, W. 1975. F~ll~ca de Sueioll; manual de laboratorio. San Jose, IICA. 212p.
POSTER, G.R. 1982. Modeling the erosion process. In: HIDROLOGICAL modei~ng 06 !>maii wate~llhedll. st. Joseph, American Society of Agricultural Engineering. Cap.8, p.297-380.
FOSTER, G. R. & MEYER, L. D. 1972. St. Joseph, American Society of (Paper, 72-754). 24p.
E~a6ion mechanic!> 06 muich. Agricultural Engineering.
GIANLUPPI, D.; SCOPEL, I.; MIELNICZUK, J. 1979. Alguns prejuizos da erosao do solo no RS. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CI~NCIA DO SOLO, 179, Manaus, 8-13 julho de 1979. Rellumo~ ... Campinas, SBCS. p.92.
90
GRAFF, W.H. 1971. Hyd~au!~co 06 oed~ment t~anopo~t. New York, McGraw - Hill. 544p.
HILLEL, D. 1964. Infiltration and rainfall - runoff as affected by surface crusts. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF SOIL SCIENCE, 89, Bucarest, 1964. P~oceedingo ... s.l., International Soil Science Society. p.53-61.
IAPAR & EMBRAPA. 1975. Recomendacoes gerais do encontro sobre 0 uso de simulador de chuva em pesquisa de conservacao do solo no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PESQUISA DE EROSAO COM SIMULADORES DE CHUVA, 19, Londrina, 7-11 de julho de 1975. Londrina, IAPAR, EMBRAPA. p.107-20.
KRAMER, L.A. & MEYER, L.D. 1969. Small amounts mulch reduce soil erosion and runoff velocity. 06"the ASAE, St.Joseph, 12(5):638-41,645.
of surface T~anoac;tiono
LAFLEN, J.M. & COLVIN, T.S. 1981. Effect soil loss from continuous row cropping. ASAE, St. Joseph, 24(3) :605-9.
of crop residue on T~anoactiono 06 the
LAFLEN, J.M.; MOLDENHAUER, W.C.; COLVIN, T.S. 1981. Conservation tillage and soil erosion on continuously rowcropped land. In: CROP p~oduction w~th conoe~vation ~n the 80'0. St. Joseph. America Society Agricultural Engineers. p.121-33.
LAL, R. 1975. Ro!e "06 mu!ching techniqueo ~n t~op~ca! ooii and wate~ management. Ibadan, IITA. 38p.
LARSON, W.E.; HOLT, R.F.; CARLSON, C.W. 1978. Residues for soil conservation. In: CROP RESIDUE MANAGEMENT SYMPOSIUM, Houston, 1976. C~op Reoidue Management Syotemo. Madison, ASA, CSSA, SSSA. p.1-7.
LATTANZI, A.R.; MEYER, L.D.; BAUMGARDNER, M.F. 1974. Influences of mulch rate and slope steepness on interrill erosion. So~! Science Society 06 Ame~~ca P~oceed~ngo, Madison, 38(6):946-50.
LOPES. P. R. C. 1984. Re!acoeo da e~ooiio com tipoo e quant~dadeo de ~eolduoo cu!tu~a~o eopa!hadoo uni60~memente oob~e 0
oo!o. 116p. Tese (Mestr. Agron. - Solos) Fac. Agron., UFRGS, Porto Alegre,1984.
MANNERING, J.V. & MEYER, L.D. 1961. The effects of different methods of cornstalk residue management on runoff and erosion as evaluated by simulated rainfall. So~i Se~enee Soe~ety on Ame~~ea P~oeeed~ng6, Madison, 25 (6) :506-10.
91
MANNERING, J.V. & MEYER, L.D. 1963. The effects of various rates of surface mulch on infiltration and erosion. So~i Se~enee Soe~ety 06 Ame~~ea P~oeeed~ng6, Madison,27(1):84-6.
McINTYRE, D.S. 1958. Soil splash and the formation of surface crusts by raindrop impact. So~i Se~enee, Baltimore, 85:261-6.
MEYER, L.D. 1970. Effect of various rates of surface mulch on infiltration and erosion. So~i Se~enee 06 Ame~~ea P~oeeed~ng6, Madison, 27 (1) : 84-6.
MEYER, L.D.; FOSTER. G.R.; NIKOLOV, S. flow rate and canopy on rill erosion. ASAE, St. Joseph, 18(5):905-11.
1975a. Effect of T~an6aet~on6 on the
MEYER, L.D.; FOSTER, G.R.; RCMKENS, M.J.M. 1975b. Source of soil eroded by water from upland slopes. In: PRESENT AND PROSPECTIVE TECHNOLOGY FOR PREDICTING SEDIMENT YIELDS AND SOURCES, Oxford, 28-30 novembro de 1972. P~oeeed~ng6 06 the 6ed~ment - y~eid WO~k6 ho p. Washington, USDA. p. 177-89.
SARAIVA, D.F. 1978. Pe~da6 de e~06ao 60b p~ee~p~tacao natu.~ai em d~6e~ente6 manej06 de 60io e eobe~tu.~a6 vegeta~6. I. Soio da u.n~dade de mapeamento Sao Je~on~mo: Segunda Etapa Experimental. 126p. Tese (Mestr. Agron. - Solos) Fac. Agron., UFRGS, Porto Alegre, 1978.
SLONEKER, L.L. & MOLDENHAUER, W.C. 1977. amounts of crop residue remaining after 06 So~i and wate~ Con6e~vat~on, Ankeny,
Measuring the tillage. Jou.~nai 32 (5) :231-6.
STALLINGS, J.H. 1957. Plant cover and conservation. In: So~t eon6e~vat~on. Englewood Cliffs, Prentice
Hall. Cap. 9, p.159-76.
SWANSON, N.P.; DEDRICK,A.R.; WEAKLY, H.E.; HAISE, H.R. 1965. Evaluation of mulches for water- erosion control. T~an6aet~on6 06 the ASAE, St. Joseph, 8(3):438-40.
VAN DOREN JR., D.M. & ALLMARAS, R.R. 1978. Effect of residue management practices on the soil physical environment, microclimate, and plant growth. In: CROP RESIDUE MANEGEMENT SYMPOSIUM, Houston, 1976. C~op ~e6~du.e management 6Y6tem6. Madison, ASA, CSSA, SSSA. p.49-83.
92
VIEIRA, J.M. 1977. Peltdafl pOIt eltofliio flob d-i.6elten;(:efl 1.l-i.I.l;(:emal.l de pltapalto do I.lolo palta a Qul;(:ulta da I.loja (GlYQ-i.ne max (L.) Meltltl, em cond-i.coel.l de Qhuva fl-i.mulada. 108p. Tese (Mestr. Agron. - Solos) Fac. Agron., UFRGS, Porto Alegre, 1977.
WISCHMEIER, W.H. 1973. Conservation tillage to control water erosion. In: NATIONAL CONSERVATION TILLAGE CONFERENCE, Ankeny, 1973. Pltoceed-i.ngl.l ••• Ankeny, Soil Conservation America Society. p.133-41.
WISCHMEIER, W.H. 1976. Cropland erosion and sedimentation. In: CONTROL 06 wa;(:elt pollu;(:-i.on 6ltom cltopland. Washington, USDA. v.2, cap.3. p.31-57.
WISCHMEIER, W.H. & SMITH, eltOfl-i.on lOl.lflefl; a gUide Washington, USDA. 58p.
D.D. 1978. Plted-i.c;(:-i.ng lta-i.n6all to conservation planning.
(Agricultural Handbook, 537).
YOUNG, R.A. 1980. Characteristics of eroded sediment. Tltanl.>ac:Uonl.l 06 ;(:he ASAE, St. Joseph, 23(5):1139-42, 1146.
7. APe N DIe E S
94
AP~NDICE 1. Grau de declividade do solo nas unidades experimentais.
Parcela Declividade
( n9 ) ( % )
1 6,2
2 7,1
3 7,0
4 7,5
5 7,8
6 7,4
7 8,1
8 8,2
95
AP~NDICE 2. Percentagem de cobertura do solo em rela9ao as doses do residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas.
Parcela Massa de Cobertura do solo (%)
( n9 ) residuo cultural
( kg / ha ) I II X
Uniformernente distribuido sobre a superficie
1 0 0 0 0
2 500 8 14 1 1
3 1.000 28 34 31
4 2.000 54 48 51
5 4.000 82 88 85
6 6.000 86 94 90
7 8.000 94 90 92
8 10.000 98 98 98
Semi-incorporado ao solo
1 0 0 0 0
2 500 2 4 3
3 1. 000 10 12 11
4 2.000 32 24 28
5 4.000 44 46 45
6 6.000 48 48 48
7 8.000 36 64 50
8 10.000 68 70 69
96
AP:t;:NDICE 3. Valores observados de intensidade e durac;;ao das chuvas simuladas aplicadas nas diferentes doses e formas de manejo do residuo cultural de soja investigadas.
Parcela
(n9 )
1
2
3
4
5
6
7
8
Manejo do residua cultural
Uniformemente distribuido sabre a superficie
Intensidade (nrn/h)
68,3
68,3
70 ,1
70,1
65,2
65,2
64,7
64,7
Durac;;ao (min)
63
63
63
63
78
78
75
75
Semi-incorporado aD solo
Intensidade (nrn/h)
69,2
69,2
66,3
66,3
70,0
70,0
67,3
67,3
Durac;;ao (min )
60
60
60
60
60
60
60
60
97
AP£:NDICE 4. Enxurrada e infil tra"ao totais observadas e ajustadas em rela"ao as doses do residuo cultural de soja, nas formas de manejo investi gadas. -
Enxurrada total Infiltra"ao total Massa de residuo (kg/ha ) Observada Ajustadal7 Observada AjustaaaY
-( % da chuva )- -
Uniformemente distribuido sobre a superficie
0 22,2 17,0 77,8 83,0
500 26,2 21 ,3 73,8 78,7
1.000 29,4 22,6 70,6 77,4
2.000 26,3 19,3 73,7 80,7
4.000 18,1 16,6 81 ,9 83,4
6.000 7,5 5,8 92,5 94,2
8.000 7,5 6,5 92,5 93,5
10.000 24,4 23,7 75,6 76,3
Semi-incorporado ao solo
0 47,1 42,8 52,9 57,2
500 45,8 41 ,5 54,2 58,5
1 .000 46,2 44,2 53,8 55,8
2.000 57,4 55,8 42,6 41 ,2
4.000 49,0 44,2 51,0 55,8
6.000 47,0 42,0 53,0 58,0
8.000 61 ,1 59,1 38,9 40,9
10.000 61 ,0 59,0 39,0 41 ,0
.Y Ajuste para uma intensidade media de chuva de 64 mm/h com dura"ao de 60 minutos.
98
AP1!!NDICE 5. Velocidade do escoamento superficial da agua medida aos 50 minutos de C!ecorrencia de chuva em relac;:iio as doses do residuo cultural da soja, nas formas de manejo investigadas.
Massa Velocidade do escoamento superficial
de
residuo (kg/hal
0
500
1.000
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
Uniformemente distribuido
sobre a superficie
Semi-incorporado
ao solo
-- ( cm / s l - - -
12,8 13,9
10,4 13,5
9,3 11 , 1
4,4 10,0
3,9 7,1
2,7 5,6
1 ,7 6,7
1 ,6 5,6
99
AP~NDICE 6. Concentracao media observada de sedimentos na enxurrada, determinada com base em 60 minutos de duracao de chuva e no periodo com enxurrada constante, em relacao as doses do resi duo cultural de soja, nas formas de manejo in vestigadas.
Massa de
residuo ( kg/hal
o 500
1.000
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
o 500
1 .000
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
Concentracao media de sedimentos
Em 60 minutos Sob enxurrada constante
- - - - - - - - - -( % )- - - - - - -
Uniformernente distribuido sobre a superficie
5,0 9,5
2,9 7,5
2,6 5,2
1 , 1 2,4
0,2 0,4
0,2 0,2
0,5 0,9
0,3 0,3
Semi-incorporado ao solo
6,4 10,8
5,4 8,2
4,9 8,2
3,3 4,9
2,2 3,4
2,2 3,4
2,9 3,1
1 ,0 1 , 1
100
APgNDICE 7. Perdas de solo observadas e ajustadas em relaciio as doses do residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas.
Massa de
residue (kg/ha)
o 500
1.000
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
o 500
1 .000
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
Perda de solo observada
Em 60 minutes Sob enxurrada constante
Perda de solo ajusta~
Em 60 minutes Sob enxurrada constante
- - - - - - - - - - -( t/ha/h )- - - - - - - - - - - •
Uniformemente distribuido sobre a superficie
10,5
9,4
9,3
3,7
0,4
0,2
0,5
0,8
29,8
31 ,3
22,9
10,2
1 , 9
0,6
2,6
1 ,3
Semi-incorporado ao solo
29,3
23,3
21,2
14,5
10,8
10,2
13,8
4,8
45,3
41,0
43,2
25,1
19,5
17,7
18,8
6,8
11 ,3
8,8
8,6
3,1
0,4
0,2
0,4
0,7
26,8
21 ,3
21 ,8
13,5
8,5
8,8
11 ,2
3,8
30,5
26,5
21,0
8,5
1 ,7
0,6
2,3
1 ,2
50,0
37,6
44,2
23,4
15,4
15,1
14 ,9
5,4
l/Ajuste para intensidade constante de 64 mm/h e declividade media de 7,5%.
101
AP~NDICE 8. Fator cobertura vegetal calculado com os dados ajustados da perda de solo obtida durante 60 minutos de chuva e no periodo can enxurrada cons tante, em relacao a percentagem de cobertura do solo por residuo cultural de soja, nas formas de manejo investigadas.
Cobertura Fator cobertura vegetal
do solo
(%)
o 1 1
31
51
85
90
92
98
o 3
1 1
28
45
48
50
69
Em 60 minutos Sob enxurrada constante
Uniforrnemente distribuido sobre a superficie
1 ,00
0,78
0,76
0,28
0,04
0,02
0,04
0,06
Semi-incorporado ao solo
1 ,00
0,80
0,81
0,51
0,32
0,33
0,42
0,14
1 ,00
0,87
0,69
0,28
0,06
0,02
0,07
0,04
1 ,00
0,75
0,88
0,47
0,31
0,30
0,30
0,11
AP:t:NDICE
Massa de residm (kg/hal
0
500
1.000
2.000
4.000
6.000
B.OOO
10.000
9. Distribui<;ao de tamanho dos sedimentos erodidos e indice D50 determinados aos 50 minutos de decorrencia de chuva em rela<;ao as doses e percenta-gens de cobertura do solo por residuo cultural de soja uniformemente dis tribuido sobre superficie com rugosidade minima.
Col:ertura Classes de tamanho ( rom l.-dice D50 do solo
(%l > 2,00 2,00-1,00 1,00-0,50 0,500-0,250 0,250-0,105 0,105-0,053 0,053 - 0 ,037 < 0,037 (mnl
-------- - - -( , de sedimentos )-
0 13,8 38,1 16,2 10,1 5,9 3,9 3,2 B,B 1,050
11 3,9 14,6 42,7 29,6 2,5 1,7 O,B 4,2 0,625
31 7,0 14,8 36,9 12,7 6,0 4,3 2,5 15,8 0,600
51 5,6 11,6 22,3 37,8 B,7 4,1 1,3 B,6 0,425
B5 2,0 5,6 17,1 22,7 14,2 17 ,6 7,1 13,7 O,22B
90 1 ,4 5,B 20,7 23,0 17,6 9,1 3,6 18,8 0,263
92 0,5 3,2 18,9 25,B 16,7 7,6 3,1 24,2 0,236
9B 0,6 2,6 12,9 14,6 12,2 5,0 2, , 50,0 0,037
~
o IV
APENDICE 10.
Massa de Co1::ertura residoo do solo (kg/ha) (%)
0 0
500 3
1.000 11
2.000 28
4.000 45
6.000 48
8.000 50
10.000 69
Distribui(;ao de tamanho dos sedimentos erodidos e indice D50 determinados aos 50 minutos de decorrencia de chuva em rela(;ao as doses e percenta gens de cobertura do solo por residuo cultural de soja semi - incorporado ao solo.
Classes de tamanho ( rom 1mice
>2,00 2,00-1,00 1,00-0,50 0,50-0,250 0,250-0,105 0,105 - 0 ,053 0,53 - 0 ,037 < ,037 D50
~ - - - - - - - - - -( , de sedimentos - - - -
15,4 67,8 5,0 3,0 1,9 1,2 0,7 5,0 1,590
10,5 49,4 11,5 6,9 6,0 3,0 2,3 10,4 1,200
6,3 33,1 ~B,O 12,1 1,6 1,9 1,3 15,7 0,B13
3,2 44,' 10,8 10,7 8,7 2,1 1,4 19,0 0,900
1,7 10,4 36,2 26,0 4,5 3,3 1,5 16,4 0,475
1,9 9,0 28,9 19,5 5,2 5,6 2,5 27,4 0,363
1,5 6,2 24,2 20 I 1 4,9 3,7 2,0 37,4 0,275
1,0 4,8 20,3 15,2 6,6 4,3 1,5 46,3 0,086
~
o w
AP~NDICE 11. Grafico exemplificativo para a determinacao do indice DSO da relacao entre a distribuicao de tamanho dos sedimentos erodi dos aos 50 minutos de decorrencia de chu va sirnulada com a percentagem de cobertu ra do solo p~r residuo cultural de soja se mi-incorporado (no exernplo, DSO = 0,363). -
~ c:::
~ =a ~ Q)
-C
.g 0 :; E ~
;J. ~
100~---------------------------------------------,
eo
60
50
40
20
% CS
0 )1----1( 3 C>----<> 11 [).o---Q 28 ~ 45 Y- ---'I 48 1>------4 50 ~--~ 69
linho exemplificofivo
./
" " " ."
~/ y----'V----
--y .... -
~---- __ x--
" " /
/ /
,
" ."
O+-T-----~------,_----~ __ ~---r------~----~ ( 0,037 0.053 QYJ5 Q,25O 0;363 Q5(X) 1,00:) 2CX1J
Tamanho dos sedimentos (mm)
104