RELAÇÕES INTERPESSOAIS E DINÂMICA DE...

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E DINÂMICA DE GRUPO Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima RELAÇÕES INTERPESSOAIS 2 a edição | Nead - UPE 2013

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E DINÂMICA DE GRUPOProfa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima

RELAÇÕES INTERPESSOAIS

2a edição | Nead - UPE 2013

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

xxxx, xxxxxxxxxxxx

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. – Recife: UPE/NEAD, 2011 32 p.

ISBN -

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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REITORProf. Carlos Fernando de Araújo Calado

VICE-REITOR

Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque

PRó-REITOR ADMINISTRATIVOProf. José Thomaz Medeiros Correia

PRó-REITOR DE PLANEJAMENTOProf. Béda Barkokébas Jr.

PRó-REITOR DE GRADUAÇÃOProfa. Izabel Christina de Avelar Silva

PRó-REITORA DE PóS-GRADUAÇÃO E PESqUISA Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim

PRó-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ExTENSÃOProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

COORDENADOR GERALProf. Renato Medeiros de MoraesCOORDENADOR ADJUNTO

Prof. Walmir Soares da Silva JúniorASSESSORA DA COORDENAÇÃO GERAL

Profa. Waldete ArantesCOORDENAÇÃO DE CURSO

Profa. Giovanna Josefa de Miranda Coelho

COORDENAÇÃO PEDAGóGICAProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICALProfa. Angela Maria Borges Cavalcanti

Profa. Eveline Mendes Costa LopesProfa. Geruza Viana da Silva

GERENTE DE PROJETOSProfa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes

ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTEJosé Alexandro Viana Fonseca

COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃOProf. Marcos Leite

EqUIPE DE DESIGNAnita Sousa

Gabriela Castro Renata MoraesRodrigo Sotero

COORDENAÇÃO DE SUPORTEAfonso Bione

Prof. Jáuvaro Carneiro Leão

EDIÇÃO 2013Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares

Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo AmaroRecife / PE - CEP. 50103-010

Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

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TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

Profa Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima Carga Horária | 60 horas

Objetivo geral

Apresentação

EmentaNoções de grupo e dos fundamentos grupais. O comportamento humano e a interação social. Co-municação Humana. Vivência das técnicas de sen-sibilização e de dinâmica de grupo e suas aplicabili-dades na prática educativa.

Conhecer as características de grupo e os fatores que contribuem, de forma decisiva, para as rela-ções interpessoais e para a aplicação das técnicas de dinâmica de grupo.

A prática pedagógica inclui, além do conhecimento técnico e pedagógico dos conteúdos, elemen-tos como as relações interpessoais, pois o processo ensino-aprendizagem conduzido requer que o professor tenha domínio sobre esse conteúdo também. A ação educativa do professor é realizada com direcionamento para uma turma ou grupo de alunos, e as interações estabelecidas em gru-pos humanos e os processos gerados por elas são campo de estudo que fazem parte do campo de estudo da Dinâmica de Grupo. O conhecimento da teoria da Dinâmica de Grupo e o uso de técnicas de Dinâmica de Grupo pelo professor podem facilitar a compreensão dos conteúdos pe-los alunos e servir de estímulo na execução de tarefas e projetos propostos.

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capítulo 1 7

Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima

Carga Horária | 15 horas

INTRODUÇÃO

O ser humano é um ser social, que se organiza em grupos. Estes são entidades dinâmicas das quais os indivíduos participam e neles se desenvolvem. As atividades realizadas pelos grupos, constituídos de indivíduos que interagem e trabalham, produzem o desenvolvimento da humani-dade. A autoconsciência, a consciência do outro e as habilidades sociais são características impor-tantes para a atuação dos indivíduos dentro dos grupos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS• Conhecer adefiniçãoea classificaçãode

grupo;

• Conhecer as dinâmicas e os processosgrupais;

• Avaliara influênciadogruposobreode-sempenho individual.

NOÇÕES DE GRUPO E DOS

FUNDAMENTOS GRUPAIS

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capítulo 18

GRUPO - DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃOGrupo é um conjunto de pessoas, que se as-sociam e interagem, de modo regular, com a finalidade de realizar uma meta comum.

As várias definições de grupo existentes consi-deram que, de um modo geral, os membros de um grupo têm motivação para participar dele e concebem o grupo como pessoas interagin-do de modo integrado para atingir um obje-tivo. A interação entre os membros do grupo possibilita a criação de identidade própria e o estabelecimento de relações de interdepen-dência. Considerando que o grupo seja for-mado no ambiente de uma sala de aula para realizar uma determinada atividade, dentre os fatores que motivam os alunos, tem-se: desta-que por nota a ser obtida em determinada dis-ciplina, premiação em feiras de conhecimento ou olimpíadas, reconhecimento perante seus colegas e seus professores.

Os indivíduos membros dos grupos são se-res únicos, e, no grupo, eles interagem com outros indivíduos, com os quais estabelecem relações. Os grupos são estabelecidos por mo-tivações variadas, e os indivíduos dentro dos grupos buscam realização pessoal e, para isso, trabalham coletivamente.

Os indivíduos se organizam em grupos por motivações variadas, tais como: ter compa-nhia, sentir segurança, conseguir aceitação e valorização pelos outros, sentir poder, realizar atividades coletivamente.

Os grupos podem ser diferenciados, conforme variados critérios, em cinco grupos de classifi-cações principais:

1. primários ou secundários, conforme o tipo de relacionamento entre os membros;

2. formais ou informais, pela natureza da sua formação;

3. homogêneos ou heterogêneos, pela natu-reza da sua composição;

4. temporários ou permanentes, consideran-do a duração temporal.

Nos grupos primários, os relacionamentos interpessoais diretos são predominantes, en-quanto, nos secundários, têm na realização de tarefas sua característica principal. Família, amigos são grupos primários; colegas de tra-balho, de aula são grupos secundários.

Os grupos formais são constituídos formal-mente; possuem metas direcionadas a obje-tivos explícitos e são de natureza geralmente secundária. De modo oposto, os informais evoluem naturalmente, no decorrer do tempo, apresentam metas implícitas, geralmente vol-tadas para objetivos recreativos e de natureza interpessoal.

Os grupos são classificados como homogêneos ou heterogêneos com base no grau de seme-lhança em relação a uma dimensão específica, à ideologia ou a características. Um grupo ho-mogêneo inclui membros com alguns aspectos semelhantes, tais como idade, sexo, religião, grau de instrução, metas, enquanto no gru-po heterogêneo, há variações significativas. A homogeneidade do grupo favorece as intera-ções pessoais, e os grupos informais tendem a formar grupos homogêneos. Grupos homogê-neos podem apresentar heterogeneidades em relação a um aspecto, o oposto também pode ocorrer, quando em grupos heterogêneos exis-tirem alguma característica uniforme.

Os grupos permanentes são constituídos com a expectativa de que permaneçam e atuem juntos na realização de várias atividades e ta-refas; já os grupos temporários são formados para terem tempo de duração determinado, assim após a conclusão de uma atividade ou tarefa específica, o grupo será desfeito.

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capítulo 1 9

ESTRUTURA DO COMPORTAMENTO GRUPALOs grupos são formados por pessoas que estão em constante estado de atividade e passando por mudanças, assim são entidades dinâmicas. De maneira geral, os grupos podem passar por diferentes fases de desenvolvimento no de-correr do tempo, num processo de desenvol-vimento que inclui os estágios de formação, erupção, normalização e realização.

No período de formação, os membros do gru-po são informados sobre a tarefa a ser realiza-da, definem como será a liderança e estabe-lecem relacionamentos interpessoais e com a tarefa.

No período de erupção, ocorrem conflitos en-tre os membros que apresentam estilos indi-viduais e as abordagens concorrentes para a realização da tarefa.

No período de normalização, os conflitos são superados pelo estabelecimento de normas, desenvolvimento de coesão intragrupal (au-mento no desejo de permanecer no grupo e no compromisso com o grupo e com a realiza-ção da tarefa) e definição dos parâmetros para a realização da tarefa.

No período de realização, após a resolução de todas as questões surgidas nas etapas anterio-res, o grupo trabalha focado em atingir as me-tas estabelecidas.

Essas fases podem ter períodos variáveis nos diferentes grupos, desde passarem rapidamen-te ou se prolongarem demasiadamente. Cabe ao professor acompanhar a evolução dos gru-pos, colaborando para o bom andamento do processo e para a conclusão exitosa da tarefa.Os grupos criados para cumprir tarefas espe-cíficas num período determinado de tempo são denominados formais, e aqueles formados espontaneamente pelos membros motivados por amizade ou interesses pessoais são deno-minados informais.

No âmbito da sala de aula, a formação de gru-pos formais de alunos para a realização de ati-

vidade pode envolver várias situações, como a definição dos grupos formais ser feita tendo como base grupos informais, ou grupos for-mais podem reunir membros que não tenham afinidade entre si, ou ainda, grupos informais podem surgir dentro dos grupos formais. De qualquer forma, nas várias situações possíveis, o professor deve orientar os grupos de traba-lho para a manutenção do foco na realização da atividade e no trabalho em grupo pautado na ética e no respeito, pois, na vida profissio-nal, nem sempre se pode escolher com quem trabalhar, com quem compor grupos, mas sempre se tem que agir de modo profissional e ético.

Os grupos têm como características principais: a estrutura geralmente hierárquica, seja im-posta aos membros, seja estabelecida por eles; o estabelecimento de status e funções que correspondem a ações ou comportamentos específicos a serem desempenhados, confor-me características ou talentos dos membros e a existência de normas explícitas ou implícitas para nortear a conduta dos membros. Na es-cola, dependendo da fase de desenvolvimento dos alunos, a vivência de atividades em grupo pode ser feita de forma a desenvolver, nos alu-nos, as habilidades específicas da fase em que se encontram.

DINÂMICA DO COMPORTAMENTO GRUPALOs componentes principais de um grupo são os insumos, sua dinâmica e os resultados. Os insumos incluem os membros do grupo, a tarefa e o ambiente de realização da tarefa,

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capítulo 110

que pode ser feita em atividades individuais ou conjuntas. Os membros do grupo contribuem para o grupo na realização de alguma ativida-de, mas também contribuem com a experiên-cia e habilidades técnicas que possuem, com seus conhecimentos, valores e suas caracterís-ticas de personalidade. Assim, a evolução do grupo está relacionada com a soma de carac-terísticas dos membros do grupo, das relações interpessoais que estabelecem e da evolução pessoal dos membros do grupo, que ocorre no período em que a tarefa está sendo realizada. O ambiente de realização da tarefa inclui o ambiente social, cultural, econômico e político em que o grupo está incluído e interagindo.

A dinâmica do grupo engloba os processos que levam aos resultados pretendidos, ou seja, o que o grupo faz e como ele faz, incluindo elementos de comunicação entre os membros e os sentimentos, sejam eles positivos ou nega-tivos, gerados nos membros acerca do grupo em que está inserido e da tarefa para a qual está contribuindo.

O desempenho de um grupo deve ser avalia-do com base nos objetivos propostos, assim a realização da tarefa com qualidade e com satisfação plena dos membros do grupo é conseguida por grupos com alto desempenho. Grupos com bom desempenho geralmente apresentam características como: coesão, en-volvimento pessoal, afinidade, confiança, per-cepção dos talentos pessoais dos membros, capacidade de trabalho.

A liderança do grupo de modo geral pode ser exercida por qualquer dos membros; esse pa-pel pode ser estabelecido por indicação de al-guém ou por escolha entre os membros. O líder deve conduzir o grupo na realização de uma tarefa, possibilitando que os membros atuem

de forma conjunta e produtiva. O tratamento do líder para com os membros do grupo deve ser igualitário, ético, respeitoso. Esse também deve ser o tratamento entre os membros do grupo. O líder deve respeitar os companheiros de grupo e obedecer às regras, aos horários, da mesma forma que todos os integrantes do grupo. Os membros do grupo devem colabo-rar com o líder, pois isso contribui para o su-cesso e a sobrevivência do grupo. Os membros do grupo devem tentar trabalhar em harmo-nia, empatia e cordialidade. As colaborações de todos devem ser ouvidas e valorizadas. O líder e os membros do grupo são igualmente responsáveis pelo resultado da tarefa, seja pelo sucesso, seja pelo fracasso.

A dinâmica dos grupos pode ser descrita em termos da evolução dos relacionamentos inter-pessoais e se considera que os grupos passam pelas fases de inclusão, controle, afeição e se-paração. A inclusão é a fase inicial de formação do grupo, em que é estabelecida a confiança, sendo também um período de aceitação, em que a comunicação e o rendimento do grupo são baixos. Na fase de controle, os membros se comunicam mais e começam a assumir pa-péis e funções no grupo. Na fase de afeição, o grupo já está consolidado, e os membros inte-ragem com confiança, respeito e aceitação e trabalham de forma produtiva e criativa. A se-paração do grupo ocorre após a conclusão da tarefa. Nessa fase, os membros podem ter sen-timentos, como satisfação, alívio ou tristeza, conforme os relacionamentos interpessoais es-tabelecidos ou com as características da tarefa.

IMPACTO DO COMPORTAMENTO GRUPALOs grupos podem afetar seus membros, de modo positivo ou negativo, com relação à sa-tisfação e ao desempenho, à produtividade, à qualidade da realização da tarefa.

A atmosfera grupal é o estado de ânimo, dis-posição, emoção, que prevalece no grupo e permeia as relações pessoais e os acontecimen-tos. Alguns dos fatores que podem influenciar na atmosfera grupal: o ambiente físico, o sen-

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capítulo 1 11

timento de igualdade e conforto no grupo e o clima da atividade grupal.

O ambiente físico onde o grupo atua pode influir de modo positivo ou negativo, carac-terizado pelo conforto térmico, grau de lumi-nosidade, pela relação entre área total e quan-tidade de membros do grupo, ergonomia e disposição dos assentos.

O sentimento igualitário entre os membros do grupo pode ser favorecido pela disposição circular dos assentos, pelo ambiente e trata-mento informal, pela pequena quantidade de integrantes, pois isso favorece a integração e a desinibição.

O clima nas reuniões e durante a realização da tarefa é determinado pelo modo de condução das atividades e das pessoas pelo coordenador.

Os conflitos dentro do grupo ou entre gru-pos podem ocorrer e têm como causas prin-cipais: diferenças individuais de ordem física, psicológica ou social; limitação de recursos para realização das atividades; sobreposição de funções desempenhadas por diferentes in-divíduos; grau de eficiência no desempenho das tarefas. As discordâncias no grupo podem ocorrer, mas a conduta ética e respeitosa deve prevalecer também nessa situação. A resolu-ção dos conflitos deve ser buscada com a ado-ção de estratégias que possam contribuir, de forma positiva, para contornar os problemas, incluindo desde a observação passiva, quando o professor considera que aquele grupo tem condições de resolver o problema, até a reali-zação de intervenções diversas para o reesta-belecimento da funcionalidade do grupo.

O trabalho eficiente e o objetivo de um grupo direcionado para a realização da tarefa com uso otimizado do tempo e dos recursos huma-nos e materiais ocorrem em grupos considera-dos já maduros e produtivos.

Os grupos produtivos têm capacidade de reali-zação plena da tarefa. Eles apresentam muitas das seguintes características: usam o tempo eficientemente, usam os recursos materiais e humanos eficientemente, conseguem realizar em grupo efetivamente, vivem a liberdade de expressão, atuam conforme as regras e leis,

respeitam as diferenças individuais dos mem-bros, usam as diferenças individuais dos mem-bros, possuem comunicação eficiente, atuam de modo direcionado para os objetivos, são regidos por normas de conduta moral e ética, usam criatividade e inovação, trabalham na re-alidade, identificam e seguem líderes, cuidam dos membros, equilibram produtividade e sa-tisfação pessoal, superam impasses, resolvem conflitos, mantêm a unidade.

O sucesso de um grupo depende, em grande parte, da interação grupal, logo se os mem-bros se conhecem, se expressam e se comuni-cam livremente e se participam ativamente do planejamento da atividade do grupo irão con-seguir desenvolver uma identidade coletiva, na qual os membros individualmente sabem sua posição no grupo e conhecem suas atribui-ções, como devem proceder para executá-las e contribuir para o sucesso da tarefa do grupo. No contexto do grupo, vários tipos de compor-tamento já foram definidos, tais como o co-operativo, competitivo, pró-ativo, pró-social, empático, egocêntrico.

HABILIDADES SOCIAISOs principais fundamentos das relações huma-nas, que favorecem os relacionamentos pes-soais, são o autoconhecimento, a percepção empática do outro, capacidade de comunica-ção e assertividade, conduta ética e civilizada. O autoconhecimento envolve o conhecimen-to da sua personalidade, bem como das ca-racterísticas genéticas e do meio onde vive. A percepção empática do outro está relacionada com a capacidade de reviver as vivências do outro, principalmente os sentimentos e o es-tado emocional. O estabelecimento de relação

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capítulo 112

empática tem como requisito o conhecimento interpessoal, envolvendo a ética e o respeito na relação. A capacidade de comunicação é medida pelo entendimento adequado da men-sagem pelos membros e é influenciada pelos meios e pelas formas de comunicação utiliza-das e pelas diferentes habilidades cognitivas e sociais dos membros envolvidos.

A habilidade social é uma forma de conduta pautada no equilíbrio entre a busca de satis-fação pessoal e o cuidado com os relaciona-mentos, para que sejam mantidos e os outros envolvidos também se realizem. A habilidade social inclui ainda habilidades, como assertivi-dade e empatia.

A empatia é uma habilidade mental, uma for-ma de comunicação afetiva, que está relacio-nada com a capacidade humana de sentir e compartilhar a situação, os sentimentos, as emoções vivenciados pelo outro, com base no conhecimento intrapessoal ou em experiências próprias. Além da percepção do outro e do autoconhecimento, os conflitos de interesse, a disponibilidade de tempo para interação e o significado variável que as diferentes situações podem ter para os indivíduos são obstáculos para a habilidade empática.

Os indivíduos empáticos apresentam capaci-dade de percepção de sinais sociais, que são indicativos do que o outro precisa ou quer. Essa característica diferencial pode favorecer positivamente o futuro profissional, pessoal e social do indivíduo. Desse modo, as habilida-des empáticas se configuram como um com-ponente importante para o desempenho social do indivíduo e dos grupos.

A assertividade tem recebido conceitos diver-sos no decorrer do tempo, mas, de um modo geral, ela é relacionada ao exercício de direitos pelas pessoas. A assertividade é a “afirmação dos próprios direitos e expressão de pensamen-tos, sentimentos e crenças, de maneira direta, honesta e apropriada, de modo que não viole o direito das outras pessoas”. A ação asserti-va busca a manutenção ou reestabelecimento da justiça, de normas e de equilíbrio em um determinado grupo. Nesse contexto, os mem-bros de um grupo devem reclamar quando as regras e normas em um grupo, explícitas ou não, não são observadas ou são desrespeita-das. A ação assertiva ocorre com base no sis-tema de crenças do indivíduo e/ou do grupo em que ele está inserido. O sistema de crenças pode influenciar, de forma positiva ou negati-va, a aprendizagem do comportamento asser-tivo. A assertividade não pode e não deve ser confundida com egoísmo, intolerância, gros-seria e agressividade.

O pensamento assertivo irá resultar da com-preensão das relações interpessoais e intergru-pais, sendo a habilidade assertiva relacionada ao sistema de crenças, ao conhecimento sobre sociedade, aos direitos e à justiça; é necessário que seja incluída e treinada no contexto esco-lar. Assim, os alunos podem incorporar, na sua conduta, o exercício da assertividade.

A habilidade social e a empatia que os mem-bros do grupo possuem ou que eles desenvol-vem no período em que o grupo está em ati-vidade envolvem capacidade de comunicação, concentração e processamento das informa-ções. A presença dessas habilidades ou carac-terística nos membros dos grupos irá represen-tar um diferencial positivo para um grupo.

O ambiente escolar deve ser favorável ao de-senvolvimento de habilidades sociais pelo alu-no, pois possibilitará a este ter uma formação adequada a sua conduta nos diferentes grupos que irá integrar na sua vida adulta. Nesse con-texto, a atuação do professor pode colaborar decisivamente para o desenvolvimento social do aluno.

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capítulo 1 13

RESUMO

Os grupos são conjunto de indivíduos, que se associam e interagem para realizar uma tare-fa. As fases de desenvolvimento do grupo são: formação, erupção, normalização e realização. Os grupos podem ser classificados em primá-rios ou secundários, formais ou informais, ho-mogêneos ou heterogêneos, temporários ou permanentes. Os componentes principais de um grupo são os insumos, sua dinâmica e os resultados. A empatia e a assertividade são ha-bilidades sociais importantes no grupo.

REFERÊNCIASAntunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Bowditch, J. L.; Buono, A. F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Robbins, S. P. Comportamento organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

Maximiano, A. C. A. Introdução à administra-ção. São Paulo: Atlas, 2000.

1. Avalie sua participação na sociedade e liste os grupos de que você faz ou já fez parte no decorrer da sua vida.

2. Analise as características dos grupos de que você participa(ou) e classifique-os.

Atividades

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capítulo 2 15

INTRODUÇÃO

A identidade do ser humano vai evoluindo e se consolidando à medida que ele se desenvolve e estabelece convívio com outros indivíduos. O convívio possibilita o desenvolvimento de habilida-des sociais e de interações sociais, que norteiam a integração do indivíduo nos diversos ambientes sociais dos quais faz parte. O ambiente escolar contribui para a socialização do indivíduo por possibilitar e promover encontros e interações em contextos diversos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Estudar comoo comportamentohuma-no pode ser influenciado pela interação grupal;

• Conhecer os quadrantes da Janela deJohari e sua importância no estudo da personalidade.

O COMPORTAMENTO HUMANO E A

INTERAÇÃO SOCIAL

Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima

Carga Horária | 15 horas

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capítulo 216

COMPORTAMENTO HUMANOO desenvolvimento humano ocorre no decor-rer da vida de uma pessoa e passa por diversas fases, e em cada fase o indivíduo enfrenta de-safios que favorecem o seu desenvolvimento. Após o nascimento, o indivíduo já é um ser social e começa a interagir com as pessoas e com o ambiente que o cerca. A aprendizagem é um processo ao qual o ser humano está sub-metido continuamente, não só no contexto coletivo mas também no contexto individual. As condições biológicas e sociais ou históricas às quais um indivíduo é submetido têm influ-ência no seu desenvolvimento e no seu com-portamento (Vigotski, 2001).

O ser humano se relaciona com o mundo de várias maneiras, usando formas diversas de co-municação, tais como linguagem falada, escri-ta e de sinais.

A habilidade no comportamento social englo-ba a capacidade de o indivíduo conseguir rea-lização pessoal e de estabelecer relacionamen-tos mutuamente benéficos. O desenvolvimento das habilidades sociais dos alunos é uma das metas do processo educativo. Estudos apon-tam para a existência de relação direta entre as habilidades sociais do professor, especialmente assertividade e empatia, e o desempenho dos alunos, com resultados favoráveis no processo de ensino-aprendizagem (Meireles, 2009).

No decorrer do desenvolvimento humano, os indivíduos apresentam características cogni-tivas específicas para crianças, adolescentes, jovens e adultos. O desenvolvimento das re-lações interpessoais e sociais dos indivíduos

em idade escolar ocorre tanto no ambiente escolar quanto fora dele, contudo a escola oferece condições para o desenvolvimento da autoimagem, competência social e emocional, participação em grupos diversos, sejam eles formais ou informais, e também possibilita o estabelecimento de relações igualitárias com adultos.

O convívio no ambiente escolar favorece, no aluno, o desenvolvimento de habilidades so-ciais e o estabelecimento de relações interpes-soais nos vários espaços da escola.

INTERAÇÃO SOCIALA interação social é a denominação dada para as relações mútuas, que são constituídas e se desenvolvem entre indivíduos e grupos sociais. Essas relações ocorrem na forma de um pro-cesso dialético entre indivíduo e sociedade, em que há interferências e mudanças.

A interação social tem efeitos no processo de aprendizagem, pois a apropriação do conhe-cimento científico se dá em consequência de interações sociais diversas.

As habilidades sociais de sobrevivência em classe englobam realizar ações como: ouvir, seguir instruções, ajudar, ser ajudado, pergun-tar, responder perguntas, discutir temas, des-culpar, pedir desculpas.

As brincadeiras e os jogos na escola são ati-vidades significativas para a percepção da or-ganização social; vivência de regras e de dife-rentes papéis; conhecimento de habilidades físicas, sociais e intelectuais; desenvolvimento da linguagem; o estabelecimento de relações de amizade e possibilidade de interação com companheiros mais velhos ou mais novos; vi-vência de situações de conflito, frustrações, sucessos.

A escola contribui para a socialização do in-divíduo na medida em que nela ocorrem si-tuações para a interação num contexto extra-familiar ou que ela promove explicitamente o desenvolvimento social e pessoal como parte do projeto pedagógico. Essa contribuição da escola pode colaborar para prevenir desajustes

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capítulo 2 17

sociais e pessoais dos indivíduos, embora não tenha papel determinante.

Os processos sociais são mecanismos pelos quais os indivíduos e grupos interagem social-mente; dessa interação pode resultar desde a união e fortalecimento do grupo até extremos como afastamentos e dissolução. Acomoda-ção, assimilação, competição, conflito, coope-ração são alguns dos principais exemplos de processos sociais.

O isolamento físico, social, cultural impede que o indivíduo vivencie os processos de interação na sociedade e pode produzir efeitos nocivos aos indivíduos.

A cooperação é o trabalho feito em grupo, de forma deliberada ou não pelos membros do grupo. Os membros cooperam geralmente para atingir objetivos maiores, grupais, embo-ra seus interesses pessoais estejam inseridos no objetivo do grupo.

No ambiente escolar, o professor deve prezar pelo estabelecimento e pela manutenção da cooperação entre os alunos. Para isso, pode propor atividades grupais que possibilitem aos alunos convívio social e trabalho coletivo.

JANELA DE JOHARIA Janela de Johari é um modelo de comunica-ção, no qual há trocas de informações; as pes-soas fornecem ou recebem informações sobre elas mesmas ou sobre outras pessoas. Foi de-senvolvido a partir de estudos dos psicólogos Joseph Luft e Harry Ingham; o nome da janela deriva dos nomes desses pesquisadores.

A Janela de Johari foi desenvolvida para favo-recer o autoconhecimento e o conhecimento do outro. Nela estão representados, de modo geral, todos os aspectos da personalidade. As subáreas da janela representam características da personalidade conhecidas ou desconheci-das pelo eu e pelo outro.

A área 1, denominada eu aberto, representa o comportamento geral de um indivíduo; são características que podem ser conhecidas pelo indivíduo e pelo outro, como o modo de falar e de vestir.

A área 2, denominada eu cego, representa características do comportamento de um in-divíduo perceptíveis pelo outro, mas que são desconhecidas do indivíduo, como tiques ner-vosos, modo de demonstrar alegria ou raiva.

A área 3, denominada eu secreto, representa características do comportamento de um indi-víduo, conhecidas por ele, mas que ele busca manter desconhecidas dos outros. Os exem-plos dessa área podem ser bastante variáveis.

Na área 4, denominada eu des-conhecido, estão inclusas caracte-rísticas do comportamento de um indivíduo, das quais ele não tem consciência e também são desco-nhecidas dos outros.

Em um grupo em formação, a área do eu aberto (1) é pequena, pois as interações pessoais estão iniciando. A evolução dos grupos e a ocor-rência dos processos grupais pro-duzem crescimento da área 1. Em oposição ao crescimento da área 1, há o decréscimo da área 3, o eu es-

Área 1EU ABERTO

Área 2EU CEGO

Área 3EU SECRETO

Área 4EU DESCONHECIDO

Características de comportamento não conhecidas

pelos outros

Características de comportamento conhecidas pelos

outros

Características de comportamento

conhecidas pelo eu

Características de comportamento não conhecidas pelo eu

Figura 01 - Janela de Johari (adaptada de Fritzen, 2004).Fonte:

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capítulo 218

condido, pois com o aumento das interações, estabelece-se a confiança entre os membros do grupo, ficando à vontade para se deixarem conhecer melhor pelos outros. Além disso, a diminuição da área 3 pode deixar os indivíduos mais à vontade no grupo para interagir com os outros e, com isso, desempenhar suas funções grupais de forma plena.

A redução do eu cego é mais demorada, pois o aumento no autoconhecimento é algo essen-cialmente difícil de atingir, mas é favorecido quando o indivíduo está inserido no ambiente grupal. O eu desconhecido (área 4) pode nun-ca se tornar consciente, mesmo no ambiente grupal.

A variação numa das áreas da janela produz efeito sobre as demais áreas, modulando as interações dos membros do grupo.

A Janela de Johari possibilita acompanhar o flu-xo de informações interpessoais relacionadas ao eu e aos outros. Os processos de feedback (receber parecer dos outros) e autoexposição (fornecer feeedback aos outros, revelando-se) regulam o fluxo interpessoal eu-outros e de-terminam o tamanho das áreas da janela. O uso equilibrado desses processos por um indi-víduo pode contribuir para favorecer seu de-senvolvimento e sua competência interpessoal. O equilíbrio nas interações pode resultar em uma maior produtividade grupal e satisfação pessoal.

A análise do estilo interpessoal dos indivíduos feita com base na Janela Johari destaca aspec-tos importantes do relacionamento.

quando a área do eu aberto é predominante, o indivíduo se mostra e interage de modo equi-

librado, autêntico e empático. Esse comporta-mento pode suscitar, no outro, desconfiança em alguns grupos ou no início do relaciona-mento, mas, em longo prazo ou em grupos maduros e produtivos, pode resultar no esta-belecimento de parceria baseada na franqueza e na confiança.

quando a área do eu cego é predominante, o indivíduo expõe seus pontos de vista sobre pessoas e situações; ele declara abertamente suas opiniões e faz uso frequente da crítica. Esse comportamento pode produzir no outro ressentimento, distanciamento, hostilidade e postura defensiva.

quando a área do eu secreto é predominan-te, o indivíduo estabelece relação investigativa sobre como o outro o vê e o julga, com bai-xo grau de exposição pessoal. Esse comporta-mento pode gerar desconfiança e hostilidade no outro.

quando a área do eu desconhecido é predo-minante, o indivíduo estabelece relacionamen-tos geralmente impessoais, com alto grau de retraimento, distanciamento e autopreserva-ção, podendo gerar hostilidades no outro.

RESUMOO comportamento humano é desenvolvido no decorrer da vida de uma pessoa. A interação social é a denominação dada para as relações mútuas que são constituídas entre indivíduos e grupos sociais. A interação social pode resultar em comportamentos variados, como acomo-dação, assimilação, competição, conflito e co-operação. A Janela de Johari permite retratar os comportamentos relacionados ao eu e aos outros por meio do grau de autoexposição e de feedback.

1. Fazer análise do seu estilo de comportamen-to pessoal e no estilo de colegas ou familia-res usando a Janela Johari.

Atividades

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capítulo 2 19

REFERÊNCIASAntunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

FRAWLEY, W. Vygotsky e a ciência cognitiva: linguagem e integração das mentes social e computacional. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Fritzen, S. J. Janela de Johari. 20. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.

Fritzen, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. Vol. 1. 35. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Oliveira, M. C. K. Processos grupais: visão inter-disciplinar. Canoas: ULBRA, 2008.

Serrão, M.; Baleeiro, M.C. Aprendendo a ser e a conviver. 2. ed. São Paulo: FTD, 1999.

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capítulo 3 21

INTRODUÇÃO

A comunicação é um processo fundamental, que serve de base para grande parte das atividades so-ciais humanas, sendo contínuo e constante na sociedade humana. Os membros de um grupo quando não estão motivados realizam suas tarefas de forma limitada, pois não coseguem ir além do que está estabelecido para seu papel. As habilidades sociais do líder podem favorecer o surgimento e a manutenção da motivação nos membros do grupo. Nesse caso, a comunicação e o relacionamento interpessoal são ferramentas importantes.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecer os processos da comunicaçãohumana;

• Conhecer a importância da comunicaçãohumana para as interações sociais.

COMUNICAÇÃO HUMANA

Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima

Carga Horária | 15 horas

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capítulo 322

COMUNICAÇÃOA comunicação pode ser definida como um processo de troca de informações entre um transmissor e um receptor, que envolve tam-bém a compreensão do significado entre os indivíduos. Embora não haja um modelo único de comunicação humana, todos os modelos apresentam quatro elementos básicos: infor-mação, transmissor, receptor e interpretação da mensagem. Nesse processo, vários fatores podem ter influência.

A informação é codificada para ser transmitida. Para isso, podem ser usados símbolos ou atos diversos, como palavras, escritas, desenhos, gestos, linguagem corporal, entre outros. O transmissor e o receptor precisam conhecer os códigos para estabelecerem ou disponibiliza-rem um canal para a comunicação. O processo de comunicação é concluído quando a mensa-gem chega ao receptor e é interpretada com exatidão.

O processo de comunicação é complexo e, para ocorrer de forma adequada, depende de uma série de fatores que surgem quando se consi-dera a variedade de códigos que podem ser usados na codificação da mensagem: o canal usado para a comunicação (os principais são falado ou escrito), o conteúdo da comunica-ção (informações positivas ou negativas, grau de relevância, familiaridade com o conteúdo), as características pessoais do transmissor e do receptor da mensagem, as relações interpesso-ais entre transmissor e receptor, os papéis que o transmissor e receptor exercem no grupo, o contexto social ou histórico no qual o processo acontece. Assim, a existência de informações de transmissor e de receptor não implica a

garantia do estabelecimento de comunicação eficaz, que só acontece quando a informação chega ao destino final e é entendida corre-tamente. Nesse caso, todos os elementos do processo colaboraram adequadamente para a comunicação com exatidão, ou seja, uma in-formação foi codificada, transmitida na forma de uma mensagem, que foi recebida e inter-pretada corretamente.

A comunicação foi um componente impor-tante na história da civilização humana. Ela permitiu o acúmulo e a transmissão de conhe-cimentos, ideias e experiências, contribuindo positivamente para o progresso nas socieda-des humanas. Continua sendo muito impor-tante, pois grande parte das atividades exerci-das pelos indivíduos nas sociedades modernas envolve a comunicação.

O desenvolvimento tecnológico contribui para o desenvolvimento humano, pela ampliação das possibilidades de comunicação e de re-alização de atividades que se utilizam da co-municação, tais como a interação social e as atividades relacionadas à educação e à cultu-ra. A internet é um instrumento atual de in-teração de espectro bastante abrangente, que amplia as possibilidades de comunicação in-terpessoal e com uma ampla variedade de in-formações nos mais diversos formatos (textos, imagens, sons). Os recursos tecnológicos têm sido cada vez mais usados no meio educacio-nal, pois permitem a ampliação da capacidade de comunicação e de interação. O processo de aprendizagem depende de processos de co-municação e interação social, dessa forma, as tecnologias digitais têm contribuído de forma importante para o acesso mais amplo à educa-ção, diminuindo distâncias geográficas e tam-bém sociais.

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO GRUPALA comunicação é estabelecida no contexto de uma relação, na qual as informações são troca-das, sendo um processo interativo, no qual os indivíduos constroem o significado com base nas suas experiências e nos acontecimentos do

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capítulo 3 23

mundo que os cercam e o compartilham usan-do símbolos verbais ou não.

A comunicação interpessoal é o estabeleci-mento de um diálogo entre dois ou mais in-divíduos ao mesmo tempo, nela os indivíduos participantes exercem papel de emissor (fonte) e receptor (destino).

A comunicação interpessoal tem quatro fun-ções principais: controle (esclarecimento de papéis e normas no grupo), informação (cons-trução de uma base para tomada de decisão), motivação (influência positiva buscando coo-peração e comprometimento) e emoção (ex-posição de sensações e emoções).

Os relacionamentos interpessoais são cons-truídos principalmente com base na comuni-cação. A capacidade de comunicação de um indivíduo pode ser influenciada de forma po-sitiva pela autoestima, autoconhecimento, au-tocontrole, motivação, empatia e habilidades sociais. Os conflitos interpessoais são motiva-dos primariamente por falhas no processo de comunicação.

A comunicação grupal é importante para o estabelecimento de relações sociais e a ma-nutenção da boa comunicação interpessoal no grupo, sendo necessário que os indivíduos tenham ou desenvolvam características como:

1. capacidade de diálogo, sabendo ouvir o outro e responder após ponderar sobre o que ouviu;

2. capacidade de autoavaliação associada à inclinação para atuar de modo correto, re-tificando sua conduta quando perceber a necessidade;

3. capacidade para perceber e contornar possíveis empecilhos para a comunicação eficaz, como: conseguir dizer o que se quer dizer; usar linguagem formal, clara e coerente; conseguir concatenar adequa-damente as ideias; usar conduta ética e respeitosa;

4. capacidade de usar estratégias para supe-rar barreiras para a comunicação, como: ouvir e respeitar o outro; respeitar diferen-

ças relativas ao gênero, classe social, raça, religião e cultura; usar a sinceridade nas re-lações; se a simpatia não for possível, usar a empatia; perceber os diferentes pontos de vista, ser tolerante para pontos de vistas divergentes e que estão sujeitos à mudan-ça; perceber no outro suas características positivas.

RELAÇÕES INTERGRUPAISOs grupos podem ser analisados de forma isolada (relações intragrupais), mas também devem ser vistos no contexto mais amplo (rela-ções intergrupais).

Os grupos podem apresentar interdependên-cia, que é o grau em que as ações de um gru-po afetam outro grupo, do tipo: conjunta, se-quencial ou recíproca.

A interdependência conjunta se refere à atu-ação paralela de dois ou mais grupos, reali-zando coletivamente um conjunto de tarefas sob o comando de um coordenador ou de um grupo hierarquicamente superior. Nesse caso, praticamente não são afetados uns pelos ou-tros, havendo baixa probabilidade de conflitos.Na interdependência sequencial, a atuação de um grupo depende da conclusão de uma tare-fa anterior por outro grupo. Nesse caso, o pla-nejamento, a coordenação e a realização das atividades grupais devem ser eficientes para evitar conflitos.

A interdependência recíproca ocorre quando os grupos se afetam mutuamente; a atuação de um grupo afeta a atuação do outro. Nesse caso, os grupos precisam interagir e colaborar eficientemente para que não ocorram conflitos.

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capítulo 324

A ocorrência de conflitos intergrupais pode ser motivada por divergências de natureza pesso-al, grupal, material, territorial, funcional, entre outros. Os conflitos podem ter efeito global positivo ou negativo, como quando o resulta-do do conflito é um fato gerador de ideias no-vas, soluções inovadoras e criativas, motivação para o trabalho, evolução do grupo.

RESUMOA comunicação pode ser definida como um processo de troca de informações entre um transmissor e um receptor, que envolve tam-bém a compreensão do significado entre os indivíduos. A comunicação é constituída de quatro elementos básicos: informação, trans-missor, receptor e interpretação da mensa-gem. A comunicação interpessoal e a intergru-pal são importantes no contexto social.

REFERÊNCIASAntunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Chaves, A. J. F. Os processos grupais em sala de aula. Franca: UNESP; [s.d.]. Disponível em: http://www.franca.unesp.br/oep.

Fritzen, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. Vol. 1. 35. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

1. Avalie os elementos da comunicação inter-pessoal e intergrupal que podem acontecer no ambiente escolar como um todo.

Atividades

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capítulo 4 25

INTRODUÇÃOA educação formal nas instituições de ensino é conduzida de forma coletiva, onde crianças, jovens e adultos são organizados em grupos de convívio quase diário, nos quais ocorrem interações so-ciais diversas que podem ser entendidas no contexto dos processos grupais ou dinâmica de grupo.

As técnicas de dinâmica de grupo podem ser ferramentas importantes na educação, pois seu uso adequado no ambiente escolar pode favorecer aspectos individuais dos alunos, como o desenvol-vimento cognitivo, emocional e social, aspectos grupais na turma, como o desenvolvimento de espírito de equipe, criatividade, capacidade de inovação, habilidades de comunicação assertiva e empática e lidar com situações diversas e adversas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecer o conceito de dinâmica degrupo;

• Conhecer as técnicas de dinâmica degrupo e os contextos em que devem ser aplicadas.

VIVÊNCIA DAS TÉCNICAS DE

SENSIBILIZAÇÃO E DE DINÂMICA

DE GRUPO E SUAS APLICABILIDADES

NA PRÁTICA EDUCATIVA

Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima

Carga Horária | 15 horas

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capítulo 426

TÉCNICAS DE SENSIBILIZAÇÃO E DINÂMICA DE GRUPOAs técnicas de sensibilização são aplica-das buscando produzir mudanças no modo como os indivíduos agem, sentem, pensam e na forma em que eles aprendem, conso-lidam ou mudam conceitos e condutas. Es-sas técnicas podem sensibilizar os indivíduos para que percebam de que forma as diferen-tes condutas e atitudes afetam as relações interpessoais. Elas podem ser aplicadas pelo estímulo à reflexão no ambiente grupal so-bre seus conhecimentos e experiências indi-viduais ou pela vivência de situações criadas para favorecer o autoconhecimento.

Dinâmica dos grupos, ou processos grupais, são processos de interação estabelecidos por um grupo de pessoas, que realizam atividades coletivamente e geram resultados. As ativida-des desenvolvidas pelos membros do grupo podem ser realizadas de modo individual ou em conjunto. As atividades individuais são rea-lizadas por um membro sem a cooperação ou interação dos outros membros do grupo, en-quanto a realização de atividades em conjun-to necessita que haja interação, cooperação e comunicação.

A Dinâmica de Grupo é um campo do conhe-cimento científico, que trata do estudo de fe-nômenos psicológicos e sociais no ambiente grupal, com enfoque na estrutura e funcio-nalidade dos processos grupais. Esse campo teórico também está relacionado com a psi-cologia social. A Dinâmica de Grupo inclui o conhecimento de teorias, técnicas e pesquisas

que favorecem o entendimento dos objetivos, das atividades e relações no ambiente de um grupo.

Os principais fenômenos psicológicos e sociais incluídos na área de abrangência da Dinâ-mica de Grupo são: amizade, amor, atração, rejeição, coesão, coerção, conflito, dependên-cia, interdependência, equilíbrio, hegemonia, pressão social, resistência à mudança, simpa-tia, antipatia. Além desses fenômenos, ela in-clui métodos e técnicas de orientação didática ou psicoterapêutica.

As técnicas de dinâmica de grupo, desenvolvi-das com base nas teorias da Dinâmica de Gru-po, consistem de procedimentos aplicáveis a grupos, visando contribuir para que o grupo atinja seus objetivos explícitos e promover os processos grupais de coesão, interação e pro-dutividade.

Os elementos que constituem uma dinâmica de grupo são os objetivos, o material necessá-rio, o ambiente físico, o tempo de duração, as etapas a serem cumpridas, o tamanho do gru-po, o fechamento do trabalho. A aplicação das técnicas pressupõe a existência de um coorde-nador (facilitador), que tenha embasamento teórico e técnico para compreender a extensão dos fenômenos produzidos, que irão promo-ver a ação grupal e possibilitar a realização dos objetivos, da tarefas ou dos projetos do grupo.

A aplicação das técnicas grupais para o desen-volvimento de atividades práticas ou de tarefas específicas pode ser feita pela investigação ini-cial dos aspectos relacionados aos indivíduos e à atividade ou tarefa sobre o que pensam, sentem, vivem, sabem os membros do gru-po em relação à atividade/tarefa. Nas etapas intermediárias, são conduzidas no sentido de investigar a teoria pertinente à atividade de forma sistemática, ordenada e progressiva e relacionar a teoria com a atividade ou tarefa, podendo haver modificações ou redimensio-namento do conhecimento; por fim, podem ser incluídos novos elementos para propiciar o entendimento da atividade/tarefa vivenciada pelo grupo.

As técnicas de dinâmica de grupo são ferra-mentas, que podem ser usadas no processo de aprendizagem para facilitar a apropriação

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capítulo 4 27

do conhecimento científico pela manipulação, pelo compartilhamento, pela criação e recria-ção do conhecimento.

As técnicas podem gerar um processo de aprendizagem coletivo, desenvolvido a partir de discussões e reflexões que promovem a am-pliação do conhecimento individual e coletivo e possibilitam a apropriação do conhecimento pelos membros do grupo após o trabalho de elaboração do conhecimento. Elas devem ser utilizadas para estudo de temas ou conteúdos específicos, com objetivos claros e delimitados para os membros de um determinado grupo.

A forma como os membros do grupo atuam é denominada processo. No processo, estão in-cluídos a comunicação entre os membros do grupo e os sentimentos, que podem ser rela-cionados aos membros do grupo ou à ativida-de desenvolvida pelo grupo. O processo pode ser grandemente influenciado, de forma posi-tiva ou negativa, por esses fatores.

As diferentes atividades a serem realizadas por um grupo irão requerer dos seus membros um conjunto de habilidades diferentes, desde físicas a intelectuais. Os indivíduos que com-põem o grupo evoluem durante o processo, e consequentemente o grupo também evolui, adquirindo ou desenvolvendo habilidades e competências.

CONDUÇÃO DO PROCESSO DE GRUPOOs professores que aplicam técnicas de dinâ-mica de grupo devem apresentar competên-cias e habilidades variadas que são necessárias para conduzir a atividade planejada e obter êxito. Competência técnica, demonstrada pelo domínio dos conceitos científicos e dos instru-mentos/técnicas adotados. Competência inter-pessoal para conduzir o grupo e administrar as questões grupais, propiciando um ambiente adequado à integração grupal. Conduta ética e responsável do grupo, com atitude humanís-tica, empática e ética. Capacidade de perceber as características dos indivíduos e dos grupos, e com isso favorecer o desenvolvimento tan-to da atividade grupal quanto dos indivíduos membros dos grupos.

A ação educativa do professor é direcionada para uma classe ou turma, geralmente feita na forma de aulas coletivas, porém a aprendiza-gem dos alunos é individual, também é indi-vidual a nota final, decorrente das estratégias avaliativas.

As técnicas de dinâmica de grupo são um con-junto de procedimentos com aplicação dire-cionada a grupos que objetivam estimular a produtividade dos membros do grupo como também a participação destes ou proporcionar maior satisfação no grupo.

As técnicas grupais são variadas para atender às características dos diferentes grupos. Assim técnicas diferentes podem ser aplicadas a gru-pos com características diferentes para obter objetivos semelhantes, isso porque cada grupo é uma entidade diferente, formado por indi-víduos diferentes e com isso vão apresentar características que lhe são peculiares. A varie-dade de técnicas também está relacionada à variedade na capacidade técnica de quem vai aplicar. Logo a seleção das técnicas grupais deve ser feita com base nas características do grupo e na habilidade e no domínio que o coordenador da atividade tem das técnicas disponíveis. Não existe técnica coringa, que possa ser aplicada de modo indiscriminado a quaisquer grupos, circunstância ou objetivo pretendido.

As técnicas grupais podem ser criadas, modi-ficadas, copiadas, combinadas ou adaptadas quando aplicadas pelos coordenadores, mas é necessário ter habilidades e competências es-pecíficas tanto para a aplicação de técnicas já desenvolvidas quanto para modificações.

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capítulo 428

As técnicas grupais têm aplicação potencial definida, tais como para aprendizado, apro-fundamento, avaliação, reflexão, recreação.

Os coordenadores da técnica grupal devem ter conhecimento das próprias habilidades e limitações, e assim selecionar técnicas que ele possa coordenar eficientemente. Eles também devem possuir, ou desenvolver, habilidade so-cial, comunicação assertiva e percepção em-pática para selecionar e conduzir a atividade direcionada ao grupo ou ao conteúdo ou ao significado daquele encontro grupal.

A escolha das técnicas deve considerar fatores como: o tamanho do grupo, os objetivos pre-tendidos, o espaço físico disponível, a maturi-dade e a motivação do grupo, as habilidades do coordenador.

A aplicação da técnica deve ser precedida de esclarecimentos gerais, que devem incluir a de-finição da técnica, a dinâmica interna do gru-po esperada para os membros e para o líder do grupo, uma visão geral dos desdobramentos e dificuldades possíveis e a explicitação das eta-pas a serem cumpridas.

ETAPAS DA DINÂMICA DE GRUPOA constituição dos grupos é feita pela deter-minação da quantidade de membros que cada grupo deve ter e pela distribuição dos mem-bros. Os grupos podem ser constituídos por escolha dos membros ou por determinação do

coordenador. O primeiro modo de formação do grupo tem como aspecto positivo a exis-tência de conhecimento e afinidades prévias entre os membros, isso torna o grupo mais coeso e forte, porém tem como aspecto nega-tivo diminuir as possibilidades de os indivíduos conhecerem melhor e estabelecerem interação com outras pessoas. Nesse caso, também há chances maiores de conflitos. Assim, é interes-sante que os dois modos de formação sejam adotados, pois além dos aspectos destacados, na sociedade nem sempre se escolhe de que grupo se participa.

A demonstração da dinâmica a ser vivenciada deve ser feita de modo verbal e, caso neces-sário e possível, fazer uma demonstração. As regras, as tarefas e as responsabilidades de-vem ficar claras nessa etapa. Para isso, deve--se conversar com os grupos, levantar dúvidas, esclarecê-las e certificar-se do entendimento da atividade pelos grupos.

A realização da atividade pelos grupos sob a supervisão do coordenador, que deve acompa-nhar a execução, corrigir desvios, caso seja ne-cessário, mas a intervenção deve ser a mínima possível.

A finalização da execução da atividade deve ser feita no tempo adequado, ou antecipado, caso se perceba necessidade em função do ritmo dos grupos ou pela ocorrência de algum fa-tor que afete o desenvolvimento da atividade. Nessa etapa, os participantes são convidados a expressar seus sentimentos e percepções sobre a atividade proposta e sua realização grupal.

As discussões sobre a atividade vivenciada se seguem à finalização da atividade de aplica-ção prática de conceitos teóricos. Nessa etapa, o coordenador avalia, junto com os grupos, se os objetivos propostos foram atingidos. A comunicação eficiente deve ser usada nessa etapa; o coordenador deve estar atento para escutar os grupos e atuar na mediação de dis-cussões a fim de garantir o entendimento das informações.

O fechamento dos trabalhos é feito com a fi-nalização da discussão, do fornecimento de explicações e do parecer final sobre o desem-penho dos grupos.

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capítulo 4 29

TIPOS DE TÉCNICAS GRUPAISAs técnicas de dinâmica de grupo podem ser classificadas pela finalidade que representam.

Técnicas de apresentação são aplicadas para promover o conhecimento entre os membros do grupo, geralmente eles se apresentam, de forma direta ou indireta, e mostram quem são, de onde vem, o que fazem, o que pen-sam, onde vivem, suas crenças e preferências. Devem ser desenvolvidas num clima de con-fiança, descontração, integração e receptivida-de por todos, para que os membros fiquem motivados a serem autênticos.

Técnicas de iniciação grupal são aplicadas para promover: a confiança, a comunicação e o conhecimento entre os membros do grupo, a interação inicial entre os membros, a dimi-nuição da inibição dos membros, a criação de uma atmosfera grupal favorável e a percepção empática entre os membros. Elas geralmente buscam resgatar e trabalhar as experiências de criança, podendo incluir brincadeiras descon-traídas para quebrar a seriedade e aproximar as pessoas.

Técnicas de animação e relaxamento são aplicadas para facilitar o estabelecimento de interações iniciais em um grupo em que os membros são desconhecidos ou para diminuir a tensão e recuperar o ânimo quando o grupo está em processo de realização de uma ativi-dade, ou ainda no intervalo entre atividades.

Técnicas de produção grupal são aplicadas visando organizar o grupo para a realização de uma atividade específica, de forma objetiva e produtiva. Elas permitem o conhecimento do comportamento pessoal e grupal e promovem interação e comunicação. Permitem também que os membros percebam os papéis que po-dem e devem assumir no grupo e o papel dos demais membros.

Técnicas de avaliação grupal são aplicadas periodicamente para avaliar a eficiência da atuação grupal, seja em termos da metodo-logia adotada pelo grupo para chegar ao re-sultado ou em termos do resultado produzido pelo grupo.

Técnicas de coesão grupal podem ser aplica-das para treinar profissionais que querem atu-ar como coordenadores de grupos em forma-ção. Geralmente são destinadas a pessoas que possuem alguma experiência em coordenar grupos. Os coordenadores devem desenvolver capacidade para escutar e observar pessoas, bem como a realidade que os cerca.

Técnicas de construção grupal podem ser aplicadas para promover a formação inicial de um grupo, buscando desenvolver a estrutura funcional e organizacional do grupo. Elas irão promover a definição dos papéis a serem de-sempenhados pelos membros do grupo. Essas técnicas permitem desenvolver, nos membros, a consciência grupal, a percepção dos seus pa-péis no grupo, o reconhecimento do papel dos outros membros, o estabelecimento da comu-nicação entre membros e o conhecimento mú-tuo. Dessa forma, os membros podem vislum-brar e/ou aceitar seus papéis no grupo, bem como o papel dos demais membros e, assim, começar a se desenvolverem de forma plena.

As técnicas de dinâmica de grupo são geral-mente aplicadas por pessoas que conduzem as atividades. A função exercida podendo receber denominações diversas e intercambiáveis, tais como facilitador, animador, moderador e co-ordenador.

O coordenador das atividades tem a função de promover entre os membros ou grupos a comunicação, o conhecimento, a integração, ou seja, de favorecer o relacionamento den-tro de um grupo ou entre grupos, resolvendo questões pessoais ou de trabalho que possam surgir durante o período da interação grupal.

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capítulo 430

O coordenador deve possuir (ou buscar desen-volver) conhecimentos técnicos e teóricos es-pecíficos e possuir habilidades sociais amplas. São exemplos de habilidades desejáveis: saber falar, o que falar e quando falar; saber ouvir os membros do grupo, inclusive opiniões contrá-rias; ter percepção das situações que ocorrem nos grupos e capacidade para resolvê-las; ter capacidade para síntese de comentários e dis-cussões; ter sensibilidade para perceber a ati-vidade grupal e capacidade para direcioná-la; estabelecer e manter a comunicação grupal; ser coerente entre declarações e ações no am-biente grupal; promover o relacionamento in-tragrupal harmonioso; buscar o conhecimento sobre as características e o potencial do grupo e promover seu desenvolvimento; saber dele-gar tarefas, compartilhar liderança e trabalhar de forma proativa.

Os membros de grupo já adultos possuem ex-periências e vivências que lhes dão certa auto-nomia para que o processo de aprendizagem seja mais eficiente; o ritmo de aprendizagem requer o uso de metodologias participativas, com experiências significativas e linguagem clara. Nesse caso, o coordenador (professor) precisa usar de sensibilidade, coerência, paci-ência, percepção empática e estabelecer uma comunicação eficiente. Ele também deve ter consciência do seu papel na relação, de suas responsabilidades e de seus compromissos, logo deve criar condições para a participação dos membros do grupo (alunos) no processo de aprendizagem, valorizando as contribui-ções individuais e coletivas.

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO NA PRÁTICA EDUCATIVASegundo Perrenoud (2000), os professores pre-cisam desenvolver competências para orientar o ensino, organizar e conduzir situações de aprendizagem e tornar os alunos sujeitos da sua aprendizagem e capazes de trabalhar em grupo.

O desenvolvimento dessas competências im-plica mudanças no oficio do professor e na sua prática de ensino. Essas mudanças terão consequências no processo educativo, promo-vendo a aprendizagem no âmbito individual e coletivo, e no desenvolvimento do indivíduo, que aprende a saber fazer, a saber ser e a saber viver junto.

As técnicas de ensino são estímulos para a participação dos membros do grupo. Elas per-mitem que os membros contribuam, trazendo suas experiências, trocando informações, refle-tindo e questionando sobre suas condutas, e percebam gradativamente o seu papel e sua importância no grupo de uma forma mais am-pla. A aplicação das técnicas de ensino deve ser precedida de planejamento da atividade e estabelecimento dos objetivos. Uma pro-posta educativa que privilegia a utilização de um enfoque metodológico participativo pode favorecer a abordagem de temas transversais. Algumas técnicas de ensino já conhecidas e aplicadas são estudos de caso, dramatização, debate, excursões e projetos.

O estudo de caso envolve a discussão em gru-po de questões específicas, reais ou fictícias, apresentadas pelo professor, possibilitando que os alunos desenvolvam capacidade de re-alizar análise científica/crítica e de resolver situ-ações pela tomada de decisão ou proposição de solução. Essa técnica permite a revisão de conceitos e conteúdos e o estabelecimento de relação entre os conteúdos teóricos e as situa-ções práticas.

A dramatização permite que o aluno vivencie diferentes situações como também estimula o raciocínio e favorece a assimilação de conte-údos e o desenvolvimento da comunicação e expressão e da interação social.

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O debate é uma técnica, que permite estimular o raciocínio e o pensamento crítico e ampliar a visão do aluno sobre temas específicos, discu-tidos sob pontos de vista diversos.

A excursão deve ter objetivos relacionados com a busca de informações ou com a identificação de conteúdos pelos alunos em ambientes na-turais, isso permite o desenvolvimento de ha-bilidades cognitivas. Além disso, o convívio e o compartilhamento de experiências fora da sala de aula podem resultar no desenvolvimento de habilidades sociais e no fortalecimento e ama-durecimento do grupo.

O projeto permite que os alunos trabalhem em grupo para a realização de uma tarefa e viven-ciem os processos grupais como também que desenvolvam habilidades sociais e cognitivas.

RESUMODinâmica de grupos são processos de intera-ção estabelecidos por um grupo, que atuam coletivamente e geram resultados. As técnicas de dinâmica de grupo são procedimentos apli-cados aos grupos para que atinjam seus obje-tivos. Os elementos da dinâmica de grupo são: objetivos, material necessário, ambiente físico, tempo de duração, etapas a serem cumpridas, tamanho do grupo e fechamento do trabalho. As técnicas grupais têm aplicação para promo-ver aprendizado, aprofundamento, avaliação, reflexão e recreação.

1. Dissertação: O uso potencial de técnicas de dinâmica de grupo na sala de aula.

2. Pesquise, em livros ou na internet, sobre dinâmica de grupos dos tipos listados no texto. Selecione, nos seus resultados, uma dinâmica de cada tipo (iniciação, avaliação, produção, apresentação, animação, coe-são, constituição grupal) que você conside-re adequada, com base no conhecimento das suas habilidades. Justifique sua escolha.

Atividades

LIVROS RECOMENDADOS

100 JOGOS PARA GRUPOS - Ronaldo Y. Yozo - Ed. Agora.

150 JOGOS DE TREINAMENTO - Andy Kirby - T&D Editora.

DINÂMICA DE GRUPO E DE RELAÇÕES HUMA-NAS - Silvino J. Fritzen - Vozes.

ExERCÍCIOS PRÁTICOS DE DINÂMICA DE GRUPO - Silvino J. Fritzen - Vozes.

JOGOS COOPERATIVOS - Fábio D. Brotto - Ed. Cooperação.

VIVENDO E APRENDENDO COM GRUPOS: uma metodologia construtivista de dinâmica de grupo - Maria C. Tatagiba e Virgínia Filártiga – Editora DP&A.

Saiba Mais

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REFERÊNCIASAntunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Frawley, W. Vygotsky e a ciência cognitiva: lin-guagem e integração das mentes social e com-putacional. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Fritzen, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. Vol. 1. 35. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Oliveira, M. C. K. Processos grupais: visão inter-disciplinar. Rio Grande do Sul: ULBRA, 2008.

Perrenoud, P. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.

Serrão, M.; Baleeiro, M.C. Aprendendo a ser e a conviver. 2. ed. São Paulo: FTD, 1999.