RELAÇÕES HUMANAS NO HOSPITAL 4 - Relações Humanas...O reconhecimento e aceitação da morte...
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RELAÇÕES HUMANAS NO HOSPITAL
Doente e seu universo
Para o indivíduo atingido pela doença, existe sempre a idéia que foiagredido pelo mundo que o rodeia.
Dar um sentido a esta agressão é a preocupação deste indivíduo. “Queterei feito, para merecer este sofrimento? “
Sofrer é merecer sofrer? – a culpabilidade do doente – culpabilidademais ou menos inconsciente – aflora às vezes em sua consciência.
Tem vergonha de estar doente, como se a doença fosse o próprio sinalde sua indignidade. Inveja os que têm boa saúde. Por um lado, deseja“fazer como se” não estivesse doente; por outro lado, gosta de falarnela, comporta-se como se apenas a sua doença fosse importante.Muitas vezes o agredido torna-se agressor. Isto faz com que muitas vezesavaliemos como “difícil” o caráter dos indivíduos doentes.
A Morte
Ao indivíduo doente sempre assalta esta preocupação: será a sua doença um sinal de aproximação da morte? Todo ser humano sabe que vai morrer. No entanto, mecanismos de defesa (planos, responsabilidades, etc.), levam esta possibilidade, para uma ocasião remota e longínqua. Quando vem uma doença, porém, esta realidade volta ao presente e as possibilidades surgem bem aumentadas.
Nesta situação, inicia-se um processo de auto-análise e auto-avaliação, quando a pessoa deprime-se ao ver quanto tem a realizar e a impossibilidade de faze-lo.
Ela pode adotar um comportamento de luta ou de entrega. Podem voltar sentimento passado, emoções antigas, comportamentos afetivos infantis, supervalorização de seus feitos, etc.
Existe grande importância na compreensão do doente, por parte da equipe de saúde, para melhor relacionar-se com ele.
A situação concreta do doente hospitalizado
Ao indivíduo ver-se internado, surgem uma série de fatores novos, que
vão influenciar ou determinar atitudes e ações. Recursos hospitalares e
profissionais de saúde são mobilizados para atendê-lo. Cumpre a ele,
adaptar-se a este tratamento, ao novo ambiente e ao pessoal
desconhecido que o cerca.
O mundo hospitalar
O Hospital moderno se caracteriza por uma sofisticação de serviços, comaparelhagem altamente especializada e profissional especialmentehabilitado em suas áreas.
Muitas vezes este aparato tecnológico atemoriza a pessoa doente e seusfamiliares.
É indispensável haver calor humano, comunicação e compreensão porparte de toda a equipe de saúde, para atenuar este impacto inicial,causado por este ambiente estranho e muitas vezes até hostil.
Principalmente o pessoal de enfermagem deverá estar imbuído daimportância da assistência psicológica ao paciente, tão bruscamenteincluído no mundo hospitalar
As necessidades do doente
Para o doente, sua entrada no hospital pode trazer reações diferentes. No
entanto, para todos, ela representa um choque, porque há ruptura no
quadro habitual de vida, sem a necessária preparação para o que
espera o doente hospitalizado. De uma hora para outra, ele encontra-se
numa cama de hospital, vestido com uma roupa que não é sua, rodeado
de objetos que não lhe pertencem, dependente de pessoas que não
conhece...
Esta primeira impressão é atenuada ou reforçada, conforme a
qualidade do ACOLHIMENTO dispensada quando da chegada ao
hospital.
O mais importante neste contato inicial é a COMPREENSÃO e
principalmente vinda da parte do SERVIÇO DE ENFERMAGEM, que
através dos seus componentes, forma o ponto de contato do doente
com o hospital.
A doença como uma experiência humana
A experiência de uma enfermidade precipita muitos sentimentos e
reações de estresse, tais como ansiedade, raiva, negação, vergonha,
culpa e insegurança. Os exames diagnósticos, o tratamento médico, o
prognóstico, as alterações corporais, as reações da família e dos
amigos, e experiência da hospitalização e as alterações projetadas no
estilo de vida toma parte na adaptação da pessoa a essa nova
situação. Em geral, a pessoa doente é excepcionalmente sensível e
vulnerável.
Sua vida inteira modificou-se, pelo menos temporariamente, e ela
freqüentemente luta com o ressurgimento de experiência quando
enfrenta a realidade atual e o futuro que se antecipa. O profissional de
enfermagem é uma figura central na vida imediata do paciente.
Através de compreensão sensível e ação inteligente, ele pode criar
muitas oportunidades para o paciente manter sua segurança básica,
auto-estima e integridade.
Ansiedade
Ansiedade é uma reação normal ao estresse e ao medo. É uma reação
emocional à percepção de perigo, real ou imaginário, e é vivenciada
fisiológica, psicológica e comportamentalmente. A ansiedade
diferencia-se do medo, uma vez que o medo se refere a um receio
específico, enquanto a ansiedade é inespecífica. A sua intensidade
pode variar de ligeiro a grave, podendo causar pânico
A enfermidade e a hospitalização congregam os seguintes receios que
precipitam a ansiedade: receio geral com relação à integridade da vida,
da saúde, do corpo; exposição e embaraço; desconforto da dor, frio,
fadiga e mudanças na dieta; restrição dos movimentos; isolamento;
interrupção ou perda dos seus meios de vida; precipitação de uma crise
financeira; desgosto, rejeição ou ridicularização de outros como resultado
de sua condição; um comportamento inconsciente e imprevisível da
autoridade que depende o seu próprio bem-estar; frustração de seus fins
e das expectativas; confusão e incerteza acerca do presente e do futuro;
separação da família e de seus amigos.
As reações fisiológicas da ansiedade são reações do Sistema Nervoso
Autônomo e de natureza defensiva. Elas incluem aumento das
freqüências cardíaca e respiratória, alterações da pressão sangüínea e
temperatura, relaxamento da musculatura lisa da bexiga e do intestino,
pele fria e úmida, aumento da sudorese, pupilas dilatadas e boca seca.
O profissional de enfermagem deve ser capaz de avaliar o nível de
ansiedade num paciente de forma que possa ser eficaz em reduzi-lo.
A intervenção da equipe de enfermagem na ansiedade inclui quatro aspectos;
a) o reconhecimento de que o paciente está ansioso;
b) encorajar verbalmente o paciente a reconhecer e expressar seu
sentimento de ansiedade;
c) procurar atenuar os fatores externos que estejam aumentando a
ansiedade do paciente;
d) ajudar o paciente a enfrentar o seu receio. Ele deve ser auxiliado na
avaliação da situação. Muitas vezes, simplesmente o compartilhar de um
sentimento reduz sua intensidade
Estágios na adaptação da doença
No ciclo de saúde e enfermidade, muitas pessoas passam através de três estágios:
1) a transição de saúde para a doença;
2) o período de “aceitação” da enfermidade e;
3) a convalescença. A duração e o tipo de experiência que um indivíduo
tem nesses estágios variam com sua personalidade, alteração específica e
mudanças que ocorrem em sua vida.
Primeiro Estágio
O desenvolvimento dos sintomas geralmente é acompanhado desensações desagradáveis, perda do vigor e resistência, e umadiminuição da capacidade funcional. A ansiedade estáfreqüentemente presente e a pessoa estabelece um plano de luta.Surgem as seguintes questões: qual é realmente o problema; acapacidade do médico e/ou equipe ao diagnosticá-lo; a confiabilidadedos exames de apoio diagnóstico; aquisição de confiança na Instituiçãoescolhida ou determinada para tratamento. Nesta fase, a ansiedade,culpa, vergonha, e negação são freqüentes e intensas. A equipe deenfermagem deve estabelecer com o paciente, uma posturaprofissional, de ouvinte não critica, aceitando a necessidade de opaciente enfrentar sua situação da maneira peculiar ao seu caso.
Segundo Estágio
Nesta fase o paciente reconhece e admite que está doente e que
necessita de ajuda de outros, especificamente do médico e do grupo de
enfermagem. Torna-se autocentrado e mostra dependência aumentada,
bem como maior preocupação com sues problemas somáticos. É normal
ocorrer uma regressão relativa, que permitirão ao paciente colocar-se nas
mãos de profissionais para o tratamento necessário.
Neste estágio é comum aparecer raiva, culpa e ressentimento. Pode ser
muito crítico em relação aos cuidados administrados. O profissional de
enfermagem deve encorajar o paciente a expressar seus sentimentos, sem
julgamentos, moralizações ou inquisições. Ele assume a responsabilidade de
cuidar, porém deve respeitar a integridade do ser como individualidade.
Terceiro Estágio
Este estágio envolve o período de convalescença ou restituição. O retorno “da saúde e
da força física” freqüentemente precede o sentimento e a atitude de “estar bem” do
paciente. Sentir-se bem implica desistir de uma dependência, de uma posição regressiva,
e assumir a responsabilidade de adulto e relações normais com os outros. Emboraalgumas pessoas relutem em desistir do papel de paciente, a maior parte está motivada
pela saúde, porém temerosa e hesitante para tentar novos horizontes. Isto é
particularmente verdadeiro se a enfermidade e o tratamento requerem grandes
alterações nas relações de trabalho e família.
A equipe pode auxiliar o paciente neste estágio assumindo um papel análogo um pai de
um adolescente, gradualmente relaxa sua proteção e oferece orientação, conselho e
encorajamento para o progresso. De uma maneira discreta, se retira para o lado, pronta
para tranqüilizar o paciente, porém encorajando-o a experimentar novas habilidades;
somente entra em cena quando se fizer realmente necessário.
Atitudes em relação à morte e ao morrer
O paciente encara a morte de muitos modos. De acordo com os estudos
de Elizabeth Kübler-Rosss, as respostas emocionais de uma pessoa que
enfrenta a morte podem ser traçadas através de cinco estágios, que
ocorrem nem sempre em seqüência, podendo estar misturados ou ser
vivenciados como fases sobrepostas. Às vezes um paciente parece
mover-se para frente e para trás através dos estágios.
Negação e Isolamento
O reconhecimento e aceitação da morte iminente são difíceis; a
reação comum é isolar-se até que outras defesas sejam estruturadas. A
negação permite que se tenha esperança. Por vezes, o paciente tem
consciência da proximidade da morte, enquanto sua família continua a
expressar a negação. O período de negação e isolamento é curto, pois
o paciente começa a pensar sobre o trabalho não terminado; assuntos
pessoais que devem ser orientados; crianças a considerar e arranjos
financeiros que devem ser feitos.
Raiva
A próxima expressão emocional é a raiva. “Porque eu?”. Não é
necessária uma resposta, porém o paciente estará sendo ajudado se o
profissional de enfermagem estiver presente para oferecer-lhe apoio e
ouvi-lo. O comportamento do paciente neste estágio é difícil porque
nada que é feito para ele parece ajudá-lo. Pode-se esperar essa
expressão de raiva dele, e ao invés de tomá-la como pessoal, o
profissional deve procurar determinar o que está causando isso. Deve
ser permitindo ao paciente expressar sua raiva, seu sentimento de
desamparo e seu ultraje, pois quando todos os sentimentos forem
exalados, ele será capaz de superar sua crise.
Barganha
È uma fase de luta durante a qual a pessoa que vai morrer tenta
negociar uma troca. Comumente envolve um negócio com Deus, com o
médico ou com o profissional de enfermagem. “Se eu pudesse viver
tempo suficiente para esperar o casamento de meu filho, estaria pronto
para morrer”. Até onde for possível, devemos atender o pedido do
paciente.
Depressão
O quarto estágio é a depressão; neste período, o impacto total do
inevitável é evidente. Os mecanismos de defesa não são eficazes e
ele expressa sua tristeza e angústia, chorando, ele também pede o
apoio daqueles que o amam ou do pessoal do hospital.
Aceitação
Este é um período de paz e contentamento. O paciente parece
desejar ter tempo a sós com seus pensamentos. Visitas silenciosas com
um mínimo de verbalização são o mais aceito. Parece ser o período
para que o paciente reveja seu passado e contemple o futuro
desconhecido.
A família como paciente
Primeiro é essencial que a família compreenda a natureza de qualquer
alteração de saúde e as implicações sobre os seus membros. O
profissional pode dar explicações individualmente aos membros da
família ou incluí-los em quaisquer discussões com o paciente. Se esse
tiver que adquirir novos conhecimentos ou novas habilidades para a
manutenção da saúde, tais como novos medicamentos a serem
tomados ou métodos de higiene especial, é essencial que um familiar
participe. Desse modo, poderá ajudar a assumir os cuidados para com o
paciente quando esse adoecer ou ficar incapacitado. Geralmente, a
família como um todo se torna aprendiz do profissional de enfermagem.
A situação econômica da família é um fator de influência fundamental e
determina como ela e o indivíduo comportam-se em relação à saúde. O
profissional pode precisar indicar um assistente social para fazer uma
análise cuidadosa da situação financeira da família. Ele também deve
estar apto a ajudar os pacientes a obterem um tratamento de saúde a
custos mais baixos. Por exemplo, se um paciente precisa de assistência
em casa para tratar de uma ferida, não é necessário comprar materiais
caros para o curativo. Além disso, se um paciente receber uma
prescrição, o profissional pode aconselhá-lo a indagar seu médico a
respeito da utilização de medicações semelhantes, mas mais baratas.
O consenso de todos os familiares é um modo para resolver esses
conflitos de tarefas. Um outro método consiste na delegação de
responsabilidade sobre as resoluções de problemas para um ou
mais familiares. A abordagem mais útil para o enfermeiro parece
ser a de ajudar as famílias a aprenderem ambos os métodos e
ajudá-las a determinar a necessidade de variar seu uso,
dependendo das exigências da situação
VISÃO ABRANGENTE DA ÁREA DA SAÚDE E SUA
IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE