Relações Raciais Desigualdades, Identidades e Políticas Pública

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    39º Encontro Anual da ANPOCS

    GT32 Relações Raciais: desigualdades, identidades e políticaspúblicas.

    Disparidade entre negras, negros e brancos na composição dogrupo dos ricos: o outro lado da desigualdade racial.

    Autor: Emerson Ferreira Rocha

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    Introdução

    Esse trabalho apresenta um estudo sobre a disparidade de riqueza entre brancos, pardos pretos. A análise considera também o recorte por gênero, donde resulta uma análise comparatientre seis grupos: homens brancos, pretos e pardos e mulheres brancas, pretas e pardas. objetivo é avaliar o peso da discriminação racial sobre a patente sub-representação das pessonegras nos grupos mais ricos. Embora a desigualdade racial seja um tema amplamente estudadno Brasil, a disparidade racial de riqueza não é um tema bem estudado do ponto de vistquantitativo (Rocha, 2015). O fato de que os negros são minoria entre os ricos é amplamendocumentado e, na verdade, um fato óbvio mesmo para a percepção ordinária menos atentOutra coisa, contudo, é estudar de maneira sistemática os fatores que determinam esse fato. Es

    estudo reveste-se de significado ainda maior tendo em vistas o alto nível de concentração drenda na sociedade brasileira. Dada essa concentração, a relativa ausência de negros entre os 1mais ricos contribui de maneira muito decisiva para a desigualdade racial de renda total.

    Os dados utilizados são do Censo Demográfico de 2010, sobretudo porque eles trazeminformação sobre a área de formação superior das pessoas. A amostra é restrita às pessoas coentre 25 e 60 anos, com rendimentos no trabalho principal iguais ou superiores a um salármínimo à data de referência (R$ 510,00). Para análise, são considerados os rendimentos brutdo trabalho principal. Esses rendimentos são convertidos para renda horária, já que existe padrões diferenciados de jornada de trabalho para homens e mulheres e ambos estão incluídos amostra em estudo. Esse rendimento horário é então convertido em escala logarítmica procedimento usual para aprimorar a aderência de modelos de regressão linear à distribuição ddados. Ricos são considerados aqueles incluídos entre os 1% com maior rendimento no trabalh principal. Uma vez que o logaritmo é uma função monotônica crescente, a delimitação do grupdos ricos com a renda em escala logarítmica equivale à delimitação em escala original.

    Precedentes Teóricos

    A desigualdade racial é um tema já amplamente estudado pelas Ciências Sociais brasileiras. Na verdade, o tópico tem uma relação muito estreita com o próprio desenvolvimen

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    desse campo de estudos no Brasil. Durante a primeira metade do século XX, a pesquisa sobrelações raciais foi o vetor de um intenso intercambio intelectual entre precursores das ciêncisociais brasileiras e pesquisadores da já mais bem consolidada academia norte-americana. Is para não mencionar o amplo intercambio com a antropologia física durante as década precedentes, contexto de produção do qual podemos destacar Nina Rodrigues como o expoende uma transição entre a antropologia física e a antropologia cultural. Sem embargo, embocontinuasse fiel aos referencias das teorias raciais da época, o autor desenvolveu estudos dcampo com amplo foco em aspectos culturais, mesmo que, para ele, esse enfoque fosse apeninstrumento para traçar proveniências étnicas e raciais da população negra no Brasil.

    Da década de 1930 à de 1970, o tema das relações raciais passaria por diferenteabordagens. Se é possível emprestar a essa trajetória um sentido geral e, em alguma medid

    evolutivo, este estaria num afastamento crítico progressivo do modelo explicativo que fosedimentado sob forte influência da escola de Chicago. Trata-se de um modelo de estratificaçãnos termos de classes e castas, delineado diretamente para oferecer um esquema teórico parasituação que os Estados Unidos enfrentavam no período mais imediatamente posterior à guercivil. Nesse esquema, existe uma estratificação por classe com base em atributoeconomicamente produtivos e uma estratificação por castas com base na raça. Cada casta teruma diferenciação por classes interna, mas estariam separadas por regras de interdição rigorose, graças à hierarquia entre elas, a casta negra teria uma diferenciação de castas menodesenvolvida e concentrada em posições de baixo poder econômico. Esse modelo esquematizavmuito plausivelmente a situação dos Estados Unidos naquele momento, mas, aplicado ao Brasimplicou em certas dificuldades interpretativas.

    O núcleo dessas dificuldades está em assumir a formação de castas como modelo dconflito racial. Admite-se que a raça constitui um critério de formação de status social no Brasil,mas nega-se a existência de conflito racial. Perdia-se de vista, talvez, que a formação de castasapenas um caso especial (e extremo) de formação de grupos de status . Assim, o caso norte-

    americano, ao invés de figurar como um caso especial de formação de grupos de status raciais, passa a figurar como uma espécie de tipo ideal concreto do que seria conflito racial. Daí conclusão de que no Brasil, não haveria conflitos raciais. Os estudos de autores como DonaPierson e Charles Wagley revelam uma oscilação entre a constatação de situações d

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    um sistema de castas raciais coexiste com a eficácia da própria estrutura de posições de clascomo suporte para a segregação racial (Rocha, 2015). Não é que exista uma mera sobreposiçentre raça e classe, onde os negros se concentram em posições sociais mais baixa por efeito diniquidades passadas, mas haveria um princípio subjacente de articulação entre classe e raç basicamente, um conjunto de expectativas socialmente compartilhadas, que ganham eficácia ninterações sociais tanto de maneira deliberada quanto não deliberada pelos indivíduos, segundas quais as pessoas negras têm determinadas posições de classe que lhes são compatíveis. Tancrenças raciais articuladas quanto o próprio processo de adaptação cognitiva a um ambiensocial em que os negros ocupam, de fato, posições sociais subordinadas, ou seja, a apreensão um estado de coisas em sociedade (as posições estatisticamente mais ocupadas por pessonegras) e sua elevação ao nível de esquemas de percepção e de apreciação social, sustentam es

    conjunto de expectativas.Se essa leitura está correta, a discriminação racial deve cumprir um papel muito salient

    sobre as chances de ocupar posições sociais mais elevadas, onde tais expectativas não projetam presença de pessoas negras e, de fato, é assim que as coisas parecem acontecer. Quanto maior posição socioeconômica, indicada pela renda, maior a porção da desigualdade racial que se poatribuir a processos de discriminação (Rocha, 2015). Evidências convergentes com esseresultados têm também sido encontradas em outros trabalhos recentes (Soares, 2000; Biderm& Guimarães, 2004; Ribeiro, 2006; Ferreira, 2001, Hasenbalg & Silva, 1998).

    Há aqui uma questão de teoria e método, no fundo, uma palavra de precaução, que precisser dita. Há um vão considerável entre o construto explicativo e o comportamento observado ndados. O construto explicativo versa sobre uma estrutura de expectativas. Essa estrutura dexpectativas, defende-se aqui, articula a experiência no mundo social à construção de esquemde percepção e de apreciação. Ela articula a desigualdade racial existente a cada momento e qé, portanto, experimentada e observada por todos que vivem em determinado contexto sociacom a aquisição de certas disposições da emoção e do pensamento com relação às pessoa

    segundo a sua condição racial. Além disso, ela articula também crenças raciais a esquemas d julgamento que orientam práticas de discriminação. Em outras palavras, tal estrutura dexpectativas articularia crenças a atitudes e atitudes ao comportamento. Por outro lado, validade desse construto é sustentada aqui com base no comportamento de coeficientes ao longda distribuição de renda, assumindo-se, o que é bastante plausível e coerente com uma long

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    notar que, naquele período, os Estados Unidos viviam um processo de abertura dos direitos civà população negra, o que teve impacto direto sobre as questões formuladas a respeito ddiscriminação racial no âmbito dos estudos acadêmicos. O sistema de castas raciais estava e processo de dissolução. Embora não fosse plausível esperar que os mecanismos consuetudináride segregação fossem se dissolver num curto prazo, os mecanismos institucionais qusuportavam esse sistema estavam sendo desmontados. Além disso, mudanças de valoreimpostas pelo movimento político, mas também impulsionadas por um processo detransformação cultural mais amplo (é estranho que a revolução dos costumes de 1968 seja poumencionada nesse contexto de discussão) abalavam também, em medida significativa, segregação suportada pelos costumes. Nesse contexto, o modelo explicativo em termos d binômio casta e classe perde força. Alguns autores começam mesmo a questionar se haver

    ainda um impacto significativo da discriminação racial sobre as chances de vida. Levantava-sehipótese de que as desigualdades observadas entre negros e brancos no mercado de trabalhàquela altura, eram efeito da segregação passada e do passado escravista, assim como ddesvantagens persistentes atreladas à origem social, como os menores níveis de escolaridade. Sfamiliar ao debate brasileiro, não?

    É nesse contexto que as técnicas de regressão com múltiplas variáveis assumiram um papde destaque. A possibilidade de operacionalizar a situação hipotética doceteris paribus tornouesse tipo de técnica um instrumento adequado para conduzir a discussão mencionada acimEntão, levando em consideração outros fatores como educação e os mantendo constantes, hainda uma desigualdade racial significativa em termos de sucesso econômico, que se possa entatribuir a práticas de discriminação?Emerge nesse contexto a tese das “desvantagenscumulativas”, proposta por Blau e Duncan no The American Occupational Structrure . A tese parte da constatação de que fatores de mediação como escolaridade e segregação socioespacnão explicam toda a desigualdade racial em modelos de regressão. Em outras palavras, mesmquando se mantém constantes esses fatores, há uma desigualdade racial líquida, o que nã

    acontecia, no estudo dos autores, para outros grupos em desvantagem como determinadoimigrantes e pessoas de regiões menos economicamente dinâmica. Assim, para os negros, comportamento dos fatores que medeiam a desigualdade racial teria uma natureza cumulativPara além da mediação, tais fatores implicariam numa desvantagem extra e a existência desdesvantagem excedente seria explicada por práticas de discriminação racial. Essa abordagem f

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    introduzida no Brasil pelos trabalhos de Nelson do Valle e Silva e de Carlos Hasenbalgmostrando resultados convergentes sobre a existência de desvantagens cumulativas para população negra.

    As técnicas de regressão foram utilizadas também de uma maneira um pouco maiinventiva, em exercícios contrafatuais (Fairlie, 1999; Kitagawa & Hauser, 1968; R. L. Oaxaca Ransom, 1994; Yun, 2009). Nesse caso, parte-se da ideia de que um modelo de regressão sobredesigualdade de renda em função de atributos individuais, por exemplo, representa comportamento do mercado de trabalho no que se refere à remuneração desses atributos. Se hdiscriminação racial, essa operaria alterando esse comportamento no que se refere a negros brancos. A iniquidade racial no mercado de trabalho operaria uma distorção da remuneração datributos individuais das pessoas de cor. Assim, a desigualdade entre as rendas médias de negr

    e brancos poderia ser decomposta em dois fatores: (a) um que se deve ao fato de que as pessonegras possuem, em média, menores níveis em atributos individuais produtivos e (b) um segunque se deve ao fato de que determinado nível nesses atributos não implica, para pessoas negrasmesma remuneração média que implica para pessoas brancas. A utilização desse tipo dexercício é, hoje, bastante difundida no Brasil e tem mostrado consistentemente a existêncdessa iniquidade no mercado de trabalho. Parte considerável da desigualdade racial se deve nao fato de que pessoas negras possuem, de maneira geral, menores níveis de educação, poexemplo, mas ao fato de que o mercado de trabalho não remunera seus níveis educacionais dmesma maneira que remunera os das pessoas brancas. A característica mais atraente nessatécnicas de decomposição é o fato de tratarem a discriminação racial não apenas em termos “efeitos parciais”, ou seja, de uma desvantagem líquida, expressa por um coeficiente mediante

    controles estatísticos, mas como um fenômeno que altera a própria estrutura da competição pchances de vida no ambiente econômico. Nesse trabalho, são mobilizadas tanto a abordagem defeitos parciais quanto a abordagem baseada em exercícios contrafatuais.

    Atributos Individuais e Fatores Ecológicos

    Os exercícios contrafatuais, quando utilizados em estudos sobre discriminação, procuram basear-se em modelos de regressão incluindo apenas atributos individuais produtivos. O que es

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    na base dessas aplicações é uma forma de compreender a discriminação racial. Considera-se uambiente em que as pessoas competem para vender seus capitais incorporados: habilidadadquiridas através da escolarização e da experiência. Embora exista também um debate sobreremuneração de habilidades inatas, com alguns autores considerando os resíduos ou parte dresíduos nos modelos de regressão linear como uma proxy para essa remuneração, a discussãoem torno das habilidades adquiridas é mais consensual, já que a relevância e o próprio estatudas habilidades inatas levantam questões antropológicas muito polêmicas.

    A operacionalização baseada apenas em atributos individuais produtivos não se relacionanegligência teórica quanto à relevância de fatores ecológicos como a segregação socioespacial.que está em jogo é compreender a discriminação racial em relação direta com o princípiracional e valorativo do desempenho individual. Em outras palavras, compreende-se

    discriminação como algo que distorce a eficácia do princípio do desempenho, fazendo como q pessoas negras, com capacidades equivalentes a de pessoas brancas, não sejam equitativamenremuneradas. Não se nega a relevância de fatores ecológicos, mas esses são inobservados nucontexto em que o que se pretende mensurar são os efeitos da discriminação racial enquandistorções nas recompensas para o desempenho individual em um ambiente econômico que coloca como meritocrático.

    Nesse trabalho, os exercícios de decomposição se baseiam em modelos que incluem tantatributos individuais quanto fatores ecológicos. O primeiro deles diz respeito à segregaçãsocioespacial, capturada pela distribuição de negros e de brancos pelas cinco macrorregiões d país. Esse fator é amplamente utilizado para efeitos de controle quando se trata de mensurar efeitos parciais da discriminação racial. Basicamente, procura-se isolar a desigualdade racial qnão se deve ao fato da população negra estar concentrada na região nordeste, onde prevaleceníveis socioeconômicos mais baixos. Aqui, considera-se também o fato de que pessoas negrsofrem, em média, um prejuízo maior por viverem em regiões menos economicamente dinâmicdo que aquele sofrido por pessoas brancas. Ser pardo e viver no nordeste, por exemplo, impli

    em um rebaixamento na renda maior do que aquele devido a ser branco e viver no nordeste. Amesmo tempo, viver no sudeste implica numa vantagem menor para pessoas negras do que pa pessoas brancas. Há mecanismos, portanto, que distorcem não apenas a remuneração doatributos individuais produtivos das pessoas negras, mas também as vantagens e desvantagencompetitivas que advém de uma posição socioespacial mais favorecida. A explicação pode ser

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    segregação socioespacial dentro das regiões. Pessoas negras estariam concentradas emlocalidades menos afluentes do que as pessoas brancas, mesmo quando têm níveis educacionaequiparados e trabalham em ocupações semelhantes. O mapeamento detalhado da distribuiçãsocioespacial dos negros não é, contudo, objeto do presente estudo.

    O segundo fator ecológico refere-se à distribuição dos negros na estrutura ocupacional. Aocupações, por sua íntima relação com a posição ocupada pelas pessoas na organização d produção econômica, têm sido mobilizadas como uma variável importante na construção desquemas de classe. No presente contexto, não há o objetivo de representar uma estrutura dclasses com base em títulos ocupacionais. Utiliza-se apenas um conjunto agregado de títuloocupacionais, seguindo de perto a codificação do Código de Ocupações para PesquisaDomiciliares utilizado no Censo Demográfico de 2010, perfazendo um total de 43 ocupaçõe

    Embora os títulos tenham um caráter mais descritivo que analítico, a construção do COD leva econsideração, além da natureza da atividade exercida (se intelectual ou operacional, poexemplo), aspectos como nível de autoridade exercida e nível de especialização. Assim, há ucritério de estratificação social implícito que confere a esse conjunto de 43 ocupações um podexplicativo não meramente casual sobre a distribuição de renda. Pessoas negras são ma penalizadas do que as brancas por estarem em ocupações com menores níveis médios de rendEsse fato pode refletir barreiras raciais à progressão na carreira dentro de uma mesma ocupação

    Além dos fatores ecológicos, os modelos implementados aqui incluem os dois indicadoreclássicos de atributos individuais produtivos: a educação formal e a experiência, indicada peidade. Um fato importante sobre o indicador educacional é que o senso permite que se trabalcom áreas de formação superior. Isso é importante já que tanto as pessoas negras quanto amulheres se concentram em áreas de formação superior relacionadas a menores níveis dafluência econômica. Assim, quando não se levam em conta as áreas de formação superior, vantagens educacionais femininas são sobre-estimadas e as desvantagens educacionais donegros são subestimadas. A idade, por sua vez, é um indicador relativamente precário d

    experiência laboral dos indivíduos, já que a trajetória ocupacional das pessoas não necessariamente contínua ao longo dos anos de vida. De qualquer modo, trata-se de um indicadusual. É interessante notar que diferenças de idade entre negros e brancos não explicam um porção substantiva da desigualdade racial de renda. Contudo, a renda que as pessoas brancrecebem, em média, a mais que pessoas negras para um ano a mais de vida é sensivelmen

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    maior. Em outras palavras, parece haver uma distorção racial nas compensações para experiência.

    Desigualdade Racial ao Longo da Distribuição de Renda

    Como já argumentado, uma das coisas que tornam a disparidade racial de riqueza é o fatde que os efeitos da discriminação racial variam ao longo da estratificação socioeconômic parecendo ganharem maiormomentum nos estratos mais altos. Na verdade, os fatores queexplicam a desigualdade racial variam, de uma maneira geral, ao longo da distribuição drendimentos. A análise dessa desigualdade centrada na média tem trazido resultados importante

    convergindo para a conclusão de que existe uma desigualdade racial líquida que se pode atribua práticas de discriminação. Contudo, a análise centrada na média negligencia o comportamenmais complexo das correlações entre a desigualdade racial de renda e seus fatores explicativoEmbora algumas conclusões aferidas em torno da média sejam válidas para toda a distribuiçãcomo o papel mais saliente das desigualdades educacionais entre negros e brancos para explica desigualdade de renda entre esses grupos, há certas nuances com significado substantivo.

    Para investigar essas nuances, utiliza-se a técnica de decomposição proposta por Juhn et (1993). Parte-se de uma regressão linear que explica a variação no logaritmo das rendas horáriem função de: (a) a educação das pessoas, (b) a idade das pessoas, (c) a ocupação das pessoa(d) a região de residência das pessoas e, com sói ser, (e) um termo residual. A educação operacionalizada em termos de indicadores binários. Um para primário completo ou fundamenincompleto, outro para fundamental completo ou médio incompleto, outro completo ou médincompleto, outro para médio completo ou superior incompleto e um para cada área de formaçsuperior. Há também um indicador para mestrado e doutorado que não distingue as áreas. categoria de primário incompleto ou “nunca frequentou a escola” serve como base de

    comparação. As ocupações são indicadas por 43 categorias, com os proprietários servindo comreferência de comparação. A idade é uma variável discreta com os anos de vida completos d pessoas. É incluído um termo quadrático para essa variável, ajustando o modelo à relaçã parabólica entre idade e rendimentos do trabalho. As regiões são as cinco macrorregiõe brasileiras, tomando-se a região norte como base de comparação.

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    Esse modelo de regressão passa a descrever a variação na renda de cada grupo em funçãdas variáveis inseridas, dos coeficientes associados a essas variáveis e dos resíduos. A partdesses modelos, a desigualdade de renda entre dois grupos raciais, em diferentes quantis das surespectivas distribuições, pode ser decompostas em termos dessas três fontes de variação. N presente caso, essa decomposição é feita comparando-se o grupo dos pardos ao dos brancos egrupo dos pretos também ao dos brancos. É de particular interesse o comportamento ddesigualdade devida aos coeficientes, já que essa é a proxy para os efeitos da discriminaçãoracial. Os gráficos 1 e 2 abaixo mostram os resultados desse exercício.

    Gráfico 1: Decomposição da Diferença entre Brancos e Pardos

    Fonte: Censo Demográfico de 2010. Elaboração Própria

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    Gráfico 2: Decomposição da Diferença entre Brancos e Pretos

    Fonte: Censo Demográfico de 2010. Elaboração Própria

    É possível notar que nas duas comparações, muito nitidamente, a contribuição ddiscriminação para a desigualdade racial total é crescente ao longo da distribuição, alcançandum pico no 95º quantil, o mesmo acontecendo com a influência dos resíduos. O aumento ncontribuição dos resíduos é, inclusive, mais acentuado, revelando que mecanismos nãespecificados de mediação da desigualdade racial também adquirem relevância crítica na posições sociais mais elevadas. Os fatores de mediação especificados, por seu turno, tambécumprem um papel mais e mais relevante ao longo da distribuição de renda, mas, nas posiçõmais altas, há uma perda relativa de força nos seus impactos, sobretudo em se tratando do pardos. O agravo máximo dos impactos da discriminação no topo da distribuição de renda ve portanto, em conjunto com uma relativa redução na capacidade que redução da desigualdadracial a partir da correção da segregação socioespecial, das desigualdades educacionais entnegros e brancos e da segregação ocupacional.

    Os diferentes fatores de mediação aqui especificados não contribuem da mesma maneir

    para a desigualdade racial. Além disso, não só suas contribuições são diferentes como ocomportamentos dessas contribuições ao longo da distribuição de renda também diferem entre O Gráfico 3 mostra a contribuição de cada um desses quatro fatores. Trata-se de umdecomposição da contribuição das variáveis, que aparece nos gráficos anteriores, em termos cada uma das quatro variáveis específicas. Como os padrões são os mesmos para pretos e pardo

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    00,10,20,30,40,5

    0,60,70,80,9

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    mostra-se resultados para uma comparação entre negros – (pretos) U (pardos) – e brancos. Ocômputo dessas contribuições específicas está sujeito a variações arbitrárias segundo a ordeescolhida entre as variáveis no procedimento de cálculo. A consistência dos resultadoapresentados aqui foi checada através da adoção de diferentes ordens entre as variáveis, sendque todas as ordens levaram a resultados essencialmente convergentes.

    Gráfico 3: Contribuições de cada fator: comparação entre negros e brancos.

    Fonte: Censo Demográfico de 2010. Elaboração Própria

    Nota-se que a educação é, em disparado, o principal fator de mediação da desigualdadracial. Sua contribuição cresce consistentemente ao longo da distribuição de renda, sestabilizando ao longo dos percentis mais altos. A distribuição ocupacional é, em geral, segundo fator de mediação mais importante, mas sua contribuição é menor nos estratos ma baixos. Esse último fato, contudo, antes de indicar um traço igualitário na estratificação soci brasileira, pode refletir apenas o fato de que, tão somente para as ocupações de menor status nãohá barreiras especiais ao ingresso de pessoas negras. Realidade que muda na medida em que consideram ocupações com status mais elevado.

    A contribuição do fator experiência é sempre muito pequena, o que reflete simplesmente fato de que diferenças de idade entre negros e brancos não explicam nenhuma porção muiconsiderável da desigualdade de renda entre esses grupos. Já a segregação regional mostra u

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    educacao experiencia ocupacoes regiao

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    padrão muito interessante: ela é um importante fator de mediação da desigualdade racial de renao longo da distribuição, sobretudo nos quantis mais baixos, porém, ela explica muito pouco ddesigualdade racial de renda no topo dessa distribuição. Em outras palavras, a segregaçãregional, embora contribua de maneira substantiva para a desigualdade racial de renda, nã parece um determinante relevante para a disparidade racial de riqueza.

    Disparidade Racial de Riqueza

    Considere-se a probabilidade de alguém estar no grupo dos ricos. Essa probabilidade nãoa mesma para pretos, pardos e brancos. Ela também é especialmente pequena para as mulher

    negras, especialmente para as autodeclaradas pretas. Também é verdade que atributos individua produtivos, assim como fatores ecológicos, medeiam essas disparidades de riqueza. Umregressão logística pode ser estimada relacionando a probabilidade de riqueza segundo condição racial e de gênero. Em outras palavras, consideram-se seis categorias: homens preto pardos e brancos, assim como mulheres pretas, pardas e brancas. O grupo dos homens brancostomado como referência e o modelo passa a estimar a desvantagem relativa, de cada um dooutros grupos, com relação a esse, no que se refere à probabilidade de riqueza. Considera-serazão de chances entre as pessoas de cada um dos grupos e o grupo dos brancos, de estarem entos ricos. Progressivamente, adicionam-se ao modelo as variáveis já consideradas na seçãanterior: idade, região, ocupações e educação, para efeito de controle. O controle por essefatores de mediação deve aproximar as razões de chances de riqueza entre os grupos raciais unidade, na medida da sua relevância para a determinação das disparidades de riqueza. A Tabe1 traz os resultados desse exercício.

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    Tabela 1: Razões de Chance de Riqueza segundo controles

    Controles (cumulativos da esquerda para a direita)

    Idade Região Ocupações Educação

    Homens Pretos 14,6% 13,3% 23,1% 40,2%Homens Pardos 25,8% 22,4% 36,0% 56,4%Mulheres Brancas 55,6% 55,6% 62,5% 56,0%Mulheres Pretas 8,9% 8,3% 19,7% 25,4%Mulheres Pardas 15,2% 13,3% 26,3% 31,7%

    Fonte: Censo Demográfico de 2010. Elaboração Própria

    Observem-se, na primeira coluna, as razões de chance para o modelo que inclui apenas controle pela idade das pessoas. Fica claro que a disparidade racial é mais severa para a

    mulheres pretas. Depois veem as mulheres pardas e os homens pretos, com desvantagensemelhantes com relação aos homens brancos. Depois, observa-se o grupo dos homens pardocom uma razão de chances na ordem de 25,8%. As mulheres brancas, por sua vez, encontram-em situação bem menos desfavorável com relação aos homens brancos, com uma razão dchances associada na ordem de 55,6%.

    Quando se adiciona o controle por segregação geográfica, algo de interessante ocorre: arazões de chance para os grupos negros caem. Isso é estranho, pois sugere que a segregaçãregional opera em favor desses grupos no que se refere à disparidade de riqueza, quando amplamente sabido que a concentração geográfica dos negros é desvantajosa do ponto de vissocioeconômico. Algo de muito especial deveria estar acontecendo então na correlação entraça, distribuição regional e probabilidades de ter renda alta, especificamente. Contudo, o ma provável é que se trate aqui de um artefato oriundo de uma característica da regressão logísticÉ importante ver como isso acontece.

    Diferentemente do que ocorre com a regressão linear, na regressão logística, existe viénos coeficientes estimados em função de variáveis omitidas que depende apenas da variação e

    fatores não observados e não da correlação entre as variáveis omitidas e as variáveis inseridas modelo. Além disso, essa fonte de viés, independente da correlação entre as variáveiindependentes incluídas e as omitidas, opera sempre no sentido da subestimação dos coeficient

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    estimados1. Assim, a inclusão da variável região no modelo pode surtir efeito em duas direçõeopostas sobre os coeficientes dos indicadores de condição racial. Enquanto fator de mediação disparidade racial de riqueza, sua inclusão reduz esse coeficiente. Por outro lado, na media eque reduz o conjunto de variáveis omitidas de maneira a melhorar o ajuste do modelo (regiãexplica em parte as chances de riqueza), a inclusão dessa variável reduz a subestimação docoeficientes dos indicadores de condição racial, o que equivale a estimar um efeito maior paesses indicadores sobre a probabilidade de riqueza.

    Trocando em miúdos, a inclusão do controle por região tem duas consequências: (a) elreduz os efeitos estimados para a condição racial na medida em que a segregação regionmedeia a disparidade de riqueza, mas, por outro lado, (b) aumenta os efeitos estimados pesimples fato de aprimorar o ajuste geral do modelo de regressão. Se, de acordo com o que vim

    na seção anterior, a segregação regional medeia uma porção relativamente discreta ddisparidade racial de riqueza, a consequência (a) pode ser menor que a consequência (b) e impacto líquido da inserção do controle por região é a estimação de maiores coeficientes para indicadores de condição racial. Dessa estimação de coeficientes maiores, decorrem as razões chance menos vantajosas apresentadas na segunda coluna da Tabela 1 com relação àquelaapresentadas na primeira coluna na mesma tabela.

    A especificação do controle por segregação ocupacional tem o impacto esperado. Todos ogrupos, inclusive o das mulheres brancas, sofrem de uma distribuição menos vantajosa que grupo dos homens brancos na estrutura ocupacional. Observando-se as diferenças entre ovalores na segunda e na terceira coluna da Tabela 1, nota-se que esse papel de mediação ddisparidade de riqueza parece ser maior para os grupos de pessoas negras (diferenças em tornde 10% ou de 13%) do que para as mulheres brancas (diferença em torno de 7%).

    A inclusão da variável educação também exerce impactos no sentido esperado. O descontda disparidade de riqueza mediada pelas desigualdades educacionais, inclusive em termos dáreas de formação, reduz essa disparidade em se tratando de pessoas negras. No caso d

    mulheres brancas, por outro lado, há um agravamento dessa disparidade, o que se deve ao fadas mulheres brancas terem níveis de escolaridade superiores aos dos homens brancos. Assim

    1 Para uma apresentação dessas características da regressão logística, amplamente ignoradas em aplicações nasCiências Sociais, ver, de Carina Mood, “ Logistic Regression: Why we cannot do what we think we can do, and whatwe can do about it”.

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    enquanto o controle por educações desconta uma desvantagem das pessoas negras, o que há édesconto de uma vantagem em se tratando das mulheres brancas.

    No que concerne exclusivamente às pessoas negras, o papel da segregação ocupacional edas desigualdades educacionais parece diferir substancialmente em função do gênero. Pahomens pretos e pardos, o desconto da segregação ocupacional corrige a disparidade de riqueem algo em torno de 10% para os primeiros e 13% para os segundos, enquanto os impactos ddesconto da desigualdade educacional são de 17 e 20 pontos percentuais, respectivamente. para as mulheres pretas e pardas, descontar a segregação ocupacional corrige a disparidade riqueza em aproximadamente 10%, enquanto o desconto da desigualdade educacional reduz esdisparidade em algo em torno de 6%. Em outras palavras, para homens negros, a desigualdaeducacional é um fator de mediação mais importante que a segregação ocupacional. Para a

    mulheres negras, a ordem é a contrária, com a segregação ocupacional cumprindo um papel masaliente na mediação da disparidade de riqueza. Finalmente, nota-se que, em todos os casos,desconto dos fatores de mediação não leva a uma correção muito substantiva das disparidademas está muito longe de torna-las residuais. Mesmo com todos os controles, as razões de chancontinuam entre 25,4%, no caso das mulheres pretas, e 56,4%, caso dos homens pardos.

    Considerações Finais

    Esse trabalho mostrou que os fatores que medeiam a desigualdade racial de renda têm umcomportamento específico em se tratando da disparidade de riqueza. As desigualdades regionaimportantes para explicar a desigualdade em torno da média, não são muito relevantes em tratando de determinar as probabilidades diferenciais de participar do grupo dos ricos. Por outlado, a desigualdade educacional cumpre um papel muito saliente, sobretudo em se tratando dhomens negros. A segregação ocupacional, por sua vez, cumpre um papel mais saliente em

    tratando da disparidade de riqueza sofrida pelas mulheres negras. Embora, de maneira geral,educação seja o fator de mediação observado mais relevante para a desigualdade racial no topda distribuição de renda, há claros sinais de uma saliência maior da segregação ocupacional efunção do gênero, que afeta muito especialmente as mulheres negras, sobretudo aquelas que autodeclaram de cor preta. Por fim, tudo indica que práticas de discriminação cumprem um pap

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    muito importante na determinação das chances de se estar entre os mais ricos, o que se nota pelautos níveis de disparidade racial de riqueza que permanecem mesmo após o desconto dadesvantagens que se devem aos fatores de mediação considerados nesse estudo. Esses impactda discriminação parecem ser mais fortes para pessoas autodeclaradas pretas do que para pessoautodeclaradas pardas, embora a diferença global entre negros e brancos seja ainda o traço madistintivo da disparidade racial de riqueza. Assim, a ideia do “embranquecimento”, se tomada

    como a tese de que pessoas negras em posições sociais mais elevadas ou altamente educadas ssocialmente tratadas como brancas, está muito longe da verdade. O que parece existir é uacirramento da discriminação racial nesses casos, pelo menos em termos de seus efeitos sobre chances de vida no âmbito da competição socioeconômica.

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