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Relatório Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago SETÚBAL AVALIAÇÃO EXTERNA DAS ESCOLAS Área Territorial de Inspeção do Sul 2016 2017

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Relatório

Agrupamento de Escolas

Ordem de Sant’Iago

SETÚBAL

AVALIAÇÃO EXTERNA DAS ESCOLAS

Área Territorial de Inspeção

do Sul

2016 2017

Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago – SETÚBAL

CONSTITUIÇÃO DO AGRUPAMENTO

Jardins de Infância e Escolas EPE 1.º CEB 2.º CEB 3.º CEB SEC

Escola Básica e Secundária Ordem de Sant´Iago,

Setúbal • • •

Escola Básica de Manteigadas, Setúbal • •

Escola Básica de Setúbal • •

Escola Básica do Faralhão, Setúbal • •

Escola Básica n.º 1 do Faralhão, Setúbal •

Escola Básica n.º 2 do Faralhão, Setúbal •

Escola Básica n.º 5 de Setúbal • •

Escola Básica n.º 7 de Setúbal •

Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago – SETÚBAL

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1 – INTRODUÇÃO

A Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação

pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a autoavaliação e para a

avaliação externa. Neste âmbito, foi desenvolvido, desde 2006, um programa nacional de avaliação dos

jardins de infância e das escolas básicas e secundárias públicas, tendo-se cumprido o primeiro ciclo de

avaliação em junho de 2011.

A então Inspeção-Geral da Educação foi

incumbida de dar continuidade ao programa de

avaliação externa das escolas, na sequência da

proposta de modelo para um novo ciclo de

avaliação externa, apresentada pelo Grupo de

Trabalho (Despacho n.º 4150/2011, de 4 de

março). Assim, apoiando-se no modelo construído

e na experimentação realizada em doze escolas e

agrupamentos de escolas, a Inspeção-Geral da

Educação e Ciência (IGEC) está a desenvolver

esta atividade consignada como sua competência

no Decreto Regulamentar n.º 15/2012, de 27 de

janeiro.

O presente relatório expressa os resultados da

avaliação externa do Agrupamento de Escolas

Ordem de Sant’Iago – Setúbal, realizada pela

equipa de avaliação, na sequência da visita

efetuada entre 21 e 24 de novembro de 2016. As

conclusões decorrem da análise dos documentos

fundamentais do Agrupamento, em especial da

sua autoavaliação, dos indicadores de sucesso

académico dos alunos, das respostas aos

questionários de satisfação da comunidade e da

realização de entrevistas.

Espera-se que o processo de avaliação externa

fomente e consolide a autoavaliação e resulte

numa oportunidade de melhoria para o

Agrupamento, constituindo este documento um

instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao

identificar pontos fortes e áreas de melhoria,

este relatório oferece elementos para a

construção ou o aperfeiçoamento de planos de

ação para a melhoria e de desenvolvimento de

cada escola, em articulação com a administração

educativa e com a comunidade em que se insere.

A equipa de avaliação externa visitou a escola-

-sede do Agrupamento e as escolas básicas n.º 2 do Faralhão, n.º 7 e n.º 5 de Setúbal, bem como a Escola

Básica do Faralhão, incluindo os jardins de infância das duas últimas.

A equipa regista a atitude de empenhamento e de mobilização do Agrupamento, bem como a colaboração

demonstrada pelas pessoas com quem interagiu na preparação e no decurso da avaliação.

ESCALA DE AVALIAÇÃO

Níveis de classificação dos três domínios

EXCELENTE – A ação da escola tem produzido um impacto

consistente e muito acima dos valores esperados na melhoria

das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos

respetivos percursos escolares. Os pontos fortes predominam

na totalidade dos campos em análise, em resultado de

práticas organizacionais consolidadas, generalizadas e

eficazes. A escola distingue-se pelas práticas exemplares em

campos relevantes.

MUITO BOM – A ação da escola tem produzido um impacto

consistente e acima dos valores esperados na melhoria das

aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos

percursos escolares. Os pontos fortes predominam na

totalidade dos campos em análise, em resultado de práticas

organizacionais generalizadas e eficazes.

BOM – A ação da escola tem produzido um impacto em linha

com os valores esperados na melhoria das aprendizagens e

dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos

escolares. A escola apresenta uma maioria de pontos fortes

nos campos em análise, em resultado de práticas

organizacionais eficazes.

SUFICIENTE – A ação da escola tem produzido um impacto

aquém dos valores esperados na melhoria das aprendizagens

e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos

escolares. As ações de aperfeiçoamento são pouco

consistentes ao longo do tempo e envolvem áreas limitadas

da escola.

INSUFICIENTE – A ação da escola tem produzido um impacto

muito aquém dos valores esperados na melhoria das

aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos

percursos escolares. Os pontos fracos sobrepõem-se aos

pontos fortes na generalidade dos campos em análise. A

escola não revela uma prática coerente, positiva e coesa.

O relatório do Agrupamento apresentado no âmbito da

Avaliação Externa das Escolas 2016-2017 está disponível na página da IGEC.

Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago – SETÚBAL

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2 – CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO

O Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago foi criado em 2003 e situa-se no concelho de Setúbal,

abrangendo as freguesias do Sado e de S. Sebastião. É constituído por oito estabelecimentos de educação

e ensino e tem sede na Escola Básica e Secundária Ordem de Sant’Iago. Foi sujeito à avaliação externa

das escolas, no âmbito do primeiro ciclo desta atividade, em novembro de 2010. Encontram-se em

funcionamento no Agrupamento três unidades de apoio especializado para a educação de alunos com

multideficiência e surdocegueira congénita, constituindo uma resposta educativa para os que

apresentam aquelas problemáticas, ao longo de todo o seu percurso escolar. Integra o programa

Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), desde o ano de 2000.

No ano letivo de 2016-2017 é frequentado por 2034 crianças e alunos: 261 na educação pré-escolar (12

grupos), 784 no 1.º ciclo do ensino básico (38 turmas), 409 no 2.º ciclo (20 turmas), 398 no 3.º ciclo (18

turmas, incluindo uma com percursos curriculares alternativos), 15 num curso de educação e formação,

tipo 3 (uma turma) e 126 nos cursos profissionais do ensino secundário (oito turmas). Existem ainda

três turmas do Programa Integrado de Educação e Formação, uma delas em parceria com o Centro

Jovem Tabor, abrangendo um total de 41 estudantes. No que diz respeito à sua nacionalidade, 4,4% são

estrangeiros, provenientes de 17 países diferentes, com maior expressão dos alunos de origem cabo-

verdiana, angolana e brasileira. Relativamente à ação social escolar, 74% não beneficiam de auxílios

económicos e, no que concerne às tecnologias de informação e comunicação, 37% dos estudantes

possuem computador e ligação à internet.

Os dados relativos à habilitação académica dos pais e das mães dos alunos do ensino básico revelam que

2% têm formação superior e 14% de nível secundário. No que se refere aos dados dos estudantes deste

nível de ensino, verifica-se que aqueles valores são de 1% e 11%, respetivamente. Em relação à sua

ocupação profissional, 9,7% dos pais e das mães dos alunos do ensino básico exercem atividades de nível

superior e intermédio, percentagem que desce para 3,8% relativamente aos dos alunos do ensino

secundário. A educação e o ensino são assegurados por 194 docentes, dos quais 72,2% pertencem aos

quadros. A experiência profissional é significativa, pois 84,5% lecionam há 10 ou mais anos. O pessoal

não docente é composto por 106 trabalhadores (94 assistentes operacionais, 11 assistentes técnicos e

uma psicóloga), tendo 50% destes 10 ou mais anos de serviço. Exercem ainda funções no Agrupamento,

no âmbito do programa TEIP, quatro técnicos nas áreas da psicologia, da mediação socioeducativa, da

animação sociocultural e do serviço social.

De acordo com os dados disponibilizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência,

relativos ao ano letivo de 2014-2015, o Agrupamento, quando comparado com as outras escolas públicas,

apresenta valores das variáveis de contexto que o colocam entre os mais desfavorecidos. Neste quadro,

salientam-se a idade média dos alunos, as percentagens dos que não beneficiam da ação social escolar e

de docentes do quadro, bem como as médias de alunos por turma e do número de anos da habilitação dos

pais e das mães.

3 – AVALIAÇÃO POR DOMÍNIO

Considerando os campos de análise dos três domínios do quadro de referência da avaliação externa e

tendo por base as entrevistas e a análise documental e estatística realizada, a equipa de avaliação

formula as seguintes apreciações:

3.1 – RESULTADOS

RESULTADOS ACADÉMICOS

Os resultados académicos, quando comparados com os dos agrupamentos com valores análogos nas

variáveis de contexto, mostram que foi no ano letivo de 2012-2013 que os alunos obtiveram os melhores

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desempenhos, na generalidade dos indicadores analisados (taxas de conclusão e provas finais de ciclo),

posicionados em linha ou acima dos valores esperados, à semelhança do que acontecera já no ano letivo

de 2010-2011. Nos anos letivos seguintes (2013-2014 e 2014-2015), no 1.º ciclo, os resultados descem

para valores aquém do esperado, em todos os indicadores, evidenciando que é neste ciclo que os

desempenhos dos alunos são menos positivos. Estes dados são aliás corroborados pelo facto de o

Agrupamento não ter atingido as metas definidas no âmbito do programa TEIP, em 2015-2016, naquele

ciclo de ensino.

Nos 2.º e 3.º ciclos, ainda que não haja, desde 2012-2013 até 2014-2015, uma tendência clara de

evolução, os resultados obtidos são nitidamente mais satisfatórios, em especial no 2.º ciclo que, em 2014-

2015, apresenta todos os indicadores posicionados em linha ou acima dos valores esperados. De

sublinhar, pela positiva, os desempenhos dos alunos na avaliação externa da disciplina de português do

6.º ano que se mantêm de forma consistente em linha ou acima do valor esperado desde o ano letivo de

2010-2011. Neste caso, as metas estabelecidas no âmbito do programa TEIP, em 2015-2016, foram

superadas nos dois ciclos, relativamente às taxas de conclusão e à qualidade do sucesso, mas ficaram

aquém das mesmas nas provas finais de ciclo.

Em síntese, os resultados atrás analisados situam-se, globalmente, em linha com os valores esperados.

Ainda que as variáveis do contexto onde o Agrupamento se encontra inserido sejam particularmente

desfavoráveis, a melhoria das aprendizagens e dos resultados das crianças e alunos assume-se como

uma das áreas prioritárias de intervenção, em especial no 1.º ciclo do ensino básico, o que está já a ser

alvo de atenção, pelos responsáveis, através da implementação de medidas de promoção do sucesso

educativo focadas nos primeiros anos de escolaridade.

No que diz respeito aos resultados obtidos noutras ofertas formativas, a taxa de conclusão do curso

profissional de Técnico de Gestão Desportiva é de 67%, em 2014, e de 31%, em 2016. Já a do Técnico de

Organização de Eventos, terminado em 2016, regista o valor de 41%. Também os cursos vocacionais têm

sido marcados por resultados pouco satisfatórios: de uma taxa de sucesso de 67%, alcançada em 2014-

2015, atinge-se apenas a de 24%, em 2015-2016. Entre os cursos de educação e formação, há a destacar,

pela positiva, os desempenhos obtidos no de Carpintaria de Limpos, concluído em 2012-2013, com uma

taxa de sucesso de 83%. Predominam, todavia, resultados situados abaixo dos 60%, na generalidade dos

cursos. Ainda que se verifiquem alguns constrangimentos, nomeadamente na falta de articulação entre

entidades promotoras da mesma oferta, estes valores apontam, em vários casos, para a necessidade de

reformulação das estratégias adotadas.

A melhoria das aprendizagens e dos resultados representa um dos vetores-chave do planeamento

estratégico. O Agrupamento tem investido de forma significativa neste campo ao implementar um

conjunto de ações e estratégias que visam a concretização daquele objetivo. O projeto Grémio, o apoio

educativo, as coadjuvações e a Oficina da Matemática são algumas dessas medidas. Destaca-se ainda,

neste âmbito, o desenvolvimento do programa Empresários pela Inclusão Social (EPIS). A recolha de

informação periódica sobre os desempenhos dos alunos e a sua análise pelos órgãos e pelas estruturas

de coordenação educativa e supervisão pedagógica constituem outras evidências da importância

concedida a esta matéria. Na educação pré-escolar, os dados recolhidos acerca da evolução das

aprendizagens de cada criança, em particular, e de cada grupo, em geral, têm permitido a reflexão

conjunta dos educadores e a reorientação da ação educativa.

Apesar dos aspetos mencionados no parágrafo anterior, verifica-se que a identificação dos fatores

explicativos do insucesso se encontra, por vezes, muito centrada em razões de natureza externa, pelo

que o levantamento das causas de caráter interno, respeitantes aos processos de ensino e de

aprendizagem, constitui uma área a aprofundar para que possam ser desencadeadas medidas cada vez

mais eficazes.

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No campo do abandono e da desistência, a taxa de interrupção precoce do percurso escolar assume ainda

uma expressão significativa nos 2.º e 3.º ciclos, posicionando-se, em 2015-2016, respetivamente, nos

13,1% e 11,7%, afastados das metas definidas no quadro do programa TEIP.

RESULTADOS SOCIAIS

Nos documentos estruturantes, nomeadamente nos princípios orientadores constantes do projeto

educativo, existem evidências de que o desenvolvimento cívico assume um lugar de destaque no

trabalho realizado com as crianças e os alunos. De facto, são tidos em consideração aspetos como a

integração social, a solidariedade, a igualdade, a tolerância, o respeito mútuo, o empenho e a autonomia,

entre outros, o que demonstra que o Agrupamento está atento às questões relacionadas com a formação

pessoal e social. Esta ideia é ainda corroborada pelo facto de a oferta complementar do 1.º ao 3.º ciclo

integrar a disciplina de educação para a cidadania, onde muitos daqueles valores são tratados. Estas

aulas constituem ainda espaços privilegiados para a abordagem de assuntos relacionados com o

quotidiano escolar, mas o recurso ao formato de assembleias devidamente estruturadas, por exemplo,

poderá ser uma estratégia a explorar ainda mais.

Numa perspetiva mais abrangente, a solidariedade é, na verdade, um dos temas com maior relevo. As

crianças e os alunos são envolvidos na dinamização de diversas ações, como as recolhas de manuais

escolares, roupas, brinquedos e cabazes de Natal com alimentos, a favor de famílias carenciadas da

comunidade envolvente, que se materializam em iniciativas como Biblioteca Solidária e Natal

Solidário. A educação ambiental e para a saúde constituem igualmente áreas com bastante

importância. Além do desenvolvimento do programa Eco-Escolas, são concretizadas diversas atividades

relacionadas com a saúde oral e mental, a alimentação e a educação para os afetos, entre outras.

Concorrendo também para a criação de hábitos de vida saudáveis, é de salientar a oferta de diferentes

modalidades de Desporto Escolar, distribuídas por vários núcleos, que contribui para a criação de uma

cultura desportiva e que constitui simultaneamente uma estratégia de incentivo aos alunos mais

desmotivados e potenciadora, por isso, do sucesso educativo.

Assume ainda realce, neste contexto, a criação de oportunidades de interação entre crianças e alunos,

envolvendo os que frequentam as unidades de apoio especializado e os seus colegas através do

desenvolvimento do Projeto de Educação para a Diferença e da comemoração do Dia Paralímpico, por

exemplo, ações que fomentam a dimensão inclusiva do Agrupamento. A adesão ao Parlamento dos

Jovens ilustra outra das vertentes do trabalho realizado na promoção da cidadania, estimulando, neste

caso, o gosto pela ação cívica e política e pelo debate democrático.

Embora tenha evoluído favoravelmente relativamente à última avaliação externa, a participação ativa

dos alunos, na tomada de decisões, não se apresenta ainda como uma prática devidamente consolidada.

Apesar de os delegados e subdelegados de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, participarem periodicamente em

assembleias com o diretor, não é incentivada a sua presença regular nos conselhos de turma e nem

todos assumem um papel ativo no envolvimento dos respetivos colegas na preparação daquelas reuniões

e na transmissão de informações, posteriormente, no quadro das funções de representação que lhes

estão cometidas.

Importa, por isso, envolver mais os alunos no quotidiano escolar e estimular uma cidadania mais

responsável e interventiva, valorizando as funções daqueles elementos, em especial no 1.º ciclo, bem

como da própria associação de estudantes para que esta possa ter uma maior importância na

apresentação e na organização de atividades da sua iniciativa e na reflexão sobre assuntos de interesse

para a comunidade, potenciando assim a assunção de responsabilidades e a construção de percursos de

cidadania ativa. Com o mesmo propósito interessa igualmente enquadrar os representantes dos alunos

no conselho geral no sentido de os mesmos poderem, por um lado, auscultar as opiniões dos seus pares e,

por outro, dar-lhes retorno das decisões tomadas no respetivo órgão.

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Na generalidade, os alunos revelam conhecer as regras estabelecidas e têm um comportamento

adequado nos espaços escolares. No entanto, persistem algumas situações perturbadoras do

desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem, sobretudo nos 2.º e 3.º ciclos. No último

triénio houve um aumento do número de alunos alvo de medidas disciplinares corretivas mas, em

contrapartida, uma diminuição do número dos que foram sujeitos a medidas sancionatórias, tendo-se

alcançado, inclusivamente, a meta definida para este campo. A prevenção e o combate a estas situações

têm-se concretizado através de estratégias diversificadas, onde são de mencionar, por exemplo, o

Gabinete de Orientação Disciplinar e os projetos Prevenir para Remediar e Agir de Novo – ADN, que

traduzem uma ação coordenada entre técnicos, docentes, não docentes, direção, famílias e vários

parceiros externos, que têm revelado, portanto, eficácia.

Apesar de existirem algumas iniciativas realizadas pelo serviço de psicologia e orientação no sentido de

acompanhar o percurso escolar dos alunos após terminarem a sua escolaridade no Agrupamento, as

mesmas não encerram ainda mecanismos formais e intencionais que permitam conhecer, com

profundidade, o impacto do serviço prestado, com vista a eventuais reajustamentos, aspeto que poderá

ser aprofundado no quadro da autoavaliação.

RECONHECIMENTO DA COMUNIDADE

Os diferentes elementos da comunidade educativa, auscultados através de questionários, no âmbito da

presente avaliação externa, revelam um bom índice de satisfação com o serviço prestado pelo

Agrupamento. Os alunos realçam positivamente, entre outros, as relações de amizade que estabelecem

na escola, o conhecimento que têm das regras de comportamento e o ensino praticado pelos seus

professores. Já os pais e encarregados de educação mostram-se satisfeitos com o facto de os seus

educandos frequentarem os estabelecimentos de educação e ensino do Agrupamento. Os pais das

crianças da educação pré-escolar sublinham ainda a acessibilidade e a capacidade de diálogo dos

responsáveis pelos jardins de infância e os dos ensinos básico e secundário a qualidade da prática letiva.

Os trabalhadores reconhecem, entre vários aspetos, a abertura da escola ao exterior e, no caso dos

docentes, também a disponibilidade da direção.

A frequência de utilização do computador em sala de aula é, todavia, um dos itens que reúne os menores

índices de concordância por parte dos alunos, nos três ciclos do ensino básico, a par da qualidade das

refeições, salientada pelos dos 2.º e 3.º ciclos. Este é ainda o aspeto que acolhe menos satisfação junto

dos pais e encarregados de educação. Em relação aos trabalhadores, o bom comportamento dos alunos é

o item que congrega a menor concordância.

O Agrupamento disponibiliza uma oferta educativa diversificada que responde às necessidades

específicas da comunidade onde está integrado e a públicos muito heterogéneos e que inclui, por

exemplo, os cursos profissionais e de educação e formação, em várias áreas, os percursos curriculares

alternativos e o Programa Integrado de Educação e Formação, neste caso oferta única no concelho. As

unidades de apoio especializado realçam ainda a sua dimensão inclusiva. O aumento crescente do

número de salas para a educação pré-escolar, em articulação com a Câmara Municipal de Setúbal, tem

contribuído também para a satisfação das necessidades de mais famílias e para a sua afirmação

enquanto polo educativo da cidade.

A boa interação com a comunidade envolvente constitui outra das marcas da ação do Agrupamento que

se reflete numa atuação em rede, na procura de soluções mais adequadas, numa zona particularmente

desfavorecida. O seu papel tem-se repercutido positivamente no próprio bairro onde a escola-sede se

encontra situada. Além disso, a participação nas várias iniciativas promovidas por aquela autarquia,

onde são de mencionar, entre outras, o Festival de Música de Setúbal, a Festa da Ilustração e o Setúbal

Mais Bonita, corroboram do mesmo modo a abertura do Agrupamento e, simultaneamente, constituem

momentos chave para a exposição pública do trabalho concretizado. Estas dimensões são ainda

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conseguidas pela dinamização de atividades que apelam à participação da comunidade, onde não podem

deixar de ser referidos o Arraial de Santiago e o Dia da Família, por exemplo.

A atribuição de diversos prémios ao Agrupamento, por várias instituições, representa outra evidência

clara do reconhecimento do trabalhado realizado, em múltiplas áreas. O estatuto de Escola do Ano,

concedido pela coordenação local do Desporto Escolar, realça a ação levada a cabo no campo desportivo,

muito por força da participação extraordinária dos alunos do curso profissional de Técnico de Gestão

Desportiva na organização das competições. Foi-lhe ainda atribuída a Medalha da Cidade, pela Câmara

Municipal de Setúbal, como reconhecimento dos serviços prestados. A concessão do selo Escola

Intercultural, pela Direção-Geral da Educação e pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo

Intercultural, enaltece outra das vertentes desenvolvidas.

Nesta linha, a valorização do sucesso dos alunos também não tem sido escamoteada. Além da exposição

dos seus trabalhos, está instituído o quadro de mérito cuja entrega de diplomas ocorre em cerimónia

pública muito participada, constituindo mais um momento simbólico da participação da comunidade

educativa.

Em conclusão, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na

melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Apresenta

uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes.

Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de BOM no domínio Resultados.

3.2 – PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EDUCATIVO

PLANEAMENTO E ARTICULAÇÃO

Os documentos de planeamento analisados demonstram que os docentes tiram partido das

especificidades do meio onde o Agrupamento se encontra inserido e integram-nas no processo educativo

de modo a proporcionar aprendizagens mais contextualizadas. Neste sentido, são efetuadas visitas ao

Moinho de Maré da Mourisca, ao Museu do Trabalho Michel Giacometti, bem como à Baixa e ao porto

da cidade de Setúbal. Atividades como a comemoração do Dia do Mar, O Museu Vai à Escola e o estudo

de autores da região, entre outras, corroboram efetivamente o desenvolvimento do currículo em

articulação com o local.

A gestão curricular é feita em sede das reuniões de coordenação de ano de escolaridade, de grupos de

recrutamento e dos departamentos curriculares, colaborativamente entre docentes. Estes momentos

têm proporcionado a elaboração de planificações, a construção de instrumentos de avaliação, a

preparação de projetos e atividades, bem como a construção e partilha de materiais. Realça-se o facto de

este trabalho em equipa ser facilitado pelo recurso a tempos semanais comuns nos respetivos horários

que são utilizados para a concretização daquelas e de outras tarefas.

O trabalho colaborativo entre docentes tem assumido uma dimensão mais abrangente envolvendo

profissionais dos vários níveis de educação e ensino e de diferentes disciplinas, esbatendo barreiras e

reforçando a coesão do processo educativo. Crianças e alunos têm assim participado em múltiplos

projetos e atividades que contribuem para a construção da identidade do Agrupamento e que se

repercutem positivamente, entre outros aspetos, nas etapas de transição entre níveis/ciclos. Este

objetivo tem ainda sido conseguido pela realização de reuniões, entre docentes, para transmissão de

informação sobre os percursos escolares das crianças e dos alunos.

Neste contexto, não pode deixar de ser mencionado o projeto Sala Júnior, destinado aos estudantes do

4.º ano de escolaridade que vão frequentar o 5.º, que lhes permite conhecer os espaços da nova escola,

estabelecer relações com os seus colegas mais velhos e com outros professores e vivenciar experiências

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educativas que apoiam o seu processo de integração. Outras ações complementam este trabalho na

educação pré-escolar, onde são desenvolvidos projetos similares, e no 3.º ciclo e ensino secundário, com a

dinamização de processos de orientação vocacional para os alunos do 9.º ano e de diversas iniciativas de

divulgação de ofertas educativas.

Ao nível da articulação curricular vertical, o Agrupamento iniciou já um trabalho relevante,

identificando conteúdos comuns às várias áreas e anos de escolaridade que demonstram um

investimento significativo desde a última avaliação externa, matéria que constituía, à data, um ponto

fraco. Contudo, trata-se de um campo que continua a merecer especial atenção de modo a garantir

plenamente uma sequência progressiva de objetivos, de programas e de metodologias para que cada

nível complemente, amplie e aprofunde o antecedente, tendo em vista garantir uma maior coerência na

sequencialidade das aprendizagens e, consequentemente, um maior impacto na qualidade do trabalho

realizado. O próprio plano de estudos e desenvolvimento do currículo, que é presentemente um

documento espartilhado, poderá evoluir no sentido de consagrar as opções do Agrupamento nesta área e

funcionar como um referencial para os docentes.

Recolheram-se algumas evidências de articulação curricular horizontal, realizada pelos docentes dos 2.º

e 3.º ciclos, na programação de visitas de estudo e de outras atividades que resultam do cruzamento dos

conteúdos de várias disciplinas. Trata-se, todavia, de uma área a aprofundar através da ação dos

conselhos de turma, aquando da conceção do respetivo plano de trabalho, de modo a conseguir uma

visão mais integrada do desenvolvimento do currículo. Regista-se uma boa articulação entre os

educadores e os responsáveis pela concretização das atividades de animação e apoio à família, na

educação pré-escolar, nos processos de planificação, supervisão e avaliação. Entre os docentes titulares

de turma e os dinamizadores das atividades de enriquecimento curricular, no 1.º ciclo, não tem existido,

todavia, um trabalho estruturado, sobretudo ao nível do seu planeamento conjunto e articulado.

PRÁTICAS DE ENSINO

As práticas de ensino integram metodologias que implicam ativamente as crianças e os alunos na

aprendizagem. Neste âmbito, são de mencionar, por exemplo, os trabalhos de grupo e de pesquisa e as

apresentações orais. Coexistem, todavia, algumas práticas muito centradas na exposição, por parte dos

professores, que motivam pouco os alunos. As tecnologias de informação e comunicação, ainda que

exploradas em algumas turmas, não assumem igualmente, em vários casos, um caráter relevante nos

processos de ensino e de aprendizagem, por vezes, é certo, por determinados constrangimentos.

Na área das ciências, o trabalho prático, em contexto de sala de atividades/aula, não é concretizado com

a frequência desejável, em alguns grupos/turmas. Apesar disso, identificam-se iniciativas que

demonstram, mesmo assim, a importância concedida a esta dimensão. Na verdade, esta vertente integra

uma das atividades de enriquecimento curricular, no 1.º ciclo, e são promovidas ações como a Semana

das Ciências e as visitas a centros Ciência Viva que estimulam a curiosidade científica das crianças e

alunos. O Jardim Central da Ciência é outro dos projetos do Agrupamento a merecer destaque.

A atividade letiva inclui também a realização de visitas de estudo, promovendo, deste modo, uma maior

diversidade de contextos educativos. O Mosteiro dos Jerónimos, o Palácio da Ajuda, o Museu das

Comunicações e o Convento de Mafra são alguns dos locais objeto de estudo de acordo com os programas

das diferentes áreas do currículo. As idas ao teatro, nomeadamente as que se relacionam com as obras

de educação literária, são uma boa estratégia para a motivação das crianças e dos alunos para a leitura

e para a arte dramatúrgica.

O programa Erasmus+, destinado aos alunos dos cursos profissionais, não pode deixar de ser

mencionado pelas experiências bastante enriquecedoras que tem proporcionado aos participantes, facto

que adquire especial pertinência dado o contexto sociocultural em que o Agrupamento está inserido.

Aliás, no quadro das ofertas educativas de caráter profissionalizante, os estudantes são envolvidos na

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organização de muitas atividades que estão diretamente correlacionadas com as respetivas áreas de

formação. Além do exemplo já apresentado, também os alunos da área de gestão de eventos têm

colaborado na dinamização de iniciativas dentro e fora da escola, algumas promovidas pela Câmara

Municipal de Setúbal. Apesar disso, em algumas disciplinas, como as línguas estrangeiras, as práticas

de ensino poderão ter subjacente, ainda mais, o perfil de saída de cada curso.

As bibliotecas escolares têm realizado um trabalho muito dinâmico na motivação das crianças e dos

alunos para a leitura, concretizando diversas ações com este objetivo, como as feiras do livro, os

encontros com autores e ilustradores e a Semana da Leitura, por exemplo. De referir o facto de a

professora bibliotecária ser bastante pró-ativa na divulgação da atividade da biblioteca junto dos alunos

com o objetivo de uma frequência mais regular pelos estudantes. A coorganização de várias iniciativas

do plano anual evidencia também a centralidade que estes espaços ocupam, ainda que, em algumas

escolas do 1.º ciclo, haja algum subaproveitamento das suas potencialidades. A dimensão artística do

currículo detém um lugar de destaque não só ao nível da oferta educativa propriamente dita, com o

curso profissional de Técnico de Artes do Espetáculo, por exemplo, mas também de um conjunto de

projetos e atividades anualmente desenvolvidos (Olhar a Arte em Português), alguns dos quais com forte

tradição no Agrupamento, como o Sant’Iago Olodum, na área de percussão.

A diversidade da oferta educativa, já sublinhada, e a implementação de medidas de promoção do sucesso

escolar demonstram que o Agrupamento procura responder às diferentes necessidades dos alunos.

Contudo, no âmbito mais restrito da sala de aula, e ainda que os docentes adotem algumas estratégias

que passam pela aprendizagem cooperativa e por um acompanhamento mais individualizado dos

alunos, a diferenciação pedagógica ainda não é o princípio claramente orientador da organização do

trabalho em sala de aula.

No que diz respeito aos alunos com necessidades educativas especiais, registaram-se evidências de uma

boa articulação entre docentes, técnicos e famílias no desenho e na implementação das respostas

educativas. Neste âmbito, é ainda de destacar a rede de parcerias existente, nomeadamente com a

Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, que contribui para a melhoria

dos processos de ensino e de aprendizagem destes alunos. A ligação a estabelecimentos comerciais e

empresariais ou outras instituições, no âmbito do desenvolvimento dos planos individuais de transição,

é, todavia, uma área a explorar. As taxas de sucesso destes estudantes atingem o sucesso pleno, em

muitos casos. Todavia, nos 2.º e 6.º anos, em 2015-2016, são muito baixas, evidenciando a fraca eficácia

do trabalho levado a cabo e da monitorização dos programas educativos individuais, matéria que poderá

assumir relevância na discussão entre os profissionais envolvidos.

O Agrupamento iniciou, no ano letivo anterior, um processo de supervisão pedagógica, focado nas

questões relacionadas com o feedback a dar às crianças e aos alunos, em contexto de ensino e

aprendizagem, que está a ser presentemente generalizado. Trata-se, na verdade, de um passo

significativo para a promoção da observação e da reflexão das práticas de ensino enquanto atividade

intrínseca aos próprios departamentos curriculares que urge, por isso, continuar a desenvolver.

MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ENSINO E DAS APRENDIZAGENS

Os procedimentos avaliativos foram objeto de reflexão, tendo sido elaborado um documento de

avaliação, que constitui um referencial para a concretização deste processo pelos docentes. Os critérios

são divulgados junto dos alunos e dos encarregados de educação, no início do ano letivo, no respeito pelo

princípio da transparência. De referir o facto de a sua elaboração ter por base uma matriz comum, em

todas as disciplinas, o que facilita a apropriação do seu conteúdo por aqueles destinatários. Contudo,

neste âmbito, seria de harmonizar, numa perspetiva vertical, em particular nas disciplinas da área das

ciências, a inter-relação entre o saber, o saber fazer e o saber estar de modo a explicitar de forma mais

clara a dimensão do trabalho prático.

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9

O recurso à avaliação formativa assume importância, em vários casos, como veículo informativo para os

alunos, acerca do estádio das suas aprendizagens, e como regulador da prática educativa para os

docentes, o que tem contribuído para a melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem. Neste

contexto, merece referência o facto de aqueles profissionais proporcionarem cada vez mais momentos de

feedback aos alunos. A utilização diversificada de instrumentos, como os testes, as grelhas de

observação, os relatórios de aulas laboratoriais e os trabalhos individuais e de grupo, faz igualmente

parte das práticas avaliativas empreendidas, triangulando-se, portanto, a informação proveniente de

várias fontes.

A autoavaliação está instituída, valorizando, por isso, o papel das crianças e dos alunos na regulação

das suas aprendizagens. A produção de matrizes e de testes comuns, em especial na avaliação

diagnóstica e sumativa, tem concorrido, por um lado, para a aferição dos instrumentos e para maior

fiabilidade das práticas avaliativas e, por outro, para a garantia da equidade e da igualdade de

oportunidades. Contudo, há ainda aspetos a melhorar se, à semelhança do que já é feito no 1.º ciclo, a

troca de testes para correção entre docentes da mesma disciplina/ano de escolaridade se tornar uma

prática generalizada. Importa igualmente refletir sobre a possibilidade e a importância de dar a

conhecer aos alunos as cotações de cada questão logo no momento da realização dos testes.

O Agrupamento desenvolve processos de monitorização relativos ao cumprimento do planeamento, pelos

docentes, no seio dos departamentos curriculares. Também os planos de turma evidenciam o

levantamento, periódico, de indicadores relativos ao trabalho realizado através do perfil de desempenho

da turma. No que diz respeito às medidas de promoção do sucesso escolar, os dados analisados

demonstram, em vários casos, uma fraca eficácia. Os apoios educativos, nos 2.º e 3.º ciclos, dada a falta

de assiduidade dos alunos propostos, representam, a este respeito, um exemplo paradigmático. São

razões que justificam a reformulação das estratégias seguidas ou mesmo a substituição das medidas em

causa por outras que se revelem mais eficazes.

Apesar da diversificação da oferta educativa e do trabalho concertado entre os docentes

titulares/diretores de turma, os técnicos e outros parceiros, em especial a Comissão de Proteção de

Crianças e Jovens, cuja dinâmica instituída é de sublinhar, os resultados alcançados no âmbito da

interrupção precoce do percurso escolar ainda não são os desejáveis, como referido anteriormente, pelo

que se trata de uma área que continua a carecer de um investimento significativo.

Em síntese, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na

melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Apresenta

uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes,

o que justifica a atribuição da classificação de BOM no domínio Prestação do Serviço Educativo.

3.3 – LIDERANÇA E GESTÃO

LIDERANÇA

O projeto educativo, enquanto documento estruturante da ação do Agrupamento, espelha uma visão

estratégica centrada na qualidade da formação a prestar às crianças e aos alunos e no impacto das

intervenções na comunidade onde está inserido, realçando, desta forma, a importância da organização

escolar para o desenvolvimento do respetivo território educativo. No geral, aquele documento, após a

caracterização, estabelece um plano estratégico onde são definidos objetivos, metas (claras e avaliáveis,

na maioria dos casos) e estratégias. Apesar disso, no âmbito do diagnóstico realizado, não são

totalmente evidentes os contributos da anterior avaliação externa, nomeadamente ao nível das áreas de

melhoria (pontos fracos) então identificadas.

Em coerência com o projeto educativo, o plano de melhoria plurianual estabelece, pormenorizadamente,

as ações a implementar nas quatro áreas prioritárias definidas: resultados académicos e sociais,

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10

prestação do serviço educativo e relação com a comunidade educativa. O plano anual de atividades, por

sua vez, não evidencia claramente a sua relação com o planeamento estratégico anterior. Não são claros

os critérios que presidem à organização do documento e das diferentes iniciativas que o compõem nem a

intencionalidade subjacente a cada uma delas. Também não se encontram previstos os mecanismos de

avaliação.

Reconhece-se, todavia, a partir da análise do relatório final de execução relativo ao ano anterior, que se

encontram implementados alguns procedimentos avaliativos sobre as atividades realizadas, como o grau

de concretização, o nível de execução e os custos globais. Contudo, importa aprofundar, no quadro da

autoavaliação, estes mecanismos através da criação de indicadores que se debrucem mais sobre a

qualidade e os impactos nas aprendizagens. Um maior envolvimento da comunidade educativa neste

processo, nomeadamente dos alunos, poderá ser alvo de atenção, pelos responsáveis, no sentido de se

valorizar mais os seus contributos e estimular a sua capacidade crítica, na linha do que se afirmou

anteriormente.

A direção constitui uma equipa coesa que prossegue o rumo delineado e mobiliza os restantes

colaboradores na missão educativa. A sua atuação pauta-se pela abertura, pela enorme disponibilidade

e pela relação de confiança com os trabalhadores. O diretor, em particular, imprime um grande

dinamismo ao Agrupamento e revela pró-atividade, contagiando os colaboradores, na linha de um líder

transformacional. A sua proximidade junto dos alunos é ainda fator de motivação e de criação de um

sentido de pertença. A partilha de responsabilidades e a capacidade de gerir conflitos reúnem também

algum consenso na comunidade como marcas da ação da direção, a par da valorização das lideranças

intermédias. A realização de uma ação de formação, para estes elementos, sobre o seu papel, é disso

exemplo. Coordenadores, diretores de turma e outros responsáveis consideram efetivamente o seu

trabalho reconhecido e têm autonomia no exercício das suas funções.

No quadro desta liderança, a mobilização da comunidade educativa e a constituição de múltiplas

parcerias é uma realidade, num contexto onde a atuação em rede é fundamental tanto para a resolução

dos problemas dos alunos e famílias como para a melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.

Assim, é de mencionar o trabalho levado a cabo em conjunto com as autarquias, o Agrupamento de

Centros de Saúde de Setúbal e Palmela, a Universidade Católica, o Instituto Politécnico de Setúbal,

entre muitas outras. Uma referência mais particular, neste contexto, ao papel interventivo da

associação de pais e encarregados de educação na coorganização de muitas atividades e na melhoria das

condições do ensino e da aprendizagem nos diferentes jardins de infância e escolas.

O conselho geral tem chamado ao debate temas de interesse para a comunidade e tem dado os seus

contributos para a melhoria do funcionamento do Agrupamento, ainda que seja expectável, dentro das

competências que lhe estão atribuídas, um trabalho ainda mais exigente e crítico no âmbito do

acompanhamento e avaliação do projeto educativo e da apreciação dos relatórios periódicos de execução

do plano anual de atividades.

GESTÃO

O Agrupamento definiu critérios para a formação de grupos e de turmas, para a elaboração de horários

dos alunos e para a distribuição do serviço docente que evidenciam, no geral, o primado dos princípios

de natureza pedagógica. Na constituição dos grupos e das turmas é dada atenção à sua continuidade, ao

respeito pela heterogeneidade das crianças e jovens e ao equilíbrio entre aspetos como a faixa etária e o

género, por exemplo, sem prejuízo de outros fatores que possam, em cada caso, ser determinantes para a

promoção do sucesso e o combate ao abandono escolar. Na elaboração dos horários é tida em conta, no

caso dos 2.º e 3.º ciclos, a concentração máxima das atividades escolares num único turno, aspeto que

concorre para a qualidade do ambiente educativo.

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A distribuição de serviço do pessoal não docente tem em conta o perfil do trabalhador, em termos de

competências e de adequação à função, bem como, sempre que possível, as suas preferências,

procurando-se, desta forma, a sua satisfação e o máximo de eficiência nos seus desempenhos. A gestão

destes elementos é feita numa lógica de Agrupamento a fim de salvaguardar o bom funcionamento dos

vários estabelecimentos de educação e ensino. Porém, registaram-se evidências que apontam para a

necessidade de uma maior valorização dos contributos destes trabalhadores de modo a incrementar a

sua motivação e as relações interpessoais positivas entre os elementos da comunidade educativa. Na

distribuição de serviço docente é ainda privilegiada, sempre que possível, a continuidade das equipas

pedagógicas e do cargo de diretor de turma, o que, de certa forma, potencia uma interação mais eficaz

com os alunos e respetivas famílias.

Com base no levantamento das necessidades efetuado, o Agrupamento elaborou um plano de formação

para o pessoal docente e não docente, verificando-se que nem sempre as ações inscritas se enquadram

nos objetivos constantes do projeto educativo. Por outro lado, existe um plano de capacitação, elaborado

no âmbito do plano de melhoria plurianual, cuja articulação com aquele documento não é muito

evidente. No último triénio, as ações frequentadas, quer a nível externo quer interno, pelos docentes,

incidiram em áreas diversificadas, focando aspetos didáticos e pedagógicos, lideranças e autoavaliação,

entre outras. Já o pessoal não docente esteve envolvido em iniciativas acerca do trabalho em equipa e

em ambientes de risco, bem como sobre os programas informáticos utilizados. A disseminação do

conhecimento em contexto, entre trabalhadores, após a frequência de ações, assume-se como uma área a

intensificar.

No que diz respeito à gestão dos espaços e equipamentos, coexistem instalações modernas e aprazíveis

com outras cuja construção é mais antiga, mas que se encontram, no geral, em bom estado de

conservação e não colocam em causa o desenvolvimento do currículo. Os vários estabelecimentos de

educação e ensino dispõem de bibliotecas razoavelmente apetrechadas, que importa, em alguns casos,

rentabilizar no âmbito do ensino e da aprendizagem. Existem equipamentos informáticos em todas as

unidades ainda que, em algumas delas, marcados pela escassez e pela inoperacionalidade, impedindo,

assim, uma utilização mais frequente. Os circuitos e dispositivos de comunicação interna e externa

funcionam com alguma eficácia. Realça-se a importância do uso do correio eletrónico entre docentes e

entre estes e os alunos e os pais e encarregados de educação. Há ainda a publicação de uma newsletter

de periodicidade semanal. A página eletrónica institucional apresenta um design que facilita o acesso e

a consulta da informação por toda a comunidade educativa.

AUTOAVALIAÇÃO E MELHORIA

O Agrupamento tem prosseguido o seu trabalho no campo da autoavaliação e melhoria, aperfeiçoando,

ao longo dos anos, a ação desenvolvida. A estabilidade da equipa responsável pelo processo e a

colaboração prestada pelo amigo crítico têm-se revelado fundamentais para a evolução registada.

Anualmente, a equipa de autoavaliação produz um relatório que triangula informação proveniente da

análise documental e estatística, bem como da aplicação de questionários de satisfação ou outros. Este

constitui de facto um dos aspetos mais positivos do trabalho realizado, que evidencia uma autoavaliação

cada vez mais abrangente, sustentada e agregadora da informação resultante de vários setores e

estruturas responsáveis pela monitorização de processos. Os seus impactos são particularmente

evidentes em áreas como a supervisão da prática letiva, entre outras.

O relatório referente ao ano letivo de 2015-2016 materializa, em linhas gerais, os princípios

apresentados no parágrafo anterior. O mesmo segue o modelo preconizado pela avaliação externa das

escolas, incidindo nos seus três grandes domínios: resultados, prestação do serviço educativo e liderança

e gestão. Identifica pontos fortes e fracos e efetua recomendações pertinentes, em alguns campos. Além

disso, a informação estatística apresentada revela uma certa maturidade na capacidade de

autorregulação do Agrupamento, nomeadamente no âmbito dos resultados académicos e da análise da

eficácia dos apoios educativos.

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Da sua leitura, extraem-se, todavia, algumas áreas de melhoria que poderão suscitar particular atenção

pelos responsáveis envolvidos. Primeiramente, a fraca adesão dos docentes aos questionários aplicados

(41,4%) demonstra um certo alheamento destes elementos face ao processo de autoavaliação, pelo que

importa aprofundar não só as ações de sensibilização mas também a própria divulgação de cada

relatório, na linha com o que começou a ser feito com a criação de um folheto informativo. Além disso,

tratando-se de um questionário acerca da aplicabilidade das estratégias pedagógicas consideradas mais

eficazes, haveria todo o interesse em recolher informação sobre esta matéria junto dos alunos,

possibilitando, assim, a triangulação da informação e conclusões mais sustentadas.

Por outro lado, em relação aos vários pontos fortes e fracos identificados em cada uma das áreas objeto

de avaliação, verifica-se que, por vezes, os últimos se centram em torno de aspetos de natureza externa,

tal como já foi referido a propósito da identificação dos fatores explicativos do insucesso, o que poderá

condicionar a implementação das ações de melhoria necessárias. Do mesmo modo, em alguns casos,

como o campo da liderança e gestão, a informação é demasiado descritiva, não se revestindo de

particular relevância para o progresso do Agrupamento. Também ao nível da avaliação dos projetos,

atualmente assente em indicadores como o número de alunos participantes e de atividades

desenvolvidas, por exemplo, poderão ser equacionados outros que estejam mais correlacionados com a

sua eficácia e com os impactos nas aprendizagens.

Em síntese, o ponto fraco identificado na anterior avaliação externa relativo à inexistência de ações de

melhoria, na sequência do diagnóstico organizacional, encontra-se superado. Na verdade, o

Agrupamento tem em curso um plano plurianual em resposta aos problemas identificados. Persistem,

todavia, os desafios apontados anteriormente para que a capacidade de autorregulação do Agrupamento

continue a evoluir gradualmente. A articulação entre as equipas de autoavaliação e TEIP ou mesmo a

sua fusão, se for essa a opção, assume-se igualmente como um aspeto a aprofundar no sentido de

rentabilizar recursos e de tornar a ação ainda mais eficaz.

Em conclusão, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na

melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Apresenta

uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes.

Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de BOM no domínio Liderança e Gestão.

4 – PONTOS FORTES E ÁREAS DE MELHORIA

A equipa de avaliação realça os seguintes pontos fortes no desempenho do Agrupamento:

A diversificação da oferta educativa em resposta às necessidades de públicos muitos

heterogéneos, o que se reflete positivamente no reconhecimento da ação desenvolvida pelo

Agrupamento e na satisfação das famílias.

A interação com a comunidade envolvente na procura de soluções para os problemas detetados,

através de uma atuação em rede, com impacto na melhoria dos processos de ensino e de

aprendizagem.

O trabalho desenvolvido no âmbito do comportamento e da disciplina, com a implementação de

diversos projetos, cuja ação se tem repercutido eficazmente na qualidade do ambiente

educativo.

A implementação de um projeto de supervisão da prática pedagógica focado numa área

primordial como é a do feedback às crianças e aos alunos.

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O perfil de uma liderança transformacional que mobiliza os trabalhadores na missão educativa

do Agrupamento, num contexto particularmente complexo.

A equipa de avaliação entende que as áreas onde o Agrupamento deve incidir prioritariamente os seus

esforços para a melhoria são as seguintes:

No aprofundamento da reflexão acerca das causas internas do insucesso para que possam ser

implementadas medidas de promoção do sucesso educativo mais eficazes na melhoria das

aprendizagens e dos resultados e na prevenção da interrupção precoce do percurso escolar.

No fortalecimento do trabalho sobre a participação dos alunos nas decisões que lhes dizem

respeito, nomeadamente pela valorização das funções de delegado de turma, do papel da

associação de estudantes e dos representantes dos alunos no conselho geral.

Na consolidação da ação no âmbito da articulação curricular horizontal e vertical de forma a

promover processos educativos mais coerentes e sequenciais e aumentar o sucesso.

Na generalização de práticas de ensino que integrem metodologias ativas e experimentais de

modo a motivar mais os alunos e permitir mais atividades de diferenciação pedagógica e de

avaliação formativa e, consequentemente, melhorar a qualidade das aprendizagens e dos

resultados.

03-03-2017

A Equipa de Avaliação Externa: António Frade, Carla Costa e Rui Castanheira

Concordo.

À consideração do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência, para homologação.

A Chefe de Equipa Multidisciplinar da Área

Territorial de Inspeção do Sul

Maria Filomena Aldeias

2017-06-26

Homologo.

O Inspetor-Geral da Educação e Ciência

Por delegação de competências do Senhor Ministro da Educação

nos termos do Despacho n.º 5477/2016, publicado no D.R. n.º 79,

Série II, de 22 de abril de 2016