relatorio anima forum 2008

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RELATÓRIO ANIMA FORUM 2008 RELATÓRIO ANIMA FORUM 2008

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Relatorio das atividades do Anima Forum 2008

Transcript of relatorio anima forum 2008

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nos seus dezesseis anos de existência,

anima mundi promoveu muitos encontros.

encontros entre o público e a animação autoral

brasileira; entre os mais importantes artistas

e técnicos em atividade no mundo; entre

estudantes e profissionais; entre os próprios

animadores brasileiros que, aliás, renderam

frutos como a aBCa – associação Brasileira

de Cinema de animação.

estes encontros registraram a meteórica

evolução da animação brasileira. Da

tímida participação de duas ou três obras

brasileiras nas primeiras edições do festival

aos trezentos filmes inscritos a cada ano, o

salto é espetacular. Crescemos não só em

número, mas também em qualidade. foi o

encontro do público com os patrocinadores,

a imprensa e os autores que provocou este

crescimento e transformou anima mundi

em um dos três maiores festivais

de animação do mundo.

em 2006 foi criado o anima fórum: novos

encontros onde a animação brasileira é agora

pensada como negócio e projeto estratégico.

um ponto de convergência entre os diversos

setores envolvidos: artistas, produtoras

independentes, redes de tV públicas e

privadas, abertas ou a cabo, distribuidores,

órgãos governamentais e co-produtores

internacionais. um encontro de negócios

em saudável convivência com o festival onde

a animação é celebrada como arte.

a parceria do BnDeS, como patrocinador

do anima fórum desde 2007, é um encontro

de visões que representam uma aposta na

indústria brasileira de animação. a chancela

do BnDS possibilitou a consolidação do

anima fórum e ampliou o seu alcance a nível

internacional e nacional.

em anima forum 2008, a 3ª edição do evento,

os participantes ouviram uma avaliação do

mercado internacional por uma das maiores

especialistas na área, a consultora americana

Heather Kenyon e conheceram as iniciativas

de vários órgãos - minC, BnDeS, anCine e

aPeX - no sentido de incentivar a produção

nacional. também debateram o papel das

tVs públicas na co-produção de animação e

as oportunidades de parcerias no merCoSul

e na américa latina para a criação uma

identidade latino-americana, principalmente

na produção de animação para tV.

inauguramos o sistema de caixa postal

entre os participantes. a sala de reuniões

multimídia reservada para reuniões do

fórum nunca esteve tão concorrida. a

pluralidade, qualidade e representatividade

dos membros das mesas e dos participantes

foi uma inegável comprovação de que o

universo da animação já não se restringe

apenas ao grupo de animadores e produtores

de animação. transbordou estes limites e é,

cada vez mais, um assunto muito sério.

e assim, outros encontros virão.

prefácio

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Dia 24 De julho De 2008 quinta-feira

aBertura | 9:00 às 9:15

PaleStra | 9:15 às 10:45 Heather Kenyon – um panorama atual do mercado internacional de animação

Heather Kenyon foi diretora de desenvolvimento da

Cartoon network e editora-chefe da aWn-animation

World network e atualmente e consultora de

desenvolvimento para séries infantis.

Coffee BreaK | 10:45 às 11:00

meSa reDonDa | 11:00 às 12:45

Viabilizando a Produção da animação

Brasileira

as várias iniciativas de apoio financeiro à produção e à

exportação de animação brasileira - o que é, o que será

e o que pode ser.

Participantes: Gustavo Dahl (minC), Sergio Sá leitão

(ancine), eliana russi (aBPitV), luis andre Sá

D’oliveira (BnDeS), mayra lucas (Glaz Cinema).

moderador: alê mcHaddo (aBCa)

Dia 25 De julho De 2008 sexta-feira

meSa reDonDa | 9:00 às 10:15

Co-produções com tVs Públicas – em busca

de conteúdo próprio.

a parceria entre as tVs públicas e os produtores

independentes para geração de conteúdo

especialmente concebido para as necessidades

culturais e educacionais próprias. Como esta

associação pode criar uma demanda constante e um

conseqüente aperfeiçoamento da produção nacional.

Participantes: leopoldo nunes (tV Brasil), Carlos

Wagner (tV Cultura), andre Breitman (aBCa/aBPitV).

moderador: Cesar Coelho (aBCa)

Coffee BreaK | 10:15 às 10:30

meSa reDonDa | 10:30 às 12:30

Co-produções na américa latina

o mercosul é o quarto maior bloco econômico do

mundo. Como transformar esta força econômica

em mercado para a produção latino-americana. Que

modelos podem ser adotados de co-produção e de

distribuição de filmes de animação latino-americanos.

Participantes: manoel rangel(ancine/recam), Juan

Pablo Zaramella (argentina), Horácio Grinberg

(argentina), monica ortiz (Colômbia), armando arce

(Venezuela), reynaldo marchezini (Brasil).

moderador: marta machado (aBCa/otto Desenhos

animados)

enCerramento | 12:30 às 12:45

programação

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andré Breitman andré foi o editor responsável pelo mundo da Criança on-line- um website para crianças totalmente

animado que é visto diariamente por quase 1,000,000 de crianças Brasileiras. Como produtor executivo supervisionou a criação de mais de 20 horas de animação para o site mundo da Criança, o DVD “toquinho no mundo da Criança” e o processo de desenvolvimento, co-produção internacional com o Canadá e venda das séries animadas para tV “neo” e “my Big Big friend” (amigãozão).

alê mcHaddo em 1996, fundou a produtora 44 Bico largo, que entre seus principais títulos traz os jogos para computador: enigma da esfinge, ao lado da atriz

marisa orth, e jogo monstruário, com Ze do Caixão. em 1998, mcHaddo criou a turma da BugiGangue, lançando a primeira revista digital do país, que junto com a revista trazia um CD rom com a versão animada das matérias e um jogo para computador. ale mcHaddo é professor das universidades anhembi morumbi e Senac, e é o atual presidente da associação Brasileira do Cinema de animação.

armando arce artes plásticas, pintura, desenho gráfico e a escultura são vertentes da arte onde armando incursionou com paixão. nos primeiros anos da década

de 70, estudou na escola técnica de Dibujo y arte de Caracas. Depois se incorpora ao trabalho da televisão educativa. Participou da realização dos documentários: “instituto oceanográfico de la universidad de oriente” e “Portuguesa, futuro abierto”. É diretor e fundador do Departamento de Cinema animado.

Carlos Wagner messerlian la-Bella 49 anos, é diretor da fundação Padre anchieta/tV Cultura, responsável pela Diretoria de Prestação de Serviços

– área que engloba os setores de Produção independente, Documentários e atendimento a Clientes institucionais. Carlos Wagner é produtor por formação. foi fundador do Sindicato da indústria do audiovisual de Santa Catarina, produtor de publicidade em Porto alegre, produtor de conteúdo, e produtor executivo de cinema e televisão em Santa Catarina e São Paulo.

eliana russi Desde junho de 2007, atua como Gerente executiva do Projeto Setorial de exportação Brazilian

tV Producers, programa de promoção internacional em parceria com a aBPitV, minC e apex-Brasil. É responsável pelo desenvolvimento de novas oportunidades de negócios para a produção independente de televisão no mercado internacional, tais como co-produção e parcerias comerciais. entre 2001 e 2007 implantou o setor negócios internacionais em arte e indústrias Culturais no Consulado Geral do Canadá de São Paulo.

Heather Kenyon Graduou-se em roteiro para Cinema na university of Southern California School of Cinema-television e começou sua carreira em animação

no estúdio Hanna-Barbera. ela foi diretora sênior de desenvolvimento de séries originais no Cartoon network. atualmente é consultora especializada no desenvolvimento de animação para crianças. antes de trabalhar no Cartoon network, Kenyon foi editora-chefe do animation World network (www.awn.com), um dos mais importantes sites sobre animação.

Juan Pablo Zaramella Desde 2000, Zaramella vem fazendo filmes de animação independentes em parceria com sua mulher, Silvina Cornillón. o primeiro filme da dupla

foi “el Desafío a la muerte” (o Desafio à morte, 2001). Depois fizeram “Viaje a marte” (Viagem a marte, 2005), em parceria com o roteirista mario rulloni. esse filme recebeu mais de 45 prêmios mundo afora, entre os quais o de melhor Curta-metragem pelo Júri Popular (rJ) no anima mundi. Seu filme mais recente, “lapsus” (2007), melhor Curta-metragem pelo Júri Popular (SP) no anima mundi, conta a história de uma freira dividida entre a luz e as trevas.

mayra lucas É sócia da Glaz entretenimento. aos 28 anos, mayra já assinou a produção de mais de 15 curtas metragens e do longa metragem

CorPo, lançado em maio de 2008. atualmente atua como chefe de desenvolvimento dos projetos da Glaz e como produtora executiva do longa-metragem em stop motion minhocas, que será lançado em janeiro de 2009. mayra também é vice presidente da associação Brasileira de cinema de animação.

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Horacio G. Grinberg Como produtor participou, de vários longas, entre eles “monoblock” (2006), (Premio especial no 7º BafiCi - festival de Cinema independente de

Buenos aires) e em “las manos” (2006), ganhador do Premio Goya de melhor filme estrangeiro de língua espanhola, concedido pela academia espanhola de artes e Ciências Cinematográficas. atualmente está trabalhando na última versão do longa de animação “Cuentos de la Selva” (em pré produção), inspirado nos contos infantis de Horacio Quiroga.

leopoldo nunes Dirigiu o longa o profeta das águas (2006, 35mm - melhor longa-metragem do fiCa e melhor filme do eCoCine). trabalhou ainda, como

diretor de documentários para a tV dos trabalhadores, StV e tV Bandeirantes. Dedicou-se nos últimos anos a política institucional do cinema brasileiro, tendo presidido a aBD-SP e a aBD nacional, entre 1998 a 2001. nomeado membro da diretoria colegiada da anCine - agência nacional do Cinema em dezembro de 2006, com mandato até 2009.

luís andré Sá d’oliveira economista formado na PuC/rJ, mBa em finanças pelo iBmeC-rJ. trabalhou em bancos de investimento como

Banco BBm e Banco Bozano, Simonsen na área de mercado de capitais, como analista de investimentos de administrador de carteiras. É o chefe-substituto do Departamento de Cultura entretenimento e turismo do BnDeS. trabalhou por 3 anos na Área de infra-estrutura do BnDeS, participando da modelagem de operações de Project finance.

marta machado É produtora associada da otto Desenhos animadoss. foi presidente da associação Profissional de técnicos Cinematográficos aPtC-

aBD/rS, fez parte do Conselho Curador da fundacine, coordenou o Grupo de trabalho Permanente de Distribuição do CBC e atualmente é membro do Conselho Deliberativo da tVe-rS e secretária executiva da gestão 2008-2009 do Congresso Brasileiro de Cinema - CBC. Junto com a otto Desenhos prepara o terceiro longa da produtora fuGa em rÉ menor Para KraunuS e PletSKaYa, premiado pela rGe, BnDeS e Petrobras.

mónica ortiz fundadora e produtora geral da toonka films, tem focado toda sua experiência na produção de cujo foco é de jovens adultos. líder do

laboratoon, uma área experimental que promove a animação como ferramenta pedagógica de grande alcance, o qual já teve resultados em inovação e tecnologia com o desenvolvimento de uma ferramenta de software livre chamada Ktoon 2D, e projetos de alcance cultural e pedagógico com empresas emblemáticas como Sésame WorkShop.

reynaldo marchezini É o fundador da flamma filmes, empresa responsável pela criação e co-produção da série “Princesas do mar” que está sendo exibida pela

Discovery Kids e em mais de 45 países. marchezini tem ampla experiência no mercado de licenciamento e distribuição de filmes, tendo trabalhado por vários anos como sócio na exim licensing Group e na mega filmes, representando no Brasil estúdios como Sony (Homem-aranha), Disney (mickey), nelvana (franklin), nintendo (Pokémon), Hit (Barney), Cinar (Caillou, arthur) entre outros.

Sérgio Sá leitão É diretor da agência nacional de Cinema (ancine) desde março de 2008. Coordenou os programas Copa da Cultura, música do Brasil, CulturaPrev

e economia da Cultura, entre outros. Dirigiu curtas, documentários, clipes e comerciais, como “We Belong” (2002) e “a Balada do mar Salgado” (ed motta, 2002). Publicou sete livros e catálogos, entre os quais o premiado “futebol-arte - a Cultura e o Jeito Brasileiro de Jogar” (SenaC, 1999). É membro do Conselho do Projeto de exportação de artes Visuais (apex).

Gustavo Dahl Gustavo Dahl foi diretor da distribuidora da embrafilme; presidente do Conselho nacional de Cinema – ConCine; presidente do

Conselho nacional de Direitos autorais – CnDa; membro do Grupo executivo da indústria Cinematográfica – GeDiC; e relator do plano estratégico: nova Política Cinematográfica, que contemplava a criação da agencia nacional do Cinema. em 2001 é nomeado diretor-presidente da recém-criada agência nacional de Cinema – anCine. a partir de 2008 assumiu a gerência do Centro técnico audiovisual. É também presidente do Conselho da Cinemateca Brasileira.

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espaço oficial de debates do anima mundi, o

anima fórum chegou à sua terceira edição

em 2008 reunindo um grande número de

profissionais brasileiros e estrangeiros,

para discutir e entender o mercado de

animação. Durante dois dias, na fase

paulistana do festival, no memorial da

américa latina, os assuntos mais atuais

da área passaram em revista, em debates

envolvendo as principais autoridades de

cinema no país, além de ativos produtores

brasileiros, convidados da américa latina e

uma experiente produtora internacional.

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Confirmando a sua importância para a classe,

o anima fórum serviu de palco para anúncios

oficiais para a área de cinema. Sérgio Sá

leitão, da ancine, anunciou o fundo Setorial

de Cinema, que, segundo ele, deve ser lançado

ainda em 2008, falou do Programa especial

de fomento e também do desenvolvimento

de um cluster de animação. Já Gustavo Dahl,

representante da SaV, também anunciou uma

série de medidas para a área, incluindo os

Programas anima tV de fomento à produção

e à teledifusão de séries de animação infanto-

juvenis e de animação adulta.

leopoldo nunes, diretor de programação

e conteúdo da tV Brasil, anunciou também

um edital de r$ 60 milhões para a produção

de séries e curtas, em parceria com a

produção independente e ainda disse que a

emissora pretende realizar pitchings anuais

ou semestrais para a escolha de parceiros

de co-produção. finalmente, na última

mesa-redonda, o presidente da ancine,

manoel rangel, explicou como andam

os acordos de cinema entre os países

do mercosul, que visam fomentar novas

parcerias para a área na região.

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um auditório cheio e curioso assistiu à

palestra de Heather Kenyon, escalada para

abrir o anima fórum 2008. Com as credenciais

de quem foi diretora de desenvolvimento

da Cartoon network e editora-chefe do site

animation World network (aWn), a atual

consultora de desenvolvimento para séries

infantis deu uma verdadeira aula sobre o

mercado de animação internacional, inclusive

ensinando ponto a ponto como é possível se

preparar para um pitching no exterior.

não por acaso, sua fala acabou se

transformando na principal fonte de discussão

do fórum, repercutindo nos debates seguintes.

Com foco no profissional de animação, Heather

começou dando uma visão global da indústria

nos dias de hoje. Segundo ela, o mercado

de entretenimento vive um momento muito

especial, uma reviravolta por causa das novas

plataformas de distribuição de conteúdo.

assim, esta seria a hora de investir em novas

plataformas de distribuição, incluindo aí, novas

formas de distribuição dos produtos infantis,

sobretudo porque as crianças de hoje estão

cada vez mais ligadas em tecnologia.

“num Painel reCente Com 25 CriançaS noS eua,

elaS moStraram Que HoJe SeuS intereSSeS Se

DiVerSifiCaram e num ranKinG De PrioriDaDeS

DeiXaram Claro Que o Celular É o maiS

imPortante entre aS DiferenteS PlataformaS,

SeGuiDo DePoiS Por ComPutaDor, JoGoS e

Somente Por último a tV.”

panorama do mercado internacional de animação por Heather Kenyon

Hoje, as principais negociações entre

produtores, compradores e redes de tV do

mercado de animação infantil acontecem em

feiras de negócios realizadas anualmente:

• KiDSCreen, em feVereiro, em noVa YorK

• miP tV, em aBril, em CanneS

• miPCom, em outuBro, em CanneS

Destes, de acordo com Heather, o mais

importante é o miPCom, que durante dois

dias de outubro tem um braço infantil batizado

de miPCom Junior, no qual os compradores

tentam conhecer o máximo de produtos da

área. É ali que as vendas diretas para tV e

bons negócios de co-produção são fechados.

Como o dinheiro está cada vez mais curto, as

co-produções internacionais se tornaram as

soluções mais eficazes atualmente.

“Se você é produtor e se tiver dinheiro para

ir somente numa feira, invista no miPCom”,

disse ela. “É a maior e mais importante. e é ali

que poderá procurar parceiros que ajudem nos

Hea

tHer K

enYon

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altos custos dos seus projetos.”

Participante experiente deste tipo de

evento, Heather confirma que as últimas

feiras têm passado por transformações,

porque um novo modelo de negociação

está se configurando por causa das novas

plataformas de exibição.

“ninGuÉm SaBe ao Certo De onDe eStÁ VinDo

o DinHeiro, PorQue HÁ rePreSentanteS

DaS noVaS míDiaS, maS tamBÉm oS VelHoS

ComPraDoreS, Que traBalHam Com oS

moDeloS De finanCiamento antiGoS. atÉ

a miCroSoft montou um eStanDe no miP

tV De aBril, ComProVanDo o intereSSe Da

internet na BuSCa De ConteúDo. maS ainDa

não DÁ Para DiZer Que eXiSte um moDelo

noVo De neGoCiação.”

os números da audiência também mostram

que há muitas mudanças em curso. Segundo

Heather, nos anos 80, antes da existência

das televisões a cabo, as grandes emissoras

americanas tinham picos de audiências de 22

a 25 pontos, aos sábados, no horário dedicado

à programação infantil. Hoje, canais com o

Cartoon network ou a Disney comemoram

quando chegam a 6,4% dos aparelhos ligados.

um desenho bem-sucedido como “Bob

esponja”, por exemplo, tem algo como 2,7

pontos de audiência. Há, claro, exceções, como

“High School musical 2”, que por ser verdadeiro

fenômeno popular quebrou todos os recordes

em sua estréia nos estados unidos, chegando

a 32% dos televisores ligados.

“o que vemos é que há menos dinheiro

porque as audiências estão se fragmentando

e os anúncios publicitários estão cada vez mais

baratos. ninguém sabe ao certo como

se ganha dinheiro, como se comercializa

melhor conteúdo para DVD ou para a internet.

Só sabemos que vale muito pensar em

conteúdos cruzados, programas de tV que

têm informações complementares na internet,

por exemplo”, disse Heather.

Com aquele jeito de quem realmente entende

deste mercado, a consultora deu um conselho

aos brasileiros:

“ComeCem a PartiCiPar DaS feiraS, ConVerSem

Com toDoS Por lÁ, ComPraDoreS, ProDutoreS,

PorQue oS PartiCiPanteS aSSíDuoS DeSteS

eVentoS São muito DeSConfiaDoS e Só Vão

o P

úB

liC

o n

a P

ale

Stra

De H

eatHer

CÉSar CoelHo aPreSenta HeatHer

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aBrir a GuarDa Se realmente PerCeBerem

Que VoCêS São SÉrioS. e iSto Só Vai aConteCer

Se VoCêS eStiVerem ali ano aPóS ano, eVento

aPóS eVento.”

mas como fazer para sobreviver até conseguir

firmar um bom contrato? Heather responde:

“tem Que faZer De tuDo, PeGar toDoS oS

traBalHoS, amPliar HoriZonteS. PenSar em

ConteúDo Para tV maS tamBÉm Para internet.

PeQuenoS ProJetoS É Que Vão BanCar Sua

PrioriDaDe. DiVerSifiQuem-Se.”

Para animar os brasileiros, Heather ainda

garantiu que há bastante espaço para séries

infantis com influência latina nos estados

unidos.

“É um merCaDo ainDa PouCo aProVeitaDo.

eSte SaBor latino DeVe Ser uSaDo naS SÉrieS

Que VoCêS tiVerem CrianDo.”

documento de pitching

na segunda parte da palestra Heather

procurou criar uma espécie de bula para

produtores que se preparam para enfrentar

um concorrido pitching internacional. o

documento de pitching, também chamado de

bíblia, reúne as mais importantes informações

sobre o projeto da série. Jamais o documento

deverá ser lido na hora da apresentação

do projeto para os compradores, porém a

bíblia servirá de guia para quem for explicá-

lo e deve ser entregue ao interessado. a

consultora ressalta que no caso das bíblias,

a velha máxima do “menos é mais” continua

válida. melhor ser sucinto e direto. outra dica

importante é conhecer bem a emissora para

a qual você irá propor a série ou programa.

Caso se trate de um programa com linhas

educativas, não adianta procurar uma

emissora focada só no entretenimento.

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ViSão Geral Do ProJeto

Deve ter entre uma e duas páginas,

no máximo. Deve ser direta, fácil

de ser lida, engraçada e colorida.

executivo nenhum lê um livro

enorme. uma boa frase deve resumir

o programa. exemplo: “meninas

Superpoderosas” são meninas que

estão salvando o planeta antes de

dormir. É importante dizer a duração

do desenho, fazendo alusão a uma ou

outra história.

DeSCrição DoS PerSonaGenS

tem que ter um parágrafo sólido

para cada personagem, mostrando

tudo de forma criativa e imaginativa.

não adianta pôr somente um bando

de adjetivos. Se a menina for gulosa,

é melhor dizer que não deixa passar

um sorvete. Como os programas

serão levados pelos personagens, é

necessário apresentá-los com clareza

e surpreender. a menina inteligente

que lê o tempo todo e garoto mandão

que gosta de aparecer são os mais

manjados. É fundamental apresentar

os personagens principais, mas é

preciso ser seletivo, porque não

adianta nada citar 38 personagens.

arte

Se for incluir desenhos, eles têm que

ser fantásticos, surpreendentes. Se

não for assim, melhor trabalhar a idéia

e só. e não precisa de toneladas de

desenhos. um desenho na capa com

os personagens principais mostrando

a interação entre eles já basta, além

de uma imagem para cada um deles na

hora de descrevê-los. e para ilustrar

o Spring Board escolha o momento

com mais ação, aquele onde reina o

caos absoluto. mais importante do que

muitos desenhos, é ter algo colorido e

com emoção. Se você escreve bem, não

precisa desenhar muito.

SPrinG BoarD

É o corpo do projeto. Se for bem

feito, serve para vendê-lo, mas se for

ruim, pode estragar tudo. tem que

ter começo, meio e fim. e nunca use

frases de efeito como “o que será

que vai acontecer?”. Você não pode

perguntar e sim deve responder. tem

que saber contar a sua história e

usar todos os personagens principais

indicados na descrição. Você tem que

conseguir contar de cinco a sete boas

histórias logo no projeto, porque senão

conseguir nem isso, como é que vai

chegar às 52 histórias necessárias

para uma série de meia hora?

uma BíBlia De PitCHinG, SeGunDo HeatHer KenYon, DeVerÁ Conter:

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HÁ tamBÉm o Que não DeVe Ser inCluíDo em Sua BíBlia:

Plano De marKetinG e De

liCenCiamento

- as emissoras têm seus próprios

departamentos de marketing para

cuidar desta área.

- na hora do pitching, seja direto

e jamais cante a trilha, vista-se de

personagens ou leve animais. a

melhor lição neste caso é pensar que

menoS É maiS. Sente-se na frente dos

compradores e conte a sua história bem

contada.

- não precisa incluir o número de

episódios porque a emissora vai definir

de acordo com o seu planejamento.

perguntas para Heather

Depois da palestra, o público teve a

chance de se manifestar fazendo perguntas.

uma foi sobre a animação para adultos.

a consultora diz que o mercado é realmente

pequeno, porque fazer cinema para adultos

é mais barato e rápido. Casos de sucessos

retumbantes como o dos “Simpsons” são

exceções no panorama geral. mas Heather

acredita que há, sim uma tendência de

o mercado se ampliar porque crianças

e adolescentes de hoje que se acostumaram

desde pequenos com a animação são

um público potencial para o segmento

no futuro.

outra questão foi a necessidade ou não

de um piloto do programa na hora de

apresentar o projeto. Heather foi categórica

dizendo que não, o que surpreendeu a

platéia brasileira, num assunto que acabou

se desdobrando em outros debates,

voltando vez por outra à tona.

“não É neCeSSÁrio. É aPenaS uma forma

ruim De GaStar o Seu DinHeiro ou Da Sua

emPreSa, Sem a Garantia De um retorno.

tem Que Ser um Piloto muito Bom, muito

SurPreenDente Para imPreSSionar. e

meSmo aSSim não PoDe PaSSar DoS CinCo

minutoS. maS eu não VeJo neCeSSiDaDe,

PorQue Quem ComPra o ProGrama GoSta

Da iDÉia e Vai Querer ProDuZir o Piloto.

eu meSma, noS CinCo anoS Que eStiVe

no Cartoon netWorK, Só Vi um Piloto

realmente Bom e DeCiSiVo Para feCHar

o neGóCio.”

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a primeira mesa redonda do anima fórum,

batizada de “Viabilizando a Produção da

animação Brasileira”, foi um grande painel

de atualização das diferentes iniciativas de

apoio financeiro à produção e à exportação

de animação nacional. o evento conseguiu

reunir representantes dos principais órgãos e

instituições que atuam na área. estiveram lá

Sérgio Sá leitão (ancine), eliana russi (BtVP),

luís andré Sá D´oliveira (BnDeS), mayra lucas

(Glaz Cinema) e Gustavo Dahl, que representou

Paulo alcolforado, da Secretaria de audiovisual

do ministério da Cultura, impossibilitado de

comparecer. a mediação ficou a cargo de alê

mchaddo, presidente da aBCa.

palco para anúncios oficiaisa mesa foi tanto um espaço para avaliações

do que já está sendo feito para dinamizar

produção, comercialização e distribuição

da área, como palco para uma série de

promessas de novos dispositivos que

prometem tornar a animação uma indústria

cada vez mais competitiva.

missão da aBCamcHaddo abriu os trabalhos falando da

missão da aBCa, segundo ele, uma jovem

associação de apenas cinco anos de vida, que

vem acompanhando de perto e lutando pela

profissionalização do segmento da animação.

Hoje, a associação tem como principais

objetivos fomentar produções, capacitar

profissionais e abrir caminho para que o

produto nacional chegue ao público.

“Sem QualQuer um DeSteS trêS laDoS

não CHeGamoS a luGar nenHum. o lonGa-

metraGem De animação CumPre um PaPel

SoCial muito GranDe, PorQue emPreGa

ProfiSSionaiS Por muito maiS temPo Do

Que uma ProDução traDiCional De Cinema.

aPeSar Da eVolução, Se não temoS eXiBiDor,

não temoS ParCeiro,” DiSSe mCHaDDo.

o presidente da aBCa afirmou que as tVs

brasileiras são ainda muito conservadoras na

compra de material de animação, preferindo

adquirir programas que já foram testados e

aprovados em outras partes do planeta. Por

isso, o setor de animação ainda depende tanto

dos diferentes modelos de financiamento.

luís andré Sá D´oliveira, gerente do Departamento de Cultura e Serviços do BnDeS

o representante do BnDeS fez um grande

apanhado das ações do banco para o

desenvolvimento da cadeia produtiva de

cinema, apoiada na visão da área como

indústria. Desde 1995, segundo luís andré,

o banco já investiu mais de r$ 90 milhões

no cinema, incluindo cerca de r$ 12 milhões

anuais, via renúncia fiscal, com base na lei

do audiovisual.

mesas-redondasviabilizando a produção da animação brasileira

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total inVeStiDo De 1995 a 2007:

r$ 88 milHõeS em 281 ProJetoS

ele mostrou ainda os resultados do Programa

de apoio à Cadeia Produtiva do audivisual

(Procult), dos fundos de financiamento à

indústria audiovisual (funcine) e comentou

a próximas ações do banco na área. Desde

1995, o banco regulamentou as operações

de investimento na atividade audiovisual,

aportando recursos em produções brasileiras

de longa-metragem de ficção, documentário

e animação. Cada projeto pode receber até

r$ 1,5 milhão.

total inVeStiDo De 2005 a 2007:

r$ 50 milHõeS em 10 ProJetoS

o edital anual de cinema tem uma verba de

r$ 12 milhões e busca selecionar projetos

que sejam viáveis economicamente, explicou

luís andré. ele fez questão de frisar que os

editais não têm cunho político e a apreciação

deles passa por uma comissão formada por

membros internos e externos. Segundo ele,

há um interesse especial pelos projetos

ligados à animação.

“É DinHeiro PúBliCo, Portanto temoS Que ter

muito CuiDaDo. Por iSSo, PaSSamoS a eXiGir

um Plano De neGóCioS, DanDo PrioriDaDe

a ProJetoS Com efetiVaS ConDiçõeS

De DiStriBuição e Bom DeSemPenHo no

merCaDo”, afirmou. “neSte SentiDo,

olHamoS aS Co-ProDuçõeS internaCionaiS

De animação Com muito CarinHo. noS DoiS

últimoS eDitaiS, trêS ProJetoS eSColHiDoS

foram De animação, um número eXPreSSiVo

Dentro DoS SeleCionaDoS.”

luíS anDrÉ SÁ D´oliVeira

Page 21: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 �1

luíS anDrÉ tamBÉm moStrou outroS

inStrumentoS De CrÉDito:

• Linha de crédito reemboLsáveL

Procult – Programa de apoio à Cadeia

Produtiva do audiovisual

esta linha de crédito foi criada a partir

do diagnóstico das dificuldades dos

produtores brasileiros de viabilizar a parte

deles em acordos de co-produção.

DeSDe: 2006

orçamento 2006-2008: r$ 175 milhões

SeGmentoS aPoiaDoS: audiovisual

(Cinema e tV)

ProDução: produção e co-produção

de obras audiovisuais brasileiras de

produção independente (exceto obras

publicitárias)

DiStriBuição: atividades de divulgação,

distribuição e comercialização de obras

audiovisuais e também de aquisição de

direitos de comercialização de obras

audiovisuais brasileiras de produção

independente

eXiBição: implantação, modernização,

expansão e reforma de salas de projeção

de obras audiovisuais no país

infra-eStrutura: implantação, expansão

e modernização da infra-estrutura do

audiovisual

limite mínimo Para oPeração Direta:

r$ 1 milhão

ratinG e eXPoSição De riSCo: dispensa

para operações até r$ 10 milhões

PartiCiPação Do BnDeS: para pequenas

e médias empresas até 100%; para

grandes empresas, até 70%

taXa De JuroS: Pmes: tJlP + 1% + até

1,8%* ; Grandes empresas: tJlP + 2% +

até 1,8%*

PraZo: até oito anos (incluindo carência)

GarantiaS: fiança pessoal, hipoteca,

propriedade fiduciária, fiança bancária,

penhor de ações, vinculação de recebíveis,

conta-reserva, seguro-garantia

*uS$ em caso de empresa de controle

estrangeiro, aquisição de equipamento

importado e operações com recebíveis

em moeda estrangeira.

ProtVD-Conteúdo – Programa de apoio à

implementação do Sistema Brasileiro de tV

Digital terrestre

• investimento em Fundos

funcines – fundos de financiamento da

indústria Cinematográfica nacional

orçamento anual: r$ 25 milhões

DeSDe: 2005

foCo no Setor auDioViSual (Cinema e tV)

SeGmentoS aPoiÁVeiS: produção,

distribuição, salas de cinema, infra-

estrutura

DeDução fiSCal: os funcines garantem

aos seus investidores a possibilidade de

dedução fiscal correspondente a 100%

do valor investido, até o limite de 3%

do imposto de renda a pagar (pessoa

jurídica) e 6% (pessoa física)

VantaGenS Do funCine, De aCorDo Com

o BnDeS:

Page 22: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008��

- instrumento de fortalecimento de

empresas nacionais independentes da

cadeia produtiva do audiovisual

- alavancagem de investimentos

privados para o reforço do objetivo de

fomento às empresas nacionais

- redução de gargalos setoriais

- estímulo à visão empreendedora,

profissionalização, transparência,

governança corporativa

- ótica do BnDeS - retorno financeiro

+ externalidades sócio-econômicas;

- Participação idealmente minoritária,

nunca exclusiva

funCineS JÁ em atuação:

funcine rB Cinema i

Patrimônio: r$ 15 milhões (BnDeS:

r$ 7 + 3 milhões)

objetivo: fortalecer a indústria

cinematográfica brasileira,

apoiando a produção de filmes e os

demais elos da cadeia produtiva.

investiu em 11 filmes e 1 empresa

distribuidora.

funcine lacan-Downtown filmes

Patrimônio: r$ 13,7 milhões (BnDeS:

r$ 7,9 milhões)

objetivo: fortalecer a indústria

cinematográfica brasileira,

destinando recursos ao segmento

da distribuição nacional de filmes. o

funcine lacan-Downtown filmes é

o primeiro destinado exclusivamente

ao segmento da distribuição, hoje o

principal gargalo do setor.

funCineS em anÁliSe

funcine DGf Quanta audiovisual i

Patrimônio: r$ 20 milhões (BnDeS:

r$ 8 milhões)

objetivo: fortalecer a indústria

cinematográfica brasileira, investindo

em empresas do segmento de infra-

estrutura.

funcine fator

Patrimônio: r$ 20 milhões (BnDeS:

r$ 5 milhões)

objetivo: fortalecer a indústria

cinematográfica brasileira, apoiando

a produção de filmes e os demais elos

da cadeia produtiva.

funcine Banif-Diler

Patrimônio: r$ 15 milhões (BnDeS:

r$ 5 milhões)

objetivo: fortalecer a indústria

cinematográfica brasileira, apoiando

o segmento de produção de filmes

nacionais.

Page 23: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 �3

• novidade - ProcuLt + recursos não reemboLsáveis

oBJetiVo: estimular a produção de obras

de audiovisuais para tV por produtoras

nacionais independentes.

inVeStimento aPoiÁVel: projetos

audiovisuais seriados de ficção, animação

ou de documentários, voltados para

exibição em televisão que atendam

cumulativamente os seguintes requisitos:

i – tenham obtido aprovação

do BnDeS para um pleito de

financiamento no âmbito do Procult;

ii – Contrato internacional de co-

produção, com participação da empresa

brasileira de, no mínimo, 40% do

orçamento total do projeto, no âmbito

de acordos de cooperação bilaterais

firmados pelo Brasil com outros países

para a atividade audiovisual.

iii – Contrato de distribuição internacional.

iV – assegurada a sua exibição em canais

ou redes de radiodifusão brasileiros.

montante DoS reCurSoS não

reemBolSÁVeiS:

ficção e Documentário: até 50% do valor

do financiamento limitado a r$ 1,5 milhão

por projeto.

animação: até 50% do valor do financia-

mento limitado a r$ 1,5 milhão por projeto.

aPoio direto do banco

Cartão BnDeS – inclusão da cadeia

produtiva do audiovisual

Somente para pequenas e médias empresas.

Crédito rotativo para aquisição de bens

de produção ou insumos de fornecedores

nacionais.

em anDamento: inclusão dos fornecedores

da cadeia produtiva do audiovisual.

ConDiçõeS Do Cartão:

- limite de crédito: até r$ 250 mil por

agente financeiro (total até r$ 750 mil);

- Prazo: 12, 18 ou 36 meses;

- taxa: 1,06% a.m. (mai/08).

Cartão BnDeS (WWW.CartaoBnDeS.GoV.Br)

Page 24: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008��

Sérgio Sá leitão, ancine

o representante da ancine começou sua

conversa dizendo que hoje a agência

está ganhando uma nova dimensão,

transformando-se numa agência de conteúdo

audiovisual, que visa promover e estruturar

o mercado. e para isso há várias estratégias

sendo trabalhadas:

“PreCiSamoS De PolítiCaS Que reDuZam o

Grau De DePenDênCia Do eStaDo”, DiSSe ele.

Depois, leitão enumerou alguns projetos em

fase de finalização para a área.

funDo Setorial

Deve ser lançado entre agosto e setembro.

Destinado à produção de cinema, incluindo

longa metragem de animação; produção de

conteúdo para a tV; foco na co-produção

internacional e também na distribuição.

ProGrama eSPeCial De fomento

Será lançado um edital público no segundo

semestre de 2008 para animação, que

contará com veiculação garantida através de

parcerias com tVs.

DeSenVolVimento De um CluSter De animação o projeto é inspirado no Porto Digital de

recife. a proposta é unir esforços do poder

público (federal, estadual e municipal) e

iniciativa privada, através de empresas, para

criar um pólo de produção de animação,

incluindo espaço de formação de mão de

obra. um dos objetivos é estimular o trabalho

colaborativo. Segundo leitão, o poder

público dá o empurrão, consolida e depois dá

autonomia para o projeto continuar sozinho.

Gustavo Dahl, minC

Dahl ressaltou a vocação da animação brasileira

de romper barreiras culturais entre países antes

de ler uma série de medidas previstas para área

pelo ministério da Cultura. Segundo ele, as ações

têm como objetivo principal viabilizar a produção

na área de animação. todas as iniciativas

estavam prestes a ser apresentadas à secretaria

executiva do minC.

*ProGrama anima tV De fomento à ProDução

e à teleDifuSão De SÉrieS De animação

infanto-JuVeniS

*ProGrama anima tV Para SÉrieS De

animação aDultaS

*ProGrama Bilateral anima tV BraSil-

arGentina De teleDifuSão De SÉrieS De

animação

*funDo Setorial Do auDioViSual – PreViSão

De r$ 40 milHõeS aSSoCiaDoS à tV BraSil

* ProGrama maiS Cultura Para a ProDução

De SÉrieS De animação Para a tV BraSil e tV

Cultura

GuStaVo DaHl

Page 25: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 ��

eliana russi, Brazilian tV Producers

Desde o ano passado, eliana está à frente

do Projeto Setorial de exportação Brazilian

tV Producers, um programa de promoção

internacional que conta com o apoio da

aBPitV, do minC e da apex-Brasil. o alvo

deste projeto é justamente investir em

parcerias comerciais com agentes globais,

levando produtores para participar de

eventos internacionais, com o objetivo de

desenvolver encontros comerciais e co-

produções.

Hoje, segundo eliana, de 30 a 40% dos

recursos financeiros do Brazilian tV Producers

são destinados a projetos de animação.

“eStamoS BuSCanDo SemPre iDÉiaS Com oS

animaDoreS aSSoCiaDoS, Para tentar faZer

PlanoS Para oS DoiS anoS Que Virão. na

última KiDSCreen, leVamoS 27 emPreSÁrioS e

18 emPreSaS. no ano PaSSaDo, ConSeGuimoS

PartiCiPar tanto Da feira De anneCY, na

frança, Como Do ottaWa animation feStiVal

e tamBÉm eStaremoS no miPCom em outuBro,

em CanneS”, Contou eliana, reSSaltanDo Que

aS inSCriçõeS Para a PartiCiPação no miPCom

e no enContro De ottaWa JÁ eStão aBertaS.

Com a ajuda do Brazilian tV Producers,

os produtores conseguem participar das

feiras com um custo subsidiado e incluir

seus projetos num catálogo distribuído

durante os eventos. a iniciativa também

tem investido em estudos do mercado,

para descobrir em quais países é mais

interessante buscar negócios hoje. uma

das próximas etapas é justamente entrar

no mercado hispânico dos eua.

Há ainda consultoria para o desenvolvimento

de projetos, com ajuda de quatro consultores

internacionais.

Produtora mayra lucas, Glaz Cinema

Com a experiência de quem está à frente

de uma co-produção internacional de grande

porte, o longa-metragem em stop motion “minhocas”, a produtora mayra lucas

aproveitou sua participação no fórum para

avaliar de forma prática os mecanismos

de financiamento disponíveis hoje para a

área de animação, mostrando os prós e

os contras de cada um. Como ela mesmo

avisou, “é um olhar sincero do produtor

sobre estes mecanismos”.

artiGo 1º. Da lei Do auDioViSual De inCentiVo

à Cultura

“o lado bom é que é um dinheiro livre, no

qual o produtor não precisa entregar nenhum

bem patrimonial como contrapartida. o lado

ruim é que quem decide se vai dar ou não

eliana ruSSi

Page 26: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008��

o dinheiro é o diretor de marketing da

empresa que usará a renúncia fiscal para

o patrocínio da produção. neste caso, o

diretor de marketing acaba se preocupando

principalmente se o projeto é bom e

rentável para a imagem da companhia.”

artiGo 3º. Da lei Do auDioViSual

“refere-se à co-produção com o

distribuidor. a experiência de estar

comprometido com um parceiro desde o

início é muito bem-vinda, porque ajuda

muito o dia-a-dia do produtor. ter alguém

que pense na estratégia de marketing e nas

vendas é algo vital para o projeto. o lado

ruim é que não é um dinheiro livre.”

eDitaiS

“É a melHor De toDaS aS oPçõeS PorQue

É um DinHeiro liVre, Que não DePenDe

De nenHum Diretor De marKetinG Para

Ser DiStriBuíDo e, em Geral, aS PeSSoaS

eSColHiDaS Para aS ComiSSõeS De aValiação

entenDem Do aSSunto. o laDo ruim É Que

É muito Comum oS eDitaiS Serem DefiniDoS

Por ProPoStaS PolítiCaS.”

funCineS “têm cumprido bem o seu papel, que é de

ajudar o produtor a conseguir aquele último

dinheiro necessário para a finalização do

projeto, quando já não se sabe mais onde

encontrá-lo. também faz com que o produtor

treine seu lado de negociador, porque é o

comitê gestor que avalia tudo. Contra tem o

fato de estar em fase de mudanças de regras

maYra luCaS

e por isso três novos funcines estão em

compasso de espera.”

ProCult “a possibilidade de pegar um dinheiro

emprestado sem subsídio é sensacional.

muitas vezes o produtor tem um contrato

de venda e distribuição, necessitando

começar a produzir o quanto antes, mas

por falta de dinheiro acaba demorando

muito para dar o start. É genial porque

depois de fecharmos os contratos de

venda, há a chance de pegarmos o dinheiro

com o BnDeS e pagá-lo com juros. o lado

ruim é que é um processo demorado para

conseguir a liberação do dinheiro e também

se trata de um empréstimo que tem que ser

devolvido mais para a frente. infelizmente,

hoje no Brasil perdemos a prática de pagar

o dinheiro de volta.”

artiGo 39º

“Parece com o artigo 3º., só que neste caso é

um subsídio para a tV. o lado ruim é que ainda

é pouco usado e a aproximação dos produtores

com as emissoras de tV ainda é muito lenta.”

Page 27: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 ��

o Que eStÁ Por Vir, SeGunDo maYra

artigo 3º a

“Depende ainda de regulamentação e

visa possibilitar mais parcerias com

tVS. o desconto no imposto seria para

quem vende para a tV.”

fundo Setorial

É um fundo com dinheiro do governo,

com participação do minC, ancine,

finep e representantes da sociedade

civil. o lado bom é que é um novo

mecanismo que obriga o produtor a ter

um comprometimento com o retorno

financeiro, tendo que aprender a gerar

lucro. o lado ruim é que ainda está em

fase de regulamentação, por isso é

uma incógnita.”

Page 28: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008��

Page 29: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 ��

o segundo dia de debates do anima fórum

começou com uma mesa-redonda sobre

as possíveis parcerias entre produtores

brasileiros e tVs públicas, mostrando

como funcionam hoje as co-produções

entre animadores e as tVs ligadas ao

governo, mas, sobretudo, alinhavando novas

possibilidades de acordos entre os dois lados

para a geração de conteúdo.

a conversa reuniu leopoldo nunes (tV Brasil),

Carlos Wagner (tV Cultura), andré Breitman

(aBCa e aBPitV) e Cesar Coelho (anima mundi

e aBCa).

Cesar Coelho abriu o debate ressaltando

a atualidade da discussão, principalmente

depois da criação da tV Brasil. ele lembrou

que em muitos países onde hoje a indústria

da animação está consolidada, a tVs públicas

tiveram um papel fundamental.

“eSta relação Com a tV PúBliCa ProVoCa

uma eVolução na ProDução naCional De

animação, BenefiCianDo amBoS oS laDoS.

enQuanto a tV BuSCa ProGramaS De

QualiDaDe, Com ConteúDo eDuCatiVo forte,

o ProDutor, Por Sua VeZ, PoDe ofereCer

um ProDuto na meDiDa. aS ProDutoraS

DeSenVolVem eStiloS, aPerfeiçoam

mÉtoDoS De traBalHo atraVÉS De Co-

ProDuçõeS Com aS tVS PúBliCaS. elaS

São noSSaS ParCeiraS iDeaiS.”

Produtor andré Breitman, aBCa e aBPitV

Ganhador de um concorrido pitching de

animação no miPCom Junior, na frança, andré

Breitman falou na prática de como funciona

hoje esta relação de co-produção com tVs

públicas. a série “meu amigãozão”, que está

produzindo com o Canadá, é um projeto de

grande porte, com 52 episódios de 11 minutos,

e custo entre r$ 10 e r$ 12 milhões.

“É uma verba modesta dentro dos padrões do

cinema mas não é fácil de levantá-la. temos

que juntar um monte de pedacinhos e um dos

componentes fundamentais do projeto é a tV

onde a série vai ser exibida. no nosso caso, já

temos exibição garantida na treehouse, tV a

cabo canadense para crianças de 4 a 6 anos, e

também em duas emissoras brasileiras, uma

tV a cabo e outra de tV aberta. foram três

redes escolhidas com cuidado, porque mais

do que simplesmente financiar a série, elas

segundo dia anima fórumCo-produções com tVs públicas – em busca de conteúdo próprio

anDrÉ Breitman

Page 30: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 200830

vão dar o tom dos programas, porque têm

uma experiência e uma vivência que a nossa

produtora não tem.”

Breitman explicou, no entanto, que não é

exatamente fácil equilibrar todos os desejos

numa co-produção.

“Cada emissora quer puxar mais para o seu

lado, porque vai ser a primeira a exibí-la e

quer que a série ganhe a cara e o jeito dela.

e equilibrar isso tudo não é fácil. Por isso a

importância de saber exatamente com qual

tV você vai trabalhar”.

o produtor ressaltou a importância das co-

produções com parceiras nacionais.

“no caso do Brasil, tudo fica mais fácil quando

temos uma tV parceira nacional. o BnDeS vai

pensar em colocar dinheiro se souber que os

brasileiros vão assistir ao produto. e no Brasil

temos a grande sorte de termos tVs públicas

muito boas, com uma tradição na programação

infantil. elas são parceiras que trazem não só

dinheiro como muita experiência.”

na seqüência, Cesar Coelho aproveitou para

lembrar que hoje a produção de animação

no Brasil vive aquilo que chamou de rito de

passagem, com um aumento significativo de

trabalho.

“HÁ uma muDança De eSCala De ProDução

Por CauSa Da DemanDa. a GranDe maioria DoS

eStúDioS Cria CerCa De DoiS, trêS minutoS

De animação Por mêS. aGora, eStamoS

ComeçanDo a ViVer uma ÉPoCa em Que HÁ

DemanDa Para 40 minutoS De Criação Por

mêS, o Que oBriGa a ProDutora a muDar toDa

uma forma De traBalHo, tenDo Que CreSCer

imenSamente em toDoS oS SentiDoS. Por iSSo

o aPoio Da tV PúBliCa aGora É ainDa maiS

imPortante e funDamental. Se aS emiSSoraS

PúBliCaS faZem uma enComenDa De GranDe

Porte, a ProDutora tem Que Se aDeQuar e

CreSCer. num PróXimo traBalHo GranDe ela

JÁ eStarÁ Pronta Para Dar Conta.”

Carlos Wagner, tV Culturaantes de falar sobre a estreita relação da tV

Cultura com o mercado de animação, Carlos

Wagner, diretor da fundação Padre anchieta

(que administra a Cultura), fez uma breve

apresentação sobre o funcionamento desta

tV pública, que funciona através de dotação

orçamentária governo do estado de São Paulo

e receitas próprias.

* a tV Cultura atinGe CerCa De 400 CiDaDeS

Do eStaDo De São Paulo, Com uma CoBertura

De 93% Da PoPulação PauliSta

* eStÁ PreSente em toDaS aS oPeraDoraS

a CaBo

* SeuS ProGramaS São retranSmitiDoS Para

tVS PúBliCaS em 26 eStaDoS Do PaíS

CarloS WaGner

Page 31: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 31

* na tV aBerta atinGe CerCa De 37 milHõeS

eSPeCtaDoreS Só no eStaDo De São Paulo

* É a emiSSora maiS aDmiraDa na tV aBerta

BraSileira

* tem uma GraDe eXtenSa De ProGramaS

ProDuZiDoS na CaSa

* inVeStimento forte em Co-ProDuçõeS

naCionaiS = em 2008 HÁ 16 DoCumentÁrioS

em Co-ProDução

na área infantil, um dos focos da emissora, há

três áreas de aquisições:

1. animação naCional

2. animação internaCional

3. ProGramaS eDuCatiVoS

as aquisições são feitas através de

apresentação de propostas com sinopses

e pilotos. os pitchings acontecem somente

quando solicitados. mas Wagner adiantou que

está sendo montada uma política de pitching dentro da emissora.

animação na tV Cultura

muito embora tenha frisado que hoje o dinheiro

dentro da tV Cultura para produções é escasso e

que ainda não existe um modelo ideal de negócios

dentro da emissora, Wagner adiantou que há uma

firme intenção da nova direção da casa em investir

cada vez mais em produções próprias. através

de parcerias com a tV Brasil, o objetivo é ter pelo

menos 50% de conteúdo próprio até 2010. e para

isso a parceria com os produtores independentes

passa a ser ainda mais vital.

Hoje, segundo Wagner, a tV Cultura tem sete

projetos de animação encaminhados.

“recebemos projetos de todas as áreas porque

temos uma relação muito boa com produtores

independentes em geral, mas o que realmente

chama a nossa atenção é a qualidade dos

projetos de animação. os produtores desta

área estão preparados, sabem o que querem,

estão atentos a prazos”, elogiou ele.

Wagner ainda se mostrou aberto para uma

futura discussão sobre novos modelos de

negócio com animadores.

“temos que chegar a um modelo de negócios

para dar auto-sustentabilidade à produção de

animação. talvez seja mais fácil começarmos

este modelo com a animação porque é uma

área que realmente conhece seus custos.

além disso, a relação custo-benefício é

infinitamente mais rentável do que a de um

documentário.”

leopoldo nunes, diretor de programação e conteúdo da tV Brasil

a apresentação do representante da tV

Brasil foi precedida pelas boas-vindas de

Cesar Coelho à iniciativa de reunir todas as

emissoras educativas do país numa só. em

leoPolDo nuneS

Page 32: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 20083�

seguida, leopoldo nunes apresentou as

propostas de programação e conteúdo da tV

Brasil. ele anunciou também um edital de r$

60 milhões para a produção de séries e curtas,

em parceria com a produção independente e

ainda disse que a emissora pretende realizar

pitchings anuais ou semestrais para escolha

de parceiros de co-produção.

nunes lembrou ainda que a aBCa foi decisiva

no início dos trabalhos da tV Brasil prestando

assessoria para a aquisição de um verdadeiro

estoque de produção de animação infantil. este

material vem sendo exibido numa faixa exclusiva

do canal, batizada de “lá vem animação.” ele

disse ainda que a tV Brasil está aberta a projetos

de animação e os interessados podem fazer

contato direto com a emissora.

um dos objetivos principais da tV Brasil

é exibir produção e programação com

finalidades educativas, artísticas, culturais,

científicas e informativas.

missão da tV Brasil na área de animação

1. PrioriZar o ProDuto naCional

2. PromoVer a inCluSão Da ProDução

inDePenDente na ProGramação, atraVÉS De

aQuiSiçõeS

3. PromoVer a inCluSão De ProDução

reGional atraVÉS De aCorDoS Com emiSSoraS

ParCeiraS

4. Co-ProDução De SÉrieS a Partir De

reCurSoS orçamentÁrioS

5. Criação e amPliação De faiXaS DeDiCaDaS a

filmeS De animação

6. reforma e amPliação De ProGramaS

DeDiCaDoS à animação

7. inCluSão Da temÁtiCa animação Via míDiaS

ColaBoratiVaS em ProGramaS De linHa

8. aPoio e DiVulGação De eVentoS De

animação

9. Criação e ProDução De aBerturaS e

interProGramaS utiliZanDo tÉCniCaS De

animação

10. realiZação De eDitaiS PúBliCoS De

ProDução De SÉrieS e CurtaS, em ParCeria

Com a ProDução inDePenDente – São r$ 60

milHõeS Para o eDital

11. realiZação De ParCeriaS Com outraS

emiSSoraS Do CamPo PúBliCo Para ViaBiliZar

Co-ProDução De SÉrieS De animação

12. PrioriDaDe Do uSo DaS tÉCniCaS De

animação na noVa iDentiDaDe ViSual Da tV

BraSil

13. Co-ProDução De SÉrie e ProGramaS

infantiS Com uSo De animação

14. aQuiSição De CurtaS De animação Para a

noVa faiXa De Curta metraGenS

15. realiZação De feStiVal naCional De

CurtaS Com Prêmio Setorial Para animação

16. realiZação De ParCeria em eDitaiS De

animação Com órGãoS internaCionaiS

17. realiZação De ParCeria Com órGãoS

PúBliCoS Para realiZação De eDitaiS De

animação

Page 33: relatorio anima forum 2008

relatório anima forum 2008 33

a importância do piloto volta ao debate

na platéia, Gustavo Dahl, da Secretaria do

audiovisual do minC, que havia participado

da primeira mesa-redonda do anima fórum,

voltou a tocar no assunto da importância ou

não do piloto para novos projetos de animação,

assunto abordado na palestra da consultora

Heather Kenyon. ele queria saber o ponto

de vista da tV Brasil sobre pilotos de série.

leopoldo nunes respondeu:

“Vou reSPonDer Com fatoS. o minC,

atraVÉS De uma ParCeria Da SeCretaria Do

auDioViSual Com a tVe, Criou o Curta Criança

e o Curta Criança animação, Para inCentiVar

a ProDução De CurtaS Para animação.

“meu amiGãoZão”, Que aGora Vai Virar SÉrie

numa ProDução internaCional, foi um DoS

SeleCionaDoS, GanHanDo r$ 10 mil Para Seu

Primeiro Piloto. ou SeJa, um neGóCio Que

HoJe PoDe alCançar milHõeS Começou Com

um Piloto. outro eXemPlo É “minHoCaS”, Que

Vai Virar lonGa-metraGem maS Começou Sua

HiStória no Curta Criança, Com um Piloto De

13 minutoS.”

acostumado com pitchings internacionais,

andré Breitman falou dos pilotos como

ferramenta de venda de um projeto. Segundo

ele, as emissoras destinadas ao segmento

infantil recebem milhares de bíblias todos os

anos e destas, em geral, escolhem de oito a

dez para fazer um primeiro investimento que é

justamente bancar um piloto de série.

“São pilotos caros que custam cerca de

uS$ 100 mil. Depois de prontos, com aquele

material, a emissora decide os dois projetos

que realmente vão virar série. e os outros

produtores que não foram selecionados têm

a possibilidade de comprar o piloto.”

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relatório anima forum 20083�

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relatório anima forum 2008 3�

as parcerias possíveis com nossos vizinhos

latinos produtores de animação foram o tema

da mesa-redonda que fechou as discussões

do anima fórum de 2008. a proposta foi

juntar representantes de diferentes países

da américa do Sul para conhecer melhor

a animação feita por eles, tentando assim

delinear possibilidades de colaboração mútua.

Participaram: manoel rangel (ancine), Juan

Pablo Zaramella (argentina), Horácio Grinberg

(argentina), mónica ortiz (Colômbia), armando

arce (Venezuela), o produtor brasileiro

reynaldo marchezini e a produtora marta

machado, representante da aBCa.

o presidente da ancine, manoel rangel, fez

uma importante participação explicando como

andam os acordos de cooperação na área de

cinema entre os países do mercosul. ele voltou

a dizer que o futuro fundo Setorial do Cinema

facilitará parcerias na região e convocou

produtores a participarem do segundo

encontro de profissionais da américa que

acontecerá em setembro, no rio de Janeiro.

os convidados estrangeiros abriram a

conversa contando como está o mercado

de animação em seus respectivos países.

Venezuela

fundador e diretor do Centro nacional de

Cinema animado da Venezuela, armando

arce começou explicando que em seu país a

animação não tem tradição e por isso mesmo um

festival como o anima mundi pode servir como

um estímulo para os países da américa do Sul.

ele contou que a Venezuela vive um momento

especial porque por vontade do presidente Hugo

Chavez acaba de ser criado o Centro nacional de

Cinema animado, dirigido por arce.

“É um Centro De formação e De ProDução,

Que eStÁ ComeçanDo a traBalHar. ainDa

É o Começo maS eStamoS aBertoS Para

Co-ProDuçõeS Com outroS PaíSeS. temoS

ConDiçõeS De traBalHar na ProDução e

PóS-ProDução De material De 35mm. Sei Que

o Centro não Vai reSolVer toDoS oS noSSo

ProBlemaS maS É um Começo. a tão falaDa

inteGração entre oS PaíSeS Da amÉriCa Do

Sul PaSSa Sim Por SaBermoS o Que CaDa um

eStÁ faZenDo. e eStÁ É a Hora, PorQue atÉ

HoJe Só VemoS ProDutoS Sul-ameriCanoS

DePoiS Que eleS JÁ Deram a Volta ao munDo.”

terceira mesa-redonda Co-produções na américa latina

armanDo arCe

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relatório anima forum 20083�

Colômbia

a produtora colombiana mónica ortiz

revelou que hoje a animação de seu país

vive um bom momento, embalado pelo

crescente interesse dos jovens na área,

principalmente por causa da dobradinha

animação/tecnologia. ela mesma está

à frente de um projeto, o laboratoon,

responsável pela criação de um software

livre para animação.

“a PolítiCa Que temoS HoJe na ColômBia

tem PermitiDo Gerar ProDutoS. atraVÉS

De uma lei Que aColHe ProJetoS De

JoVenS emPreenDeDoreS intereSSaDoS

em teCnoloGia CriamoS o SoftWare,

Que É uma ferramenta Que aJuDa na

ProfiSSionaliZação Da mão De oBra. alÉm

DiSSo, HoJe na uniVerSiDaDe tamBÉm JÁ

eXiSte uma CaDeira De animação. HouVe

ainDa um aumento DoS ProJetoS

ContemPlaDoS Com a lei De inCentiVo. aoS

PouCoS, oS eSforçoS Vão DanDo reSultaDo.

feCHamoS um aCorDo De Co-ProDução Com

a eSPanHa, Para uma SÉrie De 52 ePiSóDioS.”

argentina

o primeiro representante argentino a

falar foi o diretor Juan Pablo Zaramella,

autor de curtas metragens premiados pelo

anima mundi. ele começou explicando que

representa um setor muito pequeno da

argentina e que sua produção de curtas-

metragens de animação é possível graças a

seu trabalho na publicidade.

“não há nenhuma lei na argentina que

beneficie os curtas-metragens de animação.

Por isso, os trabalhos costumam surgir em

escolas. e infelizmente as tVs argentinas não

encaram aquilo que fazemos como um produto

digno de co-produção. meu trabalho teve a

sorte de ter uma boa repercussão no exterior,

por isso, pouco a pouco, começo a ficar

conhecido e a ter mais apoio.”

em seguida foi a vez de o produtor argentino

Horacio Grinberg falar sobre seu país. o

experiente produtor começou brincando,

dizendo que sentia inveja de todos os

mecanismos de incentivo para a animação

que existem hoje à disposição dos brasileiros.

na argentina existe um órgão dedicado

món

iCa o

rtiZ

Juan PaBlo Zaramella

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relatório anima forum 2008 3�

ao cinema, o instituto nacional de Cinema

e artes Visuais, inca, que, segundo ele, é

a única instituição que consegue investir

financeiramente em projetos da área, porque

não há nenhuma lei de incentivo para a

produção de filmes.

“o inCa É a úniCa oPção maS não HÁ DinHeiro

Para toDo munDo. HÁ um meCaniSmo De

SuBSíDio Para o filme finaliZaDo e tamBÉm

um CrÉDito Para o iníCio Da ProDução. e

neSte CenÁrio não HÁ PolítiCa eSPeCífiCa

Para a animação. oS lonGaS De animação,

Por eXemPlo, ConCorrem Com oS lonGaS

traDiCionaiS em BuSCa DeSte ParCo DinHeiro.

maS aPeSar DiSSo tuDo, HÁ uma ProDução

anual De 60 a 70 lonGaS.”

De acordo com Grinberg, as emissoras de

tV também não costumam apoiar nenhuma

produção e não há qualquer sistema de co-

produção. Por isso mesmo ele acha muito

difícil qualquer possibilidade de co-produções

de séries de animação com as tV argentinas.

Já sua experiência de co-produção de

longa-metragem de animação fez com que

descobrisse algumas dificuldades inerentes

a trabalhos de cooperação internacional.

“martín fierro” é uma co-produção entre

a argentina e a espanha.

“o filme foi pensando justamente com

esta idéia de fazer animação com o

nosso conteúdo. Só que um contrato de

co-produção não é fácil porque os dois

países têm mecanismos de fomento muito

diferentes. Há exigências em relação à

equipe e à finalização. mas é na prática

que vamos aprendendo.”

Brasil

o produtor brasileiro reynaldo marchezini foi

chamado para a mesa sobre a américa latina

por causa de sua experiência em co-produção

internacional. à frente da flamma filmes, ele

é responsável pela criação e produção da série

“Princesas do mar”, exibida atualmente no

Discovery Kids e em mais 45 países. Primeiro

marchezini mostrou números que reafirmam

o sucesso da série e, em seguida, conversou

sobre a possibilidade ou não de repetir este

desempenho com uma co-produção entre

países latino-americanos.

CaSe “PrinCeSaS Do mar”

- Primeira temporada: 52 episódios de 12

minutos (já produzidos)

- Segunda temporada: 52 episódios (em

produção).

- Co-produção : flamma (Brasil), Southern

Star(austrália) e neptuno (espanha)

- lançamento mundial: 16/4/2007

- orçamento: uS$ 7 milhões (+ uS$ 7

milhões para a segunda temporada)

- Vendido em 45 países (entre eles,

austrália, alemanha, américa latina, itália,

frança, África do Sul, israel, oriente médio,

índia, Áustria, ...)

Seria PoSSíVel rePliCar o ProCeSSo De

realiZação Da SÉrie “PrinCeSaS Do mar” no

âmBito Do merCoSul?

Segundo marchezini, o acordo de co-produção

permitiu duas pré-vendas muito importantes

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relatório anima forum 20083�

em termos comerciais, com a austrália e

a alemanha, que garantiram a exibição em

dois grandes broadcasters. Segundo ele,

dificilmente existiriam parceiros deste porte

no mercosul:

“não consigo visualizar aqui parceiros que

colocassem tanto dinheiro numa pré-venda. e

também não acho que uma co-produção com

países da américa latina iria impactar tanto

como as pré-vendas com alemanha e austrália

impactaram, ajudando na venda em outros

territórios.”

Por outro lado, marchezini acredita que se

houver alguns ajustes de outros lados, além de

muita vontade, no futuro é possível pensar em

co-produções entre países da américa latina.

Para isso, seria necessário:

• ComPlementariDaDe De ComPetênCiaS;

• a PoSSiBiliDaDe De leVantar e Definir

funDoS na forma De Pool

• eSColHer a melHor relação CuSto/

BenefíCio em alGuma(S) etaPa(S) Da

ProDução;

• troCaS CulturaiS e oPortuniDaDe De

aPrenDer Com o ParCeiro

• aCorDoS entre PaíSeS (inCentiVoS fiSCaiS,

ProGramaS De finanCiamento, PrÉ-VenDaS

na amÉriCa latina, aCeSSo ao merCaDo

Do ParCeiro ou a outroS merCaDoS,

liCenCiamento)

• PreCiSamoS noS ConHeCer (e não É aPenaS

naS feiraS em noVa YorK, CanneS, loS

anGeleS)

• PreCiSamoS noS reConHeCer (no Que

eStamoS em Sintonia, iDentiDaDe, e no Que

não eStamoS)

• PreCiSamoS ProPiCiar a troCa (feStiVaiS,

aCorDoS)

• PreCiSamoS PenSar no Que traBalHamoS

melHor JuntoS e QuaiS aS melHoreS

ContriBuiçõeS De CaDa Parte enVolViDa

HoJe, QuaiS oS “riSCoS” numa Co-ProDução

internaCional, SeGunDo marCHeZini?

- Diferença de cultura organizacional entre as

empresas envolvidas;

- aumento da coordenação em ambos os

parceiros;

- aumento de custos com questões

burocráticas e/ou governamentais;

- negociação desequilibrada no rateio de

receitas futuras;

- Potencial risco de perda da essência criativa

e de especificidades culturais da criação;

reYnalDo marCHeZini

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relatório anima forum 2008 3�

ancine

manoel rangel, presidente da ancine, foi

o último a falar sobre as co-produções de

cinema na américa latina. rangel começou

contando sobre a reunião especializada de

autoridades Cinematográficas e audiovisuais

do mercosul e estados associados (recam),

cujo foco principal é reunir autoridades

cinematográficas dos países do mercosul e que

nos últimos anos tem ganho uma dimensão

cada vez maior. além dos países associados,

há participação esporádica de Bolívia, Peru,

Venezuela e equador. a última reunião do

grupo aconteceu em abril em Buenos aires.

“É um eSforço, Que tem Como meta um

merCaDo Comum. HÁ um eSforço De

inteGração Que JÁ eStÁ SurtinDo efeitoS

PoSitiVoS. HÁ, Sim, aSPeCtoS reGulaDoreS

Que PreCiSam Ser aCertaDoS, Como

remoVer oBStÁCuloS Para a CirCulação

liVre De ProfiSSionaiS. maS anteS De

maiS faCilita aCreDitar Que SomoS Só um

território”, DiSSe ele.

Segundo rangel, há algumas negociações em

curso que visam otimizar as co-produções

cinematográficas locais, como novas relações

de trabalho, incluindo a livre circulação de

equipes, e também resolver certas questões

aduaneiras. neste sentido, lembrou ele, há

um Certificado de nacionalidade do mercosul,

através do qual uma obra de um de um país

membro é considerada nacional pelos outro.

“tuDo iSSo ViSa Criar um amBiente Comum

De ProDução na reGião. JÁ CHeGamoS a

DiSCutir Cota De tela entre oS PaíSeS

DaQui e tamBÉm JÁ HouVe um aCorDo Com a

arGentina Que PreVia a eXiBição De filmeS

noSSoS lÁ e De filmeS DeleS aQui, Que aGora

eStÁ SenDo reViSto.”

outra ação foi a realização do primeiro

encontro de produtores do mercosul, durante

a última reunião da recam, em abril, na

argentina. Cada país participou com 40

produtores. a proposta é fazer com que os

produtores vizinhos se conheçam, troquem

experiências e pensem em parcerias. o

segundo encontro do gênero está marcado

para setembro, no rio de Janeiro, durante o

festival de Cinema.

um dos pontos que ganhou força na primeira

edição do encontro é a criação de um fundo de

apoio do mercosul à produção e à distribuição

de cinema.

“a Venezuela deu um bom exemplo ao criar

seu organismo de cinema, que tem como

uma de suas prioridades as co-produções.

no Brasil, o fundo Setorial de Cinema prevê

recursos para co-produções, o que é muito

bem-vindo porque nossos incentivos fiscais

não estimulam as co-produções.”

man

oel ranGel

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relatório anima forum 2008�0

manoel rangel lembrou ainda a existência

de um outro fundo, o ibermedia, cuja proposta

é estimular a promoção e a distribuição de

filmes ibero-americanos. o programa envolve

16 países da região, além de Portugal e

espanha.

“É um fundo que pode ser dinamizado, mas

que hoje já oferece r$ 150 mil de ajuda para

projetos de filmes envolvendo países da

região.”

a mediadora marta machado, que esteve

no encontro de produtores do mercosul, fez

algumas ressalvas.

“É neCeSSÁrio eStimular ParCeriaS efetiVaS,

PorQue não BaSta Somente ter funDoS

ou DinHeiro, o maiS imPortante São oS

enControS entre ProDutoreS. É neSteS

enControS Que realmente PoDem naSCer

ProJetoS De ColaBoração”.

Debate final

manoel rangel iniciou a discussão com a

platéia falando sobre o fundo Setorial do

audiovisual, que, segundo ele, terá recursos

para o investimento de projetos de tV e

cinema, incluindo animação. rangel disse

que o fundo será uma espécie de sócio da

empreitada. Dentro deste cenário, o presidente

da ancine quis saber do experiente produtor

reynaldo marchezini se o fundo poderia ser

um parceiro efetivo de um projeto como das

“Princesas do mar”.

“a cooperação com as tV parcerias, no meu

caso, é maior do que somente a parceria

econômica. recebi oferta de outras emissoras

de tV e fechei com as quais teria mais

ambiente. De qualquer forma, o investimento

de uma tV hoje não tem retorno imediato. e

por isso mesmo não saberia dizer serviria

para o projeto.”

o produtor andré Breitman entrou na

discussão para fazer alguns esclarecimentos

sobre fundo e empréstimo relativos a uma

produção de cinema.

“Há uma certa confusão. o empréstimo é

um dinheiro emprestado e para conseguí-lo

o produtor tem que dar garantias e depois

devolvê-lo. Já o fundo pretende ser sócio

do produtor e passa a ser produtor deste

patrimônio também.”

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relatório anima forum 2008 �1

ContatoS

www.heatherkenyon.com

www.minc.gov.br

www.ancine.gov.br

www.bndes.gov.br

www.glazcinema.com.br

www.abca.org.br

www.tvbrasil.org.br

www.tvcultura.com.br

www.abpitv.com.br

www.animamundi.com.br

www.zaramella.com.ar

www.toonka.com

www.amazoniafilms.gob.ve

www.ottodesenhos.com.br

www.flammafilms.com

www.laboratoriodedesenhos.com.br

anima forum 2008 - CrÉDitoS

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realiZação

Direção e CoorDenação aida Queiroz, Cesar Coelho, lea Zagury, marcos magalhães

aSSiStenteS De DireçãoJuliana laureano

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ProDuçãoVertigo Produção Cultural

aSSiStente De ProDuçãoelisa favre

intÉrPretemartha moreira lima

eDição e reDação Do relatórioadriana Pavlova

ProJeto GrÁfiCo refinaria Design ProDução GrÁfiCa Gustavo franck

filmaGemfábio almeida fotoSJuvenal Pereira

alejandro Gideon

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relatório anima forum 2008��

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