RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material...

102
UHE JAGUARA RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 AES-147/2015 CONTRATO 1CEMG01F OS07 P11 TR284 PEND105 AGOSTO / 2015

Transcript of RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material...

Page 1: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

UHE JAGUARA

RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA

CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015

DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 AES-147/2015

CONTRATO 1CEMG01F OS07 P11 TR284 PEND105 AGOSTO / 2015

Page 2: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 3: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

3

EMPRESA RESPONSÁVEL POR ESTE RELATÓRIO

Razão social:

CNPJ:

Brandt Meio Ambiente Ltda.

71.061.162/0001-88

http:

Diretor:

www.brandt.com.br

Sérgio Avelar

Alameda do Ingá, 89 - Vale do Sereno - 34.000-000 - Nova Lima - MG

Tel (31) 3071 7000 - Fax (31) 3071 7002 - [email protected]

EQUIPE TÉCNICA DA BRANDT MEIO AMBIENTE

ESTA EQUIPE PARTICIPOU DA ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO E RESPONSABILIZA-SE TECNICAMENTE POR SUAS RESPECTIVAS ÁREAS

TÉCNICO FORMAÇÃO / REGISTRO

PROF. RESPONSABILIDADE NO PROJETO

Alessandro Loureiro Paschoalini Biólogo CRBIO 70078/04-D Coleta do material biológico e análise

laboratorial.

Bárbara Becker de Araújo Bióloga CRBIO 76828/04-D Identificação e análises laboratoriais.

Diego Lara Biólogo

CRBIO 70397/04-D Gestão do Contrato.

Fabrício F. T. Domingos Biólogo

CRBIO 049070/04-D

Coordenação, coleta do material biológico, análise laboratorial, elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

Nilson Geraldo Nascimento Pescador Coleta do material biológico

Rafael Zeferino Gomes Biólogo

CRBIO 76548/04-D

Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do

relatório de monitoramento.

Rúbia Praxedes Quintão Estagiária Análise laboratorial do conteúdo

estomacal.

EMPRESA RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO

Razão social CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A.

CNPJ 06.981.176/0001-58

CTF 623132

Empreendimento UHE JAGUARA

Endereço Av. Barbacena, 1200/12º Andar - Ala A2 - Bairro Santo Agostinho

Belo Horizonte - MG - CEP: 30190-131

Licença de Operação Licença de Operação nº 1191/2013

Órgão licenciador: IBAMA

Processo: 02001.002573/1999-42

Condicionante de referência: Programa de Conservação da Ictiofauna

Cadastro Técnico Federal 623132

Contato Regional José Pedro Vasconcelos Lucena

Telefone (34) 3074-0240

e-mail [email protected]

Page 4: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 5: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

5

Sumário

1 - APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................ 9

2 - CARACTERIZAÇÕES DA BACIA HIDROGRÁFICA E DO EMPREENDIMENTO .......................................... 10

3 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 13

4 - OBJETIVOS ................................................................................................................................................... 15 4.1 - Objetivo geral .......................................................................................................................................... 15 4.2 - Objetivos específicos .............................................................................................................................. 15

5 - MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................................. 16 5.1 - Pontos de amostragem ........................................................................................................................... 16 5.2 - Procedimentos de captura e identificação dos peixes............................................................................. 23 5.3 - Procedimentos de captura e identificação do ictioplâncton ..................................................................... 26 5.4 - Análises dos dados ................................................................................................................................. 28

6 - RESULTADOS ............................................................................................................................................... 31 6.1 - Dados físico-químicos da água ............................................................................................................... 31 6.2 - Composição ictiofaunística ..................................................................................................................... 33 6.3 - Análise da produtividade em número e biomassa ................................................................................... 44 6.4 - Índices de diversidade, equitabilidade e similaridade.............................................................................. 49 6.5 - Atividade reprodutiva .............................................................................................................................. 51 6.6 - Análise da ecologia trófica ...................................................................................................................... 54 6.7 - Relação entre os dados abióticos e a ictiofauna ..................................................................................... 60 6.8 - Identificação e distribuição de ovos e larvas ........................................................................................... 62 6.9 - Coleta do material para análise genética ................................................................................................ 68

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................... 69

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 70

ANEXOS ............................................................................................................................................................. 77 ANEXO 1 - CARTA DE ACEITE PARA DEPÓSITO DE MATERIAL TESTEMUNHO ..................................... 79 ANEXO 2 - CARTA DE ACEITE PARA DEPÓSITO DE MATERIAL TESTEMUNHO ..................................... 83 ANEXO 3 - LICENÇA DE CAPTURA COLETA, CAPTURA E TRANSPORTE DE ICTIOFAUNA -

N°003/2014 NUCEA/MG ........................................................................................................................ 87 ANEXO 4 - ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ...................................................................... 91 ANEXO 5 - VERSÃO DIGITAL DESTE DOCUMENTO ................................................................................ 101

Quadros

QUADRO 1.1-1 - Relação de número de campanhas e período executado para as coletas ictiológicas ............... 9

QUADRO 1.1-2 - Relação de número de campanhas e período executado para as coletas ictioplanctônicas .................................................................................................................................................... 9

QUADRO 5.1-1 - Caracterização dos pontos de amostragem na área influência da UHE Jaguara..................... 17

QUADRO 6.2-1 - Distribuição taxonômica das espécies de peixes amostradas na área de influência da UHE Jaguara em julho, outubro de 2014, janeiro e março de 2015..................................................................... 34

QUADRO 6.2-2 - Ocorrência e número de espécies por ponto de coleta na área de influência da UHE Jaguara. .............................................................................................................................................................. 41

QUADRO 6.2-3 - Dados biométricos das espécies de peixes coletadas em julho, outubro de 2014, janeiro e abril de 2015 na área de influência da UHE Jaguara. ........................................................................... 43

Page 6: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

6

QUADRO 6.6-1 - IAi de itens alimentares consumidos pelas espécies de peixes coletadas na UHE Jaguara ............................................................................................................................................................... 55

QUADRO 6.6-2 - Grau de repleção das espécies coletadas no monitoramento da ictiofauna da UHE Jaguara ............................................................................................................................................................... 58

QUADRO 6.6-3 - Hábitos alimentares das espécies de peixe da UHE Jaguara determinadas a partir de dados bibliográficos ............................................................................................................................................. 59

QUADRO 6.7-1 - Dados de Eigenvalue e variância das Componentes Principais da análise entre a abundância e dados físico-químicos em função dos pontos ................................................................................ 61

QUADRO 6.7-2 - Contribuição dos dados para formação dos Componentes Principais da análise entre a abundância e dados físico-químicos em função dos pontos ................................................................................ 61

QUADRO 6.8-1 - Lista de espécies de ovos, larvas e juvenis capturados na área de influência da UHE Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015. ................................................................................................... 62

QUADRO 6.8-2 - Distribuição dos ovos capturados na área de influência da UHE Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015. ........................................................................................................................................ 63

QUADRO 6.8-3 - Distribuição de larvas capturadas na área de influência da UHE Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015. ........................................................................................................................................ 64

QUADRO 6.8-4 - Distribuição dos juvenis capturados na área de influência da UHE Jaguara capturados de outubro de 2014 a março de 2015. ................................................................................................................. 64

QUADRO 6.8-5 - CPUE dos exemplares capturados expressos em densidade de indivíduos / 10m³ de água filtrada na UHE Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015. ................................................................. 66

QUADRO 6.8-6 - Variáveis da Análise dos Componentes Principais dos parâmetros físico-químicos da água e da abundância de ovos, larvas e juvenis em função dos pontos amostrais da UHE Jaguara. ................. 66

QUADRO 6.8-7- Contribuição dos dados para formação dos Componentes Principais da análise entre a abundância e dados físico-químicos em função dos pontos ................................................................................ 66

QUADRO 6.9-1 - Relação do material genético coletado durante o monitoramento de ictiofauna da UHE Jaguara, 2014/2015. ............................................................................................................................................ 68

Figuras

FIGURA 2.1-1 - Mapa de localização da UHE Jaguara ....................................................................................... 11

FIGURA 5.1-1 - Pontos de Amostragem na UHE Jaguara. ................................................................................. 21

FIGURA 6.1-1 - Parâmetros físico-químicos do rio Grande na área de influência da UHE Jaguara. ................... 31

FIGURA 6.2-1 - Estimativa de riqueza de espécies em relação as coletas ictiológicas na UHE Jaguara em 2014/2015. .................................................................................................................................................... 40

FIGURA 6.3-1 - Captura por unidade de esforço em número (CPUEn) e biomassa (CPUEb) por espécie coletada na UHE Jaguara.................................................................................................................................... 45

FIGURA 6.3-2 - Captura por unidade de esforço em número (CPUEn) e biomassa (CPUEb) por ponto de coleta da UHE Jaguara. ...................................................................................................................................... 47

FIGURA 6.3-3 - Captura por unidade de esforço em número (CPUEn) e biomassa (CPUEb) por malha utilizada na UHE Jaguara. ................................................................................................................................... 48

FIGURA 6.4-1 - Índices de diversidade e equitabilidade da ictiofauna da UHE Jaguara. .................................... 50

Page 7: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

7

FIGURA 6.4-2 - Índice de Similaridade da ictiofauna da UHE Jaguara. .............................................................. 51

FIGURA 6.5-1 - Estádios de maturação gonadal de fêmeas analisadas em quatro campanhas na área de influência da UHE Jaguara. ................................................................................................................................. 53

FIGURA 6.5-2 - Estádios de maturação gonadal de machos analisados em quatro campanhas na área de influência da UHE Jaguara. ............................................................................................................................ 53

FIGURA 6.7-1 - Correlação de Pearson entre os dados abióticos e a abundância de peixes agrupados por pontos amostrais ........................................................................................................................................... 60

FIGURA 6.7-2 - Gráfico da Análise dos Componentes Principais entre a abundância e dados físico-químicos em função dos pontos da área de influência da UHE Jaguara. ............................................................ 61

FIGURA 6.8-1 - Volume filtrado nas amostras de ovos e larvas da UHE Jaguara. .............................................. 65

FIGURA 6.8-2 - Gráfico da Análise dos Principais Componentes dos dados físico-químicos e abundância de ovos, larvas e juvenis em função dos pontos da área de influência da UHE Jaguara. ................................... 67

Page 8: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 9: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

9

1 - APRESENTAÇÃO O presente documento consiste no primeiro relatório anual do “Programa do monitoramento ictiofaunístico da usina hidrelétrica de Jaguara (UHE Jaguara)”. A implementação e a execução desse programa é de responsabilidade da Cemig Geração e Transmissão S.A. em parceria com a Brandt Meio Ambiente, sob o termo de contrato nº 4680004697 - 510. Desta forma, serão apresentadas a metodologia executada e os resultados obtidos na área de influência da UHE Jaguara após quatro coletas ictiológicas e seis coletas de ictioplâncton. Abaixo estão os quadros 1.1-1 e 1.1-2 referentes às coletas ictiológicas e ictioplanctônicas, respectivamente. QUADRO 1.1-1 - Relação de número de campanhas e período executado para as

coletas ictiológicas

Número da campanha Período Mês

1 29/07/2014 a 01/08/2014 Julho

2 06/10/2014 a 10/10/2014 Outubro

3 23/01/2015 a 25/01/2015 Janeiro

4 20/04/2015 a 22/04/2015 Abril

QUADRO 1.1-2 - Relação de número de campanhas e período executado para as

coletas ictioplanctônicas

Número da campanha Período Mês

1 06/10/2014 a 10/10/2014 Outubro

2 24/11/2014 a 25/11/2014 Novembro

3 15/12/2014 a 16/12/2014 Dezembro

4 23/01/2015 a 24/01/2015 Janeiro

5 12/02/2015 a 13/02/2015 Fevereiro

6 17/03/2015 a 19/03/2015 Março

Page 10: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

10

2 - CARACTERIZAÇÕES DA BACIA HIDROGRÁFICA E DO EMPREENDIMENTO

A bacia hidrográfica do rio Grande está situada na região Sudeste do Brasil, na região hidrográfica do rio Paraná que, em conjunto com as regiões hidrográficas dos rios Paraguai e Uruguai, compõe a Bacia do rio Prata. A bacia hidrográfica do rio Grande apresenta mais de 143 mil Km2 de área de drenagem em 393 municípios de dois importantes estados, sendo ao norte, Minas Gerais com 60,2% da área de drenagem da bacia, e ao sul, São Paulo, com 39,8% (CBH GRANDE, 2014). O rio Grande nasce na Serra da Mantiqueira, no município de Bocaina de Minas (MG), a uma altitude aproximada de 1.980 metros. A partir das cabeceiras seu curso tem o sentido Sudoeste - Nordeste, até a divisa dos municípios de Bom Jardim de Minas e Lima Duarte, onde passa a escoar no sentido Sul - Norte até a altura de Piedade do Rio Grande. A partir daí seu curso tem sentido para Noroeste, sendo mantido até a divisa de Rifaina (SP) e Sacramento (MG), onde passa a correr no sentido Leste - Oeste até desaguar no rio Paraná, na divisa dos municípios de Santa Clara do Oeste, na vertente paulista, e Carneirinho, na vertente mineira (FUNDAÇÂO CETEC, 1983). A abrangência da bacia hidrográfica garante uma diversidade de ambientes, como os cobertos por vegetação de cerrado, típicos da região Centro-Oeste, e até áreas montanhosas, típicas da costa Sudeste do Brasil, com perímetros de Mata Atlântica (CBH GRANDE, 2014). Ao longo do seu curso há 13 barramentos hidrelétricos instalados, o que faz do rio grande neste trecho uma cascata de reservatórios. Os reservatórios em ordem de montante para jusante são: Camargos, Itutinga, Funil, Furnas, Marechal Mascarenhas de Moraes (ex-Peixoto), Estreito, Jaguara, Igarapava, Volta Grande, Porto Colômbia, Marimbondo e Água Vermelha. Há também parte do reservatório de Ilha Solteira em seu leito. Em termos de capacidade instalada de geração de energia elétrica a bacia hidrográfica do rio Grande responde por 8%, ou 7.800 MWatts, dos quais cerca de 60% se encontram em trecho de divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Isso traduz o potencial estratégico da região e também a necessidade da gestão integrada, participativa e compartilhada dos recursos hídricos, para administração de conflitos pelo uso da água comumente originários da implantação e operação de unidades geradoras de energia hidrelétrica (SANTOS, 2010). O local de estudo é a área de influência da usina hidrelétrica de Jaguara (UHE Jaguara), a qual está inserida no rio Grande, cujo barramento é o oitavo de uma série de reservatórios assentados sobre esse curso hídrico (Figura 2.1-1), conforme descrito acima.

Page 11: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

11

FIGURA 2.1-1 - Mapa de localização da UHE Jaguara

Page 12: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 13: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

13

3 - INTRODUÇÃO A matriz energética do Brasil é constituída basicamente de usinas hidrelétricas devido ao fato do país possuir uma das maiores redes hidrográficas do planeta e consequentemente possuir uma grande possibilidade de aproveitamento desse potencial. Segundo AGOSTINHO et al. (2007), o Brasil está em terceiro lugar mundial em termos de capacidade instalada. Além disso, a energia advinda de usinas hidrelétricas é responsável por 76% de todo abastecimento energético, fatos que confirmam o importante papel deste tipo de exploração energética para o país (EPE, 2013). No entanto, o barramento de um rio altera os atributos físicos, químicos e biológicos dos ecossistemas tanto a montante quanto a jusante do empreendimento (TUPINAMBÁS et al., 2014). Em reservatórios hidrelétricos, a interrupção dos rios influencia negativamente na composição e na estrutura da comunidade íctica. Os barramentos hidrelétricos e seus respectivos reservatórios alteram o curso natural dos rios, modificando sua feição lótica com a formação de novos habitats e perda de habitats existentes (VONO et al., 2002). Consequentemente ocorrem alterações nas populações de peixes, e em suas funções biológicas, tais como: alimentação, reprodução, migração e crescimento, podendo algumas espécies proliferarem, outras reduzirem e até mesmo se extinguirem (AGOSTINHO et al., 2008). O período de defeso ou “piracema” proíbe a pesca nas bacias hidrográficas brasileiras visando à proteção e conservação das espécies de peixes durante o pico reprodutivo. Na “piracema”, que ocorre de outubro a março, a maioria das espécies está em plena atividade reprodutiva, com gônadas repletas de ovócitos e espermatozóides. Contudo, o sucesso reprodutivo da ictiofauna pode ser confirmado com o registro de ictioplâncton, através da captura de ovos e larvas (NAKATANI et al., 2001). Estudos relacionados com ovos e larvas são essenciais para determinar o momento e as áreas onde ocorre desova (HEMPEL, 1973). A determinação de locais de desova e crescimento em ambientes antropogênicos é um dos principais desafios quando se avalia a comunidade íctica de uma determinada bacia. Contudo, estudos de levantamentos e acompanhamento do ictioplâncton são ferramentas úteis para o planejamento de ações de manejo dos recursos pesqueiros, cuja finalidade é maximizar o recrutamento e manutenção de populações de peixes e indicar as áreas que devem ser protegidas para reprodução das espécies identificadas (NAKATANI et al., 2001; REYNALTE-TATAJE et al., 2008). Para região do Alto Paraná (área de 900.000 km2), há estimativas de mais de 250 espécies de peixes (AGOSTINHO & JÚLIO-JR, 1999). Os rios Grande e Paranaíba fazem parte desta importante bacia, originando o rio Paraná na divisa de Minas Gerais com São Paulo e Mato Grosso do Sul. Suas bacias hidrográficas (365.711km2) representam mais de um terço da área total da bacia do Alto Paraná e atualmente estima-se 114 espécies para sub-bacia do rio Grande (SANTOS, 2010).

Page 14: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

14

A natureza e a intensidade com que a comunidade íctica é alterada por represamentos são altamente variáveis entre os reservatórios e deve ser estudada caso a caso (AGOSTINHO et al., 2008). Com isso a composição e distribuição ictiofaunística do rio Grande tem sido estudadas por meio dos diferentes empreendimentos hidrelétricos. No entanto, diversos aspectos da biologia dos peixes nativos são pouco conhecidos ou insuficientes para propor ações futuras para sua conservação. Assim, o acompanhamento ambiental permite o aumento dos conhecimentos básicos sobre as comunidades de peixes possibilitando que propostas de conservação e manejo sejam eficazes para a ictiofauna na área de influência da UHE Jaguara.

Page 15: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

15

4 - OBJETIVOS

4.1 - Objetivo geral O objetivo geral do programa de monitoramento é avaliar as alterações nas escalas temporal e espacial na comunidade de peixes, incluindo ovos e larvas, no rio Grande em função da operação da UHE Jaguara.

4.2 - Objetivos específicos - Catalogar as espécies de peixes que ocorrem na área de influência da UHE Jaguara,

contribuindo para o conhecimento da ictiocenose da bacia do rio Grande;

- Identificar as espécies de peixes migradores, exóticos e presentes nas listas da fauna ameaçada de extinção;

- Estimar as populações de peixes em relação à composição, abundância, riqueza, diversidade e similaridade de espécies a montante e a jusante da barragem da UHE Jaguara em escala espacial e temporal;

- Estimar a produtividade em número e biomassa das espécies, pontos, períodos amostrados e tamanhos de malha, através da captura por unidade de esforço (CPUE);

- Conhecer a atividade reprodutiva e a dieta das espécies de peixes mais abundantes na área de influência da UHE Jaguara;

- Relacionar os fatores abióticos, obtidos pelo Programa de Qualidade das Águas, com os dados de ictiofauna, realizando uma avaliação temporal/sazonal e espacial;

- Avaliar a distribuição espacial e temporal e composição do ictioplâncton presente na área de influência da UHE Jaguara;

- Coletar material genético das espécies migradoras e/ou ameaçadas de extinção do reservatório e jusante;

- Criar um Banco de Dados de informações ictiofaunísticas para futura comparação com resultados obtidos.

Page 16: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

16

5 - MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 - Pontos de amostragem Para a coleta de dados primários foram realizadas quatro amostragens ictiológicas durante um ciclo hidrológico. As campanhas ocorreram nos meses julho e outubro de 2014, janeiro e abril de 2015. Segundo o projeto executivo do programa de monitoramento da UHE Jaguara foram pré-estabelecidos quatro pontos de coleta de peixes distribuídos em toda área de influência do empreendimento. As coletas ictioplanctônicas ocorreram nos meses de outubro de 2014 a março de 2015, totalizando 6 campanhas. Para a coleta ictioplanctônica foram pré-estabelecidos quatro pontos de coleta distribuídos em toda área de influência do empreendimento. A localização e a efetividade utilizada na pesca experimental encontram-se detalhadas a seguir no Quadro 5.1-1, Fotos 5.1-1 a 5.1-6 e Figura 5.1-1.

Page 17: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

17

QUADRO 5.1-1 - Caracterização dos pontos de amostragem na área influência da UHE Jaguara.

Ponto Coordenadas Caracterização Ambiental Metodologia utilizada

JG 10

23K

258831.98 E

7772306.98 S

Ponto a montante, localizado na região próxima à UHE Luiz Carlos Barreto de Carvalho (Estreito). Às margens do ponto a declividade é acentuada em função da geomorfologia dos terrenos que delimitam o reservatório. Nestes locais há vegetação ciliar em bom estado de conservação, que chega próximo à água. O leito é rochoso e há presença de matacões. A coluna d’água possui profundidade superior a 4 metros, sendo que a transparência é maior que 3 metros. A baixa velocidade da água superficial caracteriza-se em um ambiente semi-lêntico.

Redes 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16 cm entre nós opostos (20 metros de cada rede), tarrafas (de 3, 6 e 12 cm entre nós opostos), espinhéis e rede

de ictioplâncton.

JG 20

23K

252794.02 E

7776005.97 S

Ponto no corpo do reservatório, região média, próximo ao córrego do Cervo. Às margens do ponto a declividade é acentuada em função da geomorfologia dos terrenos que delimitam o reservatório. Nestes locais há vegetação ciliar em bom estado de conservação, que chega próximo à água. O leito é rochoso e há presença de matacões. A coluna d’água possui profundidade superior a 4 metros, sendo que a transparência é maior que 3 metros. A velocidade superficial da água é baixa, imperceptível a olho nu, constituindo em um ambiente lêntico.

Redes 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16 cm entre nós opostos (20 metros de cada rede), tarrafas (de 3, 6 e 12 cm entre nós opostos), espinhéis e rede

de ictioplâncton.

JG 45

23K

247645.02 E

7780332.99 S

Corpo do reservatório, na região lacustre da Usina de Jaguara. Local com declividade do terreno moderada; às margens da coluna d’água a profundidade é de aproximadamente 1 m, chegando a 6 metros em direção à região central do reservatório, havendo alta transparência (maior que 3 metros). Nestes locais há vegetação ciliar em bom estado de conservação, que chega próximo à água, inclusive com pequenas porções da vegetação em locais submersos. O leito é rochoso e há presença de seixos e matacões. A velocidade superficial da água mínima é baixa, imperceptível a olho nu, constituindo em um ambiente lêntico.

Rede de ictioplâncton.

JG 50

23K

245098.04 E

7783494.99 S

Corpo do reservatório, na região próximo ao barramento de Jaguara. Local com declividade do terreno moderada, às margens da coluna d’água a profundidade é de aproximadamente 80 cm, chegando a possuir 6 metros em direção à região central do reservatório. Nestes locais há vegetação ciliar em bom estado de conservação, que chega próximo à água, inclusive com pequenas porções da vegetação em locais submersos. O leito é rochoso e há presença de seixos e matacões. A coluna d’água variou a profundidade de 80 cm a 6 metros, indo da margem para a região do leito, havendo alta transparência (maior que 4 metros). A velocidade superficial da água mínima é baixa, imperceptível a olho nu, constituindo em um ambiente lêntico.

Redes 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16 cm entre nós opostos (20 metros de cada rede), tarrafas (de 3, 6 e 12 cm

entre nós opostos) e rede de ictioplâncton.

Page 18: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

18

Continuação

Ponto Coordenadas Caracterização Ambiental Metodologia utilizada

JG 60

23K

245982.03 E

7784737.96 S

Região a jusante da barragem da usina de Jaguara. Trecho lótico a jusante do canal de fuga e do vertedouro da UHE. A calha do rio é encaixada em leito rochoso e com presença de seixos e matacões. Nestes locais há vegetação ciliar em bom estado de conservação, que chega próximo à água. A coluna d’água possui profundidade superior a 4 metros, sendo que a transparência da água ultrapassa os 3 metros.

Redes 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16 cm entre nós opostos (10 metros de cada rede), tarrafas (de 3, 6 e 12 cm

entre nós opostos) e espinhéis.

JG 61

23K

246414.03 E

7784991.96 S

Região a jusante da barragem da Usina de Jaguara. Trecho lótico a jusante do canal de fuga e do vertedouro da UHE. A calha do rio é encaixada em leito rochoso e com presença de seixos e matacões. Nestes locais há vegetação ciliar em bom estado de conservação, que chega próximo à água. A coluna d’água possui profundidade superior a 5 metros, sendo que a transparência da água ultrapassa os 3 metros.

Rede de ictioplâncton.

Page 19: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

19

Foto 5.1-1 - Ponto de amostragem JG 10.

Foto 5.1-2 - Ponto de amostragem JG 20.

Foto 5.1-3 - Ponto de amostragem JG 45.

Foto 5.1-4 - Ponto de amostragem JG 50.

Foto 5.1-5 - Ponto de amostragem JG 60.

Foto 5.1-6 - Ponto de amostragem JG 61.

Page 20: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 21: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

21

FIGURA 5.1-1 - Pontos de Amostragem na UHE Jaguara.

Page 22: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 23: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

23

5.2 - Procedimentos de captura e identificação dos peixes O procedimento de início das atividades em campo foi a desinfecção da embarcação com utilização de água sanitária comercial, pulverizada nas partes externas e internas do casco do barco, bem como do motor e do reboque que transporta o conjunto (foto 5.2-1). Para as capturas quantitativas foram utilizadas redes de emalhar com 10 metros e 20 metros de comprimento e altura média de 1,6 metros com malhas variando de 3 a 16 centímetros (3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16), medidos entre nós opostos. As redes foram armadas à tarde e retiradas na manhã seguinte, com auxílio de barco a motor, ficando na coluna d’água por aproximadamente 13 horas. Para as amostragens qualitativas os petrechos foram utilizados de acordo com as características do ambiente hídrico, sendo um ou mais artefatos de pesca para cada ponto de coleta (ver Quadro 5.1-1). Apenas as tarrafas com malhas (3 e 6 cm medidos entre nós opostos) e os espinhéis foram utilizados. Não foi possível o uso do arrasto e peneira devido à declividade acentuada dos pontos de coleta. O esforço qualitativo para tarrafa foi empregado em torno de 15 tarrafadas/homem. Os espinhéis foram armados em locais próximos da captura de redes de emalhar. Foram armados 4 grupos de 10 metros de linha contendo 5 a 7 anzóis, totalizando 40 metros armados por ponto. Cabe destacar que não houve efetividade na pesca experimental com uso de tarrafas e espinhéis durante o monitoramento. Os parâmetros físico-químicos da água (oxigênio, condutividade, temperatura, pH e turbidez) em cada ponto de coleta foram obtidos durante as amostragens ictiológicas ou pela equipe responsável pela execução do Programa de Qualidade das Águas, cuja amostragem ocorreu no mesmo período. Apesar de todas as questões éticas e legais envolvidas na eutanásia de animais e sua deposição em coleções de referência, o objetivo da coleta de animais em processos de monitoramento é permitir a identificação correta das espécies encontradas na área de estudo. Assim é possível detectar com precisão espécies com indefinição taxonômica ou que sirvam de animais testemunhos da amostragem e ocorrência das espécies. Em campo, os peixes foram eutanasiados com eugenol (óleo de cravo) (LUCENA et al., 2013), fixados em formaldeído a 10% e separados em sacos plásticos contendo as informações por ponto amostrado, data e tipo de petrecho utilizado na captura. Em todos exemplares testemunhos e para análise laboratorial foram aplicadas injeções com a solução de formol a 10%. Para análise genética, foram obtidos fragmentos de nadadeiras ou tecido muscular de algumas espécies de peixes espécies (migradoras e/ou ameaçadas de extinção). As amostras foram acondicionadas em frascos tipo Eppendorf conservadas em solução de etanol 98%, devidamente identificadas (n° do frasco, espécie, data e local de coleta).

Page 24: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

24

Após 10 dias submersos na solução de formol de cada coleta, os peixes foram lavados, triados e conservados em solução de álcool etílico a 70% no laboratório. Posteriormente realizou-se a identificação taxonômica e a obtenção dos dados biométricos (peso corporal em gramas e comprimento total em cm). O comprimento total dos indivíduos é medido da ponta do focinho até extremidade da nadadeira caudal. Em algumas ocasiões, antecedendo o processo de fixação em campo, os peixes foram fotografados. Durante a triagem, foram separados também as gônadas e os estômagos das espécies de peixes selecionadas para os estudos da biologia reprodutiva e alimentar, respectivamente. Para a identificação dos espécimes coletados foram utilizadas diversas chaves de identificação taxonômica dentre elas: COVAIN & FISCH-MULLER (2007); KULLANDER & FERREIRA, 2006; GRAÇA & PAVANELLI (2007); OYAKAWA & MATTOX (2009); LANGEANI & RÊGO (2014). Os nomes científicos e autores das espécies seguem aqueles empregados nas descrições originais, atualizados através de ESCHMEYER (2014), cuja obra pode ser consultada através do endereço eletrônico: http://www.calacademy.org/research/ichthyology/catalog. Cabe destacar, que a solução de formol juntamente com a carcaça dos peixes analisados foram armazenados e descartados em local apropriado (ANEXO 1).

Alguns exemplares foram mantidos com a designação “cf.”, pois não se tem certeza sobre sua identificação, uma vez que apresentam variações em relação às características descritas para a espécie. Exemplares testemunhos de todas as espécies estão depositados na sede da Brandt Meio Ambiente e posteriormente serão encaminhados como material testemunho para a Coleção Ictiológica das Coleções Taxonômicas da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (DZUFMG) (ANEXO 2). Números de registro na coleção estarão disponíveis assim que o processo estiver finalizado. Os métodos de coleta e triagem laboratorial estão representados nas fotos 5.2-1 a 5.2-11. A licença para captura, coleta e transporte da ictiofauna da UHE Jaguara foi emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA sob o nº 003/2014 com período de validade de 21/07/2014 a 31/07/2017 referente ao processo número 02001.002573/99 (ANEXO 3).

Foto 5.2-1 - Aplicação de água

sanitária no conjunto de embarcação e reboque.

Foto 5.2-2 - Entrada da embarcação no reservatório

da UHE Jaguara.

Page 25: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

25

Foto 5.2-3 - Armação da rede

de emalhar com auxílio do barco a motor em JG 20.

Foto 5.2-4 - Efetividade na pesca experimental com as redes de emalhar em JG 50.

Foto 5.2-5 - Uso de tarrafa em JG 10. Foto 5.2-6 - Uso de espinhéis (seta) em JG

20.

Foto 5.2-7 - Triagem dos peixes

capturados em campo. Foto 5.2-8 - Análise em campo da atividade

reprodutiva de Hoplias intermedius.

Page 26: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

26

Foto 5.2-9 - Triagem e identificação dos

exemplares. Foto 5.2-10 - Análise laboratorial dos

estômagos.

Foto 5.2-11 - Recolhimento de carcaça de peixes e resíduos fixados em solução de

formol para o descarte.

5.3 - Procedimentos de captura e identificação do ictioplâncton As coletas foram realizadas no início do período noturno (entre 18:00 e 21:00h) e de manhã (entre 06:00 e 09:00h) entre os meses de outubro de 2014 a março de 2015. Foi utilizada rede de plâncton do tipo cilindro-cônica com malha de 0,5 mm 1,45 m de extensão e 50 cm de diâmetro na abertura, com fluxômetro (Modelo MF 315 - Sea Gear Corp.) posicionado na abertura. A rede foi fixada próxima a uma das margens e submersas durante 10 minutos a jusante do barramento (JG 61, ambiente lótico). Nos pontos localizados no reservatório da UHE Jaguara (JG 10, JG 20 e JG 45), cuja correnteza é reduzida, a rede foi instalada ao lado do barco a motor, sendo arrastada em um trajeto aleatório por 10 minutos (NAKATANI et al., 2001). Cabe salientar que devida à declividade acentuada nas margens dos pontos de coleta, além de frequentemente o fundo ser irregular, pois é composto por seixos, não foi possível o uso do arrasto bentônico. Em campo, as amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno e fixadas em solução de formalina a 4%, tamponada com carbonato de cálcio (1g de CaCO3 para 1.000ml de solução de formalina). Os parâmetros físico-químicos da água (oxigênio, condutividade, temperatura, pH e turbidez) em cada ponto de coleta foram obtidos durante amostragem de ovos e larvas.

Page 27: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

27

Em laboratório, todas as amostras foram filtradas utilizando peneira com malha de 500 micrômetros, onde ictioplâncton foi separado em uma placa de Petri do restante do material com auxílio da lupa estereoscópica Zeiss (Stemi DV4). Em seguida, os ovos e larvas foram identificados ao menor nível taxonômico, separados, quantificados e fotografados. As larvas foram identificadas como auxílio de bibliografia específica. A abundância de ovos e larvas foi padronizada para um volume de 10m3 de água filtrada. Como dito anteriormente, a solução de formol será armazenada para descarte apropriado. Os métodos de coleta e triagem laboratorial estão representados nas fotos 5.3-1 a 5.3-3.

Foto 5.3-1 - Utilização da rede

de ictioplâncton com fluxômetro acoplado.

Foto 5.3-2 - Utilização do medidor de pH e temperatura

da água no ponto JG 10.

Foto 5.3-3 - Análise sob o

microscópio das amostras de ovos e larvas.

2014 11 24

Page 28: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

28

5.4 - Análises dos dados Para análise dos dados foram determinadas a riqueza, a diversidade e a similaridade de espécies. Também foi avaliada e agrupada a variação dos dados biométricos (comprimento total e peso corporal), abundância em número e biomassa dos peixes coletados. A suficiência amostral foi verificada pela curva de acumulação de espécies através do programa EstimateS considerando 100 randomizações, incluindo todos os pontos e períodos de amostragem. Para estimar a curva do coletor da área de estudo foram utilizados os estimadores Bootstrap e Jack-Knife 1, considerando 100 randomizações, através do mesmo programa. A ocorrência de espécies de peixes foi obtida a partir da análise da presença das mesmas nos diferentes pontos coletados. A diversidade das espécies foi avaliada através do índice de Shannon (H'). Esse índice fundamenta-se na abundância proporcional das espécies identificadas. Ele assume que os indivíduos foram amostrados aleatoriamente de uma população virtualmente infinita, e que todas as espécies de um determinado local estão representadas na amostra (MAGURRAN, 2004). Abaixo segue a equação:

H' = - ∑[(ni / N).1ln ((ni / N)], onde: ni = número de peixes da espécie i contido nas amostragens de um dado local; N = número total de peixes capturados nas amostragens de um dado local; ln = logaritmo natural. O índice de equitabilidade (E) é derivado do índice de Shannon, avaliando uniformidade dos dados obtidos e pode ser calculado através da seguinte fórmula:

E = H’ / log S’, onde, S = número total de espécies H’ = índice de Shannon. A similaridade entre os locais amostrados foi estimada através do índice de Sorensen (S), conforme contido em MAGURRAN (2004):

S = 2a / (2a + b + c), onde,

a = número de espécies comuns a ambos locais (A e B) a serem comparados; b = número de espécies que ocorrem no local A, mas não ocorrem no local B; c = número de espécies que ocorrem no local B, mas não ocorrem no local A; Com base na metodologia contida em VALENTIN (1995), foram construídos dendrogramas de similaridade a partir de valores do índice de Sorensen para os pontos amostrados, empregando-se como método de ligação à associação média não balanceada (UPGMA). Este procedimento analisa a composição de espécies entre as áreas (presença e ausência), pois é dado peso igual para todas as espécies, independente da abundância de cada uma.

Page 29: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

29

Os dados quantitativos, obtidos através das amostragens com redes de emalhar foram também determinados através da captura por unidade de esforço (CPUE). A CPUE é definida como o somatório do número (CPUEn em indivíduos) e biomassa (CPUEb em gramas) de peixes. Este procedimento permite comparações entre as espécies, tipo de rede de emalhar e pontos amostrados, sendo obtido a partir da seguinte fórmula:

CPUEn = N / E x 100 e CPUEb = B / E x 100, onde: CPUEn = captura em número por unidade de esforço; CPUEb = captura em biomassa (g) por unidade de esforço; N = número de peixes capturados para um determinado tamanho de malha; n = tamanhos de malha empregados (3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16 cm); b = biomassa (g) dos peixes capturados para um determinado tamanho de malha; E = esforço de pesca para um dado tamanho de malha (área de rede empregada em m²) durante o tempo de exposição. A determinação da influência dos fatores abióticos sobre a ictiofauna foi avaliada temporal/sazonal e espacialmente. A análise foi realizada por meio de comparação estatística entre os dados de oxigênio dissolvido (OD), temperatura da água, condutividade, pH e transparência e os dados de abundância e composição da ictiofauna. Para atividade reprodutiva os exemplares das espécies de peixes mais abundantes foram dissecados para identificação do sexo e do diagnóstico macroscópico de maturação gonadal. O diagnóstico macroscópico do estado de desenvolvimento das gônadas baseou-se no volume, coloração, irrigação sangüínea, turgidez e visualização de ovócitos e espermatozóides. Ovários e testículos foram classificados em escala de maturação de acordo com BAZZOLI (2003), sendo os dados expressos sob frequência absoluta dos estádios diagnosticados. 1 = repouso - ovários delgados, translúcidos, volume reduzido; Testículos filiformes

ou franjados e transparentes. 2 = maturação inicial - ovários volumosos, alguns ovócitos visíveis a olho nu;

Testículos volumosos e esbranquiçados. 3 = maturação avançada/maduro - ovários com volume máximo com numerosos

ovócitos visíveis a olho nu; Testículos túrgidos e brancos leitosos. Em algumas espécies ovários e testículos sob leve pressão na parede da cavidade celômica liberam ovócitos e espermatozoides respectivamente.

4 = desovado/espermiado - ovários e testículos flácidos e hemorrágicos. Cabe salientar que de cada exemplar das espécies selecionadas registrou-se o peso corporal (PC) e peso das gônadas (PG). Esses dados foram utilizados para o cálculo do índice gonadossomático (IGS=100 x PG/PC). Algumas espécies de peixes foram previamente selecionadas para análise estomacal. Após fixação em formalina a 10% por cerca de dez dias e conservação em álcool 70%, os peixes foram eviscerados para dissecção dos estômagos.

Page 30: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

30

Para determinação do conteúdo estomacal será utilizado o método de ocorrência de itens (WINDELL,1968; HYSLOP, 1980) sendo o volume estimado pelo método de pontos (HYNES, 1950). Os itens alimentares foram observados em microscópio estereoscópico e identificados até o menor nível taxonômico possível com auxílio de bibliografias especializadas. Foram quantificados segundo os métodos de ocorrência e volumétrico (HYSLOP 1980). O volume dos itens foi obtido através do deslocamento de coluna d’água em provetas graduadas. Para itens pequenos foi feita compressão dos itens em placa de Petri milimetrada até uma altura de 1mm, onde a área em milímetros cúbicos era convertida para mililitros (1mm³= 0,001 ml) (HELLAWELL & ABEL, 1971). Os dados foram combinados no índice de Importância Alimentar de KAWAKAMI & VAZZOLER (1980), descrito pela equação:

Onde, IAi = índice alimentar; Fi = freqüência de ocorrência (%) do item i; Vi = volume de ocorrência (%) do item i. O grau de repleção dos estômagos foi estimado e quatro categorias foram utilizadas: - Cheio: mais de 70% do estômago cheio (Grau 3);

- Parcialmente cheio: de 30 - 70% do estômago cheio (Grau 2);

- Parcialmente vazio: menos de 30% do estômago cheio (Grau 1);

- Vazio (Grau 0).

Para melhor apresentação e visualização dos dados, os itens foram agrupados em classes. Os materiais vegetais incluem sementes, detritos vegetais e materiais vegetais não identificados; sedimentos são detritos e matéria orgânica em decomposição; insetos não identificados, insetos autóctones e alóctones, e entre moluscos estão incluídos bivalves e gastrópodes não identificados. A correlação de Pearson foi utilizada para verificar a distribuição espacial da relação entre os parâmetros da água e a abundância de peixes. A relação entre as variáveis físico-químicas, abundância de peixes, de ovos, larvas e juvenis foram analisadas em função da sazonalidade e dos pontos amostrais. Para tal foi empregada a análise de componente principais (PCA), utilizou-se normalização dos dados através de transformação logarítmica, e estadísticas computadas através de matriz de correlação. Os componentes considerados válidos para análise foram aqueles com “Eigenvalue” >1.

Fi x Vi

Σ (Fi x Vi) n

i=1

IAi =

Page 31: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

31

6 - RESULTADOS

6.1 - Dados físico-químicos da água No presente estudo, os principais parâmetros físico-químicos da água (temperatura, concentração de oxigênio dissolvido, pH e condutividade) foram registrados pela manhã durante as amostragens de peixes, utilizando-se sonda multiparâmetros. (FIGURA 6.1-1). As amostragens contemplaram as estações seca e chuvosa na região, nas seguintes datas: 1a 06/10/2014 a 10/10/2014; 2a 24/11/2014 a 25/11/2014; 3a 15/12/2014 a 16/12/2014; 4a 23/01/2015 a 24/01/2015; 5a 12/02/2015 a 13/02/2015; 6a 17/03/2015 a 19/03/2015. Segundo dados do programa de monitoramento de qualidade das águas, os parâmetros físico-químicos estiveram em concordância com a legislação ambiental, dentro dos limites permitidos pela resolução CONAMA 357/2005 e COPAM/CERH 01/2008. Esses dados das águas afluentes, interiores do reservatório e jusante apresentam uma água de boa qualidade. Esses dados demonstram que no período da piracema (outubro a março) os valores de temperatura (em torno de 27° C), pH (em torno de 7) e oxigênio dissolvido (em torno de 6mg/L) e condutividade (em torno de 50 µS/cm) são suficientes para permitir as atividades reprodutivas e alimentares normais dos peixes na área de influência da UHE Jaguara.

FIGURA 6.1-1 - Parâmetros físico-químicos do rio Grande na área de influência da UHE Jaguara.

18

20

22

24

26

28

30

julh

o

ou

tub

ro

no

vem

bro

dez

em

bro

jan

eiro

feve

reir

o

mar

ço

abri

l

Tem

pe

ratu

ra °

C

JG 10

JG 20

JG 45

JG 50

JG 60

JG 61

Page 32: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

32

6

6,5

7

7,5

8

8,5

julh

o

ou

tub

ro

no

ve

mbro

de

ze

mbro

jane

iro

feve

reiro

ma

rço

ab

ril

Oxig

ên

io d

isso

lvid

o m

g/L

JG 10

JG 20

JG 45

JG 50

JG 60

JG 61

5

5,5

6

6,5

7

7,5

8

8,5

julh

o

ou

tub

ro

no

ve

mbro

de

ze

mbro

jane

iro

feve

reir

o

ma

rço

ab

ril

pH

JG 10

JG 20

JG 45

JG 50

JG 60

JG 61

Page 33: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

33

6.2 - Composição ictiofaunística Durante as quatro coletas ictiológicas realizadas trimestralmente de julho de 2014 a abril de 2015 na área de influência da UHE Jaguara foram capturados 231 exemplares pertencentes a 25 espécies, 11 famílias e 4 ordens. Dos 231 exemplares, 70 indivíduos foram capturados em julho, 27 em outubro de 2014, 62 em janeiro e 72 espécimes em abril de 2015. A distribuição das espécies coletadas no monitoramento ictiofaunístico da UHE Jaguara encontram-se abaixo no Quadro 6.2-1 e nas Fotos 6.2-1 a 6.2-25

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

julh

o

ou

tub

ro

no

vem

bro

dez

em

bro

jan

eiro

feve

reir

o

mar

ço

abri

l

Co

nd

uti

vid

ade

µS/

cm

JG 10

JG 20

JG 45

JG 50

JG 60

JG 61

Page 34: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

34

QUADRO 6.2-1 - Distribuição taxonômica das espécies de peixes amostradas na área de influência da UHE Jaguara em julho, outubro de 2014, janeiro e março de

2015.

CATEGORIA TAXONÔMICA NOME POPULAR

Ordem CHARACIFORMES

Família Characidae

Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000 Lambari do rabo amarelo

Astyanax fasciatus Cuvier, 1819 Lambari do rabo vermelho

Família Serrasalmidae

Serrasalmus maculatus Kner, 1858 Piranha

Myleus tiete4 (Eigenmann & Norris, 1900) Pacu prata

Família Anostomidae

Leporinus octofasciatus2 Steindachner, 1915 Flamenguinho

Leporinus amblyrhynchus2 Garavello & Britski 1987 Piau

Leporinus obtusidens¹ (Valenciennes, 1837) Piapara

Leporinus friderici¹ (Bloch, 1794) Piau três pintas

Schizodon nasutus2 Kner, 1858 Timburé

Família Prochilodontidae

Prochilodus lineatus¹ Valenciennes, 1837 Curimba

Família Erythrinidae

Hoplias intermedius (Günther, 1864) Traírão

ORDEM SILURIFORMES

Família Loricariidae

Hypostomus regani 2 (Ihering, 1905) Cascudo

Hypostomus sp.2 (Boulenger, 1895) Cascudo

Megalancistrus parananus (Peters, 1881) Cascudo-abacaxi

Família Heptapteridae

Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Bagre

Família Pimelodidae

Pimelodus microstoma Steindachner, 1877 Mandi

Pimelodus maculatus1 Lacepède, 1803 Mandi amarelo

Família Cichlidae

Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Acará

Cichla piquiti3 Kullander & Ferreira, 2006 Tucunaré

Cichla kelberi3 Kullander & Ferreira, 2006 Tucunaré

Crenicichla haroldoi Luengo & Britski, 1974 Joaninha

Tilapia rendalli3 (Boulenger, 1897) Tilápia

Oreochromis niloticus3 (Linnaeus 1758) Tilápia nilótica

Page 35: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

35

Continuação

CATEGORIA TAXONÔMICA NOME POPULAR

Ordem CHARACIFORMES

Família Sciaenidae

Plagioscion squamosissimus3 (Heckel, 1840) Corvina

ORDEM GYMNOTIFORMES

Família Sternopygidae

Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1836) Tuvira 1 Espécie migradora (AGOSTINHO et al., 2003; GRAÇA & PAVANELLI, 2007);

2 Espécie reofílica (GRAÇA &

PAVANELLI, 2007); 3 Espécie alóctone ou exótica (REIS et al., 2003; KULLANDER & FERREIRA, 2006);

4 Lista Oficial

de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no estado de Minas Gerais e nacional (ROSA & LIMA, 2008; VIEIRA et al., 2008).

Foto 6.2-1 - Astyanax altiparanae. Foto 6.2-2 - Astyanax fasciatus.

Foto 6.2-3 - Serrasalmus maculatus. Foto 6.2-4 - Myleus tiete.

Page 36: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

36

Foto 6.2-5 - Leporinus octofasciatus.

Foto 6.2-6 - Leporinus

amblyrhynchus.

Foto 6.2-7 - Leporinus

obtusidens. Foto 6.2-8 - Leporinus friderici.

Foto 6.2-9 - Schizodon nasutus. Foto 6.2-10 - Prochilodus lineatus.

Page 37: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

37

Foto 6.2-11 - Hoplias intermedius. Foto 6.2-12 - Hypostomus regani.

Foto 6.2-13 - Hypostomus sp. Foto 6.2-14 - Megalancistrus

parananus.

Foto 6.2-15 - Rhamdia quelen. Foto 6.2-16 - Pimelodus

microstoma.

Foto 6.2-19 - Cichla piquiti. Foto 6.2-20 - Cichla kelberi.

Page 38: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

38

Foto 6.2-21 - Crenicichla

haroldoi. Foto 6.2-22 - Tilapia rendalli.

Foto 6.2-23 - Oreochromis

niloticus. Foto 6.2-24 - Plagioscion

squamosissimus.

Foto 6.2-25 - Eigenmannia

virescens.

Todas as espécies capturadas foram amostradas com redes de espera na região pelágica do rio Grande. Como dito anteriormente, o uso de tarrafas e espinhéis não obteve êxito na pesca experimental. Devido à declividade acentuada nas margens dos pontos de coleta não foi possível o uso do arrasto bentônico e peneira. Contudo, manteremos os esforços de captura com espinhéis, tarrafas e peneira nas próximas coletas ictiológicas no ciclo hidrológico 2015/2016. A baixa eficiência dos petrechos qualitativos pode também estar ligada a alta transparência da água comum na área de influência da UHE Jaguara.

Page 39: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

39

Em laboratório, alguns espécimes capturados foram novamente identificados para o envio como material testemunho para a Coleção Ictiológica das Coleções Taxonômicas da UFMG. As espécies de cascudos (Hypostomus cf. ternetzi e Hypostomus cf. margaritifer) e o mandi (Pimelodus cf. paranaensis) obtidas ao longo do monitoramento foram identificadas erroneamente. Essas espécies estão identificadas como Hypostomus sp., Hypostomus regani e Pimelodus maculatus respectivamente. A Crenicichla sp. foi identificada como Crenicichla haroldoi. No presente estudo, 44% da ictiofauna da área estudada é representada pela ordem Characiformes, seguida por 28% de Perciformes, 24% Siluriformes e 4% Gymnotiformes. A predominância dos grupos dos Characiformes é comum nas diversas bacias hidrográficas não estuarinas brasileiras (BUCKUP et al., 2007). Contudo as 11 famílias encontradas na composição da comunidade indicam existência de guildas distintas. Tal fato pode indicar comunidade de peixes com papel ecologicamente funcional na área de estudo (STRECKER et al., 2011). Contudo pode-se destacar a participação da família Cichlidae, com 6 espécies na área de influência da UHE Jaguara. Desta família, 4 espécies são exóticas (Cichla piquiti, Cichla kelberi, Tilapia rendalli e Oreochromis niloticus) que podem afetar negativamente a ictiofauna nativa. Com isso, a ictiocenose amostrada corresponde a 22% em relação às 114 espécies de peixes catalogadas para sub-bacia do rio Grande (SANTOS, 2010). No presente estudo a maioria das espécies de peixes já foram capturadas em monitoramentos anteriores (MANNA & TOLEDO, 2013), com exceção da tuvira (Eigenmannia virescens). Porém, houve acréscimo de 11 espécies em relação ao monitoramento pretérito, são elas: Astyanax altiparanae, Astyanax fasciatus, Myleus tiete, Leporinus amblyrhynchus, Hypostomus regani, Rhamdia quelen, Pimelodus microstoma, Cichla piquiti, Crenicichla haroldoi, Tilapia rendalli, e Eigenmannia virescens. Desta forma, houve ampliação da riqueza, e, em torno de 31 espécies de peixes, foram catalogadas ao longo dos estudos do programa de monitoramento da UHE Jaguara (MANNA & TOLEDO, 2013). A curva do coletor para área de influência da UHE Jaguara não se mostrou estabilizada, indicando que o número de espécies de peixes tende a ampliar com a continuidade do monitoramento (FIGURA 6.2-1).

Page 40: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

40

FIGURA 6.2-1 - Estimativa de riqueza de espécies em relação as coletas ictiológicas na UHE Jaguara em 2014/2015.

No Quadro 6.2-2 mostramos a distribuição das espécies de acordo com os pontos de coletas durante as quatro campanhas (julho, outubro de 2014, janeiro e abril de 2015) na área influência da UHE Jaguara. As espécies que apresentaram maior distribuição, presentes em todos os pontos de capturas durante monitoramento ictiofaunístico foram: o trairão (Hoplias intermedius), mandi-amarelo (Pimelodus maculatus) e o ferreirinha (Leporinus octofasciatus). Ao longo dos estudos pretéritos, observamos a constante captura do mandi-amarelo (Pimelodus maculatus) na área de influência da UHE Jaguara. Cabe destacar a expressiva captura do traírão (Hoplias intermedius) e do ferreirinha (Leporinus octofasciatus) no presente estudo, cujos registros eram menos expressivos em estudos anteriores. A maior ocorrência do traírão (Hoplias intermedius) foi no ponto JG 50 (reservatório), cujo ambiente lêntico é preferencial para espécie. O ferreirinha (Leporinus octofasciatus) foi capturado em todas as campanhas no ponto JG 60 (ambiente lótico). Isso demonstra que as condições hidrológicas nesse trecho do rio Grande podem ser favoráveis para as atividades forrageiras dessas espécies de peixes.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 c

amp

anh

a

2 c

amp

anh

as

3 c

amp

anh

as

4 c

amp

anh

as

de

esp

éci

es

Bootstrap N acumulado JN1

Page 41: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

41

QUADRO 6.2-2 - Ocorrência e número de espécies por ponto de coleta na área de influência da UHE Jaguara.

Espécies

Pontos amostrais / campanha

JG 10 JG 20 JG 50 JG 60

1a 2

a 3

a 4

a 1

a 2

a 3

a 4

a 1

a 2

a 3

a 4

a 1

a 2

a 3

a 4

a

Astyanax altiparanae x

x

Astyanax fasciatus x

x

x

Cichla kelberi

x

x x x x

x

Cichla piquiti x x x x x

x x x

Crenicichla haroldoi

x x

x

Eigenmannia virescens

x

Geophagus brasiliensis

x

x

x x

Hoplias intermedius x

x x x

x x x x x x

x x

Hypostomus regani

x x x x

Hypostomus sp.

x

x x

Leporinus amblyrhynchus

x

Leporinus obtusidens

x

Leporinus friderici

x

Leporinus octofasciatus

x x

x

x

x x x x

Megalancistrus parananus

x

Myleus tiete

x

Oreochromis niloticus

x

x

Pimelodus microstoma x

x

Pimelodus maculatus x x

x

x x x x

x x

Plagioscion squamosissimus

x

x

x x

x

x x

Prochilodus lineatus

x

x

x

Rhamdia quelen

x

Schizodon nasutus

x

x x

Serrasalmus maculatus

x x

Tilapia rendalli x

x x

Número de espécies 7 4 3 4 5 2 5 5 10 7 3 2 9 4 11 10

1a campanha = julho/14; 2

a campanha = outubro/14; 3

a campanha = janeiro/15; 4

a campanha = abril/15.

O ponto que apresentou maior número de espécies capturadas (n=16) foi o ponto localizado a jusante (JG 60). De fato esse local de amostragem registrou todas as espécies de anostomídeos (piaus), dos loricariídeos (cascudos) e serrasalmídeos (piranhas e pacu prata). Cabe lembrar que o ponto JG 60 é o único trecho que apresenta condições lóticas do rio Grande na área de influência da UHE Jaguara.

Page 42: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

42

Para os peixes reofílicos e migradores (piracema) as barragens constituem, em sua maior parte, obstáculos intransponíveis, interferindo no comportamento migratório. São considerados peixes reofílicos todas as espécies que necessitam de ambientes lóticos em algum momento do seu ciclo de vida para atividade forrageira. Já os peixes migradores são as espécies que de acordo com a sazonalidade deslocam-se no curso hídrico para atividade reprodutiva. Dentre as 25 espécies amostradas durante o monitoramento ictiofaunístico, duas espécies de loricariídeos (Hypostomus regani e Hypostomus sp.) e três espécies piaus (Leporinus octofasciatus, Leporinus amblyrhynchus e Schizodon nasutus) são consideradas reofílicas. As espécies de peixes migradores estão representadas pelo mandi-amarelo (Pimelodus maculatus), a curimba (Prochilodus lineatus) e os piaus (Leporinus obtusidens e Leporinus friderici). A curimba (Prochilodus lineatus) e o mandi-amarelo (Pimelodus maculatus) apresentaram ampla distribuição. A curimba (Prochilodus lineatus) capturada no reservatório da UHE Jaguara abre oportunidade de discussão da origem desta espécie neste trecho do rio Grande. Isto se deve ao fato de que provavelmente a espécie não se reproduz na área onde foi encontrada, bem como não há tributários de grande porte que desaguam no reservatório da UHE Jaguara entre os barramentos de montante e da própria Jaguara, que poderiam constituir sítio reprodutivo para peixes migradores. Ainda sim, não há mecanismos ou programas de transposição de peixes na própria UHE Jaguara. Deste modo, uma das explicações para a ocorrência da curimba nesta região pode ser os programas de peixamentos realizados pela Estação Ambiental de Volta Grande da Cemig. Cabe lembrar que, essa espécie é considerada migradora de longas distâncias. A expressiva captura do mandi-amarelo demonstra a plasticidade e adaptação forrageira dessa espécie nesse trecho do rio Grande, principalmente na atividade reprodutiva em diferentes ambientes hídricos (lêntico e lóticos). Fato já observado em outros trechos de rio sob a influência de empreendimentos hidrelétricos (AGOSTINHO et al., 2003; PASCHOALINI et al., 2013). Contudo, há diversos questionamentos quanto à consideração do mandi-amarelo (Pimelodus maculatus) como espécie migradora, uma vez que estudos demonstram altas abundâncias em reservatórios em cascata sem grandes tributários (BRAGA & ANDRADE, 2005; FREITAS & PETRERE Jr., 2001). Os anostomídeos migradores (Leporinus obtusidens e Leporinus friderici) foram capturados somente a jusante do barramento. Possivelmente essas espécies estejam reproduzindo nesse trecho lótico do rio Grande, uma vez que durante o programa de monitoramento de ictioplâncton foram coletadas larvas de anostomídeos no ponto JG 61, sendo um indicativo também de área de recrutamento de indivíduos da família Anostomidae.

Page 43: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

43

No presente estudo foram coletadas cinco espécies consideradas exóticas: os tucunarés (Cichla piquiti e Cichla kelberi), as tilápias (Tilapia rendalli e Oreochromis niloticus) e a corvina (Plagioscion squamosissimus). Cabe salientar que todas essas espécies ocorrem exclusivamente no reservatório da UHE Jaguara, exceto a corvina (Plagioscion squamosissimus), capturada também em JG 60 (jusante do barramento). A introdução de peixes exóticos acarreta alterações espaço-temporal negativas na comunidade de peixes, sendo então uma ameaça para a ictiocenose nativa. Os motivos de introdução de peixes exóticos na sub-bacia do rio Grande são diversos: escapes de ambiente confinados, solturas deliberadas, ou até mesmo programas de estocagem com o pretexto de ampliação da produção pesqueira. De fato são observados tanques-redes com produção de tilápias localizados nas proximidades dos pontos JG 45 e JG 50. Além disso, no monitoramento de ictioplâncton já foram capturadas larvas de tilápias possivelmente oriundas do cultivo instalado no reservatório da UHE Jaguara. Desta forma, é necessário mapeamento das espécies exóticas nesse trecho do rio Grande, acompanhando o processo da estruturação e estabilização das populações de peixes exóticos, principalmente na região a montante do barramento e sua interferência na ictiocenose nativa. A nomenclatura da espécie de pacu, Myleus tiete, foi adotada de acordo com o Catalog of Fishes. Em relação ao status de conservação, ambas as nomenclaturas são citadas em listas de espécies ameaçadas. Myleus tiete é reportada como vulnerável segundo o Livro de Espécies Ameaçadas da Fauna Brasileira (ROSA & LIMA, 2008), e em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais do COPAM (2010). Já a nomenclatura Myleus tiete é reportada nas categorias acima citadas por LANGEANI & RÊGO (2014). A ictiocenose da área de influência da UHE Jaguara foi avaliada a partir do comprimento total (CT) em centímetros (cm) e peso corporal (PC) em gramas (g) dos indivíduos coletados. A comunidade íctica apresentou o predomínio de indivíduos de médio porte (20 a 40 cm). O maior exemplar capturado foi a curimba (Prochilodus argenteus), que registrou 58 cm de comprimento total e 3120 gramas de peso corporal. O menor exemplar foi registrado para a tilápia (Tilapia rendalli). Esse dado pode indicar que há reprodução dessa espécie na área do reservatório da UHE Jaguara. Valores biométricos das outras espécies podem ser observados no quadro 6.2-3. QUADRO 6.2-3 - Dados biométricos das espécies de peixes coletadas em julho, outubro de 2014, janeiro e abril de 2015 na área de influência da UHE Jaguara.

Espécie N CT PC

Biomassa total (g) Mín Máx Mín Máx

Astyanax altiparanae 5 11,3 11,5 10,2 33 129,65

Astyanax fasciatus 6 8,3 13,8 10,04 40,22 166,13

Cichla kelberi 21 12 35,2 18,05 634,6 5719,44

Cichla piquiti 9 10,2 36,5 16,3 790 1839,7

Crenicichla haroldoi 3 13,8 21 30,6 89,4 160,9

Eigenmannia virescens 1 31,8 31,8 36,6 36,6 36,6

Geophagus brasiliensis 9 10,5 21 24,1 175,2 589

Hoplias intermedius 33 16,1 50,6 47,3 1640 17627,17

Page 44: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

44

Continuação

Espécie N CT PC

Biomassa total (g) Mín Máx Mín Máx

Hypostomus regani 34 21 39,5 110 774,59 10824,38

Hypostomus sp. 17 15,5 37,3 52 740 4797,16

Leporinus amblyrhynchus 1 24 24 160,2 160,2 160,2

Leporinus friderici 1 33,1 33,1 504,9 504,9 504,9

Leporinus obtusidens 1 31,3 31,3 354,3 354,3 354,3

Leporinus octofasciatus 14 20 31 95,5 351,8 3377,1

Megalancistrus parananus 4 34,5 40 570 1180 3085,8

Myleus tiete 2 25,2 25,9 368,8 387,5 756,3

Oreochromis niloticus 3 18,7 26 158,3 318,6 710,5

Pimelodus maculatus 17 20,4 37,5 39 573,9 5082,58

Pimelodus microstoma 7 32 38,2 323,2 712,4 3860,4

Plagioscion squamosissimus 16 11,6 45 12,8 1180 7757,4

Prochilodus lineatus 3 27,4 58 378,7 3120,5 4985,2

Rhamdia quelen 1 29,9 29,9 375,6 375,6 375,6

Schizodon nasutus 13 30,7 39 270 770 5223,32

Serrasalmus maculatus 3 16,9 18 130,5 136,5 398,1

Tilapia rendalli 7 8 23,6 11,1 296,7 670,4

Total 231 8 58 10,04 3120,5 79966,82

N=número de espécies; CT=comprimento total; PC=peso corporal; Mín=mínimo; Máx=máximo.

6.3 - Análise da produtividade em número e biomassa Durante as quatros coletas ictiológicas, o cascudo Hypostomus regani juntamente com o traírão (Hoplias intermedius) foram as espécies com maiores valores de CPUEn e CPUEb. Cabe ressaltar que todos os loricariídeos foram capturados a jusante do barramento (JG 60), cujas características fisiográficas do rio nesse trecho lótico (leito composto seixos e rochas, trechos encachoeirados) vão de encontro às características ambientais conhecidas como importantes para a ocorrência dos cascudos. Já o traírão obteve expressiva captura nos pontos localizados a montante do barramento da UHE Jaguara. Nesses locais, o ambiente do rio Grande é lêntico e há presença de vegetação próxima às margens, o que torna o ambiente com maior complexidade estrutural e pode permitir a ocorrência de outras espécies forrageiras e por consequência, do trairão que é um piscívoro (Figura 6.3-1).

Page 45: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

45

FIGURA 6.3-1 - Captura por unidade de esforço em número (CPUEn) e biomassa (CPUEb) por espécie coletada na UHE Jaguara.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Hypostomus regani

Hoplias intermedius

Cichla kelberi

Hypostomus sp.

Pimelodus maculatus

Plagioscion squamosissimus

Leporinus octofasciatus

Schizodon nasutus

Cichla piquiti

Geophagus brasiliensis

Pimelodus microstoma

Tilapia rendalli

Astyanax fasciatus

Astyanax altiparanae

Megalancistrus parananus

Crenicichla haroldoi

Oreochromis niloticus

Prochilodus lineatus

Serrasalmus maculatus

Myleus tiete

Eigenmannia virescens

Leporinus amblyrhynchus

Leporinus friderici

Leporinus obtusidens

Rhamdia quelen

Numero de ind/ 100m² de rede

CPUEn

Page 46: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

46

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0

Hoplias intermedius

Hypostomus regani

Plagioscion squamosissimus

Cichla kelberi

Schizodon nasutus

Pimelodus maculatus

Prochilodus lineatus

Hypostomus sp.

Pimelodus microstoma

Leporinus octofasciatus

Megalancistrus parananus

Cichla piquiti

Myleus tiete

Oreochromis niloticus

Tilapia rendalli

Geophagus brasiliensis

Leporinus friderici

Serrasalmus maculatus

Rhamdia quelen

Leporinus obtusidens

Astyanax fasciatus

Crenicichla haroldoi

Leporinus amblyrhynchus

Astyanax altiparanae

Eigenmannia virescens

gramas de peixe/ 100m² de rede

CPUEb

Page 47: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

47

Analisando separadamente os pontos de coleta, observamos que nas campanhas de julho de 2014, janeiro e março de 2015 o CPUEn foi em média de 30 indivíduos/100 m² e de biomassa 12000g/100 m². Apenas em outubro de 2014 houve uma baixa efetividade pesqueira sendo 9 indivíduos/100 m² e 1830 grama/100 m². Não foi identificado claramente um fator que pode ter acarretado nestes valores baixos de CPUE, haja visto que a CPUE foi reestabelecida nas campanhas seguintes. Observamos que o ponto JG 60 (jusante) foi o que apresentou o maior valor para CPUEn e CPUEb em julho de 2014, janeiro e abril de 2015 (Figura 6.3-2). Esse elevado valor a jusante do barramento da UHE Jaguara deve-se a expressiva captura de loricaríideos e anostomídeos, principalmente durante o período reprodutivo. FIGURA 6.3-2 - Captura por unidade de esforço em número (CPUEn) e biomassa

(CPUEb) por ponto de coleta da UHE Jaguara.

1a campanha = julho/14; 2a campanha = outubro/14; 3a campanha = janeiro/15; 4a campanha = abril/15.

0

5

10

15

20

25

JG 10 JG 20 JG 50 JG 60

CP

UE

n

Pontos de amostragem

1a campanha 2a campanha 3a campanha 4a campanha

0

2000

4000

6000

8000

10000

JG 10 JG 20 JG 50 JG 60

CP

UE

b

Pontos de amostragem

1a campanha 2a campanha 3a campanha 4a campanha

Page 48: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

48

A maior ocorrência em número de indivíduos e biomassa por redes de emalhar concentraram-se nas malhas 5, 6, 7 e 8, as quais capturaram todas as 25 espécies. Isso vai de encontro com a ictiocenose verificada, que em maior parte é composta por espécies de médio porte. Cabe destacar que apenas na 1ª campanha, foram coletados indivíduos do cascudo abacaxi (Megalancistrus parananus) na malha 16 (Figura 6.3-3), cuja baixa ocorrência parece ser normal para a região (MANNA & TOLEDO, 2008; MANNA & TOLEDO, 2013). FIGURA 6.3-3 - Captura por unidade de esforço em número (CPUEn) e biomassa

(CPUEb) por malha utilizada na UHE Jaguara.

1

a campanha = julho/14; 2

a campanha = outubro/14; 3

a campanha = janeiro/15; 4

a campanha = abril/15.

Comparando o sucesso dos petrechos da pesca experimental na área de influência da UHE Jaguara, a única metodologia que apresentou eficiência foi a rede de espera. Nenhum peixe foi capturado com tarrafa ou espinhel. Acredita-se que a performance dos demais apetrechos possa ser influenciada durante a execução da metodologia principalmente pela alta transparência da água, como relatado neste documento previamente.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3 4 5 6 7 8 10 12 14 16

CP

UE

n

Malhas

1a campanha 2a campanha 3a campanha 4a campanha

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3 4 5 6 7 8 10 12 14 16

CP

UE

n

Malhas

1a campanha 2a campanha 3a campanha 4a campanha

Page 49: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

49

6.4 - Índices de diversidade, equitabilidade e similaridade As análises dos índices de diversidade, equitabilidade e similaridade foram apresentadas através dos métodos de coleta quantitativos e qualitativos. O índice de diversidade de Shannon (H’) apresentou flutuações moderadas com diferentes padrões para os quatro pontos de coleta durante o monitoramento ictiofaunístico de 2014/2015. O maior valor de diversidade foi observado no ponto de coleta a jusante do barramento (JG 60) e o menor no reservatório (JG 50) (FIGURA 6.4-1). Estudos demonstram que reservatórios hidrelétricos em cascata no mesmo curso hídrico, como é o caso de Jaguara, é mais um fator que ao longo do tempo contribui para o empobrecimento da diversidade íctica. Ao passo que os trechos lóticos remanescentes a jusante desses empreendimentos apresentam uma diversidade maior do que em trechos a montante (AGOSTINHO et. al., 2007). Cabe ressaltar que em represas, o ambiente é homogêneo e com pouca complexidade estrutural, apresentando baixa diversidade em alguns reservatórios brasileiros (GOIS et al., 2012). Como ressaltado, os padrões de estrutura e características que compõem o ambiente influenciam diretamente a composição da ictiofauna. Por exemplo, o ponto JG 60 que é o único lótico, mesmo que discretamente, possuiu maior índice de diversidade em relação aos demais. Isto corrobora com a importância de trechos lóticos na manutenção da ictiofauna em sistemas de rios. O índice de equitabilidade de Pielou (J’) (Figura 6.4-1), também apresentou discretas flutuações, com valores próximos de 0,8 e 0,9 para os pontos de coleta. O maior valor de equitabilidade foi observado em JG 10 (ponto mais a montante do barramento), local que também apresentou um alto valor de diversidade. Por outro lado, os menores valores foram observados em JG 50 (reservatório) e JG 60 (jusante). De acordo com LUDWIG & REYNOLDS (1988), esse índice é a abundância proporcional, relação entre a riqueza e a abundância dos indivíduos de uma comunidade; ou seja, a equitabilidade indica o padrão de distribuição dos indivíduos na comunidade. Resultados mais próximos de 1,0 indicam uma distribuição uniforme da abundância entre as comunidades avaliadas. Portanto, os valores de equitabilidade próximos entre os pontos amostrais, e com valores acima de 0,8 mostram que a distribuição da abundância em relação a riqueza das espécies foi próxima entre os pontos avaliados. Esta situação pode ser reflexo de ambientes bastante homogêneos, cuja capacidade suporte é semelhante e permite a ocorrência da comunidade da ictiofauna em um padrão de uniformidade alto.

Page 50: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

50

FIGURA 6.4-1 - Índices de diversidade e equitabilidade da ictiofauna da UHE Jaguara.

A análise de similaridade pelo índice de Sorensen (Figura 6.4-2) apontou que a ictiofauna da represa (JG 10, JG 20 e JG 50) e do trecho a jusante (JG 60) apresenta baixa similaridade entre si, resultando na formação de dois grupos distintos (Figura 6.4-2). Como dito anteriormente, há uma elevada riqueza e diversidade íctica em JG 60, além da ocorrência exclusiva de determinadas espécies de anostomídeos (piaus), dos loricariídeos (cascudos) e serrasalmídeos (piranhas e pacu prata). Enquanto que nos pontos localizados no reservatório há maior similaridade provavelmente devido ao compartilhamento de espécies entre estes pontos, fato corroborado principalmente pela diversidade e similaridade próximas entre os pontos amostrais JG 20 e JG 50.

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,9

2,1

2,3

2,5

JG 10 JG 20 JG 50 JG 60

Equ

itab

ilid

ade

J'

Div

ers

idad

e H

'

Pontos amostrais

Diversidade H' Equitabilidade J'

Page 51: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

51

FIGURA 6.4-2 - Índice de Similaridade da ictiofauna da UHE Jaguara.

UHE JAGUARA

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

Matrix de distância

JG 10

JG 20

JG 50

JG 60

6.5 - Atividade reprodutiva Devido ao baixo número de indivíduos por espécies capturadas ao longo do monitoramento ictiofaunístico foram avaliados 155 exemplares de vinte espécies para atividade reprodutiva. Apenas as espécies com baixo número amostral, que não permitem análises conclusivas não foram avaliadas, são elas: joaninha (Crenicichla haroldoi), piaus (Leporinus amblyrhynchus, Leporinus friderici e Leporinus obtusidens) e tuvira (Eigenmannia virescens). Um total de 77 fêmeas e 78 machos foram avaliados macroscopicamente em campo e laboratório. Ovários e testículos foram pesados e identificados de acordo com estádio de maturação gonadal, segundo a classificação proposta por BAZZOLI (2003) (Fotos 6.5-1 a 6.5-6). A reprodução foi avaliada através de tabelas de frequência absoluta dos estádios de maturação gonadal (Figura 6.5-1 e 6.5-2). Cabe salientar que devido ao baixo número de indivíduos por espécies capturadas e a distribuição dos estádios com pouca uniformidade ao longo do monitoramento ictiofaunístico não foi possível avaliar o índice gonadossomático (IGS) de modo que pudesse expressar resultados contundentes. Com o acúmulo de dados a partir dos próximos ciclos hidrológicos de monitoramento, há perspectivas de aumento dos dados, o que permitirá análise deste parâmetro.

Page 52: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

52

Foto 6.5-1 - Testículo de trairão (Hoplias

intermedius) em repouso reprodutivo (seta).

Foto 6.5-2 - Ovário de trairão (Hoplias intermedius) maduro (seta).

Foto 6.5-3 - Ovário de ferreirinha (Leporinus

octofasciatus) maduro (seta)

Foto 6.5-4 - Testículo de tucunaré (Cichla kelberii)

espermiado (seta)

Foto 6.5-5 - Ovário de cascudo (Hypostomus regani) maduro

(seta).

Foto 6.5-6 - Testículo de mandi amarelo (Pimelodus

maculatus) espermiado (seta).

Page 53: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

53

FIGURA 6.5-1 - Estádios de maturação gonadal de fêmeas analisadas em quatro campanhas na área de influência da UHE Jaguara.

F1=repouso; F2=maturação inicial; F3=maturação avançada (maduro); F4=desovado (fêmeas).

1a campanha = julho/14; 2

a campanha = outubro/14; 3

a campanha = janeiro/15; 4

a campanha = abril/15.

FIGURA 6.5-2 - Estádios de maturação gonadal de machos analisados em quatro

campanhas na área de influência da UHE Jaguara.

M1=repouso; M2=maturação inicial; M3=maturação avançada (maduro); M4=espermiado (machos).

1a campanha = julho/14; 2

a campanha = outubro/14; 3

a campanha = janeiro/15; 4

a campanha = abril/15.

Em junho de 2014, a maioria dos indivíduos machos analisados encontrava-se em repouso reprodutivo, já as fêmeas estavam divididas em repouso e maturação. Já em outubro e janeiro de 2015 a maioria das fêmeas estava em estágio de maturação avançada, isto é, aptas à atividade reprodutiva, sendo que algumas fêmeas já estavam desovadas. No entanto no mesmo período a maioria dos exemplares de machos encontravam-se em repouso e também em maturação avançada Em abril de 2015, observamos o elevado número de fêmeas desovadas e em repouso reprodutivo, e predominância de machos espermiados.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1° campanha 2° campanha 3° campanha 4° campanha

F1

F2

F3

F4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1° campanha 2° campanha 3° campanha 4° campanha

M1

M2

M3

M4

Page 54: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

54

De um modo geral, estudos realizados na bacia do rio Grande têm mostrado que o período reprodutivo dos peixes ocorre durante os meses de outubro a março (HOJO, 2005). Os dados demonstram que o ciclo reprodutivo dos peixes em Jaguara é condizente com a sazonalidade da reprodução de teleósteos na região neotropical (LOWE-MCCONNELL, 1999). Apesar de os picos de atividade reprodutiva e de não ter a sazonalidade climática não estar marcada. Contudo, foram capturadas larvas de peixes, principalmente a jusante do barramento, indicando o sucesso reprodutivo de algumas espécies na área de influência da UHE Jaguara. Dentre as espécies avaliadas, foram encontradas com estádio 4, indicativo de desova e espermiação (atividade reprodutiva) as seguintes: exóticas Cichla kelberi e Cichla piquiti; e as nativas Hoplias intermedius, Hypostomus regani, Hypostomus sp., Leporinus octofasciatus e Schizodon nasutus. Portanto conclui-se que há atividade reprodutiva de espécies exóticas e nativas na área de influência da UHE Jaguara, bem como não foram identificadas, espécies migradoras reprodutivas em estádio 4. Isto pode estar ligado ao baixo número de indivíduos capturados com esta característica reprodutiva.

6.6 - Análise da ecologia trófica Dentre os peixes coletados na UHE Jaguara, no total analisou-se 26 estômagos dos quatro grupos de espécies previamente definidas como indicadoras da ecologia trófica: Astyanax spp.; P. maculatus, Plagioscion squamosissimus e Cichla spp. No período seco (julho/14 e abril/15) foram analisados 10 estômagos das seguintes espécies: lambari do rabo amarelo-Astyanax altiparanae (n=4); lambari do rabo vermelho-Astyanax fasciatus (n=1); tucunaré-Cichla piquiti (n=1); mandi amarelo-Pimelodus maculatus (n=1); mandi-Pimelodus heraldoi (n=3). Na estação chuvosa (outubro/14 e janeiro/15) analisou-se 16 estômagos, sendo: lambari do rabo vermelho-Astyanax fasciatus (n=4); tucunaré-Cichla kelberi (n=2); tucunaré-Cichla piquiti (n=1); mandi-amarelo-Pimelodus maculatus (n=4) e a corvina- Plagioscion squamosissimus (n=3), além do traírão-Hoplias intermedius (n=2) representando outro piscívoro topo de cadeia da área estudada. O Quadro 6.6-1 mostra o IAi de todos os itens identificados por espécie nas estações seca e chuvosa. A corvina (Plagioscion squamosissimus) não foi representada na tabela uma vez que os três estômagos analisados na estação chuvosa estavam vazios.

Page 55: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

55

QUADRO 6.6-1 - IAi de itens alimentares consumidos pelas espécies de peixes coletadas na UHE Jaguara

Espécie A. altiparanae A. fasciatus C. kelberi C. piquiti H. intermedius P. maculatus P. heraldoi

Itens alimentares Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva

n= 4 n= 0 n= 1 n= 4 n= 0 n= 2 n= 1 n= 1 n= 0 n= 2 n= 1 n=3 v=1 n= 2 v= 1 n= 0

PEIXES

Peixe NI

0,79 1 1

0,17

Perciformes

0,21

0,79

Escamas

VEGETAIS

Vegetal NI

0,02

0,98

0,14

Vegetal superior

0,77

Alga filamentosa

0,01

INSETOS

Insetos NI 0,46

0,04

0,72

Inseto alóctone 0,54

1 0,16

*

Chironomidae

0,02

0,01

Odonata

0,05

Gomphidae

0,02

CRUSTÁCEOS

Microcrustaceo

0,01

Decapoda

0,04

Page 56: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

56

Continuação

Espécie A. altiparanae A. fasciatus C. kelberi C. piquiti H. intermedius P. maculatus P. heraldoi

MOLUSCOS

Gastrópoda NI

0,52

Planorbidae

0,03 0,01

Ancilidae

0,38 *

Ampularidae

0,04

Thiaridae

0,03 *

Physidae

*

DESOVA

*

NI: não identificado; *valores inferiores a 0,01; n= número de estômagos analisados com algum item alimentar; v= número de estômagos vazios

Page 57: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

57

No quadro os itens estão separados nos grupos: Peixes, Vegetais, Insetos, Crustáceos, Moluscos e Desova. O grupo dos peixes inclui peixes inteiros ou pedaços, assim como nadadeiras e partes do esqueleto na categoria Peixes NI, além de escamas e peixes identificados até a ordem Perciformes. Os Vegetais incluem vegetais superiores, algas filamentosas e materiais vegetais não identificados. Entre os Insetos foram identificados dípteros da família Chironomidae, além de indivíduos da Ordem Odonata, incluindo a família Gomphidae. Este grupo inclui ainda insetos alóctones e não identificados. Entre os Crustáceos encontram-se os microcrustáceos não identificados e decápodas, sobretudo camarões. No grupo dos Moluscos estão os gastrópodes, incluindo os não identificados e as cinco famílias reconhecidas na análise (Planorbidae, Ancilidae, Ampularidae, Thiaridae e Physidae). Por fim, o grupo Desova inclui desova de invertebrados. Os indivíduos das duas espécies analisadas do gênero Astyanax consumiram insetos durante a estação seca. Não foram coletados estômagos de lambari do rabo amarelo (Astyanax altiparanae) durante a estação chuvosa, mas do lambari do rabo vermelho Astyanax fasciatus que teve preferência por vegetais. O gênero Astyanax representa espécies de pequeno porte, alto potencial reprodutivo e grande plasticidade alimentar, características que favorecem sua grande abundância em reservatórios (HAHN & FUGI, 2007). A grande plasticidade apresentada por estas espécies é registrada por diversos autores que a caracterizam como onívora. Estudos registraram forte tendência a herbivoria (CASSEMIRO et al., 2005; GANDINI et. al., 2012), enquanto outros autores apontam para insetivoria e invertivoria (CASSATTI 2002; VIDOTTO-MAGNONI & CARVALHO, 2009). As duas espécies do gênero Cichla apresentaram hábito piscívoro, tendo o tucunaré (Cichla kelberi) ingerido camarões como complemento da dieta na estação chuvosa. O comportamento piscívoro é bem caracterizado para espécie na literatura ocorrendo inclusive registros de canibalismo em vários trabalhos (GASPAR & OKADA, 2001; GOMIERO & BRAGA, 2004). Estas espécies perseguem as presas e usam sua mandíbula protrátil para capturá-las dispendendo pouca energia (MOTTA, 1984). O traírão (Hoplias intermedius) alimentou-se preferencialmente de peixes o que é amplamente caracterizado para a espécie na literatura. Há estudos para esta espécie que registraram consumo exclusivo de peixes em dois reservatórios nos rios Iguaçu e Paranapanema, respectivamente (NOWAKOWSKI et al., 2007; NOVAES & CARVALHO, 2011). C. kelberi e C. piquiti são espécies piscívoras introduzidas no reservatório, podendo interferir na comunidade nativa desenvolvendo relações de predação e competição com piscívoras nativas como S. maculatus, H. intermedius e H. malabaricus. As espécies do gênero Pimelodus apresentam comportamento alimentar oportunista e ampla plasticidade trófica sendo consideradas onívoras. ANDRADE & BRAGA (2005) registraram preferência por insetos na bacia do Alto Paraná. Os indivíduos das duas espécies de mandi (Pimelodus maculatus e Pimelodus heraldoi), analisados até o momento evidenciaram esta plasticidade. O mandi amarelo (Pimelodus maculatus) apresentou preferência por vegetais na estação seca e por moluscos na estação chuvosa enquanto o mandi (Pimelodus heraldoi) apresentou hábito insetívoro.

Page 58: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

58

No entanto, a análise de poucos indivíduos não é suficiente para caracterizar de forma mais específica a dieta das espécies na UHE Jaguara. A partir das próximas coletas do monitoramento será possível descrever de forma mais especifica o comportamento alimentar apresentado pela ictiocenose. Os estômagos analisados de corvina (Plagioscion squamosissimus) estavam vazios, impossibilitando a caracterização trófica da espécie. Contudo essa espécie é caracterizada como carcinófaga em diferentes bacias (COSTA, 2005). O quadro (Quadro 6.6-2) apresenta os resultados para o grau de repleção estomacal das espécies. A repleção dos estômagos pode estar relacionada à reprodução, uma vez que a atividade reprodutiva aumenta a demanda energética do indivíduo. Astyanax fasciatus teve os cinco estômagos analisados completamente repletos dentre os quais 4 estavam com gônadas em algum estádio indicativo de atividade reprodutiva. Apenas C. piquiti, P. maculatus e P. microstoma tiveram estômagos vazios em alguma das estações. No entanto, para fazer inferências mais específicas é necessário aumentar o número de indivíduos analisados, com intuito de obtenção de padrões mais claros. É preciso também considerar que a metodologia de coleta envolve a exposição das redes de emalhar por muitas horas o que pode influenciar no grau de repleção dos estômagos. Indivíduos que permanecem muitas horas nas redes tendem a ter estômagos com menor repleção, uma vez que não estarão se alimentando neste período. QUADRO 6.6-2 - Grau de repleção das espécies coletadas no monitoramento da

ictiofauna da UHE Jaguara

Espécie

Estação / Grau de repleção

Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca Chuva Total

0 1 2 3

Astyanax cf. altiparanae

1

3

4

Astyanax cf. fasciatus

1 4 5

Cichla kelberi

2 2

Cichla piquiti

1

1 1 3

Hoplias intermedius

2 2

Pimelodus maculatus

1 1 1

2

5

Pimelodus microstoma 1

2

3

Para as espécies das quais não foram feitas as análises neste monitoramento, o hábito alimentar está definido conforme a literatura disponível (Quadro 6.6-3).

Page 59: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

59

QUADRO 6.6-3 - Hábitos alimentares das espécies de peixe da UHE Jaguara determinadas a partir de dados bibliográficos

Espécie Hábito Alimentar Bibliografia

Crenicichla haroldoi Insetívoro (resultado para C.

briistki) GIBRAN et al., 2001

Eigenmannia virescens Bentófago PERETTI & ADRIAN, 1999

Geophagus brasiliensis Detritívoro CASSEMIRO et al., 2005

Hoplias intermedius Piscívoro HAHN et al.,1998

Hypostomus regani Detritívoro¹ HAHN et al.,1998; CASSATI &

CASTRO, 1998

Hypostomus sp. Detritívoro¹ HAHN et al.,1998; CASSATI &

CASTRO, 1998

Leporinus amblyrhynchus Onívoro² ANDRIAN & DORIA, 1994; DURÃES et

al., 2001

Leporinus friderici Onívoro² ANDRIAN & DORIA, 1994; DURÃES et

al., 2001

Leporinus obtusidens Onívoro² ANDRIAN & DORIA, 1994; DURÃES et

al., 2001

Espécie Hábito Alimentar Bibliografia

Leporinus octofasciatus Onívoro² ANDRIAN & DORIA, 1994; DURÃES et

al., 2001

Megalancistrus parananus Detritívoro¹ HAHN et al.,1998; CASSATI &

CASTRO, 1998

Mylopus tiete Herbívoro LUZ-AGOSTINHO et al., 2006

Oreochromis niloticus Invertívoro LUZ-AGOSTINHO et al., 2006

Prochilodus lineatus Iliófaga HAHN et al.,1998

Rhamdia quelen Onívora GOMES et al., 2000

Schizodon nasutus Herbívoro LUZ-AGOSTINHO et al., 2006

Serrasalmus maculatus Piscívoro VILLARES-JÚNIOR et al., 2008

Tilapia rendalli Onívora DIAS et al., 2005

¹Espécies caracterizadas como detritívoros, (HAHN et al.,1998) ou onívoras apresentando comportamento oportunista (CASSATI & CASTRO, 1998). ² Espécies do gênero Leporinus são amplamente caracterizadas como onívoras na

literatura (ANDRIAN et al., 1994; DURÃES et al., 2001).

Os resultados das análises do presente estudo permitem concluir que as espécies avaliadas apresentam dieta semelhante ao padrão reportado na literatura para cada grupo taxonômico, e que as espécies analisadas utilizam recursos oriundos de fontes diversas: material bentônico, vegetal autóctone, material alóctone como insetos, folhas e sementes além de peixes. Tal fato demonstra a existência de recursos alimentares diversos para os peixes na área de influência da UHE Jaguara. A análise de espécies caracterizadas como onívoras pela literatura podem fornecer informações importantes, uma vez que os itens alimentares preferencialmente ingeridos por elas significam recursos abundantes no ambiente, como é o caso das espécies dos gêneros Astyanax e Pimelodus. Os dados secundários apontam para existência de diversas guildas entre as espécies presentes no reservatório o que sugere uma boa estruturação da cadeia trófica, sem predominância de determinada guilda.

Page 60: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

60

6.7 - Relação entre os dados abióticos e a ictiofauna A relação entre a qualidade do ambiente e a ictiofauna foi verificada através da Correlação de Pearson entre os parâmetros físico-químicos e a abundância das espécies pelos pontos amostrais. Foram observados altos valores de correlações positivas da abundância com a temperatura e condutividade elétrica; e correlação negativa com a transparência da água (Figura 6.7-1 A, D e E). O ponto com a maior abundância foi o JG 60, que é lótico, está localizado a jusante do barramento, e é alimentado pela água de vazão da UHE Jaguara, características hidrodinâmicas que provavelmente tornam a qualidade da água diferenciada neste local. FIGURA 6.7-1 - Correlação de Pearson entre os dados abióticos e a abundância

de peixes agrupados por pontos amostrais

Foi realizada a análise dos componentes principais entre a abundância e os parâmetros físico-químicos pelos pontos amostrais da ictiofauna (Quadros 6.7-1- e 6.7-2 e Figura 6.7-2). Assim como observado nas correlações, sobre os aspectos de temperatura, oxigênio dissolvido transparência e abundância, evidenciou-se a diferenciação do ponto JG 60 (que está localizado a jusante e é lótico) dos demais, localizados a montante do barramento e com características lênticas.

y = 0,0128x + 25,013R² = 0,9634

25,2

25,4

25,6

25,8

26,0

26,2

26,4

26,6

0 20 40 60 80 100 120 140

Te

mp

era

tura

�C

Abundância

Correlação de Pearson

y = 0,0016x + 6,7841R² = 0,1021

6,5

6,6

6,7

6,8

6,9

7,0

7,1

7,2

0 20 40 60 80 100 120 140

Ox

igê

nio

dis

solv

ido

Abundância

Correlação de Pearson

y = 0,001x + 7,116R² = 0,1157

7,0

7,0

7,1

7,1

7,2

7,2

7,3

7,3

7,4

0 20 40 60 80 100 120 140

pH

Abundância

Correlação de Pearson

y = 0,1408x + 36,444R² = 0,9065

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

0 20 40 60 80 100 120 140

Co

nd

uti

vid

ad

e e

létr

ica

Abundância

Correlação de Pearson

y = -0,0252x + 5,5787R² = 0,6374

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

0 20 40 60 80 100 120 140

Tra

nsp

arê

ncia

Abundância

Correlação de Pearson

A[Digite uma citação do documento ou o

B[Digite uma citação do documento ou o

C[Digite uma citação do docu

D[Digite uma citação do docu

E

JG 10 JG 10

JG 10

JG 10

JG 10

JG 20

JG 50

JG 60

JG 20

JG 50

JG 60

JG 20

JG 50

JG 60

JG 20 JG 50

JG 60

JG 20

JG 50

JG 60

Page 61: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

61

QUADRO 6.7-1 - Dados de Eigenvalue e variância das Componentes Principais da análise entre a abundância e dados físico-químicos em função dos pontos

PC Eigenvalue % variance

1 3.90116 65.019

2 1.87718 31.286

3 0.221658 3.6943

QUADRO 6.7-2 - Contribuição dos dados para formação dos Componentes Principais da análise entre a abundância e dados físico-químicos em função dos

pontos

Loadings

PC 1 PC 2 PC 3

Abundância 0.4672 -0.066801 0.79504

Temperatura 0.5057 -0.034788 0.018604

Oxigênio 0.24417 0.63895 -0.068816

pH 0.25863 0.62237 -0.23211

Condutividade 0.47818 -0.23156 -0.18173

Transparência -0.41332 0.38094 0.5253

FIGURA 6.7-2 - Gráfico da Análise dos Componentes Principais entre a abundância e dados físico-químicos em função dos pontos da área de influência

da UHE Jaguara.

Page 62: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

62

As variáveis ambientais principalmente aquelas ligadas à hidrodinâmica e qualidade da água podem afetar indiretamente a comunidade de peixes, influenciando nas respostas fisiológicas e comportamentais dos organismos e, diretamente, afetando os padrões de distribuição e abundância das espécies (REYNALTE-TATAJE et al., 2007). Em espécies neotropicais, a variação do nível da água e da vazão é relatada como fator desencadeante de eventos biológicos ligados a reprodução como maturação gonadal, migração e desova (HUMPHRIES et al., 1999). O aumento gradativo de temperatura e intensidade das chuvas na área de influência da UHE Jaguara de novembro de 2014 a abril 2015, possivelmente contribuíram para os processos indutores da maturação gonadal e desova de peixes. De fato, nesse período a maioria dos peixes analisados apresentavam testículos e ovários maduros, ou seja, aptos para atividade reprodutiva. Além disso, houve a efetividade na captura de ovos e larvas em pontos a montante e a jusante do barramento da UHE Jaguara.

6.8 - Identificação e distribuição de ovos e larvas As coletas ictiológicas realizadas em dezembro de 2014 e janeiro de 2015 na área de influência da UHE Jaguara não obtiveram efetividade na pesca experimental em nenhum período amostrado (matutino e noturno). No entanto, dados das coletas realizadas nos meses de outubro, novembro de 2014, fevereiro e março de 2015 apresentaram 15 exemplares (4 ovos, 7 larvas e 4 juvenis) pertencentes a 3 espécies, 3 famílias e 2 ordens. Cabe salientar que na campanha de março de 2015 foi adicionado 1 exemplar de ovo não identificado. A listagem e fotos dos espécimes coletados encontram-se no Quadro 6.8-1 e nas Fotos 6.8-1 a 6.8-4, respectivamente. QUADRO 6.8-1 - Lista de espécies de ovos, larvas e juvenis capturados na área

de influência da UHE Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015.

CATEGORIA TAXONOMICA NOME POPULAR

ORDEM CHARACIFORMES

Família Characidae

Caracídeo não identificado

Família Anostomidae

Anostomídeo não identificado Piau

ORDEM PERCIFORMES

Família Cichlidae

Tilapia rendalli1

(Boulenger, 1897) Tilápia

Sem identificação 1 Espécie alóctone ou exótica (REIS et al., 2003)

Page 63: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

63

Foto 6.8-1 - Caracídeo não identificado. Foto 6.8-2 - Tilapia rendalli.

Foto 6.8-3 - Ovo não identificado.

Foto 6.8-4 - Larva de anostomídeo não identificado capturado em

fevereiro de 2015.

Não foi possível a identificação no menor nível taxonômico para os ovos de peixes. Todos os ovos foram capturados no período diurno no ponto JG 61, a jusante da UHE Jaguara (Quadro 6.8-2). Tal fato contraria tendência de afirmação que a predominância de capturas de ovos e larvas acontece nos períodos crepusculares, como é relatado na literatura (HERMES-SILVA et al., 2009), e reitera a necessidade de amostragem em 2 períodos do dia, no amanhecer, e no anoitecer. QUADRO 6.8-2 - Distribuição dos ovos capturados na área de influência da UHE

Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015.

Campanha Ponto Período N° ovos Ovos / 10m³

Novembro/14 JG 61 manhã 2 0,001851852

Fevereiro/15 JG 61 manhã 1 0,000851064

Março/15 JG 61 manhã 1 0,000998004

Total 4

Page 64: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

64

Em novembro de 2014 e fevereiro de 2015 foram capturadas larvas de anostomídeos e ovos em JG 61 na coleta efetuada pela manhã. Como dito anteriormente, esse ponto de coleta é o único trecho lótico da UHE Jaguara, e se localiza a jusante do barramento (Quadro 6.8-3). Segundo os dados do programa de monitoramento da ictiofauna foram capturadas três espécies da família Anostomidae com importância na pesca: Leporinus octofasciatus (ferreirinha), Leporinus amblyrhynchus (piau) e Schizodon nasutus (timburé). Possivelmente essas larvas pertençam a uma ou mais das espécies supracitadas. Contudo, esse dado demonstra a importância de ambientes lóticos para o desenvolvimento iniciais de peixes de hábito reofílico, como os anostomídeos. Cabe lembrar que foram observados anostomídeos (fêmeas e machos) com gônadas em maturação avançada nesse trecho do rio Grande. QUADRO 6.8-3 - Distribuição de larvas capturadas na área de influência da UHE

Jaguara de outubro de 2014 a março de 2015.

Campanha Ponto Período N° larvas Identificação Taxonômica Larvas / 10 m³

Novembro/14 JG 61 manhã 4 Anostomidae 0,003703704

Fevereiro/15 JG 61 manhã 3 Anostomidae 0,002553191

Total 7

Os juvenis de caracídeos capturados foram obtidos em JG 10 no período noturno. Esse ponto está localizado a montante do barramento da UHE Jaguara, em um ambiente lêntico, na região próxima à UHE Luiz Carlos Barreto de Carvalho (Estreito) (Quadro 6.8-4). Como não foi possível a identificação das espécies, não há como discorrer a respeito das possíveis estratégias reprodutivas das mesmas na área amostrada. Portanto, podem se tratar de juvenis de espécies sedentárias, que não realizam migração reprodutiva, o que é compatível com o local de amostragem. A outra espécie, Tilapia rendalli, coletada na campanha de outubro de 2014 é exótica às bacias hidrográficas brasileiras. Cabe salientar que na região lacustre do reservatório, próximo ao ponto de coleta (JG 45) há o cultivo de tilápias em tanques-redes. Acreditamos que os juvenis amostrados são oriundos do cultivo instalado no reservatório da UHE Jaguara.

QUADRO 6.8-4 - Distribuição dos juvenis capturados na área de influência da UHE Jaguara capturados de outubro de 2014 a março de 2015.

Campanha Ponto Período N° juvenís Identificação Taxonômica Juvenis / 10m³

Outubro/14 JG 45 noite 1 Tilapia rendalli 0,0011111

Outubro/14 JG 10 manhã 3 Characidae 0,0075758

Novembro/14 JG 61 manhã 3 Não identificado* 0,0027778

Total 7

* danificado

Page 65: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

65

O volume filtrado de outubro a março pode ser visto na figura 6.8-1. Observamos que em JG 10 e JG 20 o valor do volume filtrado em média é de 400m³. Já para JG 45 e JG 61 foi de 800m³ e 1000m³, respectivamente. O volume está ligado também à velocidade da água nos pontos lóticos (JG 61) e à velocidade da embarcação nos pontos do reservatório (JG 10, JG 20 e JG 45). FIGURA 6.8-1 - Volume filtrado nas amostras de ovos e larvas da UHE Jaguara.

0

200

400

600

800

1000

1200

JG 10 JG 20 JG 45 JG 61

Vo

lum

e m

³

Pontos amostrais

Outubro

Manhã

Tarde

0

200

400

600

800

1000

1200

JG 10 JG 20 JG 45 JG 61

Vo

lum

e m

³

Pontos amostrais

Novembro

Manhã

Tarde

0

200

400

600

800

1000

1200

JG 10 JG 20 JG 45 JG 61

Vo

lum

e m

³

Pontos amostrais

Dezembro

Manhã

Tarde

0

200

400

600

800

1000

1200

JG 10 JG 20 JG 45 JG 61

Vo

lum

e m

³

Pontos amostrais

Janeiro

Manhã

Tarde

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

JG 10 JG 20 JG 45 JG 61

Vo

lum

e m

³

Pontos amostrais

Fevereiro

Manhã

Tarde

0

200

400

600

800

1000

1200

JG 10 JG 20 JG 45 JG 61

Vo

lum

e m

³

Pontos amostrais

Março

Manhã

Tarde

O ponto com a maior densidade de exemplares capturados foi o JG 61 (jusante do barramento) com 0,0011 indivíduos/10 m³, o que representa aproximadamente 77% do total. Ressaltamos que os resultados demonstram a importância dos trechos lóticos (JG 61) para manutenção da ictiocenose em áreas de barramentos hidrelétricos, haja visto que o ponto no rio onde a rede é instalada localiza-se no máximo 1000 metros a jusante do barramento, portanto com um pequeno trecho livre de rio. Os demais apresentaram valores aproximadamente 5 a 16% da frequência relativa (Quadro 6.8-5).

Page 66: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

66

QUADRO 6.8-5 - CPUE dos exemplares capturados expressos em densidade de indivíduos / 10m³ de água filtrada na UHE Jaguara de outubro de 2014 a março

de 2015.

Ponto de coleta Ovos Larvas Juvenis Total Densidade / 10m³ FR %

JG 10

3 3 0,0005354 16,67

JG 20

0

0,00

JG 45

1 1 0,0000960 5,56

JG 61 4 7 3 14 0,0011162 77,78

FR= frequência relativa

Assim como a avaliação dos componentes principais mostrou que a abundância dos peixes é relacionada aos parâmetros da água no trecho lótico a jusante da UHE Jaguara, a mesma tendência foi verificada na relação entre os parâmetros físico-químicos da água e a abundância dos ovos larvas e juvenis (Quadro 6.8-6 e 6.8.7 e Figura 6.8-2). Houve indicativos de que a temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade e transparência juntamente com a abundância de ovos, larvas e juvenis no ponto JG 61 se diferenciaram dos demais pontos amostrais. A diferenciação das variáveis físico-químicas do ponto JG 61 em relação aos resultados dos demais pontos pode ser devido a esta estação amostral ser a única em local com hidrodinâmica lótica, em que a água deste trecho é oriunda diretamente da operação da UHE Jaguara. A despeito das características físico-químicas da água, há de se considerar na análise ecológica da composição e ocorrência do ictioplâncton, assim como da ictiofauna, que trechos lóticos de rios são a condição natural predominante para a ictiofauna. Portanto nestes ambientes há condições de realização das atividades vitais para o ciclo de vida dos peixes, especialmente para aquelas espécies que realizam migração reprodutiva, e também as reofílicas.

QUADRO 6.8-6 - Variáveis da Análise dos Componentes Principais dos parâmetros físico-químicos da água e da abundância de ovos, larvas e juvenis

em função dos pontos amostrais da UHE Jaguara.

PC Eigenvalue % variância

1 3.40377 56.73

2 2.59623 43.27

QUADRO 6.8-7- Contribuição dos dados para formação dos Componentes Principais da análise entre a abundância e dados físico-químicos em função dos

pontos

Loadings

PC 1 PC 2

Abundância OL 0.31603 -0.50421

Temperatura 0.52687 0.14571

Oxigênio 0.17154 0.58872

pH 0.20729 0.57345

Condutividade 0.54017 -0.051305

Transparência -0.50828 0.21557

Page 67: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

67

FIGURA 6.8-2 - Gráfico da Análise dos Principais Componentes dos dados físico-químicos e abundância de ovos, larvas e juvenis em função dos pontos da área

de influência da UHE Jaguara.

Até o presente momento, com as técnicas de captura utilizadas, as análises não mostraram exemplares de ovos e larvas de espécies de peixes ameaçadas de extinção na área de estudo da UHE Jaguara. A análise de PCA reforçou a indicação de que os trechos lóticos livres de barramentos são fundamentais para a ocorrência e manutenção da comunidade de peixes, através do registro das fases de vida iniciais dos peixes em maior abundância nestes ambientes, que possuem características da água diferenciadas de ambientes lênticos. Ainda não havia registros sobre as fases iniciais de vida dos peixes nesse trecho do rio Grande, inclusive nos monitoramentos pretéritos não haviam ocorrido capturas ictioplanctônicas (ÁGUA & TERRA, 2006 MANNA & TOLEDO, 2013). Com isso não há dados disponíveis para comparação com os resultados do presente estudo, constituindo este trabalho importante fonte de informações básicas a respeito da biologia do ictioplâncton da área de estudos no rio Grande. A continuidade das campanhas de monitoramento poderá apresentar outros resultados, que cumulativos, poderão auxiliar a compreender a distribuição espacial e temporal da comunidade ictioplanctônica na área de influência da UHE Jaguara.

Page 68: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

68

6.9 - Coleta do material para análise genética Foram coletados 33 fragmentos de nadadeiras dorsais e/ou caudais distribuídas em dez espécies: tucunarés (Cichla spp.), traírão (Hoplias intermedius), piaus (Leporinus spp. e Schizodon nasutus), mandi amarelo (Pimelodus maculatus) e curimba (Prochilodus lineatus). O ponto JG 60 (jusante do barramento) foi o que proporcionou mais coletas de material genético, sendo as espécies de mandi amarelo (Pimelodus maculatus) e ferreirinha (Leporinus octofasciatus) as mais amostradas (QUADRO 6.8-1). As amostras foram acondicionadas em frascos tipo Eppendorf conservadas em solução de etanol 98%, devidamente identificadas (n° do frasco, espécie, data e local de coleta), e serão encaminhadas juntamente com as informações dispostas em planilhas à Universidade Federal de Minas Gerais, de acordo com diretrizes da CEMIG. QUADRO 6.9-1 - Relação do material genético coletado durante o monitoramento

de ictiofauna da UHE Jaguara, 2014/2015.

Espécies Pontos de coleta

Total JG 10 JG 20 JG 50 JG 60

Cichla kelberi

2

2

Cichla piquiti 1 1 2

4

Hoplias intermedius

1 1

Leporinus amblyrhynchus

1

1

Leporinus friderici

1 1

Leporinus octofasciatus 2

2 6 10

Pimelodus maculatus 3 3

4 10

Prochilodus lineatus

1 1 1 3

Schizodon nasutus

1 1

Total 6 5 8 14 33

Page 69: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

69

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Após 1 ciclo hidrológico de monitoramento ictiofaunístico da UHE Jaguara no rio Grande, entre os anos de 2014 e 2015 foram capturadas 231 exemplares pertencentes a 25 espécies. Dentre as espécies coletadas, pela primeira vez registrou a tuvira (Eigenmannia virescens), além de algumas espécies migradoras tais como: mandi-amarelo (Pimelodus maculatus), a curimba (Prochilodus lineatus) e os piaus (Leporinus obtusidens e Leporinus friderici). Apenas uma espécie de pacu (Myleus tiete) consta na Lista Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção Nacional e no estado de Minas Gerais. Para as espécies exóticas foram registradas cinco espécies: os tucunarés (Cichla piquiti e Cichla kelberi), as tilápias (Tilapia rendalli e Oreochromis niloticus) e a corvina (Plagioscion squamosissimus). Com isso, a continuidade do programa de monitoramento poderá delinear melhor a variabilidade temporal e espacial da ictiocenose. No geral, dado o caráter transitório das condições ambientais da área influência da UHE Jaguara, a composição íctica atualmente é representada em grande parte por espécies generalistas, visto que apresentam certa flexibilidade quanto às necessidades alimentares e reprodutivas em relação aos recursos disponíveis. No entanto, a especificidade da comunidade íctica (tanto de indivíduos adultos quanto de ovos, larvas e juvenis) a jusante do barramento é considerada como fator de alta relevância ambiental enaltecendo a necessidade da conservação da ictiofauna em trechos lóticos na bacia do rio Grande. Os resultados de biologia reprodutiva, ecologia trófica e distribuição de ovos e larvas do programa de monitoramento da UHE Jaguara são importantes por constituir fonte pioneira de dados da biologia básica das espécies de peixes de água doce deste trecho do rio Grande. Pela primeira vez as capturas de ictioplâncton mostraram resultados de ocorrência de ovos, larvas e juvenis, fato importante na compreensão da ocorrência e distribuição da ictiofauna na área de influência da UHE Jaguara. Sugerimos a continuidade do programa com intuito de melhorar as avaliações da comunidade ictioplanctônica. Foi verificado através da riqueza e abundância de peixes e de ovos e larvas que o ponto lótico de jusante da UHE Jaguara possui grande importância para a manutenção da ictiofauna nesta região do rio Grande. Isso ocorre principalmente para as espécies reofílicas que fazem migração reprodutiva, uma vez que a calha do rio Grande é altamente impactada pela existência de vários reservatórios em cascata. A formação do banco de dados da biologia reprodutiva, ecologia trófica, das fases iniciais de vida dos peixes e da genética, permitirão em conjunto, ao longo do tempo uma melhor compreensão dos padrões de ocorrência da ictiofauna na área de influência da UHE Jaguara. Considerando os fatos, os dados gerados pelo programa de monitoramento são de caráter estratégico para o conhecimento da fauna de peixes existente na região do empreendimento, e servem de base de dados biológicos da biodiversidade ictiofaunística nesse segmento da bacia de drenagem do rio Grande.Diante do exposto, é necessária a continuidade do estudo ictiofaunístico na área de influência da UHE Jaguara, visando acompanhamento sistêmico e cumulativo da ictiofauna local, que assim permita elaboração de medidas eficazes de conservação. Uma das medidas indicadas é fiscalização contra introdução peixes exóticos no rio Grande, principalmente na área do reservatório. Essa medida deve ser uma ação conjunta do empreendedor, órgãos estaduais e federais em torno da bacia de drenagem.

Page 70: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

70

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C; SUZUKI, H.I; JÚLIO JÚNIOR, H.F. 2003. Migratory

Fishes of the Upper Parana River Basin, Brazil. In: CAROLSFELD, J.; HARVEY, B.; ROSS, C.; BAER, A.;(Org.). Migratory Fishes of South America: Biology, Fisheries and Conservation Status. 1ed.Victoria: World Fisheries Trust, p. 19-99.

AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. M.; GOMES, L. C. 2008. Dams and the fish fauna

of the Neotropical region: impacts and management related to diversity and fisheries. Braz. J. Biol. v. 68, p. 1119-1132.

AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. M.; GOMES, L. C. 2007. Ecologia e manejo de

recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. EDUEM: Maringá, 501p. AGOSTINHO, A. A.; JÚLIO JR., H. F. 1999. Peixes da bacia do alto rio Paraná. In:

LOWE-MCCONNEL. R.H. Estudos Ecológicos de comunidades de peixes tropicais. São Paulo: EDUSP, cap.16, p.374 - 400.

ÁGUA & TERRA. 2006. Relatório final do monitoramento da Ictiofauna da UHE

Jaguara. ANDRIAN, I. F.; DORIA, C. R. C. 1994. Espectro alimentar e similaridade na

composição da dieta de quatro espécies de Leporinus (Characiformes, Anostomidae) do rio Paraná (22�10’-22º50’S / 53�10’- 5340’W) Brasil. Revista INMAR, v.16, p.97-106.

BAZZOLI, N. 2003. Parâmetros reprodutivos de peixes de interesse comercial do rio

São Francisco na região de Pirapora. In: Godinho, H. P.; Godinho, A. L. (Eds.). Águas, peixes e pesca no São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, Brasil: PADCT/CNPq, PUC Minas Gerais, 285-300p.

BRAGA, F.M.S.; ANDRADE, P.M. 2005. Distribuição de peixes na microbacia do

Ribeirão Grande, Serra da Mantiqueira Oriental, São Paulo, Brasil. Iheringia Série Zoologia, 95(2): 121-126.

BUCKUP, P.; MENEZES, N.; GHAZZI, M. 2007. Catálogo das espécies de peixes de

água doce do Brasil. Rio de Janeiro, Brazil: Museu Nacional. 195 p. CASSATTI, L. Alimentação dos peixes em um riacho do Parque Estadual Morro

Do Diabo, Bacia do Alto Rio Paraná, Sudeste do Brasil. Biota Neotropica, v.2(2), 2002.

CASSATI, L.; CASTRO, R.M.C. 1998.A fish community of the São Francisco River

headwaters riffles, southeastern Brazil. Ichthyol. Explor. Freshwat., v.9, n.3, p.229-242.

CASSEMIRO, F. A. da S.; HAHN, N. S.; DELARIVA, R. L. 2005. Estrutura trófica da

ictiofauna, ao longo do gradiente longitudinal do reservatório de Salto Caxias (rio Iguaçu, Paraná, Brasil), no terceiro ano após o represamento. Acta Scientiarum. Biological Sciences, Maringá, v. 7, n. 1, p.63-71.

Page 71: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

71

CBH Grande - Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Grande. 2014. Acessado em 14 de

abril de 2014: http://www.grande.cbh.gov.br/Bacia.aspx. COPAM Nº 147, DELIBERAÇÃO NORMATIVA DE 30 DE ABRIL DE 2010. Aprova a

Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais. COSTA, A.C. 2005. Hábitos alimentares da corvina Plagioscion squamosissimus

(Perciformes, sciaenidae) em dois reservatórios do Sudeste do Brasil. Mestrado em Zoologia de Vertebrados. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 102p.

COVAIN, R.; FISCH-MULLER, S. 2007. The genera of the Neotropical armored

catfish subfamily Loricariinae (Siluriformes: Loricariidae): a practical key and synopsis. Zootaxa, n.1462, p. 1-40.

DIAS, A. C. M. I.; BRANCO, C. W. C.; e LOPES, V. G. 2005. Estudo da dieta natural

de peixes no reservatório de Ribeirão das Lajes, Rio de Janeiro, Brasil Acta Sci. Biol. Sci. v. 27, n. 4, p. 355-364.

DURÃES, R.; POMPEU, P.S. & GODINHO, A.A.L. Alimentação de quatro espécies

de Leporinus (Characiformes, Anostomidae) durante a formação de um reservatório no sudeste do Brasil. Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, v.90,p.183-191, 2001

EPE, 2013. Balanço Energético Nacional. Empresa de Pesquisa Energética,

Relatório Síntese, ano base 2012, Rio de Janeiro. ESCHMEYER, W. N. (ed). 2014. CATALOG OF FISHES: GENERA, SPECIES,

REFERENCES. (http://researcharchive.calacademy.org/research/ichthyology /catalog/fishcatmain.asp).Electronic version accessed 09 set 2014. [This version was edited by Bill Eschmeyer.]

FREITAS, C.E.C.; PETRERE Jr, M. 2001. Influence of artificial reefs on fish

assemblage of the Barra Bonita Reservoir (São Paulo, Brazil). Lakes & Reservoirs: Research and Management, 6(4): 273-278.

FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS - CETEC-MG.

Diagnóstico ambiental do estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: ENGEGRAF, 1983, 158p

GANDINI, C. V., Boratto, I. A., Fagundes, D.C., Pompeu, P.S. 2012. Estudo de

alimentação de peixes do Rio Grande à jusante da Usina Hidrelétrica de Itutinga, Minas Gerais, Brasil. Iheringia: Série Zoologia, Porto Alegre, v. 102, n. 1, p.56-61.

GASPAR DA LUZ, K. D.; OKADA, E.K. 2001. Caracterização trófica da ictiofauna

de três lagoas da planície aluvial do alto rio Paraná, Brasil. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v.3(2), p.401-407.

GIBRAN, F.Z; FERREIRA, K.M; CASTRO, R.M.C. 2001. Diet of Crenicichla

britskii (perciformes: cichlidae) in a stream of rio Aguapeí basin, upper rio Paraná system, southeastern Brazil. Biota Neotropica, Campinas, v. 1, n. 1-2.

Page 72: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

72

GOIS, K. S., ANTONIO, R. R., GOMES, L. C., PELICICE, F. M., & AGOSTINHO, A. A.

2012. The role of submerged trees in structuring fish assemblages in reservoirs: two case studies in South America. Hydrobiologia, 685(1), 109-119.

GOMES, L.C., GOLOMBIESKI, J.I., GOMES, A.R.C. & BALDISSEROTTO, B. 2000.

Biologia do jundiá Rhamdia quelen (Teleostei, Pimelodidae). Ciência Rural v. 30 n. 1 p.179-185.

GOMIERO, L.M.; BRAGA, F.M.S. 2004. Feeding of introduced species of Cichla

(Perciformes, Cichlidae) in Volta Grande Reservoir, River Grande (MG/SP). Brazilian Journal of Biology, v. 64(4), p.787-795.

GRAÇA, W.J.; PAVANELLI, C.S. 2007. Peixes da Planície de Inundação do Alto rio

Paraná e Áreas Adjacentes. Maringá,PR, Brasil: Eduem, 241p. HAHN, N. S.; AGOSTINHO, A.A; GOMES, L.C.; BINIL.M. 1998. Estrutura Trófica da

Ictiofauna do Reservatório de Itaipu (Paraná-Brasil) nos Primeiros Anos de sua Formação. Interciência, v. 3(5), p.10-12.

HAHN, N. S; FUGI, R. 2007. Alimentação de peixes em reservatórios brasileiros:

alterações e consequências nos estágios iniciais do represamento. Oecal Bras, v. 11, n. 4, p.469-480.

HELLAWELL, J.M.; ABEL, R. 1971. A rapid volumetric method for the analysis of

the food of fishes. Journal Of Fish Biology, England, v. 3, n. 1, p.29-37, jan. HEMPEL, G. 1973. Fish egg and larval surveys. FAO Fisheries Technical Paper,

122: 82. HOJO, R.E.S. 2005. Estratégias reprodutivas dos peixes dos peixes do

reservatório de Porto Colômbia, bacia do rio Grande, sudeste do Brasil. Mestrado em Zoologia de Vertebrados. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 102p.

HUMPHRIES P.; KING A.J.; KOEHN, J.D. 1999. Fish, flows and flood plains: links

between freshwater fishes and their environment in the Murray-Darling river system, Australia. Environmental Biology of Fishes 56:129-151.

HYNES, H.B.N. 1950. The food of fresh-water sticklebacks (Gasterosteus aculeatus

and Pygosteus pungitius), with a review of methods used in studies of the food of fishes. J. Anim. Ecol. 19:36-57.

HYSLOP, E.J. 1980. Stomach contents analysis - a review of methods and their

application. J. Fish Biol. 17:411-429. JÉGU, M.; HUBERT, N.; BELMONT-JÉGU, E. 2004. Réhabilitation de Myleus asterias

(Müller & Troschel, 1844), espèce-type de Myleus Gill, 1896 et validation du genre Myleus Gill (Characidae: Serrasalminae). Cybium, 28 (2): 119-157.

KAWAKAMI, E; VAZZOLER, G. 1980. Método gráfico e estimativa de índice

alimentar aplicado no estudo da alimentação de peixes. Boletim do Instituto Oceanográfico, São Paulo, v. 29, p.205-207.

Page 73: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

73

KULLANDER, S. O.; FERREIRA, E. J. G. 2006. A review of the South American

cichlid genus Cichla, with descriptions of nine new species (Teleostei: Cichlidae). Ichthyology Explorer Freshwaters, v. 17, n. 4, p. 289-398.

LANGEANI, F.; REGO, A.C.L. 2014. Guia ilustrado dos peixes da bacia do rio

Araguari. 1. ed. Uberlândia: Grupo de Mídia Central (GMBC). 195p. LOWE-McCONNELL, R. H. 1999. Estudos ecológicos de comunidades de peixes

tropicais. São Paulo: EDUSP, 534 p. LUCENA, C.A.S.; CALEGARI, B.B.; PEREIRA, E.H.L.; DALLEGRAVE, E. 2013. O uso

de óleo de cravo na eutanásia de peixes. Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia, (105): p. 20-24.

LUDWIG, J.A.; REYNOLDS. J.F. 1988. Statistical ecology: a primer on methods

and computing. John Wiley e Sons, INC. 338 p. LUZ-AGOSTINHO, K.D.G.; BINILL, L.M; FUGIL, R; AGOSTINHO, A.A. JÚLIO Jr, H.F. 2006. Food spectrum and trophic structure of the ichthyofauna of Corumbá

reservoir, Paraná river Basin, Brazil. Neotropical Ichthyology, v.4(1), p.61-68. MAGURRAN, A. 2004. Measuring biological diversity. Blackwell Publishing, 258 p. MANNA & TOLEDO. 2008. Relatório final do monitoramento da Ictiofauna da UHE

Jaguara. MANNA & TOLEDO. 2013. Relatório final do monitoramento da Ictiofauna da UHE

Jaguara. MOTTA, P.J. 1984. Mechanics and functions of jaw protrusion in teleost fishes: a

review. Copeia, v. 1, p. 1-18. NAKATANI, K., AGOSTINHO, A. A, BAUMGARTNER, G., BIALETZKI, A., SANCHES,

P. V., MAKRAKIS, M. C., PAVANELLI, C. S. Ovos e larvas de peixes de água doce: desenvolvimento e manual de identificação. EDUEM. Maringá. 378 pp., 2001.

NOVAES, J.L.C.; CARVALHO, E.D. 2011. Population structure and stock

assessment of Hoplias malabaribus (Characiformes: Erythrinidae) caught by artisanal fishermen in river-reservoir transition area in Brazil. Rev. Bio. Trop., v. 59(1), p.71-83.

NOVAKOWSKI, G.C.; HAHN, N.S.; FUGI, R. 2007. Alimentação de peixes

piscívoros antes e após a formação do reservatório de Salto Caxias, Paraná, Brasil. Biota Neotropica, v. 7(2), p.10-12.

ORTÍ, G.; SIVASUNDAR, A.; DIETZ, K.; JÉGU, M. 2008. Phylogeny of the

Serrasalmidae (Characiformes) based on mitochondrial DNA sequences. Genetics and Molecular Biology, 31, (1), 343-351.

OYAKAWA, O.T.; MATTOX, G.M.T. 2009. Revision of the Neotropical trahiras of

the Hoplias lacerdae species-group (Ostariophysi: Characiformes: Erythrinidae) with descriptions of two new species. Neotropical Ichthyology, v. 7, p. 117-140.

Page 74: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

74

PASCHOALINI, A.L. ; PERINI, V.R. ; RIBEIRO, D.M.; FORMAGIO, P.S.; RIZZO, E.;

BAZZOLI, N. 2013. Reproduction of Pimelodus maculatus (Siluriformes:Pimelodidae) in three section of Grande River basin, downstream Porto Colombia dam, south-eaastern Brazil. Neotropical Ichthyology, v.11, p. 615-623.

PERETTI, D; ANDRIAN, I.F. 1999. Feeding of Eigenmannia trilineata (Pisces,

Sternopygidae) (Lopez & Castello, 1966), in the upper Paraná River floodplain, Brazil. Brazilian Archives Of Biology And Technology, Maringá, Paraná, 42(1), 77-84.

REIS, R. E., KULLANDER, S. O., FERRARIS Jr, C. J. 2003. Check list of the

freswater of South and Central América. EDIPUCRS, Porto Alegre, 729p. REYNALTE-TATAJE D. A.; HERMES- SILVA, P. A.; DA SILVA, P. A.; BIALETZKI, A.;

ZANIBONI-FILHO, E. 2008. Locais de crescimento de larvas de peixes na região do Alto Rio Uruguai (Brasil). Pp. 159-194. In: ZANIBONI-FILHO, E.; NUÑER, A. P. O. (Eds.). Reservatório de Itá. Estudos ambientais, desenvolvimento de tecnologia e conservação da ictiofauna. Florianópolis, Editora UFSC, 319p.

REYNALTE-TATAJE D.A.; HERMES-SILVA S.; WEISS, L.A. 2007. Distribuição e

abundância temporal do ictioplâncton no alto rio Uruguai, Brasil. In: ZANIBONI-FILHO E, NUÑER A.P.O. (ed) Reservatório de Itá. Estudos ambientais, desenvolvimento de tecnologias de cultivo e conservação da ictiofauna. Editora UFSC, Florianópolis.

ROSA, R.S. & LIMA, F.C.T. 2008. Peixes. In Livro vermelho da fauna brasileira

ameaçada de extinção (A.B.M. Machado, G.M. Drummond & A.P. Paglia, eds.). Ministério do Meio Ambiente, Brasília; Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, p. 8-285.

SANTOS, G. B. A Ictiofauna da bacia do Alto Paraná (rio Grande e rio Paranaíba). MG

Biota, v. 2, p. 5-25, 2010. STRECKER, A.L.; OLDEN, J.D.; WHITTIER, J.B.; PAUKERT, C.P. 2011. Defining

conservation priorities for freshwater fishes according to taxonomic, functional, and phylogenetic diversity. Ecological Applications, 21(8), 3002-3013.

TUPINAMBÁS, T.H.; CORTES R.M.V.; VARANDAS, S.G.; HUGHES, S.J.; FRANÇA,

J. & CALLISTO, M. 2014. Taxonomy, metrics or traits? Assessing macroinvertebrate community responses to daily flow peaking in a highly regulated Brazilian river system. Ecohydrology, v.7, n. 2, p. 828-842.

VALENTIN, J.L. 1995. Agrupamento e ordenação. 27-55 p. In: PERES-NETO, P.R.;

VALENTIN, J.L.; FERNANDEZ, F.A.S. (Editores). Oecologia Brasiliensis. Vol. II: Tópicos em Tratamento de Dados Biológicos. Rio de Janeiro: UFRJ.

VIDOTTO-MAGNONI, A.P.; CARVALHO, E.D. 2009. Aquatic insects as the main

food resource of fish the community in a Neotropical reservoir. Neotropical Ichthyology, v. 4, n. 7, p.701-708.

Page 75: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

75

VILLARES-JUNIOR, G. A.; GOMIERO, L.; GOITEIN, R. 2008. Alimentação de

Serrasalmus maculatus (Kner, 1858) (Characiformes; Serrasalmidae) no trecho inferior bacia do rio Sorocaba, São Paulo, Brasil: Acta Scientiarum. Biological Sciences, Maringá, v. 30, n. 3, p.367-273, abr.

VIEIRA, F.; ALVES, C.B.M.; POMPEU, P.S.; VONO, V. Peixes ameaçados de Minas

Gerais. In. DRUMMOND, G. M.; MACHADO, A. B. M.; MARTINS, C. S.; MENDOÇA, M.P.; STHEMANN, J.R. (Org.). Listas vermelhas das espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção em Minas Gerais. 2 ed. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2008.

VONO, V.; SILVA, L. G. M.; MAIA, B. P.; GODINHO, H. P. 2002. Biologia reprodutiva

de três espécies simpátricas de peixes neotropicais: Pimelodus maculatus Lacépède (Siluriformes, Pimelodidae), Leporinus amblyrhynchus Garavello & Britski e Schizodon nasutus Kner (Characiformes, Anostomidae) do recém-formado reservatório de Miranda, Alto Paraná. Revista Brasileira de Zoologia, v. 19, n. 3, p. 819-826.

WINDELL, J.T., 1968. Food Analysis and Rate of Digestion. In: Methods for

Assessment of Fish Production in Fresh Water, Ricker, W.E. (Ed.). Blackwell Scientific Publications, Oxford, UK. pp: 215-226.

Page 76: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 77: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

77

ANEXOS

Page 78: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 79: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

79

ANEXO 1 - CARTA DE ACEITE PARA DEPÓSITO DE MATERIAL TESTEMUNHO

Page 80: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 81: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

81

Page 82: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 83: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

83

ANEXO 2 - CARTA DE ACEITE PARA DEPÓSITO DE MATERIAL TESTEMUNHO

Page 84: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 85: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

85

Page 86: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 87: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

87

ANEXO 3 - LICENÇA DE CAPTURA COLETA, CAPTURA E TRANSPORTE DE ICTIOFAUNA - N°003/2014

NUCEA/MG

Page 88: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 89: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

89

Page 90: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 91: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

91

ANEXO 4 - ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Page 92: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 93: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

93

Page 94: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 95: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

95

Page 96: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 97: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

97

Page 98: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 99: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

99

Page 100: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.
Page 101: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.

BRANDT Meio Ambiente

UHE JAGUARA - RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA - CAMPANHAS DE REFERÊNCIAS: JULHO, OUTUBRO/2014, JANEIRO E MARÇO/2015 - DATA DO DOCUMENTO: JUNHO/2015 - AES-147/2015 1CEMG01F-1-72-REL-0033

101

ANEXO 5 - VERSÃO DIGITAL DESTE DOCUMENTO

Page 102: RELATÓRIO ANUAL DE MONITORAMENTO DA … Zeferino Gomes Biólogo CRBIO 76548/04-D Coleta do material biológico, análise laboratorial elaboração e revisão do relatório de monitoramento.